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Jardins verticais e plantas que quebram a sobriedade do concreto deixam
as construções mais belas, além de contribuírem com o meio ambiente
TEXTo Flávia Pereira
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Bonitas por natureza
o cenário é cinza. Poluição, trânsito e pressa compõem a paisagem atual das grandes cidades. Essas características, de-
finitivamente, não contribuem com uma boa qualidade de vida. Para reverter essa situação, nada melhor do que colorir os
espaços urbanos com muito verde. E é exatamente isso que muitos profissionais da área têm feito. as plantas passaram a
ser dispostas de forma antes inimagináveis: jardins verticais, telhados ecológicos, muros inteiros cobertos por vegetação e
espécies que parecem brotar do concreto, entre outras. São recursos que garantem o contato com o verde independente-
mente da área disponível. “a ideia é vestir a arquitetura com as plantas e, assim, deixar as construções ainda mais bonitas”,
comenta a arquiteta consuelo Jorge.
além de função estética, essa mistura ainda contribui com questões técnicas da construção, como redução de ruídos
dentro do prédio, mantém uma temperatura agradável e ainda filtra os poluentes, purificando o ar. “nos espaços urbanos
qualquer verde é bem-vindo. Seja um vaso na varanda, um jardim vertical ou um canteiro na calçada. a vegetação oferece
beleza e bem-estar”, afirma o paisagista gilberto Elkis.
construído em uma linha de trem desativada, o high line park tem 1,6 quilômetros de extensão e liga três bairros de nova york
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use sem moderação
De acordo com Elkis, espécies cultivadas à meia-sombra são as
mais indicadas nesses casos. Lírio-da-paz, flor-de-maio, calatéia, cos-
tela-de-adão, palmeira-ráfia e palmeira-leque são algumas das opões.
Em telhados verdes, o ideal é apostar em vegetação tolerante ao sol e
com o sistema radicular curto. Considerando esses aspectos, é possí-
vel utilizar suculentas, amendoim-rasteiro, onze-horas e rabo-de-ga-
to, entre outras. Para o bom desenvolvimento das plantas, é essencial
fazer uma análise geral das condições do ambiente, fornecer lumino-
sidade e ventilação adequadas, evitar contato com ar-condicionado,
assim como a rega em excesso, e adubar mensalmente.
respiro em nova york
Ameaçada de ser demolida, uma linha histórica de transporte fer-
roviário que passava sobre as ruas de Nova York foi poupada e trans-
formada no High Line Park. Criado em etapas, teve o primeiro trecho
inaugurado em junho de 2009 e o segundo dois anos depois, em 2011.
O projeto é fruto de uma parceria entre os escritórios James Corner
Field Operations e Diller Scofidio + Renfro. Implantado pelo pai-
sagista holandês Piet Oudolf, atualmente o parque se estende por 1,6
quilômetros. No verão, a vegetação densa e alta é verde brilhante,
ficando dourada no outono. Os trilhos originais preservados podem
ser vistos entre os densos canteiros. Vale sentar em um dos bancos de
madeira e admirar o encontro do verde com o cinza da metrópole.
natureza para admirar
Criador de grandes jardins verticais, o francês Patrick Blanc
tem uma série de projetos implantados em todo o mundo. Um
deles fica no Museo CaixaForum, em Madri, Espanha, e foi
finalizado em 2007. Abrigado em uma antiga central elétrica
projetada em 1899 pelo arquiteto Jesús Carrasco y Encina e
pelo engenheiro José María Hernandez, o museu conserva
grande parte da arquitetura antiga, como as fachadas principais
de tijolos aparentes. No entanto, também houve mudanças
marcantes. A base de granito da central foi removida, o que
deixou o prédio suspenso sobre uma grande praça pública ba-
nhada por duas fontes. Perto delas está o jardim vertical de 24
metros de altura composto por 15 mil exemplares de plantas de
250 espécies diferentes. Assim como as exposições e ativida-
des oferecidas no interior do museu, a cortina verde também
se tornou uma grande atração e atrai turistas do mundo inteiro.
boa viagem!Belos jardins colorem os três terminais de embarque do Changi Airport, em
Cingapura. O Butterfly Garden (Jardim das Borboletas) é um verdadeiro habitat de
borboletas tropicais. O espaço conta ainda com áreas educacionais que instruem as
crianças sobre os insetos. Já no Orchid Garden & Koi Pond (Jardim de Orquídeas
e Lago de Carpas), destacam-se a flor nacional de Cingapura, chamada orquídea
Vanda Miss Joaquim, e a flor do aeroporto, a orquídea Dendrobium Changi Airport.
Outro destaque é o Green Wall, um jardim vertical com 300 metros de altura que
se estende por três andares. O Fern Garden & Koi Pond (Jardim de Samambaias e
Lago de Carpas), Sunflower & Light Garden (Jardim de Girassóis e Luzes) e Fragrant
Garden (Jardim Perfumado) completam o complexo de espaços verdes planejados e
implantados por uma equipe do próprio aeroporto.
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integração perfeita
Com tronco de cerca de 14 metros de altura, além de uma copa de mais de 45 metros de diâmetro, a imponente figueira foi o ponto
de partida para a criação do restaurante Figueira Rubayat, localizado na capital paulista e projetado pelo arquiteto Fernando Iglesias.
Tombada pelo patrimônio histórico do estado de São Paulo, a árvore recebeu tratamento e foi completamente recuperada antes
do início da construção do restaurante. Integrada perfeitamente à edificação, a figueira pode ser observada em detalhes por aqueles
que passam pela rua devido ao painel na fachada e ao telhado, ambos de vidro, que deixam suas formas exuberantes em evidência.
vestido de verde
Assinado pelo escritório Emílio Ambasz & Associates, de
Nova York, EUA, o Fukuoka Prefectural International Hall foi
construído em um trecho remanescente de mata no centro da
cidade de Fukuoka, no Japão. Seguindo o conceito de sustenta-
bilidade, a obra é um bom exemplo de como integrar natureza e
arquitetura sem agredir a paisagem. Finalizado em 1993, o prédio
abriga escritórios de empresas privadas e governamentais, lojas,
museu, teatro e estacionamento subterrâneo.
Ao olhar para a fachada da face sul, a edificação parece ser
convencional, com panos de vidro e caixilhos de alumínio. O inu-
sitado está no lado norte: jardins criados em cada um dos andares
do edifício, que foram dispostos de forma escalonada.
cheio de curvas
Projetado pelo arquiteto Timothy Seow, do escritório
CPG Consultants, o prédio da Escola de Arte, Design e
Mídia foi concluído em 2006 no coração da Universida-
de Tecnológica de Nanyang. A edificação é composta por
quatro andares e telhados verde com grandes inclinações.
A cobertura foi concebida para se misturar ao jardim do
campus, oferecendo um espaço verde a mais aos estu-
dantes. Além de ser um recurso estético e de integração,
também é funcional, já que contribui com a redução da
temperatura no ambiente interno. O lago no pátio central
do edifício ajuda na elevação da umidade do ar, reflete o
entorno, e ainda compõe um belo cenário àqueles que ob-
servam o espaço de dentro do prédio.
reflexos da paisagem Com arquitetura do escritório Botti Rubin Arquitetos Associados e paisagis-
mo de Isabel Duprat, a sede da Roche Diagnósticos foi inserida em uma clareira
de um terreno com rica vegetação ao redor. Para aproveitar essa característica, os
profissionais planejaram uma fachada com grandes esquadrias de alumínio e vi-
dros laminados, que refletem a natureza. O prédio se camufla na vegetação e ajuda
a ampliá-la. Ao centro da parte interna da edificação, ainda há um jardim cercado
por outro espelho d’água, que preserva as mesmas características visuais do am-
biente externo.
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painéis de natureza
Com três ambientes distintos (restaurante, lounge e bar), o Restaurante Kaá, projetado pelo arquiteto Arthur Casas na capital
paulista, apresenta pé-direito alto, o que proporciona uma excelente luminosidade aos 700 metros quadrados de área construída.
Para aproveitar essa característica, uma grande parede verde com espécies da Mata Atlântica foi implantada pela paisagista Gica
Messiara. Na base do jardim, um espelho d’água trata de garantir aconchego e frescor ao ambiente.
jardim com arte
Arquitetura e natureza se misturam de forma harmônica no Mil-
lenium Park, em Chicago, EUA. Inaugurado em 2004 e com 100
mil metros quadrados de atrações, foi implantado sobre uma antiga
ferrovia. A escultura Cloud Gate, é um dos destaques e foi desenvol-
vida pelo artista britânico Anish Kapoor. De aço inoxidável, reflete o
entorno e é conhecida como feijão devido à sua forma elíptica. Cro-
wn Fountain, do artista espanhol Jaume Plensa, é composta por duas
torres de 15 metros de altura sobre uma lâmina d’água. O telão exibe
imagens de pessoas. Jatos d’água saem pelas bocas dos personagens
das fotos e se transformam em uma fonte inusitada. d
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