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01 INCOMUM Jardins verticais e plantas que quebram a sobriedade do concreto deixam as construções mais belas, além de contribuírem com o meio ambiente TEXTO Flávia Pereira foto IWAN BAAN/DIVULGAçãO BONITAS por natureza O cenário é cinza. Poluição, trânsito e pressa compõem a paisagem atual das grandes cidades. Essas características, de- finitivamente, não contribuem com uma boa qualidade de vida. Para reverter essa situação, nada melhor do que colorir os espaços urbanos com muito verde. E é exatamente isso que muitos profissionais da área têm feito. As plantas passaram a ser dispostas de forma antes inimagináveis: jardins verticais, telhados ecológicos, muros inteiros cobertos por vegetação e espécies que parecem brotar do concreto, entre outras. São recursos que garantem o contato com o verde independente- mente da área disponível. “A ideia é vestir a arquitetura com as plantas e, assim, deixar as construções ainda mais bonitas”, comenta a arquiteta Consuelo Jorge. Além de função estética, essa mistura ainda contribui com questões técnicas da construção, como redução de ruídos dentro do prédio, mantém uma temperatura agradável e ainda filtra os poluentes, purificando o ar. “Nos espaços urbanos qualquer verde é bem-vindo. Seja um vaso na varanda, um jardim vertical ou um canteiro na calçada. A vegetação oferece beleza e bem-estar”, afirma o paisagista Gilberto Elkis. CONSTRUÍDO EM UMA LINHA DE TREM DESATIVADA, O HIGH LINE PARK TEM 1,6 QUILÔMETROS DE EXTENSÃO E LIGA TRÊS BAIRROS DE NOVA YORK

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Jardins verticais e plantas que quebram a sobriedade do concreto deixam

as construções mais belas, além de contribuírem com o meio ambiente

TEXTo Flávia Pereira

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Bonitas por natureza

o cenário é cinza. Poluição, trânsito e pressa compõem a paisagem atual das grandes cidades. Essas características, de-

finitivamente, não contribuem com uma boa qualidade de vida. Para reverter essa situação, nada melhor do que colorir os

espaços urbanos com muito verde. E é exatamente isso que muitos profissionais da área têm feito. as plantas passaram a

ser dispostas de forma antes inimagináveis: jardins verticais, telhados ecológicos, muros inteiros cobertos por vegetação e

espécies que parecem brotar do concreto, entre outras. São recursos que garantem o contato com o verde independente-

mente da área disponível. “a ideia é vestir a arquitetura com as plantas e, assim, deixar as construções ainda mais bonitas”,

comenta a arquiteta consuelo Jorge.

além de função estética, essa mistura ainda contribui com questões técnicas da construção, como redução de ruídos

dentro do prédio, mantém uma temperatura agradável e ainda filtra os poluentes, purificando o ar. “nos espaços urbanos

qualquer verde é bem-vindo. Seja um vaso na varanda, um jardim vertical ou um canteiro na calçada. a vegetação oferece

beleza e bem-estar”, afirma o paisagista gilberto Elkis.

construído em uma linha de trem desativada, o high line park tem 1,6 quilômetros de extensão e liga três bairros de nova york

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use sem moderação

De acordo com Elkis, espécies cultivadas à meia-sombra são as

mais indicadas nesses casos. Lírio-da-paz, flor-de-maio, calatéia, cos-

tela-de-adão, palmeira-ráfia e palmeira-leque são algumas das opões.

Em telhados verdes, o ideal é apostar em vegetação tolerante ao sol e

com o sistema radicular curto. Considerando esses aspectos, é possí-

vel utilizar suculentas, amendoim-rasteiro, onze-horas e rabo-de-ga-

to, entre outras. Para o bom desenvolvimento das plantas, é essencial

fazer uma análise geral das condições do ambiente, fornecer lumino-

sidade e ventilação adequadas, evitar contato com ar-condicionado,

assim como a rega em excesso, e adubar mensalmente.

respiro em nova york

Ameaçada de ser demolida, uma linha histórica de transporte fer-

roviário que passava sobre as ruas de Nova York foi poupada e trans-

formada no High Line Park. Criado em etapas, teve o primeiro trecho

inaugurado em junho de 2009 e o segundo dois anos depois, em 2011.

O projeto é fruto de uma parceria entre os escritórios James Corner

Field Operations e Diller Scofidio + Renfro. Implantado pelo pai-

sagista holandês Piet Oudolf, atualmente o parque se estende por 1,6

quilômetros. No verão, a vegetação densa e alta é verde brilhante,

ficando dourada no outono. Os trilhos originais preservados podem

ser vistos entre os densos canteiros. Vale sentar em um dos bancos de

madeira e admirar o encontro do verde com o cinza da metrópole.

natureza para admirar

Criador de grandes jardins verticais, o francês Patrick Blanc

tem uma série de projetos implantados em todo o mundo. Um

deles fica no Museo CaixaForum, em Madri, Espanha, e foi

finalizado em 2007. Abrigado em uma antiga central elétrica

projetada em 1899 pelo arquiteto Jesús Carrasco y Encina e

pelo engenheiro José María Hernandez, o museu conserva

grande parte da arquitetura antiga, como as fachadas principais

de tijolos aparentes. No entanto, também houve mudanças

marcantes. A base de granito da central foi removida, o que

deixou o prédio suspenso sobre uma grande praça pública ba-

nhada por duas fontes. Perto delas está o jardim vertical de 24

metros de altura composto por 15 mil exemplares de plantas de

250 espécies diferentes. Assim como as exposições e ativida-

des oferecidas no interior do museu, a cortina verde também

se tornou uma grande atração e atrai turistas do mundo inteiro.

boa viagem!Belos jardins colorem os três terminais de embarque do Changi Airport, em

Cingapura. O Butterfly Garden (Jardim das Borboletas) é um verdadeiro habitat de

borboletas tropicais. O espaço conta ainda com áreas educacionais que instruem as

crianças sobre os insetos. Já no Orchid Garden & Koi Pond (Jardim de Orquídeas

e Lago de Carpas), destacam-se a flor nacional de Cingapura, chamada orquídea

Vanda Miss Joaquim, e a flor do aeroporto, a orquídea Dendrobium Changi Airport.

Outro destaque é o Green Wall, um jardim vertical com 300 metros de altura que

se estende por três andares. O Fern Garden & Koi Pond (Jardim de Samambaias e

Lago de Carpas), Sunflower & Light Garden (Jardim de Girassóis e Luzes) e Fragrant

Garden (Jardim Perfumado) completam o complexo de espaços verdes planejados e

implantados por uma equipe do próprio aeroporto.

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integração perfeita

Com tronco de cerca de 14 metros de altura, além de uma copa de mais de 45 metros de diâmetro, a imponente figueira foi o ponto

de partida para a criação do restaurante Figueira Rubayat, localizado na capital paulista e projetado pelo arquiteto Fernando Iglesias.

Tombada pelo patrimônio histórico do estado de São Paulo, a árvore recebeu tratamento e foi completamente recuperada antes

do início da construção do restaurante. Integrada perfeitamente à edificação, a figueira pode ser observada em detalhes por aqueles

que passam pela rua devido ao painel na fachada e ao telhado, ambos de vidro, que deixam suas formas exuberantes em evidência.

vestido de verde

Assinado pelo escritório Emílio Ambasz & Associates, de

Nova York, EUA, o Fukuoka Prefectural International Hall foi

construído em um trecho remanescente de mata no centro da

cidade de Fukuoka, no Japão. Seguindo o conceito de sustenta-

bilidade, a obra é um bom exemplo de como integrar natureza e

arquitetura sem agredir a paisagem. Finalizado em 1993, o prédio

abriga escritórios de empresas privadas e governamentais, lojas,

museu, teatro e estacionamento subterrâneo.

Ao olhar para a fachada da face sul, a edificação parece ser

convencional, com panos de vidro e caixilhos de alumínio. O inu-

sitado está no lado norte: jardins criados em cada um dos andares

do edifício, que foram dispostos de forma escalonada.

cheio de curvas

Projetado pelo arquiteto Timothy Seow, do escritório

CPG Consultants, o prédio da Escola de Arte, Design e

Mídia foi concluído em 2006 no coração da Universida-

de Tecnológica de Nanyang. A edificação é composta por

quatro andares e telhados verde com grandes inclinações.

A cobertura foi concebida para se misturar ao jardim do

campus, oferecendo um espaço verde a mais aos estu-

dantes. Além de ser um recurso estético e de integração,

também é funcional, já que contribui com a redução da

temperatura no ambiente interno. O lago no pátio central

do edifício ajuda na elevação da umidade do ar, reflete o

entorno, e ainda compõe um belo cenário àqueles que ob-

servam o espaço de dentro do prédio.

reflexos da paisagem Com arquitetura do escritório Botti Rubin Arquitetos Associados e paisagis-

mo de Isabel Duprat, a sede da Roche Diagnósticos foi inserida em uma clareira

de um terreno com rica vegetação ao redor. Para aproveitar essa característica, os

profissionais planejaram uma fachada com grandes esquadrias de alumínio e vi-

dros laminados, que refletem a natureza. O prédio se camufla na vegetação e ajuda

a ampliá-la. Ao centro da parte interna da edificação, ainda há um jardim cercado

por outro espelho d’água, que preserva as mesmas características visuais do am-

biente externo.

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painéis de natureza

Com três ambientes distintos (restaurante, lounge e bar), o Restaurante Kaá, projetado pelo arquiteto Arthur Casas na capital

paulista, apresenta pé-direito alto, o que proporciona uma excelente luminosidade aos 700 metros quadrados de área construída.

Para aproveitar essa característica, uma grande parede verde com espécies da Mata Atlântica foi implantada pela paisagista Gica

Messiara. Na base do jardim, um espelho d’água trata de garantir aconchego e frescor ao ambiente.

jardim com arte

Arquitetura e natureza se misturam de forma harmônica no Mil-

lenium Park, em Chicago, EUA. Inaugurado em 2004 e com 100

mil metros quadrados de atrações, foi implantado sobre uma antiga

ferrovia. A escultura Cloud Gate, é um dos destaques e foi desenvol-

vida pelo artista britânico Anish Kapoor. De aço inoxidável, reflete o

entorno e é conhecida como feijão devido à sua forma elíptica. Cro-

wn Fountain, do artista espanhol Jaume Plensa, é composta por duas

torres de 15 metros de altura sobre uma lâmina d’água. O telão exibe

imagens de pessoas. Jatos d’água saem pelas bocas dos personagens

das fotos e se transformam em uma fonte inusitada. d

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