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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o C r i s t ã oAno 122 / Novembro, 2004 / No 2.108

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFederação Espírita Brasileira

Direção e RedaçãoAv. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN)

70830-030 – Brasília (DF)Tel.: (61) 321-1767; Fax: (61) 322-0523

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

[email protected]

Para o BrasilAssinatura anual R$ 30,00Número avulso R$ 4,00Para o ExteriorAssinatura anualSimples US$ 35,00Aérea US$ 45,00

Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi-tor – Altivo Ferreira; Redatores – Affonso BorgesGallego Soares, Antonio Cesar Perri de Carvalho,Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira SãoThiago; Secretária – Sônia Regina Ferreira Zaghetto;Gerente – Amaury Alves da Silva; REFORMADOR:Registro de Publicação no 121.P.209/73 (DCDPdo Departamento de Polícia Federal do Ministério daJustiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 – I. E. 81.600.503.

Departamento Editorial e GráficoRua Souza Valente, 17

20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – BrasilTel.: (21) 2187-8282; Fax: (21) 2187-8298

Capa: Alessandro Figueredo

Tema da Capa: PRESERVEMOS A VIDA – comoponto de reflexão, baseado no Editorial e nos artigoscontrários ao aborto do anencéfalo e ao suicídio.

EDITORIAL 4Preservemos a vida

ENTREVISTA: JOSÉ RAUL TEIXEIRA 10A chance de cooperar com Deus

PRESENÇA DE CHICO XAVIER 15Na trilha de Allan Kardec – André Luiz

ESFLORANDO O EVANGELHO 21Entre o berço e o túmulo – Emmanuel

A FEB E O ESPERANTO 28

Espiritismo em Pequim, via Esperanto –

Ismael de Miranda e Silva

Trovas do Além – Isolino Leal 29

SEARA ESPÍRITA 42

A presença do Consolador – Juvanir Borges de Souza 5Ação e reação – Orson Peter Carrara 7Proteção espiritual – Mauro Paiva Fonseca 9Razões para ser contra o aborto do anencéfalo – 12

Marlene Nobre A distração – Marcelo Paes Barreto 14A propósito dos anencéfalos – Zalmino Zimmermann 17

Página do caminho – Albino Teixeira 18Prevenção ao suicídio, tarefa inadiável – 19

Gerson Simões Monteiro

O suicídio – Allan Kardec 20Das Gálias lugdunenses às terras mineiras – Kleber Halfeld 22Sofrimento e eutanásia – Emmanuel 25Selo comemora o Bicentenário de Nascimento de 26

Allan Kardec

Espíritas de 33 países no Congresso de Paris 30

Mensagem de Léon Denis (Texto original) 33

Liberdade com o Espiritismo – Gabriel Delanne 34

Um Natal decente – Richard Simonetti 35

Bicentenário de Kardec na FEB – Solenidade na Sede 36

Seccional – Rio de Janeiro

Invocação a Jesus – Francisco Thiesen 37

Direito e Justiça. Direito e Moral – Um conflito a resolver 38

José Carlos Monteiro de Moura

Congresso Espírita Paraibano 41

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4 Reformador/Novembro 2004402

OEvangelho de Jesus é fonte permanente de orientação para todas as nossas atividades e com-portamentos. No Sermão da Montanha, comentando mandamento do Decálogo (Êxodo XX),Jesus observa: “Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás. (...) Eu, porém, vos digo que

todo aquele que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto aseu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, estará sujeito ao infer-no de fogo.” (Mateus 5:21-22.)

A despeito dos alertas milenares que a Bíblia nos oferece, tanto através do Velho como do NovoTestamento, os homens, de uma forma geral, insistem em atentar contra a vida, seja a do próximoou a própria, seja eliminando-a ou abreviando-a. Não se apercebem de que toda a violência que cul-tivam – matando, agredindo ou humilhando –, praticada em nível pessoal, familiar ou social, retor-na sempre, na forma de dor e sofrimento, gerando toda a sua infelicidade.

Quando ocorrem as tragédias, sentindo-se inseguros, os homens buscam a paz, desesperadamen-te, esquecidos de que a paz não se encontra pronta. Ela é fruto da nossa ação, necessita ser construí-da por nós e só se constrói uma paz verdadeira e duradoura através da prática do bem, tal como nosorientam os ensinamentos cristãos: “A cada um segundo as suas obras.”

Se a Humanidade pretende realmente eliminar a violência que grassa em seu seio, em todas asformas de manifestação – tais como guerras, terrorismo e miséria –, terá que valorizar a vida de seusmembros, que são os próprios homens, começando por defender e respeitar o direito que todos têmde viver. Independentemente do seu tempo de vida física, de alguns minutos a muitos anos, e inde-pendentemente, também, dos problemas ou limitações físicas que o ser humano possa apresentar, odireito à vida deve ser sempre preservado, pois falece ao homem a compreensão integral de todo oprocesso da vida humana, o que torna ilícita qualquer intervenção de sua parte no sentido de elimi-nar ou abreviar a sua existência.

Preservemos a vida, valorizando-a e dignificando-a com a prática do Evangelho, já que os seusensinos retratam com fidelidade as Leis Divinas, sintetizadas no “Amar a Deus sobre todas as coisase ao próximo como a si mesmo”, cuja vivência proporciona a todos o progresso necessário à constru-ção da própria harmonia interior, na condição de Espíritos imortais que somos.

A vida é bem supremo que somente a Deus – nosso Pai e Criador –, que a concede, é lícitotirá-la.

EditorialPreservemos a vida

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Jesus anunciou claramente avinda de um Consolador, quepermaneceria para sempre com

os homens.O Consolador veio e está no

seio da Humanidade, cumprindo apromessa do Cristo de Deus.

É o Espiritismo, doutrinaabrangente, de cunho profunda-mente filosófico-moral, tornandoclaro o sentido da vida, ensinandoa verdade, aclarando as palavras doMestre registradas pelos evangelis-tas, mostrando a grandeza imensu-rável de Deus, o Criador do Uni-verso infinito, e evidenciando asabedoria e justiça de suas leis di-vinas.

Entretanto, apesar da evidênciado Consolador entre nós, os habi-tantes da Terra, apenas uma peque-na minoria dessa população perce-beu sua presença no mundo.

A imensa população terrestre,os religiosos das diversas denomina-ções, os indiferentes, os materialis-tas de várias correntes não tomaramconhecimento dessa bênção divinaprometida e cumprida pelo Cristo.

Os próprios adeptos das igrejascristãs – católicos romanos e protes-tantes das diversas seitas –, cujasdoutrinas se baseiam nos textosevangélicos, negam a presença doConsolador, com todo o seu acervode revelações da Espiritualidade Su-

perior, para fixarem-se nas tradiçõesde suas igrejas e nas interpretaçõesdogmáticas, com os prejuízos quedecorrem desse posicionamento.

A Doutrina dos Espíritos, aNova Revelação, que veio em so-corro das religiões, para o restabele-cimento da verdade com o conhe-cimento da realidade da vida, tantono plano físico quanto no espiri-tual, vê-se combatida, incompreen-dida e até perseguida.

Isto representa a rejeição doConsolador prometido, a repetiçãodo posicionamento do Judaísmocom relação aos ensinos de Jesus,agora mais claros com a didática doEspírito de Verdade e com o pro-gresso geral da Humanidade.

A interpretação das igrejas cris-tãs, que vêem no Pentecostes ocumprimento da promessa da vin-da do Consolador prometido, nãotem consistência.

O dia de Pentecostes, em que

o Espírito Santo, atuando sobre osapóstolos cristãos facultou-lhes fa-larem diversas línguas, é, sem dúvi-da, uma manifestação mediúnicaadmirável, demonstrando o relacio-namento entre dois mundos, deforma ostensiva e extraordinária.

Mas na fenomenologia do Pen-tecostes não se cumprem as pro-messas de Jesus relativamente aoConsolador, cuja missão é a de elu-cidar os ensinos do Mestre Incom-parável, que foram formulados, emdiversas ocasiões, com sentido ale-górico, pela incapacidade de en-tendimento de então.

Também, no Pentecostes, nãohá ensinos novos, revelações novas,de que se ocupa abundantemente aDoutrina dos Espíritos.

Eis o texto evangélico, constan-te de João, 14:15-17 e 26:

“Se me amais, guardai os meusmandamentos – e eu pedirei a meuPai e ele vos enviará outro Conso-lador, a fim de que fique eterna-mente convosco: o Espírito de Ver-dade, que o mundo não pode rece-ber, porque não o vê; vós porém oconhecereis porque permaneceráconvosco e estará em vós. – Mas oConsolador, que é o Espírito Santo,que meu Pai enviará em meu no-me, vos ensinará todas as coisas, efará vos lembreis de tudo o que vostenho dito.” (Destaques nossos.)

Há diversas ilações que decor-rem desse importante texto evangé-lico, todas conducentes à DoutrinaConsoladora. >

Reformador/Novembro 2004 5403

A presença do ConsoladorJuvanir Borges de Souza

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O Cristo não ensinou todas ascoisas, quando de sua estada na Ter-ra, pela incapacidade de compreen-são dos homens daquela época.

Os próprios discípulos esco-lhidos tinham enormes dificulda-des de compreensão de muitas coi-sas que se referiam à vida espiri-tual.

Eram necessárias a evoluçãogeral, as descobertas científicas, amodificação da mentalidade huma-na, pelo menos de grande parte doshabitantes deste orbe, para que setornassem inteligíveis conhecimen-tos transcendentes.

Para isso transcorreram muitosséculos, nos quais as crenças pagãse sua teogonia foram substituídaspor uma teologia mais próxima darealidade.

De outro lado, estudiosos dacosmogonia e da astronomia de-monstraram que a Terra, pequenoplaneta do sistema solar, está longede ser o centro do Universo, comose entendia na Antiguidade.

Grandes conquistas foram rea-lizadas no campo do conhecimen-to, da organização social, das for-mas de governo, da legislação hu-mana, e das ciências e tecnologia,transformando conceitos e funda-mentos antigos em encontros coma realidade, para uma melhor vivên-cia do homem na Terra.

Deus, a Inteligência Suprema,a sabedoria onipresente no Univer-so e seu Criador, é hoje melhorcompreendido no mundo.

O Cristo, o Governador espiri-tual deste orbe, já pode dirigir-se àHumanidade de forma simples edireta, eis que o progresso do racio-cínio e dos sentimentos tornarampossível a convivência permanentecom o Consolador.

O Espiritismo realiza tudo oque Jesus predisse do Consolador,tanto no que se refere às coisas no-vas, aos novos conhecimentos, quedizem respeito ao homem, Espíritoimortal com muitas vivências naTerra, quanto à fé e à esperança ba-seadas na razão e nas eternas leis doCriador.

O Espírito de Verdade, referi-do por Jesus, apresenta-se à Huma-nidade em linguagem límpida e di-reta, de grande beleza, transcritapor Allan Kardec em O Evangelhosegundo o Espiritismo e que os es-píritos lêem e relêem com emoção ealegria, abaixo reproduzida:

“Venho, como outrora, aostransviados filhos de Israel, trazer-vosa verdade e dissipar as trevas. Escu-tai-me. O Espiritismo, como o fez an-tigamente a minha palavra, tem delembrar aos incrédulos que acima de-les reina a imutável verdade: o Deusbom, o Deus grande, que faz germi-nem as plantas e se levantem as on-das. Revelei a doutrina divinal (...).”

Essas palavras de rara beleza erealismo, não deixam dúvidas in-terpretativas.

É o próprio Cristo de volta, fa-lando a seus tutelados, mostrando--lhes a necessidade da atenção detodos nós à Nova Revelação, pararecuperação do tempo perdido emsucessivas reencarnações, por rebel-dia aos ensinos do Mestre Incom-parável.

A Doutrina dos Espíritos, oEspiritismo, o Consolador, não é,pois, uma doutrina concebida peloshomens, nem é individual.

É a conseqüência do ensinoconjunto de diversos Espíritos Su-periores, escolhidos e orientados pe-lo Espírito de Verdade.

Essa plêiade de Espíritos Supe-riores confirma o que o Cristo jádeixara expresso nos Evangelhos,aclara o que ficara ininteligível,com a interpretação autêntica dostextos, revela novas leis divinas,conjugadas com os conhecimentosque a Ciência dos homens jádescobrira.

O Código Moral trazido pelaNova Revelação não só confirmatudo o que o Cristo ensinou, comoainda desdobra esses ensinos minu-ciosamente, como se pode observarna Terceira Parte – Das Leis Morais– de O Livro dos Espíritos.

A missão de Allan Kardec, deextrema importância, foi a de reu-nir, coligir, codificar os ensinos re-cebidos através da mediunidade.

Foi ele, o Codificador, o inter-mediário entre o Mundo Maior eos homens, para que chegasse e per-manecesse o Consolador, benefi-ciando toda a Humanidade.

Aos espíritas desta e das gera-ções futuras cabe a tarefa ingentede divulgar e difundir, através detodos os meios idôneos, essa Dou-trina Consoladora, para o bemgeral.

6 Reformador/Novembro 2004404

A Doutrina dos

Espíritos, o

Espiritismo, o

Consolador, não é

uma doutrina

concebida pelos

homens

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OCódigo Penal da Vida Futu-ra, apresentado por AllanKardec na obra O Céu e o

Inferno1 (capítulo VII da PrimeiraParte), é fonte de interessantes refle-xões em torno da lei de ação e rea-ção que rege os caminhos humanos.

Como pondera o próprio Co-dificador, no mesmo capítulo ecom o subtítulo “Princípios da Dou-trina Espírita sobre as penas futu-ras”, “(...) no que respeita às penasfuturas, não se baseia numa teoriapreconcebida; não é um sistemasubstituindo outro sistema: em tu-do ele se apóia nas observações, esão estas que lhe dão plena autori-dade. Ninguém jamais imaginouque as almas, depois da morte, seencontrariam em tais ou quais con-dições; são elas, essas mesmas al-mas, partidas da Terra, que nosvêm hoje iniciar nos mistérios davida futura, descrever-nos sua si-tuação feliz ou desgraçada, as im-pressões, a transformação pela mor-te do corpo, completando, em umapalavra, os ensinamentos do Cristosobre este ponto.

Preciso é afirmar que se nãotrata neste caso das revelações deum só Espírito, o qual poderia veras coisas do seu ponto de vista, sobum só aspecto, ainda dominado por

terrenos prejuízos. Tampouco se tra-ta de uma revelação feita exclusiva-mente a um indivíduo que pudessedeixar-se levar pelas aparências, oude uma visão extática suscetível deilusões, e não passando muitas ve-zes de reflexo de uma imaginaçãoexaltada.

Trata-se, sim, de inúmeros exem-plos fornecidos por Espíritos de to-das as categorias, desde os mais ele-vados aos mais inferiores da escala,por intermédio de outros tantos au-xiliares (médiuns) disseminados pe-lo mundo, de sorte que a revelaçãodeixa de ser privilégio de alguém,pois todos podem prová-la, obser-vando-a, sem obrigar-se à crençapela crença de outrem.”

Esta transcrição inicial é im-portante para nos situarmos no uni-verso de observações em que se co-locou o Codificador para elabora-ção da teoria espírita, advinda todadas revelações que os próprios Espí-ritos fizeram.

O Livro dos Espíritos, obra lan-çada em 18 de abril de 1857 comos fundamentos doutrinários do Es-piritismo e organizado em forma deperguntas e respostas, teve sua Par-te Quarta, com dois capítulos e exa-tas cem perguntas e suas respectivasrespostas, totalmente dedicados aotema das penas e gozos, terrenos efuturos.

No referido Código, que cita-mos no primeiro parágrafo acima,utilizaremos o 3o dos 33 itens, paraorientar o desenvolvimento do tema.O texto original apresenta-se nosseguintes termos: “Não há umaúnica imperfeição da alma que nãoimporte funestas e inevitáveis con-seqüências, como não há uma sóqualidade boa que não seja fontede um gozo.”

Ora, são as imperfeições ou asqualidades da alma humana que ge-ram suas ações felizes ou equivo-cadas. E essas ações estão caracteri-zadas com o selo moral do estágioem que se situa o ser. Portanto, ospensamentos, os sentimentos e aspróprias ações executadas no trans-correr de uma existência geram re-flexos na própria existência, na vidaespiritual ou até mesmo na próxi-ma ou futuras existências, a depen-der é claro da extensão ou gravida-de da ação promovida.

A lei de ação e reação, ou o acada um segundo suas obras, baseia--se num perfeito mecanismo de jus-tiça e igualdade absoluta para todos.Não há qualquer favoritismo paraquem quer que seja. Agindo bem,

Reformador/Novembro 2004 7405

Ação e reação Orson Peter Carrara

1Utilizamo-nos da 32a edição da FEB, de9/84, com tradução de Manuel Quintão.

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teremos o mérito do bem. Agindomal, teremos as conseqüências. Nãose trata de castigo, em absoluto,mas de conseqüências.

Qualquer prejuízo que causar-mos a nós mesmos ou a terceirosocasionarão conseqüências inevitá-veis em nossa própria vida. Isto é daLei Divina. E qualquer benefícioque distribuamos gerará méritos ebenefícios correspondentes em nos-so próprio caminho, ainda que ha-ja ingratidão dos beneficiados.

Passamos a entender, portanto,que fazer o mal a quem quer queseja nunca será compensador, poissempre responderemos pelo malque causemos, inclusive a nós pró-prios. E, do mesmo modo, toda fe-licidade ou tranqüilidade que pro-porcionarmos ao próximo redunda-rá, inevitavelmente, em bem paranós mesmos.

Não é por outra razão que Je-sus ensinou a perdoar. O ódio ali-mentado, a vingança executada oua perseguição contumaz a qualquerpessoa redundarão em estágios desofrimento e dor a seu autor. Per-doando, libertamo-nos.

Também é pela mesma razãoque a recomendação sempre cons-tante é para que promovamos obem, ainda que este não nos seja es-pontâneo (estamos aprendendo aincorporá-lo em nós mesmos), poistodo bem gera o bem. O mal sem-pre gerará conseqüências desagra-dáveis.

Fácil perceber, portanto, quemuitos sofrimentos existentes hojena vida individual, social e coletiva,inclusive em nível de planeta, pode-riam ser evitados se houvesse o co-nhecimento dessa realidade dasconseqüências geradas por nossosatos. Quantos equívocos pelo des-

conhecimento dessa lei que sim-plesmente usa a justiça e a igualda-de como parâmetros...

Não temos o direito de ferir, dedenegrir, de caluniar, de espoliar...Não temos igualmente o direito dematar, de roubar (bens, dignidade,oportunidades, paz etc.), de inter-ferir na vida alheia, de impor idéiasou padrões que julgamos corretos.Entendamos que as criaturas são li-vres, desejam ser respeitadas, assimcomo queremos ser...

Este é o detalhe: as tentativasde dominação, imposição, de cer-ceamento da liberdade individual,sempre ocasionarão sofrimentos,pois todos somos seres pensantes,com vontade própria, responsáveispelo próprio caminho. Poderemos,é claro, sugerir, aconselhar (se for-mos solicitados), auxiliar no que forpossível, mas jamais violentar asconsciências. Todas merecem res-peito.

O tema suscita muitos debates,abre perspectivas imensas de estu-do. Observa-se que as próprias leishumanas, refletindo as imperfeiçõesdo estágio evolutivo do Planeta,muitas vezes são equivocadas, ge-rando também conseqüências para

o futuro. O que se observa atual-mente é fruto de toda essa incons-ciência coletiva dos mecanismosque nos dirigem a vida.

Há que se pensar no que esta-mos fazendo. Já não somos mais se-res tão ingênuos que desconhecemas Leis Morais. Estamos todos numcaminho evolutivo, onde os direitossão iguais. Tais direitos, abrangen-tes, devem ser respeitados pelaigualdade e pela justiça.

E é justamente pelo desrespei-to a tais princípios de igualdade ejustiça que se observam os efeitosna vida material e na vida espiritual,com os depoimentos que os Espíri-tos trazem do estado em que se en-contram, em virtude do padrãomoral que adotaram no relaciona-mento uns com os outros ou consi-go mesmos.

O livro O Céu e o Inferno trazdepoimentos, em sua Segunda Parte,de diferentes Espíritos que descrevema situação em que se encontraramapós a morte. Mas a questão não éapenas para depois da morte. Há quese considerar a própria existência fí-sica, atual ou futura(s), onde os mes-mos reflexos se fazem sentir.

Será de muita utilidade quepossamos estudar e debater os itensdo Código Penal da Vida Futura,constante do livro em referência,para espalhar tais esclarecimentos.Também os depoimentos constan-tes da citada obra são de grande uti-lidade para estudos e reflexões.

São princípios desconhecidosda maioria dos Espíritos encarnadosno Planeta, embora a consciência,onde está escrita a Lei de Deus 2, osavise de seus equívocos. Sufocados

8 Reformador/Novembro 2004406

2Ver questão 621 de O Livro dos Espíritos, edi-ção FEB.

Será de muita

utilidade que

possamos estudar e

debater os itens do

Código Penal da

Vida Futura

Novembro 2004.qxd 4/11/2004 16:12 Page 8

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pelas imperfeições morais do orgu-lho, do egoísmo, da vaidade, aindanos permitimos sufocar a própriaconsciência e agimos em detrimen-to uns dos outros. Daí as conseqüên-cias inevitáveis e os sofrimentos...

Em tudo, porém, é precisosempre considerar a misericórdia deDeus, que nunca abandona seus fi-lhos e lhes abre sem cessar novasoportunidades de progresso. O te-ma é extenso, pois poderemos aden-trar os domínios do arrependimen-to, expiação e reparação, mas dese-jamos mesmo é sugerir ao leitor aleitura atenta do Código constanteem O Céu e o Inferno. Os itens enu-merados, todos eles, abrem perspec-tivas imensas de entendimento e es-clarecimento, o que seria impossívelnum artigo de poucas linhas. Me-lhor mesmo é buscar na fonte origi-nal a lucidez e clareza da Doutrina.

Para concluir, gostaríamos deoferecer à reflexão do leitor a frasede Joanna de Ângelis, na psicogra-fia de Divaldo Pereira Franco, cons-tante do capítulo 38 – A glória dotrabalho –, do livro LampadárioEspírita3: “No lugar em que te en-contres, sempre poderás semear aluz da esperança e do amor.” Eisuma programação de ação para mo-dificar os panoramas da vida hu-mana. Basta nos situarmos no es-forço do bem, para gerar efeitossalutares de felicidade e saúde.

Se usarmos este roteiro nas ati-tudes de cada dia, pronto! Estare-mos sintonizados com o bem, ge-rando efeitos de amor e alegria.Simples conseqüência da lei de açãoe reação.

Reformador/Novembro 2004 9407

33a edição da Federação Espírita Brasileira,maio de 1978.

Os Espíritos, encarnados oudesencarnados, ainda neces-sitados dos resgates e repara-

ções com vistas ao próprio progres-so, estão sob a permanente atençãode entidades espirituais superiores,os quais utilizam os recursos me-diúnicos de abnegados trabalhado-res do bem que, guiados pelos diri-gentes espirituais a eles diretamenteligados, orientam o socorro, mode-lando-o consoante as condiçõesque o paciente ofereça em termosde esforço pessoal. A eficiência des-se socorro, no entanto, dependerámuito mais das condições ofereci-das pelo socorrido do que do dese-jo fraterno de socorrer expresso pe-los trabalhadores em atividade.

São inúmeros os fatores queinfluem no resultado final da ajudaprestada; entre eles, o merecimen-to – a critério dos trabalhadores es-pirituais –, orientados que são, pe-los mentores a que estão subor-dinados, ressalta como um dos prin-cipais.

Para sermos beneficiados como socorro dos bons Espíritos, nãopoderemos agasalhar no coraçãosentimentos inferiores de ódio, vin-gança, vaidade, orgulho, egoísmo,ciúme, inveja, bem como outrosmais, congêneres, porque, sem du-vida, eles serão a razão dos sofri-mentos que nos levarão a buscaraquele socorro. Além disso, será in-dispensável recebermos com fé aajuda solicitada, e procurarmos pôr

em prática a terapia espiritual reco-mendada pelos orientadores da Ca-sa. Com esta providência, nosso es-tado vibratório se modificará, ad-quirindo freqüência que nos poráem sintonia com as correntes vibra-tórias superiores, cujos benefíciosatrairemos.

Os sofrimentos representadospelas angústias, tormentos e dores,que acontecem em nosso caminho,não são obra do acaso: são criaçõesnossas, quer como conseqüênciasde um passado delituoso, quer co-mo resultados da negligência e in-diferença com que conduzimos aprópria vida atual.

O amor de Deus por Suascriaturas legou-nos o amparo, re-presentado pelos ensinamentos deJesus, cujos conceitos são caminhosde libertação para toda a humani-dade terrena; mas, amodorradaspelas paixões mundanas e atraídaspelos prazeres enganosos da opu-lência, as criaturas esquecem-se deque o túmulo aguarda seus despo-jos de carne e osso. O Espírito imor-tal, que sobrevive à destruição damatéria, é relegado a plano secun-dário, quando deveria ser o objetoprincipal das cogitações humanas.Por conta disso, contam-se aos mi-lhares, quiçá milhões, as consciên-cias que, amarguradas, derramamcandentes lágrimas de arrependi-mento, ao retornarem à Pátria Es-piritual, quando percebem tardia-mente o engano cometido, ao cui-darem mais da matéria, em detri-mento do Espírito.

Proteção espiritualMauro Paiva Fonseca

Novembro 2004.qxd 4/11/2004 16:12 Page 9

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10 Reformador/Novembro 2004408

P. – Como você tornou-se espí-rita?

J. Raul – A partir do convitede um querido amigo, José Luiz Vi-laça, colega de escola, a quem rela-tei acontecimentos que comigo sedavam, envolvendo a visão e a au-dição de seres espirituais, os quais omeu orientador religioso à épocaafirmava serem “demônios”, aceiteio convite do amigo, após grande re-lutância, porque nunca ouvira nadaa respeito do Espiritismo, e isso meamedrontava.

P. – Qual a sua relação com omovimento de Mocidades Espíritas?

J. Raul – Bem, o convite feitopor meu amigo Vilaça era para queeu visitasse a Mocidade Espírita aqual freqüentava, pois, quando ou-viu meus relatos sobre aparições es-pirituais, disse-me que no grupo dejovens espíritas do qual participavatal questão era conhecida como me-diunidade. Quem sabe ali eu encon-traria resposta para os fenômenos?

Desde aquele dia 8 de abril de1967, que assinalou minha primei-ra visita a um Centro Espírita, tor-nei-me membro ativo da MocidadeEspírita Ranulpho Xavier, do Gru-po Espírita Leôncio de Albuquer-que, em Niterói (RJ), minha cida-de natal. Mais tarde, a Mocidadepassou a ser designada tão-somentecomo Mocidade do G. E. Leôncio

de Albuquerque. Nos estudos e tra-balhos desenvolvidos, então, nessaInstituição, fui convidado a lecio-nar para grupos de crianças quantode jovens, o que se delongou porvários anos, ensejando-me profun-das alegrias e grandes aprendizadosda formosa Doutrina Espírita.

Dessa forma, sempre estivevinculado ao trabalho com jovensespíritas, participando de inúmerasconfraternizações no Estado do Riode Janeiro como em outros Estadosbrasileiros, trocando experiências eaprendendo sempre, apaixonando--me sempre mais pelo pensamentoespírita, por sua lucidez e inque-brantável lógica.

P. – O que teria a relatar sobresua vivência como conferencista,visitando todas as regiões do País?

J. Raul – Considero que é umadas mais expressivas experiências deminha vida, uma vez que jamaispudera supor que um dia viesse atornar-me pregador, dado ao meutemperamento tímido até o perío-do da adolescência, exatamentequando conheci o Espiritismo.

Quando da minha primeira vi-sita a um Centro Espírita, a profes-sora, talvez por observar-me a timi-dez, pediu-me que dissesse algosobre o tema que estava sendo tra-tado pelos jovens – Moisés: a pri-meira revelação – e senti algo ex-traordinário: o peito pareceu-me en-tumescido e a língua parecia tercrescido. Sem qualquer raciocínio,falei sobre Moisés durante 20 mi-nutos, tocado por forte emoção, e,como se se desligasse uma “chave”,parei de falar, restando-me demora-da taquicardia. Aí tudo começouno meu primeiro contato com oEspiritismo.

A partir dos comentários dou-trinários realizados em nossa Insti-tuição, dos pequenos estudos de-senvolvidos na Escola Paulo deTarso, mantida pelo Grupo Leôn-cio, numa instituição penal de nos-sa cidade, fui sendo convidado pa-ra pregar em outros Centros da

ENTREVISTA: JOSÉ RAUL TEIXEIRA

A chance de cooperar com DeusEm entrevista, o orador e médium José Raul Teixeira relata como chegou ao Espiritismo

e comenta a finalidade do Centro Espírita e a evolução do Movimento Espírita

José Raul Teixeira

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cidade. Após, comecei a pregar nacidade do Rio de Janeiro. Alguémque me conheceu nesses laboresfoi-me convidando para visitar Mi-nas Gerais, São Paulo, e, quandome vi, estava visitando o país in-teiro. A minha família se ampliara,o tempo se fizera mais apertado,pois tinha que saber bem distribuí--lo entre a faculdade, a vida profis-sional, a família e as atividades es-píritas.

Até hoje, cada vez que me le-vanto para falar da nossa Doutri-na Espírita, onde quer que seja,sou tomado pela mesma emoção,pelo mesmo entusiasmo da pri-meira hora, imensamente honra-do pela oportunidade que Jesus--Cristo me oferece de trabalho nobem.

P. – E sobre as visitas ao Exte-rior?

J. Raul – Imagino que não es-tivessem nos planos da minha pre-sente reencarnação as viagens aoExterior. Curioso é que foram sur-gindo convites, e elas foram sendoincrementadas, após um grave aci-dente automobilístico do qual osBenfeitores retiraram-me ileso eafirmaram que eu recebera uma sig-nificativa “moratória”, um tempo amais para aprender e servir. Hoje,com 38 países visitados, identificonaqueles que estão lutando porapresentar e disseminar o pensa-mento espírita, com devotamento eseriedade, a extensão da nossa famí-lia espírita brasileira, ou melhor, aampliação da nossa família espíritamundo afora.

P. – Você tem responsabilida-des cotidianas em alguma Institui-ção Espírita?

J. Raul – Sim, tenho. Sou fun-dador e atual presidente da Socie-

dade Espírita Fraternidade, em Ni-terói, onde temos as várias ativida-des espíritas de domingo a sábado.A SEF tem seu braço assistencial,que chamamos Remanso Fraterno,onde nos ocupamos em atendercom escolaridade, saúde física,odontológica e psicológica, alimen-tação, etc., a uma comunidade dequase oito centenas de pessoas, dis-tribuídas entre crianças, adolescen-tes e seus pais ou responsáveis.

P. – Como conceitua o objeti-vo do Centro Espírita?

J. Raul – O Centro Espíritadeverá propor-se ensejar aos seusfreqüentadores o estudo da Doutri-na Espírita, na condição de Escoladas almas, ou, como bem posicio-nou Bezerra de Menezes, através damediunidade de Chico Xavier, “oCentro Espírita é a universidade doEspírito”. No seu bojo, igualmen-te, aprendemos a conviver na so-ciedade dos confrades, verdadei-ro laboratório, onde mil e uma ex-periências são vivenciadas, ama-durecendo-nos para os objetivosmais altos de Jesus para as nossasvidas.

P. – Qual a sua opinião sobrea evolução do Movimento Espíritanas últimas décadas?

J. Raul – É com alegria queacompanho o gradual crescimentonumérico do nosso Movimento Es-pírita, muito embora tenha que ad-mitir a necessidade de um incre-mento qualitativo, ou seja, maiorengajamento dos que buscam osbenefícios propiciados pelo Espiri-tismo, seja aprofundando seu co-nhecimento, a fim de que a vidaterrena seja vista com maior clarezae responsabilidade, seja no esforçopor vivenciar seus ensinamentos ex-celentes.

P. – Teria uma mensagem aoleitor de Reformador?

J. Raul – Importante reafir-mar nossos compromissos com oCristo, quando retornamos à Ter-ra sob o Seu amparo, guardando acerteza de que esse é um tempomuito especial que vivemos nomundo, considerando a confiançaque o nosso Modelo e Guia depo-sita em nossas possibilidades, semque haja nenhum prurido messia-nista de nossa parte. Importantefazer do pensamento luminoso doEspiritismo a nossa filosofia de vi-da. Importante imprimir maiorqualidade aos nossos labores pelaCausa, convictos de que estamossendo agraciados com a grandechance de cooperar com Deus nes-se momento complexo do progres-so humano.

Assim, quero abraçar os irmãosleitores de Reformador, com espe-cial carinho, agradecido pelas ora-ções, e pela acolhida afetiva que ve-nho recebendo em todos esses anosde atividades e em todos os lugaresque tenho tido a honra de visitar aserviço do Espiritismo.

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Importante

reafirmar nossos

compromissos com

o Cristo, quando

retornamos à Terra

sob o Seu

amparo

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12 Reformador/Novembro 2004

No mês passado, organizadapelo governo, realizou-se a 1a

Conferência Nacional de Po-líticas para as Mulheres, que pediua reformulação do Código Penalpara legalizar a prática do aborto noPaís. Segundo Nalu Faria (O Esta-do de S. Paulo, 16/7), representan-te da Marcha Mundial das Mulhe-res, o pedido foi apoiado por 70%das duas mil delegadas que partici-param da conferência. Esse eventoaconteceu logo após a liberação doaborto do anencéfalo, por decisãodo Ministro Marco Aurélio de Mel-lo, que ainda está em vigor, masprecisa ser ratificada por seus pares.Há, pois, séria investida para a lega-lização do aborto em nosso país.

Em uma das faixas colocadasno auditório da 1a Conferênciahavia uma bandeira: “Legalizar oaborto é uma questão de Democra-cia, Justiça Social e Saúde Pública”.Nada mais falso. Uma sociedade ci-vilizada não pode acobertar o crimesob os belos nomes de Democraciae Justiça. O fato de o aborto ter si-do legalizado nos países ditos deprimeiro mundo não significa quedevamos imitá-los, porque, pormais admiradas que sejam, essas so-ciedades estão muito distantes do

modelo ideal de civilização. Falta--lhes a vivência do amor genuíno.

À primeira vista, pode parecerque as razões contrárias ao aborta-mento provocado sejam exclusiva-mente da alçada da religião. Umareflexão mais acurada, porém, de-monstrará que elas têm raízes pro-fundas na própria ciência. Assim,para sermos fiéis à verdade e discu-tirmos, sem as amarras obliterantesdo preconceito, a complexa e mul-tifacetada questão dos direitos doembrião, é indispensável analisar-mos os argumentos científicos con-trários ao aborto.

O primeiro passo nessa busca éa descoberta do verdadeiro signifi-cado do zigoto à luz das Ciências daVida.

Para Moore e Persaud (2000,p. 2), “o desenvolvimento humanoé um processo contínuo que come-ça quando o ovócito de uma mu-lher é fertilizado por um esperma-tozóide de um homem. O desen-volvimento envolve muitas modifi-cações que transformam uma únicacélula, o zigoto (ovo fertilizado), emum ser humano multicelular”. Ain-da segundo os ilustres embriologis-tas, o zigoto e o embrião inicial sãoorganismos humanos vivos, nosquais já estão fixadas todas as basesdo indivíduo adulto. Sendo assim,não é possível interromper qualquerponto do continuum – zigoto, feto,

criança, adulto, velho – sem causardanos irreversíveis ao bem maior,que é a própria vida.

Mas há muito mais sobre ozigoto. É impossível deixar de reco-nhecer que é uma célula extrema-mente especializada, que passou pe-lo buril do tempo, herdeira debilhões de anos de evolução. Doscristais minerais ao ser humano, ascélulas primitivas passaram por umlongo e extraordinário percurso,desde os procariontes aos eucarion-tes, dos seres mais simples aos maiscomplexos, até surgirem, magnífi-cas, nas múltiplas especializaçõesdos órgãos humanos. E a célula-ovoé um dos exemplos mais admirá-veis, porque encerra em si mesma,potencialmente, todo o projeto deum novo ser, que é único e insubs-tituível.

Nesse sentido, a investigaçãosobre a estrutura do zigoto nos levanecessariamente à discussão sobre aorigem da vida e seu significadocientífico, com todas as conseqüên-cias disso para discussões bioéticas,morais, políticas e religiosas. Nãoserá possível retomar aqui toda ar-gumentação desenvolvida em OClamor da Vida (NOBRE, 2000),de modo que apresentarei unica-mente alguns dos pontos centraisenvolvidos.

Reconhecemos o grande valorda Teoria Neodarwiniana e de seus

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Razões para ser contra o abortodo anencéfalo

Marlene Nobre

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pressupostos básicos – a evolução dasespécies, a mutação e a seleção natu-ral – já comprovados pela investiga-ção científica. Ela, porém, tem-se re-velado insuficiente para explicar aevolução como um todo, porquetem no acaso um dos seus pilares. Omesmo acontece com todas as outrasteorias que buscam complementá-la,mantendo a mesma base explicativa,como as de Orgel, Eigen, Gilbert,Monod, Dawkins, Kimura, Gould,Kauffman. Demonstrou-se, porexemplo, através de cálculos mate-máticos, a impossibilidade estatísti-ca (101.000 contra um) de se juntar,ao acaso, mil enzimas das duas milnecessárias ao funcionamento deuma célula. Do mesmo modo, já seconstatou que o acaso é insuficientepara explicar, passo a passo, de for-ma detalhada, científica, o surgimen-to de estruturas complexas, como oolho, o cílio ou flagelo, a coagulaçãosanguínea.

Por isso, acreditamos que aTeoria do Planejamento Inteligen-te, que não tem por base o acaso eé defendida por cientistas compe-tentes, como o bioquímico MichaelBehe, a bióloga Lynn Margulis, e osfísicos Ígor e Grischka Bogdanov,possui argumentos científicos bemmais sólidos para explicar a evolu-ção dos seres vivos. Behe, em seu li-vro A Caixa Preta de Darwin, afir-ma que não importa o nome que selhe dê, mas, para ele, indiscutivel-mente, a vida tem um Planejador.Esta mesma conclusão está emDeus e a Ciência, obra de J. Guit-ton e dos irmãos Bogdanov. Namesma linha de raciocínio, Margu-lis e Sagan (2002, p.23) afirmam:“Nem o DNA nem qualquer outrotipo de molécula, por si só, é capazde explicar a vida”.

Esses autores foram buscar suasargumentações científicas no estu-do da extraordinária maquinaria ce-lular; no jogo de convenções inex-plicáveis, como as ligações cova-lentes, a estabilização topológica decargas, a ligação gene-proteína, aquiralidade esquerda dos aminoáci-dos e direita dos açúcares; comotambém, nos cálculos matemáticosdas enzimas celulares e na análise deestruturas complexas, já referidos.Enfim, um mundo de complexida-de, que não pode ser reduzido àsimples obra do acaso.

O fato é que o cientista, nemde longe nem de perto, tem conse-guido “fabricar” moléculas da vida.Ele desconhece, portanto, como re-produzir, em laboratório, as forçasque entram em jogo nesse intrinca-do fenômeno. Nessas circunstân-cias, deveria adotar uma atitudemais humilde, mais reverente, dian-te desse bem maior que é concedi-do ao ser humano, o de viver.

Pois, a cada dia, chegam novos

aportes científicos para a compreen-são da verdadeira natureza do em-brião. Descobertas recentes, feitaspela neurocientista Candace Pert eequipe, demonstram que a memó-ria estaria presente não somente nocérebro, mas em todo o corpo, atra-vés da ação dos neuropeptídeos,que fazem a interconexão entreos sistemas – nervoso, endócrinoe imunológico –, possibilitando ofuncionamento de um único siste-ma que se inter-relaciona o tempotodo, o corpo-cérebro.

Outras pesquisas já detectarama presença, no zigoto, de registros(“imprints”) mnemônicos próprios,que evidenciam a riqueza da perso-nalidade humana, manifestando-se,muito cedo, na embriogênese. Sãotambém notáveis as pesquisas dadra. Alessandra Piontelli e demaisespecialistas que têm desvendado assurpreendentes facetas do psiquis-mo fetal, através do estudo de ultra-sonografias, feitas a partir do 4o mêsde gestação, e do acompanhamen-to psicológico pós-parto, até o 3o

ou 4o ano de vida da criança. Oconjunto desses e de outros traba-lhos demonstra a competência doembrião: capacidade para autogerir--se mentalmente, adequar-se a si-tuações novas; selecionar situaçõese aproveitar experiências.

Se unirmos a Teoria do Plane-jamento Inteligente a essas novasdescobertas, vamos concluir, basea-dos na ciência, que a vida do em-brião não pertence à mãe, ao pai, aojuiz, à equipe médica, ao Estado.Pertence, exclusivamente, a ele mes-mo, porque a vida é um bem ou-torgado, indisponível.

Há, pois, fortes razões científi-cas para ser contra o aborto, mesmoo do anencéfalo. >

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14 Reformador/Novembro 2004

Aprendemos, com a genética,que a diversidade é a nossa maiorriqueza coletiva. E o feto anômalo,mesmo o portador de grave defi-ciência, como é o caso do anencéfa-lo, faz parte dessa diversidade. De-ve ser, portanto, preservado e res-peitado.

Reconhecemos que a mulherque gera um feto deficiente precisade ajuda psicológica por longo tem-po; constatamos, porém, que, naprática, esse direito não lhe é asse-gurado.

Sem ajuda para trabalhar o seusentimento de culpa, ela pode exa-cerbá-lo pela incitação à violênciacontra o feto, e mesmo permanecernele, por tempo indeterminado. Se-ria importante que inclinasse seucoração à compaixão e à misericór-dia, mostrando-lhe o real significa-do da vida.

Marlene Nobre é médica ginecologista epresidente da Associação Médico-Espíritado Brasil e [email protected] /www.amebrasil.org.br

REFERÊNCIAS:

BEHE, Michael, A Caixa Preta de Darwin, Odesafio da bioquímica à teoria da evolução, Rio

de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.

GUITTON, Jean, BOGDANOV, Igor e

Grichka, Deus e a Ciência, Rio de Janeiro: No-

va Fronteira, 1992.

MARGULIS, Lynn, SAGAN, D, O Que é Vi-da?, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002.

MOORE, Keith L. e PERSAUD, T. V. N.,

Embriologia Clínica, Rio de Janeiro: Guanaba-

ra Koogan, 2000.

NOBRE, M., O Clamor da Vida, São Paulo:

Editora FE, 2000.

Fonte: Folha Espírita de agosto de 2004,Ano XXXI, No 364, p. 1 e 4.

412

“A neurose da solidão é doençacontemporânea, que ameaça oHomem distraído pela conquistados valores de pequena monta,porque transitórios.”(Joanna de Ângelis – O HomemIntegral, cap. I.)

Adistração, considerada co-mum na sociedade terrenade uma maneira geral, tira o

homem de seu verdadeiro objetivoespiritual.

As formas de divertimento,hoje cultivadas pela maioria doscomponentes do grupo social, aba-fam outras oportunidades de apren-dizado e crescimento espiritual, fe-chando-os em rotineiros quadrosde vida.

Neste aspecto é que visua-lizamos o homem distraído que,ocupado com afazeres transitórios,sem relevância futura, esqueceu-sede cuidar das coisas essenciais.

Dessa forma é que temos vis-to alguns dramas do mundo, co-mo os jovens nas drogas, distraídosdas tarefas de aperfeiçoamento in-telectual e moral, adentrando pelo“novo mundo”, procurando, pro-curando...

Vemos, também, os indiví-duos nos suicídios, diretos ou indi-retos, distraídos pelos chamados dasolidão, da ansiedade, da angústia,

do medo, caindo, inadvertidamen-te, nos labirintos escuros da ob-sessão, onde “acham” que a saída éo fim antecipado da vida.

Assistimos, da mesma forma,aos conflitos de família, onde, as-soberbados pelos ataques e chama-dos da despreparada mídia do con-sumismo, seus membros tornam-seexaustos, cansados e procuram, dis-traídamente, “novos rumos”, olvi-dando os compromissos de outrostempos.

E aí, vamos ver os mais varia-dos tipos de problemas, tais comoos desencontros de idéias no níveldos governantes, que, distraídos nadiscussão da conjuntura, fazem sur-gir as mortes coletivas, a fome ge-neralizada e os descontroles dos sis-temas básicos de manutenção davida.

E ainda, na distração dos ho-mens, visualizamos a distração dospovos e dos governos, gerando sé-rios danos à comunidade do Pla-neta, com atraso no cumprimentodos compromissos e, obviamente,adquirindo débitos para as próxi-mas etapas do mundo.

Daí, a premente necessidadeda reanálise de posturas e priori-dades diante das leis naturais e doscompromissos assumidos, dianteda Criação e do Criador, com a re-formulação dos meios de desen-volvimento da vida e a busca dosfins essenciais traçados por Deuspara os seus filhos.

A distraçãoMarcelo Paes Barreto

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Estudando a vida espiritualalém do túmulo, Allan Kar-dec, o eminente Codificador

da Nova Revelação, apresenta em OLivro dos Espíritos algumas defini-ções que será oportuno examinar, afim de que nós outros, tarefeirosencarnados e desencarnados do Es-piritismo, estejamos vigilantes nasresponsabilidades que o Plano Su-perior nos conferiu.

Na Pergunta 226, indaga oapóstolo da Codificação:

– “Poder-se-á dizer que são er-rantes todos os Espíritos que nãoestão encarnados?”

E os seus elevados mentoresresponderam:

– “Sim, com relação aos quetenham de reencarnar. Não são er-rantes, porém, os Espíritos puros, osque chegaram à perfeição. Esses seencontram em seu estado definitivo.”

Segundo é fácil deduzir, “Espí-ritos errantes”, na elucidação, nãosignifica Espíritos vagabundos, de-socupados, inertes, mas sim sem re-sidência fixa, qual ocorre com todosnós, de vez que, de conformidadecom a palavra dos instrutores de Al-lan Kardec, somente não são consi-derados “errantes” aqueles “que che-garam à perfeição”, da qual, todosnós, a generalidade das criaturas

terrestres, ainda nos achamos imen-samente distantes.

...

Na Pergunta 227, inquire ogrande servidor da Verdade:

– “De que modo se instruem osEspíritos errantes? Certo não o fazemdo mesmo modo que vós outros?”

E o esclarecimento veio, pre-cioso:

– “Estudam e procuram meiosde elevar-se. Vêem, observam o queocorre nos lugares aonde vão, ou-vem os discursos dos homens doutose os conselhos dos Espíritos mais ele-vados e tudo isso lhes incute idéiasque antes não tinham.”

A resposta é segura, Os “Espí-ritos errantes”, isto é, nós outros osviajores em demanda da perfeiçãosuprema, inclusive a maioria das al-mas reencarnadas que permanecemna curta romagem do berço ao tú-mulo e que ainda voltarão muitasvezes ao educandário da carne, en-contramos oportunidades de estu-do e meios de elevação.

Ora, quem diz “estudo e ele-vação” refere-se a esforço e trabalho,disciplina e progresso.

Assim é que tanto na experiên-cia física quanto na experiência es-piritual, propriamente considera-das, nós, os viajores da senda evo-lutiva, não nos achamos órfãos daorganização que nos define os mé-ritos e deméritos.

Compreender-se-á, então, logi-camente, que civilização e autorida-de, agrupamento e ordem, escola edignificação, hospital e penitenciá-ria, embora diferenciados na expres-são, escalonam-se e vigem para nós,os milhões de encarnados e desen-carnados que vivemos ainda tãolonge do acrisolamento absoluto.

...

Na Pergunta 229, interroga oCodificador:

– “Por que, deixando a Terra,não deixam aí os Espíritos todas asmás paixões, uma vez que lhes reco-nhecem os inconvenientes?”

E os orientadores aduziram:– “Vês nesse mundo pessoas ex-

cessivamente invejosas. Imaginasque, mal o deixam, perdem esse de-feito? Acompanha os que da Terrapartem, sobretudo os que alimenta-ram paixões bem acentuadas, umaespécie de atmosfera que os envolve,conservando-lhes o que têm de mau,por não se achar o Espírito intei-ramente desprendido da matéria.Só por momentos ele entrevê a ver-dade, que assim lhe aparece comoque para mostrar-lhe o bom ca-minho.”

A elucidação não deixa dúvidas.Carreamos para além do sepul-

cro a sombra das ações deploráveisem que nos envolvemos, por efeitodas paixões que acalentamos nopróprio ser. >

Na trilha de Allan Kardec

PRESENÇA DE CHICO XAVIER

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Somos prisioneiros das ima-gens infelizes a que nos afeiçoamos,quando na extensão do mal aos ou-tros e a nós mesmos, imagens essasque se imobilizam, temporariamen-te, em nossa vida mental, detendo--nos nas grades do remorso e do ar-rependimento, até que atendamosà expiação necessária.

Em tais condições, a visão dasverdades divinas surge em nossaconsciência, tão-somente à manei-ra do relâmpago nas trevas que nósmesmos criamos, descerrando-noso caminho regenerador que noscompete aceitar e seguir.

A morte física, como é racio-nal, não nos subtrai, de improviso,dos íntimos refolhos do espírito, asconseqüências dos erros nefastos aque nos precipitamos, de vez que ospensamentos oriundos das faltas co-metidas nos entrançam a alma àsimposições do resgate.

...

Na Pergunta 230, consulta onotável missionário:

– “Na erraticidade, o Espíritoprogride?”

E os Benfeitores informam:– “Pode melhorar-se muito,

tais sejam a vontade e o desejo quetenha de consegui-lo. Todavia, naexistência corporal é que põe emprática as idéias que adquiriu.”

Outra vez reconhecemos osveneráveis mensageiros interessa-dos em destacar a necessidade deserviço e educação, além-túmulo,aclarando, ainda, que todos nós,“os viajores da evolução”, despen-demos muitos séculos adquirindoensinamentos na Vida Espiritual eaplicando-os na esfera física, demodo a assimilarmos com segu-

rança, a golpes de trabalho no cam-po do tempo, os valores da per-feição.

...

Ainda na Pergunta 232, Kar-dec argui, meticuloso:

– “Podem os Espíritos errantesir a todos os mundos?”

E a explicação veio clara:– “Conforme. Pelo simples fato

de haver deixado o corpo, o Espíritonão se acha completamente despren-dido da matéria e continua a perten-cer ao mundo onde acabou de viver,ou a outro do mesmo grau, a menosque, durante a vida, se tenha eleva-do, o que, aliás, constitui o objetivopara que devem tender seus esforços,pois, do contrário, não se aperfeiçoa-ria. Pode, entanto, ir a alguns mun-dos superiores, mas na qualidade deestrangeiro. A bem dizer, consegueapenas entrevê-los, donde lhe nasce odesejo de melhorar-se para ser dignoda felicidade de que gozam os que oshabitam, para ser digno também dehabitá-los mais tarde.”

A resposta é tão brilhantemen-te positiva que não requisita co-mentários.

Vale, todavia, dizer que, mui-tas vezes, em desencarnando a almado veículo de sangue e ossos, não seliberta mentalmente da experiênciaa que ainda se prende na vida ter-restre, em torno da qual gravita portempo indeterminado.

Ninguém acredite, pois, que otúmulo seja depósito de asas desti-nadas à elevação de quem não pro-curou elevar-se durante a passagempelo seio da Humanidade.

Ascensão pede leveza.Triunfo verdadeiro reclama he-

roísmo e glória.Sublimação exige amor e sa-

bedoria.Felicidade não dispensa equi-

líbrio.O preço da perfeição é traba-

lho contínuo de engrandecimentoda alma.

Ninguém espere, assim, depoisda morte, repouso e bem-aventu-ranças que não soube conquistarpor si mesmo.

Serviço e hierarquia, aprendi-zado e aprimoramento são impera-tivos a que não conseguiremos fu-gir, tanto do berço para o túmuloquanto do túmulo para o berço, sedesejamos marchar para a Vida Su-perior...

E enunciando semelhante rea-lidade, não estamos fazendo maisque acompanhar a trilha de AllanKardec, nas lições que o apóstoloadmirável entesourou, em nosso be-neficio, há cem anos.

André Luiz

(Página recebida pelo médium FranciscoCândido Xavier.)

Fonte: Reformador de abril de 1957,p. 33(103)-34(104).

Serviço e hierarquia,

aprendizado

e aprimoramento

são imperativos

a que não

conseguiremos fugir

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Oaborto, como se sabe, é cri-me. Todavia, não bastassemos projetos em tramitação no

Congresso Nacional, visando am-pliar o elenco dos casos de exclusãode ilicitude, ou de punibilidade (deacordo com a teoria normativa pu-ra), previstos no Código Penal (Art.128 e incs.), agora é o Judiciário,que, nos últimos tempos, vem assu-mindo posturas perigosamente libe-ralizantes, autorizando o aborta-mento, ainda que contra-legem.

Trata-se de uma novidade su-mamente grave, de conseqüênciasimprevisíveis para o futuro espiri-tual da Nação, como, aliás, reitera-damente sustentava o missionárioFrancisco Cândido Xavier, adver-tindo que a legitimação do abortoacarretaria pesadíssimos efeitos cár-micos para a sociedade brasileira.

Entre os casos que têm chega-do ao Judiciário, em busca de pro-nunciamento (autorização para a“antecipação terapêutica do parto”),salientam-se como os mais comuns,os que dizem com a ocorrência daanencefalia, deformidade cem porcento fatal.

Diante dos pedidos que semultiplicam em todo o país, desde

a primeira decisão favorável, em1989 (Rondônia), e que já chegamhá cerca de 3.000 – com 97% derespostas favoráveis –, oportuno élembrar a responsabilidade do ma-gistrado – particularmente do ma-gistrado espírita, porque conscien-te das conseqüências espirituais – eo cuidado que deve ter no trato daquestão.

Com efeito, ensina a DoutrinaEspírita que:

1 – a evolução do ser humanoocorre, na Escola-Terra, peloprocesso da reencarnação, quelhe faculta a necessária apren-dizagem para o seu crescimen-to espiritual;

2 – a interrupção premeditadadesse processo, em qualquer fa-se – a não ser no caso de emi-nente risco de vida da gestante(O Livro dos Espíritos, item359) –, constituindo agressãoao direito individual de reen-carnar, implica em crime delesa-evolução, com as infalíveisconseqüências espirituais;

3 – nos casos de anencefalia,especificamente, impõe-se terpresente que somente dianteda sólida e efetiva constataçãoda morte do feto intra-uterino,é que seria admissível pensarem autorização para a anteci-pação do parto, uma vez que,

segundo se sabe, o Espírito, emtais situações, já rompeu sua li-gação com o corpo em desen-volvimento (são vários os mo-tivos, entre eles, o temor), ou,mesmo, pode nem haver umreencarnante, processando-se odesenvolvimento fetal, por al-gum tempo, por mero auto-matismo biológico;

4 – nos demais casos, a conces-são da licença para a interrup-ção da gravidez comprometeespiritualmente, não só a ges-tante, como os demais envolvi-dos no evento, com destaquepara o magistrado, que não sehouve com a necessária caute-la, impedindo o Espírito dereajustar-se perispiriticamente,mesmo que por meio do sofri-do processo da corporificaçãoestigmatizada pela anencefalia,particularmente útil em casosde grave comprometimentocármico.

De se observar que a situaçãodos Espíritos necessitados, que bus-cam para o seu equilíbrio este tipode processo, guarda certa semelhan-ça com a dos que, nas operações la-boratoriais, são submetidos à liga-ção provisória com o embrião, paraque, com o “choque da carne” –mesmo que rápido – possam, inclu-sive, readquirir, pouco a pouco,a inteira consciência, por vezes,

Reformador/Novembro 2004 17415

A propósito dos anencéfalosZalmino Zimmermann*

*O Autor é Presidente da ABRAME – Associa-ção Brasileira dos Magistrados Espíritas.

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entorpecida, por tempos sem con-ta.

Desse modo, todos os avançoscientíficos – inspirados, aliás, pelaEspiritualidade Superior – servemao progresso de todos, encarnadosou desencarnados.

É claro que, tanto no caso dosanencéfalos, como no dos em-briões, possível é que inexista qual-quer Espírito a sustentar ou se apro-veitar do processo. Na incerteza,porém, e considerando que, namaioria das vezes, é o contrário queocorre, o racional é impedir que se-ja cortada uma oportunidade tãoimportante como essa, para a histó-ria do Espírito, como, aliás, bem

atestam os muitos casos de Espíri-tos que se comunicam, agradecen-do aos pais os poucos, mas precio-sos, momentos que viveram nacarne, reabilitando-se para futurasreencarnações normais.

Em conclusão, na qualidade deser interexistente e multiexistencial,que todo cidadão é, deve ser juridi-camente preservado, ao desencarna-do, o seu direito de usufruir de to-dos os recursos disponíveis pararecuperação de sua saúde espiritual,ainda que se sujeitando a umdesenvolvimento fetal transitórioe precário, como no caso da anen-cefalia, da mesma forma, como,em estando reencarnado, cumpre

ao Estado assegurar seu direito àsaúde física, mesmo que tenha de sesubmeter à mais complexa cirurgia.

Trata-se, sim, de uma nova vi-são mais ampla e racional – e o Es-piritismo a possibilita – do Direitoe da Justiça, cuja missão fundamen-tal é proteger a dignidade do cida-dão, encarnado ou reencarnante,que este, desde os primeiros mo-mentos embrionários, como com-prova a Ciência, já é uma indivi-dualidade diferente da pessoa damãe, com um programa de vidapróprio a ser cumprido.

Fonte: Revista da ABRAME, número 03,2004.

18 Reformador/Novembro 2004416

Não aguardes o amigo perfeito para as obras dobem.Esperavas ansiosamente a criatura irmã, na so-

leira do lar, e o matrimônio trouxe alguém a recla-mar-te sacrifício e ternura.

Contavas com teu filho, mas teu filho alcançoua mocidade sem ouvir-te as esperanças.

Sustentavas-te no companheiro de ideal e, demomento para outro, recolheste mistura vinagrosana ânfora da amizade em que sorvias água pura.

Mantinhas a fé no orientador que te merecia ve-neração e, um dia, até ele desapareceu de teus olhos,arrebatado por terríveis enganos.

Contudo, embora a dor de perder, continua notrabalho edificante que vieste realizar...

Ninguém reprova o doente porque sofra mal--humorado.

Ninguém censura a árvore que deixou de pro-duzir porque o lenhador lhe haja decepado os braçosfrondejantes.

Quase sempre, aqueles que tomamos por afetosmais doces, crendo abraçá-los por sustentáculos daluta, simbolizam tarefas que solicitam renúncia eapostolados a exigirem amor.

Não importa o gelo da indiferença, nem o bra-mido da incompreensão, se buscamos servir.

O coração mais belo que pulsou entre os ho-mens respirava na multidão e seguia só. Possuía le-giões de Espíritos angélicos e aproveitou o concursode amigos frágeis que o abandonaram na hora ex-trema. Ajudava a todos e chorou sem ninguém. Mas,ao carregar a cruz, no monte áspero, ensinou-nos queas asas da imortalidade podem ser extraídas do fardode aflição, e que, no território moral do bem, almaalguma caminha solitária, porque vive tranqüila napresença de Deus.

Albino Teixeira

Fonte: XAVIER, Francisco C. e VIEIRA, Waldo. O Espíritoda Verdade, 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2000, cap. 33,p. 83-84.

Página do caminho

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“Os séculos de civilização,de ética e cultura nãoconseguiram fazer que o

instinto de autodestruição (...) fos-se dominado pela análise fria e no-bre da razão. Pelo contrário: pareceque nas nações chamadas supercivi-lizadas, pelo abuso das faculdadesque revestem o ser, o homem atira--se cada vez mais opiado no sorve-douro da autodestruição, consumi-do pelos excessos de todo porte,ensoberbecido pela técnica e amo-lentado pela comodidade pernicio-sa.” Este pensamento do EspíritoVictor Hugo, psicografado pelomédium Divaldo Pereira Franco nolivro Párias em Redenção¹, comple-ta-se ainda com a seguinte idéia:

“Se anteriormente a forca anun-ciava a presença de civilização nu-ma cidade, o alto índice de suicí-dios num povo, atualmente, revelaa sua elevada cultura. Cultura, noentanto, pervertida, sem Deus nemamor, sem vida nem sentimento.(...)”

Tais colocações revestem-se decrua atualidade; senão vejamos osíndices do recém-lançado “MAPADA VIOLÊNCIA IV”, da Unesco,contemplando o período entre1993 e 2002. O mapa demonstraque os suicídios no Brasil passaram

de 5.553 em 1993 para 7.715 em2002, representando um aumentode 38,9%. No mesmo período, oaumento é bem superior ao regis-trado em óbitos por acidentes detransporte (19,5%), mas ainda estáabaixo dos homicídios (62,3%).

Entre os adolescentes e jovensde 15 a 24 anos, o aumento foi me-nor (30,8%), passando de 1.252para 1.637 suicídios entre 1993 e2002. As situações por estado sãobem diferenciadas: no Amapá, Ma-ranhão e Paraíba, por exemplo, onúmero de suicídios de jovens qua-druplicou. Já em Estados como SãoPaulo, Paraná e Distrito Federal,registrou-se a queda dos índices.

Relativizando os dados segun-do o tamanho da população, verifi-

ca-se que a taxa do País no ano de1993 foi de 3,7 suicídios para cada100 mil habitantes. Com oscila-ções, ela foi crescendo lentamentepara, em 2002, apresentar-se em4,4 suicídios por 100 mil habi-tantes.

Em 2002, a maior concentra-ção de suicídios encontrou-se nosEstados da Região Sul, especial-mente no Rio Grande do Sul (9,9suicídios por 100 mil habitantes).Mas outros Estados também apre-sentaram taxas elevadas, acima de 6suicídios em 100 mil habitantes,como Santa Catarina (7,8), MatoGrosso do Sul (7,8) e Amapá (6,8).

Entre as muitas causas que es-tão levando as pessoas a cometeremo suicídio, a depressão é apontadacomo a principal delas, segundoavaliação da Organização Mundialde Saúde (OMS). O portador deuma dor física tem um profissionalpara atendê-lo, mas, e o de transtor-nos psicológicos, a quem procurar?Onde buscar ajuda?

Neste particular, o Centro deValorização da Vida (CVV) realizaum relevante serviço em favor dossuicidas potenciais através do aten-dimento telefônico, praticamentesem recursos governamentais. Apartir do momento em que um serhumano se coloca em disponibili-dade para ouvir com compaixão odesabafo de outra pessoa, pode-se

Prevenção ao suicídio, tarefainadiável

Gerson Simões Monteiro

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dizer que começou o trabalho deprevenção ao suicídio.

Os Centros Espíritas tambémrealizam um trabalho de ajuda fun-damental por meio do Atendimen-to Fraterno², não só aos deprimi-dos, mas também às pessoas queprecisam de assistência espiritual.De um modo geral, permite-se ocontato direto e possibilita-se o de-sabafo de quem esteja pensando emabandonar a vida pelo auto-exter-mínio. Por outro lado, as reuniõesde desobsessão² são de suma impor-tância para ajudar aqueles que pen-sam em suicidar-se, através da mo-ralização do Espírito inimigo res-ponsável pela sugestão infeliz de de-sistir da vida.

Um estudo feito com 153 pes-soas pelo Centro de Controle e Pre-venção de Doenças, nos EstadosUnidos, expôs de perto a elas histó-rias de suicídio, numa visão opostaao pensamento comum de que umsuicídio incentiva outro. Pelo con-trário, segundo a conclusão desseestudo, ter conhecido alguém quese suicidou ou ouvir relatos de sui-cídios reduz as chances de uma no-va tragédia acontecer. No site dainstituição, os responsáveis pela pes-quisa esclarecem que os meios decomunicação devem desempenharum papel fundamental nos esforçospara educar o público na prevençãodo suicídio.

Neste sentido, o Conselho Fe-derativo Nacional da Federação Es-pírita Brasileira, ao lançar a Cam-panha Em defesa da Vida, vemcumprindo a importante tarefa decombater o suicídio ao elaborar car-tazes e literatura de apoio, bem co-mo sugerindo ao Movimento Espí-rita que o assunto seja abordado emprogramas de rádio, televisão, ví-

deo, Internet ou qualquer outromeio de comunicação, sempre deforma preventiva.

É importante ressaltar que aDoutrina Espírita tem uma grandecontribuição para ajudar a pessoaaflita e desesperada no momentoem que pensa desertar da vida pelaporta falsa do suicídio. Ela demons-tra que a alma continua a viveralém da morte, e explica as causasdos sofrimentos, mostrando queeles, suportados com resignaçãoneste mundo, transformar-se-ão emluzes para a sua alma ao reingressarnas esferas espirituais. O Espiritis-mo demonstra também que o sui-cida sofre terrivelmente, no mundo

dos Espíritos, as conseqüências doseu gesto de rebeldia contra as Leisdo Criador, expiando o mal come-tido contra si mesmo em novareencarnação, a fim de harmonizar--se com a Lei do Progresso que visaà sua evolução para a perfeição es-piritual.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1FRANCO, Divaldo P. Párias em Redenção,

pelo Espírito Victor Hugo. 3. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 1971, Segundo Livro, cap, 1, p.174.

²FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA –

Conselho Federativo Nacional. Orientação ao

Centro Espírita. 3. ed. Rio de Janeiro: FEB,

1988, p. 67.

O suicídioA incredulidade, a simples dúvida sobre o futuro, as idéias mate-

rialistas, numa palavra, são os maiores incitantes ao suicídio; ocasionama covardia moral. Quando homens de ciência, apoiados na autoridadedo seu saber, se esforçam por provar aos que os ouvem ou lêem que es-tes nada têm a esperar depois da morte, não estão de fato levando-os adeduzir que, se são desgraçados, coisa melhor não lhes resta senão sematarem? Que lhes poderiam dizer para desviá-los dessa conseqüência?Que compensação lhes podem oferecer? Que esperança lhes podemdar? Nenhuma, a não ser o nada. Daí se deve concluir que, se o nada éo único remédio heróico, a única perspectiva, mais vale buscá-lo ime-diatamente e não mais tarde, para sofrer por menos tempo.

A propagação das doutrinas materialistas é, pois, o veneno que ino-cula a idéia do suicídio na maioria dos que se suicidam, e os que seconstituem apóstolos de semelhantes doutrinas assumem tremenda res-ponsabilidade. Com o Espiritismo, tornada impossível a dúvida, mu-da o aspecto da vida. O crente sabe que a existência se prolonga inde-finidamente para lá do túmulo, mas em condições muito diversas;donde a paciência e a resignação que o afastam muito naturalmente depensar no suicídio; donde, em suma, a coragem moral.

Allan Kardec

Fonte: O Evangelho segundo o Espiritismo. 2. ed. especial. Rio de Janeiro: FEB,2004, cap. V, item 16, p. 131-132.

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Entre o berço e o túmulo“Não atentando nós nas coisas que se vêem,

mas nas que se não vêem, porque asque se vêem são temporais e as que

se não vêem são eternas.”– Paulo. (II Coríntios, 4:18.)

A flor que vemos passa breve, mas o perfume que nos escapa enriquece aeconomia do mundo.

O monumento que nos deslumbra sofrerá insultos do tempo, contudo, oideal invisível que o inspirou brilha, eterno, na alma do artista.

A Acrópole de Atenas, admirada por milhões de olhos, vai desaparecendo, pou-co a pouco, entretanto, a cultura grega que a produziu é imortal na glória terrestre.

A cruz que o povo impôs ao Cristo era um instrumento de tortura visto portodos, mas o espírito do Senhor, que ninguém vê, é um sol crescendo cada vez maisna passagem dos séculos.

Não te apegues demasiado à carne transitória.

Amanhã, a infância e a mocidade do corpo serão madureza e velhice da forma.

A terra que hoje reténs será no futuro inevitavelmente dividida. Adornos deque te orgulhas presentemente serão pó e cinza. O dinheiro que agora te serve pas-sará depois a mãos diferentes das tuas.

Usa aquilo que vês, para entesourar o que ainda não podes ver.

Entre o berço e o túmulo, o homem detém o usufruto da terra, com o fim deaperfeiçoar-se.

Não te agarres, pois, à enganosa casca dos seres e das coisas. Aprendendo elutando, trabalhando e servindo com humildade e paciência na construção do bem,acumularás na tua alma as riquezas da vida eterna.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2003, cap. 168,

p. 375-376.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

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22 Reformador/Novembro 2004

Manoel Philomeno de Miran-da, através da mediunidadede Divaldo Pereira Franco,

em sua obra Tormentos da Obsessão1,relata-nos oportuno encontro quemanteve no Plano Espiritual com oantigo médico de Uberaba, Dr. Iná-cio Ferreira.

O encontro é focalizado no ca-pítulo “Tarefas relevantes”, quando orespeitável Diretor do Hospital Espí-rita de Uberaba se refere àquele que,convertido ao Cristianismo em pris-cas eras, reencarnaria muitas vezes emnovas roupagens físicas, mas sempre identificando-secomo leal servidor de Jesus. Sua última encarnação foina personalidade de Eurípedes Barsanulfo, nascido em1880 na cidade mineira de Sacramento, nela tambémdesencarnando em 1918.

Espírito que recebeu de um jornal da época –Lavoura e Comércio – este comentário:

– “Foi o apóstolo do Bem: ao seu lado nenhumalágrima ficou sem consolo e, sem bálsamo, dor ne-nhuma.” 2

Consoante expressão de Manoel Philomeno deMiranda em mensagem recebida por Divaldo PereiraFranco, em 15 de janeiro de 2001, na cidade de Sal-vador, Bahia, o livro Tormentos da Obsessão engloba

diversas experiências por ele vivencia-das no Hospital Esperança, na Esfe-ra Espiritual, “no qual se encontraminternados inúmeros irmãos falidose comprometidos com o seu próximo,em lamentáveis estados de perturba-ção (...)”.

Esclarece ainda o autor quemencionado nosocômio do PlanoEspiritual foi erguido na década de1930 a 1940, em decorrência do co-ração magnânimo do Espírito Eurí-pedes Barsanulfo.

Aliás, sobre essa personalidadesempre recordada no Movimento Es-pírita em terras mineiras, muitasobras têm sido elaboradas, descre-vendo todos os autores a abençoada

missão desse luminoso Espírito, o que lhe valeu o cog-nome de “Apóstolo do Triângulo Mineiro”.

(Uma biografia de Eurípedes é apresentada porZêus Wantuil em sua obra Grandes Espíritas do Bra-sil 2 a qual bem merece ocupar lugar em nossas bi-bliotecas.)

Ao Espírito Manoel Philomeno de Miranda,muito intrigava – conforme sua própria expressão –“a argúcia para o bem e a elevação espiritual de Eu-rípedes Barsanulfo, o abnegado servidor de Jesus, queabraçara o martírio nos primórdios do Cristianismonas Gálias lugdunenses, assinalando o seu sacrifíciocom a coragem e a fé inamovível no Herói da Cruz”.

Foi por essa razão que ao vislumbrar ele um mo-mento favorável no Hospital Esperança, não titubeoudiante da figura do solícito Diretor – Inácio Ferreira–, em pedir melhores informes, no que foi pronta-mente atendido.

Vejamos, a seguir, alguns dados fornecidos:

420

Das Gálias lugdunenses às terras mineiras*

Kleber Halfeld

Eurípedes Barsanulfo

*A expressão Gálias lugdunenses identifica uma das regiões da antigaFrança, na qual situava-se a cidade de Lugdunum – Lyon – Lião, naqual, muitos anos depois, reencarnaria Kardec.

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– “Depois de inúmeras existências profícuas (...)o missionário do amor renascera em Zurique, no anode 1741, com o nome de Johann Kaspar Lavater, ha-vendo manifestado desde muito jovem acentuado pen-dor místico, que o levou através dos anos à adoção dareligião dominante, na área do Protestantismo. Ha-vendo sido ordenado pastor, contribuiu grandementepara a divulgação do pensamento cristão desvestidode qualquer dogmatismo, paixão de seitas ou deno-minação estranha (...).”

“Exilado para a Basiléia, pela sua lealdade aopensamento cristão original, permaneceu devotado aoapostolado, retornando mais tarde, quando foi feridonuma das lutas pela tomada da ci-dade por Massena, no ano de 1799,de cujas conseqüências veio a desen-carnar em 1801.”

Da leitura de Tormentos da Ob-sessão podemos concluir que tem es-se Espírito aproveitado de forma efi-ciente as encarnações que a ele têmsido concedidas pelo Pai Celestial.Do que, obviamente, têm resultadopara ele importantes aquisições parasua evolução espiritual!

Sobre a personalidade de JohannKaspar Lavater, tivemos ensejo de re-digir um artigo – “Lavater, a umaImperatriz, com carinho” –, o qualfoi publicado na edição de setembrode 1989 por Reformador.

Foi em Zurique e em Schaffhouse, na Suíça, queLavater teve oportunidade de, em 1762, travar conhe-cimento com os jovens Paulo – Paulo I, Imperador daRússia – e sua esposa Maria Feodorovna.

Sólida amizade estabeleceu-se entre os três a par-tir desses encontros.

De 1796 a 1800 o prazer de Lavater era remeteraos soberanos russos, seus diletos amigos, vasta corres-pondência a respeito da ciência que criara – Fisiogno-mia –, segundo a qual havia uma estreita relação en-tre a fisionomia dos seres com a psicologia individual.Foi exatamente nesse período que o filósofo, escritore teólogo suíço escreveu também seis cartas tecendojudiciosas considerações a respeito da vida no Além,todas elas endereçadas a Maria Feodorovna, Impera-triz da Rússia. A essa correspondência deu Kardec es-

pecial atenção, 70 anos depois! Certo ou não estives-se Lavater na sua tese, a Fisiognomia, fato é que à épo-ca a ele foram atribuídos diagnósticos realmente ex-traordinários. De todos os recantos da Europachegavam pedidos referentes à matéria!

Frisamos que nas seis mencionadas cartas Lavaterdeixou extravasar muitos pensamentos que o identifi-cavam com os princípios da Doutrina Espírita. Para-lelamente há que considerar que se havia esta ou aque-la distorção diante do que preceitua o Espiritismo, éoportuno recordar o que Kardec escreveu em maio de1868 na Revista Espírita:

“(...) Apenas sobre alguns pontos parece ter tidoidéias um pouco diferentes do quehoje sabemos, mas a causa dessas di-vergências que, aliás, talvez se de-vam mais à forma do que ao fundo,está explicada na comunicação se-guinte, por ele dada na Sociedade deParis.”

Realmente, como ainda consi-deramos no trabalho publicado porReformador, logo após essas palavrasde Kardec segue uma mensagem di-tada pelo Espírito Lavater. Ela foirecebida nessa Sociedade no dia 13de março de 1868. Foi uma comu-nicação verbal, através do sonambu-lismo espontâneo do senhor Morin,e revelava a opinião de Lavater sobre

o Espiritismo do século XIX. A mensagem é extensa,mas destacamos apenas o trecho a seguir, o qual bempatenteia aquilo que Kardec afirmou:

“Espírito encarnado, por instinto levado ao bem,natureza fervorosa apoderando-se de um pensamentoque me levava ao verdadeiro, tão vil, ah! como aque-las que me levavam ao erro, talvez aí esteja o motivoque provocou as inexatidões de minhas comunicações,sem ter, para as retificar, o controle dos pontos decomparação. Porque, para que uma revelação sejaperfeita, é preciso que se dirija a um homem perfeitoe este não existe; não é, pois, senão do conjunto que sepodem extrair os elementos da verdade. Foi o que pu-destes fazer; mas, em meu tempo, podia-se formar umconjunto de algumas parcelas do verdadeiro, de algu-mas comunicações excepcionais? Não. Sou feliz por tersido um dos privilegiados do século passado; obtive

421

Johann Kaspar Lavater

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24 Reformador/Novembro 2004

algumas dessas comunicações por mim diretamente, ea maior parte por meio de um Médium, meu amigo,completamente estranho à língua da alma e, há quedizer tudo, mesmo à do bem.”

A caminho do término do presente trabalho, po-demos levantar as conclusões seguintes:

Nos primórdios do Cristianismo nas Gálias lug-dunenses, já nosso querido Eurípedes Barsanulfo iden-tificava-se com a figura excelsa de Jesus.

No período que o separa da personalidade deJohann Kaspar Lavater, “teve inúmeras existências pro-fícuas”, lembrando aqui as palavras do Espírito InácioFerreira a Manoel Philomeno deMiranda.

– Sua última encarnação verifi-cou-se na cidade mineira de Sacra-mento, no Estado que tem abrigadoigualmente outros médiuns de meri-tórios serviços à Doutrina Espírita.

– Atualmente, no Plano Espiri-tual, consagra-se ao trabalho noHospital Esperança – que fundou –,tendo entre seus companheiros deluta, nosso estimado Inácio Ferreira,um dos diretores dessa OrganizaçãoEspiritual. Em decorrência de suaevolução espiritual teve uma mara-vilhosa e inesquecível visão de Jesus,a qual é relatada por Hilário Silva emsua obra A Vida Escreve, psicografia de Francisco Cân-dido Xavier e Waldo Vieira.

Transcrevemos na íntegra a página, com a qualencerramos nosso trabalho, ao mesmo tempo que lou-vamos nosso Pai Celestial pela bênção que nos conce-de, qual seja a de termos abraçado uma Doutrina quepelos seus esclarecimentos tanto nos impulsiona paraa frente e para o alto!

Visão de Eurípedes3

Começara Eurípedes Barsanulfo, o apóstolo damediunidade, em Sacramento, no Estado de MinasGerais, a observar-se fora do corpo físico, em admirá-vel desdobramento, quando, certa feita, à noite, viu asi próprio em prodigiosa volitação. Embora inquieto,como que arrastado pela vontade de alguém num tor-velinho de amor, subia, subia...

Subia sempre.Queria parar, e descer, reavendo o veículo carnal,

mas não conseguia. Braços intangíveis tutelavam-lhe asublime excursão. Respirava outro ambiente. Enverga-va forma leve, respirando num oceano de ar mais leveainda... Viajou, viajou, à maneira de pássaro teleguia-do, até que se reconheceu em campina verdejante. Re-parava na formosa paisagem, quando, não longe, avis-tou um homem que meditava, envolvido por doce luz.

Como que magnetizado pelo desconhecido,aproximou-se...

Houve, porém, um momento, em que estacou,trêmulo.

Algo lhe dizia no íntimo paraque não avançasse mais...

E num deslumbramento de jú-bilo, reconheceu-se na presença doCristo.

Baixou a cabeça, esmagadopela honra imprevista, e ficou emsilêncio, sentindo-se como intru-so, incapaz de voltar ou seguir adian-te.

Recordou as lições do Cristia-nismo, os templos do mundo, ashomenagens prestadas ao Senhor,na literatura e nas artes, e a mensa-gem dEle a ecoar entre os homens,no curso de quase vinte séculos...

Ofuscado pela grandeza do momento, começoua chorar...

Grossas lágrimas banhavam-lhe o rosto, quandoadquiriu coragem e ergueu os olhos, humilde.

Viu, porém, que Jesus também chorava...Traspassado de súbito sofrimento, por ver-lhe o

pranto, desejou fazer algo que pudesse reconfortar oAmigo Sublime... Afagar-lhe as mãos ou estirar-se àmaneira de um cão leal ao seus pés...

Mas estava como que chumbado ao solo estra-nho...

Recordou, no entanto, os tormentos do Cristo, ase perpetuarem nas criaturas que até hoje, na Terra,lhe atiram incompreensão e sarcasmo...

Nessa linha de pensamento, não se conteve. Abriua boca e falou, suplicante:

– Senhor, por que choras?O interpelado não respondeu.

422

Não sofro pelos

descrentes aos quais

devemos amor. Choro

por todos os que

conhecem o

Evangelho, mas não

o praticam

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Reformador/Novembro 2004 25

Mas desejando certificar-se de que era ouvido,Eurípedes reiterou:

– Choras pelos descrentes do mundo?Enlevado, o missionário de Sacramento notou

que o Cristo lhe correspondia agora ao olhar. E, apósum instante de atenção, respondeu em voz dulcíssi-ma:

– Não, meu filho, não sofro pelos descrentes aosquais devemos amor. Choro por todos os que conhe-cem o Evangelho, mas não o praticam...

Eurípedes não saberia descrever o que se passouentão.

Como se caísse em profunda sombra, ante a dorque a resposta lhe trouxera, desceu, desceu...

E acordou no corpo de carne.

Era madrugada.Levantou-se e não mais dormiu.E desde aquele dia, sem comunicar a ninguém a

divina revelação que lhe vibrava na consciência, en-tregou-se aos necessitados e aos doentes, sem repousosequer de um dia, servindo até a morte.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:1FRANCO, Divaldo Pereira. Tormentos da Obsessão, pelo Espírito Ma-noel Philomeno de Miranda. 6. ed. Salvador, BA. Livraria Espírita Al-vorada Editora, 2003.2WANTUIL, Zêus. (Organizador) Grandes Espíritas do Brasil. 4. ed. Riode Janeiro: FEB, 2002, p. 319-325.3XAVIER, Francisco Cândido, VIEIRA, Waldo. A Vida Escreve, peloEspírito Hilário Silva. 8. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1997, Segunda Parte,cap. 27, p. 219-221.

423

Quando te encontres diante de alguém que amorte parece nimbar de sombra, recorda quea vida prossegue, além da grande renovação...

Não te creias autorizado a desferir o golpe supre-mo naqueles que a agonia emudece, a pretexto deconsolação e de amor, porque, muita vez, por trásdos olhos baços e das mãos desfalecentes que pare-cem deitar o último adeus, apenas repontam avisose advertências para que o erro seja sustado ou paraque a senda se reajuste amanhã.

Ante o catre da enfermidade mais insidiosa emais dura, brilha o socorro da Infinita Bondade fa-cilitando, a quem deve, a conquista da quitação.

Por isso mesmo, nas próprias moléstias reco-nhecidamente obscuras para a diagnose terrestre, ful-gem lições cujo termo é preciso esperar, a fim de queo homem lhes não perca a essência divina.

E tal acontece, porque o corpo carnal, aindamesmo o mais mutilado e disforme, em todas as cir-cunstâncias, é o sublime instrumento em que a almaé chamada a acender a flama de evolução.

É por esse motivo que no mundo encontramos,a cada passo, trajes físicos em figurino moral diverso.

Corpos – santuários... Corpos – oficinas... Corpos – bênçãos... Corpos – esconderijos... Corpos – flagelos...Corpos – ambulâncias... Corpos – cárceres... Corpos – expiações... Em todos eles, contudo, palpita a concessão do

Senhor, induzindo-nos ao pagamento de velhas dívi-das que a Eterna Justiça ainda não apagou.

Não desrespeites, assim, quem se imobiliza nacruz horizontal da doença prolongada e difícil, ad-ministrando-lhe o veneno da morte suave, porquan-to, provavelmente, conhecerás também mais tarde oproveitoso decúbito indispensável à grande medi-tação.

E usando bondade para os que atravessamsemelhantes experiências, para que te não falte a bon-dade alheia no dia de tua experiência maior, lembra--te de que, valorizando a existência na Terra, o próprioCristo arrancou Lázaro às trevas do sepulcro, paraque o amigo dileto conseguisse dispor de mais tem-po para completar o tempo necessário à própria su-blimação.

Emmanuel

Fonte: XAVIER, Francisco C. Religião dos Espíritos. 14. ed.Rio de Janeiro: FEB, 2001, p. 59-60.

Sofrimento e eutanásia

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O Selo Comemo-rativo do Bicentenáriode Nascimento de Al-lan Kardec foi lançadooficialmente em Brasí-lia, no dia 5 de outu-bro, em cerimônia rea-lizada no belíssimoauditório da Universi-dade dos Correios.

Mais de trezentostrabalhadores espíritasdo Distrito Federal eEntorno prestigiaramo histórico evento. Várias autorida-des, dentre políticos, ministros, de-sembargadores e presidentes de ins-tituições espíritas, registraram pre-sença no magno acontecimento,que se iniciou às 11h30 da primei-ra terça-feira de outubro.

Compuseram a Mesa do even-to: o Presidente dos Correios, JoãoHenrique de Almeida, o Vice-Pre-sidente da FEB, Ilcio Bianchi, oPresidente da Federação Espírita doDistrito Federal, João de JesusMoutinho, o Presidente da Associa-ção Brasileira dos Magistrados Es-píritas (ABRAME), Zalmino Zim-mermann, o representante do Mi-nistro das Comunicações, Secre-tário Mauro Oliveira, e a DeputadaFederal por Goiás, Profª. RaquelTeixeira. Também esteve presente oartista responsável pela elaboraçãodo selo, Tarcisio Ferreira, cujo tra-balho foi elogiado pelos conferen-cistas e reconhecido pelo público.

Logo após a composição daMesa, o Presidente da ECT coorde-nou as obliterações do selo, com aparticipação de autoridades presen-tes. Em seguida, usaram da palavra,inspirada pela magnitude do mo-

mento, o Presidente da ABRAME,Zalmino Zimmermann, a Depu-tada Federal Raquel Teixeira e oPresidente dos Correios, João Hen-rique de Almeida. Todos ressalta-ram a importância de Allan Kardece da Codificação Espírita, não so-mente para os profitentes do Espi-ritimo no Brasil, mas para a huma-nidade inteira.

Discursos objetivos, claros ebem fundamentados destacaram acoragem e a perseverança de Kardecna construção da Era do Espíritoentre os homens, na superação dosobstáculos e no enfrentamento dosdesafios para, destemido e absolu-tamente consciente de sua respon-sabilidade, estabelecer as bases segu-ras sobre as quais se assentam osprincípios doutrinários e norteiamas atividades do Movimento Espíri-ta no Brasil e no Exterior.

A cerimônia foi significativa pa-ra registrar o reconhecimento oficialdo governo brasileiro à augusta per-sonalidade de Allan Kardec pelos re-levantes trabalhos prestados à causada Humanidade, na missão de codi-ficador da Doutrina Espírita.

O encerramento registrou mo-mentos de sincera confraternizaçãoentre os presentes, no qual foi im-provisada sessão de autógrafos emque o designer Tarcisio Ferreira gen-

Selo comemora o Bicentenário deNascimento de Allan Kardec

Mesa que presidiu ao lançamento do selo

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Reformador/Novembro 2004 27425

tilmente recebia os interessados emlevar para suas residências e institui-ções uma lembrança daquele even-to inesquecível.

Nas palavras dos confrades daFederação Espírita do Distrito Fe-deral, “este reconhecimento ao Co-dificador do Espiritismo é tambémum reconhecimento ao esforço si-lencioso de cada trabalhador espíri-ta na construção de uma Nova Erade paz e harmonia para a Terra”.

O selo pode ser adquirido nos

Correios ao custo unitário de R$1,60. Código de comercialização: 852006993

Os pedidos devem ser ende-reçados à Agência de Vendas aDistância – Av. Presidente Var-gas, 3.077 – 23o andar CEP 20210--973 – Rio de Janeiro/RJ – telefo-nes: (21) 2503 (21) 8095/8096;

fax: (21) 2503 8638; e-mail:[email protected]

Para pagamento, envie chequebancário ou vale-postal, em nomeda Empresa Brasileira de Correios eTelégrafos, ou autorize débito emcartão de crédito American Express,Visa ou Mastercard.

Sobre o selo

O selo apresenta, à direita, alogomarca internacionalmente uti-lizada nas comemorações do Bicen-tenário de Nascimento de AllanKardec. Esta logomarca focaliza umbusto em bronze, localizado no tú-mulo de Kardec, em Paris, e a cepada videira, elemento presente emsua obra, cuja nobreza é representa-da pela faixa amarela dourada quecontorna a efígie. À esquerda, e naparte inferior, as cores verde e ama-relo, tendo sobreposta a assinaturade Allan Kardec, simbolizam o Bra-sil, onde o Espiritismo criou as maisprofundas raízes. O lema “Traba-lho, Solidariedade, Tolerância” foi abandeira que conduziu sua vida.

Edital:Arte: Processo de Impressão:Folha: Papel:

Valor facial:Tiragem: Picotagem: Área de desenho: Dimensões do selo:Data de emissão: Locais de lançamento: Impressão:

no 20Tarcisio Ferreiraoffset30 seloscouchê gomado sem fosforescênciaR$ 1,60 cada selo800.010 selos 12x11,5 35mmx25mm40mmx30mm3/10/2004Brasília/DFCasa da Moeda do Brasil

Ilcio Bianchi, Vice-Presidente da FEB, obliterando o selo

Palavra do Presidente dos Correios,João Henrique de Almeida

Detalhes técnicos

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28 Reformador/Novembro 2004426

Emmanuel afirma que o Evan-gelho de Jesus é o “Sol daImortalidade que o Espiritis-

mo reflete com sabedoria para aatualidade do mundo”.

Em torno desta síntese admirá-vel, formulada pelo grande Instru-tor espiritual, o Dr. Juvanir Borgesde Souza expressou judiciosos pen-samentos, publicados em Reforma-dor de julho de 2004: “(...) se essasverdades, que se desdobram emmuitas outras, encontram-se à dis-posição dos homens, impõe-se apergunta: por que não difundi-laspor toda parte, por todas as nações,por todos os rincões deste mundotão atrasado e sofredor?” E concluio ex-presidente da Casa de Ismael:

“Acreditamos que a difusão dasverdades reveladas seja aspiração detodos os espíritas, que se sentem fe-lizes por já conhecê-las.

A divulgação da DoutrinaConsoladora impõe-se à consciên-cia de cada espírita, como conse-qüência natural. Se o seguidor daDoutrina conseguiu elevar seu ra-ciocínio, seu entendimento e seussentimentos para o Bem, é lógico ecurial que queira levar a outros es-sas conquistas, porque já superou oegoísmo, a vaidade e a ignorânciaque imperam nesta esfera em quevivemos.

Entretanto, os idealistas espíri-tas precisam estar conscientes dasdificuldades enormes que se tempela frente quando se pretende di-vulgar e implantar novas idéias eprincípios, mesmo que comprova-damente corretos e verdadeiros, quevão contrariar e retificar outros queestão aceitos e assentes.”

Não poderíamos ter mais lúci-da antevisão do que a própria FEBencontraria relativamente às dificul-dades de propagação da DoutrinaEspírita por ocasião do 89o Con-gresso Universal de Esperanto, rea-lizado de 24 a 31 de julho de 2004na cidade de Pequim, China. A pa-lestra, em 2 tempos, sobre os fun-

damentos da Doutrina Espírita esobre o último dos cinco livros deAllan Kardec que formam o funda-mento do Espiritismo, A Gênese(La Genezo), foi devidamente anun-ciada, com a menção de que seriaofertado a cada congressista presen-te um exemplar do livro em foco.Entretanto, e não obstante tambémhaverem sido distribuídos 300 con-vites impressos, somente 37 espe-rantistas compareceram à reunião(o menor número dentre as 17 reu-niões realizadas nos congressos an-teriores).

Tivemos a honra de contarcom a prestigiosa presença do pró-prio Presidente da Associação Uni-versal de Esperanto, Prof. Dr. Rena-to Corsetti, que não pôde perma-necer durante todo o tempo da ex-posição em virtude de compromis-sos em outras atividades do Con-gresso.

No Salão Wensing, onde serealizava a reunião dos cristãos-es-perantistas, sob os auspícios de or-ganizações esperantistas que difun-dem o catolicismo e o protestan-tismo (IKUE e KELI), e não obstan-te pedido diretamente expresso aodirigente, não nos foi permitida aparticipação, sob a alegação de quese tratava de uma reunião de cris-tãos. Depois de se argumentar jun-to ao padre católico alemão sobre ocaráter cristão da Doutrina Espíri-

A FEB E O ESPERANTO

Espiritismo em Pequim, via EsperantoIsmael de Miranda e Silva

Ismael de Miranda e Silvaprofere palestra sobre “La Genezo”

no salão 6eleso

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Reformador/Novembro 2004 29427

ta, aquele afinal concordou em quenos apresentássemos, o que, na ver-dade não aconteceu, uma vez que,ao final da reunião, o padre alemãoretirou-se com os poucos partici-pantes. No dia seguinte, por ocasiãoda reunião dos católicos (União In-ternacional dos Católicos Esperan-tistas), após pedido feito publica-mente em voz alta, foi permitida aleitura da mensagem da FEB, cujotexto, a pedido, constou na ata dareunião. [Publicada em Reformadorde outubro/2004, p. 38.]

Os 13 exemplares restantes deLa Genezo foram entregues a espe-rantistas que se prontificaram alevá-los a seus clubes de Esperantoem cidades do interior da China.

É, sem dúvida alguma, umadivulgação difícil, porém factível,que já vem sendo realizada sistema-ticamente por vários meios: livros,palestras, comparecimento de espí-ritas brasileiros a atividades fora dopaís, atuação de brasileiros espíritasque se radicam na Europa, Ásia eAustrália, pela poderosa e atual re-de de comunicação eletrônica, e pe-la atuação conjunta dos setores deEsperanto do Conselho Espírita In-ternacional e da FEB.

Finalizamos esta pequena notí-cia com a afirmação de que, nãoobstante as dificuldades naturais no

serviço da difusão da Luz, os espíri-tas-esperantistas, sob os auspícios daSociedade Lorenz e da FEB e usan-do o genial instrumento lingüísticoque Ismael Gomes Braga chamoude Primeira Maravilha do Terceiro

Milênio, estiveram presentes emcontinente distante, entre irmãos deoutras terras, de outras raças, cultu-ras e religiões, mas todos irmãos pe-rante o Criador, levando os princí-pios da Doutrina Espírita.

Trovas do Além

Affonso Soares

Isolino Leal (Espírito) Isolino Leal (Spirita)

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Trovas do Outro Mundo. Diversos Espíritos.3. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1992, cap. 40. El la libro Troboj el la Transmondo. Diversaj Spiritoj. Psikografie skribita Fran-cisco Cândido Xavier. 00ap 40. Eldono FEB.

O mais belo culto aos mortos,No pesar que te alanceia,Será fazer da saudadeLenitivo à dor alheia

Não sei porque tanto choroQuando a morte altera a vida...Todo momento na TerraTem gosto de despedida.

Plej bela kult’ al mortintoj,0e l’ tristeco de la koro:El sopir’ fari balzamonPor aliula doloro.

Kial mi tre multe ploras,Kiam vivon mort’ difektas,Se /ia moment’ surtereAdia9e ja efektas?

A FEB faz, mensalmente,remessa gratuita de Refor-mador aos Centros Espíritasde todo o Brasil, quer estejamou não ligados às respectivasEntidades Federativas esta-duais, com base no cadastroque possui.

Para que essa oferta atinjaseus objetivos de divulgação da

Doutrina e do Movimento Espíri-ta, solicitamos aos dirigentes dosCentros Espíritas que façam cam-panha de assinatura de Reformadorjunto aos seus trabalhadores.

Pedimos às Federativas que nosinformem se as Casas Espíritas doEstado estão recebendo a Revista,assim como os nomes e endereçosdas novas instituições.

Reformador no Centro Espírita

Trovas no dia de finados

Troboj en la tago de l’mortintoj

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30 Reformador/Novembro 2004428

O 4o Congresso Espí-rita Mundial, que ocorreuem Paris, no período de 2a 5 de outubro de 2004,reuniu espíritas de 33 paí-ses. Segundo dados par-ciais divulgados pelo orga-nizadores do evento, dos1.763 congressistas inscri-tos, 1.190 eram do Brasil.A segunda maior delegaçãofoi a de Portugal, com 170pessoas, seguida pela daFrança (155) e dos EstadosUnidos (60). Pessoas de 40cidades localizadas em 11países participaram do even-to pela Internet.

A programação iniciou-se às 19horas do dia 2 de outubro, comuma apresentação, em quatro idio-mas, que versou sobre o trabalhodesenvolvido pelo Conselho Espíri-

ta Internacional (CEI). O ChoraleFranco-Allemande executou diver-sas canções, entre elas a Nona Sin-fonia de Beethoven e o hino da Co-munidade Européia.

Na solenidade de abertura do4o Congresso Espírita Mundial, oconferencista brasileiro José RaulTeixeira fez uma palestra que tevecomo tema Allan Kardec, o Educa-dor e o Codificador da DoutrinaEspírita. Durante a conferência, omédium Divaldo Pereira Franco re-cebeu, por via psicográfica espe-cular (invertida), a mensagem emfrancês Reconnaissance à AllanKardec (Reconhecimento a AllanKardec), do Espírito Léon Denis.

O tema central do Congresso,Allan Kardec – O Edificador deuma Nova Era para a Regeneraçãoda Humanidade, foi desenvolvidoatravés de exposições em painéis so-bre as cinco obras básicas da Co-dificação Espírita. Todos os temasincluíram sessões de perguntas e

Espíritas de 33 países no Congressode Paris

O Secretário-Geral do CEI, Nestor João Masotti, declara aberto o Congresso;à sua direita, representantes dos países que integram o CEI

Aspecto parcial do Auditório

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respostas, das quais partici-param os espíritas que as-sistiam o evento pela Inter-net. As exposições foramfeitas por representantes dediversos países. Entre eles:Argentina, Juan AntonioDurante; Bélgica, Jean--Paul Evrard; Brasil, Ale-xandre Sech, Altivo Ferrei-ra, Antonio Cesar Perri deCarvalho, Alberto Ribeirode Almeida, César Soaresdos Reis, Décio IandoliJúnior, Marlene Rossi Se-verino Nobre, Marta Antunes Mou-ra, Nestor João Masotti e EduardoCarvalho Monteiro; Canadá, LeoGaudet; Colômbia, Fábio Villarra-ga Benavides; Estados Unidos, Sô-nia de Quateli Dói e VanessaAnseloni; França, Charles Kempf,Jérémie Philippe, Joel Ury, MichelBuffet, Karine Nguema, MichelPonsardin, Roger Perez; Itália, Do-menico Romagnolo; Panamá, Ma-ria da Graça Simões de Ender; Por-tugal, Arnaldo Costeira, PorfírioMário C. Lago; Guatemala, EdwinBravo Marroquin; Paraguai, CarlosCampetti.

Uma Exposição sobre a Vida ea Obra de Allan Kardec mostrouroupas e objetos do século XIX, li-vros raros e curiosidades. Entre osobjetos mais procurados estavamsete cartas inéditas do Codifica-dor, cedidas pelo Instituto CanutoAbreu. Os documentos foram sca-neados e traduzidos, pelo ConselhoEspírita Internacional, para os idio-mas inglês, espanhol e português.

Lançamentos do CEI

Uma outra mostra paralela aoCongresso – sobre o Movimento

Espírita no Mundo – contou comdiversos banners que mostravam osprincipais fatos e personagens dahistória do Espiritismo nos paísesque integram o CEI. Livros espíri-tas em português, inglês, espanhol,francês e esperanto estavam à ven-da na livraria internacional. Os des-taques foram as novas traduçõeslançadas pelo CEI. São elas TheGospel According the Spiritism(O Evangelho segundo o Espiritis-mo), traduzida por Janet Duncan,da Inglaterra; Allan Kardec, deFrancisco Thiesen e Zêus Wantuil,traduzida para o francês por Pierre--Etienne Jay; e o livro Pensamentoe Vida, de Emmanuel, psicografa-do por Francisco Cândido Xavier,lançado em espanhol na Argentina.A tradução é de Marta Gazzaniga.

Durante o evento, o CEI dispo-nibilizou edições de La Revue Spiri-te em inglês, francês, espanhol e es-peranto. A publicação editada porAllan Kardec no período de 1858 a1869 e que está sendo atualmenteeditada pelo Conselho Espírita Inter-nacional e pela União Espírita Fran-cesa e Francofônica, ganhou ediçãoespecial do Bicentenário de Kardec.

A FEB remeteu ao Congresso,

para distribuição, 2.000 exemplaresda edição de outubro de Refor-mador, comemorativa do Bicen-tenário de Kardec. Outros órgãosda imprensa espírita brasileira tam-bém compareceram com suas edi-ções especiais.

Emoção no encerramento doCongresso

A programação de encerra-mento do 4o Congresso EspíritaMundial foi precedida, às 16 horasdo dia 5 de outubro, pelo ato sim-bólico de lançamento do selo emi-tido pela Empresa Brasileira deCorreios e Telégrafos em homena-gem a Allan Kardec.

O Vice-Presidente da Federa-ção Espírita Brasileira, Altivo Fer-reira, presidiu a solenidade. Alémdo selo, a Empresa Brasileira deCorreios e Telegrafos criou um ca-rimbo especial do 4o Congresso Es-pírita Mundial. A solenidade in-cluiu a obliteração do selo pelorepresentante da Embaixada doBrasil em Paris, Primeiro SecretárioFernando Igreja; pelo representan-te de La Poste (a empresa postalfrancesa), Pascal Bladimiers; pelo

Mesa que presidiu a solenidade de lançamento do selo comemorativo do Bicentenário de Kardec

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Secretário-Geral do Conselho Es-pírita Internacional (CEI), NestorJoão Masotti; pelo Presidente daUnião Espírita Francesa e Franco-fônica, Roger Perez; e pelo mé-dium e conferencista Divaldo Pe-reira Franco.

A palestra de Divaldo Franco ADifusão da Doutrina Espírita e seuPapel na Nova Era foi assistida poruma platéia emocionada, que che-gou às lágrimas ao final da confe-rência, quando iniciou a mensagempsicofônica do Espírito Bezerra deMenezes. Durante o evento, o mé-dium José Raul Teixeira psicografoumensagens dos Espíritos SylvinoCanuto Abreu e Gabriel Delanne.

O Secretário-Geral do CEIencerrou o 4o Congresso Espíri-ta Mundial convidando todos aum trabalho de multiplicação doclima de união e de fraternidadevivido no evento, através de in-tensa difusão da Doutrina Es-pírita durante as comemoraçõesdo Bicentenário, que se esten-dem até outubro de 2005.

Apresentações musicais

Na solenidade de encerra-mento do 4o Congresso EspíritaMundial, o coral “Vida e Luz”, daIrradiação Espírita Cristã, de

Goiânia (GO), cantou diversas pe-ças de compositores espíritas e nãoespíritas. A pianista Mariléia vanAglen executou a “Sonata ao Luar”,de Ludwig van Beethoven, e a “AveMaria”, de Schubert.

Nos intervalos dos painéis fo-ram apresentados números musicaispor Denizard Gomes, Ana Ariel,Moacir Camargo e outros.

Mensagem de Léon Denis

Reconnaissance à Allan Kardec

La même année où NapoléonBonaparte a été sacré l’Empereurdes français, Hippolyte Léon Deni-

zard Rivail est né à Lyon le 3 octo-bre 1804.

Transféré du bûcher de Cons-tance le 6 juillet 1415, pour lesjours glorieux de l’intellectualité deParis, Kardec s’est voué à l’aposto-lat de la Doctrine enseignée et prê-chée par Jésus.

Sa vie et son ouvrage témoig-nent sa grandeur. – Missionnaire dela vérité!

Nous autres, les bénéficiairesde votre sagesse, vous remercions,émus, et vous demandons hum-blement: priez pour nous, vousqui êtes déjà dans le royaume descieux!

Léon Denis

Tradução

Reconhecimento a Allan Kardec

No mesmo ano em que Na-poleão Bonaparte foi consagradoImperador dos franceses, Hippoly-te Léon Denizard Rivail nasceuem Lyon, em 3 de outubro de1804.

Transferido da fogueira deConstança em 6 de julho de 1415,para os dias gloriosos da intelectua-lidade de Paris, Kardec dedicou-seao apostolado da Doutrina ensina-da e pregada por Jesus.

Sua vida e sua obra testemu-nham sua grandeza – Missionárioda Verdade!

Nós, os beneficiários de vossasabedoria, agradecemos, emociona-dos, e pedimos humildemente: oraipor nós, vós que já estais no Reinodos Céus!

Léon Denis

Países presentes no Congresso

Alemanha –19; Argentina – 6; Áustria – 3; Bélgica – 8; Brasil – 1.190;Canadá – 12; Cuba – 1; Colômbia – 4; Dinamarca – 2; Espanha – 13;Equador – 2; Estados Unidos – 60; França – 155; Filipinas – 1; Gua-temala – 4; Holanda – 2; Honduras – 2; Inglaterra – 45; Itália – 6; Ja-pão – 1; Luxemburgo – 4; México – 1; Noruega – 1; Polônia – 2; Pa-namá – 2; Porto Rico – 5; Paraguai – 2; Peru – 1; Polônia – 2; Portugal– 170; Suécia – 10; Suíça – 26; Uruguai –1

O Presidente da FEB e Secretário-Geral doCEI, Nestor Masotti, obliterando o selo

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Nota: A mensagem está rubricada por Divaldo Pereira Franco, Nestor João Masotti (CEI) e Roger Perez (USFF)

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Mensagem de Léon Denis (Texto original)

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34 Reformador/Novembro 2004432

No seio do pensamento fulgen-te da Doutrina Espírita, to-dos achamos motivação para

encetar os passos da nossa verdadei-ra libertação. Com Allan Kardec, oalcandorado amigo e ínclito Codi-ficador do Espiritismo, torna-semenos complexa essa azáfama paraa manumissão anelada. O mundoseria mais leve, e a vida humanamais fácil de ser vivida se conseguís-semos entender e usufruir a sonha-da liberdade.

Libertar-se-ia a Ciência com opensamento espírita se, ao encon-trar o agente de tudo, o princípiointeligente do Universo, o Espírito,se abstivesse de tudo atribuir so-mente aos fenômenos materiais, co-mo princípio e fim de tudo. Verifi-caria, então, quão rica e grandiosaseria a visão científica, a partir doenriquecimento trazido pela cons-tatação e valorização consciente dohorizonte espiritual.

Libertar-se-ia a Filosofia pormeio do pensamento espírita,quando pousasse suas reflexões, fos-se qual fosse a escola de pensamen-tos sustentada, na realidade do serimortal, ao conceber que o pensa-mento é atributo da alma. A partirdisso, se tornaria mais simples acompreensão de que tudo quantoexiste no campo da matéria densanão passa das elaborações da men-te, do psiquismo do ser espiritual.Entenderia o filósofo, sob a profun-da luz espírita, que há um caminho

menos agreste para a compreensãodo ser e da existência, bem como osentido de tudo isso, nos mundosdisseminados pelos espaços.

Libertar-se-ia a Fé Religiosaante o pensamento espírita, qual-quer que fosse a sua linha interpre-tativa dos fenômenos da alma, aoobservar seriamente e penetrar oconhecimento das leis da Natureza,base em que se apóia a estrutura es-pírita. Destronaria o interesse su-balterno de dominação de cons-ciências, valorizaria o trabalho deamadurecimento das consciênciaspara a visão de Deus, o que acla-raria a reflexão do crente paralibertá-lo, por fim, da pieguice,do fanatismo, do fundamentalismodestrutivo.

Atido à grandeza do pensa-mento espírita, Allan Kardec pre-senteia a Humanidade com a en-sancha de estabelecer a libertaçãodas criaturas, graças ao conheci-mento da verdade, o que confirma-ria o ensinamento do Cristo Jesus.

Se o conhecimento que esta-mos angariando na vida não nos écapaz de libertar da sombra genera-lizada, sombra do intelecto, sombrado sentimento, sombra da moral,algo está em equívoco. Ou esse co-nhecimento não é a expressão daverdade, ou, então, de nossa parte,não estamos assimilando devida-mente seus conteúdos.

É hora de despertar, nessa faseaziaga da experiência humana. Es-tamos perante o extravasar de lou-curas sem dimensão; achamo-nos

diante das explosões do egoísmo;encontramo-nos submetidos a umtempo de graves pelejas provocadaspor incontáveis almas aturdidas, in-felizes em si mesmas, que pesam so-bre o psiquismo terrestre, espalhan-do o seu infortúnio. É tempo decuidados intensos para a inadiávelmarcha.

À frente de tudo isso, porém,raia o Sol portentoso do Espiritis-mo no cerne da Codificação deKardec, que nos deverá aquecer eiluminar para a vitória, para a espi-ritual libertação.

Agora, quando rendemos aoMestre de Lyon as justíssimas ho-menagens pela contagem dessesdois séculos de seu último berço nomundo, sob os céus que cantavamas pautas da liberdade, da igualda-de e da fraternidade, unimo-nos emoração para agradecer ao Criadorpor esse ensejo e por nosso júbilo,júbilo da família espírita do mun-do, reunida em Paris.

Saudamos, pois, o Codificador,por haver-se tornado para nós oinstrumento da liberdade que oCristo anunciou para a humanida-de inteira.

Com os mais cordiais votos deprogresso e de paz, sou o servidorde todas as horas, o sempre amigo

Gabriel Delanne

(Mensagem psicografada pelo médiumRaul Teixeira, por ocasião da sessão deencerramento do 4o Congresso EspíritaMundial, em 5/10/2004, Paris – França.)

Liberdade com o Espiritismo

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Dizia querido confrade:.........– Não sinto nenhum prazerem festejar o Natal nas tradi-

cionais reuniões familiares, mesafarta, tendo consciência de que hána periferia milhares de irmãos nos-sos passando fome.

E só conseguia tranqüilizar aconsciência depois de realizar am-pla campanha, arrecadando recur-sos para distribuir dezenas de cestasbásicas às famílias carentes.

Pelo menos aquelas que viessea beneficiar teriam, segundo sua ex-pressão, um Natal decente.

Se levássemos essa concepçãoàs últimas conseqüências, teríamosque optar por uma, dentre duas si-tuações extremas:

Jejum coletivo.Ninguém festejaria o Natal com comes e bebes. Se não é possível mesa farta a todos, que ninguém a ponha.

Abençoado dividir o pão.A nenhuma família carentefaltaria a cesta básica de Na-tal, sob a égide da solidarie-dade.

Na atual conjuntura, nestemundo orientado pelo egoísmo e oapego à posse, nenhuma dessas pos-sibilidades será observada em ple-nitude.

Raros renunciariam ao repastonatalino.

Problemático estendê-lo a to-dos.

...

Bem, leitor amigo, que tal se co-gitássemos de uma situação interme-diária, como faz o nosso confrade?

Se não podemos beneficiar to-das as famílias carentes, por quenão atender o maior número possí-vel, somando esforços e recursos?

Há uma excelente iniciativanesse particular: a Campanha daCesta Básica do Natal.

Vem sendo promovida, anual-mente, pelo Centro Espírita Amore Caridade, em Bauru, do qual par-ticipo.

A fórmula é simplíssima e po-de ser aplicada por qualquer insti-tuição interessada em estimular oNatal decente.

Efetuamos um levantamentode preços para a composição da ces-ta, envolvendo gêneros de primeiranecessidade e artigos natalinos, co-mo panetone e uva-passa.

Fixado o valor, iniciamos a ar-recadação, na segunda quinzena denovembro.

Abrimos uma lista de doaçõese solicitamos algo muito especialaos freqüentadores: que não sejammeros contribuintes, mas multipli-cadores.

Que se empenhem em sensibi-lizar amigos, familiares, colegas detrabalho e vizinhos, convidando-osa colaborar.

Cartazes são afixados em localapropriado, no Centro, e folhetossão distribuídos.

Os palestrantes contam histó-rias edificantes que enfatizam o sig-nificado do Natal, como um apeloà solidariedade, envolvendo a figu-ra do Mestre excelso que renunciouàs paragens celestiais e mergulhouna carne para nos ensinar a alegriade servir.

Na segunda quinzena de de-zembro, após a apuração dos resul-tados, centenas de cestas são distri-buídas pelos próprios voluntáriosque participaram da campanha.

...Como você pode observar,

amigo leitor, a iniciativa não exigenenhuma sofisticação e tem a van-tagem de ser disparada no final doano.

É um período mágico, envol-vendo as circunstâncias do nasci-mento de Jesus, que sensibilizam oscorações para o exercício da frater-nidade.

A Campanha da Cesta Básicado Natal pede apenas o que exal-tam os anjos, na proclamação celes-te:

Glória a Deus nas alturas, pazna Terra aos homens de boa von-tade.

Com boa vontade haveremosde realizar nossa ceia e confraterni-zar com os familiares, guardando atranqüilidade em nossos corações.

É aquela boa paz que nos feli-cita quando cumprimos nosso de-ver como cristãos, proporcionan-do aos irmãos em penúria algo doque pretendemos para nós, a co-meçar pela bênção de um Nataldecente.

Um Natal decenteRichard Simonetti

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Com brilho e emoção ficaramassinaladas as festividades do Bicen-tenário de Kardec na Sede Seccionalda FEB, no Rio de Janeiro, cujo ri-co programa desenrolou-se das 13às 18 horas da sexta-feira, 1o de ou-tubro, com a presença de aproxima-damente 900 participantes.

A abertura solene, a cargo do

Diretor Affonso Soares, foi o mo-mento para, em breve exposição,falar-se a respeito de outras realiza-ções da Casa de Ismael em torno doevento, tais como a edição dos li-vros Entrevistando Allan Kardec,de Suely Caldas Schubert, AllanKardec – O Educador e o Codifi-cador, de Zêus Wantuil e Francisco

Thiesen, e da Revista Espírita dosanos de 1858 a 1865, em traduçãode Evandro Noleto Bezerra, e, emassociação com o Conselho EspíritaInternacional, números especiais domês de outubro da mesma Revue,em inglês e esperanto, e o DVD Es-piritismo – de Kardec aos Dias deHoje, com legendas nos idiomas ale-

mão, espanhol, esperan-to, francês, inglês, italia-no, português e sueco.

Em seguida, para osparticipantes que lotavamo salão de conferências,foi exposto o filme doDVD, enquanto outrosvisitantes aguardavam, nosalão térreo, a oportuni-dade de igualmente edi-ficar-se com o belo con-teúdo daquela produçãoartístico-doutrinária, emsegunda projeção queocorreria após a conferên-

cia da tarde.

Bicentenário de Kardec na FEBSolenidade na Sede Seccional – Rio de Janeiro

Abertura da Solenidade: aspecto da Mesa

Aspecto parcial do público presente à solenidade

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Reformador/Novembro 2004 37435

Após a primeira projeção, to-dos os que ocupavam os dois espa-ços da Casa foram brindados commagnífica conferência proferida pe-lo ex-presidente da FEB, Dr. Juva-nir Borges de Souza, a respeito dapersonalidade, vida e obra de AllanKardec, em memorável sessão cujamesa diretora, presidida pelo Dire-tor Arthur do Nascimento, aindacontou com a presença da escritoraSuely Caldas Schubert, de Juiz deFora (MG), e da médium, igual-mente Diretora da FEB, Tânia deSouza Lopes, que, pela psicografia,intermediou comovente comunica-ção do Espírito Francisco Thiesen,antecessor de Juvanir Borges deSouza na presidência da Casa deIsmael.

O último item do programaesteve a cargo de Suely CaldasSchubert que, com o amor, a frater-nidade e a simpatia que constituemtraços marcantes de sua personali-dade, autografou, para as centenasde pessoas que se deslocaram para osalão térreo, seu excelente livro En-trevistando Allan Kardec, por ela es-crito especialmente como homena-gem ao Bicentenário do Codifi-cador.

A tarde do dia 1o de outubrode 2004 ficará para sempre assina-lada como um dos mais belos mo-mentos em que espíritas de diver-sas localidades dos Estados do Riode Janeiro e Minas Gerais se con-graçaram sob a fecunda inspiraçãoda vida e da obra de Allan Kardec,no espírito de fraternidade, har-monia e concórdia que sempre se-rão a condição primordial, indis-pensável a todas e quaisquer ma-nifestações realizadas sob a égidedo Consolador prometido porJesus.

Senhor Jesus, beneficiados pe-lo teu perdão, aqui vimos,aqueles que assumiram a res-

ponsabilidade de orientar a difusãode teus ensinos nesse planeta de ex-piações e provas, agradecer-te abênção do Consolador revivido nosidos da França do século passado.

Por nós próprios, por nossascompetências, bem pouco teríamosa dar, nesse trabalho coordenadopelo teu amor aos filhos do Cami-nho. Mas eis que o Espírito da Ver-dade faz reviver, para todos, os ra-cionais ensinamentos da tua Dou-trina libertadora, convocando-nosao estudo que liberta e esclarece, àcaridade que redime e engrandeceaquele que a pratica, ao serviço deamor na humildade e no perdão...

Espíritos longamente compro-metidos com os desvios morais porterem optado, no passado, pelosbrilhos do mundo, compreende-mos ser nossa tarefa principal a re-educação de corações e consciênciasà luz de teu mandamento maior,pois que não podemos amar a Deusse o orgulho nos assalta o coração,se o egoísmo nos fecha os olhos aossofrimentos do próximo ou se avaidade impede que a humildadeguie as nossas mãos na tarefa a quenos chamaste.

Nesses momentos de jubilosagratidão, em que nossa alma se põede joelhos ante o teu coração amo-

roso e bom, rogamos-te, Mestre,sustenta-nos os passos no trabalhoque é Teu, somente teu, MestreAmado de nossos Corações. Sem asbênçãos de teus ensinos, nada sería-mos ou poderíamos realizar. Guia--nos a razão para que não cedamosaos convites do mundo para queenveredemos por seus caminhostortuosos, nem venhamos a distor-cer os princípios básicos dessa Dou-trina benfazeja que hoje, comosempre, aclara o entendimento denossas consciências a respeito dasleis divinas que dão aos Seus filhossegundo as obras que realizem.

Hoje reunidos, na relembran-ça da presença de teu discípulo fielentre nós, desse discípulo que se fezinstrumento fiel de todo um amo-roso planejamento com vistas ao es-tabelecimento de uma nova era pa-ra a Humanidade – a era do Espíri-to –, vimos todos, os dois planos davida unidos pela mesma emoção degratidão e júbilo pela graça que nosoutorgaste, agradecer-te a oportu-nidade do serviço na seara cristã.

Ampara-nos, Mestre, e sê co-nosco, agora e sempre. Dá-nos ahumildade na execução de nossasatividades no trabalho na Seara Es-pírita. Guia-nos o coração na vivên-cia doutrinária, Senhor.

Francisco Thiesen

(Mensagem psicografada pela médiumTânia de Souza Lopes, em 1o/10/2004,durante a solenidade comemorativa doBicentenário de Kardec, na Sede Sec-cional da FEB-RJ.)

Invocação a Jesus

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1. Giorgio Del Véchio, um dosgrandes nomes da Filosofia do Di-reito, professor da Universidade deBolonha, a mais tradicional e anti-ga da Europa, inicia sua obra clássi-ca A Justiça (Ed. Saraiva, São Paulo,1960, p. 1), lembrando as numero-sas e graves disputas que se têm tra-vado em torno da noção de direito,e realçando que “maiores todaviasão as dúvidas e divergências que semovem em torno do conceito dejustiça: umas vezes é tomado comosinônimo e equipolente do primei-ro, outras vezes, pelo contrário, co-mo distinto e superior a ele”. Des-taca a verdadeira tautologia que seestabeleceu a respeito, afirmandoque “sob certo aspecto, faz-se con-sistir a justiça na conformidade comuma lei: mas, por outro lado, afir-ma-se que a lei deve ser conformecom a justiça”.

A questão é extremamentepreocupante, e atinge indistinta-mente todos os ramos do Direito.Uma longa militância na área cri-minal, de um modo especial no Tri-bunal do Júri, permitiu-nos defron-tar, vezes sem conta, com o terrívelconflito entre o legal e o justo, poiso Júri, no Brasil, nos termos de suacompetência constitucional, julgaos crimes dolosos contra a vida (ho-micídio, induzimento, instigaçãoou auxílio a suicídio, infanticídio eo aborto), e as suas decisões, tantoabsolutórias como condenatórias,

dificilmente podem ser tomadas co-mo modelos de justiça. O latrocí-nio (matar para roubar), vulgar-mente chamado de assalto, não in-tegra esse rol, por ser crime contrao patrimônio. O julgamento dequem o comete é da alçada do Juizde Direito.

2. As decisões do Júri podemapontar na direção de autênticasanomalias éticas, não obstante ple-namente acobertadas, resguardadase legitimadas pelo Direito. Além deser um tribunal formado por leigos,aos quais estranhamente se subme-tem complexas indagações de direi-to, as suas origens não o recomen-dam. Alguns, como salienta Vicen-te de Paulo Vicente de Azevedo(Curso de Direito Judiciário Penal,Ed. Saraiva, São Paulo, 1958, vol.II, p. 176 e ss), vão encontrá-las naGrécia e em Roma. Na primeira, nainstituição dos heliastas. Eram ci-dadãos, de nível inferior em cultu-ra e educação, que julgavam ao arlivre (daí a denominação de helias-tas, palavra derivada de helios, sol).Sua decisões mais notáveis foram oexílio de Aristides, por se acharemcansados de ouvir chamá-lo o justo,e a condenação de Sócrates a bebersicuta, por idênticas e mesquinhasrazões. Em Roma, os pesquisadoresencontram traços comuns do Júriatual com os judice jurati. O mo-delo romano, a exemplo do brasilei-ro, adotava a faculdade de alguns

jurados poderem ser recusados. Po-rém, as razões das recusas não odignificavam, porquanto ou o jura-do se vendia por um preço tão vilque todos interessados podiam pa-gar e, por conseguinte, ninguém sesentia seguro quanto ao veredicto,ou a venda era por um preço tãoalto, que só os ricos podiam benefi-ciar-se com suas decisões!

Todavia, as suas origens maispróximas remontam a 1215, quan-do o Quarto Concílio de Latrãoaboliu as ordálias ou julgamentosde Deus. De acordo com essa for-ma de julgar, o acusado deveria pro-var a sua inocência mergulhando,sem dano, a sua mão em água ouazeite fervente ou colocando-a so-bre um ferro em brasa, quando nãose via forçado a submeter-se a umduelo, em que, normalmente, pre-valecia a força ou a destreza, quenem sempre correspondiam à suaalegada inocência. Em face da proi-bição conciliar, os clérigos ingleses,invocando as tradições e crençasque dominavam os espíritos daque-la época, criaram o Tribunal do Jú-ri. A sua base repousa sobre a con-vicção reinante de que, assim comoos doze apóstolos haviam recebidoa visita do Espírito Santo, doze ho-mens de consciência pura, reunidossob a invocação divina, atrairiaminfalivelmente a verdade para omeio deles. Da Inglaterra, ele pas-sou para a França depois da Revo-

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Direito e Justiça. Direito e MoralUm conflito a resolver

José Carlos Monteiro de Moura

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lução de 1789, como uma das for-mas de exercício da democracia. OJúri francês, no entanto, adotoucritérios diferentes, seja no que serefere ao número de jurados, sejaquanto à forma de julgamento. Foinele que se inspirou a instituiçãohoje vigente no Brasil. Atualmen-te, entretanto, já não mais existe na-quele país, tendo sido substituídopelo Escabinado.

O Brasil é um dos poucos paí-ses que ainda insistem em manter oTribunal do Júri, erigido, inclusive,à condição de direito e garantiafundamental pela Constituição de1988, repetindo velha tradição quevem desde a de 1946, direito posi-tivo escrito.

3. A fragilidade e a imperfeiçãoda justiça humana decorrem natural-mente de sua própria natureza. De-pendem do grau de evolução moralde um povo e refletem aquilo queele foi, ou é, num determinado ins-tante de sua história. Daí a razãopor que as chamadas noções préviasde direito e de justiça, embora ina-tas ao homem, estão, muitas vezes,eivadas de conceitos, preconceitos econotações típicas da cultura popu-lar, nem sempre consentâneas coma moral. Assim, o habitante do Bra-sil Colônia, da mesma forma doque ocorria em Portugal e na Espa-nha, não se insurgia, a não ser ex-cepcional e esporadicamente, con-tra os verdadeiros descalabros doLivro Quinto das Ordenações doReino de Portugal (Ordenações Fi-lipinas), que vigorou entre nós, noque diz respeito ao Direito Penal,até 1830, quando foi editado o Có-digo Criminal do Império.

O fanatismo e a ignorância re-ligiosa, bem como o atraso culturalvigentes, influenciavam e definiam

os sentimentos de direito e de justi-ça predominantes na época, apesardos absurdos que, aos nossos olhos,eles continham. Quando os autoresespirituais da Codificação definirama justiça em função do respeito de-vido aos direitos alheios, e informa-ram sobre as origens desses direitos(questão 875/875a, de O Livro dosEspíritos), estabeleceram duas fon-tes principais: a lei humana e a leinatural. A primeira acompanha osusos e costumes e os direitos deladecorrentes são mutáveis para me-lhor, na medida em que se verifi-ca o avanço do progresso moral.

São deles as palavras: “(...) Vede sehoje as vossas leis, aliás imperfeitas,consagram os mesmos direitos queas da Idade Média. Entretanto, es-ses direitos antiquados, que agorase vos afiguram monstruosos, pa-reciam justos e naturais naquelaépoca. Nem sempre, pois, é acordecom a justiça o direito que os ho-mens prescrevem.” (...)

4. No entanto, mesmo à vistade todos os seus erros e deficiên-cias, nenhum homem deixa de tra-zer consigo, no imo de sua alma,o germe da justiça, cuja essênciaé a lei natural: “(...) No coraçãodo homem imprimiu Deus a re-gra da verdadeira justiça, fazendo

que cada um deseje ver respeita-dos os seus direitos.” (...) (Ques-tão 876.)

Compete-lhe, pois, desenvolvê--la e aperfeiçoá-la, de modo a ense-jar que o direito por ele elaboradoseja o mais justo e honesto possível,e que se torne um efetivo instru-mento da verdadeira justiça, con-forme preconiza Gustav Radbruch(Filosofia do Direito, Coleção Stvd-vivm, Arménio Amado, Editor,Coimbra, Portugal, 1961, p. 34),que o entende como “uma realida-de que tem o sentido de se achar aoserviço da Justiça”. Todavia, confor-me já visto, a justiça consiste “emcada um respeitar os direitos dosdemais”, razão por que esse respei-to somente pode ser devido quan-do o direito em questão estiver con-corde com a ética. Não se cogitaaqui de qualquer distinção entreética e moral, como pretendem al-guns. Tal distinção não existe, des-de quando a palavra foi utilizadapela primeira vez por Aristóteles emsua Ética a Nicômaco, e teve seusentido referendado por Cícero aodizer: “quod ethos illi vocant, nosdecet nominare moralem” (o queeles chamam de ético, nós denomi-namos moral). Fora disso, prevale-cerá a velha máxima romana: “nomomne quod licet, honestum est”(nem tudo que é lícito, é honesto[ou ético]).

5. Essa contradição ou oposi-ção entre direito, justiça e moral es-timulou o homem na procura deum fundamento superior para oprimeiro, a fim de permitir-lhe suaadequação com o justo e uma me-lhor sintonia com o verdadeiro sen-timento de justiça, que dormita nosrefolhos de sua consciência.

Nessa busca, ele seguiu o ca-

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No coração do

homem imprimiu

Deus a regra da

verdadeira

justiça

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40 Reformador/Novembro 2004

minho do retorno a Deus como aprincipal fonte do direito, emboralhe fosse muito difícil conviver como Deus antropomorfo, feito à ima-gem e semelhança do homem, por-tador, em grau superlativo, de seuserros e defeitos milenares. As leis,quase sempre injustas e arbitrárias,refletiam essa situação, porquanto,seguindo uma tradição que remon-tava aos primitivos agrupamentossociais, imputava-se à divindade acondição de principal legislador.Assim, a mais antiga legislação co-nhecida – o Código de Hamurabi,que data do século XVIII a.C. – teriasido transmitida diretamente ao reibabilônico por Marduque, seu deus--sol; Zaratrusta afirma que recebeusuas leis, no cimo de uma monta-nha, diretamente de Ahura Mazda,e Moisés legou aos judeus os DezMandamentos como resultado deuma entrega direta que Jeová lhefez, no alto do Sinai. O caráter di-vino do direito não impedia, con-tudo, que ele refletisse invariavel-mente ou a vontade exclusiva dolegislador ou o interesse de mino-rias privilegiadas. Tal fato acaboupor implicar a falência do legisladordivino. Deus estava, iniludivelmen-te, a serviço dos fortes e poderosos,e os mais fracos e socialmente me-nos favorecidos deveriam, curvan-do-se diante de sua caprichosa von-tade, permanecer pacientementenas suas sofridas situações. Somen-te lhes competia continuar servin-do aos objetivos exclusivos de seussenhores, dentre os quais pontifica-vam, em todas as épocas e em todasas religiões, os membros da classesacerdotal. Os deuses, de toda espé-cie e categoria, assim como seuspseudo-representantes na Terra, na-da mais fizeram do que intimidar,

explorar e enganar o homem. OCatolicismo, paradoxal e contradi-toriamente, foi a religião que maisse esmerou nesse mister. Desconhe-ceu, com estranha e sistemática ten-dência, o Pai amoroso, justo e bomde que Jesus tanto falou, e cultivouo ser ciumento e vingativo, quepune “a iniqüidade dos pais nos fi-lhos, na terceira e na quarta gera-ção daqueles que me aborrecem”,colocando-o sempre a serviço deinteresses inconfessáveis daquelesque se arvoraram em seus dirigen-tes na Terra.

6. Essa situação criou um obs-táculo, cuja transposição ou remo-ção somente começou a ser vislum-brada a partir do surgimento deuma nova mentalidade, formada esedimentada em torno das noçõesde liberdade, solidariedade e frater-nidade que o Iluminismo desenvol-veu, e que propiciaram, no mo-mento oportuno, a eclosão das vo-zes do além, conclamando o ho-mem para o seu verdadeiro destinoe retomando a idéia do Deus-Pai--Criador pregada por Jesus. Conco-mitantemente, no âmbito da Filo-sofia, a Teoria do Direito Natural,que havia despontado desde antes

da Era Cristã em Atenas, sustenta-va a existência de princípios absolu-tos, metapositivos, correspondentesàs exigências fundamentais da natu-reza humana, deduzidos ou estabe-lecidos pela razão, anteriores e su-periores ao governante e ao direitopositivo, cujo respeito pelo legisla-dor constitui pressuposto funda-mental de um Estado justo. A teo-ria recebeu uma acolhida quaseunânime dos pensadores, da Anti-güidade aos nossos dias. Foi consa-grada por Cícero na sua oração ProMilone, em que a reputou um direi-to natural derivado da necessidade– non scripta sed nata lex –, admi-tida por São Tomás de Aquino,que, todavia, a desfigurou ao sub-metê-la à interpretação exclusiva daIgreja, e hoje encontra o apoio denotáveis nomes da Filosofia do Di-reito, como é o caso do já citadoGiorgio Del Véchio.

7. Para nós, herdeiros da cultu-ra judaico-cristã, o Decálogo cons-titui a “Constituição Divina”, por-quanto nele se contém, sintetica-mente, todo o ordenamento jurídi-co ideal. Jesus, o seu grande herme-neuta, reduziu-o a dois princípiosfundamentais: o amor a Deus e oamor ao próximo. Entretanto, aten-to ao fato de que o homem aindanão estava, como ainda não está,preparado para conduzir-se na Ter-ra apenas pela lei do amor, expli-cou, comentou e elucidou o senti-do dos dois mencionados princípiosno incomparável Sermão do Mon-te, estabelecendo normas de condu-ta, de claro e imperativo conteúdo,capazes de ensinar à Humanidadecomo aplicar a referida lei.

Mais tarde, Allan Kardec, as-sessorado e instruído pelos Espíri-tos Superiores, expôs, em lingua-

438

Jesus reduziu o

Decálogo a dois

princípios

fundamentais:

o amor a Deus e o

amor ao próximo

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gem acessível ao entendimento e as-similação de todos, os fundamentosfilosóficos, sociológicos e jurídicos,que, no decorrer dos séculos, nor-tearam o pensamento dos que pro-curaram conceituar o Direito Natu-ral. E, a exemplo do que outros jáhaviam feito, ele os identificou coma própria Lei Divina. Só que, des-ta feita, os argumentos e raciocíniosapresentados se caracterizaram pelalógica, pela racionalidade e pelasimplicidade, desprezando-se o ape-lo às elucubrações filosóficas e jurí-dicas, de compreensão limitada aum pequeno grupo de iniciados.

A Parte Terceira de O Livrodos Espíritos encerra em si tudoaquilo de que o homem necessitapara, progressivamente, diminuir aimensa distância que ainda existeentre Direito e Justiça, Direito eMoral. A tarefa que originariamen-te competia ao Cristianismo execu-tar, transferiu-se, a partir de 1857,para o campo mais restrito de seusegmento quantitativamente maismodesto, ou seja, o Espiritismo. Asdissensões que marcaram a históriacristã, aliadas aos excessos cometi-dos por Roma, a intolerância e o ra-dicalismo que ela cultivou e adotou,projetaram-se, infelizmente, para oseio das Igrejas Reformadas, impe-dindo que o homem aprendesse aamar a Deus, ao invés de temê-lo,amar ao próximo, ao invés de tê-locomo adversário, competidor ouinimigo. Esta situação fomentouainda mais o egoísmo, e o egoísmo,assim exacerbado, ensejou a elabo-ração de leis desumanas, cruéis,ambiciosas, eivadas de interesses declasses, imorais ou amorais, enfim,numa palavra, injustas. Pretenderque, de um dia para o outro, o Es-piritismo acabe com tal estado de

coisas configura incontestável uto-pia. Contudo, seus adeptos podeme devem contribuir, na medida desuas possibilidades e no âmbito desuas atividades, para que uma no-va consciência seja formada, a fimde permitir que a Humanidade de

amanhã não venha a conviver comas injustiças de toda ordem, queainda grassam na Terra, cuja fonteprimordial ainda é, do ponto devista social, esse malfadado e eternoconflito entre o Direito, a Justiça ea Moral.

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O 4o Congresso Espírita Pa-raibano, que aconteceu de 3 a 5 desetembro, na sede da Federação Es-pírita Paraibana, em João Pessoa,teve como tema principal Jesus e oEvangelho – Uma Esperança paraa Humanidade. O evento foi pres-tigiado por cerca de mil pessoas, devárias localidades do Estado e decapitais vizinhas, como Recife, Na-tal e Maceió. Contou ainda com apresença unânime dos coordenado-res regionais do Estado, contem-plando a representação de todos osmunicípios paraibanos no evento.

O Congresso teve como parti-cipações especiais: Divaldo Francoe José Raul Teixeira. Divaldo minis-trou o seminário Lições para a Fe-licidade, dividido em três módulos,além de realizar a conferência A Fe-licidade à Luz da Doutrina Es-

pírita. Já Raul Teixeira ministrouo seminário Nos Passos de Jesus. Eletambém proferiu a conferência deencerramento do evento, com o te-ma Nossos Compromissos com Jesus.

A conferência de abertura, so-bre o tema central Jesus e o Evan-gelho – Uma Esperança para aHumanidade foi realizada peloPresidente da Federação EspíritaParaibana, José Raimundo de Li-ma. Foram oferecidas quinze ofici-nas com grupos temáticos basea-dos no tema central.

Os participantes do evento pu-deram ainda visitar a exposição OEspiritismo na Mídia, montada nohall de acesso ao Auditório daFEPB. Foram quinze painéis, comuma amostragem do que represen-ta a larga escala de divulgação doEspiritismo na Mídia, na últimadécada.

Congresso Espírita Paraibano

Raul Teixeira e José Raimundo de Lima

Divaldo Pereira Franco

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Bahia: Encontro Estadual de EspiritismoA Federação Espírita do Estado da Bahia promove noCentro de Convenções da Bahia, de 5 a 7 deste mês,o Encontro Estadual de Espiritismo 2004, em come-moração ao Bicentenário de Nascimento de AllanKardec, com o tema central A Contribuição Espíritano Século XXI. A palestra de abertura, na noite de sex-ta-feira (dia 5), será sobre Allan Kardec e a Origemda Doutrina Espírita. A programação dos debatesconstará de sete eixos temáticos, a serem trabalhadosdurante o sábado (dia 6). No domingo, serão proferi-das palestras, cujos conteúdos farão uma conexão en-tre o trabalho do Codificador e a situação atual doMovimento Espírita.

Câmara Municipal de São Paulo homenageiaKardecRealizou-se no dia 22 de setembro, às 15 horas, noSalão Nobre da Câmara Municipal de São Paulo, umaSessão Solene em comemoração aos 200 anos deNascimento de Allan Kardec, com a presença de diri-gentes, trabalhadores e freqüentadores das InstituiçõesEspíritas da Capital e do Interior do Estado.

Paraguai: Encontro Espírita ParaguaioO Movimento Espírita Paraguaio promoveu em 10 e11 de setembro, no Salão de Convenções do HotelExcelsior, de Assunção, o 1o Encontro Espírita Para-guaio, em homenagem ao Bicentenário de Nascimen-to de Allan Kardec. O tema central – Pela Educaçãoe Reforma Moral da Humanidade – foi desdobrado,através de palestras, nos subtemas Existência de Deus,Jesus, Guia e Modelo da Humanidade, Comunicabi-lidade dos Espíritos, Lei de causa e efeito, Imortali-dade da alma, Pluralidade dos mundos habitados ePluralidade das existências.

Paraná: O Presidente da FEB na FederativaparanaenseA Federação Espírita do Paraná comemorou, nos dias28 e 29 de agosto, os 102 anos de sua fundação, coma presença do Presidente da FEB, Nestor João Masot-ti, que, na manhã de sábado, dia 28, fez uma exposi-ção sobre os desafios que o Movimento Espírita deve

enfrentar; depois, acompanhou a reunião do Conse-lho Federativo Estadual e participou do seminário “AEstrutura Didática de O Livro dos Médiuns”, realiza-do por Cosme Bastos Massi. Na manhã de domingo,Nestor Masotti proferiu palestra no Teatro da FEP,com abordagem do tema Allan Kardec e a Codificação.

Conselho Federativo Nacional O Conselho Federativo Nacional, da FEB, realiza emBrasília (DF), nos dias 19, 20 e 21 deste mês, sua Reu-nião Ordinária de 2004, com a participação de Pre-sidentes e Representantes das Entidades Federativas eEspecializadas que o integram, para tratar dos assun-tos relacionados com as atividades federativas e deunificação.

Porto Alegre (RS): Bicentenário de Kardec naAssembléia Legislativa Ocorreu no Auditório Dante Barone, da AssembléiaLegislativa do Estado, em 28 de setembro, uma pro-gramação intensa em homenagem ao Bicentenário deNascimento de Allan Kardec. O foco principal dasolenidade foi a divulgação do “Projeto Conte Mais”,desenvolvido pela Federação Espírita do Rio Grandedo Sul, o qual é composto de livros infanto-juvenisque contêm histórias de educação moral. O evento foirealizado em parceria com a Assembléia Legislativa doEstado, o Hospital Espírita de Porto Alegre, a Asso-ciação Médico-Espírita do Rio Grande do Sul e a As-sociação Jurídico-Espírita do Rio Grande do Sul.

França: Homenagem a Kardec em LyonDuas placas homenageando Allan Kardec foram afi-xadas no dia 20 de setembro em Lyon, onde nasceu oCodificador do Espiritismo: uma na Rue Sala, emfrente o Hotel Sofitel; a outra, perto do Rio Rhône(Ródano), sendo esta uma réplica da que foi instaladana Praça Prof. Rivail, Praia de Piratininga, em Niterói(RJ), com o logotipo do Bicentenário de Kardec, apro-vado pelo Conselho Federativo Nacional, da FEB. Asplacas foram descerradas no mês de outubro. As ini-ciativas tiveram o apoio da Union Spirite Française etFrancofone e do Conselho Espírita de Unificação deNiterói e Maricá. (SEI.)

SEARA ESPÍRITA

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