Dissertacao lubrificação plano

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UNIVERSIDADE TECNOLGICA FEDERAL DO PARAN PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENGENHARIA DE PRODUO MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUO

MARJORIE BELINELLI

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA INFORMATIZADO APLICADO GESTO DE PLANOS PREVENTIVOS DE LUBRIFICAO INDUSTRIAL

DISSERTAO

PONTA GROSSA 2011

MARJORIE BELINELLI

DESENVOLVIMENTO DE UM SISTEMA INFORMATIZADO APLICADO GESTO DE PLANOS PREVENTIVOS DE LUBRIFICAO INDUSTRIAL

Dissertao apresentada como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em Engenharia de Produo, no Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo, Universidade Tecnolgica Federal do Paran Campus Ponta Grossa. Orientador: Prof.Dr. Jhon Jairo Ramirez Behainne

PONTA GROSSA 2011

Ficha catalogrfica elaborada pelo Departamento de Biblioteca da Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Campus Ponta Grossan.16 /11

B431 Belinelli, Marjorie Desenvolvimento de um sistema informatizado aplicado gesto de planos preventivos de lubrificao industrial./ Marjorie Belinelli. Ponta Grossa: [s.n.], 2011. 173 f. : il. ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Jhon Jairo Ramirez Behainne Dissertao (Mestrado em Engenharia de Produo) - Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Campus Ponta Grossa. Curso de Ps-Graduao em Engenharia de Produo. Ponta Grossa, 2011. 1. Lubrificao industrial. 2. Sistema informatizado. 3. Planos preventivos. 4. Disponibilidade de mquina. I. Behainne, Jhon Jairo Ramirez. II. Universidade Tecnolgica Federal do Paran, Campus Ponta Grossa. III. Ttulo.CDD 670.42

AGRADECIMENTOS

Primeiramente expresso meu profundo agradecimento a Deus pai todo poderoso que me destes a vida e toda fora e coragem para enfrentar meus medos e desafios, e cada dia me proporciona as oportunidades que tenho tido em minha jornada e me ilumina com sabedoria para conduzi-las. Agradeo por minha famlia, que tem me apoiado e me auxiliado em todos os momentos de minha vida acadmica e profissional, proporcionando-me incentivo para evoluir nelas. A todos os meus verdadeiros amigos que juntamente com minha f e famlia estruturam o alicerce de minha vida, construindo nela momentos de muitas alegrias e felicidades. Aos professores John J. Ramirez Behainne, Rui Francisco Maral e Luiz Alberto Pilatti pela orientao e co-orientao, pelo apoio, ensinamentos e ajuda para todo o desenvolvimento e concluso desta pesquisa. E finalmente, um agradecimento especial ao Professor Marcelo Rodrigues que me ensinou tudo sobre manuteno industrial e me apoio durante a minha profissional e acadmica, alm de sempre aconselhar-me na vida pessoal como amigo. voc professor Marcelo, minha imensa adimirao e respeito por tudo que fez por mim e pelo exemplo de excelente professor que o senhor representa para mim, e tenho orgulho de cham-lo de Mestre.

O Senhor meu Pastor e nada me faltar. (...)E ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, no temerei mal algum, porque T estars comigo; (....) Bondade e o amor certamente me acompanharo todos os dias de minha vida e habitarei na casa do Senhor por longos dias.(Salmo 23; versculos: 1,4 e 6.)

A mente que se abre a uma nova idia jamais voltar ao seu tamanho normal (Albert Einstein)

RESUMO

BELINELLI, Marjorie. Desenvolvimento de um sistema informatizado aplicado gesto de planos preventivos de lubrificao industrial. 2011. 173 f. Dissertao (Mestrado em Engenharia de Produo) Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo, Universidade Tecnologia Federal do Paran Ponta Grossa, 2011. A adequada gesto de recursos materiais e humanos relacionados lubrificao em ambiente industrial de fundamental importncia para a sade financeira das organizaes, uma vez que esta propicia ganho de disponibilidade de mquina e aumento de vida til dos equipamentos. Com o permanente desenvolvimento e crescimento do sistema produtivo intensifica-se a necessidade pela implantao de procedimentos de lubrificao eficientes, o que torna praticamente invivel a gesto das informaes de forma manual e promove o espao aos sistemas automatizados como apoio no gerenciamento. O objetivo deste trabalho foca-se ao desenvolvimento e aplicao de um sistema informatizado voltado a facilitar as montagens de planos preventivos de lubrificao de maneira gil e apropriada. Assim, o sistema informatizado envolve procedimentos para o preenchimento dos campos do programa com as informaes relacionadas localizao de mquinas e equipamentos, a identificao de lubrificantes e do centro de servio para alocao de mo de obra. Este mesmo sistema automatizado se comporta como um instrumento gerencial organizado das informaes e dos recursos envolvidos nos roteiros dos planos, que facilita a administrao da lubrificao como manuteno preventiva no complexo industrial onde for aplicado. O sistema disponibiliza tambm um mdulo para o monitoramento das datas a serem emitidas e a execuo dos planos preventivos criados, a fim de acompanhar a correo de atrasos e/ou possveis avarias. A metodologia de gesto de lubrificao implantada nesta ferramenta considera-se de utilidade para a execuo eficiente relacionada s tarefas de manuteno nas empresas, sendo simultaneamente, de estrutura e operacionalidade simplificada. O sistema informatizado proposto foi aplicado ao caso de uma empresa do setor siderrgico, dando oportunidade para a identificao dos pontos fortes e deficientes da ferramenta.

Palavras-chave: Lubrificao Industrial. Sistema Informatizado. Planos Preventivos. Disponibilidade de Mquina.

ABSTRACT

BELINELLI, Marjorie. Development of a computerized system applied to the management of preventive plans for industrial lubrication. 2011. 173 f. Dissertation (Master in Production Engineering) Masters Degree in Production Engineering, Federal Technology University - Paran. Ponta Grossa, 2011. Proper management of human and material resources related to lubrication in industrial environment is of fundamental importance to the financial health of organizations, since it provides gain of machine availability and increased equipment life. With the constant development and growth of the production system, the need for the implementation of efficient procedures for lubrication intensifies, making it virtually impossible to manage the information manually and making room for automated systems as support to their management. This study focuses on the development and implementation of a computerized system, to facilitate the assembly of preventive plans of lubrication in an agile way and appropriately. Thus, the computerized system involves procedures for filling the fields of the program with information regarding the location of machinery and equipment, identification of lubricants and service center for allocation of manpower. Such automated system behaves as an organized management tool of information and resources involved in the designs of the plans, which facilitates the administration of lubrication and preventive maintenance in the industrial complex where it is applied. The system also provides a module for monitoring the dates to be issued and the implementation of preventive plans created in order to monitor the correction of delays and / or possible damage. The lubrication management methodology implemented in this tool is considered useful for the efficient execution of maintenance tasks related to the companies, while being of simple structure and operation. The proposed computerized system was applied to a company in the steel sector, allowing for the identification of strengths and deficiencies of the tool.

Keywords: Industrial Lubrication. Availability of machinery.

Computerized

System.

Preventive

plans.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Processo de Fabricao de Graxas ..................................................... 27 Figura 2 - Funcionalidades Bsicas de um CMMS............................................... 51 Figura 3 Representao de um sistema de informaes aplicado manuteno ............................................................................................................................. 53 Figura 4 - Tipos de produtos manufaturados pelas linhas de produo na empresa do sistema informatizado....................................................................... 63 Figura 5 - Linha e produto de corte transversal .................................................... 64 Figura 6 - Linha e produto de corte longitudinal ................................................... 67 Figura 7 - Linha de prensa e produto de corte blanks .......................................... 72 Figura 8 - Mquina empilhadeira LINDE 4,5 toneladas ........................................ 76 Figura 9 - Fluxograma de planejamento de servios de lubrificao industrial gerido em sistema informatizado.......................................................................... 84 Figura 10 - Relaes de tabelas e registros (informaes) no sistema informatizado ........................................................................................................ 88 Figura 11 - Esquema dos elementos de composio de um banco de dados e gerao de relatrios ............................................................................................ 89 Figura 12 - rvore das informaes tcnicas de lista de tarefas ou roteiros....... . 92 Figura 13 - Hierarquia de objetos tcnicos para elaborao dos planos de lubrificao e gerenciamento no sistema informatizado ....................................... 93 Figura 14 - Estrutura e funcionamento dos planos de lubrificao dentro do sistema informatizado ......................................................................................... 95 Figura 15 - Tela de acesso inicial do sistema informatizado ............................... 97 Figura 16 - Telas demonstrativas do mdulo de cadastro de informaes primrias para composio dos planos preventivos de lubrificao .................... 99 Figura 17 - Tela demonstrativa dos mdulos de composio e gerao dos planos preventivos de lubrificao ....................................................................... 104 Figura 18 - Tela demonstrativa dos mdulos de lanamento de dados da execuo de planos de lubrificao (Disponvel no CD-ROM .............................. 108

Figura 19 - Tela demonstrativa dos mdulos de gerao de relatrios gerenciais e visualizao grfica .......................................................................... 110 Figura 20 - Nveis de maturidades de gesto de informao no sistema informatizado LubControl ..................................................................................... 111 Figura 21 - Relaes entre atributos e entidades principais (Disponvel no CD-ROM) ............................................................................................................. 113 Figura 22 - Telas de inicializao do sistema informatizado ................................ 117 Figura 23 - Telas de cadastro bsico do sistema informatizado.............................118 Figura 24 - Insero de um novo cadastro..............................................................123 Figura 25 - cones de gravao e atualizao do sistema informatizado...............124 Figura 26 - Montagem e visualizao de planos preventivos de lubrificao montados no sistemainformatizado ..................................................................... 125 Figura 27 - cones de exportao de arquivos........................................................127 Figura 28 - Gerao de grficos e relatrios gerenciais (Disponvel no CDROM) .................................................................................................................... 128 Figura 29 - Fluxo das informaes para tomada de deciso ................................ 129 Figura 30 - Procedimento de instalao do sistema informatizado ...................... 141 Figura 31- Instrues de instalao e troca de senha no ambiente do sistema informatizado LubControl ..................................................................................... 142 Figura 32 - Acesso ao LubControl e ativao de funcionalidades do sistema informatizado ........................................................................................................ 143

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Componentes da Formulao de Graxas ........................................... 28 Quadro 2 - Tipos de leo base mineral .............................................................. 29 Quadro 3 - Classificao de leo base mineral .................................................... 30 Quadro 4 - Tipos de Bases Sintticas .................................................................. 32 Quadro 5 - Aditivos para Lubrificantes ................................................................. 38 Quadro 6 - Lubrificantes atxicos H1-Grau Alimentcio ........................................ 42 Quadro 7 - Softwares Disponveis no Mercado para Gesto da Manuteno Industrial ............................................................................................................... 55 Quadro 8 - TAG dos equipamentos das Linhas Produtivas de Corte Transversal ..................................................................................................................... 65 Quadro 9 - TAG dos equipamentos pertencentes s Linhas Produtivas de Corte Longitudinal .......................................................................................................... 68 Quadro 10 - TAG dos equipamentos das Linhas Produtivas de Prensagem ...... 72 Quadro 11 - TAG dos equipamentos das empilhadeiras...................................... 76 Quadro 12 - Exemplo de Plano de Lubrificao ................................................... 80 Quadro 13 - Estruturas de TAG - linha de corte transversal ................................ 91

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificao NLGI Consistncia das Graxas .................................. 35 Tabela 2 - Ponto de Gota Escala de Temperatura .......................................... 37

LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E ACRNIMOS

API ASTM

American Petroleum Institute American Society for Testing and Materials - Associao Americana para Testes e Materiais.

ATIEL

Association Technique de L`Industrie Europeanne des Lubrifiants

CD-ROM Compact Disc Read-Only Memory CMMS DIN DIPOA EP ERP E.U.A HACCP Computer Maintenance Management System Deutsch Institut Normen Instituto Alemo de Normas Departamento de Inspeo de Produtos de Origem Animal Extrema Presso Enterprise Resource Planning Estados Unidos da Amrica Hazard Analysis and Critical Control Point - Anlise de Perigo e Pontos de Controle Crticos MAPA NLGI PAG PAO PCM PIO POE PPM USDA Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. National Lubricating Grease Institute Polialquilenoglicis Poli-Alfa-Olefina Planejamento e controle da manuteno Poli-internal Olefina Polister Partes por milho U.S. Department of Agriculture Estados Unidos. VBA Visual Basic For Aplications - Departamento de Agricultura dos

SUMRIO

1INTRODUO ................................................................................................... 17 1.1OBJETIVOS .................................................................................................... 19 1.1.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 19 1.1.2 Objetivos Especficos................................................................................... 19 1.2 DELIMITAO DO ESTUDO ......................................................................... 20 1.3 IMPORTNCIA DO TEMA ............................................................................. 20 1.4 CLASSIFICAO DA METODOLOGIA APLICADA ...................................... 21 1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAO ................................................................. 22 2 REFERENCIAL TERICO................................................................................ 23 2.1 A LUBRIFICAO COMO MANUTENO PREVENTIVA ........................... 23 2.2 LUBRIFICANTES ........................................................................................... 26 2.2.1 Lubrificantes Semi-slidos Graxas ........................................................... 26 2.2.2 leos Minerais ............................................................................................ 29 2.2.3 leos Sintticos .......................................................................................... 31 2.3 PRINCIPAIS PROPRIEDADES DOS LUBRIFICANTES ................................ 33 2.3.1 Caractersticas dos leos ........................................................................... 33 2.3.1.1 ndice de viscosidade ............................................................................... 33 2.3.1.2 Ponto de fluidez ........................................................................................ 33 2.3.1.3 Ponto de fulgor ........................................................................................ 34 2.3.1.4 Resistncia corroso ............................................................................. 34 2.3.2 Caractersticas das Graxas .......................................................................... 34 2.3.2.1 Consistncia ou solidez ............................................................................ 35 2.3.2.2 Viscosidade aparente ............................................................................... 36 2.3.2.3 Ponto de Gota .......................................................................................... 36 2.3.2.4 Estabilidade oxidao............................................................................ 37

2.4 ADITIVOS....................................................................................................... 38 2.5 LUBRIFICANTES DE GRAU ALIMENTCIO .................................................. 40 2.6 GESTO DA LUBRIFICAO INDUSTRIAL ................................................. 44 2.6.1 A Gesto da Lubrificao na Indstria Alimentcia....................................... 47 2.7 SISTEMAS INFORMATIZADOS APLICADOS NA GESTO DA MANUTENO .................................................................................................... 49 2.8 LINGUAGEM DE PROGRAMAO VBA (VISUAL BASIC FOR APLICATIONS) ................................................................................................... 58 3 MATERIAIS E MTODOS ................................................................................ 62 3.1 AMBIENTE DE TESTE PARA VERIFICAO DO SISTEMA INFORMATIZADO PROPOSTO .......................................................................... 62 3.1.1 Linha de Corte Transversal .......................................................................... 64 3.1.2 Linha de Corte Longitudinal ....................................................................... 67 3.1.3 Linha de Prensas ........................................................................................ 71 3.1.4 Mquinas Empilhadeiras .............................................................................. 75 3.2 ETAPA I - PLANEJAMENTO E ORGANIZAO DA LUBRIFICAO INDUSTRIAL ........................................................................................................ 77 3.3 ETAPA II - ESTRUTURA DO SISTEMA INFORMATIZADO .......................... 85 3.4 FORMAO DO BANCO DE DADOS E HIERARQUIZAO DAS INFORMAES................................................................................................... 87 3.4.1 CONSTRUO DA ESTRUTURA FSICA DO SISTEMA INFORMATIZADO APLICADO AO GERENCIAMENTO DAS INFORMAES DA LUBRIFICAO INDUSTRIAL ........................................................................................................ 94 4 RESULTADOS E DISCUSSO ........................................................................ 115 4.1 APLICAO E TESTE DO SISTEMA INFORMATIZADO PARA GERENCIAMENTO DAS INFORMAES DA LUBRIFICAO INDUSTRIAL REFERENTES AO AMBIENTE INDUSTRIAL DO ESTUDO ............................. 115 4.2 ANLISE DOS RESULTADOS OCORRIDOS NO TESTE DE VERIFICAO DAS FUNCIONALIDADES DO SISTEMA INFORMATIZADO DESENVOLVIDO ..................................................................................................................... 130 5 CONCLUSES ................................................................................................. 133 5.1 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................. 135

REFERNCIAS .................................................................................................... 136 APNDICE A - Instrues de Instalao e habilitao do sistema informatizado ..................................................................................................................... 140 APNDICE B - Plano de lubrificao da Linha de Corte Transversal Laminado Frio ..................................................................................................................... 144 APNDICE C - Plano de Lubrificao da Linha de Prensagem I ......................... 157 APNDICE D - Plano de lubrificao da linha de corte transversal laminado quente .......................................................................................................... CD-ROM APNDICE E - Plano de lubrificao da linha de corte longitudinal laminado frio ............................................................................................................. CD-ROM APNDICE F - Plano de lubrificao da linha de corte longitudinal laminado quente .......................................................................................................... CD-ROM APNDICE G - Plano de lubrificao da linha de prensagem II .................. CD-ROM APNDICE H - Plano de lubrificao da linha de prensagem III.................. CD-ROM APNDICE I - Plano de lubrificao das mquinas empilhadeiras .............. CD-ROM

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1 INTRODUO

A lubrificao uma forma primria de manuteno preventiva, que interpe um lubrificante entre duas superfcies metlicas, evitando assim, o contato direto entre as superfcies. A ao do lubrificante reduz o atrito e desgaste das superfcies, melhora a eficincia na operao dos equipamentos, impede e/ou diminui as quebras de componentes de mquinas, aumentando a vida til e a disponibilidade de trabalho do maquinrio para produo. O aumento de disponibilidade e vida til do maquinrio tem como conseqncia o melhor desempenho deste, permitindo velocidades mais altas de trabalho e maiores taxas de produo. aceito que mais de 60% de todas as falhas mecnicas esto diretamente relacionadas a prticas de lubrificao pobres ou imprprias (BANNISTER, 1996). Assim, fcil entender porque um apropriado programa de manuteno preventiva confia fortemente em uma boa gesto da lubrificao Industrial. A lubrificao industrial, sob uma gesto organizada, um forte fator para competitividade da empresa. Atravs dela consegue-se aumentar a produtividade com melhor desempenho do maquinrio e diminuir custos com o aumento de vida til do equipamento. O total planejamento de atividades ligadas lubrificao industrial leva reduo de custos com manuteno e lubrificantes, bem como, ao aumento de produtividade do maquinrio e manuteno de dados (histrico) para anlise do desempenho deste e tomada de deciso. Um sistema gerencial organizado por planos de lubrificao deve ser um forte componente da manuteno preventiva, evitando a possibilidade de avarias, economizando em consertos, tempo de manuteno, e produo perdida ocasionada por interrupo do maquinrio. Logo, a lubrificao como elemento de manuteno preventiva se torna uma ferramenta de competitividade no mercado. O aumento do desempenho de mquinas e de equipamentos em uma operao diretamente proporcional qualidade da gesto da lubrificao e ao suporte dos executores quanto execuo dos planos preventivos aplicados de forma correta.

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Um sistema de lubrificao industrial engloba planos preventivos, mo de obra especializada e gastos com lubrificantes, gerando dados e informaes que se tornam inviveis de controlar manualmente, necessitando-se do apoio de sistemas e recursos informatizados para a gesto da manuteno. Estes planos preventivos devem ser elaborados e inseridos em programa que possibilite planejar adequadamente seus recursos e informaes, bem como, facilitar seu controle, monitoramento, execuo e anlise dos resultados. Utilizar um sistema para auxiliar a gesto da lubrificao agiliza e facilita a obteno de dados do comportamento das aes envolvidas, custos e gastos com lubrificantes, alm de armazenar e manter histrico de informaes ligadas a lubrificao de mquinas e equipamentos. O principal objetivo de um sistema informatizado aplicado no s lubrificao, mas manuteno como um todo, aumentar a rentabilidade da empresa atravs da obteno de informaes e dados mais consistentes de forma mais rpida e eficiente. Estas informaes possibilitam uma melhor anlise do desempenho do programa de lubrificao e manuteno aplicado, fornecendo dados no auxlio tomada de deciso, o que possivelmente gera posteriormente aumento de disponibilidade de mquina, melhoria contnua do processo, eficcia no uso dos recursos, reduo de custo, entre outros. Dentro do contexto da importncia do gerenciamento da lubrificao, para se tornar um elemento de competitividade, prope-se o desenvolvimento de um sistema informatizado voltado a auxiliar a montagem dos planos preventivos de lubrificao. Trata-se da insero de uma ferramenta de fcil operao e implantao, que possibilita a sua modelagem conforme necessidade do usurio e /ou da empresa, e que apesar de estrutura e interface simplificada, manifesta-se como uma eficiente ferramenta para a gesto de informaes relativas aos procedimentos de lubrificao (como manuteno preventiva), fornecendo dados para tomada de deciso no ambiente industrial. No desenvolvimento deste sistema informatizado foram consideradas as seguintes premissas: Servir como um guia prtico e rpido para criao e gerao de planos preventivos de lubrificao industrial, atravs do preenchimento das informaes contidas em seus atributos (campos de insero de informaes);

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Possibilitar o fcil desenvolvimento, utilizando-se de ferramentas contidas no ambiente operacional Windows, tornando-se assim, um Sistema Informatizado de gesto de baixo custo de criao e aplicao; Permitir adaptao da estrutura fsica do sistema informatizado ao gerenciamento das informaes de lubrificao do meio industrial aplicado; Interface simplificada de fcil acesso e operao por parte do usurio; Flexibilidade para modificaes de parmetros no Sistema Informatizado proposto, quando a empresa precisar (insero e excluso de campos, informaes, atalhos, entre outros); Viabilidade de desenvolvimento do sistema, ajustando as necessidades e particularidades de cada empresa, com adaptaes ao ambiente industrial aplicado; Sistema voltado rea de lubrificao, sendo esta com foco preventivo, envolvendo as suas necessidades para auxiliar a sua gesto de maneira eficaz; Gerao de grficos relativos a gastos financeiros e consumo de mo de obra e lubrificantes, proporcionando acompanhamento e controle destes recursos aplicados a lubrificao, favorecendo dados a tomada de deciso.

1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo Geral O objetivo principal deste trabalho desenvolver um sistema informatizado voltado ao gerenciamento da lubrificao industrial, para sua insero como ferramenta de gesto em planos preventivos no ambiente industrial.

1.1.2 Objetivos Especficos

A fim de atingir o objetivo geral, as seguintes atividades constituram os objetivos especficos desta dissertao:

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Realizar o levantamento dos aspectos relativos lubrificao industrial e das informaes necessrias para a composio e gesto de planos preventivos de lubrificao, a fim de compor os campos de atributos a serem preenchidos no sistema informatizado; Escolher e implantar o algoritmo de gesto em uma linguagem de programao que possua flexibilidade de atualizao e possibilidade de conexo entre atributos (campos) e registros (alimentao de informaes), para desenvolver o Sistema Informatizado proposto; Elaborar planos de lubrificao para o maquinrio industrial em um ambiente fabril, com intuito de formao de banco de dados para o Sistema; Verificar os pontos fortes e deficientes do sistema informatizado proposto atravs de teste de aplicao em ambiente industrial.

1.2 DELIMITAO DO ESTUDO

O presente trabalho limita-se ao desenvolvimento e verificao de aplicabilidade de um sistema informatizado voltado para a gesto da lubrificao industrial no mbito preventivo.

1.3 IMPORTNCIA DO TEMA

Enfatiza-se a relevncia deste trabalho , considerando que este visa contribuir com os gestores da rea de manuteno industrial na criao e gerenciamento de planos preventivos de lubrificao industrial de maneira fcil e intuitiva. O sistema informatizado proposto propicia ambiente operacional prtico e fcil para cadastro e manuteno de histrico de informaes ligadas as tarefas de lubrificao industrial, possibilitando assim, consultas e gerao de relatrios gerenciais de custos e consumo de mo de obra e lubrificantes utilizados, os quais so uma poderosa ferramenta para tomada de deciso para melhoria do processo industrial.

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1.4 CLASSIFICAO DA METODOLOGIA APLICADA

Em relao a metodologia aplicada, a presente pesquisa classificada quanto: A natureza das informaes: observao direta, pois visa formar um banco de dados com levantamento das particularidades de um sistema para gesto da lubrificao e os de seus recursos relativos aos planos de lubrificao criados. Luna (1998) e Gil (2002), sugerem que a observao direta refere-se observao de um registro ou de uma situao durante seu acontecimento dentro de seu ambiente, podendo gerar aes para modific-la. Ao ponto de vista de sua natureza: a pesquisa se apresenta como pesquisa aplicada, pois os conhecimentos gerados so de possvel aplicao em um problema prtico e relata a situao do contexto em que est sendo realizada determinada investigao, alm de envolver o estudo e detalhamento do conhecimento de poucos objetos explorados em situaes na vida real (GIL, 2002). Aos termos de abordagem do problema: esta pesquisa se classifica como qualitativa, j que as avaliaes e discusses baseam-se na interpretao direta dos fenmenos, sendo assim, analisadas de forma indutiva e relatadas de forma descritiva. Tambm, a pesquisa, se classifica em quantitativa, pois h partes da pesquisa onde so transformados os resultados e informaes em forma numrica, possibilitando a construo de indicadores (grficos de monitoramento) passveis de anlises e concluses (SILVA; MENEZES, 2005). Ao seu objetivo : esta pesquisa exploratria, pois a construo do sistema informatizado, voltado a uma rea especfica, neste caso a lubrificao industrial. A pesquisa exploratria proporciona maior familiaridade com o problema e evidencia idias e descobertas intuitivas com o aprofundamento e especificao de um determinado tema (LUNA,1998).

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1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAO

A Dissertao apresenta-se em quatro captulos e apndices, estruturados da seguinte forma: Captulo 1 - Introduo: neste captulo apresenta-se o contexto da pesquisa e a sua finalidade, observando-se os objetivos da pesquisa, bem como, a limitao e classificao desta; Captulo 2 - Referencial Terico: contempla a reviso da literatura utilizando-se do estado da arte de autores, apresentando conceitos relevantes lubrificao industrial e Sistemas Informatizados utilizados na gesto da manuteno ; Captulo 3 - Mtodos e Materiais: apresenta detalhadamente o desenvolvimento do sistema informatizado, bem como, as telas de operao e relatrios gerenciais disponveis dentro deste; Captulo 4 Concluses: apresenta as etapas da verificao do sistema informatizado no ambiente industrial escolhido, enfatizando os benefcios e limitaes do sistema durante a sua aplicao neste meio fabril. Neste mesmo captulo esto a concluso geral da pesquisa, bem como, as consideraes finais adicionadas de sugestes para trabalhos futuros. Apndices Nesta parte do trabalho detalham-se todos os planos preventivos de lubrificao gerados no ambiente fabril de verificao do sistema informatizado. Os apndices A,B e C esto presentes no fim deste trabalho , estando os demais (D,E,F,G,H e I) contidos no CD-ROM que acompanha a dissertao.

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2 REFERENCIAL TERICO

Neste captulo realizada uma reviso bibliogrfica de assuntos relacionados com o tema da pesquisa. Especificamente, so abordados aspectos da lubrificao e lubrificantes (definies, tipos, classificaes e caractersticas), gesto da lubrificao e utilizao de sistemas informatizados na gesto da manuteno industrial, assim como o da linguagem de programao utilizada no desenvolvimento do sistema informatizado.

2.1 A LUBRIFICAO COMO MANUTENO PREVENTIVA

A produo o processo pelo qual se beneficia matria prima em produto acabado e distribui este ao consumidor. Para executar as operaes necessrias transformao desta matria prima preciso o funcionamento de uma complexa cadeia de mquinas e equipamentos, os quais apresentam falhas e defeitos com o tempo de utilizao. Tal situao cria a necessidade da manuteno contnua. Autores como Kardec e Nascif (2009), Narayan (1998) e Filho (2004), definem a Manuteno industrial como sendo o conjunto de aes responsveis para a preservao ou restaurao da funo pretendida de um determinado processo com o menor custo total possvel. A manuteno deve atender s necessidades do processo produtivo de forma a melhorar a performance da mquina e a qualidade do produto fabricado, sempre buscando aperfeioamento contnuo e combatendo os desperdcios. Pode-se considerar, num sentido mais amplo, que o objetivo da manuteno no somente o de manter ou restaurar as condies fsicas do equipamento, mas tambm manter suas capacidades funcionais (o que o equipamento pode fazer). Kardec e Nascif (2009, p.23), tambm sugerem um conceito mais amplo que caracteriza bem as modernas funes da manuteno:

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Garantir a confiabilidade e a disponibilidade da funo dos equipamentos e instalaes de modo a atender a um processo de produo ou de bens de servio, com segurana, preservao do meio ambiente a custos adequados.

Assim a Manuteno Industrial no s restabelece o funcionamento de mquinas e equipamentos, mas torna-se funo estratgica dentro da organizao, como fator capaz de oferecer um diferencial competitivo as empresas (LEVITT, 1997; PALMER, 1999 apud ALVES e FALSARELLA, 2009). Tradicionalmente, a Manuteno Industrial tem sido enxergada e aplicada como uma atividade essencial e vital para manter o perfeito funcionamento do Processo produtivo de uma empresa. comum encontrar defensores de (NARAYAN,1998). Mobley (2008, p.96) e Filho (2004), estabelecem que o conceito de manuteno preventiva tem uma multido de significados. Na interpretao clssica do termo a manuteno preventiva visa realizar aes de forma a reduzir ou evitar a falha ou queda no desempenho, obedecendo a um plano previamente elaborado baseado em intervalos definidos de tempo. A lubrificao industrial aparece como uma forma primitiva de manuteno preventiva que, quando administrada de forma correta, aumenta a disponibilidade das mquinas, definindo-se assim como uma ferramenta eficaz na diminuio de custos e aumento de produtividade nas indstrias (MOBLEY, 2008; CARRETEIRO e BELMIRO, 2006). Mobley (2008), Mang e Dresel (2007) e Lansdown (2004) definem a lubrificao como uma forma de manuteno preventiva que interpe um fluido lubrificante entre superfcies deslizantes metlicas, proporcionando reduo de atrito e do desgaste e tendo como benefcio a diminuio de falhas e o aumento de disponibilidade de mquina. De acordo com Silva e Wallbank (1998), a reduo do desgaste e o aumento de disponibilidade trazem consigo o aumento da vida til do maquinrio e melhor eficincia no seu funcionamento, produtividade da empresa. Os elementos de mquinas requerem lubrificao, pois eles formam superfcies que movem respectivamente uma a outra, deslizando, rolando, proporcionando crescimento na taxa de uma planejada manuteno argumentando dos mritos de seu mtodo escolhido

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avanando ou retrocedendo. Caso ocorra o contato direto entre as superfcies, o atrito conduzir altas temperaturas entre elas e possivelmente o desgaste ou avaria acontecer. Logo a interposio de um lubrificante entre essas superfcies previne ou reduz o contato direto entre elas, sem lubrificao, a maioria das mquinas funcionria por curto perodo de tempo e logo parariam. (PIRRO; WESSOL, 2001). Segundo Mobley (2007) e Bannister (1996), a lubrificao como uma das funes bases da manuteno industrial tem por objetivo: Transformar o atrito slido em atrito fluido, evitando assim a perda de energia; Controlar o atrito; Controlar o desgaste; Controlar a temperatura (lquido refrigerante); Controlar a corroso; Proporcionar isolamento (eltrico); Transmitir potncia em sistemas hidrulicos; Amortecer choques (amortecedores, engrenagens); Agir na remoo de contaminantes (limpeza); Formar vedao (graxa). Para que estes objetivos se concretizem necessrio a execuo das atividades de lubrificao industrial gerida adequadamente sob os aspectos de procedimentos e recursos materiais e humanos. Deve-se manter boas prticas de lubrificao, estas definidas, pela aplicao do lubrificante adequado, respeitando tanto a quantidade a ser aplicada quanto o intervalo de relubrificao, caso contrrio ao invs de benefcios a lubrificao industrial pode trazer prejuzos como diminuio de vida til e de mquinas e seus elementos mecnicos. Uma das principais conseqncias de uma gesto inadequada de lubrificao o aumento do consumo de energia e perca de eficincia do maquinrio, pois antes dos componentes de mquina falharem, aparece fora de atrito excessiva entre eles que acarreta sobrecarga em equipamentos eltricos, como bombas e motores (MANG; DRESEL,2007).

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2.2 LUBRIFICANTES

A aplicao e a seleo de lubrificantes so determinadas pelas funes que eles exercem nos elementos de mquina e pelo ambiente de trabalho que estes se encontram. Em alguns casos, o intuito maior controlar o atrito, em outros, efetuar controle de temperatura. Conforme Stachowiak e Batchelor (2005, p. 51), Mang e Dresel (2007, p. 44) os lubrificantes podem ser definidos como fludos compostos de misturas complexas e em estrutura bsica de hidrocarboneto usados principalmente para o controle do atrito e desgaste. Os lubrificantes podem estar em estado fsico gasoso, slido (grafite, bissulfeto de molibdnio, enxofre, fsforo), semi-solido (vaselina, graxa vegetal, animal ou mineral) ou o mais utilizado um lquido (gua, leo vegetal, animal ou mineral, sinttico) (BELMIRO e CARRETEIRO, 2006; NEALE, 2001, p.15). Neste captulo esto detalhados somente os lubrificantes lquidos e semisolidos, por serem os lubrificantes mais utilizados e mais comuns no meio industrial.

2.2.1 Lubrificantes Semi-solidos - Graxas Carreteiro e Belmiro (2006), bem como, Pirro e Wessol (2001), definem as graxas como sendo um lubrificante semi-solido slido, que consiste em um agente engrossador, geralmente sabo metlico, dispersado em lubrificante lquido, o qual funciona como retentor do lubrificante. As graxas podem conter em sua composio aditivos qumicos como inibidores de oxidao, anti desgaste, inibidores de ferrugem e corroso, entre outros, melhorando sua propriedade fsica. A figura 1 ilustra o processo de fabricao de graxas.

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Figura 1 Processo de fabricao de graxas Fonte: Adaptado de Lubrication Fundamentals, PIRRO & WESSOL, 2001.

Na indstria, o uso preferencial pela graxa deve-se sua forma gelatinosa, o que possibilita os seguintes benefcios (PIRRO e WESSOL, 2001; LANSDOWN, 2004): Evitar a relubrificao em locais de difcil acesso e condies inseguras; Reduzir o tempo e a frequncia de lubrificao; Reduzir os rudos Atue melhor que o leo em condies extremas de altas temperaturas, altas presses, cargas de choque e baixas velocidades com cargas elevadas. Alguns tipos de lubrificantes semi-solidos so muito mais estveis quimicamente que os lquidos podendo ser usados em ambientes com acidez elevada, muitos solventes ou que contenham gases liquefeitos.

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Lubrificantes semi-solidos so, em geral, aplicados em locais extremamente limpos e podem ser usados, desde que de origem atxica, em maquinrio para processamento de alimentos. Em alguns casos, as graxas so usadas para garantir lubrificao permanente em partes de equipamento inacessveis e ainda servir como ao vedante.Graxas por serem materiais semisolidos, as graxas podem ser usadas em aplicaes onde pode haver um vazamento de um leo. Tambm, graxas podem prover uma ao de um selante natural, como em uma aplicao em mancal onde o filme lubrificante (de graxa) tende a manter contaminantes do lado de fora e de dentro (MOBLEY, 2008).

Em geral, lubrificantes semi-slidos so muito estveis em ambiente de alta radioatividade, onde leos (lubrificantes lquidos) seriam degradados. O quadro 1 resume alguns tipos de graxas existentes juntamente com seus aditivos.

leo Base da Composio Olo Mineral Hidrocarbonetos Sintticos

Espessantes Sabo de Sdio Sabo de Clcio

Aditivos Antioxidante Aditivos Anti Desgaste

Di-esteres

Sabo de Ltio

Aditivos EP(Extrema Presso)

Silicones

Sabo de Alumnio

Inibidores de Corroso Bissulfato(Dissulfato) Molibidnio Modificador de Atrito Metal desativador de

Esteres Fosfatados

Complexo de Ltio

Perfluoropoliter Silicones Fluorados

Complexo de Clcio Complexo de Alumnio

Quadro 1 Componentes da Formulao de Graxas Fonte: Adaptado de Lubrication and Lubricant Selection - LANSDOWN 2004, p.128

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2.2.2 leos Minerais Os leos minerais so os mais importantes e empregados na lubrificao realizada dentro das indstrias, bem como, possuir o menor custo. So derivados da refinao (frao e destilao) do petrleo. Eles consistem basicamente de carbono, hidrognio, sob a forma de hidrocarbonetos (BELMIRO; CARRETEIRO, 2006). As caractersticas destes leos dependem do tipo do petrleo de origem e do processo de refino, sendo classificados como apresentado no quadro 2.

leo Base

Caractersticas

Possui significativa quantia de Hidrocarbonetos Parafnico cerosos e pouco ou nenhum material asfltico. Seus Naftenos constituem-se em longas cadeias.

Possui material asfltico e pouco ou nenhum Naftnicos material cerosos. Seus naftenos constituem-se em cadeias de menor tamanho. Tem Viscosidade baixa. Possui ambos os materiais asflticos e cerosos. Seus naftenos se constituem em moderadas a longas cadeias. Possui baixo ponto de fluidez.

Mistura

de

Bases

(Aromticos

Ciclo

Parafnicos, entre outros)

Quadro 2 Tipos de leo base mineral Fonte: Adaptao de Lubrication and Reliability, M.J. NEALE, pg. 15, 2001.

Os leos aromticos no so adequados para lubrificao, assim, sero expostos no quadro 3 a classificao dos leos de origem parafnica e naftnica, os quais so empregados na composio de lubrificantes industriais.

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Classificao de leos base API/ATIEL Grupo Caractersticas

Grupo I

Os leos bsicos deste grupo so geralmente produzidos pela rota solvente (processos de extrao de aromticos e desparafinizao por solvente, com ou sem hidroacabamento) e so os menos refinados da classificao. uma mistura, no uniforme, de diferentes cadeias de hidrocarbonetos. So utilizados para formular a maioria dos leos automotivos.

Grupo II

Os leos bsicos deste grupo so produzidos pela rota hidrorrefino. Tem adequado desempenho em propriedades como volatibilidade, estabilidade oxidao e ponto de fulgor, porm tem desempenho regular no que se refere a ponto de fluidez e viscosidade a baixa temperatura.

Grupo III

Os leos bsicos deste grupo so produzidos pela rota hidrodraqueamento. Possuem excelente desempenho em uma grande variedade de propriedades, como uniformidade molecular e estabilidade. So utilizados para fabricao de leos lubrificantes sintticos e semi-sintticos.

Grupo IV

Os leos bsicos deste grupo so obtidos atravs de reaes qumicas das matrias sintticas, como Poli-Alfa-Olefinas (PAO's). Quando combinados com aditivos oferecem um excelente desempenho dos atributos relacionados lubrificao. Tm composio qumica estvel e cadeias moleculares uniformes.

Grupo V

Neste grupo encontram-se os bsicos Naftnicos, alm de steres sintticos e poliolesteres como poli-isobuteno e poli-alquileno. So utilizados para desenvolvimento de aditivos e em processos petroqumicos. Abriga um tipo de oligmero de olefina fabricado na Europa, chamado de Poliinternal Olefina (PIO). Produto do Grupo I com alto teor de enxofre e baixo teor de saturados, mas com 2 maior ndice de viscosidade, entre 100 e 105 cSt ou mm /s Ajustes no processo de refino possibilitam fazer um Grupo II com indice de 2 viscosidade de 110 a 120 mm /s No disponvel comercialmente ainda. Tendo o gs natural como fonte, chamado tambm de tecnologia Gas to Liquid ou simplesmente GTL. Tero ndice de viscosidade acima de 140 cSt. Quadro 3 Classificao de leo base mineral Fonte: Adaptao de Revista Lubes em Foco, vol.5, 2008, ZAMBONI,p.13.

Grupo VI

Grupo I+

Grupo II+

Grupo III+

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A classificao dos leos bases detalhada no quadro 3, esta de acordo com o sistema de classificao adotado pelas entidades: API (American Petroleum Institute) e a ATIEL (Association Technique de L`Industrie Europeanne des Lubrifiants) no propsito de padronizar mundialmente especificaes para as refinarias ( ZAMBONI, 2008,p.13).

2.2.3 leos Sintticos O maquinrio industrial, na maioria das vezes, trabalha sob ambientes agressivos, tais como, alta umidade, calor, concentrao de p, entre outros. Isto faz com que os lubrificantes minerais no sejam eficazes, tornando sua aplicao inadequada nestes ambientes. Assim, para que o maquinrio suporte essas condies adversas, foram desenvolvidos os lubrificantes sintticos. Os lubrificantes sintticos so definidos como leos obtidos de sinterizao qumica de hidrocarbonetos em laboratrio e dependendo da sua composio, agrupam-se em classes: steres de cidos dibsicos, de organofosfatos e de silicones, este ltimo composto de steres de poliglicol (MANG; DRESEL, 2007 p.63). Apesar de seu alto valor de aquisio no mercado, o consumo de leos lubrificantes sintetizados aumentou consideravelmente nas ltimas duas dcadas, devido necessidade de trabalho do maquinrio industrial sob condies extremas de temperatura e presso. Seus principais benefcios so (MANG; DRESEL, 2007, p.64): Maior vida til do leo em relao aos leos minerais; Diminuio de depsitos de resduos em reservatrios de leo; Economia no consumo de energia e consumo de leo; Melhor refrigerao do equipamento; Menos rudo e vibraes. Alm do leo sinttico h ainda o semi-sinttico, o qual composto de base mineral misturada com base sinttica (FONTENELLE, 2008, p.8). O quadro 4 traz alguns dos lubrificantes sintticos existentes no mercado.

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Classe de Lubrificantes Sintticos

Descrio

Alquilados Aromticos

So obtidos a partir da reao de uma olefina com um ncleo aromtico. So utilizados como base sinttica em lubrificantes automotivos e industriais

steres de cidos Bsicos

Excelentes propriedades baixas temperaturas, estabilidade ao calor, boa estabilidade trmica e a oxidao. So formulados a partir dos cidos adpico, azelico, sebcico, entre outro. Utilizados principalmente em lubrificantes de motores a jato, leos hidrulico e para instrumentos delicados.

steres de Organofosfatos

Alto poder lubrificante, boa resistncia a oxidao . So largamente utilizados para extrema-presso e antiespumantes.

steres de Silicatos

Possuem baixa volatilidade e excelente faixa de viscosidade em relao temperatura. So considerados um dos melhores sintticos e utilizados em fluidos hidrulicos e graxas especiais.

Silicones

Boa estabilidade trmica e hidroltica. Excelente lubrificao em superfcies metlicas constituintes de zinco, cromo, cdmio, bronze, ao. Possuem estabilidade em altas temperaturas e podem fluir o tambm em baixas (-54 C).Sua principal aplicao em lubrificantes para turbinas a jato e fludos hidrulicos. Estruturas compostas essencialmente de hidrocarbonetos, sem presena de enxofre, fsforo ou metal. Possuem boa estabilidade trmica com ponto de fluidez muito baixo e viscosidade alta. Utilizadas principalmente em lubrificantes automotivos So butenos ou isobutilenos polimerizados. Usados em bases de leos para laminao de metais, cabos de ao, engrenagens e outros. Possui insolubilidade em meio gasoso. Utilizados para leos de compressores, fludo de freio, hidrulicos e usinagem de metais.

Polister (POE)

Polialfaolefinas(PAO)

Polibutenos

Polialquilenoglicis (PAG)

Quadro 4 Tipos de Bases Sintticas. Fonte: Adaptao de Lubrificantes e Lubrificao Industrial, Belmiro e Carreteiro, 2006, p. 2328.

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2.3 PRINCIPAIS PROPRIEDADES DOS LUBRIFICANTES

O desempenho de um lubrificante est diretamente ligado sua composio qumica e ao processo de refinamento que leo cru foi submetido, alem da adio de aditivos. Esta juno de ativos d caractersticas aos lubrificantes, permitindo controlar a sua eficcia e qualidade, alm de possibilitar o direcionamento do seu uso (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006, p.35).

2.3.1 Caractersticas dos leos As propriedades dos lubrificantes so normalmente determinadas pela aplicao de testes padronizados. Osprincipais ensaios realizados permitem determinar as propriedades descritas a seguir.

2.3.1.1 ndice de viscosidade A viscosidade, segundo Mang e Dresel (2007, p.716), uma das propriedades mais importantes,caracterizando a resistncia ao escoamento dos lubrificantes. O valor do ndice de viscosidade depende principalmente da presso. A norma ASTM D-2270 padroniza o ndice de temperatura e da

viscosidade a partir do clculo da viscosidade cinemtica, a qual representa a resistncia ao movimento que um leo lubrificante enfrenta ao escoamento a uma determinada temperatura. A unidade de medida aplicada cSt (centistokes).

2.3.1.2 Ponto de fluidez O ponto de fluidez refere-se a temperatura, na qual o leo lubrificante deixa de escoar. Esta temperatura definida por um teste padronizado pela ASTM D-97, por meio de resfriamento sucessivo da amostra de leo em um frasco em intervalos

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de 3 C. Nestes intervalos observa-se se o lubrificante capaz de fluir (CARRETEIRO;BELMIRO,2006).

2.3.1.3 Ponto de fulgor Para a determinao do ponto de fulgor (DIN ISO 2592/ASTM D 92), uma quantidade definida de amostra aquecida sob uma faixa de temperatura at o material apresentar uma pequena chama (lampejo ou flash). O ponto de fulgor determinado pela menor temperatura, na qual esta chama se iniciou. Esta caracterstica, atravs de ensaios, permite identificar a mxima temperatura de utilizao de um produto, evitando riscos de incndio e/ou exploso (MANG;DRESEL, 2007).

2.3.1.4 Resistncia corroso O teste para verificar a resistncia a corroso padronizado pelas normas ASTM D 130/DIN 51759. Este comumente efetuado pela exposio de uma tira de cobre sob a ao do leo lubrificante por um perodo mdio de 3 horas a uma temperatura de 150 C. Ao final do perodo do teste, a tira de cobre retirada, lavada e sua variao de cor comparada com uma escala padro de oxidao (MANG; DRESEL, 2007, p. 722; CARRETEIRO; BELMIRO, 2006, p.67): 1 = Mancha moderada; 2 = Mancha escura; 3 e 4 = Mancha preta (severa corroso).

2.3.2 Caractersticas das Graxas A descrio geral de uma graxa est em termos dos componentes qumicos, da sua composio e das propriedades fsicas que elas apresentam. Este conjunto atribui caractersticas s graxas, o que possibilita definir o seu uso. Em seguida

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sero descritos os principais testes aplicados s graxas que classificam as suas propriedades.

2.3.2.1 Consistncia ou solidez a medida de dureza ou resistncia a fora de penetrao. determinada pelos mtodos ASTM D-217, ASTM D-1403, que consistem em medir a penetrao (em dcimos de milmetros) exercida por um cone (penetrmetro) sobre uma amostra de graxa, sob ao de carga padronizada durante 5 segundos e temperatura de 25 C. A consistncia forma a base para a classificao de graxas, e seu range est entre 475 para uma graxa muito macia e 85 para uma graxa muito dura (espessa) (STACHOWIAK; BATCHELOR, 2005, p. 73). Esta resistncia penetrao foi classificada pelo National Lubricating Grease Institute (NLGI) em uma srie de nmeros nicos que cobrem uma mesma gama extensiva de consistncias. A classificao no leva em conta a natureza da graxa, nem d qualquer indicao de sua qualidade ou uso (NEALE, 2001,p.26). Este sistema de classificao foi definido por testes com o penetrmetro, obtendo consistncias que variam de 000 (muito macia) a 6 (muito dura). A classificao na tabela designa as graxas de forma crescente conforme sua dureza, ou seja, das graxas macias de maior dureza (BELMIRO; CARRETEIRO, 2006, p.99).Tabela 1 Classificao NLGI Consistncia das Graxas (continua) Nmero de Consistncia NGLI Penetrao ASTM (25C), em mm.

000 00 0 1

445-475 400-430 355-385 310-340

.

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Tabela 1 Classificao NLGI Consistncia das Graxas. (concluso) Nmero de Consistncia NGLI 2 3 4 5 6 Fonte: Adaptado de Carreteiro e Belmiro, 2006, p.99. Penetrao ASTM (25C), em mm. 265-295 220-250 175-205 130-160 85-115

2.3.2.2 Viscosidade aparente A viscosidade aparente definida por Pirro & Wessol (2001, p. 85), como sendo a razo entre a tenso de cisalhamento (ou presso) e a taxa de escoamento (gradiente de velocidade) a uma certa temperatura. A viscosidade aparente varia conforme a temperatura e taxa de escoamento. Quanto maior o fluxo, menor a viscosidade aparente. A viscosidade aparente padronizada pela norma ASTM D 1092.

2.3.2.3 Ponto de Gota O ponto de gota de uma graxa estabelecido temperatura em que o produto se torna fluido, capaz de gotejar atravs de um orifcio padronizado, dentro das condies exigidas pelas normas ASTM D 566 e ASTM D 2265. As graxas apresentam pontos de gotas distintos porque dependem diretamente do agente engrossador (espessante)(CARRETEIRO; BELMIRO, 2006, p.101). Na tabela 2 segue o valor do ponto de gota de algumas graxas, conforme o.

seu espessante

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Tabela 2 Ponto de Gota Escala de Temperatura Tipo de sabo Graxa de Clcio Graxa de Sdio Graxa de Alumnio Graxa de Brio Graxa de Ltio Graxa de Clcio-chumbo Graxas Complexas Graxas de Poliuria Graxas Especiais de: Argila, Slica, Grafita, Bissulfeto de Molibdnio. Fonte: Adaptado de Carreteiro e Belmiro, 2006,p.101. Ponto de gota ( C) 70 -- 120 120 -- 200 70 -- 110 180 -- 260 180 -- 250 180 -- 300 260 ou mais 220 -- 260 260 ou maisO

2.3.2.4 Estabilidade oxidao Estabilidade oxidao uma propriedade importante para as graxas lubrificantes. Para adquirir esta resistncia oxidao, geralmente so adicionados aditivos inibidores de oxidao durante a fabricao das mesmas (PIRRO,WESSOL, 2001). A rapidez da oxidao esta relacionada com a temperatura do ar ambiente onde a graxa foi aplicada; assim, para avaliar esta estabilidade realizado um teste baseado na injeo de ar diretamente no lubrificante, oxidando-o artificialmente e mergulhando o elemento lubrificado e com a graxa oxidada em um banho de leo a 100 OC por 100 h. O grau de oxidao avaliado pela queda de presso. Este teste normalizado pela norma ASTM D 942 (CARRETEIRO; BELMIRO, 2006, p.102).

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2.4 ADITIVOS

Os aditivos lubrificantes so leos resultantes de reaes laboratoriais de origem orgnica e/ou organometlica, que so adicionados (em % de peso) aos lubrificantes slidos, lquidos e semislidos para aumentar sua capacidade e durabilidade (STACHOWIAK e BATCHELOR, 2005, p. 81).A introduo de produtos qumicos, chamados aditivos, nos leos lubrificantes e o consequente desenvolvimento tecnolgico da indstria qumica permitiram o acompanhamento, por parte dos lubrificantes, da evoluo dos requisitos para exercerem as funes de prevenir no maquinrio: corroso, ferrugem, aquecimento, vedao, entre outros (FONTENELLE, 2008, p.9).

Segundo Stachowiak e Batchelor (2005, p.82), os propsitos dos aditivos so: Melhorar a resistncia oxidao; Controlar a corroso; Melhorar a resistncia ao desgaste e atrito; Possibilitar o funcionamento a extrema presso (EP) Reduzir a perca de viscosidade dos lubrificantes a altas temperaturas. O quadro 5 apresenta a classificao dos aditivos e as propriedades fornecidas aos lubrificantes.

Descrio Comercial

Compostos Qumicos Tpicos

Principal Campo de Aplicao

Detergentes (Impedem a deposio de fuligem e borra,ou seja, resduos Polisobutenil Succinamidas, leos para Motores gerados pela combusto/ protegem as steres ou Polisteres. superfcies lubrificadas). Antioxidantes (retardam a oxidao Ditiocarbamatos,Fosfitos, do leo e por longo tempo mantm o Sulfetos, Sulfxidos,Tioteres, leo com as caractersticas originais/ Ditiofosfato de zinco. protegem o lubrificante)

Todo tipo Lubrificante

de

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Descrio Comercial

Compostos Qumicos Tpicos

Principal Campo de Aplicao

Extrema Presso (Aditivos EP reagem quimicamente com a Fsforo, Enxofre e Cloro superfcie do metal sob presso superficial muito elevada, formando um composto qumico que reduz o atrito entre as peas).

Lubrificantes de engrenagens automotivas e industriais e tambm em graxas

Aumentadores do ndice de viscosidade (reduzem a variao de Polmeros viscosidade em funo da molecular temperatura/modifica a performance do lubrificante)

de

elevado

peso Todo tipo Lubrificante

de

Polmeros: Abaixadores do ponto de fluidez Polimetacrilatos,poliacrilamidas,c Todo tipo (modifica a performance do opolmeros de vinil carboxilato- Lubrificante lubrificante) dialcoil-fumaratos.

de

cidos alquenil-succnicos e seus derivados cidos alcoil - tioacticos e seus Inibidores de Ferrugem (protegem as derivados superfcies lubrificadas) Imidazolinas substitudas Fosfatos de Aminas Antiespumantes ( Impede, mesmo em Silicones casos extremos, a formao de espuma assegurando assim a lubrificao normal e constante/ protegem o lubrificante). Copolmeros Orgnicos Todo tipo Lubrificante de

Todo tipo Lubrificante

de

Polioxoacilatos de alumnio Antimanchas (Anti-stain) Dibenzotiazol

leos de engrenagem

Protetor de velas ( Anti-foulant )

Hidrocarbonetos clorados

leos 2-T

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Descrio Comercial

Compostos Qumicos Tpicos

Principal Campo de Aplicao

Anti-rudo (Anti-chatter)

Combinao de amidas ditiofosfatos metlicos

com

Diferenciais escorregamento limitado autoblocantes

de ou

Combinao de sais de amina e azometina Ditiofosfatos de amina Nacilsacarosinas cidos graxos sulfurados. Anti-rudo (Anti-squawk) e derivados, steres Fluidos transmisses automticas para

e

Combinao de cidos graxos e cido organofosforoso. steres de dimetrizados. cidos graxos

Quadro 5 Aditivos para Lubrificantes Fonte: Adaptado de Carreteiro e Belmiro, 2006, p. 85.

2.5 LUBRIFICANTES DE GRAU ALIMENTCIO

Dentro de uma indstria alimentcia obrigatrio o uso de lubrificantes de grau alimentcio, os chamados Foods requerida. Os lubrificantes de grau alimentcio tm a oferecer, para as superfcies internas dos componentes de mquinas, as mesmas caractersticas de proteo de um lubrificante mineral : controle de atrito, de desgaste e de corroso, vedao, estabilidade de oxidao, estabilidade trmica, alm de no conter substncias txicas, sem odor, colorao e gosto e resistncia degradao, pois muitos equipamentos trabalham em ambientes de grande umidade (GEBARIN, 2009). Os lubrificantes de classificao alimentcia so de origem atxica, sem cor e/ou odor e no podem conter em sua formulao substncias carcinognicas, Grade devido segurana alimentar

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mutagnicas, teratognicas, ou qumica que provoque mal a sade do consumidor (Rajewski et al, 2000) Consequentemente, a fabricao e distribuio de graxas atxicas e txicas devem estar de acordo com normas regulamentoras de rgos fiscalizadores. No Brasil , o rgo regulamentador o DIPOA (Departamento de Inspeo de Produtos de Origem Animal), subordinado ao Ministrio da Agricultura, Pecuria e Abastecimento. Os lubrificantes aplicados no setor alimentcio esto divididos em categorias. Esta classificao basea-se na probabilidade deles entrarem em contato com os alimentos (grau de perigo alimentar). Quanto seleo de substncias que poderiam ser utilizadas na composio dos Food Grades, conforme informao de Gebarin (2009) e Rajewsli et al. (2000), foram designadas e padronizadas nos anos sessenta nos E.U.A pelo USDA (U.S. Department of Agriculture), Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. O U.S.D.A avaliou e revisou os materiais disponveis para uso na lubrificao de equipamentos de processamento alimentcio. Em quarenta anos a lista de substncias liberadas cresceu de 4 para 100 substncias qumicas, incluindo emulsificadores sintticos e uma gama extensiva de aditivos. Este fato permitiu a fabricao de lubrificantes de melhor qualidade e maiores propriedades fsico-qumicas, tornando possvel a operao do maquinrio de maneira eficaz em temperaturas mais altas e sob extrema presso, aumentando sua velocidade de beneficiamento e a capacidade produtiva. O USDA, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, criou as designaes originais dos lubrificantes de grau alimentcio: H1, H2 e H3. Estas so terminologias utilizadas no mundo inteiro (GEBARIN, 2009). Conforme Gebarin (2009) e Totten (2006), a descrio dos lubrificantes grades : H1: lubrificantes de grau alimentcio usados em ambiente de processamento de alimentos onde existe alguma possibilidade de incidental contato alimentar. As formulaes lubrificantes devem ser compostas de mais de um componente aprovado, para base, aditivo e espessante engrossador (se for graxa). Somente a mnima quantia de lubrificante exigida deve ser aplicada no equipamento. Food

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H2: lubrificantes usados em partes de equipamentos e mquinas que esto em locais onde no h nenhuma possibilidade que o lubrificante ou a face lubrificada entre em contato com os alimentos. Por no haver risco de contato com o alimento, lubrificantes de H2 no tm uma lista definida de ingredientes aceitveis. Porm, eles no podem conter metais pesados: antimnio, arsnio, cdmio, chumbo, mercrio ou selnio. Tambm, os ingredientes no devem incluir substncias que so carcinognicas, mutagnicas (radiao), teratognicas (provocam m formao do feto por anomalias causadas no tero). H3: So lubrificantes conhecidos como leo solvel ou comestvel, sendo usados para limpeza e preveno de ferrugens em ganchos, talhas, carretilhas e equipamentos semelhantes. Quanto s graxas lubrificantes de grau alimentcio, elas devem ter um agente espessante acrescido na formulao. Espessantes aprovados espessantes para fabricao de graxas incluem estearato de alumnio, complexo de alumnio, argila orgnica e poliuria. O complexo de alumnio o espessante mais comum para graxas de grau alimentcio de classe H1. Estas graxas podem resistir altas temperaturas e so tambm resistentes a gua, o que uma propriedade importante para aplicaes em processos manufatureiros de alimentos (TOTTEN, 2006). O quadro 6 descreve alguns tipos de leos base, aditivos e espessantes para lubrificantes de grau alimentcio H1, alimentos sem provocar contaminao. que podem ter contato incidental com os

Substncias que compem Lubrificantes H1 - Contato Incidental com Alimento Substncias cido fosfrico, monohexilco e C11-14 alquilaminas O cido fosfrico, steres monoisooctil e diisooctil, reagidos com terc-alquil (C12-14) aminas primrias. e Limitaes e diehixlico, Para uso somente como um adjuvante (auxiliar) lubrificante. Para uso somente como um inibidor de corroso ou preveno de ferrugem em lubrificantes em nvel no excedente 0,5% por peso do lubrificante.

steres, compostos com tetrametil nonilamina em nvel no excedente 0,5% por peso do

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Substncias que compem Lubrificantes H1 - Contato Incidental com Alimento Substncias

Limitaes

cido

Fosforotioamdicos,

trifenil

ster,

Somente uso como adjuvante (auxiliar) com propriedades de extrema presso em nvel no excedente 0,5% por peso do Lubrificante.

derivados de tercbutil

Poliuria, contendo um teor de nitrognio de 9 14% baseado no Peso de Poliuria seca, produzida pela reao de diisocianato de totileno com cidos graxos de leo (C16 e C18), amina e etilenodiamina em uma proporo molar 2:2:1 Para uso somente como adjuvante (auxiliar) em nvel percentual no excedente 10% da substncia por peso do leo mineral.

Polibuteno

Adio para alimento no excedente a 10 ppm (partes por milho). Adio para alimento no excedente a 10 ppm (partes por milho). Adio para alimento no excedente a 10 ppm (partes por milho). Para uso somente como um agente espessante (engrossador) em lubrificantes de leo mineral. Uso somente como um proteo contra ferrugem

Polibuteno hidrogenado

Polietileno

Polisobutileno

Nitrito de sdio

(anti-ferrugem) em lubrificantes de leo mineral, em nvel no excedente 3% por peso de lubrificantes de leo mineral. Para uso como um antioxidante em Lubrificantes em nvel no excedente 0,5%por peso do lubrificante. (3,5-di-tert-butyl-4- Para uso como um antioxidante em nvel no excedente 0,5% por peso do lubrificante.

Tetrakis(metileno

(3,5-di-terc-butil-4-hidroxi-

hidrocinamato) metano

Thiodiethylenebis hidroxihidrocinamato)

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Substncias que compem Lubrificantes H1 - Contato Incidental com Alimento

Substncias

Limitaes

Somente uso como lubrificante auxiliar com Tri[2(or 4)-C9--10-ramificada alquilfenil] propriedades antidesgaste e presso-extrema em nveis que no deve exceder 0,5%, em peso do lubrificante fosforotionatos

Para uso como um Trifenil fosforotionatos peso do lubrificante.

adjuvante (auxiliar)

em

lubrificantes, em nvel no excedente 0,5% por

Tris(2,4-di-tert-butilfenil) fosfito

Para uso somente como um estabilizador em nvel no excedente 0,5% por peso do lubrificante.

Thio (derivados de amino) dietileno bis (3,5 di Para uso como um antioxidante em nvel no tert butil - 4-hidroxihidrocinamato) excedente 0,5%por peso do lubrificante.

Sulfeto de Zinco

Para uso como um antioxidante em nvel no excedente 10% por peso do lubrificante.

Quadro 6 Lubrificantes atxicos H1-Grau Alimentcio Fonte: Adaptado de Handbook of Lubrication and Tribology, George Totten, 2006.

2.6 GESTO DA LUBRIFICAO INDUSTRIAL

Uma

adequada

gesto

da

lubrificao

industrial

deve

buscar

o

monitoramento e o controle dos recursos tcnicos e materiais, tais como, lubrificantes, mo de obra e dispositivos de aplicao (ferramental). A execuo da atividade de lubrificao em si, fundamentada nos planos preventivos de manuteno.

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As atividades de lubrificao devem ser planejadas e programadas, seguindo um roteiro de atividades de um plano preventivo, qual sendo realizado dentro de uma adequada gesto, vem minimizar e, at eliminar: Falhas no maquinrio por lubrificao deficiente; Perca de eficincia no funcionamento; Aquecimento do equipamento por lubrificao excessiva; Corroso, abraso e ferrugem no maquinrio por lubrificante contaminado (contaminao por gua, condensado, elementos qumicos e limalha de ferro ou qualquer material slido, alm de oxidao no lubrificante). Conforme Mobley (2008, p.999), o planejamento das atividades de lubrificao, visa aplicar a quantidade adequada do correto lubrificante no local exato e dentro do tempo apropriado. Isto se traduz em reduo de quebras (paradas de manuteno), custo de manuteno, mo de obra e reduo e custos de energia. Os planos de lubrificao representam a base da gesto da lubrificao, pois so eles que procedimentam todos os passos para uma correta execuo, alm de conter dados essenciais, como a localizao do equipamento, o tipo de ferramenta a ser utilizada, o tipo de lubrificante e muitas vezes instrues para segurana do trabalhador. Na gesto da lubrificao deve-se, primeiramente, elaborar os planos preventivos de manuteno. Estes planos preventivos devem conter corretamente a descrio de lubrificantes, quantidades, periodicidade e ferramentas adequadas para execuo, pois s atravs de uma lubrificao organizada e adequada que esta atividade trar benefcios para o maquinrio e a produo. Um fator importante para a elaborao dos planos de manuteno o amplo conhecimento dos equipamentos. Prsperos programas de lubrificao envolvem administrao e funcionrios de cho de fbrica, por isso, preciso que o grupo de pessoas esteja envolvido nesta atividade (mecnicos, lubrificadores, planejamento de manuteno e fornecedor de lubrificantes da empresa), possuam grande experincia em campo e aprofundado conhecimento do funcionamento do maquinrio a ser lubrificado, para melhor eficcia na elaborao e gerenciamento dos planos preventivos (MOBLEY, 2007).

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Segundo Viana (2002) e Mobley (2007), os planos preventivos de lubrificao devem envolver os seguintes aspectos: Identificao de equipamentos que devem ser lubrificados, bem como, a de seus pontos de aplicao do lubrificante; Identificao do lubrificante adequado em cada ponto; Identificao do mtodo de aplicao (bomba manual ou automtica, almotolia, incel, spray, entre outros.); Frequncia ou intervalo de lubrificao (periodicidade) definida; Mo de obra e quantidade de hora/homem; Condio do equipamento para execuo: se o equipamento pode ser seguramente lubrificado enquanto opera ou se deve ser desligado. As exigncias fundamentais para selecionar o lubrificante apropriado para cada tipo de atividade de lubrificao, so as caractersticas fsico-qumicas do leo base , como a viscosidade, a velocidade operacional (varivel ou fixa) do ponto de apliocao, o tipo especfico de atrito (por exemplo, deslizando ou rolando), condies ambientais para qual o lubrificante est sujeito, o tempo de relubrificao, estabilidade, oxidao, calor (ponto de gota), entre outros. Tambm importante focar no modo de aplicao dos lubrificantes e na segurana do funcionrio que a executa, pois um dos pontos de uma boa administrao, alm de propiciar bons resultados tcnicos, gerir adequadamente seus recursos humanos, diminuindo o mximo o risco de acidentes de trabalho. importante salientar que todos os planos de lubrificao, bem como, seus recursos, devem seguir uma perfeita gesto para alcanar bons resultados. Segundo Filho (2004), somente atravs de um planejamento adequado de manuteno que possvel alcanar melhores nveis de disponibilidade do equipamento e, consequentemente, do processo produtivo, sendo a disponibilidade operacional o grande indicador da excelncia da manuteno e da garantia de produtividade.

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2.6.1 A Gesto da Lubrificao na Indstria Alimentcia

Assim como todas as empresas de ramo industrial, os fabricantes de alimentos e bebidas procuram melhorar instalado, o desempenho de seu maquinrio a fim de aumentar a produtividade e reduzir tempo de manuteno,

tornando-se competitivos dentro do mercado que eles integram. Uma das formas mais eficazes para alcanar estes objetivos tambm pode representar um dos maiores focos de problemas por contaminao : a lubrificao industrial A manufatura de alimentos e bebidas requer operaes processuais como limpeza, esterilizao, aquecimento, resfriamento, cozimento, corte, empacotamento entre outros. Para a execuo destas operaes, necessita-se de mquinas e equipamentos como: bombas, misturadores, tanques, tubos, motores, balanas, eixos. Tal maquinrio contm elementos mecnicos ou rotativos que requerem fludos hidrulicos, graxas, leos lubrificantes que asseguram seu pleno funcionamento. (TOTTEN, 2006). Porm, de acordo com Kung (2003), o mesmo lubrificante que auxilia considerado um perigo de contaminao alimentar. Um perigo alimentar alguma contaminao inaceitvel por substncias de origens: biolgicas (bactrias patognicas), qumica (componentes qumicos em geral) ou agente fsico (parafusos, plstico, cabelo,etc.). Os lubrificantes se enquadram como contaminantes qumicos, por isso, em indstrias alimentcias, alm de uma adequada gesto da lubrificao, tambm devem ser utilizados os lubrificantes de grade alimentcia, os Food Grade Lubricants (TOTTEN, 2006). Dentro da indstria alimentcia utilizado um sistema de administrao denominado Anlise de Perigo e Pontos de Controle Crticos - HACCP (do ingls Hazard Analysis and Critical Control Point) , o qual monitora, audita, previne e corrige focos de contaminao alimentar, promovendo o uso de lubrificantes seguros no processo de fabricao alimentcia nas indstrias deste ramo (KUNG,2003). Segundo as normas do HACCP, todos os pontos de lubrificao so considerados pontos de controle crticos, ou reas de risco potencial. Durante a elaborao dos planos de lubrificao so levados em conta as recomendaes

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deste programa, principalmente, a escolha do lubrificante de classe alimentcia correta das mquinas e equipamentos onde podem ser aplicados (HODSON; CASSIDA, 2004) No caso da lubrificao, todos os pontos devem ser considerados como crticos, ou reas de risco potencial. O processamento de alimentos geralmente envolve mquinas e acessrios como bombas, misturadores, tanques, engrenagens, sistemas hidrulicos, cabos, tubulao, correntes e esteiras. Segundo Belmiro (2008), exemplos de mquinas e equipamentos onde se aceita a aplicao de lubrificantes de classe H 1 so: Em caixas de engrenagens operando sobre tanques de armazenamento de comidas e bebidas; Como lubrificantes de compressores arrastados na corrente de ar de alimentao de sistemas pneumticos das fbricas de produo de alimentos, bebidas e produtos farmacuticos; Graxas para as mquinas que colocam as tampas das garrafas em uma linha de enchimento; Correntes que transportam garrafas em linha de enchimento. Por outro lado a aplicao de lubrificantes H2 pode ser realizada em:

1. Fluidos em rea de armazenagem; 2. Sistemas de ar condicionado; 3. Compressores de ar; 4. reas de manuteno.

Fica evidente que a aplicao de lubrificantes H1 foca-se em maquinrio ligado diretamente manufatura dos produtos e em elementos mecnicos que se localizam dentro dos equipamentos. J os de classe H2, de composio mineral e txica (mesmo no contendo substncias carcinognicas, etc.), so utilizados em equipamentos voltados para rea de utilidades da fbrica e/ou em elementos mecnicos externos de maquinrio auxiliar, como esteiras transportadoras de produto embalado.

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A lubrificao executada dentro de uma gesto adequada (lubrificante na sua quantidade correta, no lugar certo e na hora exata), traz benefcios s indstrias. Pelo contrrio, quando mal gerenciado, o prejuzo ainda maior, pois lubrificantes (leos e graxas) contaminam o alimento, gerando prejuzo por descarte de lotes inteiros de produtos acabados e/ou danos a sade humana, caso o alimento contaminado seja emanado para o mercado.Assim, uma busca por reduo de custo se transforma em desperdcio e implicao judicial (normas de sade). Em suma, uma correta gesto de lubrificao em empresas de ramo alimentcio, onde se deve identificar o adequado lubrificante e aplicar no local correto no s necessrio, mas sim obrigatria. Acima de um excelente nvel de desempenho dos equipamentos (sem perca de energia ou falha por desgaste) e reduo nas falhas, deve-se considerar a contaminao alimentar que o lubrificante pode causar. A lubrificao neste tipo de empresa no s sinnimo de economia, mas principalmente de sobrevivncia.

2.7 SISTEMAS INFORMATIZADOS APLICADOS NA GESTO DA MANUTENO

Atualmente as atividades de manuteno esto crescendo bruscamente dentro de qualquer corporao, se tornando cada vez mais complexas. Estas atividades vem se transformando em uma ferramenta estratgica de competitividade no mercado, e no mais apenas procedimentos de conserto de mquinas e equipamentos. Esta maior complexidade ocasionou um impacto importante sobre a forma de gesto de informaes relativas a execuo dos trabalhos de manuteno, bem como, o desenvolvimento de tecnologia ideal para manter e armazenar o banco de dados destas informaes (BRAGLIA et al., 2005,p.585). Em uma empresa, a cada minuto so registradas ocorrncias, ordens de servios so lanadas, necessidades de peas e materiais, projetos gerados para execuo e, alm de tudo, controle de custo e eficincia destes recursos e aes. Estes trabalho quase impossvel de ser realizado de forma manual, sendo

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essencial o uso de um sistema de informao para auxlio da gesto da manuteno e de seus recursos.

As exigncias atuais da confiabilidade e disponibilidade so de tal ordem que se impem, aos gerentes de manuteno, responsabilidades que s podem ser executadas com ferramentas adequadas de gesto. Em conseqncia, as empresas buscam cada vez mais, Sistemas e Mtodos para auxiliar a esses gerentes em suas funes (TAVARES, 2007).

Para gerir corretamente os recursos da manuteno, preciso planejamento, monitoramento, execuo de cronograma, mo de obra, ferramenta, recursos materiais e dispor de informaes tcnicas, como desenhos mecnicos de mquinas, esquemas eltricos, entre outros (NIKOPOULOS et al., 2003). ...Cada vez mais difcil que um sistema de planejamento e controle da manuteno (PCM) trabalhe sem o auxlio de um software, diante do volume de informaes a serem processadas e recursos a serem geridos. Os controles manuais so ineficazes, acarretando atrasos e pobreza da qualidade dos dados fornecidos para a tomada de deciso gerencial (VIANA, 2002). No Brasil as aes relacionadas manuteno industrial foram geridas de forma totalmente manual at finais dos anos sessenta. A partir da dcada de setenta foram inseridos computadores no meio industrial das empresas de grande porte, o que ajudou administrao de muitas aplicaes corporativas dessas industriais inclusive a manuteno (KARDEC;NASCIF, 2009, p.79). Atualmente, os sistemas computadorizados de manuteno ou CMMSs (Computer Maintenance Management System), esto sendo cada vez mais utilizados no meio industrial, auxiliando a gesto da manuteno e sendo usados para coletar e acumular dados de forma ordenada e metdica. So teis para o processamento de imensa quantidade de dados que so gerados nos trabalhos do dia a dia da manuteno, e no clculo dos indicadores de desempenho, gerao de relatrios e informaes em tomada de deciso. Os CMMSs so de grande importncia para o correto desempenho da funo manuteno (FILHO, 2004, p. 121). Para adquirir e visualizar dados e informaes atravs de um sistema de informao deve-se, primeiramente, aliment-lo com informaes consistentes referentes s atividades de manuteno industrial. Esses sistemas tm como foco,

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a coleta, guarda e disseminao de dados gerados no ambiente operacional: eventos dirios de registro de ocorrncias, materiais utilizados nas atuaes, planejamento de atividades, entre outros; e tm sua aplicao predominantemente voltada s rotinas operacionais da manuteno e/ou as tarefas de administrao da manuteno como negcio: gesto de recursos materiais e humanos (STENGL; EMANTINGER, 2001 apud ALVES; FALSARELLA, 2009). Atualmente, os ERPSs e CMMs esto presentes na maioria das empresas e j assumiram um papel de grande importncia, que o gerenciamento das atividades de manuteno de uma forma eficiente e eficaz. Na verdade, os CMMSs permitem o tratamento das enormes quantidades de dados que j esto disponveis na organizao, os quais por dificuldades intrnsecas em sua manipulao, so pouco utilizados. Alm disso, esses dados so geralmente espalhados por toda a organizao, conduzindo inevitavelmente a alguma inconsistncia quando reunidos em informaes teis (BRAGLIA et al.,2005,p.586). A figura 2 ilustra as funcionalidades bsicas de um CMMS.

Figura 2 Funcionalidades bsicas de um CMMS. Fonte: Kardec & Nascif, p.92, 2009.

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Tavares (2007), Kardec e Nascif (2009) e Braglia et al.(2005, p.588) relatam que a utilizao de sistemas automatizados na gesto da manuteno oferece as seguintes vantagens em relao ao controle manual:

Reduz a burocracia dos executores e gestores da manuteno; Facilita a composio de tabelas e grficos (relatrios e indicadores de desempenho); Permite a elaborao de planos de manuteno para novas linhas de produo a partir do histrico de manuteno; Permite o controle de emisso e execuo dos planos preventivos, podendo serem reprogramados rapidamente caso estiverem em atraso; Facilita a obteno de dados para tomada de deciso: histrico, gastos, mo de obra, comportamento do maquinrio. Facilita a alocao de mo de obra e de recursos materiais; Fornece oramento de servios e anlises dos custos; Administra a programao de servios, mostrando claramente quais materiais, ferramentas so necessrias, bem como, a priorizao adequada dos trabalhos; Organiza e atualiza o registro do quadro de funcionrios da manuteno; Controla a emisso de ordens de servio e planos preventivos, bem como, gera relatrio dos que esto pendentes (atrasados) e/ou no executados; Controla o Backlog (acmulo de trabalho pendente) dos servios de manuteno, auxiliando tanto na priorizao dos servios e na alocao de mo de obra, como tambm na contratao e demisso de funcionrios (ociosidade).

Para o registro histrico e posterior anlise das informaes da rotina de manuteno, diversos sistemas tm sido disponibilizados no mercado ao longo do tempo, incorporando cada vez mais funcionalidades e tecnologias. Estes sistemas geram informaes de forma rpida e em tempo real, permitindo ao usurio consultar desenhos, informaes de histrico do equipamento (manutenes j executadas) e dos manutentores que j executaram o ltimo servio em determinada mquina, tudo isto, a partir de um terminal de computador (ALVES; FALSARELLA, 2009; CABRAL, 1998; KARDEC; NASCIF, 2009).

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A figura 3 apresenta a representao de um sistema de informao aplicado a manuteno industrial.

Figura 3 Representao de um sistema de informaes aplicado manuteno. Fonte: Lourival Tavares, 2007.

A caracterstica mais importante do software a capacidade para conter a informao de manuteno devidamente estruturada e em formato tecnicamente reconhecvel. Mais importante do que as habilidades da ferramenta informtica a sua forma de acumular as informaes. Estas informaes devem partir de uma engenharia de manuteno experiente, visando desenvolver sempre na ptica de enriquecer a vertente manuteno em favor da vertente software (CABRAL, 1998). Segundo Nikopoulos et al. (2003), Viana (2002), Kardec e Nascif (2009, p.78) e Braglia et al. (2005), as principais funes e finalidades de um sistema informatizado para manuteno industrial, so as seguintes: Elaborar cronograma de atividade (periodicidade); Organizar e padronizar procedimentos ligados a execuo de servios da Manuteno (roteirizaro de planos preventivos) Determinar o tempo gasto em manuteno (Backlog); Gerar servios executados e/ou a se executar;

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Auxiliar o planejamento de manuteno; Controlar os recursos humanos e materiais; Gerar relatrios para mensurar o desempenho dos procedimentos de manuteno (obteno das informaes de custos, desempenho de equipamento e da equipe, falhas dos equipamentos, entre outros). Conforme Kardec e Nascif (2009), Tavares (2007) e Viana (2002), a modernidade tende a disseminar informaes, facilitando acessibilidade dos dados contidos no sistema gerenciador de informaes, por qualquer rea dentro de uma organizao industrial. Para que esta acessibilidade acontea, deve-se escolher o sistema informatizado de maneira cuidadosa, levando em considerao os seguintes aspectos: Interface com a plataforma operacional de dados adotada pela empresa; Aptido do sistema para se interligar e funcionar uma rede de computadores; Interface de integrao com outros sistemas, sendo o ideal, um sistema ERP. O mercado disponibiliza uma variedade de softwares CMMSs, muitos destes softwares j so mdulos agregados a sistemas ERPs (Enterprise Resource Planning), os quais visam integrao das informaes da empresa em uma base unificada de dados (KARDEC;NASCIF, 2009,p. 88).Para uma melhor eficcia da manuteno nos sistemas produtivos, os meios de gesto dos recursos devem-se a um sistema ERP na forma de um mdulo personalizado de gesto da manuteno (Nikopoulos et al, 2003).

O quadro 7 apresenta alguns sistemas informatizados para gesto da manuteno, os quais esto disponveis no mercado atualmente. Vrios destes j esto integrados a um sistema ERP, unificando a gesto da manuteno s outras reas da empresa, maximizando assim os resultados.

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Origem

CMM

ERP

Nome Comercial Datasul ERP

Empresa Datasul Man-It Engecompany Engefaz Logical Soft Informtica Ltda SAM - Sistema de Automao da Manuteno Semapi Sistemas Mega Sistemas Microsiga RM Sistemas Sigma Astrein Informtica Spes Engenharia de Sistemas Invensys Avantis SSA Global Siveco Group TMA Systems DMSI Maintenance Software Inc. MRO Software (IBM) MicroMain Corporation

X X X X X X BRASIL X X X X X X X X X X OUTROS X X X X X

eManut Engeman Engefaz - Pr LS Maestro Mac Ative Mantec Mega Proteus 8 RM Corpore-Engeman Sigma SIM SMI Avantis-Pro Baan Coswin 7i Facility Asset Management Software Sol. Maintelligence V4.0 MainSmart Mximo MicroMain XM

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Origem

CMM

ERP

Nome Comercial

Empresa

X

MP2 Enterprise

DataStream Systems Inc.

X

MS2000

MicroMains Corporation

X

PeopleSoft Enterprise Maint. Management

Oracle

X X OUTROS

Proteus

Eagle Technology Inc.

Sabre 32

Rushton International

SAP - Systems Applications and X SAP - Mdulo PM Products in Data Processing (Sistemas, Aplicativos e Produtos para Processamento de Dados) X Smart Maintenance X TMA-CMMS TMA Systems Smartware Group

X

ULTIMAINT

Pearl Computer System Incorporation

Quadro 7 Softwares Disponveis no Mercado para Gesto da Manuteno Industrial Fonte: Adaptado de Kardec & Nascif, p.89, 2009.

Cabral (1998), Viana (2002) e Dhillon (2002), indicam que um apropriado sistema informatizado para gesto da manuteno aquele que supre as

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particularidades de cada ramo e/ou empresa.

Assim, necessrio manter o

equilbrio entre a necessidade por mudana e a manuteno atual do sistema j implantado. Muitos resultados negativos, quanto a erro de operao gerando informaes inconsistentes, vm de uma rpida mudana de software, levando a implantao de mais funes, maior complexidade e/ou menores recursos que o necessrio. Por estes motivos, ao escolher um sistema informatizado ou realizar mudanas naquele j implantado na empresa, deve-se analisar, alm da interface e disseminao de conhecimento, os seguintes parmetros (DHILLON, 2002), (CABRAL, 1998): O alinhamento do sistema informatizado com os objetivos da empresa; A ausncia de funcionalidades e integraes excessivas; Os objetivos essenciais da manuteno; A dedicao de pessoas em tempo integral para constituio das informaes; O foco nos programas de trabalho; A capacidade de armazenamento das informaes tcnicas do maquinrio existente. A utilizao de um sistema informatizado para gesto da manuteno permite maior rapidez na busca de informaes, acarretando em uma maior facilidade na gesto e na obteno de resultados. Um software de gesto da manuteno , antes de tudo, uma ferramenta para ajudar ao gestor da manuteno a gerir melhor as tarefas e recursos. Ele no vale por si e no substitui o homem, e sim, o liberta apenas de tarefas essenciais, pesadas e consumidoras de tempo, disponibilizando-o para se concentrar em tarefas mais inteligentes e mais produtivas (CABRAL, 1998). O objetivo final de um sistema informatizado aplicado manuteno aumentar a rentabilidade da empresa, atravs da obteno de informaes e dados mais consistentes de forma mais rpida e eficiente. Estas informaes possibilitam uma melhor anlise do desempenho dos recursos de mo de obra, maquinrio e gastos com materiais. Alm disso, permitem a tomada de deciso em prol de aumento de disponibilidade, melhora do processo, eficincia de mo de obra, reduo de custos, entre outros.

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2.8 LINGUAGEM DE PROGRAMAO VBA (VISUAL BASIC FOR APLICATIONS)

A linguagem de programao uma maneira de comunicao que se sustenta em uma forma e em uma estrutura lgica com significado interpretvel.Linguagem de Programao um conjunto finito de palavras, comandos e instrues escritos com o objetivo de orientar a realizao de uma tarefa pelo computador. Ela tem um nmero finito de funes disponveis que podem ser utilizadas como meio facilitador ao desenvolvimento do software (LAPPONI, 2003).

Linguagem de Programao pode ser usada para desenvolver uma variedade de tarefas de forma automatizada, controlando assim aspectos do sistema operacional. Por isso deve ser precisa e sem ambigidade (DARLINGTON, 2004). O VBA (Visual Basic for Application) uma linguagem de programao hospedada no ambiente Windows, principalmente subsidiada nos aplicativos Excel e Access (partes integrantes do sistema operacional Microsoft Office, ) que utilizada para o desenvolvimento de programas que possibilitam criar dados e interlig-los, unir tarefas, realizar execuo de funes matemticas complexas e automatizar tarefas rotineiras (SIMON, 2002). Visual Basic for Application (VBA) possibilita automatizao de tarefas repetitivas atravs de dados e informaes contidas em uma planilha e /ou banco de dados. uma linguagem de programao muito poderosa que oferece maior poder no detalhamento das aes e no controle das mesmas, sendo ainda capaz de gerar programas executveis dentro da plataforma MS Office (PINTO, 2005, p.10). O Excel um aplicativo do sistema operacional Windows de enorme poder e flexi