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Aluno (a): _____________________________________________________________________
Disciplina: Português Professor (a): Daniele saly
Série: 1 º ano Turma: 1001 Data: ____/____/_____
Exercícios de revisão para a Avaliação Final
ENSINO MÉDIO
Roteiro Avaliação Final – Português – 1º ano
- Interpretação de textos de gêneros variados. - Linguagem e variação linguística (variedades regionais, sociais, etárias e de situação; sotaque, registro, dialeto, gíria, jargão; preconceito linguístico). - Oralidade e escrita (Relação entre oralidade e escrita; convenção ortográfica). - A dimensão discursiva da linguagem (Elementos da comunicação e funções da linguagem; interação entre interlocutores; o ponto de vista do enunciador; intencionalidade). - Construção do sentido (Sentido e contexto; conhecimento de mundo e repertório; conotação e denotação; relações lexicais: polissemia, sinonímia, antonímia). - Efeitos de sentido (Ambiguidade, ambiguidade problemática, ironia, efeitos de humor). - Neologismos: conceito, reconhecimento. - Processos de formação de palavras: Composição (tipos), Redução (ou abreviação), Siglas, Onomatopeias, Derivação prefixal, Derivação sufixal, Derivação Parassintética, Derivação Regressiva, Derivação Imprópria. -Classes gramaticais: - Substantivos (identificação, características gerais, concordância e flexão, papel no sintagma nominal e atenção à coesão por retomada lexical); - Adjetivos (identificação, características gerais, concordância e flexão, construção do grau comparativo e do grau superlativo); - Artigos; - Numerais; - Pronomes Pessoais do caso reto, do caso oblíquo e de tratamento; pronomes possessivos, pronomes demonstrativos, pronomes indefinidos, pronomes interrogativos, pronomes relativos (identificação, características gerais, relação com as pessoas do discurso, papel coesivo de retomada e antecipação, produção de efeitos de sentido de subjetividade e objetividade, uniformidade de tratamento, uso culto/coloquial, formal/informal)
Texto 1
1 - Jogos de imagens e palavras são característicos da linguagem de história em quadrinhos. Alguns desses jogos podem
remeter a domínios específicos da linguagem a que temos acesso em nosso cotidiano, tais como a linguagem dos
médicos, a linguagem dos economistas, a linguagem dos locutores de futebol, a linguagem dos surfistas, dentre outras.
É o que ocorre na tira de Laerte, acima apresentada.
a) Transcreva duas passagens da tira que remetem a dois domínios específicos e explicite que domínios são esses.
b) Levando em consideração as relações entre imagens e palavras, identifique um momento de humor na tira e
explique como é produzido.
Texto 2
Guia básico para entender e falar o ‘carioquêx’ no Rio durante os Jogos
Olímpicos
No Rio, 'mermão', não se fala português, mas um idioma próprio. Veja e entenda alguns
diálogos que você certamente vai escutar na cidade
FELIPE BETIM, Rio de Janeiro, 7 AGO 2016 - 02:29
Se você, amante dos esportes desde sempre, decidiu dar as caras no Rio de Janeiro para curtir o momento
olímpico da cidade, mas vem encontrando dificuldade para entender o que os cariocas falam, calma. Como em qualquer
lugar do Brasil e do mundo, os cariocas têm um sotaque próprio e, mais que isso, sua própria forma de se expressar.
Mas atenção: independente de estar no bar com os amigos, em uma reunião séria de trabalho ou te atendendo em um
restaurante, o jeito meio folgado, meio marrento, meio gingado na hora de falar não muda. Não tente entender. Os
cariocas simplesmente não sabem diferenciar essas diversas situações do dia a dia.
Caso você venha de outras partes do Brasil, aprenda como jogar pelos ares todas as convenções comportamentais
e da língua portuguesa. Prepare-se para forçar o chiado do “s” (herança da migração portuguesa na época colonial), para
arranhar da garganta ao pronunciar o “r” e para trocar o “e” pelo “i” (Exemplo: no Rio, a palavra 'esquerda' vira
'ixquerrrrda'). Se você é um estrangeiro que já começa a dar seus primeiros passos para aprender o português, esqueça.
Porque aqui, 'mermão', se fala 'carioquêx'. E algum desses diálogos abaixo você certamente vai escutar na
cidade.
— Coé mermão, beleza?
Um típico cumprimento carioca. "Mermão" vem de "meu irmão" e pode ser usado tanto com uma pessoa íntima
como com um estranho na rua.
"Coé" vem de "qual é". Na frase acima, é usado como vocativo. Mas também pode ter uma conotação
afrontadora (Exemplo: "Mermão, cóe, tu tá maluco?") ou ainda como um indicador de incerteza (Exemplo: "Mermão,
coé a tua?")
— Nossa, que lugar MANEIRO!
— Sim, IRADO!
Tanto maneiro como irado significam aprovação, são sinônimos de "legal". Mas atenção: apesar de terem o
mesmo significado, seu uso depende da intensidade. Algo pode ser "maneiro", mas só é "irado" se for muuuuito maneiro.
— Se liga, tu viu que vai rolar um chopp com a galera hoje?
— Já vou fazer outra parada, sacou?
"Se liga" é como muitas pessoas iniciam uma frase, uma forma de pedir atenção ao que vai ser dito. Já "parada"
é uma das palavras mais cariocas que existe e deveria ser difundida em todo o Brasil. Significa "coisa", e realmente
pode ser usada para descrever qualquer coisa em qualquer situação. E "sacou" é sinônimo de "entendeu". Sacou?
Uma observação importante: no Rio, o pronome "tu" é usado em conversas informais (ou seja, todas) e virou
pronome de tratamento. Portanto, não tenha medo de usá-lo com um verbo na terceira pessoa do singular. (...)
— Se liga, maluco, to pegando o busão agora. Chego em 15.
— Ah, na moral, para de caô!
Esta é fácil: "busão" significa "ônibus". O que você precisa entender aqui é o seguinte: se o carioca diz que está
entrando no ônibus, na verdade ele ainda nem saiu de casa. Se ele diz que vai chegar em 15 minutos, na verdade ele vai
chegar em 40 minutos. Você pode responder que "é mentira", mas no Rio é sempre melhor dizer que é "caô". Já "na
moral" pode substituir um "por favor" ou "sério".
E não precisa se irritar ainda mais achando que estão te chamando de louco. "Maluco" no Rio pode ser qualquer
pessoa.
— Muuléééqui, to bolado com essa parada.
A palavra "moleque" no Rio normalmente é dita com bastante dramaticidade e, mais uma vez, pode ser qualquer
pessoa, não necessariamente um garoto de pouca idade. As gerações mais novas também gostam de falar "lequi" ou
"lesqui", mas respeitemos o carioquêx erudito, por favor. Já "bolado" pode expressar preocupação ou incômodo com
algo em qualquer situação, seja ela muito grave ou não. (...)
— Aê maluco, se liga nessa parada.
Se você chegou até aqui, entendeu perfeitamente a frase anterior.
http://brasil.elpais.com/brasil/2016/08/06/cultura/1470502556_718385.html?id_externo_rsoc=FB_BR_CM. Acesso em 12/02/2017.
2 – O texto 2, uma reportagem, pertence ao domínio dos gêneros textuais jornalísticos. Para Patrick Charaudeau,
teórico que estuda os discursos da mídia, a “reportagem jornalística trata de um fenômeno social ou político, tentando
explicá-lo”. Sendo assim, pode-se afirmar que o texto 2 tem como finalidade:
A – informar sobre um acontecimento recente, no caso, a realização dos Jogos Olímpicos na cidade do Rio de Janeiro.
B – fazer um levantamento de palavras e expressões típicas da fala carioca para criar humor.
C – explicar, de modo bem humorado, palavras e expressões típicas da fala carioca para o visitante da cidade do Rio
de Janeiro.
D – noticiar sobre as últimas mudanças e inovações ocorridas na fala carioca.
3 – O nível de linguagem utilizado em uma reportagem deve ser formal, o que se verifica no seguinte fragmento do
texto 2:
A – “decidiu dar as caras no Rio de Janeiro”
B – “para curtir o momento olímpico da cidade”
C – “o jeito meio folgado, meio marrento”
D – “não sabem diferenciar essas diversas situações do dia a dia”
4 – Apesar de publicado no site de um jornal sério, que preza pela formalidade, o texto 2 apresenta também uma certa
informalidade. Além do uso de gírias e expressões coloquiais, um outro elemento que confere um tom informal ao
texto 2:
A – são as marcas de interlocução.
B – é o uso de concordância verbal inadequada à variante de prestígio.
C – são as explicações sobre os usos informais da língua.
D – é o uso do pronome “tu” acompanhado de verbo na 3ª pessoa do singular.
5 – O padrão formal da língua exige a uniformidade de tratamento, mas em alguns momentos no texto 2 ocorre
mistura de tratamentos. Um exemplo dessa mistura está no seguinte fragmento:
A – “Veja e entenda alguns diálogos que você certamente vai escutar (...)”
B – “Caso você venha de outras partes do Brasil, aprenda como jogar (...)”
C – “Você pode responder que "é mentira", mas no Rio é sempre melhor dizer (...)”
D – “E não precisa se irritar ainda mais achando que estão te chamando de louco.”
6 – Embora preze pela objetividade, característica importante dos gêneros jornalísticos, a reportagem invariavelmente
apresenta um retrato do assunto a partir de um ângulo pessoal, opinativo. O trecho do texto que comprova essa
afirmação é:
A – “Guia básico para entender e falar o ‘carioquêx’ no Rio durante os Jogos Olímpicos”
B – “Os cariocas simplesmente não sabem diferenciar essas diversas situações do dia a dia.”
C – “E algum desses diálogos abaixo você certamente vai escutar na cidade.”
D – “Já "bolado" pode expressar preocupação ou incômodo com algo em qualquer situação, seja ela muito grave ou
não.”
7 – Por seu caráter e finalidade, pode-se afirmar que a função referencial da linguagem é predominante no texto 2.
Além de evidenciar o referente, o texto 2 evidencia outro elemento da comunicação e passa a apresentar, assim, uma
função de linguagem secundária. Esse elemento e a função secundária correspondente estão corretamente indicados
em:
A – emissor / função apelativa
B – destinatário / função fática
C – receptor / função conativa
D – enunciador / função poética
8 – Observe:
“A fala tem, assim, um caráter emblemático, que indica se o falante é brasileiro ou português, francês ou italiano, alemão ou
holandês, americano ou inglês e, mais ainda, sendo brasileiro, se é nordestino, sulista ou carioca. (...) De uma perspectiva
estritamente linguística, não se justificam julgamentos de valor (...). É de se esperar dessa forma que na extensão do território
brasileiro haja uma unidade linguística, a língua portuguesa, mas também diversidade, os falares brasileiros.”
CALLOU & LEITE. Como falam os brasileiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002.
De acordo com as autoras do texto acima, quando afirma que no Rio de Janeiro “não se fala português, mas um idioma
próprio”, o autor do texto 2
A – demonstra um julgamento de valor acerca do falar carioca, confundindo a língua com uma de suas variedades e
difundindo preconceito linguístico.
B – diferencia claramente a língua portuguesa dos falares brasileiros.
C – demonstra um julgamento de valor positivo acerca do falar carioca, uma vez que reconhece tratar-se de um idioma
próprio, isto é, uma outra língua que não a portuguesa.
D – compreende a diversidade existente na unidade linguística da língua portuguesa.
9 - Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia. Diante dela, a vida é um sol estático Não aquece nem ilumina.
Nos versos acima, de Carlos Drummond de Andrade, além da função poética, que é predominante, destaca-se a função
A - emotiva. B - conativa. C - referencial. D - metalinguística.
10 - pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido.
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro (Oswald de Andrade. In Poesia Pau-Brasil)
Analise as seguintes afirmações a respeito desse poema:
I — No texto, encontramos exemplos do Português tanto no seu uso padrão quanto no seu uso coloquial.
II — Para manifestar sua tendência à coloquialidade, o texto ignora completamente procedimentos do Português
padrão.
III — Ao adotar a norma culta como mecanismo de julgamento estilístico, o texto implicitamente condena o
analfabetismo.
IV — O uso do Português padrão no primeiro verso, em contraste com a adoção da linguagem coloquial no último,
insinua a superioridade daquele sobre este.
V — A coexistência da norma culta com a linguagem coloquial indica a diversidade dos usos do Português no Brasil.
É possível considerar que:
a) todas as afirmações estão corretas.
b) estão corretas as afirmações I e V.
c) estão corretas as afirmações II e III.
d) estão corretas as afirmações III e IV.
e) todas as afirmações estão incorretas.
Texto 3 (para as questões 11 e 12)
11 - Sobre a tira, analise as afirmativas.
I - Pode-se identificar, no último quadrinho, a fala de um nordestino, exemplo de variedade linguística regional.
II - É apresentada uma visão estereotipada de uma fala que suprime, quase sempre, as sílabas finais das palavras.
III - A fala no último quadrinho retoma o exemplo dado no terceiro quadrinho, tornando-se mais inteligível.
IV - O produtor da tira usou seu conhecimento das variedades linguísticas existentes entre as regiões do país para
produzir efeitos de humor.
Estão corretas as afirmativas
A) I, II e III, apenas.
B) II, III e IV, apenas.
C) I, III e IV, apenas.
D) II e IV, apenas.
E) I, II, III e IV.
12 - A tira exemplifica o uso de variedades linguísticas. Sobre variedades e registros de linguagem, assinale a afirmativa
INCORRETA.
A) Preconceito linguístico é o julgamento negativo dos falantes em função da variedade linguística que utilizam.
B) A maior ou menor proximidade entre os falantes faz com que usem variedades mais ou menos formais,
denominadas registros de linguagem.
C) Diferenças significativas nos aspectos fonológicos e morfossintáticos da língua marcam as variedades sociais, seja
devido à escolaridade, à faixa etária, ao sexo.
D) Norma culta ou padrão é a denominação dada à variedade linguística dos membros da classe social de maior
prestígio, que deve ser utilizada por todos da mesma comunidade.
E) Gíria ou jargão é uma forma de linguagem baseada em vocabulário criado por um grupo social e serve de emblema
para os membros do grupo, distinguindo-os dos demais falantes da língua.
Texto 4
O permanente e o provisório O casamento é permanente, o namoro é provisório.
O amor é permanente, a paixão é provisória.
Uma profissão é permanente, um emprego é provisório.
Um endereço é permanente, uma estada é provisória.
A arte é permanente, a tendência é provisória.
De acordo? Nem eu.
Um casamento que dura 20 anos é provisório. Não somos repetições de nós mesmos, a cada instante somos surpreendidos por novos pensamentos que nos chegam através da leitura, do cinema, da meditação. O que eu fui ontem e anteontem já é memória. Escada vencida degrau por degrau, mas o que sou neste momento é o que conta, minhas decisões valem para agora, hoje é meu dia, nenhum outro.
Amor permanente... Como a gente se agarra nessa ilusão. Pois se nem o amor por nós mesmos resiste tanto tempo sem umas reavaliações. Por isso nos transformamos, temos sede de aprender, de nos melhorar, de deixar para trás nossos imensuráveis erros, nossos achaques, nossos preconceitos, tudo o que fizemos achando que era certo e hoje condenamos. O amor se infiltra dentro de nós, mas seguem todos em movimento: você, o amor da sua vida e o que vocês sentem. Tudo pulsando independentemente, e passíveis de se desgarrar um do outro.
Um endereço não é pra sempre, uma profissão pode ser jogada pela janela, a amizade é fortíssima até encontrar uma desilusão ainda mais forte, a arte passa por ciclos, e se tudo isso é soberano e tem valor supremo, é porque hoje acreditamos nisso, hoje somos superiores ao passado e ao futuro, agora é que nossa crença se estabiliza, a necessidade se manifesta, a vontade se impõe — até que o tempo vire.
Faço menos planos e cultivo menos recordações. Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço seus limites com as mãos, é nele que me instalo e vivo com a integridade possível. Canso menos, me divirto mais e não perco a fé por constatar o óbvio: tudo é provisório, inclusive nós.
MEDEIROS, Martha. Coisas da vida. Porto Alegre: L&PM, 2005. p. 39-40.
13 – O texto transcrito é construído com base nos elementos associados aos adjetivos permanente e provisório.
a) Que tipo de relação lexical se estabelece entre esses dois adjetivos?
b) De que maneira os elementos associados a cada um dos adjetivos contribuem, à primeira vista, para
comprovar a relação lexical estabelecida entre esses termos?
c) Explique a finalidade com que tais adjetivos foram usados para a construção do ponto de vista defendido pela
cronista.
14 – A linguagem usada no texto 4 é pautada pelo uso de palavras e construções típicas de uma situação de maior
formalidade, porém em algumas passagens são usadas expressões próprias de um registro mais informal. Assinale a
alternativa que comprova a afirmação anterior quanto ao uso de um registro mais informal:
A) “Não somos repetições de nós mesmos (...)”.
B) “O que eu fui ontem e anteontem já é memória.”
C) “Amor permanente... Como a gente se agarra nessa ilusão.”
D) “Faço menos planos e cultivo menos recordações.”
15 - Um restaurante, cujo nome foi substituído por Y, divulgou, no ano de 2015, os seguintes anúncios:
a) (FUVEST-2016) Na redação do anúncio II, evitou-_-se um erro ortográfico que aparece no anúncio I. De que erro se trata?
Explique. b) (FUVEST-2016) Tendo em vista o caráter publicitário dos textos, com que finalidade foi usada, em ambos os anúncios, a
forma “pra”, em lugar de “para”?
c) No anúncio II, criou-se uma ambiguidade problemática no trecho “2 opções de entradas, pratos e sobremesas”. Identifique os dois sentidos que podem ser atribuídos a esse trecho.
16 - Leia com atenção a notícia a seguir e responda ao que se pergunta.
• GOL CONTRA: A estação de TV KTLA, em Los Angeles, achou que estava marcando um tento de originalidade ao contratar Claudia Trejos para apresentar o noticiário esportivo no fim de semana. Por enquanto, ganhou um bate-boca. A colombiana de 30 anos fala inglês com sotaque muito carregado, igual ao de uma imensa minoria na cidade. Claudia Trejos pegou a cadeira de um veterano apresentador foneticamente correto. Colunistas com sobrenomes anglo-saxões não perdoam a muchacha, mas ela diz que vai sobreviver à língua racista e machista dos coleguinhas.
O Globo, Rio de Janeiro, 15 ago. 1999.
a) O que significa, no contexto da notícia, o comentário “veterano apresentador foneticamente correto”?
b) O que a expressão “foneticamente correto” evidencia em relação à variedade linguística utilizada pela apresentadora?
c) No Brasil, uma situação polêmica como essa poderia ocorrer em um telejornal de âmbito nacional? Por quê?
O texto a seguir circulou pela internet como uma piada. Vinha sempre identificado pelo assunto “correção
ortográfica”. Utilize-o como base para responder às questões 19 e 20.
Correção ortográfica O gerente de vendas recebeu o seguinte fax de um dos seus novos vendedores:
Seo Gomis,
o criente de belzonte pidiu mais cuatrucenta pessa. Faz favor toma as providenssa.
Abrasso,
Nirso
Aproximadamente uma hora depois recebeu outro.
Seo Gomis,
os relatorio di venda vai xega atrazado proque to fexando umas venda. Temo que manda treiz miu pessa. Amanha to xegando.
Abrasso,
Nirso
No dia seguinte:
Seo Gomis,
num xeguei pucausa de que vendi maiz deis miu em Beraba. To indo pra Brazilha.
No outro:
Seo Gomis, Brazilha fexo 20 miu. Vo pra Frolinoplis e de lá pra Sum Paulo no vinhão das cete hora.
E assim foi o mês inteiro.
O gerente, muito preocupado com a imagem da empresa, levou ao presidente as mensagens que recebeu do vendedor. O presidente, um homem muito preocupado com o desenvolvimento da empresa e com a cultura dos funcionários, escutou atentamente o gerente e disse:
— Deixa comigo que eu tomarei as providências necessárias.
E tomou. Redigiu de próprio punho um aviso que afixou no mural da empresa, juntamente com os faxes do vendedor:
“A parti de oje nois tudo vamo fazê feito o Nirso. Si priocupá menos em iscrevê serto, mod vendê maiz.
Acinado,
O Prezidenti”
Texto de autoria desconhecida (em circulação na internet, em setembro de 2001).
17 - Como você sabe, toda piada reflete uma postura preconceituosa. Reconhecer tal postura nos ajuda a combater
manifestações de preconceito. A piada transcrita provoca a reflexão sobre a imagem que se faz das pessoas a partir
do modo como usam a língua, seja na sua forma oral ou escrita.
a) Embora os “erros” ortográficos chamem imediatamente a atenção de quem lê o texto, o problema percebido
pelo gerente nos textos do “Nirso” pode ser entendido de outra maneira. Explique.
18 - O comportamento do gerente deixa implícita sua opinião sobre diferentes variedades da língua portuguesa.
a) Que opinião é essa?
b) De que maneira a atitude tomada pelo presidente da empresa demonstra que o uso de uma variedade não
pode ser associado à avaliação que se faz do falante que a utiliza?
TEXTO PARA AS QUESTÕES 19 e 20 Todas as variedades linguísticas são estruturadas, e correspondem a sistemas e subsistemas adequados às
necessidades de seus usuários. Mas o fato de estar a língua fortemente ligada à estrutura social e aos sistemas de valores da sociedade conduz a uma avaliação distinta das características das suas diversas modalidades regionais, sociais e estilísticas. A língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação.
Celso Cunha. Nova gramática do português contemporâneo. Adaptado.
19 - (Fuvest 2012) Depreende-se do texto que uma determinada língua é um a) conjunto de variedades linguísticas, dentre as quais uma alcança maior valor social e passa a ser considerada
exemplar. b) sistema de signos estruturado segundo as normas instituídas pelo grupo de maior prestígio social. c) conjunto de variedades linguísticas cuja proliferação é vedada pela norma culta. d) complexo de sistemas e subsistemas cujo funcionamento é prejudicado pela heterogeneidade social. e) conjunto de modalidades linguísticas, dentre as quais algumas são dotadas de normas e outras não o são. 20 - (Fuvest 2012) De acordo com o texto, em relação às demais variedades do idioma, a língua padrão se comporta de modo a) inovador. b) restritivo. c) transigente. d) neutro. e) aleatório.
21 - TEXTO I
Entrevistadora — eu vou conversar aqui com a professora A. D. ... o português então não é uma língua difícil? Professora — olha se você parte do princípio… que a língua portuguesa não é só regras gramaticais… não se você se apaixona pela língua que você… já domina que você já fala ao chegar na escola se o teu professor cativa você a ler obras da literatura… obras da/ dos meios de comunicação… se você tem acesso a revistas… é... a livros didáticos… a... livros de literatura o mais formal o e/ o difícil é porque a escola transforma como eu já disse as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.
TEXTO II Entrevistadora — Vou conversar com a professora A. D. O português é uma língua difícil? Professora — Não, se você parte do princípio que a língua portuguesa não é só regras gramaticais. Ao chegar à escola, o aluno já domina e fala a língua. Se o professor motivá-lo a ler obras literárias, e se tem acesso a revistas, a livros didáticos, você se apaixona pela língua. O que torna difícil é que a escola transforma as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001 (adaptado).
O Texto I é a transcrição de uma entrevista concedida por uma professora de português a um programa de rádio. O
Texto II é a adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Em comum, esses textos
(A) apresentam ocorrências de hesitações e reformulações.
(B) são modelos de emprego de regras gramaticais.
(C) são exemplos de uso não planejado da língua.
(D) apresentam marcas da linguagem literária.
(E) são amostras do português culto urbano.
22 - (Puc-SP) Observe a seguinte afirmação: "Em nossa civilização apressada, o 'bom dia', o 'boa tarde, como vai?' já
não funcionam para engatar conversa. Qualquer assunto servindo, fala-se do tempo ou de futebol." Ela faz referência
à função da linguagem cuja meta é "quebrar o gelo". Indique a alternativa que explicita essa função.
a) Função emotiva
b) Função referencial
c) Função fática
d) Função conativa
e) Função poética
23 – Texto I Texto II O canto do guerreiro Aqui na floresta Dos ventos batida, Façanhas de bravos Não geram escravos, Que estimem a vida Sem guerra e lidar. — Ouvi-me, Guerreiros, — Ouvi meu cantar. Valente na guerra, Quem há, como eu sou? Quem vibra o tacape Com mais valentia? Quem golpes daria Fatais, como eu dou? — Guerreiros, ouvi-me; — Quem há, como eu sou?
Gonçalves Dias.
Macunaíma (Epílogo)
Acabou-se a história e morreu a vitória.
Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto... Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia saber do Herói?
Mário de Andrade.
Considerando-se a linguagem desses dois textos, verifica-se que
a) a função da linguagem centrada no receptor está ausente tanto no primeiro quanto no segundo texto.
b) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina a linguagem formal.
c) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena.
d) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da linguagem e, no segundo, no relato
de informações reais.
e) a função da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, está ausente no primeiro.
24 - Relacione os fragmentos abaixo às funções da linguagem predominantes e assinale a alternativa correta.
I - “Imagine a cena”.
II - “Sou um homem de sorte”.
III - “O que é uma crônica? Uma página e meia. Portanto, três páginas por mês e o cara me vem com esse papo de
Neruda?”.
a) Emotiva, poética e metalingüística, respectivamente.
b) Fática, emotiva e metalingüística, respectivamente.
c) Metalingüística, fática e apelativa, respectivamente.
d) Apelativa, emotiva e metalingüística, respectivamente.
e) Poética, fática e apelativa, respectivamente.
25 - Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto
expediente
[protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
(...)
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
Manuel Bandeira
Assinale a afirmativa correta.
a) O lirismo caracterizado no terceiro verso é o oposto do lirismo comedido (primeiro verso).
b) No quarto verso, o eu lírico repudia o envolvimento amoroso.
c) Raquítico e Sifilítico, nesse contexto, são palavras antônimas.
d) No terceiro verso, as expressões que caracterizam o lirismo pertencem a campos semânticos diferentes.
e) A palavra lirismo, no poema, é índice de função metalingüística, isto é, revela que o assunto do poema é o próprio
fazer poético.
26-
Considere as seguintes afirmações:
I. Encontra-se na tira expressão que representa a função fática da linguagem, aquela que põe em evidência o contato
linguístico.
II. Os sinais de exclamação (1º. quadrinho) expressam estados emotivos distintos.
III. As respostas da garota (2º. e 3º. quadrinhos) podem ser consideradas exemplos de função conativa da linguagem.
Assinale:
a) se apenas as afirmações I e II estiverem corretas.
b) se apenas as afirmações I e III estiverem corretas.
c) se apenas as afirmações II e III estiverem corretas.
d) se apenas a afirmação III estiver correta.
e) se todas as afirmações estiverem corretas.
27 - Conselho para os Alunos
Este livro é composto pelo alfabeto manual da Libras e alguns sinais, ou seja, são apenas os sinais mais usados no dia a
dia com os quais você poderá conversar e aprender com mais fluência. Sua utilidade é de grande importância pois trata-se de mais
um recurso para o aprendizado desta língua, permitindo uma boa comunicação entre ouvintes e surdos. Esta é a língua natural do
surdo, portanto, devemos respeitá-la em seus aspectos funcionais e culturais. Seja você também um amigo e integrante da
comunidade surda, aceitando e aprendendo a Língua Brasileira de Sinais. Fonte: Éden Veloso e Valdeci Maria, Livro Aprenda Libras com Eficiência e Rapidez. Curitiba: Editora Mãos Sinais, 2009. p.52.
Considere as afirmativas:
I. O texto infere o sentido de que surdez e mudez são sinônimos.
II. Libras é uma palavra resultante de um processo de formação de palavras.
III. Libras é uma sigla que indica a língua natural do surdo.
IV. O texto é uma propaganda e possui sequências descritivas e expositivas que elucidam aspectos referentes à língua
natural dos surdos.
Assinale a alternativa correta.
a. Somente a I é verdadeira.
b. Somente II e III são verdadeiras.
c. Somente I, II e III são verdadeiras.
d. Somente II e IV são verdadeiras.
e. Somente a IV é verdadeira.
28 - A questão racial parece um desafio do presente, mas trata-se de algo que existe desde há muito tempo. Modifica-se ao acaso das situações,
das formas de sociabilidade e dos jogos das forças sociais, mas reitera-se continuamente, modificada, mas persistente. Esse é o enigma com o
qual se defrontam uns e outros, intolerantes e tolerantes, discriminados e preconceituosos, segregados e arrogantes, subordinados e
dominantes, em todo o mundo. Mais do que tudo isso, a questão racial revela, de forma particularmente evidente, nuançada e estridente, como
funciona a fábrica da sociedade, compreendendo identidade e alteridade, diversidade e desigualdade, cooperação e hierarquização, dominação
e alienação.
Octavio Ianni. Dialética das relações sociais. Estudos avançados, n. 50, 2004.
As palavras do texto cujos prefixos traduzem, respectivamente, ideia de anterioridade e contiguidade são
a) “persistente” e “alteridade”.
b) “discriminados” e “hierarquização”.
c) “preconceituosos” e “cooperação”.
d) “subordinados” e “diversidade”.
e) “identidade” e “segregados”.
29 - Você conseguiria ficar 99 dias sem o Facebook?
Uma organização não governamental holandesa está propondo um desafio que muitos poderão considerar impossível:
ficar 99 dias sem dar nem uma “olhadinha” no Facebook. O objetivo é medir o grau de felicidade dos usuários longe da rede social.
O projeto também é uma resposta aos experimentos psicológicos realizados pelo próprio Facebook. A diferença neste
caso é que o teste é completamente voluntário. Ironicamente, para poder participar, o usuário deve trocar a foto do perfil no
Facebook e postar um contador na rede social.
Os pesquisadores irão avaliar o grau de satisfação e felicidade dos participantes no 33º dia, no 66º e no último dia da
abstinência.
Os responsáveis apontam que os usuários do Facebook gastam em média 17 minutos por dia na rede social. Em 99 dias
sem acesso, a soma média seria equivalente a mais de 28 horas, que poderiam ser utilizadas em “atividades emocionalmente mais
realizadoras”.
Disponível em: <http://codigofonte.uol.com.br>. Adaptado.
Considere os enunciados a seguir para responder à questão.
• [...] ficar 99 dias sem dar nem uma "olhadinha" no Facebook. (1º parágrafo)
• [...] que poderiam ser utilizadas em "atividades emocionalmente mais realizadoras". (4º parágrafo)
Analisando-se o emprego e a estrutura das palavras "olhadinha" e "emocionalmente", é correto afirmar que os sufixos
nelas presentes indicam, respectivamente, sentido de
a) morosidade e intensidade.
b) modo e consequência.
c) rapidez e modo.
d) intensidade e causa.
e) afeto e tempo.
30-
a) Como Garfield provou que era, de fato, um mentiroso compulsivo?
b) Na tira aparecem os adjetivos bom e mau caracterizando o substantivo gato. Escreva-os em frases no grau
comparativo de superioridade (sintético e analítico), no superlativo absoluto (sintético e analítico) e no superlativo
relativo de superioridade sintético das formas especiais.
31 - Sermão do Bom Ladrão [...] Navegava Alexandre em uma poderosa armada pelo mar Eritreu a conquistar a Índia; e como fosse trazido à sua presença um pirata, que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o muito Alexandre por andar em tão mau ofício; porém ele que não era medroso nem lerdo, respondeu assim: Basta, senhor, que eu porque roubo em uma barca sou ladrão, e vós porque roubais em uma armada sois imperador? Assim é. O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades, e interpretar as significações, a uns e outros, definiu com o mesmo nome: Eodem loco pone latronem, est piratam, quo Regem animum latronis, est piratae habentem. Se o Rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer o que faz o ladrão e o pirata, o ladrão, o pirata e o Rei, todos têm o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome. [...] VIEIRA, Antônio. In: PÉCORA, Alcir (Org.). Sermões: Padre Antônio Vieira. São Paulo: Hedra, 2000. p. 395. (Fragmento).
a) Releia este enunciado: “O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza: o roubar com pouco poder faz os piratas...” • Qual é a classe gramatical das palavras regidas pelo artigo definido em destaque? Justifique. b) Releia esta passagem: “... um pirata que por ali andava roubando os pescadores...”. • Explique a diferença de sentido no emprego dos artigos destacados. c) Observe o emprego das palavras destacadas. • “Sermão do Bom Ladrão.” • “... em tão mau ofício.”
Qual é a classe gramatical de cada uma?
32-
a) Em que se baseia o humor da tira?
b) Compare os elementos destacados nas frases a seguir.
• “Proteja o verde.”
• Contemple o verde mar.
quê?
33 - (G1 - ifce 2016) Leia os textos abaixo e indique a alternativa que contém, respectivamente, a classificação correta quanto à
função da linguagem neles predominante. (Texto I) “Entendo que poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor de cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de contato com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, um poeta desarmado é, mesmo, um ser à mercê de inspirações fáceis, dócil às modas e compromissos.” (Carlos Drummond de Andrade) (Texto II) “Quando criança, e depois adolescente, fui precoce em muitas coisas. Em sentir um ambiente, por exemplo, em apreender a
atmosfera íntima de uma pessoa. Por outro lado, longe de precoce, estava em incrível atraso em relação a outras coisas importantes. Continuo, aliás, atrasada em muitos terrenos. Nada posso fazer: parece que há em mim um lado infantil que não cresce jamais”. (Clarice Lispector) (Texto III)
a) Referencial – apelativa – poética.
b) Fática – poética – apelativa.
c) Metalinguística – emotiva – poética.
d) Poética – metalinguística – emotiva.
e) Metalinguística – referencial – emotiva.
34 - (Enem cancelado 2009) Em uma famosa discussão entre profissionais das ciências biológicas, em 1959, C. P.
Snow lançou uma frase definitiva: “Não sei como era a vida antes do clorofórmio”. De modo parecido, hoje podemos
dizer que não sabemos como era a vida antes do computador. Hoje não é mais possível visualizar um biólogo em
atividade com apenas um microscópio diante de si; todos trabalham com o auxílio de computadores. Lembramo-
nos, obviamente, como era a vida sem computador pessoal. Mas não sabemos como ela seria se ele não tivesse sido
inventado. PIZA, D. Como era a vida antes do computador? OceanAir em Revista, nº 1, 2007 (adaptado).
Neste texto, a função da linguagem predominante é
a) emotiva, porque o texto é escrito em primeira pessoa do plural.
b) referencial, porque o texto trata das ciências biológicas, em que elementos como o clorofórmio e o computador
impulsionaram o fazer científico.
c) metalinguística, porque há uma analogia entre dois mundos distintos: o das ciências biológicas e o da tecnologia.
d) poética, porque o autor do texto tenta convencer seu leitor de que o clorofórmio é tão importante para as
ciências médicas quanto o computador para as exatas.
e) apelativa, porque, mesmo sem ser uma propaganda, o redator está tentando convencer o leitor de que é impossível
trabalhar sem computador, atualmente.
Nosso pensamento, como toda entidade viva, nasce para se vestir de fronteiras. Essa invenção é uma espécie
de vício de arquitetura, pois não há infinito sem linha do horizonte. A verdade é que a vida tem fome de fronteiras.
Porque essas fronteiras da natureza não servem apenas para fechar. Todas as membranas orgânicas são entidades
vivas e permeáveis. São fronteiras feitas para, ao mesmo tempo, delimitar e negociar: o “dentro” e o “fora” trocam-
se por turnos.
Um dos casos mais notáveis na construção de fronteiras acontece no mundo das aves. É o caso do nosso
tucano, o tucano africano, que fabrica o ninho a partir do oco de uma árvore. Nesse vão, a fêmea se empareda
literalmente, erguendo, ela e o macho, um tapume de barro. Essa parede tem apenas um pequeno orifício, ele é a
única janela aberta sobre o mundo. Naquele cárcere escuro, a fêmea arranca as próprias penas para preparar o ninho
das futuras crias. Se quisesse desistir da empreitada, ela morreria, sem possibilidade de voar. Mesmo neste caso de
consentida clausura, a divisória foi inventada para ser negada.
Mas o que aqueles pássaros construíram não foi uma parede: foi um buraco. Erguemos paredes inteiras como
se fôssemos tucanos cegos. De um e do outro lado há sempre algo que morre, truncado do seu lado gêmeo.
Aprendemos a demarcarmo-nos do Outro e do Estranho como se fossem ameaças à nossa integridade. Temos medo
da mudança, medo da desordem, medo da complexidade. 7Precisamos de modelos para entender o universo (que é,
afinal, um pluriverso ou um multiverso), que foi construído em permanente mudança, no meio do caos e do
imprevisível.
A própria palavra “fronteira” nasceu como um conceito militar, era o modo como se designava a frente de
batalha. Nesse mesmo berço aconteceu um fato curioso: um oficial do exército francês inventou um código de
gravação de mensagens em alto-relevo. Esse código servia para que, nas noites de combate, os soldados pudessem se
comunicar em silêncio e no escuro. Foi a partir desse código que se inventou o sistema de leitura Braille. No mesmo
lugar em que nasceu a palavra “fronteira” sucedeu um episódio que negava o sentido limitador da palavra.
A fronteira concebida como vedação estanque tem a ver com o modo como pensamos e vivemos a nossa
própria identidade. Somos um pouco como a tucana que se despluma dentro do escuro: temos a ilusão de que a nossa
proteção vem da espessura da parede. Mas seriam as asas e a capacidade de voar que nos devolveriam a segurança
de ter o mundo inteiro como a nossa casa. MIA COUTO. Adaptado de fronteiras.com, 10/08/2014.
35 - (Uerj 2017) Precisamos de modelos para entender o universo (que é, afinal, um pluriverso ou um multiverso), (...)
Nesse trecho, o conteúdo entre parênteses propõe uma reformulação da palavra universo, em função da
argumentação feita pelo autor.
Essa reformulação explora o seguinte recurso:
a) contraste de morfemas de sentidos distintos
b) citação de neologismos de valor polissêmico
c) comparação de conceitos relacionados ao tema
d) enumeração de sinônimos possíveis no contexto
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Desde pequeno, tive tendência para personificar as coisas. Tia Tula, que achava que mormaço fazia mal, sempre
gritava: “Vem pra dentro, menino, olha o mormaço!” Mas eu ouvia o mormaço com M maiúsculo. Mormaço, para mim, era um
velho que pegava crianças! Ia pra dentro logo. E ainda hoje, quando leio que alguém se viu perseguido pelo clamor público, vejo
com estes olhos o Sr. Clamor Público, magro, arquejante, de preto, brandindo um guarda-chuva, com um gogó protuberante que
se abaixa e levanta no excitamento da perseguição. E já estava devidamente grandezinho, pois devia contar uns trinta anos,
quando me fui, com um grupo de colegas, a ver o lançamento da pedra fundamental da ponte Uruguaiana-Libres, ocasião de
grandes solenidades, com os presidentes Justo e Getúlio, e gente muita, tanto assim que fomos alojados os do meu grupo num
casarão que creio fosse a Prefeitura, com os demais jornalistas do Brasil e Argentina. Era como um alojamento de quartel, com
breve espaço entre as camas e todas as portas e janelas abertas, tudo com os alegres incômodos e duvidosos encantos de uma
coletividade democrática. Pois lá pelas tantas da noite, como eu pressentisse, em meu entredormir, um vulto junto à minha
cama, sentei-me estremunhado* e olhei atônito para um tipo de chiru*, ali parado, de bigodes caídos, pala pendente e chapéu
descido sobre os olhos. Diante da minha muda interrogação, ele resolveu explicar-se, com a devida calma:
- Pois é! Não vê que eu sou o sereno...
Mário Quintana, As cem melhores crônicas brasileiras.
* Glossário: estremunhado: mal acordado. chiru: que ou aquele que tem pele morena, traços acaboclados (regionalismo: Sul do Brasil). 36 - (Fuvest 2010) Considerando que “silepse é a concordância que se faz não com a forma gramatical das palavras,
mas com seu sentido, com a ideia que elas representam”, indique o fragmento em que essa figura de linguagem se
manifesta.
a) “olha o mormaço”. b) “pois devia contar uns trinta anos”.
c) “fomos alojados os do meu grupo”. d) “com os demais jornalistas do Brasil”. e) “pala pendente e chapéu descido sobre os olhos”.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Sinha Vitória Sinha Vitória tinha amanhecido nos seus azeites. Fora de propósito, dissera ao marido umas inconveniências a respeito
da cama de varas. 1Fabiano, que não esperava semelhante desatino, apenas grunhira: - “Hum! hum!” E amunhecara, porque realmente mulher é bicho difícil de entender, 4deitara-se na rede e pegara no sono. Sinha Vitória andara para cima e para baixo, procurando em que desabafar. Como achasse tudo em ordem, queixara-se da vida. 2E agora vingava-se em Baleia, dando-lhe um
pontapé. Avizinhou-se da janela baixa da cozinha, viu os meninos entretidos no barreiro, sujos de lama, fabricando bois de barro,
que secavam ao sol, sob o pé-de-turco, e 5não encontrou motivo para repreendê-los. Pensou de novo na cama de varas e mentalmente xingou Fabiano. Dormiam naquilo, tinha-se acostumado, mas sena mais agradável dormirem numa cama de lastro
de couro, como outras pessoas. 7Fazia mais de um ano que falava nisso ao marido. 3Fabiano a princípio concordara com ela, mastigara cálculos, tudo errado. Tanto para o couro, tanto para a armação. Bem. Poderiam adquirir o móvel necessário economizando na roupa e no
querosene. 6Sinha Vitória respondera que isso era impossível, porque eles vestiam mal, as crianças andavam nuas, e recolhiam-se todos ao anoitecer. Para bem dizer, não se acendiam candeeiros na casa.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro; São Paulo: Record; Martins, 1975. p. 42-43.
37 - (Uff 2012) Marque a alternativa que comenta adequadamente o emprego dos pronomes no texto acima.
a) “Fabiano, que não esperava semelhante desatino, apenas grunhira: - Hum! hum!” (ref. 1). O pronome relativo
destacado evita a repetição da palavra desatino.
b) “E agora vingava-se em Baleia, dando-lhe um pontapé” (ref. 2) / “Fabiano a princípio concordara com ela” (ref. 3).
Os termos sublinhados são duas formas de expressão do pronome pessoal em função de objeto direto.
c) “Fabiano (...) deitara-se na rede e pegara no sono” (ref. 4) / “(...) não encontrou motivo para repreendê-los” (ref. 5).
Os dois pronomes pessoais grifados possuem o mesmo referente e servem para marcar uma ação reflexiva.
d) “Sinha Vitória respondera que isso era impossível, porque eles vestiam mar” (ref. 6). Os pronomes destacados
retomam o mesmo termo do período anterior.
e) “Fazia mais de um ano que fava nisso ao marido” (ref. 7). A forma sublinhada, contração do demonstrativo isso com
a preposição em, tem função coesiva, pois retoma e sintetiza segmento expresso anteriormente.
38 - No diálogo com o patrão, em certo momento o empregado, um vaqueiro, diz: " ... e está atolado. Vim buscar mais
dez juntas de bois para tirar ele". Empregando a língua informalmente, ele usa o pronome pessoal do caso reto na
posição de complemento do verbo. Se a construção fosse reelaborada em nível formal, teríamos:
a) Vim buscar mais dez juntas de bois para tirar-lhe.
b) Vim buscar mais dez juntas de boi para tirá-lo.
c) Vim buscar mais dez juntas de bois para lhe tirar.
d) Vim buscar mais dez juntas de bois para o tirarmos.
e) Vim buscar mais dez juntas de bois para tirarmo-lo.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Brasil
Seu destino é crescer.
Nosso turismo já é um produto de exportação com prestígio no mundo inteiro.
Antes, para o resto do mundo, éramos apenas o país do Carnaval e do futebol. Isso há muitos anos. Agora é diferente, agora o
país tem rumo. Com o PNMT - Programa Nacional de Municipalização do Turismo -, mais de 1.200 cidades turísticas estão sendo
preparadas para que se tornem melhores para os turistas e para quem vive nelas. Treinamos e capacitamos mais de 500 mil
profissionais, nas diversas áreas ligadas ao turismo em todo o Brasil. Leis do tempo do Império foram atualizadas, abrindo novos
horizontes, principalmente para o turismo marítimo. Só em 2001 tivemos 30 dos maiores transatlânticos do mundo navegando
pelo nosso litoral. Com o cenário brasileiro modernizado e mais atraente, de 2 milhões passamos para 5 milhões de turistas
estrangeiros recebidos anualmente. O turismo traz os benefícios de um maravilhoso produto de exportação, ajudando a combater
nossas dificuldades sociais com a geração de mais emprego, mais renda e divisas para o país.
Consulte seu agente de viagens.
(Embratur, Ministério do Esporte e Turismo, Governo do Brasil.)
39 - (Ufpe 2003) Analisando as informações apresentadas no texto e a forma como estão organizadas, podemos
afirmar que:
1) o texto começa por estabelecer uma oposição entre diferentes momentos da história do turismo no Brasil.
2) o discurso predominante é visivelmente triunfalista e pretende ser altamente convincente.
3) na concepção do autor do texto, o Carnaval e o futebol possibilitaram novos rumos para o incremento da
economia brasileira.
4) o vocábulo 'turismo' e outros seus cognatos ocorrem várias vezes e, assim, marcam o tópico principal que dá
unidade ao texto.
5) a voz que fala pelo texto se expressa na primeira pessoa do plural, do início ao fim, embora não apareçam as
marcas explícitas do pronome pessoal.
Estão corretas apenas:
a) 1, 2, 3 e 5 b) 1, 2, 4 e 5 c) 2, 3, 4 e 5 d) 3 e 4 e) 1 e 2
Leia o poema a seguir extraído da obra Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade, em que o autor descreve o cotidiano familiar. Família Três meninos e duas meninas, sendo uma ainda de colo. A cozinheira preta, a copeira mulata, o papagaio, o gato, o cachorro, as galinhas gordas no palmo de horta e a mulher que trata de tudo. A espreguiçadeira, a cama, a gangorra, o cigarro, o trabalho, a reza, a goiabada na sobremesa de domingo, o palito nos dentes contentes, o gramofone rouco toda noite e a mulher que trata de tudo. O agiota, o leiteiro, o turco, o médico uma vez por mês, 2o bilhete todas as semanas branco! mas a esperança sempre verde. A mulher que trata de tudo e a felicidade.
Fonte: ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
40 - Considerando os aspectos linguísticos no referido texto, verifica-se que, a) em “o médico uma vez por mês” (ref. 1), o vocábulo destacado classifica-se como artigo por acrescentar uma
noção particular ao substantivo a que está associado. b) no verso “e a mulher que trata de tudo”, há uma oração que pode ser substituída pelo adjetivo tratante, sem
provocar alteração no sentido do texto. c) no segundo verso “sendo uma ainda de colo.”, a forma verbal introduz uma explicação que caracteriza o cotidiano
familiar. d) do ponto de vista semântico, utilizou-se um processo de enumeração, ao longo do poema, no qual predomina
uma classe de palavras cuja função primordial é designar. e) no verso “o bilhete todas as semanas” (ref. 2), “todas” está adverbializado pela presença do artigo.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Jornais impressos são coisas palpáveis, 1concretas, estão materializados em papel. No papel está seu suporte
físico. Do papel, assim como da tinta, podem-se examinar a idade e a autenticidade. Já em televisão, como em toda forma de mídia eletrônica, é cada vez mais difícil encontrar o suporte físico original da informação. A bem da verdade, na era digital, quando já não se tem mais sequer o negativo de uma fotografia, 2posto que as fotos passaram a ser produzidas em máquinas digitais, praticamente não há mais o suporte físico primeiro, original, 3do documento que depois será objeto de pesquisa histórica. São tamanhas as possibilidades de alteração da imagem digital 4que, anos depois, será difícil precisar se aquela imagem que se tem corresponde exatamente à cena que foi de fato fotografada. E não se terá um negativo original para que seja tirada a 5prova dos nove.
Eugênio Bucci e Maria R. Kehl, Videologias: ensaios sobre televisão. São Paulo: Boitempo, 2004.
41 -Examine os seguintes comentários sobre diferentes elementos linguísticos presentes no texto: I. Na oração que inicia o texto, a palavra “concretas” (ref. 1) é um adjetivo que amplia o significado de outro adjetivo. II. No trecho “do documento que depois será objeto de pesquisa histórica” (ref. 3), a palavra “objeto” assume sentido
abstrato. III. A expressão “prova dos nove” (ref. 5) deve ser entendida, no texto, em seu sentido literal. Está correto o que se afirma em a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) I e II, apenas. e) I, II e III.
Texto para as questões 42 e 43
É conhecida a raridade de diários íntimos na sociedade escravocrata do Brasil colonial e imperial, em comparação coma frequência com que surgem noutra sociedade domesmo feitio, o velho Sul dos Estados Unidos. Gilberto Freire reparou na diferença, atribuindo�a ao catolicismo do brasileiro e ao protestantismo do americano: aquele podia recorrer ao confessionário, mas a este só restava o refúgio do papel. Esta é também a explicação que oferece Georges Gusdorf, na base de uma comparação mais ampla dos textos autobiográficos produzidos nos países da Reforma e da Contrarreforma. Ao passo que no catolicismo o exame de consciência está tutelado na confissão pela autoridade sacerdotal, no protestantismo, ele não está submetido a interposta pessoa.
Evaldo C. de Mello, “Diários e ‘livros de assentos’”. In: Luiz Felipe de Alencastro (org.), História da vida privada no Brasil _ 2.
42 – (FUVEST) De acordo com o texto, em que grupo de países os diários íntimos surgiam com maior frequência e por
que isso ocorria?
43 – (FUVEST) A que expressões do texto se referem, respectivamente, os termos sublinhados no trecho “ele não está
submetido a interposta pessoa”?
Texto I
O conceito de Trabalho Decente
Trabalho Decente, para a OIT (Organização Internacional do Trabalho), é um trabalho produtivo e adequadamente remunerado,
exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, e que seja capaz de garantir uma vida digna a todas as pessoas que dependem
do seu trabalho para viver. Trata-se, portanto, do trabalho que permite satisfazer às necessidades pessoais e familiares de alimentação,
educação, moradia, saúde e segurança. É também o trabalho que garante proteção social nos impedimentos ao exercício do trabalho
(desemprego, doença, acidentes, entre outros) e assegura renda ao chegar à época da aposentadoria (Conferencia Internacional del
Trabajo, 1999).
É um trabalho no qual as relações entre cada trabalhador ou trabalhadora e seus empregadores ou empregadoras estão
devidamente regulamentadas por lei, especialmente no que se refere aos direitos fundamentais no trabalho, e autorreguladas através
de acordos negociados em um processo de diálogo social em diversos níveis, o que implica o pleno exercício do direito da liberdade
sindical, assim como o fortalecimento das diferentes instituições da administração do trabalho e das formas de representação e
organização dos atores sociais (MARTINEZ, 2005).
A noção de Trabalho Decente integra, portanto, as dimensões quantitativa e qualitativa do emprego. Ela propõe não só medidas
de geração de postos de trabalho e de enfrentamento do desemprego, mas também de superação de formas de trabalho que se baseiam
em atividades insalubres, perigosas, inseguras e/ou degradantes ou que geram renda insuficiente para que os indivíduos e suas famílias
superem situações de pobreza. Tal conceito de trabalho afirma a necessidade de que o emprego esteja também associado à proteção
social e à noção de direitos do trabalho, entre eles os de representação, associação, organização sindical e negociação coletiva. (...)
Existe uma forte relação entre o conceito de Trabalho Decente e a noção da dignidade humana. Com efeito, tal como discutido
por Rodgers (2002), o trabalho é o âmbito para o qual confluem os objetivos econômicos e sociais das pessoas. O trabalho supõe
produção e rendimentos. Mas significa, também, integração social, identidade e dignidade pessoal. O vocábulo decente expressa algo
que é ao mesmo tempo suficiente e desejável. Um Trabalho Decente significa um trabalho no qual o seu rendimento e as condições em
que este se exerce estão de acordo com as nossas expectativas e as da comunidade, mas não são exageradas, estão dentro das aspirações
razoáveis de pessoas razoáveis. [...]
Trata-se do trabalho exercido atualmente e de suas expectativas de futuro; das condições em que este se exerce; do equilíbrio
entre a vida doméstica e a vida familiar; de um trabalho que permita manter os filhos na escola, evitando que eles sejam levados ao
trabalho infantil. Trata-se da igualdade de gênero e raça/etnia, da igualdade de reconhecimento e da possibilidade de que as mulheres,
os negros e outros grupos discriminados possam optar e assumir o controle sobre as suas próprias vidas. Trata-se das capacidades
pessoais para competir no mercado, manter-se em dia com as novas tecnologias e preservar a saúde – física e mental. Trata-se de
desenvolver as qualificações empresariais, de receber uma parte equitativa da riqueza que se ajuda a criar e de não ser objeto de
discriminação. Trata-se de poder expressar-se e ser ouvido no lugar de trabalho e na comunidade. Adaptado de ABRAMO, Laís. Trabalho Decente, informalidade e precarização do trabalho. IN: DAL ROSSO, Sadi e FORTES, José Augusto Abreu Sá
(org.). Condições de trabalho no limiar do século XXI. Brasília: Épocca, 2008. p. 40-41
Texto II
Olhou as cédulas arrumadas na palma, os níqueis e as pratas, suspirou, mordeu os beiços. Nem lhe restava o direito de protestar.
Baixava a crista. Se não baixasse, desocuparia a terra, largar-se-ia com a mulher, os filhos pequenos e os cacarecos. Para onde? Hem?
Tinha para onde levar a mulher e os meninos? Tinha nada!
Espalhou a vista pelos quatro cantos. Além dos telhados, que lhe reduziam o horizonte, a campina se estendia, seca e dura.
Lembrou-se da marcha penosa que fizera através dela, com a família, todos esmolambados e famintos. Haviam escapado, e isto lhe
parecia um milagre. Nem sabia como tinham escapado.
Se pudesse mudar-se, gritaria bem alto que o roubavam. Aparentemente resignado, sentia um ódio imenso a qualquer coisa
que era ao mesmo tempo a campina seca, o patrão, os soldados e os agentes da Prefeitura. Tudo na verdade era contra ele. Estava
acostumado, tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava. Não havia paciência que suportasse tanta coisa.
Um dia um homem faz besteira e se desgraça.
Pois não estavam vendo que ele era de carne e osso? Tinha obrigação de trabalhar para os outros, naturalmente, conhecia o
seu lugar. Bem. Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a
sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar de situação espantar-se-ia. Tinha vindo ao mundo para amansar brabo, curar feridas
com rezas, consertar cercas de Inverno a Verão. Era sina. O pai vivera assim, o avô também. E para trás não existia família. Cortar
mandacaru, ensebar látegos - aquilo estava no sangue. Conformava-se, não pretendia mais nada. Se lhe dessem o que era dele, estava
certo. Não davam. Era um desgraçado, era como um cachorro, só recebia ossos. Por que seria que os homens ricos ainda lhe tomavam
uma parte dos ossos? Fazia até nojo pessoas importantes se ocuparem com semelhantes porcarias.
Na palma da mão as notas estavam úmidas de suor. Desejava saber o tamanho da extorsão. Da última vez que fizera contas
com o amo o prejuízo parecia menor. Alarmou-se. Ouvira falar em juros e em prazos. Isto lhe dera uma impressão bastante penosa:
sempre que os homens sabidos lhe diziam palavras difíceis, ele saía logrado. Sobressaltava-se escutando-as. Evidentemente só serviam
para encobrir ladroeiras. Mas eram bonitas. Às vezes decorava algumas e empregava-as fora de propósito. Depois esquecia-as. Para que
um pobre da laia dele usar conversa de gente rica? Sinhá Terta é que tinha uma ponta de língua terrível. Era: falava quase tão bem como
as pessoas da cidade. Se ele soubesse falar como Sinhá Terta, procuraria serviço noutra fazenda, haveria de arranjar-se. Não sabia. Nas
horas de aperto dava para gaguejar, embaraçava-se como um menino, coçava os cotovelos, aperreado. Por isso esfolavam-no. Safados.
Tomar as coisas de um infeliz que não tinha onde cair morto! Não viam que isso não estava certo? Que iam ganhar com semelhante
procedimento? Hem? Que iam ganhar? RAMOS, Graciliano. Vidas secas. Rio de Janeiro: Record, 1986. p.95-97.
44 – (PUC-RJ) Destaque, do último parágrafo do Texto I, a frase que, considerando a noção de Trabalho Decente,
atenderia às inquietações de Fabiano na seguinte passagem:
“Se ele soubesse falar como Sinhá Terta, procuraria serviço noutra fazenda, haveria de arranjar-se. Não sabia. Nas
horas de aperto dava para gaguejar, embaraçava-se como um menino, coçava os cotovelos, aperreado. Por isso
esfolavam-no. Safados.” (último parágrafo do Texto II)
45 – (PUC-RJ) Identifique o referente do pronome demonstrativo isso em “Não viam que isso não estava certo?”, no
último parágrafo do Texto II.
46 – (PUC-RJ) Justifique a concordância de gênero empregada em “autorreguladas”, no 2º parágrafo do Texto I.
47 – (PUC-RJ) Transcreva do último parágrafo do Texto II o substantivo que revela a opressão exercida sobre Fabiano
naquele contexto.