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Edição 71 - Revista de Agronegócios

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e-mails ITAMAR JOSÉ ALVES AZEVEDO([email protected])Cafeicultor - Ibitiúva (SP). “A revista traz informações importantes. Sou produtor ru-ral e gostaria de receber a Revista Attalea Agronegócios”.

ALEX ROBERTO DE OLIVEIRA([email protected])Médico Veterinário - Franca (SP). “Tenho propriedade entre Claraval (MG) e Ibiraci (MG). Acompanho a revista, com artigos interessantes. Gostaria de receber a Re-vista Attalea Agronegócios”.

CARLOS ALBERTO OHARA([email protected])Consultor - São Sebastião do Paraíso (MG). “Solicito alteração de endereço para continuar recebendo a revista”.

LUIS JUNIOR BRASILINO SILVA([email protected])Estudante - João Pinheiro (MG). “Sou estudante em Agronomia e Tecnologia em Agronegócios. Gostaria de receber a Re-vista Attalea Agronegócios”.

EDSON DE TOLEDO OLIVEIRA([email protected])Engenheiro Agrônomo - Varginha (MG). “Sou consultor de vendas da Cheminova Brasil. Gostaria de receber a revista e manter contato para futuras publicações”.

THIAGO CABRINI([email protected])Zootecnista - Batatais (SP). “Traba-lho como representante comercial da Brasilquimica Nutrição Animal e gostaria de assinar a revista”.

JOÃO FRANCISCO DA SILVA FILHO([email protected])Técnico em Cafeicultura - Três Pontas (MG). “Também sou um pequeno produtor de café. Gostaria de receber a revista”.

ASSOCIAÇÃO CENTRAL DE AGRONEGÓCIOS([email protected])Revenda - Alfenas (MG). “Gostaria de receber a revista Attalea Agronegócios”.

PAULO ROBERTO FALAVIGNA([email protected])Engenheiro Agrônomo - São João da Boa Vista (SP). “Gostaria de receber men-salmente esta conceituada revista”.

RICARDO LUIS DURANTE([email protected])Empresário - Limeira (SP). “Tenho uma empresa no ramo de artefatos de borracha para máquinas e implementos agrícolas”.

Projeto do AGROSEBRAE beneficiaPEQUENOS PRODUTORES RURAIS

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Os Sindi-catos Ru-rais de Barretos

(SP), Bebedouro (SP), Monte Azul Paulista (SP) e Olí mpia (SP), em parceria com a CATI, Cooperci-trus e SEBRAE-SP, criaram o Projeto de Citricultura Fami-liar do Noroeste Pau-lista para aumentar a competitividade da propriedade familiar

produção”, explica Livia Borges. “Essa é uma oportunidade de ser

mais competitivo, uma vez que a citri-cultura está passando por difi culdades. Nosso objetivo com este projeto é au-mentar a rentabilidade nas proprie-dades”, afi rma Tatiana Candeo, gestora de agronegócios do SEBRAE-SP em Barretos (SP).

Até o momento, já foi feito um levantamento de toda a produção dos 100 primeiros produtores familiares que aderiram ao projeto. Entre os me-ses de junho e julho, será feito um tra-balho de sensibilização nas prefeituras da região para destacar a importância da compra pública benefi ciar produ-tores locais.

Para participar, o produtor rural não precisa ser cooperado da COOPER-CITRUS, mas sua propriedade não pode ultrapassar quatro módulos ru-rais. Os interessados devem procurar a COOPERCITRUS mais próxima ou o Escritório do SEBRAE em Barretos pelo telefone (17) 3323-2899.

Estão envolvidos neste projeto os municípios de Taiaçu (SP), Taiúva (SP), Pirangi (SP), Bebedouro (SP), Em-baúba (SP), Monte Azul Paulista (SP), Guaraci (SP), Olímpia (SP), Colômbia (SP), Barretos (SP) e Cajobi (SP).

citrí cola.No projeto, o papel dos sindica-

tos rurais será o oferecer os cursos do SENAR. Para este segundo semestre, alguns temas estão previstos, como o de Normativa NR-31, referente às boas práticas e o curso Trabalhador na Fru-ticultura Básica”, afi rma Livia Borges, assessora do SEBRAE-SP nas regiões de Ribeirão Preto (SP), Franca (SP), Barretos (SP), Araraquara (SP) e São João da Boa Vista (SP).

A CATI será responsável pelo georeferenciamento dos talhões nas propriedades atendidas pelo projeto. A Coopercitrus vai ajudar no escoamento da produção a partir da criação de uma cooperativa familiar que vai fornecer citrus para programas do governo, como por exemplo, a merenda escolar.

Já o SEBRAE coordenará o pro-jeto, buscando os agrônomos especia-listas em citrus, que farão consultorias técnicas nas propriedades. Além disto, este profi ssional vai organizar dias -de-campo, cursos específi cos na área, promover reuniões regionais. “Deve ainda oferecer consultorias na área ad-ministrativa, para que os produtores melhorem seus controles e tenham um caderno de campo capaz de apon-tar resultados e promover análises da

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Manejo do solo no cultivo de BerinjelaPesquisa do Departamento de Engenharia de Biossistemas da Esalq/USP retrara a utilização do manejo da Fertirrigação em cultivo de Berinjela em estufas plásticas

Importância do Fósforo e dos Fosfitos para o CaféPrimeira parte de uma série de artigos orientando, principal-mente os cafeicultores, a res-peito da importância da aplicação de fosfatos e fosfi tos na lavoura de café.

Holanda: longevidade e alta produtividadeExcelente artigo da médica vete-rinária Maria Beatriz Ortolani, da equipe do MilkPoint, retratando a bovinocultura leiteira atual quando da visita técnica realizada na Ho-landa

AMSC participa de feira de Cafés Especiais na EuropaGabriel Afonso Oliveira, presi-dente da AMSC, e a esposa Flávia Lancha, diretora da Laba-reda Agropecuária participaram na Austria da maior feira em ca-fés especiais na Europa.

A importância da irrigação na cultura do café

Diante do cenário de dis-ponibilidade e competição pelos recursos hídricos nos diferentes setores da sociedade, é funda-mental a gestão de uso da água através de uma irrigação racio-nal, econômica e ecologicamente sustentável. Para tanto, todas as etapas envolvidas no processo têm importância. Dentre elas: planejamento, projeto, seleção do método, instalação, operação e manutenção dos equipamentos no campo e o manejo da água.

Chuvas dificultam colheita de caféE PRODUTORES FICAM ALERTAS

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Adubação com P, B e Mg em Cafeeiro em ProduçãoO segundo artigo de Renato Brandão, da Bio Soja, aborda o manejo de três nutrientes: fós-foro, magnésio e boro, respon-sáveis pelo desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro.

O excesso de umidade em decorrência das chuvas no cinturão produtor de café

brasileiro deve comprometer a qualidade do produto no merca-do nacional e internacional.

Desde maio deste ano, mês em que normalmente se inicia a colheita de café no país, coinci-dia com o período de escassez de chuvas. O cafeicultor passava dia e noite colhendo os frutos e organizando os procedimentos de secagem nos terreirões. Com tranquilidade, já que as chuvas não vinham.

Mas não foi o que se ob-servou este ano. Chuvas fre-quentes, em grande volume, as-sociadas a geadas em algumas regiões produtoras difi cultaram sobremaneira a atividade de co-lheita do café. A umidade, além disto, pode comprometer muito a qualidade do café ofertado aos brasileiros e aos exigentes mer-cados norte-americano, asiático e europeu.

De acordo com o CNC - Conselho Nacional do Café, o café consumido pelos brasileiros neste ano está mais caro e de pior qualidade. O diagnóstico ruim mostra que de 30% a 40% dos

grãos colhidos que chegam nas cooperativas são de muito baixa qualidade. O próprio presidente do CNC, Silas Brasileiro, chegou a afi rmar que as perdas com a safra, mesmo com as chuvas ces-sando, são irrecuperáveis.

Esta situação é retratada, nesta edição, com o artigo do Engº Agrº Armando Matielli, presidente executivo do SINCAL e cafeicultor em Guapé (MG).

Ainda na cafeicultura, res-saltamos dois artigos interes-santíssimos relacionado à fer-tilização. No primeiro artigo, a segunda parte do artigo do Engº Agrº Renato Passos Brandão, Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja, onde é retratada a Im-portância da Adubação com Fós-foro, Boro e Magnésio em Cafee-iros em Produção. No segundo artigo, sob a supervisão do Engº Agrº Fernando Jardine, do Gru-po Nutriplant, apresentamos a primeira parte do artigo sobre a Importância do Fósforo e Fosfi tos para a Cafeicultura.

Na silvicultura, apresenta-mos artigo sobre a importância dos Sistemas Agrofl orestais como Opção de Renda e Recuperação de Áreas Degradadas.

Boa Leitura!!!!

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EVENTOS

Unir todos os elos da cadeia do agronegócio num espaço apropriado para estimular as atividades ru-rais e fazer o campo crescer e com ele, claro, o pequeno produtor ganhar mercado. Este é o prin-

cipal objetivo da 4ª Sinagro - Feira de Agronegócios do Sin-dicato dos Produtores Rurais de Passos (MG), programada para o período de 7 a 10 de agosto, no Parque de Exposições “Adolfo Coelho Lemos”, em Passos (MG).

Crescer com o agronegócio é a vocação da Sinagro que a cada ano vem superando as expectativas, tanto de público quanto de vendas. O nível de comercialização dos estandes, por exemplo, é superior a 100% ao ano passado, quando a Sinagro começou a ser negociada no início de julho. Neste ano, o volume negociado já garante pelo menos 5 mil pes-soas no evento. O trabalho está sendo feito para chegar a um público que ultrapasse 20 mil visitantes.

Para o presidente do SinRural, Leonardo Medeiros, a expectativa é de que esta quarta edição supere em negócios a do ano passado e se fi rme como o maior evento do agronegó-cio regional. “Prevíamos uma receptividade boa por parte dos produtores, mas confesso que nos surpreendemos com o engajamento dos empresários não só do setor, mas, de vários outros segmentos da sociedade”, afi rmou Medeiros.

A terceira edição da feira foi um sucesso de público e de negócios. De acordo com o presidente do SinRural, Leonardo Medeiros desde o início da 3ª Sinagro o sucesso já estava garantido, que contou na abertura com a partici-pação do Secretário de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Elmiro Alves Nascimento e do deputado federal Odair Cunha.“Com relação aos negócios a 3ª Sinagro ultrapassou os R$ 40 milhões, sendo que a expectativa dos organizadores era de R$15 milhões. Teve empresa que ven-deu 33 tratores, outras 3 carros, 6 motos e a perspectiva de negócios futuros foi muito boa”, informaram Arnaldo Maia e Anselmo Figueiredo, organizadores da Sinagro.

4ª SINAGRO: crescendoCOM O AGRONEGÓCIO

Para a 4ª Sinagro a expectativa é ampliar as nego-ciações, mas o foco principal é atingir o pequeno e médio produtor com apresentação de novos produtos, insumos e tecnologias para o campo.

A 4ª Sinagro teve seu lançamento ofi cial no dia 14 de junho no Parque de Exposições “Adolfo Coelho Lemos”. O evento foi realizado no Espaço Tropeiro, onde o presidente da entidade, Leonardo Medeiros, recebeu cerca de 200 con-vidados. A comissão organizadora da feira apresentou a es-tratégia para estimular a participação do público, o planeja-mento de comercialização e reserva de espaços, a campanha de publicitária e o plano de mídia da Sinagro.

Arnaldo Maia observou que a 4ª Sinagro, como as ante-riores, é um espaço para se ganhar dinheiro, tanto os produ-tores rurais, do pequeno ao grande, quanto as empresas que irão participar do evento. A feira será realizada em agosto e está sendo precedida de uma ampla campanha de divulga-ção, através da mídia (jornais, rádio, TV, sites, outdoors) e de outros meios que irão ajudar a promover o evento.

Pavilhão Verde trará novidadesOs organizadores já conseguiram articular com seis

grandes empresas para apresentarem seus produtos e traba-lhos durante a 4ª Sinagro dentro do Pavilhão Verde, área montada pelo ISEPEM.

O Grupo Máris Célis trará para o Pavilhão Verde a par-ceria que fechou com a USP (Universidade de São Paulo) campus de Piracicaba-SP onde funciona a ESALQ - Escola Superior de Agricultura ‘‘Luiz de Queiroz’’.

Os produtores rurais e visitantes da feira terão descon-tos especiais para as ofi cinas de Defesa Fitossanitária; Reco-mendação de Calagem, Gessagem e Adubação de Culturas e Mercados de Derivativos Financeiros e Agropecuários.

As outras parcerias são com a Homeopassos que trará a experiência da Farmácia Viva; o Orquidário Flor do Lago, de Patos de Minas (MG); a Estação de Piscicultura de Furnas; a Fazenda de Peixe em parceria com a empresa Tanrede, de Passos (MG) e a AFAVALE - Associação dos Agricultores Familiares do Vale do Rio Grande, que apresentará semi-nário sobre agricultura sustentável e sua comercialização.

Pavilhão de Negócios para diversifi car a feiraO Pavilhão de Negócios contará com estandes de em-

presas de vários setores, como planos de saúde, odontologia, refrigeração, calçados, prestação de serviços, telecomunica-ções, artesanato, ótica, entre outros. “Pelo menos 45 asso-ciações foram convidadas por meio da AFAVALE ”, salienta Arnaldo Maia, que acredita que a sustentabilidade do pro-jeto AFAVALE seja “porta de entrada para que em breve a região possa comportar de fato um CEASA”, fi naliza.

Neste ano, o produtor irá preencher uma fi cha de in-scrição que lhe dará o direito de receber um cupom e par-ticipar de sorteios de vários brindes.

Leonardo Medeiros, presidente do Sinrural e organizador da Sinagro, ao lado, José Rogério Lara, EMATER A

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Holanda: alta produtividade,LONGEVIDADE E AUTOMATIZAÇÃO

Maria Beatriz Tassinari Ortolani 1

No fi nal do mês junho, a equipe do MilkPoint (www.milkpoint.com.br) partici-pou de uma viagem técnica

a convite da CRV Lagoa para conhecer a pecuária leiteira da Holanda. O país é tido como o berço da produção de leite, sendo também o país de origem da raça Holandesa.

Hoje, o rebanho bovino leiteiro da Holanda é de cerca de 1,5 milhão de cabeças, distribuídas em 20.746 fa-zendas leiteiras e com produção anual de 12 bilhões de litros de leite e 600 mil toneladas de queij o. São em média 73 vacas por propriedade e 580 mil kg de leite/ano/fazenda. O crescimento da produção tem sido de 2,2% por ano, acima da média da União Européia.

O rebanho do país dos pôlders (os pôlders são áreas drenadas situa-das abaixo do nível do mar, que cons-tituem hoje, aproximadamente, 40% da área do país) busca as seguintes ca-racterísticas genéticas: boa conforma-ção funcional, longevidade e leite com alto teor de sólidos, fruto de anos de 1 - Médica Veterinária (UEL), Mestre em Me-dicina Veterinária (UFV), e coordenadora de con-teúdo e analista de mercado do MilkPoint (www.milkpoint.com.br). Piracicaba (SP). Email: [email protected]

melhoramento genético e desenvolvi-mento de tecnologias. Para o produtor holandês é orgulho ter vacas que atin-giram a marca de 100.000 kg e não são poucos que possuem tal mérito. No en-tanto, os holandeses reconhecem que 70% do resultado vem do manejo, com a nutrição representando aproximada-mente mais da metade do sucesso.

O país possui 1.204 mil hectares

destinados ao leite e a maior parte das fazendas adota o sistema de produção em free stall, ou semi-confi nado com pastagens de azevém. O gado é pre-dominantemente Holandês Preto e Branco e Vermelho e Branco.

Para podermos fazer qualquer tipo de comparação com o Brasil é pre-ciso conhecer melhor a pecuária lei-teira e o mercado local. Então vamos lá!

O primeiro ponto que chama a-tenção é o sistema de cotas de produção. No pós-guerra, a necessidade de garan-tir alimentação estimulou a política de subsídios agrícolas que por sua vez resultaram em superprodução de leite. A solução que já perdura por décadas foi a aplicação de cotas de produção. A cota é a maneira do governo controlar a oferta e assim evitar a superprodução, de forma que os preços mantém-se, em tese, menos voláteis e remuneradores. O produtor pode comprar uma cota compatível com a sua produção, o que não é barato e lhe custará em seu custo de produção em torno de €$ 0,03 (R$ 0,075) por kg ainda que tenha subsí-dios de aproximadamente €$ 0,05 (R$ 0,125) por kg. Caso a produção

Sistema de produção free-stall

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seja maior que a cota, o produtor terá que pagar altas multas pelo excedente. Mas se por algum acaso a produção não atin-gir o valor da cota, ele pode vender essa diferença para outro produtor. Em 2015 as cotas deixarão de existir e os produ-tores já estão se preparando para esse novo momento. Ainda é incerto o que vai acontecer, mas os holandeses acreditam que sem as cotas eles poderão vender seu leite de forma mais competitiva e o país poderá ampliar o seu mercado.

Há variações no preço base entre o inverno e o verão e o valor médio gira em torno 30 centavos de euro (R$ 0,75/kg). Segundo o site da Royal FrieslandCampina, principal la-ticínio do país, hoje o preço ao produtor é 32 euros para 100 kg de leite (cerca de R$ 0,80/kg) com 4,41% de gordura e 3,47% de proteína, níveis bem acima dos nacionais. Quando se fala em Holanda, se fala na Royal FrieslandCampina, co-operativa resultante da fusão da Friesland Foods e Campina

em 2008. Só a mega-cooperativa holandesa é responsável por cerca de 74% da captação do leite do país.

Para atingir a excelência, os produtores holandeses trabalham duro, como é de praxe na atividade. Investem pesado em tecnologia e efi ciência.

A produção inicia-se com a escolha de uma boa gené-tica, adequada para o sistema de produção e objetivo do produtor, e muitas fazendas acabam utilizando programas de acasalamento para corrigirem e otimizarem as caracte-rísticas requeridas.

As vacas são assistidas em todas as fases de vida. Du-rante as primeiras semanas, os animais são mantidos em ba-ias individuais, onde fazem a colostragem e a ingestão de sucedâneo. Após esse período, as fêmeas vão para baias co-letivas, iniciam a ingestão de ração e volumoso e interagem com outras bezerras de sua categoria. Já os machos são ven-

Ordenhadeira-robô Robô raspador

didos. Quando os produtores veêm que uma vaca está abaixo do padrão médio de leite, eles a cruzam com raça de corte, como por exemplo Belgian Blue, e vendem o animal a um preço bem mais alto para a produção de vitelo.

A tecnologia a favor da produçãoA maioria das fazendas holandesas conta

com mão de obra familiar, em que as funções são divididas igualmente. Aliado ao baixo número de pessoas que trabalham na fazenda e ao sistema de produção, muitas tarefas foram mecanizadas, como é o caso do uso das ordenhadeiras-robôs, presentes em 15% da propriedades.

A ordenhadeira-robô fi ca dentro do estábulo com livre acesso às vacas. Assim que a vaca en-tra no robô é reconhecida através de um chip e a ordenha é feita de forma “personalizada”. Dessa forma o robô sabe quanto deve fornecer de ração, se a vaca está com algum acometimento de algum teto (o colostro ou o leite condenado é separado e não vai para o tanque), qual é a média de produção, quantas vezes a vaca pode ser ordenhada por dia e etc. O robô faz a limpeza dos tetos antes de iniciar a ordenha e as teteiras são acopladas por meio de localização dos tetos por luz infravermelha.

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Todos os dados como número de or-denhas e passagens, dados de qualidade por teto (condutividade, cor, CCS), volume or-denhado e outros fi cam armazenados em uma central, os quais são base importante para decisões no gerenciamento.

Outra tecnologia muito utilizada é o detector de cio. O animal usa um aparelho na perna (pedômetro) que mede a intensi-dade da movimentação física dos animais, avaliando o aumento do número de passos dados pelo animal. Quando entra no cio o produtor é avisado via sms no celular que é hora de inseminar.

A automatização também está pre-sente no manejo na hora da alimentação, desde alimentadores automáticos (vacas e

Pedômetro avisa via mensagem de celular que o animal entrou no cio

Alimentador automático de bezerrasEscova para o animal se coçar

sobre a utilização dessa cama de esterco em clima tropical, mas já é realidade em alguns países do Hemisfério Norte. Chamada de Bedded-Pack, a cama é uma alternativa sus-tentável para quem quer investir em conforto e redução de custos.

Em um primeiro momento tantos equipamentos e tanta automatização podem soar distantes da realidade brasileira, mas todos esses aparatos tecnológicos são necessários para suprir o défi cit de mão-de-obra e responder com efi ciência ao alto custo da terra de um país que precisou conquistá-la drenando o mar.

Até aqui, a pecuária holandesa passou no teste de de-senvolver animais de alta qualidade, longevos e criados em um sistema de produção efi ciente para os padrões do Con-tinente. Resta saber como as modifi cações que afetarão a União Europeia após 2015 serão assimiladas pelos produ-tores do país que é sinônimo de leite. A

bezerras) a vagões misturadores autocarregáveis. A limpeza dos estábulos é feita com raspadores puxados com corrente ou robôs raspadores.

O bem-estar também conta com o auxílio da tecnolo-gia, como cortinas que se fecham automaticamente e prote-gem os estábulos caso ventos fortes aconteçam ou caso au-mente a umidade ambiente, a fi m de proteger os animais e as camas. E todos os estábulos visitados apresentavam sistemas de ventilação e escovas para os animais se coçarem.

Ainda que a maior parte da produção seja confi nada, o governo paga uma bonifi cação para os produtores que criam seus animais a pasto, isso por pressão da própria sociedade a fi m de promover uma melhor imagem para o país.

A preocupação com o meio ambiente não é assunto recente; muitas fazendas trabalham fazendo a separação do esterco para aplicações como fertilizantes, cama (utilizado junto com areia e palha) e energia. Ainda há poucos estudos

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HORTICULTURA

Fatores como redução do nível de colesterol e boa fonte de sais minerais e vitaminas tornam a be-rinjela uma hortaliça com demanda crescente no Brasil. “Atualmente, essa cultura ocupa mais de

1500 hectares (ha), sendo mantida em condições de cultivo protegido, o que possibilita um abastecimento contínuo e colheitas e períodos de baixa oferta do produto no merca-do, alcançando assim preços mais competitivos”, afi rma o agrônomo Everaldo Moreira da Silva, que desenvolveu, na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (USP/E-SALQ), um estudo sobre o controle da salinidade do solo para a cultura de berinjela.

O que motivou a pesquisa, orientada pelo professor Sérgio Nascimento Duarte, do Departamento de Engenharia de Biossistemas (LEB), foi que, tradicionalmente, o manejo da fertirrigação em cultivos de berinjela (Solanum melonge-na L.) em estufas plásticas vem sendo realizado ministran-do-se quantidades preestabelecidas de fertilizantes, parcela-das de acordo com a marcha de absorção da cultura. “Não existe, normalmente, monitoramento da concentração de íons na solução do solo, nem do estado nutricional da planta. Porém, existem muitos problemas relacionados à adubação excessiva, levando na maioria dos casos a salinização desses solos”, aponta o pesquisador.

A pesquisa teve como objetivo avaliar o efeito de dife-rentes níveis iniciais de salinidade do solo, causados por excesso de fertilizantes, sobre as variáveis fenológicas e de produção da berinjela em ambiente protegido. Além disso, analisou o uso de cápsulas porosas, funcionando como ex-

Manejo do solo com fertirrigaçãoNO CULTIVO DE BERINJELA

tratores de solução do solo, no auxílio ao manejo da fertir-rigação em berinjela, visando o controle da salinização do solo. “O propósito ainda foi averiguar se a manutenção da condutividade elétrica em um determinado nível promove incremento da produção, quando contrastada com o manejo tradicional da fertirrigação”, conta o autor do estudo.

O experimento foi conduzido em uma estufa plástica do LEB. Os tratamentos, ministrados à cultura da berinjela, foram compostos pela combinação de dois fatores: salini-dade inicial do solo, com seis níveis diferentes e dois tipos de manejo de fertirrigação, um com controle da condutividade elétrica da solução do solo e outro tradicional, aplicando os fertilizantes seguindo a curva de absorção de nutrientes da cultura. Everaldo explica que os diferentes níveis de sa-linidade inicial do solo visaram simular diversos estágios de salinização em ambiente protegido, possivelmente encon-trados quando detectado o problema pelos agricultores. “O estudo com estes níveis possibilitou verifi car os efeitos da salinização na redução do crescimento, do desenvolvimen-to, da produção de frutos de berinjela, além de comprovar a efi ciência do extrator de solução, quando associado ao

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HORTICULTURAtipo de manejo de fertirrigação, visando o controle da salinização do solo”.

Por estar entre os mais cultivados, o hibrido Ciça, foi o escolhido já que possui resistência à Antracnose (causada por Colle-totrichum gloeosporioides) e à Podridão-de-Fomopsis (causada por Phomopsis vexans), doenças que causam severos danos à cultura. Foi desenvolvido pelo Centro Nacional de Pesquisa de Hortaliças - Embrapa, a partir de 1986, como parte do programa de pesquisa de melhoramento da unidade e possui como características o grande vigor, a formação de frutos alongados de coloração vinho escura brilhante e a lenta formação de sementes.

Com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o estudo mostrou que o efeito do excesso de fertilizantes afeta as variáveis fenológicas e de produção da berinjela, em ambiente pro-

tegido, e que pode-se controlar o manejo da fertirrigação com auxílio da técnica de monitoramento da condutividade elétrica da solução do solo, com emprego de extratores de cá-psula porosa, evitando com isso desperdício de fertilizantes e a possível salinização do solo por excesso de fertilizantes.

Os níveis iniciais de salinidade do solo, provocados pela aplicação excessiva de adubos em cultivos anteriores, afetaram a produção e os componentes da produção para a cultura da berinjela. “É possível, com auxílio dos extratores de solução de cápsulas porosas, monitorar a concentração total e especifi ca de íons na solução do solo, ao longo do tempo e manter a salinidade em nível desejado, por meio do controle da condutividade elétrica dessa solução.

Além disso, os níveis mais elevados de salinidade do solo, proporcionados pela adição de sais fertilizantes afeta-ram o índice de área foliar e as massas secas de hastes, folhas e raízes bem como o consumo hídrico da cultura da ber-injela. Em relação ao consumo de nutrientes, observou-se que os menores níveis de salinidade do solo do manejo com controle da condutividade elétrica, proporcionaram uma economia de nutrientes em torno de 80%, em relação ao consumo do manejo tradicional”, conclui Everaldo. (Fonte: Esalq/USP) A

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A importância daIRRIGAÇÃO NA CULTURA DO CAFÉDiante do cenário de dis-

ponibilidade e competição pelos recursos hídricos nos diferentes setores da socie-

dade, é fundamental a gestão de uso da água através de uma irrigação racional, econômica e ecologicamente susten-tável. Para tanto, todas as etapas en-volvidas no processo têm importância. Dentre elas: planejamento, projeto, seleção do método, instalação, opera-ção e manutenção dos equipamentos no campo e o manejo da água.

Apesar da grande quantidade de água demandada pela agricultura ir-rigada, há que se considerar que mais de 90% retorna ao ciclo hidrológico por transpiração. O uso da água pelas plantas se faz necessário para que estas realizem metabolismo para resultar em produção.

Nas plantas, a grande dependên-cia da disponibilidade de água nos pro-cessos fi siológicos e produtivos, aliada ao dinamismo na movimentação da água no sistema solo-planta-atmosfera, bem como ao caráter incerto de chu-vas e de perda de água para a atmos-fera, fazem com que seja necessário um monitoramento diário da disponibi-lidade hídrica. O uso da água na ir-rigação deve atender à demanda das

seu desenvolvimento vegetativo, ra-dicular e produtivo, mostrando que há espaço para uma boa fl orada para o ano seguinte. Em nossa região, o sistema mais utilizado é o de gotejamento, pois proporciona segurança na produção, pequena oscilação de produção ao lon-go dos anos e redução de custos, o que favorece a rentabilidade da cafeicul-tura. Pode ser instalado em qualquer topografi a ou formato da área de plan-tio. Se comparado a outros métodos de irrigação, é o que utiliza a menor quantidade de água. Outra observação importante é a baixa necessidade de mão-de-obra para o sistema ser ope-racionalizado, podendo ainda ser uti-lizado na fertirrigação. Para fi nalizar, o sistema não impede com que a colheita seja mecanizada ou efetuada de forma manual, sem problemas com as linhas de gotejadores instaladas no campo”, explicou Wesley.

Para o produtor que almeja au-mentar sua produtividade, reduzir seus custos e garantir uma boa qualidade em seu produto fi nal, recomenda-se investimentos em sistemas de irrigação localizada.

culturas de forma sustentável e, nas regiões onde ocorrem chuvas signifi -cativas, estas devem ser consideradas no processo de planejamento, gestão e manejo da água.

No Brasil, a cafeicultura desen-volveu-se em regiões onde pratica-mente não ocorria defi ciência hídrica nos períodos críticos da cultura. No entanto, a agricultura moderna dispõe de tecnologia apropriada para tornar aptas para a cafeicultura regiões com períodos de defi ciência hídrica.

Segundo Wesley do Carmo Araú-jo, diretor da Irrigare Sistemas de Irri-gação, empresa sediada em Franca (SP) e especializada em sistemas de irriga-ção, é normal falar que o café necessita de água em setembro/outubro para ‘se-gurar’ a fl orada e também em janeiro, para que haja boa granação.

“Esta afi rmação é perfeitamente válida se pensarmos apenas na safra atual. Porém, a falta de água em ou-tras épocas do ciclo do café - o que é muito comum -, impede o crescimento da planta, o que afeta a safra futura.Quando o café é irrigado, a planta não só consegue ‘segurar’ uma boa produção, como também melhora o

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Após um índice pluviométrico totalmente anor-mal no mês de junho passado, onde em algumas regiões cafeeiras choveu até 200 milímetros cor-respondendo de 4 a 10 vezes mais que a média

histórica, as condições climáticas acabam sendo altamente comprometedoras para a qualidade da bebida e tipo do café. Alto volume de café caído no solo e atacado por diversos fungos que provocam malefícios na qualidade dos grãos.

Agora, no mês de julho as chuvas voltaram acompa-nhadas de verdadeiros vendavais, aumentando a umidade e agravando ainda mais a qualidade. A umidade é o principal catalisador das ações dos fungos que prejudicam o bom de-senvolvimento das plantas. Além disso, a ventania provoca uma queda ainda mais acentuada de café no solo.

Armando Matielli - Engº Agrônomo com MBA na UFV, Presi-dente Executivo da SINCAL [www.sincal.org.br] e cafeicultor em Guapé (MG)

Após um índice pluviométrico totalmente anor-

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GO Mais Chuvas e Menos

Café de Qualidade

Coincidentemente, no dia 12 de julho, eu estava via-jando pelo cinturão cafeeiro do sul de minas, no sentido do estado de São Paulo e, “boca da noite” iniciou o temporal, chuvas acompanhadas de fortes vendavais, levando a para-das sucessivas pela baixa visibilidade provocada pela tor-menta. Chegando em Guaxupé (MG) fui informado de que até o show do famoso cantor Luan Santana tinha sido can-celado naquela noite, pois a ventania com chuvas havia de-sestruturado toda a logística do evento com sérios prejuízos no palco e outros.

AS chuvas continuam. Os cafeicultores e o mercado que estão posicionados na venda de café com entregas futu-ras terão seríssimos problemas, pois vejo como um dos piores anos que teremos em termos de qualidade. A situação será muito crítica, além do atraso na colheita em pelo menos 20 a 40 dias, dependendo da região/altitude, ainda entraremos setembro e outubro colhendo café e recebendo mais chu-vas na entrada da primavera. Outro ponto relevante será a queda na produção de 2013/2014, pois essa chuvarada total-mente atípica descaracterizou o ciclo fi siológico do cafeeiro descodifi cando a fl orada por inexistência do stress hídrico e a grande quantidade de possíveis botões fl orais que serão extirpados no contado físico pela ação da colheita que, com o atraso, adentrará a primavera.

Recomendamos ao comércio o máximo de paciência com os cafeicultores, principalmente no item qualidade, pois a ocorrência de chuvas totalmente atípica é comanda-da pela ação de Deus. Aos cafeicultores, recomendamos o máximo de cautela, vender extremamente o necessário, pois teremos surpresas desagradáveis em termos de qualidade e mais a insegurança quanto a produção para a colheita do ano vindouro. A

COCAPEC: 27 anos de umaHISTÓRIA DE SUCESSO

A COCAPEC - Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas comemorou neste mês 27 anos de trabalho e dedicação à cafeicultura. Inserida

em uma das principais regiões produtoras do país na Alta Mogiana, Estado de São Paulo e parte de Minas Gerais, a cooperativa escreve uma história de sucesso todos os dias.

Fundada em 11 de julho de 1985, em Franca (SP), a COCAPEC se concretizou após dois anos da instalação do núcleo da COCAP - Cooperativa Central Agropecuária do Paraná. O que antes era um núcleo da COCAP foi transformado na estrutura da COCAPEC, devido à ini-ciativa dos sócios-fundadores que decidiram assumir as instalações que compunham um armazém de café com capacidade para 150 sacas, uma usina de rebenefício e o prédio administrativo da antiga COCAP.

A COCAPEC, apesar de ter iniciado suas atividades com quase 300 associados em seu primeiro ano de fun-cionamento, hoje conta com mais de 2 mil cooperados, 5 núcleos (incluído a matriz), 200 colaboradores, é referên-cia no setor e respeitada em todo o País pela competência e por defender sempre os interesses de seus cooperados.

A cooperativa transformou o cenário da cafeicultura da região, motivou o desenvolvimento tecnológico no campo, criou condições melhores na aquisição de produ-tos, dinamizou a compra e venda de café e trabalhou com seus cooperados a melhoria da qualidade de um produto que tem grande importância no cenário econômico mun-dial. que tem grande importância no cenário econômico mun-

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CAFÉ

EXPOCACCER recebe visitaDE TORREFADORES INGLESES

A Expocaccer recebeu entre os dias 11 e 12 de julho a visita de três compradores de café da Inglaterra. Os visitantes são representantes de uma empresa torrefadora, cliente da cooperativa há mais de dois

anos. O objetivo da visita foi conhecer as fases de cultivo e processamento dos grãos até chegar ao seu país.

O roteiro contemplou visita a fazendas de médio e grande porte, certifi cadas com o selo Rainforest Alliance, nas quais os visitantes puderam acompanhar o processo de colheita que está em plena atividade. Eles também acom-panharam o mesmo processo em pequenas propriedades de agricultura familiar, pertencentes à APPCER - Associação dos Pequenos Produtores do Cerrado, certifi cadas com o selo Fairtrade, “Os selos Rainforest e Fairtrade são muito solicita-dos por esta torrefadora, uma vez que já adquiriram vários lotes das fazendas da APPCER e do GRAE – Grupo Rainfo-rest Alliance Expocaccer, logo, o fato de poderem acompa-

nhar a produção torna o produto mais atrativo, valorizando a origem e a qualidade dos cafés da nossa Região”, avalia João Ferreira Junior, gerente de cafés especiais da Expocaccer.

Além das fazendas, a comitiva visitou a sede da AP-PCER e da Federação dos Cafeicultores do Cerrado para conhecerem mais sobre a Região do Cerrado Mineiro. Na Expocaccer visitaram a estrutura e participaram de uma ro-dada de prova e degustação de café. Para o superintendente da Expocaccer, Sérgio Geraldo Dornelas, estas visitas são ex-tremamente positivas, pois “é o momento de estreitarmos o nosso contato, que geralmente é feito pela internet e por telefone, aproximando os nossos clientes da realidade da co-operativa e dos produtores. Mostrando a eles todo o cuidado e dedicação existentes para que o produto, ao chegar até eles, atenda os requisitos das boas práticas agrícolas e ainda ofere-ça toda a qualidade do café da Região do Cerrado Mineiro”, fi naliza Dornelas.ça toda a qualidade do café da Região do Cerrado Mineiro”,

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2012 A busca pela efi ciência no uso dos adubos - mais conhecidos do mercado como NPK - é uma ex-celente opção principalmente em solos tropicais.

As novas tecnologias tais como biotecnolo-gia e o uso da agricultura de precisão, faz com que as culturas atingam um novo patamar de produtividade, necessitando de maiores doses destes fertilizantes para um maior aumento de produtividade.

O grupo EMBRAFER desenvolve tecnologias visando aumento de efi ciência na área de nutrição vegetal.

Uma de suas empresas, a FERTEC, desenvolveu re-centemente a tecnologia revolucionária do calcário líquido. Fertilizante mineral misto, com alto teor de corretivo de aci-dez dos solos (carbonatos e óxidos), para uso nas mais diver-sas culturas, que necessitem de calagem.

O Calcário Líquido Fertec foi desenvolvido com fontes de cálcio e magnésio em um único produto, para facilitar sua aplicação. Produto revolucionário que conta com nano partículas de cálcio e magnésio, reagindo com maior rapidez no solo.

Em parceria com o Instituto Agronômico de Campi-nas – IAC, junto ao Centro de Cana instalado em Ribeirão Preto – SP, foi desenvolvido pelo pesquisador Dr. Sandro Roberto Brancalião, um trabalho científi co para “Avaliação da reatividade, da neutralização, e da disponibilização de cálcio e magnesio, através de um calcario liquido, sobre dois tipos de solos, em ambiente controlado”. Segundo o diretor de P & D da Fertec, Fernando Paiva, “com a conclusão deste experimento, podemos avaliar e comprovar a efi ciência e equivalência no uso de 5 litros do Calcário Líquido Fertec substituindo 1 tonelada de calcário convencional”.

Por estar em formulação fl uida, sua aplicação é facilita-da, em pulverização no sulco de plantio ou covas, ou ainda

Grupo Embrafer apresenta o Calcário Líquido FERTEC: REVOLUÇÃO E EFICIÊNCIA

FERTILIZANTES

TABELA 1 - Resultados Obtidos em Campo - Análises realizadas antes e após aplicação do produto NYon Solocal.

em area total, ou sob sistemas de irrigação.Seus maiores benefi cios são: facilidade e manuseio de

aplicação, neutraliza efeito fi totôxico do alumínio, poten-cializa efeito dos fertilizantes, aumenta o teor de cálcio e magnésio no solo, aumentando a saturação de bases.

INFORMAÇÕESVisite o site e conheça a maior revolução e efi ciência em nutrição vegetal:

www.calcarioliquido.com.br / [email protected] (SP) - Tel. (17) 3325-0449

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GESTÃO

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CAFÉ

Celso Luis Rodrigues Vegro - Engenheiro Agrônomo, M.S. De-senvolvimento Agrícola. Pesquisador Científi co do IEA - Instituto de Economia Agrícola - SP. [ [email protected] ]

ESTÚPIDA MOLEZA

A cada safra que se passa os Cafés do Brasil, con-quistam maior e mais vibrante destaque pela excelência em qualidade a preços competitivos. O mérito desse fenômeno pertence a todos os

agentes econômicos atuantes nesse agronegócio, cada um se empenhando numa tarefa específi ca que conjuntamente incrementam a tenacidade à trajetória exitosa que vivencia a cadeia produtiva.

Na porteira para dentro, observa-se crescente adesão à tecnologia de descascamento; o resgate de variedades re-conhecidamente de alta qualidade (bourbon, caturra), o avanço das unidades certifi cadas (100.000ha UTZ, 60.000ha Rainforest, exemplifi cando apenas os dois mais destacados certifi cadores de arábica). Esse esforço em requalifi car café brasileiro já se pode detectar pelo movimento de exporta-ções, conforme atestam informações recém divulgadas.

Em 2011 foram exportadas mais de 8 milhões de sacas de arábicas diferenciados, ao preço médio de U$339,60/sc que geraram receita cambial de US$2,7 bilhões. Tais cafés, quando comparados ao seu congênere commodity, exibem prêmio de 33,54% acima o preço médio obtido pelo produto comum. Tem mais, esse fenômeno não é exclusividade da última safra, ao contrário, evolui continuamente indepen-dendo de se estar percorrendo ciclo de alta ou de baixa. O mais que decantado discurso pelo incremento da qualidade, enfi m, evidenciou seu acerto. Ainda que tal diferencial de preços não tenha sido transferido parcialmente ou integral-mente aos cafeicultores, criou-se a possibilidade de se avan-çar na cadeia de valor e tal repasse acabará inapelavelmente por acontecer.

É nesse contexto de celebração por êxitos alcançados que aparecem obstáculos interposto geralmente por aqueles que não suportam o sucesso alheio! Refi ro-me aqui à pro-blemática envolvendo o concentrado emulsionável utilizado para controle da broca do café (Hypothenemus hampei), cujo princípio ativo é o Endossulfam (molécula com componente organoclorado, de Classe Toxicológica II).

Para o controle da broca do café já se experimenta-ram o controle biológico envolvendo desde a soltura de vespinhas predadoras criadas em laboratório até, mais re-centemente, pulverizações com o fungo Beauveria bassiana, obtendo em ambos os casos um ganho marginal no controle da praga. Efi caz com apenas uma pulverização é o Endossul-

CAFÉ

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Quantidade e valor das exportações brasileiras de café, 2007 a 2011. (Fonte: Jornal Valor Econômico)

fam, defensivo é considerado um produto commodity, uma vez que o litro era comercializado, em 2011, nas revendas do Estado de São Paulo, entre R$14,90/L e R$16,65/L1. A recomendação agronômica preconiza o emprego de 1,5 L a 2 L por hectare na preparação de caldas entre 100 e 250 L, a serem aplicadas quando a amostragem indicar 3% a 5% de frutos perfurados.

A ANVISA, agência com poder mandatório sobre o as-sunto, após efetuar reavaliação de toxidez, reclassifi cando o defensivo na Classe I de toxicológica, determinou que o Endossulfam fosse banido do mercado brasileiro no prazo de três anos a contar de 31/07/2010. Tal orientação se alinha com as diretivas de outros países em que o produto foi bani-do.

Fator que aparentemente foi desconsiderados pelos policy makers da ANVISA, consiste no pós-colheita do café ser bastante alongado, com exposição ao sol por cerca de 20 dias, descanso em tulha por meses até o benefi ciamento (descascamento) para comercialização do produto. Ao ser processado os grãos são torrados à 220 ºC por 18 a 22 minu-tos, seguindo-se a moagem e o envasamento. ILLY& VIANI (1995)2, afi rmam que as quantidades de resíduos de defen-sivos em café verde são da ordem de apenas traços até 300 ng g-1(nanogramas). Os autores, citando McCarthy et al., destacam ainda que ocorre substancial redução de resíduos após a torra e moagem, não tendo sido observado qual-

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DESTAQUE

ESTÚPIDA MOLEZA

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CAFÉquer tipo de resíduo após monitoramento por dois anos con-secutivos do mercado estadunidense de café.

Outro fator desconsiderado na tomada de decisão é a inexistência de defensivos de classe toxicológica menor de efi cácia comprovada contra a broca do café. Os produtos dis-poníveis, além de não garantirem um satisfatório controle, exibem preços ao redor de R$120,00/L. Tal políticade preços evidencia que há interesse da indústria química no banimento do Edossulfam, em substituição por outros produtos menos efi cazes e muitíssimo mais caros. Como de praxe no Brasil, a parte mais fraca fi ca com a fatura e sobra uma conta alta para o cafeicultor pagar.

Já se enfatizou por demais que os produtos alternativos ao Endossulfam não tem efi cácia pelo menos similar a aquele que será banido. Que cenário se pode imaginar a partir dessa condição? Aumento da incidência da broca nos grãos co-lhidos. Para aqueles que ainda não se deram conta, um dos fatores que contribuiu para a queda persistente da safra co-lombiana que exibia de 11-12 milhões de sacas de média nos anos 2000, para 7-8 colhidas atualmente, foi justamente a incidência de broca do café! Da forma como as decisões são tomadas no Brasil, até parece que existem interesses em se produzir artifi cialmente uma descontinuidade na trajetória de êxito que nossa cafeicultura vem traçando.

Analisando o contexto mais geral do assunto, parece que há sim uma orquestração contra o café brasileiro. As autoridades sanitárias japonesas se insurgiram contra o

produto, exigindo teores de resíduos muito abaixo do pre-conizado pelo Codex Alimentarius, protocolo internacional sobre o assunto. Era o caso das autoridades daqui estipular limites ainda mais baixos para as importações brasileiras de shoyu, saque, lamen e tudo quanto for alimento da terra do sol nascente. Mais ainda, interromper os embarques de café brasileiro para o país até que uma revisão nessa norma fosse implantada. Quem não participa do negócio café não pode imaginar o estrago que faz à imagem do produto brasileiro, afora todos os custos fi nanceiros, toda vez que os japone-ses impedem um contêiner de desembarcar e o mandam de volta ao Brasil.

As lideranças da cafeicultura precisam sair da habitual pasmaceira e realmente exigir da ANVISA, dos fabricantes de defensivos, dos governos hostis ao café brasileiro, expli-cações e se forem verdadeiramente satisfatórias sobre suas precárias decisões. Não se sentindo satisfeitos, partir para a impetração de mandatos de segurança, levando os pro-blemas criados por quem não entende do assunto ao poder judiciário daqui e de alhures.

Basta de ESTÚPIDA MOLEZA!!!

1 - Informação disponível em: http://ciagri.iea.sp.gov.br/nia1/defensivos.aspx

2 - ILLY, A. & VIANI, Rinantonio. Espresso Coffee – the chemistry of quality. Academic Press, 1995. 255p.

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MERCADO

Pesquisadores indicam Alternativas Naturais deCONTROLE DAS PRAGAS QUE ATACAM O REPOLHO

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CAFÉ

Indicação Geográfica: caminho para aQUALIDADE E VALORIZAÇÃO DO CAFÉ BRASILEIRO

A busca por cafés de qualidade é uma tendência crescente na produção e no mercado cafeeiro mundial. No Brasil, além das pes-

quisas, os processos de Indicação Geográfi ca (IG), que ganham força nas regiões produ-toras, são fatores que tem contribuído para a qualidade do café.

A Embrapa Informação Tecnológica em parceria com Embrapa Café, trabalha para tratar esta nova fi losofi a de produção que agrega valor ao produto agropecuário pela sua qualidade, especialidade e tipici-dade, respeitando a origem e os processos humanos envolvidos na produção.

O que é Indicação Geográfi ca? – Se-gundo o INPI - Instituto Nacional da Pro-priedade Intelectual, órgão do Governo Federal responsável por emitir os regis-tros, as Indicações Geográfi cas se referem a produtos ou serviços que tenham uma origem geográfi ca específi ca. Seu registro reconhece reputação, qualidades e carac-terísticas que estão vinculadas ao local. Elas comunicam ao mundo que uma região se especializou e tem capacidade de produzir um artigo diferenciado e de excelência.

As Indicações Geográfi cas no Brasil tagens, tais como proteção e reconhecimento do território, agregação de valor ao produto e desenvolvimento sustentá-vel. Um ganho para todos os envolvidos. Além disso, mostra que o Brasil e o setor cafeeiro estão despertando cada vez mais para a importância de demarcar suas origens e agregar valor ao trabalho de milhões de pessoas que vivem no cam-po”, diz Helena Maria Ramos Alves, pesquisadora da Em-brapa Café.

Mais indicações a caminhoA Região do Cerrado Mineiro foi a primeira região

produtora de café com Indicação Geográfi ca. A segunda é a Serra da Mantiqueira, também de Minas Gerais.

Quatro outras regiões: Alto Paraíso e Terras Altas, no sul de Minas, Norte Pioneiro do Paraná e Alta Mogiana, em São Paulo, fi guram na lista de pedidos no INPI para con-cessão de algum registro de Indicação Geográfi ca. Tanto na modalidade de Indicação de Procedência, quanto na de Denominação de Origem, associações se organizam para o registro e elaboram planos de divulgação da imagem de seu território dentre as origens produtoras de cafés diferencia-dos.

Com isso, o café brasileiro continua crescendo no mer-cado nacional e internacional não só pela quantidade, mas ganhando cada vez mais destaque na qualidade.

podem assumir duas modalidades: Indicação de Procedên-cia (IP) e Denominação de Origem (DO). São dois registros diferentes, que não possuem uma hierarquia ou ordem de solicitação, e que geralmente são representados nos produ-tos por um selo. O registro de Indicação de Procedência garante a tradição histórica da produção do café em certa região. Já a Denominação de Origem indica que as caracter-ísticas de qualidade e sabor do café se devem exclusivamente ao ambiente onde é produzido e aos processos e tecnologias utilizados naquele território.

Para a utilização de um desses registros, ou dos dois, o produtor precisa estar inserido dentro da região demarcada e atender ao regulamento de uso estabelecido pela Associa-ção detentora da IG. Grande parte do sucesso da IG está na organização e na união dos produtores rurais, uma vez que a IG é um bem coletivo.

O Embrapa possui todas as informações necessárias para os interessados em solicitar os registros, exemplos de associações que já conquistaram o registro de IP no Brasil, assim como a experiência do projeto de pesquisa que en-volve instituições como Universidade Federal de Lavras (UFLA), Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), Instituto Agronômico (IAC), Universidade de Brasília (UnB), Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA)

“O Selo de Indicação de Procedência traz várias van-cado nacional e internacional não só pela quantidade, mas

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CAFÉ

O número de propriedades de café certifi cadas saltou de cerca de 400, há dez anos, para mais de 35 mil, de acordo com levantamento realizado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais

(BSCA, na sigla em inglês). Pelos cálculos da entidade, cerca de 10% das 350 mil

fazendas que produzem café no Brasil têm algum tipo de certifi cação ou participam de programas de sustentabilidade instituídos por grupos, como o da Fundação Neumann e o programa Nucoffee, da Syngenta.

Vanúsia Nogueira, diretora-executiva da entidade, diz que a certifi cação da produção cafeeira é um caminho sem volta e está crescendo cada vez mais, principalmente diante da necessidade de se produzir cafés de boa qualidade. Nor-malmente, os produtores de cafés especiais têm algum tipo de certifi cação.

Vanúsia calcula que cerca de 2.250 propriedades têm certifi cação UTZ, Rainforest e Certifi ca Minas. Aproxima-damente 4.500 fazendas participam de programas de sus-

Brasil tem mais de 35 milFAZENDAS DE CAFÉ COM CERTIFICAÇÃO

tentabilidade, que não exigem um selo de organização au-ditora. Seis mil famílias são benefi ciadas pelo Fair Trade, 13 mil fazendas são reconhecidas pela plataforma 4C e quase 16 mil propriedades possuem outro processo de certifi cação - a Indicação Geográfi ca, que delimita uma microrregião com clima e fatores característicos e referenciados internacio-nalmente. No país, são duas indicações - Cerrado Mineiro e Serra da Mantiqueira e duas solicitações de pedidos: Alta Mogiana (região paulista de Franca) e Norte Pioneiro (no Paraná).

De acordo com a diretora-executiva da BSCA, há dez anos não havia nenhum programa de sustentabilidade e a maior parte das certifi cações não existia. O Brasil também é o país com maior número de propriedades “chanceladas” na maioria das certifi cações do segmento.

Os preços pagos por produtos certifi cados são, em mé-dia, de 20% a 30% mais altos, mas dependendo da qualidade o prêmio pode chegar a 100% da cotação produto. (FONTE: Valor Econômico) A

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CAFÉ

AMSC participa de feira deCAFÉS ESPECIAIS NA EUROPA

Com o objetivo de fortalecer a imagem dos cafés produzidos na região da Alta Mogiana, o presidente da AMSC - Associação dos Produtores de Ca-

fés Especiais da Alta Mogiana, Gabriel Afonso Oliveira, participou no último mês, da maior feira de cafés especiais da Europa. O evento, promovido pela SCAE - Associação Européia de Cafés Especiais, foi realizado em Viena, na Áustria, entre os dias 12 e 15 de junho.

“Além de promover o nome da região no exterior, participar de feiras internacionais como essa, é importante para estreitar a relação com parceiros e fazer novos contatos em outros países”, comentou Gabriel Afonso Oliveira.

Com foco na exportação de cafés especi-ais, a AMSC também buscou contatos no es-tande da Fairtrade, importante certifi cação que está ganhando cada vez mais espaço no mer-cado externo.

Criada na década de 60, a Fairtrade tem como carac-terística a união de responsabilidade social, sustentabili-dade e competitividade para pequenos e médios produtores. “Essa certifi cação une todas as cadeias do café nas regras do comércio justo, o que facilita a exportação. Pode ser uma sugestão muito interessante para os produtores da Alta Mo-giana”, explicou Oliveira.

Atualmente a AMSC tem mais de 30 associados, destes a maior parte são de pequenos e médios produtores, que poderiam ser benefi ciados com esta certifi cação.

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O presidente da AMSC, com diversos parceiros, no estande da Fairtrade International

Os diretores da Labareda Agropecuária, Flávia Lancha Oliveira e Gabriel Afonso Oliveira prestigiaram a feira. A empresa participou do estande da Origem Brasil

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CAFÉ

Provadora da Lucca Cafés EspeciaisVISITA A ALTA MOGIANA

Carolina Franco, barista, mestre torradora e provadora de cafés da Lucca Cafés Especiais, de Curitiba (PR), conheceu a região da Alta Mo-giana na primeira quinzena de julho. Carolina

visitou diversas propriedades associadas à AMSC - Asso-ciação dos Produtores de Cafés Especiais da Alta Mogiana e provou cafés produzidos nestas fazendas.

Experiente degustadora, Carolina já conquistou di-versos prêmios na área e é juíza de competições nacionais e internacionais. Ela elogiou a qualidade dos grãos pro-duzidos na região e a dedicação dos produtores. “Fiquei impressionada pela infra-estrutura e a organização do pessoal. É tudo muito bem feito. As fazendas que eu vis-itei são muito caprichosas, tem um super potencial e o trabalho que o pessoal tem feito em busca de melhorar a qualidade é muito importante para o mercado e para o crescimento da região”, disse.

Para o presidente da AMSC, Gabriel Afonso Olivei-ra, essa visita vem para fortalecer ainda mais a parceria entre a associação e a Lucca Cafés Especiais. “Já somos parceiros há alguns anos. A Lucca prestigia nossos con-cursos de qualidade e o leilão da AMSC. Essa visita da Carolina vem para fortalecer a relação e ampliar o nosso mercado no sul do país”, afi rma.

Em pé: os diretores da Mogina Cafés Especiais, Calixto Peliciari e Julio Fer-reira; Sentados: o presidente da AMSC, Gabriel Oliveira; Carolina Franco, da Lucca Cafés Especiais; a proprietária do Olinto Café, Bruna Malta; e a diretora da Labareda Agropecuaria, Flávia Oliveira.

Carolina conheceu fazendas da região... E provou os cafés produzidos nas propriedades

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CAFÉ

Nutrição do Cafeeiro (parte 2) - Adubações com P, B e Mg EM CAFEEIRO EM PRODUÇÃO

1 – Engenheiro Agrônomo, Mestre em Solos e Nu-trição de Plantas e Gestor Agronômico do Grupo Bio Soja. E-mail: [email protected]

Renato Passos Brandão 1

O segundo artigo Bio Soja sobre nutrição do cafeeiro abor-dará o manejo de

três nutrientes, fósforo, mag-nésio e boro, responsáveis pelo desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro (Figura 1) e com atuação direta no fl o-rescimento desta cultura.

Além destes nutrientes, o cálcio também é essencial para o desenvolvimento do sistema radicular e fl orescimento do cafeeiro e foi um dos assuntos abordados no primeiro artigo

do nutriente para proporcionar um a-dequado desenvolvimento da cultura e altas produtividades.

Estes solos também possuem grande capacidade de fi xação do fós-foro reduzindo a efi ciência das aduba-ções fosfatadas a curto prazo. De ma-neira geral, para cada 100 kg de fósforo aplicado no solo apenas de 10 a 20 kg são absorvidos pelo cafeeiro no pri-meiro ano após a sua aplicação.

Existem várias práticas que de-vem ser utilizadas para a minimização da fi xação do fósforo nos solos, dentre as quais, calagem e a aplicação localiza-da dos fertilizantes fosfatados granula-

dos solúveis em água.A irrigação melhora a

efi ciência agronômica das adubações fosfatadas no cafeeiro. Para que ocorra a difusão, processo na qual o fósforo chega as raízes e é absorvido pelo cafeeiro, é necessário teor de umidade a-dequado nos solos.

A temperatura também infl uência a absorção do fós-foro pelo cafeeiro. Para que ocorra absorção do fósforo pelo cafeeiro há um gasto de energia que é produzido pela respiração, processo de-pendente da temperatura.

publicado na edição anterior (junho de 2012).

1. Manejo da adubação fosfatada em cafeeiro em produção

O fósforo é um dos nutrientes responsáveis pelo enraizamento do cafeeiro. Este nutriente atua no arma-zenamento e transferência de energia. Proporciona maior pegamento da fl o-rada. É fundamental na frutifi cação do cafeeiro e melhora a maturação dos grãos do cafeeiro.

Os sintomas de defi ciência do fósforo ocorrem inicialmente nas fo-lhas mais velhas do cafeeiro. As folhas adquirem coloração verde-azulada e com o agravamento da defi ciência do fósforo pode ocorrer tonalidades ver-melho-arroxeados (Figura 2).

A defi ciência de fósforo reduz o pegamento da fl orada do cafeeiro e atrasa a maturação dos frutos. O cres-cimento do cafeeiro e das raízes é mais lento e os grãos são menores devido a menor produção de fotoassimilados.

A maioria dos solos cultivados com cafeeiro possui baixos teores de fósforo e necessitam de altas dosagens

Figura 1. Sistema radicular do cafeeiro bem desenvolvido. Fonte: Pro-café (2011).

Em regiões com temperaturas abaixo de 20º C ocorre uma redução muito acentuada na absorção do fósforo pelo cafeeiro. (Tabela 1).

Além dos métodos citados aci-ma, a utilização de fertilizantes or-ganominerais com altos teores de subs-tâncias húmicas, reduzem a fi xação do fósforo e aumentam a disponibilidade deste nutriente ao cafeeiro (Figura 3).

Com o intuito de melhorar a efi ciência da adubação fosfatada no cafeeiro, a Bio Soja desenvolveu o Fertium® Phós. É um fertilizante or-ganomineral fosfatado diferenciado com altos teores de substâncias húmi-

Figura 2. Sintomas de defi ciência do fósforo nas folhas do cafeeiro. Fonte: www.cccmg.com.br/materiais.asp

cas (ácidos fúlvicos e húmi-cos) e enriquecido com fós-foro proveniente de uma fonte solúvel em água.

As substâncias húmi-cas do Fertium® Phós re-duzem a fi xação do fósforo e aumentam a disponibi-lidade deste nutriente ao cafeeiro proporcionando maior desenvolvimento do sistema radicular e vegeta-tivo.

Qual é a época mais adequada para a aplicação do Fertium® Phós no

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CAFÉ

cafeeiro em produção?Segundo Malavolta & Favarin (2002), a porcentagem do

fósforo nas fl ores equivale a 30% de todo o nutriente contido no cafeeiro. Portanto, a aplicação do Fertium® Phós deve ser antecipada em relação a prática atual, ou seja, todo o fósforo deve ser aplicado antes do fl orescimento do cafeeiro. Even-tualmente, o fósforo necessário para o fl orescimento do café para a safra 2012/13 deveria ter sido aplicado em janeiro ou fevereiro de 2012.

1.1. Recomendações de usoDentro deste contexto, realizar a aplicação do Ferti-

um® Phós no solo antes do fl orescimento do cafeeiro na dosagem de 400 a 800 kg/ha. Aplicar a maior dosagem do produto em solos com baixo teor de P (Presina < 13 mg/dm3) e com alta expectativa de produtividade (> 50 sacas benefi -ciadas/ha).

A partir do fi nal da estação das chuvas (fevereiro/março), realizar de duas a três adubações foliares com o Fertilis® P30 na dosagem de 3 L/ha.

2. Manejo da adubação com magnésio em cafeeiro em produção

Normalmente, o magnésio é um nutriente esquecido nos programas de adubação do cafeeiro. O magnésio tem funções-chave no cafeeiro. É o nutriente que ativa o maior número de enzimas nas plantas. No processo de formação da clorofi la, o magnésio confere estabilidade a sua estru-tura química e a absorção do fósforo é máxima na presença do magnésio.

A defi ciência do magnésio é generalizada na maioria das lavouras de café com destaque naquelas cultivadas em solos ácidos com baixo teor deste nutriente e alto teor

Figura 3. Dinâmica do fósforo nos solos tropicais. Fonte: Vitti.

ÉPOCA DE AMOSTRAGEM

1,831,591,351,16

FÓSFORO FOLIAR (g/kg)

Tabela 1: Teores foliares de fósforo no segundo, terceiro e sexto pares de folhas do cafeeiro em quatro épocas.

2º PARNovembroJaneiroMarçoAgosto

1,611,221,231,04

3º PAR

0,951,271,191,06

6º PAR

Fonte: Baseada em Bataglia (2004).

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CAFÉ

de potássio. A absorção do magnésio pelo cafeeiro é preju-dicada pelo cálcio mas muito mais pelo potássio. A satura-ção de magnésio na CTC do solo mais adequada ao cafeeiro situa-se entre 12 e 15% e a do K na faixa de 4 a 5%.

Os sintomas de defi ciência do magnésio ocorrem ini-cialmente nas folhas velhas do cafeeiro. Ocorre um amare-lecimento generalizado nas folhas sendo que as nervuras permanecem verdes (Figura 4).

Os sintomas da defi ciência do magnésio fi cam mais e-videntes quando da formação dos grãos do cafeeiro. Nesta fase do cafeeiro ocorre translocação de grande quantidade de magnésio para os grãos em desenvolvimento. A defi ciên-cia do magnésio afeta inicialmente o crescimento das raízes, antes mesmo de qualquer alteração na parte aérea do cafe-eiro.

Segundo Cakman & Yazici (2010), a manutenção da nutrição com magnésio na fase reprodutiva também é es-sencial para minimizar a defi ciência no cafeeiro. Portanto, pulverizações foliares com magnésio na granação do cafe-eiro devem ser realizadas para manter o potencial produtivo das plantas.

2.1. Recomendações de usoDe forma similar ao fósforo, a época mais adequada

ao fornecimento do magnésio é antes do fl orescimento do cafeeiro e realizar complementações na granação do cafe-eiro.

A principal fonte de magnésio ao cafeeiro é o calcário dolomítico (MgO > 6%). Entretanto, em muitas situações, mesmo com a aplicação do calcário dolomítico é necessário uma suplementação de magnésio ao cafeeiro.

Se a saturação do magnésio for menor que 12%, reali-zar a aplicação do Gran Mix Visão antes do fl orescimento do cafeeiro na dosagem de 200 kg/ha. Posteriormente, realizar a aplicação de 10 L/ha do NHT® Blend Magnésio no drench parcelando a dosagem do produto em duas vezes.

Em solos com saturação de magnésio entre 12% e 15%, realizar a aplicação do NHT® Blend Magnésio no drench na dosagem de 10 L/ha parcelado em 2 aplicações.

O Gran Mix Visão é um fertilizante granulado com

30% de Mg, 2% B, 2% Mn e 2% Zn. O Mg, Zn e Mn são provenientes dos óxidos e a fonte de B é a ulexita.

O NHT® Blend Mg é um fertilizante fl uido fornecedor de magnésio, zinco e boro e é constituído por nanopartícu-las. As nanopartículas são partículas extremamente peque-nas e são 1 bilhão de vezes menor que uma bola de futebol.

Segundo Matiello & Krohling (2010), o óxido de mag-nésio aplicado no solo possui a mesma efi ciência agronômica do sulfato de magnésio no cafeeiro (Tabela 2).

Ensaio de campo realizado pela Bio Soja verifi cou que a aplicação de 200 kg/ha do Gran Mix Visão é sufi ciente para a elevação e manutenção dos teores foliares do magnésio e boro na faixa adequada ao cafeeiro (Tabela 3).

De forma similar ao que ocorreu com o Gran Mix Visão, o NHT® Blend Magnésio aplicado no drench aumenta o teor de magnésio nas folhas do cafeeiro. O teor de mag-nésio nas folhas do cafeeiro antes da aplicação do produto era de 2,5 e 60 dias após a aplicacao do produto, o teor au-mentou para 3,6 g/kg.

Realizar também aplicações foliares com o magnésio. As primeiras aplicações foliares do NHT® Blend Magnésio na dosagem de 1 L/ha devem ser realizadas logo após a co-lheita do cafeeiro e antes do fl orescimento do cafeeiro. As demais adubações foliares com o NHT® Blend Magnésio de-vem ser realizadas na granação do cafeeiro.

3. Manejo da adubação com boro em cafeeiro em produção

Os solos cultivados com cafeeiro possuem baixos teo-res de boro e o seu fornecimento em dosagens adequadas aumenta a produtividade da cultura e melhora a qualidade dos grãos do café.

O boro aumenta o pegamento da fl orada melhorando a germinação do grão de polén e o crescimento do tubo polínico. A formação dos grãos do cafeeiro é benefi ciada com suprimento adequado de boro. Este nutriente também estimula o desenvolvimento do sistema radicular do cafeeiro minimizando os impactos dos veranicos e das secas

Figura 4. Defi ciência do magnésio no cafeeiro. Fonte: Procafé (2011).

TRATAMENTO

-118151

Tabela 2: Efeito do óxido de magnésio e sulfato de magnésio mono na cultura do cafeeiro.

kg/haTestemunhaÓxido de MagnésioSulfato de Magnésio Mono

46,369,364,2

sc benefi ciadas/ha-

23,017,9

Fonte: Adaptado de Matiello & Krohling (2010).

DOSES DE MgPRODUTIVIDADE

AUMENTO DA PRODUTIVIDADE

NUTRIENTE

g/kgmg/kg

Tabela 3: Efeito da aplicação do Gran Mix Visão nos teores foliares de magnésio e boro no cafeeiro em produção.

Magnésio (Mg)Boro (B)

2,531

10/12/2011 3,1 a 3,660 a 80

O Gran Mix Visão foi aplicado em 17 de dezembro de 2011 na dosagem de 200 kg/ha. 1/ Fonte: Ribeiro et. al. (1999).Fonte: Deptº Agronômico da Bio Soja (2012).

UNIDADE

TEOR DO NUTRIENTE NAS FOLHAS DE CAFÉ

FAIXAADEQUADA 1

12/02/20123,671

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CAFÉ

que ocorrem no inverno na região Centro-Sul. Os sintomas de defi ciência do boro ocorrem inicial-

mente nas folhas e órgãos novos (Figura 5). As folhas do cafeeiro tornam-se pequenas com amarelecimento irregular tornando-se deformadas e quebradiças. Com o agravamento da defi ciência do boro, pode ocorrer a morte do meristema apical do caule e as raízes tornam-se escuras com as pontas engrossadas e depois necróticas. Os grãos do cafeeiro fi cam chochos ou mais leves.

3.1. Recomendações de usoA forma mais efi ciente para o fornecimento de boro

ao cafeeiro é a sua aplicação no solo e complementações em pulverizações foliares.

A aplicação do boro no solo deve ser realizada antes do fl orescimento do cafeeiro utilizando o Gran Mix Visão na dosagem de 200 kg/ha. Em solos arenosos, reduzir a dosagem para 150 kg/ha.

Além do fornecimento do boro no solo, realizar tam-bém a aplicação do nutriente via foliar. A primeira aplicação foliar do NHT® P-Boro-P deve ser realizada antes do fl ores-cimento do cafeeiro na dosagem de 1 L/ha. Repetir a aplica-ção do NHT® P-Boro-P na mesma dosagem cerca de 30 a 45 dias após. Posteriormente, realizar uma ou duas adubações foliares com o NHT® P-Boro-P a partir da granação do cafee-iro na dosagem de 500 mL a 1 L/ha.

O NHT® P-Boro-P é um fertilizante foliar fl uido for-necedor de boro formulado com polióis que são compostos orgânicos que melhoram a mobilidade do boro no fl oema do cafeeiro.

Eventualmente, se o boro não foi aplicado no solo an-tes do fl orescimento do cafeeiro (Gran Mix Visão), realizar a aplicação de 10 L/ha do Fertilis® Boro no drench parcelando a dosagem do produto em duas aplicações.

4. Considerações fi naisUma das formas mais efi cientes para aumentar a renta-

bilidade da cafeicultura é o manejo adequado da nutrição do cafeeiro.

O fósforo, boro, magnésio e as substâncias húmicas de-vem ser fornecidos antes do fl orescimento do cafeeiro para otimizar os seus benefícios e proporcionar altas produtivi-dades. Estes nutrientes também devem ser fornecidos em pulverizações foliares e no drench.

Nos solos tropicais com alta capacidade de fi xação do fósforo, os fertilizantes fosfatados mais adequados ao cafe-eiro são os organominerais com altos teores de substâncias húmicas (Fertium® Phós). Aplicá-lo antes do fl orescimento do cafeeiro e realizar a aplicação do Fertilis® P30 via foliar a partir do fi nal da estação das chuvas (fevereiro/março).

O magnésio deve ser aplicado no solo antes do fl ores-cimento do cafeeiro (Gran Mix Visão), no drench (NHT® Blend Magnésio) e nas adubações foliares (NHT® Blend Magnésio).

O boro deve ser fornecido no solo também antes do fl orescimento do cafeeiro e em adubações foliares desde o fl orescimento a granação da cultura (NHT® P-Boro-P). Eventualmente, se o boro não foi fornecido no solo, aplicar o Fertilis® Boro no drench.

Para um melhor monitoramento da nutrição do cafe-eiro, recomenda-se anualmente a análise de solo e foliares. A análise foliar, quando associada com as informações da análise de solo, é uma ferramenta imprescindível na reco-mendação e ajustes da adubação para o cafeeiro.

Maiores informações sobre os produtos Bio Soja, en-trar em contato com a Bio Soja via representante comercial (verifi car o telefone de contato – www.biosoja.com.br) ou via e-mail - [email protected].

Figura 5. Defi ciência de boro no cafeeiro.

A

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CAFÉ

A importância do Fósforo e dos FosfitosNA CULTURA DO CAFÉ (parte 1)

Fernando Jardine 1

O sucesso e a difusão dos fertilizantes foliares de-vem-se à tentativa dos produtores de conseguir benefícios agronômicos como incremento da produção. Os fertilizantes foliares contendo fós-

foro estão entre os muitos citados na literatura como indu-tores de resistência e estão ganhando importância no con-trole de patógenos.

A partir desta edição, iniciamos uma série de artigos orientando, principalmente, os cafeicultores a respeito da importância da aplicação de fosfatos e fosfi tos na lavoura.

Neste contexto, a Casa das Sementes - revenda de produtos agropecuários para Franca (SP) e região - indica a linha de produtos Nutriplant. Mais especifi camente o Flash, o Aminonutri, o Foskalium Cooper e o Foskalium Manga-nese.

Na cafeicultura, indicamos os fertilizantes foliares da Nutriplant buscando promover: maior uniformidade de plantas; maior número de ramos plagiotrópicos; maior área foliar; maior diâmetro de caule; melhor vigor de plantas; residual longo; arranque inicial; maior tempo de nutrição; maior controle sobre situações adversas; diminuição da lixi-viação de nitrogênio; e menor mão de obra.

A Importância do FósforoO fósforo é um dos elementos mais exigidos pelas plan-

tas para crescer e se desenvolver. O fósforo não ocorre natu-ralmente como elemento livre, pois é bastante reativo, ou seja, combina-se rapidamente com outros elementos como

Figura 1: Efeito residual de fosfato solúvel em água sobre as cul-turas após a sua aplicação no primeiro plantio. Fonte: Kochhann et ali., 1982.

1 - Engº Agrônomo, Supervisor de Vendas da Nutriplant na Alta Mogiana, Triângulo Mineiro, Sul e Sudoeste Mineiro. www.nutriplant.com.br. Email: [email protected]

oxigênio e hidrogênio. O fósforo está envolvido

intimamente com bioenergé-ticos celulares e reguladores de metabolismo, e é também um importante componente estrutural de macromoléculas como acido nucléicos e fosfo-lipídeos; Tem um papel crítico em praticamente todo metabo-lismo importante que se pro-cessa nas plantas, incluindo a fotossíntese e a respiração.

Apesar de sua importân-cia para o metabolismo da planta, o fósforo é um dos nu-trientes menos disponíveis no ecossistemas terrestre e aquáti-co. A maior parte do fósforo da crosta terrestre se encontra na forma mineral insolúvel, e grande parte é indisponível para a planta.

O fósforo tem papel fun-damental no metabolismo de todos os sistemas vivos, já

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CAFÉque esta intimamente envolvido nas reações de energia do ATP. Os derivados do fósforo também são importantes com-ponentes estruturais de ácidos nucleicos, coenzimas e fosfo-lipídios, assim, como se envolve em quase todo processo do metabolismo pertinente a vida.

O fósforo tem sido, ao longo da evolução das técnicas de adubação, um dos nutrientes de mais difícil fornecimento às plantas. Aproximadamente todos os solos tem fósforo dis-ponível naturalmente, mas esse reservatório natural pode não estar prontamente disponível para as funções das plan-tas no nível ótimo que elas exigem.

Por essa razão, níveis naturais de fósforo são, geral-mente, insufi cientes para suportar as necessidades das cul-turas modernas, de alta produtividade, sem adubação suple-mentar.

A dimensão do problema do fornecimento de fósforo é composta por:

a) - Valor limitado de fósforo disponível por causa da fi xação no solo

b) - Absorção inefi ciente da aplicação foliar de fósforo.

Para que o nível de fósforo do solo possa ser elevado para a aumentar absorção das plantas, ele deve ser dissolvido na solução do solo que entra em contato com as raízes. Isso promove a conexão solo-planta, fazendo com que o nutri-ente seja absorvido e utilizado pela cultura. Entretanto, o fósforo é, relativamente, insolúvel em água.

Devido a esta insolubilidade em água e de outros fa-tores de “fi xação”, tais com temperatura, pH, teores de umi-dade, suprimento de oxigênio e reações químicas com outros

minerais que formam precipitados insolúveis, o fósforo da solução do solo pode ser deslocado de posição várias vezes a cada dia. Sabendo-se que o sistemas radicular da cultura entra em contato somente com aproximadamente 1% do volume do solo, muito do fósforo do solo também está fora do alcance das plantas.

O mesmo tipo de interação de fi xação ocorre na matriz da superfície foliar, quando considera a aplicação foliar dos fósforo.Grandes quantidades de fosfatos, tanto na aplicação foliar quanto no solo, tem sido utilizadas para corrigir as defi ciências de fósforo e fornecer os níveis sufi cientes. Essa prática tem contribuído para aumentar os custos dos culti-vos e para contaminar o ambiente através de outros proble-mas associados com o uso excessivo de fosfatos.

Comportamento do Fósforo no SoloO fósforo constitui cerca de 0,12% da crosta terrestre.

Está presente em todas as rochas, solos, resíduos de vegetais e na água, formando complexos com vários elementos. O suprimento de fósforo para o mundo provém de depósitos minerais, sendo a apatita, o mineral predominante.

A quantidade total de fósforo nos solos é relativamente alta, da ordem de 100 a 2000 ppm e varia em função do ma-terial de origem, do grau de intemperismo, do teor de maté-ria orgânica e da reação do solo. Em compensação, a quan-tidade do elemento disponíveis à planta é extremamente baixa. Isso pode ser confi rmado pelo fato de que o fósforo é o macronutriente, em geral, menos exigido pelas plantas, mas ao mesmo tempo é aquele que é aplicado em maiores quantidade na adubação.

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2012

CAFÉA explicação para isso, está no fato de que a maior

parte do fósforo aplicado ao solo reage com o ferro, com o alumínio, manganês (solos ácidos) e com o cálcio (solos al-calinos), formando compostos insolúveis. Pode reagir tam-bém com os minerais de argila, particularmente a caolin-ita, formando ligações de alta energia. Estes processos são conhecidos por “FIXAÇÃO”. Vale frisar que esse fósforo fi xado, com o passar do tempo poderá ser aproveitado pela cultura.

A quantidade de fósforo fi xado, é governada basica-mente por dois fatores:

1) - Tempo de contato do fósforo com o soloQuanto maior o tempo de contato do fósforo com o

solo, maior a possibilidade de formação de compostos de baixa solubilidade (Figura 1).

2) - Condições existente no soloOs principais fatores do solo que afetam a disponibili-

dade do fósforo são: a) - Teor de argila quanto maior o teor de argila, maior

a quantidade de fósforo fi xada; b) - Tipo de argila : quanto maior o grau de intemperis-

mo da argila, maior a quantidade de fósforo fi xada;c) - pH do solo : a solubilidade de vários compostos de

fósforo é infl uenciada pelo pH do solo, sendo que a maior disponibilidade ocorre na faixa de pH entre 5,7 e 6,5. Em solos ácidos o fósforo reage com o ferro e com o alumínio, formando compostos insolúveis. Já em solos alcalinos, o fósforo reage com o cálcio, formando fosfatos bicálcicos e tricálcicos, de menor disponibilidade;

d) - Umidade do solo: a umidade do solo infl uencia na movimentação dos íons fosfatos em direção à superfície das raízes;

e) - Nível de fósforo no solo: em adubações sucessivas com fertilizantes fosfatados grande parte dos pontos de fi xa-ção vão sendo supridos e consequentemente maiores teores de fósforo fi cam disponíveis às plantas.

Na natureza, o fósforo sofre uma série de transforma-ções resultantes das interações entre a biosfera e a litosfera. Uma das perdas de fósforo ocorre através da ação da água da chuva, que caminha para a hidrosfera carregando o fósforo solúvel e o particulado, ou seja, o adsorvido às partículas de solo e matéria orgânica erodidas. As quantidades de fósforo solúvel perdidas dessa forma variam de 0,01 a 4,3 kg/ha/ano enquanto que no caso do fósforo particulado essas quanti-dades variam de 0,02 a 33,2 kg/ha/ano.

O fósforo solúvel, adicionado ao solo através da aduba-ção, pode ser retido pela fração sólida da litosfera ou absorvi-do pelas plantas e microorganismos, sendo que essas vias de retenção do fósforo solúvel competem entre si. Esse fósforo absorvido pelos seres vivos retorna ao solo ou como esterco ou, após sua morte, como restos de matéria vegetal e animal, compondo a fração fósforo orgânico insolúvel.

O fósforo considerado insolúvel, é constituído por duas frações, não assimiláveis pelas plantas, uma orgânica e outra inorgânica, sendo que o conteúdo da primeira varia de 30 a 85% do total de fósforo.

As proporções relativas das formas orgânicas e i-norgânicas, variam em função de fatores físicos, químicos e biológicos do sistema solo.

O fósforo orgânico ocorre em teores proporcionais à matéria orgânica. Vários compostos de fósforo fazem parte da matéria orgânica do solo, como por exemplo o fosfatos de inositol, fosfolipídeos e ácidos nucleicos. Os compostos de fósforo, são hirolisados por enzimas denominadas de fosfatases. Sendo este um processo biológico, está sujeito às condições do ambiente que favorecem o crescimento e ativi-dade dos microrganismos.

Dessa forma, fatores como tipo da fonte de fósforo, tipo de microrganismos predominantes, umidade, pH, aeração, temperatura, nutrientes inorgânicos e conteúdo de fósforo infl uenciam diretamente esse processo. Vale frisar que ao mesmo tempo em que ocorre a mineralização da matéria orgânica, ocorre também a imobilização dos nutrientes, in-clusive do fósforo, que nada mais é que o consumo dos nutri-entes, originados pela mineralização e pelos microrganismos competindo com a absorção das plantas.

Já o P inorgânico, proveniente principalmente da in-temperização de rochas contendo apatita, pode ocorrer no solo fortemente fi xado (ligado ao alumínio ou ferro, ou na rede cristalina dos minerais), como P fracamente fi xado, ou então na solução do solo. A solubilização dos fosfatos i-norgânicos pode ocorrer devido à ação de microrganismos do solo, e também pela ação de exsudatos radiculares de plantas.

Na Figura 2, é possível visualizar o comportamento do fósforo no solo em suas diferentes frações.

Mineralização e Imobilização de fósforo orgânicoA renovação do fósforo via mineralização e reações

de imobilização são semelhante ao nitrogênio, com o qual ambos os processos ocorrem simultaneamente. Quando re-síduos de colheita retornam ao solo, se a relação carbono orgânico/fósforo orgânico for 300 ou mais, poderá ocorrer imobilização.

A mineralização ocorrerá se a mesma relação for 200 ou menos. Quando a relação carbono/ fósforo orgânico es-tiver entre 200 e 300, não ocorrerá nem ganho e nem perda de fosfato inorgânico.

A renovação do fósforo é um processo biológico, por-tanto, fatores que afetam a atividade biológica tal como umi-dade do solo, pH, e estoque de energia, também afeta-

Figura 2: Formas de fósforo no sistema solo-planta; interde-pendência e equilíbrios

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CAFÉram a mineralização e as reações de imobilização.

Papéis do fósforo na plantaA principal função do fósforo nas plantas está relacio-

nada com o armazenamento e utilização de energia captada da luz solar através da fotossíntese, via síntese de ATP. To-dos os processos metabólicos das plantas relacionados com os gastos de energia possuem participação direta ou indireta do fósforo.

Além disso, podemos destacar que o fósforo também está relacionado com o crescimento das raízes, maturação dos frutos, formação de grãos, frutos e fi bras e com o vigor das plantas. Este é um elemento constituinte das plantas, pois esta presente na formação de enzimas e proteínas; é um componente estrutural de fosfo-proteínas, fosfolipídeos e ácidos nucléicos. O fósforo desempenha um papel vital no ciclo de vida das plantas e é importante no desenvolvimento de fase reprodutiva. Esse elemento também desempenha um papel regulador na formação e na translocação de açúcares e amidos; dessa forma, promove maturidade e qualidade pre-coces. Realmente o fósforo é o nutriente “potencializador” da produção vegetal.

O fósforo é um nutriente onipresente nas plantas, e-xigido em praticamente todos os processos metabólicos e que, freqüentemente, infl uencia a utilização dos outros nu-trientes.

Defi ciências de fósforo durante o ciclo da cultura causam redução no tamanho das sementes e prejudicam sua qualidade fi siológica.

O fósforo leva ao aumento de produtividade e ante-

cipação de colheita. Aumenta a performance no fl oresci-mento e abaixa a incidência de enfermidades.

O fosfato absorvido pelas células das plantas é rapi-damente envolvido em processos metabólicos; 10 minutos após a absorção deste, 80% do total absorvido é incorporado a compostos orgânicos, formando basicamente fosfo-hexas-es e difosfato de uridina. Pode-se afi rmar que o fósforo está presente em todas as células, fazendo parte de fosfolipídeos, ácidos nucleicos, carboidratos, coenzimas e compostos rela-cionados a uma série de atividades.

O fosfato é bastante móvel na planta sendo redis-tribuído com facilidade pelo fl oema, onde o elemento apa-rece principalmente como fosforil colina. Quando as plantas estão adequadamente nutridas, de 85 a 95% do P orgânico se encontra nos vacúolos . Ocorrendo defi ciência, o P não metabolizado sai do vacúolo e é redistribuído para os órgão mais novos cujo o crescimento cessa quando acaba tal reser-va. Devido a fácil redistribuição do P na planta, os sintomas de defi ciência aparecem primeiramente nas folhas mais ve-lhas.

De forma geral, podemos afi rmar que os sintomas de defi ciência de fósforo são os seguintes: poder germinativo das sementes é reduzido e lento; folhas velhas com colo-ração verde-azulada; menor perfi lhamento, gemas laterais dormentes, atraso no fl orescimento, folhas estreitas estrei-tas, colmos fi nos, maturação atrasada e grãos leves ou vazios, redução da produção e da qualidade do produto.

Na próxima edição, falaremos sobre os Fosfi tos e a sua importância na agricultura.

Na próxima edição, falaremos sobre os Fosfi tos e a sua A

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Sistemas agroflorestais: opção para geração de renda eRECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS

SILVICULTURA

Sistemas agrofl orestais diversifi cados (SAFs) são for-mas de uso da terra que envolvem exploração de plantas, combinando o plantio de árvores e arbustos com cultivos agrícolas e/ou criação de animais, ao

mesmo tempo ou ao longo do tempo, seguindo prioritari-amente princípios agroecológicos.

1. Sistemas agrofl orestais de base agrícolaNesses sistemas podem ser utilizadas diferentes espé-

cies de árvores, preferencialmente nativas da região, inclu-indo: frutíferas, madeireiras, oleaginosas, medicinais, entre outras, para atender diferentes fi nalidades. Quanto às cul-turas, há diferentes opções, como: feij ão-comum, milho, feij ão-caupi (catador), arroz, mandioca, abacaxi, hortaliças, banana, entre muitas outras.

Não há um modelo de SAF considerado ideal. A com-posição desses sistemas é baseada nos interesses de cada agri-cultor, seus objetivos, disponibilidade de mão-de-obra, bem como das características de cada região.

Para cada situação deve ser encontrado um arranjo es-pecífi co e, preferencialmente, baseado em princípios agro-ecológicos, buscando obter produção de alimentos de alta qualidade biológica, aliada à melhoria ambiental e socio-econômica das famílias ao longo do tempo.

Esses sistemas aumentam as alternativas alimentares das famílias e as possibilidades de renda, além de favorecer o equilíbrio ambiental, despontando como alternativa promi-ssora aos agricultores.

Os SAFs também produzem grande quantidade de resíduos vegetais que são importantes à cobertura do solo, bem como na manutenção e melhoria da matéria orgânica, além de servirem de alimento para organismos trituradores e decompositores de materiais orgânicos que realizam vários serviços ecológicos no solo, possibilitando a melhoria de atributos físicos, químicos e biológicos, com potencial para recuperar solos degradados e torná-los mais produtivos.

Esses sistemas também são importantes na recuperação de áreas degradadas, como “reserva legal”, e podem auxiliar na recuperação de áreas de reserva permanente.

Sistemas silvipastoris sob bases agroecológicas e a produção animal

É um tipo de sistema agrofl orestal diversifi cado, nos quais implanta-se a pastagem, utilizando-se diferentes espé-cies de gramíneas nativas ou exóticas, que podem ser consor-ciadas com leguminosas rasteiras ou arbustivas, juntamente com árvores, preferencialmente espécies nativas da região.

As árvores podem ser plantadas em fi leiras para facili-tar o manejo, mas é importante que estejam bem distribuídas

nas áreas de pastagens. É uma boa opção para melhorar as condições das pastagens, além de proporcionar maior con-forto aos animais, aumentando sua resistência às adversi-dades climáticas e eventuais enfermidades, possibilitando a obtenção de maiores produtividades de leite ou carne.

A escolha das espécies de árvores é muito importante, pois pode render lucros com a venda de frutas nativas ou outros produtos com valor agregado (exemplo: jatobá, jenipapo, pequi, baru, bocaiúva, entre outras), da madeira (cedro, canafístola, ipê, peroba, angico, guatambu, etc), além de outras possibilidades de geração de renda.

No planejamento do sistema silvipastoril deve-se es-colher árvores que possibilitem o bom desenvolvimento das pastagens, evitando o excesso de sombreamento.

Árvores exploram camadas de solo de um a mais de cinco metros abaixo do sistema de raízes de culturas anuais e de forrageiras. As raízes trazem nutrientes e os depositam na superfície do solo como liteira, que se decompõe formando a matéria orgânica do solo. A dispersão desses nutrientes para longe das árvores pode ser alcançada pela rotação de longo prazo entre árvores e culturas/pastagens, pela alimentação dos animais com a forragem oriunda das árvores, e pelo plan-tio das árvores junto com as culturas/pastagens. As raízes, ao penetrarem o solo, formam poros, que com a decomposição das raízes, auxiliam a infi ltração de água. No ambiente mais ameno sob as árvores, a macrofauna contribui também para aumentar a permeabilidade do solo.

A taxa de decomposição da liteira em matéria orgânica é afetada pela relação carbono:nitrogênio no solo. O maior teor de nitrogênio, como é encontrado de modo geral nas le-guminosas, acelera a conversão em matéria orgânica. Além disso, o nitrogênio incorporado a partir das leguminosas é menos propenso a sofrer lixiviação que o de fertilizantes comerciais. Algumas espécies de árvores, como Eucalyp-tus gummifera, aumentam a disponibilidade de fósforo pela secreção de exsudados da raiz. Árvores que se associam a micorrizas (como Pinus radiata, Eucalyptus marginata) também aumentam o aproveitamento dos nutrientes. Se as árvores são raleadas ou colhidas como madeira, há expor-tação de nutrientes, que costuma ser menor que as perdas em culturas de cereais. A exportação de nutrientes pode ser reduzida ao se deixar raízes, folhas e casca no local, redu-zindo a necessidade de fertilizante para o próximo ciclo de plantio das árvores. O uso de espécies forrageiras para a con-servação de solo é uma boa maneira de obtenção de retorno econômico de áreas que estão sendo degradadas sob manejo convencional.

Alguns passos importantes para começar um SAF de base agrícola

1º ano – Faz-se plantio de culturas anuais (pastagens, mandioca, milho, feij ão-comum, soja, feij ão-catador,

1 - Pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Rodovia BR 163, km 253,6, Caixa Postal 661, CEP 79 804-970, Dourados-MS. Endereço Eletrônico: [email protected].

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SILVICULTURAentre outras, dependendo das condições de solo e clima da localidade, bem como da preferência de cada agricul-tor) intercaladas com mudas de árvores nativas da região (sangra d’água, candiúva, embaúba, capixingui, mutambo, amendoim, leiteira, alecrim, tucaneiro, tarumã, guapuru-vu, pimenta-de-macaco, açoita-cavalo e ingá, por exem-plo). É importante plantar a maior variedade possível de árvores.

2º e 3º ano - Faz-se uma rotação de culturas agrícolas anuais, realizam-se as colheitas e as vendas de produtos para gerar renda, enquanto as árvores crescem. Outras cul-turas de interesse econômico que se desenvolvem bem em condições de semi-sombreamento podem ser introduzi-das, como abacaxizeiro, cafeeiro, maracujazeiro, urucum, bananeira, entre outras.

3º ano em diante - Forma-se um bosque jovem, o a-gricultor pode plantar outras espécies de árvores que cres-cem bem na sombra deste bosque (árvores de madeira de lei, por exemplo: ipês, cedro, aroeira, canafístola, peroba, guatambu, entre outras), ou apenas aguardar o cresci-mento das árvores. Estas árvores (madeiras de lei) também podem ser plantadas junto com as pioneiras, no início do sistema agrofl orestal.

Cuidados na composição e condução de sistemas agrofl orestais diversifi cados

As mudas a serem plantadas nos SAFs devem ser pro-duzidas, preferencialmente, a partir de sementes coletadas de árvores existentes em fragmentos de vegetação nativa na região, porque são mais adaptadas às condições ambien-tais locais, atentando para colher as sementes de diferentes matrizes.

O plantio de árvores produtoras de frutos comestíveis pelos pássaros, morcegos e outros animais para atrair esses animais ao sistema também é uma estratégia recomendada para melhorar a diversidade vegetal nos SAFs, contribuin-do para a dispersão de sementes de várias espécies trazidas de outras localidades na região. O uso de espécies melíferas nos SAFs reveste-se de grande importância, pois atrairão abelhas e outros insetos polinizadores.

Na composição de SAFs diversifi cados recomenda-se o plantio de espécies arbóreas pioneiras, secundárias e clí-max, favorecendo a sucessão ecológica.

As árvores pioneiras também são conhecidas como primárias, tem crescimento rápido, se desenvolvem bem a céu aberto e possuem tempo de vida curto (em geral, entre 6 a 15 anos). As pioneiras normalmente são árvores de porte médio a alto, chegando até cerca de 18 m e sua madeira é considerada leve. Como as pioneiras se desen-volvem rapidamente, elas formam um sombreamento que servirá como proteção (microclima), favorecendo o cresci-mento das árvores secundárias. Exemplos de espécies pio-neiras: sangra d’água, candiúva, embaúba, capixingui, mu-tambo, amendoim, leiteira, alecrim, tucaneiro, guapuruvu, pimenta-de-macaco, açoita-cavalo, ingá, entre outras.

As espécies arbóreas secundárias iniciais têm cresci-mento um pouco mais lento que as pioneiras e necessitam de sombreamento parcial para o melhor desenvolvimento

inicial, mas seu tempo de vida útil na fl oresta gira de 15 a 20 anos. Eis alguns exemplos de árvores com essas características: cedro, ipês, angico, aroeira e jenipapo.

Por outro lado, as árvores caracterizadas como clímax (também conhecidas como secundárias tardias) são de cres-cimento lento, necessitam de sombreamento para seu bom desenvolvimento e possuem ciclo de vida longo. Nos sistemas naturais, são as plantas que se desenvolvem quando a fl oresta primária já está formada. Peroba, guatambu, erva-mate, jequi-tibá, jatobá, faveiro e canjerana, são alguns exemplos. Outro aspecto a considerar é que a implantação de sistemas agro-fl orestais visando à recuperação de áreas degradadas deve ser orientado para a utilização, preferencialmente, de sistemas de baixo uso de insumos, seguindo princípios agroecológicos.

Após a implantação de SAFs, é importante acompanhar no dia-a-dia a evolução do sistema; monitorar a ocorrência de formigas cortadeiras de folhas e controlá-las, se necessário, preferencialmente com produtos não agressivos ou de baixo impacto ao meio ambiente.

Deve-se, ainda, manter a área sem concorrência com plantas espontâneas agressivas (plantas daninhas), especial-mente as gramíneas, pois difi cultam e até impedem o estabe-lecimento das mudas e a emergência de sementes de espécies arbustivas e arbóreas trazidas por pássaros e outros agentes de disseminação, que são estratégicas para a aceleração da recu-peração da área degradada. Outra prática importante refere-se à necessidade de podas em árvores que estejam promovendo excesso de sombreamento nas culturas agrícolas. (FONTE: Embrapa) A

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