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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO -DPT - 7º Semestre - 2015 Anotações de James Martins PARTE 1 E 2 Professor: Dr. Adeilson Jr. 1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO RESUMO DAS FONTES SUBSIDIÁRIAS: Fonte formal primária OMISSÃO e COMPATIBILIDADE Fonte subsidiária Direito material do trabalho Art. 8º, CLT Código Civil Direito Processual do Trabalho Art. 769, CLT Código de Processo Civil Execução Trabalhista Art. 899, CLT Lei de Execução Fiscal (Lei 6.830/80) 1.1. PRINCÍPIO DA CELERIDADE: impõe que os atos sejam praticados o mais rápido possível. Isto porque, o processo do trabalho envolve interesses alimentares, sendo, sem dúvida, o ramo mais social dentre todos do direito, diferentemente, por exemplo, do direito processual civil, que envolve direitos patrimoniais, conquanto igualmente sociais sejam as questões ali dirimidas. 1.2. PRINCÍPIO DA GRATUIDADE: no processo do trabalho as custas só

Direito Processual do Trabalho Partes 1ª e2ª - 7º Semestre 2015

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Direito Processual do Trabalho (anotações)

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DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO -DPT - 7º Semestre - 2015 Anotações de James Martins

PARTE 1 E 2 Professor: Dr. Adeilson Jr.

1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

RESUMO DAS FONTES SUBSIDIÁRIAS:

Fonte formal primária OMISSÃO e

COMPATIBILIDADE

Fonte subsidiária

Direito material do trabalho Art. 8º, CLT Código Civil

Direito Processual do

Trabalho

Art. 769, CLT Código de Processo Civil

Execução Trabalhista Art. 899, CLT Lei de Execução Fiscal (Lei

6.830/80)

1.1. PRINCÍPIO DA CELERIDADE: impõe que os atos sejam praticados o mais rápido

possível. Isto porque, o processo do trabalho envolve interesses alimentares, sendo, sem

dúvida, o ramo mais social dentre todos do direito, diferentemente, por exemplo, do direito

processual civil, que envolve direitos patrimoniais, conquanto igualmente sociais sejam as

questões ali dirimidas.

1.2. PRINCÍPIO DA GRATUIDADE: no processo do trabalho as custas só serão recolhidas

após o trânsito em julgado (ou antes disso se houver recurso), pelo vencido. Mas se o

reclamante, vencido, não puder suportar o encargo, a lei confere ao magistrado a

possibilidade de isentá-lo das custas.

1.3. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO (TUTELAR): consiste na interpretação mais benéfica ao

trabalhador. Assegura a superioridade jurídica ao trabalhador em face de sua inferioridade

econômica.

Page 2: Direito Processual do Trabalho Partes 1ª e2ª - 7º Semestre 2015

Segundo o ministro Maurício Godinho Delgado o princípio da proteção visa “Reequilibrar,

juridicamente, a relação desigual vivenciada na prática cotidiana da relação de emprego”.

No processo civil, parte-se do pressuposto que as partes são iguais. No processo do trabalho,

parte-se do pressuposto que as partes são desiguais, necessitando o empregado da proteção

da lei.

Portanto, não é a Justiça do Trabalho que tem cunho paternalista ao proteger o trabalhador,

ou o juiz que sempre pende para o lado do empregado, mas a lei que assim o determina.

Assim, protecionista é o sistema adotado pela lei.

Em caso de dúvida de interpretação aplica-se o princípio protecionista: “in dubio pro misero”

ou “in dubio pro operário”.

1.4. PRINCÍPIO DA ECONOMIA: aqui a economia não está ligada ao dinheiro. O que se

prega é a economia instrumental, ou seja, dos atos a serem praticados no curso do processo.

O juiz deve impedir diligências desnecessárias e inúteis, cuidando, porém, para não cercear o

direito de defesa. Ex.: reclamações trabalhistas plúrimas.

1.5. PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL: está ligado ao interesse do Estado na solução do

litígio. O Judiciário não atuará em conflito sem provocação, bjporém, após a propositura da

ação, ao Estado cabe perseguir a verdade e apurar os fatos. Para tanto, não há necessidade

da parte peticionar requerendo providências do juiz, posto que este, atendendo ao princípio

do impulso oficial, executará todos os atos que lhe interessem ao extermínio do DIREITO

PROCESSUAL DO TRABALHO

2 conflito. Ex.: na fase executória, não há necessidade da parte fazer requerimento algum,

uma vez que, com o transito em julgado o Juiz expede mandado de citação e inicia a

execução.

1.6. PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI: é o direito assegurado às partes, num processo

trabalhista, de atuar sem patrocínio de advogado, conforme regra do art. 791, CLT.

É importante destacar que, o CPC, no seu artigo 36, impõe que as partes só poderão

ingressar em juízo com a presença de advogado. Além disso, a Constituição Federal, em seu

art. 133 informa que “o advogado é indispensável à administração da justiça”. A Lei 8.906/94

(Estatuto da OAB), considerava a postulação em qualquer juízo atividade privativa da

advocacia.

Page 3: Direito Processual do Trabalho Partes 1ª e2ª - 7º Semestre 2015

Em razão disso, uma corrente minoritária questionava a constitucionalidade do art. 791 da

CLT, porém, a questão restou sepultada com o julgamento da ADIN 1.127 proposta pela AMB

(Associação dos Magistrados do Brasil), na qual o STF julgou inconstitucional a expressão

“qualquer” constante do art. 1º, inciso I, da Lei 8.906/94.

ATENÇÃO: O TST firmou entendimento de que o jus postulandi somente prevalecerá nas

instâncias ordinárias, isto é, nas Varas do Trabalho e nos TRT’s, não sendo aplicável no TST,

onde as partes deve se fazer representar por advogado, conforme Súmula 425 do TST.

1.7. PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE: diante da existência do jus postulandi, não se pode

exigir do leigo o conhecimento de toda a formalidade processual, sendo admitido, por conta

desse princípio, simples petição narrando o conflito e um pedido lógico. Assim, há extrema

simplificação das peças processuais, não ocorrendo rigidez na declaração de inépcia.

1.8. PRINCÍPIO DA ORALIDADE: impõe o uso e a prevalência da palavra oral à escrita, com

manifestações orais e sumárias em audiência. Ex.: defesa oral em 20 minutos (art. 847, CLT);

razões finais orais em 10 minutos (art. 850, CLT); protestos em audiência (art. 795, CLT).

1.9. PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO: significa que, na medida do possível, todos os atos

devem ser praticados numa só oportunidade, ou seja, na audiência UNA (admitida, a critério

do juiz, a realização de sessões sucessivas). Há uma concentração de atos contínuos, tais

como: leitura da petição inicial, proposta de conciliação; defesa; provas orais; razões finais;

sentença. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

3 QUESTÕES:

1. (Analista Judiciário – FCC – TRT/PE – 2012) Com base nas regras do processo do trabalho aplicáveis as

partes e procuradores, a substituição e representação processuais, é correto afirmar:

(A) Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e

acompanhar as suas reclamações até o final.

(B) Nos dissídios coletivos é obrigatória aos interessados a assistência por advogado.

(C) A constituição de procurador com poderes para o foro em geral somente poderá ser efetivada, mediante

instrumento de procuração, não valendo o simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do

advogado interessado, com anuência da parte representada.

(D) Nos dissídios individuais os empregados e empregadores não poderão fazer-se representar por

intermédio do sindicato, valendo tal situação apenas para os dissídios coletivos.

Page 4: Direito Processual do Trabalho Partes 1ª e2ª - 7º Semestre 2015

(E) A reclamação trabalhista do menor de 18 anos será feita apenas pela Procuradoria da Justiça do

Trabalho ou pelo sindicato. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

2. FONTE SUBSIDIÁRIA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Não existe um “Código de Processo do Trabalho”, cabendo a CLT o tratamento do direito

material e processual do trabalho.

No entanto, a própria CLT, em seu artigo 769, autoriza a utilização do CPC como fonte

subsidiária do direito processual do trabalho. Isso significa que, havendo omissão na norma

celetista, devemos aplicar o direito processual civil, desde que haja compatibilidade com os

princípios que norteiam o processo do trabalho.

Exemplo: o artigo 840 da CLT, que dispõe sobre os requisitos da petição inicial, não se refere

ao valor da causa. Assim, aplica-se o art. 282 do CPC, já que o valor da causa é

indispensável para a verificação do procedimento (rito) em que o processo incorrerá.

O mesmo artigo da CLT não descreve sobre a necessidade de se fundamentar a petição

inicial. Apesar de o dispositivo (art. 282, CPC) processual comum fazer menção a esta

necessidade, não aplicamos ao processo do trabalho por ser incompatível com o princípio da

informalidade, já visto anteriormente.

Temos aqui o Princípio da Subsidiariedade!

Em resumo, temos dois requisitos para a aplicação do CPC de forma subsidiária:

1º) omissão;

2º) compatibilidade com os princípios do processo do trabalho.

2.1. RESUMO DAS FONTES SUBSIDIÁRIAS:

Fonte formal primária OMISSÃO e

COMPATIBILIDADE

Fonte subsidiária

Direito material do trabalho Art. 8º, CLT Código Civil

Page 5: Direito Processual do Trabalho Partes 1ª e2ª - 7º Semestre 2015

Direito Processual do

Trabalho

Art. 769, CLT Código de Processo Civil

Execução Trabalhista Art. 899, CLT Lei de Execução Fiscal (Lei

6.830/80)

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO 1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO

TRABALHO

1.1. PRINCÍPIO DA CELERIDADE: impõe que os atos sejam praticados o mais rápido

possível. Isto porque, o processo do trabalho envolve interesses alimentares, sendo, sem

dúvida, o ramo mais social dentre todos do direito, diferentemente, por exemplo, do direito

processual civil, que envolve direitos patrimoniais, conquanto igualmente sociais sejam as

questões ali dirimidas.

1.2. PRINCÍPIO DA GRATUIDADE: no processo do trabalho as custas só serão recolhidas

após o trânsito em julgado (ou antes disso se houver recurso), pelo vencido. Mas se o

reclamante, vencido, não puder suportar o encargo, a lei confere ao magistrado a

possibilidade de isentá-lo das custas.

1.3. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO (TUTELAR): consiste na interpretação mais benéfica ao

trabalhador. Assegura a superioridade jurídica ao trabalhador em face de sua inferioridade

econômica.

Segundo o ministro Maurício Godinho Delgado o princípio da proteção visa “Reequilibrar,

juridicamente, a relação desigual vivenciada na prática cotidiana da relação de emprego”.

Page 6: Direito Processual do Trabalho Partes 1ª e2ª - 7º Semestre 2015

No processo civil, parte-se do pressuposto que as partes são iguais. No processo do trabalho,

parte-se do pressuposto que as partes são desiguais, necessitando o empregado da proteção

da lei.

Portanto, não é a Justiça do Trabalho que tem cunho paternalista ao proteger o trabalhador,

ou o juiz que sempre pende para o lado do empregado, mas a lei que assim o determina.

Assim, protecionista é o sistema adotado pela lei.

Em caso de dúvida de interpretação aplica-se o princípio protecionista: “in dubio pro misero”

ou “in dubio pro operário”.

1.4. PRINCÍPIO DA ECONOMIA: aqui a economia não está ligada ao dinheiro. O que se

prega é a economia instrumental, ou seja, dos atos a serem praticados no curso do processo.

O juiz deve impedir diligências desnecessárias e inúteis, cuidando, porém, para não cercear o

direito de defesa. Ex.: reclamações trabalhistas plúrimas.

1.5. PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL: está ligado ao interesse do Estado na solução do

litígio. O Judiciário não atuará em conflito sem provocação, bjporém, após a propositura da

ação, ao Estado cabe perseguir a verdade e apurar os fatos. Para tanto, não há necessidade

da parte peticionar requerendo providências do juiz, posto que este, atendendo ao princípio

do impulso oficial, executará todos os atos que lhe interessem ao extermínio do DIREITO

PROCESSUAL DO TRABALHO conflito. Ex.: na fase executória, não há necessidade da parte

fazer requerimento algum, uma vez que, com o transito em julgado o Juiz expede mandado

de citação e inicia a execução.

1.6. PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI: é o direito assegurado às partes, num processo

trabalhista, de atuar sem patrocínio de advogado, conforme regra do art. 791, CLT.

É importante destacar que, o CPC, no seu artigo 36, impõe que as partes só poderão

ingressar em juízo com a presença de advogado. Além disso, a Constituição Federal, em seu

art. 133 informa que “o advogado é indispensável à administração da justiça”. A Lei 8.906/94

(Estatuto da OAB), considerava a postulação em qualquer juízo atividade privativa da

advocacia.

Em razão disso, uma corrente minoritária questionava a constitucionalidade do art. 791 da

CLT, porém, a questão restou sepultada com o julgamento da ADIN 1.127 proposta pela AMB

(Associação dos Magistrados do Brasil), na qual o STF julgou inconstitucional a expressão

“qualquer” constante do art. 1º, inciso I, da Lei 8.906/94.

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ATENÇÃO: O TST firmou entendimento de que o jus postulandi somente prevalecerá nas

instâncias ordinárias, isto é, nas Varas do Trabalho e nos TRT’s, não sendo aplicável no TST,

onde as partes deve se fazer representar por advogado, conforme Súmula 425 do TST.

1.7. PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE: diante da existência do jus postulandi, não se pode

exigir do leigo o conhecimento de toda a formalidade processual, sendo admitido, por conta

desse princípio, simples petição narrando o conflito e um pedido lógico. Assim, há extrema

simplificação das peças processuais, não ocorrendo rigidez na declaração de inépcia.

1.8. PRINCÍPIO DA ORALIDADE: impõe o uso e a prevalência da palavra oral à escrita, com

manifestações orais e sumárias em audiência. Ex.: defesa oral em 20 minutos (art. 847, CLT);

razões finais orais em 10 minutos (art. 850, CLT); protestos em audiência (art. 795, CLT).

1.9. PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO: significa que, na medida do possível, todos os atos

devem ser praticados numa só oportunidade, ou seja, na audiência UNA (admitida, a critério

do juiz, a realização de sessões sucessivas). Há uma concentração de atos contínuos, tais

como: leitura da petição inicial, proposta de conciliação; defesa; provas orais; razões finais;

sentença. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

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QUESTÕES:

1. (Analista Judiciário – FCC – TRT/PE – 2012) Com base nas regras do processo do trabalho aplicáveis as

partes e procuradores, a substituição e representação processuais, é correto afirmar:

(A) Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e

acompanhar as suas reclamações até o final.

(B) Nos dissídios coletivos é obrigatória aos interessados a assistência por advogado.

(C) A constituição de procurador com poderes para o foro em geral somente poderá ser efetivada, mediante

instrumento de procuração, não valendo o simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do

advogado interessado, com anuência da parte representada.

(D) Nos dissídios individuais os empregados e empregadores não poderão fazer-se representar por

intermédio do sindicato, valendo tal situação apenas para os dissídios coletivos.

(E) A reclamação trabalhista do menor de 18 anos será feita apenas pela Procuradoria da Justiça do

Trabalho ou pelo sindicato. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

2. FONTE SUBSIDIÁRIA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Não existe um “Código de Processo do Trabalho”, cabendo a CLT o tratamento do direito

material e processual do trabalho.

No entanto, a própria CLT, em seu artigo 769, autoriza a utilização do CPC como fonte

subsidiária do direito processual do trabalho. Isso significa que, havendo omissão na norma

celetista, devemos aplicar o direito processual civil, desde que haja compatibilidade com os

princípios que norteiam o processo do trabalho.

Exemplo: o artigo 840 da CLT, que dispõe sobre os requisitos da petição inicial, não se refere

ao valor da causa. Assim, aplica-se o art. 282 do CPC, já que o valor da causa é

indispensável para a verificação do procedimento (rito) em que o processo incorrerá.

O mesmo artigo da CLT não descreve sobre a necessidade de se fundamentar a petição

inicial. Apesar de o dispositivo (art. 282, CPC) processual comum fazer menção a esta

necessidade, não aplicamos ao processo do trabalho por ser incompatível com o princípio da

Page 9: Direito Processual do Trabalho Partes 1ª e2ª - 7º Semestre 2015

informalidade, já visto anteriormente.

Temos aqui o Princípio da Subsidiariedade!

Em resumo, temos dois requisitos para a aplicação do CPC de forma subsidiária:

1º) omissão;

2º) compatibilidade com os princípios do processo do trabalho.

2.1. RESUMO DAS FONTES SUBSIDIÁRIAS:

Fonte formal primária OMISSÃO e

COMPATIBILIDADE

Fonte subsidiária

Direito material do trabalho Art. 8º, CLT Código Civil

Direito Processual do

Trabalho

Art. 769, CLT Código de Processo Civil

Execução Trabalhista Art. 899, CLT Lei de Execução Fiscal (Lei

6.830/80)

DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROF. ADEILSON J FREITAS JR

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1. PRINCÍPIOS DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

1.1. PRINCÍPIO DA CELERIDADE: impõe que os atos sejam praticados o mais rápido

possível. Isto porque, o processo do trabalho envolve interesses alimentares, sendo, sem

dúvida, o ramo mais social dentre todos do direito, diferentemente, por exemplo, do direito

processual civil, que envolve direitos patrimoniais, conquanto igualmente sociais sejam as

questões ali dirimidas.

1.2. PRINCÍPIO DA GRATUIDADE: no processo do trabalho as custas só serão recolhidas

após o trânsito em julgado (ou antes disso se houver recurso), pelo vencido. Mas se o

reclamante, vencido, não puder suportar o encargo, a lei confere ao magistrado a

possibilidade de isentá-lo das custas.

1.3. PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO (TUTELAR): consiste na interpretação mais benéfica ao

trabalhador. Assegura a superioridade jurídica ao trabalhador em face de sua inferioridade

econômica.

Segundo o ministro Maurício Godinho Delgado o princípio da proteção visa “Reequilibrar,

juridicamente, a relação desigual vivenciada na prática cotidiana da relação de emprego”.

No processo civil, parte-se do pressuposto que as partes são iguais. No processo do trabalho,

parte-se do pressuposto que as partes são desiguais, necessitando o empregado da proteção

da lei.

Portanto, não é a Justiça do Trabalho que tem cunho paternalista ao proteger o trabalhador,

ou o juiz que sempre pende para o lado do empregado, mas a lei que assim o determina.

Assim, protecionista é o sistema adotado pela lei.

Em caso de dúvida de interpretação aplica-se o princípio protecionista: “in dubio pro misero”

ou “in dubio pro operário”.

1.4. PRINCÍPIO DA ECONOMIA: aqui a economia não está ligada ao dinheiro. O que se

prega é a economia instrumental, ou seja, dos atos a serem praticados no curso do processo.

O juiz deve impedir diligências desnecessárias e inúteis, cuidando, porém, para não cercear o

direito de defesa. Ex.: reclamações trabalhistas plúrimas.

1.5. PRINCÍPIO DO IMPULSO OFICIAL: está ligado ao interesse do Estado na solução do

litígio. O Judiciário não atuará em conflito sem provocação, bjporém, após a propositura da

ação, ao Estado cabe perseguir a verdade e apurar os fatos. Para tanto, não há necessidade

Page 11: Direito Processual do Trabalho Partes 1ª e2ª - 7º Semestre 2015

da parte peticionar requerendo providências do juiz, posto que este, atendendo ao princípio

do impulso oficial, executará todos os atos que lhe interessem ao extermínio do DIREITO

PROCESSUAL DO TRABALHO PROF. ADEILSON J FREITAS JR

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conflito. Ex.: na fase executória, não há necessidade da parte fazer requerimento algum, uma

vez que, com o transito em julgado o Juiz expede mandado de citação e inicia a execução.

1.6. PRINCÍPIO DO JUS POSTULANDI: é o direito assegurado às partes, num processo

trabalhista, de atuar sem patrocínio de advogado, conforme regra do art. 791, CLT.

É importante destacar que, o CPC, no seu artigo 36, impõe que as partes só poderão

ingressar em juízo com a presença de advogado. Além disso, a Constituição Federal, em seu

art. 133 informa que “o advogado é indispensável à administração da justiça”. A Lei 8.906/94

(Estatuto da OAB), considerava a postulação em qualquer juízo atividade privativa da

advocacia.

Em razão disso, uma corrente minoritária questionava a constitucionalidade do art. 791 da

CLT, porém, a questão restou sepultada com o julgamento da ADIN 1.127 proposta pela AMB

(Associação dos Magistrados do Brasil), na qual o STF julgou inconstitucional a expressão

“qualquer” constante do art. 1º, inciso I, da Lei 8.906/94.

ATENÇÃO: O TST firmou entendimento de que o jus postulandi somente prevalecerá nas

instâncias ordinárias, isto é, nas Varas do Trabalho e nos TRT’s, não sendo aplicável no TST,

onde as partes deve se fazer representar por advogado, conforme Súmula 425 do TST.

1.7. PRINCÍPIO DA INFORMALIDADE: diante da existência do jus postulandi, não se pode

exigir do leigo o conhecimento de toda a formalidade processual, sendo admitido, por conta

desse princípio, simples petição narrando o conflito e um pedido lógico. Assim, há extrema

simplificação das peças processuais, não ocorrendo rigidez na declaração de inépcia.

1.8. PRINCÍPIO DA ORALIDADE: impõe o uso e a prevalência da palavra oral à escrita, com

manifestações orais e sumárias em audiência. Ex.: defesa oral em 20 minutos (art. 847, CLT);

razões finais orais em 10 minutos (art. 850, CLT); protestos em audiência (art. 795, CLT).

1.9. PRINCÍPIO DA CONCENTRAÇÃO: significa que, na medida do possível, todos os atos

devem ser praticados numa só oportunidade, ou seja, na audiência UNA (admitida, a critério

do juiz, a realização de sessões sucessivas). Há uma concentração de atos contínuos, tais

como: leitura da petição inicial, proposta de conciliação; defesa; provas orais; razões finais;

sentença. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROF. ADEILSON J FREITAS JR

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QUESTÕES:

1. (Analista Judiciário – FCC – TRT/PE – 2012) Com base nas regras do processo do trabalho aplicáveis as

partes e procuradores, a substituição e representação processuais, é correto afirmar:

(A) Os empregados e os empregadores poderão reclamar pessoalmente perante a Justiça do Trabalho e

acompanhar as suas reclamações até o final.

(B) Nos dissídios coletivos é obrigatória aos interessados a assistência por advogado.

(C) A constituição de procurador com poderes para o foro em geral somente poderá ser efetivada, mediante

instrumento de procuração, não valendo o simples registro em ata de audiência, a requerimento verbal do

advogado interessado, com anuência da parte representada.

(D) Nos dissídios individuais os empregados e empregadores não poderão fazer-se representar por

intermédio do sindicato, valendo tal situação apenas para os dissídios coletivos.

(E) A reclamação trabalhista do menor de 18 anos será feita apenas pela Procuradoria da Justiça do

Trabalho ou pelo sindicato. DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO PROF. ADEILSON J FREITAS JR

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2. FONTE SUBSIDIÁRIA DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO

Não existe um “Código de Processo do Trabalho”, cabendo a CLT o tratamento do direito

material e processual do trabalho.

No entanto, a própria CLT, em seu artigo 769, autoriza a utilização do CPC como fonte

subsidiária do direito processual do trabalho. Isso significa que, havendo omissão na norma

celetista, devemos aplicar o direito processual civil, desde que haja compatibilidade com os

princípios que norteiam o processo do trabalho.

Exemplo: o artigo 840 da CLT, que dispõe sobre os requisitos da petição inicial, não se refere

ao valor da causa. Assim, aplica-se o art. 282 do CPC, já que o valor da causa é

indispensável para a verificação do procedimento (rito) em que o processo incorrerá.

O mesmo artigo da CLT não descreve sobre a necessidade de se fundamentar a petição

inicial. Apesar de o dispositivo (art. 282, CPC) processual comum fazer menção a esta

necessidade, não aplicamos ao processo do trabalho por ser incompatível com o princípio da

informalidade, já visto anteriormente.

Temos aqui o Princípio da Subsidiariedade!

Em resumo, temos dois requisitos para a aplicação do CPC de forma subsidiária:

1º) omissão;

2º) compatibilidade com os princípios do processo do trabalho.

2.1. RESUMO DAS FONTES SUBSIDIÁRIAS:

Fonte formal primária OMISSÃO e

COMPATIBILIDADE

Fonte subsidiária

Direito material do trabalho Art. 8º, CLT Código Civil

Direito Processual do Art. 769, CLT Código de Processo Civil

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Trabalho

Execução Trabalhista Art. 899, CLT Lei de Execução Fiscal (Lei

6.830/80)

Fonte:

Caderno de anotações, transcrição de gravações de aulas.