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Editora Poisson · Aurea Milene Teixeira Barbosa dos Santos, Roberta Tainã Campos Soares, Ana Carla Pereira da Silva, Ingrid Monique Oliveira Teles, Patrícia de Paula Ledoux Ruy

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Editora Poisson

Tpicos em AdministraoVolume 12

1 Edio

Belo Horizonte Poisson

2018

Editor Chefe: Dr. Darly Fernando Andrade

Conselho Editorial

Dr. Antnio Artur de Souza Universidade Federal de Minas Gerais

Dra. Cacilda Nacur Lorentz Universidade do Estado de Minas Gerais

Dr. Jos Eduardo Ferreira Lopes Universidade Federal de Uberlndia

Dr. Otaviano Francisco Neves Pontifcia Universidade Catlica de Minas Gerais

Dr. Luiz Cludio de Lima Universidade FUMEC

Dr. Nelson Ferreira Filho Faculdades Kennedy

Ms. Valdiney Alves de Oliveira Universidade Federal de Uberlndia

Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) T674

Tpicos em Administrao Volume 12/

Organizao Editora Poisson Belo

Horizonte - MG : Poisson, 2018

245p

Formato: PDF

ISBN: 978-85-7042-022-0

DOI: 10.5935/978-85-7042-022-0.2018B001

Modo de acesso: World Wide Web

Inclui bibliografia

1. Administrao 2. Gesto. I. Ttulo

CDD-658

O contedo dos artigos e seus dados em sua forma, correo e confiabilidade so de responsabilidade exclusiva dos seus respectivos autores.

www.poisson.com.br

[email protected]

http://www.poisson.com.br/mailto:[email protected]

Sumrio Captulo 1: Controladoria: Uma anlise sobre a eficincia dos resultados aps cinco anos de implantao em uma empresa comercial no municpio de Conceio do Jacuipe-Bahia ................................................................................................... 7

Vivianne da Silva Andrade Batista, Luis Oscar Silva Martins

Captulo 2: O ensino da gesto financeira aplicada aos recursos pessoais: A percepo dos graduandos do curso de administrao .............................................................. 18

Luciana Novaes Vieira Ferreira, Ana Valria Vargas Pontes, Cludio Vitor Ritti Costa, Vitor Cezar Moreira de Carvalho

Captulo 3: Anlise dos ndices de liquidez, endividamento e rentabilidade de companhias areas listadas na bolsa de valores BM&F Bovespa .......................................... 29

Scheila Cardoso Albuquerque, Cristiane de Fatima Batista Alves, Natnia Cristina Santana Santos, Renata Veloso Santos Policarpo

Captulo 4: A influncia dos Apps de controle financeiro na vida de seus usurios ......................................................................................................................................... 38

Raimundo Nonato Lima da Silva, Mykhael Marinho Canjo, Lennylde Cantanhede do Vale Ferreira Leal

Captulo 5: Adoo da Monocultura: O impacto econmico gerado em Santo Antnio de Lisboa-PI ........................................................................................................... 48

Francisco Elves Silva Batista, Ismael Gonalves Arajo, Janayna Arruda Barroso

Captulo 6: Desafios e perspectivas na gesto de resduos slidos em um municpio sul-matogrossense Brasil ........................................................................................... 62

Daniela Althoff Philippi,Renata Freitas dos Santos

Captulo 7: Responsabilidade social empresarial: a importncia do tema para os formandos em administrao da Unioeste campus Cascavel ...................................... 75

Thayse Ana Ferreira

Captulo 8: Responsabilidade social corporativa em empresas do setor eltrico do Rio Grande do Norte ................................................................................................... 87

Ary Luiz de Oliveira Peter Filho

Sumrio Captulo 9: Avaliando a qualidade da informao nos sites de transparncia do poder executivo municipal Paranaense ................................................................................... 102

Alcenir Vergilio Negri, Gilson Adamczuk Oliveira, Gilson Ditzel Santos

Captulo 10: Anlise da eficincia da Lei de Informtica por meio da Anlise Envoltria de Dados ...................................................................................................................... 114

Marcelo Clinger Vieira Cavalcante, Augusto Csar Barreto Rocha

Captulo 11: Resilincia em estagirios segmentado por idade, tempo e tipo de instituio de estgio. .............................................................................................................. 123

Gleydson Santos Ferreira, Thiago Cardoso Ferreira, Nehemias Pinto Bandeira, Jos Samuel de Miranda Melo Junior, Carlos Csar Ronchi

Captulo 12: Geraes Y e Z e os conflitos enfrentados no ambiente de trabalho ......................................................................................................................................... 137

Jacqueline Vloch Maestrelli

Captulo 13: Elaborao do Business Model Generation para uma nova variedade de cupuau .................................................................................................................. 148

Aurea Milene Teixeira Barbosa dos Santos, Roberta Tain Campos Soares, Ana Carla Pereira da Silva, Ingrid Monique Oliveira Teles, Patrcia de Paula Ledoux Ruy de Souza

Captulo 14: Anlise gerencial da atividade leiteira na regio oeste de Santa Catarina ......................................................................................................................................... 159

Everaldo Veres Zahaikevitch, Amanda Hochmann Narciso, Beatriz Maria Spies, Antnio Ceclio Silvrio, Augusto Faber Flores, Andreia Gura, Juliana Vitoria Messias Bittencourt

Captulo 15: O empreendedorismo criativo como estratgia para o desenvolvimento local: um estudo de caso na cidade de Varre-Sai/RJ ....................................... 170

Renata Faria dos Santos, Vanessa de Ftima Camilo da Cruz, Marcellus Henrique Rodrigues Bastos

Captulo 16: Estimao da disposio a pagar por um calado esportivo de marca conceituada no mercado ................................................................................................... 179

Bianca Gabriel Fellet, Kellen Gomes de Souza Almeida Padrones, Waldir Jorge Ladeira dos Santos

Sumrio Captulo 17: Estratgias de marketing utilizadas em uma padaria em Medeiros -MG: um estudo de caso ............................................................................................... 190

Brbara Andrino Campos Silva, Humberto Elias Giannecchini Fernandes Rocha Souto, Marcelo Teotnio Nametala, Rafael Izidoro Martins Neto, Talisson da Silva Amorim, Jlio Csar Benfenatti Ferreira

Captulo 18: Uma anlise das taxas de evaso e reteno sob a tica do perfil dos alunos ............................................................................................................................ 200

Sabrina Ferreira Lopes, June Marques Fernandes, Luciana Paula Reis

Captulo 19: Estado da arte das publicaes dos egressos do programa de mestrado em Cincias Contbeis da UERJ Turmas de 2004 a 2012 ........................................ 214

Kellen Gomes de Souza Almeida Padrones, Elaine de Souza Barros , Waldir Jorge Ladeira dos Santos

Captulo 20: O grau de entendimento dos professores das instituies de ensino superior sobre avaliao e abordagens do processo de ensino- aprendizagem: o caso da UFC ..................................................................................................... 224

Daniela Graciela Silva Brito de Mesquita, Joao Welliandre Carneiro Alexandre, Maria do Socorro de Sousa Rodrigues, Isaias Batista de Lima, Silvia Maria de Freitas

Autores ........................................................................................................................................ 233

Captulo 1

Vivianne da Silva Andrade Batista

Luis Oscar Silva Martins

Resumo: O artigo tem como foco analisar a eficincia dos resultados da Controladoria em uma empresa Comercial, aps cinco anos de implantao. A Controladoria configura-se como uma ferramenta de gesto que propicia ao gestor a tomada de deciso estratgica atravs das anlises elaboradas de modo a possibilitar um auxlio nos controles e planejamento organizacional. Uma controladoria bem estruturada e em funcionamento o diferencial das empresas diante dos seus concorrentes, pois com as anlises possvel a construes de cenrios, que daro subsdios ao gestor de traar estratgias e manter-se competitiva no mercado. Por conseguinte, este trabalho evidencia o papel da Controladoria, trazendo nuances desde sua origem e evoluo, a sua relao com a Contabilidade, a importncia dos controles internos e o papel da Controladoria na tomada de deciso. Procurou-se com esta pesquisa verificar a eficcia dos resultados aps cinco anos de implantao em uma empresa Comercial Os resultados foram obtidos atravs de entrevista com a Controller da empresa comercial e um questionrio aplicado aos colaboradores do setor com o intuito de aferir nas respostas evidncias que comprovem a eficincia dos resultados da implantao da Controladoria, onde foi verificado que apesar dos desafios e adversidades enfrentados no setor, a implantao foi assertiva e tem produzido resultados que embasam os gestores nas tomadas de decises. Assim, este trabalho tem relevncia para empresas do ramo, demonstrando que o setor estruturado e ativo, mantendo-se atualizado e atento as demandas de mercado possibilita elaborao de estratgias subsidiando a tomada de deciso, de modo a manter-se competitiva no mercado. Palavras-Chave: Contabilidade, Controladoria; tomada de deciso

Tpicos em Administrao - Volume 12

1 INTRODUO

A Controladoria tem um papel de fundamental importncia no processo da gesto estratgica organizacional, onde a eficcia das informaes gerenciais serve de balizador para as tomadas de decises, alm de demonstrar atravs dos controles internos a eficincia dos processos existentes. O desafio de implantar uma Controladoria e manter em funcionamento todos os controles necessrios, bem como garantir o fluxo das informaes advindas dos setores para obteno de anlises dos cenrios e posteriores pareceres inegvel, onde o Controller precisa ter a percepo e sensibilidade afloradas para que as anlises financeiras, econmicas e gerenciais sejam fidedignas, respaldando o gestor nas decises estratgicas.

A Controladoria tem como misso suportar todo o processo de gesto empresarial por intermdio de informao, que um sistema de apoio gesto. O sistema de informao da Controladoria integrado com os sistemas operacionais e tem como caracterstica essencial a mensurao econmica das operaes para planejamento, controle e avaliao dos resultados e desempenho dos gestores das reas de responsabilidade. (PADOVEZE, 2003).

Partindo dessa reflexo encontra-se o ponto de partida para a formulao do problema deste estudo: Qual a eficincia dos resultados aps cinco anos da implantao da Controladoria em uma empresa comercial no municpio de Conceio do Jacupe- Ba?

Dentro do contexto apresentado, a importncia deste trabalho pode ser evidenciada em trs perspectivas: Pessoal, acadmica e social. Do ponto de vista pessoal, a Controladoria um campo da cincia contbil que envolve todo o sistema de gesto desde o planejamento at o controle efetivo das operaes, permitindo ao Controller munir o gestor das informaes necessrias para as tomadas de decises. Do ponto de vista acadmico o desenvolvimento deste trabalho ter relevncia atravs da contribuio da vivncia prtica das atividades de Controladoria pouco disseminadas e implantadas em empresas comerciais de pequeno e mdio porte.. No que refere-se ao ponto de vista social este estudo retrata os resultados obtidos com a implantao de uma Controladoria em uma empresa comercial de mdio porte, assim

como as fragilidades, possibilitando uma anlise da eficincia dos processos j implantados e os pontos de melhorias a serem tratados em busca do avano e da excelncia.

Apresentada a temtica, o problema e as justificativas da pesquisa o objetivo geral analisar os procedimentos e metodologias utilizados pela Controladoria para promover a eficincia e a eficcia das informaes no processo de anlise, delineando as principais medidas tomadas pela Controladoria de modo a embasar o gestor nas tomadas de decises. Especificamente pretende-se descrever processos eficazes e a forma de fortalec-los de modo a padronizar as diversas reas fornecedoras de informaes Controladoria, identificar quais reas causam impacto na eficincia das anlises da Controller, verificar mecanismos de anlise existentes e sua eficcia e sugerir meios para que o funcionamento da empresa possa ser avaliado e verificado, disseminar para a Empresa, de forma clara e concisa, a importncia do controle eficaz e imparcial atravs das informaes obtidas de todas as reas envolvidas.

2. FUNDAMENTAO TERICA

Esta sesso visa apresentar os principais conceitos que envolvem a Controladoria. A abordagem tratar do histrico desde a origem a evoluo nos dias atuais, a sua relao com a Contabilidade, os controles internos, Controladoria em empresas de pequeno porte e o seu papel estratgico como ferramenta nas tomadas de deciso

2.1 ORIGEM DA CONTROLADORIA

A Controladoria tem sua origem ligada ao processo de evoluo inerente aos meios sociais e de produo que tiveram inicio na Revoluo Industrial. Segundo o autor Marion (2005), a Controladoria surgiu nas grandes corporaes norte americanas, no incio do sculo XX com a finalidade de realizar um rgido controle das empresas relacionadas (subsidirias e/ou filiais), visto que um significativo nmero de empresas concorrentes, que haviam proliferado a partir da Revoluo Industrial, comeou a se fundir no final do sculo XIX, formando grandes empresas, organizadas sob forma de departamentos e divises, mas com controle centralizado.

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Devido a este crescimento e expanso de algumas companhias surgiram demandas de controles devido a complexidade das atividades desenvolvidas, a partir das fuses ocorridas nas companhias norte americanas, exigindo anlises e construo de informaes que antes no se faziam necessrias. Passada a Revoluo Industrial houve uma necessidade de maiores e mais precisas informaes, que permitissem uma tomada de deciso correta. FAM; BRUNI (2002).

No Brasil a Controladoria nasceu atravs das empresas multinacionais norte americanas que, expandindo suas filiais no pas, trouxeram o formato do trabalho desenvolvido em seu pas de origem, onde os profissionais vinham ensinar as teorias e prticas contbeis vivenciadas e consolidadas com os controles internos, os sistemas de informaes gerenciais, para atender as necessidades da companhia referente ao fornecimento de informaes e anlises de modo a embasar e nortear o gestor nas tomadas de decises a fim de garantir o bom desempenho e o retorno esperado no negcio.

2.2 RELAO ENTRE CONTABILIDADE E CONTROLADORIA

A Contabilidade e a Controladoria integram as ferramentas que embasam os gestores nas tomadas de decises. Embora tenham premissas distintas, relacionam-se entre si intimamente contribuindo efetivamente na gesto do negcio.

De acordo com SILVA (2013):

A Contabilidade pode ser definida como uma cincia social que estuda e pratica as funes de controle e de registro relativas aos atos e fatos da Administrao e da Economia. Mais especificamente, trata-se do estudo e do controle do patrimnio das entidades, por meio dos registros contbeis dos fatos e das respectivas demonstraes dos resultados produzidos.

CAMPOS (2016) apud CATELLI (2001) afirma que:

A controladoria enquanto ramo do conhecimento apoia-se na teoria da contabilidade e em uma viso multidisciplinar, sendo responsvel pelo estabelecimento das bases tericas e conceituais necessrias para a modelagem, construo e manuteno de

sistemas de informaes e modelo de gesto econmica, que supram de forma adequada s necessidades informativas dos gestores e os induzam durante o processo de gesto, quando requerido, a tomarem decises eficazes.

Neste contexto a Contabilidade e a Controladoria relacionam-se e colaboram mutuamente nas anlises, dados e indicadores indispensveis no processo decisrio, assim como na identificao e mensurao dos eventos econmicos da Empresa. As informaes advindas das diversas reas da Empresa precisam ser fidedignas, claras e recebidas em tempo hbil, a fim de no ofuscarem as anlises de modo a impactarem nas estratgias.

2.3 CONTROLES INTERNOS

Baseado em SILVA (2015) apud ALMEIDA (2012) entende-se por Controle Interno o conjunto de procedimentos, mtodos ou rotinas com o objetivo de proteger os ativos, produzir dados contbeis confiveis e ajudar a administrao na conduo ordenada dos negcios da empresa.

Os controles internos cooperam na melhoria da eficincia das operaes, de modo que um controle robusto e atuante uma ferramenta eficaz na Controladoria, visto que atravs do acompanhamento e aferio dos procedimentos executados possvel verificar e comprovar a veracidade das informaes advindas das diversas reas, em tempo hbil.

SILVA (2015) apud MIGLIAVACCA (2004) evidencia a importncia da estrutura de um sistema de controle interno:

A estrutura de um sistema de controle interno visa atender s necessidades de gesto da administrao prevendo a identificao imediata dos fatores internos e externos e a anlise e avaliao de como esses fatores podem afetar as operaes, lucratividade, ativos e passivos e o futuro da empresa; o resultado de suas operaes, adicionando valor entidade, se o controle interno fornecer administrao, em tempo hbil, informaes que possibilitem o aproveitamento de todas as oportunidades de bons negcios, reduo de custo e aumento do nvel de confiana dos clientes e funcionrios da empresa os resultados podem ser positivos e crescentes.

Um sistema de controle interno efetivo e atuante permite a identificao de falhas,

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sejam elas por omisso, por informao equivocada, desfalques, divergncias nos dados contbeis, de modo a evitar prejuzos para a Empresa.

2.4 CONTROLADORIA EM EMPRESAS DE PEQUENO PORTE

As pequenas e mdias empresas vm adquirindo ao longo dos anos um papel importante na economia do pas, pois o seu valor socioeconmico relevante e contribui de forma significativa com o Produto Interno Bruto (PIB). Segundo dados do SEBRAE- Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas (2016), as micro e pequenas empresas so as principais geradoras de riqueza no Comrcio no Brasil, j que respondem por 53,4% do PIB deste setor. No PIB da Indstria, a participao das micro e pequenas (22,5%) j se aproxima das mdias empresas (24,5%). E no setor de Servios, mais de um tero da produo nacional (36,3%) tm origem nos pequenos negcios. Os nmeros so expressivos e, juntas as pequenas empresas tem fora e participam ativamente da economia do pas.

Assim, a Controladoria nas empresas de pequeno porte configura-se como um aporte ao qual permitir aumento da competitividade, lucratividade e consolidao no mercado. Segundo SILOS; BECKERT (2017, pg.17):

A alta competitividade apresentada no cenrio mercadolgico com grande evidncia, e as organizaes que no possuem um diferencial e no apresentam vantagem competitiva de forma clara ao mercado no sobrevivem por muito tempo no mundo dos negcios. Neste contexto, exige-se uma maior velocidade na apurao de resultados, na flexibilidade dos fluxos produtivos e na preciso das informaes. Estes fatores tornam a Controladoria um setor necessrio no s nas grandes companhias, mas principalmente nas pequenas, que necessitam rapidamente unir planejamento, execuo e controle, superando barreiras impostas pelo mercado e obtendo eficcia gerencial.

Desta forma, a Controladoria em uma empresa de pequeno porte, tem sua importncia pautada nas demandas de planejamento, execuo, acompanhamento e controle das operaes, de modo a obter benefcios como aumento da lucratividade, controle de custos e despesas, aumento das

receitas, captao de clientes, expanso da viso estratgica e confiabilidade das informaes.

2.5 A CONTROLADORIA COMO FERRAMENTA ESTRATGICA NA TOMADA DE DECISO

A Controladoria tem como foco gerar informaes capazes de suprir a necessidade dos gestores e embasa-los nas tomadas de decises, de modo a fornecer anlises aprofundadas, construo de cenrios, projees que permitam os gestores terem uma viso holstica do processo.

BIANCHI (2006) apud BEUREN (2002) destaca que:

Como rgo administrativo, necessrio o envolvimento da rea de controladoria no processo de gesto da empresa, com o objetivo de melhorar a tomada de decises, bem como de propor o aperfeioamento dos instrumentos de planejamento e controle gerencial por meio de construo de modelos, aplicaes da pesquisa operacional, uso da estatstica, entre outros recursos que possam tornar o sistema de informaes, sob sua responsabilidade, mais eficaz.

Neste contexto a Controladoria uma pea fundamental no planejamento e controle das empresas, visto que atuar como uma bssola para os gestores obterem os melhores resultados possveis com os menores recursos, levando-os a tomar decises estratgicas que proporcionem a melhoria contnua e a eficcia das operaes.

3 METODOLOGIA

Incio (2001, p.23) conceitua a metodologia como um conjunto de procedimentos e tcnicas de que se lana mo no processo de investigao, incluindo-se os aspectos relacionados ao como fazer a pesquisa como tambm a postura ideolgica do investigador, aos seus objetivos, pressupostos e sua concepo do mundo.

Quanto ao objetivo, esta pesquisa cientfica est caracterizada como explicativa, pois objetiva explicar um fenmeno em que a Controladoria da empresa comercial, atravessa aps seus 05 anos de implantao. Conforme descrito pelos autores Lakatos e Marconi (2011) a pesquisa explicativa registra

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fatos, analisa-os, interpreta-os e identifica suas causas. Quanto ao delineamento a pesquisa est caracterizada como reviso bibliogrfica e estudo de caso. No que concerne a reviso bibliogrfica, Lima (2012) apud Gil (2009) afirma que:

A pesquisa bibliogrfica desenvolvida com base em material j elaborado, constitudo principalmente de livros e artigos cientficos. A principal vantagem desse tipo de pesquisa reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama maior de fenmenos do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Essa vantagem particularmente importante quando o problema de pesquisa requer dados que esto dispersos no tempo e no espao relacionados ao objeto de estudo.

Quanto ao estudo de caso, procura-se maior familiaridade com a problemtica em estudo, de forma a realizar descobertas, construir hipteses atravs das anlises efetuadas. Lima (2012) apud Yin (2005) descreve que:

O uso do estudo de caso adequado quando se pretende investigar o como e o porqu de um conjunto de eventos contemporneos. Assevera que o estudo de caso uma investigao emprica que permite o estudo de um fenmeno contemporneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenmeno e o contexto no esto claramente definidos.

A abordagem do estudo est classificada como qualitativa, pois baseia-se na observao e anlise cuidadosa do ambiente ao qual o fenmeno acontece, pautando-se na compreenso de vrias perspectivas. Este estudo seguiu um percurso que permitiu a pesquisadora, e tambm colaboradora da empresa, aprofundar e verificar os resultados obtidos aps 05 anos de implantao da Controladoria na empresa Comercial. A pesquisa foi desenvolvida entre os meses de outubro a dezembro de 2017 no setor da Controladoria, onde a autora observou vrios aspectos sob a luz de responder o objetivo principal da pesquisa sobre a eficcia da implantao da Controladoria aps 05 anos. A coleta de dados deu-se de duas formas: Uma entrevista semiestruturada com a Controller, onde segundo o autor Fraser (2004) a entrevista em pesquisa procura ampliar o papel do entrevistado ao fazer com que o pesquisado mantenha uma postura de abertura no processo de interao, evitando restringir-se s perguntas pr-definidas, de

forma que a palavra do entrevistado possa encontrar brechas para sua expresso.

A partir dos dados coletados na entrevista com a Controller da empresa, foi elaborado um questionrio aplicado aos 05 colaboradores da Empresa responsveis por processar e fornecer informaes Controller . Para Gil (2008) o questionrio pode ser definido como uma tcnica de investigao social composta por um conjunto de questes que so submetidas a pessoas com o propsito de obter informaes sobre conhecimentos, crenas, sentimentos, valores, interesses, expectativas, aspiraes, temores, comportamento presente ou passado.

A empresa escolhida para desenvolvimento do presente estudo do ramo de comrcio varejista de materiais de construo civil, na cidade de Conceio do Jacupe- Bahia, localizada a 90 km da capital baiana. Est no mercado h 23 anos, comercializando desde os produtos bsicos para construo e reformas at os materiais de acabamento, decorao e utilidades do lar contando com um mix de aproximadamente 8.000 itens.

4. ANLISE DOS DADOS

Esta seo trata da descrio dos dados e discusso dos resultados coletados a partir da entrevista realizada com a Controller visando analisar a eficcia da Controladoria aps 05 anos de implantao.

Foi questionado a Controller qual era o objetivo inicial da Empresa quando sentiu a necessidade de implantar uma Controladoria e foi evidenciado que a necessidade surgiu devido ao processo de crescimento constante ao qual a Empresa estava vivendo, necessitando de anlises sobre o faturamento, compras, funcionrios dentre outros. A Assessoria Contbil era meramente para gerar impostos e folha de pagamento. Assim a Empresa precisava de controles internos capazes de fornecer informaes que embasassem a Diretoria na tomada de decises, surgindo a necessidade de se conhecer, para atravs dos demonstrativos e levantamento das informaes traarem as estratgias.

Perguntado se o objetivo inicial da implantao da Controladoria foi alcanado e como pode-se comprovar isso, a Controller respondeu que foi alcanado e a comprovao se dar atravs da evoluo dos

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controles internos onde foi seguida uma cronologia iniciando pelo levantamento das informaes, elaborao de planilhas de fluxo de caixa, Oramento, Demonstrativo de Resultado, planilha de volume de faturamento, planilha de comportamento dos recebimentos, dentre outros controles de forma a evidenciar os gargalos e efetuar as projees para auxiliarem a Diretoria nas tomadas de decises, onde para cada demanda que surge a Controladoria molda-se para atender a necessidade da Empresa.

Diante da tarefa de estruturar uma Controladoria na empresa comercial, foi perguntado a Controller qual o maior desafio na implantao da Controladoria e a mesma expressou que o maior desafio se deu ao fato de primeiro compreender como as informaes eram geradas, depois produzir as informaes necessrias, porm inexistentes para posteriormente realizar as anlises. Esse desafio permanece atualmente, pois devido s demandas e necessidades da Empresa, a Controladoria est inserida no contexto de produzir as informaes e no apenas de analisar, controlar e fornecer os resultados. Neste contexto temos uma situao delicada onde a Controladoria trabalha com atividades concorrentes entre si, a de produzir e analisar algumas das informaes necessrias, sob o risco de acarretar prejuzos imparcialidade ou at mesmo ocorrer um olhar equivocado ou distorcido sobre uma anlise, ofuscando o resultado. Este ponto foi evidenciado durante a entrevista e a Controller reconhece esta lacuna ainda existente e tem trabalhado de forma efetiva para que cada vez mais diminua, at que sejam excludas as produes para posteriores anlises, de forma que a Controladoria foque no seu objetivo macro de controlar e analisar as informaes geradas.

Foi solicitado durante a entrevista, que a Controller fizesse de forma breve um repercurso sobre as evolues concebidas e que podem ser observadas aps 05 anos de implantao da Controladoria e a mesma evidenciou que so notadas de forma efetiva evolues nos lanamentos fidedignos no sistema ERP; a gerao dos demonstrativos embora sejam planilhados norteiam de forma assertiva a Diretoria para as tomadas de decises demonstrando o cenrio, direcionando os pontos de melhoria para a Empresa alcanar os objetivos estratgicos para o desenvolvimento do negcio. Diante

da evoluo observada foi questionado o que ainda precisa ser feito para melhorar continuamente a Controladoria e a entrevistada respondeu que para melhorar continuamente, faz-se necessrio um esforo contnuo na produo das informaes, onde os clientes internos envolvidos na produo destas, ainda cometem falhas, acarretando uma carga de operacionalidade dificultando a agilidade no processo de anlise e resultados, pelo fato de a Controladoria interagir com as diversas reas da Empresa foi evidenciado durante a entrevista que existem aes/fatos advindos de outras reas que impactam nos resultados, a exemplo de informaes que no chegam em tempo hbil e em algumas situaes no so fidedignas; falta de sensibilidade na construo das informaes; no cumprimento dos processos pr estabelecidos, ocasionando retrabalhos.

De acordo a abordagem transcrita da entrevista com a Controller, percebe-se uma sintonia quanto ao funcionamento da Controladoria. H comprometimento, engajamento e unio de esforos para que os resultados sejam cada vez mais assertivos e fidedignos. O estudo permitiu a verificao de que a Controladoria da empresa comercial tem dado bons resultados, mesmo em meio aos desafios e aos fatores internos e externos, a empresa tem se mantido competitiva por ter estratgias de gesto bem traadas atravs dos dados oferecidos pelos cenrios construdos na Controladoria, embasando os gestores para as tomadas de deciso.

No intuito de embasar a entrevista, foi aplicado um questionrio com 05 colaboradores do setor, de modo a aferir questes relacionadas a conhecimentos tcnicos e estratgicos.

O questionrio iniciou-se com perguntas para verificar se os colaboradores conhecem a misso, viso e objetivos da Controladoria na empresa Comercial, e seguiu-se com perguntas relacionadas a parte estratgica do setor. Questionados a respeito das informaes processadas, se estas chegam em tempo hbil e de forma fidedigna das reas responsveis, onde 60% respondeu que na maioria das vezes as informaes atendem aos requisitos e 40% informou que as vezes atendem, conforme demonstrado no Grfico 01. Aqui evidenciado um ponto de fragilidade, pois a Controladoria precisa, dentre outros aspectos, em apoiar-se em informaes fidedignas e que cheguem em

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tempo hbil de forma a antecipar os cenrios para os gestores.

Grfico 01: Viso sobre se as informaes processadas chegam em tempo hbil e se so fidedignas

Fonte: Dados da pesquisa 2017

Continuando o questionrio, os participantes refletiram sobre os impactos ocasionados por informaes no recebidas de forma fidedigna e em tempo hbil, e 80% respondeu que ocasiona retrabalhos e 20%, conforme demonstra o Grfico 02, respondeu que ocasiona perda ou diminuio da confiabilidade. Aqui encontramos outro ponto

sensvel, pois a Controladoria a principal responsvel por fornecer anlises dos resultados para embasar os gestores nas tomadas de decises, de modo que quando as informaes no chegam em tempo hbil ou quando no so fidedignas acarretam retrabalhos e perda ou diminuio da confiabilidade das informaes.

Grfico 02: Impactos ocasionados por informaes no recebidas de forma fidedigna e em tempo hbil

Fonte: Dados da pesquisa 2017.

Na maioria das vezes 60%

As vezes 40%

0%

0%

0%

0%

Retrabalhos 80%

Perda ou diminuio da confiabilidade

20%

0%

0%

0%

0%

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Sabe-se que a Controladoria interage com as diversas reas das empresas, pois ela receptora de informaes para construo de cenrios e anlises. Assim, foi questionado aos colaboradores participantes, quais os setores ou reas que impactam diretamente no processamento das informaes e anlises da Controladoria. Foi verificado que o Administrativo da Loja representa 40%, o

setor de Compras representa 40% e a Logstica 20%, conforme mostra o Grfico 03. De acordo a anlise desse questionamento e pelo fato da pesquisadora e tambm colaborador estar inserida no processo, notrio que as reas mencionadas pelos colaboradores no questionrio, so as de maior fluxo de informaes com a Controladoria, o que justifica o impacto.

Grfico 03: Setores/ reas que impactam diretamente no processamento de informaes e anlises da Controladoria

Fonte: Dados da pesquisa 2017.

Foi questionado tambm qual o tratamento dado as falhas advindas das reas responsveis por produzir e fornecer informaes para a Controladoria e 80% dos participantes responderam que as falhas so corrigidas e dado conhecimento ao setor/rea a fim de evitar retrabalhos futuros; 20% respondeu que as falhas apenas so corrigidas, conforme mostra o Grfico 3. Neste questionamento percebemos que de forma expressiva os colaboradores

responderam que as falhas so apenas corrigidas pela Controladoria, porm o setor responsvel toma conhecimento, para estar ciente, de modo a no recorrer na mesma falha que impacte nos resultados das anlises. A correo da informao pela Controladoria se dar pelo fato de, em algumas situaes, no haver tempo hbil para devolver ao setor, para que produza novamente, o que acarretaria no cumprimento da demanda no prazo.

Administrativo Loja 40%

Compras 40%

Logstica 20%

0%

0%

0%

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Grfico 04: Tratamento das falhas advindas das reas responsveis por produzir informaes

Fonte: Dados da pesquisa 2017.

Quanto a eficcia das atividades desenvolvidas na Controladoria para embasamento dos gestores nas tomadas de decises, 60% dos participantes responderam que so suficientes e eficazes em sua totalidade e 40% respondeu que no so suficientes, porm as informaes que j dispe so eficazes, conforme demonstra o Grfico 05. Esta questo afere e embasa a pergunta respondida pela Controller da empresa Comercial durante entrevista, onde ela descreve os procedimentos, inclusive faz uma cronologia da evoluo das anlises

desde a implantao em 2012 at o quinto ano em 2017, recorte desta pesquisa, com uso de ferramentas contbeis e de gesto que possibilitam o gestor na tomada de deciso. Neste questionamento comprovado que os colaboradores do setor, responsveis pelas anlises das informaes para que a Controller construa os cenrios, responderam de forma unnime que as atividades so eficazes, mesmo aqueles que declararam que as informaes no so suficientes, mencionaram que as existentes so eficazes.

Grfico 05: Eficcia das atividades desenvolvidas na Controladoria para embasamento da Gesto nas tomadas de decises

Fonte: Dados da pesquisa 2017.

So corrigidas pela

Controladoria e dado

conhecimento ao setor/rea a fim

de evitar retrabalhos

futuros So apenas corrigidos

20%

0%

0%

0%

0%

So suficientes e eficazes em sua totalidade

60%

No so suficientes porm so

eficazes 40%

0%

0%

0%

0%

15

Tpicos em Administrao - Volume 12

De acordo a abordagem transcrita da entrevista com a Controller, assim como o questionrio aplicado aos colaboradores do setor percebe-se uma sintonia quanto ao funcionamento da Controladoria. H comprometimento, engajamento e unio de esforos para que os resultados sejam cada vez mais assertivos e fidedignos. O estudo permitiu a verificao de que a Controladoria da empresa comercial tem dado bons resultados, mesmo em meio aos desafios e aos fatores internos e externos, a empresa tem se mantido competitiva por ter estratgias de gesto bem traadas atravs dos dados oferecidos pelos cenrios construdos na Controladoria, embasando os gestores para as tomadas de deciso.

5 CONSIDERAES FINAIS

O propsito desta pesquisa foi a de analisar a eficincia dos resultados aps 05 anos de implantao da Controladoria em uma empresa comercial. As informaes ali processadas servem de embasamento aos gestores na tomada de deciso, de modo que todo o percurso da pesquisa procurou aferir a eficincia dos resultados apresentados e se estes so eficazes para atender necessidade da gesto estratgica, de modo que foi realizada uma entrevista com a Controller da empresa comercial, responsvel pela implantao do setor e um questionrio com os colaboradores, onde um desenho foi traado do modelo implantado e de sua eficincia aps 05 anos de implantao e funcionamento, mostrando que apesar dosa desafios e da necessidade de constante evoluo, a Controladoria tem sido eficiente e embasado de forma satisfatria os gestores nas tomadas de deciso.

Durante o desenvolvimento do presente estudo, procurou-se descrever os processos existentes, identificar quais reas causam mais impacto na eficincia das anlises da Controller, verificar os mecanismos de

anlises existentes e a sua eficincia, partindo da premissa que a Controladoria na empresa comercial a bssola que norteia os gestores nas tomadas de deciso, Tavares (2013) afirma que a Controladoria utilizada para dar suporte aos administradores das empresas, no importando em que rea as informaes sero utilizadas, o Controller agir como um tradutor das demonstraes contbeis, de modo que todas as anlises produzidas tendem a ser fidedignas, assertivas e em tempo hbil, possibilitando a construo de cenrios frente aos fatores internos e externos, possibilitando que a empresa permanea competitiva no mercado.

O presente estudo atendeu o objetivo inicial e foi verificado que a implantao da Controladoria tem sido eficiente, inclusive os pontos frgeis foram perceptveis pelos entrevistados de modo que possibilite uma reflexo acerca do esforo incessante em alcanar uma Controladoria de excelncia. Para desenvolvimento de estudos futuros neste tema, sugiro que os setores responsveis por produzir informaes e fornecer Controladoria sejam entrevistados com o intuito de verificar se estes compreendem o seu papel enquanto fornecedores de informaes e a importncia destas nos resultados da empresa no que tange a estratgias a serem adotadas e que precisam de aparato suficiente e fidedigno para construo de cenrios assertivos.

As informaes contidas neste estudo favorecem uma reflexo sobre o resultado que uma Controladoria implantada em uma empresa comercial, pode oferecer aos gestores, permitindo-os estar frente dos concorrentes que no possuem este setor implantado e em funcionamento, pois o planejamento estratgico configura-se como diferencial de mercado. Entretanto, no pode ser visto como um trabalho conclusivo, mas com um aparato de informaes sobre Controladoria em empresas comerciais que subsidiaro novas reflexes acerca do tema.

REFERNCIAS

[1]. BARRETO, Joo Marcelo Piti. nfases da controladoria em empresas localizadas na Bahia, 2009.

[2]. BEUREN, Ilse Maria; Althoff, Nomia Schroeder; STEDILE, Ricardo Marslio. Praxis da Controladoria em empresas familiares brasileiras. Revista Cincia Fortaleza volume 2016 n 02 pgs. 432-453 jul a dez 2010.

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[4]. FRASER, Marcia Tourinho Dantas; GONDIM, Sonia Maria Guedes. Da fala do outro ao texto negociado: Discusses sobre a entrevista na

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Tpicos em Administrao - Volume 12

pesquisa qualitativa Universidade Federal da Bahia 2004.

[5]. LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade- 5 Ed.So Paulo Atlas, 2007. Disponvel em https://pt.scribd.com/doc/54227861/Metodologia-Qualitativa-e-Quantitativa-Cap-8-Marconi-e-Lakatos Acesso em 04.01.2018

[6]. LIMA, Joo Paulo Cavalcante; ANTUNES, Maria Thereza Pompa; Mendona, Otvio Ribeiro Neto; PELEIAS, Ivan Ricardo. Estudos de caso e sua aplicao: proposta de um esquema terico para pesquisas no campo da contabilidade. Revista de Contabilidade e Organizaes, vol. 6 n. 14 , p. 127-144 2012.

[7]. LUNKES, Rogrio Joo; GASPARETTO, Valdirene; SCHNORRENBERGER. UM estudo sobre as funes da Controladoria, 2011.

[8]. MONTEIRO, Jos Moraes; BARBOSA, Jenny Dantas. Controladoria Empresarial: Gesto econmica para as micro e pequenas empresas, volume 05 n 2 pg. 38-59 mai a ago 2011.

[9]. NUNES, Ado Alberto Blanco; Sellito, Miguel Afonso. A Controladoria como suporte estratgia da empresa: Estudo multicaso em empresas de transporte. 2015.

[10]. PADOVEZI, Clovis Luiz Controladoria estratgica e operacional: Conceitos, estrutura, aplicao- 2 edio, Cengage Learning, 2011.

[11]. RODRIGUES, Carolina Silos; BECKERT, Alfredo Neto. A importncia da controladoria nas pequenas empresas ,2016.

[12]. SOUZA, Cristiane Terezinha Domingues. A EVOLUO DA CONTROLADORIA: UM ESTUDO NO BRASIL, 2015.

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Tpicos em Administrao - Volume 12

Captulo 2

Luciana Novaes Vieira Ferreira

Ana Valria Vargas Pontes

Cludio Vitor Ritti Costa

Vitor Cezar Moreira de Carvalho

Resumo: As ofertas de crdito e produtos financeiros esto cada vez mais

acessveis populao de uma forma geral e seu uso inadequado pode

comprometer a renda e colocar o indivduo em situao de endividamento. A

educao financeira proporciona um maior discernimento para anlise das

alternativas disponveis no mercado e respaldo para uma tomada de deciso mais

assertiva. O curso de Administrao oferece em sua grade curricular inmeras

disciplinas relacionadas rea financeira. Dessa forma, o presente estudo

objetivou verificar se os graduandos em Administrao utilizam seus

conhecimentos em gesto financeira, adquiridos ao longo da graduao, a fim de

balizar a tomada de deciso em relao ao consumo e ao investimento. Para

alcanar tal objetivo, foram realizadas pesquisas bibliogrficas em livros, artigos e

sites da internet para definio dos conceitos iniciais e levantamento de dados por

meio da aplicao de um questionrio de mltipla escolha com os graduandos em

Administrao de quatro faculdades particulares da cidade de Juiz de Fora MG.

Como resultado geral, constatou-se que os conhecimentos em gesto financeira,

adquiridos durante a graduao, influenciam positivamente a qualidade da tomada

de decises financeiras dos graduandos.

Palavras-chave: Gesto financeira; Graduandos; Administrao.

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Tpicos em Administrao - Volume 12

1. INTRODUO

A Educao Financeira uma ferramenta que serve como base para anlise das diversas opes de servios financeiros disponveis no mercado e apoio para uma tomada de deciso de crdito mais assertiva. O curso de Administrao possui, em sua grade, disciplinas correlatas rea financeira, que visam auxiliar o graduando, em sua atuao profissional, a gerir recursos organizacionais de maneira eficiente, com o intuito de alcanar resultados positivos.

A relevncia do tema se deve importncia da compreenso de finanas pessoais, principalmente, pelos graduandos em Administrao que, no decorrer da sua vida profissional, enfrentaro desafios nesta rea.

Deste modo, partindo do pressuposto de que os indivduos com um maior nvel de conhecimento financeiro so capazes de gerenciar melhor suas finanas, surge a questo de investigao: os graduandos em Administrao tm aplicado seus conhecimentos em Gesto Financeira na administrao de seus recursos pessoais? Nesse contexto, este trabalho teve como objetivo principal investigar se os alunos de Administrao utilizam seus conhecimentos em Gesto Financeira, a fim de balizar a tomada de deciso em relao ao consumo, investimento e financiamento pessoais.

Para o desenvolvimento do tema proposto e alcance do objetivo central, incialmente, so apresentados alguns conceitos sobre Administrao Financeira e Educao Financeira; De forma complementar, foram levantados dados com os graduandos do curso de Administrao de quatro faculdades particulares da cidade de Juiz de Fora MG, visando identificar a aplicao dos conhecimentos financeiros adquiridos na graduao na tomada de deciso pessoal.

2. ADMINISTRAO FINANCEIRA

No mbito das Finanas Empresariais destaca-se a Administrao Financeira que, para Gitman (2010), preocupa-se com as tarefas do administrador financeiro. Este deve gerir ativamente as questes financeiras das organizaes, sendo desempenhadas as tarefas financeiras como concesso de crdito a clientes, avaliao de projetos de investimento, planejamento, captao de fundos para financiar operaes da empresa.

Assaf Neto (2014) ressalta a importncia da Administrao Financeira sob diversas perspectivas, visto que cabe a ela a responsabilidade das funes de planejamento financeiro, controle financeiro, administrao de ativos e administrao de passivos. So ferramentas como o planejamento financeiro, principalmente no que se refere ao caixa e aos resultados que auxiliam na coordenao, controle e orientao para que a organizao alcance seus objetivos (GITMAN, 2004).

3. EDUCAO FINANCEIRA

A Educao Financeira, de acordo com a Organizao de Cooperao e Desenvolvimento Econmico (OCDE, 2005) pode ser compreendida como um processo pelo qual os indivduos buscam informaes e orientaes a respeito das oportunidades ou dos riscos envolvidos nos produtos financeiros e que, consequentemente, melhoram a tomada de deciso de consumo. Existem vrias fontes de Educao Financeira como: internet, livros, jornais, revistas, consultorias, instituies financeiras, escolas, faculdades. Esse conhecimento gera desenvolvimento do indivduo e da sociedade na qual est inserido. Massaro (2015) compara o campo das finanas pessoais s finanas empresariais, destacando que ambos possuem necessidades e objetivos e se utilizam de suas remuneraes para supri-los de forma eficiente. Tanto no mbito empresarial quanto no pessoal, necessrio um planejamento prvio do oramento, para que possam se antecipar aos possveis imprevistos.

3.1. PLANEJAMENTO FINANCEIRO PESSOAL

O planejamento financeiro pessoal possibilita o equilbrio entre os gastos e a renda do consumidor. Conforme Gitman (2001, p. 434) O planejamento financeiro um aspecto importante das operaes nas empresas e famlias, pois ele mapeia os caminhos para guiar, coordenar e controlar as aes das empresas e famlias para atingir seus objetivos. Nessa mesma linha, Frankemberg (1999) destaca que o planejamento financeiro pode ser voltado para o alcance de objetivos de curto, mdio e longo prazo. Os objetivos de curto prazo contemplam as necessidades bsicas do indivduo, relacionadas ao planejamento das despesas com alimentao,

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Tpicos em Administrao - Volume 12

moradia, educao, lazer. As aes para um planejamento financeiro de longo prazo, por sua vez, de acordo com Gitman (1997), compreendem um perodo maior de cerca de dois a dez anos e incluem objetivos que demandam uma anlise mais criteriosa, devido s mutaes constantes no mercado. Relacionam-se com a aquisio de imveis, planos de aposentadorias, investimentos em mercados de aes, entre outros. Admitindo-se um enfoque no perodo de curto prazo, o oramento e o fluxo de caixa podem ser vistos como importantes ferramentas para o planejamento financeiro pessoal de curto prazo, considerando que a elaborao desse envolve lanamentos dirios e daquele pode ser anual, semestral ou conforme necessidade especfica.

3.1.1. O ORAMENTO

Na viso de Leal (2011) o conhecimento acerca das origens do prprio dinheiro e seu destino o primeiro passo para o planejamento de uma aplicao. As fontes de renda frequentemente provm de remuneraes do trabalho, sendo assim bem conhecidas. No entanto, o destino da remunerao pode no ser to claro, tendo

em vista que, muitas vezes, as famlias no so capazes de identificar a parcela de seus rendimentos que foram direcionadas para cada tipo de despesa.

Diante de tal fato, o oramento pode ser visto como uma ferramenta de planejamento financeiro pessoal que contribui para a realizao de sonhos e projetos (Banco Central do Brasil, 2013, p. 20). De acordo com Silva (2013), realizar o controle oramentrio uma tarefa simples, que exige apenas disciplina.

Nessa mesma perspectiva, importante ressaltar que o oramento familiar ou pessoal deve ser um s para cada famlia ou pessoa, uma vez que com o oramento se possvel provisionar e apontar para onde esto ou estaro indo os recursos e as categorias de gastos (LEAL; NASCIMENTO, 2011).

O controle oramentrio pode ser elaborado de diferentes maneiras, conforme a necessidade do consumidor, em formato manual ou eletrnico. O Banco Central do Brasil (2013) prope uma estrutura baseada em quatro etapas: planejamento, registro, agrupamento e avaliao, conforme o quadro 1:

Quadro 1 Etapas do controle oramentrio

Planejamento Nesta etapa so realizadas as estimativas de receitas e despesas, incluindo os valores fixos (que no alteram ou alteram pouco de um perodo para o outro). necessrio considerar ainda as despesas sazonais e os compromissos j assumidos.

Registro necessrio realizar anotaes regulares de todas as despesas e receitas para evitar esquecimentos.

Agrupamento Devido ao grande fluxo de registros de receitas e despesas, as mesmas podem ser agrupadas de acordo com alguma caracterstica em comum. Essa subdiviso permite visualizar o valor da renda que destinado a cada grupo de itens.

Avaliao

Nesta etapa, possvel identificar se houve um equilbrio, um dficit ou supervit no oramento e analisar as melhores alternativas a serem adotadas, seja reduzindo algum gasto desnecessrio, aumentando a receita ou aplicando o valor excedente de forma eficiente.

Fonte: Banco Central do Brasil (2013)

3.1.2. O FLUXO DE CAIXA

Na Administrao Financeira, o fluxo de caixa mede as necessidades futuras de recursos, a capacidade de pagamento pontual dos compromissos assumidos, bem como a disponibilidade para investimentos (ASSEF, 1999, p. 1). No controle das finanas pessoais, a concepo de fluxo de caixa no

diferente, pois, de acordo com Leal e Nascimento (2011), o fluxo de caixa pessoal, assim como nas empresas elaborado considerando as entradas e sadas de dinheiro.

Em relao estrutura do fluxo de caixa, Pires (2006) considera que o mesmo uma planilha de acompanhamento do saldo dirio com o intuito de evitar falta de dinheiro para os

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Tpicos em Administrao - Volume 12

pagamentos necessrios. Sua lgica consiste no registro do saldo inicial somado aos crditos, seguido da subtrao dos dbitos para alcance do saldo final.

Assim como no controle oramentrio, as informaes geradas no fluxo de caixa possuem grande relevncia para a tomada de decises financeiras, anlise de investimentos e verificao dos elementos que mais comprometem a renda.

3.2. DECISES DE INVESTIMENTO

Na viso de Gitman e Madura (2003), as decises de investimento passam pelo

processo de anlise, avaliao, identificao e seleo das alternativas mais viveis para aplicao dos recursos.

Na administrao dos recursos pessoais, a deciso de investimento surge aps a elaborao do fluxo de caixa, oramento e identificao da situao patrimonial para alcance dos objetivos propostos no planejamento financeiro. Para Pereira (2003), to importante quanto o ganho, so as medidas tomadas para a multiplicao do valor. No entanto, o processo de avaliao da deciso de investimento deve considerar alguns aspectos conforme o quadro 2:

Quadro 2 Variveis do investimento

VARIVEL DESCRIO

Retorno Total de ganhos ou perdas ocorrido atravs de um dado perodo de tempo. Nem sempre o retorno positivo (GITMAN, 2001).

Liquidez

a facilidade com que o investimento pode ser convertido em dinheiro, sem perda significativa de valor. Quanto maior a facilidade de converso do investimento em dinheiro com menor perda, maior sua liquidez (HALFELD, 2001).

Risco Est ligado incerteza e volatilidade de determinado investimento. Quanto maior o risco, maior a chance de perda ou ganho acima do padro (GITMAN, 2001).

Fonte: Elaborado pelos autores

De acordo com o Banco Central do Brasil (2013), o investidor pode apresentar comportamentos distintos no mercado conforme descritos a seguir. O conservador prioriza a segurana e riscos menores em detrimento da rentabilidade. Sendo assim, investimentos na caderneta de poupana, ttulos pblicos e fundos de curto prazo so mais compatveis com o seu perfil.

O investidor com comportamento moderado visa o equilbrio entre a segurana e a rentabilidade e est disposto a assumir certo risco para que seu capital renda um valor superior aos investimentos considerados de baixo risco. Os investimentos adequados a esse perfil incluem fundos cambiais, renda fixa, aes e debntures, que tambm podem se enquadrar no perfil arrojado, dependendo das condies assumidas no ato do investimento.

O perfil do investidor arrojado tem como prioridade a rentabilidade e assume altos riscos para que seu investimento renda o

mximo possvel. Os investimentos em fundos multimercados se adequam melhor a esse perfil, tendo em vista a grande diversidade na composio da carteira.

3.3. DECISES DE FINANCIAMENTO

Conforme Pinheiro (2015) as empresas tm necessidade de financiar os gastos correntes, j que no processo de produo o fluxo de receitas pode no ser compatvel com as despesas referentes a salrios e matrias-primas. Deste modo, as organizaes se utilizam de fontes de financiamento com a finalidade de ampliar suas operaes ou mesmo para promover sua continuidade. A pessoa fsica por sua vez, de maneira similar s empresas nem sempre dispe de recurso imediato para pagamento de determinado bem ou servio, tornando-se necessrio o seu financiamento de forma parcial ou total por terceiros.

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Tpicos em Administrao - Volume 12

Para apoiar uma tomada de deciso que envolva um financiamento de curto ou longo prazo alguns detalhes devem ser observados para minimizar os riscos de assumir uma dvida maior que a capacidade de pagamento, pois a oferta de crdito para essa modalidade ampla, como por exemplo: consrcio, leasing ou Crdito Direto ao Consumidor.

4. METODOLOGIA

Esta pesquisa foi construda em duas partes. Na primeira, so apresentados conceitos tericos com o intuito de definir finanas, administrao financeira e educao financeira, bem como as ferramentas de curto prazo que visam auxiliar no controle das finanas pessoais e as decises que devem ser tomadas relacionadas s alternativas de investimento e financiamento. Marconi e Lakatos (2008) ressaltam que as tcnicas de pesquisas bibliogrficas envolvem a busca pelo acervo do contedo publicado acerca de determinado assunto. Sendo assim, o embasamento terico se deu por meio de pesquisa bibliogrfica, sites da internet, artigos, entre outros.

Na segunda parte da pesquisa, foi realizada uma pesquisa de campo, por meio de um levantamento de dados de carter quantitativo, mediante aplicao de um questionrio com os graduandos dos stimo e oitavo perodos do curso de Administrao noturno, de quatro faculdades privadas da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais, tendo em vista que, nesta etapa do curso, eles j passaram pelas disciplinas correlatas rea financeira.

O questionrio foi estruturado com 15 questes objetivas, contendo perguntas aleatrias sobre os temas: Educao Financeira, fluxo de caixa, oramento, investimento, financiamento, alm de perguntas para qualificao do entrevistado. Cervo e Bervian (2002) destacam como vantagem do questionrio o fato de os respondentes se sentirem mais confiantes devido ao anonimato, o que permite coletar informaes mais reais. Ao todo foram aplicados 125 questionrios, sendo contabilizadas 105 respostas vlidas, pois foram excludos os questionrios em branco e com dupla marcao. Foram aplicados 31 questionrios na faculdade A; 12, na Universidade B; 58, na Faculdade C; e 24, na Universidade D, nos dias 04, 10, 16 e 18,

respectivamente, do ms de outubro de 2017. Foram atribudas nomenclaturas fictcias visando preservar a identidade das instituies.

A amostragem foi caracterizada como no probabilstica e por acessibilidade, haja vista que essa tcnica utilizada quando h restries operacionais para utilizao da amostra probabilstica. Gonalves (2009) refora que o fato de no se ter acesso a todos os elementos da populao pode contribuir para a utilizao de tal tcnica.

5. ANLISE DE DADOS

Este artigo fundamentou-se em dados primrios obtidos atravs da aplicao de um questionrio estruturado em questes fechadas e objetivas, sendo a amostra composta por um total de 105 (cento e cinco) graduandos dos stimo e oitavo perodos do curso superior de Administrao, de quatro instituies privadas da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. Aps a aplicao dos questionrios, foi realizada a tabulao dos dados e, em seguida, iniciou-se o processo de anlise no qual se procurou identificar se os graduandos aplicam algumas das ferramentas de Gesto de Finanas sendo elas: oramento, fluxo de caixa, deciso de investimento, deciso de financiamento, em sua vida pessoal.

Inicialmente, os respondentes foram segmentados pela caracterizao geral, ou seja, o perfil da amostra com informaes sobre faixa etria, gnero, estado civil, se exerce alguma atividade remunerada e renda mensal. Posteriormente, foram elaboradas perguntas mais especficas sobre Finanas, desde Educao Financeira, conhecimento em Finanas e sobre a aplicao das ferramentas de gesto anteriormente citadas, com o intuito de descobrir se os graduandos as aplicam.

5.1. CARACTERIZAO DOS GRADUANDOS DO CURSO DE ADMINISTRAO

Com relao faixa etria dos graduandos, verificou-se, conforme demonstrado pelo Grfico 1, uma grande diversificao, j que a idade variou entre 20 a mais de 37 anos. Entretanto, percebe-se uma maior representatividade na faixa etria entre 20 a 25 anos, cerca de 50,48% dos entrevistados, seguido por 29,52% dos entrevistados que

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Tpicos em Administrao - Volume 12

esto situados na faixa etria entre 26 a 31 anos.

Grfico 1 Faixa etria

Fonte: Dados da pesquisa

Ao questionar os graduandos sobre a prtica de atividade remunerada, obtiveram-se os seguintes resultados, conforme Grfico 2:

Grfico 2 Prtica de atividade remunerada

Fonte: Dados da pesquisa

Dentre os entrevistados, 84,76% exercem alguma atividade remunerada. Tal resultado pode ser justificado pelo fato da pesquisa de campo ter sido realizada em instituies privadas, com graduandos que cursam a faculdade no perodo noturno. Os graduandos, geralmente, optam pelo turno noturno devido necessidade de buscar

subsdios para custear as despesas acadmicas. Apenas 15,24% dos entrevistados no exercem nenhuma atividade remunerada. Os entrevistados foram questionados sobre sua faixa de renda, os resultados foram expressos conforme apresentado no Grfico 3:

50,48%

29,52%

14,29%

5,71%

Entre 20 e 25 anos Entre 26 a 31 anos

Entre 32 a 37 anos Mais de 37 anos

84,76%

15,24%

Sim No

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Tpicos em Administrao - Volume 12

Grfico 3 Renda Bruta Mensal

Fonte: Dados da pesquisa

A maioria, cerca de 54,29%, possui renda mensal bruta entre um e trs salrios mnimos. Os entrevistados que recebem mais de trs salrios mnimos totalizaram 10,48%; os que recebem at um salrio mnimo totalizaram 21,90%; e os que no possuem renda totalizaram 13,33%.

5.2. CONHECIMENTO E APLICABILIDADE DAS FERRAMENTAS DE GESTO FINANCEIRA

As prximas questes abordam a aplicabilidade das ferramentas de gesto

financeira no cotidiano dos entrevistados. De acordo com o Grfico 4, os resultados obtidos apontam que os entrevistados realizam levantamento de custo de aquisio de bens ou servios. No entanto, existem variaes na frequncia com que realizam: 44,76% dos entrevistados sempre realizam oramento; 44,76% dos entrevistados fazem o oramento algumas vezes; 7,62% raramente realizam o oramento; e 2,86% nunca realizam o oramento.

Grfico 4 Custo de aquisio

Fonte: Dados da pesquisa

A pesquisa procurou tambm investigar sobre a deciso considerada mais assertiva pelos

entrevistados no caso de emergncia financeira. Foram disponibilizadas somente

21,90%

54,29%

10,48%

13,33%

at 1 salrio de 1 a 3 salrios acima de 3 salrios No possuo renda.

44,76%

44,76%

7,62%

2,86%

Sempre s vezes Raramente Nunca

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Tpicos em Administrao - Volume 12

duas opes de resposta, conforme o Grfico 5: Grfico 5 Deciso em caso de emergncia

Fonte: Dados da pesquisa De acordo com o grfico 5, percebe-se a postura dos entrevistados no que diz respeito capacidade de deciso de financiamento. Assim sendo, a maioria, ou seja, 74,29% dos entrevistados, disse que utilizaria emprstimo bancrio para solucionar alguma emergncia financeira. Pois, em geral, os juros cobrados no cheque especial, chegam a ser o dobro do valor do emprstimo bancrio (BANCO CENTRAL DO BRASIL, 2017). Apenas 25,71% dos entrevistados relataram que utilizariam o cheque especial, em caso de emergncia.

Em seguida, a pesquisa buscou investigar, com maior profundidade, as decises de investimento dos graduandos. Nesse sentido, os entrevistados foram questionados sobre os produtos financeiros que utilizam para

alcanar o melhor retorno para seu dinheiro. Para tanto, foram investigados os seguintes produtos financeiros: Poupana, Ttulos Pblicos, Certificado de Depsito Bancrio (CDB), assim como outros tipos de investimentos. De acordo com o Grfico 6, nota-se que 40,95% dos entrevistados optam pela Poupana como alternativa de investimento; 7,62% preferem investir em ttulos pblicos; 7,62% optaram pela aplicao no CDB; 4,76% relataram outras formas de investimento, dentre elas, Previdncia Privada e investimentos diversos; e, por fim, 39,05% dos entrevistados afirmaram no realizar nenhum tipo de investimento. O resultado pode ser justificado pelo nvel de renda dos entrevistados, que variou entre 1 a 3 salrios mnimos.

Grfico 6 Alternativas de investimento

25,71%

74,29%

cheque especial emprestimo bancrio

40,95%

7,62%

7,62%

4,76%

39,05%

Poupana CDB

Ttulo pblico Outros

No realizo investimentos

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Tpicos em Administrao - Volume 12

Fonte: Dados da pesquisa

Quando questionados sobre o pagamento das contas parceladas, a grande maioria dos entrevistados, 94,28%, alegaram planejar

mesmo que raramente suas compras parceladas, conforme verificado no Grfico 7:

Grfico 7 Planejamento de compras parceladas

Fonte: Dados da pesquisa

O principal objetivo desta questo avaliar a capacidade de tomada de deciso em relao ao financiamento, sendo relevante o planejamento de compras parceladas para a segurana do fluxo de caixa. importante destacar que, dos 5,71% dos entrevistados que alegaram nunca planejar suas compras parceladas, em sua maioria, so solteiros (as), com faixa etria entre 20 a 25 anos.

A questo final objetivou apurar dos entrevistados o nvel de importncia do tema Finanas, na perspectiva pessoal e profissional. Foi solicitado que os mesmos atribussem valores numa escala de 0 a 10, onde 0 significa que os conhecimentos em Finanas no agregam valor para a sua vida e 10 significa que agregam extremamente, conforme apresentado no Grfico 8:

Grfico 8 Finanas x Grau de Importncia

45,71%

39,05%

9,52%

5,71%

Sempre s vezes Raramente Nunca

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Tpicos em Administrao - Volume 12

Fonte: Dados da pesquisa

Dos entrevistados, 61,90% alegaram acreditar que o conhecimento em Gesto Financeira agrega valor para sua vida pessoal/ profissional. importante destacar que, em geral, 35,24% dos entrevistados acreditam que agrega de alguma forma. Apenas 2,85% dos entrevistados alegaram no acreditar que o conhecimento em Gesto Financeira agrega de maneira significativa.

6. CONSIDERAES FINAIS

O desenvolvimento deste estudo possibilitou uma anlise da relao entre os conhecimentos tericos de Gesto Financeira e sua aplicabilidade aos recursos pessoais dos graduandos em Administrao do stimo e oitavo perodo, de quatro faculdades particulares, da cidade de Juiz de Fora. Alm disso, tambm permitiu uma pesquisa de campo para obter dados mais consistentes sobre a utilizao das ferramentas de Gesto Financeira de curto prazo. Em relao utilizao das ferramentas fluxo de caixa e oramento, para auxiliar no controle das entradas e sadas de recursos, a grande maioria dos graduandos aplica de forma consciente, pois um nmero expressivo de 89,52% busca melhores alternativas de custos ao contratar servios ou adquirir produtos.

No que diz respeito ao investimento, como alternativa para potencializao de ganhos,

os entrevistados 40,95% optaram pela poupana. Embora 39,05% dos graduandos no realizem qualquer tipo de investimento, grande parte faz pesquisas sobre as diversas opes de produtos financeiros disponveis no mercado.

No que se refere necessidade de acionar uma fonte de financiamento emergencial, 74,29% dos entrevistados optariam pelo emprstimo bancrio ao invs do cheque especial, o que denota um discernimento acerca das diferenas entre as taxas de juros entre as duas opes. Em relao ao planejamento de compras parceladas, 84,76% dos graduandos o realizam com uma frequncia razovel.

Diante dos resultados apresentados, verifica-se que o ensino de Gesto Financeira influencia a qualidade da tomada de deciso dos graduandos em Administrao das universidades pesquisadas, visto que 93,33% dos entrevistados atriburam um grau de importncia significativo (acima de sete na escala) desse ensino para o mbito pessoal e profissional. Ainda que na graduao no sejam abordados conceitos referentes Educao Financeira do indivduo, os contedos relativos Gesto Financeira, de uma forma geral, podem ser ampliados para a perspectiva pessoal.

REFERNCIAS

0,95% 1,90% 3,81%

9,52%

15,24%

6,67%

61,90%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

4 5 6 7 8 9 10

Escala de 0 a 10

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Tpicos em Administrao - Volume 12

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Tpicos em Administrao - Volume 12

Captulo 3

Scheila Cardoso Albuquerque

Cristiane de Fatima Batista Alves

Natnia Cristina Santana Santos

Renata Veloso Santos Policarpo

Resumo: Esta pesquisa tem como objetivo apresentar a anlise de indicadores de

liquidez, endividamento e rentabilidade de companhias areas (Azul e Gol) listada

na BM&F BOVESPA no perodo de 2014 a 2016. Estas ferramentas financeiras

auxiliam a tomada de deciso e fornecem informaes para o acompanhamento

detalhado do cenrio econmico da empresa. A metodologia possui abordagem

bibliogrfica, quantitativa e, em relao aos procedimentos tcnicos, se caracteriza

como estudo de caso. Os resultados foram obtidos a partir da interpretao dos

ndices calculados e comparao entre as companhias de aviao. Os resultados

demonstram uma variao negativa dos ndices de rentabilidade, no entanto no

pode-se afirmar sobre prejuzos sofridos pelas empresas pois muitas vezes a

gesto realiza manobras estratgicas para se proteger da concorrncia e atrair

investidores.

Palavras-chave: ndices Financeiros; Anlise Econmica; Gesto Financeira.

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Tpicos em Administrao - Volume 12

1. INTRODUO

O transporte areo se diferencia pela agilidade, rapidez, segurana e eficincia, no entanto o alto custo reflete na utilizao reduzida quando comparado aos outros modais de transporte. O transporte areo brasileiro evoluiu rapidamente estimulando a economia nacional, e mercado domstico brasileiro hoje o terceiro maior no mundo comprovado pelo desempenho do setor, que teve incremento real de 210,8% entre 2000 e 2014. Esses dados mostram o potencial de desenvolvimento deste segmento e sua importncia para economia do pas (GOMES, 2014).

No entanto, nos ltimos anos o mercado de transporte areo passou por um cenrio de recesso econmica afetando seu desempenho. Segundo a ANAC Agncia Nacional de Aviao Civil, em 2016 houve uma queda de 5,7% no transporte de passageiros aps 13 anos de crescimento, mas ainda assim o mercado areo no geral teve um crescimento de 0,7% em relao aos outros modais de transporte.

Essas caractersticas do mercado areo nacional so obtidas atravs da anlise de demonstraes contbeis das empresas do setor que so apresentadas periodicamente ANAC, e assim possvel acompanhar o desempenho sob a rentabilidade, liquidez, endividamento entre outros aspectos importantes para o desenvolvimento econmico. Neste trabalho sero utilizados os dados de demonstraes contbeis disponibilizados na bolsa de valores BM&F BOVESPA, pois o objeto de estudo so as empresas listadas no setor de transporte areo da mesma.

A bolsa de valores aproxima as empresas de seus investidores, estreita a negociao de ttulos e exerce grande influncia na economia mundial, pois estabelece ndices sobre a situao econmica do mercado financeiro. Atravs da divulgao das demonstraes contbeis, os investidores podem acompanhar as atividades financeiras das empresas e decidir sobre a viabilidade de investimento (NUNES, 2015). A BM&F Bovespa surgiu em 2008 e a principal instituio na intermediao do mercado de capital no Brasil (BM&FBOVESPA, 2015) e tem como misso atuar colocar o Brasil internacionalmente como um centro financeiro de negociao de aes e investimentos financeiros.

Nesse contexto, este trabalho apresenta como objetivo geral analisar os ndices econmico-financeiros obtidos por meio do balano patrimonial e a demonstrao de resultados das empresas de transporte areo, GOL e AZUL, apresentada na Bolsa de Valores BM&F BOVESPA no perodo de 2014 2016. Especificamente, buscou-se aprofundar o conhecimento sobre o tema atravs da realizao da reviso terica, atravs da anlise dos demonstrativos financeiros das empresas estudadas obter os ndices de liquidez, endividamento e rentabilidade e assim comparar o desempenho de empresas do mesmo ramo de atividade. O estudo se justifica pois a partir dos ndices possvel compreender a situao econmica da organizao de forma clara e facilitar a anlise dos dados para a tomada de decises de investimentos, e conforme afirma Ross, Westerfield e Jordan (2000), maximizar o valor de mercado do capital dos proprietrios existentes.

2. COMPANHIAS AREAS

O transporte areo no Brasil passa por muitas mudanas desde os anos 90 (MELLO, 2003). O regime de livre concorrncia permitiu a entrada de novas companhias areas, o que forou o mercado a investir em estratgias de gesto voltadas para a competitividade, eficincia operacional e um bom planejamento financeiro (TAGLIARI, 2017).

2.1 COMPANHIA AREA GOL

A GOL iniciou suas atividades em 2001 e logo se tornou a segunda maior companhia area nacional em razo da sua estratgia empresarial com uma estrutura enxuta, servios simples e padronizao das aeronaves (CARVALHO PEREIRA, 2016). A empresa atua em 60 aeroportos nacionais e 23 internacionais (VOEGOL, 2017). Seu quadro de pessoal contou, no perodo, com 15,1 mil empregados, entre estes, aproximadamente 1.600 pilotos e co-pilotos e 3.000 comissrios. Sua receita de servios areos pblicos foi de 9,6 bilhes de reais em 2016 (ANAC, 2016).

Desde sua fundao, 2015 foi o ano que a empresa teve seu pior cenrio econmico financeiro, com prejuzo de bilhes de reais justificado pela desvalorizao do real. A recuperao da GOL veio com uma medida provisria com a venda de 50% de suas

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Tpicos em Administrao - Volume 12

aes, evitando assim sua falncia. Em 2016 a empresa operou com uma queda de 4 % a 6% no volume de decolagens (GONALVES, 2016).

A empresa alcanou a liderana no mercado domstico de passageiros, com participao de 36,0% em termos de RPK (fator resultante da multiplicao do nmero de passageiros pagantes pela distncia de cada voo) em 2016. J no mercado internacional, a empresa obteve 11,8% de RPK considerando-se apenas empresas brasileiras, mantendo-se em segundo lugar (ANAC, 2016). A GOL foi responsvel, ainda, por 21,6% da carga paga e correio transportados em voos domsticos em 2016.

2.2 COMPANHIA AREA AZUL

A AZUL, criada em 2008, com um ano de atividade a empresa atingiu uma marca indita de 1 milho de clientes transportados e com isso chegou terceira posio das maiores companhias areas no Brasil. Em 2014 fez grandes parcerias e iniciou o transporte areo internacional (VOEAZUL, 2017). A AZUL se estabeleceu como a terceira principal empresa area brasileira em 2016, tendo sido responsvel por 17,1% do RPK domstico e 9,2% do RPK internacional (considerando empresas brasileiras) e pelo transporte de mais de 19,4 milhes de passageiros pagos em voos domsticos nas 27 unidades da federao. Realizou operaes em 109 aeroportos brasileiros e em 11 aeroportos no exterior, em 7 pases (TAGLIARI, 2017).

A empresa foi responsvel, ainda, por 7,7% da carga paga domstica transportada em 2016. Contava, em dezembro de 2016, com uma frota de 124 aeronaves com capacidade entre 70 e 271 passageiros. Seu quadro de pessoal contou com 10,2 mil empregados, entre estes, 1,4 mil pilotos e co-pilotos e 2 mil comissrios. Sua receita com servios areos pblicos foi de 7,1 bilhes de reais (ANAC, 2016).

3. GESTO FINANCEIRA

A gesto financeira de uma empresa um conjunto de processos que visam auxiliar o planejamento e controle das atividades financeiras da organizao e visa aumentar a lucratividade de seus proprietrios. Realizada a partir dos dados do balano patrimonial e

das demonstraes de fluxo de caixa, a anlise dos dados financeiros da empresa permite o acompanhamento da situao atual da organizao e auxilia a previso de cenrios econmicos, e possibilita que a empresa seja capaz de se antecipar s mudanas e se adequar ao mercado e tecnologia (MEDEIROS et al., 2012).

Atravs da anlise dos demonstrativos financeiros busca-se compreender os resultados obtidos pelas aes tomadas pela gesto, e a partir do histrico gerado com essas informaes possvel monitorar e planejar aes futuras (SILVA, 2001). Assim, com o uso de indicadores financeiros as empresas conseguem ter um panorama da situao econmica financeira atual e estabelecer causas determinantes de sua evoluo e tendncias.

Em seus estudos, Ross, Westerfield e Jordan (2000) relatam sobre a anlise financeira das empresas ao utilizar de indicadores obtidos das demonstraes financeiras da organizao quanto liquidez, endividamento, giro, rentabilidade e o valor de mercado. Esses ndices so importantes pois indicam o desempenho das empresas comparado concorrncia e ainda quanto ao desenvolvimento econmico, financeiro e patrimonial.

Entretanto, Megliorini e Vallin (2009) recomendam o uso de duas premissas importantes para aferir a veracidade dos dados de uma anlise financeira. So elas: a eliminao dos efeitos inflacionrios e a padronizao das demonstraes contbeis.Os autores afirmam que dados extrados em perodos de inflao alta podem desvirtuar a anlise e sugerem uma adequao por meio de um ndice representativo para correo. J na segunda premissa, Megliorini e Vallin (2009) orientam reescrever as contas a fim de organizar os bens e direitos a fim de facilitar a anlise. Alm das duas premissas mensionadas anteriormente, Gitman (2010) afirma que as contas de anlise comparativas devem ser referentes ao mesmo perodo a fim evitar-se efeitos sazonais e trascrita da mesma maneira, anlise de demonstraes devem ser preferencialmente de dados auditados e por fim, o autor expe h necessidade de uma avaliao conjunta dos ndices, caso contrrio a anllise no ter muito valor.

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3.1 BALANO PATRIMONIAL E DEMONSTRAO DE RESULTADOS DO EXERCCIO

O balano patrimonial (BP), um demonstrativo da composio financeira da empresa em relao aos seus bens, direitos e obrigaes (GITMAN, 2010). Nele so apresentadas um equilbrio das contas de ativo que a empresa possui (bens e direitos), e das contas de passivo representada pelo capital de terceiros e patrimnio lquido (ou capital prprio). O BP serve de base para conhecer a situao financeira da empresa pois nele apresentado o resultado das operaes a curto e longo prazo (MARION, 2009).

J a demonstrao dos resultados do exerccio (DRE) uma sntese das receitas, custos e despesas da empresa no perodo apurado e uma ferramenta que complementa a anlise financeira. Atravs da DRE pode-se verificar se a empresa obteve lucro, quando as receitas forem maiores que as despesas e os custos, ou caso contrrio, prejuzo (GITMAN, 2010).

atravs dos dados dessas demonstraes contbeis que so obtidos os indicadores financeiros quanto liquidez e endividamento da empresa (foco deste trabalho) e tambm possvel analisar grupos patrimoniais, capital de giro e rentabilidade.

3.2 NDICES ECONMICOS FINANCEIROS

Os ndices econmicos financeiros so utilizados para analisar o mercado e monitorar o desempenho da empresa quanto capacidade de saldar suas dvidas e atingir um equilbrio da estrutura de capital, alm de verificar a lucratividade do negcio. Segundo Gitman (2010) estes ndices podem ser:

3.2.1 NDICES DE LIQUIDEZ

O autor afirma que a liquidez est relacionada capacidade de a empresa saldar suas obrigaes financeiras no prazo estabelecido. desejvel que este ndice seja superior a 1, que pode indicar indcios de uma boa administrao.

E ainda o mesmo, diz que a liquidez geral mostra se o ativo capaz de liquidar as dvidas, relaciona tudo que a empresa pode converter em dinheiro com todas as dvidas

contradas, e ainda revela a capacidade de a empresa saldar seus compromissos.

Para Gitman (2010) so fundamentais as medidas de liquidez corrente, que mede a capacidade de a empresa pagar suas obrigaes a curto prazo obtida atravs da relao entre o ativo circulante sobre o passivo circulante; e a liquidez seca, que se assemelha liquidez corrente se diferindo pela subtrao da conta de estoques do clculo. No geral, quanto maior o ndice de liquidez, mais lquida a empresa, mas deve-se levar em considerao o setor em questo.

3.2.2. NDICES DE ENDIVIDAMENTO

De acordo com Gitman (2010) os ndices de endividamento indicam o volume de terceiros usados para gerar lucros para a empresa. Quanto maior o endividamento a longo prazo, maior o risco de no conseguir saldar suas contas. O ndice de endividamento geral obtido pela relao do passivo total pelo ativo total e representa a proporo do ativo total financiada pelos credores da empresa, quanto maior esse ndice, maior o capital de terceiros usado para gerar lucro.

O autor salienta que a avaliao do endividamento a curto prazo est relacionada ao financiamento do ativo circulante da empresa, e o endividamento a longo prazo est relacionado ao financiamento do ativo permanente. Estes ndices demonstram a composio do endividamento, obtida pela diviso do passivo circulante pelo passivo total, e mostra o percentual de dvidas a serem pagas a curto/longo prazo.

3.2.3. NDICES DE RENTABILIDADE E LUCRATIVIDADE

Conforme Gitman (2010) a rentabilidade est relacionada ao resultado econmico final da empresa em relao ao capital investido. As organizaes buscam obter uma rentabilidade que suporte o risco do investimento dos acionistas. Dentro desse grupo se encontra a margem de lucro bruto que representa a proporo do resultado alcanado pela empresa em relao sua receita lquida. Quanto mais elevado este indicador, mais favorvel empresa, ele obtido pela relao das receitas de venda extraindo-se o custo dos servios prestados, divididos pela receita de vendas.

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Outro ndice importante a margem de lucro operacional, que mede a porcentagem de cada unidade monetria de vendas aps a deduo de todos os custos e despesas, representando o lucro puro, calculada pela diviso do lucro operacional pela receita de vendas (GITMAN, 2010).

Tambm pode-se avaliar a margem de lucro lquido que indica a proporo do resultado alcanado pela empresa em relao a sua receita lquida quando deduzidos os custos, despesas, resultado financeiro, impostos contribuio. Este ndice est associado ao sucesso da empresa em relao ao lucro de suas vendas, margens lquidas negativas indicam prejuzo no perodo (GITMAN, 2010).

Gitman (2010) ainda destaca dois ndices relevantes para a lucratividade e rentabilidade: o ROA (retorno sobre o ativo) e do ROE (retorno sobre o patrimnio lquido). O primeiro mede a eficcia geral da administrao em gerar lucros com os ativos disponveis, e quanto maior o ndice, maior e melhor ser o retorno financeiro da empresa. Ele obtido dividindo-se o lucro disponvel para os acionistas pelo ativo total da empresa. J o ROE obtido pela diviso do lucro disponvel para os acionistas pelo patrimnio lquido dos mesmos. Este ndice mede o retorno obtido sobre o investimento dos acionistas na organizao.

4. METODOLOGIA

Este trabalho se caracteriza quanto aos objetivos como uma pesquisa descritiva, pois tem como propsito descrever o comportamento do fenmeno estudado,

baseado em estudo bibliogrficos que teve como fonte livros, artigos, teses e dissertaes referentes ao tema. O trabalho apresenta quanto natureza, uma abordagem quantitativa onde os dados coletados foram tratados atravs da aplicao de equaes para anlise de acordo com a bibliografia estudada. Para analisar a situao de liquidez e endividamento da empresa, realizou-se um estudo de caso, que permite conhecer de forma mais aprofundada os fenmenos organizacionais de um grupo (YIN, 2005).

4.1 COLETA E ANLISE DE DADOS

Os dados utilizados neste estudo foram coletados no site da Bolsa de Valores BM&F Bovespa, so referentes s demonstraes contbeis no perodo de 2014 2016 das empresas do segmento de transporte areo GOL e AZUL. As informaes esto contidas no balano patrimonial, demonstraes do resultado, notas explicativas e dados das empresas. Atravs de planilhas eletrnicas elaborada pelos autores, os dados coletados foram organizados e obteve-se os ndices financeiros.

5. ANLISE E DISCUSSO DOS RESULTADOS

Aps coletar os dados e realizar o clculo dos ndices financeiros, foi realizada a anlise dos mesmos. Este estudo deve ser considerado parcial em relao ao contexto geral das empresas avaliadas. Na TABELA 1 so apresentados os ndices obtidos:

Tabela 1: ndices econmicofinanceiros

ndices AZUL GOL

2014 2015 2016 2014 2015 2016

Liquidez Seca 0,61 0,43 0,50 0,68 0,41 0,39 Corrente 0,64 0,46 0,53 0,71 0,44 0,43 Geral 0,46 0,43 0,48 0,45 0,30 0,31

Endividamento Geral Composio da dvida 1,00 0,43

1,00 0,52

1,00 0,46

1,03 0,41

1,42 0,38

1,40 0,41

Rentabilidade Margem bruta 18,26% 9,92% 18,27% 19,06% 15,52% 23,40% Margem Operacional 6,91% -2,68% 5,16% 5,02% -1,88% 7,06% Margem lquida -1,12% -17,18% -1,89% -11,10% -43,89% 11,17% ROA -1,04% -13,71% -1,50% -11,20% -41,39% 13,12% ROE -15,62% -274,09% -12,61% -335,55% -99,28% -32,84%

Fonte: Dados da pesquisa (2017).

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A anlise de cada ndice da Tabela 1 apresentada a seguir:

5.1 ANLISE DA LIQUIDEZ

A anlise dos ndices de liquidez possibilita a percepo sobre as aes da empresa para saldar suas obrigaes. Na FIGURA 1 so apresentados os ndices de liquidez para as empresas estudadas.

Figura 1: ndices de liquidez Gol e Azul no perodo de 2014 a 2016.

Fonte: Dados da pesquisa (2017).

A liquidez corrente indica quanto que a empresa possui de ativo circulante para cada unidade monetria de dvida de curto prazo, a partir da FIGURA 1 possvel perceber que para as empresas Azul e Gol, no geral este ndice baixo (menor que 0.50 no perodo) referente a capacidade financeira para saldar as obrigaes a curto prazo com suas disponibilidades, onde em 2015 e 2016 essa situao se agravou com a queda desses ndices. De acordo com a fundamentao terica, este ndice est relacionado com o capital circulante da empresa, indicando falta ou excesso de ativos em relao ao passivo circulante.

Os ndices de liquidez seca no apresentaram grande variao em relao aos de liquidez corrente, indicando que os estoques no so expressivos, resultado j esperado pois trata-se de empresas que ofertam servios. Quanto liquidez geral, a Azul manteve o ndice no perodo, apesar de baixo, enquanto a Gol teve uma queda indicando assim que as empresas possuem mais dvidas totais em relao aos seus ativos.

Comparando as empresas Azul e Gol em relao aos ndices de liquidez, pode-se dizer que ambas apresentam caractersticas semelhantes quanto liquidez, pois os ndices para o perodo estudado

apresentaram valores aproximados. Contudo a empresa Gol se encontra em situao mais delicada com esses decrcimos, j que possui mais tempo de mercado.

5.2 ANLISE DO ENDIVIDAMENTO

Como visto, o endividamento geral representa o volume de capital de terceiros usado para gerar lucro (GITMAN, 2010). Quanto maior a dvida, maior o risco para a empresa, mas tambm maior o retorno. Para a empresa Azul este ndice permaneceu constante nos trs perodos, e mostra que a empresa tem financiado 100% de seu ativo com capital de terceiros. J a Gol teve um crescimento considervel deste ndice no perodo, em 2014 o seu ativo estava comprometido 100% com financiamentos por terceiros, aumentando para 140% em 2016. Este ndice ao ser analisado periodicamente leva empresa a obter informaes sobre a poltica de obteno de recursos da empresa.

A composio de dvidas a curto prazo da empresa Azul representou margens de 50% do endividamento geral, j para a Gol este ndice mantev