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Concepção espírita dos sonhos Conceito e gênese dos distúrbios mentais III Encontro Nacional de Coordenadores do ESDE Juventude FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 126 • Nº 2.152 • Julho 2008 D EUS , C RISTO E C ARIDADE R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749 “Saibamos e , porque, em todos os tempos, onde a juventude é , a vida perece.” semear construir desamparada

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Concepção espírita dos sonhos

Conceito e gênese dos distúrbios mentais

III Encontro Nacional de Coordenadores do ESDE

Juventude

F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 126 • Nº 2.152 • Ju lho 2008D EUS , CR I S TO E CAR I D AD E

R$ 5,00

ISSN 1

413

- 1

749

“Saibamos e , porque, em todosos tempos, onde a juventude é ,

a vida perece.”

semear construirdesamparada

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 126 / Julho, 2008 / N o 2.152

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES PEREIRA

Editorial

Juventude

Entrevista: Francisca Vera Moreira Israel

O Espiritismo em Roraima

Presença de Chico Xavier

Jovens – Emmanuel

Esflorando o Evangelho

Não furtes – Emmanuel

Conselho Espírita Internacional

Reunião da Coordenadoria do CEI da Europa

A FEB e o Esperanto

Seara Esperantista – Affonso Soares

Conselho Federativo Nacional

Reunião da Comissão Regional Sul

Seara Espírita

As transformações e a regeneração –

Juvanir Borges de Souza

Concepção espírita dos sonhos – Christiano Torchi

Ao amigo dos espíritas – Zêus Wantuil

O objetivo único da vida – Richard Simonetti

Pai, não nos deixes cair em tentação –

Ivone Molinaro Ghiggino

A mediunidade de Allan Kardec – Adilton Pugliese

Resguarde-se – André Luiz

O jovem espírita (Capa) – Clara Lila Gonzalez de Araújo

Em dia com o Espiritismo – Conceito e gênese dos

distúrbios mentais – Marta Antunes Moura

A FEB na 1a Bienal do Livro de Minas

Cristianismo Redivivo – As parábolas de Jesus –

Haroldo Dutra Dias

III Encontro Nacional de Coordenadores do ESDE –

Sônia Arruda

Orientação ao Centro Espírita – Aylton Paiva

Retificando...

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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Editorial

4 Reformador • Ju lho 2008224422

Doutrina Espírita esclarece que o homem é um Espírito imortal, em constan-

te processo de evolução, que já reencarnou inúmeras vezes e se encontra nova-

mente encarnado com o objetivo de se aperfeiçoar, moral e intelectualmente.

Esclarece, também, que no decorrer de todo o processo reencarnatório, que passa

pelo estado de embrião, feto e recém-nascido, seguido pelo estado infantil e juvenil,

o Espírito está mais acessível às mudanças interiores necessárias ao seu progresso

espiritual, mais sujeito à influência daqueles com quem convive, os quais carregam

consigo a responsabilidade de educá-lo.

A Humanidade enfrenta, hoje, um grave problema social, que é o grande número

dos suicídios que ocorrem entre jovens, adolescentes e até pré-adolescentes, cuja

causa principal está quase sempre ligada à falta de convicção a respeito da própria

imortalidade – a qual dá um sentido à vida e respostas aos seus questionamentos –,

e à ausência de amor fraternal e familiar, que os fortalece para os naturais desafios

da vida.

As novas gerações trazem consigo o desafio de participar na construção de um

mundo novo, que deverá se caracterizar pela visão espiritualista da vida e pela prá-

tica do Evangelho de Jesus. São, portanto, merecedoras de todo o apoio, esclareci-

mento, orientação e afeto, necessários à concretização dos seus nobres propósitos

de realização e progresso, tanto pessoais como sociais.

A

Juventude383. Qual é, para o Espírito, a utilidade de passar pelo estado de infância?

“Encarnando com o objetivo de se aperfeiçoar, o Espírito, durante esse perío-

do, é mais acessível às impressões que recebe e que podem auxiliar o seu adian-

tamento, para o qual devem contribuir os que estão encarregados de educá-lo.”

385. Qual a razão da mudança que se opera no caráter do indivíduo em certa

idade, especialmente ao sair da adolescência? É o Espírito que se modifica?

“[...] Os Espíritos só entram na vida corporal para se aperfeiçoarem, para se

melhorarem. A fragilidade dos primeiros anos os torna brandos, acessíveis aos

conselhos da experiência e dos que devem fazê-los progredir. É quando se pode

reformar o seu caráter e reprimir seus maus pendores. Esse é o dever que Deus

confiou aos pais, missão sagrada pela qual terão de responder.”1

1Allan Kardec – O Livro dos Espíritos, Edição Comemorativa (FEB).

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5Ju lho 2008 • Reformador 224433

As transformaçõese a regeneraçãolei divina do progresso in-cide tanto nos seres indivi-duais quanto nos coletivos,

como a Humanidade, ou parte dela.A diferença decorre da própria

natureza dos seres. Enquanto noshomens, individualmente, percebe--se a evolução em lapsos pequenosde tempo – anos ou décadas – nosseres coletivos as transformaçõespodem demorar séculos e milênios,em períodos e épocas marcantes.

Exemplo histórico de lenta evo-lução humana coletiva é a IdadeMédia, com duração de mil anos.

Mas há também ocorrência defatos demonstrativos de progresso,com a instituição de nova ordemna vida coletiva, como é exemplo aRevolução Francesa, que determi-nou o fim de abusos seculares depotentados e poderosos, instituin-do a liberdade em vários aspectosda vida coletiva e individual.

Aqueles que vivem em épocasde transformações rápidas podemperceber as diferenças de usos ecostumes em uma nova etapa davida social. É que surgem homensinteressados pela nova ordem,com idéias renovadoras, que subs-tituem as antigas.

Em um mundo atrasado, comoo nosso, seus habitantes, que sealternam nas gerações que se su-cedem, têm sempre aspiraçõesmais elevadas e abrangentes, embusca de uma situação mais satis-fatória que a anterior. Esse incon-formismo é também um incenti-vo para maiores conquistas e, con-seqüentemente, para o progresso.

Estamos vivendo, desde os mea-dos do século XIX, um período denovos conhecimentos e um novotempo de conquistas morais e in-telectuais.

O Consolador prometido eenviado por Jesus – a Doutrina dosEspíritos – marca o início de umanova fase para a vida individual ecoletiva dos habitantes da Terra,visando sua transformação moral.

É a busca do mundo regeneradoprevisto pela Espiritualidade su-perior, conquista que não tem pra-zo predeterminado para efetivar--se, dependendo da compreensão,do esforço e da vontade dos habi-tantes atuais e futuros deste orbe.

Há mais de século e meio entre oshomens, a Nova Revelação contémverdades e mostra realidades cujoconhecimento e vivência de seus

princípios tornam-se imprescindí-veis à caracterização de uma novaetapa na evolução de nosso mundo.

Grande parte da Humanidadeatual depara-se com uma insatis-fação e um vazio decorrentes dosconceitos e idéias que lhe propor-cionaram as filosofias e religiões tra-dicionais, com suas interpretaçõesincorretas das antigas escrituras.

A Terceira Revelação, que mos-tra e comprova a realidade sobre aeternidade da vida e que dá a conhe-cer as leis divinas que regem a tu-do que existe, que comprova verda-des anunciadas pelo Cristo, dando--lhes a interpretação correta e anun-ciando fatos de suma importância,que retificam antigas crenças, vemao encontro das aspirações dos queprocuram a verdade e os princípiosque lhes proporcionem o caminhocerto para a almejada felicidade.

O Consolador, o Espiritismono mundo, coincide com um no-vo período de transformações, es-pecialmente de ordem moral e in-telectual, retificando os entendi-mentos distorcidos do passado edo presente, os quais dão origema enganos conceptuais sobre a vi-da e seus desdobramentos.

AJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

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As conquistas das diversasciências, no campo da matéria,aliadas aos avanços de ordem mo-ral proporcionados pela Nova Re-velação, caracterizam a chegadade novos tempos apropriados àera da regeneração humana.

De acordo com a divina lei doprogresso, nosso mundo progridefisicamente, pelas transformaçõesde seus elementos, e moralmentepela depuração gradual dos Espí-ritos que o habitam, tanto no cam-po dos encarnados quanto nas Es-feras dos desencarnados.

Essa evolução pode ser lenta egradual, como pode caracterizar--se por mudanças mais aceleradas.

A história humana ofereceexemplos de ambas as formas deprogresso.

Torna-se sempre útil lembrarque a evolução subordina-se sem-pre, de um lado, ao determinismoda lei divina, e de outro, à vontadee ao livre-arbítrio das criaturashumanas, que também é determi-nação do Criador.

A conjugação das duas normassuperiores, resultantes da vontadede Deus, é que vai determinar amaior ou menor rapidez do pro-gresso, seja de toda a Humanida-de, seja de uma parte dela, ou deuma raça, ou de uma nação.

O determinismo superior doCriador, manifestado permanen-temente em suas leis divinas, é ve-lado e executado pelos Espíritossuperiores.

Assim, tudo no Universo fun-ciona sob a direção de Deus. On-

de há perturbações, atrasos epráticas do mal, que parecemfugir à Vontade Soberana,como nos mundos de pro-vas e expiações, haverá tam-bém harmonização futu-ra, com o funcionamentoda lei do progresso.

Apesar dos muitos pro-blemas que assinalam avivência na Terra desde

tempos imemoriais, comoas guerras, a violência, a in-

sensibilidade de muitos de seushabitantes, a miséria, as doenças e

tantos outros males, não resta dúvi-da de que tem havido progresso ge-

ral, que se torna evidente ao se fazera comparação de períodos anterio-res da vida terrena com a atualidade.

Agora chegou o tempo apro-priado para um adiantamento mo-ral mais acentuado, a fim de quereinem entre as nações, raças eindivíduos a fraternidade, a soli-dariedade, a compreensão.

Para isso não basta o cultivo dainteligência. Torna-se imprescin-dível o aperfeiçoamento dos sen-timentos, com a prática efetiva doamor a Deus e ao próximo, síntesedos ensinamentos de Jesus e doConsolador por Ele prometido, eque já se encontra entre os homens.

Mudança profunda, qual a de setornarem melhores os homens emseus sentimentos e nos conheci-mentos do que já se acha ao seu al-cance, não se pode efetivar sem es-forços especiais, com permanentecombate ao egoísmo, ao orgulho eà ignorância, as grandes chagas hu-manas que se opõem à sua evolução.

A luta de idéias e de ideais tra-rá inevitáveis conflitos e pertur-bações à população terrena, portempo indeterminado, até que pre-valeça o equilíbrio com a aceita-ção da verdade, das realidades edo que é justo e superior, pelamaioria da população terrena.

Visando um melhor entendi-mento do que já vem ocorrendo nonosso planeta, em obediência aodeterminismo das leis divinas paraque a Humanidade alcance ummelhor estágio evolutivo de mun-do regenerado, vamos nos valer deduas instruções ministradas por Es-píritos evoluídos e publicadas porAllan Kardec na Revue Spirite, em

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outubro de 1868, “Influência dosplanetas nas perturbações do globoterrestre”, e no capítulo XVIII, deA Gênese, itens 8 e 9, Ed. FEB.

Como as comunicações sãolongas transcrevemos apenas al-guns trechos de A Gênese, que elu-cidam o assunto em foco, nemsempre de fácil entendimento:

“Cada corpo celeste, além das

leis simples que presidem à di-

visão dos dias e das noites, das

estações, etc., experimenta re-

voluções que demandam mi-

lhares de séculos para sua reali-

zação completa [...].

“O homem apenas apreende as

fases de duração relativamente

curta e cuja periodicidade ele

pode comprovar. Algumas, no

entanto, há que abrangem lon-

gas gerações de seres e, até, su-

cessões de raças, revoluções es-

sas cujos efeitos, conseguinte-

mente, se lhe apresentam com

caráter de novidade e de espon-

taneidade [...]

....................................................

“A matéria orgânica não poderia

escapar a essas influências; as

perturbações que ela sofre po-

dem, pois, alterar o estado físi-

co dos seres vivos e determinar

algumas dessas enfermidades que

atacam de modo geral as plantas,

os animais e os homens, enfer-

midades que, como todos os fla-

gelos, são, para a inteligência hu-

mana, um estimulante que a im-

pele, por força da necessidade, a

procurar meios de os combater e

a descobrir leis da Natureza.”

Arago

A Humanidade terrestre, tendo

chegado a um desses períodos

de crescimento, está em cheio, há

quase um século, no trabalho da

sua transformação, pelo que a ve-

mos agitar-se de todos os lados,

presa de uma espécie de febre e

como que impelida por invisível

força. Assim continuará, até que

se haja outra vez estabilizado

em novas bases. Quem a obser-

var, então, achá-la-á muito mu-

dada em seus costumes, em seu

caráter, nas suas leis, em suas

crenças, numa palavra: em todo

o seu estado social.

“Uma coisa que vos parecerá

estranhável, mas que por isso

não deixa de ser rigorosa verda-

de, é que o mundo dos Espíritos,

mundo que vos rodeia, experi-

menta o contrachoque de todas

as comoções que abalam o mun-

do dos encarnados. Digo mes-

mo que aquele toma parte ativa

nessas comoções. Nada tem isto

de surpreendente, para quem

sabe que os Espíritos fazem cor-

po com a Humanidade; que eles

saem dela e a ela têm de voltar,

sendo, pois, natural se interes-

sem pelos movimentos que se

operam entre os homens. [...]

....................................................

“É no período que ora se inicia

que o Espiritismo florescerá e

dará frutos. Trabalhais, portan-

to, mais para o futuro, do que

para o presente. Era, porém, ne-

cessário que esses trabalhos se

preparassem antecipadamente,

porque eles traçam as sendas

da regeneração, pela unificação

e racionalidade das crenças.

Ditosos os que deles aprovei-

tam desde já. Tantas penas se

pouparão esses, quantos forem

os proveitos que deles aufiram.”

Doutor Barry

Os Evangelhos de Mateus,(24:29-31); de Marcos, (13:24--27); e Lucas, (21:25-28), em lin-guagem figurada, destinada aofuturo, que só o Consolador pro-metido interpretaria corretamen-te, prevêem diversos aconteci-mentos com antecedência de mi-lhares de anos.

Alegoricamente, Jesus, o Go-vernador deste Orbe, fez previsõessobre transformações e aconteci-mentos futuros no mundo, tantode ordem física quanto de ordemmoral.

Velada e simbolicamente, refe-re-se o Mestre às condições atra-sadas em que se encontrava e ain-da se encontra o nosso mundo,prevendo Ele uma Nova Era paraa Humanidade.

Na ordem física, aludia às trans-formações parciais do Planeta,que continuarão a ocorrer, atravésdos séculos.

No que se refere à ordem mo-ral, seus ensinos alegóricos já sãointeligíveis por considerável con-tingente humano.

A Humanidade regenerada seráconstituída pelos seguidores fiéisdo Cristo (que se compara ao “Fi-lho do Homem”, das antigas cren-ças hebraicas), os seguidores daverdade por Ele desvendada.

Será a grande parcela da Huma-nidade que aceita o Cristo como“o caminho, a verdade e a vida”.

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sonho é um fenômenocorriqueiro, comum a to-das as pessoas, que sem-

pre intrigou os seres humanos eque está intimamente ligado aosono. Quem já não sonhou estarvoando? Quem já não sonhoucom pessoas desencarnadas...?

Com o advento da Doutrina Es-pírita, a partir de 1857, muita luz seprojetou sobre o enigma do sono edos sonhos,1 cujos princípios re-pousam sobre o axioma de que ohomem é um ser integral, constituí-do de corpo e alma, independentesentre si, premissa que tem auxiliadograndemente o entendimento dofenômeno.

Observando a incapacidade hu-mana de compreender os sonhos,os Espíritos exclamaram: “Pobreshomens, que mal conheceis os maisvulgares fenômenos da vida! [...]”.2

Todos sonhamos, ainda que nãonos lembremos! O sonho, a catalep-sia, a letargia3 e o sonambulismo4

são todos fenômenos de emanci-pação ou desdobramento da alma.

O Espírito se desdobra, quandose desprende parcialmente docorpo físico, permanecendo uni-do a este por um cordão ou laçofluídico5 (conhecido, vulgarmen-te, como “cordão prateado”),6 si-tuação que ocorre diuturnamentenos momentos do sono físico oumesmo durante um leve cochilo.

Ao dormirmos, ficamos, tem-porariamente, no mesmo estadoem que permaneceremos depoisda morte física, motivo pelo qualse diz que o sono é um treino paraa morte. Sob esta ótica, pode-sedizer que todos os dias morremos.

O sonho é a lembrança mais oumenos nítida das experiências queo Espírito traz, ao despertar, desua excursão pelo plano espiritual.Constitui, por isso, uma das evidên-cias da realidade da alma. Quandoo corpo repousa, o Espírito liberaum pouco mais suas faculdades, aocontrário do que acontece quandose encontra acordado, lembrando--se, muitas vezes, do passado e atépenetrando o futuro.

Se não dormíssemos, a encar-nação e o nosso progresso espiri-tual certamente estariam compro-metidos, uma vez que é no mundoespiritual – a nossa pátria verdadei-ra – que buscamosforças para en-frentar as di-ficuldades

OCH R I S T I A N O TO RC H I

Concepçãoespírita dos

sonhos

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do dia-a-dia, no plano físico. Nãosem razão os Espíritos disseram, naquestão 402 da primeira obra bási-ca, que o sono é a porta que Deusabre aos homens, para que possamrelacionar-se com os amigos docéu; é o recreio depois do trabalho.

Graças ao sono, os encarnadosestão sempre em contato mais es-treito com os desencarnados e, in-clusive, com outros encarnados.O Espírito jamais está inativo. O so-no, além de proporcionar o descan-so e o refazimento do corpo físico,facilita a ampliação das percepçõespsíquicas e fornece maior intensi-dade ao raciocínio e à memória.

A interpretação onírica é umdos aspectos mais controverti-

dos deste tema. Muitas teo-rias exóticas, para não

dizer fantasiosas, já selevantaram sobre

a interpretaçãodos sonhos.

Em 1900, Sigmund Freud (1856--1939), considerado o “pai da Psi-canálise”,7 lançou a obra A inter-pretação dos sonhos, que trouxeuma contribuição acadêmica im-portante ao estudo deste interes-sante fenômeno. Entretanto, Freudnão levava em consideração o ele-mento espiritual, motivo por queas suas teorias psicanalíticas nemsempre explicam todos os fatosrelacionados com os sonhos, apre-sentando, mesmo, diversas lacunas.

Conforme anotado pelo Espíri-to André Luiz, na obra Os Mensa-geiros, “Freud [...] foi um grandemissionário da Ciência; no entan-to, manteve-se, como qualquer Es-pírito encarnado, sob certas limi-tações. Fez muito, mas não tudo,na esfera da indagação psíquica”.8

Portanto, muito antes de Freud,o Espiritismo já havia desvendadoos sonhos, que podem representardiversas situações. Algumas delassão:9 a) visão atual das coisas pre-sentes ou ausentes; b) visão retros-pectiva do passado; c) em algunscasos menos freqüentes, pressen-timento do futuro; d) comumen-te, constituem quadros alegóricos(simbólicos) que os bons Espíritosnos apresentam como úteis adver-tências ou salutares conselhos; e)de outras vezes, esses quadros ale-góricos são produzidos por Espíri-tos imperfeitos, quando tentamnos enganar e explorar nossas pai-xões; f) em outras circunstâncias,o sonho pode representar apenasuma ruminação das experiênciasvividas durante o período em queo Espírito permaneceu acordado.Nesse caso, o sonho não retrata

propriamente lembranças de fatosocorridos na Espiritualidade, masapenas criações fluídicas do pensa-mento derivadas de alguma preo-cupação ou experiências mais for-tes vivenciadas durante o dia, fe-nômeno designado pela Psicaná-lise de “restos do dia”.

Como lembram os imortais naquestão 404 de O Livro dos Espíri-tos, “os sonhos não são verdadei-ros como o entendem os ledoresde buena-dicha [adivinhos], poisfora absurdo crer-se que sonharcom tal coisa anuncia tal outra.São verdadeiros no sentido de queapresentam imagens que para oEspírito têm realidade, porém que,freqüentemente, nenhuma relaçãoguardam com o que se passa navida corporal. [...]”. (Grifo nosso.)

O despertamento do sono indi-ca que o Espírito, acompanhadode seu envoltório, o períspírito, es-te de natureza semimaterial sutilou quintessenciada, retornou aocasulo carnal, trazendo as memó-rias de suas experiências pelo mun-do espiritual, as quais, entretanto,em virtude do contato do perispí-rito com as células, são abafadaspelo corpo denso, cujos átomosvibram com maior lentidão.

Por causa disso, muitas vezes nãonos lembramos dos sonhos ou ape-nas nos recordamos de partes deles,que nada mais são do que trechosde lembranças de nossas experiên-cias pelo mundo invisível, fazendocom que se apresentem estranhos,sem muito nexo, como se estivés-semos lendo uma página em quealgumas palavras, linhas ou mesmofrases inteiras estivessem apagadas,

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truncando ou impedindo a com-preensão integral da mensagem.

Tal fenômeno ocorre porque aapreensão dos fatos, nos sonhos, éfeita diretamente pelo pensamen-to, não passando pelos órgãos dossentidos. Pondere-se, ainda, que alinguagem do pensamento é uni-versal, enquanto a linguagem daspalavras articuladas é revestida desímbolos que nem sempre tradu-zem, com exatidão, a essência dasexperiências vivenciadas pelo Es-pírito, que não encontram analo-gia no estreito vocabulário huma-no. Isso, de certo modo, explicapor que duas pessoas estrangeiras,mesmo não conhecendo o idiomaum do outro, podem se comuni-car pela via telepática.

Ao penetrar o mundo espiri-tual, pelas portas do sono, o en-carnado entra em relação maispróxima com outros Espíritos,encarnados ou desencarnados,onde influencia e é influenciado,para o bem ou para o mal, confor-me suas afinidades e suas tendên-

cias. Muitas decisões que toma-mos e idéias que temos, durante odia, são hauridas desses relaciona-mentos extracorpóreos.

Por isso, os benfeitores espiri-tuais recomendam que sempreoremos antes de dormir,10 para quenos contatemos com Espíritosque estejam em condições moraissuperiores à nossa, ocasião emque podemos receber ajuda, alémde sermos úteis, promovendoboas obras e auxiliando Espíritosnecessitados, se for o caso.

Como alerta Carlos Torres Pas-torino, em seu opúsculo Minutosde Sabedoria,11 não devemos nosimpressionar com os sonhos. Istopoderia levar-nos a extravagân-cias ridículas. Vivamos acordadosno bem que os nossos sonhos se-rão belos e bons. Se alguma carac-terística de verdade nos for revela-da em sonho, aceitemo-la comsimplicidade, mas não nos deixe-mos levar por interpretações su-persticiosas. Procuremos sempreo lado bom das coisas.

Concluindo, os sonhos encon-tram explicações nas leis que go-vernam as relações entre o mundofísico e o mundo espiritual, decor-rentes da existência do Espírito, doperispírito e dos fluidos espirituais,a chave que faltava para a melhorcompreensão desses fenômenos.

Referências:1Sobre o sono e os sonhos, consulte o

que os Espíritos superiores disseram a

Kardec, no cap. VIII da Parte segunda de

O livro dos espíritos, questões 400 a 402

e questões 413 a 418.2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. 91.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. VIII,

questão 402.3A catalepsia e a letargia são uma espé-

cie de sono físico de ordem patológica e

caracterizam-se pela perda temporária da

sensibilidade e do movimento do corpo

físico, que assume, temporariamente, a

aparência da morte biológica. São fenô-

menos bastantes comuns, embora pouco

pesquisados. Muitas vezes, o corpo da

pessoa é sepultado sem que tenha ainda

realmente ocorrido a morte. Alguns des-

ses fenômenos estão descritos no Novo

Testamento (Lucas, 7:11-17 [o filho da viú-

va de Naim] e Mateus, 9:23-26 [a filha de

Jairo]), sendo o caso mais conhecido o da

ressurreição de Lázaro (João, 11:1-45).4O sonambulismo “é um estado de inde-

pendência do Espírito, mais completo do

que no sonho, estado em que maior am-

plitude adquirem suas faculdades. A alma

tem então percepções de que não dispõe

no sonho, que é um estado de sonambu-

lismo imperfeito” (questão 425 de O livro

dos espíritos).5Sobre o laço fluídico, consulte O livro

dos médiuns, de Allan Kardec, cap. VII,

item 118, e o cap. XXV, item 284.6Eclesiastes, 12:6.7Método desenvolvido para tratar de dis-

túrbios psíquicos a partir da investigação

do inconsciente.8XAVIER, Francisco C. Os mensageiros.

Pelo Espírito André Luiz. 45. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2007. Cap. 38, p. 239.9Sobre a interpretação dos sonhos, na

ótica espírita, consulte também O livro

dos médiuns, cap. VI, item 101; e A Gêne-

se, cap. XIV, item 28.10A respeito da importância da oração antes

do sono, consulte o item 38 do cap. XXVIII,

de O evangelho segundo o espiritismo.11PASTORINO, Carlos T. Minutos de sabedoria.

39. ed. Petrópolis (RJ): Vozes, 2000. Cap. 33.

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Reformador: O Movimento Espíritase estende por todo o Estado de Ro-raima? Há quantos centros integra-dos à Federação Espírita Roraimense?Vera: O Movimento Espírita emRoraima localiza-se apenas na ca-pital do Estado, Boa Vista, con-tando com quatro centros espíri-tas, integrados à Federação.

Reformador: Desde quando háMovimento Espírita em Roraima ecomo ele se desenvolve?Vera: O Movimento Espírita emRoraima teve início em 1965, coma criação da primeira instituição,o Centro Espírita Lírio dos Vales,portanto, há 43 anos, e a FederaçãoEspírita Roraimense foi fundadaem 15 de janeiro de 1977.

O Movimento Espírita se desen-volve de forma gradativa. Em todosos centros espíritas já há a implan-tação dos grupos de Estudo Siste-matizado da Doutrina Espírita(ESDE), da evangelização espíritainfanto-juvenil, do atendimento

espiritual, da assistência social e dadivulgação do livro espírita.

Reformador: Há alguma peculia-ridade do Movimento Espírita emRoraima?Vera: Roraima é um Estado quefaz fronteira com a Venezuela e aGuiana Inglesa e, por isso, contacom um grande número de mili-tares sediados para prestarem ser-viços temporários na região. Con-siderando que muitos trabalha-dores espíritas provêm desse con-tingente, a evasão desses compa-nheiros de ideal provoca uma cer-ta rotatividade de colaboradores,o que afeta o desen-volvimento do Mo-vimento Espírita deRoraima.

Reformador: Temhavido comemo-rações dos Sesqui-centenários em Ro-raima?

Vera: Em nosso recente Encontrode Trabalhadores houve o repas-se de informações sobre o Sesqui-centenário de O Livro dos Espíri-tos, com base em materiais do 2o

Congresso Espírita Brasileiro edas Reuniões Especiais das Co-missões Regionais do CFN, ocor-ridos em abril de 2007. Foramrealizadas apresentações do gru-

O Espiritismoem Roraima

Francisca Vera Moreira Israel, presidente da Federação Espírita Roraimense,comenta sobre o Movimento Espírita em um dos Estados mais novos daFederação. Estão em fase de reprogramação as ações espíritas no Estado

FR A N C I S C A VE R A M. IS R A E LEntrevista

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po de Teatro Espírita AmadorMaurício, com as peças: “A Li-vraria” e “Espiritismo: uma NovaEra para a Humanidade”. Tam-bém foram promovidas palestrascom temas das quatro partes deO Livro dos Espíritos, em todas ascasas espíritas.

Reformador: Como estão atuan-do com o “Plano de Trabalho pa-ra o Movimento Espírita Brasileiro(2007-2012)”?Vera: Estamos tentando reprogra-mar nossas ações, buscando umnovo procedimento quanto à for-ma de planejar atividades para quepossam se ajustar aos objetivosdeste “Plano de Trabalho”, aprova-do pelo Conselho Federativo Na-cional da FEB, que consideramoscomo uma bússola que nos mos-tra um roteiro seguro a seguir.

Reformador: Há algum eventoprogramado?Vera: Estamos visualizando umanova fase para o Movimento Espí-rita de Roraima. Desde já inicia-mos os preparativos, com muitaexpectativa, para sediar a Reuniãoda Comissão Regional Norte doConselho Federativo Nacional daFEB, programada para o mês de junho de 2009.

Reformador: Alguma mensagemao leitor de Reformador?Vera: Agradecemos a oportuni-dade de oferecer algumas infor-mações sobre o Espiritismo em Ro-raima e apresentamos um abraçofraterno, contando com muitacompreensão entre todos nós.

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erto dia, estando de via-gem a Brasília pela Varig,soube da presença, no

mesmo vôo, do grande amigodos espíritas, Artur da Távola.Emocionado, fiz questão de cum-primentá-loem nome dosespíritas, aosquais ele sem-pre dedicaratoda atenção,inclusive eprincipalmen-te ao médiumChico Xavier,sobre o qualescrevera umapágina de mui-to carinho erespeito, pá-gina esta re-produzida no órgão da Federa-ção Espírita Brasileira (Reforma-dor, de junho de 1980, p. 36),após publicada em O Globo de26 de maio de 1980.

No contato com Artur daTávola foram lembrados vá-rios assuntos relativos ao Espi-ritismo, especialmente sobre amediunidade de Francisco Cân-dido Xavier, a quem ele mani-

festava muitaadmiração.

Com a ate-rissagem doavião em Bra-sília, despedi-mo-nos satis-feitos com ofeliz encontro,que propor-cionara a am-bos inolvidá-vel satisfaçãoe alegria.

Nosso ami-go Artur da

Távola desencarnou em 9 demaio deste ano. Tudo que oraescrevo é mais uma homena-gem agradecida ao seu eleva-do Espírito.

Artur da Távola

C

Ao amigodos espíritas

ZÊ U S WA N T U I L

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Presença de Chico Xavier

o estudo das idéias inatas, pensemos nos jo-vens, que somam às tendências do passadoas experiências recém-adquiridas.

Com exceção daqueles que renasceram submeti-dos à observação da patologia mental, todos vie-ram da estação infantil para o desempenho de no-bre destino.

Entretanto, quantas ansiedades e quantas flage-lações quase todos padecem, antes de se firmaremno porto seguro do dever a cumprir!...

Ao mapa de orientação respeitável que trazemdas Esferas Superiores, a transparecer-lhes do sen-timento, na forma de entusiasmos e sonhos juve-nis, misturam-se as deformações da realidade ter-restre que neles espera a redenção do futuro.

Muitos saem da meninice moralmente mutila-dos pelas mãos mercenárias a que foram confiadosno berço, e outros tantos acordam no labirinto dosexemplos lamentáveis, partidos daqueles mesmosde quem contavam colher as diretrizes do aprimo-ramento interior.

Muitos são arremessados aos problemas da or-fandade, quando mais necessitavam de apoioamigo, junto de outros que transitam na Terra, àfeição das aves de ninho desfeito, largados, semrumo, à tempestade das paixões subalternas.

Alguns deles, revoltados contra o lodo que selhes atira à esperança, descem aos mais sombriosvolutabros do crime, enquanto outros muitos, fati-gados de miséria, se refugiam em prostíbulos dou-rados para morrerem na condição de náufragos danoite.

Pede-se-lhes o porvir, e arruína-se-lhes o presente.

Engrinalda-se-lhes a forma, e perverte-se-lhes aconsciência.

Ensina-se-lhes o verbo aprimorado em lavoracadêmico, e dá-se-lhes na intimidade a palavra de-gradada em baixo calão.

Ergue-se-lhes o ideal à beleza da virtude, e zom-ba-se deles toda vez que não se revelem por tiposacabados de animalidade inferior.

Fala-se-lhes de glorificação do caráter, e afoga--se-lhes a alma no delírio do álcool ou na frustra-ção dos entorpecentes.

Administra-se-lhes abandono, e critica-se-lhes aconduta.

Não condenes a mocidade, sempre que a vejasdementada ou inconseqüente.

Cada menino e moço no mundo é um plano daSabedoria Divina para serviço à Humanidade, etodo menino e moço transviado é um plano daSabedoria Divina que a Humanidade corrompeuou deslustrou.

Recebamos os jovens de qualquer procedênciapor nossos próprios filhos, estimulando neles oamor ao trabalho e a iniciativa da educação.

Diante de todos os que começam a luta, a senhaserá sempre – “velar e compreender” –, a fim deque saibamos semear e construir, porque, em todosos tempos, onde a juventude é desamparada, a vidaperece.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Religião dos espíritos. 20. ed. Rio de

Janeiro: 2007. p. 137-139. (Questão 218 de O Livro dos Espíritos.)

JovensN

Pelo Espírito Emmanuel

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a questão 860, de O Li-vro dos Espíritos, Ed. Co-memorativa, interroga

Allan Kardec:

Pode o homem, pela sua vontadee por seus atos, evitar aconteci-mentos que deveriam realizar--se e vice-versa?

Responde o Mentorque o assiste:

“Pode, desde queesse aparente desviopossa caber na vidaque escolheu. Além dis-so, para fazer o bem quelhe cumpre – único obje-tivo da vida – é permitidoao homem impedir o mal,sobretudo aquele que possacontribuir para a produção de ummal maior”.

Há nessa resposta material pa-ra volumoso livro.

De minha parte, gostaria de cha-mar sua atenção, leitor amigo, paraincisiva observação ali contida.

O Mentor espiritual está falando,com todas as letras, que a prática dobem é o objetivo único da vida.

Um confrade questionava:

– Não haverá aqui um pro-blema de filtragem mediúnica?Será unicamente para isso queexistimos: praticar o bem?!

A fim de entender essa colo-

cação do Mentor espiritual,consideremos que Deus não nosconcedeu a vida por mero dile-tantismo.

Criados à sua imagem e seme-lhança, segundo a expressão bíbli-

ca, deuses em potencial, somosinstrumentos da Vontade

Divina, co-participantesna obra da Criação.

Mais cedo ou maistarde, quando purose perfeitos, dentrode milhares ou mi-lhões de anos, de-pendendo de nossoesforço, também te-

remos missões glo-riosas a cumprir, doa-

dores de bênçãos, a en-riquecer e sustentar a Vi-

da onde estivermos.

Vale destacar que os Espíritospuros e perfeitos cumprem inte-gralmente a suprema lei divina:o Amor.

Amar é querer o bem de al-guém.

O objetivoúnico davida

NRI C H A R D SI M O N E T T I

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Conseqüentemente, o exercí-cio pleno do amor implica a totaldisposição de praticar o Bem.

Lembro-me de uma observa-ção do Espírito Cairbar Schutel,o grande lidador espírita de Ma-tão, pela mediunidade de ChicoXavier:

A Felicidade do Céu é socorrera infelicidade da Terra.

Jamais iremos tocar harpa noCéu, em permanente repouso,como pretendiam os teólogosmedievais, o que, diga-se de pas-sagem, não seria nada animador.Ociosidade eterna está mais parainferno do que paraíso.

Uma das revelações mais gra-tificantes do Espiritismo diz res-peito à nossa destinação final.Não há escolhidos para a salva-

ção, nem há condenados à irre-missível perdição, o que seriadupla injustiça.

Inadmissível tanto o céu porprivilégio quanto a penalidadeque transcende a natureza docrime.

Todos atingiremos a perfeição,quer queiramos ou não, porqueessa é a vontade de Deus, que nãofalha jamais em seus objetivos.

Chegaremos um dia onde Je-sus está, tanto quanto Ele esteveonde estamos.

Atingida essa meta, dotadosde desprendimento e abnega-ção, exercitaremos o bem inces-sante, a sustentar nossa perenecomunhão com o Criador, inte-grados na Harmonia Universal,felizes para sempre.

Por isso, todos os mecanis-mos evolutivos a que estamossubmetidos – a reencarnação, ainfância, o lar, o relacionamento

afetivo, a escola, a dor, a adver-sidade, a doença, a velhice, amorte –, nada mais fazem senãoamadurecer em nós a consciên-cia de que é preciso participarda economia universal, exerci-tando o Bem sempre, adequan-do-nos às Leis Divinas e reali-zando-nos como filhos de Deus.

Aqueles que servem empolga-dos pelo ideal do Bem queimametapas evolutivas, caminham maisdepressa, atingem a santidade an-tes mesmo de serem sábios.

Na verdade, revelam muito maissabedoria do que arrogantes in-telectuais que julgam detê-la. Es-tes, embriagados por altos vôosde inteligência, perdem-se em dis-cussões estéreis e raciocínios es-drúxulos, sem perceberem a su-prema sabedoria que se exprimenum gesto de bondade, o qual,invariavelmente, aproxima-nosde Deus.

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a belíssima oração ensi-nada por Jesus aos após-tolos, a qual denomina-

mos “Pai-Nosso” (Mateus, 6:9--13), consta, já na sua última par-te, a seguinte frase: “Não nos dei-xes cair em tentação”. É impor-tante que meditemos sobre isso,evitando interpretações errôneasdas palavras do Mestre.

“Tentação” origina-se do ver-bo latino “tentare”, que significa:tocar, sondar, arrastar, examinar,experimentar, ensaiar, procurarseduzir, corromper... Portanto,“tentação” é a “pessoa ou coisaque tenta o homem, que o insti-ga ao erro”.1

Não há dúvida quanto ao ob-jetivo da tentação. A BenfeitoraJoanna de Ângelis afirma: “Atentação representa uma avalia-ção em torno das conquistas doequilíbrio, por parte de quembusca o melhor, na trilha doaperfeiçoamento próprio”.2

O homem tem que viver dife-rentes situações difíceis e anta-gônicas, a fim de aprender o cer-

to e o errado, adquirir experiên-cias e saber escolher bem (livre--arbítrio), o que o leva a evoluir.Logo, como nos diz RodolfoCalligaris,3 tentações são “[...]uma espécie de exame ou sis-tema de aferição de nosso adian-tamento”, onde os homens queas vencem “[...] adquirem novasforças e elevam-se a níveis supe-riores”, enquanto “os que [a elas]sucumbem estacionam e vão re-petindo as lições da vida, até queas aprendam suficientemente”.

Em O Livro dos Espíritos, te-mos a resposta à pergunta 712a– Qual o objetivo dessa tentação?–, (referindo-se ao atrativo dosbens materiais): “Desenvolver--lhe a razão, que deve preservá--lo dos excessos”.4

Assim, até que o homem evo-lua e se mantenha firme na sen-da do bem, as tentações estarãoem seu caminho...

Duas são as origens das tenta-ções: do próprio interior do serhumano e exterior a ele. A queestá no íntimo do indivíduo é,

na realidade, a primária, decor-rente dos vestígios de antigasações equivocadas, a qual marcaatualmente, com tendências, em-bora fugidias, para o erro de cer-to modo voluntário (pois já co-nhece as Leis de Deus). Comonos diz Emmanuel: “Qual acon-tece com a árvore, a equilibrar-sesobre as próprias raízes”, o ho-mem, no presente, respira “[...]o influxo do passado”. Desse mo-do, a tentação “[...] surge funda-mentalmente de nós – na tramade sombra em que se nos enove-lam [ainda...] os pensamen-tos...”;5 é a carga de sombra quetrazemos em nós, de existênciaem existência.

A origem das tentações, exte-rior ao homem, deve-se à atua-ção de Espíritos ainda inferiores,os quais simplesmente se apro-veitam de seus pendores até ago-ra viciosos, isto é, suas brechasespirituais que, invigilante, abremediante pensamentos, sentimen-tos e ações negativos. Essa in-fluência perniciosa começa por

Pai, não nos deixescair em tentação

NIVO N E MO L I NA RO GH I G G I N O

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suaves “[...] debuxos mentaisque nos incomodam levemente,de início, no campo dessa ou da-quela idéia infeliz, gradualmentese fazem quadros enormes e in-quietantes em que se nos apri-sionam os sentimentos, que pas-sam, muita vez, ao domínio daobsessão manifesta”.5

O Espiritismo magnificamen-te nos ajuda a entender comopodemos ser assim influencia-dos, quando nos esclarece queo mundo espiritual nos rodeia enosso pensamento é energia, quevibra em determinada freqüên-cia, através da qual sintonizamoscom Espíritos que nela tambémvibram, sendo eles atraídos pornós. Por conseguinte, se pensar-mos “mal”, com quem estaremossintonizando?...

Daí a freqüente advertência deJesus: “Vigiai e orai, para nãocairdes em tentação!” (Marcos,14:38), a fim de nos protegermosdela, que se nos apresenta dasmais numerosas e diferentes for-mas: discreta e comedida noprincípio, enlevante, às vezes vo-raz e atordoante, insaciável mes-mo, não raro disfarçada de des-culpa mentirosa, sempre nos le-vando a repetir equívocos dolo-rosos... E tentação aceita, só nóssomos os responsáveis pelos so-frimentos daí decorrentes, já quenão “vigiamos” devidamente...

Que fique bem claro, para nós,que o “não nos deixes cair emtentação” do Pai-Nosso não podesignificar pedido de afastamentodas provas, que ainda nos sãonecessárias ao crescimento espi-

ritual. Rogamos, sim, assistênciaà nossa fraqueza, através da ins-piração do Cristo e de seus Enviados de Luz, para que resis-tamos às sugestões de irmãosainda imersos na sombra, osquais, infelizes, tentam nos des-viar da senda do bem.

Embora assistidos e auxiliadospelo Alto, o esforço tem que sernosso (uso do livre-arbítrio), pa-ra mantermos o propósito in-quebrantável de só pensar, dese-jar e realizar o bem, corrigindonossas imperfeições...

A Doutrina Espírita tambémnos elucida que sempre podemossuperar o mal, que só parece irre-sistível aos que nele se alegram eacomodam: o mal não constituifatalidade para ninguém!

Por isso, mobilizemos nossavontade para encetar o “bomcombate” contra nós mesmos,isto é, em nosso próprio favor. Eusemos o poderoso antídoto re-comendado por Emmanuel: “[...]o cultivo da bondade incessanteé o recurso eficaz contra o assé-dio de toda influência pernicio-sa”.5 Aliemos a vigilância e aoração ao trabalho no bem,e estaremos prevenidos eprotegidos contra astentações por inven-cível escudo, sob asdoces bênçãos doPai e de Jesus.

Referências:1FERREIRA, Aurélio Buar-

que de Holanda. Dicio-

nário eletrônico novo

Aurélio – Século XXI – versão 3.0 – Rio

de Janeiro: Editora Nova Fronteira.2FRANCO, Divaldo P. Leis morais da vi-

da. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Sal-

vador: LEAL, 1976.3CALLIGARIS, Rodolfo. O sermão da

montanha. 17. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2006. Cap. “O ‘Pai Nosso’ (VI)”, p. 134.4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

91. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Ques-

tão 712a.5XAVIER, Francisco C. Religião dos espí-

ritos. Pelo Espírito Emmanuel. 20. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. “Tenta-

ção e remédio”, p. 19-20.

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nte essa definição, formu-lada por Allan Kardec eexarada no segundo tomo

da Codificação Espírita, O Livrodos Médiuns, publicado em 15 dejaneiro de 1861, estudiosos da suavida exemplar perguntam: “Qualterá sido a mediunidade do Codi-ficador do Espiritismo? Qual a suafaculdade específica, dentre aque-las por ele expostas nos capítulosXIV a XVI da supracitada obra?”.

Na Revue Spirite de novembrode 1861 o próprio Codificador re-gistrou o seu depoimento a res-peito da questão da sua mediuni-dade. Em discurso pronunciadona Reunião Geral dos Espíritas Bor-deleses, quando de viagem à cidadede Bordeaux, ele confirma a ajudarecebida dos Espíritos para alcançaros objetivos a que se propunha,“[...]mas sem o menor sinal exterior demediunidade. Assim, não sou mé-dium, no sentido vulgar da palavra”,afirma ele, destacando ainda que“[...] Por uma mediunidade efetiva,

eu só teria escrito sob uma mesmainfluência [...] Foi possível, assim,fazer uma seleção dos diversos en-sinamentos, sem prevenção e comtotal imparcialidade. Vi muito, estu-dei muito e observei bastante [...]”.2

Depreende-se, ante os elucida-tivos comentários acima, a respei-to da paranormalidade humana,que todos a possuem, embora essacondição só qualifique “[...] aque-les em quem a faculdade mediú-nica se mostra bem caracterizadae se traduz por efeitos patentes, decerta intensidade, o que então de-pende de uma organização maisou menos sensitiva.[...]”.3

Referindo-se ao Cristo, tendoem vista o impacto de seu elevadís-simo poder magnético, mas tam-bém refletindo acerca da trajetóriaevolutiva do seu iluminado e expe-riente Espírito, que transcende acriação da Terra, mas a ela ligado,como Governador Espiritual, [“Esta-va no mundo, mas o mundo foi fei-to por meio dele [...]” (João, 1:10)],

o Codificador, em A Gênese, ques-tiona se Jesus teria agido “como mé-dium nas curas que operava” e seEle poderia ser considerado “pode-roso médium curador”, elucidan-do então que ser médium é ser in-termediário, um instrumento dosEspíritos desencarnados e se alguminfluxo estranho o Mestre recebia“esse só de Deus lhe poderia vir” eque,“segundo definição dada por umEspírito, ele era médium de Deus”.4

A magnitude da tarefa atribuídaao Cristo Planetário, com delegaçãode Messias Divino, e sua qualificaçãoconquistada de Espírito Puro, fê-loreceber as especiais credenciais deEmbaixador direto da Divindade, eser detentor de fluidos perispirituaisespecialíssimos, que lhe conferiam“imensa força magnética, secunda-da pelo incessante desejo de fazero bem”.5 Essa identificação pode serlida também em João, 14:10: “[...]meu Pai que mora em mim, fazele próprio as obras que eu faço”.6

Fazendo-se analogia com a mis-

A mediunidadede Allan Kardec

A

“Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por essefato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem [...]. Por isso mesmo, rarassão as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se

que todos são, mais ou menos, médiuns. [...]”1 (Grifamos.)

AD I LTO N PU G L I E S E

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são de Allan Kardec, pode-se dizerque ele foi médium, sob a diretainfluência e inspiração do Espíri-to Verdade. Esse venerável Espírito,em reunião íntima com o professorHippolyte Léon Denizard Rivail,em 12 de junho de 1856, em casado Sr. Carlotti, atuando como mé-dium a Srta. Aline Carlotti, definea missão do futuro Codificador doEspiritismo, destacando-lhe quenão seria suficiente, apenas, a suareconhecida inteligência, confir-mada em largos anos como exímiopedagogista e educador, e tracejao perfil psicológico que lhe seriaexigido, de domínio das emoções(podemos dizer de educação da pa-ranormalidade); de sintonia ade-quada para agradar a Deus e, paralutar contra os homens, coragem,perseverança e inabalável firmeza;seriam indispensáveis, ainda, pru-dência e tato; devotamento, abnega-ção e disposição a todos os sacrifícios.São condições, enfatiza o EspíritoVerdade, “que dependem de ti”.7

A comprovação da sintonia me-diúnica de Denizard Rivail peranteo seu Benfeitor espiritual emociona,ao responder-lhe:“Espírito Verdade,agradeço os teus sábios conselhos.Aceito tudo, sem restrição e semidéia preconcebida”.7 E, em segui-da, dirige comovedora prece a Deus:

Senhor! pois que te dignaste lan-

çar os olhos sobre mim para

cumprimento dos teus desígnios,

faça-se a tua vontade! Está nas

tuas mãos a minha vida; dispõe

do teu servo. [...] Ampara-me

nos momentos difíceis e, com o

teu auxílio e dos teus celestes

mensageiros, tudo envidarei para

corresponder aos teus desígnios.7

Coordenar um projeto da mag-nitude, do porte do advento e con-solidação da Terceira Revelação,cuja equipe de trabalho seria com-posta de homens e mulheres deten-tores de organização sensitiva es-pecial, adestrados previamente nointercâmbio medianímico, “aptos acaptar as impressões extrafísicase de transmiti-las ao plano físico”,exigiu igualmente uma liderançacom aptidões especiais, sobre-tudo na análise da produçãomediúnica recebida dire-tamente nas reuniões rea-lizadas nos núcleos fa-miliares precursores ena Sociedade Parisien-se de Estudos Espíritas,e daqueles outros ditadosmediúnicos proceden-tes de diversas partesdo mundo, com mais dedez médiuns prestandoconcurso ao trabalho deelaboração da primeira esegunda edições do livro bá-sico da Doutrina Espírita, eda recepção das “Instruçõesdos Espíritos”, que foraminseridas nas demaisobras do PentateucoKardequiano e naRevue Spirite.

“[...] Da comparação e da fusãode todas as respostas, coordenadas,classificadas e muitas vezes reto-cadas no silêncio da meditação, foique elaborei a primeira edição deO Livro dos Espíritos, entregue à pu-blicidade em 18 de abril de 1857”,8

declara Allan Kardec em suas anota-ções sobre os episódios que envolve-ram a sua iniciação no Espiritismo.

O querido mestre deixou regis-trada, no seu diário particular, a

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sensível habilidade que mantinhanas relações com os habitantes domundo invisível:

[...] Conduzi-me, pois, com os

Espíritos, como houvera feito

com homens. Para mim, eles

foram, do menor ao maior,

meios de me informar e não

reveladores predestinados.9

Allan Kardec, consoante sua in-terpretação íntima, pode não terexercido a mediunidade em suaacepção restrita,10 “para transmitiro pensamento dos Espíritos pelaescrita ou pela palavra”, muitasvezes aplicada em suas vertentesde mediunidade de serviço ou pro-vacional ou como um mediunatoou missão mediúnica, que se carac-terizam naquela condição de me-diunidade dinâmica,11 conformeos estudos do físico inglês WilliamJackson Crawford (1880-1920),catedrático de mecânica da Uni-versidade de Belfast, na Irlanda, eque fez experimentos com ciênciaspsíquicas, levitação e voz direta,descobridor das alavancas ectoplas-máticas. Mas, podemos considerarque, certamente, o Codificador eradetentor de especial antena psíqui-ca, naquela característica da acep-ção ampla da mediunidade, pos-suindo delicada percepção para-normal, com ênfase na intuição ena inspiração, podendo ser consi-derado o legítimo paradigma damediunidade praticada e vividasantamente, religiosamente, no seumais alto grau missionário, “umsacerdócio mediúnico de fraterni-dade, amor e compreensão”.

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. 80.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. XIV, Par-

te segunda, item 159.2______. Revista espírita: jornal de estudos

psicológicos. Ano IV. Novembro de 1861. 3.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. “Discurso do

Sr. Allan Kardec”, p. 491.3______. O livro dos médiuns. 80. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2007. Cap. XIV, Parte segunda,

item 159.4______. A gênese. 52. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2007. Cap. XV, item 2, p. 355.

5Idem, Ibidem.6Idem. Obras póstumas. 40. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2007. Primeira parte, “Estu-

do sobre a natureza do Cristo”, § III,

p. 146.7Idem, ibidem. Segunda parte, “A minha pri-

meira iniciação no Espiritismo”, p. 314-315.8Idem, ibidem. p. 301.9Idem, ibidem. p. 300.10CHIBENI, Silvio; SENO, Clarice. “Estudo so-

bre a mediunidade”. In: Reformador, agosto

de 1997, p. 20(240).11PIRES, Herculano. Mediunidade. São Pau-

lo: EDICEL, 1978. p. 18.

20 Reformador • Ju lho 2008 225588

André Luiz

Resguarde-se

dos tentáculos do desânimo, com a prece sincera;

das arremetidas da sombra, com a vigilância efetiva;

dos ataques do medo, com a luz da meditação;

dos miasmas do tédio, com o serviço incessante;

das nuvens da ignorância, com a bênção do estudo;

das labaredas da revolta, com a fonte da confiança;

das armadilhas do fanatismo, com a fé raciocinada;

das águas mortas do estacionamento, com o trabalho

constante e desinteressado no bem.

Cada espírito traz em si as forças ofensivas do mal e os recur-

sos defensivos do bem, na marcha da evolução.

A vitória do bem, conquanto seja fatal, depende, pois, do livre-

-arbítrio de cada um.

Assim sendo, para a sua felicidade, resguarde-se de toda con-

temporização com os enganos que nascem de você mesmo.

Fonte: XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Estude e viva. Pelos Espíri-tos Emmanuel e André Luiz. 12. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. p. 39-40.

Resguarde-se

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Não furtes

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Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Aquele que furtava não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as suas mãos

o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade.”

– PAULO. (EFÉSIOS, 4:28.)

á roubos de variada natureza, jamais catalogados nos códigos de justiça da

Terra.

Furtos de tempo aos que trabalham.

Assaltos à tranqüilidade do próximo.

Depredações da confiança alheia.

Invasões nos interesses dos outros.

Apropriações indébitas, através do pensamento.

Espoliações da alegria e da esperança.

Com as chaves falsas da intriga e da calúnia, da crueldade e da má-fé, almas

impiedosas existem, penetrando sutilmente nos corações desprevenidos, dilapidan-

do-os em seus mais valiosos patrimônios espirituais...

Por esse motivo, a palavra de Paulo se reveste de sublime significação: – “Aquele

que furtava não furte mais”.

Se aceitaste o Evangelho por norma de elevação da tua vida, procura, acima de

tudo, ocupar as tuas mãos em atividades edificantes, a fim de que possas ser real-

mente útil aos que necessitam.

Na preguiça está sediada a gerência do mal.

Quem alguma coisa faz, tem algo a repartir.

Busca o teu posto de serviço, cumpre dignamente as tuas obrigações de cada dia

e, atendendo aos deveres que o Senhor te confiou, atravessarás o caminho terrestre

sem furtar a ninguém.

H

Fonte: XAVIER, Francisco C. Fonte viva. Edição especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 142.

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O jovemespírita

amplitude da vida espiri-tual permite considerar aexistência humana como

um pequeno período de apren-dizado, quase minúsculo, se ava-liado em função do tempo deque dispõe o Espírito para seguirsua trajetória imortal, na obten-ção de conquistas morais e inte-lectuais.

Por esse motivo, há jovens queparecem ter amealhado expe-riências milenares, de singularprogresso, no decorrer de suasreencarnações, enquanto certoshomens mais velhos não conse-guem, sequer, demonstrar sim-ples atitudes éticas e de respeito,no trato com os seus semelhan-tes. Reconhece-se, todavia, quenem todos os jovens revelampossuir maior evolução e nemtodos os idosos estão impossibi-litados de orientá-los com sere-nidade, amor e sabedoria.

A história da Antigüidade re-gistra a preocupação de filósofoscomo Sócrates (470-399 a.C.),que pagou com a vida seu devota-mento ao ensino da juventude;Platão (427-347 a.C.), que dedi-cou o livro III da República à edu-cação da mocidade, e Aristóteles(384-322 a.C.) que, em sua Retó-rica, descreve a natureza do jovemcomo imprevisível, impulsiva, apai-xonada e com pouca capacidade pa-ra tolerar a crítica. Por suas obras,esses filósofos consideravam a fa-se juvenil como propícia para a for-mação do homem, na aquisiçãode valores e qualidades essenciaisao seu engrandecimento moral.

Mais recentemente, a partir doinício do século XX, cientistasdesenvolveram estudos sobre aadolescência, centrando-se, prin-cipalmente, na análise de suas con-dições comportamentais, tentan-do conhecer os intrincados lia-

mes que caracterizam a persona-lidade do adolescente.1

Espíritos superiores, encarre-gados da nobre missão de diri-gir a educação da infância e dajuventude, em nosso planeta,destacam, da mesma maneira, aimportância da fase juvenil, masnos alertam para a necessidadede observar, constantemente, astendências trazidas pelo jovem,de suas vidas pretéritas, as quaisinfluenciarão, fortemente, “asexperiências recém-adquiridas”.2

Tendências que, quase sempre,são acompanhadas por pequenasou grandes enfermidades mo-rais; vícios não superados e quemarcam de forma indelével o Es-pírito, prejudicando-o, sensivel-mente, em sua ascensão espiri-tual. Infelizmente, nem sempre,a cada reencarnação, os jovensrecebem a orientação segura eresponsável daqueles que, como

A

Foge também dos desejos da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor.

– Paulo. (II Timóteo, 2:22.)

CL A R A LI L A GO N Z A L E Z D E AR A Ú J O

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pais, os acolhem, apoiando-os,moral e espiritualmente, paravencerem a si mesmos. Muitosdeles, em número significativo,são prejudicados pelas desaven-ças em lares desestruturados e,largados sem rumo, transitamem busca das ilusões, dos praze-res fáceis, no cultivo de paixões esentimentos inferiores.

A formação de jovens espíritastem como objetivo prepará-lospara adquirirem as qualidades es-senciais que constituem o homemde bem, quais sejam: ser bom,caridoso, trabalhador, sóbrio emodesto, pois assim nos ensina aDoutrina. No entanto, os con-turbados problemas sociais queexistem atualmente parecem in-fluenciar, de forma devastadora,até mesmo alguns adolescentesespíritas, levando-os a optar porescolhas que reforçam suas im-perfeições morais.

Veja-se, por exemplo, o arti-go publicado na revista Refor-mador, de maio de 2005, a res-peito de uma pesquisa realizadapela Universidade de Campinas(UNICAMP), sobre a religião e ouso de drogas por adolescentes.Causou-nos surpresa o seu resul-

tado, divulgado na Revista Bra-sileira de Psiquiatria: a equipe depesquisadores verificou que oconsumo de álcool e drogas, poradolescentes, adeptos de váriasreligiões, foi significativamentemaior entre os católicos e os es-píritas. O autor, de posse dessesdados, levanta questões interes-santes, indagando, entre elas, seos pais, educadores e evangeliza-dores estariam envidando esfor-ços para desenvolver nos jovens“[...] a consciência do que é pre-judicial e do que é saudável paraa vida, tanto material quanto es-piritual”.3

Cabe-nos refletir sobre isso.Os adolescentes espíritas, comoos demais adolescentes, apresen-tam comportamentos inerentes àprópria idade: desejo de liberda-de, despertar da sexualidade, ca-rência afetiva, rebeldia e reivin-dicações, autenticidade, hiper-sensibilidade, atração pelo gru-po. É nessa fase que começa a semanifestar mais vigorosamente apersonalidade do Espírito, a qualdeixa de ser fonte de muitos con-flitos se, no período infantil, hou-ve observação atenta dos paisnas tendências daquele indiví-

duo, educando-o para a aquisi-ção de hábitos moralizadores, oque amenizará as dificuldades deadaptação enfrentadas pelo jo-vem para vivência em uma épocade vertiginosas mudanças so-ciais. A propósito, Allan Kardec,o insigne Codificador, em nota àquestão 685a, de O Livro dos Es-píritos, observa:

[...] Não nos referimos, po-

rém, à educação moral pelos

livros e sim à que consiste na

arte de formar os caracteres, à

que incute hábitos, porquanto

a educação é o conjunto dos há-

bitos adquiridos. Consideran-

do-se a aluvião de indivíduos

que todos os dias são lançados

na torrente da população, sem

princípios, sem freio e entre-

gues a seus próprios instintos,

serão de espantar as conse-

qüências desastrosas que daí

decorrem?[...]4

Uma das influências nefastasque atinge o Espírito, em seus pri-meiros anos de vida, no corpo de

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carne, a ser combatida pelospais, é não deixar que o senti-mento de indiferença e apatiasurja como manifestação de té-dio em sua existência, fruto deestímulos excessivamente materia-listas, redundando em apelos de-senfreados ao consumismo e navalorização do prazer físico emdetrimento de qualquer outraresponsabilidade moral.

Certos pais, no afã de agradaros filhos, deixam que eles abu-sem da aquisição de bens de con-sumo, sem perceber o mal que lhescausam, esquecidos de que suaprole deve ser preparada para fi-car satisfeita com o que tem, nomeio familiar, não havendo amenor obrigação de oferecer-lhemais do que aquilo que lhe sejaindispensável para o seu bem--estar físico, socioemocional eafetivo.

No capítulo XVI, de O Evan-gelho segundo o Espiritismo, emum dos trechos do item 14, o Es-pírito Lacordaire ressalta:

O amor aos bens terrenos

constitui um dos mais fortes

óbices ao vosso adiantamento

moral e espiritual. Pelo apego

à posse de tais bens, destruís as

vossas faculdades de amar,

com as aplicardes todas às coi-

sas materiais. [...].5

Nem todos os pais, porém, es-tão em condições de cuidar, pes-soalmente, da formação moraldos filhos, e os maus exemplosde uma vida de gastos excessivose contínua ânsia por status social e

econômico fazem preponderarnos jovens o desejo de atingir asmesmas metas que lhes assegu-rem apenas êxitos nas experiên-cias acadêmicas, profissionais,sociais e esportivas, afastando-osdo conhecimento e da práticadas virtudes cristãs. Em decor-rência desse acendrado interessemundano, os adolescentes sen-tem-se movidos pelos própriosimpulsos e passam a querer ex-perimentar novas sensações quelhes excitem a personalidade, co-mo, por exemplo, o consumo dedrogas, de bebidas alcoólicas edo sexo precoce e excessivo, in-fluenciados, enormemente, pelamídia e pelos “modismos” defen-didos por determinados gruposde nossa sociedade.

Em face desses problemas cru-ciais, como educar os filhos ado-lescentes, incutindo-lhes o deverde assumirem seus atos, fazendocom que eles adquiram uma con-duta reta e aprendam a subordi-nar suas ações a comportamen-tos éticos e morais, no âmbito

das relações familiares, sociais ereligiosas? Como conscientizá--los para a importância de amea-lhar outros valores, não amoeda-dos, que lhes permitirão adquiriras boas qualidades da alma, quesão a caridade, a justiça, a miseri-córdia, a tolerância, enfim, oamor fraterno para com todos?

Os pais necessitam praticarconstantemente o diálogo comos filhos; adotar não um sistemarígido de controle e repressão, massim, promover a troca de idéias,utilizando a crítica e a avaliação,de forma sincera e explícita, con-frontando-as com as conseqüên-cias de suas decisões e escolhasque, em determinadas situações,podem ultrapassar as fronteirasda conveniência, pondo em riscoaté sua segurança física, psíquicaou social. A verdadeira obediên-cia implica aceitação conscientepor parte dos filhos e, portanto,não pode ser cega. O jovem espí-rita sabe que deve se submeteraos limites determinados pelasLeis Morais, que a todos nor-

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teiam, e os conduzem à perma-nente prática do bem comum(Calligaris, 2006).6

Cabe aos pais espíritas empre-gar todos os esforços na educa-ção doutrinária de seus filhos, oque talvez exigirá renúncias e sa-crifícios de uma existência intei-ra. Não basta apenas encaminhá--los ao Centro Espírita para quefreqüentem as Escolas de Evan-gelização, é imprescindível que olar preserve suas obrigações sa-gradas para que os rebentos re-cebam as bases do sentimento edo caráter, e a melhor maneirade agir contra as agressões so-ciais que o ameaçam é cultivarcomo roteiro os ensinamentoscristãos.

Nutrir nos corações dos filhosa fé na existência de Deus, ensi-nando-os a orar, humilde e sin-ceramente, sem fórmulas, ritosou posturas especiais, pois a pre-ce é a maneira mais simples quetemos de “conversar” com oCriador. Do mesmo modo, dar--lhes uma visão correta sobre arealidade e o futuro do Espírito,orientando-os, sempre, nos fun-damentos espirituais da origemdo ser e do destino humano. Mas,são a prática da caridade e ocomportamento verdadeiramen-te cristão que contribuirão paraa modificação do jovem espírita, aser conquistada, não só pelo exem-plo dos pais, como, também, noexercício das atividades própriase comuns ao Centro Espírita.

Em corroboração às conside-rações sobre o tema, nada me-lhor do que ouvir, resumidamen-

te, Allan Kardec, que relata, em OEvangelho segundo o Espiritismo,capítulo XIII, a história de umamãe, com ar distinto, que traz emsua companhia a filha, uma mo-cinha, também modestamentevestida, a visitar pobre choupana,onde as aguardam membros deuma mesma família, necessitadade amparo material e moral, quesorriem alegres ao perceber suachegada. Essa bondosa mãe ensi-na à filha como se deve praticara beneficência, orientando-a pa-ra que dispense cuidados espe-ciais a todos que ali estão e dêalguma coisa de si mesma, prepa-rando-a para a prática das virtu-des cristãs. Ao final, Kardec afir-ma acerca da benfeitora: “Em casa,é a mulher do mundo, porquea sua posição o exige”.7 Fa-çamos o mesmo, pois as-sim nos aconselha Jesus!

Referências:1CAMPOS, Dinah Martins de

Souza. Psicologia da adoles-

cência. 10. ed. Petrópolis

(RJ): Editora Vozes, 1975.2XAVIER, Francisco C.

“Jovens”. In: Religião

dos espíritos. Pelo Espírito Emmanuel.

20. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. p. 137-

-139.3FERREIRA, Umberto. “A Religião e o

uso de drogas por adolescentes”. In:

Reformador, maio de 2005, p. 35(193).4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

91. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Ques-

tão 685a, p. 371-372.5______. O evangelho segundo o espiri-

tismo. 24. ed. de bolso. Rio de Janeiro:

FEB, 2007. Cap. XVI, item 14, p. 284.6CALLIGARIS, Rodolfo. “Disciplina e li-

berdade”. In: A vida em família. 38. ed.

Araras (SP): IDE, 2006. p. 149-151.7KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. 24. ed. de bolso. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2007. Cap. XIII, item 4, p. 227.

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número de pessoas cominteligência acima da mé-dia é, atualmente, bastan-

te significativo no mundo inteiro.No Brasil, segundo a OrganizaçãoMundial de Saúde (OMS), há oitomilhões de brasileiros considera-dos superdotados. São pessoascom inteligência acadêmica supe-rior, associada a outras habilida-des como “[...] criatividade, sensode liderança, motivação, potencialartístico, grande desenvolvimentopsicomotor e outros talentos es-peciais”, anota o jornalista MarcosVinícius dos Anjos na última edi-ção da revista Psique.1 Similarmen-te, elevou-se também o quantitati-vo de enfermidades mentais nas úl-timas décadas, cerca de 25%, nasestimativas mais otimistas.

São dados compatíveis com es-clarecimentos espíritas elementa-res, existentes há mais de um sé-culo nas obras da Codificaçãokardequiana, segundo os quais odesenvolvimento intelectual nemsempre acompanha o progressomoral do Espírito. Os orientado-

res da falange do Espírito de Ver-dade ensinam que o progressointelectual pode engendrar o mo-ral, “fazendo compreensíveis obem e o mal. O homem, desde en-tão, pode escolher. O desenvolvi-mento do livre-arbítrio acompa-nha o da inteligência e aumenta aresponsabilidade dos atos”.2

A prevalência de alguns tipos deperturbação mental grave, igno-rada pela sociedade, era de ocor-rência esporádica ou limitada apoucos casos, mesmo na ausênciade estudos mais apurados, quaissejam: depressão, síndrome do pâ-nico, TOC (Transtorno ObsessivoCompulsivo), doença bipolar (ma-níaco-depressiva) etc. O tratamentomédico indicado para esses malesé, em geral, farmacológico, associa-do à psicoterapia cognitivo-com-portamental, cujos resultados sãolentos e nem sempre satisfatórios.Infelizmente continuará sendo as-sim, até que a Psiquiatria e a ciên-cia médica em geral passem a con-siderar a realidade da imortalidadedo Espírito, o prosseguimento da

vida no além-túmulo e o poderdas influências espirituais, generi-camente denominadas “obsessões”pelo Espiritismo.

A obsessão apresenta caracteresmuito diversos: da simples in-fluência moral, sem sinais exterio-res perceptíveis, a perturbaçõesintensas, comprometedoras defunções orgânicas, como as facul-dades mentais.

O conceito de obsessão e osseus fatores predisponentes, segun-do a Ciência, não encontra confli-tos com as informações espíritas.Entretanto, apresenta diferençasquanto ao enfoque. A prática mé-dica considera e trata as doenças,não apenas as mentais, com cau-sas primárias ou secundárias, domau funcionamento dos órgãos.Para o Espiritismo, o funciona-mento anômalo do veículo físico éefeito resultante das ações cometi-das pelo Espírito, em vidas passa-das ou na atual existência.

O conceito médico de obsessãoderiva dos vocábulos latinos obsi-diare (cercar; sitiar; assediar; blo-

O

Em dia com o Espiritismo

Conceito e gênese dos

distúrbios mentaisMA RTA AN T U N E S MO U R A

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quear) e obsessus (cercado; sitiado;bloqueado). A obsessão é caracte-rizada como “[...] estado mentalneurótico de ter um desejo incon-trolável e de insistir numa idéiaou emoção. Habitualmente o pa-ciente está ciente da anormalida-de e tenta opor resistência a essespensamentos”.3 Não faz relaçãocom influência espiritual externa.É algo do próprio enfermo, umadesestruturação dos seus circuitosneurológicos. Nem sequer se cogi-ta da influência de obsessores.

São pensamentos, sentimentos,

idéias, impulsos ou representa-

ções mentais vividos como in-

trusos e sem significado parti-

cular para o indivíduo: estra-

nhos ao seu referencial próprio,

embora os reconheça como fru-

tos do seu próprio eu, ainda que

não consiga extingui-los de sua

consciência e apesar do desejo

de fazê-lo. A qualidade intrusi-

va e inadequada das obsessões é

chamada de “ego-distônica”. O

termo refere-se ao sentimento

do indivíduo de que o conteúdo

da obsessão é estranho, não

dentro do seu próprio controle

nem é a espécie de pensamento

que ele esperaria ter.4

O conceito espírita apresentapontos semelhantes, porém, con-sidera a estruturação da perso-nalidade do indivíduo reencar-nado, que pode ser favorável àobsessão, e o domínio de Espíri-tos imperfeitos.

Allan Kardec comentou obses-são como:

[...] o domínio que alguns Espí-

ritos logram adquirir sobre cer-

tas pessoas. Nunca é praticada

senão pelos Espíritos inferio-

res, que procuram dominar. Os

bons Espíritos nenhum cons-

trangimento infligem. Aconse-

lham, combatem a influência dos

maus e, se não os ouvem, reti-

ram-se. Os maus, ao contrário, se

agarram àqueles de quem podem

fazer suas presas. Se chegam a do-

minar algum, identificam-se com

o Espírito deste e o conduzem

como se fora verdadeira criança.5

Os compêndios médicos afir-mam que a gênese das perturba-ções mentais está vinculada a di-ferentes mecanismos orgânicos,que podem ser amplificados porcausas externas: história familiar(influência genética), doençasinfecciosas, estresses, manias, fo-bias e tiques nervosos, deficiên-

cia metabólica e imunológica.Os fatores que favorecem as ob-sessões, segundo o Espiritismo,estão diretamente relacionados aouso incorreto do livre-arbítrio,cujos reflexos, impressos no pe-rispírito, alcançarão o corpo físi-co, cedo ou tarde.

Esclarece o Espírito AndréLuiz

[...] que na retaguarda dos

desequilíbrios mentais, sejam

da ideação ou da afetividade, da

atenção e da memória, tanto

quanto por trás de enfermida-

des psíquicas clássicas [...] per-

manecem as perturbações da in-

dividualidade transviada do ca-

minho que as Leis Divinas lhe

assinalam à evolução.

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....................................................

Torturada por suas próprias

ondas desorientadas, a reagi-

rem, incessantes, sobre os cen-

tros e mecanismos do corpo es-

piritual, cai a mente nas desar-

monias e fixações conseqüentes

e, porque o veículo de células

extrafísicas que a serve, depois

da morte, é extremamente in-

fluenciável, ambienta nas pró-

prias forças os desequilíbrios

que a senhoreiam, consolidan-

do-se-lhe, desse modo, as inibi-

ções que, em futura existência,

dominar-lhe-ão temporariamen-

te a personalidade, sob a forma

de fatores mórbidos, condicio-

nando as disfunções de certos

recursos do cérebro físico, por

tempo indeterminado.6

A reencarnação surge, assim,como valiosa oportunidade deprogresso para o Espírito recalci-trante, evidente demonstração dajustiça e misericórdia divinas. Emface das limitações orgânicas ousob o jugo de perseguições espiri-tuais, a alma aprende a reparar oseu passado de delitos, “cami-nhando enquanto há luz”, comoensina Jesus em João, 12:35.

Referências:1ANJOS, Marcos Vinícius. Inteligentes e al-

go mais. Psique: ciência e vida. São Pau-

lo: Escala, ano III, n. 28, p. 21, mai. 2008.2KARDEC. Allan. O livro dos espíritos. 91. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2007. Questão 780a.3DAVIS, F. A. Dicionário médico enciclopédi-

co taber. Organizador: Clayton L. Thomas.

Tradução de Fernando Gomes do Nascimen-

to. 17. ed. São Paulo: Manole, 200o. p. 1220.

4ADRATT, Eduardo; DERBLI, Teresa Cris-

tina Godoy. Transtorno obsessivo-com-

pulsivo na infância e adolescência. Mo-

nografia para conclusão da Residência

Médica em Pediatria. Curitiba: Hospital

Universitário Evangélico de Curitiba,

2001. p. 2.

5KARDEC, Allan. O livro dos médiuns. 80.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. Cap. XXIII,

item 237.6XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. Me-

canismos da mediunidade. Pelo Espírito

André Luiz. 26. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2008. Cap. 24, p. 186-187.

Depois de partici-par das Bienais doRio de Janeiro e deSão Paulo, a Federa-ção Espírita Brasilei-ra (FEB) esteve pre-sente na 1a edição daBienal de Minas Ge-rais. Num estandecom 54m2 e umaequipe composta de10 pessoas, a Editora, durante os onze dias do evento – de 15 a25 de maio – divulgou cerca de 500 títulos, dentre eles: as obrasde Allan Kardec, as psicografadas por Francisco Cândido Xaviere Yvonne Pereira, títulos infantis, entre outros.

O público também pôde adquirir Reformador encadernado,livros do Conselho Espírita Internacional (CEI), da União Espí-rita Mineira, e apostilas de estudos da FEB.

A FEB na 1ª Bienaldo Livro de Minas

Equipe da FEB na Bienal de Minas Gerais

Estande da FEB

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Conselho Espírita Internacional

A Coordenadoria de Apoio aoMovimento Espírita na Europa, doConselho Espírita Internacional,realizou a sua 10a Reunião Anual,nos dias 16, 17 e 18 de maio, no Ho-tel Nuovo, em Lecco (Itália), dirigi-da pelo coordenador do CEI para aEuropa, Charles Kempf, contandocom a presença do secretário-geraldo CEI, Nestor João Masotti, e deintegrantes da Comissão Executivado CEI: Antonio Cesar Perri de Car-valho, Elsa Rossi, Olof Bergman,Vi-tor Mora Féria, e Clóvis Alves Por-tes, como esperantista convidado.

Compareceram representantesde instituições de 16 países da Eu-ropa, sendo 11 como membros doCEI, e cinco observadores; todosapresentaram informações sobre asatividades espíritas em seus respec-tivos países: Maria Gekeler (UniãoEspírita Alemã), Jean-Paul Évrard(União Espírita Belga), SalvadorMartín (Federação Espírita Espa-nhola), Jean-Luc Royens (União Es-pírita Francesa e Francofônica),

Maria Moraes da Silva (União Espí-rita da Holanda), Evi Alborghetti(União Espírita Italiana), MariaCristina Latini (Grupo de EstudosEspíritas Allan Kardec), Maria Isa-bel Saraiva (Federação Espírita Por-tuguesa), João Dalledone (UniãoBritânica de Sociedades Espíritas),Eliane Dahre (União Espírita Sue-ca) e Gorete Newton (União dosCentros de Estudos Espíritas naSuíça). Como observadores: Cláu-dia Werdine (Áustria); Spartak Se-verin (Bielo-Rússia), August Kilk(Estônia), Pekka Kaarakainen (Fin-lândia), Szabadi Tibor (Hungria).

Nesta reunião foi realizada a in-tegração da Unione Spiritica Italia-na (USI) junto ao CEI, em substi-tuição ao Centro Italiano StudiSpiritici “Allan Kardec” que tempo-rariamente representava a Itália.Ocorreram informações sobre ospreparativos para o 6o CongressoEspírita Mundial, a realizar-se nacidade de Valencia (Espanha), emoutubro de 2010; difusão do Espi-

ritismo em novas traduções de li-vros e pela Internet; o andamentodas comemorações dos 150 anosde publicação da Revue Spirite e defundação da Sociedade Parisiensede Estudos Espíritas, e as ativida-des gerais do CEI.

No período, houve reunião daComissão Executiva do CEI paratratar de assuntos da entidade e,especificamente, sobre os prepa-rativos para o já citado Congres-so, promovido pelo CEI.

Foi desenvolvido o semináriopara Formação de TrabalhadoresEspíritas, por Antonio Cesar Perride Carvalho (Missão dos Espíri-tas) e Charles Kempf (Formaçãode Pequenos Grupos). Tambémocorreram palestras públicas, nosalão do Hotel Nuovo: no dia 16,por Nestor João Masotti, e no dia17, por Antonio Cesar Perri deCarvalho. No dia 19, pelo secretá-rio-geral do CEI e presidente daFEB, na Associação Cultural Sen-tieri dello Spirito, em Milão.

Reunião da Coordenadoriado CEI da Europa

Aspecto parcial daMesa diretora

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30 Reformador • Ju lho 2008 226688

ma das característicasmais marcantes do ensinode Jesus é a utilização,

freqüente e admirável, das pará-bolas. Muitas delas inspiraram

poetas, artistas, moralistas, pen-sadores, e influenciam, até hoje,a linguagem cotidiana: o bomsamaritano, esconder uma can-deia, enterrar um talento...

A interpretação das parábolasde Jesus, todavia, tem sido difi-cultada pela falsa compreensãoda sua natureza. Que é uma pa-rábola? Quais ditos de Jesus per-tencem a essa categoria? Esta-mos diante de um método pe-dagógico que utiliza palavras outextos simples, historinhas lím-pidas e de fácil compreensão para

transmitir uma mensagem?A parábola é uma espécie desimplificação, clarificação,exemplificação?

O vocábulo grego para-bolé deriva do verbo “para-bállein (colocar ao lado de;comparar)”, razão pela qualsignifica literalmente “(pala-vra) colocada ao lado de”. Osentido comum é de uma

“justaposição, comparação, ana-logia, ilustração”.

A noção ocidental de paraboléencontra-se em Aristóteles, na suaobra intitulada Retórica, II, XX, 2--4, com o sentido de justaposição,ou seja, colocação de uma coisa aolado de outra com a finalidade decomparação, ilustração, indicaçãode casos paralelos ou análogos.

Nesse tratado, o grande filósofogrego classifica as figuras de lin-guagem, formas específicas dediscurso retórico, em: 1) Imagem(eikón); 2) Metáfora (metaphorá);3) Comparação (homoiósis); 4)Parábola (parabolé); 5) Históriailustrativa (parádeigma); 6) Ale-goria (allegoría).

Nesse quadro teórico, a pará-bola era vista como um recursosimples e convincente, destinado

U

As parábolasde Jesus

HA RO L D O DU T R A DI A S

Cristianismo Redivivo

“As parábolas do Evangelho são como as sementes divinas que desabrochariam,mais tarde, em árvores de misericórdia e de sabedoria para a Humanidade.”1

1XAVIER, Francisco Cândido. O consola-dor. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. Riode Janeiro: FEB, 2008. Questão 290.

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a iluminar o que estava obscuro,ajudando a platéia a compreen-der alguma coisa, quando lhe fos-se difícil seguir uma longa sériede raciocínios abstratos. Chega-va-se a afirmar que uma paráboladeve ser de mais fácil compreen-são do que aquilo que pretendeilustrar, razão pela qual seria umerro, no uso desse recurso retóri-co, o emprego do desconhecido edo pouco familiar.

Essa é a idéia que uma inteli-gência formada pelos métodosocidentais de pensamento faz dasparábolas da Bíblia. De fato, emalguns casos essa noção é adequa-da e suficiente. Existem parábolasnos Evangelhos que podem ser to-madas como exemplos concretosdestinados a ilustrar, esclarecer,iluminar um princípio geral, co-mo no caso da Parábola do BomSamaritano (Lucas, 10:29-37).

Todavia, o exame acurado dasocorrências do vocábulo para-bolé no Novo Testamento revelaas limitações e inconsistênciasdesse modelo teórico grego quan-do aplicado a textos semítico--orientais da Palestina do pri-meiro século.

Eis alguns exemplos:

Aprendei, pois, a parábola da

figueira: quando já os seus ra-

mos se renovam e as folhas

brotam, sabeis que está próxi-

mo o verão. (Mateus, 24:32.)

Disse-lhes Jesus: Sem dúvida,

citar-me-eis esta parábola: Mé-

dico, cura-te a ti mesmo; tudo

o que ouvimos ter-se dado em

Cafarnaum, faze-o também

aqui na tua terra. (Lucas, 4:23.)

Também lhes disse uma pará-

bola: Ninguém tira um pedaço

de veste nova e o põe em veste

velha; pois rasgará a nova, e o

remendo da nova não se ajus-

tará à velha. (Lucas, 5:36.)

Propôs-lhes também uma pa-

rábola: Pode, porventura, um

cego guiar a outro cego? Não

cairão ambos no barranco?

(Lucas, 6:39.)

Então, lhes propôs Jesus esta

parábola:2 Qual, dentre vós, é o

homem que, possuindo cem

ovelhas e perdendo uma delas,

não deixa no deserto as noven-

ta e nove e vai em busca da que

se perdeu, até encontrá-la?

(Lucas, 15:3-4.)

Nada há no exterior do homem

que, penetrando nele, o possa

tornar impuro; mas o que sai

do homem, isso é o que o torna

impuro.

Se alguém tem ouvidos para

ouvir ouça!

E quando, ao deixar a multi-

dão, entrou em casa, seus dis-

cípulos o interrogaram sobre a

parábola. (Marcos, 7:15-17.)

31Ju lho 2008 • Reformador 226699

2JEREMIAS, Joachim. As parábolas de Jesus.

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Tradução de João Rezende Costa. 8. ed.São Paulo: Paulus, 1986. p. 13.

Ilustração da Parábola do Bom Samaritano

reformador julho 2008 - b.qxp 16/7/2008 15:07 Page 31

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Essas passagens são suficientespara demonstrar que o uso dovocábulo parabolé nos Evange-lhos se afasta sensivelmente doquadro teórico proposto pelosgregos. Isso se deve ao fato deque a palavra parabolé é regular-mente utilizada na LXX (Septua-ginta)3 para traduzir o substanti-vo hebraico mashal, ou a expres-são aramaica mathla.

Na literatura hebraica, o ter-mo mashal/mathla apresenta umaenorme variedade de significa-dos. Os Evangelistas, não obstan-te utilizarem em seus escritos oidioma grego, operavam mental-mente com categorias semíticas,utilizando constantemente as mes-mas expressões encontradas na tra-dução grega da bíblia hebraica(Septuaginta).

Nesse ponto, merece destaquea lição do renomado exegeta bí-blico Joachim Jeremias, em obraespecífica destinada ao tema:

[...] O mashal hebraico e o

mathla aramaico designava,

mesmo no judaísmo pós-bí-

blico, sem que se possa fazer

um quadro esquemático, toda

sorte de linguagem figurada:

Parábola, comparação, alego-

ria, fábula, provérbio, revela-

ção apocalíptica, dito enigmá-

tico, pseudônimo, símbolo, fi-

gura de ficção, exemplo (tipo),

motivo, argumentação, apolo-

gia, objeção, piada. [...].4

Em resumo, a expressão para-bolé assume no Novo Testamentoo sentido de narrativa parabólica(Lucas, 10:29-37), comparação(Lucas, 5:36), de figura simbólica(Marcos, 13:28), provérbio oumáxima (Lucas, 4:23, 6:39), enig-ma (Marcos, 7:17), ou simplesregra (Lucas, 14:7). Desse modo,deve ser entendida no sentidolargo de mashal/mathla.

Como salienta Jeremias, for-çar essas passagens a se encaixa-rem no quadro das categorias daretórica grega seria “impor àsparábolas de Jesus uma normaque lhes é estranha”.5

Na mesma linha, afirma o fi-lósofo francês Paul Ricoeur:

[...] A parábola não é um meio

auxiliar de prova. Não há pen-

samento literal [...]. O erro

inicial consiste em identificar

o mashal da literatura hebrai-

ca com a parabolé da retórica

grega que é, por sua vez, uma

parte da lógica aristotélica

[...]. O mashal hebraico liga

diretamente a significação do

que é dito com a disposição

correspondente na esfera da

existência humana […].6

Nesse sentido, é lícito concluirque, enquanto a parábola gregafoi qualificada como figura de re-tórica, o mashal/mathla deve serqualificado como “hermenêuti-co”, tendo em vista o trabalho deinterpretação que ele requer paraa sua exata compreensão.

Na tarefa interpretativa dosensinos de Jesus, contamos coma Doutrina Espírita, possibilitan-do-nos não somente a compre-ensão mas, sobretudo, propi-ciando terreno fértil para a vi-vência, para a exemplificação, con-soante a advertência dos Espíri-tos superiores:

Já que Jesus ensinou as verda-

deiras leis de Deus, qual a utili-

dade do ensino dado pelos Espí-

ritos? Terão eles mais alguma

coisa a nos ensinar?

“Muitas vezes a palavra de Je-

sus era alegórica e em forma

de parábolas, porque Ele falava

de acordo com a época e os lu-

gares. Agora, é preciso que a

verdade seja inteligível para

todos. É necessário explicar e

desenvolver aquelas leis, já que

pouquíssimos são os que as

compreendem e menos ainda

os que as praticam. [...].”7

32 Reformador • Ju lho 2008 227700

3A Septuaginta, também conhecida co-mo Versão dos Setenta (LXX), é a tradu-ção grega da bíblia hebraica, feita aproxi-madamente no ano 200 a.C., segundo atradição, por duzentos sábios judeus. Es-sa tradução exerceu profunda influêncianos autores cristãos do primeiro século,inclusive nos Evangelistas, que a utilizamcomo modelo de escrita. Muitas citaçõesdo Velho Testamento, encontradas nosEvangelhos, são cópias quase perfeitasdessa tradução.

4JEREMIAS, Joachim. As parábolas de Je-sus. Tradução de João Rezende Costa. 8.ed. São Paulo: Paulus, 1986. p. 13.

5Idem, ibidem.

6RICOEUR, Paul. A hermenêutica bíblica.São Paulo: Loyola, 2006. TT6. p. 181.7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-dução de Evandro Noleto Bezerra. Ed. Co-memorativa. Rio de Janeiro: FEB, 2007.Questão 627.

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proxima-se o III EncontroNacional de Coordenado-res do ESDE.

No final deste mês, mais preci-samente nos dias 25, 26 e 27, esta-rão reunidos na Federação Espíri-ta Brasileira, em Brasília, repre-sentantes de todas as 27 Federati-vas Espíritas do Brasil.

A receptividade com relação aoEncontro é gratificante! Todos es-tão ansiosos pelo evento! Isto sedeve, sem dúvida, à seriedade comque esses voluntários encaram seutrabalho de coordenadores e mo-nitores do Estudo Sistematizadoda Doutrina Espírita (ESDE). Es-tando conscientes da grande res-ponsabilidade perante a tarefa as-sumida, sabem que “quem apren-de pode ensinar e quem ensinaaperfeiçoa o aprendizado” (Espí-rito André Luiz – Conduta Es-pírita – capítulo 42).

O ESDE completa 25 anos deexistência, e não há melhor opor-tunidade do que este III Encon-tro para que todos os envolvidoscom o estudo da Doutrina fa-çam uma reflexão sobre a impor-tância do conhecimento espírita

e a necessidade de repassá-lo deforma coerente com os princí-pios doutrinários.

A Doutrina Espírita, comoCristianismo Redivivo, esclarece –“nem todos os que dizem Senhor,Senhor, entrarão no Reino dos

Céus”; consola – “a cada um se-gundo suas obras”; traz esperança– “das ovelhas que o Pai me con-fiou, nenhuma se perderá”; redi-me – “Pedro, o homem no mundoé mais frágil que perverso”; dá atodos a certeza do amor e miseri-

córdia de Deus e, com isto tudo,melhora a qualidade de vida porampliar o entendimento acerca dequem somos e o que viemos fazeraqui na Terra. Então, diante de tu-do quanto a Doutrina oferece, na-turalmente lembramos Jesus quan-do disse: “Que fazeis de especial?”(Mateus, 5:47).

Nós, trabalhadores que fomoschamados à última hora para otrabalho na seara do Mestre, preci-samos nos empenhar para ser tam-bém os escolhidos; isto implica oexercício constante de humildadee responsabilidade (“Tu, pois, queensinas a outro, não te ensinas a timesmo?”), perseverança e dedica-ção (“Pondo de lado todo impedi-mento [...] corramos com perseve-rança a carreira que nos está pro-posta” – Paulo, Hebreus, 12:1).

Diante do exposto, temos umavaga percepção dos benefícios queo III Encontro trará, uma vezque nele estaremos trocando ex-periências e buscando aprenderuns com os outros, num clima defraternidade, visando melhorar onosso desempenho diante das ta-refas que abraçamos.

III Encontro Nacional de

Coordenadores do ESDE“Tu, pois, que ensinas a outro não te ensinas a ti mesmo?”

– Paulo. (Romanos, 2:21.)

33Ju lho 2008 • Reformador 227711

ASÔ N I A AR RU DA

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nspirados nesta fraterna recomendação dovenerando Mentor espiritual, divulgamosabaixo, em pequenos tópicos, algumas das

inúmeras e sempre nobres atividades desenvol-vidas pelos adeptos do ideal esperantista, noBrasil e no mundo, colhidas em noticiário publi-cado na lista de discussão da CooperativaCultural dos Esperantistas (www.kke.org.br –[email protected]) e noboletim mensal bilíngüe BEL-Informas, da LigaBrasileira de Esperanto (www.esperanto.org.br),de responsabilidade, respectivamente, dos sami-deanos Fabiano Henrique e Paulo Sérgio Viana:

O esperanto foi o mais popular dos 70 idio-mas apresentados e ensinados no primeiro Fes-tival de Línguas na China. De acordo com o portalnoticioso Libera Folio, a criação de Lázaro Luís Za-menhof ficou atrás apenas da língua inglesa. Compa-receram ao evento cerca de 13.500 pessoas. Segundoo diretor do festival, Dennis Keefe, possivelmente foiatingido um novo recorde mundial quanto ao nú-

mero de alunos do idioma internacional neutro. Osucesso alcançado deve-se à contribuição da vice-di-retora de Lingüística Aplicada da Universidade deNanjing. Doravante a universidade passará a empre-gar professores que ensinem o esperanto.

A versão em esperanto do livro Nosso Lar estádisponível no site da Federação Espírita Brasi-leira. A obra, que recebeu o título Nia Hejmo, é deautoria do Espírito André Luiz, psicografia domédium Francisco C. Xavier. A tradução para a

Seara

I

34 Reformador • Ju lho 2008 227722

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

“Sim, o Esperanto é lição de fraternidade. Aprendamo-la, para sondar, na Terra, o pensamento daqueles que sofrem e trabalham noutros campos.”

Emmanuel 1

1Mensagem psicografada por Francisco Cândido Xavier na cidadede Pedro Leopoldo (MG), em 19 de janeiro de 1940, publicada emReformador de fevereiro do mesmo ano, p. 18(46)-19(47). Nasessão em que foi recebida estava presente Ismael Gomes Braga, ogrande pioneiro espírita-esperantista do Brasil.

No site da Liga Brasileira de Esperanto existeo boletim mensal bilíngüe BEL-Informas

Esperantista

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Língua Internacional Neutra é do professor PortoCarreiro Neto, tendo sido elogiada pela comuni-dade esperantista. A narrativa aborda a vida noplano espiritual com riqueza de detalhes. Para lerou baixar pelo computador, basta acessar o ende-reço www.febnet.org.br

Entrou no ar a TV Esperanto. A iniciativa coubeaos esperantistas da cidade polonesa de Bialystok,cidade-natal do criador do idioma. A inauguraçãofaz parte das comemorações dos 150 anos de nas-cimento de Lázaro Luís Zamenhof, cujo ponto altoserá o Congresso Universal de Esperanto 2009, na-quela cidade. A nova emissora transmite no ende-reço www.itvc.pl

O site Esperantujo (www.esperantujo.org) noti-ciou que diversas cidades da República Tcheca uti-lizam oficialmente o esperanto. O idioma é em-pregado principalmente em páginas institucio-nais, na Internet. São, ao todo, oito prefeituras edois museus públicos a adotarem a Língua Interna-cional Neutra. Para facilitar o acesso dos internau-tas, a Associação Tcheca de Esperanto reuniu to-

dos os endereços na pá-gina www.esperanto.cz

A União Esperan-tista Européia receberá

55.000 euros. A notíciafoi divulgada [...] pela

agência noticiosa Eventoj.A verba representa uma sub-

venção concedida pela ComissãoEuropéia, com vistas a cobrir 80% dos

gastos de funcionamento, além do saláriode um empregado. Para o exercício de 2008,somente 36 entidades em todo o VelhoMundo foram contempladas. Segundo aesperantista Maja Tišljar, a notícia repre-senta um prêmio pelo trabalho sério de di-

vulgação do esperanto.

E, para finalizar, informamos sobre a bela e fe-cunda iniciativa de Paulo Sérgio Viana, vice-presi-dente da Liga Brasileira de Esperanto, que os espí-ritas-esperantistas poderão utilizar com real pro-veito em seus esforços de divulgação da Língua In-ternacional Neutra em nosso Movimento:

Campanha Faça uma palestra sobre o esperanto emsua cidade – Para auxiliar esperantistas dispostos a di-vulgar nosso Movimento, estamos disponibilizandomaterial para computador (passível de transforma-ção em transparências ou impressão em papel). Tra-ta-se de 16 quadros que contêm um roteiro práticocom informações básicas sobre o idioma e seu signi-ficado cultural. Se o candidato a palestrante usar 2 a3 minutos em cada quadro, terá feito uma palestra deaproximadamente 40 minutos. O material apresentaum quadro inicial com instruções para uso. Propo-nha palestras sobre o esperanto em clubes, associa-ções culturais, escolas, bibliotecas etc. Peça o mate-rial pelo e-mail [email protected] O rotei-ro foi enviado, em abril de 2008, a todos os associa-dos da Liga Brasileira de Esperanto, pela Internet.

35Ju lho 2008 • Reformador 227733

Nosso Lar em esperanto está disponível no siteda Federação Espírita Brasileira para download

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ivéramos contato com oconfrade José, residente empequena cidade próxima

da em que residíamos.Relatara que um grupo, não

muito grande, de estudiosos do Es-piritismo estava desejando iniciaras atividades em um centro espíri-ta, naquela cidade. As dificuldadeseram grandes: a pressão da tradi-ção religiosa, questões financeiras,falta de orientação e segurançapara iniciar o empreendimento.

Pedimos que reunisse o grupo

e marcaríamos uma reunião paraeles apresentarem seus planos eobjetivos e nós trocaríamos expe-riências a respeito.

Estimulamo-lo, dizendo queera muito importante a consoli-dação do trabalho do grupo, quejá perdurava por alguns anos, noestabelecimento de uma sede desuas atividades: o Centro Espírita.

No dia aprazado, estávamos emnossa Casa dos Espíritas quandoJosé chegou com os companhei-ros: Apolônio, Maria Luiza, Bre-no, Margarida, Diego e Benedito.

Alegria geral, abraços fra-ternos e de união.

Após as sauda-ções iniciais e

conversa ame-na, tocamosno assuntoque nos agre-gava. Propu-semos a pre-

ce ao MestreJesus e aos men-

tores espirituais

a fim de que o empreendimentonão se iniciasse simplesmente noplano físico, pois era indispensá-vel que o alicerce se fincasse nosolo da Espiritualidade Maior.

Aberta a conversação, José ex-pôs o plano e o objetivo, permi-tindo que os demais membros dogrupo também se manifestassem.

A seguir, mostrou-nos um livrosobre o Centro Espírita, de umadepto da Doutrina Espírita. Naseqüência, Maria Luiza citou ou-tra obra; também Apolônio por-tava outro livro. Todos de autoresestudiosos do Espiritismo e da or-ganização do Centro Espírita.

Disse-lhes:– Todos trazem boas contribui-

ções. Também vou apresentar--lhes uma obra que não tem “um”autor, porém muitos. Nem é pos-sível saber quantos, quais e quemdeu as contribuições. Não há umapessoa para assinar-lhe a autoria.

– Como assim – indagou Diegoassustado. Não tem autor para res-ponder por ele?

Orientação aoCentro Espírita

TAY LTO N PA I VA

36 Reformador • Ju lho 2008227744

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37Ju lho 2008 • Reformador 227755

– Tem! Isso tem, contudoé uma obra coletiva. Assimcomo o Espiritismo não tem“um” autor, porém muitosautores espirituais, supervi-sionados pelo Espírito de Ver-dade, e codificado por AllanKardec, esse livro sobre oCentro Espírita é uma obracoletiva – o Orientação aoCentro Espírita, estruturadoe organizado pelo ConselhoFederativo Nacional da Fe-deração Espírita Brasileira.

Apolônio, curioso, inter-pôs:

– Então foi o diretor oupresidente desse Conselhoque redigiu a obra?

– Não! O presidente nãoredigiu nada, apenas coor-denou com sua equipe extenso eprofundo trabalho. As contribui-ções vieram de estudiosos conhe-cidos ou anônimos, através dosRepresentantes das Federações Es-píritas de todos os Estados do Bra-sil, em reuniões que o ConselhoFederativo Nacional realizou paraesse fim específico em todas as Re-giões do País.

– Que interessante... – comen-tou Maria Luiza –, é uma contri-buição maravilhosa. Todas as fe-derações espíritas participandodesse trabalho, dessas diretrizes!

– Sim, é uma história muitobonita de estudo, trabalho, solida-riedade e tolerância! Ela represen-ta a Conclusão do Conselho Fede-rativo Nacional, da Federação Es-pírita Brasileira, por resoluçãounânime, nos dias 4 a 6 de julhode 1980, após reuniões zonais no

período de março de 1978 a no-vembro de 1979.1

O Conselho, ao recomendar asorientações contidas no Orienta-ção ao Centro Espírita, esclareceque elas são oferecidas a título desugestão e subsídio às atividadesdos centros espíritas, os quais, emfunção de suas realidades próprias,

poderão adotá-las, parcial outotalmente, bem como adap-tá-las às suas necessidades

– Muito interessante, ata-lhou Breno. Um trabalhocoletivo, democrático, e sur-giu das bases do MovimentoEspírita.

– De fato! São orientaçõesque não partem da perspec-tiva de uma pessoa. É umtrabalho que vale a pena co-nhecer, estudar e aplicar, poisrepresenta o conhecimento ea experiência de centenas deespíritas de todo o territóriobrasileiro.

José interferiu:– Proponho então que

leiamos, primeiramente, oOrientação ao Centro Espírita

antes de formalizar as nossas ativi-dades. Será que poderemos voltar anos reunir para trocar idéias sobreas diretrizes desse livro importante?

A proposta foi aprovada porunanimidade. Ali mesmo o livrocomeçou a correr de mão em mãopara “vista-d’olhos”, todavia, to-dos sentiam a necessidade doaprofundamento no assunto.

– Sim – arrematou Diego – va-mos estudá-lo.

Assim ficou marcada nova reu-nião. Tema: “Orientação ao Cen-tro Espírita”.

1N. da R.: Seguindo a mesma metodolo-gia, a nova versão de Orientação ao Cen-tro Espírita foi aprovada pelo ConselhoFederativo Nacional, em sua reunião denovembro de 2006, e publicada pela FEBem 2007.

Na matéria “Assistência e Promoção Social à luz do Evangelho”,publicada em Reformador de maio de 2008, onde se lê (p. 39, item 7):“Em 1949, ele fundou o Abrigo Oscar Pithan...”, leia-se: “Em 1949,Benjamin Cardoso Coelho fundou o Abrigo Oscar Pithan...”.

Retificando...

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38 Reformador • Ju lho 2008 227766

Conselho Federativo Nacional

Sessão de Abertura

No dia 25, às 20 horas, ocorreua Sessão de Abertura, iniciada pe-la presidente da Federação Espíri-ta do Rio Grande do Sul (FERGS),Gladis Pedersen de Oliveira, quefez a saudação aos componentesdas Federativas visitantes e passoua palavra ao secretário-geral doConselho Federativo Nacional daFEB e coordenador das Comis-sões Regionais, Antonio CesarPerri de Carvalho. Seguiu-se asaudação do vice-presidente daFEB, Altivo Ferreira, representan-

do o presidente Nestor João Ma-sotti, que se encontrava partici-pando do II Taller Espirita Inter-nacional de Cuba, sendo a preceproferida por Odette LettelierAzócar, do Chile. O coordenadordas Comissões Regionais saudoua todos os presentes e ressaltou avaliosa oportunidade desta Reu-nião, que representa um marco,pois além da presença das Entida-des Federativas Estaduais da Co-missão Regional Sul, compare-ceram, como convidados, a Fe-deração Espírita do Uruguai, re-presentada pelo seu presidente

Eduardo Dos Santos, acompanha-do de uma caravana de 17 partici-pantes; e Odette Lettelier Azócar,dirigente do Centro de EstudiosEspiritas Buena Nueva, do Chile,acompanhada de um colabora-dor. Estas duas Entidades repre-sentam os respectivos países juntoao Conselho Espírita Internacio-nal (CEI). A título de estímulo aointercâmbio, também comparece-ram Maria Túlia Bertoni e Darle-ne Maria Gonçalves Batista Caval-cante, respectivamente, presiden-te e diretora da Federação Espíritade Mato Grosso do Sul (FEMS).

Reformador • Ju lho 2008

Reunião da ComissãoRegional Sul

A Reunião da Comissão Regional Sul, em seu vigésimo segundo ano,desenvolveu-se de 25 a 27 de abril de 2008, nas dependências

do Canoas Parque Hotel, em Canoas, Rio Grande do Sul

Mesa composta por representantes da FEB, das Federativas da Região Sul, do Chile e do Uruguai

reformador julho 2008 - b.qxp 16/7/2008 15:08 Page 38

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Em seguida, o coordenador daReunião convidou os presiden-tes das Federativas a apresenta-rem suas equipes, fazendo o mes-mo em relação aos visitantes e àequipe da FEB. A reunião contoucom a participação das cinco En-tidades Federativas Estaduais daRegião: Francisco Ferraz Batista(Federação Espírita do Paraná),Palmiro Costa (Conselho Espíri-ta do Estado do Rio de Janeiro),Gladis Pedersen de Oliveira (Fe-deração Espírita do Rio Grandedo Sul), Olenyr Teixeira (Federa-ção Espírita Catarinense) e JoséAntonio Luiz Balieiro (União dasSociedades Espíritas do Estado deSão Paulo).

Levando em consideração o ca-ráter internacional desta Reunião,o Coordenador fez um relato so-bre as principais ações do Conse-lho Espírita Internacional.

Durante a Sessão de Aberturafoi proferida palestra sobre otema “150 Anos da Revista Espí-rita e do 1o Centro Espírita doMundo”, por Enrique Eliseo Bal-dovino. Houve também o lan-çamento de obra, editada peloCEI, em espanhol, Allan Kardec:el Educador y el Codificador, deautoria de Francisco Thiesen eZêus Wantuil, traduzida pelo ci-tado expositor.

Reunião dos Dirigentes

Ocorreu durante o sábado, dia26. A direção dos trabalhos coubeao coordenador das ComissõesRegionais, com a participação dosecretário da Comissão RegionalSul, Francisco Ferraz Batista, dovice-presidente Altivo Ferreira, ede Roberto Versiani, integrante daequipe da Secretaria Geral do CFN.

O assunto da reunião – “Refle-xões éticas sobre a influência das ati-vidades de entidades não federadase a qualidade das produções espí-ritas” – foi exaustivamente analisa-do. Concluiu-se que há necessidadepremente de promover ações sobre:a) apoio ao estudo da CodificaçãoEspírita e priorização de campanhasde divulgação de livros reconheci-damente doutrinários; b) critériospara a seleção das obras que chegamao mercado com o título espírita;

c) ampliação de medidas que con-tinuem a fomentar a formação ecapacitação dos trabalhadores espí-ritas; d) cuidados que o MovimentoEspírita deve ter com a realizaçãode eventos e seminários individuais,com inscrições pagas; e) a necessá-ria integração entre as Federativas,visando o esclarecimento sobre asquestões que envolvem a divulgaçãoespírita através de palestras, con-ferências, congressos etc.; e, f) cui-dados que se deve ter com produ-ções artísticas em geral, baseadas emlivros espíritas, sem que os promo-tores comprovem o direito de uso,em face do direito autoral das obras,o que dá margem ao ilícito civil.

Foram relatadas ações sobre:andamento de comemorações dosSesquicentenários da Revista Espíritae da Sociedade Parisiense de Estu-dos Espíritas, e dos 140 anos de AGênese; a implementação do “Plano

Palestra de Enrique Eliseo Baldovino

Sessão de Abertura:Aspecto do público

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de Trabalho para o Movimento Es-pírita Brasileiro (2007-2012)”, o cur-so de Capacitação Administrativa deDirigentes Espíritas; e as CampanhasFamília, Vida e Paz, com destaquepara a Mobilização Nacional EmDefesa da Vida – Brasil Sem Abor-to. Discutiu-se uma maneira de es-tudar e desenvolver propostas paraa Comissão de Estudos sobre a Ar-te Espírita (constituída pelo CFN),e também foram recebidas sugestõespara o 3o Congresso Espírita Bra-sileiro, programado para 14 a 18 deabril de 2010, quando se comemo-rará o Centenário de Nascimento deFrancisco Cândido Xavier.

Foi definido que a próximaReunião da Comissão Regional

Sul será realizada em Curitiba,nos dias 24, 25 e 26 de abril de2009, tendo como tema para areunião dos dirigentes: “Bases pa-ra melhor orientação sobre a Li-teratura Espírita”.

Reuniões Setoriais

Simultaneamente, realizaram--se as reuniões das áreas especiali-zadas, todas elas com a participa-ção de trabalhadores dos Estadosda Região: Atendimento Espiri-tual no Centro Espírita, Atividade

Mediúnica, Comunicação SocialEspírita, Estudo Sistematizado daDoutrina Espírita, Infância e Ju-ventude, e Serviço de Assistência ePromoção Social Espírita.

Sessão Plenária

Ao final da reunião dos diri-gentes, ainda no sábado, houveuma reunião destes com os coor-denadores das Áreas das Comis-sões Regionais do CFN, oportuni-

dade em que fo-ram realizadassalutares trocasde informações eapresentados ostemas em análisenesta Reunião epara a próxima:

Reunião da Área do Aten-dimento Espiritual no Centro Espí-rita, coordenada por Maria EunyHerrera Masotti, com assessoriade Virgínia Roriz. Assunto da reu-nião: “Sistematização das ativida-des da Área Espiritual”. Tema para

a próxima reunião: “Liderança eRelacionamento entre os Colabo-radores do Atendimento Espiri-tual no Centro Espírita”.

Reunião da Área da AtividadeMediúnica, coordenada por MartaAntunes de Oliveira Moura, comassessoria de Edna Maria Fabro.Assunto da reunião: “Elaboraçãode um roteiro sobre A Prática Me-diúnica”. Tema para a próxima reu-nião: “Resultados da divulgação eaplicação do documento Organi-zação e Funcionamento da Reu-nião Mediúnica”.

Reunião da Área da Comunica-ção Social Espírita, coordenadapor Merhy Seba, com assessoriade Ivana Leal Raisky. Assunto dareunião: “Elaboração do Manualde Comunicação Social Espírita:análise das contribuições”. Temapara a próxima reunião: “Capaci-tação do trabalhador no segmentodo livro: seleção, exposição, aten-dimento, comercialização e pro-moção”. Informou-se sobre o 1o

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Área da Atividade Mediúnica

Área da Comunicação Social Espírita

Área do Atendimento Espiritual

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Encontro Nacional da Área de Co-municação Social Espírita, pro-gramado para o período de 11 a13 de julho de 2008, em Goiânia.

Reunião da Área do Estudo Sis-tematizado da Doutrina Espírita,coordenada por Élzio Cornélio,representante da coordenadora daÁrea, a vice-presidente CecíliaRocha. Assunto da reunião: “Re-ver as conclusões do II EncontroNacional de Coordenadores doESDE; estabelecer os conteúdospara o III Encontro Nacional deCoordenadores do ESDE previstopara julho de 2008; continuarcom o censo estatístico”. Temapara a próxima reunião: “Censo eAvaliação do trabalho pelas Fede-rativas e Resultado do III Encon-tro Nacional de Coordenadoresdo ESDE”.

Reunião da Área da Infância eJuventude, coordenada por RuteRibeiro, com assessoria de CirneFerreira. Assunto da reunião: “Ju-ventude Espírita”. Tema para a

próxima reunião: será dada conti-nuidade ao mesmo tema.

Reunião da Área do Serviço deAssistência e Promoção Social Espí-rita, coordenada por José Carlosda Silva Silveira, com assessoria deMaria de Lourdes Pereira de Oli-veira. Assunto da reunião: “Os re-sultados, na área do SAPSE, daexecução do Plano de Trabalhopara o Movimento Espírita Brasi-leiro”. Tema para a próxima reu-nião: “Apresen-tação de resulta-dos, na área doSAPSE, do Planode Trabalho pa-ra o MovimentoEspírita Brasilei-ro. Realização dediagnóstico doSAPSE em cadaEstado, a partir de dois pontosbásicos: 1) o nível de divulgaçãoe aplicação do Manual de Apoio;2) a participação das instituiçõesespíritas nos Conselhos de Assis-tência Social”.

Seminário

Na manhã de domingo, entre8h30 e 10h30, foi desenvolvido,com a presença de todos os parti-cipantes da Reunião, o seminário“Orientação ao Centro Espírita”,organizado pela FERGS, com aatuação de Nilton Stamm de An-drade e Jason de Camargo.

Sessão de Encerramento

Ao final, na manhã de do-mingo, houve uma reunião ple-nária desenvolvida como mesa--redonda, dirigida pelo coorde-nador das Comissões Regionais,com a participação e manifesta-

ções de despedidas do vice-pre-sidente da FEB, Altivo Ferreira,do secretário da Comissão Re-gional Sul, Francisco Ferraz Ba-tista, dos presidentes das Enti-dades Federativas Estaduais, dosrepresentantes do Chile e doUruguai. Em seguida, a presiden-te da Entidade Federativa anfi-triã, Gladis Pedersen de Oliveira,prestou algumas homenagens eEduardo Dos Santos, presidenteda Federação Espírita do Uru-guai, proferiu a prece de encer-ramento.

Área do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita

Área da Infância e Juventude

Área do Serviço de Assistência e Promoção Social Espírita

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Seara Espírita

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CFN: Plano de TrabalhoCom os seminários sobre a implementação do “Pla-no de Trabalho para o Movimento Espírita Bra-sileiro (2007-2012)”, efetivados pela SecretariaGeral do Conselho Federativo Nacional, nos dias7 e 8 de junho, simultaneamente, junto à Federa-ção Espírita Catarinense e a União Espírita Mi-neira; falta apenas um Estado para se completar ociclo de atuação definido pelo CFN para apoiar aimplantação do “Plano”. Foram realizados 26 se-minários em todas as Regiões do País. Informa-ções: [email protected]

Mato Grosso: Relacionamento InterpessoalNos dias 31 de maio e 1o de junho, o Centro de Estu-do Espírita Allan Kardec, de São José dos QuatroMarcos (MT), promoveu o seminário “Relaciona-mento Interpessoal Saudável e Motivação”, tendo co-mo facilitadores Carlos Regenold Fernandes e NestorFernandes Fidelis, coordenadores de unificação daFederação Espírita do Estado de Mato Grosso. Foiuma grande oportunidade para troca de experiên-cias e um final de semana de convivência fraterna.Informações: www.feemt.org.br

Roraima: Em Favor da VidaDe 24 de maio a 6 de junho, Boa Vista (RR) con-tou com a exposição “Em Favor da Vida”, promo-vida pela Organização Não Governamental “Es-tação da Luz” e pelo Comitê Nacional Brasil SemAborto. A mostra aconteceu nas dependências doBoa Vista Shopping. A exposição foi composta pordois módulos em um mesmo ambiente, formadospor nove painéis de dupla face com fotos, e vídeosobre o desenvolvimento embrionário. Informa-ções: www.brasilsemaborto.com.br

Ceará: Evento sobre MediunidadeFortaleza sediou o I Encontro de Médiuns doCeará – o Entremédiuns –, realizado pela Federa-ção Espírita do Estado do Ceará. O tema central

do Encontro foi “Qualidade na Prática Mediúni-ca”, baseado no Projeto Manoel Philomeno de Mi-randa, destinado a doutrinadores e médiuns. Osorganizadores visaram aprofundar as questõesque envolvem a prática da mediunidade na atua-lidade, tendo como facilitador Liszt Rangel (PE).O evento desenvolveu-se durante o dia 29 de ju-nho, nas dependências da Escola de Saúde Públi-ca do Estado.

Paraíba: Dirigentes de pólos da FEPbOs dirigentes de pólos da Grande João Pessoa reuni-ram-se com a Diretoria da Federação Espírita Parai-bana a fim de trocar experiências e informar sobre oscontatos com presidentes de centros espíritas sob suajurisdição. Seis pólos foram criados, com o objetivode descentralizar as atividades e, ao mesmo tempo,facilitar o trabalho de interação entre os centros e aFederação. As reuniões passarão a realizar-se em ca-ráter sistemático.

Bagé (RS): Simpósio Médico-EspíritaA Associação Médico-Espírita de Bagé realizou,no período de 2 a 4 de maio, o IV Simpósio Mé-dico-Espírita de Bagé, no Clube Caixeiral, com otema central “A ação dos sentimentos na saúde navisão médico-espírita”, desdobrado em váriossubtemas, abordados pelos médicos Marlene Ros-si Severino Nobre (SP), Sérgio Lopes (RS), DécioIandoli Júnior (SP), Gilson Luis Roberto (RS) eSérgio Gonçalves (RS).

Rio de Janeiro: Eventos do CEERJO Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiropromoveu, no dia 28 de junho, das 9 às 17 horas, oI Curso de Metodologia da Pesquisa Científica à Luzdo Espiritismo. E, no dia 29, das 9h às 12h30, o IIIFórum de Ciência Espírita e V Encontro do NúcleoEspírita Universitário, com o tema “A Gênese: 140anos”. Os expositores dos eventos foram os Drs. JorgeAndréa dos Santos e André Hatherly.

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