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Edição de março de 2003

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Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003 1

ISSN 0103-0779

NESTNESTNESTNESTNESTA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃOA EDIÇÃO

As matérias assinadas não expressamnecessariamente a opinião da revista e são

de inteira responsabilidade dos autores.

A sua reprodução ou aproveitamento,mesmo que parcial, só será permitida

mediante a citação da fonte e dos autores.

SeçõesEditorial ...........................................................................................Agribusiness .....................................................................................Flashes ............................................................................................Lançamentos editoriais ..............................................................Novidades de Mercado .......................................................................Vida Rural - soluções caseiras .............................................................

2358

1676

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Efeito do aliette e da calda bordalesa no controle do abortamento de gemasfloríferas em pereira (Onofre Berton e Frederico Denardi) ....................................Arborização de pastagens: alternativa para incrementar a produção pecuáriae florestal (Rubens Marques Rondon Neto, Marcos Vinicius Winckler Caldeira eLuciano Farinha Watzlawick) .................................................................................Influências de fatores abióticos no desenvolvimento da cultura da erva-mate(Gilson José Marcinichen Gallotti) .........................................................................Forrageiras com propriedades antibióticas e repelentes no controle do carra-pato de bovinos, Boophilus microplus (André Flávio Soares Ferreira Rodrigues) ...Impacto de tecnologias básicas na bovinocultura de corte no Vale do Itajaí eLitoral Norte de Santa Catarina (Canuto Leopoldo Alves Torres, AmaroHillesheim e João Lari Felix Cordeiro) ....................................................................

Informativo Técnico

Mate e chimarrão (Samuel Mariano da Silva) ......................................................Potencial do Cerrado (Glauco Olinger) ................................................................

7071

Opinião

Nota TécnicaDano e controle da abelha “irapuá” em eucalipto (Luís Antônio Chiaradia,Dorli Mário Da Croce, José Maria Milanez e Cláudio Morgan) .................................Piscicultura integrada: em busca de melhor qualidade de vida para toda asociedade catarinense (Matias Guilherme Boll e Osmar Tomazelli Júnior) ...........Custos de produção da atividade leiteira na região de Tubarão (AdilsonDalponte) .............................................................................................................Infestação de percevejo em ligustro (Luís Antônio Chiaradia, José Maria Milaneze Elmar José Hentz) ....................................................................

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Artigo TécnicoProdução agroecológica de morango no Oeste Catarinense (Eloi ErhardScherer, Luiz Augusto Ferreira Verona, Gerry Signor, Rosilei Vargas e BernardeteInnocente) ...........................................................................................................Variação da temperatura do solo sob abrigo plástico no Planalto NorteCatarinense (Zenório Piana, Hamilton Justino Vieira e Geraldo Pilati) ...................

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25

Arroz agroecológico: tecnologias atraem produtores e técnicos(Paulo Sergio Tagliari) ........................................................................................Do Pacífico para as águas catarinenses (Eonir Teresinha Malgaresi) .................

2936

Reportagem

ConjunturaA capacitação dos agricultores na visão do Pronaf (Carlos Luiz Gandin, DjalmaRogério Guimarães e Carlos Nery R. Cavalheiro) ....................................................A complexa recuperação da triticultura brasileira e catarinense (TabajaraMarcondes) ..........................................................................................................

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Registro

A importância do leite de cabra na nutrição humana .............................Criado o Fundaf-SC ...................................................................Produto natural controla praga do milho ...........................................Bioinseticida controla lagarta-do-cartucho ........................................Uma nova doença nos citros ..........................................................Epagri publica Atlas Climatológico do Estado de Santa Catarina ..............

99

10111213

Neste primeiro número do ano em que a revistaAgropecuária Catarinense comemora seus 15 anos deexistência ela vem com o maior número de páginas desua história como brinde aos nossos leitores. A RAC fazaniversário e nossos leitores são presenteados.

Neste número são apresentadas duas reportagens:uma sobre o cultivo de arroz agroecológico e outrasobre o cultivo do camarão. Além das reportagens, aRAC traz também alguns assuntos muito interessantes,como produção agroecológica de moranguinho, umestudo sobre a variação de temperaturas do solo dentroe fora de abrigos plásticos, estudos sobre o tratamentocom fungicidas no controle do abortamento de gemasda pereira, arborização de pastagens, influência defatores abióticos na cultura da erva-mate dentre outros.Traz também uma interessante matéria sobre o efeitoantibiótico e repelente de plantas forrageiras sobre ocarrapato bovino e outra sobre o impacto de tecnologiasbásicas em bovinocultura de corte. E, ainda, três NotasTécnicas: danos da abelha “irapuá” em eucalipto,piscicultura integrada com suínos, custos da produçãoleiteira na região de Tubarão e ataque de percevejo emligustro. Além dos assuntos técnicos esta edição daRAC apresenta outras matérias variadas e interessantespara deleite de nossos leitores. Boa leitura!

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2 Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003

Editorial

REVISTA QUADRIMESTRAL Sergio Tagliari, Sérgio Leite Guimarães Pinheiro, Zenório Piana

COMITÊ DE PUBLICAÇÕES TÉCNICAS:Presidente: Paulo Henrique Simon, Secretário: Paulo SergioTagliari, Membros: Antônio Carlos Ferreira da Silva, OnofreBerton, Gilson José Marcinichen Gallotti, Jean Pierre Rosier,Jefferson Araújo Flaresso, Fernando Adami Tcacenco, RogerDelmar Flesch, Vera Lúcia Iuchi

COLABORARAM COMO REVISORES TÉCNICOS NESTA EDI-ÇÃO: Afonso Inácio Orth, Airton Rodrigues Salerno, Anisio PedroCamilo, Cesar Itaqui Ramos, Clori Basso, Dorli Mário Da Croce,Edegar Luiz Peruzzo, Enio Schuck, Honório Francisco Prando,Hugo José Braga, Ivan Dagoberto Faoro, João Lari Félix Cordeiro,José Lino Rosa, Luiz Gonzaga Ribeiro, Paulo Alfonso Floss,Paulo Sergio Tagliari, Pedro Boff, Sadi Nazareno de Souza,Vilmar Francisco Zardo

JORNALISTA: Márcia Corrêa Sampaio (MTb 14.695/SP)

ARTE: Vilton Jorge de Souza

ARTE-FINAL : Janice da Silva Alves

CAPA: Foto de Anísio Pedro Camilo

PRODUÇÃO EDITORIAL: Ana Carolina Basto Vilela (estagiá-ria), Anderson Luiz Rodrigues, Daniel Pereira, Janice da SilvaAlves, Maria Teresinha Andrade da Silva, Mariza Martins, Ritade Cassia Philippi, Selma Rosângela Vieira, Vânia MariaCarpes

DOCUMENTAÇÃO: Ivete Teresinha Veit

ASSINATURA/EXPEDIÇÃO: Ivete Ana de Oliveira e ZulmaMaria Vasco Amorim - GMC/Epagri, C.P. 502, fones:(048) 239-5595 e 239-5536, fax: (048) 239-5597, 88034-901Florianópolis, SC.Assinatura anual (3 edições): R$ 15,00 à vista.

PUBLICIDADE: Florianópolis: GMC/Epagri - fone: (048)239-5673, fax: (048) 239-5597 Agropecuária Catarinense - v.1 (1988) - Florianópolis: Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária 1988 - 1991)

Editada pela Epagri (1991 - )TrimestralA partir de março/2000 a periodicidade passou a ser

quadrimestral1. Agropecuária - Brasil - SC - Periódicos. I. Empresa

Catarinense de Pesquisa Agropecuária, Florianópolis, SC. II.Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SantaCatarina, Florianópolis, SC.

15 DE MARÇO DE 2003

Impressão: Epagri CDD 630.5

AGROPECUÁRIA CATARINENSE é uma publicação daEmpresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de SantaCatarina S.A. – Epagri –, Rodovia Admar Gonzaga, 1.347,Itacorubi, Caixa Postal 502, 88034-901 Florianópolis, SantaCatarina, Brasil, fone: (048) 239-5500, fax: (048) 239-5597,internet: www.epagri.rct-sc.br, e-mail: [email protected]

DIRETORIA EXECUTIVA DA EPAGRI: Presidente: Athos deAlmeida Lopes, Diretores: Anselmo Benvindo Cadorin, GilmarRoberto Zaffari, José Antônio da Silva, Zenório Piana

EDITORAÇÃO:Editor executivo: Dorvalino Furtado FilhoEditor: Anísio Pedro CamiloEditores-assistentes: Paulo Sergio Tagliari, Marlete Maria daSilveira Segalin, Paulo Henrique Simon

CONSELHO EDITORIAL: Anísio Pedro Camilo, Élio Holz,Luiz Carlos Robaina Echeverria, Paulo Henrique Simon, Paulo

A Epagri é uma empresa da Secretaria de Estado da Agricultura e Política Rural.

ISSN 0103-0779

A revitalização da EpagriA revitalização da EpagriA revitalização da EpagriA revitalização da EpagriA revitalização da Epagri

Neste ano de 2003 a RevistaAgropecuária Catarinense – RAC– completa 15 anos. Uma datapara ser comemorada com orgu-lho pelos profissionais da ciênciaagrícola catarinense, pois foi umainiciativa coroada de êxito. Esteveículo de comunicação transmi-te conhecimentos e tecnologiasaos técnicos, agricultores e pesca-dores catarinenses, além de mos-trar as autoridades e a outraslideranças o trabalho desenvolvi-do pela pesquisa, pela extensão epelo ensino agrícola no sul doBrasil e indicar iniciativas queserão tomadas no sentido de me-lhorar as condições para o desen-volvimento sustentável do meiorural.

Este ano registra também umamudança em termos políticos noPaís e uma expectativa de açõesefetivamente voltadas a melho-rar as condições de vida dos agri-cultores e de suas famílias. O pro-grama Fome Zero certamentedeverá considerar a produção demais alimentos e o apoio do gover-

no federal aos agricultores paraque isso aconteça.

A política neoliberal e deglobalização adotada nas últimasdécadas, aliada à falta de umapolítica de subsídios e de apoio aopequeno agricultor, mudou asituação do País, e grande parcelada população de Santa Catarinaabandonou o campo nos últimosanos, restando hoje no meio ruralmenos de 20% da população esta-dual.

O governo do Estado de SantaCatarina tem como uma de suasprioridades melhorar as condiçõesde vida do agricultor e reduzir oêxodo rural. Para isso conta com oimportante apoio do serviço de ex-tensão rural e de tecnologias econhecimentos gerados pela pes-quisa.

A descentralização administra-tiva promovida pelo governo deSanta Catarina é outro processoem marcha que terá o apoio daextensão rural na elaboração dosplanos de desenvolvimento das re-giões que formam as novas secre-

tarias regionais.A Epagri, com seu quadro fun-

cional, será uma grande aliada dogoverno em todo o Estado deSanta Catarina, tendo em vistaque conta com técnicos em todosos municípios, e com estaçõesexperimentais e centros de trei-namento bem distribuídos nasmicrorregiões. Para que o tra-balho seja executado a contento,faz-se necessário tomar provi-dências no sentido de melhoraras condições de trabalho dos téc-nicos que atuam em pesquisa eem extensão rural. Estas condi-ções deverão ser viabilizadas pelanova diretoria da Epagri com oapoio da Secretária de Estado daAgricultura e Política Agrícola.

Não basta termos bons pesqui-sadores e bons extensionistas, épreciso que eles sejam adequada-mente capacitados através de cur-sos de atualização, tenham bonsequipamentos e boas condições detrabalho, estejam bem motivadose saibam com clareza o objetivo aatingir.

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Agribusiness

Exportadores de carne suína têmExportadores de carne suína têmExportadores de carne suína têmExportadores de carne suína têmExportadores de carne suína têmestratégia para conquistar aestratégia para conquistar aestratégia para conquistar aestratégia para conquistar aestratégia para conquistar a

União EuropéiaUnião EuropéiaUnião EuropéiaUnião EuropéiaUnião Européia

cimento vertiginoso dosetor naquele país, saindopraticamente do zero noinício de 2001 para atin-gir uma receita cambialde US$ 206 milhões gera-da por aquele mercado no

final de 2002.Mais informações

com Patrícia Blanco,fones (011) 3064-9400 e9903-2944, e MarthaCorazza, fones (011) 3207-2272 e 9184-1310.

Os produtores e ex-portadores brasileiros decarne suína, que já con-seguiram conquistar omercado russo com umplano estratégico im-plantado em 2001 pelaAssociação Brasileira deProdutores e Exportado-res de Carne Suína –Abipecs –, em parceriacom a Agência de Pro-moção para Exportação– Apex –, tratam agorade buscar novos merca-dos, com destaque para aUnião Européia. O setortem um planejamento es-tratégico bem delineadopara enfrentar o prote-cionismo europeu e develevar sugestões ao go-verno brasileiro dentrodos próximos dias, expli-ca Cláudio Martins, dire-tor executivo da Abipecs.Por pressão dos exporta-dores brasileiros, a UniãoEuropéia enviou este anouma missão veterináriapara avaliar as condiçõesde qualidade e sanidadeda suinocultura nacio-nal. “Eles fizeram umasérie de exigências e re-comendações, diz o dire-tor da Abipecs, e combase nisso queremos fa-zer o dever de casa juntocom o governo para quea missão européia possavoltar já no primeiro se-mestre do próximo ano eencontrar tudo conformesuas recomendações”,informa Martins.

A partir de agora, pul-verizar exportações é apalavra de ordem, diz o

dirigente, que é tambémvice-presidente executivoda Associação Brasileirados Exportadores de Fran-go – Abef. No caso da car-ne suína, a conquista daUnião Européia é maisimportante por suas ca-racterísticas de mercadoavalizador de qualidade doque pela quantidade deimportações. Para isso,será preciso driblar a ine-vitável barreira de prote-cionismo dos europeus,que já vêm lutando contraa expansão das vendas defrango brasileiro em seumercado, por meio de umasérie de barreiras sanitá-rias. “Os europeus sofremde ineficiência produtivae ficam incomodados como nosso avanço no merca-do de frango. É inevitávelque comecem a criar bar-reiras também para a car-ne suína”, observa o dire-tor da Abipecs.

A indústria brasileirade carne suína trabalhapara atingir o mercado doJapão no final deste anoe, antes disso, chegaràs Filipinas, à China, àÁfrica do Sul, ao Méxicoe ao Chile, segundo aAbipecs.

O programa de acessoa novos mercados desen-volvido pela Abipecs con-seguiu atingir com par-ticular eficiência o merca-do russo e rendeu à enti-dade o prêmio de desta-que concedido em 2002pela Apex. A estratégia devendas brasileiras para aRússia permitiu um cres-

Liberado na Austrália plantioLiberado na Austrália plantioLiberado na Austrália plantioLiberado na Austrália plantioLiberado na Austrália plantiocomercial de nova variedade decomercial de nova variedade decomercial de nova variedade decomercial de nova variedade decomercial de nova variedade de

algodão geneticamentealgodão geneticamentealgodão geneticamentealgodão geneticamentealgodão geneticamentemodificadomodificadomodificadomodificadomodificado

O governo australianoacaba de aprovar acomercialização de umanova variedade de algo-dão geneticamente mo-dificada, que é simulta-neamente resistente apragas e tolerante aoherbicida glifosato. Comisso, a expectativa é dobraro plantio de algodãogeneticamente modificadono país até 2005, chegandoa 200 mil hectares –metade de toda a áreadestinada à cotonicul-tura.

Desde 1996, a Austráliacultiva o chamado algodãoBt, resistente a pragas eque atualmente ocupa 30%da área pantada comalgodão. Nas próximastrês safras, essa variedadeserá progressivamentesubstituída pela nova va-riedade, que também éresistente ao herbicidaglifosato. Segundo aCotton Australia (asso-ciação de cotonicultoresaustralianos), o novoalgodão transgênico per-mite baixar cada vez mais

o uso de agrotóxicos.O algodão geneti-

camente modificado foiliberado para plantiocomercial nas áreas decotonicultura ao sul daAustrália, abaixo dalatitude 22o. Na regiãonorte do país, maisquente e úmida, con-tinuará o plantio parapesquisas em busca devariedades mais ade-quadas para essascondições climáticas. OCentro de Pesquisa deAlgodão australiano jáliberou uma área de800ha no norte paratestes com o novoalgodão.

Mais informações nosite da Communities byChoice, entidade nãogovernamental para de-senvolvimento sustentá-vel, no endereço: http://www.communitiesbychoice.org/printme.cfm?ID=856&print=1 ou noendereço do Courier Mail(acesso restrito): www.c o u r i e r m a i l . n e w s .com.au.

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Agribusiness

Empresa da Nova ZelândiaEmpresa da Nova ZelândiaEmpresa da Nova ZelândiaEmpresa da Nova ZelândiaEmpresa da Nova Zelândiainaugura fábrica em Santainaugura fábrica em Santainaugura fábrica em Santainaugura fábrica em Santainaugura fábrica em Santa

CatarinaCatarinaCatarinaCatarinaCatarina

L’henaff, diretor da Allflexdo Brasil.

Com a unidade deJoinville, a empresa en-tra em uma nova fase nomercado brasileiro deidentificação animal, pas-sando a fabricar e estam-par os brincos no País.Atualmente, a Allflex man-tém uma unidade em SãoPaulo, onde é feita a ma-nufatura dos brincos quevêm do exterior. “AAllflex do Brasil foi criadahá 18 anos e nuncadeixou de atuar no País.Em Joinville, essa atua-ção se reforça, pois afábrica possui uma uni-dade de injeção de plásti-cos para produção de brin-cos visuais. Também é fei-

A Allflex do Brasil,empresa líder no merca-do nacional de produtosde identificação animal,anuncia a construção desua nova fábrica no País,em Joinville, SC. “Aque-la região de SantaCatarina é um importan-te pólo brasileiro das in-dústrias plásticas e tam-bém nos oferece uma op-ção interessante delogística para importaçãoe exportação, pois ficapróxima aos portos deParanaguá, PR, SãoFrancisco do Sul e deItajaí, SC. Além disso, aproximidade com os paí-ses do Mercosul é inte-ressante para a empre-sa”, afirma Vincent

ta a codificação dosmicrochips e a gravaçãodos brincos visuais comtecnologia laser e jato detinta”, explica VincentL’henaff.

A produção local dosbrincos de acordo com ospadrões internacionaisdo Grupo Allflex permi-te aprimorar o atendi-mento dos pecuaristasbrasileiros e sul-america-nos.

A nova fábrica daAllflex em Joinville nãofica restrita apenas aoabastecimento do merca-do nacional. Assim comoocorre com as outras fá-bricas da empresa espa-lhadas pelo mundo (Fran-ça, Escócia, Estados Uni-dos, Nova Zelândia, Aus-trália, China, Holanda,Espanha e Irlanda, entreoutras), a unidade brasi-leira da empresa tem aincumbência de abastecertoda a América Latina e

oferecer intercâmbiotecnológico com as de-mais unidades do grupo.“Essa política permite amodernização constantede nossos produtos e ser-viços, atendendo comcada vez maior seguran-ça e eficiência as exigên-cias dos nossos rigorososclientes”, reforça o diri-gente.

Fundado em 1957 naNova Zelândia, o GrupoAllflex é, hoje, líder ab-soluto na venda de pro-dutos de identificaçãode rebanhos bovinosem todo o mundo. NoBrasil, a empresa detémcerca de 70% desse mer-cado e deve aumentarainda mais essa parti-cipação nos próximosanos.

Mais informaçõescom Altair Albuquerque/Paulo Tunin ([email protected],fone: (011) 3675-1818.

Rodovia Admar Gonzaga, 1.347, Itacorubi, C.P. 502, fone: (048) 239-5500Fax: (048) 239-5597, internet: www.epa gri.rct-sc.br

E-mail: [email protected] Florianópolis, Santa Catarina, Bra sil

importância de

uma revista pode

ser avaliada pela

velocidade com que os

resultados aparecem.

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Agropecuária

Catarinense

A

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Flashes

Cientistas desenvolvem sojaCientistas desenvolvem sojaCientistas desenvolvem sojaCientistas desenvolvem sojaCientistas desenvolvem sojaantialérgicaantialérgicaantialérgicaantialérgicaantialérgica

pesquisadores tentamreduzir os alergênicos docenteio.

Para ter acesso aoartigo sobre a pesquisa da

A biotecnologia estáempenhada em resolverum antigo problemanutricional: desenvol-ver alimentos semalergênicos, ou seja,substâncias causadorasde alergia. A principalpesquisa neste sentidorealizada até o momentoremoveu da soja aproteína P34, substânciaresponsável por cerca de65% dos casos mundiaisde alergia a este grão.

Os cientistas doDepartamento de Agri-cultura dos EstadosUnidos – USDA – játestaram a nova sojageneticamente modi-ficada em filhotes deporcos, comparando suasreações às dos ali-mentados com raçãoconvencional. Tantonestes estudos como nosrealizados com humanos,deixou de haver reaçãoalérgica. Os testes decampo estão sendo feitosdesde 2001 e mostramque a soja sem a P34 temas mesmas caracte-rísticas nutricionais quea convencional, comexceção da ausência doelemento alergênico.

Segundo Elliot Her-man, biólogo do USDA,até agora não foi detec-tada nenhuma reaçãoadversa. “Esta é prova-velmente a primeira vezque um alérgeno foiretirado de um alimentocom o uso da biotec-

nologia”, diz Herman.Cerca de 8% das

crianças e 2% dos adultosde todo o mundo sãoalérgicos a algum tipo dealimento. Com relação àsoja, estima-se que estenúmero pode ser maiorna Ásia, onde a oleaginosaé um produto essencial naalimentação diária.

Paralelamente, outraspesquisas biotecnoló-gicas para a remoção dealérgenos estão sendodesenvolvidas. O USDAdesenvolve um importantetrabalho com o rícino, como objetivo de removerdesta planta uma toxinachamada ricina. A ricinanão está presente no óleonem em outros produtosderivados utilizados naindústria alimentícia,porém, esta toxina per-manece no material quesobra na extração do óleo.Em 1978, a ricina foiutilizada por um búlgaropara promover um ataquebioterrorista em Londres,matando uma pessoa.

Já na Universidade deArkansas (EUA), cien-tistas estão tentandomodificar proteínasalergênicas do amendoim– uma vez que não podemser retiradas comple-tamente, pois isso mo-dificaria as caracterís-ticas do grão. Na Univer-sidade da Califórnia,também nos EstadosUnidos, o foco é o trigo, eem Melbourne, Austrália,

soja que não causaalergia, visite o site doUSDA: http://www.ars.usda.gov/is/AR/archive/sep02/soy0902.htm.

Produtos da agricultura familiarProdutos da agricultura familiarProdutos da agricultura familiarProdutos da agricultura familiarProdutos da agricultura familiarfarão parte da merenda escolarfarão parte da merenda escolarfarão parte da merenda escolarfarão parte da merenda escolarfarão parte da merenda escolar

Os ex-ministros do Desenvolvimento Agrário, JoséAbrão, e da Educação, Paulo Renato de Souza,assinaram protocolo de intenções para ampliar oespaço da agricultura familiar e da reforma agráriacomo fornecedora de alimentos para a merenda escolar.Esse é um nicho importante de mercado para osprodutores, pois a merenda escolar contempla cercade 35,4 milhões de estudantes em todo o País.

De 1995 a 2001, foram destinados R$ 5,1 bilhões àmerenda escolar de alunos da pré-escola e do ensinofundamental e de crianças mantidas por entidadesfilantrópicas com registro no Conselho Nacional deAção Social.

Pelo protocolo, o Ministério da Educação incumbiu--se de solicitar aos governos estaduais, municipais edo Distrito Federal, repassadores dos recursos damerenda escolar, que orientem os produtores daagricultura familiar e da reforma agrária a secredenciarem para participar das licitações.

Já existe orientação do Fundo Nacional deDesenvolvimento da Educação – FNDE –, gerenciadordos recursos da merenda escolar, para que, no ato dacompra, realizada pelos Conselhos de AlimentaçãoEscolar, sejam respeitados os hábitos alimentares e avocação agrícola de cada localidade, dando preferênciaaos produtos semi-elaborados e in natura.

O ex-ministro José Abrão observou que “o protocolorepresenta mais uma ação para garantir a venda deprodutos de qualidade da agricultura familiar e dareforma agrária no mercado, gerando renda e empregono campo”.

A agricultura familiar é a principal geradora depostos de trabalho no meio rural brasileiro, sendoresponsável por 76,9% do pessoal ocupado no campo.Os assentamentos de reforma agrária dão tambémgrande contribuição na produção de alimentos, já quesão, as pequenas propriedades – a agricultura fami-liar –, responsáveis por 37,9% do Valor Bruto daProdução Agropecuária no País.

Fonte: Agência Brasil – ABr.

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Flashes

PPPPPrograma Frograma Frograma Frograma Frograma Frutificar do Governorutificar do Governorutificar do Governorutificar do Governorutificar do Governodo Rio de Janeiro apóiado Rio de Janeiro apóiado Rio de Janeiro apóiado Rio de Janeiro apóiado Rio de Janeiro apóia

produção orgânicaprodução orgânicaprodução orgânicaprodução orgânicaprodução orgânica

15 dias a Estação Experimental de Urussanga járecebeu cerca de 600 correspondências solicitando apublicação.

Com 69 páginas ilustradas e elaborada pelos enge-nheiros agrônomos Antonio Carlos Ferreira da Silva(Estação Experimental de Urussanga) e José CarlosCastanheira Pedroza (Gerência Regional de Tuba-rão), a publicação destina-se a extensionistas e pesso-as interessadas em implantar e conduzir pequenashortas, sem fins lucrativos, visando a produção dehortaliças nutritivas e plantas medicinais, semagrotóxicos, de forma diversificada, simples, econô-mica e eficiente. Aborda passo a passo desde o plane-jamento da horta até a colheita de 53 hortaliças.Trata, ainda, sobre as principais propriedades tera-pêuticas das hortaliças mais consumidas e de algumasplantas medicinais de uso popular, além de váriasreceitas sobre o aproveitamento das hortaliças nopreparo de pratos salgados e doces, bem como sucos econservas. Aborda também dicas culinárias e truquesde cozinha, o cultivo de hortaliças e plantas medici-nais em pequenos espaços e algumas soluções casei-ras para o controle de insetos domésticos.

Informamos que a publicação está à venda pelovalor de R$ 7,00 (sete reais) no seguinte endereço:Epagri/Estação Experimental de Urussanga, RodoviaSC-446, km 16, C.P. 49, 88840-000 Urussanga, SC.

O Programa MoedaVerde Frutificar é am-pliado para agriculturaorgânica. O secretário deAgricultura, Abasteci-mento e Pesca, JoséMarcos Castilho, assinou30 novos contratos do pro-grama, em Paty do Alfe-res, RJ, com esse dife-rencial. Serão produzi-dos vários tipos de frutasnos moldes da agricultu-ra orgânica, sem uso deagrotóxicos.

“Essa é a forma maislimpa de se cultivaremalimentos. A agriculturaorgânica é uma produ-ção que não traz prejuízopara o meio ambientenem danos à saúde doconsumidor e deve seramplamente incentiva-da. Acreditamos que odesenvolvimento susten-tável só é possível com ouso racional da terra epor isso estamos abrindoo Frutificar para esses

agricultores”, destacouCastilho.

O financiamento totalé de R$ 750 mil para os 30produtores do MédioParaíba, que formam oPólo de Fruticultura Or-gânica Subtropical. Osagricultores, que terãotrês anos para começar apagar o crédito, irão plan-tar uva, figo, caqui, limão,maracujá, banana, lima--da-pérsia e laranjas demesa (Baía, Seleta, Natale Lima).

“Trata-se de mais umaalternativa de produçãopara a região, que já éreconhecida por ser umagrande produtora de to-mates”, diz Ronaldo Salek,coordenador do grupo exe-cutivo do Frutificar.

Fonte: Ascom Gov.do Rio de Janeiro(retirado do site www.planetaorganico.com.br,

em 20 de novembro de2002).

Publicação da Epagri é sucessoPublicação da Epagri é sucessoPublicação da Epagri é sucessoPublicação da Epagri é sucessoPublicação da Epagri é sucessono Brasilno Brasilno Brasilno Brasilno Brasil

A publicação da Epagri “Cultive uma horta e colhaqualidade de vida”, lançada em 8 de agosto de 2002por ocasião da programação comemorativa dos 60anos de atividades da Estação Experimental deUrussanga, está sendo solicitada por centenas depessoas de todo o Brasil. Após a veiculação da notíciano Globo Rural de 1o de setembro de 2002, em apenas

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Flashes

O Instituto Nacionalde Ciências Agrobioló-gicas – NIAS – do Japãoe a Syngenta anuncia-ram a assinatura de umacordo para comparti-lhar os dados da seqüên-cia preliminar do arrozcom o Projeto Internaci-onal do Seqüenciamentodo Genoma do Arroz –IRGSP. Espera-se que es-se acordo acelere o tér-mino do seqüenciamentoe reduza o custo geral doprojeto.

O Instituto de Pes-quisa Torrey Mesa –TMRI – estima que a se-qüência cubra mais de99% do genoma e seja99,8% precisa. Uma des-crição da seqüência pre-liminar foi publicada naedição da revista Sciencede 5 de abril de 2002.

Segundo o Dr. TakujiSasaki, diretor do NIAS,‘‘quando a seqüênciaestiver completa, sere-mos capazes de localizarexatamente os genescruciais e acelerar atransferência de carac-terísticas benéficas paraas variedades locais dearroz. Isso resultará emum enorme benefíciopara os países em desen-volvimento”.

O IRGSP, fundado em1998, tem o objetivo decolocar a seqüência com-pleta e com alta qualida-de do DNA do genoma doarroz para domínio pú-

blico. Através do acordo, aSyngenta transferirá aseqüência montada, osarquivos das seqüênciassuperpostas e a informa-ção sobre a atribuição aoscromossomos a dois mem-bros do IRGSP: o InstitutoNacional de CiênciasAgrobiológicas e o Institu-to para PesquisaGenômica – TIGR.

Os laboratórios-mem-bros e que assinaram oacordo de transferênciaestarão habilitados aacessar esta informaçãode maneira confidencial.Uma vez que a qualidadeda seqüência atinja os pa-drões do IRGSP, os dadosserão liberados para osbancos de dados públicos.(Maiores informações es-tão disponíveis emhttp :\\rgp.dna.af frc .go.jp/).

O IRGSP tem atual-mente oito membros in-ternacionais ativos (Ja-pão, Coréia, China,Taiwan, Índia, França,Estados Unidos e o Brasil)e o projeto é liderado peloDr. Sasaki, do RiceGenome Research Project(RGP; NIAS/STAFF) emTsukuba, Japão.

Desde o anúncio deabril de 2002, mais de 700pesquisadores acessaramos dados para fins de pes-quisa. Em abril, foi suge-rido um esforço cooperati-vo global – entre todos ospesquisadores envolvidos

Novidades na área deNovidades na área deNovidades na área deNovidades na área deNovidades na área decertificaçãocertificaçãocertificaçãocertificaçãocertificação

Os coordenadores técnicos da área de certificaçãode produtos agrícolas da Fundação de Apoio ao Desen-volvimento Rural Sustentável do Estado de SantaCatarina – Fundagro – reuniram-se com os represen-tantes da Associação Brasileira dos Produtores deMaçã, no dia 29 de outubro de 2002, em Fraiburgo, SC.Foi discutido o processo de normatização e creden-ciamento das unidades produtoras e empacotadoraspara a produção integrada de maçã, visando a presta-ção de serviço nesta área, bem como estabelecernovas parcerias.

Já no dia 31 de outubro de 2002 foi encaminhadopedido de credenciamento da Fundagro como Empre-sa Certificadora do Inmetro.

A Fundagro aguarda o seu credenciamento juntoao Inmetro.

Acordo vai acelerar o término doAcordo vai acelerar o término doAcordo vai acelerar o término doAcordo vai acelerar o término doAcordo vai acelerar o término doseqüenciamento do genoma doseqüenciamento do genoma doseqüenciamento do genoma doseqüenciamento do genoma doseqüenciamento do genoma do

arrozarrozarrozarrozarroz

com o seqüenciamento dogenoma do arroz – paraacelerar o seqüencia-mento de ambas as varie-dades de arroz, japonesa eíndica.

O arroz é o cereal maisimportante para metadeda população mundial. Ocrescimento da população,combinado com as perdasem terra arável, água,fertilizantes dependentesde energia e outros re-cursos para sustentar aagricultura, torna impor-tante maximizar a produ-tividade do arroz. Usandoum mapa genômico do ar-roz, os melhoradores deplantas serão capazes deidentificar característicaspara produtividade, resis-tência a doenças e tole-rância a estresse am-biental.

A seqüência do DNAdo arroz que está ligadaao mapa genético facilitaa identificação de genescontroladores dessas ca-racterísticas. Localizarexatamente os genescruciais vai acelerar atransferência de carac-terísticas benéficas paralinhagens-elite adapta-das localmente e permi-tir aos melhoradores deplantas buscar alelos va-riantes úteis que ajudema produzir novas cultu-ras para solucionar pro-blemas antigos de pro-dução de arroz.

Mais informaçõescom Renato Mendes/Edna Vairoletti/SérgioIgnácio, fone: (011) 3044-4966, fax: (011) 3845-8025, e-mail: [email protected].

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Lançamentos editoriais

Usos do gesso agríco-la. 31p. 2002.

abordam as relações entreintensidade e área, intensidadee duração e freqüência dechuvas e os aspectos deprobabilidade e riscorelacionados com a definição doperíodo de retorno.

É de especial utilidade paraos profissionais das diversasáreas da engenharia que atuamcom projetos de obras hidráu-licas, principalmente comdrenagem urbana e rural,controle integrado de erosão econservação do solo.

Arroz irrigado: sistemapré-germinado. 273p. 2002.

Este trabalho apresentaaos interessados no assunto osconhecimentos acumulados eminúmeros experimentos eobservações realizadas porprofissionais com larga expe-riência em arroz irrigado.Tópicos como o aumento daprodução, a elevação darentabilidade da cultura, amelhoria da qualidade, aredução do custo de produçãoe a minimização dos danos aoambiente foram os objetivosque deram o alicerce à ela-boração de mais esta publi-cação.

A cultura da macieira.743p. 2002.

A cultura da macieira é umdos livros, editados no Brasil,mais completos sobre a maisbela fruta de clima tempera-do do planeta. Tópicos comoorigem, botânica, fisiologia,as muitas variedades, práti-cas culturais, doenças e pra-gas, fisiologia pós-colheita, pa-dronização, classificação, etc.foram fartamente descritos,

transformando-o numa exce-lente fonte de pesquisa parainteressados no assunto.

Orientações técnicaspara a produção de alho emSanta Catarina. 54p. 2002.

A publicação apresentavários aspectos do uso do ges-so como fonte de nutrientespara as plantas, como condici-onador de solos e nas respos-tas das culturas. Tambémapresenta algumas inferên-cias sobre outros usos do ges-so com ação indireta na agri-cultura. Procurou-se juntar edescrever as informações demodo a auxiliar o público inte-ressado no julgamento e natomada de decisão quanto aouso do gesso agrícola, sem,contudo, esgotar o tema.

Chuvas intensas echuva de projeto dedrenagem superficial noEstado de Santa Catarina.65p. 2002.

A publicação destaca osaspectos relacionados com aestimativa da chuva de projetode drenagem superficial,contendo uma revisão dasprincipais metodologias que

O documento apresenta astecnologias consideradas maisadequadas à realidade dasregiões produtoras de alho deSanta Catarina, resultantes deconhecimentos gerados a partirde experimentos de pes-quisadores e de observaçõesfeitas por agentes de extensãorural e produtores de alho.Foram considerados fatoresimportantes, tais comocondições edafoclimáticasfavoráveis ao cultivo, adequadoaperfeiçoamento técnico emtoda a cadeia produtiva e ge-renciamento condizente daprodução e da comercialização.

Orientações técnicaspara a produção de cenouraem Santa Catarina. 37p.2002.

O documento foi ela-borado com base nos resul-tados de pesquisa, obser-vações de agentes de exten-são rural e de produtores decenoura, além de tecnolo-gias adaptadas de outrasinstituições de pesquisa ede extensão rural existen-tes no País. As técnicas re-comendadas são dinâmicas,flexíveis e adaptáveis a todasas regiões de Santa Catarina.

Orientações técnicaspara a produção depimentão em SantaCatarina. 42p. 2002.

As técnicas aqui reco-mendadas são dinâmicas,flexíveis e adaptáveis a to-das as regiões de SantaCatarina. São orientaçõesfundamentadas em resul-tados de pesquisa, obser-vações de agentes de ex-tensão rural e de produtoresde pimentão, além de tec-nologias adaptadas de ou-tras instituições de pesqui-sa e de extensão rural exis-tentes no País.

Para mais informações, contatar: [email protected].

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Registro

A importância doA importância doA importância doA importância doA importância doleite de cabra naleite de cabra naleite de cabra naleite de cabra naleite de cabra nanutrição humananutrição humananutrição humananutrição humananutrição humana

Francisco Selmo Fernandes Alves eRaymundo Rizaldo Pinheiro

O leite é um alimento muitoimportante, principalmente nospaíses do Terceiro Mundo, ondeas deficiências alimentares sãomaiores. O valor nutricional doleite de cabra é amplamente co-nhecido no meio científico e suaimportância na alimentação daspopulações, notadamente dascrianças e das pessoas idosas, temsido destacada em muitos traba-lhos de pesquisa pelo mundo afo-ra. Ele é recomendado por médi-cos e nutricionistas para ser con-sumido por crianças alérgicas aoleite de vaca ou pela ausênciadeste ou, ainda, na falta do leitematerno, pois contém os elemen-tos necessários à nutrição, comoaçúcares, proteínas, gorduras evitaminas, além de cálcio e fósfo-ro, entre outros.

É um alimento de fácil diges-tão devido à riqueza em extratoseco e o tamanho de suas molécu-las de gordura (menor diâmetro),sendo digerido no estômago hu-mano em torno de 40 minutosapós seu consumo, enquanto queo leite de vaca leva, aproximada-mente, duas horas e meia. A pre-ferência do leite de cabra peloconsumidor pode ser atribuída apelo menos duas razões: produtode grande digestibilidade e ali-mento de alto valor biológico.

O leite de cabra é mais rico emácidos graxos de cadeia curta ousaturados do que o leite humano eo de vaca, sobretudo pela presen-ça dos ácidos capróico, caprílico ecáprico, os quais proporcionamum perfeito aproveitamento doproduto pelo organismo, auxilian-do no controle de triglicerídeos na

alimentação humana. Por ser alca-lino, em semelhança ao leite hu-mano, ele dificilmente azeda noestômago.

A composição do leite de cabravaria de acordo com a raça, ascondições ambientais, o estágio dalactação, a alimentação, os cuida-dos dispensados ao animal, o cicloestral, o estado de saúde, a idade, aquantidade de leite produzida e afisiologia individual do animal. Ascinco principais proteínas do leitecaprino são b-lactoalbumina, a-lac-toalbumina, k-caseína, b-caseína ecaseína. Quanto à fração protéicaconsiderada a causadora de alergiaao leite de vaca, a a(alfa)1 caseína,existe no leite de cabra em quanti-dade bastante pequena e estruturadiferente nas duas espécies. O pro-duto destaca-se entre os demaispelo seu elevado teor de proteína,cinzas (minerais) e sólidos. Comrelação ao nível de ácidos graxos,equipara-se ao leite humano, noentanto, é um pouco mais elevado.

O leite de cabra e o de vacavariam ligeiramente em quan-tidades nos teores de cálcio e fós-foro, porém com níveis superioresaos do leite humano. Hoje, empaíses desenvolvidos, o leite caprinoé muito utilizado na geriatria comoproduto dietético. Com relação aosníveis de vitaminas B6 e B12, oleite de cabra é ligeiramente infe-rior ao de vaca, entretanto, éequivalente nestas vitaminas aoleite humano. Quanto às taxas devitamina C, o leite caprino é inferiorao leite de vaca e ao leite humano.Apresenta cor branca intensa devidoao baixo teor de pigmentoscarotenóides. Mas é superior aoleite de vaca e ao leite humano nosteores de vitamina A.

A presença de matériasorgânicas e nitrogenadas, caseínae albumina é necessária à cons-tituição dos tecidos, principalmenteo muscular. Ele contém lactose egorduras, que são elementosenergéticos indispensáveis aoorganismo, e sais minerais para aformação dos ossos e dos dentes.Todos esses elementos se encon-

tram em forma digestível eassimilável pelo organismo. Oleite de cabra dispõe, ainda, decertas enzimas que convertemcarboidratos em açúcares simplese fermentos lácticos. Estes últimosauxiliam na proteção do intestinopela ação patógena de bactérias.

O consumo do leite de cabradeve ser recomendado à alimen-tação humana porque, compro-vadamente, em estudos científi-cos, em todo o mundo, tem umalto valor biológico e umadigestibilidade precisa, propor-cionando uma alimentação nutri-tiva e saudável para o crescimen-to e a manutenção corporal.

Francisco Selmo Fernandes Alves,méd. veterinário, Ph.D., EmbrapaCaprinos, C.P. D10, 62011-970 Sobral,CE, fone: (088) 677-7000, fax: (088) 677-7055, e-mail: [email protected] eRaymundo Rizaldo Pinheiro , méd.veterinário, Ph.D., Embrapa Caprinos,C.P. D10, 62011-970 Sobral, CE, fone:(088) 677-7000, fax: (088) 677-7055,e-mail: [email protected].

Criado o Fundaf-SCCriado o Fundaf-SCCriado o Fundaf-SCCriado o Fundaf-SCCriado o Fundaf-SC

Em agosto de 2002 foi instala-do em Santa Catarina o FundoMútuo Garantidor da AgriculturaFamiliar do Estado de SantaCatarina – Fundaf-SC. É uma so-ciedade civil de interesse público,que tem por objetivo permitir aopequeno produtor investimentoem sua atividade sem que sejanecessário deixar seu patrimônioà disposição do banco. Visa servirde garantia às operações de longoprazo, que podem permitir areconversão das unidades produ-tivas.

O Fundaf-SC é uma conquistados trabalhadores na agriculturafamiliar e um reconhecimento dogoverno de Santa Catarina aoprodutor que honra seuscompromissos. É uma devoluçãode parcela do retorno do créditode emergência. Crédito oportuno

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e necessário no momento daintempérie, mas que deve serdevolvido com honradez paragarantir ao pequeno o que lhe émais importante: o crédito. Afinal,é o que lhe há de mais caro, maisvalioso.

A criação do Fundaf-SC é umaverdadeira parceria. O governofederal entra com os recursos parao crédito com juros de 3% e umrebate de R$ 700,00; o governocatarinense, com o apoio daalavancagem inicial da garantiaatravés deste Fundo e o produtor,com 1% do valor de cada projetofinanciado e sua co-gestão atravésda Federação dos Trabalhadoresna Agricultura de Santa Catarina– Fetaesc.

O Fundaf-SC será um fundo defontes variadas, composto inicial-mente do Fundo de Desenvol-vimento Rural, através datransferência de até 20% domontante dos recursos arreca-dados do crédito de emergência,já destinados ao Fundo deDesenvolvimento Rural atravésdo Decreto no 3.505, de outubrode 2001, e de uma contribui-ção do produtor enquadrado noPronaf C.

Apesar da existência derecursos do Fundo de Assistênciaao Trabalhador – FAT – para oPrograma Nacional de Fortale-cimento da Agricultura Familiar– Pronaf –, cujos recursos come-çaram a ser aplicados desde 1997,é grande o número de produtoresque ainda não acessaram taisrecursos. Atualmente mais de 70%dos agricultores familiares já sãoatendidos pelo programa no créditopara custeio, enquanto que noinvestimento, em virtude do prazode retorno e da falta de garantiasreais, seu alcance não deve atingirainda 30%.

Certamente estão incluídos nosque já acessaram aquele créditoos produtores que se enquadramno Pronaf D, agricultores de rendasuperior a R$ 10 mil e que têmmais garantias e já eram clientesuseiros do crédito rural.

São beneficiários do Fundaf--SC agricultores familiares outrabalhadores rurais que seenquadram como beneficiários doPronaf C, os quais, dentre tantasoutras condições legais, devem terrenda bruta anual familiar nuncasuperior a R$ 10 mil e, necessa-riamente, estejam adimplentescom o Fundo de DesenvolvimentoRural.

O limite individual do crédito deinvestimento para esses produtoresé de R$ 1.500,00 a R$ 4 mil poroperação; quando é feito de formacoletiva ou grupal, o limite é deR$ 40 mil, devendo ser observado o

limite individual.Foi assinado em 3 de setembro

de 2002 o Termo de Parceria entreo Governo do Estado de SantaCatarina e o Fundaf-SC. A regula-mentação e a assinatura do con-vê-nio para a sua opera-cionalização se dará até novembrode 2002, transferindo respon-sabilidades e criando uma boaperspectiva para que se ampliemno Estado núcleos municipais dediscussão do crédito rural. Talfato pode implicar no aparecimentode uma rede alternativa definanciamento para os agricultoresfamiliares.

Produto natural controla praga do milhoProduto natural controla praga do milhoProduto natural controla praga do milhoProduto natural controla praga do milhoProduto natural controla praga do milhoPó é alternativa no controle

de pragas de grãos armazena-dos em silos da produção fami-liar.

Mais de 10% da produção brasi-leira é perdida na armazenagem.“A maior parte dos danos é causadapor pragas, como o gorgulho-dos--cereais (Sitophilus zeamais), com3mm”, afirma o pesquisador daEmbrapa Trigo, Passo Fundo, RS,Irineu Lorini. Além dos prejuízos,o agricultor também contabilizaperdas com o uso de produtos quí-micos, muitos altamente tóxicosao homem, animais e meio ambi-ente.

Agora, a Embrapa Trigo pesqui-sou e está indicando um produtonatural como alternativa para ocontrole de pragas de milho arma-zenado. Trata-se de um pó inerte àbase da terra de diatomáceas, quemoído e misturado a grãos causa amorte de insetos por dessecação.“A terra de diatomáceas é um póinerte proveniente de algasdiatomáceas fossilizadas que pos-sui o dióxido de sílica como princi-pal ingrediente”, explica.

A sílica tem a capacidade dedesidratar os insetos, causando amorte em poucos dias. É um produ-to seguro para operadores e consu-midores dos grãos, com ação inse-ticida duradoura, pois não perde

efeito ao longo do tempo. Tam-bém é usada como aditivo alimen-tar em outros países, tanto pararações quanto para consumo hu-mano.

Por ser um produto natural,não químico, a terra dediatomáceas constitui uma formade controle disponível no merca-do brasileiro para controle de pra-gas de grãos armazenados em sis-temas orgânicos de produção eajustada às necessidades da agri-cultura familiar.

Aplicação – A terra dediatomáceas mostrou-se eficienteno controle das principais pragasdo milho armazenado, em experi-mentos realizados no Laboratóriode Entomologia da Embrapa Tri-go, com mortalidade de 100% dosinsetos adultos na dose de 1kg/tde grãos.

O modo de aplicação do produ-to é simples, pois basta misturá-loa grãos limpos e secos e armaze-nar pelo período necessário. Osinsetos que vierem a atacar osgrãos entrarão em contato com opó e morrerão por dessecamento.

Grãos tratados não têmcarência

O grão tratado pode ser consu-mido imediatamente, não preci-

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sando esperar um período de ca-rência do produto. Os grãos aserem tratados devem estar secos(13% a 14% de umidade), para quea umidade do grão não neutralizeo efeito da terra de diatomáceas.

Trabalhos realizados entre aEmbrapa Trigo, Emater/RS eEpagri mostraram, pelo quartoano consecutivo, a eficácia do usodesses pós inertes. O uso de terrade diatomáceas foi validado noarmazenamento de milho em di-ferentes tipos de silos das pro-priedades rurais, onde os grãos de

milho, após secos em secador deleito fixo, foram misturados com opó inerte na dose de 1kg/t de grãose armazenados por um ano emsilos de 10 a 150 sacos.

No final desse período, foi cons-tatado que não havia insetos vivosna massa de grãos nem qualquerdano no milho armazenado. Parauso dos agricultores existem duasmarcas comerciais do produto àbase de terra de diatomáceas, devi-damente registradas no Mapa, quesão Insecto e Keepdry, ambos a1kg/t de grãos.

atuam no sistema nervoso.“Observamos que certos com-

ponentes dessas substâncias têmação específica no cérebro de al-guns animais”, conta EvanguedesKalapothakis, um dos pesquisa-dores à frente do estudo. Inicial-mente a equipe caracterizou oveneno de aranhas e escorpiões e,em seguida, isolou os genes res-ponsáveis pela produção da toxinaque age no sistema nervoso dalagarta-do-cartucho.

O passo seguinte foi encontrarum meio de levar a substância atéo inseto. A solução veio de umaparceria que o grupo mantém como Centro Nacional de Pesquisa deMilho e Sorgo – CNPMS –, unida-de da Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária – Embrapa –localizada em Sete Lagoas, MG.

Sob a coordenação do pesqui-sador Ivan Cruz, o CNPMS pes-quisa formas alternativas de com-bate à lagarta e vem obtendo su-cesso no controle biológico feitocom vírus que atacam insetos(baculovírus). A empresa forne-ceu então a “matéria-prima” aospesquisadores da UFMG e estes,com o auxílio do virologistaBergmann Morais, da Universi-dade de Brasília, deram início àconstrução de baculovírus modifi-cados pela introdução em seugenoma de genes responsáveispela produção de neurotoxinas emaranhas e escorpiões. A ação des-se baculovírus transgênico contraa lagarta é significativamentepotencializada.

Em condições normais, osbaculovírus reduzem a vida dalagarta-do-cartucho à metade –um tempo ainda suficiente para apraga devastar boa parte dos mi-lharais. “As modificações genéti-cas já testadas aumentam o poderletal do baculovírus em 20%”, afir-ma o Kalapothakis.

Infectada pelo organismo ge-neticamente modificado, a lagar-ta sofre os efeitos do veneno, quebloqueia os canais responsáveis

Bioinseticida controla lagarta-do-cartuchoBioinseticida controla lagarta-do-cartuchoBioinseticida controla lagarta-do-cartuchoBioinseticida controla lagarta-do-cartuchoBioinseticida controla lagarta-do-cartucho

Responsável por prejuízos es-timados em US$ 100 milhõesanuais, a lagarta-do-cartucho(Spodoptera frugiperda) é um dosprincipais inimigos da cultura demilho. No Brasil, onde as perdasde produção giram em torno de30%, em nenhuma época do anoas plantações estão a salvo doataque do inseto. Para combatê--lo, pesquisadores do Departamen-to de Farmacologia da Universi-dade Federal de Minas Gerais –UFMG – desenvolveram umbioinseticida com auxílio de técni-cas biotecnológicas. Ao contráriodos inseticidas químicos, a novaarma não é nociva ao homem nemcausa danos ao meio ambiente.

A lagarta-do-cartucho destróias culturas de milho não só noBrasil, mas em todo o continenteamericano. Seu nome popular de-riva do fato de, na fase jovem(lagarta), o inseto atacar princi-palmente as folhas ainda enrola-das do milho (cartucho). Essa pre-ferência, no entanto, não exclui oataque às folhas e aos grãos nasespigas, o que explica o tamanhodo prejuízo causado às planta-ções. A mariposa é a forma adultadesse inseto da ordem Lepi-doptera.

A alternativa do bioinseticida

– produzido a partir da manipula-ção genética de um inimigo naturalda lagarta – é recebida com grandeentusiasmo, já que os produtosquímicos sintéticos, os agrotóxicos,são o principal recurso utilizadopara o controle da praga. De açãoinespecífica, esses compostos eli-minam também outros insetos,aves e mamíferos, alguns delespredadores naturais de S.frugiperda. Doses excessivas com-prometem o desenvolvimento deembriões e causam problemas àsaúde humana, como doenças depele e do fígado. Até câncer, segun-do alguns estudos, pode ser provo-cado pelo contato com doses exces-sivas de agrotóxicos. Além disso, ouso contínuo de um mesmo ingre-diente ativo leva ao aparecimentode insetos resistentes.

Alterações genéticas

O grupo da UFMG tem largaexperiência no trabalho com toxi-nas do veneno de aranhas e escor-piões e se dedica ultimamente aodesenvolvimento de produtosbiotecnológicos a partir do empre-go de neurotoxinas recombinantes.O veneno desses animais é umcomposto de inúmeras moléculas,algumas das quais, as neurotoxinas,

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pela transmissão de impulsos ner-vosos no cérebro. Com a passa-gem de informações comprometi-da, o inseto perde o controle, párade comer e de se movimentar,morrendo naturalmente ou pelaação de predadores, já que nessascondições se torna um alvo fácilde ser atingido.

A expansão dosorgânicos

O projeto teve início em 1998 eestá em fase de aperfeiçoamento.Os primeiros ensaios deram bonsresultados e agora a equipe estu-da meios de manipular o genomado baculovírus para acelerar aação da toxina.

Testes de biossegurança com-provaram as vantagens do inseti-cida natural. Como seu alvo espe-cífico é a lagarta-do-cartucho, ho-mem, animais, plantas e meioambiente não correm risco de con-taminação. Segundo Kalapo-thakis, o único entrave é a produ-ção em larga escala do bioinse-ticida, que deve elevar o custofinal do produto.

Mas, segundo o pesquisador,muitos consumidores estão dis-postos a pagar um pouco maispara adquirir produtos livres deagrotóxicos – os chamados orgâ-nicos, que conquistam cada vezmais espaço no mercado de grãos,legumes, frutas e verduras.

Dados do Banco Nacional deDesenvolvimento Econômico e So-cial – BNDES – apontam um cres-cimento de 50% da produção deorgânicos no Brasil nos últimosdois anos. Feiras com esses pro-dutos se multiplicam em cidadescomo São Paulo, Rio de Janeiro,Belo Horizonte e Curitiba.

O potencial econômico dobioinseticida tem feito com que ogrupo não descarte o apoio dainiciativa privada. Hoje, além dereceber recursos da UFMG e daEmbrapa, a pesquisa é financiadapelo Programa de Apoio ao De-senvolvimento Científico e

Tecnológico, do Ministério da Ci-ência e Tecnologia, e pela Funda-ção de Amparo à Pesquisa deMinas Gerais. Por enquanto, asportas estão abertas para estudos

do gênero direcionados a outrosplantios.

Fonte: Bioinseticida controlalagarta-do-cartucho. Ciência Hoje,v.31, n.186, p.42-43, set. 2002.

Uma nova doença nos citrosUma nova doença nos citrosUma nova doença nos citrosUma nova doença nos citrosUma nova doença nos citros

A doença foi batizada de MorteSúbita do Citros (MSC) por pes-quisadores do Centro de Citricul-tura Sylvio Moreira, devido à rapi-dez com que mata as plantas devariedades tardias (Natal eValência), na primavera e início doverão.

Ela foi observada pela primeiravez por técnicos do Fundecitrus,em 2001, em Comendador Gomes,MG, em talhões de Valência, en-xertada sobre limão-cravo, com ida-de de 12 anos.

Na mesma propriedade a MorteSúbita já podia ser identificada emoutros talhões de Pêra-Rio, Natal eHamlin, todas sobre limão-cravo,com idade entre 4 e 15 anos.

Sintomas

Os primeiros sintomas observa-dos são a perda generalizada dobrilho das folhas, seguida de ligeiradesfolha, com poucas brotaçõesexternas e sem brotações internasna copa das plantas. Mas a caracte-rística mais acentuada é a presen-ça de coloração amarelada nos teci-dos internos da casca do porta en-xerto, na região do floema funcio-nal, que fica completamenteobstruído, afetando o sistemaradicular. As plantas doentes têmvárias raízes mortas.

Em variedades tardias (Natal eValência), na primavera e no iníciodo verão, podem ser encontradasplantas mortas apresentando fru-tos com peso e tamanho normais.Nestas plantas, houve tempo parao florescimento, pegamento ematuração antes do colapso súbitoda árvore. “A doença deve estarpresente há algum tempo, mas,

aparentemente, a morte aconte-ce de forma rápida e súbita. Quan-do a planta necessita absorvermuita água para emissão de no-vas brotações e enchimento dosfrutos, como ela não tem maisraízes para cumprir estas funções,entra em colapso.”

A doença pode chegar a esseestágio em poucas semanas apósos primeiros sintomas, como foiobservado em alguns pomares de-pois das chuvas.

O gerente do DepartamentoCientífico do Fundecitrus, Antô-nio Julianbo Ayres, explica que,desde a identificação, quase 30pesquisadores de 10 instituiçõesde pesquisas e universidades bra-sileiras e estrangeiras estão em-penhados na tarefa de descobrir oque causa e como se dissemina adoença. “Convidamos pesquisado-res também do exterior para visi-tar as regiões afetadas e conheceros efeitos da Morte Súbita”, dizAyres.

O principal suspeito de ser ovilão da Morte Súbita dos Citros,como indicam as “pistas” já levan-tadas, é um vírus. Cerca de 30pesquisadores, de instituições doBrasil e do exterior, estão agoraempenhados em trabalhos que bus-cam, como nas investigações poli-ciais, confirmar a culpa sobre o“suspeito”, estudar seu modo deação e saber como ele chega à“cena do crime”, no caso, a planta.Depois disso, o mais importante éverificar e avaliar os danos queprovoca, descobrir como reduzirou evitá-los e, principalmente,encontrar uma forma de prevenirsua ação.

Fonte: Fundecitrus.

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Epagri publica Atlas Climatológico doEpagri publica Atlas Climatológico doEpagri publica Atlas Climatológico doEpagri publica Atlas Climatológico doEpagri publica Atlas Climatológico doEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa CatarinaEstado de Santa Catarina

máximas e mínimas, evapotrans-piração de referência, geadas,precipitação média e provável,precipitação máxima em 24 horas,média de dias com chuva,probabilidade de atendimentohídrico, umidade relativa do ar einsolação. São também descritosos métodos utilizados paraobtenção e plotagem das cartas.

O CD-ROM traz opções deconsulta sobre as estaçõesmeteorológicas utilizadas e o mapapolítico interativo do Estado parao usuário se familiarizar com adistribuição dos municípios.

Resultados

Cartas climáticas

As cartas climáticas resul-tantes deste trabalho estãoapresentadas de duas formasdiferentes: a primeira em formato“pdf”, mais simplificada, e outrautilizando formato “shapefile”, quepode ser visualizada com o uso dosoftware “ArcExplorer”, inclusono CD-ROM, totalizando cerca de510 cartas.

A proposta de se oferecer duasformas de visualização das cartasé atingir tanto um público menosfamiliarizado com técnicas degeoprocessamento, como, porexemplo, instituições de ensino,

A Empresa de PesquisaAgropecuária e Extensão Ruralde Santa Catarina S.A. – Epagri –lançou em 2002 o Atlas Cli-matológico do Estado de SantaCatarina, na forma de CD-ROM.Os objetivos desta publicação sãocomplementar e atualizar a pri-meira edição das Cartas Climáti-cas do Estado de Santa Catarina,publicada, em 1978 pela EmpresaCatarinense de Pesquisa Agro-pecuária S.A. – Empasc –, umadas formadoras da Epagri, e reu-nir informações de algumas dasprincipais variáveis meteo-rológicas para permitir a avalia-ção das disponibilidades climáti-cas nos níveis decendial, mensal eanual.

Popularizando e difundindo avariabilidade de microclimas epotencialidades do Estado de SantaCatarina com este CD-ROM, aEpagri está incentivando oplanejamento e o uso racional dosrecursos naturais.

Conteúdo

O CD-ROM está dividido emtrês grandes grupos de

abordagem. O primeiro trata dametodologia empregada, o segundorefere-se aos resultados obtidos (ascartas propriamente ditas) e oterceiro é a divulgação institucionalda Epagri. Através de um “menu”geral é possível ter acesso a todo oconteúdo do CD-ROM.

Informaçõesinstitucionais

São abordados em relação àEpagri aspectos como: missão eobjetivos, plano de trabalho, níveltático operacional, gerênciasregionais, informações sobre a SedeAdministrativa da Empresa e oCentro Integrado de Informaçõesde Recursos Ambientais de SantaCatarina – Ciram. O usuáriotambém pode assistir a um filmeinstitucional de 2 minutos.

O usuário pode, de dentro doCD-ROM, acessar o site: http://www.epagri.rct-sc.br.

Metodologia

Todas as variáveis trabalhadasestão descritas em telas específicas.São elas: temperaturas médias,

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14 Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003

Registro

bibliotecas (formato pdf), comoaquelas que possuem umconhecimento em informática(formato shapefile). Para facilitaras consultas, existe a opção deajuda. Ao solicitá-la o usuáriotem acesso a um documentotrazendo dicas sobre o uso doprograma ArcEx-plorer.

No módulo ArcExplorer, ousuário define dentro do projeto ocruzamento dos temas que desejavisualizar. Por exemplo, navariável precipitação mensal, ousuário poderá cruzar os dados deprecipitação do mês de interessecom o mapa político do Estado.Dentro deste módulo, o usuáriopoderá dar zoom, fazer consultas,

imprimir mapas, etc.

Telas informativas

O CD-ROM ainda traz comocomplementos telas que descrevema bibliografia citada, a equipe dedesenvolvimento, os patrocínios eos agradecimentos.

Equipe técnica

Coordenação: Cristina PandolfoSuporte técnico: Ângelo MendesMassignan, Cristina Pandolfo,Hugo José Braga, VamilsonPrudêncio da Silva Jr., ValciFrancisco Vieira, Vera MagaliRadtke Thomé.

Multimídia: Emanuela SalumPereira, Cristina Pandolfo,Vamilson Prudêncio da Silva Jr.Apoio: Elis Regina Pedra, LuizAlbano Hammes, GiulianoGregolin, Élen Cristin Trentini,Fábio Luis Viecili, Zelia MercedesAndriolli.

Para obtenção do CD-ROMAtlas Climatológico do Estado deSanta Catarina - 2002, visite apágina da Epagri, no seguinteendereço: http://www.epagri.rct-sc.br/ciram/zoneamento ou entreem contato pelos fones: (048) 239-8005 ou 239-8006 ou por e-mail:[email protected]. Valorpara aquisição: R$ 25,00 pararemessa por correio.

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Novidades de mercado

TTTTTalstar – novo inseticidaalstar – novo inseticidaalstar – novo inseticidaalstar – novo inseticidaalstar – novo inseticidano mercadono mercadono mercadono mercadono mercado

vas, a produtividade dealguns tipos de criaçãopode ser prejudicada.

As telhas da Brasilitsão produzidas sob rigo-roso controle de qualidadee, além de apresentaremisolamento sonoro, sãoresistentes e duráveis,com espessuras de 4 a8mm, podendo cobrirespaços de até 7m. Essacapacidade de vencergrandes vãos é umacaracterística funda-mental dessas telhas, poiso ideal é que o espaçointerno de galpões rurais

seja inteiramente livre,sem pilares. A colocaçãodestes apenas no con-torno da construção nosentido do comprimentogarante esse espaço.

O peso também é umdiferencial importante,pois sendo mais leves queas de barro podem serapoiadas sobre estrutu-ras mais simples e depeso bem menor.

Dentre as telhas daBrasilit, as mais usadasem construções ruraissão as onduladas e asestruturais.

A FMC Química do Brasil está lançando o Talstar,um inseticida de amplo espectro, com alta eficiência emelhor custo/benefício no controle de cupins.Pesquisas da empresa revelam que esta praga reduzem até 30% a produtividade da cana-de-açúcar.

O Talstar, que será comercializado na versão 100CE, é um piretróide de terceira geração que estásendo introduzido no mercado pela FMC. Seu princí-pio ativo vem da bifentrina, uma molécula modernaque tem como características possuir uma ação resi-dual longa, não causa irritações durante a aplicação,possui baixo risco ambiental e protege a cultura nosmomentos mais críticos.

Um dos pesquisadores responsáveis pelo desenvol-vimento do produto, Luís Eduardo Alves Correa,explica que o Talstar vem ao encontro dos anseios doprodutor de aumentar a produtividade diminuindo asdespesas. “Nas pesquisas realizadas em conjunto comgrandes usinas, constatamos a eficácia do produto,com a eliminação dos cupins, com baixo custo porhectare e baixo impacto ambiental”, revela.

Mais informações: Alfapress Comunicações, comCid Luís de Oliveira pelo fone: (019) 9791-4224.

Tipo de telha pode influenciarTipo de telha pode influenciarTipo de telha pode influenciarTipo de telha pode influenciarTipo de telha pode influenciarna produtividade dos animaisna produtividade dos animaisna produtividade dos animaisna produtividade dos animaisna produtividade dos animais

Na hora de construirabrigos destinados à cria-ção, é muito importantepensar no bem-estar dosanimais, já que fatorescomo a temperatura e aumidade do ar podeminfluenciar diretamentesobre a produtividade napecuária, sobretudo noscasos de confinamento.Em granjas, por exem-plo, a temperatura ade-quada para que se tenhamaior eficiência varia de15 a 22 oC. Nesta faixa, aave tem capacidade parafazer a auto-regulagemda temperatura corporal.Fora desses limites será

preciso energia extra paramanter ou dissipar o calordo corpo. Por isso, para aescolha dos materiais paraconstruções rurais comogalpões, armazéns, paióis,currais, cochos, estábulos,pocilgas e aviários, é ne-cessário prestar atençãonas vantagens oferecidaspelo produto.

As telhas, por exemplo,devem ser escolhidas comatenção. O isolamentosonoro é um dos itensimportantes que umatelha deve possuir, pois,caso ela não absorvaadequadamente ruídoscomo o barulho das chu-

Aluguel de touros Simental: novaAluguel de touros Simental: novaAluguel de touros Simental: novaAluguel de touros Simental: novaAluguel de touros Simental: novaopção para os criadoresopção para os criadoresopção para os criadoresopção para os criadoresopção para os criadores

O pecuarista mineiro Sergio Vieira Attie, criadorde Simental há 13 anos, está colocando em práticauma alternativa inédita e eficaz para os criadores quequerem fazer cruzamento industrial e precisam tertouros para cobrir o rebanho de fêmeas, mas nãoquerem fazer grandes investimentos na aquisição deanimais: o aluguel de touros.

Attie, proprietário da Simental Vertente, comfazendas em Uberlândia e Santa Vitória, ambas emMinas Gerais, ressalta que o aluguel de reprodutoresé uma excelente opção para os pecuaristas que nãoquerem ou não têm condições de fazer grandes inves-timentos em animais ou, por outro lado, gostariam deconhecer melhor a raça Simental, cujas característi-cas mais importantes são dupla aptidão da raça (carnee leite), rusticidade, precocidade para ganho de peso eprecocidade sexual.

O custo anual do aluguel de um touro Simental daVertente é de 3,5 bezerros desmamados. Sergio Attiegarante a qualidade dos animais, que seguem comcompleto atestado sanitário, exame andrológico etodas as vacinas obrigatórias. Além disso, a equipetécnica da Vertente estará à disposição dos criadorespara assistência a campo, visitando as fazendas paraauxiliar no manejo do gado e até para substituição dealgum touro, se necessário.

Mais informações sobre o aluguel de tourosSimental da Vertente podem ser obtidas pelos fones:(034) 9971-1030 e (034) 3236-7922.

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Novidades de mercado

Novo produto controla a mastiteNovo produto controla a mastiteNovo produto controla a mastiteNovo produto controla a mastiteNovo produto controla a mastite

O Bandvet* creme, da Schering-Plough Coopers, éum cicatrizante que pode ser utilizado em váriosanimais, entre eles os bovinos.

O Bandvet* creme é o mais novo lançamento daSchering-Plough Coopers. Com princípio ativo inova-dor e exclusivo no mercado, Triticum vulgare , Bandvet*creme exerce sua ação farmacológica através deestimulação da atividade fibroblástica, proporcionan-do uma cicatrização mais rápida, completa e cosméti-ca, mesmo nas feridas mais difíceis.

O cicatrizante é recomendado para o tratamentotópico de todas as alterações do tecido dérmico quenecessitem de recomposição epitelial em cães, gatos,bovinos, eqüinos, suínos, ovinos e caprinos. Pode serempregado nos seguintes casos: feridas em geral,incluindo as cirúrgicas e lacerativas, cortes aciden-tais, frieiras, queimaduras, escaras e úlceras dedecúbito, pisaduras, úlceras e erosões da pele, racha-duras do teto, entre outros.

O tratamento com o Bandvet* creme consiste emaplicar o produto duas vezes ao dia, em quantidadesuficiente para cobrir a lesão. O medicamento éincolor, não mancha o pêlo e tem agradável odor delavanda.

Mais informações podem ser obtidas pelo sitewww.coopers.com.br ou pelo fone: 0800-131113.

A Schering-PloughCoopers, uma das maio-res empresas de saúde eprodutividade animal doBrasil, oferece aos pro-dutores um desinfetanteque irá ajudar no comba-te da mastite – doençaque acomete vacas lei-teiras. Trata-se doAgrisept, que é um po-tente desinfetante emforma de comprimidosefervescentes que dissol-vem na água, produzin-do uma solução clara, deodor agradável e alta-mente segura para o ho-mem, os animais e omeio ambiente. Seu prin-cípio ativo, o Dicloroiso-cianurato, mistura-secom água, formando umasolução estável com con-centração exata do ácidohipocloroso, ingredienteque confere a atividadegermicida.

Agrisept é altamenteeficaz, econômico e ver-sátil, podendo ser usado

antes, durante e depois daordenha, o que oferece be-nefícios para o ordenhador,o úbere e os tetos da vaca,sem danificar equipamen-tos. O produto desinfetasem provocar lesões e nãodeixa resíduo no leite.Além disso é eficaz contramais de 30 espécies deagentes causadores demastite, incluindo bacté-rias, fungos, vírus eesporos bacterianos, e pos-sui efeito residual prolon-gado. Agrisept é ainda re-comendado para auxiliara cicatrização de feri-mentos nos tetos.

Segundo o gerente deProdutos da Schering--Plough Coopers, AlexeiCastro, a mastite é umproblema que afeta muitoo bolso do produtor. “Me-lhorar a higiene na sala deordenha resulta sempreem redução dos prejuízoscom mastite e melhora aqualidade do leite. Paraisto, o produtor precisa

Bandvet* creme é o novoBandvet* creme é o novoBandvet* creme é o novoBandvet* creme é o novoBandvet* creme é o novocicatrizante para bovinoscicatrizante para bovinoscicatrizante para bovinoscicatrizante para bovinoscicatrizante para bovinos

contar com um desinfe-tante excelente em eficá-cia, segurança e que nãodeixe resíduos no leite”,afirma.

Mais informações:

Alfapress Comunica-ções, com Cid Luís deOliveira Pinto, fone: (019)9791-4224 e KátiaCamargo, fone: (019)9123-2467.

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Software voltado paraSoftware voltado paraSoftware voltado paraSoftware voltado paraSoftware voltado paragerenciamento de rebanhosgerenciamento de rebanhosgerenciamento de rebanhosgerenciamento de rebanhosgerenciamento de rebanhos

inclui rastreabilidadeinclui rastreabilidadeinclui rastreabilidadeinclui rastreabilidadeinclui rastreabilidade

Novidades de mercado

software organiza tudo”,garante ele.

O ADM-Rebanho, quecontrola qualquer tama-nho de rebanho e queacompanha os animaisindividualmente ou gene-ricamente, é, na realida-de, um Gerenciador deTarefas, já que a partir deum único comando geraas ordens de serviço paraas diversas tarefas a se-rem realizadas no dia-a--dia da fazenda.

O programa faz tam-bém o controle sanitário,produtivo e ponderal. Con-trola a ocupação dos pas-tos com relatórios e gráfi-cos, a produção de leiteglobal e por animal, a com-posição de sangue dos ani-mais com cálculo automá-tico de sangue dos filhos apartir dos pais e o estoquede sêmen e embriões. OADM-Rebanho é integra-do com balanças digitaispara leitura das pesagensindividuais sem necessi-dade de digitação.

Mais informações pelosite www.infofarm.com.brou pelos fones (011) 5533-0330 ou 5531-3452.

Galinheiro móvel é alternativaGalinheiro móvel é alternativaGalinheiro móvel é alternativaGalinheiro móvel é alternativaGalinheiro móvel é alternativapara pequenos produtorespara pequenos produtorespara pequenos produtorespara pequenos produtorespara pequenos produtores

A construção de um galinheiro móvel, com estru-tura metálica, surge como uma alternativa para sub-sistência e comercialização do excesso de produçãopara os pequenos produtores, inclusive aqueles quepossuem em sua propriedade frangos sendo criadossoltos em meio a outros animais. Construído commateriais leves e de baixo custo, o galinheiro móvelapresenta algumas vantagens, como fácil desloca-mento, que pode ser feito pelo produtor e pela esposaou pelos filhos, descontaminação natural pela radia-ção solar do local utilizado, permite a recuperação dacobertura do solo e o melhor aproveitamento da áreae das pastagens disponíveis. A vida útil deste tipo deinstalação, com estrutura metálica, maior que a demadeira, também aparece como vantagem para ospequenos produtores.

De acordo com o pesquisador Valdir Silveira deAvila, da Embrapa Suínos e Aves, empresa ligada aoMinistério da Agricultura e do Abastecimento – Mapa–, o pequeno produtor deve usar este tipo de constru-ção quando não tiver como adaptar as instalações jáexistentes, que estão subutilizadas ou que servirampara outro uso e estão desativadas, na propriedade.“Ele é uma alternativa de baixo custo que permite oalojamento de até 100 frangos”, comenta o pesquisa-dor, um dos autores do Comunicado Técnico n o 300,que descreve um modelo construído em ferro deconstrução civil, coberto com cortina de aviário efechamento em tela nas laterais e cabeceiras. Nestecomunicado o pesquisador apresenta uma tabela indi-cando os materiais a serem utilizados e a quantidade,além de dar uma idéia de custo. Outra dica do pesqui-sador é para que, juntamente com o galinheiro móvel,o produtor utilize a cerca elétrica, usada na contençãode frangos semiconfinados.

O Comunicado Técnico no 300 está disponível napágina eletrônica da Unidade, no endereçowww.cnpsa.embrapa.br.

Acompanhando astendências de informa-tização do setor e as exi-gências do Ministério daAgricultura e do Abaste-cimento – Mapa –, aAgrisoft – empresa ge-nuinamente brasileiraespecializada em softwa-res agrícolas voltadospara administração ru-ral – acaba de colocar nomercado o ADM-Reba-nho versão 6.0 com ras-treabilidade, um móduloque permite exportarpara as certificadoras,em arquivo-texto, os da-dos de animais que en-traram no Programa doSisbov.

Segundo MarceloTacchi, diretor deMarketing da empresa,o cadastro enviado pelacertificadora com o nú-mero do Sisbov será tra-balhado pelo próprio sis-tema da nova versão doADM-Rebanho sem ne-nhuma interferência.“Com isso, os criadoresterão sua vida facilitada.Não terão que redigitaros dados dos animais.Basta dar um clique e o

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Artigo Técnico Morango orgânico

PPPPProdução agroecológica de morangorodução agroecológica de morangorodução agroecológica de morangorodução agroecológica de morangorodução agroecológica de morangono Oeste Catarinenseno Oeste Catarinenseno Oeste Catarinenseno Oeste Catarinenseno Oeste Catarinense

Eloi Erhard Scherer, Luiz Augusto Ferreira Verona,Gerry Signor, Rosilei Vargas e Bernardete Innocente

Introdução

As atuais tendências decomercialização de morango innatura e na forma de doces, emfeiras e nos mercados locais daregião Oeste Catarinense, sinali-zam para o crescimento da deman-da desta fruta, que poderá ser aten-dida com o aumento da produçãolocal, por meio da ampliação daárea de plantio e do aumento deprodutividade, ou com importaçãode maiores quantidades de outrosEstados. A preferência no mercadolocal é por morango produzido deforma agroecológica, demanda quepoderá ser atendida pelos produto-res com disponibilidade de adubosorgânicos e que utilizam este siste-ma de cultivo.

Os principais sistemas deprodução de morango utilizadospelos produtores catarinensesdemandam a utilização de grandesquantidades de insumos, princi-

palmente de adubos e defensivos.Alguns nutrientes podem serfacilmente fornecidos via adubação

foliar (1, 2) e é prática comum nosdiversos sistemas de produção dacultura. Outra alternativa muito

Vista da área experimental mostrando a cobertura do solo com acículas

de Pínus

Resumo – O trabalho teve como finalidade avaliar o comportamento de três cultivares de morango com autilização de diferentes fontes de adubo orgânico em sistemas agroecológicos de produção. A pesquisa foiconduzida no período de 1997 a 1999, em uma propriedade que adota a agricultura orgânica, localizada emChapecó, SC. Foram avaliados produção, peso e número de frutos e sua qualidade comercial. A cultivar Tangi foia que apresentou melhor resposta ao sistema orgânico de cultivo. As maiores produtividades são alcançadasquando é utilizado esterco de aves na adubação. Os resultados mostraram que é possível produzir morango comalto padrão comercial sem a utilização de agrotóxicos.Termos para indexação: morango; agroecologia; adubação; cultivares; produção.

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Artigo Técnico Morango orgânico

utilizada em horticultura para osuprimento dos nutrientesessenciais é a adubação comesterco, resíduo abundante naregião Oeste de Santa Catarina porser um dos principais pólos desuinocultura e avicultura do País.

A adubação orgânica é muitoimportante, não somente para ofornecimento de nutrientes às plan-tas, mas também pela melhoriadas condições físicas e biológicas dosolo, contribuindo desta forma paraum melhor aproveitamento dosnutrientes aplicados. Além disso,os adubos orgânicos apresentamem sua constituição aminoácidos,enzimas, ácidos orgânicos e ou-tros, que poderão exercer funçõesfitormonais (3) e ajudar no controlebiológico de pragas e doenças (4, 5).

A utilização de insumos natu-rais para o fornecimento de nutri-entes às plantas e para o manejo defitopatógenos é bastante difundidanas propriedades rurais que utili-zam sistemas agroecológicos deprodução (5). Porém, até o momen-to, poucos são os resultados depesquisa com avaliação de produ-tos biológicos, adubos orgânicos,bioestimulantes e biocidas natu-rais disponíveis (3), fato este maisevidente quando se trata da cultu-ra do morango.

De modo geral, muitas cultiva-

res de morango recomendadas parao Estado de Santa Catarina sãosuscetíveis às principais doençasda cultura e, por conseguinte, sãoaltamente dependentes da utiliza-ção de agrotóxicos (6).

O presente trabalho de pesquisaobjetivou definir sistemasagroecológicos de produção demorango, com ênfase na utilizaçãode adubos e compostos orgânicosdisponíveis na região ou possíveisde serem formulados na própriaunidade produtora.

Material e métodos

A pesquisa constou de quatroexperimentos com a cultura domorango, conduzidos em soloclassificado como Latossolo Roxo,nos anos de 1997 a 1999, em umapropriedade rural, localizada nomunicípio de Chapecó, SC, queadota sistemas agroecológicos deprodução.

No ano de 1997 foram conduzi-dos dois experimentos com a culti-var Tangi, um com fontes de aduboaplicado no solo e outro com aduba-ção foliar. No experimento 1, ostratamentos foram: a) Testemu-nha sem adubo; b) Uréia; c) Nitratode cálcio; d) Esterco de aves; e)Esterco de aves + uréia; f) Estercode aves + nitrato de cálcio; g) Adubo

PK; h) Adubo PK + uréia e i) AduboPK + nitrato de cálcio. Os adubosforam aplicados nas quantidadesde 80kg/ha de N, 90kg/ha de P2O5,120kg/ha de K2O e 10m3/ha de camade aviário.

No experimento 2, os tratamen-tos foram: a) Testemunha sem adu-bo; b) Super Magro – aplicaçõesquinzenais; c) Super Magro – apli-cações mensais; d) Biosol – aplica-ções mensais; d) Biolocal – aplica-ções mensais e f) Adubo Copas foliar– aplicações mensais. O Super Ma-gro foi preparado de acordo com asrecomendações do CAE/Ipê (5); oBiolocal foi formulado utilizando--se 10kg de esterco bovino fresco,2kg de cinzas, 5 ovos, 1kg de vís-ceras de peixe, 2L de leite, 50g defosfato e 10L de água, em fermen-tação aberta; o Biosol foi adquiridono comércio local e tem na suacomposição melaço de cana comgarantia de 6% de N-total, 4% deP2O5 e 4% de K2O; o adubo foliarCopas tinha 8% de Zn, 5% de Mg,10% de S e 3% de B. Osbiofertilizantes Super Magro eBiolocal foram utilizados na con-centração de 3%, e os demais adu-bos, de acordo com as recomenda-ções do fabricante. Para a sua apli-cação a intervalos de 15 e 30 dias,foi utilizado um pulverizador costalcom bico cônico e uma vazão deaproximadamente 200L/ha.

No primeiro ano, antes dainstalação dos dois experimentos,toda a área havia recebido umaadubação uniforme com 40m3/hade esterco de gado, incorporadocom arado fuçador. Os adubosfosfatados, potássicos e o estercode aves foram aplicados ao solouma semana antes do plantio dasmudas e incorporados com enxadarotativa, enquanto que o adubonitrogenado foi fracionado emquatro aplicações: no plantio, 30,60 e 90 dias após.

Nos anos 1998 e 1999, experi-mentos 3 e 4, respectivamente,foram avaliadas as cultivares Tan-gi, Dover e Campinas em combina-ção com os seguintes tratamentosde adubação: a) Testemunha semPlantas da cultivar Tangi em produção

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adição de adubos; b) Testemunhacom adubação química (120kg/hade N, 180kg/ha de P2O5 e 120kg/hade K2O); c) Esterco de aves (20m3/ha); d) Esterco de aves + SuperMagro e e) Esterco de aves +Biolocal, totalizando 15 tratamen-tos. Os biofertilizantes foram apli-cados a cada 21 dias, nas mesmasconcentrações do ano anterior.

Para os quatro experimentos,os canteiros tinham 1,20m de lar-gura e 0,20m de altura. Cada parce-la tinha uma área útil de 2,16m2 (24plantas). O plantio das mudas foirealizado na última semana de abrilou primeira quinzena de maio, noespaçamento de 0,30m entre li-nhas e plantas. Após o plantio, osolo foi coberto com uma camadade 5cm de acículas de pínus. Ocontrole de pulgões, quando neces-sário, foi feito com a aplicação deum macerado de água de fumo(100g de fumo em corda em 10L deálcool a 50%). O controle de doen-ças da parte aérea foi realizado coma retirada manual das folhassenescentes e/ou doentes de todasas plantas da parcela durante operíodo produtivo. A colheita dosfrutos foi realizada de agosto a ja-neiro, três vezes por semana,avaliando-se peso, número e quali-dade dos frutos. Os dados de produ-ção de frutos foram analisados es-tatisticamente com aplicação daanálise da variância e o teste deDuncan a 5% para comparação demédias.

Resultados

No primeiro ano, a adubaçãovia solo (experimento 1) não apresen-tou efeito significativo entre os tra-tamentos na produção de frutos edemais variáveis avaliadas, porémevidenciou-se uma tendência dostratamentos com esterco de avesproduzirem mais, tanto em núme-ro de frutos por planta como emprodução total por área. A produ-ção de frutos dos diversos trata-mentos, que variou entre 2.641 e3.481g/m2, foi satisfatória para o

Tabela 1 – Efeito da adubação foliar na produção total de frutos (Ptf),número de frutos por planta (Nfp) e porcentagem de frutos atacados pordoenças (Fad) e por pragas (Fap). Cultivar Tangi, 19971

TratamentoPtf Nfp Fad Fap

g/m 2 (no) % %

Testemunha 2.666b 46a 13,0b 6,2a

Super Magro 15dias 2.516b 43a 11,6ab 7,6a

Super Magro30dias

2.917ab 45a 10,2ab 5,8a

Biosol 3.131ab 50a 10,2ab 5,2a

Biolocal 3.897a 49a 8,6a 6,6a

Adubo foliar 2.680ab 48a 11,8ab 6,5a

1Médias seguidas da mesma letra, em cada coluna, não diferemestatisticamente pelo teste de Duncan a 5%.

Tabela 2 – Produção de frutos, em g/m2 , por cultivar de morango em1998 (experimento 3) e em 1999 (experimento 4). Média de cincotratamentos de adubação e três repetições1

Cultivar Experimento 3 Experimento 4

Dover 2.131b 2.274c

Tangi 3.175a 6.783a

Campinas 1.444c 3.535b

1Médias seguidas da mesma letra, em cada coluna, não diferem estatis-ticamente pelo teste de Duncan a 5%.

nível de tecnologia utilizado, sem atradicional cobertura com plásticoe os tratamentos fitossanitários.As boas produtividades alcançadas,mesmo nas parcelas sem aduba-ção, podem ser atribuídas à utiliza-ção de 40m3/ha de esterco bovinoem toda a área, pouco antes daimplantação do experimento. Noexperimento 2 com adubação fo-liar, a maior produção de frutos(3.897g/m2) foi alcançada com a apli-cação do fertilizante Biolocal (Ta-bela 1). Esta produção foi significa-tivamente superior à dos tratamen-tos com Super Magro – quinzenal esem adubo (Testemunha), não dife-rindo entretanto dos tratamentosBiosol e Super Magro – mensal. Autilização do fertilizante Biolocal

também diminuiu a incidência dedoenças nos frutos, de 13% natestemunha para 8,6%, porém nãodiferiu significativamente dos de-mais tratamentos, com Super Ma-gro, Biosol e Copas foliar (Tabe-la 1). Na avaliação da porcentagemde frutos atacados por pragas nãohouve diferenças estatísticas entreos tratamentos (Tabela 1).

Nas Tabelas 2 e 3 são apresen-tadas as produções de frutos dosanos 1998 e 1999, experimentos 3 e4, respectivamente. Observa-seque, em ambos os experimentos,as três cultivares apresentaram amesma tendência de resposta àadubação. Houve diferenças entrecultivares e entre adubações, po-rém sem efeito da interação. Desta

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Artigo Técnico Morango orgânico

Tabela 3 – Produção de frutos de morango, em g/m 2, por forma deadubação nos anos de 1998 (experimento 3) e 1999 (experimento 4). Médiade três cultivares e três repetições1

Formas de adubação Experimento 3 Experimento 4

Testemunha 1.675b 3.673b

Adubo químico 1.914b 4.010ab

Esterco de aves (EA) 2.571a 4.638a

EA + Super Magro 2.538a 4.191ab

EA + Biolocal 2.553a 4.473a

1Médias seguidas da mesma letra, em cada coluna, não diferem estatis-

ticamente pelo teste de Duncan a 5%.

Frutos da cultivar Tangi

forma, as comparações entre mé-dias foram realizadas desconsi-derando-se o fator interativo.

Dentre as cultivares avaliadas,merece destaque a Tangi pela mai-or produtividade e potencial de pro-dução (Tabela 2). Nos dois anos(1998 e 1999) ela apresentou a maiorprodução de frutos, alternando-seno segundo lugar a cultivarDover, em 1998, e a cultivar Cam-pinas, em 1999. Esta maior produ-tividade da cultivar Tangi em rela-ção às demais deve ser atribuída asua maior rusticidade e maior re-sistência às principais doenças doque as cultivares Dover e Campi-nas (6).

As produções no ano de 1998(experimento 3) mostraram dife-renças significativas entre os tra-tamentos com esterco de aves e atestemunha sem adubo ou que re-cebeu adubo químico (Tabela 3).Estas maiores produções foramobtidas independentemente da uti-lização ou não dos biofertilizantesfoliares. Isto mostra que a aplica-ção destes biofertilizantes não au-menta a produtividade quando éutilizado esterco de aves na aduba-ção. Isto não confirma os dados doprimeiro ano (experimento 2) emque o fertilizante Biolocal, aplicadoisoladamente, apresentou efeitopositivo na produção de frutos. Os

resultados do experimento 4 con-firmam a boa eficiência do estercode aves na adubação do moranguei-ro. A produção com adubação quí-mica, neste ano, situou-se entre ostratamentos com esterco e a teste-munha sem adubação, porém nãodiferiu estatisticamente desta.

De modo geral e, principalmen-te, no período inicial de colheita, acultivar Tangi apresentou menorproporção de frutos atacados pordoenças em comparação às cultiva-res Dover e Campinas (Figura 1).No ano de 1998, experimento 3, amaior incidência de doenças do fru-to foi observada nas primeiras duassemanas de colheita – Figura 1A.No ano de 1999, experimento 4, amaior incidência de doenças ocor-reu no final do ciclo – Figura 1B. Omaior ataque de doenças dosfrutos coincidiu com os períodosmais chuvosos, como relatado naliteratura (6).

A Figura 2 mostra a evolução daprodução de frutos de cada cultivar,média dos cinco tratamentos comadubação. Nota-se que as produçõesdas três cultivares foram crescentesaté a oitava semana no ano de 1998e 12 a semana no ano de 1999,decrescendo após. De modo geral,a cultivar Tangi apresentoudurante todo o período e nos doisanos as maiores produtividades. Ascurvas de produtividade mostramque o pico de produção da cultivarTangi, que se verificou na oitavasemana em 1998 e na 12a semanaem 1999, ocorreu no mês denovembro. No ano de 1998 asproduções da nona semana foramdiminuídas em conseqüência dadeficiência hídrica e das altastemperaturas. Estes eventos serepetiram no mês de dezembro,quando a água disponível parairrigação não foi suficiente paraatender à demanda da propriedade.Assim, a colheita de frutos foiconcluída ainda em dezembro (13a

semana), ao contrário do ano de1999 em que o período de colheitase estendeu até janeiro (17 a

semana).

Page 25: Edição de março de 2003

24 Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003

Artigo Técnico Morango orgânico

Figura 1 – Porcentagem de morangos afetados por doenças por ocasião da colheita em (A) 1998 e (B) 1999.Média de cinco tratamentos e três repetições

Conclusões

• O estudo mostrou que é possí-vel produzir morangos de qualida-de, com alto padrão comercial, semutilização de agrotóxicos.

• A adubação orgânica com es-terco de aves proporciona maiorprodutividade de frutos.

• Altas produções de moran-guinho, entre 3 e 7kg/m2 de frutos,foram alcançadas com a cultivarTangi em manejo agroecológico.Essa cultivar é a mais indicada emcultivo orgânico.

• No sistema agroecológico, aoredor de 15% da produção de frutosde morango é perdida por pragas edoenças.

Figura 2 – Produção semanal de morangos, em g/m2, por cultivar em (A) 1998 e (B) 1999. Média de cinco tra-tamentos e três repetições

Literatura citada

1. GROPPO, G.A.; TESSARIOLI NETO,J.; BLANCO, M.C.S.G. A cultura do

morangueiro. 2.ed. Campinas: Cati,(Cati. Boletim Técnico, 201).

2. GRASSI FILHO, H.; SANTOS, C.H.;CRESTE, J.E. Nutrição e adubação domorangueiro. Informe Agropecuário,v.20, n.198, p.36-40, 1999.

3. PRIMAVESI, A. Agricultura susten-tável. São Paulo: Nobel, 1992. 142p.

4. TRATCH, R. Efeito de biofertilizantessobre fungos fitopatogênicos. 1996.156f. (Mestrado) – Universidade Esta-dual Paulista, Botucatu, SP.

5. CENTRO DE AGRICULTURA ECO-LÓGICA IPÊ. Biofertilizantes enri-

quecidos – caminho sadio da nutriçãoe proteção de plantas. Ipê. RS, 1997.24p.

6. REBELO, J.A.; BALARDIN, R.S. A

cultura do morangueiro. Florianópolis:Empasc, 1989. 33p. (Empasc. BoletimTécnico, 46).

Eloi Erhard Scherer, eng. agr., Ph.D.,Epagri/Centro de Pesquisa para Agricul-tura Familiar, C.P. 791, 89801-970 Chapecó,SC, fone: (049) 328-4277, fax: (049) 328-6017; e-mail: [email protected],Luiz Augusto Ferreira Verona, eng.agr., M.Sc., Epagri/Centro de Pesquisapara Agricultura Familiar, C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (049) 328-4277,fax: (049) 328-6017; Gerry Signor, Rosi-lei Vargas e Bernardete Innocente,estagiários na Epagri e estudantes do Cur-so de Agronomia da Unoesc, Chapecó, SC.

0

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Semanas

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Dover Tangi CampinasA B

A B

Page 26: Edição de março de 2003

Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003 25

Artigo Técnico Temperatura do solo

VVVVVariação da temperatura do solo sob abrigo plásticoariação da temperatura do solo sob abrigo plásticoariação da temperatura do solo sob abrigo plásticoariação da temperatura do solo sob abrigo plásticoariação da temperatura do solo sob abrigo plásticono Planalto Norte Catarinenseno Planalto Norte Catarinenseno Planalto Norte Catarinenseno Planalto Norte Catarinenseno Planalto Norte Catarinense

Zenório Piana, Hamilton Justino Vieira eGeraldo Pilati

Introdução

O cultivo protegido em abrigosplásticos é uma tecnologia agrícolaamplamente consolidada em paí-ses como Itália, Espanha, Holanda,França, Japão e Estados Unidos eque cresce no mundo a uma taxa de7% ao ano. Em Santa Catarina temsido utilizado principalmente nocultivo de tomate, pimentão, pepi-no, alface e feijão-vagem. As princi-pais vantagens do cultivo protegidosão a redução do uso de agrotóxicos,a garantia de produção, o aumentode produtividade, o aumento daqualidade das hortaliças, a dimi-nuição de custos, a humanizaçãodo trabalho e a redução de perdas(1), além de possibilitar a produçãoem períodos de entressafra, permi-tindo maior regularidade da oferta.

Apesar do grande incrementodo cultivo em abrigos plásticos, fal-tam estudos que permitam a suautilização com maior racionalidade.

Em Santa Catarina ainda nãoforam publicados estudos sobre oefeito da proteção ambiental dos

abrigos plásticos sobre as variá-veis meteorológicas e sobre ocrescimento e desenvolvimento dasculturas.

A temperatura do solo é umelemento do ambiente que apre-senta sua maior influência nossubperíodos semeadura-emergên-cia e crescimento inicial, no entan-to, seu efeito, a exemplo da tempe-ratura do ar, prolonga-se por todo operíodo de desenvolvimento da cul-tura. A temperatura do solo teminfluência sobre o sistema radiculardo tomateiro, por exemplo, deter-minando o nível de absorção deágua e nutrientes. Afeta tambémoutras características das plantascomo a área foliar, o peso secototal, a relação caule/raiz, a preco-cidade, a produtividade e a qualida-de dos alimentos colhidos (2).

O presente trabalho objetivoudeterminar a influência da prote-ção ambiental com abrigos plásti-cos sobre o comportamento da tem-peratura do solo, no período com-preendido entre junho e janeiro,no Planalto Norte Catarinense.

Material e métodos

O experimento foi instalado nomês de julho de 1999 no CampoExperimental da Coopercanoinhas,em Canoinhas, SC, localizado a760m de altitude e a 26o25' delatitude Sul e 50 o10' de longitudeOeste, sobre um Latossolo.

Para o estudo foram utilizadosdados de temperatura do solo,no período compreendido entre9 de julho de 1999 e 14 de janeiro de2000, obtidos em intervalos regula-res de 1 hora, de termômetros desolo do tipo Registrador StowAwayTidBif 32 K, com precisão de 0,4oC,instalados no dia 8/7/1999, a 10cmde profundidade, em dois pontosdistintos, nas linhas de plantio dosbulbos de cebola, em um experi-mento destinado à produção de se-mentes no interior do abrigo plás-tico e a 10m de distância do abrigoplástico.

Utilizaram-se também dados detemperatura do ar a 150cm de alturado solo e do solo a 10cm deprofundidade, obtidos na Estação

Resumo – O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do abrigo plástico sobre a variação da temperatura deum Latossolo cultivado com cebola. O estudo foi conduzido no Campo Experimental da Coopercanoinhas, emCanoinhas, SC. Para tanto foram utilizados dados de temperatura do solo, obtidos em intervalos regularesde 1 hora, no período compreendido entre 9 de julho de 1999 e 14 de janeiro de 2000. Observou-se que o abrigoplástico possibilita: a) que a temperatura máxima do solo no interior apresente oscilações menores que no seuexterior; b) um abrandamento na amplitude da temperatura do solo no seu interior em relação à temperaturado solo no exterior, principalmente em relação às temperaturas máximas; c) manter a temperatura mínima dosolo no seu interior acima da temperatura mínima do solo ambiente, principalmente nos dias com temperaturasmais baixas, e d) que a temperatura do solo no interior seja mais favorável ao desenvolvimento da maioria dasespécies olerícolas do que a temperatura do solo em ambiente aberto, no período estudado (inverno/primavera).Termos para indexação: abrigo plástico; temperatura; solo.

Page 27: Edição de março de 2003

26 Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003

Artigo Técnico Temperatura do solo

Meteorológica da Epagri, de MajorVieira, SC, localizada a 765m dealtitude e a 26o51' de latitude Sul e50o20' de longitude Oeste, cujo soloé igual ao do local do experimento.

O abrigo plástico, também de-nominado de estufa de plástico oucasa de vegetação de plástico oupolietileno transparente, do tipoCapela (3), com orientação norte--sul, apresentava as dimensões de25m de comprimento, 10m de lar-gura, 2m de pé-direito nas lateraise altura do pé-direito na cumeeira(central) de 3,5m. O polietilenotransparente da cobertura apre-sentava a espessura de 0,1mm. Aventilação do abrigo plástico foifeita através da abertura das por-tas localizadas nas extremidades emediante o abaixamento do filmede polietileno das paredes lateraise das extremidades. Quando daprevisão e ocorrência de chuvas eda ocorrência de ventos frios, oabrigo foi mantido fechado. A umi-dade do solo no interior do abrigofoi mantida próxima à capacidadede campo através de irrigação. Nalavoura e na estação meteorológica,o teor de água do solo manteve-sevariável em função das precipita-ções pluviométricas.

Resultados e discussão

A Figura 1 mostra que no pe-ríodo compreendido entre 9 de ju-lho de 1999 e 14 de janeiro de 2000a temperatura mínima do solo nointerior do abrigo plástico mante-ve-se próxima à temperatura míni-ma do solo ao lado do abrigo esempre acima da temperatura mí-nima do ar ambiente, sendo variá-vel em função de extremos verifi-cados quando a temperatura foimais baixa, situando-se em umafaixa de 6 a 14oC. A temperaturamínima do solo ao lado do abrigoplástico apresentou variações maisacentuadas do que a do interior do

abrigo nos picos de temperaturainferiores e superiores e nos mesesmais quentes. Esse comportamen-to da temperatura mínima podeser explicado através do efeito iso-lante que apresenta a camada de arentre a cobertura plástica e o solo,que reduz a transmissão da ener-gia térmica do plástico até o solodurante o dia e do solo até o plásticodurante a noite (2).

Na Figura 2 pode-se observarque a temperatura máxima do solono interior do abrigo plástico man-teve-se abaixo da temperatura má-xima do ar ambiente, exceto nosvalores extremos mínimos das tem-peraturas máximas verificadas noperíodo experimental, sendo variá-vel em função de extremos, situan-do-se em uma faixa de 5 a 10 oC. Atemperatura máxima do solo nointerior do abrigo plástico mante-ve-se sempre abaixo da temperatu-ra máxima do solo ao lado do abri-go, apresentando variações bemmenores que a temperatura do soloao lado do abrigo (Figura 2).

A temperatura do solo é umafunção da densidade de fluxo deradiação solar global incidente edas propriedades térmicas do solo.

Em função disso, a temperatura dosolo no interior do abrigo foi menorque no ambiente externo, ao ladoda estufa, visto que a energia solardisponível é em média 25% menorno interior do abrigo, e que, comoo solo normalmente é mais úmido,a condutividade térmica e o calorespecífico são maiores, o que deter-mina uma menor elevação da tem-peratura. Como no abrigo, existeum menor volume de ar e umamenor renovação de ar junto àsuperfície, a transferência de ener-gia, na forma de calor latente esensível, é menor, comparativa-mente com o ambiente externo,ocasionando um menor fluxo decalor para o solo e reduzindo oaquecimento no interior do abrigo.

A diferença da temperatura dosolo entre o interior e o exterior doabrigo (Figura 2) oscilou, em mé-dia, entre 0,3 e 1,2oC, para as míni-mas e entre 1,5 e 5,0oC para asmáximas, sendo que para as míni-mas a temperatura exterior foiquase sempre inferior à interior epara as máximas ocorreu situaçãoinversa. A amplitude de variaçãofoi maior para as temperaturasexternas do que para as internas,

Figura 1 – Temperaturas mínimas do ar na Estação Meteorológica deMajor Vieira e no solo, no interior e exterior do abrigo (a 10cm deprofundidade), em Canoinhas, SC

Temp. mínima do ar = 0,062x - 2.249,7

Temp. mínima do solo (exterior )= 0,0603x - 217 9

Temp. mínima d o solo (interior) = 0,0569x - 2.056,4

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Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003 27

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3

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0

Dias

Tem

pe

ratu

ra

(ºC

)

Amplit solo min/extAmplit/solo/int

Artigo Técnico Temperatura do solo

pelos motivos já apresentados (Fi-

gura 3). A correlação dos resulta-

dos (R2) das temperaturas míni-

mas do solo (Figura 4) foi de 0,96,

superior ao das máximas que apre-

sentou um R2 de 0,83 (Figura 5).

Isso pode ser explicado pelo efeito

isolante da cobertura plástica e pelo

controle de umidade do solo no

abrigo.

As maiores diferenças nas tem-

peraturas mínimas do solo entre o

interior do abrigo e o exterior ocor-

reram nos dias mais frios, sendo

que a mínima no exterior sempre

foi mais baixa (Figura 1). Este

comportamento permite inferir

que, nos momentos e dias de maior

risco de ocorrência de temperatu-

ras prejudiciais, o abrigo se consti-

tui em um instrumento que pode

proteger as plantas contra as bai-

xas temperaturas que normal-

mente ocorrem no inverno na re-

gião (4).

A Figura 6 dá uma idéia geral do

comportamento da temperatura do

solo no interior e exterior do abrigo

plástico e da temperatura do ar

ambiente, mostrando que o abrigo

plástico tem uma função de

abrandamento da temperatura,

permitindo inferir que a tempera-

tura do solo no interior do abrigo

plástico é mais favorável ao desen-

volvimento da maioria das espé-

cies olerícolas do que a temperatu-

ra do solo em ambiente aberto para

o período estudado, já que a tempe-

ratura do solo que resulta em ativi-

dade vegetal mínima é de 5oC para

couve e de 12oC para feijão, tomate

e melão (4).

Conclusões

Com base nos resultados obti-

dos conclui-se que:

• A temperatura máxima do

solo no interior do abrigo plástico

apresenta oscilações menores que

no seu exterior.

Figura 2 – Temperaturas máximas do ar ambiente e do solo a 10cm, noabrigo e no exterior, em Canoinhas, SC

Te

mp

era

tura

(ºC

)

Figura 3 – Amplitude de variação da temperatura mínima do solo nointerior e exterior do abrigo plástico em Canoimhas, SC, no período de9/7/1999 a 14/1/2000

y = 0,0172x2 + 0,3361x + 6,7587

R2 = 0,962

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6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26

Temperatura do solo exterior ao abrigo (°C)

Temp. máx ima do solo ( interior)= 0,0577x - 2. 083, 6

Temp. máxima do solo (ext er ior) = 0, 0758x - 2.738,8

Temp. máxima do ar = 0, 0473x - 1.701,7

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Data

Amplit. solo mín./ext.

Amplit./solo/inf.

Figura 4 – Correlação dos resultados entre as temperaturas mínimas dosolo no interior e exterior do abrigo plástico em Canoimhas, SC

Te

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tura

do

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(oC

)

Temperatura do solo exterior do abrigo(oC)

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28 Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003

Artigo Técnico Temperatura do solo

Figura 5 – Correlação dos resultados das temperaturas máximas do solono interior do abrigo plástico

Figura 6 – Temperaturas máxima e mínima do ar e solo, ao lado e nointerior do abrigo plástico, em Canoinhas, SC

-5

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Data

Tem

per

atu

ra

(ºC

)

mínima arºC

máxima ar ºC

máxima solo ex t.(º C)

mínima solo ext.(º C)

máxima solo int.(º C)

mínima solo int.

y = 0,6405x + 5,5876

R2 = 0,833

10

15

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10 15 20 25 30 35 40

Máxim a solo int. (ºC)Linear (máxima solo int. (ºC))

Mínima ar (oC)

Máxima ar (oC)

Máxima solo ext. (oC)

Mínima solo ext. (oC)

Máxima solo int. (oC)

Mínima solo int. (oC)

• A amplitude de variação datemperatura do solo no interiordo abrigo plástico é abrandadaem relação à temperatura do solono exterior, principalmente emrelação às temperaturas máxi-mas.

• A temperatura mínima do solono interior do abrigo plástico é

mantida acima da temperaturamínima do solo ambiente, princi-palmente nos dias com temperatu-ras mais baixas.

• A temperatura do solo no inte-rior do abrigo plástico é mais favo-rável ao desenvolvimento da maio-ria das espécies olerícolas do que atemperatura do solo em ambiente

aberto, no período inverno/prima-vera.

Literatura citada

1. REBELO, J.A.; FANTINI, P.P.;SCHALLENBERGER, E.;PRANDO; H.F. Cultivo protegido dehortaliças ; manual técnico.Florianópolis: Epagri, 1997. 62p.(Epagri. Boletim Didático, 18).

2. MARTINEZ, S.; GARBI, M.;ETCHE-VERS, P.; ASBORNO, M.Efecto del calor de la coberturaplástica sobre el régimen térmicodel suelo para el cultivo de tomateen invernadero plástico. RevistaBrasileira de Agrometeo-rologia,Santa Maria, v.6, n.2, p.147-150,1998.

3. SCHALLENBERGER, E.;REBELO, J.A .; MÜLLER, J.J.V.;PRANDO, H.F.; FANTINI, P.P.Curso profissionali-zante de cultivoprotegido de horta-liças .Florianópolis: Epagri, 1995. 48p.

4. SCHNEIDER, F.M.; BURIOL, G.A;ANDRÍOLO, J.L.; ESTEFANEL, V.;STRECK, N.A. Modificações natemperatura do solo causada porestufas de polietileno transparentede baixa densidade em Santa Maria,RS. Revista Brasileira deAgrometeorologia. Santa Maria, v.1.n.1, p.37-42, 1993.

Zenório Piana, eng. agr., Dr., Epagri,C.P. 502, 88034-901 Florianópolis,SC, fone: (048) 239-5500, fax: (048)239-5597, e-mail: [email protected]; Hamilton Justino Vieira, eng.agr., Dr., Epagri/Ciram/Climerh, C.P.502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone:(048) 239-8051, fax: (048) 239-8065, e-mail: [email protected] e Geral-do Pilati, eng. agr., Epagri/EstaçãoExperimental de Canoinhas, C.P. 216,89.460-000, Canoinhas, SC, fone: (047)624-1144, fax: (047) 624-1079, e-mail:[email protected] .

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(oC

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Temperatura máxima do solo exterior(oC)

Page 30: Edição de março de 2003

Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003 29

Reportagem Arroz agroecológico

Reportagem de Paulo Sergio Tagliari

arroz (Oriza sativa) é um dostrês ou quatro alimentos mais plan-tados na face da Terra. De origemasiática e cultivo milenar, no Bra-sil, ele encontrou clima e solo favo-ráveis em algumas regiões, como éo caso do Sul, principalmente nolitoral e perto de rios e lagoas, ondeé cultivado no modo irrigado.

Nos últimos 20 a 25 anos, mercê

de um intenso trabalho de pesquisa,novas cultivares foram desen-volvidas, e em Santa Catarina e noRio Grande do Sul, responsáveispor mais de 50% da produçãonacional, a produtividade do cerealtriplicou no período, passando depouco mais de 2 mil quilos porhectare, no início da década de 70,para mais de 6 mil nas últimas

safras. Santa Catarina detém omaior rendimento nacional, quedeverá passar dos 7 mil quilos porhectare nesta safra de 2002/03. Emalguns locais do Estado, produtoresconseguem recordes de produ-tividade atingindo mais de 10 milquilos por hectare. Segundoinformam pesquisadores da áreade arroz da Epagri, já existem

O arroz ecológico ou orgânico utiliza práticas ambientalmente corretas, como é o caso da rizipiscicultura, em queos peixes controlam insetos e ervas indesejáveis na cultura

Novas técnicas e pesquisas pioneiras em Santa Catarina com o arroz irrigado estãoapostando na produção orgânica ou agroecológica, fazendo com que o cereal possa satisfazer ademanda crescente dos consumidores por um produto de alta qualidade biológica. As novasexperiências já a campo e pesquisas em desenvolvimento são o enfoque desta reportagem.

O

Arroz agroecológico: tecnologias atraemprodutores e técnicos

Page 31: Edição de março de 2003

30 Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003

Reportagem Arroz agroecológico

seleções que podem atingir até 15mil quilos por hectare, algoimpensável anos atrás. Estas altasprodutividades não dependem sóda genética, mas também de outrastecnologias associadas, comocontrole das ervas daninhas ouespontâneas, adubação, manejo deágua, etc.

Com a crescente conscientizaçãoda sociedade que busca alimentosque não contenham agrotóxicos,adubos químicos sintéticos e ou-tros contaminantes, o grande desa-fio agora, tanto por parte da pesqui-sa como de produtores e técnicosda extensão e de empresas priva-das, é desenvolver e utilizar técni-cas que não agridam o meio ambi-ente e protejam a saúde dos agri-cultores e dos consumidores. A re-portagem da RAC foi ver in locoalgumas das novas experiênciasque estão sendo conduzidas comarroz irrigado no modo orgânico/agroecológico de produção.

Os pioneiros

A nossa visita é no Litoral Sulde Santa Catarina, nos municípiosde Turvo, Jacinto Machado e Ermo,

região onde a tradição no cultivo dearroz irrigado é muito grande ecom alto índice de mecanização.Com uma área cultivada aproxima-da de 300ha, atualmente está seconsolidando um núcleo de produ-tores de arroz orgânico na região,que também abrange os municípi-os de Nova Veneza, Timbé do Sul,São João do Sul e Meleiro. Sãopropriedades que possuem de 0,5 a20ha cultivados com arrozagroecológico, alguns já totalmen-te convertidos ao processo orgâni-co, outros ainda em processo deconversão. O engenheiro agrôno-mo Rogério Topanote, extensio-nista de Epagri de Jacinto Macha-do, é um dos pioneiros neste novocultivo. Ele conta que tudo come-çou quando esteve no Rio Grandedo Sul há três anos e meio e conse-guiu trazer uns poucos sacos dochamado arroz cateto, cultivar For-mosa, próprio para a produção dearroz integral. A idéia era que, porser um arroz rústico, ele se adapta-ria a um processo orgânico de cul-tivo. De 6 sacos iniciais, foram co-lhidos 80 sacos e hoje vários produ-tores já cultivam o arroz integralagroecológico, que tem boa aceita-

ção no comércio, além de ser umproduto com alto valor alimentício.Inclusive, Rogério e mais um ir-mão e o pai acabaram criando umapequena empresa de arroz, a In-dústria e Comércio de Arroz Ecoló-gico Topanote Ltda., em Ermo, SC,que produz e beneficia principal-mente o arroz cateto orgânico.“Como extensionista, e junto comoutros colegas de municípios vizi-nhos, estamos trabalhando no sen-tido de reduzir os custos para osnossos agricultores familiares, jáque o preço dos insumos vem su-bindo assustadoramente. Além dis-so, sabemos que a intoxicação poragrotóxico é problema em nossaregião, por isso nosso esforço embuscar alternativas mais saudáveise ambientalmente corretas”, argu-menta o técnico e completa: “nãovamos ficar só no arroz, ou namonocultura, qualquer que seja,queremos que os agricultores di-versifiquem suas propriedades,como é o caso da mandioquinha--salsa que estamos testando aquiem Jacinto Machado”.

Várias técnicas de manejo estãosendo adotadas pelos produtoresagroecológicos, a começar por umaadaptada pela própria Epagri, que éo manejo permanente da água, ba-seada numa técnica desenvolvidano Chile, que aproveita o degelodos Andes. Isto quer dizer que oprodutor mantém a água na qua-dra do arroz praticamente durantetodo o ciclo da cultura. Com isso épossível controlar a maioria daservas daninhas do arroz, bem comoa ocorrência de pragas, e tambémregula-se o pH dos solos. “No iní-cio, o arroz fica feio, mas depois elevem parelho e bonito”, comprovaRogério Topanote e informa que,em 2001, em virtude da seca queassolou a região no mês de novem-bro, as lavouras convencionais ti-veram problemas, ao passo que nasorgânicas com as cultivares 106,108, 109 e 112, todas da Epagri, oarroz agroecológico rendeu, emmédia, 130 sacos, ou seja,6.500kg/ha. Para controlar a

Pioneiro do arroz orgânico no Sul de Santa Catarina, Rogério Topanote(agachado) investe no cereal integral, que é rústico e tem alto valoralimentício

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Reportagem Arroz agroecológico

bicheira-da-raiz, Oryzophagusoryzae, inseto que causa grandeprejuízo à cultura, Rogério contaque os orizicultores ecológicos dre-nam as quadras, por período deuma a duas semanas (dependendodo tipo de solo e das condiçõesclimáticas), isto quando as plantasde arroz irrigado estiverem comaproximadamente 30 a 35 dias (mé-todo de controle natural). Rogérioinforma que este método não se-gue uma regra única – irá depen-der da incidência da praga, bemcomo das condições de solo e climae do preparo do solo. Este último éde fundamental importância para osucesso do sistema de produçãoorgânica. Passado este período, re-comenda-se a irrigação dessas áre-as até 15 dias antes da colheita.

Outro pioneiro neste trabalho éa Associação Orgânica de SantaCatarina, uma entidade nova queinspeciona e certifica as lavourasde arroz orgânico e fornece um selode qualidade, o selo verde orgâni-co. Um dos técnicos responsáveis éo engenheiro agrônomo Guilher-me Nunes Bressan, que inicia ex-plicando que as normas decertificação são baseadas na Ins-trução Normativa 007/99 do Minis-

tério da Agricultura e do Abasteci-mento – Mapa –, nas Normas daCalifórnia Certified OrganicFarmers – CCOF – e nas NormasInternacionais da Ifoam, que é aFederação Internacional dos Movi-mentos de Agricultura Orgânica,pioneira mundial em agriculturaorgânica. Guilherme esclarece queas regras de enquadramento daspropriedades no sistema orgânicosão rígidas, não apenas restringin-do-se aos aspectos ambientais, mastambém que sejam socialmentejustas, em que os lucros dasbeneficiadoras sejam repassadosaos produtores, e que esteparâmetro não represente um fa-tor de inflação no mercado dos pro-dutos orgânicos. A propósito, deacordo com Bressan, o sobrepreçopara o arroz orgânico varia a cadasafra e de cada empresa, entre 10%e 30%.

Trabalhando em parceria com aCooperativa Regional AgropecuáriaSul Catarinense – Coopersulca – etambém com a Indústria e Comér-cio de Arroz Ecológico TopanoteLtda., a Associação Orgânica vemaplicando novas técnicas na cultu-ra do arroz orgânico, baseadas emresultados de outras regiões e paí-

ses e em pesquisas e práticas queestão sendo testadas no Estado.Além do manejo permanente daágua, a rizipiscicultura, consórcioarroz/peixe, é uma das técnicas decultivo orgânico de arroz mais efi-cientes e utilizadas, em que os pei-xes fazem todo o trabalho de prepa-ro do solo, fertilização e controle depragas e invasoras. A adubaçãoneste sistema busca o equilíbrionutricional do solo. Com a inunda-ção permanente, a acidez é equili-brada e os teores de fósforo seelevam. No pousio, a técnica utili-zada é a cobertura verde, em quesão testados ervilhacas, trevo,azevém, aveia e nabo forrageiro etambém plantas aquáticas, como aazola (Azolla sp.), que, além defiltrar a água, fornece nitrogênio.Como reestruturadores da vida dosolo e adubação orgânica, são utili-zados para a cultura do arroz cinzade casca de arroz carbonizada,cama de aviário devidamentecompostada, pousio de animais nasquadras durante a entressafra (bo-vinos e búfalos) e adubo foliar natu-ral. E trabalha-se com áreas comboa fertilidade natural, principal-mente solos de turfa que possuemum dinamismo próprio. Para con-trolar as pragas dos grãos armaze-nados, está sendo testada a terrade diatomácea, que é um pó brancooriundo de depósito de algas que seformou há milhares de anos. O póde algas causa a morte dos insetospor dessecamento, segundo pes-quisas da Embrapa. O RogérioTopanote já utilizou em seu enge-nho o pó, na base de 1kg/ha, antesdo grão ser ensacado e o produtomostrou-se eficiente.

Segundo Guilherme Bressan, osresultados nos três anos de traba-lho (iniciou em 1999) da AssociaçãoOrgânica mostram que a produtivi-dade média das lavouras agroeco-lógicas utilizando cultivares mo-dernas atinge 120 sacos/ha(6.000kg/ha), sendo que a médiaregional no cultivo convencionalagroquímico é de 150 sacos/ha(7.500kg/ha). Para a cultivar

Na rizipiscicultura orgânica, além da produção de arroz, o agricultor, dequebra, colhe o peixe que lhe confere uma renda extra

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japônica, o arroz cateto orgânico(Formosa), a média da região atin-giu 85 sacos (4.250kg/ha), sendoque o cateto convencional ficou nos110 sacos, ou 5.500kg/ha, na médiado período. Ele esclarece ainda quea certificação do arroz leva algumtempo até que o produtor receba ocertificado de orgânico, normal-mente de um a dois anos. Nesteínterim, o arroz é considerado emconversão e recebe o nome de “ar-roz sem agrotóxico” ou “ecológico”,pois neste período já é obrigatóriaa eliminação dos produtos tóxicos ea apresentação de um plano deconversão para o processo orgâni-co da propriedade.

“Não conseguimos dar conta dasdemandas dos agricultores aqui doSul de Santa Catarina. Nossos cur-sos de profissionalização emagroecologia básica estão semprelotados”, revela o engenheiro agrô-nomo e pesquisador Renato BezFontana, responsável da Epagri peloprojeto de agroecologia na região.Renato também é um dos pioneirosnos trabalhos com a produção orgâ-nica e, além dos cursos profissio-nalizantes e das atividades de ex-tensão, articula novas ações depesquisa agroecológica. “O objeti-vo é ampliar o trabalho com culti-vos agroecológicos, seja na pesqui-sa, seja na extensão, e aos poucos irabolindo os insumos químicos nossistemas de produção de alimen-to”, propõe o pesquisador. Ele reve-la que uma das metas para o próxi-mo ano é implantar na região cur-sos profissionalizantes de arrozagroecológico e de fruticulturaagroecológica, com mais envol-vimento dos profissionais da Epagri,tanto na assistência técnica comona capacitação.

Empresas apostam noorgânico

A primeira cooperativacatarinense a investir na produçãoorgânica é a Coopersulca, de Tur-vo. Há praticamente 40 anos no

mercado do arroz, a Coopersulcadecidiu apostar no arroz agroeco-lógico, quando alguns produtoresisoladamente iniciaram a produ-ção de arroz com peixe no municí-pio há quase 10 anos. Hoje já são 22produtores associados, todos certi-ficados pela Associação Orgânica,que entregaram na última safracerca de 17 mil sacos. “Em janeirodeste ano, começamos a participarna merenda escolar com o arrozagroecológico e o filé de tilápia queé produzido nas quadras derizipiscicultura”, conta FlavioMarcon, presidente da Cooperati-va. Ele fala com orgulho desta ini-ciativa e diz que há 30 ou 40 anos aslavouras não tinham praticamenteagrotóxicos, havia mais equilíbriona natureza, a águanão estava contami-nada. “Hoje vemosque certos animaiscomo rãs, cobrasd’água, aves e pei-xes estão quase de-saparecidos doscampos”, lamenta.“Mas estamos dan-do a volta por cima,nosso arroz ecológi-co está tendo gran-de aceitação pelosconsumidores. Den-tro do nosso objeti-vo de termos umlucro justo e aindarepassar aos nossosassociados um re-torno atrativo etambém favorecer oconsumidor, esta-mos comercia-lizando o arroz or-gânico parboilizadoda Coopersulca emuma grande rede des u p e r m e r c a d o scatarinense a umpreço que é, inclusi-ve, inferior ao deduas marcas de altaqualidade do arrozconvencional”, con-

ta Flávio. Ele revela, também, queem testes de cocção o arroz orgâni-co se mostrou com um rendimentode panela 20% superior ao do arrozconvencional, que também écomercializado pela cooperativa.

O arroz com peixe é uma recei-ta que vem dando certo no Sul, nãosomente nas lavouras, mas tam-bém no prato dos consumidores.Pensando nas crianças em idadeescolar, a Nelice Nemirski Rosso,extensionista da Epagri, de JacintoMachado, que também é responsá-vel pelos cursos de merendeiras epara clubes de mães, conta que jáforam realizados 38 cursos nos vá-rios municípios da região Sul. Saiuaté uma cartilha com receitas vari-adas de peixe, de autoria da Nelice

Flavio Marcon, da Coopersulca, e o arroz ecológicoque tem grande aceitação pelos consumidores

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e da extensionista Marley W.Alborghetti, do Escritório Munici-pal de Araranguá, uma das parceri-as da Coopersulca com a Epagri.Nelice lembra que o peixe é umafonte de ácidos graxos, que ajuda areduzir problemas como hiperten-são e doenças cardiovasculares.Além disso, óleos de peixe podemevitar câncer de mama, próstata,pulmão e laringe. “Com a introdu-ção do peixe e do arroz agroecológicona merenda escolar, o aluno levarápara sua casa este hábito e comcerteza irá melhorar a sua alimen-tação e a de sua família”, asseguraa extensionista.

Mas não é só no Sul do Estadoque novos hábitos estão se forman-do. No Alto Vale do Itajaí, a Ali-mentos Nardelli Ltda., de Rio doOeste, desde 1998 começou a esti-mular seus agricultores parceirosa mudar seus sistemas de produçãode arroz, visando a agricultura or-gânica. Atualmente, segundo in-forma Alberto Nardelli, presidenteda empresa, são mais de 30 famíli-as cultivando o arroz “ecologica-mente correto”, em 150ha de la-vouras orgânicas e em conversão.

Além da rizipiscicultura, uma ve-lha técnica já utilizada na China,há séculos, está sendo estimuladapela Nardelli, que é o uso de mar-recos para fazerem o controle daspopulações de insetos predadoresdo arroz, principalmente o perce-vejo do colmo. Resumindo, a técni-ca consiste em soltar marrequinhosde 20 a 30 dias no arrozal, quetambém deve estar com 30 dias dedesenvolvimento. Nesta fase, asaves são bastante ativas e cobrembastante área, praticamente elimi-nando os insetos. Os marrecos po-dem permanecer na lavoura até oarroz chegar no ponto de algodão(início da formação do cacho), de-pois são retirados, pois desta faseem diante o objetivo de reduzir apopulação de insetos-pragas já foialcançado. Vale ressaltar que asobservações dos agricultores e dostécnicos mostram que os marrecosnão causam danos aos arrozais.Outra forma de utilizar as aves é noperíodo da entressafra, quando osmarrecos comem as ervas espontâ-neas, insetos do solo, enfim, fazemuma limpeza da área, poupando nouso de herbicidas e inseticidas.

Os produtores do Alto Vale pro-curam utilizar os resíduos orgâni-cos gerados nas próprias proprie-dades, como esterco de suínos, bo-vinos e aves. Utilizam tambémbiofertilizantes, adubação verde,controle biológico com fungos epreparados biodinâmicos. “Com amudança do sistema de produção, omeio ambiente está mais equili-brado, voltaram os sapos, as rãs, asaves silvestres, além de insetosbenéficos”, assinala AlbertoNardelli. Como a região é caracte-rizada pela agricultura de cunhofamiliar, as famílias normalmentevivem de outras atividades agríco-las, além do arroz. Por isso, aNardelli está estimulando os agri-cultores a produzirem outros ali-mentos sem uso de agroquímicos.Assim, a empresa está lançando nomercado geléias e conservas orgâ-nicas, tornando mais fácil a saídado agricultor de uma monocultura.

Pesquisas e técnicasestimulam os produtores

Para apoiar os profissionais daárea agrícola e produtores nos no-vos cultivos agroecológicos, a pes-quisa agropecuária está desenvol-vendo uma série de experimentospara testar as novas tecnologias. AEpagri, através da Estação Experi-mental de Itajaí e do Projeto dePesquisa do Arroz, iniciou há doisanos pesquisas visando estabele-cer um Sistema de Produção Orgâ-nica de Arroz Irrigado. O responsá-vel pelo Projeto é o engenheiroagrônomo e pesquisador JoséAlberto Noldin, tendo como execu-tores os engenheiros agrônomos epesquisadores Domingos SávioEberhardt, Honório FranciscoPrando, Ronaldir Knoublauch,Moacir Antônio Schiocchet eGosuke Sato. Neste Projeto sãocontemplados vários ensaios depesquisa como manejo da água e ouso de marrecos na entressafravisando o controle de plantas es-pontâneas (daninhas), estudo dos

Reportagem Arroz agroecológico

Os marrecos são grandes aliados dos produtores de arroz irrigadoorgânico. Na foto, as aves, colocadas antes da semeadura, alimentam-sede sementes e plântulas de ervas daninhas

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danos e biologia das ervas espontâ-neas na cultura do arroz irrigado.Também são pesquisadas formasde controle não químicas dos prin-cipais insetos-pragas da cultura.Neste sentido, estão sendo condu-zidos experimentos com controlebiológico com o uso de Beauveriabassiana e Metarhizium anisopliaepara o controle de bicheira-da-raize marrecos para o controle do per-cevejo-do-colmo do arroz. Outrapesquisa importante é o estudo deformas de adubação orgânica tes-tando a cama-de-aviário e a Azollasp. como fontes de suprimento denitrogênio. Na área de melhora-mento, estão sendo selecionadosgenótipos de arroz irrigado maistolerantes a condições de estresse,como baixa disponibilidade de nu-trientes e presença de pragas, emais competitivos com as plantasespontâneas. Em parceria com aUniversidade do Vale do Itajaí –Univali –, a Epagri está avaliando oefeito da toxicidade de herbicidas einseticidas sobre peixes e sobre avida aquática (zooplâncton,fitoplâncton e insetos aquáticos)nas quadras irrigadas, visando in-dicar aos agricultores quais os pro-dutos que apresentam menor riscode impacto ambiental. Em parceriacom a Embrapa, a Epagri está de-senvolvendo estudos de análise daágua em relação à possível conta-minação pelos agrotóxicos.

Na safra de 2001/02, pesquisa-dores do Projeto Arroz da EstaçãoExperimental de Itajaí conduzi-ram um experimento na proprie-dade do Sr. Dionísio Plotegler,no município de Ilhota, SC. A pes-quisa objetivou testar quatrotratamentos, sendo que a teste-munha era no sistema convencio-nal agroquímico de cultivo doarroz irrigado pré-germinado. Osoutros três tratamentos utilizaramsistemas agroecológicos (práticasculturais, marrecos e rizipis-cicultura). O tratamento com mar-recos foi o que se sobressaiu entreos quatro.

A Alimentos Nardelli Ltda.também investe em pesquisas emparceria com universidades.Atualmente está desenvolvendoduas pesquisas, e há uma terceirana fase de aprovação. A primeiraestuda o uso de azola comoalternativa para adubação verde,junto à Universidade Federal deSanta Catarina – UFSC. A se-gunda estuda o uso dos prepa-rados biodinâmicos, e a terceira,que está na fase de projeto, investigao uso de Beauveria Bassiana paracontrole da bicheira-da-raiz(Oryzophagus oryzae ) e dopercevejo-do-colmo (Tibracalimbativentris), em parceria comos cursos de Ecologia e QuímicaIndustrial de Alimentos daUniversidade para o Desen-volvimento do Alto Vale do Itajaí –Unidavi. Além disso, a Nardelliestá fazendo um resgate decultivares antigas, reproduzindopelo menos quatro delas parasementes nesta safra, sendo trêsde grãos curtos e uma de grãoslongos. Uma delas, de grãos curtos,já está sendo produzida pelosagricultores e disponível aosconsumidores.

Para verificar se estastecnologias testadas pela pesquisae pelos técnicos estão dando algumresultado, a reportagem entrou naslavouras dos agricultores, acompa-nhada do extensionista, o enge-nheiro agrônomo Marcos JoséRosso, de Turvo, e RogérioTopanote. A primeira parada foi napropriedade da família Scarabelot,na comunidade de São Pelegrino,município de Turvo. Os irmãos Raule Hildo foram um dos primeiros aarriscar no arroz ecológico. Inicia-ram há 12 anos com a rizipiscicul-tura e a conversão para o orgânicoou para ecológico há três anos,totalizando 10ha atualmente. Ascultivares utilizadas são as preco-nizadas pela pesquisa, ou seja, a108, 109 e 112, sendo que a 108 é apreferida, pois se adaptou melhorna propriedade. O empreendimen-to dos Scarabelot é diversificado,pois além do arroz engordam 150cabeças de suínos por lote e produ-zem cinco lotes por ano. Soma-se aisto uma produção de queijo, açú-car mascavo e melado, sem falarnos peixes (tilápia e carpa). O ester-co dos suínos é utilizado para afertilização dos viveiros de peixes e

Produtor Raul Scarabelot e Marcos Rosso, da Epagri, tendo logo atrás aplanta aquática azola em quadra de arroz irrigado ecológico

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também nas quadras de arroz. Outratecnologia é o aproveitamento daplanta aquática azola, que além defixar nitrogênio do ar serve de ali-mento, pois esta é rica emaminoácido arginina, que tem umpapel importante no crescimentodos peixes. Marcos Rosso explicaque o peixe na lavoura de arrozfunciona como trator, fazendo adestruição da palhada, orevolvimento do solo, alimentan-do-se de sementes, larvas de inse-tos, principalmente da bicheira-da--raiz, que causa grande prejuízoquando não controlada. O estercodo peixe aduba o solo e o seu movi-mento no fundo deixa o terrenopreparado, dispensando o uso deimplementos. Além disso, o peixetambém controla ervas espon-tâneas.

Ainda em Turvo, a RAC voltou auma propriedade onde fez uma re-portagem pioneira sobre arizipiscicultura na região (Vol. 8,no 2, jun. 1995). Trata-se da famíliaCibien – o pai José e os filhos Sergioe Luiz. O Sérgio atualmente estáproduzindo no Mato Grosso e oLuiz é que está tocando o empreen-

dimento, com 8ha derizipiscicultura, sendo 5ha com oarroz ecológico, entregue naCoopersulca. A novidade é que afamília decidiu investir na produ-ção de alevinos, na base de 700 e800 mil por safra. Possui um labo-ratório de produção e qualidadeconstruído no local com recursospróprios.

Em Jacinto Machado, agoraacompanhado do extensionista Ro-gério Topanote, a próxima paradafoi na propriedade da famíliaPossamai, em Linha Rovaris. Sãotrês irmãos e sócios da CooperativaAgrícola de Jacinto Machado –Cooperja –, Segefredo, AntonioCarlos e Valentim. No todo planta-ram na última safra cerca de 80hade arroz irrigado, e estãoincrementando para 90ha este ano,todos no manejo ecológico. Utili-zam as cultivares 109 e 111 daEpagri, e nesta safra estão testan-do a 112. Com o manejo permanen-te da água implantado sob a orien-tação do Rogério, os Possamai no-taram que, além de pouparem naágua, recurso cada vez mais vital eescasso, “o perfilhamento do arroz

veio mais parelho, mais bonito eforte”, conta o Antonio Carlos. Elediz ainda que no último ano redu-ziu em torno de R$ 10 mil o custocom agroquímicos. “Os agriculto-res que não fizeram o manejo per-manente sofreram com a seca domês de novembro nesta comunida-de”, conta o extensionista da Epagri.Mesmo aqueles que ainda não ade-riram totalmente ao arroz orgâni-co pouparam em torno de 20% comos agrotóxicos, pelo simples fato deadotarem uma ou outra técnicaque os Possamai vêm utilizando,como uso de esterco, manejo per-manente da água, etc. Os Possamairevelaram ainda outra qualidadeda família, que é o trabalho criativocom a mecanização agrícola. Eles,inclusive, acabaram de fabricarnovas rodas gigantes de trator paratrabalhar na lavoura irrigada, oque facilita bastante o trabalho dotratorista, evitando o atolamentono lamaçal.

Vizinha dos Possamai, a famíliaTramontin, com os irmãos Marce-lo e Moacir, é outra que aderiu aoarroz orgânico. E vai passar de 3hapara 10ha este ano, totalmenteagroecológicos ou orgânicos. A no-vidade aqui é o uso dos marrecos dePequim para o controle das ervasespontâneas. Bem na hora da visi-ta, o Moacir acabava de colocar umgrupo de marrecos nas quadras dearroz já com água, aprontando paraa semeadura nas próximas sema-nas. As aves percorreram a áreasempre à procura de ervas e inse-tos, limpando sem custos a lavou-ra. “Não acreditava que íamos con-trolar o canevão nesta área. Masagora, com o manejo permanente eos marrecos, as quadras ficam to-talmente limpas de pragas e er-vas”, conta satisfeito o produtor.

Por fim, Rogério Topanote in-forma que o arroz agroecológico jáestá atraindo mais um interessadode peso. Trata-se da Cooperja, quejá iniciou um trabalho de incentivoà produção de arroz orgânico comseus associados.

Família Possamai, de Jacinto Machado: novidades na lavoura e criatividadena mecanização

Reportagem Arroz agroecológico

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Reportagem de Eonir Teresinha Malgaresi e fotos deAires Carmem Mariga

Ele já é consideradouma das melhoresatividades do agronegócioem Santa Catarina.

Vindo da Costa doPacífico, adaptou-semuito bem às águas doLitoral Sul do Estado,especialmente na regiãode Laguna. Cresce rápidoe gera excelentes lucrospara o criador.

Do Pacífico para as águascatarinenses

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Reportagem Camarão

urante mais de 30 anos, afamília de Amilton dos Santos, dacomunidade Casqueiro, municípiode Laguna, enfrentou o que se podechamar de grandes desafios. Era sóchegar a época da pesca do camarão,no Rio Grande do Sul, e lá iam eles:seu Amilton, hoje com 63 anos, osfilhos Paulo, com 26 anos, e o caçulaAmilton, com 23 anos. Viajavammais de 600km para chegar à Lagoados Patos, onde o camarão atraipescadores de todos os lados. Láficavam de três a quatro meses,vivendo em barcos, barracas,tentando a sorte de boas pescarias.Mas, nem sempre era assim.“Algumas vezes valia à pena econseguíamos ter algum lucro,outras, a gente voltava maisempenhado do que quando ia”,afirma Amilton Júnior, que nãoquer mais nem lembrar aquelestempos difíceis.

A grande mudança na vida dosSantos começou em 2000, quandodecidiram não depender mais dafartura do mar para sobreviver. Aoinvés de pescar o camarão, elespassaram a criá-lo em viveiros,pertinho de casa. Em uma área de3ha foram construídos dois vivei-ros e a produção chega a 13t porano. É bastante camarão para quemestava acostumado a pegar, emépocas boas, não mais que 2t. Hoje,a família está rindo à toa. É visívela satisfação com os resultados des-te novo negócio. “Graças ao cama-rão eu consegui até construir aminha casa”, fala Paulo, casado háseis meses. A casa ainda não estátotalmente pronta, falta só a pintu-ra. Até agora, diz Paulo, “foramgastos em torno de R$ 25 mil, di-nheiro obtido com a venda do ca-marão. Se não fosse isso, eu nãoteria conseguido construir nem ametade”.

Outra família, também de pes-cadores artesanais, que apostou nocamarão é a de Joaquim José deSouza, pai de nove filhos, seis ho-mens e três mulheres. Todos osfilhos trabalham com o pai no cul-tivo do camarão, projeto que teveinício em outubro de 2000. No

primeiro ano foram implantadosdois viveiros, com 4ha cada um.Hoje são três viveiros e a meta échegar a cinco, totalizando 20ha deárea alagada. Cada dois filhos deseu Joaquim cuidam de um vivei-ro, dividem o trabalho e também oslucros. Esta foi a forma encontradapelo pai para deixá-los com umfuturo garantido. É o caso de Geral-do, 35 anos, que vê no camarãouma grande alternativa para man-ter a família do pescador vivendona comunidade com qualidade devida. “Desde o início a gente acredi-tou na idéia, como outros aqui deLaguna. O lucro pra nós chega a50% porque não temos despesascom empregados, o sistema de tra-balho é familiar.”

O começo

A história dessas duas famíliasrevela uma nova realidade na re-gião de Laguna, no Litoral SulCatarinense, graças à produção decamarão. A espécie cultivada é oc a m a r ã o - b r a n c o - d o - p a c í f i c o(Litopenaeus vannamei), nativa dacosta sul americana do OceanoPacífico, região que vai do Peru aoMéxico, com forte desenvolvimen-to na faixa costeira do Equador.Este camarão vem sendo cultivado

em vários países e aqui tambémdemonstrou rápido crescimento,excelente conversão alimentar eboa sobrevivência nos cultivos. Naúltima safra, foram produzidas noEstado 1.600t deste camarão, em45 fazendas de cultivo, com umaárea alagada de 523ha. Noventapor cento de toda a produção sai dosviveiros instalados na região deLaguna.

Se os números são significativos,as expectativas são maiores ainda.Na próxima safra, a produçãocatarinense deverá dobrar,chegando a 3.200t em 800ha deárea. Esse crescimento todo nãoacontece por acaso. É resultado doPrograma Estadual de Cultivo deCamarões Marinhos, promovidopelo Governo do Estado, através daSecretaria de Estado da Agriculturae Política Rural/Epagri, em parceriacom a Universidade Federal deSanta Catarina/Laboratório deCamarões Marinhos, que buscaexatamente dar oportunidades detrabalho e renda para as comu-nidades litorâneas, através docultivo de camarão. Para o coorde-nador estadual do Programa,Sérgio Winckler, oceanógrafo daEpagri, o que se busca é um cres-cimento ordenado da atividade eque todas as fazendas tenham o

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Fazendas de cultivo de camarão: nova paisagem em Laguna

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Reportagem Camarão

licenciamento ambiental, que sejamimplantadas seguindo uma sériede cuidados para não haverproblemas com o meio ambiente.Além disso, destaca Sérgio,“queremos possibilitar ao pequenopescador o acesso a essa atividade”.

Para obter o licenciamentoambiental, liberado pela Fundaçãodo Meio Ambiente – Fatma –, oprodutor precisa providenciarvários documentos, incluindo oprojeto técnico, elaborado por umaequipe especializada. “Nesteprojeto, são fornecidas informaçõestécnicas, econômicas, ambientaise de engenharia necessárias aolicenciamento e à construção dafazenda. O planejamento de toda aregião é observado para uma maiorracionalização dos recursosnaturais e redução de custos”,destaca Sérgio.

Desde 1985, o Laboratório deCamarões Marinhos, daUniversidade Federal de SantaCatarina, produz pós-larvas deespécies de camarão. O laboratório,localizado na comunidade Barra daLagoa, em Florianópolis, é hojeum centro de referência nacionalem pesquisa e produção de pós--larvas de camarão marinho. Em1998, atendendo às necessidades

dos produtores catarinenses parapovoamento das fazendas de cultivo,o laboratório passou a produzir pós--larvas de camarão-branco-do--pacífico. O negócio rapidamenteexplodiu. Para se ter uma idéia, em1998, a produção do laboratório foide 5 milhões de pós-larvas. Já paraa safra 2002/03, a produção chegoua 400 milhões de pós-larvas. Oprofessor Edemar Andreattacoordena os trabalhos realizadospelo laboratório há quase 20 anos.

Para ele, este entusiasmo todo pelocamarão se deve aos bonsresultados obtidos nas criações.“Nós conseguimos índices deconversão alimentar bastante altos,ganho de peso rápido e boasobrevivência nos cultivos, alémde um resultado financeiroexcelente. Isto impulsionou odesenvolvimento da atividade noEstado.”

Sucesso

Há pouco mais de dois anos, avida de Antônio dos Santos, maisconhecido em Laguna como NicoCoelho, resumia-se nas tarefas delida com o gado. Pecuaristatradicional na região, aos 73 anos,espírito empreendedor de umjovem, seu Antônio resolveu entãomudar completamente o ramo deseus negócios. As áreas compastagens, beirando a Lagoa SantoAntônio, de onde sai o famosocamarão de Laguna, não podiamser melhores para seremtransformadas em viveiros decultivo de camarão. Água não seriaproblema, era só canalizar epreparar os tanques. Assim foi feito.Hoje, seu Antônio possui quatroviveiros de cultivo, com tamanhomédio de 4ha e meio cada um. Aprodução na última safra chegou a

Geraldo de Souza: vida melhor com o camarão

Uso de aeradores é fundamental nos viveiros de criação

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Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003 39

22t de camarão. E foi num dia dedespesca que visitamos apropriedade. Dia ensolarado, céuazul, vento sul soprando, trazendoum ar gelado. Encontramos seuAntônio atarefado, dando todas asorientações para que a despescafosse um sucesso. Sorrisoestampado no rosto, tambémpudera, era uma das melhoressafras já produzidas. “Esse ventinhosul só veio ajudar ainda mais, nãodeixando o camarão aquecer”, dizele, empolgado. – E o camarão, seuAntônio? Está bonito? “Ah, nãoprecisa ser melhor. Está excelente,com um peso médio de 14,4g, em 75dias de cultivo. É um ótimoresultado”. Realmente, era bonitode se ver tanto camarão pulando,todos mantendo o mesmo padrãode qualidade.

Os bons resultados ocorremgraças a uma série de fatores, alémdo capricho e da dedicaçãopermanentes do produtor. Aqualidade da água é fundamental.O bom preparo dos viveiros e omanejo correto do cultivo sãooutros aspectos que o produtor nãopode se descuidar. Dizem alguns: otamanho do camarão é resultadodo que ele come. Se comer bastante,cresce e engorda rápido, se não, olucro é menor. O sucesso dessaatividade tem tudo a ver com odesenvolvimento de raçõesespecíficas, cada vez melhores eque propiciam maior conversãoalimentar. Nos viveiros, a ração édistribuída em bandejas, emquantidades controladas. Sãoquatro refeições por dia, emintervalos de 6 horas.

A palavra-chave responsávelpelo crescimento do camarão sechama temperatura. Em época defrio, o camarão não se alimenta,fica enterrado no fundo do viveiro.O ideal é que a temperatura daágua esteja acima de 25oC. Naregião de Laguna, a engordacomeça normalmente emsetembro, quando a temperaturasobe e vai até final de maio, antesde esfriar. Assim, os produtoresconseguem obter dois ciclos de

engorda por ano. A produção médiaanual por hectare é de 4.000kg, ouseja, 2.000kg/ciclo. – E por quantoo senhor está vendendo o quilo docamarão, seu Antônio? “Hoje estourecebendo aqui na fazenda R$

9,00/kg”, diz ele. Se é um bomnegócio? É só fazer as contas.Mas, é claro, não é tão simplesassim. Os custos de implantaçãode uma área de cultivo são altos.Para quem não possui a terra,hoje o valor está em torno de R$15 mil/ha. Para a construção dosviveiros são necessários cerca deR$ 20 mil/ha. “Dentro de dois a trêsanos será possível amortizaresse investimento”, analisa SérgioWinckler, alertando também queatualmente há dificuldades paracompra de terras para implantaçãode novas fazendas devido à grandeprocura.

União

Para a maioria dos pequenospescadores a possibilidade de entrarnesse novo negócio é difícil,exatamente pela falta de recursos.A saída então foi unir esforços.Assim, em 2001 começou a serformada, em Laguna, a Cooperativade Produção de Camarão da SantaMarta Pequena – Coopersanta –,integrando 42 famílias depescadores artesanais. Graças a umfinanciamento junto ao Banco daTerra, no valor de R$ 1.680.000,00,

Paulo Amilton dos Santos cuida da alimentação dos camarões à base deração

Camarão: crescimento rápido ebom preço no mercado

Reportagem Camarão

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40 Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003

Assim nasce o camarão

A produção das pós-larvas, filhotes de camarão, é realizada em Santa Catarina pelo Laboratório deCamarões Marinhos, da Universidade Federal de Santa Catarina. Tudo começa com a seleção dosreprodutores. No laboratório, são 700 fêmeas e 800 machos. Eles ficam acondicionados em tanques especiaise recebem uma série de cuidados, principalmente um regime nutricional rico, para que haja boa reprodução.Cada reprodutor tem capacidade para produzir em média 100 mil larvas por desova, uma prática que acontececontinuamente durante três a quatro meses.

Depois da desova, os ovos são incubados em tanques próprios para esta finalidade. As larvas nascidas sãocontadas, avaliadas e transferidas para o setor de larvicultura, onde permanecem durante 15 dias,acondicionadas em grandes tanques. No início são 6 milhões de larvas em cada tanque e no término,4 milhões – uma sobrevivência de 60%. Da larvicultura, as larvas são transferidas para os berçários. Nestafase, elas já começam a ser preparadas para ir aos tanques de engorda, recebem mais espaço e umaalimentação comercial, própria para camarão. Num período de 10 a 15 dias, as pós-larvas crescem e adquiremresistência para suportar as adversidades que encontrarão nos viveiros de engorda. Quando elas atingemde 12 a 15mm, estão prontas para seguir viagem até as fazendas de cultivo. “Quando essas pós-larvas atingemo tamanho ideal para serem transferidas, é feita uma aclimatação para a salinidade do viveiro que irá recebê--las, são contadas e embaladas em caixas de transporte de 400L. Nessas caixas são acondicionadas de 200a 300 mil pós-larvas”, esclarece o professor Edemar Andreatta, coordenador do Laboratório.

o grupo adquiriu uma área de terrade 153ha. A previsão é umaprodução de 400t de camarão porano.

O camarão está mudando nãoapenas a vida das famílias depescadores envolvidas no cultivo,mas toda a economia da região.Além de gerar renda para quemproduz, esta atividade abre novasoportunidades de trabalho. Cada2ha de cultivo possibilitam pelomenos um emprego direto. Deacordo com o engenheiro agrônomoda Epagri Joel Gaspar de Souza,extensionista em Laguna, calcula--se que hoje pelo menos 300 pessoasdesempregadas conseguiramtrabalho nas fazendas. Para Joel, ofuturo de Laguna deve partir deseu passado. “A história condicionao futuro, embora não o determine.Laguna sempre viveu de suas águase o seu futuro poderá vir a serextraído diretamente da aqüi-cultura.”

Eonir Teresinha Malgaresi, jornalista,Epagri, C.P. 502, 88034-901 Florianópolis,SC, fone: (048) 239-5649, fax: (048) 239-5647, e-mail: [email protected].

No verão, produtores fazem adespesca à noite para garantir aqualidade do camarão

Reportagem Camarão

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Informativo Técnico Abortamento de gemas em pereira

Efeito do aliette e da calda bordalesa no controleEfeito do aliette e da calda bordalesa no controleEfeito do aliette e da calda bordalesa no controleEfeito do aliette e da calda bordalesa no controleEfeito do aliette e da calda bordalesa no controledo abortamento de gemas floríferas em pereirado abortamento de gemas floríferas em pereirado abortamento de gemas floríferas em pereirado abortamento de gemas floríferas em pereirado abortamento de gemas floríferas em pereira

Onofre Berton e Frederico Denardi

Introdução

A morte de gemas floríferas empereira vem ocorrendo no Sul doBrasil desde 1987 nas cultivaresorientais como Housui, Nijisseiki,Shinseiki, Shinsui e Choujuurou.Também tem ocorrido nas cultiva-res européias como a Packham’sTriunph, Turkish, Cayuga eDuchesa D’angouleme. Naelucidação das causas, a primeirahipótese levantada atribui o pro-blema a um bloqueio do metabolis-mo por curtos períodos de elevaçãode temperatura durante o inverno.Esta elevação de temperatura apósum período frio reativaria o meta-bolismo das gemas, promovendo oinício da quebra de dormência. Aposterior diminuição da tempera-tura (oscilações de ocorrência fre-qüente no Sul do Brasil), com ocor-rência de geadas, bloquearia esteprocesso, causando a morte dasgemas. O abortamento de gemasem pereira (Figura 1) parece estar

estreitamente relacionado com ascondições meteorológicas e comcertas cultivares.

No Sul do Brasil, os registros de

maior incidência apontam para ascultivares orientais Nijisseiki,Housui, Choujuurou e Kikusui. Noentanto, as cultivares Kousui e

Figura 1 – Ramo de um ano da cultivar de pereira Housuicontendo gema florífera já abortada

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Resumo – A morte de gemas floríferas em pereira vem ocorrendo no Sul do Brasil desde 1987 em cultivaresorientais e européias. O problema tem sido atribuído a variações de temperatura durante o inverno, comreativação do metabolismo das gemas e posterior colapso por baixas temperaturas. A morte de gemas em pereiratem sido constatada em outros países e é objeto de estudos e pesquisas. Trabalhos têm reportado que, se as plantasrecebem frio suficiente durante o inverno, há uma redução significativa na morte de gemas. Na Espanha foiconseguido aumento de 70% na produção de peras com o uso de aliette, o qual controlaria a bactéria Pseudomonassyringae encontrada associada ao problema. No Sul do Brasil, onde ocorre ampla flutuação térmica, a morte degemas floríferas tem sido intensa mas há controvérsia com relação a possíveis causas da morte de gemas. Opresente trabalho testou aliette e calda bordalesa em um pomar de peras localizado em Fraiburgo, SC, para ocontrole do abortamento de gemas, com resultados pouco expressivos.Termos para indexação: pereira; abortamento de gemas; controle químico.

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Informativo Técnico Abortamento de gemas em pereira

Ya-Li, também orientais, não sãoafetadas por este fenômeno (1).Segundo o autor, além da deficiên-cia de polinização, o abortamentode gemas é uma das principaiscausas da pouca produtividade decertas cultivares, como a Nijisseikie a Housui, no Alto Vale do Rio doPeixe, em Santa Catarina. A inci-dência e a severidade do aborta-mento variam a cada ano e entrecultivares (2).

O fenômeno de morte de gemasque se verifica no Sul do Brasilpode ser de certa forma comparadoao que ocorre na Espanha, entre-tanto, as condições climáticas aquisão diferentes. Estudos realizadosrevelaram tratar-se de um proces-so que envolve o metabolismo dasgemas e a ação da bactériaPseudomonas siringae (3). O pro-blema ocorre quando, durante oinverno, houver reativação dometabolismo das plantas causadapor estímulos externos, como chu-vas e temperaturas elevadas. Nes-tas condições, o inchamento dasgemas floríferas provocaria o rom-pimento da camada de brácteasprotetoras, permitindo a entradada bactéria. Após esta invasão, aação da bactéria seria apenas a deacelerar o processo de nucleaçãode cristais de gelo, com conseqüen-te morte das gemas por congela-mento (4). Com a aplicação dealiette (250g de i.a./100L) durantea primavera, os autores citadosconseguiram o controle da mortede gemas em até 60% no cicloseguinte. Nutrifisiologistas espa-nhóis indicam a aplicação de caldabordalesa durante o outono (comu-nicação pessoal), cuja função seriainibir a reativação metabólica emperíodos de chuvas e de altas tem-peraturas outonais.

Tecidos que não recebem friosuficiente consomem carboidratosatravés da respiração. A capacida-de de mobilizar compostos orgâni-

cos pelas partes florais está direta-mente ligada ao aumento da sínte-se de citocininas. O amido é trans-formado por hidrólise em açúca-res, os quais aumentam a concen-tração osmótica nas células, prote-gendo as plantas contra os danoscausados pelo frio (5). Na Espanhaconseguiu-se aumento de 70% naprodução de peras com aplicaçõesquinzenais de Fosetyl–Al (250g/100L do produto comercial) nosmeses de maio e junho (6). Em Pe-lotas, RS, foram encontrados índi-ces de aborta-mento que variaramde 30% a 100% entre as diversascultivares e em diferentes anos. Aocorrência de altas temperaturas,seguidas por brusca diminuição,produziu a maior porcentagem deabortamento (7). Devido às flutua-ções térmicas diferenciadas entreSão Joaquim, SC, e Pelotas, RS, háum maior consumo das reservasde açúcares das gemas floríferasna região de Pelotas, o qual podeestar associado ao abortamento dasgemas na cultivar Nijisseiki (8).Resultados semelhantes foram ob-tidos em Caçador, onde ocorre am-pla flutuação térmica, com 93,5%das gemas abortadas na cultivarNijisseiki, e em São Joaquim, ondeocorre baixa flutuação térmica,com 1,3% de gemas abortadas (9).Em amplo estudo sobre o proble-ma, concluiu-se que o abortamentodas gemas não está relacionadocom as temperaturas máximas, aamplitude térmica, a umidade re-lativa do ar e nem com a presençade fungos fitopatógenos (10).

O presente trabalho teve porobjetivo testar o efeito do aliette (altris ethil) e da calda bordalesa nocontrole do abortamento de gemasfloríferas em pereira.

Material e métodos

O experimento foi conduzido emFraiburgo, SC, com as cultivares

européias Turkish e Pacham’sTriumph e com as cultivares asiá-ticas Housui e Nijisseiki, usando--se duas plantas/cultivar/tratamen-to, em delineamento inteiramentecasualizado. Foram aplicados osseguintes tratamentos: aliette a312,5g do produto comercial por100L de solução e calda bordalesana proporção de 1:1:100 (CuSO4:calvirgem:água). Os produtos foramaplicados em três épocas e em cadaépoca foram feitas três pulve-rizações, espaçadas de 15 dias,nas seguintes séries de datas:a) 19/11/93, 3/12/93 e 17/12/93;b) 3/12/93, 17/12/93 e 31/12/93;c) 17/12/93, 31/12/93 e 14/1/94. Es-sas épocas de aplicação foram ba-seadas em estudo desenvolvido naEspanha, no qual os autores conse-guiram cerca de 80% de controleusando aliette (6). As pulveriza-ções foram feitas com pulveriza-dor costal, bico tipo leque, empre-gando-se, em média, 2,5L de solu-ção por planta em cada pulveriza-ção. Durante a floração (setembrode 1994) foram feitas as seguintesavaliações: número total de gemasfloríferas (NGF) antes da floração,números de cachos florais com trêsou mais flores (NCF) durante afloração e estimativa do número degemas floríferas mortas (NGF--NCF). Os dados foram analisadospor fatorial 4x3x3 com duas repeti-ções.

Resultados e discussão

Os valores médios do númerode gemas florais em cada cultivar,a porcentagem de gemas floraisabortadas e a porcentagem de ge-mas com mais de três flores, paraas quatro cultivares, são apresen-tados na Tabela 1. Os númerosmostram que as cultivares queapresentaram o maior número degemas florais, Nijisseiki e Housui,também apresentaram o maior

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Informativo Técnico Abortamento de gemas em pereira

número de gemas florais necro-sadas e as menores porcentagensde cachos florais com mais de trêsflores. ‘Packam’s Triumph’ e‘Turkish’ apresentaram bem me-nos gemas florais, menosabortamento e mais cachos floraiscom mais de três flores. A mortali-dade de gemas floríferas foi muitoelevada, especialmente nas culti-vares asiáticas Housui eNijisseiki. A cultivar menossensível ao abortamento foi aPackam’s Triumph, com 81,14%de gemas necrosadas, seguida pelacultivar Turkish, com 87,36%. Ascultivares Housui e Nijisseiki fo-ram as mais sensíveis aoabortamento, com médias aproxi-madas de 95% e 97% de gemasnecrosadas, respectivamente (Ta-bela 1).

O estresse das plantas, quepredispõe as gemas floríferas aonecrosamento, pode ser devido àfalta de frio durante o inverno parasatisfazer as necessidades dasplantas, a problemas de aclimataçãode plantas, ao estado nutricionaldurante a dormência ou, ainda, aproblemas relacionados com aformação (morfogênese) das gemasde flor. É possível que este fator denecrosamento esteja sob controlegenético e independente daexigência em frio e/ou da época defloração. Esta hipótese encontrariarespaldo no fato de que a ‘WinterBartlett’ e a ‘Kousui’ florescemmais tardiamente e não têmmanifestado necrosamento degemas. No entanto, outrascultivares de floração tardia, comoa Housui e a Max Red Bartlett,manifestaram forte necrosamento.Da mesma forma, a maioria dascultivares de floração precoce comoSeleta, Tenra, Triunfo, Ya-Li eYakucho não apresentamnecrosamento, mas, por outro lado,a Pyrus 1, também de floraçãoprecoce, manifestou forte

Tabela 2 – Condições meteorológicas ocorridas em Fraiburgo, SC, demaio a setembro de 1993, período de dormência das gemas da pereira

Temperatura HorasPrecipitação UR do arMês média de frio

(°C) (≤ 7,2°C)(mm) (%)

Maio 13,0 92 224,5 83,3

Junho 11,6 130 82,5 82,1

Julho 11,9 195 118,3 80,2

Agosto 12,2 127 32,9 74,6

Setembro 13,6 43 306,8 81,7

Tabela 1 – Valores médios de gemas florais produzidas, gemas floraisabortadas e cachos com mais de três flores, nas quatro cultivares depereira estudadas. Fraiburgo, SC 1

Número médioMédia Média de

Cultivar de gemasde gemas cachos florais com

floraisabortadas mais de três flores

(%) (%)

Packam’s 180,0 a 81,14 a 18,58 a

Turkish 123,0 a 87,36 b 14,27 a

Housui 808,6 b 94,94 c 5,05 b

Nijisseiki 1.360,4 c 96,93 c 3,06 b

1Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste deTukey (P = 0,05).

necrosamento de gemas emobservações realizadas nos últimosanos.

As condições meteorológicasocorridas em Fraiburgo, SC,durante o período de dormênciadas gemas da pereira são mostradasna Tabela 2.

O insuficiente número de horasde frio durante o inverno pareceser um dos fatores importantes noabortamento de gemas em pereira.Isto explicaria as altas porcentagensde gemas necrosadas obtidas nesteexperimento. A porcentagemmédia de gemas florais abortadas ésignificativamente menor nascultivares européias Packam’sTriumph e Turkish, comparadas

com as asiáticas Housui e Nijisseiki(Tabela 1). Entretanto, não hádiferença entre a porcentagem degemas florais abortadas entre ostratamentos (Tabela 3), indicandoque nas cultivares testadas nãohouve nenhum efeito dosfungicidas no controle do abor-tamento de gemas florais duranteo ciclo.

A interação significativaobservada entre cultivares etratamentos na análise da variânciaperde qualquer significado prático,pois, apesar de as cultivaresresponderem de forma diferente acada fungicida, a redução donúmero de gemas florais abortadasnão justifica seu uso.

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44 Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003

Informativo Técnico Abortamento de gemas em pereira

Nas condições climáticas deFraiburgo, onde foi realizado esteexperimento, a presença da bacté-ria Pseudomonas siringae e de fun-gos do grupo oomicetos associadosao necrosamento das gemas, em-bora não deva ser descartada, pare-ce não se constituir em fator degrande importância. De acordo comestudos recentes, o abortamentode flores parece estar relacionado àinsuficiente quantidade de friorecebido pelas plantas durante operíodo de dormência, entretanto,os autores reconhecem que há ou-tros fatores envolvidos (9). Apossibilidade de fungos fito-patogênicos estarem associados aoabortamento de gemas floríferasem pereira foi descartada apósamplo estudo sobre o problema(10). Apesar de ainda ter muitopara elucidar com relação a esseproblema, é preciso reconhecer quepassos muito importantes jáforam dados nesta última décadapara a identificação das causas doabortamento de gemas em pe-reira.

Conclusão

Nas condições em que foirealizado o experimento, pode-seconcluir que não houve efeito doaliette e da calda bordalesa nocontrole do abortamento de gemas

florais nas cultivares de pêraPackam’s Triumph, Turkish,Housui e Nijisseiki.

Literatura citada

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EPAGRI. Nashi, a pêra japonesa .

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yemas de flor en el peral. Fruticultura

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5. RYUGO, K. Fruticultura – ciência e

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6. MONTESINOS, E.S.; VILARDEL, P.C.;

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LLORENTE, I. Avaluació de eficacia

dáplicacions foliares de bor,

Tabela 3 – Porcentagem média de gemas florais abortadas nas quatrocultivares de pêra testadas após o uso de aliette e calda bordalesa

TratamentoMédia de gemas florais abortadas1

(%)

Aliette 88,69 a

Calda bordalesa 92,54 a

Testemunha 89,06 a

1Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste deTukey (P = 0,05).

desinfectants antibiotics i etil fosfonat

dálumini en el control de la necrosis de

borrons de flor de la perera. Resum

d’experimentacions de la Fundación

Mas Badia, Mas Badia, v.4. p.133-138,

1993.

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NAKASU, B.H. Época de abortamento

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pears, “Houssui” and “Nijisseiki, during

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in Pelotas, RS and São Joaquim, SC,

Brazil. (não publicado).

9. PETRI, J.L.; LEITE, G.B.; YASUNOBU,

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10. MARODIN, G.A.B. Época e

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florais em pereira (Pyrus communis

L.) cv Packham’s Triumph em

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climáticas. 1998. 191p. (Doutorado em

Fitotecnia) - Faculdade de Agronomia,

Universidade Federal do Rio Grande

do Sul, Porto Alegre.

Onofre Berton, eng. agr. Ph.D., Epagri/

Estação Experimental de Caçador, C.P.

591, 89500-000 Caçador, SC, fone: (049)

563-0211, e-mail: [email protected]

e Frederico Denardi, eng. agr., M.Sc.,

Epagri/Estação Experimental de Caçador,

C.P. 591, 89500-000 Caçador, SC, fone:

(049) 563-0211, e-mail: denardi@epagri.

rct-sc.br.

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Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003 45

Informativo Técnico Arborização de pastagens

Arborização de pastagens: alternativa paraArborização de pastagens: alternativa paraArborização de pastagens: alternativa paraArborização de pastagens: alternativa paraArborização de pastagens: alternativa paraincrementar a produção pecuária e florestalincrementar a produção pecuária e florestalincrementar a produção pecuária e florestalincrementar a produção pecuária e florestalincrementar a produção pecuária e florestal

Rubens Marques Rondon Neto, Marcos Vinicius Winckler Caldeira eLuciano Farinha Watzlawick

Introdução

A arborização de pastagens éuma modalidade do sistemasilvipastoril, constituindo-se emuma prática econômica de incenti-vo ao repovoamento florestal deforma parcial e ordenada das áreasde pastagens a céu aberto (1). Elapermite também incrementar aprodução pecuária e florestal, alémde contribuir para a diversificaçãode produtos florestais e pecuáriosna propriedade rural.

Este trabalho tem como objetivofornecer informações básicas paraa realização da arborização daspastagens naturais e plantadas doBrasil.

Vantagens daarborização daspastagens

Algumas vantagens de arborizaros pastos são citadas por váriospesquisadores (1, 2, 3 e 4), taiscomo:

• Fornecer alimentos para ogado com as árvores de espéciesforrageiras.

• Fornecer produtos de origem

florestal para uso na propriedaderural e os excedentes podem sercomercializados.

• Fornecer sombra e abrigo,livrando os animais das variaçõesclimáticas causadas por insolação,frio, chuva e vento, que podematrapalhar o crescimento, a fertili-dade, a saúde e a produção dosanimais.

• Aproveitar os nutrientes dascamadas mais profundas do solo,transportando-os para a superfície,onde os nutrientes ficam disponí-veis às forrageiras herbáceas, atra-vés dos processos de ciclagem denutrientes.

• Promover o aumento dabiodiversidade, inclusive de inimi-gos naturais das pragas de pasta-gens e parasitas dos animais.

• Melhorar a paisagem e valori-zar a propriedade.

• Propiciar redução da velocida-de dos ventos, amenizar os cicloshidrológico e térmico e contribuirpara a fixação de carbono.

• Aumentar a oferta de traba-lho no meio rural na implantação,no manejo das árvores, na colheitae no processamento da produção.

A maximização dos benefícios

da arborização da pastagem depen-de da escolha do sistema dearborização que melhor se ajusta àpastagem e aos animais.

Desvantagens daarborização daspastagens

A presença de árvores no pastopromove redução da luminosidadedisponível para as plantas que cres-cem sob suas copas, podendo propi-ciar uma diminuição da produçãode matéria seca das espéciesforrageiras. Esse efeito negativodepende da tolerância da forrageiraao sombreamento, do nível desombreamento causado pelas ár-vores, do manejo utilizado e dascondições do ecossistema (5).

As árvores também podem com-petir por água e nutrientes com aspastagens, caso o sistema não sejadevidamente manejado. Um nú-mero reduzido de árvores no pastopromove a competição por elasentre os animais, provocando aredução da área de pastagem e acompactação do solo (4). Algumasespécies arbóreas apresentam ca-ráter invasor, o que pode promover

Resumo – O presente trabalho aborda a prática de arborizar as pastagens naturais e plantadas, retratando suasvantagens e desvantagens produtivas, biológicas e socioeconômicas. Também se comenta sobre os tipos desistemas de arborização de pastagens, formas de implantação e manejo, seleção de espécies arbóreas, escolha dotipo de muda e cuidados e maneiras de proteger as mudas de danos provocados pelos animais.Termos para indexação: arborização de pastagens; pastagem; sistema silvipastoril.

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Informativo Técnico Arborização de pastagens

a redução do crescimento daforrageira e modificar desfavora-velmente a composição florísticado pasto.

Sistemas de arborizaçãode pastagens

Bosques

Os bosques servem como refú-gio para os animais, pois o pastonesses locais pouco se desenvolve.Os bosques também podem ser for-mados a partir de capões de matasnaturais e/ou desmatadas (4).

As implantações dos bosques sãofáceis, devendo começar com avedação da área com cercas, plan-tio das mudas e realização de podase desbastes, obtendo lenha e ou-tros produtos. As mudas podem serplantadas em espaçamentos de3 x 2m, 3 x 3m ou 4 x 4m (4). Aliberação da área ocorre aproxima-damente em dois a quatro anosapós o plantio (3), quando as árvo-res atingirem alturas superiores a4m e diâmetros maiores que 10cmà altura do peito (DAP) (6).

Uma boa oportunidade para aimplantação dos bosques é durantea reforma da pastagem, pois nessaépoca os piquetes ficam sem ani-mais. Esse sistema de arborizaçãotambém pode ser implantado como gado no pasto, desde que hajaproteção.

Árvores isoladas

Tem como principal objetivo pro-piciar proteção ao rebanho, comosombra ou quebra-vento, evitandoestresse térmico e visando amelhoria da produção dos animaise da qualidade da pastagem.

As árvores esparsas dentro dapastagem, geralmente, não impe-dem o crescimento normal dasforrageiras, podendo-se plantar até100 árvores/ha, dependendo da es-pécie e, principalmente, da área edensidade de copa (1). O crescimen-to e a competição das árvores nopasto podem ser controlados atra-

vés de podas e/ou desbastes.

Árvores em faixas

São plantadas faixas de árvoresrecortando toda a pastagem, prefe-rencialmente em nível. Tambémvisa a produção de madeira paraserraria. Geralmente, essas faixassão compostas de linhas simples,duplas ou triplas, bem distanciadascom 10 a 100m uma da outra, comespaçamentos na linha de 3 x 2m,3 x 3m, etc., orientadas no sentidoleste-oeste, para permitir maiorinsolação às pastagens.

A implantação das linhas tam-bém exige a proteção das mudas,que pode ser feita com grades oucerca elétrica temporária colocadaa poucos centímetros das plantas.A outra forma de implantar essesistema de arborização é durante areforma da pastagem (6).

Os animais são introduzidos nopasto assim que as árvores atinjamalturas e DAP superiores a 4m e10cm, respectivamente. Geralmen-te, esse porte é suficiente para queos animais não danifiquem as árvo-res.

A escolha das espéciespara arborizar aspastagens

Na seleção das espécies paraarborizar os pastos é importanteobservar as seguintes característi-cas: não apresentar caráter inva-sor; ter crescimento rápido, troncoreto e sistema radicial profundo;produzir forragem palatável paraos animais (folhas e frutos); apre-sentar capacidade de rebrota, copafrondosa (no mínimo 20m2) e alturamínima de 3m; não perder as fo-lhas nos períodos críticos de secas,geadas e ventos frios; ser resisten-te às geadas; não produzir frutosgrandes (acima de 5cm de diâme-tro); não ser tóxica e nem possuirespinhos; a produção de mudas deveser fácil, estar adaptada às condi-ções da região e possuir capacidadede fixar nitrogênio, preferindo as

espécies leguminosas (4, 7 e 8).Para a região Sul do Brasil,

algumas espécies para a arbori-zação das pastagens são sugeridas,como:

Leguminosas

• Acácia (Acacia melanoxylonR. Br.).

• Acacia-negra (Acacia mearnsiiDe Wild.).

• Angico (Anadenantheracolubrina (Vell.) Brenan).

• Angico-guarucaia (Parapip-tadenia rigida (Benth.) Brenan).

• Araribá (Centrolobiumtomentosum Guillemin ex Benth.).

• Bracatinga (Mimosa scabrellaBenth.).

• Canafístula (Peltophorumdubium (Spreng.) Taub.).

• Corticeira (Erythrina falcataBenth.).

• Farinha-seca (Albizia hassleri(Chodat) Burkart).

• Guapuruvu (Schizolobiumparahyba (Vell.) S.F. Blake).

• Sibipiruna (Caesalpiniapeltophoroides Benth.).

• Timbaúva (Enterolobiumcontortisiliquum (Vell.) Morong).

Outras famílias

• Aroeira-mansa (Schinusterebinthifolius Raddi).

• Canjarana (Cabralea canjerana(Vell.) Mart.).

• Cinamomo-gigante (Meliaazedarach L.).

• Eucalipto (Eucalyptus spp.).• Grevílea (Grevillea robusta A.

Cunn. ex R. Br.).• Jequetibá (Cariniana estrellen-

sis (Raddi) Kuntze);• Louro-pardo (Cordia tricho-

toma (Vell.) Arráb. ex Steud.).• Socrujuva ou sobrasil (Colu-

brina glandulosa Perkins).

Escolha do tipo de muda

Quando se opta pelo sistema deárvores isoladas, deve-se dar prefe-rência para as chamadas “mudas

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Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003 47

Informativo Técnico Arborização de pastagens

de arborização urbana”, tambémconhecidas por “mudas de espera”.Trata-se de mudas de porte alto,geralmente usadas na arborizaçãourbana e de pastagens. No entan-to, as mudas produzidas no sistemaconvencional (sacos plásticos outubetes) também podem ser utili-zadas nesse sistema de arborizaçãode pastagem, porém são maisindicadas para os sistemas de for-mação de faixa ou bosques.

Proteção das mudas napastagem

É preciso proteger as mudas dosanimais, pois esses possuem ten-dências em danificar ou destruir asmudas plantadas na pastagem, exi-gindo métodos práticos e econômi-cos para a sua proteção (1). Ummétodo de proteção sugerido é ouso de grades construídas commadeira ou bambu, cercadas comarame farpado ou esses própriosmateriais (Figura 1).

A proteção deve ser retiradasomente quando as plantas estive-rem já estabelecidas e com alturamínima que elimine o risco de se-rem danificadas pelo gado. As árvo-res devem ser protegidas das quei-

madas, que causam injúrias ou atémesmo a morte, bem como da com-petição de plantas invasoras e doataque de pragas e doenças.

Literatura citada

1. BAGGIO, A.J. Pesquisa revela: árvo-res no pasto beneficiam a produçãopecuária. Folha da Floresta, n.10, p.4-6, jul.1997.

2. CARVALHO, M.C. Arborização de

pastagens cultivadas. Juiz de Fora:Embrapa – CNPGL, 1998. 37p.(Embrapa – CNPGL. Documentos, 64).

3. MEDRADO, M.J.S. Sistemasagroflorestais: aspectos básicos e indi-cações. In: GALVÃO, A.P.M. (org.)Reflorestamento de propriedades ru-

rais para fins produtivos e ambientais:

um guia para ações municipais e re-gionais. Brasília: Embrapa. 2000. p.269-312.

4. VILCAHUAMAN, L.J.M.; BAGGIO,A.J.; SOARES, A. de O. Arborização

de pastagens . Colombo: Embrapa –Florestas, 2000. 15p. (Embrapa – Flo-restas. Documentos, 49).

5. CARVALHO, M.C. Utilização de siste-

mas silvipastoris. In: SIMPÓSIO SO-BRE ECOSSISTEMAS DE PASTA-GENS, 3, 1997, Jaboticabal, SP. Anais...

Jaboticabal: FCAV/UNESP, 1997.p.164-207.

6. BAGGIO, A.J.; SILVA, V.P. Métodosde implantação de sistemas silvipastorisna região do Arenito Caiuá, Paraná.In: CONGRESSO BRASILEIRO DESISTEMAS AGROFLORESTAIS, 2,1998, Belém . Anais... Belém: 1998.p.189-191.

7. BAGGIO, A.J. Alternativa agroflo-restal para recuperação de solos de-gradados na região sul do país. In:SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE RE-CUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRA-DADAS, 2, 1994, Foz do Iguaçu, PR.Anais... Foz do Iguaçu: FUPEF, 1994.p.126-131.

8. MONTOYA, L.J.; MEDRADO, M.J.S.;MASCHIO, L.M.A. Aspectos dearborização de pastagens e de viabili-dade técnica-econômica da alternati-va silvipastoril. In: CONGRESSOBRASILEIRO SOBRE SISTEMASAGROFLORESTAIS, 1, e ENCON-TRO SOBRE SISTEMAS AGROFLO-RESTAIS NOS PAÍSES DOMERCOSUL, 1, 1994, Porto Velho.Anais... Colombo, PR: Embrapa-CNPF, 1994. v.1, p.157-171.

Rubens Marques Rondon Neto, eng.florestal, M.Sc., doutorando em Engenha-ria Florestal, Universidade Federal doParaná, Av. Pref. Lothário Meissner, 3.400,Jardim Botânico, 80210-170 Curitiba, PR,fone: (065) 621-6173, e-mail: [email protected]; Marcos Vinicius

Winckler Caldeira, eng. florestal, M.Sc.,doutorando em Engenharia Florestal, Uni-versidade Federal do Paraná, Av. Pref.Lothário Meissner, 3.400, Jardim Botâni-co, 80210-170 Curitiba, PR, fone: (041)363-1481, e-mail: [email protected] Luciano Farinha Watzlawick, eng.florestal, M.Sc., doutorando em Engenha-ria Florestal, Universidade Federal doParaná, Av. Pref. Lothário Meissner, 3.400,Jardim Botânico, 80210-170 Curitiba, PR,fone: (041) 363-1481, e-mail: [email protected] 1 – Detalhes da grade para a proteção das mudas na pastagem

1,8 a 2m

40 a 50cm

0,8 a 1m

1,8 a 2m

40 a 50cm

0,8 a 1m

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Informativo Técnico Erva-mate

Influências de fatores abióticos no desenvolvimentoInfluências de fatores abióticos no desenvolvimentoInfluências de fatores abióticos no desenvolvimentoInfluências de fatores abióticos no desenvolvimentoInfluências de fatores abióticos no desenvolvimentoda cultura da erva-mateda cultura da erva-mateda cultura da erva-mateda cultura da erva-mateda cultura da erva-mate

Gilson José Marcinichen Gallotti

erva-mate (Ilex paraguariensisSt. Hil.) é uma espécie arbóreaamplamente difundida no Sul doBrasil, Nordeste da Argentina e naparte Oriental do Paraguai. NoEstado de Santa Catarina, ocorremervais nativos em aproxima-damente 140 municípios, principal-mente no Planalto, zona do pinheiro(Araucária angustifolia), desde aSerra do Mar até o Extremo Oesteno município de DionísioCerqueira. Ocorre em menorfreqüência na chamada mata brancaque compõe as florestas do Vale doRio Uruguai, ocorrendo novamentecom maior freqüência no Alto Valedo Rio Uruguai, nos pontos decontato com os pinhais (1). Nosúltimos anos, em função de umademanda crescente, a erva-matetem sido cultivada em povoamentospuros, para atender às necessidadesdo mercado, o que tem causado umaumento na incidência de pragas edoenças. As doenças podem serclassificadas como de origemparasitária (bióticas) e nãoparasitária (abióticas) (2). Váriossão os fatores abióticos que podeminfluenciar as plantas. Ferreira (2)cita os extremos de temperatura,

umidade e luminosidade (excessi-vamente elevados ou baixos), aacidez e alcalinidade excessiva dosolo, as deficiências e a toxicidademineral em plantas, fitotoxicidade,a poluição do ar, a competição deplantas e alelopatia, os ventos, amalformação anatômica, anorma-lidades genéticas, raios e chuva degranizo como fatores causais de

doenças abióticas ou de causas nãoparasitárias. Em certas situações,normalmente raras, ocorrem anor-malidades genéticas (Figura 1), emque a muda resultante apresentalimbo variegado que foge do padrãonormal, tornando a planta comrara beleza ornamental.

Entre os fatores de causasnão parasitárias na cultura da

Figura 1 – Muda de erva-mate apresentando limbo variegado

A

Resumo – A erva-mate, que era tradicionalmente obtida a partir de ervais nativos, vem nos últimos anos sendocultivada em povoamentos puros. Esta prática tem acarretado o aumento de pragas e doenças. As doenças podemser classificadas como doenças de origem parasitária (biótica) ou não parasitária (abiótica). Os fatores abióticosobservados com maior freqüência nos plantios solteiros de erva-mate, no Planalto Norte Catarinense, são atemperatura e umidade excessivamente baixa e alta, respectivamente, a baixa acidez do solo, a fitotoxicidade ea falta de rustificação das mudas antes do plantio.Termos para indexação: Erva-mate; fatores abióticos; causas não parasitárias.

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Informativo Técnico Erva-mate

erva-mate, em plantios solteiros,observados com maior freqüênciana região de Canoinhas, PlanaltoNorte Catarinense, estão a tempe-ratura e umidade excessivamentebaixa e alta, respectivamente, abaixa acidez do solo, a fitotoxicidadee a falta de rustificação das mudasantes do plantio. Os ervais nativosocorrem naturalmente em solosque apresentam boa drenagem, masnão ocorrem em baixadas úmidas.Com a utilização da drenagem, eli-mina-se a limitação do excesso deumidade do solo que a erva-matenão tolera, possibilitando o desen-volvimento da cultura, mesmo quecom menor produtividade. Algunsplantios, efetuados nas áreas maisbaixas, têm sofrido sérios danospela baixa temperatura, em anoscom geadas fortes e tardias, che-gando a causar a morte parcial oude toda a parte aérea (Figura 2). Nociclo seguinte as plantas rebrotamda base.

Os danos causados em anos comfortes geadas, mesmo em plantiosem locais mais elevados, têm sidoobservados, com temperaturas em

torno de -10oC, causando lesões nacasca em toda a planta ou nasproximidades do solo, quando asplantas são jovens (Figura 3). Asplantas posteriormente produzema periderme necrofilática, paraproteger, externamente, o lenhoformado após os danos causadospela geada. Internamente é for-mada uma barreira de com-partimentalização do lenho. As gea-

Figura 2 – Morte de toda a parteaérea de plantas novas deerva-mate, causada após geadas deforte intensidade, com posteriorrebrota da base

das tardias também têm causadodanos, em alguns anos, nasbrotações novas (Figura 4), mas asplantas se recuperam posterior-mente.

A cultura da erva-mate se de-senvolve bem em solos com eleva-da acidez, bom teor de matériaorgânica e boa estrutura. Pode tam-bém se desenvolver satisfatoria-mente em solos que anteriormen-

Figura 3 – Morte parcial da parte basal da casca, de plantas novas deerva-mate, após geadas severas

Figura 4 – Morte das brotações de erveiras causada pela ocorrência degeadas tardias

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Informativo Técnico Erva-mate

te eram cultivados com outras cul-turas e que sofreram a prática dacalagem. No entanto, o pH do solonão deve ser elevado, próximo ouacima de 6,0, pois nestas condiçõesocorre um crescimento reduzidodas plantas (1), com seca de ramosou até da planta toda. As folhaspodem apresentar cloroses e/oucloroses com necroses (Figura 5)nas partes entre as nervuras quan-to maior for o pH. De forma práti-ca, o que se observa é que o pH dosolo deve ser abaixo de 6,0. O idealé que não ocorra a neutralização doalumínio, pois, a partir daí, quantomaior o pH maiores os danos nodesenvolvimento das erveiras.

A fitotoxicidade tem sido obser-vada em plantios novos, normal-mente no primeiro ano de plantio,após o uso de herbicidas. Nestascondições, as erveiras podem terseu crescimento diminuído ou atéparalisado por alguns meses, de-pendendo do princípio ativo utiliza-do.

O plantio das mudas a céu aber-to, sem a rustificação necessárianos viveiros, tem causado tanto

necroses foliares como necrosesnos pontos de crescimento, devidoà desidratação. Estas necroses se-

rão tão mais intensas quanto me-nos rustificadas as mudas, e, emmuitos casos, também associadascom a época de plantio das mudas.Quanto maiores forem os danosprovocados pela desidratação dostecidos, maior será o tempo neces-sário para que as mudas retornemao crescimento normal, sendo que,em muitos casos, as mudas ficamtão estressadas que podem atémorrer.

Literatura citada

1. DA CROCE, D.M.; FLOSS, P.A. Cultu-

ra da erva-mate no Estado de Santa

Catarina. Florianópolis: Epagri, 1999.81p. (Epagri. Boletim Técnico, 100).

2. FERREIRA, F.A. Patologia florestal;principais doenças florestais no Brasil.Viçosa: Sociedade de InvestigaçõesFlorestais, 1989. 570p.

Gilson José Marcinichen Gallotti,eng. agr., M.Sc., Epagri/Estação Experi-mental de Canoinhas, C.P. 216, 89460-000Canoinhas, SC, fone: (047) 624-1144, fax:(047) 624-1079, e-mail: [email protected].

Figura 5 – Clorose generalizada emfolhas de erveiras cultivadas emsolo com pH 6,7 (próximo à neutra-lidade)

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Sustentável do Estado de

Santa Catarina

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Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003 51

Informativo Técnico Controle homeopático do carrapato bovino

Forrageiras com propriedades antibióticas eForrageiras com propriedades antibióticas eForrageiras com propriedades antibióticas eForrageiras com propriedades antibióticas eForrageiras com propriedades antibióticas erepelentes no controle do carrapato de bovinos,repelentes no controle do carrapato de bovinos,repelentes no controle do carrapato de bovinos,repelentes no controle do carrapato de bovinos,repelentes no controle do carrapato de bovinos,

BoophilusBoophilusBoophilusBoophilusBoophilus microplusmicroplusmicroplusmicroplusmicroplus

André Flávio Soares Ferreira Rodrigues

Introdução

Dentre os carrapatos que des-pertam interesse por infestaremanimais de companhia e produção,destaca-se o Boophilus microplus(Figura 1). Tal relevância deve-seaos grandes prejuízos gerados poreste ectoparasito. Os gastos sãodevidos à diminuição da produçãode leite e carne, mortalidade poranemia ou por transmissão depatógenos (como os da TristezaParasitária Bovina), prejuízos cau-sados ao couro, gastos com produ-tos químicos e instalações para seucontrole. A soma destes gastos giraem torno de US$ 1 bilhão por ano.

Cerca de 95% da população de B.microplus encontra-se na fase nãoparasitária, no ambiente, entre-tanto o controle atualmente estávoltado para a fase parasitária (1).A utilização excessiva de banhos decarrapaticidas, além de ter custoselevados, ainda esbarra no proble-ma da geração de resistência eprovoca danos ambientais (2). Atendência atual é que se utilize nãoapenas o banho carrapaticida, mas

uma série de medidas que estrate-gicamente e integradamente pos-sam causar redução da populaçãode carrapatos a níveis capazes demanter a imunização natural aosagentes da Tristeza ParasitáriaBovina, sem que se obtenha maio-res danos.

Uma estratégia de controle paraa fase não parasitária de B.microplus é a utilização de plantasforrageiras com propriedades deantibiose (letais) e antixenose (re-pelentes). Esta medida, junta-mente com as demais, podepotencializar o controle, com cus-

Figura 1 – Adulto de Boophilus microplus

Resumo – Os gastos envolvidos no controle do carrapato dos bovinos, no Brasil, giram em torno de US$ 1 bilhãopor ano. Uma estratégia de controle de baixo custo é a utilização de forrageiras com propriedades antibióticas eantixenóticas, que integrada a outras medidas pode potencializar o controle. Espécies como Melinis minutiflora,Andropogon gayanus e Stylosanthes spp. têm mostrado eficiência no controle deste parasita. O texto discutealgumas propriedades e a aplicabilidade destas espécies.Termos para indexação: Boophilus microplus; Melinis minutiflora; Andropogon gayanus; Stylosanthes spp.;controle integrado.

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Informativo Técnico Controle homeopático do carrapato bovino

tos relativamente baixos. Serãodiscutidas algumas consideraçõessobre antixenose e antibiose e asespécies de plantas que têm sidotestadas para este tipo de controle,sobretudo em relação às larvas deBoophilus microplus.

Considerações ecológicase comportamentais emrelação à fase larval

Para que se possa entender omecanismo do controle estratégicointegrado, é preciso levar em con-sideração o ambiente em que alarva, na fase não parasitária, seencontra, já que a pastagem de-sempenha papel fundamental nociclo do B. microplus, desde a pos-tura até o encontro da larva com ohospedeiro (3).

A fase não parasitária do carra-pato tem que recorrer a mecanis-mos fisiológicos e comportamentaispara contornar as condições adver-sas do meio, encontrar o hospedei-ro, iniciar a alimentação e dar con-tinuidade ao ciclo. A análise serálimitada à larva recém-eclodida,pois é o “estágio-alvo” do controlequando se utilizam plantas compropriedade de antibiose eantixenose. Foi observado que lar-vas de B. microplus, em Pennisetumpurpureum, localizaram-se prefe-rencialmente dentro da bainha, nasdobras das folhas ou ao longo detoda a superfície abaxial (4). Aslocalizações observadas são áreasque não recebem irradiação solar

direta. Além deste fator, outro quedeve ser considerado é a disposiçãode estômatos na superfície abaxialda folha, aumentando a umidadeno local (Figura 2). Os lugares depreferência das larvas, além de fa-cilitarem o encontro com o hospe-deiro, geram um microclima comcalor e umidade suficiente para alarva se manter na forrageira pormais tempo e, conseqüentemente,aumentar as chances de sucesso noencontro do hospedeiro, já que airradiação solar direta e adessecação são fatores limitantespara a larva. Em Brachiariadecumbens foi observado que aslarvas se encontravam também naface adaxial, porém migravam paraa face abaxial em determinadosperíodos do dia para evitar adessecação (5).

Como pôde ser observado, a ve-getação é fundamental para a ma-nutenção da larva na pastagem atéo encontro com o hospedeiro. Dian-te disso, quaisquer medidas toma-das para evitar que as larvas che-guem até seus hospedeiros podemser usadas como forma de contro-le. Forrageiras que apresentam po-tencial de antibiose e antixenosepodem ser um recurso eficiente ede custo relativamente baixo nocontrole do B. microplus.

Plantas compropriedades deantibiose e antixenose

O termo antibiose foi proposto

para designar plantas que seriamcapazes de matar insetos e o termo“não preferência”, para designarplantas que tinham a capacidade derepelir insetos (6). Posteriormentefoi proposto o termo antixenosepara substituir o termo “não prefe-rência” (7). A antibiose e aantixenose foram propriedades ad-quiridas por algumas plantas paraevitar a herbivoria. Como não exis-te esta relação trófica entre carra-patos e plantas, provavelmente adefesa foi desenvolvida para inse-tos; e como estes artrópodes sãofilogeneticamente próximos aoscarrapatos, estas propriedadesaprestam-se também eficientespara estes parasitos.

Em várias plantas o potencialantibiótico e antixenótico estápresente, e desde a descoberta daspropriedades do crisântemo, e autilização e síntese dos piretróides,estudos em relação a extração eaplicação de substâncias vegetaiscomo inseticidas vêm seintensificando (2). Limitaremos àsplantas com tais propriedades,porém que possam ser utilizadascomo forrageiras, e desta formasendo aplicadas no controleintegrado com baixos custos.

Várias espécies de gramíneas eum gênero de leguminosas têmsido utilizados para controlar lar-vas de carrapatos. Em estudo rea-lizado para verificar qual seria aespécie de gramínea com maiorpotencial no controle de carrapa-tos, foram testadas seis espécies:Andropogon gayanus (planaltina),Melinis minutiflora (capim-gordu-ra), Pennisetum clandestinum

(kikuio), Hyparrhenia rufa(jaraguá), Cynodon dactylon (ca-pim-estrela) e Brachiariadecumbens (braquiária australia-na) (8). O resultados estão apresen-tados na Tabela 1. Foi constatadoque a maior redução inicial obser-vada foi em M. minutiflora e A.gayanus, sendo que a primeira re-duzia a população mais drastica-mente ao longo do tempo que asegunda. Diante deste fato, os au-

Figura 2 – Esquema das condições ecológicas sobre a pastagem mostrandoformação de microclima

Calor dissipado

Energia ATP

Abertura de estômatos

(H2O)

Calor atenuado

Microclima

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Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003 53

Informativo Técnico Controle homeopático do carrapato bovino

tores indicam Andropogon como amelhor forrageira para o controle,pois mantém a população de carra-patos a níveis aceitáveis, manten-do exposição constante aos agen-tes da Tristeza Parasitária Bovi-na. Entretanto, este efeitoanticarrapato só é observado emplantas com mais de seis meses deidade, provavelmente devido aotamanho dos tricomas, que sãomenores nas plantas mais jovens(9). Os gêneros Pennisetum eCynodon tiveram drástica reduçãoa partir do 21º dia, porém em 14dias de exposição foi recuperadoelevado número de larva, temposuficiente para que haja o contatoentre larva e hospedeiro. Destaforma, o uso de Cynodon ePennisetum exigiria um manejomais bem planejado (8).

Além das gramíneas citadas, asleguminosas do gênero Stylo-santhes (estilosantes) podem serutilizadas como ótimo recurso deforrageira, pois sendo legumi-nosas, apresentam grande poten-cial nutritivo, fertilizam o solo atra-vés da fixação de nitrogênio e apre-sentam tricomas glandulares quesecretam substância capaz de apri-sionar carrapatos. Mas não é so-mente a contenção física do carra-pato a única característica deStylosanthes. Foram testados os

mecanismos pelos quais as larvasde B. microplus eram eliminadaspor Stylosanthes . Para isto foramaderidas larvas em um fita adesivae foi percebido que elas se manti-nham vivas por mais de 48 horas,enquanto larvas aderidas à S.scabra apresentavam 100% de mor-talidade após 24 horas. Outra ca-racterística vantajosa do uso deStylosanthes é o fato de a substân-cia secretada se aderir ao pêlo daspatas e da cabeça do gado duranteo forrageio, sendo uma medida pre-ventiva à infestação (10).

Duas espécies de Stylosanthes,S. humilis e S. hamata, com duasgramíneas, A. gayanus e Cenchurusciliaris, foram testadas no controlede B. microplus. As leguminosasapresentaram média de recupera-ção significativamente menor queas gramíneas na primeira semanado experimento, sendo que na se-gunda semana do experimento S.humilis foi significativamente maiseficiente que S. hamata, e a partirda terceira semana de experimen-to não houve diferença significati-va entre os tratamentos. Ao finaldo experimento (quatro semanas)a porcentagem de recuperação emS. humilis foi de 3,22%, enquantoem S. hamata foi de 11,96%; asduas diferiram estatisticamenteentre si e foram mais eficientes

Tabela 1 – Média do número de larvas de B. microplus recuperadas por dias após infestação inicial de 40 millarvas/80cm2

Dias após infestaçãoForrageira

14 21 22 23 24 25 26 27 28 29 34 39 44 49

Andropogon 502 329 146 245 159 84 33 112 50 32 10 4 7 5

Melinis 520 56 15 14 3 5 0 0 0 0 0 0 0 0

Pennisetum 717 81 30 23 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Cynodon 1.175 20 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Brachiaria 2.452 407 176 917 525 61 105 118 62 23 30 25 1 3

Hyparrhenia 3.200 771 157 215 201 89 32 37 65 13 6 5 1 0

Fonte: Thompson et al. (8).

que as gramíneas testadas – 25,78%em A. gayanus e 23,89% em C.ciliaris (11) (Tabela 2).

O efeito de várias espécies deStylosanthes e várias cultivaressobre estágios dos carrapatos B.microplus, B. decoloratus,Amblyomma hebraeum eRhipicephalus appendiculatus foitestado. Em S. fruticosa as larvasficaram retidas na secreção viscosae morreram em 48 horas, excetopoucas larvas de R. appendiculatus,que conseguiram subir. Váriaslarvas de todas as espécies tes-tadas não conseguiram subir naplanta. Ninfas e adultos de R.appendiculatus e A. hebraeum con-seguiram subir na planta. Em S.guianensis, na variedade Graham,que não apresenta secreção visco-sa, todos os estágios testados subi-ram com êxito. Já na variedade“tipo ereto”, que apresenta maiordensidade de tricomas glandula-res, produzindo grandes gotas desecreção, as larvas não subirammais que 2cm e morreram em 24horas. Poucas ninfas de R.appendiculatos conseguiram esca-lar e ficaram retidas na secreção.Em diversas variedades de S.scabra e S. viscosa, grande númerode larvas não subiu, entretantotodas as larvas que conseguiramsubir foram aprisionadas pela se-

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Informativo Técnico Controle homeopático do carrapato bovino

Tabela 2 – Média e desvio padrão do número de larvas de B. microplus recuperadas por semanas apósinfestação inicial de 10 mil larvas/4,8m2

Semanas após infestação1

ForrageiraSemana 1 Semana 2 Semana 3 Semana 4 Total

S. humilis 245.1±011.9 a 64.0±5.5 a 10.6±3.5 a 2.2±1.7 a 321.9±10.6 a

S. hamata 0892.2±19.7 b 274.5±12.8 b 26.5±5.2 a 2.7±1.4 a 1195.9±20.3 b

C. ciliaris 11981.1±30.2 c 386.6±11.5 b 17.5±2.7 a 4.0±1.3 a 2389.9±30.7 c

A. gayanus 1857.5±29.0 c 638.6±16.7 b 76.5±7.0 a 5.2±2.3 a 2578.0±29.3 c

1 Letras minúsculas diferentes mostram diferença significativa entre colunas.Fonte: Fernadez-Ruvalcaba et al. (11).

creção próxima à base. Para ninfase adultos, as plantas não mostra-ram eficiência. Além do efeito le-tal, também foi observado que,quando as larvas apresentavamchance de escolha (outra vegetaçãoou aparato artificial), em todos oscasos rejeitavam as espécies deStylosanthes (12).

A natureza química das propri-edades antibióticas e antixenóticasvem sendo estudada por váriosautores. Estudando a atividadeantibiótica do óleo essencial de M.minutiflora e duas substâncias pre-sentes em Stylosanthes, foi consta-tado que tanto o extrato de M.minutiflora quanto os compostosisolados de Stylosanthes apresen-tavam atividade carrapaticida

(Tabela 3) (13). Através de cro-matografia gasosa acoplada àespectrometria de massa, foramidentificados 3 dos 11 compostos doóleo de M. minutiflora, sendo que o1,8 cineol (10,6%) já havia tido efei-to inseticida estudado, sendo o pro-vável composto acaricida desta plan-ta. Posteriormente foram identifi-cados outros três componentes doóleo e foi constatado que dois deles,o hexanal e o 1,8 cineol, apresenta-ram 100% de letalidade para larvasde B. microplus (14).

Em outro estudo foi constatadoque M. minutiflora verde era maiseficiente no controle de carrapatosdo que plantas secadas ao sol oulavadas com acetona. Os pesquisa-dores acreditam que possivelmen-

te a radiação ultravioleta possa tercausado a desnaturação do com-posto, assim como a lavagem comacetona possa tê-lo retirado. Umofactômetro foi utilizado pelos pes-quisadores para verificar a eficiên-cia dos compostos voláteis que semostraram mais eficientes que osextratos (10). A ação volátil de A.gayanus, Brachiaria bizantha, M.minutiflora, S. guianensis e S. vis-cosa foi testada sobre larvas de B.microplus. As larvas forammantidas em envelopes sem conta-to direto com a planta. Os autoresnão obtiveram sucesso e atribuí-ram o resultado ao fato de as subs-tâncias se difundirem pelo ambien-te, e ressaltam ainda que tais subs-tâncias quando concentradas apre-sentam-se bem eficientes (3).

Sutherst et al. (15), após consta-tarem que as larvas aderidas à S.scabra morriam mais rapidamenteque as larvas aderidas a fitas adesi-vas, atribuíram o mecanismo deeliminação como não sendo umprocesso exclusivamente físico, ten-do portanto a ação conjunta desubstâncias químicas produzidaspelas plantas. Recolheram extra-tos glandulares e testaram in vitroconcentrações em 0,3% durante 48horas e não obtiveram morte daslarvas, enquanto acaricidas con-vencionais em concentrações bemmais baixas (0,001%) mostram-seeficientes.

Diante destes resultados, cons-

Tabela 3 – Resultado da avaliação do percentual e tempo de mortede larvas de carrapato em diferentes substâncias

Substrato/extrato Tempo Mortalidade (%)

Alfa-Pineno 10 min 100

Beta-Pineno 10 min 100

Alfa+Beta-Pineno 10 min 100

Alfa-Pineno 1M 1 24 h 100

Beta-Pineno 1M 1 24 h 100

Óleo M. minutiflora 10 min 100

1Solução em azeite de oliva.Fonte: Prates et al. (13).

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Informativo Técnico Controle homeopático do carrapato bovino

tataram que o extrato de S. scabranão apresenta ação carrapaticida,entretanto substâncias voláteis,que conferem odor característico àplanta, apresentam esta ação. Pro-vavelmente tais substâncias eva-poraram no processo de extraçãoque foi através de metanol aqueci-do. Os autores testaram o efeito detodas as substâncias voláteis in vitrosem que as larvas entrassem emcontato com o extrato, constatandoque em 36 horas 94% das larvasmorriam quando comparadas aocontrole (15).

Considerações finais

Os estudos realizados em váriaspartes do mundo confirmam quealgumas forrageiras como A.gayanus, M. minutiflora eStylosanthes spp. apresentam subs-tâncias com eficiente podercarrapaticida. Estas plantas nãoprecisam ter tais substâncias ex-traídas para sua aplicação, maspodem ser utilizadas comoforrageiras, pois além de baixar ocusto facilitam sua utilização. Naescolha da espécie de forrageira aser utilizada, deve-se levar em con-sideração alguns fatores como cus-to de manutenção, retornoenergético para o gado e viabilida-de do manejo, já que espécies comoP. clandestinum e C. dactylon exi-gem um manejo mais elaborado seforem usadas no controle (8).

A utilização destas plantas podepotencializar o controle de B.microplus que, integradamente aoutras medidas de controle estra-tégico, resultará em eficiente meiode controle, reduzindo custos, evi-tando geração de resistência e di-minuindo os danos ambientais cau-sados pelo uso indiscriminado decarrapaticidas.

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André F.S.F. Rodrigues, biólogo, M.Sc.,

doutorando em Ciências Veterinárias-Parasitologia Veterinária/UFRRJ, bolsista

CNPq, Avenida Independência 728/1.103,centro, 36010-020, Juiz de Fora, MG, fone:

(032) 3212-7291, e-mail: [email protected].

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Informativo Técnico Bovinocultura de corte

Impacto de tecnologias básicas na bovinoculturaImpacto de tecnologias básicas na bovinoculturaImpacto de tecnologias básicas na bovinoculturaImpacto de tecnologias básicas na bovinoculturaImpacto de tecnologias básicas na bovinoculturade corte no Vde corte no Vde corte no Vde corte no Vde corte no Vale do Itajaí e Litoral Norteale do Itajaí e Litoral Norteale do Itajaí e Litoral Norteale do Itajaí e Litoral Norteale do Itajaí e Litoral Norte

de Santa Catarinade Santa Catarinade Santa Catarinade Santa Catarinade Santa Catarina

Canuto Leopoldo Alves Torres, Amaro Hillesheim eJoão Lari Felix Cordeiro

Introdução

O Estado de Santa Catarina des-taca-se no cenário nacional nãocomo um grande produtor de carnebovina, mas, sim, como importa-dor de outros Estados e do Mercosul.Mesmo assim, sua produção temsignificativa importância econômi-ca, seja pela ligação com a produ-ção de leite, seja pela agregação devalor na industrialização (1).

Santa Catarina possui um reba-nho bovino de 3.097.351 cabeças,das quais aproximadamente 51%são de gado de corte, cuja produti-vidade precisa ser incrementadapara que se torne competitiva (2).

No ano de 2000, a produção emequivalentes carcaças atingiu 126mil toneladas, sendo abatidas 531mil cabeças/ano, e as importaçõesforam avaliadas em 45 mil tonela-das (1).

Os principais indicadores técni-cos da bovinocultura de corte doEstado de Santa Catarina são: des-frute: 16,6% a 18%, taxa de natali-dade: 60% a 63,5%, idade deentoure: 24 a 30 meses, enquantoos dados oficiais estimam um des-frute de 19,3% e uma taxa de nata-lidade de 61,8% (3).

Dados levantados sobre o de-sempenho reprodutivo em tourosde corte nas regiões Vale do Itajaí,

Nordeste, Grande Florianópolis eNorte de Santa Catarina demons-traram uma taxa de natalidade de59% e 17,11% dos touros apresen-tavam problemas de fertilidade (4).Nestas mesmas regiões constatou--se uma baixa adoção de tecnologias(5), tais como: manejo reprodutivo(estação de monta, exameandrológico dos touros e ginecoló-gico das vacas); manejo sanitário(controle integrado das ecto-en-doparasitoses em épocas apropria-das); mineralização adequada;manejo das pastagens. Essastecnologias, desconhecidas ou nãoutilizadas por parte dos criadores,se adotadas refletem aumento da

Resumo – A produção de carne bovina não supre as necessidades internas do Estado de Santa Catarina, levandoà importação de 45 mil toneladas anuais de outros Estados e dos países do Mercosul. Estudos da Epagriconstataram baixa adoção de tecnologias pelos criadores e níveis produtivos muito aquém do ideal, devido a váriosfatores, dentre os quais: deficiência no manejo reprodutivo e sanitário, manejo de pastagens e mineralização. Foiproposto o presente trabalho para avaliar o impacto de tecnologias simples, conhecidas há tempo, com a finalidadede melhorar a produtividade das fazendas acompanhadas. Comparando o primeiro com o terceiro ano deacompanhamento, constataram-se significativos aumentos percentuais em vários índices, tais como: produçãototal de peso vivo/ano (51%); natalidade (20,6%); desfrute (83,3%); ganho de peso vivo/cabeça/dia (113,5%); rendade operação agrícola (316,9%) e taxa de remuneração de capital próprio (298,8%). A adoção de tecnologiasdisponíveis aliada ao melhor gerenciamento das propriedades proporciona acentuada melhora na renda daspropriedades de gado de corte.Termos para indexação: bovino de corte; produtividade; índices zootécnicos; gerenciamento.

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Informativo Técnico Bovinocultura de corte

fertilidade e produtividade dos re-banhos.

Em decorrência desta realidadefoi proposto e executado o presenteestudo com o objetivo de avaliar oimpacto de tecnologias conhecidas,na melhoria da produtividade naspropriedades de gado de cortecatarinenses.

Material e métodos

O estudo foi conduzido durantetrês anos em seis propriedades degado de corte, escolhidas ao acaso,nas regiões do Vale do Itajaí eLitoral Norte de Santa Catarina.

Realizou-se um inventário daspropriedades o qual incluiu aspec-tos de construções e benfeitorias,máquinas e equipamentos, reba-nho, produtos e insumos em esto-que, situação das áreas e índiceszootécnicos.

O inventário foi repetido no fi-nal dos três anos do acompanha-mento, conforme preconiza o pro-grama de gerenciamento de pro-priedades agrícolas da Epagri, de-nominado Contagri (6). Mensal-mente as propriedades foram visi-tadas para serem registrados da-dos zootécnicos, despesas e recei-tas.

Durante o primeiro ano deacompanhamento os técnicos limi-taram-se a dar assessoria técnicaaos proprietários somente quandosolicitados. Após o primeiro ano deacompanhamento avaliaram-se osdados procurando-se identificar ospontos de estrangulamento técni-co/econômico e propondo-se alter-nativas técnicas que melhorassema produtividade das fazendas.

As práticas propostas foramapresentadas aos pecuaristas atra-vés de um rol de tecnologias sim-ples e baratas, ao alcance de qual-quer criador, como adoção de esta-ção de monta, descarte de fêmeasimprodutivas, exame andrológicodos touros, desmame interrompi-do, cuidados sanitários, formação,divisão e manejo das pastagens,bem como mineralização do reba-nho.

Os criadores tiveram ampla li-berdade de escolha para adoção deuma ou mais tecnologias propos-tas, variando portanto o número detécnicas adotadas por eles em cadapropriedade, conforme apreciaçãoe capacidade individual.

Os dados coletados durante oacompanhamento foram apresen-tados por meio de médias anuais eporcentagens.

Resultados e discussão

Os resultados obtidos (Tabela 1)são referentes a seis propriedadesde gado de corte. Observou-se abaixa produtividade no primeiroano e a conseqüente melhora nosegundo e terceiro anos, destacan-do-se o aumento da produção totalde peso vivo, a natalidade, o ganhode peso, o desfrute, o descarte e osresultados econômicos.

Superfície forrageira principal(SFP)

Ocorreu aumento de 35% nasuperfície forrageira principal nosegundo ano e diminuindo no ter-ceiro, entretanto, foi mantido umaumento de 9%, quando compara-do ao primeiro ano, em virtude daintrodução de gramíneas (bra-quiária, hemártria e missioneira)em lugar das existentes.

Rebanho bovino médio

O rebanho bovino, manteve-semais ou menos estável apesar dodescarte efetuado, observando-serelativa melhora principalmente noterceiro ano. A recomposição dorebanho foi prejudicada em virtudeda elevação dos preços de novilhosem conseqüência das medidas pre-ventivas adotadas contra a febre

Tabela 1 – Média dos resultados de três anos de seispropriedades de gado de corte com assessoria técnica gerencial,nas regiões do Vale do Itajaí e Litoral Norte de Santa Catarina,no período de 7/1998 a 6/2001

Índices zootécnicos Unidades 1o ano 2o ano 3o ano

Superfície forrageira principal

(SFP) ha 402 541 438

Rebanho bovino médio UA1 381 391 405

Total médio de vacas Cab. 197 204 231

Suporte das pastagens UA/ha 0,97 0,79 0,94

Produção total de peso vivo/ano kg/pv 42.736 54.467 64.546

Natalidade % 58 74 70

Desfrute % 24 34 44

Descarte de vacas2 % 23 14 25

Produção peso vivo/ha/ano kg/pv 105 104 164

Ganho peso vivo/cab./dia g/cab./dia 332 447 709

Vaca/touro Vaca/touro 35 30 28

Renda da operação agrícola R$ 13.129 47.051 54.742

Taxa remuneração capital próprio % 2,64 5,36 10,531UA = Unidade animal.

2Dados referentes a cinco propriedades.

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Informativo Técnico Bovinocultura de corte

aftosa em Santa Catarina, impe-dindo a entrada de animais de ou-tros Estados.

Produção total de pesovivo/ano

Quanto à produção total de pesovivo, constatou-se melhora de 27%no segundo ano e de 18,5% noterceiro ano comparado ao primei-ro ano do acompanhamento, refle-tindo o melhor aproveitamento daspastagens e do manejo introduzi-dos.

Suporte das pastagens

Observou-se em diversas pro-priedades sobra de pasto devido àfalta de novilhos para a reposição,ocorrendo uma diminuição deUA/ha (unidade animal por hecta-re). Tal fato ocorreu por causa dopreço elevado desta categoria ani-mal e das medidas sanitárias toma-das em nível de governo, citadasanteriormente, o que levou os cria-dores a optarem pela ociosidadedas pastagens.

Natalidade

Observou-se acentuada melho-ra no índice de natalidade média debezerros tanto no segundo como noterceiro ano, embora tenha havidopequeno declínio neste ano compa-rado ao segundo. Esta melhoria nataxa de natalidade pode ser impu-tada ao descarte de fêmeas impro-dutivas, alcançando 21% nos trêsanos de acompanhamento. Outrosfatores que contribuíram foram:melhoramento das pastagens, in-cluindo divisão, sistemas de pastejo,adequação da carga animal e tam-bém pelo uso de mineralização cor-reta. Essa última, segundo a litera-tura, pode provocar aumento nataxa de natalidade de até 22% (7).

Desfrute

O desfrute melhorou acentua-

damente do primeiro para o segun-do ano 41% e 29% do segundo parao terceiro ano, observando-se me-lhora acentuada de 83% quando com-parado ao primeiro ano. O melhordesfrute se deu, em parte, pela ado-ção de estação de monta pelos cria-dores. Sabe-se que a definição deum período de cobertura das fê-meas promove melhora nos índicesde fertilidade, contribuindo para oaumento do desfrute. Segundo aliteratura (8), quando esse índice ésuperior a 30%, indica eficiência nodesempenho técnico da atividade.

Taxa de descarte

Em relação à taxa de descarte,no primeiro, segundo e terceiro anofoi de 23%, 14% e 25%, respectiva-mente, com uma média de 21% noperíodo, a qual está dentro dosparâmetros recomendados. A eli-minação de vacas vazias no final daestação de monta é muito impor-tante para controlar problemasreprodutivos individuais, tendo re-flexos no melhoramento da taxa deconcepção dos rebanhos.

Produção peso vivo/ha/ano

Constatou-se na produção depeso vivo/ha/ano que houve peque-na diminuição no segundo ano, sen-do compensada no terceiro ano, emconseqüência das tecnologiasadotadas tanto de ordem nutricionalquanto sanitária, de manejo e re-produção. No ganho de peso vivo/cabeça/dia, notou-se um aumentode 34% e 58% no segundo e terceiroano, respectivamente, e de 113,5%quando se compara o terceiro como primeiro ano. Os ganhos aquiobservados são superiores aosencontrados na raça Nelore, de443g/cabeça/dia (9).

Relação vaca/touro

Na relação vaca/touro verificou--se a tradicional relação de 25 a 30

vacas para um touro. Hoje, dadosde pesquisa existentes recomen-dam o uso de um touro para até 60vacas, com reflexos nos custos deprodução de cada bezerro desma-mado de até 16% (10). Essa maiorproporção vaca/touro está condici-onada à saúde reprodutiva dos tou-ros (exame andrológico e teste decapacidade de serviço).

Renda da operação agrícola

Na análise da renda da opera-ção agrícola percebeu-se aumentoconsiderável de R$ 13.129,00 noprimeiro ano, de R$ 47.051,00 nosegundo e de R$ 54.742,00 no ter-ceiro ano, ocorrendo aumento de258,3% e 316,9 %, respectivamen-te, se comparado à renda do pri-meiro ano.

Taxa de remuneração decapital próprio

Quanto à taxa de remuneraçãode capital próprio, houve aumentoacentuado no segundo ano, dupli-cando a receita e quase quadrupli-cando-a no terceiro ano.

Conclusão

Pelos dados deste trabalho, con-clui-se que a adoção de tecnologiasdisponíveis, como manejo ani-mal, reprodutivo, sanitário enutricional, aliado ao melhorgerenciamento das propriedades,proporciona acentuada melhora narenda das propriedades de gado decorte.

Nota: Projeto parcialmente fi-nanciado com recursos do Projetode Apoio ao Desenvolvimento deTecnologia Agropecuária para oBrasil – Prodetab.

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Canuto Leopoldo Alves Torres, méd.

veterinário, M.Sc, Epagri/Estação Experi-

mental de Itajaí, C.P. 277. 88301-970 Itajaí,

SC, fone: (047) 346-5244, fax: (047) 346-

5255, e-mail: [email protected];

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5244, fax: (047) 346-5255, e-mail:

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Estação Experimental de Itajaí, C.P. 277,

88301-970 Itajaí, SC, fone: (047) 346-5244,

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60 Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003

Nota Técnica Praga do eucalipto

Dano e controle da abelha “irapuá”Dano e controle da abelha “irapuá”Dano e controle da abelha “irapuá”Dano e controle da abelha “irapuá”Dano e controle da abelha “irapuá”em eucaliptoem eucaliptoem eucaliptoem eucaliptoem eucalipto

Luís Antônio Chiaradia, Dorli Mário Da Croce,José Maria Milanez e Cláudio Morgan

“abelha-cachorro”, “abelha-mi-rim” ou “irapuá” (Figura 1) é umaabelha nativa e sem ferrão, conhe-cida cientificamente pelo nome deTrigona spinipes (Fabricius, 1793)(Hymenoptera, Apidae). Estehimenóptero é abundante e possuiampla distribuição geográfica noBrasil, sendo referido do Estado doRio Grande do Sul ao Amazonas (1).

Aspectos bioecológicos edanos da praga

A abelha “irapuá” é um insetoque vive em colônias, as quais sãocompostas por operárias, zangõese diversas rainhas, embora apenasuma seja responsável pelas postu-ras. Sua dieta alimentar constitui--se de mel, que é produzido aorecolher néctar e pólen das flores,auxiliando assim na polinização demuitas espécies de plantas. O melproduzido é armazenado na col-meia em alvéolos grandes, que sãoconhecidos por “potes” de cera. Estemel é muito procurado, pois lhe sãoatribuídas propriedades medicinais.

Os adultos da abelha “irapuá”são de coloração preta, têm as asastransparentes e medem entre 6 e8mm de comprimento por 2,5mmde largura. Este inseto, quandoimportunado em seu ninho, possuio hábito de atacar e se alojar noscabelos das pessoas e nos pêlos dosanimais (2).

Os ninhos da abelha “irapuá”são de coloração escura, possuemformato globoso e geralmente selocalizam na copa de árvores. Estesninhos são construídos comcerume, que é uma substância ela-borada pela mistura de ceras eresinas vegetais, recolhidas princi-palmente em flores, frutos ebrotações de plantas, cujos tecidosgeralmente possuem maior quan-tidade destes elementos agluti-nantes (3). Para obter as resinas, a“irapuá” corta os tecidos vegetaiscom suas mandíbulas, que são bemdesenvolvidas, e recolhe as subs-tâncias que extravasam das plan-tas. Algumas espécies vegetais são

freqüentemente visitadas por estaabelha, destacando os citros (Citrus

spp.) e as bananeiras (Musa spp.),culturas em que este inseto é refe-rido como praga (2 e 3). Acácias -Acacia spp., “pinheiro-brasileiro” -Araucaria angustifolia (Bertoloni),figueiras - Ficus spp., roseira - Rosa

sp. e “coroa-de-cristo” - Euphorbia

sp. são outras plantas muito procu-radas por esta abelha para coletade resinas (1).

Recentemente foi constatado oataque deste himenóptero em plan-tas de Eucalyptus dunnii Mainden,em reflorestamentos situados naregião Oeste Catarinense. O danoprovocado pela abelha no eucalipto

Figura 1 – Espécime adulto da abelha “irapuá”

A

Page 62: Edição de março de 2003

Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003 61

Nota Técnica Praga do eucalipto

se constituiu na retirada de por-ções da casca do tronco das mudas(Figura 2), local de onde os insetosrecolhem a resina liberada pelasplantas. Nos casos em que o dano

na casca não foi expressivo, houveregeneração dos tecidos e cica-trização do local, enquanto quena maioria das plantas ocorreu o“anelamento”, que provocou a mor-

te dos ponteiros, quebra das árvo-res pela ação do vento e conseqüen-te bifurcação das copas (Figura 3),defeito que desqualifica as plantaspara a indústria madeireira.

Figura 2 – (A) Planta de eucalipto sendo atacada por abelhas “irapuá” e (B) detalhe do dano na casca da planta.Coronel Freitas, SC – 4/2001

A B

Figura 3 – Plantas de eucalipto danificadas pela abelha “irapuá”: (A) copa bifurcada e (B) planta quebrada pela açãodo vento

A B

Page 63: Edição de março de 2003

62 Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003

Nota Técnica Praga do eucalipto

Alternativas para ocontrole da “irapuá”

Não é recomendável combateresta abelha com o uso deagrotóxicos por se tratar de umaespécie que auxilia na polinização etambém porque produz mel. Alémdisso, não existem inseticidasregistrados para controlar este in-seto.

Alguns produtores adotam a prá-tica de borrifar perfumes e/ou de-sodorantes sobre as abelhas queestão causando os danos nas plan-tas, que, segundo depoimentos,provoca uma reação da colmeiaaos odores impregnados nos inse-tos atingidos, induzindo-os a aban-donarem o ninho. A pulverizaçãodas plantas atacadas com subs-tâncias que possuem cheiros fortese desagradáveis, tal como acreolina, também se constitui emuma alternativa capaz de afastar asabelhas, mesmo que tempora-riamente. Estas práticas têm sidoutilizadas para reduzir e/ou evitar

os danos da “irapuá” nos viveirospara produção de mudas cítricas enos pomares de citros em forma-ção.

O combate deste himenópteropela destruição do ninho é outraalternativa recomendada (4), em-bora, em muitos casos, seja di-fícil localizá-lo. Nesta situação,recomenda-se observar a dire-ção do vôo das abelhas, quepoderá facilitar a localização dacolmeia.

Literatura citada

1. HICKEL, E.R. CostaLima: v catá-logo dos insetos do Brasil, versão1.0, Videira, SC. 1997. Softwarecom conjunto de 5 disquetes de3 1/2“.

2. ZUCHI, R.A.; SILVEIRA NETO,S.; NAKANO, O. Guia de Identifica-ção de pragas Agrícolas. Piracicaba:Fealq, 1993. 139p.

3. GALLO, D.; NAKANO, O.;SILVEIRA NETO, S.; CARVA-LHO, R.P.L.; BATISTA, C.G. de;BERTI FILHO, E.; PARRA, J.R.P.;

ALVES, S.B.; VENDRAMIM,J.D. Manual de entomologia agrí-cola. São Paulo: Ceres, 1988.649p.

4. MORAES, L.A.H. de; PORTO, O.de M.; BRAUN, J. Pragas doscitros. Porto Alegre: Fepagro,1995. 33p. (Fepagro. Boletin Técni-co, 2).

Luís Antônio Chiaradia, eng. agr.,M.Sc. Epagri/Centro de Pesquisa paraAgricultura Familiar – Cepaf –, C.P.791, 89801-970 Chapecó, SC, fone:(049) 328-4277, fax: (049) 328-6017,e-mail: [email protected];Dorli Mário Da Croce, eng. florestal;M.Sc. Epagri/Centro de Pesquisa paraAgricultura Familiar – Cepaf –, C.P.791, 89801-970 Chapecó, SC, fone:(049) 328-4277, fax: (049) 328-6017, e-mail: [email protected]; JoséMaria Milanez, eng. agr., Ph.D. Epagri/Centro de Pesquisa para AgriculturaFamiliar – Cepaf –, C.P. 791, 89801-970 Chapecó, SC, fone: (049) 328-4277,fax: (049) 328-6017, e-mail:[email protected] e Cláudio

Morgan, eng. agr., Escritório Munici-pal da Agricultura, 89840-000 CoronelFreitas, SC.

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Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003 63

Nota Técnica Piscicultura integrada com suínos

Piscicultura integrada: em busca de melhorPiscicultura integrada: em busca de melhorPiscicultura integrada: em busca de melhorPiscicultura integrada: em busca de melhorPiscicultura integrada: em busca de melhorqualidade de vida para toda aqualidade de vida para toda aqualidade de vida para toda aqualidade de vida para toda aqualidade de vida para toda a

sociedade catarinensesociedade catarinensesociedade catarinensesociedade catarinensesociedade catarinense

Matias Guilherme Boll eOsmar Tomazelli Júnior

iscicultura integrada é a prá-tica do cultivo de peixes integradoa outras atividades desenvolvidasna propriedade rural. No presenteartigo analisamos o uso da matériaorgânica excedente da engorda desuínos em viveiros de pisciculturasob sete aspectos estratégicos. Con-cluímos que essa prática se apre-senta como oportunidade altamen-te interessante para aumentar aoferta de pescado de qualidade aosconsumidores e, ao mesmo tempo,incrementar a renda dos produto-res rurais de Santa Catarina. Senão, vejamos:

1) A realidade da agropecuáriacatarinense aponta para o uso desistemas de produção integrados.Com 90% das propriedades ruraismenores que 50ha, a pequenapropriedade é o pano de fundo maiordo setor primário catarinense. Amão-de-obra familiar, a depen-dência de crédito externo parainvestimento e a aversão ao riscosão algumas das características quecompletam esse quadro. Constata--se que as pequenas propriedadescatarinenses acabaram optandopela diversificação, com a conduçãode uma ou duas atividadesprincipais: a produção de suínos oude aves para a agroindústria, aprodução de leite, o arroz, afruticultura ou o fumo, apenas paracitar alguns exemplos. Nessecontexto, a introdução de novasatividades na propriedade deve seintegrar às atividades principais,seja pela economia de mão-de-obra,pelo baixo investimento inicial, pelo

multiuso dos recursos naturais oupela habilidade de produzir renda apartir da reciclagem de subprodutosexcedentes existentes na proprie-dade.

2) Enquanto que sistemas deprodução de carpas e tilápias queutilizam exclusivamente rações co-merciais apresentam custos de pro-dução em torno de R$ 1,30/kg depeixe produzido, os preços pagosaos agricultores catarinenses porestas espécies variam entre R$ 0,80e R$ 1,30/kg. Em sistemas integra-dos com o uso de matéria orgânica,por sua vez, os custos de produçãode carpas e tilápias variam entreR$ 0,32 e R$ 0,78/kg, demonstran-do uma considerável habilidade deretorno de capital destes sistemasaos pequenos agricultorescatarinenses.

3) Santa Catarina é o maiorexportador de carne de suínos doBrasil. A produção catarinense decarne suína em 2001 foi de 663 miltoneladas, sendo exportadas maisde 162 mil toneladas. A produçãoanual de dejetos de suínos no Estadoé da ordem de 10 milhões detoneladas. No momento existe umgrande esforço para encontraralternativas para reduzir o impactoambiental da suinocultura emSanta Catarina. Com o objetivo demaximizar a produção de alimentonatural disponível aos peixes nosviveiros, é fundamental a baixacirculação de água nos sistemasintegrados ao uso de matériaorgânica em piscicultura. A baixacirculação é uma condição encon-

trada em lagoas de oxidação/sedimentação, utilizadas em siste-mas de tratamento de efluentesdas mais diversas atividades. Écomum a ocorrência de tempos deretenção de 120 dias em viveiros depiscicultura integrados. Daí decorreo fato de os efluentes dessessistemas apresentarem excelentecondição no que se refere àqualidade de água. Em média, 85%das amostras oriundas de cultivosintegrados apresentaram a mesmaqualidade de água exigida para osrios de classe II (Conama 20 1). Emoutras palavras, antes de ser apenasuma fonte poluidora, os sistemasintegrados de piscicultura ao usode matéria orgânica originada dasuinocultura apresentam altacapacidade de melhorar a qualidadeambiental do meio rural.

4) Em termos de qualidade decarne, estudos desenvolvidos pormais de cinco anos em SantaCatarina, com a análise de cente-nas de amostras de músculo detilápias e carpas, demonstraram aausência total de Salmonella sp. eStaphylococcus aureus na carne dopescado originário de viveiros depiscicultura em sistema integrado.Além disso, todas as amostras aten-deram aos padrões exigidos pelaDivisão de Inspeção de Produtos deOrigem Animal – DIPOA – no quese refere a coliformes totais oufecais. Com relação aos riscos desaúde ligados ao consumo de pesca-do, uma revisão aprofundada sobreo assunto patrocinada pela Organi-zação Mundial da Saúde – OMS –

1Resolução Conama n o 20, de 18 de junho de 1986, publicada no D.O.U. de 30/7/86.

P

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64 Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003

Nota Técnica Piscicultura integrada com suínos

considerou que estes riscos emgeral são pequenos, exceto nas lo-calidades em que é comum o consu-mo de pescado cru, levemente cozi-do ou defumado. Nenhuma destascaracterísticas se aplica a SantaCatarina.

5) Considerando os níveis deconsumo verificados atualmente(6kg de pescado/habitante/ano),Santa Catarina apresenta um défi-cit anual de 38 mil toneladas deconsumo interno de pescado, com-parando com o consumo ideal indi-cado pela OMS, que é de 13kg/habitante/ano. A captura de pesca-dos pela pesca industrial brasileiranão tem conseguido ultrapassar aprodução de 785 mil toneladas anu-ais desde os anos 80, devido aocomprometimento dos estoquesnaturais. A aqüicultura, por suavez, vem crescendo a cada ano. Em2000 este setor participou com 31%dos US$ 71,4 milhões exportadosem pescado pelo Brasil.

6) Os filés de tilápia e carpacomum apresentam em média teo-

res de 1,8% e 5,4% de gordurastotais, respectivamente, sendo que,destes, 75% e 83% são gordurasmono e poliinsaturadas, respecti-vamente. Estudos recentes de-monstraram através de testes clí-nicos que o consumo regular decarpa tem efeitos benéficos sobre asaúde humana, especialmente paraas pessoas com doenças cardio-vasculares, por estes peixes possu-írem quantidades consideráveis deácidos graxos essenciais da sérieômega-6 e ômega-3. O consumo decarne de peixes tende a aumentarà medida que cresce a consciênciada população sobre bons hábitosalimentares. Apenas com a intro-dução da oferta de carne de pescadoem um dia por semana na merendaescolar, Santa Catarina poderiamelhorar significativamente a qua-lidade nutricional da dieta de suapopulação, reduzindo preventiva-mente gastos com saúde pública.

7) Em 1ha de piscicultura inte-grada ao uso de matéria orgânicaoriginada da suinocultura, tere-

mos os seguintes resultadosmédios: a) produção de 4 mil quilosde carne de pescado de altaqualidade; b) uma receita líquidapara o produtor de R$ 3 mil; c) areciclagem de 60 mil quilos dedejetos de suínos e d) melhoria daqualidade ambiental no meio rural.

Diante dessas constatações, con-cluímos que o sistema de piscicul-tura integrado ao uso de matériaorgânica apresenta uma oportuni-dade estratégica para aumentar aoferta de carne de pescado de qua-lidade e, ao mesmo tempo, incre-mentar a renda dos produtoresrurais, melhorando a qualidade devida de todos os catarinenses.

Matias Guilherme Boll, eng. agr., M.Sc.,Epagri/Florianópolis – Aqüicultura, C.P.502, 88034-901 Florianópolis, SC, fone:(048) 239-8046, fax: (048) 239-8028,e-mail: [email protected] e OsmarTomazelli Júnior, oceanógrafo, Espe-cialista, Epagri/Centro de Pesquisa paraAgricultura Familiar, C.P. 791, 89801-970Chapecó, SC, fone: (049) 328-4277, fax:(049) 328-6017, e-mail: [email protected].

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Nota Técnica Bovinocultura de leite

Custos de produção da atividade leiteira naCustos de produção da atividade leiteira naCustos de produção da atividade leiteira naCustos de produção da atividade leiteira naCustos de produção da atividade leiteira naregião de Tregião de Tregião de Tregião de Tregião de Tubarãoubarãoubarãoubarãoubarão

Adilson Dalponte

Informações necessáriaspara entender aplanilha de custo deprodução

O custo de produção é um instru-mento importante no gerencia-mento da atividade leiteira.

Através da análise do custo deprodução, pode-se identificar ospontos fortes e as deficiências emtermos de resultados técnicos eeconômicos, podendo agir dire-tamente, a qualquer momento,para a solução dos problemas apre-sentados pela atividade leiteira.

A planilha do custo de produçãode 2001/2002 da atividade leiteira,apresentada no final destedocumento traz informaçõestécnicas e econômicas de 18propriedades rurais da região daAssociação dos Municípios da Re-gião de Laguna – Amurel –,acompanhadas pelos técnicosHilário A. Hessmann e AdilsonDalponte, da Epagri/GerênciaRegional de Tubarão, no período de1o de julho de 2001 a 30 de junho de2002.

A planilha de custo é gerada apartir do agrupamento dos dadosdas propriedades acompanhadas,sendo que as 25% melhores proprie-dades, em termos de lucro por litrode leite, fazem parte do grupo da

cabeça e os 25% piores resultadosfazem parte do grupo da cola. Osresultados chamados de cabeça,média e cola são obtidos a partir damédia aritmética do número depropriedades que fazem parte decada grupo.

Para que a propriedade façaparte da comparação de grupo, ouseja, para que seus dados sejam“misturados” com as demaispropriedades precisamos analisar,individualmente, os seguintesaspectos: estrutura da propriedade,em termos de terra total e utilizada,tipo de solo, topografia, quantidadede capital disponível com máquinas,equipamentos e construções,quantidade da mão-de-obra familiare contratada, preço recebido pelolitro de leite, número de vacas,índices técnicos e econômicosapresentados pela atividade, raça,disponibilidade de pastagens deverão e de inverno em quantidadee qualidade necessárias e aqualidade das informaçõesprestadas pelo produtor rural.

Entendendo algunstermos usados naplanilha de custo deprodução da atividadeleiteira

• Lucro por litro de leite – é

a diferença entre o preço de vendae os custos totais (custos totais +custos fixos) para produzir 1L deleite.

• Custo total por litro de

leite – é a soma dos custos variáveise os custos fixos para produzir 1Lde leite.

• Custos variáveis por litro

de leite – são todos os gastos feitospara produzir 1L de leite, comocom ração, farelo de trigo, farelo desoja, sanidade animal, insemi-nação, adubo químico, aduboorgânico, dentre outros.

Os custos variáveis aumentamou diminuem de acordo com avariação do plantel de matrizes edemais animais e, conseqüen-temente, conforme a quantidadede leite produzida.

• Custos fixos por litro de

leite – os custos fixos dividem-seem dois tipos de custos: “custosreais” (desembolsados + depre-ciação) e “custos de oportunidade”.

- Custos fixos reais (desem-bolsados) – são aqueles gastos coma estrutura necessária para produ-zir leite, como com IPVA, taxasdiversas, seguros, manutenção decercas, de estábulos, de veículos,de máquinas, gasolina, óleo docárter, taxas do sindicato, impostoda terra, dentre outros. Considera--se também, como custo fixo real, a

Page 67: Edição de março de 2003

66 Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003

Nota Técnica Bovinocultura de leite

depreciação das máquinas, dosequipamentos e das construções.

- Custos fixos de oportunidade –são aqueles em que não hádesembolso, mas eles estãopresentes no dia-a-dia da pro-priedade, tais como mão-de-obrafamiliar e o juro sobre o capitaltotal (fixo e giro). Estes custos devemsempre ser considerados, poisninguém trabalha “de graça”, e aterra, as máquinas, os equi-pamentos, as construções e odinheiro desembolsado durante oano precisam ser remunerados, jáque também eles “prestaram umserviço” para a atividade leiteira.

Caso estes fatores não sejamremunerados adequadamente,haverá a “chamada descapitalizaçãoda propriedade rural”, em que osfamiliares abandonarão a atividadee as máquinas, os equipamentos eas construções vão se acabando e oprodutor não terá recursosfinanceiros para recuperá-los ousubstituí-los.

• Renda bruta por vaca – étoda a renda e receita provenienteda produção do leite e da carne,considerando, ainda, a variaçãopositiva ou negativa do inventáriode animais.

• Margem bruta por vaca – éa diferença entre a renda bruta daatividade e os custos variáveis (leite+ carne). É o que sobra para pagaros custos fixos.

• Lucro por vaca – é adiferença entre renda bruta porvaca e custos totais por vaca (leite+ carne).

• Remuneração da mão-de-

-obra familiar – é o valor que aatividade leiteira paga mensal-mente para cada membro da famíliaque trabalha na propriedade.

• UTH – Unidade de Trabalho

Homem – é o trabalho realizadopor uma pessoa adulta, em período

Custo de produção 2001/2002

Período 1o/7/01 a 30/6/02

Bovinocultura de leite

No de propriedades = 18 (cabeça = 4, média = 18, cola = 5)

(valores em R$)

Indicadores econômicos Cabeça Média Cola

Preço de venda/L 0,317 0,314 0,310

Custo variável/L 0,108 0,129 0,138

- Alimentos 0,073 0,089 0,092

- Sanidade 0,009 0,009 0,011

- Outros custos 0,026 0,031 0,035

Custo fixo/L 0,096 0,126 0,151

- Depreciação + juros 0,058 0,065 0,077

- Mão-de-obra familiar 0,021 0,044 0,056

- Mão-de-obra paga 0,002 0,003 0,001

- Outros custos 0,015 0,014 0,017

Custo total/L 0,204 0,255 0,289

Lucro/L de leite 0,113 0,059 0,021

Renda bruta/vaca 1.764,27 1.360,48 955,65

- Leite (%) 73,16 81,02 78,76

- Animais (%) 26,84 18,98 21,24

Custo variável/vaca 598,70 549,38 429,20

- Alimentos 408,00 382,78 284,40

- Sanidade 47,00 39,39 34,60

- Outros custos 143,70 127,21 110,20

Margem bruta/vaca 1.165,57 811,10 526,45

Custo fixo/vaca 542,43 525,73 459,97

- Depreciação + juros 318,54 273,04 236,60

- Mão-de-obra familiar 118,76 174,22 168,47

- Mão-de-obra contrata 11,75 13,97 2,98

- Outros custos 93,38 64,50 51,92

Lucro/vaca 623,14 285,37 66,48

Rem. MOF/mês/UTH 1.176,77 560,59 261,72

integral, todos os dias do ano. Parapodermos calcular e analisar orendimento da mão-de-obra

familiar, devemos saber quantotempo cada pessoa trabalha por diana atividade leiteira.

Page 68: Edição de março de 2003

Agropec. Catarin., v.16, n.1, mar. 2003 67

Nota Técnica Bovinocultura de leite

• UA vacas/UA total – esteíndice que informa a quantidade devacas em relação ao plantel, emtermos de Unidade Animal (UA). Odesejável é que este índice sejaalto, aproximando-se de 1. Nestecaso a propriedade está mais voltadaà produção de leite do que à recriade animais.

• Litros de leite/UTH – indicaa quantidade diária de leiteordenhado por pessoa que trabalhana atividade. Dá um indicativo daprodutividade da mão-de-obrautilizada na atividade. Uma dasmetas do Curso Profissionali-zante de Gado Leiteiro era a dealcançar 150L de leite por pessoa

remuneração da caderneta depoupança, que hoje é de 6% ao ano.Soma-se todo o capital dapropriedade com terra, máquinas,equipamentos, construções e ocapital de giro de um mês gastocom a produção leiteira e multiplica--se por 6%.

• Depreciação – é o desgaste,a perda de valor das máquinas, dosequipamentos e das construçõespelo tempo ou pelo uso. Como nós,seres humanos, todos os bensutilizados na atividade leiteira têmum tempo de vida útil. Nesteperíodo de vida útil, a atividadeleiteira deve gerar renda suficientepara pagá-los. Normalmente, ocusto da depreciação é o valor dobem, dividido pelo tempo de vidaútil deste bem. Por exemplo: umautomóvel Gol 1.0, no valor deR$ 15.000,00 (vida útil de 10 anos)representa um custo de deprecia-ção para a atividade leiteira deR$ 1.500,00 (R$ 15.000,00:10 anos).Este é o custo da depreciação noprimeiro ano.

Nota muito importante 1 :Lucro por litro de leite – no cálculodos custos e das receitas com oleite, somente são computadas asmovimentações referentes aoproduto leite. Não se consideram,para cálculo do lucro por litro deleite, despesas, custos, rendas ereceitas referentes à produção dacarne.

Nota muito importante 2 :Lucro por vaca – no cálculo do lucropor vaca são computadas asmovimentações de rendas, receitas,despesas e custos referentes aosprodutos leite e carne.

Adilson Dalponte, economista, Epagri/

Gerência Regional de Tubarão, C.P. 301,

88701-260 Tubarão, SC, fone: (048) 656-

0321, fax: (048) 656-0133.

por dia.

Cálculo do custo deoportunidade edepreciação no custo deprodução

• Mão-de-obra familiar – osalário adotado é o salário mínimomédio. São utilizados 13 saláriosmínimos anuais (12 salários + 13o

salário). O custo total da mão-de--obra familiar é o salário mínimomédio anual, multiplicado pelonúmero de Unidades de TrabalhoHomem.

• Juros sobre o capital –utilizamos o índice oficial de

Custo de produção 2001/2002

Período 1o/7/01 a 30/6/02

Bovinocultura de leite

No de propriedades = 18 (cabeça = 4, média = 18, cola = 5)

(valores em R$)

Indicadores físicos Cabeça Média Cola

Número de vacas (cab.) 28,42 23,69 23,98

Área de pasto (ha) 10,60 15,28 17,26

Leite vaca/ano (L) 4.077 3.489 2.409

Leite/ha pasto (L) 10.931 5.409 3.347

Leite total ano (L) 115.868 82.654 57.767

Concentrado total (kg) 40.472 31.135 23.781

Concentrado/L (g) 349 377 412

UTH contratada 0,12 0,11 0,01

UTH familiar 1,43 1,59 1,54

Litros de leite/UTH/dia 249 162 124

UA vacas/UA total 0,71 0,68 0,67

UA/ha de pasto 3,88 2,50 1,66

Pastagem inverno/UA (m2) 1.533 1.371 966

Silagem/UA (kg) 4.455 3.234 2.045

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Nota Técnica Praga do ligustro

Infestação de percevejo em ligustroInfestação de percevejo em ligustroInfestação de percevejo em ligustroInfestação de percevejo em ligustroInfestação de percevejo em ligustro

Luís Antônio Chiaradia, José Maria Milanez eElmar José Hentz

O ligustro – Ligustrum lucidumAit. (Oleaceae) – é uma essênciaflorestal exótica de origem chinesabastante utilizada como planta or-namental em áreas urbanas de ci-dades da Região Sul do Brasil. Di-versos percevejos pertencentes àfamília Pentatomidae, insetos vul-garmente conhecidos pelos nomesde “fede-fede” ou “maria-fedida”,pelo fato de liberarem odores desa-gradáveis ao serem molestados, sãoencontrados se alimentando nestaplanta (1). No final do outono de2002 foi constatada elevadainfestação de ninfas e adultos dopercevejo Dinocoris gibbus (Dallas)(Hemiptera, Pentatomidae) (Figu-ra 1) em plantas de ligustro exis-tentes na sede do município de SãoJosé do Cedro, SC. Os insetos seaglomeravam nos ramos principaisdas copas das árvores (Figura 2).

Figura 1 – Espécime adulto de Dinocoris gibbus

Aglomerações do percevejo

Figura 2 – Planta de ligustro infestada por Dinocoris gibbus. SãoJosé do Cedro, SC, maio de 2002

Este percevejo, ao ser pertur-bado e/ou ao se sentir ameaçado,expele uma substância de suasglândulas odoríferas que, ao entrarem contato com a pele das pessoas,provoca queimaduras e apareci-mento de manchas amareladas, queevoluem para hematomas eerupções cutâneas (Figura 3), sendoo quadro clínico geralmente acom-panhado de febre. Deste modo,pessoas que se encontravam sob acopa das plantas infestadas pelopercevejo, e, principalmente, as quetiveram contato com o insetodurante a poda das árvores,apresentaram os sintomas e, emalguns casos, exigiram tratamentomédico. Casos similares foramrecentemente constatados pelo Dr.Roberto Henrique Pinto Moraes,

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Opinião

Mate echimarrão

Samuel Mariano da Silva

uando o homem brancochegou ao sul do País, encontrouentre os guaranis o consumo deuma bebida preparada com a caa(erva). Ao fundarem as missões,os jesuítas aprenderam com osindígenas o uso e o plantio daerva-mate. Ainda hoje seubeneficiamento conserva carac-terísticas da técnica primitiva. E,apesar de ser conhecida há maisde quatro séculos, até pouco tempoela somente era explorada deforma extrativa.

O mate é a infusão das folhasde uma árvore, a erva-mate (Ilex

paraguaiensis ). As folhas e osgalhos, cortados a seu tempo,passam por um processo especial,que os tornam próprios para omate. Com menos de 24 horasdepois de colhidos, os ramos e asfolhas devem sofrer a operaçãoque é conhecida na linguagemervateira como “sapeco”. Taloperação consiste em submeter aramagem à ação rápida daschamas, perdendo esta certaquantidade de água. A secagem,operação seguinte, consiste emmanter as folhas e os ramossapecados a uma temperatura emtorno de 100oC durante cerca de 7horas. O contato com o calorprovoca intensa sudação por partedas folhas, o que as tornam secase quebradiças. Distinguem-se doisprocessos de secagem: o do“barbaquá”, onde a erva ficadistante da fonte de calor,recebendo sua ação através de um

túnel; e o do “carijó”, onde omaterial é exposto diretamente aofogo e sofre a ação da fumaça. Faz-se então o cancheamento, ou atrituração e peneiramento domaterial sapecado e seco.Finalmente a erva é beneficiada,ou seja, é feita a retificação dasecagem e do cancheamento.Tritura-se também, posterior-mente, a erva, a fim de produzi-laem várias granulações, de acordocom as preferências do mercadoconsumidor.

Para conhecer o preparo do“mate”, também chamado de“verde” ou “ceva”, é mister conhecerseus “avios”.

Matear exige uma “cuia”,pequeno recipiente feito a partir dofruto maduro de uma planta dafamília das cucurbitáceas, chamadoporongo (Lagenaria communis). A“cuia” deve ser curtida, o que é feitoenchendo-a com uma infusão deerva-mate já utilizada e cinza.Renova-se a infusão algumas vezes,até que a cuia perca o cheiro deporongo.

A “bomba” é um pequenoinstrumento composto de umpequeno canudo, redondo ouachatado, terminado em meiaesfera crivada de furos pequenos emeio côncava, para deitar sobre aerva e permitir absorver o mate.

Chegada a hora de preparar omate, o “cevador” toma da cuia, e adeixando ligeiramente curva, namão esquerda, coloca a quantidadede erva suficiente (geralmente doisterços do tamanho da cuia). Emseguida, o “cevador” tapa com amão direita a boca da cuia, volta-apara baixo, e, inclinando-aligeiramente, observa se a ervadeixou o fundo, vindo acumular-sena boca. Forma-se assim o barranco

ou topete. Coloca-se então a água,que deve estar fria para nãocozinhar a erva. Volta-se então acuia à posição natural, deixandorepousar por alguns minutos paraque “a erva inche”. Introduz-seentão a bomba. A água nãofervente, mas no ponto de chiar,enche então a cuia e o mate estápronto.

As opiniões divergem sobre asobrevivência do chimarrão comohábito tradicional.

Alguns estudiosos dos proble-mas da erva-mate não crêem queo chimarrão consiga permanecerno elenco obrigatório dos usos ecostumes do vasto contingentehumano da América do Sul. Elesacreditam que o chimarrão é umabebida que exige certa técnica emsua elaboração, técnica que de-manda tempo, tão escasso hojepelas exigências da vida moderna.

De outro lado, outrosacreditam que o emprego dochimarrão tem perspectivas deinclusive ampliar-se, se para talfor feita uma propaganda bemconduzida visando efeitos a longoprazo.

Realmente, se fizermos umaanálise do que se gasta anualmen-te no País para impingir ao públi-co consumidor refrigerantes eoutras bebidas de nenhum valornutritivo, que necessitam, alémdisso, uma alta carga de conserva-dores químicos para se manteremestáveis, conclui-se que, com me-nores recursos, uma campanhabem planejada a favor do chimar-rão e do mate em geral fará comque o seu consumo seja significa-tivamente aumentado.

Samuel Mariano da Silva, eng. agr.,professor da Universidade Federal deGoias/CAJ/Departamento de Biologia,C. P. 03, 85500-000 Jataí, GO, fone: (064)632-2130, fax: (064) 632-1510, e-mail:[email protected].

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Opinião

PPPPPotencial dootencial dootencial dootencial dootencial doCerradoCerradoCerradoCerradoCerrado

Glauco Olinger

solo, o clima, a fartura deágua e a área aproveitável fazemda Região do Cerrado Brasileiro omaior potencial ainda existente,no mundo, para o desen-volvimento socioeconômico combase na produção agrossil-vipastoril. São aproximadamente200 milhões de hectares, dos quaiscerca de 80 milhões se achamocupados em lavouras ou criações.Entretanto, metade da área totalapresenta condições favoráveis àprodução agrícola diversificada emlarga escala e com margem degarantia nas colheitas acima dequalquer outra região do País. Aafirmação fundamenta-se naestabilidade climática, naformação topográfica, nacomposição física, química ebiológica das terras agricultáveisexistentes e, sobretudo, naocorrência de água utilizável paraa irrigação das lavouras. Os outros100 milhões de hectares sãoapropriáveis à pecuária, àmanutenção de reservas deflorestas nativas e à silvicultura.

Contudo, o desfrute sus-tentável das terras do Cerradoestá condicionado ao uso de certastécnicas sem as quais o potencialexistente terá curta duração. Emprimeiro lugar é necessáriodefender o solo contra o desgastecausado pela erosão e reduzir, aomínimo, o prejuízo decorrente deretirada de nutrientes pelascolheitas. Para tanto, deveria seradotado correto sistema de rotaçãode culturas no qual sempre fariaparte uma faixa de cana-de-açúcar,esta com duas finalidades: atuarcomo controle vegetativo daerosão e fornecer matéria-primapara a produção de álcool-motor.O álcool produzido na própriafazenda, ou em usina pertencentea um grupo de produtores, seria

utilizado como fonte energéticapara movimentar veículos, má-quinas, motores e os aparelhos deirrigação. Outra fonte energéticaimportante seria obtida através dacombustão da madeira colhida nasflorestas cultivadas, seja naprodução de gasogênio, de vapor eoutras possibilidades.

As duas formas citadas deenergia dispensariam quaisqueroutras e teriam a importantecaracterística da sustentabilidadea partir de recursos naturaisrenováveis.

Quanto à irrigação, a preferênciadeveria recair em sistemas de baixoconsumo de água, a exemplo dogotejamento, sendo que no uso daaspersão o trabalho seria realizadoà noite, visando reduzir as perdaspor evaporação.

A Índia, a China e os EstadosUnidos têm, cada um, mais de 50milhões de hectares irrigados. OBrasil não chega a 5 milhões, e sóno Cerrado poderão ser irrigados,nos próximos dez anos, 50 milhõesde hectares de onde poderão sercolhidos, anualmente, 250 milhõesde toneladas de grãos, ou seja, maisque o dobro da produção atual.

Também, seria concentrado noCerrado o programa deassentamento dos “sem terras”,sempre nas áreas favoráveis àirrigação. Exemplo viável seria acolocação de dez famíliasagricultoras em torno da áreacoberta por um pivô central de110ha. Cada conjunto de dez pivôsreceberia a orientação técnica deagentes de extensão especializadosno manejo do solo e dos sistemas deirrigação, na rotação de culturas,na silvicultura, na pecuária, nadefesa sanitária vegetal e animal,na conservação e agregação devalores da produção, noassociativismo, nas práticas decomercialização e na preservaçãoambiental.

O uso sistemático da irrigação,principalmente no período da faltade chuvas, garantiria colheitas deboa qualidade e em quantidades

esperadas, com um mínimo degastos com agrotóxicos, porquantose sabe que as doenças das plantascultivadas, causadas por fungos,bactérias e vírus, geralmenteexacerbam-se nos climas quentese úmidos. Essa condição garantiriao sucesso das famílias ruraisassentadas pelo programa dareforma agrária dadas aregularidade e a qualidade dascolheitas.

A instalação de 100 mil pivôsde 110ha cada um abrigaria 1 mi-lhão de famílias sem-terra numprograma de dez anos, propiciandoo desenvolvimento da produçãoagrícola, da indústria e docomércio nacionais. Adicione-se àcolheita de grãos irrigada mais150 milhões de toneladas de grãosque poderão ser obtidos no cultivode 50 milhões de hectares nãoirrigados, com uma colheita naépoca chuvosa. Os restantes 100milhões de hectares seriamdestinados à formação de 20milhões de hectares de pastagenscultivadas com capacidade para aprodução mínima de 1 milhão detoneladas de carne e 50 milhõesde hectares de florestas plantadas,produzindo anualmente cerca de1 bilhão de metros cúbicos demadeira. Acrescentem-se osbenefícios relacionados com amanutenção da biodiversidade,decorrentes da preservação de 30milhões de hectares de florestasnaturais ainda existentes naregião, e ter-se-ia um exercícioprospectivo sobre o potencial atualdo Cerrado Brasileiro. Oaproveitamento sustentável daregião demanda visão de longoprazo, condição que só éencontrada em homens portadoresde inquestionável competência,elevado espírito público e onecessário poder decisório.

Glauco Olinger , eng. agr.,Epagri, C.P. 502, 88034-901Florianópolis, SC, fone: (048) 239-5599, fax: (048) 239-5597.

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Conjuntura

A capacitação dosA capacitação dosA capacitação dosA capacitação dosA capacitação dosagricultores naagricultores naagricultores naagricultores naagricultores navisão do Pronafvisão do Pronafvisão do Pronafvisão do Pronafvisão do Pronaf

Carlos Luiz Gandin, DjalmaRogério Guimarães e

Carlos Nery Romagna Cavalheiro

Programa Nacional de Forta-lecimento da Agricultura Familiar– Pronaf – representa, para aagricultura familiar, um marco.Com ele as ações no meio ruralsão desenvolvidas de formaintegrada, principalmente paraformação e capacitação dos agri-cultores, promoção da cidadania,geração de trabalho e renda,organização comunitária, acessoao crédito, gestão social, assis-tência técnica e extensão rural.Assim, o Pronaf torna mais dinâ-micos o desenvolvimento rural eo amadurecimento social daagricultura familiar.

Com o objetivo de aprimoraros conhecimentos e as habilidadesprofissionais dos agricultoresfamiliares, conselheiros muni-cipais, técnicos e demais atoresdo desenvolvimento, o Pronafagregou ao crédito e à infra-es-trutura os componentes de apoiotecnológico e capacitação geren-cial, para melhorar a viabilidadedas propostas produtivas.

A capacitação dos agricultoresfamiliares e dos pescadoresartesanais, juntamente como osdemais agentes do desen-volvimento, vem a proporcionaruma melhoria da gestão daspropriedades agrícolas, maiorconsciência ecológica e ambiental,implantação de novos em-preendimentos, principalmentena área da indústria artesanal dealimentos, aumentos na produ-tividade, melhoria da qualidadedos produtos oferecidos aomercado consumidor e geração de

novos empregos e renda.A Epagri é a principal parceira

do Pronaf na execução dacapacitação, mas, recentemente, oPronaf delegou à EmpresaBrasileira de Pesquisa Agrope-cuária – Embrapa – a execução dapesquisa agropecuária para atenderàs demandas da agriculturafamiliar. O montante de recursosaplicados no Estado para a capa-citação soma, desde 1996, aproxi-madamente R$ 11,5 milhões.Dentro desta linha de ação, o Pronaftambém apóia a execução deprojetos e estudos, geração e difusãode conhecimentos, prestação deassistência técnica, extensão rurale transferência de tecnologia paraos agricultores familiares cata-rinenses. Afinal, busca-se a eleva-ção do nível de capacitação, de acor-do com a estratégia do desenvol-vimento sustentável, e a elevaçãoda qualificação técnico-profissionaldos agricultores em produção, bene-ficiamento, agroindustrialização ecomercialização.

O Observatório do Agronegócio,por sua vez, é um projeto-piloto doInstituto Cepa/SC em parceria como Pronaf, que contribui, tambémpara a capacitação, contando, paratanto, com a parceria da Univer-sidade para o Desenvolvimento doEstado de Santa Catarina – Udesc–, através do Centro Agrovete-rinário de Lages – CAV. Para a suaconstituição e para a implemen-tação de suas atividades técnicasfoi formada uma equipe técnicaque atua no monitoramento doagronegócio, na capacitação derecursos humanos para a gestão deagronegócios e foi constituída umarede virtual para intercâmbio deinformações entre os parceirosinstitucionais e os beneficiários doprojeto, que são os agricultoresfamiliares e os pequenosempreendedores.

Já a gestão social visa acapacitação dos conselheirosmunicipais, principalmente emáreas de desenvolvimento rural

sustentável, de construção deprocessos participativos deplanejamento, elaboração, exe-cução, monitoramento e avaliaçãode planos municipais dedesenvolvimento rural e de efeitosde gestão social nos conselhosmunicipais. No ano de 2000 foramcapacitados 316 conselheirosConselho Municipal deDesenvolvimento Rural – CMDR– na construção de processosparticipativos, enquanto que em2002 a capacitação dos con-selheiros dos 74 municípioscontemplados com o Pronaf/Infra--Estrutura foi realizada medianteconsórcio liderado pela Epagri/Fundagro, contando com aparticipação do Instituto Cepa/SC,da Cidasc, Fetaesc, Faesc eoutras.

No ano de 2001, para ostécnicos dos municípios queingressaram na linha de ação Infra--Estrutura e Serviços Municipais,foi oferecido um Curso deFormação de Agentes Locais emDesenvolvimento Rural Susten-tável, Planejamento e Gestão doDesenvolvimento Local (multi-plicadores do Pronaf), com cargahorária de 476 horas–aula (244teóricas e 232 práticas), para doisparticipantes por município,mediante uma parceria doInstituto Interamericano deCiências Agrárias – IICA –, Udesce Instituto Cepa/SC. Apoiaramesta iniciativa a Epagri, a Fetaesc,a Ocesc e a Faesc.

Com o curso, os multipli-cadores do Pronaf são habilitadosa contribuir para consolidar aslinhas de atuação do Pronaf nosmunicípios; consolidar os CMDR;fortalecer as redes de organizaçõesdos beneficiários do Pronaf; darapoio técnico à elaboração dosPlano Municipal de Desenvol-vimento Rural – PMDR – de gestãoparticipativa; articular e integraro PMDR e projetos comunitárioscom outras iniciativas de desenvol-vimento local; estabelecer meca-

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Conjuntura

nismos de monitoria, avaliação erevisão dos PMDR de gestãoparticipativa e desenvolvereventos de capacitação, de curtaduração, para profissionaisenvolvidos com a execução doPronaf nos municípios. Os técnicoscapacitados foram selecionados,nos municípios, pelo InstitutoCepa/SC, o IICA e a Udesc, comindicação dos diversos segmentosda comunidade local, como sindi-catos, cooperativas, associações,prefeituras, câmara municipal eoutros setores ligados à agrope-cuária, ao desenvolvimento locale à agricultura familiar.

Sabe-se que ainda há escassezde recursos financeiros do Pronafpara atender a todas as demandasda capacitação no Estado e que apesquisa agropecuária desen-volvida pela Embrapa nem sempreatende às demandas específicasda agricultura familiar cata-rinense, mas pode-se afirmar quea estratégia de desenvolvimentoproposta pelo Pronaf tem comoobjetivo central a transformaçãoda agricultura familiar. Comenfoque participativo no âmbitodas comunidades, envolvendotanto os beneficiários quanto osparceiros responsáveis peloprocesso decisório e executivo doprograma, será possível torná-lomais eficiente e eficaz para odesenvolvimento.

Enfim, os agricultores fami-liares e os pescadores artesanaiscapacitados, com os conhe-cimentos adquiridos, sentem-seem condições de enfrentar osdesafios do mundo em mudançase tornam-se aptos a permanecerna atividade rural em condiçõesdignas, ao mesmo tempo em queos jovens capacitados, grada-tivamente, integram-se à con-dução dos empreendimentosfamiliares com perspectivas de umfuturo melhor.

Através de suas parcerias, oPronaf propõe-se a fortalecer aagricultura familiar, propor-

cionando aos agricultores e suasfamílias condições para que possamcontinuar vivendo no meio rural,com dignidade, liberdade esatisfação, com as opções detrabalho e renda necessárias àprosperidade. Estes elementosatuam como força motriz multi-plicadora dos esforços e dos recursosexistentes, possibilitando o de-senvolvimento e a segurança sociale econômica para os cidadãos nascomunidades em que vivem.

Carlos Luiz Gandin, eng. agr., M.Sc.,Epagri, C. P. 502, 88034-901 Florianópolis,SC, fone: (048) 239-5500, fax: (048) 239-5597, e-mail: [email protected]; DjalmaRogério Guimarães, eng. agr., M.Sc.Epagri/Pronaf/Instituto Cepa/SC, C. P.1.587, 88034-000 Florianópolis, SC, fone:(048) 239-3939, fax: (048) 334-2311,e-mail: [email protected] e CarlosNery Romagna Cavalheiro, eng. agr.,M.Sc. Epagri/Pronaf/Infra-Estrutura, C.P. 1.587, 88034-000 Florianópolis, SC, fone:(048) 239-3905, fax: (048) 334-2311, e-mail: [email protected].

A complexaA complexaA complexaA complexaA complexarecuperação darecuperação darecuperação darecuperação darecuperação da

triticultura brasileiratriticultura brasileiratriticultura brasileiratriticultura brasileiratriticultura brasileirae catarinensee catarinensee catarinensee catarinensee catarinense

Tabajara Marcondes

Breve retrospectiva

trigo, no plano nacional eestadual, é uma das culturas quemais perderam importância emtermos de área e produção. De umasituação de quase auto-suficiênciaem meados dos anos 80, o Brasilpassou a ser um dos maioresimportadores mundiais nos últimosanos. Isto aconteceu por algumasrazões. Uma delas é que o governomudou radicalmente sua forma deintervir na atividade. Por váriasdécadas teve um completo controlesobre compras, preços e distribuição

do produto; em muitas opor-tunidades fixava aos produtorespreços bastante remuneradores edesvinculados dos do mercadointernacional, o que estimulavamuito a produção interna. A partirdo início dos anos 90, deixou omercado praticamente livre,intervindo apenas espora-dicamente na comercialização.

Outras razões, durante omesmo período, foram aampliação da abertura comercialbrasileira e o acordo do Mercosul,que tornaram o mercado internobastante atraente para osexportadores de trigo e facilitaramas importações, acirrando aconcorrência com o produtonacional e ajudando a desesti-mular ainda mais o plantio interno.

Além destas razões, uma outrateve grande importância duranteum bom período do Plano Real:foi a sobrevalorização da moedanacional. Isto também ajudou acomprometer ainda mais acapacidade competitiva datriticultura nacional, que, atépelos subsídios de alguns países àprodução e à exportação de trigo,já não era das melhores.

A Argentina, por sua grandetradição na produção e no mercadointernacional do trigo, foi quemmais se beneficiou desta situação.Por apresentar preços bastantecompetitivos, dispor de produtode boa qualidade, beneficiar-secom a isenção de tarifas queincidem sobre as importações deoutras origens (o que decorre doacordo do Mercosul) e pelaproximidade geográfica temsido, em vários dos últimosanos, quase que a única origemdas importações brasileiras detrigo.

A partir do início de 1999, coma grande desvalorização da taxacambial brasileira, que seacentuou ainda mais notranscorrer de 2002, houve umasensível melhora da compe-titividade do produto nacional.

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Conjuntura

Isto, aliado ao fato de nos últimosanos o balanço de oferta e demandamundial estar relativamenteapertado, estimulou um início derecuperação na área plantada comtrigo no Brasil.

Oferta e demandamundiais

Nos últimos anos, asestimativas acerca do balançomundial de oferta e demanda detrigo mostravam um quadrobastante apertado e preocupantepara o Brasil, que importa cercade 75% do trigo que consome eatualmente disputa com o Egito acondição de principal compradormundial. A constante diminuiçãoda produção e o aumento de con-sumo reduziram as estimativasdos estoques mundiais para osníveis mais baixos da história.

Apesar disso, como havia umagrande disputa entre os principaisexportadores mundiais pelamanutenção e/ou conquista demercado e redução da necessidadede importação de alguns com-pradores, os preços interna-cionais, mesmo com algumasoscilações, mantinham-se empatamares relativamente baixos.De meados dos anos 90 para cá,apenas entre 1995 e 1997atingiram níveis significativa-mente elevados. Em 1996, porexemplo, o Brasil importou trigoa um valor FOB médio de US$219/t. É oportuno lembrar que,em função da baixa taxa de câmbio,naquela oportunidade a reper-cussão dos preços internacionaissobre os internos era bem maisdiscreta que a atual.

Entretanto, era claro quequalquer problema na safra dedestacados exportadores e/ouimportadores poderia provocarmudanças mais sensíveis noquadro mundial de preços de trigo,situando-os em patamares bemmais elevados que os verificadosnos últimos anos. A safra 2002/03

é uma concretização disto.No mês de maio de 2002, quando

da divulgação das primeirasprojeções acerca da oferta edemanda mundiais de trigo, oDepartamento de Agricultura dosEstados Unidos – Usda – previa umpequeno aumento na produçãomundial. Isto era uma reversão doque vinha ocorrendo nos últimosanos, já que a produção eradecrescente. Embora os estoquesfinais mundiais apre-sentassemnova tendência de decréscimo, poisa previsão de consumo estava acimado esperado para a produção, oaumento da produção não deixavade indicar a possibilidade de que ospreços internacionais nãoapresentariam alterações muitosignificativas em relação aos dosanos mais recentes.

A expectativa de aumento daprodução mundial se devia parti-cularmente ao fato de que entrealguns dos importantes produtorese exportadores mundiais de trigo –Estados Unidos, União Européia,Austrália, Canadá e Argentina –apenas para os Estados Unidosprevia-se redução na produção.

Posteriormente, entretanto, asituação alterou-se substancial-mente. Não só a produção mundialnão cresceu, como, e princi-palmente, a reversão de tendênciadecorreu da frustração na safra damaioria destes importantesprodutores e exportadoresmundiais de trigo.

Apenas a União Européiaalcançou uma produção maior quea da safra 2001/02. Além de umaprodução bem menor que ainicialmente esperada para osEstados Unidos, também forambastante significativos os decrés-cimos para os demais países,principalmente o Canadá e a Aus-trália. Isto reduziu os excedentesexportáveis e, conseqüentemente,a grande disputa travada entre ospaíses por mercado. Assim, notranscorrer do segundo semestre,mesmo com algumas oscilações, os

preços internacionais começarama crescer.

Para o Brasil, este quadromundial apertado é, por um lado,um problema sério, pois, em faceda grande dependência de outrospaíses, qualquer alteração dos pre-ços internacionais se transformaem aumento expressivo de dis-pêndio de dólares com as impor-tações; por outro, aumenta o inte-resse das indústrias nacionais peloproduto local, cria uma situaçãode melhores preços para osprodutores e, conseqüentemente,permite uma recuperação maisexpressiva da produção nacional.

Em relação à dependênciaexterna, a situação só não eramuito preocupante pelo fato denos últimos anos a Argentina, queresponde por mais de 95% dasimportações brasileiras de trigo,vir aumentando a sua produção,atingindo quantidades bastantesignificativas, atendendo, semgrandes dificuldades e com preçosrelativamente baixos, às neces-sidades brasileiras. Isto, entre-tanto, se alterou muito no trans-correr de 2002. Os preços daArgentina, influenciados pelasituação internacional, se eleva-ram muito (o Brasil teve aténecessidade de buscar trigo emoutras origens). Além disto, aexpressiva desvalorização do realajudou a encarecer ainda mais oscustos das importações.

Em relação à recuperação daprodução nacional, as primeirasestimativas da safra de 2002indicavam claramente estapossibilidade.

O IBGE estimou a área deplantio em 2,06 milhões dehectares (a última área de plantiosuperior a esta foi a da safra1991).Os principais fatores doincremento na área foram: a boadisponibilidade de sementes dequalidade (em 2001, a falta desementes limitou a área deplantio); o fato de em algunsEstados ter havido limitações

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Conjuntura

climáticas para o plantio do milhoda segunda safra (cuja áreaconcorre com a do trigo); o bomresultado alcançado por muitosprodutores na safra anterior; agrande elevação nos preçosinternos no primeiro semestredeste ano; o preço mínimo fixadopelo governo (R$ 285,00/t para osEstados da região Sul e de R$300,00 para os das regiões Sudestee Centro-Oeste); o interesse demuitos moinhos pela compraantecipada de trigo; o fato de aindafaltarem outras alternativas deplantio de inverno e, finalmente,a perspectiva que os produtorestinham durante o plantio de maisuma safra de comercializaçãofavorável.

A produção chegou a serestimada em mais de 4,2 milhõesde toneladas. Seria a maiorprodução desde o final dos anos80, quando, como se destacouanteriormente, o mercado eracompletamente controlado pelogoverno. Esta expectativa acabousendo frustrada. Em face,principalmente, dos problemasclimáticos ocorridos no Paraná eRio Grande do Sul, a produçãobrasileira acabou ficando em cercade 3,2 milhões de toneladas.

Em Santa Catarina, nosúltimos anos, também tem havidorecuperação na área plantada ena produção de trigo. A exemploda situação nacional, estarecuperação decorre dos bonsresultados alcançados pelosprodutores catarinenses nasúltimas safras.

A safra de 2001 foi um exemploclaro. Apesar de problemasclimáticos, particularmente umaforte geada no mês de setembro, orendimento médio do Estado(1.566kg/ha) acabou não sendo tãobaixo quanto se temia. Além disto,os preços recebidos pelosprodutores atingiram os maiorespatamares dos últimos anos.

Na safra estadual de 2002, aárea plantada foi de 51 mil hectarese a produção alcançou cerca de100 mil toneladas. Isto fica bem

abaixo do que se previainicialmente.

Pelos mesmos fatores queestimularam o crescimento da áreaplantada no País, chegou-se aesperar que a área plantada noEstado pudesse se aproximar dos65 mil hectares. Aspectos como oexcesso de chuvas durante operíodo de plantio, preocupaçõescom possíveis geadas tardias,dificuldades de acesso ao crédito decusteio e mais uma experiêncianegativa vivida por parte dosprodutores na safra de 2001 nãopermitiram que se confirmasseaquela expectativa. Ainda assim, aprodução estadual de 2002 estámuito perto das maiores que secolheram nos últimos anos.

As perspectivas

A continuidade desta tendênciade recuperação na área plantadacom trigo no País e no Estadodepende dos resultados que osprodutores continuarão alcançandocom a triticultura, particularmentedo comportamento dos preçosrecebidos.

Uma das principais dificuldadespara crescimentos mais expres-sivos da produção nacional ecatarinense é a permanência degrandes distorções no mercadointernacional do trigo, um dosprodutos mais comercializados econtemplado com políticas desubsídio à produção e exportaçãopor vários países.

De qualquer maneira, emboracom o expressivo nível de consumoseja completamente inviável buscaratingir a auto-suficiência com aprodução nacional, é certo que agrande dependência externa desteproduto pode ser sensivelmentereduzida. É com este objetivo queentidades relacionadas à cadeiaprodutiva do trigo têm propostomedidas, relacionadas princi-palmente à produção e àcomercialização, que permitiriamreduzir o grau de incerteza dosprodutores e estimular o plantio detrigo. A idéia é que a partir de 2005

o Brasil alcance uma produção demais de 6 milhões de toneladas, oque seria suficiente para atendera 60% do consumo nacional.

A experiência dos últimos anosmostra, entretanto, que esta nãoé uma tarefa simples; sempre sevolta a discutir a necessidade de oBrasil aumentar sensivelmente asua produção, mas, concreta-mente, acaba sobrando compro-misso quase que apenas para ogoverno, o que é importante, masinsuficiente para garantir umcrescimento significativo econstante da produção nacional.

A tarefa fica ainda maiscomplexa quando se tem aArgentina como um dos principaisparceiros comerciais e origem damaior parte das importaçõesbrasileiras de trigo. Este país temgrande tradição no mercadointernacional e apresenta preçosbastante competitivos.

Embora de 1999 a 2001 acomercialização brasileira de trigotenha sido facilitada pelaconjugação da desvalorização doreal com a sobrevalorização dopeso argentino e no ano de 2002 osquadros internacional e argentinotenham permitido mais umacomercialização favorável para aprodução nacional, esta situaçãopode se alterar.

Os fatores que explicaram ouexplicam as melhores condiçõese, conseqüentemente, a recentetendência de recuperação na áreaplantada no País (câmbio argen-tino sobrevalorizado, produçãoargentina inferior à dos anos maisrecentes, taxação das exportaçõespelo governo argentino, balançode oferta e demanda mundialapertado, período de firmeza nospreços internacionais, baixosestoques de trigo nacional)dificilmente serão mantidos pormuito tempo. Assim que sealterarem, poderão reverter estatendência com relativa rapidez.

Tabajara Marcondes , eng. agr.,Instituto Cepa/SC, C.P. 1.587, 88034-000Florianópolis, SC, fone: (048) 239-3900,fax: (048) 334-2311.

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Vida Rural Soluções caseiras

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É o alimento no seu estado natural, que nãopassou por nenhum processo industrial. Frutas, ver-duras, legumes, peixes, cereais, leite, mel, ovos ecarnes frescas são alimentos in natura.

A compra desse tipo de alimento requer atençãoespecial; afinal, sua saúde e a de sua família depen-dem da qualidade dos alimentos que consomem.Deve-se dar preferência aos alimentos de época,especialmente verduras, legumes e frutas, que alémde mais frescos, são mais baratos. Compre somenteaqueles que estejam com as cascas e as folhas perfei-tas.

O alimento in natura pode ser vendido solto (agranel) ou embalado. Ao comprar, verifique se aembalagem contém nome do fabricante, prazo devalidade e carimbo dos serviços de inspeção.

Carnes

A carne tem uma grande importância na alimen-tação, principalmente das crianças. Os tipos de carneencontrados no mercado são: carne bovina (ou devaca, como é conhecida), carne de porco, carne decarneiro, vitela e outras, como de cabrito, coelho,leitão, etc., além das chamadas “carnes de caça”, maisraras.

Os cortes também variam muito, dependendo dafinalidade do consumo. Para churrasco, por exemplo,os cortes são diferentes dos utilizados para o consumocomum.

Seja qual for o tipo de carne, é importante tomaralguns cuidados na hora da compra e na conservação,até porque as carnes, quando mal conservadas, estra-gam rapidamente.

em todos os tipos de carne;• à carne que não foi fiscalizada, pois pode estar

contaminada. A carne também pode ser contaminadadepois da inspeção, no próprio açougue ou estabeleci-mento de comercialização; por isso é importanteverificar a higiene do local, assim como a dosatendentes.

Aves

As aves devem ter a carne firme, de cor rosada ouamarelo-clara brilhante e cheiro suave.

• Não compre carne de aves cuja pele esteja muitoamarela, pois essa cor indica alta concentração degordura.

• Por se deteriorar com muita facilidade, deve sermantida na parte mais fria da geladeira ou congelada,ou consumida no mesmo dia.

• A pele das aves tem alta concentração decolesterol. Evite consumi-la.

Peixes

O peixe é um alimento nutritivo e deve ser consu-mido de duas a três vezes por semana. Rico emproteínas, cálcio, ferro, fósforo, sais minerais e vita-minas, ainda leva a vantagem de ter pouca gordura,o que o torna ideal para os regimes alimentares.

Mas é preciso tomar muito cuidado, pois é umacarne que se deteriora com grande facilidade, poden-do trazer sérios riscos à saúde.

O peixe também é vítima constante da poluiçãodos rios e mares.

Frutas

Gostosas e muito nutritivas, as frutas são indis-pensáveis à alimentação. Prefira sempre as frutas deestação, pois a oferta é maior, a qualidade, melhor e,o que é muito importante, são mais baratas.

Carnes, aves e peixes devem ser guardadosna geladeira em recipientes de plásticobem fechados e consumidos em um ou

dois dias.

Para não correr riscos, preste atenção:

• às condições de higiene do açougue ou super-mercado, que devem ser excelentes;

• à identificação da origem, etiqueta-lacre quecontém o número do Serviço de Inspeção Federal(SIF), nome do frigorífico e origem, data de embala-gem e de validade e tipo de animal;

• ao carimbo roxo do SIF, que mostra que a carnefoi aprovada pela fiscalização e deve estar presente

Fonte: BORGES, L. Salve seu bolso: o mais completoguia para antes, durante e depois da compra. SãoPaulo: Peirópolis, 1999. 241p.