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UCAM – UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” DISTÚRBIO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO (DDA). DANIELA PEREIRA Orientadora: Profª. Narcisa Castilho De Melo RIO DE JANEIRO 2009

DISTÚRBIO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO (DDA). · especializados da internet, revistas especializadas, manuais de psicologia e psiquiatria, apostilas do curso de psicopedagogia institucional

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UCAM – UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

DISTÚRBIO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO (DDA).

DANIELA PEREIRA

Orientadora: Profª. Narcisa Castilho De Melo

RIO DE JANEIRO

2009

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UCAM – UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

CURSO DE PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL

DISTÚRBIO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO (DDA).

Trabalho de Conclusão do Curso, apresentado à Universidade Cândido Mendes como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Psicopedagogia Institucional.

DANIELA PEREIRA

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos profissionais da Educação, e aos alunos; e em especial, àqueles com DDA, que provocaram em mim o desejo do conhecimento e do aprofundamento do distúrbio.

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AGRADECIMENTOS

Dedico este trabalho aos meus familiares, em especial ao meu marido Guido, pelo apoio e dedicação a mim depositados neste tempo acadêmico a qual estou vivendo;

Aos professores do Curso de Psicopedagogia Institucional, às professoras Narcisa e Fabiane que com seus ensinamentos e sua dedicação me mostraram o valor de se questionar incansalmente;

Aos pais e professores de alunos que colaboraram com o trabalho;

E finalmente, e mais importante, a Deus, que tudo me possibilitou para a realização desse sonho tão desejado.

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... Eu vivo sempre

no mundo da lua.

Tenho alma de artista

Sou um gênio sonhador

E romântico.

Eu vivo sempre

No mundo da lua.

Porque sou aventureiro

Desde o meu primeiro passo

Ao infinito.

Eu vivo sempre

No mundo da lua.

Porque sou inteligente

Se você quer vir com a gente

Venha que será um barato...

(Lindo Balão Azul) Guilherme Arantes

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RESUMO

Podemos justificar a escolha desse tema por entendermos ser importantíssima a análise da seguinte problemática: a questão não é o que há de errado com as crianças portadoras do DDA, mas como são elas. A criança ou adulto com déficit de atenção e hiperatividade está aqui, ali, em todo lugar, fica tamborilando, batendo os pés movimentando-se, cantando, assobiando, olhando aqui e ali, coçando-se, espreguiçando, rabiscando e as pessoas acham que ela não está prestando atenção ou simplesmente sendo desobedientes. Ela se perde no tempo. As coisas acontecem todas ao mesmo tempo. Vendo televisão ela muda de canal a todo instante. Não tem capacidade de esperar na fila. Tem sempre o impulso de se movimentar, agir. Durante uma conversa "sai do ar". A chave é a distração. Gosta de correr riscos. Está na frente, tirando conclusões e inventando soluções. A forma de cognição é qualitativamente diferente da maioria das pessoas. Quando não compreendidas ou não tratadas devidamente essas crianças ou mesmo os adultos são freqüentemente derrubadas pelo sistema. Tornam-se enfraquecidas, desanimadas (escolas, empresas, etc). Fazer o diagnóstico ajuda a acalmar o barulho e a culpa. Ajudá-las a organizar-se é muito importante. É produtivo trabalhar durante períodos curtos, dividir as tarefas em partes, ajudá-las quando necessitam. Criar limites externos aos seus impulsos. Medicamentos podem ajudar, mas não solucionam o problema, embora em casos exacerbados talvez seja interessante. Mais que um punhado de sintomas, trata-se do sucesso ou fracasso de uma vida. Depois que o diagnóstico é feito, fica mais fácil se achar novas possibilidades de mudanças reais. É aí um espaço muito importante para a atuação do psicopedagogo no ambiente escolar.

Palavras-chave: Distúrbio; Déficit de Atenção; Psicopedagogo; Educação; Ensino; Aprendizagem.

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METODOLOGIA

A metodologia foi embasada em um referencial bibliográfico, cuja escolha dos

autores se deu a partir da identificação das características do DDA, da diferenciação da

inabilidade em executar tarefas de desobediência, da atuação do psicopedagogo na

escola e possíveis intervenções.

As fontes bibliográficas foram diversas, como: livros, artigos científicos, sites

especializados da internet, revistas especializadas, manuais de psicologia e psiquiatria,

apostilas do curso de psicopedagogia institucional. Os principais autores que foram

utilizados como referência para este estudo foram: Silva (2003), Goldstein e Goldstein

(1994), Goldstein (2006), Bossa (2000), Visca (1991), Rohde e Benczik (1999), Benczik

(2000), Urrutigaray (2001).

A delimitação do trabalho foi analisar o Distúrbio do Déficit de Atenção e seu

diagnóstico diferencial, através dos alunos da *Rede Pública Municipal de Ensino de

Prados-MG, para orientar pais e professores efetivamente no seu manejo.

*(atende aproximadamente 800 alunos - pré-escola de 4 anos até a 4ª Série).

Foi realizado também um trabalho de campo, cujos instrumentos de pesquisa

foram descritos abaixo e anexados posteriormente:

Para obter informações dos pais a respeito do comportamento de seus filhos, foi

lançado fragmentos de entrevistas realizadas com os mesmos; como a Anamnese

(histórico da vida da criança desde a gravidez até os dias atuais) – ANEXO II, e um

questionário elaborado para saber quais conhecimentos os pais detêm sobre o DDA -

ANEXO III.

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Para obter informações dos professores, foi lançado o Roteiro de

Psicodiagnóstico sugerido pela 34ª Superintendência Regional de Ensino - com sede

em São João Del Rei MG. (ANEXO II - Síntese e ANEXO V - Modelo) e questionário

elaborado para saber quais conhecimentos os professores detêm sobre o DDA;

(ANEXO IV).

Quanto aos profissionais do setor da Saúde (psiquiatra e psicólogos), foi aplicado

um questionário (ANEXO VI) sobre os critérios diagnósticos do DDA e o manejo

correto do distúrbio;

No que se refere à criança, foi lançado os escores obtidos em teste de

inteligência (Matrizes Progressivas Coloridas – Infantil – Raven- (ANEXO II).

Este teste avalia a área intelectual de crianças em idade de 5 até 12 anos, e as

classifica em 5 níveis (Intelectualmente deficiente; definidamente abaixo da média na

capacidade intelectual; intelectualmente médio; definidamente acima da média na

capacidade intelectual, intelectualmente superior).

O motivo para a escolha destes escores, neste trabalho, é meramente ilustrativo,

de que o aluno considerado desatento, geralmente obtém um bom resultado na esfera

intelectual (de médio à acima da média ou superior) e, no entanto, seu desempenho

escolar é considerado baixo (seja em conceitos matemáticos e/ou escrita e leitura). .

Após esta coleta de dados, partiu-se para a elaboração do texto monográfico,

com base no diagnóstico diferencial do distúrbio, visando desenvolver um repertório de

intervenções futuras para orientar pais e professores a lidarem com a criança DDA.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..............................................................................................................10

CAPÍTULO I – APROFUNDAMENTO TEÓRICO DDA ................................................14

1.1–Histórico ............................................................................................................................... 14

CAPÍTULO II - CARACTERIZANDO O DISTÚRBIO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO ..... 17

2.1 – Definindo Sintomas e Comportamentos ............................................................................. 19

2.2 – Elementos Geradores do Distúrbio ..................................................................................... 22

2.3 – Diagnóstico do Distúrbio de Atenção ................................................................................. 27

2.4 – Tratamento ........................................................................................................................... 29

CAPÍTULO III – O TRABALHO DO PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA ...................... 32

3.1 – O Psicopedagogo Junto ao Portador de DDA .................................................................... 35

CAPÍTULO IV – O PAPEL DOS ATORES NO ÂMBITO ESCOLAR ........................... 39

4.1 – O Papel do Professor ........................................................................................................... 39

4.2 – O Papel da Escola ................................................................................................................ 40

4.3 – O Papel dos Pais .................................................................................................................. 43

CAPÍTULO V – POSSÍVEIS INTERVENÇÕES DOS SUJEITOS ENVOLVIDOS COM O

DDA: ............................................................................................................................. 44

5.1 – Para o Professor ................................................................................................................... 44

5.2 – Para a Escola ........................................................................................................................ 48

5.3 – Para os Pais .......................................................................................................................... 49

CAPÍTULO VI – ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS .................................................... 52

CONCLUSÃO ............................................................................................................... 63

BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 66

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ANEXOS........................................................................................................................ 68

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - imagem da PET (Tomografia por Emissão de Positróns) de criança com e sem

TDAH............................................................................................................................................ 16

Figura 2 - Representação da situação vivenciada pela criança DDA, do diagnóstico e

tratamento..................................................................................................................................... 31.

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INTRODUÇÃO

A sigla DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção) será utilizada para representar o

grande leque de manifestações do comportamento dos portadores do distúrbio. E será

também o tema desta monografia.

O Distúrbio do Déficit de Atenção é um transtorno neurobiológico, inicialmente

vinculado a uma lesão cerebral mínima. Historicamente, pode-se observar que a partir

da década de 60, devido à dificuldade de comprovação da referida lesão, sua definição

adquiriu um caráter mais funcional, caracterizando-se como uma síndrome de conduta,

tendo como sintoma primordial a desatenção e/ou a atividade motora excessiva. A

doença nasce com o indivíduo e permanece por toda a sua vida.

No CAPÍTULO I, o histórico do DDA, na qual há uma vaga referência dos

problemas de desatenção e impaciência relatados antes de 1890, até a classificação do

distúrbio no DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) em

1994.

O DDA é um distúrbio que envolve falta de atenção, hiperatividade e

impulsividade, caracterizado por um conjunto de problemas. Esses resultam em um

desenvolvimento não adequado e causam dificuldades na vida diária. A desatenção é o

núcleo básico e a atenção o sintoma mais importante no entendimento do

comportamento.

É no ambiente escolar que a criança portadora do distúrbio, encontra frustrações

e dificuldades, ficando sujeita ao fracasso, repetência, evasão, baixo rendimento

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acadêmico e dificuldades emocionais e de relacionamento social. As características

aparecem bem cedo, logo na primeira infância. O que diferencia uma criança de outra é

a intensidade, a freqüência e a constância do comportamento.

Muitas vezes a aprendizagem não é compatível com a área intelectual, ou seja,

os alunos têm um bom escore em testes de inteligência, mas o desempenho escolar é

baixo. Há dúvidas quanto ao diagnóstico desses alunos em relação a serem

indisciplinados e opositores ou são portadores do Distúrbio do Déficit de Atenção

(DDA).

No CAPÍTULO II, serão abordadas as características do DDA, definindo seus

sintomas e comportamentos, os elementos geradores do distúrbio, o diagnóstico e o

tratamento.

A questão aqui descrita como proposta de pesquisa se justifica pelo fato de

buscar o devido aprofundamento deste conjunto de comportamentos, apresentados por

muitos alunos, que ora se manifesta como dispersão, ora oposição ou indisciplina. E em

decorrência destes comportamentos, há prejuízos no tocante ao processo de

aprendizagem.

E muitas das vezes, os pais e professores desconhecem as manifestações

destes comportamentos e não sabem lidar adequadamente podendo contribuir para o

insucesso acadêmico dos alunos em questão. (hipótese)

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No CAPÍTULO III, será abordado o trabalho do Psicopedagogo na escola e o

seu trabalho junto ao portador de DDA, destacando-se a atuação deste especialista no

universo escolar.

A relevância do presente trabalho está, principalmente, na reflexão e na análise

quanto ao diagnóstico desses alunos: será que os mesmos são apenas indisciplinados

e opositores ou são portadores do Distúrbio do Déficit de Atenção.

Diante desta reflexão, surge a questão central: será que a dificuldade de pais e

professores em diferenciar desobediência de inabilidade nos alunos com Distúrbio do

Déficit de Atenção (DDA) impossibilita o manejo correto do distúrbio? Para um

diagnóstico seguro, é preciso saber diferenciá-lo de outros problemas de aprendizagem

para melhor orientar os que convivem com a criança com DDA.

No CAPÍTULO IV, os papéis da escola, dos pais e dos professores no âmbito

escolar, visando uma maior atenção no aluno com dificuldade de aprendizagem, em

especial ao aluno com DDA.

São, portanto objetivos deste trabalho: Investigar quais as dificuldades que os

pais e professores relatam ao se depararem com o aluno considerado desobediente ou

desatento; Buscar os referenciais teóricos sobre o portador do Distúrbio do Déficit de

Atenção, a fim de obter maiores subsídios que contribuam para o seu diagnóstico;

Propor um repertório de intervenções para serem utilizados, caso haja interesse, com

os professores e pais e minimizar os conflitos vivenciados pelas crianças com DDA.

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No CAPÍTULO V, serão abordadas sugestões de possíveis intervenções para os

envolvidos com o aluno DDA: professores, para a escola, e para os pais.

E o CAPÍTULO VI, a análise dos dados obtidos no trabalho de campo realizados

com professores, pais e alunos.

Acreditando que um trabalho direcionado e em parceria com a escola e com a

família contribui, sobremaneira, para a melhoria cognitivo-afetivo-social do portador de

DDA. (questões secundárias).

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CAPÍTULO I

APROFUNDAMENTO TEÓRICO DO DDA

1.1- Histórico

Existe uma vaga referência dos problemas de desatenção, inquietação e

impaciência em grandes civilizações, antes de 1890. Como exemplo, o médico grego

Galen, prescrevia ópio para esses sintomas em crianças.

Em 1890, médicos formulavam hipóteses, após trabalhar com pessoas

com danos cerebrais e apresentando sintomas de inquietação, desatenção e

impaciência. Para eles, os indivíduos retardados possuíam uma disfunção cerebral.

Em 1902, George Frederick Still, estudou um grupo de vinte crianças,

analisando seus comportamentos problemáticos. Notou que estes resultavam de uma

inabilidade da criança para internalizar regras e limites. Passou a realizar palestras,

onde falava que as crianças tinham um defeito maior e crônico no controle moral.

Rotulou os pais dessas crianças como portadores de um defeito de controle moral. Ele

manteve-se pessimista, acreditando que essas crianças não poderiam ser ajudadas.

Reconheceu também, uma ligação hereditária no comportamento das crianças, que foi

um grande avanço, embora a comprovação demorasse algumas décadas para chegar.

Entre os anos de 1917 e 1918, após um surto de encefalite nos EUA,

numerosos estudos descreveram as crianças com “Distúrbio de comportamento Pós-

encefalite”, com prejuízos na atenção, regulação de atividade física e controle de

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impulsos. Criou-se o termo “cérebro danificado” ou “lesionado” e depois “Lesão

Cerebral Mínima” e finalmente “Disfunção Cerebral Mínima”.

Em 1937, o médico Charles Bradlley, descobriu acidentalmente uma

melhora no comportamento das crianças, após a ingestão de anfetaminas

(medicamentos estimulantes do sistema nervoso central). Foi uma descoberta contrária

à lógica, pois o efeito era o oposto ao esperado com o uso de determinada medicação.

Em 1957, Maurice Laufer levantou a hipótese de uma ligação dos

sintomas a alguma estrutura cerebral. Ele acreditava que o problema era exclusividade

do sexo masculino e desaparecia ao longo do crescimento.

No final dos anos 60, muito já se sabia sobre o problema. A comunidade

científica absolveu os pais definidamente da culpa. Novas descobertas ligaram os

problemas a certos tipos de neurotransmissores.

Em 1976, surgiu uma nova concepção. Gabriel Weiss mostrou que a

hiperatividade não era exclusiva da infância, persistindo na adolescência e fase adulta.

Entre as décadas de 70 e 80 era denominada de Síndrome Hipercinética

ou Reação Hipercinética da Infância.

A partir da década de 80 e com o resultado de diversas investigações, o

Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais – DSM-III -, da Associação

Psiquiátrica Americana, alterou o termo para “Distúrbio do Déficit de Atenção” (DDA).

Estudos mostraram evidências de uma deficiência de circulação sanguínea nos lobos

frontais e no hemisfério esquerdo, em pessoas portadoras do DDA.

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Em 1990, Zametkin confirmou os estudos anteriores, graças ao

desenvolvimento de novas tecnologias, como o PET (Tomografia por Emissão de

Positróns). Conforme imagem abaixo (Figura 1).

A imagem da esquerda ilustra áreas de atividade cerebral de uma pessoa sem TDAH e a imagem da direita de uma pessoa com TDAH. (Fonte: wikipédia-transtorno do déficit de atenção com hiperatividade; acesso em: 18 jul 2009)

Em 1994, o DSM-IV classificou o DDA em dois subtipos e em uma combinação

de ambos:

“Déficit de Atenção: DA, predominante desatento; Déficit de Atenção: DA/HI, predominante hiperativo-impulsivo; Déficit de Atenção: DA/C, em que sintomas desatentitivos e de hiperatividade/impulsividade estão presentes no mesmo grau de intensidade”. (SILVA, 2003, p. 173).

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CAPÍTULO II

CARACTERIZANDO O DISTÚRBIO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO (DDA)

Ele era uma criança levada, que não parava no lugar e não se concentrava em nada. Diziam que ele era hiperativo, mas pera aí? Como podia ser hiperativo uma criança que ao jogar videogame ou assistir um jogo do Flamengo na televisão ficava horas e horas parada sem ao menos piscar os olhos? "Mal educado!!!!" " Sem limites!!!!" "Capeta!!!!" "Disperso!!!!" "Louco!!!" eram frases que ele comumente ouvia. Ele sofria com isso, porém, sempre se considerou como os outros, pois tinha uma vida parecida com a dos seus amigos, mesmos hábitos, costumes, cultura, mas sempre fazendo as coisas muitas vezes sem pensar. Mesmo assim, ele não era somente defeitos, assim como perdia amigos facilmente, os recuperava com seu carisma e sua inteligência. Inteligência que incomodava a muitos, pois não o viam estudar muito, se empenhar e mesmo assim colher como frutos, bons resultados (...) "Mas pera aí, ele nunca pode ser um bom aluno!" "Ele só pode estar colando”. Eis então que ele cresceu, a criança hiperativa mal educada virou um jovem. Ele, agora mais velho, continuava tendo muitos amigos, saía, se divertia e jogava muito bem futebol, algo em que definitivamente se concentrava e parecia até uma pessoa "normal"; ele era o capitão de seu time da escola, exercia toda sua liderança em quadra e se orgulhava muito disso. Na sala de aula, parecia que sua liderança se tornava algo negativo, o fazia não ter forças para estudar, para prestar atenção, atrapalhava a turma, desconcentrava os professores e criava muitas inimizades. Inimizades essas que não acreditavam como ele podia obter bons resultados. E as vitimas de sua tenebrosa atitude sem limites? Ele não pode corresponder às expectativas. Ele era o capitão do time, ele era querido (...) Ele era um menino problema; em sala de aula, ele era odiado. Como sua vida não era feita só de futebol, ele foi campeão no campo, e foi derrotado fora dele; foi perseguido como um bandido sem direito a legítima defesa, afinal foi pego várias vezes em flagrante, com sua maligna hiperatividade e sua temível impulsividade. Orgulhosamente, foi lhe dado o veredicto final, como um juiz que dá uma sentença a um réu, sua reprovação em matemática foi ovacionada pelos guardiões da boa conduta e da paz escolar, e sua conseqüente saída da escola como um início de um novo ciclo de alegria, sem ele, aquele menino, que jogava bem futebol, mas somente isso. Ele chorou, perdeu seus amigos, sua escola, mas mais do que tudo isso, perdeu sua autoconfiança. Ele já estava se tornando um adulto, e por meios do destino sua mãe conheceu um médico que tratava de um tal “déficit de atenção”. Seria tão somente o 445º tipo de tratamento para curar aquele garoto-problema, algo que até o mesmo já estava praticamente convencido que era. Mandaram-lhe tomar Ritalina, um remédio ruim, que tira fome, e que lhe daria mais atenção e blá blá blá !!! Algo que ele já estava

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cansado de ouvir. Ele tomou a medicação sem crença nenhuma naquilo. E o tempo foi passando, ele vivendo sua vida, em uma nova escola, procurando seu lugar no time de futebol do colégio (...) Em 4 anos ele se tornou capitão do time. E mais, foi campeão vencendo a sua ex-escola; se formou como um dos melhores alunos da turma, passou para a faculdade que queria, tirando nota 10 na prova de matemática, a matéria que o fez passar um dos seus piores momentos ao ser reprovado. Hoje ele está na faculdade. Ele ainda tem muito o que viver, com seu jeito hiperativo, desatento, mas agora controlado, sem deixar de ser ele mesmo. Ele vai vivendo, com o intuito de um dia poder mostrar que não era um bandido, um mal educado, nem um “sem limites”; era apenas uma pessoa diferente e, como todas outras pessoas diferentes, pode e deu certo na vida. Hoje ele é feliz, tem uma namorada, estuda o que gosta, tem muitos amigos, sua família se orgulha dele e, acima de tudo, ele próprio sabe o que tem e vive feliz com a sua realidade. Ele deseja que o que ele sofreu, outras pessoas não sofram um dia. Ele? Sou eu... Beto Kestelman1

A partir do texto acima iniciemos nossas considerações sobre a questão do

Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA).

O DDA aparece bem cedo para a maioria das pessoas, logo na primeira infância.

E em geral se associa a dificuldades na escola e no relacionamento com demais

crianças, pais e professores. Os meninos tendem a ter mais sintomas de hiperatividade

e impulsividade que as meninas, mas todos são desatentos. Crianças e adolescentes

com DDA podem apresentar mais problemas de comportamento, como por exemplo,

dificuldades com regras e limites. Benczik (2000).

Em adultos, ocorrem problemas de desatenção para coisas do cotidiano e do

trabalho, bem como com a memória (são muito esquecidos). São inquietos (parece que

só relaxam dormindo), vivem mudando de uma coisa para outra e também são

impulsivos ("colocam os carros na frente dos bois"). Eles têm dificuldade em avaliar seu

próprio comportamento e quanto isto afeta os demais à sua volta. São freqüentemente

considerados “egoístas”. Eles têm uma grande freqüência de outros problemas

1 Texto intitulado “Minha Vida” retirado do site da Internet www.abda.com.br Acesso em: 20 abr. 2009.

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associados, tais como o uso de drogas e álcool, ansiedade e depressão. Rohde e

Benczik (1999).

2.1 - Definindo sintomas e comportamentos

Segundo Silva (2003) o comportamento DDA nasce do que se chama Trio de

Base Alterada. Formado por alterações da atenção, impulsividade e da velocidade da

atividade física e mental (hiperatividade).

A alteração da atenção é o fator que mais caracteriza o DDA. A criança com

esse sintoma, possui uma grande dificuldade de organização em todos os setores da

vida. Ela não consegue direcionar os esforços. Vive uma tempestade de pensamentos.

Não presta atenção a detalhes. Tem dificuldade de persistir em uma tarefa até o final.

Distrai-se facilmente com estímulos internos e externos. Tende a esquecer de coisas

cotidianas. É considerada “fogo de palha”, “lunática” e “sonhadora”. Esses sintomas

causam problemas de relacionamento, pois a falta de atenção dada às outras pessoas,

dá a impressão de que estas não são importantes. Por outro lado, a criança pode

apresentar-se hiperconcentrada em assuntos e/ou atividades que lhe desperte paixão

ou interesse.

A Impulsividade constitui um dos aspectos relevantes do distúrbio e parece

intensificar-se em situações de grupo. A criança com esse sintoma é impaciente, faz

comentários inoportunos, interrompe conversas, interfere em assuntos alheios, pega

objetos dos outros, faz palhaçada, tem dificuldade de aguardar sua vez e envolve-se

em brincadeiras perigosas. Passa a maior parte do tempo procurando aventuras. Não

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tem medo do perigo. Age primeiro, para depois pensar. Ela não consegue filtrar os

impulsos. É considerada “mal educada”, “agressiva”, “estraga prazer’ e “mᔓ.

A hiperatividade física e mental manifesta-se por meio de uma atividade corporal

e mental excessiva e desorganizada. A hiperatividade física é mais fácil de identificar. É

quando a criança mostra-se agitada, pula, sobe, desce, move-se sem parar. Mexe em

objetos, derrubando a maioria deles. Remexe na cadeira, não permanece sentada

quando deveria. Agita mãos e pés, fala demais, tem dificuldade de brincar ou ficar em

silêncio durante atividades de lazer. São consideradas “bicho carpinteiro”, “pestinha”,

“elétrica”. Já a hiperatividade mental é mais sutil, mas é tão incômoda quanto à física. É

quando a criança muda de assunto, interrompe conversa, fala muito e tem dificuldade

de dormir. Essa agitação é responsável pela falta de aptidão social.

Uma criança pode apresentar uma das características acima, ou a combinação

de duas ou três. E essas influenciam na formação de uma auto-estima cheia de

“buracos”. Para ela, tudo é muito. Muita dor, muita alegria, muita tristeza... Apresenta

ações contraditórias, contagia-se facilmente com os sentimentos alheios, tem tendência

a culpar os outros, apresenta mudanças bruscas e repentinas de humor, às vezes tem

uma caligrafia de difícil entendimento, dificuldade de orientação espacial, insegurança

pessoal, tendência a ser muito criativa e intuitiva e descreve um profundo cansaço

mental e às vezes físico. Silva (2003).

O que diferencia uma criança DDA da outra, é a intensidade, a freqüência e a

constância das características. E estas independem de problemas ambientais, sociais e

emocionais.

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Enquanto convive apenas no meio familiar, muitas vezes a criança DDA é

considerada levada, engraçadinha e imatura. É no início da vida escolar, que as

diferenças aparecem e surgem as dificuldades. E essas ocorrem com base na pouca

habilidade da criança e nas exigências impostas. Pois a criança precisa aprender a lidar

com as regras, a estrutura e os limites de uma educação organizada, em que há uma

cobrança de desempenho. Na maioria das vezes, essa criança atrai uma atenção

negativa do professor, pois seu temperamento não se ajusta muito com as expectativas

da escola. Isso desintegra a classe e se a criança for também hiperativa, o problema

pode se agravar, impedindo-a de aprender, de conquistar e manter amizades.

Geralmente ela não é escolhida pelas outras crianças para brincar, como vizinha de

carteira, parceira nas atividades e a melhor amiga. O desempenho escolar fica marcado

pela instabilidade, pois o comportamento da criança é desigual e imprevisível às

intervenções do professor. Silva (2003).

Alguns pesquisadores sugerem que a criança DDA não é tão inteligente quanto

às outras crianças. Goldstein e Goldstein acham que se deve ter cautela diante dessa

afirmação:

“Algumas crianças hiperativas vivenciam dificuldades de aprendizado em tarefas escolares; a maioria, contudo, é capaz de aprender e muitas vezes conseguem, mesmo que não prestem atenção continuamente, nem completem a lição com eficiência”. (1994, p. 120)

Para os autores, frequentemente ela é bastante inteligente, criativa e intuitiva.

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2.1 - Elementos geradores do distúrbio de atenção

Já existem inúmeros estudos em todo o mundo - inclusive no Brasil -

demonstrando que a prevalência do DDA é semelhante em diferentes regiões, o que

indica que o transtorno não é secundário a fatores culturais (as práticas de determinada

sociedade, etc.), o modo como os pais educam os filhos ou resultado de conflitos

psicológicos. Esses estudos estruturais e metabólicos, somados a estudos genéticos e

sobre a família, bem como a pesquisas sobre reação a drogas, demonstram claramente

que o DDA é um transtorno neurobiológico. Salgueiro (2004).

Pesquisas mostram diferenças significativas na estrutura e no funcionamento do

cérebro de pessoas com DDA, particularmente nas áreas do hemisfério direito do

cérebro, no córtex pré-frontal. A região frontal orbital é uma das mais desenvolvidas no

ser humano em comparação com outras espécies animais e é responsável pela inibição

do comportamento (isto é, controlar ou inibir comportamentos inadequados), pela

capacidade de prestar atenção ou pela atenção sustentada, memória, autocontrole,

organização e planejamento para o futuro. O que parece estar alterado nesta região

cerebral é o funcionamento de um sistema de substâncias químicas chamadas

neurotransmissores (principalmente dopamina e noradrenalina), que passam

informação entre as células nervosas (neurônios). Salgueiro (2004).

As neurociências têm mostrado que tais distúrbios estão associados a uma

alteração do sistema Dopaminérgico e Serotonérgico. Existem na população gens

diferentes que controlam a quantidade de produção/recaptação da dopamina e da

serotonina. Quando alguns desses gens são transmitidos para um indivíduo, mudam a

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dinâmica dos sistemas de dopamina e serotonina e acarretam o DDA, conforme aponta

Salgueiro (2004).

Entretanto, é importante frisar que o cérebro deve ser visto como um órgão cujas

partes apresentam grande interligação, fazendo com que outras áreas que possuam

conexão com a região frontal possam não estar funcionando adequadamente, levando

aos sintomas semelhantes aos de DDA. Os neurotransmissores2 que parecem estar

deficitários em quantidade ou funcionamento, em indivíduos com DDA, são

basicamente a dopamina3 e a noradrenalina4, que precisam ser estimuladas através de

medicações. Salgueiro (2004).

Algumas pessoas precisam tomar estimulantes como forma de minimizar os

sintomas de déficit de atenção, entretanto nem todas respondem positivamente ao

tratamento. É importante que seja avaliada criteriosamente a utilização de

medicamentos em função dos efeitos colaterais que os mesmos possuem. Em alguns

casos, não apresentam nenhuma melhora significativa, não se justificando o uso dos

mesmos. A duração da administração de um medicamento também é decorrente das

respostas dadas ao uso e de cada caso em si. Goldstein e Goldstein (1994).

Segundo Benczik (2000), as pesquisas têm apresentado como possíveis causas

de DDA a hereditariedade, problemas durante a gravidez ou no parto, exposição a

2 São substâncias químicas produzidas pelos neurônios, as células nervosas. Por meio delas, podem enviar informações a outras células. Podem também estimular a continuidade de um impulso ou efetuar a reação final no órgão ou músculo alvo. Fonte: www.wikepedia.com.br Acesso em: 17 mai. 2009. 3 É um neurotransmissor, precursor natural da adrenalina e da noradrenalina. Tem como função a atividade estimulante do sistema nervoso central. A dopamina também está associada ao Mal de Parkinson (escassez na via dopaminérgica nigro-estriatal) e à Esquizofrenia (desbalanceamento com excesso na via dopaminérgica mesolímbica e escassez na via mesocortical). Fonte: www.wikepedia.com.br Acesso em: 17 mai. 2009. 4 Também chamada de Noraepinefrina é sintetizada nas fibras nervosas, enquanto a Adrenalina é produzida na glândula supra renal (localizada acima dos rins). Fonte: www.wikepedia.com.br Acesso em: 17 mai. 2009.

24

determinadas substâncias (chumbo) ou problemas familiares como: um funcionamento

familiar caótico, alto grau de discórdia conjugal, baixa instrução, famílias com baixo

nível socio-econômico, ou famílias com apenas um dos pais. Famílias caracterizadas

por alto grau de agressividade nas interações, podem contribuir para o aparecimento de

comportamento agressivo ou de oposição desafiante nas crianças.

Segundo Benczik (2000), existem causas que foram investigadas para estas

alterações nos neurotransmissores da região frontal e suas conexões, a saber:

a) Hereditariedade

Os genes parecem ser responsáveis não pelo transtorno em si, mas por uma

predisposição ao DDA. A participação de genes foi suspeitada, inicialmente, a partir de

observações de que nas famílias de portadores de DDA a presença de parentes

também afetados com DDA era mais freqüente do que nas famílias que não tinham

crianças com DDA. A prevalência da doença entre os parentes das crianças afetadas é

cerca de 2 a 10 vezes mais do que na população em geral (isto é chamado de

recorrência familial).

Porém, como em qualquer transtorno do comportamento, a maior ocorrência

dentro da família pode ser devido a influências ambientais, como se a criança

aprendesse a se comportar de um modo "desatento" ou "hiperativo" simplesmente por

ver seus pais se comportando desta maneira, o que excluiria o papel de genes. É

preciso, então, comprovar se a recorrência familial é de fato devida a uma

predisposição genética, e não somente ao ambiente.

25

Outros tipos de estudos genéticos são fundamentais para se ter certeza da

participação de genes: os estudos com gêmeos e com adotados. Nos estudos com

adotados comparam-se pais biológicos e pais adotivos de crianças afetadas,

verificando se há diferença na presença do DDA entre os dois grupos de pais.

Os estudos com gêmeos comparam gêmeos univitelinos e gêmeos fraternos

(bivitelinos), quanto a diferentes aspectos do DDA (presença ou não, tipo, gravidade

etc.). Sabendo-se que os gêmeos univitelinos têm 100% de semelhança genética, ao

contrário dos fraternos (50% de semelhança genética), se os univitelinos se parecem

mais nos sintomas de DDA do que os fraternos, a única explicação é a participação de

componentes genéticos (os pais são iguais, o ambiente é o mesmo, a dieta, etc.).

Quanto mais parecidos, ou seja, quanto mais concordam em relação àquelas

características, maior é a influência genética para a doença. A realização de estudos de

gêmeos com DDA mostra que os univitelinos são muito mais parecidos (também se diz

"concordantes") do que os fraternos, chegando a ter 70% de concordância, o que

evidencia uma importante participação de genes na origem do DDA.

A partir dos dados destes estudos, o próximo passo na pesquisa genética do

DDA foi começar a procurar que genes poderiam ser estes. É importante salientar que

no DDA, como na maioria dos transtornos do comportamento, em geral multifatoriais,

nunca devemos falar em determinação genética, mas sim em predisposição ou

influência genética. O que acontece nestes transtornos é que a predisposição genética

envolve vários genes, e não um único gene (como é a regra para várias de nossas

características físicas, também).

26

Provavelmente não existe, ou não se acredita que exista, um único "gene do DDA”.

Além disto, genes podem ter diferentes níveis de atividade, alguns podem estar agindo

em alguns pacientes de um modo diferente que em outros; eles interagem entre si,

somando-se ainda as influências ambientais. Também existe maior incidência de

depressão, transtorno bipolar (antigamente denominado Psicose Maníaco-Depressiva)

e abuso de álcool e drogas nos familiares de portadores de DDA.

b) Substâncias ingeridas na gravidez:

Tem-se observado que a nicotina e o álcool quando ingeridos durante a gravidez

podem causar alterações em algumas partes do cérebro do bebê, incluindo-se aí a

região frontal orbital. Pesquisas indicam que mães alcoólatras têm mais chance de

terem filhos com problemas de hiperatividade e desatenção. É importante lembrar que

muitos destes estudos somente nos mostram uma associação entre estes fatores, mas

não mostram uma relação de causa e efeito.

c) Sofrimento fetal:

Alguns estudos mostram que mulheres que tiveram problemas no parto que

acabaram causando sofrimento fetal tinham mais chance de terem filhos com DDA. A

relação de causa não é clara. Talvez mães com DDA sejam mais descuidadas e assim

possam estar mais predispostas a problemas na gravidez e no parto. Ou seja, a carga

genética que ela própria tem (e que passa ao filho) é que estaria influenciando a maior

presença de problemas no parto.

d) Exposição a chumbo:

27

Crianças pequenas que sofreram intoxicação por chumbo podem apresentar

sintomas semelhantes aos do DDA. Entretanto, não há nenhuma necessidade de se

realizar qualquer exame de sangue para medir o chumbo numa criança com DDA, já

que isto é raro e pode ser facilmente identificado pela história clínica.

e) Problemas Familiares:

Algumas teorias sugeriam que problemas familiares (alto grau de discórdia conjugal,

baixa instrução da mãe, famílias com apenas um dos pais, funcionamento familiar

caótico e famílias com nível socioeconômico mais baixo) poderiam ser a causa do DDA

nas crianças. Estudos recentes têm refutado esta idéia. As dificuldades familiares

podem ser mais uma conseqüência do que causa do DDA (na criança e mesmo nos

pais). Problemas familiares podem agravar um quadro de DDA, mas não causá-lo.

Para Goldstein e Goldstein (1994) Alguns fatores podem propiciar o

aparecimento do DDA quando em condições favoráveis, por isso as causas do DDA

são de uma vulnerabilidade herdada ao transtorno que vai se manifestar de acordo com

a presença de desencadeadores ambientais.

2.3 - Diagnóstico do Distúrbio de Atenção

O diagnóstico de DDA é fundamentalmente clínico, podendo ser feito por

profissional que conheça profundamente o transtorno.

Até o momento, não existe um teste ou um exame específico, que diagnostique o

DDA. Silva (2003).

28

Para que o profissional tenha condições de realizá-lo corretamente é preciso ter

conhecimento teórico, experiência, técnica e sensibilidade. Isso se deve pela

complicação e dificuldade de diferenciação do DDA com outros problemas físicos,

psicológicos, neurológicos ou até a normalidade, onde comportamentos semelhantes

confundem-se com o DDA. Alguns exemplos desses comportamentos: problemas de

aprendizagem, eplepsia, transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), problemas com

drogas, fatores culturais, ansiedade, distúrbios de conduta e outros. Por esse motivo é

recomendado que o diagnóstico seja feito por uma equipe multidisciplinar composta por

psicólogos, pedagogos e médicos. Silva (2003).

O diagnóstico de DDA pede uma avaliação ampla. Não se pode deixar de

considerar e avaliar outras causas para o problema, assim, é preciso estar atentos à

presença de distúrbios concomitantes (comorbidades). O aspecto mais importante do

processo de diagnóstico é um cuidadoso histórico clínico e desenvolvimental. A

avaliação do DDA inclui, freqüentemente, um levantamento do funcionamento

intelectual, acadêmico, social e emocional. Rohde e Benczik (1999).

Segundo Goldstein e Goldstein (1994), uma avaliação minuciosa, inclui

informação sobre o histórico do desenvolvimento, da personalidade, do relacionamento

com amigos, do comportamento em casa e na escola, do desempenho escolar e da

condição clínica da criança.

No DSM-IV, existe uma tabela com o critério diagnóstico, onde são listados

sintomas e sinais que ajudam à comunidade médica. (ANEXO I).

29

Embora o DSM-IV cite três tipos de DDA: Tipo Predominantemente Desatento,

Tipo Predominantemente Hiperativo-Impulsivo e Tipo Combinado, alguns autores

sugerem que na parte clínica outros tipos se manifestam e que é necessário que o

especialista, esteja atento a estes tipos de combinação entre o DDA e outras

condições, para a realização correta do diagnóstico. Pois devido à complexidade, o

diagnóstico pode se tornar traiçoeiro, principalmente para profissionais menos

experientes.

E uma vez diagnosticado, o tratamento baseia-se em acompanhamento

psicológico e/ou psicopedagógico, orientação de pais, medicação se necessário, e

Somente um médico (preferencialmente psiquiatra) ou psicólogo especializado, podem

confirmar a suspeita de outros profissionais de áreas afins, como fonoaudiólogos,

educadores ou psicopedagogos, que devem encaminhar a criança para o devido

Tratamento. Goldstein e Goldstein (1994).

2.4 – Tratamento

O tratamento para crianças DDA, deve-se iniciar o mais cedo possível, para

diminuir as conseqüências do distúrbio e para o desenvolvimento de intervenções que

ajudem a criança a ser bem sucedida.

De acordo com Goldstein (2006), um programa eficaz de tratamento, deve incluir:

informação/conhecimento, apoio técnico, medicamentos e psicoterapia.

Informação/conhecimento: é necessário que a criança DDA e todos que estejam

à sua volta, se informem e compreendam o máximo sobre a condição, as dificuldades e

os problemas.

30

Apoio técnico: são as intervenções para ajudar a criança a aprender um

comportamento mais adequado, que facilitará sua vida. Ela poderá ser auxiliada por

pessoas próximas e profissionais da área médica.

Medicamentos: são comuns e eficazes para o distúrbio. O médico deve contar

com a participação do paciente e dos pais, para definir qual usar: estimulantes,

antidepressivos e acessórios. Parece contraditório receitar estimulantes às crianças

DDA. Estudos mostram que eles produzem aumentos na concentração e diminuem a

hiperatividade e impulsividade. Os antidepressivos possuem efeitos semelhantes aos

estimulantes, sendo mais indicados quando existe depressão e ansiedade. As

medicações acessórias são substâncias que podem ser usadas, para amenizar os

efeitos colaterais da medicação principal. Mais de 80% dos portadores de DDA

beneficiam-se com o uso de medicamento .Em alguns casos, não apresentam

nenhuma melhora significativa, não se justificando o uso dos mesmos.

Psicoterapia: o terapeuta orienta a criança, ajudando-a a compreender o

problema, a reformular conceitos, a mudar comportamentos e formas de agir e a

redirecionar pensamentos. Ele pode e deve orientar os pais, a família, a escola, os

professores e os colegas da criança. Esta combinação de tratamentos oferecidos por

diversas fontes é denominada de intervenção multidisciplinar. Um tratamento com esse

tipo de abordagem inclui: treinamento dos pais quanto à verdadeira natureza do DDA e

em desenvolvimento de estratégias de controle efetivo do comportamento; um

programa pedagógico adequado; aconselhamento individual e familiar, quando

necessário, para evitar o aumento de conflitos na família; uso de medicação, quando

necessário.

31

Figura 2 – Representação da situação vivenciada pela criança DDA, do diagnóstico e

tratamento.

Fonte: www.novaescola.com.br Acesso em: 04 mai. 2009.

32

CAPÍTULO III

O TRABALHO DO PSICOPEDAGOGO NA ESCOLA

Segundo Bossa (2000), A Psicopedagogia pode oferecer aos professores alguns

pontos de reflexão sobre as dificuldades dessas crianças e integrar diversos

conhecimentos em áreas multidisciplinares que envolvem “o aprender e o não-

aprender”; como: as concepções psicológicas (tais como as teorias operatórias da

personalidade, psicologia do desenvolvimento, psicologia da cognição, psicologia da

motivação), a Pedagogia, a Neurologia, Fonoaudiologia, entre outras; e também no que

diz respeito ao que se deve ensinar e como ensinar. É preciso diagnosticar tanto as

dificuldades quanto as habilidades dos alunos; e propor atividades tanto para evitar

fracassos, através de aquisições que forneçam capacitação, quanto para solucionar

problemas que surgem na prática cotidiana, sem que o indivíduo tenha de se tornar

cristalizado na sua formatação.

A intervenção psicopedagógica pode ser preventiva, terapêutica, e de inclusão

escolar. Bossa (2000).

A referida autora cita que a Psicopedagogia surgiu da necessidade de

atendimento às crianças com dificuldades de aprendizagem. Sendo que este problema

apresentado por algumas crianças, tornavam-nas inaptas dentro do sistema

convencional de educação e eram vistos como uma situação desencadeadora de

outros problemas, inclusive o fracasso e a evasão escolar.

33

Uma vez estabelecido que a Psicopedagogia surgiu devido à necessidade de

atender crianças com dificuldades de aprendizagem, consegue-se firmar o seu principal

enfoque, ou seja, algo que se traduz em ser o seu objeto de estudo.

De acordo com Bossa (2000), o objeto de estudo da Psicopedagogia é o próprio

processo de aprendizagem e seu desenvolvimento normal e patológico em contexto.

Sejam estes relacionados com a realidade interna ou com a realidade externa, sem

deixar de lado os aspectos cognitivos, afetivos e sociais que mesmo de forma implícita,

estão inseridos em tal processo do trabalho com as questões de aprendizagem.

A autora propõe que o objeto de estudo deve ser entendido a partir de dois

enfoques: o enfoque de caráter preventivo, que corresponde ao ser humano em

desenvolvimento e as alterações desse processo, podendo esclarecer sobre as

características das diferentes etapas do desenvolvimento; e o enfoque de caráter

terapêutico, que é a identificação, análise e a elaboração de uma metodologia de

diagnóstico e tratamento das dificuldades de aprendizagem. Pela qual o aprender

significa a integração entre o conhecer, o fazer, o conviver e o ser.

Os obstáculos a serem superados são de ordem pessoal, de ordem teórico-

metodológica e do investimento de recursos na área da educação, que visem à

qualidade dos processos a serem desenvolvidos.

Considerando a escola responsável por parcela significativa da formação do ser

humano, o trabalho psicopedagógico na instituição escolar, que podemos chamar de

psicopedagogia preventiva, cumpre a importante função de socializar os

conhecimentos disponíveis, promover o desenvolvimento cognitivo e a construção de

normas de conduta inseridas num mais amplo projeto social, procurando afastar,

34

contrabalançar a necessidade de repressão. Assim, a escola, como mediadora no

processo de socialização, vem a ser produto da sociedade em que o indivíduo vive e

participa. Nela, o professor não apenas ensina, mas também aprende. Aprende

conteúdos, aprende a ensinar, a dialogar e liderar; aprende a ser cada vez mais um

cidadão do mundo, coerente com sua época e seu papel de ensinante, que é também

aprendente. O psicopedagogo atua nos processos educativos com o objetivo de

diminuir a freqüência dos problemas de aprendizagem. Seu trabalho incide nas

questões didático-metodológicas, bem como na formação e orientação de professores,

além de fazer aconselhamento aos pais. Bossa (2000).

Na intervenção terapêutica, o objetivo é diminuir e tratar problemas de

aprendizagem já instalados. Para tanto, cria-se um plano diagnóstico da realidade

institucional e elabora-se planos de intervenção baseados nesse diagnóstico, a partir do

qual procura-se avaliar os currículos com os professores, para que não se repitam tais

transtornos. É levar a criança a reintegrar-se à vida escolar normal, segundo suas

potencialidades e interesses. Isso é também o caráter de inclusão escolar, pois

fornece ao aluno a oportunidade de ser visto como um todo, levando-se em

consideração o seu meio e suas relações. Porém sem perder de vista o ser humano

com sua individualidade, capacidade e ambiente no qual está inserido, ou seja, um

olhar amplo, imparcial e sem preconceito, uma escuta atenta que vai além das

evidências, geralmente já observadas pela família e pela escola. Bossa (2000).

O diagnóstico psicopedagógico na escola não pode estar centrado somente nas

questões individuais do aluno. Há necessidade de que a elaboração crítica e sistêmica

do diagnóstico seja direcionada também para a investigação das relações institucionais,

35

tanto da família quanto da escola. Contudo, para eliminar os transtornos já instalados, é

necessário um procedimento clínico com todas as implicações. Bossa (2000).

3.1 – O Psicopedagogo junto ao portador de DDA

Segundo Visca (1991), o acompanhamento psicopedagógico, no caso específico

do aluno portador de DDA, tem como objetivo ajudar na compreensão do seu processo

da aprendizagem, como esse se desenvolve e de que forma o indivíduo se relaciona

com o aprender; nos aspectos cognitivos, afetivos e sociais. Quando são identificadas

dificuldades, relacionadas com o fracasso escolar, por exemplo, neste processo, a

Psicopedagogia busca as suas origens, os possíveis distúrbios; as habilidades e as

limitações do ser que aprende.

Cabe um destaque para a questão do fracasso escolar que, em muitos casos, é

atribuído a DDA. O fracasso escolar, de acordo com Celma (2000, p. 77) passou a ser

considerado:

[...] “patologia no final do século XIX, à medida que foi instaurada a escolaridade obrigatória e a sociedade sofria mudanças radicais rumo à modernidade. Estas mudanças passaram a cobrar novos valores do desenvolvimento do humano, entre os quais o êxito social passando pelo desempenho escolar. A dificuldade de inserção social dos sujeitos que não cumprem estes novos paradigmas da modernidade fica comprometida, sendo, quase sempre, excluídos ou desvalorizados”.

Contudo, como dito anteriormente, para se eliminar os problemas já existentes,

necessita-se de um procedimento clínico com todas as implicações do atendimento

individual. Bossa (2000).

36

A avaliação psicológica é iniciada a partir da primeira entrevista com os pais,

quando é conhecido o motivo da consulta, o desenvolvimento da criança e o histórico

familiar.

“As sessões são realizadas individualmente com a criança ou adolescente. Diante das necessidades são realizados testes e atividades específicas para avaliar o desenvolvimento cognitivo, psicomotor e emocional da criança. As atividades são voltadas para área da escrita, leitura, raciocínio matemático, motricidade, desenho e o lúdico (jogos com regras), assim como a análise do material escolar. Diante da avaliação, o acompanhamento poderá ser de uma ou duas vezes por semana”. (VISCA, 1991, p. 76)

Ainda segundo Visca (1991) a avaliação psicológica tem um papel importante no

diagnóstico de uma criança ou adolescente com DDA. Elas apresentam dificuldades

para manter a sua atenção de forma continuada enquanto realizam uma atividade,

mesmo quando há interesse, se dispersam facilmente e desviam sua atenção para um

outro estímulo.

Quando há hiperatividade, por exemplo, o indivíduo parece incansável, mexe-se

constantemente, mais do que necessário quando executa uma atividade; mesmo

sentado, parece impaciente, manuseia objetos, balança pernas, entre outros sintomas.

Nota-se também, certa ansiedade para falar, costuma interromper conversas,

brincadeiras e fala sem parar. Topczewski (1999).

Os problemas de atenção, concentração, organização, hiperatividade, e

impulsividade afetam o rendimento escolar e, conseqüentemente, a auto-estima da

criança. Um diagnóstico realizado o quanto antes, pode evitar sintomas que são

associados a este transtorno. O acompanhamento visa criar condições para que o

37

paciente retenha a sua atenção e concentração durante suas atividades, assim como

estímulo para organizar-se. Geralmente, este acompanhamento se faz de maneira

lúdica. No lúdico, observam-se limites, interação com o meio, raciocínio matemático,

modos de escrita entre outros. Topczewski (1999).

Quando os pais chegam até a clínica psicológica, geralmente trazem no histórico

da criança vários professores particulares, mudanças de escola, dificuldades de

relacionamento e inclusive, um desgaste familiar. Nas queixas as crianças são vistas

como agitadas, desorganizadas, perdem objetos, materiais escolares, esquecem

compromissos, têm dificuldades para concluir atividades que iniciam e em algumas

situações, mostram-se inconvenientes diante do grupo em que se encontram. Mas ao

mesmo tempo, são crianças inteligentes e muito afetuosas. Rohde e Benczik (1999).

É necessário, que os pais passem a conhecer programas de treinamento para

pais de crianças com DDA, que freqüentemente começam com ampla divulgação de

informação; como: Aprender o que é DDA; compreender que, para poder controlar em

casa o comportamento resultante do DDA, é preciso ter um conhecimento correto do

distúrbio e suas complicações; Incapacidade de compreensão versus rebeldia - Os pais

devem desenvolver a capacidade de distinguir entre problemas que resultam de

incapacidade e problemas que resultam de recusa ativa em obedecer ordens. Os

primeiros devem ser tratados através da educação e desenvolvimento de habilidades.

Os outros são resolvidos de maneira satisfatória através de manipulação das

conseqüências. Rohde e Benczik (1999).

Segundo estes autores acima, é importante que haja equilíbrio na postura dos

pais diante dos limites, regras e reconhecimento dos aspectos positivos que a criança

38

apresenta. O auxílio nas atividades, na organização dos afazeres e pertences também

contribui para que a criança sinta segurança e confiança perante a família.

Quanto à escola, o psicopedagogo atua junto aos coordenadores e professores

levantando aspectos que devem ser considerados, como a metodologia proposta pela

escola, com o objetivo de levantar dados na rotina escolar do aluno; como seu

rendimento nas disciplinas, organização, interesse, comportamento em sala de aula e

em outras atividades em que participa, e também, o seu relacionamento com colegas e

professores. Mas, é fundamental verificar a disponibilidade da escola em auxiliar o

aluno com o DDA no processo da aprendizagem, já que o psicopedagogo poderá

orientar o professor na sua atuação em sala de aula. Bossa (2000).

Com frequência os professores encontram em suas turmas crianças agitadas,

hiperativas, que não conseguem manter a atenção focalizada nas atividades escolares.

Esse comportamento também distrai a atenção dos demais alunos da classe, causando

dificuldades para sua aprendizagem e para o desenvolvimento do trabalho do

professor.

No desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, todas as ações

pedagógicas que promovam a integração dos alunos em um grupo bem constituído,

voltado para o objetivo comum de aprender, todas essas práticas pedagógicas que

beneficiam o grupo como um todo, também beneficiam especialmente as crianças com

dificuldades importantes, porque um grupo bem constituído coloca limites mais claros a

aquilo que os seus membros podem ou não fazer. Bossa (2000).

39

CAPÍTULO IV

O PAPEL DOS ATORES NO ÂMBITO ESCOLAR

4.1 – O Papel do Professor

Conhecimento e atitude são fatores importantíssimos no perfil do professor de

alunos DDA.

Na maioria das vezes, este profissional tem uma visão distorcida sobre o

distúrbio. Poucos professores têm o conhecimento, que é o primeiro passo no processo

educacional. Com as novas descobertas da ciência sobre o assunto, torna-se

imprescindível a reciclagem profissional constante. Outros pontos relevantes são: o

intercâmbio com os colegas para a troca de experiências, o contato com profissionais

da área médica e um diálogo constante com os pais.

Segundo Benczik (2000) o professor deve ser compreensivo, amigo, solícito,

democrático, otimista e empático. Deve dar respostas rápidas e seguras para o

comportamento inadequado do aluno. Ser bem organizado e saber administrar bem o

tempo. Ser flexível e descobrir meios de auxiliar o aluno DDA a se adaptar ao mundo.

O professor desempenha um papel crítico na experiência escolar. As

intervenções são extremamente importantes, pois minimizam o impacto negativo do

temperamento da criança.

A figura do professor é fundamental nesse processo de ensino-aprendizagem,

pois é ele quem escolhe os recursos que serão usados em aula, quem dá o ritmo do

trabalho, olha para cada criança, fazendo-a sentir-se importante, reconhecida nos seus

40

esforços, aceita na sua participação no grupo. Isso é importante para cada criança,

muito mais para aquelas que têm dificuldades para aprender, para prestar atenção e/ou

para comportar-se adequadamente. Benczik (2000).

4.2 – O Papel da Escola

Segundo Urrutigaray (2001), A dimensão instituída pela escola, dentro do marco

social-histórico-cultural, ainda representa um dado de grande relevância na formação

de indivíduos para a sociedade humana. Pois trata-se de uma maneira

institucionalizada do processo educativo, na quais as mudanças comportamentais se

processam seguindo normas, regras e ordenações.

E sendo uma instituição cuja atividade é complexa, permeia critérios, como os de

base científica, onde estão incluídas noções explicativas (como teorias pedagógicas e

psicológicas), noções projetivas (como planejamentos político-pedagógicos) e noções

práticas (como a realização propriamente dita dos planejamentos e sua conseqüente

avaliação).

Outro critério é a análise dos processos de mudança comportamental

apresentada pelos alunos (como sua natureza, característica, facilitação e

impedimentos) são os fenômenos ou os objetos de estudo a serem focalizados, para a

elaboração de procedimentos, que se transformem em duradouros e significativos para

a vida do aluno.

Atualmente a escola tem se voltado para o seu foco principal: o aluno. De como

este aprende, o que aprende e porque aprende, ou porque não aprende. Urrutigaray

(2001).

41

Há um século atrás, no sistema educacional, existia um método usual para lidar

com crianças que apresentavam dificuldades de temperamento. O professor batia na

criança com uma régua. Se esta quebrasse antes que a criança implorasse para parar,

a escola “sugeria” que a criança não voltasse mais. Assim, resolvia-se o problema

escolar e não o da criança. (Goldstein e Gosdstein 1994).

Mas, ainda há heranças desta época, pois muitos ainda entendem que aquele

aluno que permanece assentado e presta atenção o tempo todo às aulas, consegue

alcançar os objetivos, é mais valorizado pela escola.

O número excessivo de pessoas que não consegue aprender, em todas as

camadas sociais, faz com que repensemos o conceito de distúrbios de aprendizagem.

As famílias apresentam relatos de pessoas normalmente desenvolvidas em outras

esferas e dimensões da vida, mas que não aprendem quando colocadas em situação

normal de escolaridade. Sobre isso, diz Barone (1987, p. 17-18):

[...] “constata-se que um grande número de crianças que procuram à escola estão impedidas de lograr sucesso. Quase não aproveitam à experiência vivida e acumulam, ao longo dos anos, lacunas e defasagens que, aos poucos, as afastam totalmente da vida escolar ou, quando não, terminam a escolaridade de forma precária e com grande atraso. Este fato, além de ser penoso para o indivíduo, reveste-se, também, em prejuízo para a sociedade, considerando a ocupação mais demorada de vagas que poderiam ser ocupadas por novos alunos. Além disso, reflete-se diretamente na competência do profissional que tem acesso ao mundo do trabalho, gerando desempenho de baixa qualidade e estimulação ao subemprego”.

Nota-se que muito do que acontece em sala de aula, ou mesmo do que acaba

não acontecendo, é fruto da interferência de circunstâncias que podem ser explicadas

em termos de personalidade, estágios de desenvolvimento e problemas psicossociais

42

dos alunos que constituem a classe. De acordo com Fabre (2001, p. 67), essas

circunstâncias que estão influenciando agora podem ser “frutos da constituição genética

da criança, podem ter surgido durante o período de gestação, ou até mesmo após o

nascimento, fruto do meio onde esta criança se encontra”.

Não existem em sala de aula alunos iguais. Cada participante encontra-se num

estágio de desenvolvimento, trazendo sua experiência peculiar de vida. Cada um se

encontra num determinado ponto do caminho da própria maturação.

Devido a certas capacidades, experiências passadas e motivações, algumas

crianças estão preparadas para as tarefas do dia-a-dia, outras não; estão presentes

fisicamente, mas não estão prontas para determinadas tarefas.

E estas crianças que não estão preparadas para as tarefas sistemáticas das

quais exige a escola, ficam muitas vezes à margem de desenvolverem suas

potencialidades, pois muitos ainda desacreditam que são capazes de aprender. Barone

(1987).

Esta visão equivocada contribui para que a criança com DDA seja candidata a

inúmeros problemas, já que muitas vezes é incapaz de satisfazer às exigências da

escola.

Cabe a escola interar-se do assunto para que a criança possa se adaptar. Ela

deve procurar meios eficazes e estar preparada para lidar com alunos DDA e outras

dificuldades apresentadas. Pois é quando chegam à escola, que os problemas e

diferenças se destacam. Urrutigaray (2001).

43

4.3 – O Papel dos Pais

Segundo Goldstein (2006), os pais precisam observar seus filhos e procurar

ajuda o mais cedo possível. Muitas vezes o problema tende a se agravar devido à falta

de conhecimento, resistência à aceitação do distúrbio e deduções equivocadas.

Os pais devem entender que não são responsáveis por provocar o distúrbio, mas

o comportamento inadequado pode determinar o aumento no número de problemas do

filho (a) em casa, na escola ou com amigos.

Serem extremamente severos ou muito tolerantes trará frustrações e impotência.

Eles devem ser pacientes, resistentes e apoiadores.

Eles devem aprender a ver o mundo através dos olhos do (a) filho (a), para evitar

um desgaste emocional. É preciso também procurar ajuda com profissionais da área

médica e pedagógica; possuir uma compreensão realista dos tratamentos médicos e

não médicos adequados, e que não existe cura, porém, pais e educadores, podem

encontrar formas para ajudá-los a serem bem sucedidos.

É aconselhável que os pais não se prendam demasiadamente ao problema da

hiperatividade da criança, faz-se necessário um descanso, ocupando-se em outras

atividades prazerosas a fim de amenizar o desgaste emocional que é uma constante na

vida familiar, como também, incentivar a criança a participar de projetos de seu

interesse contribuindo assim, com uma melhoria na concentração.

44

CAPÍTULO V

POSSÍVEIS INTERVENÇÕES DOS SUJEITOS ENVOLVIDOS COM O DDA:

5.1 – Para o Professor

Segundo Goldstein (2006), algumas intervenções para o professor:

• Utilizar vários recursos didáticos até descobrir o estilo de aprendizagem

da criança.

• Estimular o seu interesse para aprender.

• Envolvê-la e motivá-la para o processo de aprendizagem.

• Apresentar tarefas em pequenas quantidades para não assustar e

desanimar a criança.

• Dar o conteúdo passo-a-passo, verificando se houve aprendizagem a

cada etapa.

• Alternar atividades de alto e baixo interesses durante a aula.

• Evitar tarefas repetitivas próximas umas das outras.

• Enfatizar mais a qualidade (compreensão de um conceito) do que a

quantidade (resolução de 20 problemas).

• Monitorar as tarefas marcando tempo, isso ajuda a criança a se

programar e se orientar dentro de um prazo preestabelecido.

• Usar recursos especiais como: gizes de cores diferentes, gravador,

slides, retroprojetor, etc.

45

• Desenvolver atividades físicas para a turma toda, como: alongamento,

relaxamento e outros.

• Desenvolver métodos variados utilizando apelos sensoriais diferentes

(som, visão, tato).

• Dar atividades compatíveis com o nível de capacidade da criança.

• Oferecer supervisão adicional nos intervalos, depois da aula, etc.

• Trabalhar com grupos pequenos.

• Usar jogos e desafios para motivar a criança.

• Manter contato com os pais regularmente. Evitar se reunir somente nos

momentos de crise ou de problemas.

• Permanecer em comunicação constante com o psicólogo e/ou orientador

da escola.

• Não ser mártir. Reconhecer os limites de sua tolerância e procurar ajuda.

• Encorajar frequentemente, elogiar e ser afetuoso.

• Proporcionar um ambiente acolhedor, demonstrando calor e contato

físico de maneira equilibrada.

• Dar recompensa social (beijo, abraço, elogio...), pois a recompensa não

social (balas e outros podem ser negativas). O sistema de pontos deve

ser usado com critérios.

• Nunca provocar constrangimento ou menosprezar a criança.

• Adaptar suas expectativas quanto à criança, levando em consideração

as deficiências e inabilidades.

46

• Recompensar os esforços, a persistência e o comportamento bem

sucedido.

• Tentar acordos, perguntar como ela acha que pode aprender melhor.

Como são intuitivas, elas podem dar dicas úteis.

• Ser tolerante para que a criança possa sentir-se aceita.

• Envolver-se mais com a criança, despertando a motivação, o interesse e

a responsabilidade.

• Modificar o timbre e a intensidade da voz nas atividades, para despertar

a atenção da criança.

• Dar retorno constante e imediato. Isso ajuda a criança a ter uma noção

de como está saindo.

• Informar os resultados de modo positivo e construtivo.

• Incentivar a leitura em voz alta, recontar histórias, falar por tópicos.

Essas atividades ajudam a criança a organizar as idéias.

• Manter a sala de aula organizada e bem estruturada.

• Reduzir os estímulos da sala que possam distrair o aluno. Estes devem

ser colocados no momento adequado.

• Estabelecer limites e fronteiras, devagar e com calma. Claros e objetivos.

• Colocar a criança perto de colegas que não a provoquem, perto da mesa

do professor, longe das janelas e portas.

• Assegurar que as instruções sejam claras, simples e dadas uma de cada

vez.

• Estabelecer uma rotina escolar previsível.

47

• Preparar a criança para qualquer mudança que quebre a rotina escolar

(excursões, festas, etc.).

• Deve-se repetir, repetir, repetir.

• Permitir brincadeira, diversão e criar um ambiente informal, tomando o

cuidado para evitar o caos na sala de aula.

• Permitir alguns movimentos em sala de aula, ou mesmo fora (ir ao

banheiro, tomar água, buscar material, ir à secretaria, apontar lápis, etc.).

• Repetir individualmente todo comando que for dado ao grupo.

• Pedir ao aluno que repita o comando para ter certeza que entendeu.

• Olhar nos olhos para “trazê-lo de volta”. Isso ajuda a tirar a criança de

seu devaneio.

• Estar atento no talento da criança, na criatividade, na alegria, na

espontaneidade e no bom humor.

• Estimular a tentar formas diferentes de resolver problemas.

• Enxergar o mundo com os olhos da criança DDA.

• Festejar cada “degrau” que for conseguindo subir e estimular a ir adiante.

• Promover o sucesso da criança.

• Ser paciente e esperar o tempo da criança.

• Saber diferenciar desobediência e inabilidade.

Quanto a essa diferenciação é importante que o professor compreenda que a

maioria dos problemas da criança DDA, deriva da inabilidade. Sendo que esta deve ser

tratada com educação e desenvolvimento de habilidades e o comportamento

48

desobediente diminui se punido de modo firme, coerente e adequado. Essas

intervenções minimizam o impacto negativo do temperamento da criança.

Um segundo repertório de intervenções deve ser desenvolvido para educar e

melhorar as habilidades deficientes da criança com DDA.

5.2 - Para a Escola

Alguns autores apontam aspectos relevantes para a escola como: a equipe

escolar deve ter conhecimento sobre as características e comportamentos dos

distúrbios; ações disciplinares nas quais a escola auxilia a criança a não cometer erros,

e não apenas aplicar punições; manter contato com a família para conhecer o aluno.

Esta comunicação é imprescindível para detectar avanços e retrocessos no

desenvolvimento geral: receptividade aos profissionais da área médica que

paralelamente assistem à criança; ter um programa educacional adequado que

possibilitem uma melhor compreensão dos processos e dificuldades de aprendizagem;

valorizar o desenvolvimento do aluno de maneira mais integrada e menos fragmentada;

reconhecer e respeitar as diferenças individuais; valorizar e promover o

desenvolvimento da criatividade e espontaneidade através de relações mais afetivas.

Quanto à sala de aula, esta deve ter entre doze a quinze alunos; um

programa previsível e carteiras separadas; Uma sala de aula eficiente para crianças

desatentas deve ser organizada e estruturada; A estrutura supõe regras claras; O

material didático deve estar adequado à habilidade da criança; Os horários de

transição, bem como os intervalos e reuniões especiais, devem ser supervisionados; Os

prêmios devem ser coerentes e freqüentes; Um programa de reforço baseado em

49

ganho e perda deve ser parte integral do trabalho da classe; Os professores também

precisam estar atentos à qualidade de reforço negativo do seu comportamento;

Estratégias cognitivas que facilitam a auto-correção, assim como melhoram o

comportamento nas tarefas, devem ser ensinadas; A avaliação do professor deve ser

freqüente e imediata; Interrupções e pequenos incidentes têm menores conseqüências

se ignorados; As tarefas devem variar, mas continuar sendo interessantes para os

alunos. Goldstein e Goldstein (1994).

Crianças com DDA estão sujeitas ao fracasso escolar, a dificuldades emocionais

e a um desempenho significativamente negativo como adultos quando comparadas a

seus colegas. No entanto, a identificação precoce do problema, seguida de tratamento

adequado, tem demonstrado que essas crianças podem vencer os obstáculos.

Goldstein e Gosdstein (1994).

5.3 – Para os Pais

Goldstein e Goldstein (1994) apresentam quatro passos para o sucesso dos pais:

1º passo: Compreensão

É o passo mais importante na educação eficaz da criança DDA. É preciso

adquirir conhecimento e compreensão. Os pais devem procurar por programas de

treinamento, com profissionais experientes, para desenvolver a compreensão do

comportamento da criança, uma consciência das maneiras pelas quais ela tem

determinadas atitudes e como interagir com o (a) filho (a).

2º passo: A distinção entre desobediência e incapacidade

50

Ao saber distinguir bem entre comportamento incompetente e comportamento

desobediente, os pais poderão reduzir a reação negativa e aumentar a obediência e o

sucesso do (a) filho (a) e evitar, o desenvolvimento de um comportamento contestador.

Eles devem compreender que a punição do comportamento incompetente possui

poucas chances de modificá-lo.

3º passo: Dar ordens positivas

É importante que os pais aprendam a dizer a seus filhos o que querem que

aconteça, em vez daquilo que não querem que aconteça. Parece uma tarefa fácil, mas

não é. Dar ordens positivas pode produzir uma mudança bastante significativa no

comportamento da criança.

4º passo: Promover o sucesso

A criança DDA tem uma longa história de fracasso. Os pais devem entender que

até quando a criança for desobediente, eles devem dar ordens positivas. Lidando com a

desobediência de uma maneira firme e breve, eles encontrarão formas de elogiar a

criança e assim estarão promovendo o sucesso. Eles devem entender que os

problemas da criança DDA precisam ser administrados durante toda a infância. É

necessário fornecer um grau significativo de estrutura e administração.

Os pais devem utilizar de intervenções eficazes, que aplicadas à medida que o

(a) filho (a) cresce, resultará em uma criança feliz, realizadora, bem sucedida, embora

ainda DDA.

Muitas das intervenções sugeridas ao professor, poderão ser utilizadas pelos

pais, somadas a outras como:

51

Educar-se a si mesmo; estratégias de controle eficaz em casa; unidade na

criação – as intervenções utilizadas devem ser coerentes por todos que

interagem com a criança; relacionamentos positivos entre pais e filhos; não

ignorar os problemas não-hiperativos; tratamento médico.

52

CAPÍTULO VI

ANÁLISE DOS DADOS OBTIDOS

Para conhecer o que pais e professores sabem sobre o Distúrbio do Déficit de

Atenção foi realizado um trabalho de campo, cujos instrumentos de pesquisa e sua

respectiva análise serão descritos abaixo:

- Com a finalidade de obter informações dos pais a respeito do comportamento

de seus filhos, foram lançados Fragmentos da Anamnese (ANEXO II), cujos tópicos

destacados foram: o motivo que levaram os pais à consulta psicológica; como os filhos

se comportam em casa e como os pais lidam com a criança. Não sendo necessário

para este trabalho, a anamnese na íntegra. Foram aplicados também nos mesmos pais,

um questionário com 4 perguntas. (Anexo III).

Nos 8 fragmentos da Anamnese, pode-se observar que a queixa dos pais

entrevistados são muito parecidas: 7 de 8 pais dizem que o filho é agitado; 6

apresentam medos; 6 são ansiosos; 4 não prestam atenção e apresentam dificuldades

para aprender; 3 mudam de humor; 3 choram sem motivo; 3 são agressivos e/ou

nervosos; 3 são desastrados; 3 têm sono agitado; 2 tiveram problemas no nascimento;

2 são tímidas.

Analisando estes comportamentos, sugere que observamos o Anexo II como um

todo, na qual 4 alunos apresentam mais características do TIPO

PREDOMINANTEMENTE DESATENTO e 4 alunos apresentam mais características

DO TIPO PREDOMINANTEMENTE HIPERATIVO-IMPULSIVO e/ou COMBINADO.

53

RESPOSTAS DOS PAIS SOBRE O DDA

8 pais de alunos da Rede Pública Municipal de Ensino de Prados – MG,

responderam ao questionário. (Anexo III).

questão 1 do Anexo III

1 mãe diz ter visto uma reportagem sobre o distúrbio, 7 pais dizem que já

ouviram falar, mas não têm conhecimentos profundos sobre o DDA.

Estes 8 pais citaram o que ouviram falar sobre Distúrbio do Déficit de Atenção, e

as respostas foram as seguintes:

“A criança não presta a atenção por muito tempo; se distrai com qualquer coisa;

para arrumar o próprio quarto, é uma guerra, não consegue ficar quieto; é

desorganizado; briga muito com os irmãos; tem momentos que parece não escutar

direito”.

A análise das respostas revela que os 8 pais dizem que já ouviram falar, mas

não têm conhecimentos profundos sobre o DDA. E as respostas sugerem que os pais

conhecem muito pouco sobre o distúrbio.

questão 2 do Anexo III

No que se trata de saber diferenciar se o filho está sendo desobediente ou

quando não faz por que não sabe fazer, 2 pais dizem que sabem. 6 dizem que nem

sempre diferenciam.

E as respostas de como os pais lidam com essa situação acima foram as

seguintes:

54

“A criança faz pirraças, mas acata a decisão dos pais. Eles dizem que

conversam muito com a criança. Mas, que às vezes, mãe costuma colocar de castigo

com o nariz na parede.” (1 mãe); “que brincam e conversam muito com a criança, mas

que também batem e usam de castigo para puni-la.” (1); “Mãe se julga nervosa e pai

também, costumam colocar a criança de castigo e esta fica emburrada.” (1); “Pai

ameaça a criança, ameaça tirar o seu lazer, tenta conversar. Mãe procura a escola, fica

brava com ele, que promete não mais “fazer bagunça” (o que não adianta) e avô pedia

providências de levar a criança ao médico para usar medicamento. Quando chamado à

atenção, às vezes desobedece e não dá ouvidos. Tem momentos em que fica calado e

diz que não queria fazer aquilo. ”(1); “colocam de castigo e criança responde a mãe.”

(1); “criança é tranqüila, obedece sem questionar”. (2);“Mãe costuma bater e colocar de

castigo, às vezes ele ri, mas depois fica quieto.” (1).

A análise das respostas dos pais, no que se refere a saber diferenciar se o filho

está sendo desobediente ou quando não faz por que não sabe fazer, 6 de 8 pais dizem

que nem sempre diferenciam. E as respostas de como os pais lidam com a situação

acima, revelam que muitas vezes, os pais não sabem lidar com a criança.

questão 3 do Anexo III

Quanto ao relacionamento da criança com os pais e outros. As respostas são as

seguintes: “com os pais e irmão é bom, mas estes não são biológicos, o filho é adotivo.

Tem colegas de sua idade” (1); “criança briga muito com os irmãos, chora muito para ter

a atenção dos pais. Tem poucos companheiros.” (1); “com os pais e irmãos é razoável.

Às vezes está calmo, às vezes agitado. Tem companheiros de várias idades” (1);

“criança responde os pais e briga com o irmão, tem muito ciúmes. Tem poucos

55

companheiros” (1); “criança é tranqüila e obediente com os pais e irmãos. Têm poucos

companheiros, só os da escola” (2); “criança é nervosa com as coisas, objetos e com

ela mesma, mas com os pais é carinhosa. Mora distante de outras crianças” (1);

“criança briga com irmãos, é muito apegada à mãe, o pai faleceu, parece que sofre

muito com esta perda. Tem muitos companheiros” (1);

questão 4 do Anexo III

Nesta questão, na qual os pais marcam a alternativa que mais se parece com a

forma como a criança se comporta. (Retirado do teste on-line de TDAH infantil do Instituto Paulista de

DDA- 1ª parte (desatenção/distração), www.dda-deficitdeatencao.com.br/testesonline acessado dia 26 jan. 2009).

As respostas dos 8 pais demonstram que o número de sintomas da criança são

superiores ao esperado para a faixa etária, em quantidade e/ou intensidade.

Estes resultados (número e intensidade de sintomas) indicam que a criança pode

apresentar TDAH Predominantemente Desatento.

Não foram aplicadas as questões do teste que indicam hiperatividade e

impulsividade, por que fugiriam do foco principal do trabalho, que é o Déficit de Atenção

sem associações.

Para obter informações dos professores, foi lançado o Roteiro de

Psicodiagnóstico (Modelo - Anexo V), cuja síntese das informações encontra-se no

Anexo II. Foi aplicado também um questionário com 4 perguntas (Anexo IV) e serão

analisadas abaixo:

56

Nas 8 sínteses do Roteiro de Psicodiagnóstico, pode-se notar que as

observações dos professores são proporcionalmente semelhantes aos dos pais desses

alunos avaliados:

8 dos 8 alunos mantêm a atenção por pouco tempo; 6 são dependentes do

professor; 5 têm dificuldade para atender ordens; 5 têm dificuldade de relacionamento

com o grupo; 4 são ansiosos; 4 são compulsivos; 4 são impulsivos; 4 têm dificuldades

com regras; 4 trocam, invertem e omitem letras ao escrever; 3 são agressivos; 3 têm

atração por atividades perigosas; 3 são agitados durante a explicação e durante a

execução de tarefas; 3 fazem queixas constantes; 3 trocam de letras para ler ou não

copiam corretamente do quadro; 3 são tímidos/apáticos; 2 são desinteressados; 2

hiperativos; 2 mudam constantemente de humor; 2 necessitam de tempo diferente de

compreender e aprender.

Analisando estes comportamentos, sugere que observamos o Anexo II como um

todo, na qual 4 alunos apresentam mais características do TIPO

PREDOMINANTEMENTE DESATENTO e 4 alunos apresentam mais características

DO TIPO PREDOMINANTEMENTE HIPERATIVO-IMPULSIVO e/ou COMBINADO.

Estamos ainda trabalhando com hipóteses de diagnóstico, mas as direções estão

sendo apontadas.

RESPOSTAS DOS PROFESSORES SOBRE O DDA

19 professores da Rede Pública Municipal de Ensino de Prados – MG,

responderam ao questionário.

questão 1 do Anexo IV

57

1 professor diz conhecer o distúrbio, 14 dizem que têm conhecimentos

superficiais e 4 que não têm conhecimento sobre o DDA.

Entre os 15 que citaram as características e o comportamento do aluno com

Distúrbio do Déficit de Atenção, as respostas foram as seguintes:

“O aluno mantém a atenção por pouco tempo; se distrai com qualquer coisa; é

desorganizado; não controla os impulsos; tem dificuldade de aprender com os erros;

não agüenta ficar quieto; sai muito do lugar; incomoda os colegas; gosta de conflitos

para se sentir estimulado; quanto mais pressionado menor a capacidade de atenção;

nem sempre conclui projetos; costuma ser pessimista; tem interesses alheios à tarefa

realizada naquele momento; não sabe ouvir; não aceita regras; quando ingressam na

escola que os problemas e diferenças surgem”.

Entre os 15 que citaram as características e o comportamento do aluno com

Distúrbio do Déficit de Atenção, as respostas sugerem que a maioria dos professores

tem mais conhecimentos sobre o assunto que os pais.

E em que se baseiam para suspeitar que um aluno tem o distúrbio, 15 dizem que

observam o comportamento em sala de aula a partir da experiência de anos de trabalho

na escola. E dentre estes, 6 procuram ler sobre o assunto para melhor entender o

aluno. 4 pedem auxílio e/ou encaminham o aluno aos outros profissionais da escola

(psicólogo, pedagogo, diretor).

questão 2 do Anexo IV

58

No que se trata de saber diferenciar se o aluno está sendo desobediente ou

quando não faz por que não consegue fazer, 11 professores dizem sabem. 7 dizem que

nem sempre diferenciam e 1 não sabe diferenciar.

E as respostas de como os professores lidam com essa situação acima foram as

seguintes:

* “A desobediência é fácil de distinguir, a convivência com a criança permite fazer

a diferenciação.” (8 professores); “Quando o aluno não consegue fazer, suspeita-se que

tem alguma dificuldade ou distúrbio”. (8); “quando tem dúvida procura os outros

profissionais da escola.” (psicólogo, pedagogo, diretor) – (3); “procura dar mais atenção

individualizada.” (9); “coloca regras e limites para tirar a dúvida”. (2); “os alunos com

DDA são mais amáveis que os desobedientes”.(2); “o professor não sabe lidar, acaba

por pressionar o aluno, o que não resolve” (1); “antes achava que o aluno era

desobediente por não fazer as atividades, mas, hoje percebo que ele não sabia fazer.”

(1).

* os mesmos professores escreveram mais de uma maneira que lidam com a situação.

A análise das respostas dos professores sugere que os mesmos, de modo geral,

conhecem mais alternativas de manejo que os pais.

questão 3 do Anexo IV

Sobre desenvolver alguma intervenção pedagógica específica com o

aluno desatento, 5 disseram que desenvolvem. 14 disseram que nem sempre

desenvolvem, por que “ter muitos alunos em uma classe dificultam atenções

individualizadas.”.

59

Em se tratando das intervenções que realizam, as respostas foram as

seguintes:

* “coloca o aluno com outros que têm mais facilidade.” (9 professores); “coloca o

aluno mais próximo do professor”. (11); “dá atividades diversificadas e estimulantes”.

(5); “diminui os estímulos da sala que possam distraí-lo” (3); “busca relacionar-se de

modo mais afetivo, com elogios.” (5); “procura fazer com que o aluno se concentre no

que está fazendo, explicando as conseqüências da sua desatenção.” (3); “faz revisão

da matéria do dia para reforçar o que foi ensinado.” (2); “exigir demais do DDA, só piora

a desatenção.” (1); “procura os outros profissionais da escola (psicólogo, pedagogo,

diretor) para ajudar a planejar atividades direcionadas para este aluno.” (4); “conhece

pouco sobre o distúrbio para intervir.” (4).

* os mesmos professores escreveram mais de uma maneira que lidam com a situação.

Na análise destas respostas, chamou à reflexão o fato de 14 professores

relatarem que nem sempre desenvolvem intervenções, por que “ter muitos alunos em

uma classe dificultam atenções individualizadas.”.

As classes da Rede Pública Municipal de Ensino têm em média 25 alunos

por classe.

questão 4 do Anexo IV

Sobre o professor manter contato com a família, 12 de 19 disseram que mantêm,

pois “os pais que são interessados comparecem regularmente à escola.” Dentre estes,

4 professores “procuram os pais pessoalmente”. 2 “escrevem bilhetes para os pais

informando sobre o aluno, quando não comparecem na escola”. Outros 2 “procuram

manter mais contato com os pais de alunos com mais dificuldades”.

60

7 de 19 professores disseram que nem sempre mantém contato, por que “o

professor marca encontros e os pais não comparecem”.

Na análise destas respostas, quanto aos pais que não comparecem, surge frase

que muitos professores dizem: “que a família muitas vezes atribui à escola toda a

responsabilidade da educação de seus filhos”, será verdade?

ANÁLISE DAS RESPOSTAS DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Para obter informações sobre os profissionais de saúde, sobre os critérios que

usam para diagnosticar o DDA e o manejo correto do distúrbio. 3 profissionais

responderam ao questionário (2 psicólogas e 1 psiquiatra).

Questão 1 do Anexo VI

A questão 1 se refere ao encaminhamento da criança ao profissional. De acordo

com as respostas das psicólogas, a maioria dos encaminhamentos são feitos pela

escola ou pais procuram. Isso vem de encontro à opinião dos estudiosos, onde relatam

que é na escola que a maioria dos sintomas se manifesta. Já na resposta do psiquiatra,

aparece o encaminhamento de professores às vezes, mas geralmente não há

encaminhamento, os próprios pais procuram pelo tratamento.

A questão 2 sobre as principais queixas feitas ao profissional. Segundo os 3

profissionais, as queixas são dificuldades escolares e/ou atividades psicomotoras

excessivas das crianças e/ou desatenção.

A questão 3 sobre quais critérios o profissional usa para diagnosticar o DDA.

61

As psicólogas consideram importantes fazer uma boa coleta de dados através de

entrevistas com pais, professores e a própria criança. Nesta coleta investigam-se

diversas áreas: familiar, escolar, afetiva e social.

O psiquiatra e 1 psicóloga citam os critérios do DSM-IV e CID-10 (Classificação

Internacional de Doenças), como referência para o diagnóstico.

A questão 4 se a criança tem consciência sobre o distúrbio. As 2 psicólogas

relatam que a criança percebe que há algo de errado com ela, podendo reagir com

agressividade e rebeldia. Já o psiquiatra diz que a criança não percebe o distúrbio, que

são as pessoas com quem convive que se incomodam com o comportamento dela.

A questão 5 sobre a opinião do profissional no uso da medicação no DDA. Os 3

profissionais são favoráveis ao uso da medicação e dizem que ela reduz a

hiperatividade e favorece no aumento da concentração. As 2 psicólogas dizem que a

medicação deve ser associada ao tratamento psicoterapêutico e/ou psicopedagógico.

A questão 6 sobre as recomendações que o profissional faz à família e/ou à

escola.

O psiquiatra diz que se detectados os sintomas descritos como para o

diagnóstico de DDA/H, os pais devem procurar iniciar o tratamento. As reavaliações

periódicas são fundamentais para a adequação do medicamento. É fundamental

também que os professores e pais informem ao médico os progressos e retrocessos da

criança, para este adequar as orientações.

62

As psicólogas dizem que é fundamental os pais e professores se informarem

sobre o distúrbio, procurar conhecer os comportamentos da criança para lidar

adequadamente com ela.

DADOS SOBRE A AVALIAÇÃO DA CRIANÇA

No que se refere à criança, foi lançado os escores obtidos em teste de inteligência

(Anexo II).

Muitas vezes a aprendizagem da criança não é compatível com a área

intelectual; os alunos têm um bom resultado em testes de inteligência, mas o

desempenho escolar é baixo (seja em conceitos matemáticos e/ou escrita e leitura).

Vários autores citados neste trabalho fazem esta afirmativa e o mesmo pode ser

demonstrado (no Anexo II – Área Intelectual) cujos 8 alunos avaliados têm os escores

de inteligência de Médio à Superior. Contudo, os resultados destes escores, neste

trabalho é meramente ilustrativo de que o aluno considerado desatento, geralmente

obtém um bom resultado na esfera intelectual. Quem sabe esta afirmativa pudesse ser

melhor investigada em futuros trabalhos?

63

CONCLUSÃO

O Distúrbio do Déficit de Atenção é um transtorno neurobiológico.

Apesar de não ser um problema novo, somente a partir da década de 60 que sua

definição adquiriu um caráter mais funcional, e culminou na Classificação do DSM-IV,

que caracterizou o DDA como um distúrbio que envolve falta de atenção, hiperatividade

e impulsividade; Podendo se apresentar com uma das três acima citadas, ou a

combinação das duas ou três características.

É no ambiente escolar que a criança portadora do distúrbio, encontra frustrações

e dificuldades, ficando sujeita ao fracasso, repetência, evasão, baixo rendimento

acadêmico e dificuldades emocionais e de relacionamento social.

As crianças que apresentam dificuldades na escola, na compreensão de novas

habilidades, estão correndo o risco de terem problemas nas diferentes áreas escolares

e na vida em geral, no seu desenvolvimento cognitivo, social e afetivo, como um todo; e

até mesmo na vida adulta.

E uma dessas dificuldades está atrelada à questão do Distúrbio do Déficit de

Atenção. E para melhor compreendê-lo, partiu-se da identificação de suas

características, da diferenciação entre a inabilidade da criança em executar tarefas de

desobediência. Associado a isso, muitas das vezes, os pais e professores

desconhecem as manifestações destes comportamentos e não sabem lidar

adequadamente podendo contribuir para o insucesso acadêmico dos alunos em

questão.

64

Um dos profissionais que podem auxiliar tanto o professor quanto a família de

alunos com DDA é o psicopedagogo, já que a sua atuação é na escola, e o seu foco

são as dificuldades de aprendizagem, presentes na vida de muitos alunos; sendo que a

intervenção pode ser preventiva e terapêutica.

E no caso específico do aluno portador de DDA, tem como objetivo ajudar na

compreensão do seu processo da aprendizagem, como esse se desenvolve e de que

forma o indivíduo se relaciona com o aprender; nos aspectos cognitivos, afetivos e

sociais.

Contudo, para eliminar os transtornos já instalados, é necessário um

procedimento clínico com todas as implicações.

Isso indica que a avaliação é feita através de um cuidadoso histórico, que inclui

o levantamento do funcionamento intelectual, acadêmico, social e emocional. O

diagnóstico de DDA pode ser feito por um profissional clínico que conheça

profundamente o transtorno e/ou uma equipe multidisciplinar, para que não passem

despercebida a presença de distúrbios concomitantes (comorbidades).

De acordo com vários autores citados neste trabalho e os profissionais da saúde

que responderam ao questionário, um programa eficaz de tratamento, deve incluir:

informação/conhecimento, apoio técnico, medicamentos e psicoterapia.

Levando em consideração a necessidade de informação, os pais e professores

ainda têm poucos conhecimentos sobre o DDA. E os pais, em especial, necessitam de

mais informações para que saibam diferenciar os comportamentos próprios do distúrbio

de outros que não são.

65

Espero que as sugestões de intervenção possam ajudar os envolvidos com o

DDA. Por que acredito que um trabalho direcionado e em parceria com a escola e com

a família contribui para a melhoria cognitivo-afetivo-social do portador de DDA.

66

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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fazer. Revista Nova Escola, São Paulo, p. 28-29, maio 2004.

- Livro: BENCZIK, Edylene Bellini Peroni. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade:

Atualização Diagnóstica e Terapêutica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

- Livro: BARONE, Leda Maria Codeço. Psicopedagogia: O Caráter interdisciplinar na formação

e Atuação profissional, Considerações a respeito do estabelecimento da ética do

psicopedagogo. Porto Alegre, Artes Médicas, p.17-18, 1987.

- Livro: BOSSA, Nadia A. A Psicopedagogia no Brasil, contribuições a partir da prática. 2. Ed.

Porto Alegre: Artmed, 2000.

- Livro: CELMA, J. Diário de um Educastrador. São Paulo: Summus, p. 77, 2000.

- Livro: FABRE, Paul S. Introdução à Psicologia Educacional. São Paulo: Edicon, p.67, 2001.

- Revista especializada: GENTILI, Paola. Indisciplinado ou Hiperativo? Revista Nova Escola,

São Paulo, p. 30- 32, maio 2000.

- Artigo Web: GOLDSTEIN, Sam. Compreensão, Avaliação e Atuação: uma visão geral sobre o

TDAH. WWW.hiperatividade.com.br, 2006.

- Livro: GOLDSTEIN, Sam; GOLDSTEIN, Michael. Hiperatividade: como desenvolver a

capacidade de atenção da criança. Tradução Maria Celeste Marcondes. Campinas/SP: Papirus,

1994. 120 p.

- Artigo: GUARDIOLA, A. Distúrbio de Hiperatividade com Déficit de Atenção: um estudo de

prevalência e fatores associados em escolares de 1ª série de Porto Alegre. 1994. Tese de

Doutorado – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

67

- Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais - DSM-IV. (Tradução de Dayse

Batista). Porto Alegre: Artes Médicas, s/d. (Disco Compacto).

- Livro: RATEY, John; JHONSON, Catherine. Síndromes Silenciosas: como reconhecer as

disfunções psicológicas ocultas que alteram o curso de nossas vidas. Tradução Heliete

Vaitsman. Rio de Janeiro: Objetiva, 1997.

- Livro: ROHDE, L. A.; BENCZIK, Edylene B. P. Transtorno do Déficit de Atenção e

Hiperatividade: O que é? Como ajudar? Porto Alegre: Artes Médicas,1999.

- Livro: SALGUEIRO, Emílio. Crianças irrequietas. Lisboa: Instituto Superior de Psicologia,

2004.

- Livro: SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes Inquietas: entendendo melhor o mundo das

pessoas distraídas, impulsivas e hiperativas. 3. Ed. Rio de Janeiro: Napades, 2003. 173p.

- Apostila IAVM: URRUTIGARAY, Maria Cristina Fontes. Práticas e Intervenções

Psicopedagógicas. Módulo I, 1ª. Ed., Rio de Janeiro: AVM, 2001.

- Livro: TOPCZEWSKI, Abram. Hiperatividade: Como lidar? São Paulo: Casa do Psicólogo,

1999.

- Livro: VISCA, Jorge. Psicopedagogia: novas contribuições. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,

1991, p. 76.

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__________. Disponível em: www.wikepedia.com.br Acesso em: 18 jul. 2009.

www.abda.com.br Acesso em: 20 abr. 2009.

www.novaescola.com.br Acesso em: 04 mai. 2009.

68

ANEXO I

Critérios Diagnósticos para Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade

A. Ou (1) ou (2)

1) seis (ou mais) dos seguintes sintomas de desatenção persistiram por pelo

menos 6 meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de

desenvolvimento:

Desatenção:

(a) freqüentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por

descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras.

(b) com freqüência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou

atividades lúdicas.

(c) com freqüência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra.

(d) com freqüência não segue instruções e não termina seus deveres escolares,

tarefas domésticas ou deveres profissionais (não devido a comportamento de

oposição ou incapacidade de compreender instruções).

(e) com freqüência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.

(f) com freqüência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam

esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa).

(g) com freqüência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por ex.,

brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais).

(h) é facilmente distraído por estímulos alheios à tarefa.

(i) com freqüência apresenta esquecimento em atividades diárias.

(2) seis (ou mais) dos seguintes sintomas de hiperatividade persistiram por pelo

69

menos 6 meses, em grau mal-adaptativo e inconsistente com o nível de

desenvolvimento:

Hiperatividade:

(a) freqüentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.

(b) freqüentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações

nas quais se espera que permaneça sentado.

(c) freqüentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é

inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações

subjetivas de inquietação).

(d) com freqüência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente

em atividades de lazer.

(e) está freqüentemente "a mil" ou muitas vezes age como se estivesse "a todo

vapor".

(f) freqüentemente fala em demasia.

Impulsividade:

(g) freqüentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido

completadas.

(h) com freqüência tem dificuldade para aguardar sua vez.

(i) freqüentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por ex.,

intromete-se em conversas ou brincadeiras).

B. Alguns sintomas de hiperatividade-impulsividade ou desatenção que

causaram prejuízo estavam presentes antes dos 7 anos de idade.

C. Algum prejuízo causado pelos sintomas está presente em dois ou mais

contextos (por ex., na escola [ou trabalho] e em casa).

70

D. Deve haver claras evidências de prejuízo clinicamente significativo no

funcionamento social, acadêmico ou ocupacional.

E. Os sintomas não ocorrem exclusivamente durante o curso de um Transtorno

Invasivo do Desenvolvimento, Esquizofrenia ou outro Transtorno Psicótico e não

são melhor explicados por outro transtorno mental (por ex., Transtorno do

Humor, Transtorno de Ansiedade, Transtorno Dissociativo ou um Transtorno da

Personalidade).

Codificar com base no tipo:

F90.0 - 314.01 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo

Combinado: se tanto o Critério A1 quanto o Critério A2 são satisfeitos durante

os últimos 6 meses.

F98.8 - 314.00 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo

Predominantemente Desatento: Se o Critério A1 é satisfeito, mas o Critério A2

não é satisfeito durante os últimos 6 meses.

F90.0 - 314.01 Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, Tipo

Predominantemente Hiperativo-Impulsivo: Se o Critério A2 é satisfeito, mas o

Critério A1 não é satisfeito durante os últimos 6 meses.

71

ANEXO II

FRAGMENTOS DA ANAMNESE, INFORMAÇÕES ATRAVÉS DO ROTEIRO DE PSICODIAGNÓSTICO E ÁREA INTELECTUAL DA CRIANÇA.

Nome: G. D. F. Idade na Data da Avaliação: 7 e 11 meses.

O (A) aluno (a) foi encaminhado (a) para psicodiagnóstico a pedido da Escola.

Através do ROTEIRO DE PSICODIAGNÓSTICO (ANEXO V), segundo

informações fornecidas pelo professor, é agressivo, desinteressado, ansioso, hiperativo,

compulsivo, impulsivo, dependente do professor, agitado durante a explicação e

durante a execução de tarefas. Dificuldade para atender ordens, atração por atividades

perigosas, mudança de humor. Dificuldade de relacionamento com o grupo e com

regras. Troca de letras para ler. Mantém a atenção por pouco tempo.

Em casa, segundo informações dos pais (FRAGMENTOS DA ANAMNESE), é

agitado, chora sem motivo, tem medos. Foi encaminhado para avaliação psicológica por

dificuldades escolares.

A ÁREA INTELECTUAL foi avaliada a partir do teste de inteligência (Matrizes

Progressivas Coloridas – Infantil – *Raven):

- Raven: 18 Percentil: 60 Classificação: III+ “Intelectualmente médio (médio

superior)”. Impulsividade, respostas apressadas; pouca atenção, inquieto, disperso.

(Sugere Déficit de Atenção e Hiperatividade).

* O motivo para a escolha deste teste, neste trabalho, é meramente ilustrativo, de que o aluno

considerado desatento, geralmente obtém um bom resultado na esfera intelectual (de médio à acima da

média ou superior) e, no entanto, seu desempenho escolar é considerado baixo (seja em conceitos

matemáticos e/ou escrita e leitura).

72

Nome: M. E. F. R. Idade na Data da Avaliação: 8 e 3 meses.

O (A) aluno (a) foi encaminhado (a) para psicodiagnóstico a pedido da Escola.

Através do ROTEIRO DE PSICODIAGNÓSTICO (ANEXO V), segundo

informações fornecidas pelo professor, é agressivo, ansioso, compulsivo, impulsivo,

medroso, dependente do professor, agitado durante a explicação e execução de

tarefas. Dificuldades para atender ordens, atração por atividades perigosas, dificuldade

de relacionamento com alguns colegas, dificuldades com regras. Mantém a atenção

por pouco tempo.

Em casa, segundo informações dos pais (FRAGMENTOS DA ANAMNESE), é

muito nervoso, depressivo, medroso, ansioso, agitado, chora sem motivo, muda de

humor. Foi encaminhado para avaliação por brigas e dificuldades na escola.

A ÁREA INTELECTUAL foi avaliada a partir do teste de inteligência (Matrizes

Progressivas Coloridas – Infantil – Raven):

_ Raven: 27 Percentil: 90 Classificação: II+. “Definidamente acima da

média na capacidade Intelectual”. (Sugere Déficit de Atenção e Hiperatividade).

Nome: R. G. T. Idade na Data da Avaliação: 9 anos e 9 meses.

O (A) aluno (a) foi encaminhado (a) para psicodiagnóstico a pedido da Escola.

Através do ROTEIRO DE PSICODIAGNÓSTICO (ANEXO V), segundo

informações fornecidas pelo professor, é ansioso, compulsivo, impulsivo, dificuldade

para entender ordens, dificuldade de relacionamento com alguns colegas, faz queixas

constantes. Troca inverte e omite letras, mantém a atenção por pouco tempo.

73

Em casa, segundo informações dos pais (FRAGMENTOS DA ANAMNESE), é

ansioso demais, deixa cair as coisas, sono agitado, sua, tem pesadelo, insônia,

bruxismo, baba, fala dormindo, grita durante a noite. Apresenta desesperos, medos,

agressividade, agitado, mudança de humor, chora sem motivo.

A ÁREA INTELECTUAL foi avaliada a partir do teste de inteligência (Matrizes

Progressivas Coloridas – Infantil – Raven):

_ Raven: 31Percentil: 95 Classificação: I “Intelectualmente Superior”.

Respostas apressadas, pouco observador (Sugere Déficit de Atenção e Hiperatividade).

Nome: A. A. P. Idade na Data da Avaliação: 8 anos e 11 meses.

O (A) aluno (a) foi encaminhado (a) para psicodiagnóstico a pedido da Escola.

Através do ROTEIRO DE PSICODIAGNÓSTICO (ANEXO V), segundo

informações fornecidas pelo professor, é agressivo, ansioso, hiperativo, compulsivo,

impulsivo, agitado durante a explicação e execução de tarefas. Dificuldade para atender

ordens, tem atração por atividades perigosas, alteração constante de humor.

Dificuldade de relacionamento com o grupo, faz queixas constantes, dificuldade com

regras. Não tem dificuldade na aprendizagem. Mantém a atenção por pouco tempo.

Em casa, segundo informações dos pais (FRAGMENTOS DA ANAMNESE), é

ansioso, tem medos, agressivo, agitado. Foi encaminhado para avaliação psicológica

por causa de mau comportamento na escola.

A ÁREA INTELECTUAL foi avaliada a partir do teste de inteligência (Matrizes

Progressivas Coloridas – Infantil – Raven):

74

_ Raven: 30 Percentil: 99 Classificação: I “Intelectualmente Superior”. (Sugere

Déficit de Atenção e Hiperatividade).

Nome: V. C. S. Idade na Data da Avaliação: 9 anos.

O (A) aluno (a) foi encaminhado (a) para psicodiagnóstico a pedido da Escola.

Através do ROTEIRO DE PSICODIAGNÓSTICO (ANEXO V), segundo

informações fornecidas pelo professor, é dependente da professora, dificuldade para

atender ordens, é rejeitado pelo grupo, faz queixas constantes, escreve letras

maiúsculas no meio das palavras. Na matemática dificuldade de sequenciar números,

operações de adição, dificuldade de copiar do quadro negro, mantém a atenção por

pouco tempo, necessita de tempo diferente de compreender e aprender.

Em casa, segundo informações dos pais (FRAGMENTOS DA ANAMNESE), no

nascimento, demorou a chorar, ficou roxo. É ansioso, agressivo e agitado. Foi

encaminhado para avaliação psicológica por ter dificuldade na leitura, não prestar

atenção.

A ÁREA INTELECTUAL foi avaliada a partir do teste de inteligência (Matrizes

Progressivas Coloridas – Infantil – Raven):

- Raven: 25 Percentil: 80 Classificação: II “Definidamente acima da média na

capacidade intelectual”. (SUGERE DÉFICIT DE ATENÇÃO.)

Nome: V. A. R. R. Idade na Data da Avaliação: 9 anos e 8 meses.

O (A) aluno (a) foi encaminhado (a) para psicodiagnóstico a pedido da Escola.

Através do ROTEIRO DE PSICODIAGNÓSTICO (ANEXO V), segundo

informações fornecidas pelo professor, apresenta desinteresse, é dependente do

75

professor e colegas, na escrita troca letras, ou não termina de escrever as palavras,

omite letras. É dispersa, desatenta, mantém pouca atenção, parece ser imatura.

Em casa, segundo informações dos pais (FRAGMENTOS DA ANAMNESE).

Mãe teve uma gravidez difícil, pressão alta. Criança deixa cair às coisas. Acorda no

meio da noite, bruxismo. É ansiosa, tímida, medrosa, muda de humor. Mãe se julga

nervosa, que teve dificuldade para aprender.

A ÁREA INTELECTUAL foi avaliada a partir do teste de inteligência (Matrizes

Progressivas Coloridas – Infantil – Raven):

- Raven: 23 Percentil: 80 Classificação: II “Definidamente acima da

média na capacidade intelectual”. (SUGERE DÉFICIT DE ATENÇÃO.).

Nome: A. C. A. Idade na Data da Avaliação: 12 anos.

O (A) aluno (a) foi encaminhado (a) para psicodiagnóstico a pedido da Escola.

Através do ROTEIRO DE PSICODIAGNÓSTICO (ANEXO V), segundo

informações fornecidas pelo professor, é tímido e inseguro para se relacionar ou

apresentar suas atividades, dependência da professora, parece sentir-se inferior aos

colegas, dificuldade com regras. Não traça as letras corretamente, tem escrita meio

ilegível. Lê pausadamente, não compreende bem o que lê. É disperso, necessita de um

tempo diferente para aprender e compreender.

Em casa, segundo informações dos pais (FRAGMENTOS DA ANAMNESE),

muito nervoso, agitado. Deixa cair às coisas, esbarra nos outros. É ansioso, tímido,

agitado. Mãe se julga nervosa, mas diz que a criança a obedece.

76

A ÁREA INTELECTUAL foi avaliada a partir do teste de inteligência (Matrizes

Progressivas Coloridas – Infantil – Raven):

- Raven: 24 Percentil: 50 Classificação: III “Intelectualmente Médio”.

Respostas apressadas, muito tímido, falta de atenção, precisa ser estimulado. (SUGERE

DÉFICIT DE ATENÇÃO.).

Nome: F. S. C. Idade na Data da Avaliação: 7 anos e 6 meses.

O (A) aluno (a) foi encaminhado (a) para psicodiagnóstico a pedido da Escola.

Através do ROTEIRO DE PSICODIAGNÓSTICO (ANEXO V), segundo

informações fornecidas pelo professor, é apático, dependente da professora, lê sem

ritmo, sem pontuação, mantém a atenção por tempo.

Em casa, segundo informações dos pais (FRAGMENTOS DA ANAMNESE),

mãe acha que ele tem dificuldade para aprender. Não engatinhou. Sono agitado, sua a

noite, fala dormindo. Morde a camisa, sente medo. Os familiares são ansiosos,

nervosos.

A ÁREA INTELECTUAL foi avaliada a partir do teste de inteligência (Matrizes

Progressivas Coloridas – Infantil – Raven):

- Raven: 25 Percentil: 90 Classificação: II “Definidamente acima da média na

capacidade intelectual”. (SUGERE DÉFICIT DE ATENÇÃO.).

77

ANEXO III

QUESTINÁRIO PARA OS PAIS

1- Você já ouviu falar do Distúrbio do Déficit de Atenção? O que sabe sobre o distúrbio?

2- Você sabe diferenciar quando seu filho está sendo desobediente ou quando não faz porque não sabe fazer? Como lida com isso?

3- Como seu filho se relaciona com você e com os outros?

4- Escolha a alternativa que mais se parece com a forma como a criança se comporta. Leve em consideração durante os últimos 6 meses. Coloque a letra nos parênteses:

A- nunca/quase nunca; B- poucas vezes; C- muitas vezes; D- sempre/quase sempre;

(Retirado do teste on-line de TDAH infantil do Instituto Paulista de DDA- 1ª parte (desatenção/distração), www.dda-deficitdeatencao.com.br/testesonline acessado dia 26 jan. 2009).

1- Tem dificuldade em prestar atenção a detalhes e comete erros simples, por distração ou descuido. ( )

2- Costuma se distrair mesmo quando está brincando, em jogos ou esportes. ( )

3- Deixa tarefas pela metade/inacabadas, na escola ou em casa (deveres, trabalho), não consegue seguir instrução até o final. ( )

4- Faz muita bagunça/tem dificuldade em organizar suas coisas, quarto, material escolar, agenda, etc. ( ).

5- Não gosta de atividades que exijam concentração ou esforço prolongado. Não faz uma coisa por muito tempo. ( )

6- Costuma perder, esquecer coisas ou não saber onde guardou material escolar, livros, cadernos, roupas, brinquedos, etc. ( ).

7- Distrai-se com qualquer coisa, como movimentos, barulhos ou outros estímulos irrelevantes. Perde a concentração com qualquer coisa. ( )

8- É muito esquecido em tudo o que faz, tanto na escola quanto em casa. ( )

9- Quando estão falando com ele parece que não escuta/ deixa as pessoas falando sozinhas. ( )

78

ANEXO IV

ENTREVISTA COM OS PROFESSORES

1- Você tem algum conhecimento sobre as características e o comportamento do

aluno com Distúrbio do Déficit de Atenção? Em que se baseia, para suspeitar se um

aluno tem o distúrbio?

2- Você sabe diferenciar quando seu aluno está sendo desobediente ou quando

não faz por que não consegue fazer? Como lida diante disso?

3- Você desenvolve alguma intervenção pedagógica específica com este aluno

desatento?

4- Você mantém algum contato com a família do aluno?

79

ANEXO V

ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO PARA PSICODIAGNÓSTICO

34º SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DE ENSINO EQUIPE RESPONSÁVEL: ALESSANDRA SANTOS SILVA/JAQUELINE SADE TAYER NOME : D.N: IDADE: ESCOLA: PROFESSOR (A): CICLO/SÉRIE: DATA: ASSINALE COM UM X O QUADRO AFIRMATIVO. ATUALMENTE O (A) ALUNO APRESENTA OS SEGUINTES COMPORTAMENTOS: AGRESSIVIDADE ( ) APATIA ( ) DESINTERESSE ( ) TIMIDEZ ( ) ANSIEDADE ( ) CHORO CONSTANTE ( ) HIPERATIVIDADE ( ) IMPULSIVIDADE ( ) COMPULSIVIDADE ( ) COMPORTAMENTOS ESTRANHOS ( ) MEDO ( ) DEPENDÊNCIA ( ) AGITAÇÃO PSICOMOTORA – DURANTE A EXPLICAÇÃO DO PROFESSOR ( ) E/OU DURANTE A EXECUÇÃO DE TAREFAS ( ). INABILIDADE NAS ATIVIDADES MOTORAS FINAIS ( DESENHOS, RECORTAR, AMARRAR, COLORIR,).( ) INABILIDADE NAS ATIVIDADES MOTORAS GROSSAS (ESPORTES, EDUCAÇÃO FÍSICA). ( ) DIFICULDADE NA FALA ( GAGUEIRA, TROCA FONEMAS). ( ) DIFICULDADE NA AUDIÇÃO. ( ) DIFICULDADE NA VISÃO. ( ) TIQUES DE QUALQUER ESPÉCIE. ( ) DESASTRADO (TROPEÇA, DERRUBA AS COISAS, DESAJEITADO). ( ) INTOLERÂNCIA À FRUSTAÇÃO. ( ) DIFICULDADES PARA ATENDER ORDENS. ( ) EMBOTAMENTO AFETIVO. ( ) ATRAÇÃO POR ATIVIDADES PERIGOSAS. ( ) ALTERAÇÃO CONSTANTE DE HUMOR. ( )

QUANTO AO RELACIONAMENTO : DIFICULDADE DE RELACIONAMENTO COM O GRUPO. ( ) DIFICULDADE DE RELACIOMENTO COM ALGUNS COLEGAS. ( ) É ACOLHIDO PELO GRUPO. ( ) É REJEITADO PELO GRUPO. ( ) FAZ QUEIXAS CONSTANTES. ( )

80

DIFICULDADES DE RELACIONAMENTO COM O PROFESSOR. ( ) DIFICULDADES COM REGRAS. ( ) BRINCA ISOLADAMENTE. ( )

ESCRITA

TROCA, INVERSÃO OU OMISSÃO DE LETRAS. ( ) ESCRITA ESPELHADA. ( ) OUTROS ( ) EXPLICAR

LEITURA TROCA OU OMISSÃ DE LETRAS. ( ) LÊ SEM RITMO, SEM POTUAÇÃO, MUITO RÁPIDO. ( ) COMPREENDE O QUE LEU. ( )

CÁLCULOS

DIFICULDADES NO APRENDIZADO DA MATEMÁTICA. ( ) EXPLICAR DIFICULDADES NA ORIENTAÇÃO TEMPORAL: ONTEM, HOJE, AMNHÃ ( ) DIFICULDADES NA ORIENTAÇÃO ESPACIAL (ATRÁS, EMBAIXO, ETC) ( )

ATENÇÃO E MEMÓRIA

MANTÉM A ATENÇÃO: POR POUCO TEMPO ( ) QUANTO TEMPO ? ____ PELO TEMPO QUE FOR NECESSÁRIO ( )

ATIVIDADES QUAIS SÃO ATIVIDADES PREFERIDAS ? _____________________ QUAIS SÃO AS ATIVIDADES REJEITADAS? ____________________ NECESSITA DE UM TEMPO DIFERENTE PARA COMPREENDER. ( )

NECESSITA DE UM TEM DIFERENTE PARA APRENDER. ( )

DIFICULDADES PARA ENTENDER ORDENS. ( )

81

ANEXO VI

QUESTIONÁRIO PARA OS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

1- Geralmente, quem faz o encaminhamento de uma criança com Déficit de

Atenção / Hiperatividade / Impulsividade para você?

2- Quais as principais queixas apresentadas?

3- Quais os critérios que você usa para fazer o diagnóstico?

4- A criança tem consciência do distúrbio? Como ela percebe?

5- Qual a sua opinião quanto ao uso da medicação? Existe alguma mais

indicada?

6- Quais recomendações você dá aos que convivem com a criança DDA?

82

RESPOSTAS DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE

Nome: G. M. A. Profissão: Psicóloga

1- A maioria dos encaminhamentos, sem dúvida, são feitos pela escola devido às

dificuldades que o professor encontra em lidar como o aluno portador desse transtorno.

Recebo, também, encaminhamentos de médicos (pediatra e neurologista).

2- As queixas mais freqüentes são quanto à agitação psicomotora, ou seja, a

criança não pára quieta, mesmo assentada remexe-se o tempo todo, balança na

cadeira, derruba coisas, tem dificuldade em obedecer e seguir regras, age

impulsivamente.

Outras queixas referem-se à dificuldade em manter a atenção e concentração

nas atividades e brincadeiras, falta de organização com seu material e uma certa

“disposição” por atividades perigosas.

3- Para realizar o diagnóstico, considero importante, fazer uma boa coleta de

dados sobre os sintomas apresentados, através de entrevistas realizadas com os pais

e/ou responsáveis, com o professor e com a própria criança.

Nessa pesquisa relaciono às dificuldades da criança nas diversas áreas –

familiar, escolar, afetiva/social – pois, certamente, em se tratando do transtorno os

sintomas irão aparecer em todas elas.

Não há testes que detectam o transtorno, porém, utilizo-os com o objetivo de

avaliar o nível cognitivo, a habilidade da criança em planejar, os seus interesses e sua

capacidade em organizar-se e prestar atenção.

83

Outro critério para diagnóstico é que a criança deve enquadrar-se na definição

descrita no Manual Estatístico e diagnóstico das Desordens Mentais – DSM-IV.

4- A minha experiência com essas crianças tem mostrado que elas sentem que

“há algo de errado” com elas, pois, estão sendo sempre cobradas para ficarem quietas,

prestarem atenção e não conseguem. O exemplo a seguir demonstra isso. Uma criança

de 9 anos numa sessão comenta comigo... “A tia vive repetindo para eu ficar sentado,

quieto na carteira mas me dá comichão no pé, aquilo vai subindo e eu não consigo”.

5- Considero a medicação uma ferramenta importante no tratamento. Depois que

a criança inicia o tratamento medicamentoso, ela melhora o seu rendimento escolar e

sua interação com o grupo social e familiar também apresenta resultados positivos,

pois, fica menos impulsiva e agitada.

Porém, associado ao tratamento medicamentoso deve estar o acompanhamento

psicoterápico, psicopedagógico. E que todos os profissionais envolvidos com a criança,

mantenham um bom relacionamento, trocando sempre informações a respeito dos

cuidados oferecidos.

O medicamento mais indicado é o metilferidato (Ritalina).

6- Primeira recomendação é a INFORMAÇÃO. O professor e a família precisam

ler, conhecer o assunto para poderem lidar com essa criança de forma apropriada.

Outras orientações que considero importantes para os professores são:

- Elogiar os progressos e as habilidades da criança.

- Afixar regras de funcionamento em sala de aula em lugar visível. Essas

regras devem ser construídas com a criança e serem simples e curtas.

84

- A sala de aula deve ter um mínimo de estímulos visuais para não

dispersar a criança.

- Se possível, evitar que a criança se assente perto da janela.

Preferencialmente perto da mesa do professor.

- Manter o ambiente organizado e limpo.

- Usá-lo como ajudante já que a criança tem dificuldade em permanecer

sentada por muito tempo.

Nome: J. Z. S. Profissão: Psicóloga

1- Geralmente, o encaminhamento é feito por professores através de observção

do comportamento na escola; ou pelos pais, que no convívio com a criança, percebem

os sintomas. Às vezes médicos também encaminham a criança.

2- Criança não pára quieta, é agitada, não concentra nas atividades e nem nas

brincadeiras, não termina seus deveres escolares, tem dificuldades em organizar as

tarefas, perde coisas necessárias para a execução das mesmas, é facilmente distraído

por estímulos alheios, fala em demasia, dá respostas apressadas antes de as

perguntas terem sido completadas, não sabe esperar. (nestes comportamentos acima

estão critérios de desatenção, de hiperatividade e impulsividade).

3- São vários critérios: O professor ou os pais relatam as queixas citadas acima,

e outras. É marcada uma entrevista inicial denominada Anamnese (histórico da vida da

criança desde o parto). A partir daí se coleta dados que poderão já colaborar para a

hipótese diagnóstica.

85

A avaliação segue o padrão usado em outros transtornos, na qual se aplica

testes de inteligência, testes psicomotores e testes emocionais.

Mas, geralmente, a procura por tratamento ocorre no início da vida escolar ou um

pouco antes. Neste caso os critérios variam um pouco: será utilizada observação em

ludoterapia (profissional observa a criança na sala de atendimento, enquanto ela

brinca); às vezes aplica um teste de inteligência não-verbal (vai depender de cada caso

e situação).

4- Diante das queixas de pais e professores, a criança passa a apresentar um

auto conceito negativo e reconhecer que há algo de errado com ela. E pode reagir com

agressividade e rebeldia. As reações adversas dos professores e pais quanto ao

comportamento da criança, podem levar a uma atuação anti-social e auto punitiva da

mesma.

5- Em determinados casos a medicação deve ser usada, mas sempre com

cautela.

A finalidade da medicação é dar suporte para a criança (a família e o professor)

nas novas aquisições que ela irá adquirir no processo terapêutico.

A grosso modo, a medicação poderá atuar no aumento da concentração

(atenção) da criança para que ela possa assimilar melhor as orientações a ela

passadas. Ou seja, é necessário medicação seguida de tratamento psicoterápico e/ou

psicopedagógico. Quanto à medicação mais indicada, irá depender de cada caso, da

gravidade, intensidade e de distúrbios associados, etc. Sendo avaliado pelo médico

especialista a prescrição adequada.

86

6- A recomendação principal é o conhecimento sobre o distúrbio. É importante

também a criança compreender que nem sempre precisa ser perfeita, apesar de muitos

professores e pais criticá-la constantemente.

A família e a escola devem esclarecer qual a função da medicação e da terapia

no tratamento da criança.

Quando recebe auxílio e tratamentos adequados há uma redução da

hiperatividade, da distratibilidade, a ansiedade diminui. Portanto, pais e professores

devem estabelecer uma estrutura previsível de recompensas e punições, dando noção

de responsabilidade. Porque apenas permissividade não é útil para a criança.

É necessário aprender a reconhecer que apesar de a criança enfrentar algumas

dificuldades em algumas áreas, ela também enfrenta as tarefas normais de um ser em

desenvolvimento.

Nome: M. R. Profissão: Psiquiatra

1- Na minha experiência, geralmente não há encaminhamentos, os próprios pais

da criança é que procuram o tratamento com o psiquiatra. Algumas vezes é feito por

professores da criança.

2- Os pais informam que a criança não está indo bem na escola, que não presta

atenção, que é distraída e não pára quieta.

3- Procuro utilizar os critérios do DSM-IV e CID-10:

- início precoce, geralmente antes de 5 anos de idade.

- falta de perseverança nas atividades que exigem envolvimento cognitivo.

- tendência de passar de uma atividade a outra sem concluir nenhuma.

87

- atividade global ( desorganizada, incoordenada, excessiva, desatenta).

- ações imprudentes, impulsivas, sujeitas a acidentes, não desafiadoras.

- falta de inibição social, cautela, reservas.

- impopular com as outras crianças.

- isoladas socialmente.

- déficit cognitivo.

- retardo específico no desenvolvimento da motricidade ou linguagem.

- comportamento dissocial.

- perda da auto estima.

4- Na minha experiência a criança não tem percepção do distúrbio, são os

outros que se incomodam com os modos dela.

5- Quando sou procurado e faço do diagnóstico de DDA, sempre receito

medicamento, em baixa dosagem, com aumento gradual da dose para reduzir a

hiperatividade sem dar sonolência nem atrapalhar as atividades normais da criança.

Cada criança é um indivíduo e por isso necessita de medicamento mais adequado para

cada uma. Os neuroléticos têm dado ótimos resultados.

6- Se detectados os sintomas descritos como para o diagnóstico de DDA/H os

pais devem procurar por um psiquiatra, para avaliar e iniciar o tratamento. As

reavaliações periódicas são fundamentais para a adequação do medicamento, para que

dê condições da criança proceder normalmente em sala de aula e em casa. Isso leva

em média de 3 a 6 meses para se conseguir um bom resultado. É fundamental também

88

que os professores e pais informem ao médico os progressos e retrocessos da criança,

para este adequar as orientações.