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7 CENTRO UNIVERSITARIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS “DOCUMENTO NOVO NA AÇÃO RESCISÓRIA” RICARDO DE CAMARGO RA 447549-5 Turma: 319E Fone: 3257-5721 Email: [email protected] São Paulo 2003

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    CENTRO UNIVERSITARIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

    DOCUMENTO NOVO NA AO RESCISRIA

    RICARDO DE CAMARGO RA 447549-5 Turma: 319E

    Fone: 3257-5721 Email: [email protected]

    So Paulo 2003

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    RICARDO DE CAMARGO

    DOCUMENTO NOVO NA AO RESCISRIA

    Monografia apresentada banca examinadora da Faculdade de Direito das Faculdades Metropolitanas Unidas, como exigncia parcial para obteno do grau de bacharel em direito, sob a orientao do professor Marcelo de Almeida Teixeira.

    So Paulo 2003

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    Banca Examinadora: Professor Orientador

    Professor Argidor ________________________________

    Professor Argidor ________________________________

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    Aos Meus Pais

    Terezinha e Jos Carlos

    minha Famlia e Amigos

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    Agradecimento

    Ao Prof. Marcelo de Almeida Teixeira, meu

    orientador desde o primeiro momento, pela dedicao a mim

    empenhada.

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    SUMRIO

    1. Introduo ----------------------------------------------------------------------------07

    2. O recurso e a Ao Rescisria

    2.1. Recurso ------------------------------------------------------------------09

    2.2. Ao Rescisria --------------------------------------------------------11

    2.3. Do conhecimento -------------------------------------------------------12

    3. A ao rescisria

    3.1. Fundamentao ---------------------------------------------------------13

    3.2. Definio ----------------------------------------------------------------14

    3.3. rgo competente e prazo --------------------------------------------16

    3.4. Pressupostos especficos ----------------------------------------------19

    3.5. Legitimidade ------------------------------------------------------------20

    3.6. Caractersticas ----------------------------------------------------------21

    3.7. Procedimento -----------------------------------------------------------23

    4. Documento novo

    4.1. Fundamentao -----------------------------------------------------------28

    4.2. Pareceres quanto ao documento novo -------------------------------28

    4.3. Interpretao ------------------------------------------------------------30

    4.4. Concepo de novo -------------------------------------------------31

    4.5. Obteno de documento novo ----------------------------------------33

    4.6. Novidade do documento. ---------------------------------------------35

    4.7. Fundamento legal ------------------------------------------------------36

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    5. Consideraes Finais --------------------------------------------------------------38

    6. Concluso-----------------------------------------------------------------------------41

    7. Bibliografia --------------------------------------------------------------------------45

  • 14

    1. Introduo

    O presente estudo tem por finalidade demonstrar a possibilidade

    disposta no ordenamento jurdico, precisamente no inciso VII do art. 485

    do Cdigo de Processo Civil brasileiro, de se pleitear um novo

    pronunciamento, agora favorvel, diferentemente da deciso de que se tem

    a inteno de modificar, mesmo se esta j estiver transitada em julgado no

    processo anterior. Trata-se de uma exceo regra do princpio da coisa

    julgada, a qual a priori, imutvel, e tem a finalidade de dar segurana aos

    ato decididos em juzo.

    A idia deste analisar a definio de documento novo como requisito

    para ensejar um pedido de resciso de um julgado, atravs de uma ao

    rescisria. Essa anlise leva ao reconhecimento de uma outra ao

    autnoma a que deu origem ao ato decisrio que se pretende rescindir,

    baseando-se na obteno de um documento novo.

    O trabalho, assim, foi dividido em duas partes: a primeira, de cunho

    introdutrio, apresenta a ao rescisria de maneira a distingui-la dos

    recursos, uma vez que estes pressupem a inocorrncia da coisa julgada. A

    segunda parte, mais especfica, tratar da interpretao de documento novo,

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    como fundamento ao rescisria na busca de justia que, teoricamente,

    no se fez na primeira demanda.

    O documento novo estar-se- construindo um conjunto concatenado de

    argumentos, dentre os quais, ser de tal fora capaz de proporcionar ao

    autor de uma ao rescisria, conforme seu pedido, a resciso, anulao da

    deciso por ela atacada e lhe garantir a satisfao do pedido formulado.

    Inegvel, no entanto, a necessidade de que o autor somente tenha

    conhecimento da existncia deste documento aps o julgamento e o trnsito

    da lide anterior.

    notrio o fato de que o direito, dentre outros aspectos, tem por escopo

    a obteno da justia e dado o carter indeterminado do que se considera

    como sendo justo, faz-se necessrio a existncia de um instrumento prprio

    a capacitar um reexame do ato decisrio, consistindo a ao rescisria uma

    ltima alternativa admitida processualmente.

  • 16

    1. O recurso e a Ao rescisria

    2.1. Recurso

    O recurso, no sentido etimolgico da palavra: retorno, volta,

    regresso, um instrumento nos sistemas processuais, o qual se pode

    solicitar o reexame do ato decisrio. A sociedade regulada por normas

    jurdicas, cabendo aos juzes a aplicao do direito, uma vez que eles so os

    representantes do Estado e revestidos de jurisdio, ou seja, tm o poder de

    dizer qual o direito. No entanto, suas decises judiciais podem estar

    sujeitas a falhas, sendo necessrio uma anlise mais apurada no mrito para

    garantir sociedade uma certeza da soluo adequada ao direito e justia.

    Atravs do recurso tem-se o poder de recorrer, de buscar um novo

    pronunciamento do pleito forense, livre de possveis vcios de juzo

    errores in jucicando e vcios de atividade errores in procedendo. O

    recurso um pedido cuja pretenso o reexame de uma deciso judicial,

    podendo esta ser: uma sentena, uma deciso interlocutria ou um acrdo.

  • 17

    Sentena a deciso terminativa que pe fim ao processo com ou sem

    julgamento de mrito. Em princpio, sentena o ato pelo qual o juiz pe

    termo ao processo, decidindo ou no o mrito de causa1.

    A Deciso interlocutria um ato do juiz que resolve questes, pontos

    controvertidos de fato e de direito, no curso do processo, determinando

    providncias para o andamento processual. Conceitua-se como sendo o

    ato pelo qual o juiz, no curso do processo, resolve questes incidentes2.

    Enquanto, o Acrdo que deriva de acordam, forma adotada para

    iniciar o texto da deciso de um rgo judicirio colegiado, porque

    significa pem-se de acordo, ficam ou esto de acordo. o julgamento

    proferido pelos tribunais superiores3.

    O pedido recursal pode ser feito no mesmo processo, ou corre em autos

    apartados, como no caso de interposio de agravo de instrumento por

    exemplo (art. 522 CPC) e busca a reforma total ou parcial, esclarecimento,

    invalidao ou integrao do ato decisrio impugnado. O recurso pode ser

    formulado ao prprio rgo que proferiu a deciso judicial ou a outro rgo

    hierarquicamente superior (Tribunais). Geralmente, os recursos buscam a

    1 Marcus Cludio Acquaviva, Dicionrio Bsico de Direito Acquaviva, p. 263. 2 Idem, p.132. 3 Idem, p. 65.

  • 18

    no formao da chamada coisa julgada, que pode ser formal ou material,

    entretanto, quando esta ocorreu e j se tem o trnsito em julgado da

    sentena proferida pelo juiz de primeira instncia, pode a parte

    desfavorecida com tal deciso, fazer uso de um instrumento processual

    denominado ao rescisria, que uma ao autnoma de impugnao em

    face de uma deciso do judicirio transitada em julgado, uma sentena tida

    como processualmente defeituosa, contra a qual no cabe mais qualquer

    recurso, desde que atendidos os requisitos necessrios sua procedncia.

    2.2. Ao rescisria

    A ao rescisria no um recurso. Este, um ato processual que tem

    origem no mbito do processo e tem como objetivo principal o

    impedimento da formao de coisa julgada e a reapreciao de um ato do

    judicirio, buscando a reforma total ou parcial deste ato tido pelo recorrente

    como errneo.

    J a ao rescisria um ato originrio e tem a funo de desconstituir

    uma deciso que j transitou em julgado materialmente e constituiu coisa

    julgada, enquanto que, no recurso a deciso ainda no transitada, pois o

    recurso depende da existncia de um processo principal. Ao contrrio do

    recurso, a ao rescisria no persegue a reapreciao do ato judicial, mas a

  • 19

    desconstituio do julgado que, em certas situaes, pode ensejar um novo

    julgamento, exigindo a presena das condies da ao e de seus requisitos

    gerais e especficos, devendo o seu propositor requerer impreterivelmente o

    novo julgamento.

    2.3. Do conhecimento do recurso

    O conhecimento de um recurso depende de certos pressupostos,

    denominados de admissibilidade, prprios dos recursos. So eles, alm da

    legitimidade e do interesse, que esto ligados pessoa do recorrido, so

    tambm pressupostos: a recorribilidade, a tempestividade, a singularidade

    do recurso, a adequao, o preparo e a motivao, estes decorrentes do

    recurso propriamente dito.

    O recurso poder at desconstituir a deciso para que um novo

    julgamento se proceda, agora em superior instncia, por rgo colegiado.

    Na ao rescisria no h de se falar em nulidade ou anulabilidade do

    mrito julgado, tendo em vista que, a ao rescisria busca a

    rescindibilidade do julgado com argumentos slidos e eficazes, em casos

    especficos, sem analisar com a boa ou a m apreciao de uma prova, ou a

    justia ou a injustia da deciso.

  • 20

    2. Ao rescisria

    3.1. Fundamentao

    A ao rescisria esta regulamentada no atual Cdigo de Processo Civil

    , no Livro I, ttulo IX, Do processo nos Tribunais, captulo IV, artigo 485.

    Narra o artigo 485 A sentena de mrito, transitada em julgado, pode

    ser rescindida quando:

    I- se verificar que foi dada por prevaricao, concusso ou corrupo do

    Juiz;

    II- proferida por Juiz impedido ou absolutamente incompetente;

    III- resultar de dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida

    ou de coluso entre as partes, a fim de fraudar a lei;

    IV- ofender a coisa julgada;

    V- violar literal disposio de lei;

    VI- se fundar em prova, cuja falsidade tenha sido apurada em processo

    criminal, ou seja, provada na prpria ao rescisria;

  • 21

    VII- depois da sentena, o autor obtiver documento novo, cuja

    existncia ignorava, ou de que no pde fazer uso, capaz, por si s, de lhe

    assegurar pronunciamento favorvel;

    VIII- houver fundamento para invalidar confisso, desistncia ou

    transao, em que se baseou a sentena;

    IX- fundada em erro de fato, resultante de atos ou de documentos da

    causa.

    3.2. Definio

    A ao rescisria, como define o Professor Acquaviva, a ao que

    tem por objetivo a decretao da nulidade de sentena transitada em

    julgado. Cabe apenas contra sentena que j no pode mais ser alcanada

    por recurso ordinrio ou extraordinrio4.

    V-se que a ao rescisria um instrumento processual que viabiliza a

    anulao da sentena que julgou o mrito e transitou em julgado, e por

    intermdio desta ao, pode-se pleitear a anulao da sentena e

    eventualmente, um novo julgamento.

    4 Marcus Cludio Acquaviva, Dicionrio Bsico de Direito Acquaviva, p. 62.

  • 22

    notrio que a ao rescisria uma exceo, na qual, a regra : a

    sentena transitou em julgado, imutvel , ou seja, lei entre as partes. E

    eventualmente, se uma das hipteses do artigo 485 do Cdigo de Processo

    Civil se fizer presente, pode a parte prejudicada pleitear a anulao desta

    sentena.

  • 23

    3.3. rgo competente e prazo

    O rgo do judicirio competente para julgar a ao rescisria ser

    sempre o rgo colegiado, esta ao sempre comea no tribunal e nunca

    ser julgada por um juiz singular de primeiro grau de jurisdio.

    A competncia, segundo o Cdigo de Processo Civil, para processar e

    julgar a ao rescisria originariamente dos tribunais. Esta competncia

    tem natureza absoluta e fixada funcional e verticalmente, ou ainda, por

    hierarquia (art. 93 do CPC).

    Com relao ao Supremo Tribunal Federal (alnea g, inciso I do artigo

    102 da CF), de sua competncia o processamento da ao rescisria,

    assim como ao Superior Tribunal de Justia (alnea e, inciso I do artigo 105

    da CF). A CF, em seu artigo 108, I, b confere tambm aos Tribunais

    Regionais Federais a competncia para rescindir seus julgados ou

    sentenas, desde que de mrito e proferidas por juzes federais da regio

    pela qual o TRF competente ou por juzes estaduais, quando delegada a

    competncia a este tribunal (pargrafo 3o do artigo 109 da CF). E ainda, so

    competentes para processar e julgar a ao rescisria, os Tribunais de

    Justia, e onde houver, e os Tribunais de Alada, cabendo ao regimento

    interno dessas cortes determinar qual julgar a demanda.

  • 24

    Se o autor da ao rescisria, erroneamente, vier a prop-la em rgo

    incompetente, poder ter sua pretenso julgada extinta, com fundamento no

    art. 267, VI do CPC. No entanto, pelos princpios da economia processual,

    da utilidade e da efetividade, a ao erradamente endereada, poder ser

    aproveitada conforme sua natureza instrumental, sendo facultado ao juzo

    incompetente remeter os autos a quem lhe compete.

    Geralmente, a ao rescisria da competncia do tribunal que

    conheceria ou conheceu do recurso da deciso rescindenda5. E cabe s

    Constituies dos Estados, ou sua Lei Orgnica, no caso do Distrito

    Federal, disciplinar sobre a competncia, cabendo ao regimento interno de

    cada tribunal definir o rgo que julgar as rescisrias.

    Conforme as Smulas do STF: competente o STF para a ao

    rescisria, quando embora no tenha conhecido do recurso extraordinrio,

    ou havendo negado provimento ao agravo, tiver apreciado a questo federal

    controvertida (smula 249 STF). A competncia para a ao rescisria

    no do STF, quando a questo federal apreciada no recurso extraordinrio

    ou no agravo de instrumento, seja diverso do que foi suscitado no pedido

    da rescisria (smula 515 STF).

    5 Arnaldo Esteves Lima, Ao Rescisria, p. 55.

  • 25

    Finalmente, com relao execuo do julgado resultante da rescisria,

    a competncia do prprio tribunal que proferiu este julgado, conforme

    dispe o art. 575, I do Cdigo de Processo Civil.

    O prazo para propositura da ao rescisria de dois anos contados a

    partir da data em que houve o trnsito, devendo ser observadas as regras

    do artigo 184 do CPC. Se no for respeitado este prazo de dois anos impera

    a coisa julgada e no haver mais mecanismos para discutir a sentena.

    Este prazo decadncial e no prescricional, no tendo interrupo nem

    suspenso, estipulado o incio ele decorre ininterruptamente at o ltimo

    dia.

    O termo inicial do binio o trnsito em julgado da ltima deciso,

    proferida nos autos, ou seja, se o tribunal no conhecer do recurso, o incio

    do prazo de dois anos para rescisria, ser a data em que passar o trnsito

    em julgado desta deciso.

    A prescrio poder ocorrer quando o autor for responsvel pela

    paralisao da ao rescisria por mais de cinco anos, todavia, se a demora

    decorrer da inrcia do Poder Judicirio, no prejudicar a parte

  • 26

    interessada6. E, ocorrendo justa causa ou obstculo judicial, o prazo para

    propositura da rescisria poder ser restitudo.

    O prazo decadncial de dois anos inicia-se no dia til imediatamente

    seguinte quele em que houve o trnsito da ltima deciso, terminando no

    dia posterior ao fechamento dos dois anos. Uma vez decorrido o prazo

    ocorrer a coisa soberanamente julgada.

    3.4. Pressupostos especficos da ao rescisria

    Somente pode ser atacada por ao rescisria a sentena ou o acrdo

    de mrito, como tal, se entende aquele que pe fim demanda, definindo a

    lide. No admitida a rescisria em face de sentena que no julgou o

    mrito, pois nesta hiptese, ajuza-se novamente a ao para aquela que no

    julgou o mrito.

    A ao rescisria depende necessariamente da presena de uma das

    condies taxativas previstas no artigo 485 do CPC, onde deve existir pelo

    menos uma das situaes. O artigo 485 contm um rol fechado, ou se

    enquadra em uma de suas hipteses, ou no cabvel ao rescisria e os

    incisos do dispositivo no aceitam interpretao por analogia.

    6 Conforme Smulas: 78/TRF e 106/STJ.

  • 27

    H uma nica exceo (artigo 741, inciso I do CPC), denominada

    querela nullitatis, que consiste na falta de citao ou na citao nula, onde

    no havendo contestao, e gerada a revelia do ru, violaria os princpios

    do contraditrio e do devido processo legal, ambos previstos na

    Constituio Federal. Sendo esta irregularidade um defeito insanvel, que

    permaneceu no processo gerador da coisa julgada e que pode ser alegado a

    qualquer momento, mesmo depois de decorridos os dois anos do trnsito

    em julgado prazo para rescisria- da sentena defeituosa com relao

    citao, este defeito anterior possibilita a anulao do ato decisrio.

    3.5. Legitimidade para ao rescisria

    O artigo 487 do Cdigo de Processo Civil traz a legitimidade para

    propositura de ao rescisria:

    Tm legitimidade as partes: A parte vencida ou seu sucessor a ttulo

    unilateral ou singular, herdeiros quando o inventrio estiver em trmite, ou

    os herdeiros j individualizados, respectivamente. As partes normalmente

    so as maiores interessadas na propositura da ao rescisria, pois so elas

    que buscam um pronunciamento mais favorvel a si.

  • 28

    Tambm est legitimado o terceiro juridicamente interessado possuindo

    interesse jurdico e no apenas interesse econmico, devendo-se questionar:

    a) se o terceiro, agora que quer promover a ao rescisria, poderia ter

    funcionado como assistente na primeira ao? se no poderia, no tem

    ento legitimidade para propor a ao rescisria, j, se poderia ter sido

    assistente, ento poder propor rescisria. b) se o terceiro deveria ter sido

    chamado para o mesmo processo, mais no foi? se deveria ter sido

    chamado e no foi, ento tem legitimidade, podendo propor ao rescisria.

    Finalmente, o artigo 487 do CPC faculta ao Ministrio Pblico a

    possibilidade de impetrao. O Ministrio Pblico tem legitimidade para

    propositura de ao rescisria, mesmo se deveria ter participado do

    primeiro processo e no foi chamado.

    3.6. Caractersticas

    As caractersticas da ao rescisria so: a ao rescisria sempre ser

    julgada por um rgo colegiado, esta ao sempre nasce num tribunal, que

    para a ao rescisria o primeiro grau. Se tiver uma sentena publicada, a

    parte tem prazo de quinze dias para apelar (interpor um recurso de

    apelao) e no apela, esta sentena transitar em julgado. A parte que

    perdeu o processo, tem ento um prazo de dois anos para, se for o caso,

  • 29

    impetrar um a ao rescisria em um dos tribunais hierarquicamente do

    mesmo nvel Tribunal de Justia; 1o ou 2o Tribunal de Alada Cvel. No

    entanto, se houver uma sentena, o vencido apelar e esta apelao for

    remetida ao Tribunal de Justia, que por sua vez prolatado o acrdo, neste

    caso abre-se prazo para recurso especial ou recurso extraordinrio. O

    recurso especial ser julgado pelo Superior Tribunal de Justia (STJ),

    enquanto que o recurso extraordinrio pelo Supremo Tribunal Federal

    (STF).

    A finalidade, portanto, da ao rescisria, rescindir, anular, ab-rogar,

    fazer cessar os efeitos de uma sentena que, por j ter transitado em

    julgado, tornou-se imutvel e irretratvel, com ou sem a utilizao de

    recursos cabveis, ainda que contra ela no se tenha esgotada toda a via

    recursal, com graves danos para a harmonia coletiva, devendo o pedido

    rescisrio conter, alm da resciso, o pedido de um novo julgamento da

    causa. A ao rescisria de natureza constitutiva negativa, ao

    autnoma, que para sua propositura deve atender aos pressupostos

    processuais bsicos desse tipo de ao, e especficos dela prpria, dentre os

    quais pode se destacar a necessidade de ter ocorrido o trnsito em julgado

    da sentena que se pretende combater por rescisria.

  • 30

    3.7. Procedimento

    O procedimento da ao rescisria, como se trata de uma ao, depende

    ela de uma petio inicial com todos os requisitos do artigo 282 do CPC. O

    autor ter que fazer um depsito equivalente a 5% sobre o valor da causa, e

    este valor ser destinado ao ru da ao se a mesma for julgada

    improcedente ou inadmissvel por votao unnime.

    Apresentada a ao rescisria, o ru ser citado para contestar e ter um

    prazo variante de 15 a 30 dias, a ser fixado pelo relator da rescisria.

    Oferecida a contestao, todas as provas que tiverem que ser produzidas

    dependero necessariamente da expedio de carta de ordem, ou seja, o

    tribunal manda que um juiz de primeira instncia produza aquela

    determinada prova; encerrando-se a fase probatria, as partes tero 10 dias

    cada uma para se manifestar. O Ministrio Pblico ouvido sempre na

    ao rescisria. E, em seguida haver o julgamento da ao por cinco

    magistrados julgadores. O acrdo que julga a rescisria pode comportar a

    interposio de recurso especial, recurso extraordinrio ou embargos de

    declarao.

    Para o direito brasileiro, a ao rescisria uma ao autnoma, no um

    recurso, e tem por objetivo a decretao da anulao de sentena transitada

  • 31

    em julgado. A coisa julgada uma criao da lei e decorre dos imperativos

    da ordem poltica, social, tica e jurdica e uma vez publicada a sentena,

    sendo as partes intimadas sem recurso, esta sentena no pode mais ser

    alterada, nem pelos juzes singular, nem pelos tribunais. A sentena,

    portanto, no ser mais alvo de apreciao, salvo se proferida ilegalmente

    ou se fundada em vcios que possibilitem sua invalidao. Nestes casos,

    cabe a ao rescisria objetivando assegurar a perfeita distribuio da

    justia, ou seja, no havendo a res judicata, no h como se falar em ao

    rescisria.

    A interposio deve ocorrer dentro do prazo de dois anos delimitados

    pelo primeiro dia til que susceder ao ltimo dia de prazo para interposio

    de recursos. Assim, pode a sentena transitar em julgado na instncia

    originria sem qualquer recurso, pode transitar em julgado depois de

    esgotados todos os recursos cabveis, inclusive recurso extraordinrio e

    agravo de instrumento. H tambm a possibilidade de ao rescisria de

    deciso proferida em outra rescisria, uma vez que o vigente Cdigo de

    Processo Civil silenciou a respeito da matria, e em silenciar tornou sempre

    possvel a resciso do julgamento que, em ao rescisria, incidir em

    qualquer dos vcios enumerados no artigo 485.

  • 32

    Ao propor a ao, o autor dever depositar a importncia

    correspondente a 5% do valor da causa, que reverter em favor do ru caso

    haja improcedncia da ao.

    No Juizado Especial Cvel de pequenas causas no se admite a ao

    rescisria, porque este se funda na rapidez da soluo dos pequenos

    conflitos no justificando a anlise respectiva.

    A sentena no somente suscetvel de resciso pelo seu prprio

    defeito, mas por algum outro ato que a tornou vulnervel. Com a

    propositura da rescisria, todo aquele que tem capacidade para estar em

    juzo pode ser autor, inclusive as partes e seus sucessores, o reconvinte e

    seus sucessores, o credor, fiador e os sub-rogados, e at mesmo, o scio da

    firma falida podem requerer a resciso da sentena de abertura da falncia,

    podem ser requerentes e autores da ao rescisria, havendo a a

    instaurao de uma nova relao jurdica processual.

    A ao rescisria cumulada com ao reivindicatria no tem seu

    processo nulo, se deixarem de ser citados para ela os possuidores do imvel

    reivindicado, o que preciso que as partes tenham sido citadas, segundo

    entende o Tribunal de Justia de So Paulo. Qualquer ato de renncia ou

  • 33

    desistncia pode dar ensejo rescisria, desde que esteja dentro dos ante-

    supostos legais para exerccio desta ao.

    Uma sentena rescindvel, passvel de ao rescisria, no se

    confunde com sentena nula nem com sentena inexistente e os meios de

    ataque a estas decises judiciais ora so concebidos e regulados como

    recursos, ora com ao, no sendo obrigados, a priori, serem considerados

    todos como recurso. Embora no sistema do Cdigo anterior houvesse a

    possibilidade da resciso de sentenas no definitivas, que no se

    projetaram ao trnsito em julgado material, no Cdigo atual, apenas as

    sentenas de mrito podem ser rescindidas, passando assim a ser objeto da

    ao rescisria a desconstituio da coisa julgada, apenas as sentenas que

    decidiram a lide que comportam resciso. Desta sorte, cabe ao

    rescisria contra o acrdo proferido em agravo de instrumento desde que

    este tenha examinado o mrito controvertido e a ele ps termo. evidente

    que a lei quando se refere sentena, no est excluindo os acrdos dos

    tribunais que tambm so rescindveis nas mesmas hipteses legais, desde

    que seja ato terminativo de mrito, seja proferido por juiz ou tribunal, o que

    acarretaria apenas na mudana da competncia para o processo e

    julgamento da ao rescisria, que de natureza constitutiva negativa, pois

    modifica o mundo jurdico.

  • 34

    A competncia para a rescisria privativa dos tribunais, ou seja, se

    tratar de resciso de sentena, de competncia do rgo do tribunal para

    o julgamento de eventual apelao. J, se a resciso for de acrdo,

    compete ao prprio tribunal que o proferiu, sendo alterado, se for o caso, o

    rgo interno julgador obedecidas as regras de organizao judiciria que

    estruturam o Tribunal e a Lei Orgnica da Magistratura Nacional.

    O fundamento de uma rescisria pode residir na nulidade da

    sentena, e nunca na sua eventual injustia, pois o objeto imediato da ao

    rescisria a deciso, a sentena transitada, o acrdo e no a controvrsia

    originria entre as partes. Ela no promove reviso do conjunto probatrio

    e nem se presta a apreciar a justia da deciso, a boa ou a m interpretao

    dos fatos. Nela no se examina o direito da parte, mas a sentena passada

    em julgado e a prestao jurisdicional entregue pelo julgamento. A ao

    rescisria pode ser entendida, a grosso modo, como um julgamento de

    julgamento, no entrando no seu mbito discutir a justia da deciso

    atacada. Pode-se concluir que a ao rescisria uma ao secundium quid,

    na sua formulao, entretanto, revestida de um essencial carter recursal,

    o que porm, no significa que seja recurso, mas somente uma ao que

    gera um novo incidente processual.

  • 35

    4. Documento novo

    4.1. Fundamentao

    O Cdigo de Processo Civil, no inciso VII do artigo 485, possibilita a

    interposio de ao rescisria se: ...depois da sentena, o autor obtiver

    documento novo, cuja existncia ignorava, ou de que no pde fazer uso,

    capaz, por si s, de lhe assegurar pronunciamento favorvel;

    Permite o referido inciso VII a resciso da sentena no caso de o

    autor obter documente novo, capaz de alterar o mrito da deciso em seu

    favor.

    4.2. Pareceres quanto ao documento novo

    H diversos entendimentos, contudo, prevalece um certo consenso

    em relao definio de documento novo, que para Vicente Greco Filho

    o documento novo no quer dizer produzido aps a sentena, mas

    documento at ento desconhecido ou de utilizao impossvel devido a

    circunstncias alheias vontade do autor da rescisria. Arnaldo Esteves

    Lima entende ser documento novo aquele que s agora a parte teve acesso

  • 36

    a ele, a sua obteno ou descoberta, conforme o caso, que foi realizado

    posteriormente ao trnsito em julgado da deciso rescindenda7.

    Moacir Amaral Santos acrescenta que por documento novo, deve-se

    entender no s o escrito, com fora probande, mas tambm todo e

    qualquer representao material destinada a reproduzir duradouramente

    uma representao do pensamento. Assim como Christino Almeida do

    Valle, que define ser documento novo, aquele que aps a soluo da

    causa, consegue o vencido, documento que ignorava ou no pde juntar na

    tramitao do processo8. Alexandre de Paula tambm alerta para o

    desconhecimento por parte do autor da rescisria, conceituando como: o

    documento novo, aquele diferente dos demais at ento reunidos no

    processo onde a sentena rescindenda foi prolatada. Mas j deveria existir

    ao tempo da sua prolatao, embora o autor ignorasse a sua existncia, ou,

    se no ignorava, no teria tido possibilidade de, por qualquer motivo

    pondervel, utiliz-lo ento9, bem como se constata nas lies de Barbosa

    Moreira o documento, cuja existncia a parte ignorava obviamente,

    documento novo, documento que existia; documento de que ela no pde

    fazer uso , tambm, documento que, noutras circunstncias, poderia ter

    sido utilizado e portanto, existia. O documento deve ser tal, que a

    7 Arnaldo Esteves Lima, Ao Rescisria, p. 37. 8 Christino Almeida do Valle, Teoria e prtica da ao rescisria, p. 183. 9 Alexandre de Paula, Cdigo de processo civil anotado, p. 1971.

  • 37

    respectiva produo por si s, fosse capaz de assegurar parte

    pronunciamento favorvel.

    Segundo o entendimento de Pinto Ferreira para fundamentar a ao

    rescisria o documento novo no pode ser constitudo posteriormente ao

    processo, mas sim um documento que j existia ao tempo do processo no

    qual foi proferida a sentena10. E, finalmente, para fins de rescisria, por

    documento novo no se deve entender, aqui o constitudo posteriormente.

    O adjetivo novo expressa o fato de s agora ser ele utilizado, no a

    ocasio em que o documento j existisse ao tempo do processo em que se

    proferiu a sentena Theotnio Negro11.

    Conclui-se que o documento novo apenas para o processo anterior,

    e no que este foi constitudo posteriormente ao seu desfecho

    4.3. Interpretao

    Desenvolvido numa concatenao lgica, por documento novo deve-

    se interpretar aquele existente ao tempo da prolao da sentena, cuja

    existncia ignorava o autor da rescisria, parte vencida no processo

    originrio, e este documento somente veio parar em mos do autor aps a

    10 Pinto Ferreira, Teoria e prtica dos recursos e da ao rescisria no processo civil , p. 282. 11 Theotnio Negro, Cdigo de processo civil anotado e legislao processual em vigor, p. 488.

  • 38

    sentena que se quer rescindir, isentando-o de culpa pela sua no

    apresentao, ou seja, o documento novo aquele que j existia quando a

    sentena foi proferida, mas sua existncia era ignorada ou no sabida pelo

    autor da ao rescisria, ou ainda que dele no pde fazer uso. O

    documento novo deve ser de tal ordem que, sozinho, seja capaz de

    modificar o resultado desta sentena rescindenda, vindo ento a favorecer o

    autor da rescisria sob pena de no ser idneo para o decreto de resciso.

    4.4. Concepo de novo

    No considerado documento novo pelo inciso VII do artigo 485,

    documento novo, aquele que antes da deciso na ao anterior, poderia pelo

    autor ser utilizado. A ao rescisria uma ao autnoma de impugnao,

    de natureza constitutiva negativa, quando o juiz rescindendo que proferiu a

    sentena qual se busca a alterao de seu estado jurdico existente,

    baseando-se na obteno de um documento juridicamente considerado

    novo, d ensejo instaurao de outra relao processual distinta daquela

    que foi proferida deciso, sem ter o documento novo feito parte do

    processo. Cabe ao autor o dever de apresentar o documento novo, o qual

    em sua concepo, justificaria a propositura da ao.

    Por exemplo, em uma ao de indenizao por acidente de veculos

    julgada improcedente, no constitui documento novo para ao rescisria a

  • 39

    posterior sentena condenatria de preposto da r(1o Tribunal de Alada

    Civil de So Paulo)12.

    Para ao rescisria, so considerados documentos indispensveis

    aos autores: a exibio nos autos do inteiro teor do acrdo rescindendo,

    apesar de reiteradamente intimados, ensejando a sua improcedncia, caso

    no sejam exibidos.

    No h de se falar em ao rescisria para resciso de deciso

    definitiva por prova testemunhal nova, no sendo esta prevista em lei

    como documento novo do disposto no artigo 485 do Cdigo. Em outras

    palavras, testemunha nova no caracteriza documento novo para fim de

    ao rescisria.

    Dispe a lei sobre a possibilidade da sentena de mrito transitada

    em julgado ser rescindida pela obteno de documento novo, no entanto, o

    qualificativo novo para o legislador, no o documento que novo mas

    a obteno deste documento que nova. Para que o documento seja tido

    como novo na rescisria, no significa que teve existncia aps o

    julgamento da lide, pelo contrrio, a sua existncia deve ser anterior ao

    e que por algum motivo alheio vontade da parte, agora autora, somente

    12 1o TACivil SP, 4o Gr, ao rescisria 481964, relator Alares Lbo, j. 08/09/1992

  • 40

    dele veio a ter conhecimento aps o trnsito daquela. Se o autor da ao

    rescisria tinha conhecimento da existncia do documento e por opo sua

    no o utilizou, no poder faz-lo na rescisria, ou seja, se tinha o

    conhecimento e negligenciou na sua apresentao, ou no relatou o fato a

    seu advogado, neste caso, de documento novo no se cuida a acepo

    conceitual jurdica do termo novo.

    4.5. Obteno de documento novo

    A obteno do documento novo deve ter sido aps a prolao da

    sentena ou, em outra hiptese, deve ter sido obtido depois do

    encerramento da instruo probatria da deciso rescindenda, aps a fase

    de instruir as provas, excetuada a previso do artigo 517 do Cdigo de

    Processo Civil, que possibilita a apreciao de questes em recursos, desde

    que provada a existncia de fora maior, a qual comprovaria que o motivo

    foi alheio a vontade da parte. O documento deve ser desconhecido ou de

    utilizao impossvel, que no foi utilizado pela parte originria por

    impossibilidade a que ela no deu causa, no pode ter decorrido de culpa de

    quem alega a impossibilidade, devendo a parte ter procedido com as

    cautelas normais e adequadas obteno deste documento.

  • 41

    Exige-se ainda que o documento, alm de ter sido obtido depois do

    julgamento da lide tenha, por si s, fora de favorecer o direito de quem o

    invocou, sendo de valor notoriamente probandi, de tal intensidade que

    sozinho seria capaz de assegurar parte uma pretenso favorvel.

    O documento novo tambm deve ser suficiente a admitir-se que se

    tivesse sido produzido na ao anterior, o rgo julgador teria uma

    convico diversa da que chegou e julgaria de maneira diferente da deciso

    a que se pretende anular, deve haver um nexo de causalidade entre o fato de

    no se haver produzido o documento e o de ter julgado como se julgou.

    Para o direito brasileiro, o conceito de documento novo abrangente,

    devendo este j existir quando da prolao da sentena ou do acrdo, e

    que no se pde utiliz-lo por desconhecimento ou dele no poder fazer

    uso, aproveit-lo. No documento novo hbil a estribar a rescisria, a

    declarao extrajudicial de pessoa que regularmente prestou depoimento no

    processo cuja deciso se visa desconstituir. No cabe tambm, ao

    rescisria fundada em documento novo, se o fato de que o documento

    venha provar no ter sido alegado na primeira ao.

    Por exemplo: no documento novo o que j constava de registro

    pblico ao tempo da sentena rescindenda (RTJ 125/439), pois o

  • 42

    documento pblico no tido como novo e nem se pode alegar a

    impossibilidade de sua utilizao.

    Ao autorizar a resciso da sentena pela obteno de um documento

    novo, a Comisso Revisora sugeria a eliminao deste dispositivo temendo

    o confronto com a autoridade da coisa julgada. No entanto, para propor a

    ao rescisria, no importa a posio processual anterior, podendo tratar-

    se at de pessoa estranha ao primeiro processo desde que legitimada

    rescisria.

    4.6. A novidade do documento

    Ressalta-se que por documento novo, no se deve entender o

    constitudo posteriormente. A novidade do documento h de se referir ao

    processo anterior. O documento deve ser novo no sentido de que no foi

    produzido no processo de que emanou a sentena cuja resciso se requer,

    ele deve ter sido obtido depois da sentena. Para admitir-se a ao

    rescisria preciso que o documento j existisse ao tempo do processo

    anterior, e cuja existncia era ignorada ou impossibilitada de fazer uso,

    logicamente sem culpa da parte, como por exemplo: o documento fora

    furtado do local onde se encontrava, ou estava em poder de terceira pessoa

    a qual no foi localizada, etc

  • 43

    Se a impossibilidade decorrer de ato do adversrio poder configurar

    o fundamento contemplado como dolo da parte vencedora e que, de

    maneira alguma, exclui a viabilidade da rescisria.

    4.7. Fundamento legal

    A stima fundamentao da ao rescisria documento novo13

    refere-se possibilidade da parte vencida de propor uma ao que permita

    mudar o convencimento da autoridade judicante e tem como finalidade a

    modificao da deciso rescindenda, para isso, o sucumbente dever ter

    conseguido um documento novo, que anteriormente ignorava ou de que no

    pde utilizar-se na poca apropriada, se tal documento realmente puder

    alterar a sentena. O mais relevante o fato de que o documento seja capaz

    de, sozinho, garantir um julgamento de acordo com o interesse do autor da

    rescisria, que aps a soluo da causa originria, o vencido consegue um

    documento novo de que no tinha conhecimento ou se conhecia, no teve

    como junt-lo na tramitao do processo, e agora, nele apoiado e com base

    legal, requer a rescisria.

    A ao rescisria para resciso de sentena, por fora da obteno de

    documento novo, no seria vivel se fosse deixado de alegar, por parte de

    13 Inciso VII do artigo 485 do Cdigo de processo civil

  • 44

    seu autor, a ignorncia da existncia de documento que sabia ser

    importante para a deslinde da causa, cabendo a parte propositora da

    rescisria o nus do prova dessa impossibilidade do uso deste documento

    novo no curso do processo originrio que se teve como desfecho o arresto

    rescindendo em instncia inferior.

  • 45

    5. Consideraes Finais

    Deve-se entender como documento novo, aquele que s depois da

    sentena rescindenda poderia ser utilizado. A certido emitida pelo

    Cartrio de Registro de Imveis, por exemplo, no se qualifica como

    documento novo para efeito do disposto no inciso VII do artigo 785 do

    CPC, uma vez que, poderia sem qualquer dificuldade, ter sido obtido pelo

    autor que pretende a rescisria quando em curso a precedente ao, mesmo

    que este documento tenha sido obtido pela parte aps a sentena, no

    novo na acepo de tal preceito, e nem, de existncia ignorada, mesmo que

    seja capaz de alterar a deciso assegurando-lhe um pronunciamento mais

    favorvel.

    A incria de quem no procura provas com empenho e nem as utiliza

    da maneira e oportunidade que a lei lhe oferece, no autoriza o direito de

    demandar a resciso. De maneira suscinta, aquele que negligenciou na

    instruo da primeira ao no poder pleitear a anulao da deciso nem

    lanar mo de recurso da rescisria.

    Verifica-se que a obteno de um documento novo, mesmo que este

    enseje no ajuizamento da ao rescisria, deve preexistir deciso, ou seja,

    uma sentena para fins de ao rescisria, no pressupe que a parte tivesse

  • 46

    esgotada toda a via recursal at os Tribunais Superiores, porque no se

    pode obrigar a parte a recorrer e se recorreu, os recursos extraordinrios e

    especiais so cabveis em situaes jurdicas determinadas e no fazem

    parte dos princpios constitucional do duplo grau de jurisdio.

    Ante a multiplicidade do dado, tambm no se pode considerar como

    documento novo aquele que mencionado nos autos da ao anterior, e que

    se encontra em livro do Tabelionato de Notas, que a qualquer tempo pode

    ser obtido mediante uma solicitao de certido, no caracterizando a

    impossibilidade do seu uso pela parte interessada.

    Dessa forma, no se reputa o documento, como sendo novo para fins

    de resciso, aquele que por si s, em nada afeta o mrito da questo j

    decidido, de modo a assegurar um posterior pronunciamento favorvel ao

    autor ou aos autores da ao rescisria. Portanto, soma-se a isso o fato de

    que o artifcio novo caracteriza o documento que sem culpa do autor da

    rescisria, teve sua obteno descoberta ou acesso posteriormente

    ocorrncia do trnsito, alm do desconhecimento ou ignorncia, deve o

    documento novo ser suficientemente relevante para modificar, total ou

    parcialmente, o resultado da demanda a que se pretende atacar, de maneira

    a proporcionar um pronunciamento mais favorvel na deciso da ao

  • 47

    rescisria. O documento, alm de novo, deve ser tambm capaz, ou seja,

    eficiente na concepo de alterar o decidido.

  • 48

    6. Concluso

    A ao rescisria, embora tenha como finalidade prtica

    desconstituir a coisa julgada material, o que pressupe-se tenha ocorrido

    litigiosamente a qual se ps fim com apreciao do seu mrito, esta uma

    assertiva, que a ao visa assegurar ao ordenamento jurdico, em definitivo,

    o valor segurana jurdica.

    Procurando maior penetrao, maior exatido, importante ressaltar

    que o princpio da razoabilidade e o princpio da proporcionalidade devem

    ser sopesados criteriosamente na aferio de cada situao concreta posta a

    ao rescisria, neste caso, devido a obteno por parte do autor da

    rescisria, de um documento novo- novo no no sentido adjetivo da

    palavra, mas sim, no sentido de ter sua existncia ou utilidade possvel

    somente agora que garanta favorecer sua pretenso, para se concluir pela

    opo que mais atenda finalidade da lei, levando em considerao que a

    lei deve atender aos interesses sociais e ao bem comum, preservando a

    estabilidade jurdica resultante da coisa julgada material, desde que esta

    no seja decorrncia resultante de uma deciso injusta a ser impugnada.

    Em uma conciso, o documento novo, para fundar e proporcionar a

    instaurao de ao rescisria, buscando um novo julgamento, agora com

  • 49

    garantia de resultado diverso e benfico, s pde ter sido obtido depois da

    prescrio do prazo da coisa julgada, ou seu interessado somente veio a ter

    conhecimento da sua existncia agora, ou ento estava ele impossibilitado

    de fazer a utilizao devida estando o documento em posse de terceiro ou

    do prprio adversrio alm disso, este documento deve ser capaz de por

    si s orientar-se a garantir que a sentena da ao rescisria seja em seu

    favor, beneficiando seu autor. Tudo isso, dentro do prazo legal,

    estabelecido por ser de dois anos para propositura de ao rescisria,

    contados a partir do trnsito da sentena rescindenda.

    mister definir exatamente o documento novo, purificando-o de

    seus elementos contigentes, pois o documento que se enquadrar como

    novo para ao rescisria, garante a sua propositura e assegura o seu

    resultado, favorecendo a seu autor e conseqente justia, haja visto que

    foi respeitado todo disposto no texto legal.

    Isto ressalta a necessidade do ajuizamento prvio ou incidental de

    uma ao cautelar, ou ainda de um pedido de tutela antecipada para

    assegurar a efetividade e o resultado da ao rescisria, uma vez que

    segundo dispe o art. 489 do CPC: A ao rescisria no suspende a

    execuo da sentena rescindenda. A impetrao de cautelar, desde que

    atendidos seus requisitos, e se justifique sua necessidade ao ajuizamento da

  • 50

    rescisria, pode desconstituir a eficcia exeqvel da deciso transitada em

    julgado, mesmo a coisa julgada sendo instituto de segurana das relaes

    jurdicas. Tanto a coisa julgada quanto a possibilidade de rescindi-la so

    institutos que visam garantir a justia do direito.

    Por fim, a fora do documento novo, com absoluta objetividade,

    deve ser de tal maneira eficiente na concepo de alterar o decidido na

    primeira ao, ou seja, ser suficientemente relevante para modificar, total

    ou parcialmente, o resultado do ato decisrio que na tica do autor da

    rescisria, feriu seu direito, e agora com este documento garante para si um

    pronunciamento favorvel ao seu interesse.

    Sendo assim, se um documento legalmente admitido capaz de

    garantir a satisfao do direito do autor da ao rescisria, nada mais justo

    que ele busque a sua realizao.

    O documento novo a causa de pedir da ao rescisria, ou seja,

    atravs dele e somente por causa dele que o autor pleiteia a resciso, e

    portanto, este documento ser submetido ao contraditrio podendo a parte

    contrria buscar provar sua veracidade, autenticidade ou o meio como foi

    obtido. O autor da ao rescisria fundada em documento novo, s poder

  • 51

    se valer deste documento para provar eventual equvoco da deciso

    rescindenda.

  • 52

    7. Bibliografia

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  • 53

    PEREIRA, Valdemar Rodrigues. Das responsabilidades civil, penal e administrativa / fase ao Cdigo de defesa do Consumidor. 1a

    edio. So Paulo: editora Bestbook, 2000.

    VALLE, Christino Almeida do. Teoria e prtica da ao rescisria: de acordo com o Cdigo de Processo Civil. Rio de Janeiro: Editora Aide, 1990.

    Anotaes particulares do aluno em sala de aula.