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FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 126 • Nº 2.151 • Junho 2008 D EUS , C RISTO E C ARIDADE R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749 Veja nesta Edição O homem de bem Leis do equilíbrio A mediunidade na literatura (Grécia) Vigilância Oração e (Mateus, 26:41.) e , para que não entreis em .” Vigiai orai tentação

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F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 126 • Nº 2.151 • Junho 2008D EUS , CR I S TO E CAR I D AD E

R$ 5,00

ISSN 1

413

- 1

749 Veja nesta Edição

O homem de bem

Leis do equilíbrio

A mediunidade na literatura (Grécia)

VigilânciaOraçãoe

(Mateus, 26:41.)

“ e , para que nãoentreis em .”

Vigiai oraitentação

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 126 / Junho, 2008 / N o 2.151

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

Vigiai, orai e fazei o bem!

Entrevista: Gorete Newton

O Espiritismo na Suíça

Presença de Chico Xavier

Na cura da obsessão – André Luiz

Esflorando o Evangelho

Facciosismo – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Esperanto e Esperantismo – Affonso Soares

Conselho Federativo Nacional

Reunião da Comissão Regional Nordeste

Seara Espírita

A personalidade humana – Juvanir Borges de Souza

Obsessão pandêmica (Capa) –

Manoel Philomeno de Miranda

Oramos – Emmanuel

O homem de bem – Richard Simonetti

Exaltação de si mesmo – Umberto Ferreira

Leis do equilíbrio – Lucy Dias Ramos

A mediunidade na literatura (Grécia) –

Humberto Schubert Coelho

Retificando...

Em dia com o Espiritismo – O período gestacional –

Marta Antunes Moura

Aos Colaboradores

A ciência da afetividade – Carlos Abranches

Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica –

Nascimento de Jesus – Haroldo Dutra Dias

Congresso discute amor e educação em Minas Gerais

Encontro Espírita em Cuba

Ecologia é tema de Congresso Espírita

Deolindo Amorim e a defesa dos postulados espíritas

– Elíseo Claudio Navega Saldanha

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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Editorial

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stamos vivenciando a fase de transição em que a Terra passada condição de Mundo de Expiações e Provas para Mundo deRegeneração.

De um lado, vemos o aprimoramento da Ciência e da Tecnologia trazendofacilidades para a vida do homem; a multiplicação de organizações cria-das com o objetivo de dar garantia de vida digna às pessoas; e os órgãosgovernamentais desenvolvendo o seu trabalho voltado a atender, cada vezmais, às necessidades de seus cidadãos.

De outro lado, encontramos pessoas em crises existenciais, sem respostasaos seus questionamentos íntimos a respeito do que são, qual a razão da dorque enfrentam e qual o objetivo de suas vidas; focos de desequilíbrio socialreclamando reparação em regime de urgência; catástrofes climáticas deamplo espectro; e insegurança social, o que leva muitos à depressão e a pro-blemas de saúde de complexo restabelecimento.

À luz da Doutrina Espírita, este quadro demonstra, também, um intensointercâmbio entre os seres humanos e os Espíritos desencarnados, de mútuainfluência, independentemente do nível moral e intelectual que apresen-tam, dentro do princípio de afinidade que preside este relacionamentomediúnico.

Reformador, nesta edição, traz matérias relacionadas com estes assuntos,falando a respeito dos processos obsessivos, em suas variadas manifestações,assim como a respeito dos caracteres do homem de bem.

A análise destas questões, feita sob a ótica do Espiritismo, leva-nos,fatalmente, à compreensão de que a melhor maneira de nos posicionar-mos no atual contexto, considerando, principalmente, a sintonia com osEspíritos que o nosso comportamento estabelece, é a de vigiar, orar e fazero bem até o limite de nossas possibilidades, como preceitua o Evangelhode Jesus.

E

Vigiai, orai efazei o bem!

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essência da personalidadehumana – o homem, talcomo o conhecemos na

Terra –, não é o corpo físico, coma multiplicidade das aparênciascom as quais se apresenta.

Na realidade, o verdadeiro eu, ocentro do ser, é a consciência indi-vidual, com suas potencialidadeslatentes que se desenvolvem demúltiplas formas, desde suacriação por Deus, simples eignorante, mas com pos-sibilidade de progressoem conhecimentos e sen-timentos praticamentesem limites.

Confundir a persona-lidade humana com ocorpo material, com quese apresenta neste mundo,é erro que se deve à ignorân-cia própria de uma comunida-de que se deixou influenciar pelasaparências, sem se preocupar coma essência das coisas.

Esse fato é comum nos plane-tas atrasados, como o nosso, nosquais se formulam filosofias defundo materialista e niilista, desti-nadas a explicar não a essência e a

realidade das coisas, mas o que éaparente e ilusório.

O entendimento das realida-des, das verdades eternas nemsempre evidentes, altera inteira-mente conceitos antigos e assen-tes, tornando possível uma nova

concepção do que são a verdadee a vida.

O conhecimento do Espiritis-mo, trazido pela Espiritualidadesuperior, proporcionou novas in-

formações sobre a verdadeira vidae confirmou a promessa de Jesusde enviar um outro Consolador,com a revelação de coisas novaspara toda a Humanidade.

As filosofias e as religiões quepredominam neste orbe, desdetempos imemoriais, pelos seusdesvios e ilusões, distanciaram--se da verdade e da vida e de sua

natureza.As camadas mais profun-

das do ser consciente, imor-tal, que se destina à per-feição por determinaçãodas leis justas do Criador,continuaram obscuras,incompreensíveis e ilu-sórias, apesar das lições e

exemplos de Jesus, quenão foram entendidos se-

não por um pequeno núme-ro de seus seguidores, já que a

grande maioria dos denominadoscristãos seguiu as interpretaçõesinexatas dos homens, com seusinteresses imediatistas.

Nas demais religiões e nas filo-sofias criadas pelos homens, afundamentação dos interessesnão difere muito, em todas elas,

A personalidadehumana

AJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

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com base na continuidade do eu ede sua sobrevivência.

Não vamos nos referir ao puromaterialismo e ao nadismo, que sóadmitem a vida como conseqüên-cia da matéria, em suas múltiplascombinações, não cogitando daexistência do espírito. Segundo es-sas duas concepções, com a mortedo corpo físico toda a vida do sertermina no nada, não mais se cogi-tando do que foi a personalidade.

Diante da realidade do queocorre neste mundo de “expiaçõese provas”, em que bilhões de cria-turas humanas têm vivido e renas-cido muitas vezes, ignorando suaverdadeira condição de seres imor-tais, torna-se evidente a importân-cia de ressaltar o objetivo do Espi-ritismo, o Consolador, que vem re-por as coisas nos lugares certos, re-tificando erros de milhares de anos.

Para milhões de seres chegou ahora da verdade e o fim das ilu-sões, terminando com o sofri-mento íntimo do temor da morte,trazendo-lhes a alegria da conti-nuidade da vida e para outros acerteza de que o objetivo a alcan-çar é a cessação dos sofrimentos,com a vivência do bem e do amor.

Para cada ser que vive na incer-teza quanto ao futuro que o espe-ra, a Doutrina Consoladora dá aconvicção de que todos estão sub-metidos a leis justas e eternas e,por isso, nada há que temer, já queo próprio sofrimento é a forma desubstituir o que não foi aceito es-pontaneamente: a prática do bem.

Com a certeza da existência deuma justiça infalível, perfeita, quefaz sejam reparados todos os errosdos transgressores por meios apro-priados, sem a necessidade da con-denação dos culpados às penas deum inferno eterno, como ensinamdiversas religiões, inclusive as igre-

jas cristãs, o Consolador retificainterpretações infelizes, que

sustentaram, por milharesde anos, a existência de tor-mentos sem fim, inconciliá-veis com a bondade e a jus-tiça perfeita de Deus.

Em cada personalidade,limitada pela encarnação

em um corpo físico, emmundos materiais, aindividualidade nãoé mais do que umaparte do eu mais pro-

fundo, no qual estãoregistrados inúmeros fa-

tos vividos, recordações não aflo-radas do passado do Espírito.

No decorrer de uma vida nor-mal, em uma nova encarnação, es-sas vivências passadas permanecemlatentes, como se não existissem,adormecidas no invólucro material.

Mas há casos de desdobramen-tos da personalidade, de premoni-ções e de telepatia, com a manifes-tação de sentidos novos, fatos quenão devem ser confundidos com osdiversos aspectos da mediunidade.

Essas manifestações incomunssão desdobramentos da persona-lidade do eu oculto, que existe emtodos nós, uma vez que todos vi-venciamos um passado que, nor-malmente, fica esquecido, enquan-to permanecemos encarnados, masque pode aflorar em circunstân-cias especiais.

Todos esses fatos se ligam e sãoesclarecidos pelo grande princípioespiritualista da reencarnação, semo qual o destino dos seres humanose a multiplicidade dos fenômenosda vida não teriam explicações cor-retas, constituindo-se em verdadei-ros mistérios para as religiões tra-dicionais e as ciências materialistas.

A reencarnação, lei divina quese liga à justiça infalível, ao progres-so individual, ao destino do ser, quenecessita adaptar-se à Lei Suprema,é comprovada por muitas formas econfirmada pela Revelação Espírita.

É necessário renascer, comoforma comum de atender à evolu-ção do Espírito, às correções doserros e desvios individuais e derealizar os compromissos contraí-dos, que deixaram de ser atendi-dos por circunstâncias diversas.

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O princípio das vidas sucessi-vas é tão lógico que afasta imedia-tamente o absurdo da condenaçãoeterna dos pecadores, por umDeus justo.

É inadmissível que a sabedoriae a bondade do Criador estives-sem em nível inferior ao de mui-tos homens, que são capazes deperdoar e de encontrar meios efi-cazes para a retificação de erros edesvios humanos.

Persistir na idéia esdrúxula deum inferno eterno para as criatu-ras que cometem faltas, no decor-rer da vida, é negar a bondade e ajustiça de Deus, colocando-o emposição inferior à dos homens.

“Ninguém verá o Reino deDeus se não renascer da água e doEspírito” – disse Jesus a Nicode-mos. (João, 3:5.)

O renascimento da água e doespírito é uma clara referênciado Mestre à necessidade de repe-tir a vida material, para as retifica-ções e aprendizagens necessárias,naturalmente usando uma lin-guagem apropriada à época e àcompreensão dos homens.

Muitos religiosos se limitam aassistir à pregação feita em suasigrejas, contentando-se com o queouvem, sem indagar se são verda-des, simples repetições de errostradicionais, ou interpretaçõesequivocadas.

De outro lado, os positivistas eos materialistas contentam-se como momento em que vivem, nãocogitando se suas idéias lhes sãoprejudiciais, hoje ou no futuro.

Também as ciências oficiais,cuidando especialmente do que se

refere à matéria, desprezando oelemento espiritual em suas pes-quisas e interesses, contribuemmuito pouco para a prevalênciada verdade, especialmente no querespeita à vida, que não são so-mente os aspectos materiais, mastambém os espirituais.

Nossa esperança é que o pro-gresso, sendo lei divina, modifica-rá o status atual das sociedadeshumanas, cuja imensa maioriaainda não despertou para as ver-dades comprovadas da sobrevi-vência da alma, que tem aspectosdestoantes completamente do quetem sido entendido e cultivadopor séculos e milênios, com evi-dente prejuízo para a verdade e asrealidades da vida.

O que não se pode é desanimardiante da ignorância e da má von-tade de uma maioria da popula-ção da Terra que, por motivos di-versos, ainda não consegue abrir osolhos de ver e os ouvidos de ouvir.

Cada Espírito que renasce emum envoltório físico conserva, la-tentes, suas aquisições do passado.

Assim, suas faculdades não sedestroem, já que suas raízes estãoligadas ao inconsciente, com asimpressões, os conhecimentos eas experiências adquiridos ante-riormente.

É o que constitui o caráter, amaneira de ser e de sentir de umindivíduo, e que o distingue deoutras pessoas.

A criança herda de seus pais aforça vital, à qual se juntam ou-tros elementos hereditários.

Por outro lado, o perispírito seune, molécula por molécula, àmatéria do gérmen. Neste, existeuma energia que se transformaem força ativa durante toda a vidado ser humano.

Na ocasião do renascimento oEspírito perde a memória do seupassado. Esse esquecimento énecessário para que possa con-servar a liberdade de agir na no-va encarnação.

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a atualidade sociomoral doplaneta terrestre, dois fe-nômenos em torno dos

relacionamentos humanos fazem--se assinalar de maneira expressiva:o coletivismo e o individualismo.

No primeiro caso, conformeassinalam diversos estudiososda conduta, há uma necessidade derealizações coletivistas, nas quaiso indivíduo perde a sua identi-dade, consumido pelas aspira-ções e sentimentos do mesmismodo grupo atuante. A sua capaci-dade de decidir e de opinar é as-fixiada na avalancha opinativado todo, eliminando a possibili-dade de melhor aprofundar a in-vestigação em torno das ques-tões apresentadas, facilitando-sea sua divulgação apressada, nãopoucas vezes insensata...

Assumem-se idênticas postu-ras, laboram-se com semelhantesobjetivos e as extravagâncias so-brepõem-se aos nobres projetosdo idealismo saudável, seguindo--se a onda dominadora do tudoigual.

Rapidamente as novidades to-mam corpo e são divulgadas, igua-lando os comportamentos e os

hábitos sociais, lamentavelmente,nas suas expressões menos eleva-das, no entanto, mais cômodas eprazerosas.

A globalização social padronizao que é certo e programa dentrodos seus esquemas de interessesnegocistas o conveniente e sedutor,anestesiando as mentes sonhado-ras e independentes que terminampor ser vencidas em face do volu-me da massa que triunfa e pelaalgazarra das vozes em desalinho...

Desaparece o espaço para ailuminação pessoal, a introver-são edificante e a análise de si-tuação diante dos acontecimen-tos que se sucedem rapidamente.

Tem-se a impressão de que oviver e o gozar agora são essen-ciais e que, logo mais, tudo mer-gulhará no caos...

Os hábitos sadios, a cidadania,o ético são nivelados ao espúrio eao vulgar pelos multiplicadoresde opinião, pelos líderes de au-diência nos veículos de comuni-cação de massa, na insensatez ena alucinação dos sentidos.

São apresentados como legíti-mos os comportamentos ante-riormente tidos como alienantes,

mas que, de súbito, ganham pres-tígio, porque propostos por per-sonalidades famosas, mas que al-cançaram o destaque por meiospouco recomendáveis.

As conquistas coletivistas igua-lam executivos e trabalhadores,políticos e artistas, comerciáriose juristas em padrões estranhos,que são aceitos, de forma a nãoos diferenciar, em cujos grupossão exaltados o egoísmo, o ime-diatismo, o poder de qualquer ma-neira, lícita ou desonestamente.

É certo que há significativasexceções, que se constituem mo-delos para o futuro da sociedade,quando soçobrar este período deavalanchas de desequilíbrio.

Os encontros sociais quasesempre são vazios de conteúdo,nos quais discute-se muito e ou-ve-se pouco, porquanto cada qualestá fixado no seu próprio interes-se, logrando-se realizar encontrosvolumosos com pessoas solitárias,evocando-se os grupos antigosque se reuniam nas hoje decaden-tes cortes, conforme as ambições,apoiando-se uns nos outros ousorrindo e conspirando uns con-tra os outros, em insidiosas arma-

Obsessãopandêmica

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dilhas propostas pela hipocrisia epela desconfiança.

O segundo grupo, fugindo dabalbúrdia, pretende que sejamevitados problemas individuais egerais, refugiando-se na intimi-dade dos seus lares ou gabinetes,dos seus escritórios, suspeitosose irascíveis, como utilizando-sede mecanismos protetores de de-fesa em que se encastelam.

Outros tantos indivíduos, es-camoteando os transtornos so-ciofóbicos, recorrem à comuni-cação virtual e alienam-se da fa-mília, daqueles que se lhes afei-çoam, assim como dos demaiscompanheiros de jornada, paraas incursões doentias no fantás-tico e maravilhoso mundo da In-ternet, no qual ocultam as difi-culdades pessoais e exibem osanelos frustrados de glória e derealização pessoal.

Olvidando-se do instinto gre-gário, que reúne todos os animaisà volta uns dos outros, isolam-se,muito perturbando-se nos som-brios guetos em que se acolhem.

A facilidade da convivênciafraternal, os júbilos dos encon-tros amigos, os diálogos edifi-cantes entre aqueles que se esti-mam, o intercâmbio de idéias nocalor da vivência com o seu pró-ximo cedem lugar às fugas espe-taculares, que permitem ampliaro medo da morte, da doença, dodesemprego, da traição, masprincipalmente os medos absur-dos da vida e do amor.

Temem amar, receando não se-rem correspondidos, o que repre-senta insegurança pessoal e dese-

quilíbrio emocional, por impedir--se a inefável alegria de intercam-biar sentimentos dignificantes.

Ambos os grupos, a pouco epouco, em distanciando-se, per-dem a faculdade do relaciona-mento saudável, do calor da con-vivência, da emoção resultante dapermuta de idéias e de aspirações.

Naturalmente permanece ex-pressiva e inatacável faixa de mu-lheres e homens saudáveis, quese sustentam na comunicação pes-soal acolhedora, nas buscas demais adequadas soluções para os

problemas e desafios do momen-to, interessados no bem-estar detodos e certamente no progressoindividual e social.

Nos referidos grupos coleti-vistas e individualistas, mesmoquando parecem viger sentimen-tos religiosos, ei-los adstritos aossignificados egoísticos que abra-çam, insensíveis às necessidades daHumanidade que sofre e aguardaajuda para desenvolver-se.

Como a vida pertence ao Espí-rito, encontrando-se no corpo oufora dele, os seus sentimentos e

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pensamentos mesclam-se em per-feito intercâmbio com aquelesque lhes são afins.

Predominando as paixões in-feriores na grande maioria dosreencarnados e desencarnados quepovoam o orbe planetário e o seuentorno, é compreensível que ter-minem identificando-se psíquicae moralmente, dando lugar àsinfestações e obsessões tanto in-dividuais quanto coletivas.

Sutilmente, participando dosinteresses dos incautos na viagemcorporal, seus inimigos desencar-nados instilam-lhes idéias doen-tias até apossarem-se do seu ra-ciocínio, fazendo-os tombar iner-mes nas suas hábeis armadilhas.

Noutras ocasiões, agridem-noscom violência, produzindo-lhes

surtos de morbidez que os avas-salam, arrastando-os indefesosaos seus objetivos infelizes.

Geram-se transtornos emocio-nais, psíquicos e com igual inten-sidade enfermidades simulacros.

Os fluidos morbíficos, ingeri-dos psiquicamente pelo reencar-nado, misturam-se aos complexosmecanismos das neurocomunica-ções cerebrais, da mitose celular,dando lugar a desorganizações fi-siológicas, agredindo o sistemaimunológico através do qual agen-tes destrutivos da fauna microbia-na atacam o organismo, instalan-do enfermidades reais ou provo-cando sintomas perturbadores.

A Divindade sempre propor-ciona os recursos hábeis para aprecaução ao terrível flagelo e pa-ra a sua recuperação quando jáinstalado.

Desatentos, porém, e compra-zendo-se na inferioridade dossentimentos, perseguidores e per-seguidos optam pelo combate in-

glório da ignorância, ampliando aárea dos vitimados pela obsessão.

Os estímulos exagerados ao pra-zer e não ao comedimento abremas comportas morais para a sim-biose emocional e se torna difícilestabelecer a fronteira separativado que é lícito e se pode fazer emrelação ao tudo conseguir deven-do o máximo fruir.

O espetáculo, pois, da obsessãopandêmica choca e comove, sensi-bilizando o inefável amor de Jesus,que promove as reencarnações denobres Mensageiros para o escla-recimento da sociedade a respeitoda angustiante situação, através dareconquista ética do amor, do de-ver, da fraternidade, do perdão, daoração e da caridade.

As trombetas do Além soam econvocam os servidores do Bema que bradem e cantem o poemada saúde e da paz, embora a alga-zarra generalizada, conseguindosensibilizar muitos que aindapodem ser despertados e libera-dos da situação deplorável.

O vigiai e orai torna-se de in-comum significado terapêutico,neste momento, a fim de prevenira sociedade a respeito da infelizpandemia, assim como para li-bertar os ergastulados nas amar-ras e prisões da momentânea en-fermidade moral-espiritual.

Manoel Philomeno de Miranda

(Página psicografada pelo médium Di-

valdo Pereira Franco, na reunião mediú-

nica da noite de 11 de julho de 2007,

no Centro Espírita Caminho da Re-

denção, em Salvador, Bahia.)

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Reformador: Como se desenvolve oEspiritismo na Suíça? Há maisgrupos em francês ou em alemão?Gorete: O Espiritismo na Suíça nãoé algo novo. Por exemplo, em Win-terthur encontramos, nos arquivosda cidade, informações sobre umgrande jurista, estudioso e escri-tor espírita, chamado Georg Sulzer(1844-1929). Na atualidade, o Es-piritismo voltou a desenvolver-see já há oito centros espíritas fun-cionando nos diversos Cantões daSuíça, por brasileiros ou por suí-ços que viveram e estudaram noBrasil. Todos com atividades emportuguês e no idioma equivalenteao Cantão onde se encontram, ouseja, metade adota o francês e me-tade o alemão. Está atuante a Uniãodos Centros de Estudos Espíritasna Suíça (UCESS) que representa oMovimento Espírita da Suíça juntoao Conselho Espírita Internacional.

Reformador: Há programaçõesanuais da União? Quantas insti-tuições estão integradas à União?

Gorete: A UCESS tem como obje-tivo a promoção de pelo menosum Encontro Espírita a cada doisanos e também a tradicional Feirado Livro Espírita. Integram aUCESS seis centros e mais um seencontra em processo de adesão.Há informações disponíveis noendereço eletrônico da UCESS:www.spiritismus.ch

Reformador: Como são as reu-niões e a freqüência de partici-pantes no Centro Espírita quevocê dirige, em Winterthur?Gorete: O Centro de Estu-dos Espíritas Allan Kardec(CEEAK) mantém todas asatividades básicas, comonos centros espíritas doBrasil: exposições doutri-nárias, passes, grupos deestudo das obras bási-cas, evangelizaçãoinfanto-juvenil,reunião mediúni-ca e atendimentofraterno. Nossa

maior freqüência acontece nasreuniões doutrinárias, às terças--feiras, com uma média de 80 pes-soas. Uma vez por mês as exposi-ções doutrinárias são realizadasno idioma alemão. Também dis-pomos de um grupo de estudosdas obras básicas em língua ale-mã, que é freqüentado somente

O Espiritismona Suíça

Gorete Newton, dirigente da União dos Centros de Estudos Espíritas na Suíça, comenta

o desenvolvimento do Espiritismo naquele país e os recentes lançamentos de livros

em alemão editados pelo Conselho Espírita Internacional

11Junho 2008 • Reformador 220099

GO R E T E NEW TO NEntrevista

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por suíços, o que para nós é moti-vo de muita alegria e sentimentode estarmos alcançando o objetivomaior: plantar raízes definitivaspara que a Doutrina Espírita ve-nha a florescer na Suíça para umpovo tão especial quanto este como qual fomos chamados a viver.Informações sobre o Centro, pelapágina eletrônica: www.ceeak.ch

Reformador: No Movimento Espí-rita sempre há referências ao tra-balho de Pestalozzi, Laváter e Jung.São muito lembrados na Suíça?Gorete: Fora do Movimento Es-pírita, dentro da perspectiva quevivo, Pestalozzi, Laváter e Jungsão muito lembrados, mas os maisestudados e recordados são real-mente Pestalozzi e Jung. Sobre La-váter existem muitas referênciashistóricas, mas não têm a mesmadimensão das contribuições feitaspor Pestalozzi e Jung. Laváter émuito mais lembrado por nós es-píritas, devido à sua visão reen-carnacionista, do que pelo públi-co leigo. No Movimento Espírita,Pestalozzi o é com mais freqüên-cia, quando se referem à parti-cipação importante deste mestreda educação na formação morale intelectual do professor Rivail.Quanto a Jung e Laváter são sem-pre citados em seminários. Lavá-ter tem sido presença espiritualconstante, sentida principalmen-te quando há eventos espíritas. Écomo se começasse uma etapa no-va onde as coisas principiassem ase descortinar para todos.

Reformador: O Conselho Espírita

Internacional (CEI) promoveu doiseventos recentes na Suíça. Um se-minário em Yverdon (2007) e outroem Winterthur (2008). Quais sãoos reflexos de ambos?Gorete: Cada vez que nos reuni-mos em eventos promovidos pe-lo CEI é como se uma nova ondade forças e entusiasmo nos inva-disse e nos estimulasse cada vezmais a trabalhar. A comemora-ção dos 150 anos de O Livro dosEspíritos no Castelo de Yverdon,onde lecionou Pestalozzi e ondeKardec, ou melhor, Rivail estu-dou e se formou, foi um aconte-cimento ímpar, coroado por umgrande amor que nos aproximouuns dos outros, foi uma festa deluzes! Já o seminário em Winter-thur, sobre a preparação de tra-balhadores, abriu muitas opor-tunidades de aprendizado,esclarecimentos e recicla-gem de conhecimentospara todos os que deleparticiparam, e os refle-xos foram os mais positi-vos possíveis. Acho quedeveríamos promover maisvezes encontros como es-te na Europa, pois sãomuito positivos.

Reformador: E a expecta-tiva após os lançamentosdas edições do CEI, de OLivro dos Espíritos e de Nos-so Lar, em alemão?Gorete: Foi a maior vitóriaque alcançamos até hoje! O povosuíço é leitor em potencial, temmente aberta, sendo receptivo àsidéias espiritualistas e, portanto,

já preparado para receber o Espi-ritismo. O que nos falta é litera-tura na língua alemã para quepossamos levar o Espiritismoa este povo, e isto faz com que onosso trabalho seja lento. Por is-to, cada publicação na língua ale-mã é mais um passo em direção àdifusão da Doutrina nestas terrasabençoadas. A chegada destesdois livros foi como um momen-to solene, marcado de muitasemoções. No dia 7 de fevereirodeste ano acordei envolvida ememoções desconhecidas e tivemuitas visões que envolviama Segunda Guerra Mundial; vi oholocausto, do plano espiritual,relembrei uma reunião com enor-me número de pessoas que secomprometeram perante Espíri-tos superiores a trazer de volta à

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Europa o Cristianismo redivivo,através do Espiritismo, para que,com o esclarecimento da vida es-piritual, não viesse a se repetir oque assistíamos do plano espiri-tual naqueles dias de trevas sobrea Europa. Saí do transe e recebium e-mail com a informação deque os livros já estavam na Suíçae seriam entregues dia 7 pela ma-nhã. Chorei por horas... Os livroschegaram e quando fomos – eu,Walda e Edith, companheiras egrandes trabalhadoras da causaespírita –, ao Centro recebê-los,era como que o início de uma no-va etapa; foi um dia de lágrimasde emoção e gratidão, principal-mente pela interferência feita pe-los Espíritos para que o CEI fossequem editasse estas obras, o quenão era nosso objetivo inicial. Es-tamos trabalhando, junto comoutros irmãos, para que estasduas obras venham a ser conheci-das e estudadas pelos suíços as-sim como por todos os povos delíngua alemã, e temos fé e con-fiança em que iremos consegui-lo.

Reformador: Uma mensagem fi-nal ao leitor.Gorete: Para todos os que vivemno Brasil e pensam que viver fo-ra dele é melhor, mudem seuspensamentos. O melhor lugar domundo para se viver é lá ondeDeus nos coloca pela força natu-ral das circunstâncias, comoJoanna de Ângelis bem nosaconselha: “Floresças onde esti-veres!”. Para você, que é leitor eespírita, não se esqueça, em suaspreces, de pedir por todos os que

se encontram espalhados pelaTerra com a incumbência deplantar esta semente de amor, es-perança e justiça, que é o Espiri-tismo. Precisamos destas vibra-ções amorosas, pois nossa tarefa

não é fácil. Orem por nós. Daquida Suíça, enviamos a todos onosso carinhoso e sincero abra-ço, rogando a Jesus que nos ori-ente na necessidade de nos unir-mos e nos amarmos.

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Oramos

Fonte: XAVIER, Francisco C. Correio fraterno. 6. ed. Rio de Janeiro:FEB, 2004. Cap. 31.

Emmanuel

enhor!

Não te pedimos isenção das provas necessárias, mas apela-

mos para a tua misericórdia, a fim de que as nossas forças consi-

gam superá-las. Não te rogamos a supressão dos problemas que

nos afligem a estrada; no entanto, esperamos o apoio de teu amor,

para que lhes confiramos a devida solução com base em nosso

próprio esforço.

Não te solicitamos o afastamento dos adversários que nos en-

travam o passo e obscurecem o caminho; todavia, contamos com

o teu amparo, de modo que aprendamos a aceitá-los aproveitan-

do-lhes o concurso.

Não te imploramos imunidades contra as desilusões que por-

ventura nos firam, mas exoramos o teu auxílio a fim de que lhes

aceitemos, sem rebeldia, a função edificante e libertadora.

Não te suplicamos para que se nos livre o coração de penas e

lágrimas; contudo, rogamos à tua benevolência para que venha-

mos a sobrestar-lhes o amargor, assimilando-lhes as lições...

Senhor, que saibamos agradecer a tua proteção e a tua bondade

nas horas de alegria e de triunfo; entretanto, que nos dias de afli-

ção e de fracasso possamos sentir conosco a luz de tua vigilância e

de tua bênção!...

S

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efinindo o homem debem, em O Evangelho se-gundo o Espiritismo (cap.

XVII, item 3), diz Allan Kardec:

O verdadeiro homem de bem é oque cumpre a lei de justiça, deamor e de caridade, na sua maiorpureza. Se ele interroga a consciên-cia sobre seus próprios atos, a simesmo perguntará se violou essa lei[...] se desprezou voluntariamentealguma ocasião de ser útil, se nin-guém tem qualquer queixa dele;enfim, se fez a outrem tudo o quedesejara lhe fizessem.

Não sei se acontece diferentecom você, amigo leitor (em casoafirmativo, parabéns!), mas, lendoessa introdução, chego à lamentá-vel conclusão de que não sou umhomem de bem.

Constato que estou longe deexercitar plenamente a lei de justi-ça, amor e caridade, e de semprefazer aos outros o que desejariaque me fizessem.

Um único dia, ontem, em queme dei ao trabalho de uma análi-se, foi suficiente para evidenciarquão longe estou do ideal apre-sentado por Kardec:

Lei de Justiça.Cedi à tentação e comprei có-

pia genérica de um filme, desres-peitando os direitos autorais.

Lei de Amor.Irritei-me com um filho, ad-

moestando-o acremente em facede um destempero próprio deadolescente imaturo.

Lei de Caridade.Dei uns trocados a uma mu-

lher que me procurou com umfilho doente nos braços, exerci-tando a mera esmola que despa-cha logo o pedinte.

Não obstante, se algo podeser invocado em minha defesa,digo-lhe, caro leitor, que venhotentando anular o homem velho,de arraigadas fraquezas, que háem mim, favorecendo o nasci-mento do homem novo, o ho-mem de bem.

Admito que não é um exercí-cio de virtude; não as possuo.Apenas atendo a imperiosa ne-cessidade. Estou perfeitamenteconsciente, graças à Doutrina Es-pírita, de que esse empenho serelaciona com algo que interessa

O homemde bem

DRI C H A R D SI M O N E T T I

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muito tanto a mim quanto a você,que cultiva a paciência de acom-panhar meus raciocínios.

Está na questão 921, de O Livrodos Espíritos.

Interroga Kardec:

Concebe-se que o homem seráfeliz na Terra, quando a Humani-dade estiver transformada. Mas,enquanto isso não se verifica,poderá conseguir uma felicidaderelativa?

Responde o Mentor Espiritual:

“O homem é quase sempre oobreiro da sua própria infelicida-de. Praticando a lei de Deus, amuitos males se forrará e propor-cionará a si mesmo felicidade tãogrande quanto o comporte a suaexistência grosseira”.

A mensagem é clara.Nossas dores e males, atribu-

lações e tristezas estão direta-

mente relacionados com o fatode não cumprirmos as leis divi-nas, sintetizadas nas lições trans-mitidas e exemplificadas porJesus.

Então, batalhar com todas asforças de nossa alma por ser umhomem de bem não é simplesconcessão que fazemos à vivên-cia religiosa.

Muito mais que isso, é a base denosso bem-estar, de toda a felici-dade que possamos almejar.

Por isso estou tentando, semmuito sucesso em princípio, mascom perseverança. Tento evitar operigoso amornamento, a convi-vência pacifica do certo e do erra-do, do vício e da virtude, do beme do mal.

Aí reside o perigo.Jesus é taxativo a esse respeito

(Mateus, 7:21-23):

Nem todo aquele que diz: Se-nhor, Senhor! entrará no reinodos céus, mas aquele que faz a

vontade de meu Pai, que está noscéus.

Muitos me dirão naquele dia:Senhor, Senhor, não profetizamosem teu nome? E, em teu nome, nãoexpulsamos demônios? E, em teunome, não fizemos muitos milagres?

Então lhes direi abertamente:Nunca vos conheci. Apartai-vosde mim, vós que praticais a ini-qüidade!

Lembrando velha expressãopopular, seria conveniente, amigoleitor, pôr as barbas de molho,prestando atenção ao que pensa-mos e fazemos.

Cultivar aquele vigiai e orairecomendado por Jesus, a fim deque no último dia, o derradeiroda presente existência, não co-lhamos desagradáveis surpresasao embarcar para o Além.

Seria oportuno, também, nãoesquecer que o verdadeiro ho-mem de bem é aquele que traba-lha pelo bem dos homens.

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ssevera o sábio Instrutorespiritual Emmanuel:

Atitude sumamente perigosa

louvar o homem a si mesmo,

presumindo desconhecer que

se encontra em plano de servi-

ço árduo, dentro do qual lhe

compete emitir diariamente

testemunhos difíceis. [...]1

A esmagadora maioria doshomens traz do passado marcan-tes tendências inferiores; entreelas, a de exaltar a si mesmo. Nós,espíritas, não somos exceção. Ape-sar dos ensinamentos evangéli-cos e doutrinários, que nos aju-dam a ver a vida de um prismamais elevado, ainda não nos li-bertamos dessa tendência, que tan-to prejuízo moral e espiritual noscausa.

O trabalhador espírita podeexaltar-se pelo sucesso em quais-quer atividades: por ter grande

conhecimento doutrinário, pelosucesso na oratória, pela habili-dade em escrever, pela mediunida-de produtiva, por ocupar um car-go administrativo, pela caridadeque faz, por ser considerado vir-tuoso...

Nessa condição, agrada-lhe seralvo de elogios. Às vezes, nãoaguarda a louvação dos outros;provoca-as; ou exalta a sua pes-soa, suas qualidades e seus feitos.

Pondera Emmanuel que a ati-tude de louvar a si mesmo é mui-to perigosa para o homem. De fa-to, agindo assim, segue na contra-mão do progresso moral e reforçaas tendências inferiores, quandodeveria combatê-las.

É para combater as imperfei-ções que o Espírito reencarna; nãopara reforçá-las.

A finalidade do trabalho naseara espiritual é a de dar oportu-nidade ao homem de aplicar os co-nhecimentos e desenvolver as vir-tudes, a modéstia, a humildade;usá-lo para a exaltação dos méri-tos pessoais é desviá-lo dos seusnobres objetivos.

Exaltar a si mesmo é estacionarno progresso espiritual.

Muitas vezes, o espírita temconsciência das suas tendênciasinferiores, das suas imperfeições,mas ainda sente uma espécie denecessidade de ser exaltado, o quefaz bem ao seu ego. Com isso, adiaindefinidamente o início do es-forço para combatê-las.

Quem costuma exaltar os seustalentos e feitos, sobretudo o mé-dium, é alvo fácil dos Espíritos ad-versários do trabalho de Jesus; porisso fica vulnerável à obsessão.Quantos se deixam levar pelo es-pírito de grandeza e entram emprocessos de grave fascinação! E,quase sempre, requerem tempolongo para sair desse lamentávelestado...

Como prevenir? Que remédiopode ser empregado?

O estudo constante, a medita-ção, o hábito da oração, a vivênciados ensinamentos evangélicos, aobservância das instruções e dosalertas dos Espíritos, o exercícioda modéstia e da humildade: eisa solução.

Exaltação desi mesmo

AUM B E RTO FE R R E I R A

1XAVIER, Francisco C. Pão nosso. PeloEspírito Emmanuel. Ed. especial. Rio deJaneiro: FEB, 2005. Cap. 126, p. 265.

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econhecer no obsidiado, seja ele quem for, umfamiliar doente a quem se deve o máximo deconsideração e assistência.

Equilibrar a palavra socorredora, dosando conso-lo e esclarecimento, brandura e energia.

Não desconsiderar as necessidades do corpo anteos desbaratos da alma, conjugando os recursos damedicação e do passe, da higiene e da prece.

Incluir o trabalho por agente curativo, de acordocom as possibilidades e forças do paciente.

Abolir as sugestões de medo no trato com o obses-so, evitando encorajar ou consolidar o assalto de en-tidades menos felizes.

Tratar os Espíritos perturbados que, porventura,se comuniquem no ambiente do enfermo, não à con-ta de verdugos e sim na categoria de irmãos credoresde assistência e piedade.

Impedir comentários em torno da conversação de-sequilibrada ou deprimente dos desencarnados infe-lizes.

Policiar modos e frases que exteriorize, convencen-do-se de que o obsidiado, não raro, representa, só por si,toda uma falange de Inteligências necessitadas de recon-forto e direção, conquanto invisíveis aos olhos comuns.

Evitar suscetibilidades perante supostas ofensasno clima familiar do obsidiado, entendendo queuma obsessão instalada em determinado ambienteassemelha-se, às vezes, a um quisto no corpo, deitan-do raízes em direções variadas.

Compreender ao invés de emocionar-se.Abster-se de tabus e rituais, cujos efeitos nocivos

permanecerão na mente do obsidiado depois da pró-pria cura.

Solicitar a cooperação de amigos esclarecidos quepossam prestar auxílios ao doente.

Controlar-se.Desinteressar-se com os sucessos da cura, tendo

em mente que lhe cabe fazer o bem com discrição ehumildade.

Ensinar, mas igualmente exercer a caridade, obser-vando que, em muitos casos, o obsidiado e os que lhecompõem a equipe doméstica são pessoas necessita-das até mesmo do alimento comum.

Suprimir, quanto possível, os elementos que re-cordem tristeza ou desânimo, aflição ou tensão notrabalho que realiza.

Não atribuir a si os resultados encorajadores dotratamento, menosprezando a ação oculta e provi-dencial dos Bons Espíritos.

Educar o obsidiado nos princípios espíritas,encaminhando-o a um templo doutrinário emque possa assimilar as lições lógicas e simples doEspiritismo.

Socorrer sem exigir.Amparar o companheiro necessitado, sem pro-

pósitos de censura, ainda mesmo que surjammotivos aparentes que o induzam a isso, recordan-do que Jesus Cristo, o iniciador da desobsessãosobre a Terra, curava os obsidiados sem ferir oucondenar a nenhum.

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos

Espíritos Emmanuel e André Luiz. 12. ed. Rio de Janeiro: 2006.

Cap. 23, p. 135-137.

Na curada obsessão

17Junho 2008 • Reformador 221155

R

Presença de Chico Xavier

Pelo Espírito André Luiz

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egundo o pensamento deJoanna de Ângelis, no pro-cesso evolutivo do ser hu-

mano é indispensável o amadure-cimento moral responsável pelasuperação dos instintos, das sen-sações grosseiras e dos desejos ime-diatistas. É todo um amplo desen-volvimento que se inicia no ínti-mo de cada um de nós, buscando oamadurecimento afetivo e mental.Ambos são conquistados atravésda emoção equilibrada e do conhe-cimento que nos leva à compreen-são dos valores existenciais. Estepatamar, em seu processo de cres-cimento moral, leva o ser a am-pliar a visão do mundo que o cer-ca e suas perspectivas espirituais.

Quando estamos em desequilí-brio na área da emotividade, nos-so pensamento é desordenado efoge aos princípios que já havía-mos estabelecido para nossas vi-das. Já o pensamento ordenado éampliado pelo discernimento e pe-lo senso moral, o que nos leva auma compreensão maior dos reaisobjetivos de nossa existência.

É muito importante essa com-preensão quando sofremos. A Dou-trina Espírita nos oferece recursosinsofismáveis para a conquista des-tes valores. Com o conhecimentoespírita em torno do viver e do

sentir, o amadurecimento apoia-do no código da Lei Divina e acompreensão de nosso destino,agimos com maior segurança emnossa caminhada na busca doaperfeiçoamento moral.

Assim, vamos adquirindo amaturidade moral gradativa, sedi-mentada no amor que nos leva arespeitar os direitos alheios, agin-do para com o próximo como de-sejamos que aja para conosco. Es-sa maturidade moral é, portanto,a chave de nossa libertação espiri-tual, eximindo-nos dos efeitos coer-citivos da hipocrisia, do egoísmo,da vaidade e do orgulho. Nossopensamento se ajusta à lei moralque nos direciona a vida.

Allan Kardec, analisando a jus-tiça, fundamentada sobre a Lei Na-tural, na questão 876, de O Livrodos Espíritos, recebe dos Espíritossuperiores a seguinte instrução:

Disse o Cristo: Queira cada um

para os outros o que quereria pa-

ra si mesmo. No cora-

ção do homem im-

primiu Deus a re-

gra da verdadeira

justiça, fazendo que

cada um deseje

ver respeitados os

seus direitos. Na incerteza de

como deva proceder com o seu

semelhante, em dada circuns-

tância, trate o homem de saber

como quereria que com ele

procedessem, em circunstância

idêntica. Guia mais seguro do

que a própria consciência não

lhe podia Deus haver dado.1

Existem, segundo Joanna deÂngelis, dois sensos morais: oconvencional – que é oaceito, oportunis-ta, amoral ou imo-ral –, porque im-posto pelas conve-niências de cadaépoca, civilização ecultura – e o verda-deiro – que supe-ra os limites

Leis do equilíbrioS

LU C Y DI A S RA M O S

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ocasionais e sobrepaira legítimoem todas as épocas, qual aqueleestatuído no Decálogo e no Ser-mão da Montanha.2

Na história da Humanidade te-mos exemplos marcantes do sen-so moral verdadeiro, legitimadopelos testemunhos de seus defen-sores, como Moisés recebendo asleis morais do Decálogo que vi-gora até nossos dias, orientandopovos e civilizações na busca deum comportamento ético maisequilibrado. Insuperável em suaautoridade moral, Jesus, poste-riormente, quando a Humanida-de já estava mais preparada parareceber sua mensagem, legou, pa-ra todos os tempos, o Sermão daMontanha – código moral queestabelece o amor como funda-

mento de toda a lei,na busca do equi-líbrio e da evolu-ção humana.

O homem mo-derno, tentando

superar seus ins-tintos e suas emo-

ções desordenadas,busca a maturidade

social – viver emharmonia com seugrupo. Quandoele consegue es-te desiderato,torna-se mais

compreensi-

vo, conciliador, e age como umlíder natural. Vive pacificamente eproporciona alegria de viver a to-dos os que estão a seu lado.

Joanna de Ângelis coloca o serpsicológico como aquele que jásuperou as diversas etapas viven-ciais em seu processo evolutivo.Ele passa a ser útil socialmente,apto a uma vida saudável e produ-tiva no bem. Ela assim se expressa:

O homem maduro psicologica-

mente vive a amplidão infinita

das aspirações do bem, do belo,

do verdadeiro e, esvaído do ego,

atinge o superego, tornando-se

homem integral, ideal, no rumo

do infinito.3

Assim, em sua trajetória de evo-lução, caminhando rumo à per-feição moral, o homem enfrentarátodas as lutas e obstáculos com oobjetivo maior que o anima a su-perar o egoísmo, os vícios morais,o orgulho, movendo-se com liber-dade, mas optando pelo idealismosuperior direcionado pelo amor.

Na estruturação deste cresci-mento, a educação moral é a vigamestra que o sustentará em todosos momentos de dificuldade, dan-do-lhe subsídios para vencer osdesafios do caminho.

Allan Kardec enfatiza, em di-versos escritos de sua autoria, anecessidade desta educação namoldagem dos caracteres do ser

humano. Na questão 685-ade O Livro dos Espíritos co-

menta, ao analisar o as-pecto social da velhice

desamparada, que a

ciência econômica, sem a edu-cação, não encontrará o equilí-brio entre produção e consumo:

Há um elemento, que não se

costuma fazer pesar na balança

e sem o qual a ciência econômi-

ca não passa de simples teoria.

Esse elemento é a educação, não

a educação intelectual, mas a

educação moral. Não nos refe-

rimos, porém, à educação mo-

ral pelos livros e sim à que con-

siste na arte de formar os carac-

teres, à que incute hábitos, por-

quanto a educação é o conjunto

dos hábitos adquiridos. [...]4

Nos momentos atuais, em queimpera a desordem econômica esocial, não encontraremos as leisdo equilíbrio buscando apenas assoluções técnicas e aquelas dita-das pelos economistas e cientistassociais, amparados pelas teoriasde grandes financistas do mundomoderno. Estamos todos inseri-dos no mesmo processo, sofrendoas mesmas conseqüências moraisda miséria social, do oportunismoeconômico e das dilapidações dosbens de consumo. Cada um denós poderá agir com discerni-mento e ajudar na solução de tan-tos problemas, desde que façamosa nossa parte, cultivando hábitossaudáveis de ordem e previdência,além de integrar o meio social on-de vivemos, contribuindo comnossa parcela de honestidade ebom senso.

Muitos dirão que é utopia. Unspoucos idealistas não alterarão es-se estado de coisas, nem o caos

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econômico em que vivemos!... Maspoderemos argumentar que cadaum deverá agir segundo os dita-mes da consciência; e a união destesideais fará com que novos adeptosse juntem a nós na busca da paz,da segurança e da ordem social.

A educação moral é a solução alongo prazo para recuperar as gera-ções que estão chegando ao nossoplaneta, a fim de que a renovaçãode seus habitantes se faça como nosinstruem os benfeitores espirituais.

A violência urbana, a misériamoral e social, os desmandos po-líticos e todas as perturbações queatingem nossa sociedade serãocontidos através desta educação.

Afirma Allan Kardec:

[...] A desordem e a imprevidên-

cia são duas chagas que só uma

educação bem entendida pode

curar. Esse o ponto de partida,

o elemento real do bem-estar, o

penhor da segurança de todos.5

Esses comentários, feitos pelomestre Allan Kardec em torno do

problema social dos idosos e de-sempregados, servem para nossosdias e se enquadram na preocupa-ção que todos os homens de bomsenso têm em torno da soluçãodos problemas sociais que nosafligem. Todos sabemos que so-mente a educação, em seu sentidomais amplo, solucionará as difi-culdades que ora enfrentamos.Entretanto, poucos estão empe-nhados em usá-la como profilaxiados graves transtornos que a criseeconômica nos traz, carreando osconflitos sociais, a violência e adesordem para nossa sociedade.Há uma excessiva preocupaçãocom os problemas econômicos efinanceiros em todo o mundo, co-locando em segundo plano osproblemas sociais e educacionais,quando a solução dos primeirosdepende do aprimoramento inte-lectual e moral de todos os seres,para que possamos extirpar emdefinitivo de nosso planeta oegoísmo e o orgulho – entravesa esta conquista maior em nossaevolução espiritual.

Finalizando nossas apreciaçõesem torno dos problemas sociais,vamos refletir, sob a luz do Evan-gelho de Jesus, nas palavras deEmmanuel, quando nos alerta:

Triunfarás na realização dos ele-

vados propósitos que te ani-

mem, entretanto, triunfarás pa-

ra estender as mãos aos vencidos

a fim de que se refaçam e venham

igualmente lidar na edificação

do bem de todos; disporás de

recursos que te garantam abas-

tança e reconforto, no entanto,

saberás dividi-los com os irmãos

da retaguarda, ainda incapazes

de competir no campo da inte-

ligência, na conquista das vanta-

gens que já consegues usufruir;

premiar-te-ás com os tesouros da

cultura, todavia, saberás descer

da torre do conhecimento a que

te guindaste, de modo a ensinar o

caminho da luz aos que bracejam

nas sombras da ignorância; ins-

talarás a alegria na própria alma,

no entanto, acenderás a esperan-

ça no coração dos infelizes que

te compartilham a marcha.6

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 91.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 876.2FRANCO, Divaldo, P. O ser consciente.

Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador:

LEAL, 1993. p. 27.3Idem, ibidem.4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 91.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Comentário

de Kardec à questão 685-a.5Idem, Ibidem.6XAVIER, Francisco C. Amigo. Pelo Espírito

Emmanuel. São Paulo: CEU, 1979. p. 25-26.

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Facciosismo

21Junho 2008 • Reformador 221199

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Mas se tendes amarga inveja e sentimento faccioso, em vosso

coração, não vos glorieis nem mintais contra a verdade.”

(TIAGO, 3:14.)

oda escola religiosa apresenta valores inconfundíveis ao homem de boa

vontade.

Não obstante os abusos do sacerdócio, a exploração inferior do elemento

humano e as fantasias do culto exterior, o coração sincero beneficiar-se-á ampla-

mente, na fonte da fé, iluminando-se para encontrar a Consciência Divina em si

mesmo.

Mas, em todo instituto religioso, propriamente humano, há que evitar um perigo

– o sentimento faccioso, que adia, indefinidamente, as mais sublimes edificações

espirituais.

Católicos, protestantes, espiritistas, todos eles se movimentam, ameaçados pelo

monstro da separação, como se o pensamento religioso traduzisse fermento da

discórdia.

Infelizmente, é muito grande o número de orientadores encarnados que se

deixam dominar por suas garras perturbadoras. Espessos obstáculos impedem a

visão da maioria.

Querem todos que Deus lhes pertença, mas não cogitam de pertencer a Deus.

Que todo aprendiz do Cristo esteja preparado a resistir ao mal; é imprescindível,

porém, que compreenda a paternidade divina por sagrada herança de todas as

criaturas, reconhecendo que, na Casa do Pai, a única diferença entre os homens é a

que se mede pelo esforço nobre de cada um.

T

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. 27. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 36.

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om este texto pretendemosabrir caminho para discus-sões e exposições de fatos

incontestavelmente mediúnicos,seja na exposição de obras da lite-ratura clássica, seja no processode sua escrita.

É bem conhecida a importân-cia dos poetas e literatos de todasas épocas sobre a religião e a cul-tura. Muitas vezes são indivíduospositivamente inspirados, alémde trazerem grande bagagem deconquistas na área da sensibilida-de e da memória, como freqüen-

temente ocorre entre artistas. Avantagem da literatura está emque este campo da Arte situa-se nafronteira entre a pura Arte, de umlado, e as Ciências Humanas e aFilosofia, de outro. O argumento,portanto, está presente na grandeobra literária, a discursividade, aexposição mais ou menos racio-nal dos temas, enfim, elementosque põem a Literatura em condi-ção privilegiada para a transmis-são de uma mensagem, mais doque apenas um sentimento.

Sob o termo literatura tam-bém se englobam rela-

tos menos artísticos, ensaios etrabalhos de caráter mais teórico,de modo que os diálogos de Pla-tão (428/427-348/347 a.C.) ou oslivros da Bíblia estão perfeitamen-te inseridos sob este termo.

Uma boa mostra da forte pre-sença da mediunidade entre osgregos, e que nos ajuda a com-preender como eles tinham cons-ciência do fenômeno, é a passa-gem do diálogo platônico Ti-meu, onde os ministros do DeusSupremo, os deuses menores ou“demônios”, deveriam seguir aordem de criar o corpo humanode modo que ele fosse o maispróximo possível do Deus Su-premo. Neste propósito, deramao homem um órgão (suposta-mente o fígado) que percebe ainspiração divina, destacando-seque a inspiração não acometeaos homens mais sábios, mas

A mediunidade

CHU M B E RTO SC H U B E RT CO E L H O

(Grécia)

na literatura

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aos mais tolos ou que parecemloucos:

Nenhum homem em sua so-

briedade atinge o estado de ins-

piração profética, mas quando

ele recebe a palavra profética,

ou a sua inteligência é afastada

pela dormência, ou ela se torna

equívoca pelo estado de posses-

são, e aquele que quiser inter-

pretar as palavras divinas, seja

obtidas em sonho ou acordado,

ou determinar racionalmente o

significado das visões de apari-

ções, compreendendo os resul-

tados destes fenômenos para o

bem ou mal dos homens, no

passado, presente ou futuro, de-

ve primeiramente recuperar

sua sobriedade.1

No entanto, continua Platão:

Nem sempre um homem se

lembra daquilo que disse em

estado profético, de modo que é

conveniente haver uma ou mais

testemunhas durante a profecia

e as visões. Assim, aqueles que

estão em seu estado de perfeita

sobriedade, podem interpretar

melhor a narrativa daqueles

que estiverem inspirados.

Observa-se claramente quePlatão não está defendendo umargumento, está meramente des-crevendo um fato, tal era a natu-ralidade com que lidava com fe-nômenos deste tipo.

Igualmente clara é a conclusãoa que ele chega no Íon:

E assim Deus arrebata a mente

dos poetas, e os utiliza como

seus ministros, assim como tam-

bém usa adivinhos e os santos

profetas, de modo que nós que

os escutamos sabemos que a

sua fala não provém deles, e eles

não pronunciam palavras va-

zias neste estado de incons-

ciência, mas é o próprio Deus

quem fala, e através deles Ele

conversa conosco.2

Somando-se os dois relatos per-cebemos que o estado proféticoou inspirado, descrito pelo filósofo,tem importantes implicações cien-tíficas. Como Kardec, ele (ou talvezseu mestre Sócrates) parece teravaliado rigorosamente o processoa ponto de formular uma com-preensão teórica bastante corretada fenomenologia mediúnica. Es-tão perfeitamente descritos o es-tado de passividade do médium eo fato de a comunicação não pro-vir dele, o caráter transcendente dacomunicação, o fato de poder seprocessar no sonho ou no estadode transe, o fato de a mediunidadeser, muitas vezes, uma missão atri-buída aos “ministros de Deus”.

Platão também dava a entender,nestas e em outras obras, que oestado profético destes inspiradospodia ser utilizado por outros paraobter informações sobre a realida-de maior, para além do mundo dos

sentidos. Muitos dos conhecimen-tos platônicos parecem ter sido ob-tidos por esta via, conforme elemesmo admite, embora os histo-riadores prefiram imaginar que eleos obteve alhures, da Ásia Menor,da Índia, do Egito.

Lembramos também que eracostume entre os gregos consultaras pítias (ou pitonisas), seja no fa-moso oráculo de Delfos, seja emlugares e seitas menos famosos. Osrelatos de Heródoto (482-420 a.C.)e a literatura grega deixam a enten-der que as sacerdotisas do temploprofetizavam tanto por “encomen-da” quanto espontaneamente.

Também não nos perderemosna imensidão dos relatos mitoló-gicos, que entre uma fantasia eoutra sugerem fenômenos devista mediúnica, incorporação,previsões etc.; nem na evidênciadireta da inspiração através das“musas”. Atentamos tão-somen-te, a título de exemplo, à obramadura de Homero (c. 850 a.C.),a Odisséia, onde ele dá impor-tantes indícios de que as práticasmediúnicas lhe eram comuns.

No Canto XI, quando Odisseu(ou Ulisses) tem de descer aoHades, ele encontra a sombra desua mãe. Após as apresentações eexplicações necessárias o heróitenta abraçá-la três vezes, e não apodia tocar, percebendo que elase desvanecia como uma sombraou como se fora “feita de sonho”.Indignado, ele pergunta à mãe oque ocorre, e ela lhe responde:

[...] Esta é a condição de todo

homem mortal quando morre,

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1http://www.classicallibrary.org/plato/dia-logues/17_Timaeus.htm

2http://www.classicallibrary.org/plato/dia-logues/8_Ion.htm

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pois os nervos já não unem

mais carne e ossos:

A potente energia do fogo o con-

some todo quando toda a vida

abandona a branca ossada e

o princípio vital se nos torna o

mesmo que um sonho.

Mas procura volver o quanto

antes à luz, e recorda de tudo

isto, de modo que possa contá-

-lo à tua esposa.3

Percebem-se diversas caracte-rísticas interessantes neste en-contro. A primeira é o modocom que ambas as personagensse expressam sobre a substânciada mãe, que “parece um sonho”,sugerindo claramente que a via-gem de Odisseu ao Hades não foi

feita em sonho, mas que ele esta-va desperto diante dos mortos epodia constatar serem eles for-mados de outra substância.

A segunda informação impor-tante é a recomendação da mãede que ele deveria recordar do

que se passou, recomendaçãoimportante, considerando-seque o próprio Platão já ha-via dito em sua análise damediunidade que “[...] ou asua inteligência é afastadapela dormência, ou ela se

torna equívoca pelo estado depossessão[...]”. Homero, muito

antes de Platão, apresenta a mes-ma idéia, sugerindo a necessida-de de um esforço posterior ao

contato com os mortos, no senti-do de se recordar do ocorrido.

Por fim, não é menos impor-tante, embora sutil, a recomen-dação da mãe de Odisseu paraque ele “conte à esposa” o que sepassou. É o caráter prático da co-municação, e denota o interessecaritativo do Espírito em instruire alertar os encarnados. Em todaa literatura, seja a mais artísticaou mais ensaística, os relatos me-diúnicos geralmente recomen-dam a divulgação ou a transmis-são da informação a outros. Sóem raríssimos casos, quando ainformação envolve riscos para

alguém, há recomendações paraque se mantenha o segredo.

A obra de Homero tem duasgrandes vantagens: a de ser umaobra de formação da própriacultura helênica, estabelecendoparadigmas da própria religião apartir daí, e a de expressar umvirtuosismo literário até hojeadmirável, dando idéia de quãoimpressionante deve ter sido pa-ra a Grécia num momento emque ela sequer havia estabelecidoa sua civilização.

A viagem de Odisseu ao Tár-taro também se tornou um para-digma na literatura ocidental. Vir-gílio (c. 70-19 a.C.) faz o seuEnéias descer ao mundo dos mor-tos, cerca de oito séculos depois deHomero, e depois Dante (1265--1321 d.C.) descreve na DivinaComédia uma viagem ao Inferno,passando pelo Purgatório, ao Céu,tomando a sombra de Virgílio co-mo guia nesta inusitada peregri-nação, mais de mil anos depois deseu conterrâneo da Roma antiga.

Por este motivo, a Odisséiatem a prerrogativa de haver des-pertado as intuições latentes deinúmeros outros pensadores eartistas, os quais a partir de en-tão estariam sempre mais próxi-mos de semelhante viagem aomundo dos mortos.

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3HOMERO. Odisea. Buenos Aires: Plane-ta, 2007. p. 195.

Na entrevista do Espírito Angel Aguarod, intitulada “O ESDE navisão do Plano Espiritual”, publicada em Reformador de março de2008, onde se lê (p. 11, 2a coluna, último parágrafo): “hipertrofiamo progresso”, leia-se “atrofiam o progresso”.

Retificando...

Busto de Homero,autor da obra Odisséia

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estudo sobre a gestaçãohumana é tema fasci-nante que reflete a bon-

dade e a sabedoria divinas pelabeleza e sublimidade de que sereveste. O período gestacionalcaracteriza-se por uma “seqüên-cia de eventos que normalmenteinclui fertilização, implantação ecrescimento, embrionário e fetal,que termina no nascimento, cer-ca de 38 semanas mais tarde”.1

Inúmeras transformações as-sinalam essa fase da existência:no organismo feminino, no cor-po em formação e no destino doEspírito que reencarna. Percebe--se que nada acontece de formaaleatória, independentemente doângulo em que o observador po-siciona-se para analisar os even-tos desencadeados, físicos ou es-pirituais. Tudo segue uma seqüên-cia ordenada, dinâmica e precisa,em consonância com as basesbiológicas que regem o fenôme-no da vida no Planeta, e, ainda,

segundo os propósitos do pla-nejamento reencarnatório do Es-pírito que reinicia sua jornadano plano físico. A presença doAmor, entretanto, é força prodi-giosa que na reencarnação revelao poder transformador da Cria-ção Divina.

Durante a gravidez, os laçosque mantêm o Espírito unido aocorpo são frágeis, podendo rom-per-se por intenção do pró-prio reencarnante ou por açãovoluntária da mãe. Ambas as si-tuações favorecem o abortamen-to. A união do Espírito à matériaocorre por meio de um prolon-gamento do seu perispírito. Àmedida que o novo corpo se de-senvolve, esse laço perispiritual“[...] se encurta. Sob a influênciado princípio vito-material do gér-men, o perispírito, que possuicertas propriedades da matéria,se une, molécula a molécula, aocorpo em formação, donde o po-der dizer-se que o Espírito, por

intermédio do seu perispírito, seenraíza, de certa maneira, nessegérmen, como uma planta naterra [...]”.2

Do ponto de vista da Embrio-logia, a fecundação do óvulo ma-duro (ovócito) ocorre geralmen-te na porção externa superior datrompa de Falópio, 12 a 24 horasapós a ovulação. Um único es-permatozóide atravessa a mem-brana dessa célula reprodutorafeminina, carregando consigo os23 cromossomos que serão ime-diatamente combinados com os23 do óvulo, formando uma es-trutura celular totipotente deno-minada zigoto ou ovo, constituí-do de 46 cromossomos e genesherdados da mãe e do pai.

A vida intra-uterina é seme-lhante à “[...] da planta que vege-ta. A criança vive vida animal. Ohomem tem a vida vegetal e avida animal que, pelo seu nasci-mento, se completam com a vidaespiritual”.3 É importante, pois,

O

Em dia com o Espiritismo

O períodogestacional

MA RTA AN T U N E S MO U R A

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que a gestante seja cercadade cuidados e atenções –

atendimento médicopré-natal, alimenta-ção, paz de espírito,passe, prece etc. –, que

impeçam ou dificultem o aborto.No plano espiritual, o períodogestacional é acompanhado porbenfeitores que definem e apli-cam providências necessárias aosucesso da reencarnação.

A multiplicação e diferencia-ção celulares, iniciadas na fecun-dação, resultam na produção deum ser humano multicelular. “24a 30 horas após a fertilização,ocorre uma rápida divisão do zi-goto [...] denominada clivagem.Embora a clivagem aumente onúmero de células, isto não im-plica um aumento do tamanho

do zigoto. Clivagens sucessivasproduzem uma massa sólida

de células minúsculas, a mó-rula, dentro de um períodode três a quatro dias pós--fertilização”.4 À medidaque aumenta o número decélulas, a mórula se deslo-ca da trompa para o útero,em cinco dias, aproxima-damente, após a fecunda-ção. Na cavidade uterina,a mórula se transformanuma esfera oca, nomea-da blastocisto, que possuiuma camada externa, otrofoblasto, que circundauma cavidade rica emfluidos, conhecida co-mo blastocela, e umamassa interna de cé-lulas pluripotentes,as quais originarãoo embrião, propria-mente dito, na se-gunda semana degestação. O pro-cesso de implan-

tação (nidação) no útero permi-te ao blastocisto “aninhar-se” noendométrio, por ação de enzi-mas e hormônios, seguido pelaformação da placenta, por ondeo embrião e o feto recebem subs-tâncias nutritivas.

Os acontecimentos físicos rela-tados, desencadeados pela mentedo reencarnante e auxílio dos Es-píritos construtores, repercutem,por sua vez, sobre o Espírito reen-carnante, que começa a perderconsciência de si mesmo, à pro-porção que a gestação avança. Eiscomo os Espíritos da Codificaçãoexplicam o estado do reencar-nante no intervalo de tempo quevai da concepção ao nascimento:

[...] A partir do instante da con-

cepção, começa o Espírito a ser

tomado de perturbação, que o

adverte de que lhe soou o mo-

mento de começar nova exis-

tência corpórea. Essa perturba-

ção cresce de contínuo até ao

nascimento. Nesse intervalo, seu

estado é quase idêntico ao de

um Espírito encarnado durante

o sono. À medida que a hora do

nascimento se aproxima, suas

idéias se apagam, assim como a

lembrança do passado, do qual

deixa de ter consciência na con-

dição de homem [de encarna-

do], logo que entra na vida.

Essa lembrança, porém, lhe vol-

ta pouco a pouco ao retornar ao

estado de Espírito.5

Os hormônios desempenhampapel muito importante na gravi-dez. Estrogênio, progesterona, go-

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nadotropina coriônica-HGC, so-matomamotropina coriônica hu-mana-HSC e relaxina são hormô-nios que têm ação específica. Emlinhas gerais, podemos dizer queos dois primeiros hormôniosmantêm íntegro o revestimentointerno do útero (endométrio) epreparam as glândulas mamáriaspara a lactação (secreção e ejeçãode leite). A progesterona facilita oaporte de nutrientes ao ser emformação. O HGC mantém a pro-dução contínua de estrogênio e deprogesterona, necessários à fixa-ção do embrião e do feto no inte-rior do útero. O HSC está envolvi-do no desenvolvimento do tecidomamário, favorável à amamenta-ção, e, também, no anabolismoprotéico dos tecidos maternos,útil à alimentação do ser em de-senvolvimento. A relaxina age so-bre a ligadura do osso pubiano,relaxando-a, e auxilia a dilataçãodo colo do útero, no final da ges-tação, facilitando o parto.

Da mesma forma que a mu-lher grávida atua diretamente noprocesso reencarnatório, doandoenergias orgânicas, fluídicas e psí-quicas ao filho que está sendo ge-rido, capta, por sua vez, influên-cias e sensações do reencarnante.A gestante, esclarece André Luiz,“[...] tem o campo psíquico inva-dido pelas impressões e vibraçõesdo Espírito [...]. Quando o futurofilho não se encontra suficiente-mente equilibrado diante da Lei, eisso acontece quase sempre, amente maternal é suscetível de re-gistrar os mais estranhos dese-quilíbrios [...]”.6 Caracterizam-se,

dessa forma, as sensibilidades e asmudanças comportamentais ob-servadas em algumas gestantes.

Não podemos esquecer, toda-via, que mesmo sendo a gravidezum mecanismo de preservaçãobiológica da espécie humana emeio natural de progresso espiri-tual, “[...] A organização femini-na, durante a gestação, sofre ver-dadeira enxertia mental. Os pen-samentos do ser que se acolhe aosantuário íntimo envolvem-na to-talmente, determinando significa-tivas alterações em seu cosmobiológico. Se o filho é senhor delarga evolução e dono de elogiá-veis qualidades morais, consegueauxiliar o campo materno, pro-digalizando-lhe sublimadas emo-ções e convertendo a maternida-de, habitualmente dolorosa, emestação de esperanças e alegriasintraduzíveis [...]”.7

Referências:1TORTORA, Gerard J. Corpo humano:

fundamentos de anatomia e fisiologia.

Tradução de Claudia Zimmer. 4. ed.

Porto Alegre: Armed Editora, 2000. Cap.

24, p. 552. 2KARDEC, Allan. A gênese. Tradução de

Guillon Ribeiro. 52. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2007. Cap. XI, item 18.3______. O livro dos espíritos. Tradução

de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2007. Questão 354.4TORTORA, Gerard J. Corpo humano: fun-

damentos de anatomia e fisiologia. Tradu-

ção de Claudia Zimmer. 4. ed. Porto Ale-

gre: Armed Editora, 2000. Cap. 24, p. 553.5KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Tradução de Guillon Ribeiro. 91. ed. Rio

de Janeiro: FEB, 2007. Questão 351.6XAVIER, Francisco Cândido. Entre a terra

e o céu. Pelo Espírito André Luiz. 25. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. 30, p. 243.7Idem, ibidem. p. 241.

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Aos ColaboradoresAos nossos prezados colaboradores solicitamos o obséquio

de enviarem suas matérias, de preferência, digitadas no progra-ma Word, fonte Times New Roman, tamanho de fonte 12, régua15, justificado. O texto, para ser devidamente ilustrado, deveconter: até 30 linhas (1 página), até 80 linhas (2 páginas) e até110 linhas (3 páginas).

Nas citações, mencionar as respectivas fontes (autor, títuloda obra, edição, local, editora, capítulo e página), em nota derodapé ou referência bibliográfica.

Em face da grande quantidade de artigos recebidos, a Re-dação não se compromete com a publicação de todos, arquivan-do os não publicados, independentemente de comunicaçãoaos seus autores.

Agradecemos o apoio e a compreensão de todos, e quepossamos continuar unidos na tarefa de divulgação da Dou-trina Espírita.

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á cerca de trinta anos, ostermos que intitulam esteartigo foram cunhados pe-

lo médico holandês Frans Veld-man. Durante a Segunda GuerraMundial, em meio à difícil vivên-cia da deportação para um campode concentração nazista, ele des-cobriu a importância do gestocom que um ser humano podetocar outro ser para lhe prestarsolidariedade, em momentos degrande sofrimento.

Na década de 1970, Veldmanfoi viver na França, onde criou oCentro Internacional de Pesquisae Desenvolvimento de Haptono-mia (CIRDH). Essa palavra estranhatem origem no grego. “Hapsis” sig-nifica o toque, o ressentir, o senti-mento. “Nomos” quer dizer lei, re-gra, norma.“Hapto”, do verbo “hap-ten”, significa “eu toco”, “eu reúno”,“estabeleço relacionamentos”.

Haptonomia, portanto, podeser definida como o conjunto deleis que regem o campo do cora-ção, dos sentimentos. Fundamen-ta-se num princípio básico: o dodireito primordial do ser humanoà afirmação de sua existência e àconfirmação afetiva de seu ser,a partir do momento de sua con-cepção. Em sentido figurado, querdizer o estabelecimento táctil deum contato para ajudar o outro aficar saudável, a promover a cura.

A noção da importância do to-que já foi destacada por inúmerospesquisadores, como o terapeutabioenergético americano Alexan-der Lowen (a maioria de seus li-vros aborda as funções terapêuti-cas do toque) e Ashley Montagu(que trata da questão no livro To-car – o sentido humano da pele).

A literatura espírita é enri-quecida por diversas páginas,que ressaltam o valor do toqueterapêutico como elemento deapoio à melhoria fisiopsíquicados enfermos.1

Em Paulo e Estêvão, Emma-nuel destaca a ação dos homensdo “Caminho” que, ao receberemenfermos e desvalidos da sorte,primeiro atendiam às necessida-des do corpo, tocando-os frater-nalmente com a acolhida amoro-sa e servindo-lhes alimento re-confortante, para só depois mi-

nistrar-lhes o conteúdo liberta-dor da Boa Nova.2

Assim foi feito com o próprioPaulo, quando recolhido ao leitoque fora de Estêvão. Cansado dosesforços cruéis das transformaçõespessoais, assim que chegou à Casaem que os seguidores do Cristo sereuniam, pediu permissão paraque pudesse repousar no leito doprimeiro mártir do movimento,onde iniciou seu processo de re-cuperação das forças da emoção.

Assim que se recolheu ao des-canso, recebeu de Simão Pedro umprato de sopa, para depois começara preparar-se para as tarefas de di-vulgação da Boa Nova, que realizoucom extrema galhardia. Primeiro,portanto, o acolhimento, para ofortalecimento da auto-estima e dosentimento de pertença ao novogrupo. Depois, os preparativos teó-ricos e práticos para o “ide e pre-gai” pelos povoados de seu tempo...

Dr. Frans Veldman decidiu apli-car a haptonomia ao acompanha-mento pré, peri e pós-natal dospais e do bebê, com a intenção dedesenvolver os vínculos afetivosda tríade pai-mãe-bebê, visando a

A ciência da afetividade

HCA R LO S AB R A N C H E S

1No livro Há dois mil anos, psicografadopor Francisco C. Xavier, Emmanuel relataem diversos trechos os angustiosos momen-tos vividos pelos pais da pequena Flávia,Públio e Lívia, em busca da cura da menina.Emmanuel descreve os tratamentos à basede ungüentos e bálsamos aplicados na peledela, com vistas à sua melhoria. Em espe-cial, ressalta o carinho com que Lívia cuida-va da filha enferma, dando a ele o destaqueda afetividade dedicada como primeiro pas-so para a recuperação integral da enferma.

2XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão.Pelo Espírito Emmanuel. 36. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2001. p. 285.

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formação de um sentimento desegurança de base no ser. O méto-do propõe uma comunicação como bebê, para que ele se sinta envol-vido e amado pelos genitores.

Os pais são ensinados a pousarsuas mãos leve e ternamente sobreo ventre da mãe. Para promover oencontro com o bebê, Veldmanchama a atenção para o fato de quealém do tônus muscular, o impor-tante é que os sentimentos afetivosentrem em atividade. Quando sur-ge de repente em suas faces o esbo-ço de um sorriso ou um brilho noolhar, é porque o encontro acaboude acontecer. Vê-se o ventre ondu-lar; o bebê atendeu ao convite eveio ao encontro da mãe afetuosae acolhedora. Seguindo um suaveembalo e com o jeito próprio decada um, a mão vai deslizandopara a direita, depois para a es-querda, e o bebê a acompanha,como num jogo lúdico.

“Num outro momento” – des-creve o pesquisador – “em meio aosilêncio, a mãe capta as vibraçõesafetivas do feto. Ela o convida a seinstalar próximo ao seu coração.É um diálogo entre corações!”

A haptonomia considera aindaa força do pensamento amoroso eequilibrado como recurso tera-pêutico junto ao bebê. Em atendi-mento a uma gestante no sextomês de gravidez, Veldman obser-vou que o ventre estava baixo, caí-do. O médico sugeriu à mãe que,em pensamento, convidasse o be-bê a mudar de posição, orientan-do-a a colocar a mão sobre o ven-

tre naquele exato lu-gar para o qual desejava queele se dirigisse. Instantanea-mente, ele mudou de lugar.

Em seguida, Veldman lhe pe-diu para que convidasse o bebê –sempre apenas em pensamento– a subir até seu coração. Mas amãe não foi capaz de fazer issoadequadamente. Ele então refor-çou: “não o pense; apenas sinta-o”.

A conexão entre pensar e sentircom elevação é recurso terapêuti-co dos mais importantes para oestabelecimento de laços de afetoentre quaisquer pessoas, sobretu-do entre pais e bebês. No caso dacriança, depois de seu nascimen-to, ela revela que espera e busca oprolongamento dos laços hapto-nômicos que foram experimenta-dos durante o tempo em que vi-veu no ventre de sua mãe.

Para os espíritas que somos,tomar consciência do valor do to-que terapêutico como recurso detroca de energia amorosa é funda-mental para a confirmação da for-ça de nossas expressões afetivas.3

Abrir o peito, estender os bra-

ços e acolher quem nosmerece afeto é atitude dequem quer fazer desta uma vidacom conquistas seguras em dire-ção ao mais alto. É preciso ter co-ragem e desprendimento pararealizar isso com expansividade esimpatia. Tudo o mais de alegriae de aprendizado virá por acrésci-mo, a nossos corações necessita-dos de luz e de amor.

3A humanização do atendimento foi um dos

enfoques trabalhados pelo especialista em

Pediatria e mestre em Medicina César Gere-

mia, no V Congresso da Associação Médico-

-Espírita do Brasil, em maio de 2005, em São

Paulo. César destacou que o processo envol-

ve desde a administração do hospital, o cui-

dado com seus funcionários, até a prepara-

ção técnica e humana do profissional. Inclui-

-se aí a prática da oração, dos passes e do

toque terapêutico pela imposição de mãos.A esse respeito, é interessante o leitor

pesquisar o livro As palavras curam, deLarry Dossey. O autor relaciona os fatoresque influenciam na eficácia da prece comoelemento de cura, comenta a influência doamor nesse processo, além de propor umdesafio interessante: encontrar Deus nolaboratório de pesquisa!

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o prólogo deste artigo háuma citação do historiadorJohn P. Meier, professor na

Universidade Católica de Washing-ton D. C., considerado um dos maiseminentes pesquisadores bíblicosde sua geração. Ao estabelecer oslimites da ciência e da investigaçãohumanas, ele adverte: “Por Jesus dahistória, refiro-me ao Jesus que po-demos ‘resgatar’ e examinar utili-zando os instrumentos científicosda moderna pesquisa histórica”.2

A pesquisa histórica baseia-seem fontes (documentos, registros,inscrições, ossuários, obras de his-toriadores, achados arqueológi-cos) e adota métodos específicos,adequados ao tipo de fonte anali-sada, com vistas à interpretaçãoconsistente dos dados coletados.

Por vezes, seja em razão da es-

cassez dessas fontes, seja em decor-rência da ausência de parâmetros nainterpretação dos dados colhidos,somos obrigados a reconhecer a li-mitação dos “instrumentos científi-cos da moderna pesquisa histórica”.

Nesse ponto, consideramos pre-ciosa a contribuição dada pelaDoutrina Espírita no equaciona-mento de graves questões. No ca-so da cronologia da vida de Jesus,é lícito concluir que a obra psico-gráfica de Francisco Cândido Xaviersupre inúmeras lacunas, impossíveisde serem transpostas sem o auxí-lio da revelação espiritual, tendo emvista as limitações da historiografia.

Os dados cronológicos mais im-portantes da vida de Jesus encon-tram-se nas narrativas da infância(Mateus, 2; Lucas, 1:5, 2:1-40) enas narrativas da paixão (Mateus,26-27; Marcos, 14-15; Lucas, 21--23; João, 13-19). Outros dadosrelevantes podem ser encontradosnos evangelhos de Lucas e João(Lc., 3:1-2 e 23; Jo., 2:20).

Os historiadores do Cristianis-mo, porém, chamam a atenção pa-ra o fato de que os Evangelhos nãosão essencialmente obras de his-tória, no sentido atual da palavra.Os Evangelistas não pretendiamproduzir uma biografia completaou mesmo um sumário da vida deJesus. Ao contrário, escreveramcom a finalidade de transmitir oensino do Mestre, os fatos princi-pais da sua vida, de modo a legarà posteridade o testemunho da fé.

Nesse sentido, é justo conside-rar que os Evangelistas organiza-ram o material da tradição (orale/ou escrita) de acordo com umpropósito redacional. Compila-ram e organizaram as narrativassem se preocuparem com a ordemhistórica dos acontecimentos. É oque nos demonstra o pesquisadornorte-americano:

[...] Tais compilações ainda são

visíveis em Marcos: por exem-

plo, as passagens polêmicas loca-

N

História da Era ApostólicaNascimento de Jesus

HA RO L D O DU T R A DI A S

Cristianismo Redivivo

“Para quem está familiarizado com a história antiga, não deve ser motivo de perturbação o fato de que as principais datas na vida de Jesus sejam apenasaproximadas. [...] Na verdade, as datas de nascimento até mesmo de alguns

imperadores romanos não são certas [...].”1

1MEIER, John P. Um judeu marginal: re-pensando o Jesus histórico. 3. ed. Rio deJaneiro: Imago, 1993. p. 367.

2Idem, ibidem. p. 35.

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lizadas no início do ministério

de Jesus na Galiléia (2:1; 3:6), em

contraposição a outra série de

passagens semelhantes já em Je-

rusalém, ao final do ministério

(11:27; 12:34); uma seção central

de relatos de milagres e palavras

de Jesus, agrupados pela palavra-

-chave “pão”(6:6; 8:21) e uma co-

letânea de parábolas (4:1; 34).

Não há motivo para considerar-

mos essas compilações como ten-

do preservado a inviolável ordem

cronológica dos eventos, especial-

mente porque Mateus e Lucas não

o fizeram. Mateus, por exemplo,

reordena livremente os relatos de

milagres que aparecem em Mar-

cos, para criar um grupo conciso

de nove relatos divididos em três

grupos intercalados por material

de “enchimento” (Mateus, 8-9).

O grande Sermão da Montanha,

em Mateus, reaparece, em parte,

em Lucas como o Sermão da Pla-

nície, menor que o outro (ambos

como tendo ocorrido na Galiléia)

e, parcialmente, em material espa-

lhado por todo o longo relato da

jornada final de Jesus até Jerusa-

lém, em Lucas, 9:51; 19:27 [...]”.3

Por outro lado, seria temerárioacusar os Evangelistas de teremdistorcido os fatos para adequá--los a propósitos teológicos. Nessecaso, vale lembrar que escreverampara contemporâneos, muitos de-les testemunhas oculares dos fatosnarrados, razão pela qual não se

justifica o ceticismo exageradocom relação aos dados contidosnos Evangelhos. Deve ser encon-trada uma posição de equilíbrioque prime pela fé raciocinada.

Assim, considerando o relato dosEvangelistas, pode-se afirmar queJesus nasceu no tempo do impera-dor Augusto (37 a.C.-14 d. C.), an-tes da morte de Herodes, o Grande.

No ano 525 d.C., o papa João I(470-526 d.C.) pediu a Dionísio4

que elaborasse um calendário como cálculo dos ciclos pascais, as da-tas futuras da Páscoa. Frei Dionísio,além de elaborar uma efeméridepascal, estabeleceu um novo ca-lendário, em oposição ao sistemaalexandrino, da era diocleciana,fixando a data do nascimento deJesus em 25 de dezembro de 753

A.U.C.,5 declarando 1o de janeirode 754 A.U.C. como o início doprimeiro ano da Era Cristã, o“Anno Domini” (Ano do Senhor).

Posteriormente, descobriu-seque a data estabelecida por Dioní-sio estava absolutamente equivo-cada, visto que fixava o nascimen-to de Jesus três anos após a mortede Herodes, o Grande.

Para se encontrar a data damorte de Herodes, utilizou-se pre-ciosa informação fornecida pelo

3MEIER, John P. Um judeu marginal: re-pensando o Jesus histórico. 3. ed. Rio deJaneiro: Imago, 1993. p. 50-51.

4Dionysius Exiguus (470-540 d.C.) nas-ceu na Scythia Menor (Romênia/Bulgá-ria), transferindo-se para Roma por voltado ano 500 d.C., onde se tornou tradutor

de inúmeras obras da Igreja Romana,importantes para o direito canônico, alémde ter elaborado a tabela com as datas daPáscoa. Todavia, seu nome entrou para ahistória por ser o criador do “Anno Do-mini”, alterando o calendário da época.

5A.U.C. (Anno Urbis Conditae) – Ano dafundação da cidade de Roma. Os historia-dores fixam a data da fundação daquelacidade no ano 753 a.C., acolhendo osinformes do historiador romano “Varrão”.É comum confundir-se a sigla A.U.C. comAb Urbe Condita, título do livro de TitoLívio sobre a história de Roma.

Os Quatro Evangelistas,quadro de Jacob Jordens

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historiador judeu Flávio Josefo(Antiguidades Judaicas, livro XVII,cap. 6, § 4, item 167), segundo oqual teria ocorrido um eclipse lu-nar pouco antes do falecimentodaquele monarca. Com base emcálculos astronômicos precisos, épossível afirmar que a morte da-quele rei se deu por volta de mar-ço/abril do ano 750 A.U.C. (4 a.C.),logo após o referido eclipse.

Desse modo, concluem os exege-tas que Jesus, seguramente, nasceuantes do ano 4 a.C. (data da mortede Herodes, o Grande). Todavia, es-ses pesquisadores são unânimes emreconhecer a impossibilidade de sedeterminar o ano exato do nasci-mento de Jesus, com base nas fonteshistóricas atualmente disponíveis.

Os “instrumentos científicos damoderna pesquisa histórica” nospermitem chegar somente atéesse ponto.

É nesse momento que a revelaçãoespiritual pode e deve ser conjugadacom as pesquisas humanas, no in-tuito de resolver questões intricadas,

mas extremamente relevantes parao estudo do Cristianismo Nascente.

Nesse sentido, merece ser trans-crito o extraordinário texto do Espí-rito Humberto de Campos, revelan-do a data do nascimento do Cristo:

[...] o Senhor chamou o Dis-

cípulo Bem-Amado ao seu trono

de jasmins matizado de estrelas.

O vidente de Patmos não trazia

o estigma da decrepitude, como

nos seus últimos dias entre os

espórades. Na sua fisionomia

pairava aquela mesma candura

adolescente que o caracterizava

no princípio do apostolado.

– João – disse-lhe o Mestre –,

lembras-te do meu apareci-

mento na Terra?

– Recordo-me, Senhor. Foi no

ano 749 da era romana, apesar

da arbitrariedade de Frei Dioní-

sio, que, calculando no século VI

da era cristã, colocou erradamen-

te o vosso natalício em 754. –

Não, meu João – retornou do-

cemente o Senhor –, não é a

questão cronológica que me in-

teressa, ao te argüir sobre o pas-

sado. É que nessas suaves come-

morações vem até mim o doce

murmúrio das lembranças!...

– Ah! sim, Mestre Amado – re-

trucou pressuroso o Discípulo –,

compreendo-vos. Falais da signi-

ficação moral do acontecimen-

to. Oh!... se me lembro... a man-

jedoura, a estrela guiando os po-

derosos ao estábulo humilde, os

cânticos harmoniosos dos pas-

tores, a alegria ressoante dos ino-

centes, afigurando-se-nos que

os animais vos compreendiam

mais que os homens, aos quais

ofertáveis a lição da humildade,

com o tesouro da fé e da espe-

rança. [...]6 (Grifo nosso.)

Assim, consoante a revelaçãoespiritual, pelas mãos do respeitá-vel médium Francisco CândidoXavier, Jesus nasceu no ano 749da era romana. Considerando queo primeiro ano do calendário gre-goriano (Anno Domini – Ano 1),atualmente em vigor no mundoocidental, corresponde ao ano754 U.A.C. (ano da fundação deRoma), e tendo em vista que nãohá ano zero, nesse calendário, bastaconsiderar a seqüência 753 U.A.C.= 1 a.C.; 752 U.A.C. = 2 a.C.; 751U.A.C. = 3 a.C.; 750 U.A.C. = 4a.C. e 749 U.A.C. = 5 a.C.

Desse modo, pode-se concluirque o nascimento do Mestre sedeu no ano 5 a.C.

6XAVIER, Francisco Cândido. Crônicas dealém-túmulo. Pelo Espírito Humberto deCampos. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007.Cap. 15, p. 89-90.

A Adoração dos Pastores, quadro de Giorgione

32 Reformador • Junho 2008 223300

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Nos dias 3, 4, 5 e 6 de abril,ocorreu o IV Congresso EspíritaMineiro, nas dependências doMinascentro, em Belo Horizon-te. Este evento deu início às co-memorações dos 100 anos daUnião Espírita Mineira (UEM),os quais terão prosseguimentodurante o ano.

Na abertura do Congresso, opresidente da União EspíritaMineira, Marival Veloso de Ma-tos, destacou os papéis do Cris-tianismo e do Espiritismo. Emseguida, o presidente da Federa-ção Espírita Brasileira (FEB),Nestor João Masotti, discorreusobre o papel educativo do Espi-ritismo no Terceiro Milênio.

Atuaram no evento: Marta An-tunes de Oliveira Moura, da FEB,

e vários convidados do próprioEstado: Manuel Tibúrcio Noguei-ra, Gilson Teixeira Freire, SuelyCaldas Schubert, Wagner Gomesda Paixão, Lenice Aparecida deSouza Alves, Haroldo Dutra Dias,Oswaldo Hely Moreira, SimãoPedro de Lima, Juselma MariaCoelho e Magda Luzimar Abreu.A programação contou tambémcom apresentações musicais, tea-trais, e de vídeos, que ressaltavame divulgavam expositores, artis-tas e membros dos Conselhos Re-gionais Espíritas de Minas Gerais(CREs).

A história dos 100 anos daUnião Espírita Mineira foi re-gistrada no Congresso comum espaço destinado ao acer-vo histórico, que relembra per-

sonagens responsáveis pe-la divulgação da DoutrinaEspírita no Estado.

A conferência de encer-ramento foi proferida porDivaldo Pereira Franco,que abordou o assunto:“Jesus: o Mestre do Amor”.

Mais de 1.600 pessoas,incluindo representantesde diversas Entidades Fe-derativas Estaduais de todoo País, acompanharam as

palestras que abordaram o te-ma central “Espiritismo: Amor eEducação”. Houve transmissão doencontro, ao vivo, pela Internet. In-formações: www.uemmg.org.br

Congresso discute amor e educação em Minas Gerais

Presidente da União Espírita Mineira,Marival Veloso de Matos

Sessão de Abertura: Palestra do presidente da FEB, Nestor João Masotti;à direita, aspecto da Mesa

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ão foi absolutamente por acaso que as origensdo esperanto – única e verdadeira língua in-ternacional – ocorreram num círculo em que

uma pequena coletividade se debatia em torturantesconflitos de natureza étnica, lingüística e religiosa. Con-vinha que o seu criador, o médico judeu-polonês Láza-ro Luís Zamenhof, regressasse aos ce-nários terrestres, em 1859, na peque-na cidade polonesa de Byalistok, paraque ao esperanto e seu Movimento seassociasse o grande ideal de justiça efraternidade entre os povos, os quaisestavam representados, naquela obs-cura localidade, por judeus, russos,alemães, poloneses, divididos segun-do seus costumes, ocupações, línguas,religiões, e explorados pela políticaczarista para fins de dominação.

Os conflitos ali reinantes neleevocariam, já desde a mais tenra in-fância, a nobre missão que trouxerado Espaço: contribuir para a união deindivíduos e povos, por sobre quaisquerdiferenças, pelo uso de uma língua neu-tra que lhes despertasse o sentimentode pertencer à grande família humana.

Serviria a sua criação não apenas aobjetivos práticos nas relações inter-nacionais, mas também, e precipuamente, ao objeti-vo maior de aproximar os corações para a vivênciados ideais universalistas, diante dos quais deverãodesmoronar os muros sociais, culturais, políticos,raciais, lingüísticos, religiosos que sempre têm sepa-rado homens e nações.

Muitos fatores hão de contribuir para o estabele-cimento dessa nova fase de evolução da Humanida-

de, e o esperanto se alinha entre eles em igualdade depotência e efeito.

Os que rejeitam a existência de uma ideologia noesperanto – e entre eles também há esperantistas – es-quecem que toda língua é veículo de expressão dos sen-timentos, das aspirações, da identidade cultural, espi-

ritual do povo que a possui, estan-do, portanto, a serviço de interes-ses, de ideais particulares, grupais,conseqüentemente promovendo efortalecendo apenas a união de seusmembros. Por essa razão, jamaisuma língua nacional, por mais queas circunstâncias o aparentem, de-sempenhará em plenitude o papeltão-somente destinado a um ins-trumento de comunicação que ex-presse a identidade, os ideais, asaspirações comuns de uma coleti-vidade planetária.

Esse forte traço distintivo daLíngua Internacional Neutra foi

bem explicitado pelo seu criadornos objetivos que ele agrupou sob adenominação de “idéia interna”, “es-tandarte verde”, conceitos que ofe-recem consistência ao esperantismo.

Tudo o que nasceu do pensamen-to e do sentimento de Zamenhof, cercando a criaçãodo esperanto, está impregnado desses elevados obje-tivos. A compreensão recíproca entre falantes de lín-guas diferentes, promovida por um instrumento decomunicação neutro, não serviria exclusivamente ainteresses práticos, materiais; deveria, com o eliminaras barreiras entre os homens, acostumá-los à idéia deque, por sobre todas e quaisquer diferenças culturais,

Esperanto e Esperantismo

N

34 Reformador • Junho 2008 223322

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

Dr. Zamenhof e o advogado Sr.Michaux, organizador do primeiro

Congresso Universal.Texto da foto: O que de novo

um milênio dividiu,Boulogne-sur-Mer reuniu...

Agosto 1905 – L. L. Zamenhof

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eles pertencem à Humanidade, fazem parte de umaúnica família, a grande família humana.

Em uma das estrofes do poema-prece “Pre1o subla Verda Standardo” (Prece sob o Estandarte Verde),que proferiu na abertura solene do 1o CongressoUniversal de Esperanto, em 1905, na cidade francesade Boulogne-sur-Mer, Zamenhof assim se expressa:

Ergueremos bem alto o estandarte verde,

Signo do Bem e do Belo.

Abençoados pela Força Misteriosa do mundo,

Alcançaremos nosso objetivo:

Destruiremos as barreiras entre os povos,

E elas, rachando com estrondo,

Ruirão para sempre, inciando-se na Terra

O reinado do amor e da verdade.

Seu poema “La Espero” (A Esperança), que setransformou no hino do esperantismo, revela os ob-jetivos que tinha em mente ao criar o idioma:

Sobre um fundamento neutro,

Compreendendo-se reciprocamente,

Os povos formarão, de comum acordo,

Um grande círculo familiar.

No Movimento Espírita brasileiro, os Espíritos,através de diferentes médiuns, têm enfatizado essetraço luminoso da Língua Internacional Neutra,bem como a superioridade espiritual de seu criador.Suas manifestações agora estão enfeixadas no belovolume A Língua que veio do Céu,1 edição CELD, deque colhemos apenas alguns trechos de comunica-ções psicografadas por Francisco Cândido Xavier.

Emmanuel, ao se referir à missão do esperanto(p. 23), define-a com clareza:

Também o ESPERANTO, amigos, não vem destruir

as línguas utilizadas no mundo, para o intercâmbio

dos pensamentos. A sua missão é superior, é a da

união e da fraternidade rumo à unidade universalis-

ta. Seus princípios são os da concórdia e seus após-

tolos são igualmente companheiros de quantos se

sacrificaram pelo ideal divino da solidariedade hu-

mana, nessas ou naquelas circunstâncias.

Cruz e Souza, reverenciando a memória de Za-menhof, traduz seu sentimento em belo soneto deque transcrevemos as duas últimas estrofes (p. 29):

Em teu apostolado augusto e santo,

Desfraldaste a bandeira do Esperanto,

Unindo os povos na Fraternidade!...

Gênio Celeste entre os Celestes Gênios,

Brilharás na memória dos milênios,

Vanguardeiro da nova Humanidade!

E o sempre vibrante Castro Alves anuncia (p. 57)a sua bela visão dos frutos do esperanto, no presente eno futuro:

Esperanto – mensageiro

De encantados tempos novos –

Erguerá nações e povos

Do campo de lodo e pó.

Da Harmonia timoneiro,

Que os portos da paz descerra,

Libertará toda a Terra,

Na glória de um mundo só!

Finalizamos, reproduzindo o sugestivo acróstico (p.49) com que o Espírito Abel Gomes aponta,em plena sin-tonia com o criador da língua, os objetivos do esperanto:

E streitar os povos.

S emear a compreensão.

P reparar a concórdia.

E spalhar a solidariedade humana.

R eunir as criaturas.

A clarar os caminhos das nações.

N utrir os ideais da fraternidade universal.

T raçar rumos novos à evolução da Terra.

O rganizar a paz do terceiro milênio.

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1O leitor interessado em conhecer essa obra pode encomendá-lana Sociedade Editora Espírita F. V. Lorenz (Societo Lorenz), nosendereços: [email protected] ou Caixa Postal 3133 –CEP 20001-970 – Rio de Janeiro (RJ) – Tel.: (21) 2221-2269.

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A cidade de Havana sediou, en-tre os dias 22 e 26 de abril de 2008,o II Taller Espirita Internacional,evento oficial do Movimento Es-pírita cubano, com apoio daSociedad Amor y Caridad Univer-sal e do Conselho Espírita Interna-cional. O CEI esteve representadopor alguns de seus dirigentes co-

mo o secretário-geral Nestor JoãoMasotti, Edwin Bravo (da Guate-mala) e Charles Kempf (França),que fizeram exposições doutriná-rias. Divaldo Pereira Franco profe-riu a palestra inaugural sobre otema central: “A Paz Mundial Nas-ce no Espírito de Bem”. Ao final daconferência de abertura, o secretá-

rio-geral do CEI, Nestor JoãoMasotti, juntamente com DivaldoPereira Franco e Antonio Agra-monte, líder espírita local, conver-saram longamente com a Ministrade Estado para Assuntos Religio-sos de Cuba, com o objetivo defacilitar o trânsito de livros espíri-tas vindos do Exterior. O eventofoi realizado nas dependências doHotel Riviera e amplamente di-vulgado na Televisão Educativa deHavana. Participaram do encon-tro cerca de 220 pessoas, oriundasde várias regiões de Cuba e visi-tantes de Honduras, El Salvador,Guatemala, Porto Rico, Colômbia,Estados Unidos, França e Brasil.Realizou-se também cerimôniaem praça pública.

Encontro Espírita em Cuba

Ecologia é tema de Congresso Espírita

Divaldo Pereira Franco proferiu a palestra inaugural sobre o tema central do evento

A Federação Espírita do Estadode São Paulo promoveu em suasede, na Capital, o Congresso Es-pírita FEESP 2008, de 1o a 4 demaio passado, com abordagem dotema central “A ecologia e a evolu-ção do Espírito no planeta Terra”.

A Sessão de Abertura, no Audi-tório Nobre Bezerra de Menezes,foi iniciada pelo Coral e Orques-tra Carlos Gomes, regência domaestro Sylvio Tancredi, com aapresentação de excelentes peçasmusicais, clássicas e populares. Asolenidade foi dirigida pela presi-

dente da FEESP, Silvia CristinaStars de Carvalho Puglia, e contoucom a participação de presidentesou representantes das seguintesinstituições: União das Socieda-des Espíritas do Estado de SãoPaulo, Federação Espírita Brasilei-ra, Associação dos MagistradosEspíritas do Brasil, Fundação Es-pírita André Luiz/Rede Boa No-va de Rádio e TV Mundo Maior,Aliança Espírita Evangélica, Uniãodos Delegados de Polícia e EditoraO Clarim, de Matão (SP). Apósrápidas saudações dos componen-

tes da Mesa, Divaldo Pereira Fran-co proferiu bela e substanciosaconferência, baseada no tema doCongresso.

Além das conferências de aber-tura e encerramento, o temáriodesdobrou-se em 52 palestras,simultâneas, no Auditório e em4 salas, proferidas por expositoresespíritas de São Paulo (vários daFEESP), de Brasília, Paraná e Riode Janeiro.

As atividades do Congresso fo-ram transmitidas ao vivo pela Rá-dio Boa Nova.

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37Junho 2008 • Reformador 223355

á 24 anos, retornou aomundo espiritual Deolin-do Amorim, grande estu-

dioso e incansável defensor dasobras codificadas por Allan Kar-dec, sendo, também, profundoconhecedor das obras de LéonDenis. Extremamente dedicado àcausa espírita, procurou divulgara mensagem espiritista de formafidedigna, clara e objetiva. Dei-xou-nos valoroso legado, verda-deiro farol em nossas vidas.

Como autêntico seguidor domestre lionês, dedicou-se com ar-dor ao Espiritismo, defendendo-oe procurando evitar que os postu-lados espíritas fossem confundi-dos com outras doutrinas espiri-tualistas na Terra do Cruzeiro. Em1939, à luz da questão 932 de OLivro dos Espíritos, Deolindo fo-mentou e coordenou o I Congres-so de Jornalistas e Escritores Espí-ritas do Brasil. Entre suas obras li-terárias, destacamos três que nor-tearam este artigo.

Em 1947, visando esclarecer asdúvidas e posicionar devidamentea origem do Espiritismo, lança aexcelente obra Africanismo e Espi-ritismo. Nela, Deolindo, com a cla-reza, abrangência e simplicidade

que lhe eram peculiares, demons-tra que não há ponto de contatofilosófico, prático ou doutrinárioentre a Doutrina Espírita e as cor-rentes religiosas oriundas da Áfri-ca; ressalta que o termo Espiritismo

foi criado por Allan Kardec em1857, sendo, portanto, fora de sen-tido associá-lo às correntes reli-giosas baseadas na cultura africa-na trazidas para o Brasil a partirdos anos 1538/1540.

Em 1956, na defesa dos postu-lados espíritas, publica o livro OEspiritismo à Luz da Crítica, noqual, de forma objetiva e com

base em fatos e evidências, res-ponde a um padre que escreverauma obra criticando a DoutrinaEspírita.

Em 1958, lançou a obra O Espi-ritismo e as Doutrinas Espiritualis-tas, com abordagem das diversasreligiões espiritualistas, contex-tualizando-as em suas bases e fa-zendo um paralelo das semelhan-ças e diferenças entre elas e a Dou-trina Espírita. Demonstrou que oEspiritismo é uma doutrina espi-ritualista em generalidade, masindependente das outras doutri-nas. Nesta obra, Deolindo esclare-ce que cada religião ou doutrinatem o seu lugar inconfundível. Édele a frase: “É melhor discer-nir do que confundir, pois é dis-cernindo que se põe ordem nasidéias para procurar a verdade”.

Terminamos este artigo convi-dando respeitosamente o leitorpara que conheça as excelentesobras desta alma abnegada e lú-cida. Àqueles que já as conhecem,mantemos o convite para que asreleiam, reforçando assim os ideaisespiritistas e, sobretudo, a manu-tenção consistente das bases kar-dequianas em nosso MovimentoEspírita.

Deolindo Amorim e adefesa dos postulados espíritas

HEL Í S E O CL AU D I O NAV E G A SA L DA N H A

Deolindo Amorim

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Sessão de Abertura

No dia 11, às 20 horas, ocorreua Sessão de Abertura, iniciada pe-la presidente da Federação Espíritado Rio Grande do Norte (FERN),Sandra Maria Borba Pereira, quefez a saudação aos componentesdas Federativas visitantes e pas-sou a palavra ao coordenador dasComissões Regionais do Conse-lho Federativo Nacional da FEB,Antonio Cesar Perri de Carvalho.Seguiu-se a saudação do presiden-te da FEB, Nestor João Masotti,sendo a prece proferida pelo vice--presidente da FEB, Altivo Ferrei-

ra. A pedido do coordenador dasComissões Regionais, a presiden-te da FERN convidou os presi-dentes das Federativas a apresen-tarem suas equipes, e apresentoua equipe da FEB. A reunião con-tou com a participação das noveEntidades Federativas Estaduaisda Região: Paulo Marcondes deHolanda Padilha (representandoo presidente da Federação Espí-rita do Estado de Alagoas), Creu-za Santos Lage (Federação Espí-rita do Estado da Bahia), AlanArrais Sydrião de Alencar (Fede-ração Espírita do Estado do Cea-rá), Ana Luiza Nazareno Ferreira

(Federação Espírita do Mara-nhão), José Raimundo de Lima(Federação Espírita Paraibana),Waldeck Xavier Atademo (Fede-ração Espírita Pernambucana),Rosa Maria da Silva Araújo (Fe-deração Espírita Piauiense), San-dra Maria Borba Pereira (Fede-ração Espírita do Rio Grande doNorte) e Júlio César Freitas Góes(Federação Espírita do Estado deSergipe).

Durante a Sessão de Aberturafoi proferida palestra sobre o tema“150 Anos de Revista Espírita e do1o Centro Espírita do Mundo”, porAntonio Cesar Perri de Carvalho.

Reunião da ComissãoRegional Nordeste

A Reunião da Comissão Regional Nordeste, em seu vigésimo segundo ano,desenvolveu-se de 11 a 13 de abril de 2008, nas dependências do Hotel

Maine, em Natal, Rio Grande do Norte

Sessão de Abertura: Saudação dapresidente da Federativa anfitriã

Conselho Federativo Nacional

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Reunião dos Dirigentes

Ocorreu durante o dia de sába-do. A direção dos trabalhos coube

ao coordenador das ComissõesRegionais, com a participação dasecretária da Comissão RegionalNordeste, Olga Lúcia EspíndolaFreire Maia, do presidente da FEB,Nestor João Masotti, do vice-pre-sidente Altivo Ferreira e de Edimil-son Nogueira, integrante da equi-pe da Secretaria Geral do CFN.

Representantes do Departamen-to Editorial da FEB fizeram umaapresentação sobre a propostapromocional da Coleção RevistaEspírita, editada pela FEB. Os diri-gentes das Federativas trataramdo tema: “Gestão Federativa”, quefoi amplamente discutido, definin-do-se os pontos básicos a seremanalisados por comissão integrada

pelos presidentes das Federativasda Bahia, Paraíba e Rio Grande doNorte, mantendo-se contatos comas demais Comissões Regionais e

preparando-se uma minuta deproposta para o CFN. Decidiu-seque o mesmo tema será abordado

no próximo ano. Foram relatadasações sobre: o andamento de co-memorações dos Sesquicentená-rios da Revista Espírita e da Socie-dade Parisiense de Estudos Espíri-

tas; os 140 anos de A Gênese; a im-plementação do “Plano de Traba-lho para o Movimento EspíritaBrasileiro (2007-2012); o cursode Capacitação Administrativa deDirigentes Espíritas; e as Campa-nhas Família, Vida e Paz, com des-taque para a Mobilização Nacio-nal Em Defesa da Vida – Brasil SemAborto. Discutiu-se uma maneirapara desenvolver e analisar pro-postas para a Comissão de Estudossobre a Arte Espírita (constituídapelo CFN) e também foram rece-bidas sugestões para o 3o Congres-so Espírita Brasileiro, programa-do para 14 a 18 de abril de 2010.

Reuniões Setoriais

Simultaneamente, realizaram--se as reuniões das áreas especiali-zadas, todas elas com a participa-

Reunião dos Dirigentes: Ceará, Rio Grande do Norte, Pernambuco e Paraíba

Sessão de Abertura: Aspecto do público

Reunião dos Dirigentes: Sergipe, Alagoas, Bahia, Maranhão e Piauí

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ção de trabalhadores dos Estadosda Região: Atendimento Espiri-tual no Centro Espírita, AtividadeMediúnica, Comunicação SocialEspírita, Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita, Infância e Ju-ventude, e Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita.

Sessão Plenária

Ao final, na manhã de domingo,houve uma reunião plenária desen-volvida como mesa-redonda, dirigi-da pelo coordenador das Comis-sões Regionais, com a participaçãodo presidente da FEB, Nestor JoãoMasotti, do vice-presidente da FEB,Altivo Ferreira, da secretária da Co-missão Regional Nordeste, Olga Lú-cia Espíndola Freire Maia. Foi infor-mado que a próxima reunião serárealizada na cidade de Aracaju (Ser-gipe), nos dias 3, 4 e 5 de abril de2009. A secretária da Comissão Re-gional e os coordenadores de Áreasdas Comissões Regionais do CFNfizeram apresentação sintética acer-ca do tema discutido e a indicaçãodo tema para a próxima reunião,seguindo-se a participação do Ple-nário com diversas manifestações.Eis os relatos dos trabalhos realiza-dos nas seguintes reuniões setoriais:

Reunião da Área do AtendimentoEspiritual no Centro Espírita, coor-denada por Maria Euny HerreraMasotti, com assessoria de VirgíniaRoriz.Assunto da reunião:“Sistema-tização das atividades da Área Es-piritual”. Tema para a próxima reu-nião: “Sistematização do Trabalhodo Passe e Magnetização de Água”.

Reunião da Área da Atividade Me-diúnica, coordenada por Marta An-tunes de Oliveira Moura.Assunto dareunião: “Elaboração de um rotei-ro sobre A Prática Mediúnica”. Temapara a próxima reunião:“Organiza-

ção e Funcionamento de Grupo Me-diúnico e o Plano de Trabalho pa-ra o Movimento Espírita Brasileiro”.

Reunião da Área da Comunica-ção Social Espírita, coordenada

por Merhy Seba. Assunto da reu-nião: “Elaboração do Manual deComunicação Social Espírita: aná-lise das contribuições”. Tema paraa próxima reunião: “Capacitaçãodos Trabalhadores para Ocupação

de Espaços na Mídia, com ênfasena eletrônica”. Informou-se sobreo 1o Encontro Nacional da Área deComunicação Social Espírita, pro-gramado para o período de 11 a13 de julho de 2008, em Goiânia.

Área do Atendimento Espiritual

Área da Atividade Mediúnica

Área da Comunicação Social Espírita

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Reunião da Área do Estudo Sis-tematizado da Doutrina Espírita,coordenada por Sônia Maria Ar-

ruda Fonseca, representante dacoordenadora da Área, a vice-pre-sidente Cecília Rocha. Assunto dareunião: “Rever as conclusões doII Encontro Nacional do ESDE;estabelecer os conteúdos para oIII Encontro Nacional do ESDEprevisto para julho de 2008; con-tinuar com o censo estatístico”.Tema para a próxima reunião:“Elaboração de um Plano de Açãodo ESDE Federativo”. Foi infor-mado sobre o III Encontro Na-cional de Coordenadores do ESDE,programado para o período de25 a 27 de julho de 2008, na sededa FEB.

Reunião da Área da Infância eJuventude, coordenada por RuteRibeiro, com assessoria de Cirne

Ferreira. Assunto da reunião:“Juventude Espírita”. Tema paraa próxima reunião: será dada

continuidade ao mesmo tema,com ênfase no perfil das Juven-tudes Espíritas nos Estados e noNordeste.

Reunião da Área do Serviço deAssistência e Promoção Social Espí-rita, coordenada por José Carlos

da Silva Silveira, com assessoria deMaria de Lourdes Pereira de Oli-

veira. Assunto da reunião: “Os re-sultados, na área do SAPSE, daexecução do Plano de Trabalhopara o Movimento Espírita Bra-sileiro”. Tema para a próxima reu-nião: “Diagnóstico do SAPSE noNordeste – Como o MovimentoEspírita está reagindo em relaçãoà Proposta do Manual”.

Encerrando os trabalhos, ocor-reram manifestações de despe-dida dos presidentes e represen-tante das Entidades FederativasEstaduais; o coordenador dasComissões Regionais e o presi-dente da FEB agradeceram a co-laboração e apoio de todos; a se-guir, Sandra Maria Borba Perei-ra, presidente da Entidade Fede-rativa anfitriã, prestou algumashomenagens e o vice-presidente

da FEB proferiu a prece de en-cerramento.

Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita

Área da Infância e Juventude

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Seara Espírita

R. G. do Sul: Jornada Médico-EspíritaNos dias 11 e 12 de abril, desenvolveu-se a IV Jorna-da Médico-Espírita da Serra Gaúcha, em Caxias doSul (RS). O evento foi promovido pela AssociaçãoMédico-Espírita do Rio Grande do Sul, nas depen-dências do Teatro da Universidade de Caxias do Sul.Teve como tema central “Doenças da Alma – causase terapias”, desdobrado em onze palestras sobre as-suntos como: corpo, alma e saúde, a pedagogia dacura, terapia do amor, transtorno bipolar e síndromedo pânico, cura por meio do coração, mecânica psí-quica do perdão, e Espírito em terapia. Mais de 700pessoas participaram da Jornada. Informações:www.portaldaluz.com.br

Uberaba (MG): Homenagem a Chico XavierNos dias 19 e 20 de abril, ocorreu reunião em home-nagem a Francisco Cândido Xavier, realizada em clu-be da cidade de Uberaba, com a presença de espíri-tas de várias partes do Brasil e de três países. O pre-sidente da Federação Espírita Brasileira, Nestor JoãoMasotti, compareceu, ressaltou a obra psicográficado médium e informou sobre os preparativos para arealização do 3o Congresso Espírita Brasileiro, pro-gramado pela FEB, para o período de 14 a 18 de abrilde 2010, evocativo do centenário de nascimento deChico Xavier.

Rio de Janeiro: Dia do Livro EspíritaNo dia 18 de abril de 2008, o Movimento Espíritado Estado do Rio de Janeiro reuniu-se às 18h30 naAssembléia Legislativa (ALERJ) para comemorar oDia do Livro Espírita. A Sessão Solene teve comoorador Humberto Portugal Karl, diretor da Áreade Relações Externas do Conselho Espírita doEstado do Rio de Janeiro (CEERJ), o qual, entreoutros assuntos, resumiu os princípios da Doutri-na Espírita, encerrando com a Campanha da Fe-deração Espírita Brasileira Em Defesa da Vida, con-tra o Aborto, a Eutanásia, a Pena de Morte e oSuicídio.

São Paulo: Evento sobre Álcool e DrogasA Associação Médico-Espírita de São Paulo pro-moveu um seminário sobre “Álcool e Drogas noparadigma médico-espírita” em 10 de maio, na se-de do AGE Center, em São Paulo (SP). Na aborda-gem do tema, deu-se ênfase à prevenção e ao trata-mento.

Itália: Fundação de União e Reunião do CEINo dia 12 de abril foi fundada a Unione SpiriticaItaliana (USI). A Itália hoje conta com 8 grupos espí-ritas, alguns já fundados há mais de 10 anos. Embreve a USI criará uma página eletrônica que ofere-cerá a todos os interessados informações sobre oMovimento Espírita italiano, livros espíritas na lín-gua do País, entre outras. E-mail: [email protected]

Nos dias 16 a 18 de maio, ocorreu a 10a Reunião daCoordenadoria de Apoio ao Movimento Espíritada Europa, do Conselho Espírita Internacional, nacidade de Lecco, contando com palestras e seminá-rios por Nestor João Masotti, Antonio Cesar Perri deCarvalho e Charles Kempf.

Lançada nos Estados Unidos a Revista Espírita em inglês

No dia 19 de abril, durante o Second U. S. SpiritistSymposium (2o Simpósio Espírita dos Estados Uni-dos), realizado nas dependências da tradicional His-torical Society de New York, em Manhattan, foi lança-da a edição em inglês da Revista Espírita, fundadapor Allan Kardec, com o título The Spiritist Magazi-ne e editada pelo Conselho Espírita Internacional(CEI). O tema central – “Propelling Our IntegralHealing with the Spiritist Therapy” (Promovendonossa Cura Integral com as Terapias Espíritas) – foidesenvolvido em inglês, com palestras e mesa-redon-da. O evento contou com participantes oriundos dequinze Estados americanos e o apoio conjuntode dezenas de instituições espíritas. O CEI foi repre-sentado por Antonio Cesar Perri de Carvalho. Infor-mações: www.spiritistsymposium.org

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