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Campina Grande, PB. 2013 JOSÉ MONTEFUSCO FILHO FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU A Importância do Direito Romano para a Construção do Direito Civil Brasileiro

Direito Romano Montefusco

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Campina Grande, PB. 2013

JOSÉ MONTEFUSCO FILHO

FACULDADE MAURÍCIO DE NASSAU

A Importância do Direito Romano para a Construção do Direito Civil Brasileiro

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Campina Grande, PB. 2013

A Importância do Direito Romano para a Construção do Direito Civil Brasileiro

Trabalho de Direito Civil I, apresentado à Faculdade Maurício de Nassau - como requisito parcial para a obtenção de média semestral na disciplina de Direito Civil I. Prof. Arthur da Gama França

JOSÉ MONTEFUSCO FILHO

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3

1.1 ROMA - ORIGENS.................................................................................................4

1.1.1 A lenda da Origem de Roma...............................................................................4

1.1.1.2 As versões latina e etrusca..............................................................................4

1.2 OS PERÍODOS DA HISTÓRIA POLÍTICA.............................................................5

1.2.1 MONARQUIA......................................................................................................5

1.2.1.1 Organização Social..........................................................................................5

1.2.1.2 Organização Política........................................................................................6

1.2.2 REPÚBLICA.....................................................................................................7-9

1.2.3 IMPÉRIO......................................................................................................10-11

1.3 CODIFICAÇÃO JUSTINIANA...............................................................................12

CONCLUSÃO ..................................................................................................... 133-14

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 155

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1 INTRODUÇÃO

Fazer uma abordagem ao direito romano é considerar a importante

contribuição que Roma legou ao pensamento jurídico ocidental, que foi conceber

ciência jurídica, e fornecer as bases do direito privado que vai se difundir pela

Europa a partir do século XII tendo como centro irradiador as universidades

europeias, como exemplo, a Universidade de Bolonha. Estudar o direito romano é,

portanto, estudar os alicerces do direito do mundo ocidental.

É objetivo desse trabalho, expor a importância do Direito Romano para a

construção do Direito Civil Brasileiro, e discorrer sobre as fases que conduziram

essa alma mater do Direito Universal ao ápice da sua elaboração – Período Régio,

da República, do Principado, da Monarquia Absoluta, Sistema do Jus Civile e Jus

Gentium, bem como analisar a Codificação de Justiniano aonde encontramos o

Código, o Digesto, as Institutas e as Novelas. E por fim, concluirei essa dissertação

fazendo menção da importância da compilação realizada por Justiniano; e para

arrematar não poderia deixar de fazer uma breve comparação entre o Direito

Romano com o Direito Civil Brasileiro.

É óbvio que não farei uma exposição acurada do tema, nem ao menos me

proponho a ser inovador, pois, muitos mestres e doutores já o fizeram com maestria

ao abordarem o tema com profundidade; mas, pelo menos me aventuro a dizer que

farei um apanhado que nos leve a ter uma noção precisa do conhecimento básico do

progresso do Direito Romano. Direito esse que tem sido considerado por muitos

historiadores e sem dúvida por todos os romanistas, o fundamento do Direito Civil e

quiçá do Direito em geral.

Espero sinceramente ao final desse trabalho ter provocado no leitor a sede de

um beduíno no deserto, que busca desesperadamente por um manancial de águas

profundas e cristalinas. É claro que estarei apontando apenas a direção dos

mananciais literários onde o leitor sedento poderá saciar sua sede de conhecimento

acerca do Direito Romano.

Desejo a todos uma boa leitura!

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É de entendimento majoritário que ao se estudar o direito romano

necessariamente teremos que tecer algumas considerações acerca da história

romana, pois, a história do Direito está intimamente ligada a história da cidade de

Roma. Nesse início de conversa cabe aqui uma citação instigadora, diria que é até

provocadora, no melhor sentido da palavra, e que nos vem bem a calhar;

Nenhum principiante no estudo da ciência jurídica pode prescindir, ainda

que perfunctoriamente, do significado das instituições romanas. Seu estudo

facilita, prepara e eleva o espírito iniciante para as primeiras linhas de nosso

Direito Civil. Daí a importância de situarmos no tempo e no espaço o direito

Romano, a Lei das XII Tábuas até a época da decadência bizantina,

perpassando por séculos de mutações jurídicas que até hoje são

fundamentos de nosso Direito. (VENOSA, 2004, p. 27).

Sendo assim, vamos fazer um tour histórico, e passo a passo conheceremos

através do tempo como foram lançados os alicerces dessa grande catedral do

Direito Romano e como já mencionei de todo o Direito Ocidental. Neste primeiro

momento, claro, falarei das origens de Roma.

1.1 ROMA - ORIGENS

Quanto à origem, existem duas versões: a explicação mitológica, e a

explicação feita pelos latinos e etruscos.

1.1.1 A lenda da origem de Roma

Na primeira versão os romanos explicavam a origem de sua cidade através

do mito de Rômulo e Remo. Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados

no rio Tibre, na Itália. Resgatados por uma loba, que os amamentou, foram criados

posteriormente por um casal de pastores. Adultos, retornam a cidade natal de Alba

Longa e ganham terras para fundar uma nova cidade que seria Roma. Porém, uma

disputa entre os dois para decidir quem seria o rei teve um final trágico: Rômulo

matou Remo, tornando-se o rei de Roma, em 753 a.C.

1.1.1.2 As versões latina e etrusca

Esta narrativa está baseada nas versões latina e etrusca. Diz que os latinos,

povo que formava uma das tribos italiotas, chegaram ao centro da Península Itálica e

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instalaram-se na região do Lácio. Ali, fundaram várias aldeias, entre elas Roma. Por

volta do século VII a.C., os etruscos conquistaram o Lácio e transformaram a aldeia

latina de Roma em uma cidade. A partir dessa época, teve início um processo que

levou à formação da Monarquia.

Bem essas são as duas versões mais citadas nos livros de história e são

cantadas em verso e prosa pelos professores desde o ensino fundamental ao ensino

médio e por que não dizer nas universidades! Mas o fato é que mesmo havendo

discrepâncias entre essas narrativas o certo é que todos aceitam a data de 753 a.C.

como a data oficial para a fundação desse mega império chamado de Império

Romano.

Avancemos, portanto, um passo a mais em busca das origens desse

monumental direito romanista. E galgando um degrau acima, convido os leitores a

olharem comigo de um plano mais elevado para a história política de Roma, que é

donde começaremos a vislumbrar com mais nitidez o nascimento desse tão

aguardado rebento jurídico.

1.2 OS PERÍODOS DA HISTÓRIA POLÍTICA

A história política de Roma classifica-se em três períodos, a saber:

1. Monarquia (753-509 a.C.);

2. República (509-27 a.C.), cobre praticamente 5 séculos. Roma cresce...

esse é período áureo de Roma.

3. Império (27 a.C. – 476 d.C.).

1.2.1 MONARQUIA – Organização e Transformações.

A partir do século VII a.C., teve início o processo de organização social e

política dos romanos, que constituiu a Monarquia.

1.2.1.1 Organização Social – a sociedade, nesta época, era formada por:

a) PATRÍCIOS

Consideravam-se descendentes dos primeiros pater famílias,

fundadores da cidade;

Eram grandes proprietários de terras, rebanhos e escravos;

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Eram cidadãos com direitos políticos, podendo ocupar cargos no

exército, na justiça e na administração, e de conduzir os cultos.

b) PLEBEUS

Homens e mulheres livres – comerciantes; artesãos; e agricultores.

Era a maioria da população, mas, não eram cidadãos.

c) CLIENTES

Parte da plebe que se associava aos patrícios, prestando-lhes

serviços pessoais e apoiando-os na dominação exercida sobre a

plebe em troca de ajuda econômica e de proteção.

d) ESCRAVOS

Eram aqueles que não conseguiam pagar suas dívidas. Incluíam-

se também os prisioneiros de guerra.

Eram considerados propriedades de seu senhor.

1.2.1.2 Organização Política

Neste período o governo era constituído pelo:

a) REI

Era chefe militar e religioso,

Desempenhava a função de juiz,

O reinado era vitalício.

b) SENADO (senex – velho ancião).

Formado por cidadãos idosos, que chefiavam as famílias mais

importantes de Roma

Era composto por 300 membros vitalícios

Fiscalizavam as ações do rei,

Elaboravam as leis romanas.

Dirigiam a política

c) ASSEMBLEIA CURIAL

Composta por soldados, agrupados em cúrias.

Cada cúria reunia dez clãs – conjunto de famílias, com

descendentes de antepassados comuns.

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A Assembleia elegia funcionários importantes do governo,

aprovava ou rejeitava as leis e só se reunia quando o rei

convocava.

As fontes do direito na fase da realeza são apenas duas: o costume (fonte

principal) e a lei (secundária).

A Monarquia começou a ser questionada pelos patrícios, pois o reinado

vitalício não atendia mais aos interesses deles. Os mesmos queriam dominar o

poder diretamente. Os patrícios expulsaram o rei e criaram uma nova organização

política: a República (coisa de todos), início do século VI a.C.. Os patrícios

controlavam os principais cargos criados na República.

1.2.2 REPÚBLICA

O que era para ser o governo de todos torna-se o domínio de poucos,

gerando insatisfação por parte dos menos favorecidos, dessa feita, os plebeus. E

como a segurança de Roma dependia de um exército forte, os plebeus foram

convocados a participar como soldados, e uma vez tendo esse poder nas mãos, eles

se voltaram contra os patrícios ao longo do século V a.C.; E obtiveram vantagens

nesta empreitada organizada rumo aos direitos sociais e políticos, tais como a

formação do:

a) COMÍCIO DE PLEBE

b) TRIBUNO DA PLEBE

c) LEI DAS DOZE TÁBUAS (450 a.C.) – juízes especiais (decênviros)

organizaram e escreveram os textos das leis, que serviam a patrícios e

plebeus. Evitando os muitos desrespeitos às leis.

d) LEI CANULÉIA (445 a.C.) – autorizava o casamento entre patrícios e

plebeus.

e) ELEIÇÃO DE MAGISTRADOS PLEBEUS – aos poucos, os plebeus

conseguiram ocupar cargos da magistratura.

O poder na República romana ficou assim estabelecido:

a) SENADO

Composto por 300 membros vitalícios,

Propunham leis,

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Dirigiam a política.

Controlava os Magistrados e os Tribunos da Plebe

b) MAGISTRADOS que eram cargos temporários formados pelos:

1. CONSULES

Durante a república, em número de dois, os cônsules eram os

mais importantes magistrados: comandavam o exército,

convocavam o senado, presidiam os cultos públicos.

Em épocas de "calamidade pública" (derrotas militares, revoltas

dos plebeus ou catástrofes), indicavam o ditador que seria

referendado pelo senado e teria poderes absolutos por seis

meses.

2. PRETORES

O Pretor era um magistrado romano investido de poderes

extraordinários.

Era hierarquicamente subordinado ao cônsul,

Equivalia modernamente ao juiz ordinário ou de primeira

instância.

3. EDIS

Cuidavam dos serviços públicos, da preservação da cidade, do

abastecimento, das ações penais correlatas, bem como da

jurisdição civil contenciosa nas questões ali ocorridas. Era

magistratura plebeia, interditada aos patrícios.

4. QUESTORES - do latim quaestor, procurador.

Administravam o dinheiro público

Era o primeiro passo na hierarquia política da Roma Antiga

(cursus honorum). O cargo, que implicava funções

administrativas, era geralmente ocupado por membros da classe

senatorial com menos de 32 anos. O mandato como questor

dava acesso direto ao colégio do senado romano. Por serem os

cobradores de impostos do império, eram malvistos pela

população, pois eram "interventores".

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5. CENSORES (do latim censore)

Era um cargo político de Roma Antiga, o mais alto que se podia

alcançar no âmbito do cursus honorum. Os censores, eleitos em

número de dois pela assembleia das centúrias eram

invariavelmente antigos cônsules.

A função dos censores incluía o recenseamento dos cidadãos,

com base em sua riqueza, a elaboração do álbum senatorial,

orientação da construção pública e fiscalização da conduta

moral dos cidadãos.

6. TRIBUNOS DA PLEBE

Plebeus

Eleitos anualmente

Vetavam as decisões contrárias aos interesses da plebe

7. ASSEMBLEIA DOS CIDADÃOS

Formada por Patrícios e Plebeus

Controlada pelos Patrícios

Votavam as leis e as guerras

Elegiam os Magistrados

8. COMÍCIO DA PLEBE,

Formado pelos plebeus

Votavam os decretos que deviam ser cumpridos apenas pelos

plebeus (plebiscitos)

Elegia o Tribuno da Plebe

As fontes do direito na fase da República são cinco: os costumes, as leis

escritas, o senatusconsultos, a jurisprudência e os editos dos magistrados.

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1.2.3 IMPÉRIO

A República entra em crise. A crise da República Romana se refere a um

longo período, entre 134 a.C. e 27 a.C., de instabilidade política e social que

culminou com a transformação da República Romana no Império Romano. O

Senado perdeu poderes e os militares passaram a liderar a política. Os senadores

destacaram três chefes militares para formarem uma espécie de governo, chamado

de triunvirato. Júlio César (100-44 a.C.), Crasso (115-53 a.C.), e Pompeu (106-53

a.C.) constituíram o primeiro triunvirato. Houve disputas entre eles, e com a morte de

Crasso, Júlio César venceu Pompeu em uma guerra civil e tornou-se ditador vitalício.

Com isso temos o início do Império Romano, que se subdividiu em: PRINCIPADO,

que compreende o período de César Augusto até Diocleciano; e o DOMINATO, que

vai de Diocleciano até a morte de Justiniano.

As fontes do direito na fase do alto império são seis: costume, lei,

senatusconsultos, editos dos magistrados, constituições imperiais e a jurisprudência.

Foi no período do PRINCIPADO que Roma atingiu o seu apogeu. Augusto

deu início ao Principado no ano 27 a.C.; o monarca reina de maneira absoluta, e

todas as outras instituições perdem sua força e influência. As fontes do direito foram:

o Costume, os Editos dos Magistrados, o Poder Legislativo do Senado.

Os conceitos básicos para a compreensão do Direito Romano foram incluídos

em seis:

1. O Jus - regido pelas normas religiosas que possuíam força de lei. O Jus

possuía tanto o Direito Objetivo como o Subjetivo. .

O ius civile foi inicialmente denominado de ius quiritium , ou seja, direito dos

antigos ou direito quiritário, em alusão aos Quirites (cidadãos primitivos

romanos). Com o período de transição da Monarquia para a República, os

plebeus vão gradualmente aumentando a sua importância e conquistam um

estatuto de paridade jurídica face aos patrícios, surgindo então o ius civile. O

ius civile é já um Direito que contempla tanto patrícios como plebeus.

O Ius gentium ou jus gentium ("direito das gentes" ou "direito dos

povos", em latim) compunha-se das normas de direito romano que

eram aplicáveis aos estrangeiros. Os antigos romanos permitiam

que os estrangeiros invocassem determinadas regras do direito

romano de modo a facilitar as relações comerciais com outros

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povos. Desenvolveu-se sob a influência do pretor peregrino, em

contraposição ao ius civile, isto é, o conjunto de instituições jurídicas

aplicáveis aos cidadãos romanos. Modernamente, a expressão

costuma ser utilizada como sinônimo de "direito internacional".

2. O Fas provém do Direito falado dos Deuses. Seriam normas legais

faladas pelos Deuses e transmitidas aos sacerdotes. É o Direito falado,

revelado pela divindade que influenciava o Direito público e privado.

3. A Justitia era a vontade firme e perdurável de dar a cada um o seu

Direito.

4. A Aequitas era uma justiça baseada na igualdade material. Depois de

uma evolução passou a ser vista como uma tríade: igualdade,

proporcionalidade e caridade. Significa justiça ideal ao caso concreto.

5. A Jurisprudentia era a prudência (conhecimento e previsão das coisas

que devem ser desejadas e das que devem ser evitadas) ou ciência do

Direito. Era a decisão constante e uniforme dos tribunais.

6. Os Júris Praeceptas, que seriam os princípios gerais do Direito.

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1.3. Codificação de Justiniano

O Corpus Juris Civilis (Corpo de Direito Civil) é uma obra jurídica

fundamental, publicada entre os anos 529 e 534, por ordens do imperador bizantino

Justiniano, que, dentro de seu projeto de unificar e expandir o império bizantino viu

que era indispensável criar uma legislação congruente e que tivesse capacidade de

atender às demandas e litígios vivenciados à época. Essa obra junta um só lugar as

fontes de direito conhecidas neste período histórico. Essa codificação é composta

por quatro obras importantíssima para o mundo jurídico: o Código, o Digesto, as

Institutas e as Novelas.

a) Código – composto por 12 livros, cada livro com seus Títulos e esses

continham as constituições.

b) Digesto – era uma compilação de de fragmentos de jurisconsultos clássicos.

c) Institutas - Manual para ser estudado pelos que se dedicavam ao Direito;

d) Novelas - Constituições elaboradas depois de 534.

É na codificação Jusitiniana que encontramos a base da jurisprudência de

todo o ocidente e é também uma fonte rica e inigualável sobre a vida no Império

Romano. Como vimos é uma coleção que reúne muitas fontes nas quais as leis e

outras regras eram expressas ou publicadas: leis propriamente ditas, consultas

senatoriais, decretos imperiais, lei das sentenças e opiniões e interpretações dos

juristas. Sem essa codificação não teria sido possível a preservação do direito

romano e teríamos ficado órfãos de tão grande monumento à jurisprudência. O

Corpus representou uma revolução jurídica, organizando o direito romano numa

forma conveniente e sob um esquema orgânico, que se tornou a base do moderno

Direito Civil.

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CONCLUSÃO

Não poderia terminar o nosso passeio nas terras sagradas do

Direito, sem antes fazer uma breve consideração sobre a ligação que há do Direito

antigo com Direito atual, mais precisamente o Direito brasileiro. Sim, pois, por mais

distante que pareça estar a história de Roma da nossa; por mais que o seu modo de

vida seja alheio ao nosso; por mais que sua cultura se contraponha à nossa, e ainda

que seus desafios de época nem cheguem perto dos nossos, ainda assim podemos

afirmar que o Direito Romano é peça fundamental do nosso ordenamento jurídico

devido a sua utilidade prática. Os nossos Códigos Civis são permeados pelas mais

variadas regras, princípios e institutos jurídicos romanos. Artigo por artigo, a

influência romana demonstra-se latente na legislação civil em vigor. Basta darmos

uma olhada atenta bem no início da nossa magna carta e ali já haveremos de

encontrar os princípios romanos permeando o livro sagrado dos operadores do

direito, por isso me é oportuno a citação do preâmbulo da nossa Constituição para

averiguarmos tal fato.

"Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional

Constituinte, para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o

exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-

estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de

uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia

social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução

pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte

Constituição da República Federativa do Brasil".

Até parece que nos encontramos diante de um resumo de toda a

história de luta do povo romano em busca de seus direitos, pela liberdade,

igualdade, e fraternidade, claro que essa frase foi cunhada mais tarde pelos

franceses, mas legitimamente podemos atribuir aos romanos e às leis por eles

criadas ou compiladas em seu Corpus Iuris Civilis, cujo propósito não foi outro senão

o fazer com que todos daquela sociedade; patrícios, plebeus, e escravos, pudessem

viver juntos desfrutando dos mesmos direitos e deveres (destinado a assegurar o

exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento,

a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem

preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a

solução pacífica das controvérsias – assim reza a nossa CF/88). Foi no afã de se chegar a um

mundo mais justo e humano que as leis romanas foram pensadas, praticadas,

rascunhadas, escritas, e compiladas, com o nobre intuito de que todos as

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observassem, e, guardassem os preceitos, as normas, e as leis daquele império tão

vasto e pomposo! Leis essas que haveriam de cruzar os oceanos, ultrapassar os

tempos, vencer as épocas e suplantar todas as fronteiras culturais de muitos outros

povos, línguas e raças; e assim, fizesse com que um Direito tão antigo fosse

reafirmado em tempos tão modernos.

Por isso com o intuito de fechar, esse singelo trabalho, com chave

de ouro, faço ressoar as palavras de Venosa que tão eloquentemente asseverou

acerca da imortalidade do Direito Romano quando escreveu:

"O Direito Romano nunca morreu; mesmo após as invasões bárbaras,

continuou a ser aplicado por aqueles que subjugaram Roma. Suas

instituições revelaram-se como uma arte completa e uma ciência perfeita.

Suas máximas fornecem, até hoje, ao direito moderno, um manancial

inesgotável de resultados inocentes." (Venosa, 2004, p.27)

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REFERÊNCIAS

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JÚNIOR, José Cretella. Curso de Direito Romano: O Direito Romano e o Direito Civil Brasileiro no Novo Codigo Civil. 31 ed. São Paulo: Editora Forense Jurídica, 2010.

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MAGALHÃES, Rodrigo Almeida; PEREIRA, Henrique Viana. O Direito Romano e Suas Fases. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7179.> Acesso em: 08 de setembro 2013.

SENA, Falbert. Fontes do direito romano. Disponível em: <http://historiadodireito-

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VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, Parte Geral. vol.1. 4 ed. São Paulo: Editora Atlas S.A., 2004.