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Reformador 08 agosto_2006

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 124 / Agosto, 2006 / N o 2.129

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO

Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: LUIS HU RIVAS

Editorial

Promovamos o Bem

Presença de Chico Xavier

Assim falou Jesus – André Luiz

Entrevista: Weimar Muniz de Oliveira

Esforço de União e Amor

Esflorando o Evangelho

A oração do justo – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Vida esperantista

Conselho Federativo Nacional

Reunião da Comissão Regional Centro

Seara Espírita

O bem e o mal – Juvanir Borges de Souza

Vigiar e Orar – Corydes Monsores

Cilício – Richard Simonetti

Espiritismo: 150 Anos de Luz e Paz

2oo Congresso Espírita do Amazonas (Cartaz)

Do mal Deus tira o bem – Eurípedes Kühl

Bezerra de Menezes – 175 anos de nascimento –

Sônia Zaghetto

Hábitos continuados – Antônio Rubatino

Em dia com o Espiritismo – O evangelho segundo

Judas Iscariotes – Marta Antunes Moura

Memórias de um suicida – Cinqüentenário de

publicação – Affonso Soares

Revivência Mnemônica no Suicida –

Fisiopatologia Extrafísica – Ricardo Di Bernardi

Versos a meu Corpo – Leite Júnior

“Enquanto o braço corre” – Paulo Barreto

A Ciência Espírita – João Fernandes da Silva Júnior

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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Editorial

convicção que adquirimos com o estudo da Doutrina Espírita a respeito danossa imortalidade, como seres espirituais em constante processo de evo-lução, gera uma série de conseqüências em nosso comportamento. Uma

delas é a revisão da nossa escala de valores: passamos a dar mais importância aosvalores espirituais, que são permanentes, em prejuízo dos valores materiais, que sãotransitórios.

Dentro de uma visão materialista de vida, procuramos acumular bens materiaisque nos garantam a sobrevivência e o bem-estar físicos, não só nos dias presentes,mas, também, nos do futuro.

Quando passamos a ter uma visão espiritualista da vida, sentimos, igualmente, anecessidade de acumular bens espirituais, estes representados por conhecimentos e virtudes que, quando adquiridos, acompanham o Espírito onde este estiver, sejacomo ser encarnado ou desencarnado. Esses bens espirituais, assim conquistados,nos dão segurança no presente, garantindo paz interior, e nos asseguram um futu-ro com valores que nos credenciam ao convívio com Espíritos nobres, os quaisvivenciam as Leis de Deus, geradoras da felicidade que os homens tanto buscam.

A obtenção desses valores – os materiais e os espirituais –, todavia, é conseguidade maneira diferenciada. Enquanto os valores materiais são obtidos por uma açãoegocêntrica, de fora para dentro, os espirituais são alcançados por uma ação al-truísta, de dentro para fora. Enquanto os valores materiais, para serem acumula-dos, reclamam uma postura de retenção, que impede sejam transferidos paraoutrem, os valores espirituais exigem, para que os acumulemos, que sejam doadose espalhados. Quanto mais espalhamos um conhecimento, mais ele se amplia e sefortalece em nós. E quanto mais manifestamos amor a tudo o que nos cerca, maisse amplia e se fortalece o amor em nós.

Com base nisto, observamos que o único procedimento válido para se construiruma paz autêntica e duradoura dentro de nós será sempre a ação de promover erealizar o bem. Como nos ensinam os Espíritos Superiores: O bem é tudo o que é conforme à lei de Deus [...]. [...] O homem procede bem quando tudo faz pelo bemde todos, porque então cumpre a lei de Deus. (O Livro dos Espíritos, questões 630 e 629.)

Trata-se de um roteiro de vida bastante simples para a solução dos complexosproblemas da nossa existência.

A

Promovamoso Bem

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a concepção da Doutrinados Espíritos, Deus é a in-teligência suprema, a causa

primária de todas as coisas.A razão humana pode perceber

que Deus é eterno, infinito, imutá-vel, imaterial, único, onipotente,justo e bom. (O Livro dos Espíritos,cap. I.)

Esses predicados do Criador doUniverso não excluem outros queestão acima das percepções huma-nas.

O sentimento íntimo da exis-tência de Deus é universal e sem-pre foi cultivado pelas religiões detodos os tempos. Delas recebeu oCriador denominações diversas.

Ao lado da crença generaliza-da na existência do Ser Supremo,sempre existiram também o negati-vismo, o niilismo, o materialismo eo panteísmo, distorções da realida-de nas quais enveredam muitascriaturas, utilizando o livre-arbítrioe a inteligência de que são dotadas.

Dentro da concepção de Deuscomo a causa e o princípio de tudoque existe, resultante de seu poder,sabedoria, bondade e justiça, co-

mo entender e compreender aexistência do mal, cultivado e pra-ticado por inúmeras criaturas, nãosó no plano em que habitamos,mas também em outras esferas on-de vivem Espíritos sofredores?

Essa questão é de difícil com-preensão para aqueles que não têmas luzes da Doutrina Espírita.

Tudo o que procede de Deus, oCriador, participa de seus atribu-tos. Por essa razão o bem, espalhadopor todo o Universo, é regido porsuas leis perfeitas, justas e eternas.

A questão da existência do bem edo mal sempre preocupou as reli-giões e as filosofias de todos os tem-pos. Nelas deparamos com ideolo-gias e explicações contraditórias.

Na antiga concepção medo-per-sa, o princípio do mal, arimã, estáem eterna luta com aúra-masda, oprincípio do bem.

As figuras de satanás, do diabo,do demônio e dos deuses do malestão presentes nas crenças anti-gas, inclusive entre os hebreus e oscristãos, por interpretações incor-retas das Escrituras Sagradas. (V.cap. X de O Céu e o Inferno.)

Somente com o Consolador, aDoutrina dos Espíritos, seria lan-çada luz sobre a tormentosa ques-tão da coexistência do bem e do mal, com o aprofundamentodas origens, da compreensão e dasconseqüências de um e de outro.

Com as revelações dos Espíri-tos Superiores, que mostraram arealidade da vida, sua extensão in-finita, sempre subordinada a leisperfeitas e eternas, os homens ha-bitantes deste Planeta têm, agora,à sua disposição, a verdade que osliberta das explicações e tendên-cias relativistas, subjetivistas e uti-litaristas, no que se refere à exis-tência do bem e do mal.

A Nova Revelação demonstrade forma clara que não pode haverrelativismo diante da lei moral doamor, que promana do Criador eque foi ensinada pelo Cristo. A re-latividade do conhecimento hu-mano não afeta o sentimento doamor a Deus e ao próximo, quepode ser desenvolvido pelas cria-turas, por mais simples e ignoran-tes que sejam.

Do mesmo modo, o utilitaris-

O bem e o malN

JU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

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mo, que se baseia na busca do pra-zer para fundamentar todas asações humanas, e o subjetivismo,que reduz o bem e o mal à existên-cia do bem-estar ou do sofrimentoindividuais, tornam-se inconsis-tentes e perigosos diante das leismorais de amor, justiça e caridadereveladas em toda sua beleza e ex-tensão pelo Consolador.

As faculdades da inteligência,do saber, do raciocínio, ao ladodos sentimentos, por mais desen-volvidos que sejam no homem,não ultrapassam determinados li-

mites impostos pelafase evolutiva em

que se encontra.

Tais limitações não lhe permi-tem compreender todos os desíg-nios do Criador, nem entender tu-do o que ocorre na Natureza, tantono que concerne à matéria quantoao Espírito.

As revelações sucessivas, prove-nientes do Alto, assim como as des-cobertas das ciências, marcam no-vas fases de conhecimento e de en-tendimento de muitos fenômenosnaturais.

Mas as próprias ciências come-tem enganos em suas apreciaçõese deduções, retificadas posterior-mente por novas descobertas, co-mo tem acontecido através dos sé-culos.

O que ocorreu com o conceitode matéria, um dos elementosdo Universo, evidencia o atra-

so dos conhecimentos científi-cos em questões fundamentais.Até o princípio do século XX

prevaleceram os conceitos clássi-cos da natureza da matéria,

formulados por Newton.Atualmente, a matéria é

conceituada pela Ciênciacomo energia condensada,

o que modifica completa-mente todas as conseqüências

do que se considerava verdadedefinitiva.

Estando o homem sujeito à leidivina do progresso, os males di-versos que ocorrem em sua vidanão são permanentes, sendo es-tímulos para suas faculdadesfísicas, intelectuais e morais afim de enfrentá-los.

Eis por que a dor e as difi-culdades de diversas ordens oimpelem para a frente, seja no

resgate de faltas cometidas, sejacomo acúmulo de experiências econhecimentos.

O livre-arbítrio individual elegeo caminho preferido, do bem oudo mal, mas são irrecusáveis as con-seqüências da escolha.

O egoísmo, o orgulho, as am-bições desmedidas, a cupidez e osvícios em geral são as geratrizesdos males de toda ordem.

Em contraposição a todos osmales criados pelo homem, está àdisposição permanente de sua cons-ciência e de seus sentimentos a ro-ta do bem, resumida nas leis mo-rais ensinadas pelo Cristo e reafir-madas na Revelação Espírita.

Com a Doutrina Consoladora,tornou-se claro que a determina-ção divina é sempre na direção dobem. Procede do homem todo omal, por sua livre escolha, não ha-vendo um ser preposto, com as di-ferentes denominações de diabo,satanás, demônio e outras, respon-sável por todo o mal existente.

Questão difícil para as filoso-fias e religiões é a de saber-se porque há, no homem, a propensãopara o mal.

A resposta está também naDoutrina Espírita, a qual ensinaque todos os Espíritos foram cria-dos simples e ignorantes, e queDeus determinou que a perfeiçãode cada um seja gradual, produtode seu próprio esforço. Com seu li-vre-arbítrio, cada criatura pode es-colher o bem, ou o mal, no cursode sua trajetória.

Se a alma, Espírito eterno, hou-vesse sido criada perfeita, qual se-ria seu mérito?

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Esse raciocínio lógico respondetambém ao erro das religiões queensinam terem sido criados perfei-tos os anjos, arcanjos e toda a hie-rarquia superior de Espíritos, quan-do a realidade é que todos galga-ram suas perfeições relativas deacordo com as mesmas leis divi-nas, sem exceções ou privilégios.

Em suma, como está expressoem O Livro dos Espíritos (q. 630):

“O bem é tudo o que é confor-me à lei de Deus; o mal, tudo o quelhe é contrário. Assim, fazer o bemé proceder de acordo com a lei deDeus. Fazer o mal é infringi-la.”

E, segundo a lei divina, ou natu-ral, não basta que o homem deixede praticar o mal; mas responderátambém pelo mal que resulte desua omissão, deixando de praticaro bem.

Portanto, é de suma importân-cia o conhecimento das leis deDeus. São as leis morais com asquais se preocupou Jesus em trans-miti-las aos homens, que Ele pro-curou exemplificar e resumir, pa-ra seu melhor entendimento, no“amar a Deus sobre todas as coisase amar ao próximo como a si mes-mo”. (Lucas, 10:27.)

Na Revelação Espírita essas leisestão explícitas e explicadas deta-lhadamente no livro básico daDoutrina, na sua Terceira Parte.

A Terra em que vivemos não é um paraíso, um mundo de delí-cias.

Pelo contrário, os que aqui nas-cem, ou renascem, são criaturas im-perfeitas, que transgrediram a lei

divina, sujeitas a repararem o malpraticado, de conformidade com amesma lei.

Podemos, pois, observar, que osofrimento, sob múltiplas formas,está disseminado por toda parte.

As dores, sofrimentos e vicissi-tudes dos habitantes deste planetasão conseqüências dos males pro-duzidos pelas criaturas em sua vi-da atual, ou em vidas anteriores.

A doutrina das vidas sucessivastorna-se essencial para a com-preensão das causas dos sofri-mentos que não ocorreram na vi-da atual.

As religiões que não aceitam adoutrina da reencarnação nãotêm base e fundamentação paraexplicar a causa de todos os sofri-mentos e por isso se socorrem deexplicações e justificações inacei-táveis e contraditórias, que não seajustam ao amor e à justiça deDeus, expressos em suas leis.

Muitos dos males que atingemos habitantes deste mundo sãoefeitos naturais das ações e for-mas de proceder dos próprios in-divíduos.

A ambição, o egoísmo e o orgu-lho de muitos são geratrizes deculpas cujas conseqüências se co-lhem na mesma vida.

Outros se infelicitam por deslei-xos, desordens e imprevidênciaimprimidos à própria vivência.

As disputas e dissensões ge-ram, por vezes, inimizades e in-compreensões que se estendempara além da vida corpórea.

Os excessos de alimentos e de be-bidas, bem como o uso de drogas,geram enfermidades diversas, que

seriam perfeitamente evitáveis coma abstinência de certos hábitos.

Os males oriundos dessas causase de outras semelhantes são gera-dos e colhidos pelo homem impre-vidente no curso de uma vida. Res-ta-lhe a experiência para não repe-ti-los no futuro.

As leis humanas prevêem deter-minadas faltas cometidas e as pu-nem através de penas impostas aostransgressores.

Mas a legislação humana estálonge de prever e atingir todas asfaltas e transgressões, preocupan-do-se especialmente com as queafetam a sociedade e as relaçõeshumanas e não com as que preju-dicam somente os que as cometem.

Já as leis divinas, perfeitas, jus-tas e eternas, incidem sobre quais-quer infrações e desvios dos cami-nhos do bem.

Logo, tanto nas pequenas quan-to nas grandes transgressões, oinfrator é sempre responsável pe-las conseqüências do ato prati-cado e pela reposição da normali-dade.

As leis naturais dão, experiên-cias ao homem, fazendo-lhe sentira diferença entre o bem e o mal, ocerto e o errado.

Se existem os males oriundosdas ações que o homem podeidentificar em sua vida atual, ou-tros há cujas causas ele não con-segue perceber.

São os sofrimentos resultantesde causas anteriores à existênciapresente, que não têm explicaçãose não se admitir as vidas sucessi-vas do Espírito em corpos diferen-tes, ou seja, a antiqüíssima doutri-

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na da reencarnação, que os Espí-ritos Reveladores reafirmaram co-mo sendo uma realidade.

Com a verdade das vidas su-cessivas retificam-se muitos en-tendimentos de diversas religiões,inclusive da igreja católica e dasigrejas reformadas, que lhe seguema mesma doutrina, que proscre-veram a reencarnação a partir doConcílio de Constantinopla, noano de 553.

Se todo efeito tem uma causa,nada mais lógico que uma justiçasuperior distributiva faça o indi-

víduo responder, em sua vidaatual, pelo mal que praticou emexistência anterior.

Por outro lado, se todos admi-tem a perfeição das leis divinas, sehá uma punição que incide sobreum indivíduo, é que ele praticoualgum mal; se essa transgressãonão se encontra na existênciapresente, provém de outra, ante-rior, já que a vida é eterna.

Podemos, portanto, entender aprosperidade de homens maus,com suas falcatruas e embustes sempunições pelas leis humanas. Se

eles não respondem hoje por suastransgressões, nem por isso ficarãoimunes e livres das conseqüênciasde seus atos.

É a justiça infalível que equi-libra a liberdade da ação com aresponsabilidade que lhe corres-ponde.

É dessa forma que funcionamos mundos expiatórios, como aTerra, nos quais as criaturas sãolivres para a prática do bem oudo mal, mas respondem compul-soriamente pelos resultados de seusatos.

Há na Lei Divina total coerên-cia, cuja justiça se tornou perceptí-vel com as revelações trazidas peloConsolador Prometido.

Com a Revelação Espírita com-preendemos que a cada um é atri-buída a parte que lhe compete, talcomo ensinou o Cristo: “[...] a ca-da um segundo as suas obras”.(Mateus, 16:27.)

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Vigiar e OrarCorydes Monsores

“Vigiai e orai para não cairdes em tentação [...].”Jesus – (Marcos, 14:38).

Orar, Senhor, é até fácil, emborao sentimento seja imprescindível.Se quisermos orar, a toda hora,a bondade de Deus torna possível.

Já vigiar, Senhor, mesmo quem oradificuldade encontra sempre. Incrívelcomo pensar e agir no bem demoratransformar-se em amor imperecível.

O sofrimento a oração desperta,proporcionando uma porta abertapara o intercâmbio com o Superior.

Porém, na invigilância da ilusão,profunda e forte, ao nosso coraçãotraz o remédio novamente... a dor.

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isse o Mestre: “buscai e achareis”.Mesmo nos céus, você pode fixar a atenção

na sombra da nuvem ou no brilho da estrela.

Afirmou o Senhor: “cada árvore é conhecida pelosfrutos”.

Alimentar-se com laranja ou intoxicar-se com pi-menta é problema seu.

Proclamou o Cristo: “orai e vigiai para não entrar-des em tentação, porque o espírito, em verdade, estápronto, mas a carne é fraca”.

O espírito é o futuro e a vitória final, mas a carneé o nosso próprio passado, repleto de compromissose tentações.

Ensinou o Mentor Divino: “não condeneis e nãosereis condenados”.

Não critique o próximo, para que o próximo nãocritique a você.

Falou Jesus: “quem se proponha conservar a pró-pria vida, perdê-la-á”.

Quando o arado descansa, além do tempo justo,encontra a ferrugem que o desgasta.

Disse o Mestre: “não vale para o homem ganhar omundo inteiro, se perder sua alma”.

A criatura faminta de posses e riquezas materiais,

sem trabalho e sem proveito, assemelha-se, de algummodo, a pulga que desejasse reter um cão para si só.

Afirmou o Senhor: “não é o que entra pela bocaque contamina o espírito”.

A pessoa de juízo são come o razoável para rendi-mento da vida, mas os loucos ingerem substânciasdesnecessárias para rendimento da morte.

Ensinou o Mentor Divino: “andai enquanto ten-des luz”.

O corpo é a máquina para a viagem do progressoe todo relaxamento corre por conta do maquinista.

Proclamou o Cristo: “orai pelos que vos perse-guem e caluniam”.

Interessar-se pelo material dos caluniadores é omesmo que se adornar você, deliberadamente, comuma lata de lixo.

Falou Jesus: “a cada um será concedido segundo aspróprias obras”.

Não se preocupe com os outros, a não ser paraajudá-los; pois a lei de Deus não conhece você pe-lo que você observa, mas simplesmente através da-quilo que você faz.

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. O espírito da ver-

dade. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 55, p. 133-135.

Assim falou Jesus

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D

Presença de Chico Xavier

Pelo Espírito André Luiz

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dicionário define cilíciocomo sacrifício ou morti-ficação a que alguém se

submete, voluntariamente, aten-dendo a um propósito qualquer.

A jovem grávida sacode o ma-rido, às duas da matina.

– Meu bem, acorde!Ele, bocejando:– Que houve? Está se sentindo

mal?!– Não. Só quero fazer uma per-

gunta.– Fale.– Você me ama?– Claro! Sabe disso! – Jura?– Juro!– Quero uma prova.– Que prova?– Um sacrifício…– Está bem. Faço qualquer coi-

sa por você.– Estou com vontade de comer

melancia.– Em plena madrugada?!– É desejo de grávida. Se eu não

comer melancia, nosso filho po-derá nascer com aquela manchavermelha no rosto.

– Angioma.– Vai comprar?– Mas, querida, onde vou en-

contrar melancia a esta hora?

– O Ceasa já está funcionando.– Sim, mas fica do outro lado

da cidade...– Prefere o angioma?

Há, não raro, um componentede ignorância e fantasia no cilício,sugerindo, por exemplo, que anão satisfação de súbito desejo, en-volvendo um alimento qualquer,possa marcar o filho que a gestan-te asila no ventre.

Pior acontecia na Idade Média,quando os cristãos, inspirados naignorância, levavam a extremos aafirmativa de Jesus, contida noSermão da Montanha (Mateus,5:4):

Bem-aventurados os que cho-ram, porque serão consolados.

Entendendo esse consolo comouma compensação pelos sofri-mentos, o ideal seria sofrer bas-tante na Terra para garantir re-compensas maiores no Céu.

Tal concepção, amplamente di-fundida, gerou comportamentosabsurdos, com destaque para asCruzadas, guerras de conquistasustentadas pelos reis cristãos naEuropa, sob a piedosa alegação de

que estavam libertando o solo sa-grado da Palestina, em poder dosárabes.

– Deus o quer! – era o grito deguerra.

Envolveram-se milhares de fiéisingênuos, dispostos ao tormento-so cilício dessa aventura, com afantasia de que todo cruzado teriapassaporte para o paraíso.

A idéia do cilício como autofla-gelação sugeria um comportamen-to alienado.

Havia os que se internavam emlugares ermos, totalmente isolados,com o propósito de fugir dos ma-les da sociedade.

Outros, buscando uma vida na-tural, punham-se a pastar nos cam-pos, como se fossem muares. Eracomum açoitarem o próprio cor-po para se livrarem do pecado.

Muitos se propunham ao mu-tismo absoluto, passando anos sempronunciar uma palavra.

Há uma experiência emblemá-tica a respeito do assunto.

Em meados do século VI, nasproximidades de Antioquia, na Sí-ria, um piedoso cristão chamado

CilícioO

RI C H A R D SI M O N E T T I

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Simeão instalou-se no alto de ele-vada coluna por ele construída.

Inteiramente entregue à devo-ção, era atendido em suas necessi-dades por amigos e discípulos queo visitavam, diariamente, muitosdos quais imitariam, mais tarde,seu exemplo.

No exíguo espaço, dezoito me-tros acima do solo, submetido àsintempéries e ao desconforto,passou os restantes trinta anos deexistência sem jamais descer.

Algum tempo após sua mortefoi canonizado, recebendo o títulobeatífico de São Simeão, o Estilita.

Se hoje alguém tentasse realizara mesma proeza, certamente seriainternado em manicômio; mas,na Idade Média, tais aberraçõeseram comuns, consideradas atosde extrema piedade.

Não obstante o progresso al-cançado, subsiste a idéia do cilí-cio, da mortificação, em favor dadepuração, como passaporte parao Céu.

Ainda hoje há quem se propo-nha a longos jejuns por depura-tivos espirituais, carregando umacruz, a imitar o sacrifício do Cris-to, ou subindo escadarias de igre-jas de joelhos, por penitência.

As próprias rezas, envolvendointermináveis e cansativas repeti-ções, nos rituais religiosos, repre-sentam uma forma amena de cilí-cio.

No capítulo V, item 26,de O Evangelho segundo

o Espiritismo, diz um anjo guar-dião:

[...] Se quereis um cilício, apli-cai-o às vossas almas e não aos vos-sos corpos [...] fustigai o vosso orgu-lho, recebei sem murmurar as hu-milhações; flagiciai o vosso amor--próprio; enrijai-vos contra a dorda injúria e da calúnia [...]. Aí ten-des o verdadeiro cilício [...] porqueatestarão a vossa coragem e a vossasubmissão à vontade de Deus.

Fica bem claro que o verdadei-ro cilício está no esforço ingentede nossa renovação, combatendoimperfeições e mazelas, renun-ciando às ambições, aos vícios, aoorgulho, à vaidade, causas gerado-ras de nossos males.

Existem cilícios inconscientes,dos quais raras pessoas estão li-vres. São os problemas físicos epsíquicos, doenças e tensões, in-tranqüilidade e insegurança, an-gústia e tristeza.

Não se trata de uma iniciativaingênua ou mal orientada, mas de

uma imposição da própria cons-ciência, como resultado de umcomportamento comprometedor.

As ciências psicológicas têmavançado bastante nesse particu-lar, demonstrando que os malesdo paciente guardam origem emcomplexos de culpa.

Essas idéias aproximam-se dosprincípios espíritas. Falta apenas,aos psicólogos, avançar no tempoe descobrir que esses cilícios estãovinculados às nossas iniciativasinfelizes em vidas anteriores. Sãoreações de nossa consciência aoscomprometimentos com o vício,o erro, o crime…

Na legislação penal humana, háas penas alternativas para crimesleves e criminosos primários.

Alguém que exercita compor-tamento inconveniente em praçapública, que comete uma agressãoou outras infrações simples, aoinvés de sofrer a privação da liber-dade, assume o compromisso derealizar serviços comunitários pordeterminado período.

A justiça humana imita a Jus-tiça Divina.

Até hoje, em algumas

religiões, é comum a

prática da autoflage-

lação

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Sejam os nossos males deter-minados pelo que estamos fazen-do ou pelo que fizemos, de com-prometimentos do presente ou dopassado, é preciso lembrar umaafirmativa importante do profetaOséias, citada por Jesus (Mateus,9:13):

Misericórdia quero, e não sacri-fício.

A mesma idéia está contida,também, no Sermão da Monta-nha, quando Jesus afirma (Mateus,5:7):

Bem-aventurados os misericor-diosos, porque alcançarão miseri-córdia.

Deus não quer que mortifique-mos o corpo, que nos isolemosda vida social, que carreguemoscomplexos de culpa conscientesou inconscientes, a nos infelici-tarem.

O Senhor espera apenas que cul-tivemos a misericórdia.

Poderíamos defini-la como a ca-pacidade de nos compadecermosdas misérias alheias, fazendo algopor amenizá-las.

O supremo cilício é lutar con-tra a tendência ao acomodamen-to, à inércia, para uma participa-ção efetiva em favor do seme-lhante.

Os que cultivam o bem do pró-ximo instalam o Bem no própriocoração, libertando-se de temorese dúvidas, fantasias e superstições.

Uma creche filantrópica deixouadmirada a repórter que prepa-rava matéria sobre instituições deatendimento a crianças carentesde periferia. Tudo bem organiza-do, limpo, funcionários atencio-sos e dedicados, trabalho impe-cável.

E comentava com a dirigente:– Soube que a senhora é o cére-

bro e o coração desta entidade,dando-lhe essa feição acolhedorae eficiente. Falam de sua dedica-ção e desprendimento.

– Ah! É um exagero inspiradona bondade dos que trabalham co-migo. Sou apenas uma peça nestaengrenagem. E saiba que não te-nho mérito nenhum. Estou aquicumprindo pena alternativa.

A repórter espantou-se:– Pena alternativa?! Não posso

imaginar a senhora praticandodelitos…

– Hoje, não minha filha. Masno passado fui uma criminosa.Falo como espírita. Na vida ante-rior pratiquei várias vezes o abor-to delituoso, acumulando desajus-tes que nesta vida se manifesta-ram desde a juventude, na formade indefinível angústia, que res-valou para a depressão. Sofri mui-to. Conhecendo o Espiritismo, tivenotícia de meu passado e a Bon-dade Divina concedeu-me, porabençoada alternativa, dirigir estainstituição. Estou resgatando meusdébitos sem tristezas, exercitandoamor pelas crianças.

Ah! Abençoada MisericórdiaDivina! Oferece-nos a moeda doamor, substituindo dor, no resgatede nossos débitos!

Em tempo, leitor amigo.O marido disposto ao cilício de

comprar uma melancia na madru-gada não a encontrou.

A esposa passou vontade, mas,para decepção dos que defendema tese, a criança nasceu de caralimpa, sem angioma.

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13Agosto 2006 • Reformador 229911

Reformador: Como se envolveucom o trabalho de Unificação?Weimar: Não obstante tenha ini-ciado o estudo do Espiritismo noano de 1955, em São Paulo, quan-do estudante, comparecendo à Fe-deração Espírita do Estado de SãoPaulo, aos domingos, pela manhã,para ouvir as preleções de Pedrode Camargo (Vinícius), foi na Federação Espírita do Estado deGoiás, a partir de 1966, que pas-sei a participar das primeirasatividades no Movimento Es-pírita. Desde então, nunca maispude me afastar do trabalhofederativo e, conseqüentemen-te, da tão almejada Unificação.Por oportuno, é bom destacarque a Unificação é fruto do mo-vimento organizado da DoutrinaEspírita, consubstanciado no sis-tema federativo, tendo como ór-gão de cúpula em nível nacional aFederação Espírita Brasileira e,nas unidades federativas, nos Es-tados-membros, as FederaçõesEstaduais e as casas espíritas, que,aliás, realizam o trabalho de base,

de difusão da Doutrina e evan-gelização das criaturas, e repre-sentam a razão de ser do sistemafederativo e de Unificação de nos-so país. Somente assim será pos-sível preservar-se os princípiosdoutrinários e a unidade de orien-

tação, conforme Allan Kardec osrecebera dos Espíritos Superiores,coordenando-os e codificando-os.

Reformador: Qual o número deinstituições espíritas no Estado deGoiás?

Weimar: Creio que o número deinstituições espíritas neste Estadose situa entre 550 e 600 Casas, dasquais 470 estão unidas à FEEGO.

Reformador: Como está se desen-volvendo o trabalho de Unificaçãono Estado?Weimar: Com a implantação doSistema Zonal no Estado, a par-tir de 2001, o trabalho de Unifi-

cação, precedido do de uniãoentre as entidades e os espíri-tas em geral, tornou-se maisorganizado e dinâmico. O Es-tado foi dividido em 34 Con-selhos Espíritas Regionais

(CERs), abrangendo cada umdeles um certo número de cida-

des. Com a reunião de 2 ou maisConselhos Espíritas Regionaisforma-se uma Comissão Zonal,totalizando, assim, com a parti-cipação desses Conselhos Espíri-tas Regionais, 10 Comissões Zo-nais, sendo 6 no interior do Esta-do e 4 na Capital. Assim é que, aolongo do ano, ou exercício, sãofeitos, em regra, 6 Encontros Es-

Esforço deUnião e Amor

O Presidente da Federação Espírita do Estado de Goiás, Weimar Muniz de Oliveira,

comenta o desenvolvimento do trabalho de Unificação em seu Estado e concita às

comemorações dos 150 anos de luz, da publicação de O Livro dos Espíritos

WE I M A R MU N I Z D E OL I V E I R AEntrevista

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píritas Zonais no interior e 4 naCapital. Nas cidades que têm maisde um Centro Espírita, cria-se, emprincípio, o Conselho Espírita Lo-cal (CEL). Nesses Encontros, alémda oportunidade de confrater-nização e de união entre as casasespíritas participantes e os com-panheiros-trabalhadores da seara,os diversos setores desenvolvemas suas atividades.

Reformador: Qual o programadesses Encontros?Weimar: Além da reunião de Di-rigentes, há reuniões doutriná-rias em salas separadas, dos se-guintes Departamentos: Comu-nicação Social; Estudos e Cursos(Estudo Sistemático da DoutrinaEspírita); Infância e Juventude, emduas salas, uma para as criançase outra para os jovens; Assistên-cia e Promoção Social Espírita;Assistência Espiritual; e de Me-diunidade. Todavia, o trabalho deorientação e assistência doutri-nárias nessas Regionais não sefinda por aí. Na medida da ne-cessidade de cada Regional, oumesmo de cada cidade, inúmeroscursos e seminários são progra-mados e realizados pela equipeda FEEGO, em todos esses seto-res. Como decorrência naturaldos Encontros Zonais, ou Co-missões Zonais, vários compo-nentes da equipe da FEEGO sãoinsistentemente convidados parapalestras, mesas-redondas e ou-tros eventos, de tal sorte quenossa equipe acaba cobrindotodo o território do Estado aolongo do ano.

Reformador: A FEEGO tem atua-do na difusão das Campanhas Fa-mília, Vida e Paz?Weimar: Tem atuado, sim, dentrode suas possibilidades, uma vezque, paralelamente, age noutrossetores de divulgação. O últimonúmero da revista Goiás Espírita(Ano 10, no 26 – 2006) dedicouduas páginas a essa campanha,sob o título “Em Defesa da Vida”,que versa sobre o aborto. Poroutro lado, estamos realizandoum trabalho de conscientizaçãoe divulgação junto às EntidadesEspíritas Especializadas do Esta-do, encaminhando-lhes o materialelaborado pela FEB.

Reformador: Na sua opinião, oque representam as comemoraçõesdo Sesquicentenário do Espiritis-mo?Weimar: Em nossa opinião, ascomemorações do Sesquicentená-rio representam um marco inde-lével, sem precedentes na históriacontemporânea do pensamentomundial, uma vez que O Livro dosEspíritos, base estrutural do Espi-ritismo, divide, sem dúvida, a his-tória do conhecimento em doismomentos: antes e depois de seuadvento, em 18 de abril de 1857,em Paris. Apoiemos, pois, os doisgrandes e alvissareiros eventosque despontam, no ano de 2007,a título de comemoração dessaefeméride, ou seja, o 5o Congres-so Espírita Mundial, a acontecerem Cartagena de Índias, na Co-lômbia, e o 2o Congresso EspíritaBrasileiro, a ocorrer em Brasília,sem prejuízo de dezenas de ou-

tros atos comemorativos a seremrealizados nos Estados, pelas Fe-deradas e também por outras en-tidades espíritas de médio e gran-de porte. Os dois planos da vidareunir-se-ão com regozijo tãomarcante, que não apenas a his-tória do Planeta registrará o im-portantíssimo acontecimento, mastambém, e sobretudo, os Anais daEspiritualidade. Que júbilo e con-tentamento! Que gozos da almanão há de se sentir! Os cristãosredivivos dos dois lados dar-se-ãoem corações e almas! Salve os 150anos de luz! Salve a paz que bru-xuleia no horizonte! Salve a liber-tação das amarras e do egoísmoque estertora nas trevas!...

Reformador: Por obséquio, umamensagem ao leitor de Reforma-dor.Weimar: Neste início de terceiromilênio, albor da renhida luta datransição em que se vive, já quaseao limiar da era de regeneração daHumanidade, nossa modesta men-sagem é a de que assestemos nos-sas energias em nos transformar-mos, sob o pálio do Evangelho sal-vador, de nosso Mestre e Amigo,envidando esforços no sentido denos unirmos e amarmos cada vezmais. Para isso, temos à nossa dis-posição o instrumento indispen-sável: o Paracleto, o Consolador,o Cristianismo Restaurado entrenós, que retorna, enriquecido pe-la contribuição da própria ciênciaacadêmica, em cumprimento à di-vina promessa do Senhor do per-dão e do amor, neste rincão denossa Galáxia: Jesus de Nazaré.

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Espiritismo:150 Anos de Luz e Paz

O Conselho Federativo Nacio-nal da FEB, em sua Reunião Or-dinária de 11 a 13 de novembrode 2005, decidiu considerar 2007como o Ano do Sesquicentenáriodo Espiritismo. Com o lema “Es-piritismo: 150 Anos de Luz ePaz”, estão sendo planejadas vá-rias ações.

Em atenção a esse objetivo, jáestá em curso a preparação do 2o

Congresso Espírita Brasileiro, emBrasília, no período de 12 a 15 deabril de 2007, e encontra-se emanálise a proposta de lançamento,pelos Correios, de selo postal e ca-

rimbo obliterativo em comemo-ração do evento.

Nas Comissões Regionais doCFN, foi apresentado o projetodo “Plano de Trabalho para o Mo-vimento Espírita Brasileiro”. Esteserá preparado sob a coordena-ção do Conselho Federativo Na-cional da FEB e terá por fim a ela-boração de um Plano de Trabalho,com base na missão do Movi-mento Espírita do Brasil, levandoem consideração a análise do pre-sente, e estratégias para atingirobjetivos e metas com vistas aofuturo.

A logomarca do Sesquicentená-rio (vide ilustração) está definidae será empregada em publicaçõese peças promocionais durante oano de 2007.

Cartaz do 2o CongressoEspírita do Amazonas,que ocorre no período de 18 a 20de agosto corrente, em Manaus. Para mais informações, visite apágina da FederaçãoEspírita Amazonense. O endereço é: www.feamazonas.org.br

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esus, nosso Mestre e modelomoral, ao enunciar as sublimi-dades das bem-aventuranças1

considerou:a. “felizes” os mansos, os mise-

ricordiosos, os puros de co-ração, os que promovem apaz;

b. igualmente felizes os pobresde espírito, os aflitos, os quetêm fome e sede de justiça, osque são perseguidos por cau-sa da justiça;

c. “sois felizes, quando vos in-juriarem e vos perseguireme, mentindo, disserem todoo mal contra vós por causade mim” (aqui parece-meque, como fecho das bem--aventuranças, essas pala-vras foram dirigidas maisparticularmente aos Após-tolos).

Os itens “a” e “c” acima têmpacífico entendimento.

Já o item “b”, apenas à luz dalógica talvez remeta o tema aum beco estreito, onde as refle-xões desembocarão no paradoxal:

como é que alguém pode ser felizsendo pobre de espírito, estandoaflito, padecendo fome e sede de

justiça ou que por ela esteja sendoperseguido?...

Bem sabia o Cristo de Deus quesuas palavras atravessariam os sé-culos e que a hora chegaria paraque as mentes humanas as ajustas-sem à verdade eterna, trazendo bál-samo infalível aos (in)felizes queestivessem se debatendo naquelasturvas águas morais.

Com efeito, à luz do Espiritis-mo, aqueles tais (os do item “b”)compreendem que aquilo que nomomento se lhes apresenta comodor, na verdade é bóia salvadora,pois, induzindo-os fortemente à

crença na Justiça Divina, faz comque neles nasça a resignação, es-pontânea e balsâmica.

Quem estudar o capítulo V de OEvangelho segundo o Espiritismo –“Bem-aventurados os aflitos” –,nele encontrará rica e inesgotávelfonte de elucidações de como al-guém pode ser feliz, sofrendo. Aí,desaparece o paradoxo...

Resumindo, diz-nos o citadocapítulo que a vida social expõegrandes anomalias entre ricos epobres, sãos e doentes, “sorte”e “azar”, e que os homens virtuo-sos sofrem e os maus prosperam,

Do mal Deustira o bem

JEU R Í P E D E S KÜ H L

1Mateus, 5:1-11.

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Enquantoalguns vivemmal commuito....

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parecendo tais fatos desmentirema Justiça de Deus.

Nada mais enganoso: pelos trâ-mites da reencarnação e das vidassucessivas, com raciocínio desar-mado de preconceitos, inseparávelda lógica que conduz à fé racioci-nada, não há como descrer daBondade e do Amor do Criador.

Quem quer que equipe o espí-rito dessas sublimes premissas, de-las verá emergir cristalina verda-de: sendo Deus justo e amando deforma igual a todos os seus filhos,se um deles sofre é porque há umacausa justa; se essa causa não estáno presente só pode estar no pas-sado!

Muitas das atuais expiações po-dem ser conseqüências de másações praticadas em outras vidas,das quais tenham ou não resul-tado infelicidades, para si ou ou-trem, ou ocasionado vítimas. Porexemplo:

– sofrer um acidente sem quepara isso tenha dado azo;

– amargar revezes financeirossucessivos;

– vivenciar momentos difíceisno lar, com cônjuge e parentes pro-blemáticos ou filhos ingratos;

– encontrar sérias dificuldadesprofissionais, com desajustes diantede chefes, colegas ou subordi-nados;

– doenças congênitas,algumas incuráveis (danosno perispírito);

– vitimação por “balas per-didas” ou acontecimentos im-previstos.

Uma grande lista poderíamosalocar sobre tais expiações, mas nãonos alongaremos, uma vez que im-porta expor o raciocínio.

Nem todos os problemas têmcausa no passado. Eis alguns deles:

– sofrer acidente causado por simesmo, por imprudência ou em-briaguez;

– falências múltiplas, ocasiona-das por desatenção nos negóciosou por lances financeiros temerá-rios, audaciosos, enganosos;

– problemas com filhos aos quaisnão foi proporcionada educação;

– dificuldades conjugais por tercontraído união sem amor ou sobinteresse;

– ferimento decorrente de bri-ga que poderia ter evitado;

– adoecer gravemente por in-temperança, por excessos, por ví-cios.

Aqui também o rol pode serquase que infindável. Mas já basta.

Impõe-se uma ressalva: nemtodos os que passam por situaçõesdifíceis são necessariamente culpa-

dos, isto é, estão colhendo o queplantaram ou são imprevidentes;há casos, e não são poucos, segun-do nos dizem os Espíritos esclare-cedores, de missionários que vo-luntariamente se submetem a taispadecimentos, por pura devoção eamor ao próximo. Para eles, trilharem tais sombras constitui sublimeoportunidade de exercitarem a ca-ridade, no seu mais alto nível.

Tem muito mais o Espiritismopara ofertar de luzes ao tema:

– Em O Livro dos Espíritos:Na questão 783 há informação

de que quando “um povo não pro-gride tão depressa quanto devera”Deus promove abalos físicos oumorais que induzem à transfor-mação, tirando-o da ignorânciacrônica. É assim que a Providênciaage, fazendo do mal sair o bem,qual “a procela, a tempestade, quesaneiam a atmosfera, depois de aterem agitado violentamente”.

Na questão 785 há enérgica re-primenda ao orgulho e ao egoís-mo, visto que o homem, via de re-gra, pelo crescente progresso inte-lectual até “vitaliza” mais e maisaqueles vícios. Ledo engano: se oprogresso terreno proporcionaegoísticos gozos de bens materiais,estes são efêmeros, já que desse“próprio mal pode nascer o bem”,pois não tarda ao Espírito com-

preender que Deus o criou com fa-nal à felicidade duradoura, docefruto do amor ao próximo.

Na questão 859a está regis-trado que “[...] só as grandes

dores, os fatos importantes ecapazes de influir no mo-ral, Deus os prevê, porque

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...outros vivem bem com pouco

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são úteis à tua depuração e à tuainstrução”.

– Voltando a O Evangelho segun-do o Espiritismo:

No capítulo V, item 21, há a re-comendação a nós, humanos, paraque compreendamos “[...] que obem, muitas vezes, está onde julgaisver o mal [...]”. Esse item trata daperda de pessoas amadas ou demortes prematuras; por vezes issoconstitui um grande benefício queDeus concede a alguém que se vai,da mesma forma que também porvezes, com a morte, impede que umjovem, por procedimentos repro-váveis, viesse a causar danos irrepa-ráveis aos pais e à família inteira.

No item 22 há uma leve repri-menda: “Habituai-vos a não censu-rar o que não podeis compreendere crede que Deus é justo em todasas coisas. Muitas vezes, o que vosparece um mal é um bem”.

No capítulo VIII, item 14, a pro-pósito das palavras de Jesus: “É ne-cessário que o escândalo venha [...]2

os homens se punem a si mesmospelo contacto de seus vícios [...] Éassim que do mal tira Deus o bem eque os próprios homens utilizamas coisas más ou as escórias”.

– Em A Gênese:No capítulo III, item 3, encon-

tramos que “[...] o mal existe e temuma causa[...]”, referindo-se aosmales provocados pelo homem ouos que, à primeira vista, não podeevitar, tais como os flagelos natu-rais, mas que, pela inteligência, osneutralizará. Desse ponto de vistadepreende-se que o que ao homem

se afigura mau e injusto, conhecen-do-lhe a causa consideraria justo eadmirável.

No item 7: “[...] Deus, todo bon-dade, pôs o remédio ao lado domal, isto é, faz que do próprio malsaia o remédio [...]”. A referência ésobre o momento em que o exces-so do mal moral se torna intolerávele impõe ao homem mudar de vida.

– Em O Céu e o Inferno:Na Primeira Parte, capítulo IX,

item 4: “Para compreender comodo mal pode resultar o bem, é pre-ciso considerar não uma, porém,muitas existências; é necessárioapreender o conjunto do qual – esó do qual – resultam nítidas ascausas e respectivos efeitos”.

– Em Obras Póstumas:Na Primeira Parte, capítulo

“Questões e problemas”, é-nos es-clarecido que quando infortúniosalcançam grande número de pes-soas, ali elas resgatam atos de vidaspassadas, seja por faltas cometidasna vida privada ou na vida pública.Não é raro, nessas hecatombes,existirem criaturas destemidas eque vendo a calamidade enfren-tam-na com solidariedade e deste-mor, vindo a perecer. Assim, entreas muitas vítimas, todas em resga-te, algumas podem ter sido ótimoscidadãos, mas péssimos chefes defamília, ou então bons pais de fa-mília, mas cidadãos indignos.

Dessas convulsões sociais umamelhora sempre resulta; os Espíri-tos se esclarecem pela experiência:o infortúnio é o estimulante queos impele a procurar um remédiopara o mal.

Observação: Do parágrafo acima

imaginamos que vem de longe oditado popular que diz ser a neces-sidade a mãe de quase todas as in-venções.

– Na Revista Espírita de julho de1858, p. 276:

O Espírito São Luís comenta so-bre um homem inquieto, com infe-licidade no auge, por invejar o ou-ro, o luxo, a felicidade aparente.“[...]Se esse infeliz apenas tivesse olhadopara baixo de sua posição, teria vis-to o número daqueles que sofremsem se lastimarem e ainda bendi-zendo o Criador, porquanto a infe-licidade é um benefício de que Deusse serve para fazer avançar a pobrecriatura até o seu trono eterno”.

– Em Entre a Terra e o Céu:3

Clarêncio, Ministro do Auxílioem Nosso Lar: “[...] O Senhor to-lera a desarmonia, a fim de quepor intermédio dela mesma seefetue o reajustamento moral dosespíritos que a sustentam, de vezque o mal reage sobre aqueles que opraticam, auxiliando-os a com-preender a excelência e a imorta-lidade do bem [...].”

– Em Ação e Reação:4

O Espírito Luísa reconforta afilha desanimada: “[...] Ignorasque a dor é a nossa custódia celes-tial? [...] Lembra-te de que o Se-nhor transforma o veneno de nos-sos erros em remédio salutar para oresgate de nossas culpas...”

(Todos os grifos são meus).

3XAVIER, Francisco C. Pelo EspíritoAndré Luiz. 23. ed. Rio de Janeiro: FEB,2005. Cap. I, p. 12-13.

4______. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB,2006. Cap. 12, p. 220.2Mateus, 18:7.

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édico exemplar, espíritadedicado, político ínte-gro, homem de bem. Be-

zerra de Menezes sintetiza virtu-des grandiosas sem perder os tra-ços de uma comovente humani-dade. Neste mês em que se come-moram 175 anos de seu nascimen-to, a Federação Espírita Brasileirae Reformador não poderiam dei-xar de homenagear a figura amo-rosa desse apóstolo do Espiritis-mo em terras brasileiras. A FEB égrata ao seu ex-presidente que, atéhoje, mantém paternal assistênciaespiritual. Reformador rende ho-menagem ao seu ex-redator-che-fe, ao articulista vigoroso, ao espí-rita sempre disposto ao trabalhode divulgação.

Adolfo Bezerra de Menezes Ca-valcanti nasceu na Freguesia doRiacho do Sangue, hoje Jaguareta-ma (CE), em 29 de agosto de 1831.Educado dentro de padrões moraisrígidos, formou-se em 1856 pelaFaculdade de Medicina do Rio deJaneiro e tornou-se mais que mé-dico: missionário. “Um médiconão tem o direito de terminar umarefeição, nem de perguntar se élonge ou perto, quando um aflitoqualquer lhe bate à porta”, escre-veu. Para ele, o doente representa-

va o anjo da caridade que lhe vinhafazer uma visita e lhe trazia a úni-ca moeda que podia saciar a sedede riqueza do Espírito. Seus gestosde bondade e sua infatigável com-paixão tornaram-se lendários.

A carreira política de Bezerrade Menezes iniciou-se em 1861,quando foi eleito vereador muni-cipal pelo Partido Liberal. Na Câ-mara Municipal da Corte desen-volveu amplo trabalho em favordos mais pobres. Foi reeleito parao período 1864-1868 e elegeu-sedeputado geral em 1867. Nova-mente foi eleito vereador em 1873.Ocupou o cargo de presidente daCâmara, que atualmente corres-ponde ao de prefeito do Rio de Ja-neiro, de julho de 1878 a janeirode 1881. Nessa época, a intensifi-cação da luta aboli-cionista teve a adesãode Bezerra, que usou deextrema prudência notrato do assunto.

No dia 16 de agostode 1886, o público deduas mil pessoas quelotava a sala de honrada Guarda Velha, noRio de Janeiro, ouviu,silencioso e atônito, ofamoso médico e polí-

tico anunciar sua conversão aoEspiritismo. Uma comoção. Refor-mador publicou a íntegra da con-ferência nas edições de setembro,outubro e novembro daquele ano.O contato com a Doutrina Espí-rita ocorrera dez anos antes, quan-do Joaquim Carlos Travassos, quefez a primeira tradução das obras

MSÔ N I A ZAG H E T TO

Bezerra de Menezes175 anos de nascimento

Detalhe do Monumento emhomenagem aBezerra de Menezes (1997) – Jaguaretama, Ceará

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de Allan Kardec, presenteou Be-zerra com um exemplar de O Li-vro dos Espíritos. O episódio foinarrado pelo próprio Bezerra:“[...] disse comigo: ora, adeus! nãohei de ir para o inferno por ler is-to [...] depois, é ridículo confes-sar-me ignorante desta filosofia,quando tenho estudado todas asescolas filosóficas.

Pensando assim, abri o livro eprendi-me a ele, como aconteceracom a Bíblia.

Lia, mas não encontrava nadaque fosse novo para meu espírito,entretanto tudo aquilo era novopara mim!

Eu já tinha lido ou ouvido tudoo que se acha em O Livro dos Espí-ritos [...].

Preocupei-me seriamente comeste fato que me era maravilhosoe a mim mesmo dizia: parece queeu era espírita inconsciente, ou,como se diz vulgarmente, de nas-cença [...]”.1

Desde então, sua vida foi dedi-cada ao Espiritismo. Escritor re-

finado, passou a assinar artigoscom temas espíritas. Aos domin-gos, escrevia no jornal então maislido do Brasil: O Paiz. Sob o pseu-dônimo Max, assinava a série “Es-piritismo – Estudos Filosóficos”,que escreveu ininterruptamentede novembro de 1886 até dezem-bro de 1896.2 Seus textos, inclusi-ve os publicados no Reformador,marcaram época pela dignidadee coragem com que defendia seuspontos de vista e o Espiritismo.Em 1889 assumiu pela primeiravez a presidência da FEB e ini-ciou o estudo metódico, semanal,de O Livro dos Espíritos. Entre osdiversos livros que escreveu, cons-tam trabalhos doutrinários, polí-ticos e históricos. Todos deixamtransparecer a preocupação comos desfavorecidos. Traduziu ObrasPóstumas, de Allan Kardec.

As divergências se multiplica-vam entre os espíritas brasileiros.De um lado os chamados “místi-cos” e de outro os “científicos”. Em

1895, Bezerra de Menezes foi lem-brado como o único nome capazde unir os espíritas. Em 3 de agos-to daquele ano, assumiu pela se-gunda vez a presidência da FEB,cargo que ocupou até a sua desen-carnação. À frente da Casa, impri-miu uma orientação acentuada-mente evangélica aos trabalhos erecomeçou o estudo de O Livrodos Espíritos.

No início de 1900, Bezerra deMenezes foi acometido por umacongestão cerebral. Grande núme-ro de visitantes de todas as classessociais acorria à sua casa diaria-mente. Em 11 de abril de 1900, às11h30, desencarnou, no Rio de Ja-neiro. Seu inventário – localizadono ano passado, pela Assessoria deComunicação da FEB, no ArquivoNacional – revela a pobreza emque vivia: nada deixou de materialpara a família.

Como Espírito, prossegue na vi-vência plena da caridade e da hu-mildade: levantando os abatidos,consolando os curvados sob asprovas terrenas, orientando Espí-ritos endurecidos, inspirando in-dulgência. Sua assistência bondo-sa pode ser sentida nos livros emensagens que ditou a FranciscoCândido Xavier, Yvonne Pereira eoutros médiuns. Tradicionalmen-te, durante a reunião anual doConselho Federativo Nacional daFEB, pelo médium Divaldo Perei-ra Franco, ele fala ao MovimentoEspírita: continua a convidar osespíritas à união fraterna, perfu-mando as almas com seus exem-plos de mansidão, devotamento,benevolência e perdão.

1SOARES, Sylvio Brito. Vida e obra deBezerra de Menezes. 11. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2005. p. 58.

2ABREU, Canuto. Bezerra de Menezes(Sínteses da História do Espiritismo noBrasil até 1895). São Paulo: FEESP, 1981.p. 38-39.

20 Reformador • Agosto 2006 229988

Museu Espírita em Jaguaretama

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“A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.”

(TIAGO, 5:16.)

A oração do justo

21Agosto 2006 • Reformador 229999

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

onsiderando as ondas do desejo, em sua força vital, todo impulso e todoanseio constituem também orações que partem da Natureza.

O verme que se arrasta com dificuldade, no fundo está rogando recursosde locomoção mais fácil.

A loba, cariciando o filhotinho, no imo do ser permanece implorando lições deamor que lhe modifiquem a expressão selvagem.

O homem primitivo, adorando o trovão, nos recessos d’alma pede explicações daDivindade, de maneira a educar os impulsos de fé.

Todas as necessidades do mundo, traduzidas no esforço dos seres viventes, valempor súplicas das criaturas ao Criador e Pai.

Por isso mesmo, se o desejo do homem bom é uma prece, o propósito do homemmau ou desequilibrado é também uma rogativa.

Ainda aqui, porém, temos a lei da densidade específica.Atira uma pedra ao vizinho e o projétil será imediatamente atraído para baixo.Deixa cair algumas gotas de perfume sobre a fronte de teu irmão e o aroma se

espalhará na atmosfera.Liberta uma serpente e ela procurará uma toca.Solta uma andorinha e ela buscará a altura.Minerais, vegetais, animais e almas humanas estão pedindo habitualmente, e a

Providência Divina, através da Natureza, vive sempre respondendo.Há processos de solução demorada e respostas que levam séculos para descerem

dos Céus à Terra.Mas de todas as orações que se elevam para o Alto, o apóstolo destaca a do

homem justo como sendo revestida de intenso poder.É que a consciência reta, no ajustamento à Lei, já conquistou amizades e inter-

cessões numerosas.Quem ajunta amigos, amontoa amor. Quem amontoa amor, acumula poder.Aprende, assim, a agir com justiça e bondade e teus rogos subirão sem entraves,

amparados pelos veículos da simpatia e da gratidão, porque o justo, em verdade,onde estiver, é sempre um cooperador de Deus.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 150, p. 369-370.

C

reformador agosto 2006 - A.qxp 13/9/2006 10:45 Page 21

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á um certo exagero em se di-zer que tudo tem de aconte-cer, que tudo está escrito ou

que tudo obedece às leis inexorá-veis do destino e, portanto, nadase deve fazer para impedir o cursofatal dos acontecimentos.

Isso tudo é relativo.É bem verdade que existem de-

terminadas ocorrências na vida da

Humanidade e particularmente navida do homem que, analisadas àluz da lei de causa e efeito, levam--nos a admitir que realmente “esta-va escrito”, como vulgarmente sediz. Ou seja: não havia meios dese evitar, porque o acontecimentofoi o efeito ou a reação de uma cau-sa ou de uma ação recente ou re-mota. Em outras palavras, foi ou é

o cumprimento das leis divinas.Nesses casos, não há como impedir,porque foge a toda e qualquer pru-dência ou previdência humana.

Porém, daí a se dizer de formaradical que tudo está escrito nastábuas do destino, como apre-goam os seguidores da doutrina fi-losófica do Determinismo, a dis-tância é incomensurável.

22 Reformador • Ju lho 2006 226600

SEV E R I N O BA R B O S A

“O homem, que procura nos excessos de todo gênero o requinte do gozo, coloca-se

abaixo do bruto, pois que este sabe deter-se, quando satisfeita a sua necessidade.

[...] As doenças, as enfermidades e, ainda, a morte, que resultam do abuso, são,

ao mesmo tempo, o castigo à transgressão da lei de Deus.”

(Allan Kardec – Nota à questão 714 de O Livro dos Espíritos.)

Fatalidade e abusodo livre-arbítrio

H

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Ora, se assim fosse, onde situaro livre-arbítrio da criatura huma-na? Sem o uso dessa faculdade delivre escolha, não seria o homemum robô à mercê da fatalidadedo destino, que a Natureza lhe tra-çou?

Com essa ilógica teoria, o ho-mem nada pode fazer para mu-dar o curso dos acontecimentos?Pode, sim, porque Deus o dotoude inteligência, vontade, determi-nação e previdência. Ademais, oinstinto de conservação não é tão--somente privilégio do homem,mas também dos animais.

O natural instinto de conser-vação, como nos ensina o Espiri-tismo, é o guia seguro que habi-lita o homem a evitar muitos acon-tecimentos desastrosos, entre osquais as intempéries da Nature-za, prejudiciais a ele e à sua co-munidade.

A boa lógica nos diz que, sealgo ameaça a comunidade, bemcomo o seu bem-estar e até mes-mo a vida do homem aqui na Ter-ra, nada o impede de procurarrecursos para reagir e superar osproblemas. Claro que ninguém,no uso do bom senso, vai ficar debraços cruzados ao ver sua pro-priedade invadida por répteis ve-nenosos, ou a sua residência, porratos e morcegos.

Quem vai ficar indiferente ouacomodado ao ser informado so-bre a possível aproximação de umfuracão devastador, como vemocorrendo na zona costeira dosEstados Unidos, notadamente nacidade de Nova Orleans, sem pro-curar se defender e sem tomar as

necessárias providências para seproteger de futuros furacões?...

Mas aí vem aquela velha cren-ça de que “se tiver de morrer, mor-rerá”, ou aquela outra: “o Deus quenos protege aqui é o mesmo queprotege lá”. Todo mundo sabe dis-so! Todavia, muitas coisas ruinspodem ser evitadas se tivermos asdevidas precauções. O livre-arbí-trio é fundamental no aspecto cau-telar!

Qual a criatura, de juízo, quese vê ameaçada pelas lavas de umvulcão ou por tremores de terra enão toma a iniciativa de sair ime-diatamente da localidade?...

É verdade que as pessoas, quesão Espíritos reencarnados, resga-tam os seus débitos de existênciaspassadas, de maneiras diversas. Osresgates, como bem ensina a Fi-losofia Espírita, são individuaisou coletivos. Assim, aqueles que sãovítimas das investidas da Nature-za, sem dúvida estão prestandocontas à lei de causa e efeito.

Entretanto, a lei de Deus tam-bém faculta às vítimas o direito dese defenderem e se prevenirem deoutras catástrofes que possam vir.Esse raciocínio também é válidopara todas as ocorrências da vida,até mesmo porque não sabemos,com certeza, de que forma va-mos desencarnar.

Quanto aos aconte-cimentos liga-dos à vi-da do ho-mem, quedependemda sua livrevontade, em

relação mais direta com os vícios,a saúde, o prolongamento da vi-da, a uma existência mais tranqüi-la ou mais atribulada, são coisasque vão depender muito da sua inclinação para apenas usá-las oudelas abusar.

Como falamos em prolonga-mento da vida aqui na Terra, háquem diga, em se reportando a al-guém que desencarnou aos seten-ta anos e que soube bem gozar avida: é porque chegou o seu dia.Será que chegou mesmo? Temosnossas dúvidas!...

Como foi esse gozar? Não teriasido mais sensato dizer: “Abusouda vida?” Se não tivesse abusado,não teria vivido mais uns quinzeou vinte anos?

Ainda bem que os fatos estãoaí para convencer, ou pelo menosa nos conduzir a uma reflexão maisprofunda!... Temos visto, com fre-qüência, pela televisão, cidadãos,homens públicos, com mais deoitenta anos, em plena atividadeintelectual, como escritores, po-líticos, pesquisadores, pintores,maestros, desfrutando de invejávelsaúde e portadores de incrível lu-cidez. E por que isso? Porque não

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abusam da saúde. Eles sabem ex-plorar o lado belo da vida. Fazembom uso das suas faculdades. Edesfrutam da vida material comequilíbrio. São sóbrios no uso dascoisas.

Mas, contrariando, há quemdiga que aqueles que desencar-nam com setenta anos, ou me-nos, por exemplo, é porque de-vem morrer com tais idades. Oumelhor: está escrito que devemdesencarnar de tais doenças e comessas idades. Isto é muito relativo,como dissemos. A boa lógica afir-ma que é possível prolongar osdias de vida física, caso não seabuse da saúde.

Eis aí, pois, a função benéficado livre-arbítrio!

Precisamos compreender que atentação para fazer o mal pode seruma prova. Porém, a consumação

da ação maléfica depende, literal-mente, do nosso querer ou nãoquerer. A decisão para sim ou pa-ra não é do livre-arbítrio.

É com o bom ou mau uso des-sa faculdade, inerente a toda cria-tura humana, em pleno gozo daconsciência, que todos nós cons-truímos os nossos destinos, feli-zes ou infelizes. Assim, quando ohomem é infeliz, não pode cul-par a fatalidade do destino, tam-pouco a Deus, que nos criou parasermos felizes. A culpa é exclusi-vamente sua. “A cada um, segun-do as suas obras”, como ensinaJesus no Evangelho.

Diante de tudo isso, não pode-ríamos finalizar este trabalho semconsultar a obra basilar da Dou-trina Espírita – O Livro dos Espíri-tos – na questão 713, em que Kar-dec inquire: “Traçou a Natureza

limites aos gozos?” Ao que res-pondem os Espíritos Reveladores:“Traçou, para vos indicar o limi-te do necessário. Mas, pelos vos-sos excessos, chegais à saciedadee vos punis a vós mesmos”.

Na questão seguinte (714), o Co-dificador, desejando mais escla-recimentos, pergunta: “Que se de-ve pensar do homem que procu-ra nos excessos de todo gênero o requinte dos gozos?” Eis a res-posta: “Pobre criatura! mais dig-na é de lástima que de inveja, poisbem perto está da morte!” E ago-ra, Kardec é mais enfático: “Per-to da morte física, ou da mortemoral?” – “De ambas”, respon-dem os Espíritos.

Finalizando, recordamos as pa-lavras do sábio Leonardo Da Vin-ci: “Uma vida bem vivida é umalonga vida.”

24 Reformador • Ju lho 2006 226622

Questão de livre-arbítrio

O que pratica o Bem, não se arrepende,Pois, o Bem, torna bom, ao que o pratica.Mas, quem do Mal se vale, crucificaao que, à cruz da Maldade, enfim, se prende.

Toda a ação, ou a inação, seus frutos rende.A mão que doa o Bem, paira mais rica.Na Maldade, porém, quem pontifica,vai sofrer... e, sofrendo, um dia aprende.

Quem se mete na lama, se enlameia.A Luz, quem busca, ao Espírito clareia e faz, o nosso mundo, mais feliz.

Se escolheres o Mal, tua colheita pela tua vontade, já está feita...Não preferes, do Bem, a diretriz?!...

Paulo Nunes Batista

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s conflitos sociais repre-sentam uma das princi-pais causas de sofrimen-

to no mundo contemporâneo,pelo colapso no atendimento àsnecessidades humanas básicas,quais sejam: alimentação, habita-ção, saúde, educação, segurança etransporte. Entretanto, esclarece a Doutrina Espírita, em determi-nadas circunstâncias estes confli-tos podem produzir reações po-sitivas por parte de governantes ede pessoas esclarecidas, forma-doras de opinião, desenvolvendoações efetivas capazes de modifi-car o curso nefasto dos aconte-cimentos. “[...] É de notar-se[observa Allan Kardec] que emtodas as épocas da História, àsgrandes crises sociais se seguiuuma era de progresso”.1

A violência doméstica é apon-tada pelos estudiosos como cau-sa primordial dos severos confli-

tos sociais existentes no mundo.A violência no lar, por sua vez,originando-se de fatores psicos-sociais e econômico-sociais, nãoresolvidos ou mal administrados,produzem um estado generaliza-do de violência na sociedade. Osfatores psicossociais estão relacio-nados à visão materialista da vi-da, em que os indivíduos adotamcomo normas de conduta umapermissibilidade moral que afetaos usos e os costumes humanos.Nesta situação, as pessoas se fe-cham em copas, agindo de formaindiferente aos sofrimentos e àsnecessidades do próximo: trans-formam-se em criaturas indolen-tes e omissas, nada fazendo paraimpedir ou minimizar o estadode criminalidade e violência rei-nantes à sua volta. É bom ficar-mos atentos, pois esta visão ma-terialista da vida pode nos con-duzir ao caos social. Já as causas

25Ju lho 2006 • Reformador 226633

OMA RTA AN T U N E S MO U R A

Conflitos sociais graves:

Violência

Em dia com o Espiritismo

doméstica e urbana

Capa

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econômico-sociais dizem respei-to às desigualdades humanas de-correntes da má distribuição derenda, permitindo-se que umaminoria viva em abundância euma maioria de seres humanossofra os rigores da pobreza e damiséria. Uma sociedade estabele-cida sob tais bases está marcadapelos contrastes sociais, estimula-dores do desemprego, da violên-cia e do sofrimento superlativo.

É importante considerar, à luzdo entendimento espírita, que a

existência de conflitos sociais, emsi, não representa, necessaria-mente, fator desencadeador daspráticas generalizadas de violên-cia. Uma coisa não tem relaçãocom a outra. Na verdade, “é bemsabido que a maior parte dasmisérias da vida tem origem noegoísmo dos homens. Desde quecada um pensa em si antes depensar nos outros e cogita antesde tudo de satisfazer os seus de-sejos, cada um naturalmente cui-da de proporcionar a si mesmo

essa satisfação, a todo custo, esacrifica sem escrúpulo os inte-resses alheios, assim nas mais in-significantes coisas, como nasmaiores, tanto de ordem moral,quanto de ordem material. Daítodos os antagonismos sociais, to-das as lutas, todos os conflitos etodas as misérias, visto que cadaum só trata de despojar o seu pró-ximo”.2

A violência doméstica e urba-na vem ocorrendo de maneiracrescente, porque a criatura hu-mana está espiritualmente doen-te. “[...] O homem, pois, em gran-de número de casos, é o causa-dor de seus próprios infortúnios;mas, em vez de reconhecê-lo, achamais simples, menos humilhantepara a sua vaidade acusar a sorte,a Providência, a má fortuna, amá estrela, ao passo que a má es-trela é apenas a sua incúria”.3

A violência doméstica é umproblema que atinge, em especial,milhares de crianças, adolescen-tes e mulheres. As vítimas, muitasvezes silenciosas, são submetidasa algum tipo de sofrimento indes-critível. Fazem parte da violênciadoméstica as agressões físicas epsicológicas, sendo as mais co-muns os espancamentos, a negli-gência em relação aos cuidadoscom os bebês e as crianças, e oabuso sexual. A violência urbana,uma extensão da violência domés-tica, tem amedrontado a popula-ção em razão dos freqüentes re-latos de assaltos, atropelamentos,homicídios e seqüestros. As famí-lias estão cada vez mais isoladasdentro de suas habitações, cons-

26 Reformador • Ju lho 2006 226644

egundo a idéia falsíssima de que lhe não é possível refor-mar a sua própria natureza, o homem se julga dispensadode empregar esforços para se corrigir dos defeitos em que

de boa vontade se compraz, ou que exigiriam muita perseverançapara serem extirpados. É assim, por exemplo, que o indivíduo,propenso a encolerizar-se, quase sempre se desculpa com o seutemperamento. Em vez de se confessar culpado, lança a culpa aoseu organismo, acusando a Deus, dessa forma, de suas próprias fal-tas. É ainda uma conseqüência do orgulho que se encontra de per-meio a todas as suas imperfeições.

Indubitavelmente, temperamentos há que se prestam mais queoutros a atos violentos, como há músculos mais flexíveis que seprestam melhor aos atos de força. Não acrediteis, porém, que aíresida a causa primordial da coléra e persuadi-vos de que umEspírito pacífico, ainda que num corpo bilioso, será sempre pacífi-co, e que um Espírito violento, mesmo num corpo linfático, nãoserá brando; somente, a violência tomará outro caráter. Não dis-pondo de um organismo próprio a lhe secundar a violência, a cólera tornar-se-á concentrada, enquanto no outro caso será expansiva. [...]

Fonte: KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. 3. ed. especial.Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. IX, item 10, p. 206.

Hahnemann

Capa

sCólera e violência

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27Ju lho 2006 • Reformador 226655

truindo muros altos ou colocan-do grades elétricas nas residências;instalando mecanismos de vigilân-cia ou de segurança e, mesmo as-sim, não se sentem a salvo da açãocriminosa.

Como espíritas, como cristãos,sabemos que algo precisa ser fei-to, pois, a “[...] onda crescente dedelinqüência que se espalha portoda a Terra assume proporçõescatastróficas, imprevisíveis, exi-gindo de todos os homens pro-bos e lúcidos acuradas reflexões”.4

Todavia, é válido ponderar que asimples preocupação nada resol-ve,“[...] se medidas urgentes e prá-ticas não se fizerem impor, me-diante a adoção de política edu-cativa generalizada [...]. Tem-seprocurado reprimir a delinqüên-cia sem se combaterem as causasfecundas da sua multiplicação.Muito fácil, parece, a tarefa repres-siva, inútil, porém, quando nãose transforma em fator a maispara a própria violência. A tera-pêutica para tão urgente questãohá de ser preventiva, exigindodos adultos que se repletem deamor nas ineuxaríveis nascentesda Doutrina de Jesus, a fim deque, moralizando-se, possam edu-car as gerações novas, propician-do-lhes clima salutar de sobrevi-vência psíquica e realização ínti-ma”.5

O terrorismo urbano é um atode extrema violência aplicadopor personalidades extremistas efanáticas, por meio de ações ho-micidas. São classificados comoatos terroristas os atentados abomba, os seqüestros, a guerra

biológica e outras ações seme-lhantes. O método básico do ter-rorismo é a destruição da vida hu-mana em nome de certos princí-pios ideológicos, políticos ou re-ligiosos.

Segundo o Espiritismo, as açõesterroristas, assim como as guer-ras, acontecem devido à “predo-minância da natureza animal so-bre a natureza espiritual e trans-bordamento das paixões. No es-tado de barbaria, os povos um sódireito conhecem – o do maisforte. [...]”6 O assassinato indivi-dual ou coletivo é um grande“[...] crime, pois que aquele quetira a vida ao seu semelhante cor-ta o fio de uma existência deexpiação ou de missão. Aí é queestá o mal”.7 Sendo assim, é natu-ral que o responsável pelos atosde terrorismo e homicídios ge-neralizados seja consideradogrande culpado perante a Leide Deus e necessite de mui-tas existências “[...] paraexpiar todos os assassíniosde que haja sido causa, por-quanto responderá por to-dos os homens cuja mor-te tenha causado para sa-tisfazer à sua ambição”. 8

Referências:1KARDEC, Allan: A gênese. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 49.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006.

Cap. XVIII, item 33, p. 479.2______. Obras póstumas. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 38.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005.

Primeira parte, cap. “O egoísmo e o or-

gulho”, p. 250.3______. O evangelho segundo o espiritis-

mo. Tradução de Guillon Ribeiro. 125. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. V, item 4,

p. 108. 4FRANCO, Divaldo P. SOS família. Por di-

versos Espíritos. 2. ed. Salvador: LEAL,

1994. Item: “Delinqüência, perversidade

e violência” (Mensagem de Joanna de

Ângelis), p. 120. 5Idem, ibidem. p. 124.6KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2006. Questão 742, p. 395.7Idem, ibidem, questão 746, p. 396.8Idem, ibidem, questão 745, p. 395.

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Page 28: Reformador 08 agosto_2006

s singelos versos do criador do esperanto,que encimam nosso artiguete, revelam o in-teresse daquela nobre alma pelos membros

da família que, sob sua condução, já se formava emtorno do ideal da Língua Internacional Neutra,membros que, não obstante dispersos pelo Planeta,separados por diferenças culturais, sociais, lingüísti-cas, religiosas, raciais, estavam e sempre estarão in-dissoluvelmente unidos pelo objetivo comum da fra-ternidade acima de quaisquer fronteiras, fraterni-dade intensamente evocada pela posse e uso de umalíngua comum neutra.

Cada um desses membros, na medida de suas for-ças e talentos, trazia sua contribuição para o fortale-cimento do nascente movimento. E assim sempre foie continua sendo, até hoje, do que tem resultado asolidez, a lenta mas crescente difusão do esperanto e de seus ideais pelo mundo.

Tocados pelos versos de Zamenhof, pelo quadroque eles sugerem em torno da atividade incessantedos esperantistas, eis que uma das mais poderosasferramentas da modernidade – a rede mundial decomputadores – nos fez ver a fecunda atividade dealguns desses membros, a qual, por estar ligada à

difusão do Espiritismo por meio do esperanto, me-rece ser conhecida pelos leitores de Reformador, rece-ber acolhida no coração dos que associam esperantoe Espiritismo, sob a égide do Evangelho, e assim quese expanda, se multiplique e dê os frutos desejados.

Referimo-nos ao trabalho dos confrades e co--idealistas do Centro Espírita Yvonne A. Pereira, deRio das Flores (RJ), que, sob a direção de AugustoMarques de Freitas, respondem pelo Departamentode Esperanto daquela Instituição.

Um pequeno anúncio em seu boletim, alusivo àpágina do Centro na Internet, http://geocities.yahoo.com.br/ceypereira, informa que seu conteúdopassou a ser bilíngüe, nas versões em português e es-peranto.

Visitamos a página e ficamos não apenas encanta-dos com o que vimos, mas profundamente impres-sionados com o alcance daquela aparentemente sin-gela iniciativa de nossos companheiros. O mundointeiro, representado pelos esperantistas espalhadospor todos os países – pois há esperantistas em todoseles, sem exceção de nenhum – poderá desfrutar deum conteúdo espírita cuidadosamente elaborado,graças ao uso da Língua Internacional Neutra:

Espiritismo via Esperantona WEB

O

28 Reformador • Ju lho 2006 226666

A FEB e o Esperanto

Tre malproksime /iuj ni starasLa unuj de la aliaj...Kie vi estas, kion vi faras,Ho, karaj fratoj vi miaj?

Muito distantes nos encontramos,Camaradas, uns dos outros...Por onde andais e o que fazeis,Ó meus queridos irmãos?

Do poema “Al la Fratoj” (“Aos Irmãos”), de L. L. Zamenhof.

AF F O N S O SOA R E S

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� dados biográficos sobre a grande médium deMemórias de um Suicida;

� todo o vasto leque de atividades do Centro;� foto de todos os livros de Yvonne A. Pereira;� textos de Memórias de um Suicida, colhidos em

sua versão para o esperanto;� as atividades do Departamento de Esperanto do

Centro;� informações sucintas sobre a Doutrina Espírita,

colhidas, em sua maior parte, na versão emesperanto do folheto “Conheça o Espiritismo”,publicado pelo Conselho Espírita Internacional;

� resumos biográficos de Allan Kardec e ChicoXavier;

� e as fotos de todos os livros espíritas já publica-dos em esperanto.

Fazemos questão de tornar amplamente conheci-

da essa bela iniciativa com o objetivo de encorajaroutros grupos de trabalhadores espíritas que, noBrasil e no Exterior, ensinam, divulgam e utilizam oesperanto. É semeadura assaz promissora, de lar-guíssimo alcance por possibilitar que se estenda aconsoladora mensagem da Doutrina Espírita pelomundo inteiro.

A eficácia de tal iniciativa absolutamente não secondiciona ao número de esperantistas existentes nomundo, bastando saber que eles se encontram disse-minados em todos os países.

Importa tão-somente assegurar-se à generosa se-mente que chegue a um coração sensível, amadure-cido para acolhê-la e multiplicá-la. E há tantos cora-ções sensíveis, amadurecidos espiritualmente, espa-lhados por esse mundo imenso, apenas aguardandoque alguém de boa vontade os atinja sob o impulsoda fraternidade...

29Ju lho 2006 • Reformador 226677

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stava o mundo entorpecidopelas distorções que foramimplantadas ao longo dos

séculos pelos interesses materiais,qual o exotismo dos perfumes for-tes, que entontecem e confundemas fragrâncias camufladas com asdas verdadeiras essências.

As batalhas em nome do Cristo,que é todo mansidão e todo bon-dade, haviam lavado a Terra comas lágrimas dos inocentes, mas, se-gundo os defensores da iniqüida-de, tinham a suposta culpa de de-senvolver o pensamento contrárioàs leis dominantes.

A chuva torrencial do orgulho eda vaidade tinha modificado o pla-no terrestre. A palavra simples doEvangelho de Jesus houvera recebi-do as fantasias da ambição humanaa fim de que o cetro do orgulho eda vaidade imperasse em nome doCristo de Deus, que escolheu nascerna simplicidade da Manjedoura.

E assim, na sucessão dos sécu-los, inúmeros missionários do amordivino foram abatidos, porque assuas consciências vislumbraram

outras paragens, propondo umporto seguro para as embarcaçõesdesarvoradas da intolerância e dopoder temporal.

Foi neste cenário que a Ciênciafincou as suas bases, negando Deus,em resposta às ideologias domi-nantes de um Deus humanizado ecolérico que pune os seus filhoscom a marca do fogo e do ferro elhes oferece como “prêmio” a fo-gueira, o suplício e a dor.

Mas Jesus, profundo conhece-dor da psicologia humana, haviaprometido o Consolador. Para tan-to, o cenário terrestre estava sendopreparado, a fim de que, ao atingira maioridade relativa, pudesse re-ceber os ensinamentos esclarece-dores e confortadores da TerceiraRevelação.

Desse modo, Allan Kardec, “obom senso encarnado”, como afir-mara Camille Flammarion, teve anobre missão de codificar a Dou-trina dos Espíritos, abrindo para aHumanidade uma nova era.

Kardec, na sutileza de cientista,soube ser translúcido, não envol-

vendo em quimeras os ensinamen-tos grandiosos do Cristianismoprimitivo.

Eis o que nos afirma AmaralOrnellas, através das mãos aben-çoadas de Chico Xavier, no soneto:

Em homenagem a Kardec*

[...] Mas Kardec domina a[enorme noite humana

E traz no Espiritismo a fé que [se engalana,

Ao fulgor da Razão generosa e[sincera...

O Evangelho ressurge. O céu [brilha de novo.

E Jesus, retornando ao coração [do povo,

Acende para o mundo o Sol da [Nova Era!

O Codificador teve toda umapreparação anterior, como discípu-lo de um grande educador, Pesta-lozzi; desenvolveu os seus estudosem diversas áreas da cultura hu-

Atualidade de

Kardec“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para

promover a edificação...” (Epístola do apóstolo Paulo aos Efésios, 4:29.)

MA R I A IN Ê S FE I J Ó MAC H A D O TAVA R E S

E

*Reformador de abril de 1957, p. 87.

30 Reformador • Ju lho 2006 226688

Page 31: Reformador 08 agosto_2006

mana, ampliando assim os seusconhecimentos e, no momentopreciso, numa demonstração elo-qüente de humildade, muda o seunome, assumindo o de uma reen-carnação anterior, para que a Hu-manidade conhecesse não o ho-mem Hippolyte Léon DenizardRivail, mas a obra – o Espiritismo.

Kardec não assumiu o perso-nalismo dos homens, não lançounos banquetes da França esta obramagnífica, ao contrário, soube olharpara um novo horizonte, com-preendendo a dimensão do seu tra-balho, sem se deixar envolver pe-lo orgulho e pela vaidade, ópiosque entorpecem os sentidos e des-troem qualquer trabalho sérioquando este não é envolvido pelahumildade.

Emmanuel, através de ChicoXavier, afirmou que a maior cari-dade que se faz à Doutrina Espíri-ta é a sua divulgação. Entretanto odivulgador espírita precisa estarconsciente da sua tarefa e ter aprudência necessária para não in-cidir em erros e em enganos.

O espírita tem a obrigação mo-ral com a sua consciência de apagardo pensamento as suposições errô-neas adquiridas em literaturas quese rotulam de espíritas, mas que, naverdade, não o são, porque objeti-vam confundir o trabalhador de-satento. Paulo de Tarso já dizia:“Tudo me é lícito, mas nem tudoconvém”. (I Coríntios, 6:12.)

O livre-arbítrio possibilita-nosfazer um sem-número de coisas, en-tretanto, chama-nos à responsabili-

dade de assumirmos os resultadosdas nossas realizações. “Ler Kardec,sentir Kardec” implica não uma lei-tura periférica, factual, mas sim umaleitura profunda, que compreende adimensão dos ensinamentos conti-dos na Codificação.

Analisemos a nossa condiçãode aprendizes, pois se assumirmosesta condição, com certeza ire-mos verificar que ultrapassados eretrógrados estão os nossos ata-vismos e a nossa postura de sal-vadores.

A atualidade do pensamento deKardec é verdadeira e inquestioná-vel. Mas, para assumirmos esta ver-dade, temos que trocar a “toga doorgulho e da vaidade” pela vesti-

menta simples dos sábios e afirmarcomo Sócrates: “Só sei que nada sei”.E assim, continuarmos a nossa pe-regrinação de estudos, compreen-dendo que toda “obra nova” quesurja com o rótulo de espírita preci-sa ser passada pelo crivo da razão.

O homem nasceu para edificar,jamais para destruir.

Observemos o apóstolo Pauloque, demonstrando sua lealdade e firmeza de caráter, dizia: “Quemnos separará do amor de Cristo?”(Romanos, 8:35.) Refletindo sobreas suas palavras, lembremo-nos deque no mundo existem muitas re-ligiões, mas fazendo nossa opçãopela Doutrina Espírita, devemos serfiéis aos seus princípios.

31Ju lho 2006 • Reformador 226699

A Cultura atingira o apogeu da descrença,Imergira-se o Templo em fumo de vanglóriaE, embora fosse o Cristo a eterna luz da História,Afligia-se a Terra em sombra espessa e imensa.

A Civilização padecia a presençaDe soberano caos em púrpura irrisória,Sob a pompa do verbo esfervilhava a escóriaDa cegueira e do escárnio a erguer-se em treva densa.

Mas Kardec domina a enorme noite humanaE traz no Espiritismo a Fé que se engalana,Ao fulgor da Razão generosa e sincera...

O Evangelho ressurge. O Céu brilha de novo.E Jesus, retornando ao coração do povo,Acende para o mundo o Sol da Nova Era.

(Soneto recebido pelo médium Francisco Cândido Xavier.)Fonte: Reformador de abril de 1957, p. 87.

Amaral Ornellas

Em homenagem a Kardec

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32 Reformador • Ju lho 2006 227700

rezado leitor! Você já teve aoportunidade de folhearum livro e de acessar com

facilidade as informações nele con-tidas? Já se deparou com uma obraem que os assuntos podem serrapidamente localizados, seja pelaorganização estrutural, seja por suaforma de apresentação?

Ou você é daqueles que sofre-ram as dificuldades de percorrerinúmeras vezes as páginas de umapublicação, e até saber ou deduzirque ali há informações de seu in-teresse, mas não consegue locali-zá-las?

Se eu não estiver enganado, vo-cê escolheu a segunda opção, ou aindicou como mais freqüente emsua vida. É comum ainda encon-trarmos livros que apresentam,em seus exemplares ou volumes, odescuido com um elemento indis-pensável, em se tratando de qual-quer obra: a legibilidade documen-tal. Esse descuido é responsabili-dade coletiva de autores, editores,publicadores, diagramadores e ou-

tros encarregados da editoração,considerando aqui a preparaçãoeditorial, a publicação dos exem-plares e sua comercialização/dis-tribuição.

Parece um nome complicado es-sa tal legibilidade documental, masé uma exigência natural que todo equalquer leitor faz sem o saber.Todos gostamos de ler com facili-dade, sem “fazer força”. Ficamossatisfeitos quando o tamanho daletra é confortável, o espaçamentoentrelinhas não embola as letras,palavras ou frases. Conseguimosfazer aquela leitura fluente que “dágosto”. Quando nos damos conta,já lemos inúmeras páginas...

Por que será que isso acontece?Evidentemente, o texto bem escrito,com redação direta, simples e con-cisa, facilita a leitura; é prazeroso enos deliciamos com uma boa re-dação. Mas, a forma de apresen-tação textual é uma ferramenta quecolabora consideravelmente parafacilitar a leitura. Daí este cuidadoque já observamos, por parte prin-

cipalmente dos diagramadores, emtornar um texto leve e agradável.

A editoração eletrônica é umamaravilha e os diversos programasde computador disponíveis atual-mente no mercado permitem umtrabalho cada vez mais aperfeiçoa-do. Precisa-se atentar para não“exagerar na dose”, como cons-tatamos em algumas publicaçõesque ficam carregadas, poluídastextualmente, com excesso de des-taques, falta de harmonia nas cores, entre outros inconvenien-tes. O gosto refinado, emboradiscutível, deve ser orientado pelobom senso, quando aliamos umconteúdo de qualidade com umaredação agradável e uma apresen-tação adequada ao produto a serdivulgado e consumido.1

Felizmente, esta é uma reali-dade não apenas teórica ou aca-dêmica. Ela começa a ser viven-ciada na prática pelos profissio-

PGE R A L D O CA M P E T T I SO B R I N H O

Normalização Editorial

Normas técnicas elegibilidade documental

1Entenda-se consumo como a leitura quefazemos de uma publicação.

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nais da área, em decorrência dagradativa conscientização dos res-ponsáveis pela edição de livros,cuja ação apresenta resultados alen-tadores.

Hoje encontramos expostas embibliotecas, livrarias e postos devendas, bancas e feiras de livros,além da divulgação via comércioeletrônico, obras que nos encan-tam, tanto pela atrativa apresen-tação visual quanto pela existên-cia das partes indispensáveis paraa recuperação da informação re-gistrada na obra. Isso pode indi-car um gradativo processo de ade-quação às normas técnicas, quealiadas ao trabalho criativo dosdiagramadores resultam em bene-fícios ao leitor.

A Associação Brasileira de Nor-mas Técnicas (ABNT) é a insti-tuição responsável pela norma-lização técnica no Brasil. Funda-da em 1940 para fornecer a basenecessária ao desenvolvimento tec-nológico brasileiro, representa asentidades de normalização inter-nacional ISO (International Or-ganization for Standardization) eIEC (International Electrotechini-cal Commission) no País. As nor-

mas são elaboradas por comitêsgestores, constituídos de especia-listas em áreas específicas do co-nhecimento.

Existem normas referentes a en-genharia, arquitetura, informáti-ca, energia, turismo, comércio,especificação de materiais, docu-mentação, entre outras, que obje-tivam regular as atividades desen-volvidas nas respectivas áreas deatuação.

A ABNT possui um elenco dediretrizes indispensáveis para osque trabalham com a preparação,produção e comercialização depublicações. São as denominadasNormas Brasileiras (NBRs) quetratam da apresentação de assun-tos variados na especialidade “in-formação e documentação”.

Dentre estas normas, relaciona-mos a seguir as que se destacampela importância e por serem maisdiretamente vinculadas aos inte-ressados na publicação de livrose periódicos.2 As informações su-márias elencadas sob os itens re-

presentam extratos do objetivo decada norma.

NBR 6021:2003 – Publicaçãoperiódica científica impressa

Especifica os requisitos paraapresentação dos elementos queconstituem a estrutura de organi-zação física de uma publicaçãoperiódica científica impressa. Des-tina-se a orientar o processo deprodução editorial e gráfica da pu-blicação, no sentido de facilitar asua utilização pelo usuário e pelosdiversos segmentos relacionadoscom o tratamento e a difusão dainformação.

NBR 6022:2003 – Artigo em publicação periódicacientífica impressa

Estabelece um sistema para aapresentação dos elementos queconstituem o artigo em publica-ção periódica científica impressa.

NBR 6023:2002 – ReferênciasEstabelece os elementos a serem

incluídos nas referências. Fixa aordem dos elementos das referên-cias e estabelece convenções paratranscrição e apresentação da in-

33Ju lho 2006 • Reformador 227711

2O leitor interessado em adquirir as NBRspodem acessar o site da ABNT no ende-reço: www.abnt.org.br

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formação originada do documen-to e/ou outras fontes de informa-ção. Destina-se a orientar a prepa-ração e compilação de referênciasde material utilizado para a pro-dução de documentos e para in-clusão em bibliografias, resumos,resenhas, recensões e outros.

NBR 6024:2003 – Numera-ção progressiva das seçõesde um documento escrito

Estabelece um sistema de nu-meração progressiva das seções dedocumentos escritos, de modo aexpor numa seqüência lógica o in-ter-relacionamento da matéria e apermitir sua localização. Aplica-seà redação de todos os tipos de do-cumentos escritos, independente-mente do seu suporte, com exceçãodaqueles que possuem sistemati-zação própria (dicionários, voca-bulários, etc.) ou que não necessi-tam de sistematização (obras literá-rias em geral).

NBR 6025:2002 – Revisãode originais e provas

Estabelece os sinais e símbolos aserem usados na revisão de origi-nais e de provas. Estabelece tam-

bém as convenções para os proce-dimentos de correção e marcaçãode emendas em originais e provas.

NBR 6027:2003 – SumárioEstabelece os requisitos para

apresentação de sumários de do-cumentos que exijam visão de con-junto e facilidade de localizaçãodas seções e outras partes. Aplica--se, no que couber, a documentoseletrônicos.

NBR 6028:2003 – ResumoEstabelece os requisitos para re-

dação e apresentação de resumos.

NBR 6029:2002 – Livros efolhetos

Estabelece os princípios geraispara apresentação dos elementosque constituem o livro ou folheto.Destina-se a editores, autores eusuários.

NBR 6034:2004 – ÍndicesEstabelece as condições exigíveis

de apresentação e os critérios bási-cos para a compilação de índice depublicações. Destina-se principal-mente às publicações técnicas ecientíficas cuja extensão e comple-

xidade exijam rápida localizaçãodas informações contidas no texto.

NBR 10520:2002 – Citaçõesem documentos

Especifica as características exi-gíveis para apresentação de cita-ções em documentos.

NBR 12225:2004 – LombadaEstabelece os requisitos para

apresentação de lombadas e aplica--se exclusivamente a documentosem caracteres latinos, gregos ou ci-rílicos. Tem por finalidade oferecerregras para a apresentação de lom-badas a editores, encadernadores,livreiros, bibliotecas e seus clientes.Aplica-se, no que couber, a lom-badas de outros suportes (gravaçãode vídeo, gravação de som, etc.).

Bibliotecários, indexadores, edi-tores e os demais envolvidos naprodução editorial devem conhe-cer o conteúdo destas normas queversam sobre documentação e in-formação, a fim de que as publica-ções sob sua alçada reflitam melhora qualidade que a padronizaçãotécnica pode oferecer. Com isso, to-dos ganham. E o leitor agradece.

34 Reformador • Ju lho 2006 227722

Aos nossos prezados colaboradores solicitamos o obséquio de enviarem suas matérias, de preferên-cia, digitadas no programa Word e com no máximo 110 linhas, na fonte Times New Roman, tamanhode fonte 12, régua 15, justificado, para que sejam devidamente ilustradas.

Nas citações e nas transcrições devem ser mencionadas as respectivas fontes (autor, título da obra,edição, local, editora, capítulo e página), em nota de rodapé ou referência bibliográfica.

Contamos com o apoio de todos para que possamos continuar unidos, trabalhando em função dadivulgação da nossa Doutrina.

AO S CO L A B O R A D O R E S

Page 35: Reformador 08 agosto_2006

35Ju lho 2006 • Reformador 227733

Sessão de Abertura

No dia 28, às 20 horas, ocor-reu a Sessão de Abertura, inicia-da pelo presidente da União dasSociedades Espíritas do Estado deSão Paulo, Attílio Campanini, que,após a prece, fez a saudação aoscomponentes das Federativas vi-sitantes e passou a palavra ao pre-sidente da FEB, Nestor João Ma-sotti, que também os cumprimen-tou. A seguir, assumiu a direçãodos trabalhos o coordenador dasComissões Regionais, Antonio Ce-sar Perri de Carvalho, que pas-

sou a palavra aos presidentes dasFederativas Estaduais para as suassaudações.

Houve apresentação da Propos-ta de Comemorações do Sesqui-centenário do Espiritismo, duran-te o ano de 2007, realizada porJason de Camargo e José Anto-nio Luiz Balieiro, representantesda Região na Comissão nomeadapelo CFN. Nesta Proposta inclui--se a promoção do 2o CongressoEspírita Brasileiro, em Brasília,de 12 a 15 de abril de 2007. Emseguida, estabeleceu-se um diálo-go com o Plenário, havendo per-

guntas e sugestões sobre a referi-da proposta. A reunião foi encer-rada com uma prece.

Em seguida à Sessão de Aber-tura, os dirigentes José Carlos

Conselho Federativo Nacional

Reunião da ComissãoRegional Sul

A Reunião da Comissão Regional Sul, em seu vigésimo ano, desenvolveu-se de 28 a 30

de abril de 2006, nas dependências do Centro Espírita “Casa Grande do Caminho” e

Instituição Assistencial Espírita “Lar Bom Repouso”, em São Caetano do Sul, São Paulo

Sessão de Abertura: Participantes da FEB e das Federativas. Attílio Campanini (USE-SP) saúda os visitantes

Momento da inauguração da placa comemo-

rativa da Reunião da C. R. Sul (esq./dir.):

Attílio Campanini, Margherita e José Carlos

Corsi (diretores do Lar) e Nestor Masotti

Page 36: Reformador 08 agosto_2006

Corsi e Margherita Biasi Corsi,do Centro Espírita “Casa Grandedo Caminho” e Instituição Assis-tencial Espírita “Lar Bom Repou-so” convidaram a todos para as-sistirem ao descerramento de pla-ca alusiva à realização da Comis-são Regional do CFN e visita dopresidente da FEB à Instituição;apresentaram, também, uma pla-ca preexistente, alusiva à FEB.

A manhã do dia 29 (sábado)foi iniciada com reunião plená-ria para a apresentação das equi-pes de trabalho das FederativasEstaduais e da FEB. Comparece-ram todas as Entidades Federati-vas da Região: Conselho Espíritado Estado do Rio de Janeiro, Fe-deração Espírita Catarinense, Fe-deração Espírita do Rio Grandedo Sul, Federação Espírita do Pa-raná e União das Sociedades Es-píritas do Estado de São Paulo.

Reuniões Setoriais

Ocorreram, simultaneamente,com início na manhã de sábado(dia 29), as seguintes Reuniões Se-toriais: a) dos Dirigentes das En-tidades Federativas; b) da Áreado Atendimento Espiritual noCentro Espírita; c) da Área da Ati-vidade Mediúnica; d) da Área da

Comunicação Social Espírita; e)da Área do Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita; f) da Áreada Infância e Juventude; e g) daÁrea do Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita.

Reunião dos Dirigentes

Realizou-se a Reunião dos Di-rigentes, tendo comparecido ospresidentes e representantes dasEntidades Federativas dos Estadosda Região Sul: Aloísio Ghiggino(Conselho Espírita do Estado doRio de Janeiro), Gerson Luiz Ta-vares (Federação Espírita Catari-nense), Gladis Pedersen de Oli-veira (Federação Espírita do RioGrande do Sul), Maria HelenaMarcon (Federação Espírita doParaná), Attílio Campanini (União

das Sociedades Espíritas do Esta-do de São Paulo); pela FEB: opresidente Nestor João Masotti,o vice-presidente Altivo Ferrei-ra, o coordenador das ComissõesRegionais Antonio Cesar Perride Carvalho, o secretário da Co-missão Regional Aylton GuidoCoimbra Paiva, o assessor JoséAntonio Luiz Balieiro e os inte-grantes da Secretaria Geral doCFN, Ricardo Silva e João PintoRabelo.

Feita a prece de abertura dostrabalhos, foram discutidas e apro-vadas a Ata da reunião anterior ea Pauta para a presente reunião.O presidente da FEB fez algumasconsiderações gerais sobre o Mo-vimento Espírita e a difusão dolivro espírita. Na seqüência, Alti-vo Ferreira discorreu sobre pro-

36 Reformador • Ju lho 2006 227744

Reunião dos Dirigentes: Mesa Diretora e representantes das Federativas

Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Page 37: Reformador 08 agosto_2006

posta de parceria com as Fede-rativas Estaduais para ampliaçãoda distribuição de Reformador,recebendo sugestões e contribui-ções dos presidentes das Federa-tivas. José Antonio Luiz Balieirofez exposição sobre a forma deatuação da FEB no mercado livrei-ro, apresentou uma proposta deação junto às Entidades Federati-vas, e deu informações acerca daparticipação da FEB na 19a Bie-nal Internacional do Livro de SãoPaulo.

O assunto da reunião anterior– “Participação das InstituiçõesEspíritas nas atividades comuni-tárias (Órgãos, Comissões, Conse-lhos e outros)” – foi desenvolvi-do com riqueza de informaçõessobre atuações junto a várias áreas,instâncias governamentais e do ter-ceiro setor.

Quanto ao assunto desta reu-nião – “Orientação ao CentroEspírita” –, como o CFN definiuque o prazo para entrega de pro-postas se encerraria nas Comis-sões Regionais e que a discussãoocorrerá na Reunião do CFN denovembro de 2006, solicitou-seque sejam enviadas propostas nomáximo até o mês de agosto de2006. As Federativas informaramsobre o andamento dos estudosem seus Estados. As Federativasdo Paraná, Rio Grande do Sul eSão Paulo já concluíram seus es-tudos e propostas.

Cada Entidade Federativa fezrelato acerca do andamento doCurso de “Capacitação Adminis-trativa para Dirigentes de CasasEspíritas”em seus Estados, seguin-

do-se uma apresentação de JoãoPinto Rabelo (FEB) sobre os con-teúdos adotados principalmentenos novos seminários acerca doreferido curso.

O coordenador da Reuniãosolicitou a colaboração dos pre-sentes para se elaborar o perfildo secretário da Comissão Re-gional, levando-se em conta oProjeto “Organização da Secreta-ria Geral do CFN”, aprovado naReunião do CFN de 2001. Escla-receu-se que, com base nesse per-fil, ocorrerão as renovações dossecretários das Comissões Regio-nais. Em seguida, o coordenadorreferiu-se ao andamento das Cam-panhas Viver em Família, Em De-fesa da Vida e Construamos a PazPromovendo o Bem!, informandoque desde o lançamento das mes-

mas na Reunião do CFN de 2005,até o momento, onze Federativasjá as estavam implementando.

Ao final da reunião e conjun-tamente com os participantes daÁrea do Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita, houveapresentação por Ricardo Silva so-bre o tema “O Centro Espírita eo Terceiro Setor”, suscitando per-guntas e respostas.

A próxima reunião da Comis-são Regional Sul, no dia 12 deabril de 2007, será realizada emconjunto com as demais Comis-sões Regionais, antecedendo aabertura do 2o Congresso Espíri-ta Brasileiro, em Brasília. Houveuma proposta de tema para estareunião, mas que será definidoconjuntamente com as demais Co-missões Regionais.

37Ju lho 2006 • Reformador 227755

Área da Infância e Juventude

Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita

Page 38: Reformador 08 agosto_2006

Sessão Plenária

Na manhã de domingo (dia 30)desenvolveu-se a Sessão Plenária,com apresentação inicial de DVDinstitucional da Federação Espíri-ta do Paraná e DVDs sobre o Bi-centenário de Kardec e 4o Con-gresso Espírita Mundial, estes apre-sentados por Oceano Vieira de Me-lo, assessor da presidência da FEB.Após a prece de abertura e os es-clarecimentos pelo coordenadorsobre a nova metodologia, atuan-do-se em estilo de mesa-redonda,cada representante de Área fezuma apresentação sintética quan-to ao tema discutido e suas con-clusões, e ao tema para a próximareunião. Seguiu-se um momentode participação do Plenário, comperguntas e respostas. Eis os rela-tos dos trabalhos realizados nasseguintes reuniões setoriais:

Área do Atendimento Espiritualno Centro Espírita, coordenadapor Maria Euny Herrera Masotti.Assunto da reunião: “Montagemdas etapas do Atendimento Es-piritual: Passe e magnetização daágua; Explanação doutrinária;Evangelho no Lar”. Assunto para

a próxima reunião: “O Livro dosEspíritos – Leis Morais em Buscado Homem de Bem”.

Área da Atividade Mediúnica,coordenada por Marta Antunes deOliveira Moura, com a colabora-ção da assessora Edna Maria Fa-bro. Assunto da reunião: “Mini-curso Consciência Mediúnica:Parâmetros religiosos; A questãoético-moral; O autoconhecimen-to e conhecimento do outro; Li-vre-arbítrio e responsabilidade;Comprometimento com a tarefa”.Assunto para a próxima reunião:“A Mediunidade em O Livro dosEspíritos – Conseqüências das Ma-nifestações dos Espíritos”.

Área da Comunicação SocialEspírita, coordenada por MehrySeba. Assunto da reunião: “Rela-cionamento com a Mídia: plane-jamento e execução”. Informou--se sobre o Encontro Nacional deComunicadores Espíritas, de 20a 23 de julho de 2006, em Bra-sília, com o tema “Integrar paraDinamizar”. O assunto para apróxima reunião será decididono Encontro Nacional.

Área do Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita, coordenada por

Cecília Rocha, com assessoria deElzio Antônio Cornélio. Assuntoda reunião: “Censo; Interiorizaçãodo ESDE; realização de Minicurso:aspectos doutrinários e didáticos”.Assunto para a próxima reunião:“A Contribuição do Estudo Siste-matizado na Construção de umMundo Melhor”.

Área da Infância e Juventude,coordenada por Rute Vieira Ribei-ro, com assessoria de Miriam LúciaHerrera Masotti Dusi. Assunto dareunião: “Avaliação do Plano deAção, com vistas ao alcance dasmetas para 2007: 1) Dinamizaçãoda Campanha; 2) Capacitação doEvangelizador; 3) Currículo dasEEEIJ; 4) Evangelização e Família;5) Avaliação das Atividades deEvangelização”. Assunto para apróxima reunião: “Os 150 anos daDoutrina Espírita e a Evangeli-zação Infanto-Juvenil”. Informou--se que será realizado o “V Encon-tro Nacional de Diretores de DIJ”,em julho de 2007, em Brasília.

Área do Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita, coor-denada por José Carlos da SilvaSilveira, com assessoria de Mariade Lourdes Pereira de Oliveira.

38 Reformador • Junho 2006 227766

Participantes da Reunião, na Plenária de encerramento

Plenária de encerramento: Aspecto parcial da Mesa, constituída pela delegação da FEB

Page 39: Reformador 08 agosto_2006

Assunto da reunião: “Divulgaçãodo Manual do SAPSE através dasseguintes ações: a) Capacitação detrabalhadores; b) Solicitação de es-paço para essa divulgação nos en-contros de Dirigentes; c) Entrosa-mento do SAPSE com as demaisÁreas Federativas; d) Prossegui-mento da pesquisa sobre a utiliza-ção do Manual; e) Apresentaçãodos resultados dessas ações”. As-sunto para a próxima reunião:“As-sistência e Promoção: Uma ques-tão de justiça, amor e caridade”.

Reunião dos Dirigentes: O se-cretário da Comissão Regional,Aylton Guido Coimbra Paiva, re-sumiu os principais assuntos epropostas dessa reunião, já apre-sentados nesta matéria.

Em seguida, o coordenador en-fatizou a importância da partici-pação das Federativas nos pre-parativos das Comemorações doSesquicentenário do Espiritismo,em 2007 e na implementação dasCampanhas Família, Vida e Paz.A palavra foi aberta ao Plenário,que se manifestou com perguntas,sugestões e propostas, havendoquestões de interesse das diver-sas Áreas.

Encerrando os trabalhos, ocor-reram manifestações de despedi-da dos presidentes das EntidadesFederativas; o coordenador agra-deceu a colaboração de todos e pas-sou a palavra ao presidente da FEBe, depois, a Attílio Campanini, pre-sidente da Entidade Federativa an-fitriã, o qual prestou homenagensaos dirigentes do “Lar Bom Re-pouso” e proferiu a prece de en-cerramento.

No período de 20 a 23 de julhode 2006, será realizado em Brasí-lia o 1o Encontro Nacional de Co-municação Social Espírita, pro-movido pela Área de Comunica-ção Social Espírita das ComissõesRegionais do Conselho Federa-tivo Nacional da Federação Es-pírita Brasileira.

Sob o tema “Integrar para Di-namizar”, o evento visa reunir, pe-la primeira vez, os representantesdas 27 Federativas espíritas queintegram o CFN e atuam na áreada comunicação social.

São objetivos do Encontro:

1. Promover a aproxi-mação dos trabalhadoresda área de comunicaçãosocial para que se conhe-çam pessoalmente, tro-quem idéias, conheçamas atividades atuais e fu-turas de cada unidadefederativa e estreitem oslaços de amizade;

2. Estimular os parti-cipantes a se correspon-derem, após o evento,pelos meios possíveis, demodo a favorecer a siner-gia entre os órgãos regio-nais e a área de CSE daFEB;

3. Dinamizar o setor de CSE,pela integração pessoal dos tra-balhadores e a socialização dasatividades, possibilitando aos ór-gãos federativos dimensionar aspotencialidades no campo da co-municação social, em todo o ter-ritório nacional.

Em função desses objetivos, aprogramação prevê palestras, ofi-cinas de trabalho e dinâmicas degrupo sobre temas relacionadoscom a área de comunicação social,sob o enfoque doutrinário espírita.

As inscrições são limitadas àsrepresentações das Federativas Es-píritas Estaduais.

1o Encontro Nacionalde Comunicação Social

Espírita

39Ju lho 2006 • Reformador 227777

Page 40: Reformador 08 agosto_2006

s homens terrenos sãoainda prisioneiros de inú-meras ilusões. Suas prio-

ridades sempre estiveram concen-tradas no mundo físico, nos valo-res da matéria, e há muito poucotempo decidiram enfrentar cienti-ficamente a questão do autoco-nhecimento, apesar de suas raízeslongínquas estarem plantadas nasantigas religiões e filosofias. Nofrontispício do Templo de Apolo,na ilha grega de Delfos, podia serlida a seguinte inscrição: Homem,conhece-te a ti mesmo. Jesus, porsua vez, há mais de dois milê-nios, nos convida a descobrir quemsomos, quando nos ensina a fazerao próximo aquilo que gostaría-mos que nos fosse feito. Mas, de-zenas de séculos depois, a men-talidade humana predominanteainda é a dos seres, imediatistas,que em nada se assemelham aoperfil dos homens lúcidos e mag-nânimos que poderíamos ser,caso viéssemos a avançar definiti-vamente na estrada do autoco-nhecimento. E isso inclui, obvia-mente, a descoberta da dualidadedo ser, ou seja, da interação cor-

po–espírito. A nossa veia animalcontinua superando, e muito, nos-sas tendências para realizações deordem superior. Não consegui-mos aceitar diferenças raciais, cul-turais e religiosas, sem que se esta-beleça de pronto um clima de ani-mosidade e divisão. Chegamos aoódio em nome do pueril orgulhonacional com espantosa rapidez,incorrendo facilmente em atos deviolência e de guerra, o que ocorretambém no terreno da religião, dapolítica e do esporte. Para cura-rem seus complexos de inferiori-dade, gerados pela máquina pu-blicitária consumista, os homenslutam para impor a personalidadeaos outros, fazê-los seus admira-dores, ou colocá-los debaixo dosseus pés. Estão sempre compe-tindo na tentativa insaciável deprovar a si mesmos que são espe-ciais ou melhores que os de-mais. Sentem-se sempre pre-judicados nas suas ambições,e só querem saber de justi-ça quando seja para defen-der seus próprios interesses.Não podem compreenderque essa ânsia de competir

com os outros é fruto de um siste-ma social errôneo, que se refleteem cada cidadão, transforman-do-o em um novo e perigoso focoreprodutivo dos mesmos e perni-ciosos equívocos com os quais secontaminou. Vivemos numa or-dem mundial que amarga a ende-mia do desrespeito aos direitos dohomem e da Terra; que idolatra odinheiro e o poder; que subjuga a igualdade natural a títulos in-ventados e cálculos frios de uma

m e n t a l i d a d evoraz que em

tudo vê pos-sibilidades

Decência,respeito e fé

ORO NA L D O MI G U E Z

40 Reformador • Ju lho 2006 227788

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de egoístico deleite. É aí que nostornamos hipócritas, mentirosose vis, porque deixamos de estar aserviço de nossa própria nature-za, e sim das necessidades artifi-ciais em que passamos a acredi-tar. Nosso fim ao longo desse pro-cesso é nos tornarmos, simulta-neamente, vítimas e algozes des-se moedor de carne humana queé a competição social, em detri-mento de bens e valores espiri-tuais que nos poderiam conduzira maiores satisfações. É assim que,por ironia, nos esmagamos mu-tuamente, exterminando a sadiacompaixão natural que deveriaconduzir as nossas relações emqualquer dimensão.

Afinal, somos obrigados aaceitar a herança de iniqüidadesgerada no seio das sociedades?Não existirão outros caminhos?Precisamos mesmo nos submeterao rolo compressor das mediocri-dades humanas para sobreviverneste mundo a qualquer custo?Devemos ficar de joelhos dianteda corrupção e da mentira? Não!Se assim o fizermos, não podere-

mos dormir jamais o sono dosjustos. Nunca estaremos em pazvivendo em contradição conoscomesmos, contrariando a voz mo-ralizadora de nossa alma, ou tor-nando perversa essa inteligênciaque nos foi dada como meio deaperfeiçoamento de nossa natu-reza. Como poderemos reivindi-car direitos que não queremosconceder? De que forma denun-ciaremos a exploração e a ganân-cia, se sonhamos com seus frutostodos os dias? Como poderemosinvocar a paz para as nações, sesomos nós mesmos o braço daviolência cotidiana junto aos queestão ao nosso lado? De que for-ma clamar contra a tirania sepermanecemos tiranos em po-tencial?

É preciso parar e pensar. Nósnão poderemos mudar a facesombria do mundo, enquanto en-sinarmos aos nossos filhos quedevem perseguir os mesmos va-lores apodrecidos e mesquinhos,pelos quais muitos bem-sucedidosdesse mundo, venderiam a pró-pria alma.

Estamos diante de uma encru-zilhada fatal. Continuar nesse ca-minho nos levará certamente adestruições cada vez maiores.Agora, se temos que falar de de-cência e de respeito humano, emmeio a esse caos moral no qualnos vemos mergulhados, preci-

samos também, imediatamen-te, falar de fé. Que outro po-der poderia nos conduzirpor entre espinhos escabro-sos, a uma vida honrada eútil ao bem comum? Sem

fé será impossível caminhar soba tormenta. Sem fé não gerare-mos o entusiasmo necessário paravencer a nós mesmos, e não re-sistiremos ao choque das ondasdesestabilizadoras que nascem damaldade humana, esse câncer doconvívio que nós ainda não apren-demos a controlar. Precisamosdepositar fé em nossos projetos elutar por eles honradamente; con-fiar em Deus que nos concedeuliberdade e inteligência, sinalizan-do, dessa forma, com a nossa res-ponsabilidade na construção dodestino.

Se ainda nos resta alguma esperança, alimentemos com elanossos sonhos de um mundo me-lhor, e sejamos fiéis aos princí-pios de nossa consciência. Se ain-da temos amor, não nos conta-minemos com a frieza daquelesque se renderam ao pessimismo.Se ainda acreditamos na paz e as-piramos por ela, façamos da paznossa filosofia de vida, mesmoque todos se dediquem à guerra.Se ainda temos algum orgulhopor nossa grandiosa naturezahumana, aceitemos com humil-dade o compromisso de recons-truir a dignidade do mundo emque vivemos, aprofundando maisa cooperação e o respeito sem dis-criminar ninguém, praticandouma religião sem preconceitos,se tivermos uma. E nunca nos esqueçamos de não conceder nos-so aplauso à corrupção e ao cri-me que, lamentavelmente, aindafascinam e excitam a avidez ma-terialista de muitos dos nossosirmãos.

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Mato Grosso: Confraternização Espírita A Federação Espírita do Estado de Mato Grosso,dando cumprimento à sua programação anual, realizade 21 a 23 de julho corrente a Confraternização dosEspíritas de Mato Grosso (CONEMAT), em Cáceres,na Escola Estadual XI de Março (Rua Tiradentes, s/n.– Centro).

R. G. do Sul: Eventos Médico-Espíritas II Jornada Médico-Espírita da Serra Gaúcha – pro-movida pela Associação Médico-Espírita da SerraGaúcha em Caxias do Sul, no Teatro São Carlos, dias26 e 27 de maio, com o tema “Direito à Vida”, desen-volvido pelos expositores: Dra. Marlene Nobre (SP),Dr. Décio Iandoli Jr. (SP), Dr. Sérgio Geremia (RS) eDr. Izaias Claro (SP).

II Seminário Espírita de Pelotas – realizado noTeatro Guarany, em 28 de maio, com o tema “Ciênciae Espiritualidade”, tendo como expositores os médi-cos: Dra. Marlene Nobre (SP), Dr. Décio Iandoli Jr.(SP), Dr. Gilson Roberto (RS), Dr. Edi Nascimento(RS) e Dr. Sérgio Luis da Silva Lopes (RS). O eventoteve a promoção da Liga Espírita Pelotense e da As-sociação Médico-Espírita de Pelotas.

Itália: Encontro Espírita Organizado pelo Gruppo de Lecco Allan Kardec, com acolaboração do Conselho Espírita Internacional(CEI), realizou-se no dia 28 de maio, em Lecco, o IIEncontro Espírita, com os seguintes temas e exposi-tores: “Movimento Espírita e Unificação” e “A Práticado Evangelho em Família e os benefícios para a comu-nidade”, por, respectivamente, Charles Kempf, daFrança, e Elsa Rossi, da Inglaterra, ambos da Coor-denadoria do CEI-Europa.

São Paulo: Comunicação Social Espírita A União das Sociedades Espíritas do Estado de SãoPaulo (USE), com o apoio da Associação dos Divul-gadores do Espiritismo do Estado de São Paulo (ADE--SP), realizou em sua sede (Rua Dr. Gabriel Piza, 433

– Santana), no dia 21 de maio, o Encontro Estadual deComunicação Social Espírita, destinado aos traba-lhadores e dirigentes da área de comunicação socialdas instituições espíritas, assim como aos demais interessados.

Casas Espíritas centenáriasO Centro Espírita Cristófilos, do Rio de Janeiro, emcomemoração ao seu 102o aniversário, promoveu, noperíodo de 24 a 29 de abril, um ciclo de palestrassobre princípios espíritas, com os expositores CésarSoares dos Reis, Jorge Andréa dos Santos e SoniaDias.

O Centro Espírita “Amor ao Próximo”, de Leo-poldina (MG), está comemorando o seu centenáriode fundação (ocorrida em 3 de junho de 1906). Namesma data, a instituição inaugurou o Ginásio Leo-poldinense, atual Escola Estadual Botelho Reis.

Peru: Encontro Espírita A Federação Espírita do Peru (Feperu) promoverá,em agosto, o 1o Encontro Espírita Peruano. A institui-ção anunciará em breve a programação do evento,que já conta com a presença confirmada de DivaldoPereira Franco. Endereço da Feperu: Madrid, 145 –Miraflores, Lima, Peru.

E-mail: [email protected]

Divaldo na EuropaDurante o mês de maio, o tribuno espírita DivaldoPereira Franco realizou um ciclo de palestras na Eu-ropa, percorrendo os seguintes países: Alemanha (de10 a 17), nas cidades de Manheim, Stuttgart, Frank-fourt, Bonn e Hamburgo; Principado de Luxemburgo(15); Noruega, em Oslo (18 e 19); Finlândia, emHelsinque (20 e 21); Polônia, em Varsóvia (23); eHungria, em Budapeste (26 ou 27).

Em junho, Divaldo esteve na Inglaterra, com aseguinte programação: dia 11, Seminário em Bri-ghton: dia 12, palestra em Brixham-Devon; dia 14,palestra em Londres.

Seara Espírita

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