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reformador maio 2007 - a.qxp

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 125 / Maio, 2007 / N o 2.138

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES

Editorial

Fraternidade

Entrevista: Ana Luiza Nazareno Ferreira

União com amor e estudo

Presença de Chico Xavier

Mãe – Irmão X

Coração maternal – Meimei

Esflorando o Evangelho

Palavras de mãe – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

Programa para os grupos de estudo da Doutrina Espírita

em Esperanto – Affonso Soares

Trova / Trobo – Chiquito de Morais (Espírito)

Seara Espírita

Liberdade, Igualdade, Fraternidade (Capa) –

Juvanir Borges de Souza

Allan Kardec, o conquistador indomável –

Vianna de Carvalho

A Ciência Espírita – Allan Kardec

Comemoração do Sesquicentenário em ParisSalvação – Richard Simonetti

O Novíssimo Testamento – Adilton Pugliese

Olhai... Há vida em toda parte – A. Merci Spada Borges

O relacionamento da CME com as autoridades dasForças Armadas

Em dia com o Espiritismo – Suicídio na adolescência –

Marta Antunes Moura

Seminário sobre “A Capacitação Administrativa doCentro Espírita” na FEB-Rio

Querer morrer – Carlos Abranches

5o Congresso Espírita MundialEspiritismo de vivos – Cezar Braga Said

O Livro dos Espíritos, fonte de esperança –

Umberto Ferreira

Ato Público – Em Defesa da VidaProfessor José Jorge – Antonio Lucena

Composição dos Órgãos da FEB em março de 2007

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SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

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Editorial

4 Reformador • Maio 2007 117700

m “Prolegômenos” de O Livro dos Espíritos, os Orientadores espirituais in-cumbidos de trazer aos homens o Consolador prometido por Jesus destaca-ram o objetivo do seu trabalho: “[...] Nele pusemos as bases do novo edifício

que se eleva e que um dia há de reunir todos os homens num mesmo sentimento deamor e caridade. [...]”

Significa, tal propósito, transformar a Terra, moralmente classificada comoMundo de Expiações e Provas, em que predominam o orgulho, o egoísmo e a vio-lência, em Mundo de Regeneração, onde o homem, animado do desejo de aprimo-rar seus valores morais, substitua o orgulho pela humildade, o egoísmo pelo amorao próximo, a violência pela fraternidade.

Convictos de que somos seres imortais, em constante processo de evolução comvistas à perfeição espiritual, como nos ensina a Doutrina Espírita, o caminho natu-ral que nos cabe seguir, a par da busca de novos conhecimentos, é o da conquistade novos valores morais marcados pelo exercício da fraternidade.

Esse novo edifício, todavia, que há de reunir todos os homens num mesmo senti-mento de amor e caridade, não se erguerá por simples concessão. Deverá, sim, serconstruído por todos aqueles que pretendam nele habitar, sendo fruto do esforçorenovador de cada um em aprender a amar ao próximo, a querer bem ao semelhan-te, independentemente das diferenças de raça, povo, religião, opinião, condiçãosocial, econômica ou cultural. Será também o resultado da nossa capacidade deconviver fraternalmente com todos aqueles que a Providência Divina coloca aonosso lado na grande caminhada de redenção humana e espiritual. Será, numapalavra, obra de nosso firme propósito de viver a Caridade como a entendia Jesus:“Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão dasofensas”.1

Somente pela prática plena da Caridade, vivenciando a Fraternidade, poderáo homem conquistar sua libertação do círculo vicioso da dor, do sofrimento e daviolência.

“Fora da caridade não há salvação”,2 proclamam os Espíritos Superiores.

Construamos, pois, a Paz, promovendo o Bem e praticando a Fraternidade.

EFraternidade

1O Livro dos Espíritos. Edição Comemorativa, questão 886.2O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XV, item 10.

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ssa tríade, que a RevoluçãoFrancesa consagrou comosímbolo de seus objetivos,

embora o próprio movimento re-volucionário, que derrubou o ab-solutismo dos reis e potentados,não tivesse compreendido e prati-cado o verdadeiro sentido das trêspalavras, continua representandoideais a serem alcançados.

As três palavras, em conjuntoou separadamente, são aspiraçõesnão somente para a vida indivi-dual, mas também para as organi-zações sociais dos povos e nações,e, conseqüentemente, para toda aHumanidade, já que sua significa-ção encerra o mais alto ideal paraa vivência humana.

Na concepção espíri-ta, considerando-se que

o amor é a síntese de todos os sen-timentos generosos e por isso de-ve estar na base do progresso paraa renovação moral, a ordem natu-ral da trilogia deveria ser: fraterni-dade, igualdade, liberdade.

A fraternidade deve estar naprimeira linha, como geratriz daliberdade e da igualdade de todos.

É ela o inverso do egoísmo,uma das chagas humanas das so-ciedades de todas as épocas.

É também uma das formas damanifestação do amor ao próxi-mo, significando caridade combenevolência, indulgência, com-preensão e tolerância.

É a forma de os homens secompreenderem e se devotaremuns aos outros, tornando possíveluma convivência de irmãos, filhosdo mesmo Pai.

Portanto, a liberdade e a igual-dade, no verdadeiro sentido queencerram essas palavras, na vidasocial, dependem da conquista dafraternidade e da sua vivência.

Essa conclusão remete-nos àgrande aspiração da reeducaçãomoral da Humanidade, para queela possa chegar à fase de ummundo regenerado, como decor-rência da divina lei do progresso.

Mas, sem querer ser pessimista,nosso mundo parece muito distan-te do ideal de transformação pela

fraternidade entreseus habitantes.

Liberdade, Igualdade,Fraternidade

EJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

5Maio 2007 • Reformador 117711

Capa

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Em pleno século XXI, após doismil anos da presença do Cristo,com seus ensinos superiores sobreo amar a Deus e ao próximo comoa si mesmo, a Humanidade poucoevoluiu moralmente, continuan-do os homens egoístas e orgulho-sos, procurando as nações imporseus interesses às demais, utilizan-do as guerras para obterem a paz.

Na realidade, são conquistas deprestígio e de interesses materiais.

Enquanto isso, as religiões tra-dicionais, em lugar de se esforça-rem pela prevalência da fraterni-dade e do entendimento en-tre elas, digladiam-se porobter predominância so-bre as concorrentes,com as graves conse-qüências conhecidas.

Se a prática da fra-ternidade prevaleces-se entre as nações, asraças e os indivíduos,como decorrência dosensinos morais do Cris-to e de todos os que acei-taram suas lições de vida,há muito teriam desapareci-do as violências do mundo, espe-cialmente as imposições dos maisfortes sobre os fracos.

Em matéria de imposições eviolências, nosso mundo poucoevoluiu. Basta observar a atuali-dade para verificar que as incom-preensões entre as nações condu-zem às guerras, preparando-se osgovernos não para a paz e a coo-peração, mas para as soluções vio-lentas.

Só na primeira metade do sé-culo XX ocorreram duas guerras

mundiais, envolvendo múltiplasnações.

Nos séculos anteriores sempreestiveram presentes a violência eas imposições dos países mais for-tes, sem respeito à liberdade dosmais fracos.

Tornam-se impraticáveis a liber-dade e a igualdade sem a presença evivência da fraternidade, quer en-tre os indivíduos, quer no seio dasfamílias e de toda a sociedade.

Assim, é pela prática da frater-nidade legítima que se cria paratodos – nações, famílias e indiví-duos – a igualdade e a liberdade,com a paz, a ordem e a compreen-são sem prejuízo da hierarquia,que terá como princípio e funda-mento o progresso moral e inte-lectual daqueles que detiverem asmaiores responsabilidades.

A fraternidade representa, as-

sim, o amor recíproco de todos oshomens, ensinado pelo Cristo,acima do qual só deve prevalecero amor a Deus, a causa primáriade todas as coisas, a InteligênciaSuprema.

A verdadeira fraternidade ain-da não faz parte das sociedadeshumanas, eis que ainda prepon-deram nas comunidades sociaisos privilégios, os direitos excep-cionais, as leis discriminatórias, ofavorecimento pelas riquezas, ostratamentos diversificados.

Sem a fraternidade legítimatorna-se impraticável tanto a

igualdade quanto a liber-dade.

Não se deve entendera igualdade como se to-das as pessoas fossemiguais, o que seria umapretensão utópica, umavez que as criaturashumanas são diferentes

e se encontram em po-sições evolutivas diferen-

ciadas.A igualdade é um senti-

mento que permite a cada umtratar seu semelhante, qualquerque seja sua posição social, oucondição de vida, de forma igual,com amor, com compreensão, semnenhuma discriminação.

O grande obstáculo à igualdadeé o orgulho, que leva o homem ajulgar-se superior, pretendendo odomínio e a primazia em todas assituações, inclusive no confrontocom seus semelhantes.

Considerar-se igual aos seusirmãos, companheiros de jornada,situados em níveis diferentes, tem

6 Reformador • Maio 2007 117722

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sido para o homem uma pretensãoinatingível, enquanto não conse-guir superar seu orgulho.

Sendo o orgulho, como o egoís-mo, doenças sociais que se mani-festam nos indivíduos, frutos daignorância das verdades eternasque devem reger a vida de todos ede cada individualidade, a felicida-de só será alcançada quando essaschagas estiverem extintas em cadaum, em um mundo regenerado.

A liberdade natural faz partedo Espírito, ao ser criado porDeus simples e ignorante, mas do-tado de livre-arbítrio, inteligênciae vontade.

Mas no campo social, o reco-nhecimento da liberdade natu-ral sempre encontrou obstáculos,em decorrência do egoísmo e doorgulho predominantes na imen-sa maioria dos habitantes daTerra.

Egoísmo, orgulho e ignorânciasão os obstáculos naturais, os ini-migos gratuitos da fraternidade, daigualdade e da liberdade.

Enquanto esses trêsprincípios não forem reu-nidos para deles resulta-rem o mútuo apoio e anecessária solidariedade,nenhuma organização so-cial será justa, equânimee aberta ao progresso.

Impérios potentes, po-deres absolutistas, rique-zas acumuladas à custada escravidão e da explo-ração dos mais fracos,domínios de povos e na-ções pela força das armase da violência, todas essas

formas ilusórias de dominaçãotêm existido e foram registradaspela história da Humanidade.

Entretanto, no decorrer dos sé-culos e milênios, ruíram os impé-rios, enfraqueceu-se o absolutismoe desapareceram muitas formasinjustas de dominação, substituí-das por outras que também nãosubsistirão, numa demonstraçãoclara de que o homem ainda nãoencontrou a forma correta e justapara suas organizações sociais.

Torna-se evidente que, nestemundo de expiações e provas, fal-tam os elementos essenciais dafraternidade, da igualdade e da li-berdade, sobre os quais possamser construídos os justos e sólidosedifícios sociais e para que surja averdadeira solidariedade entre to-dos os povos, independentementedas raças a que pertençam.

O problema é vasto e complexo,e sua solução precisa começa noimo de cada criatura, no coraçãode cada ser humano.

A educação intelectual e moralconstitui a base para se resolvertão vasta questão.

Se a educação intelectual já foireconhecida como necessária, omesmo não ocorre com a educa-ção moral, apesar de Jesus, o Cris-to, tê-la enfatizado em seus ensi-nos, que Ele sintetizou no amor aDeus e ao próximo.

A fraternidade, na sua acepçãomais pura, é a prática do amor,como também o é a caridade.

Amor, fraternidade, caridadesão os sentimentos que se opõemao egoísmo, ao orgulho e à igno-rância.

A igualdade e a liberdade sãodecorrências naturais da fraterni-dade.

É para a implantação desses va-lores morais que o Cristo de Deusdeixou no mundo suas lições eexemplos, prometendo ainda oenvio de outro Consolador, que jáse encontra entre os homens, hácento e cinqüenta anos.

7Maio 2007 • Reformador 117733

Capa

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8 Reformador • Maio 2007 117744

ão havia passado muitotempo, e permaneciam nocenário religioso da Fran-

ça os efeitos da rebeldia de La-mennais, Montalembert e Lacor-daire, que anelavam por prevale-cerem os ideais de Deus e liber-dade, severamente reprochadospelo papa Gregório XVI, que de-saprova e reprova todas as doutri-nas relativas à liberdade civil e po-lítica, que possam ameaçar a do-minação da Igreja que prega aospovos a obediência e aos sobera-nos a justiça.

Inconformado, Lamennais de-safiou a proibição e foi privadodos privilégios e poderes sacerdo-tais, quando se libertou do jugoda Igreja e do imperador, apoian-do, mais tarde, a Revolução de1848, que pretendia destituí-lo dotrono.

Conduzido à prisão, mais tardedesencarnou, em 1848, sendo en-terrado no Père-Lachaise, numaQuarta-feira de Cinzas, conformeseu desejo, em uma cova simplese comum, a fim de repousar entreos pobres...

Embora ainda se estivesse noSéculo das Luzes, caracterizado pe-lo período histórico-filosóficoprofundamente racionalista, Luís

Filipe governava com arrogân-cia, apoiado pela Igreja, vigiandoquaisquer tentativas de apeá-lodo poder, ou alterar as estruturasculturais vigentes. A intolerânciareligiosa encontrava-se por todaparte, ameaçadora e perversa, ten-tando impedir o desenvolvimen-to científico e filosófico que estru-gia com volúpia nas academias euniversidades.

O materialismo, porém, sorra-teiro e desafiador, inscrevia, des-de há muito, na mente dos pen-sadores e investigadores a nega-ção, transformando as claridadesdo Iluminismo em recurso de li-bertação dos dogmas ultramon-tanos e das tradições religiosasinsensatas, que não mais os con-venciam dos seus significados.

Pairavam nos meios intelec-tuais os conflitos de idéias e decomportamentos, que iriam trans-formar-se em conclusões posi-tivistas a respeito de tudo quan-to pode ser testado, desprezandotodas as informações que não re-sistissem às experiências de labo-ratório, particularmente aquelasde natureza metafísica...

Foi nesse campo, inçado dedificuldades, que Allan Kardec seentregou às pesquisas em torno

da existência de Deus, da imor-talidade da alma, da comunica-bilidade dos Espíritos, da reen-carnação, do renascimento dadoutrina de Jesus, desde quandoconvidado pelos imortais, pas-sando a enfrentar todo tipo deameaças e desafios de todaordem.

Espírito forjado na têmperado aço moral, sentia-se vincula-do ao ministério grandioso, e,por isso, não temia, entregando--se de corpo e alma à investi-gação e ao estudo dos fenô-menos mediúnicos, dos quaisextraiu as respostas lúcidas paraas interrogações que afligiram ascriaturas humanas através dostempos.

Incompreendido por uns emalsinado por outros, o comba-tente não se permitia apresentarjustificativas pessoais, nem des-perdiçava o tempo em discussõesinúteis, antes aplicava-o na ob-servância e relacionamento dos fa-tos comprovados, anotando e se-lecionando aqueles que podiamresistir a quaisquer críticas ouacusações.

Preparado para a gigantescatarefa, laborava dia e noite comafã, convencendo-se da realidade

Allan Kardec, o

Nconquistador indomável

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do mundo extracorpóreo, da so-brevivência da vida à disjunçãomolecular do corpo, do significa-do psicológico profundo da exis-tência terrena.

Com esses elementos, encon-trava-se equipado para demoliras novas construções do materia-lismo e as antigas do clericalismo,oferecendo uma visão corretaem torno do ser humano, do seudestino, das ocorrências que lhesucedem e, sobretudo, a respeitoda vida e da Criação.

Travava uma batalha silencio-sa e árdua, dirigido pelo pensa-mento de Jesus e dos Seus minis-tros, para preparar o advento daEra Nova do Espírito imortal,quando novos conceitos poderiamser apresentados ao mundo, dan-do lugar a outros comportamen-tos ético-morais, políticos, sociaise humanistas...

Acuado por invejosos de altamonta e inimigos desencarnados,não descansava, não desanimava,prosseguindo na busca dos dia-mantes da verdade, qual garim-peiro indômito que avança, caver-na adentro, seguindo o veio de-nunciador das gemas preciosas...

Aplicando contínuos dias enoites na limpeza da ganga jun-gida aos metais de incomparávelbeleza, reuniu-os em um diademade valor inestimável, formando aobra que ficou imortalizada apósa sua publicação, no dia 18 deabril de 1857, na Paris das glóriasmundanas e culturais, das con-quistas incomuns do pensamen-to e da razão.

O Livro dos Espíritos surgiu co-

mo um diamante estelar no zim-bório do pensamento terrestre eprojetou claridade incomparávelnos intrincados problemas quediziam respeito ao ser humano, àvida e à realidade existencial.

Inutilmente levantaram-se opo-sitores que agrediram o autor daobra, incapazes de apresentarquaisquer pontos vulneráveis noconteúdo vigoroso dos conceitosexpostos. Urdiram-se intrigas ver-gonhosas, envolvendo o nome doinsigne trabalhador, sem que te-nham identificado quaisquer in-coerências nos textos por ele pu-blicados, sejam de autoria dos Es-píritos ou da sua própria lavra,da sua reflexão.

O gigante não se afligiu, nãose atemorizou, em momento al-gum, prosseguindo na sua con-dição de artífice do bem e doamor na Terra, através do conhe-cimento da verdade, que se en-contra ao alcance de todos aque-les que tenham interesse em serfelizes.

A doutrina exposta nessa obragranítica oferece contribuiçãoindispensável aos vários ramosdo conhecimento, seja aos quedizem respeito aos arcanos daAntropologia como às es-truturas da Sociologia, emreferência às conquistasdas ciências psíquicas,tanto quanto ao pen-samento filosófico,argamassada com asinestimáveis formu-lações da lógicae da razão, de-fluentes das

confirmações nos laboratóriosde investigação e observação sis-temática.

Iniciando o temário sobre Deuse o Universo, prolongou-se peloexame do espírito e da matéria, pe-los notáveis fenômenos da mortee da reencarnação, das comunica-ções espirituais, das interferênciasdos desencarnados com os habi-tantes do corpo físico, passandoaos notáveis postulados das leismorais, culminando nas esperan-ças e consolações com um elencode preciosos itens que iluminam amente e consolam o coração.

9Maio 2007 • Reformador 117755

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Portador de uma lógica debronze, exigente na análise de ca-da informação, não se contenta-va com a resposta que recebiados imortais, volvendo ao tema,diversas vezes, até torná-lo per-feitamente compatível com oentendimento humano e resis-tente ao bisturi da dúvida e danegação.

Por conseqüência, a obra rece-beu o aplauso de homens e mu-lheres sinceros, estudiosos dosproblemas humanos, da ciência eda razão, da fé religiosa e da éti-ca, sendo recebida como uma res-posta dos Céus às aflições dos sereshumanos da Terra...

Marco histórico no pensamen-to filosófico, O Livro dos Espíritospermanece tão atual quanto na-queles heróicos dias em que apa-receu na Galeria d'Orléans, nainesquecível Livraria Dentu.

Cento e cinqüenta anos trans-corridos desde aquele inesque-cível dia, e continua desafiador,profundo na sua simplicidade,completo na sua singeleza, escla-recendo dezenas de milhões depessoas que o compulsam, ávi-das de esclarecimentos e de dire-trizes de segurança para o equi-líbrio e para a felicidade, a todosatendendo conforme os dife-rentes níveis culturais e de cons-

ciência, em que estagiam, avan-çando no rumo do futuro ilumi-nado pela verdade.

Feliz por haver-me banhado naágua lustral da sabedoria que deleverte, quando me encontrava naindumentária carnal, saúdo-te ehomenageio-te, mensageiro de Je-sus Cristo para a libertação dasconsciências terrestres!

Vianna de Carvalho

(Página psicografada pelo médium

Divaldo Pereira Franco, no dia 24 de

dezembro de 2006, no Centro Espírita

Caminho da Redenção, em Salvador,

Bahia.)

10 Reformador • Maio 2007 117766

ue faz a moderna ciência espírita? Reú-ne em corpo de doutrina o que estavaesparso; explica, em termos apropria-

dos, o que só era dito em linguagem alegórica;suprime o que a superstição e a ignorânciahaviam criado, para só deixar o que é real epositivo: eis o seu papel. Mas não lhe cabe opapel de fundadora. Mostra o que existe,coordena, mas não cria nada, pois suas basessão de todos os tempos e de todos os lugares.Quem, pois, ousaria considerar-se bastante for-te para abafá-la com sarcasmos e mesmo comperseguições? Se a proscreverem de um lado,renascerá em outros locais, no próprio terrenode onde a tenham banido, porque está na Na-tureza e não é permitido ao homem aniquilar

uma força da Natureza, nem opor veto aos de-cretos de Deus.

Aliás, que interesse haveria em se impedir apropagação das idéias espíritas? É verdade queelas se erguem contra os abusos que nascemdo orgulho e do egoísmo. Mas esses abusos, deque alguns se aproveitam, prejudicam as mas-sas. O Espiritismo, portanto, terá as massas doseu lado e por adversários sérios apenas os quetêm interesse na manutenção desses abusos.Pela influência que exercem, as idéias espíritassão uma garantia de ordem e tranqüilidade,pois tornam melhores os homens uns paracom os outros, menos ávidos de interessesmateriais e mais resignados aos decretos daProvidência.

Allan Kardec

Q

Fonte: O livro dos espíritos. Ed. Comemorativa do Sesquicentenário. Rio de Janeiro: FEB, 2006. “Conclusão VI”, p. 568. Título

atribuído pela Redação.

A Ciência Espírita

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ANA LU I Z A N. FE R R E I R AEntrevista

Reformador: Como você se en-volveu com o trabalho de Unifica-ção?Ana Luiza: A primeira vez quefui a uma Casa Espírita foi em

outubro de 1985, procurandoresolver um “problema de saú-de”. A instituição era a Socieda-de de Estudos Espíritas Ismaelque fica no mesmo prédio da Fe-deração Espírita do Maranhão(FEMAR), sendo presidente doCentro e da Federação, Júlio Luzde Carvalho. Depois de um tem-po de adaptação, comecei a fazer

o Estudo Sistematiza-do da Doutrina Es-pírita (ESDE), e, co-mo o problema desaúde era obsessão,este foi logo resol-vido, passando eu aparticipar das reu-

niões mediúni-cas. A partir deentão fui me

integrando ca-da vez mais

às ativida-des espí-ritas doC e n t r o

e de repente me vi, junto comJúlio, participando dos trabalhosda FEMAR, dando cursos, pales-tras e visitando as casas do inte-rior na implantação do ESDE. Omais interessante é que sempreme senti como se estivesse ape-nas relembrando o que já sabia,pois nada do que o Espiritismodizia parecia estranho ou difícilde entender. Acredito que esteperíodo foi uma preparação pa-ra futuros trabalhos. Assumi apresidência da FEMAR em 1992.Aceitei o encargo, mesmo saben-do que não seria fácil, e, com aajuda do Alto, estamos até hojetrabalhando cada vez mais pelaUnificação.

Reformador: Qual foi a origemdo Espiritismo no Maranhão?Ana Luiza: Em 1853, os jornaisdo Maranhão já se ocupavam das“mesas girantes” e dos “espíritosbatedores”. Em 1854, matéria pu-blicada nos jornais maranhenses

11Maio 2007 • Reformador 117777

União comamor e estudo

Ana Luiza Nazareno Ferreira, presidente da Federação Espírita do Maranhão, faz relato

sobre a história e as ações do Movimento Espírita naquele Estado. Conclama para o

exercício do amor, da união e da fraternidade entre todos

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falava das irmãs Fox. A partir de1862 o termo “Espiritismo” co-meçou a ser usado no Maranhão.Por volta de 1870 já existia socie-dade espírita organizada em nos-so Estado. Havia muitos adeptosdo Espiritismo no Maranhão, quese mantinham ocultos por medodas perseguições que se faziamaos espíritas, pois muitos jovensque estudavam na Europa retor-navam com as idéias da novaDoutrina. Em 1882, já havia nacapital maranhense “clubes espí-ritas”, contando com “pessoas dealto coturno”, informação dadapelo jornal da época A Civiliza-ção. A mais antiga Casa Espíritano Maranhão, Clube Espírita Re-denção, vem desde essa data. Mi-litares e escritores da época fa-ziam parte do clube. Temos notí-cias de uma Federação EspíritaMaranhense já em 1906, citadapelo Reformador daquele perío-do. No final do século XIX e iní-cio do XX, os centros espíritas noMaranhão foram surgindo a par-tir dos grupos mediúnicos que fa-ziam trabalho de cura. O Espiri-tismo no Maranhão, naquele tem-po, apesar das perseguições doclero e da polícia, sempre tevegrande aceitação. Em 1950, com apassagem da Caravana da Frater-nidade, foi fundada a FederaçãoEspírita do Maranhão. Antes fo-ram feitas várias tentativas de umMovimento Federativo no Esta-do. Hoje a Casa Espírita mais an-tiga que continua funcionando éo Centro Espírita Maranhense,fundado em 1925. Os primeirosgrupos de jovens datam de 1948

com a fundação da Juventude Es-pírita Maranhense.

Reformador: Qual o número decentros e entidades assistenciaisno Estado do Maranhão?Ana Luiza: Temos no Estado 70casas espíritas, sendo 36 no inte-rior e 34 na capital. Entidadesassistenciais, contando com cre-ches, escolas, hospitais, orfana-tos, etc., são ao todo treze.

Reformador: Como funciona o tra-balho de Unificação no Maranhão?Ana Luiza: A Federação Espíritado Maranhão apresenta uma es-trutura administrativa diferente,por não funcionar com atividadesde Centro Espírita. O seu trabalhoé diretamente com as casas espíri-tas, promovendo encontros, cur-sos, seminários, etc., procurandoqualificar os seus trabalhadores emanter a unidade de objetivos deum modo geral. Para as institui-ções do interior são feitas visitasperiódicas, oferecendo-lhes tam-bém meios de promover essa pre-paração. A Federação tem procu-rado estar junto às casas espíritas,num processo constante de orien-tação e acompanhamento, forta-lecendo os laços de união, frater-nidade e amor. Hoje o Movimen-to Federativo no Maranhão temavançado bastante e o trabalho daUnificação vai paulatinamente sefortalecendo e ampliando frontei-ras de modo considerável. Osencontros de dirigentes e traba-lhadores espíritas, realizados pe-riodicamente pela FEMAR emcentros espíritas diferentes, com

troca de experiências e confrater-nização, têm facilitado a integra-ção da Federação com as demaisinstituições espíritas.

Reformador: O que consideraimportante para a Unificação?Ana Luiza: Certamente a uniãodos espíritas é o mais importan-te no processo da Unificação. Énecessário, portanto, que seaplique o “Espíritas: amai-vos einstruí-vos” do Espírito de Ver-dade. Não se pode falar de uniãosem amor e sem o estudo quenos leva a conhecer e praticar deforma correta os princípios daDoutrina Espírita. Outro fatorde suma importância, para que aUnificação seja uma realidade, éa integração das casas espíritasentre si e com as outras. Há todoum encadeamento em que cadaelo da corrente é uma força fun-damental para o fortalecimentodo Movimento de Unificação.Os encontros regionais e locaisfacilitam cada vez mais esta uni-dade de princípios e objetivos.

Reformador: Qual sua expecta-tiva sobre os desdobramentos dascomemorações do Sesquicentená-rio?Ana Luiza: Todas as vezes que selança uma campanha ou se co-memora um fato importante doEspiritismo vemos um despertarde interesse em conhecer a Dou-trina Espírita, aumentando con-sideravelmente os freqüentado-res das casas espíritas. As come-morações do Sesquicentenário,com certeza, levantarão o ânimo

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dos que já são espíritas e atrairãoos não-espíritas para o conheci-mento das verdades consoladorasdo Espiritismo. Vejo que nestemomento é importante uma re-flexão sobre nossa maneira deagir como espíritas e o que temosfeito para a renovação de princí-pios e valores da sociedade. Queo entusiasmo das comemoraçõesnão se arrefeça, mantendo acesa

a chama do amor, da união e dafraternidade entre todos.

Reformador: Que mensagem pas-sa para os espíritas brasileiros?Ana Luiza: Nessa hora de lutas etransformações por que passa oplaneta, procuremos permanecerfiéis aos princípios contidos naDoutrina codificada por AllanKardec, vivenciando os ensinos do

Cristo à luz do Espiritismo. Dei-xemos de lado os personalismos eo egoísmo e busquemos a união, afraternidade e o amor que nos farãoconhecidos como discípulos de Je-sus. Lembremos o que diz o Espíri-to de Verdade: “Espíritas, amai-vose instruí-vos”, e façamos de nossasvidas uma eterna canção de amor,estudando esta Doutrina que nosconsola e nos esclarece sempre.

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Comemoração doSesquicentenário em Paris

O Conselho Espírita In-ternacional (CEI) partici-pou do Salon du Livre deParis, em Porte de Versail-les, de 21 a 27 de março de2007, expôs obras em fran-cês de sua edição e de LesÉditions Philman. O CEI jáeditou em francês seteobras de André Luiz, umade Emmanuel e, durante oSalão do Livro, lançou Edi-ção Comemorativa, emfrancês, de O Livro dos Es-píritos. Esta edição contémas notas do Codificador, recupera-das entre a 2a e a 12a edições fran-cesas, também inseridas na EdiçãoComemorativa em português.

No dia 24, pela manhã, houvereunião nas dependências do even-to para comemoração do Sesqui-centenário de O Livro dos Espíritos,

contando com a presença do se-cretário-geral do CEI Nestor JoãoMasotti, do presidente da UniãoEspírita Francesa e Francofônica(UEFF) Roger Perez e como pales-trantes Charles Kempf (França) eJean-Paul Évrard (Bélgica). Nomesmo dia, à tarde, em salão do

Hotel Mercure Paris Porte de Ver-sailles Vaugirard, o secretário-geraldo CEI reuniu-se com dirigentes,colaboradores e freqüentadoresdos Grupos Espíritas Francofôni-cos para diálogo sobre o tema “150Anos da Doutrina Espírita e aMissão dos Espíritas”.

Nestor João Masotti entre os palestrantes Charles Kempf eJean-Paul Évrard (falando)

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m amigo questionava:– Não é o Espiritismo

salvacionista, como todasas religiões tradicionais,

que se apresentam por depositá-rias da salvação, livrando o Espí-rito das penas eternas, no infer-no, em favor de perene felicidadeno Céu?

Resposta negativa.A Doutrina Espírita deixa bem

claro que ninguém precisa ser sal-vo, por uma simples razão: nin-guém está perdido, nem ameaça-do de confinamento perpétuo emregiões infernais.

Vários fatores devem ser leva-dos em consideração.

�Onipotência.Se Deus é o Senhor supremo,

que tudo pode, evidentementepode evitar que nos precipitemosem tormentos eternos. Uma só al-ma que se perdesse e Deus teriafalhado, revelando-se, com per-dão da palavra, incompetente.

� Justiça.O mais elementar princípio

do Direito determina que aextensão da pena não podeultrapassar a natureza do

crime. Quem rouba umpão não pode ser conde-

nado à prisão perpétua.Por pior que seja o

criminoso, por maio-res que sejam as

atrocidades come-tidas, a perdição

eterna, em pere-ne sofrimento,

seria algo in-concebível.

� Imanência.Deus está em tudo e em todos.

É a inteligência cósmica do Uni-verso, o cérebro criador. Está,portanto, na intimidade de cadaum de seus filhos. Está presentemesmo naqueles que enveredampor caminhos de violência e cri-me, trabalhando seus sentimen-tos, para que retornem aos rotei-ros do Bem.

Há hoje sistemas de monito-ramento, que permitem acom-panhar o deslocamento de umaviatura e, inclusive, localizá-larapidamente, em caso de roubo.Pode-se dizer, portanto, que oveículo monitorado nunca estaráperdido.

Algo semelhante ocorre com aalma humana. Por mais longe noslevem os nossos desvios, estare-mos sempre nos domínios deDeus, monitorados pelo Pai Ce-leste, presença imanente em nós.

Podemos nos afastar de Deus,habilitando-nos ao inferno ínti-mo, mas Deus jamais se afasta denós, trabalhando por nossa trans-ferência para o Céu.

A idéia de que ninguém estáperdido conflita com o princípiosegundo o qual Jesus foi o salva-dor, que derramou seu sangue na

Salvação

URI C H A R D SI M O N E T T I

14 Reformador • Maio 2007 118800

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cruz para lavar os pecados huma-nos e nos redimir.

Se não estamos perdidos, naobra da Criação, se todos fomoscriados para a perfeição e lá che-garemos, quer o queiramos, quernão, porque essa é a vontade deDeus, que não falha jamais emseus objetivos, evidentemente nãoprecisamos de um salvador.

Nem por isso a figura de Jesus émenos importante ou menos de-cisiva em nosso benefício.

Imaginemos uma viagem árdua,vadeando rios e montanhas, peloAmazonas. Viagem longa e cansati-va, onde estaremos sujeitos a nosequivocar nos caminhos, atrasandoa jornada. Mas, se tivermos ummapa, será muito mais fácil.

O Evangelho é o roteiro celestepara que transitemos com segu-rança pelos caminhos da vida.

Então, Jesus não foi o salvador.Foi o cartógrafo abençoado, a nospresentear com o maravilhosomapa que facilita e abrevia nossajornada para a perfeição.

Allan Kardec reconhece isso,nos comentários à nota da ques-tão 625, de O Livro dos Espíritos.

Para o homem, Jesus representao tipo da perfeição moral a que aHumanidade pode aspirar na Ter-ra. Deus no-lo oferece como o maisperfeito modelo, e a doutrina queensinou é a mais pura expressão desua lei, porque, sendo Jesus o sermais puro que já apareceu na Terra,o Espírito Divino o animava.

Fica bem claro que a jornadapara Deus passa necessariamente

pela vivência doEvangelho.

Poderemos até ig-norar o Evangelhonessa viagem, masà custa de “ba-ter a cabeça”,em desvios,acabaremostrilhando exa-tamente os caminhospreconizados por Jesus.

As próprias religiõesnão-cristãs, como o islamismo eo budismo, aproximam-se doCristianismo em seus conceitosbásicos.

É que, segundo Emmanuel, nolivro A Caminho da Luz, seusfundadores foram emissários doCristo.

Há algo do mapa celeste em to-dos os roteiros religiosos que ins-piram a jornada para Deus.

Felizes os que têm a oportuni-dade de conhecer o Evangelho,o melhor e mais completo de todos.

Há outro questionamento inte-ressante:

Se ninguém está perdido, senão precisamos ser salvos da da-nação eterna, por que, então,Allan Kardec desfraldou a máxi-ma Fora da caridade não há sal-vação como bandeira da Doutri-na Espírita?

Essa aparente contradição é fa-cilmente superável considerandoque Kardec não se referia ao signi-ficado escatológico do termo sal-

vação. Não pretendeu que é peloexercício da caridade que nos li-vramos da danação eterna, mes-mo porque, como já comenta-mos, ela não existe.

A salvação a que se refere Kar-dec diz respeito a esta vida, à so-ciedade humana, a nós mesmos.Jamais haverá paz no mundo eem nós mesmos, enquanto nãovencermos o egoísmo, elementogerador de todos os males huma-nos.

Observemos todos os proble-mas, envolvendo indivíduos e na-ções, e perceberemos que sua ori-gem está no egoísmo.

Brigas, discussões, desentendi-mentos, nascem e sustentam-se noempenho de cada um em cuidarda sua parte, dos seus interesses.

A caridade é o antídoto doegoísmo, uma vez que para sermoscaridosos somos obrigados apensar nos outros, salvando-nosdo egoísmo e conquistando a paz,o tempero da felicidade.

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uando Jesus ressurgiu do túmulo, a negaçãoe a dúvida imperavam no círculo dos com-panheiros.

Voltaria Ele? perguntavam, perplexos. Quase im-possível. Seria Senhor da Vida Eterna quem se entre-gara na cruz, expirando entre malfeitores?

Maria Madalena, porém, a renovada, vai ao sepul-cro de manhãzinha. E, maravilhosamente surpreen-dida, vê o Mestre, ajoelhando-se-lhe aos pés. Ouve--lhe a voz repassada de ternura, fixa-lhe o olhar sere-no e magnânimo. Entretanto, para que a visão se lhefizesse mais nítida, foi necessário organizar o quadroexterior. O jardim recendia perfumes para a sua sen-sibilidade feminina, a sepultura estava aberta, com-pelindo-a a raciocinar. Para que a gravação das ima-gens se tornasse bem clara, lavando-lhe todas as dú-vidas da imaginação, Maria julgou a princípio quevia o jardineiro. Antes da certeza, a perquirição damente precedendo a consolidação da fé. Embriagadade júbilo, a convertida de Magdala transmite a boa--nova aos discípulos confundidos. Os olhos sombriosde quase todos se enchem de novo brilho.

Outras mulheres, como Joana de Cusa e Maria,mãe de Tiago, dirigem-se, ansiosas, para o mesmolocal, conduzindo perfumes e preces gratulatórias.Não enxergam o Messias, mas entidades resplande-centes lhes falam do Mestre que partiu.

Pedro e João acorrem, pressurosos, e ainda vêem apedra removida, o sepulcro vazio e apalpam os len-çóis abandonados.

No colégio dos seguidores, travam-se polêmicasdiscretas.

Seria? não seria?Contudo, Jesus, o Amigo Fiel, mostra-se aos

aprendizes no caminho de Emaús, que lhe reco-nhecem a presença ao partir do pão e, depois, apare-ce aos onze cooperadores, num salão de Jerusalém.

As portas permanecem fechadas e, no entanto, o Se-nhor demora-se, junto deles, plenamente materiali-zado. Os discípulos estão deslumbrados, mas o olhardo Messias é melancólico. Diz-nos João Marcos queo Mestre lançou-lhes em rosto a incredulidade e adureza de coração. Exorta-os a que o vejam, que oapalpem. Tomé chega a consultar-lhe as chagas paraadquirir a certeza do que observa. O Celeste Mensa-geiro faz-se ouvir para todos. E, mais tarde, para quese convençam os companheiros de sua presença e dacontinuidade de seu amor, segue-os, em espírito, nolabor da pesca. Simão Pedro regista-lhe carinhosasrecomendações, ao lançar as redes, e encontra-o naspreces solitárias da noite.

Em seguida, para que os velhos amigos se certifi-quem da ressurreição, materializa-se num monte,aparecendo a quinhentas pessoas da Galiléia.

No Pentecostes, a fim de que os homens lhe rece-bam o Evangelho do Reino, organiza fenômenos lu-minosos e linguísticos, valendo-se da colaboraçãodos companheiros, ante judeus e romanos, partos emedas, gregos e elamitas, cretenses e árabes. Maravi-lha-se o povo. Habitantes da Panfília e da Líbia, doEgito e da Capadócia ouvem a Boa Nova no idiomaque lhes é familiar.

Decorrido algum tempo, Jesus resolve modificar oambiente farisaico e busca Saulo de Tarso para o seuministério; entretanto, para isso, é compelido a ma-terializar-se no caminho de Damasco, a plena luz dodia. O perseguidor implacável, para convencer-se,precisa experimentar a cegueira temporária, após aclaridade sublime; e para que Ananias, o servo leal,dissipe o temor e vá socorrer o ex-verdugo, é impres-cindível que Jesus o visite, em pessoa, lembrando-lheo obséquio fraternal.

Todos os companheiros, aprendizes, seguidores ebeneficiários solicitaram a cooperação dos sentidos

16 Reformador • Maio 2007 118822

Q

Presença de Chico Xavier

Mãe

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físicos para sentir a presença do Divino Ressuscitado.Utilizaram-se dos olhos mortais, manejaram o tato,aguçaram os ouvidos...

Houve, contudo, alguém que dispensou todos ostoques e associações mentais, vozes e visões. Foi Ma-ria, sua Divina Mãe. O Filho Bem-amado vivia eter-namente, no infinito mundo de seu coração. Seuolhar contemplava-o, através de todas as estrelas doCéu e encontrava-lhe o hálito perfumado em todasas flores da Terra. A voz dele vibrava em sua alma epara compreender-lhe a sobrevivência bastava pene-trar o iluminado santuário de si mesma. Seu Filho –seu amor e sua vida – poderia, acaso, morrer? Eembora a saudade angustiosa, consagrou-se à fé noreencontro espiritual, no plano divino, sem lágrimas,sem sombras e sem morte!...

.......................................................................................Homens e mulheres do mundo, que haveis de

afrontar, um dia, a esfinge do sepulcro, é possível queestejais esquecidos plenamente, no dia imediato aode vossa partida, a caminho do Mais Além. Familia-res e amigos, chamados ao imediatismo da luta hu-mana, passarão a desconhecer-vos, talvez, por com-pleto. Mas, se tiverdes um coração de mãe pulsandona Terra, regozijar-vos-eis, além da escura fronteirade cinzas, porque aí vivereis amados e felizes parasempre!

Fonte: XAVIER, Francisco C. Luz no lar. 10. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2006. Cap. 7, p. 28-31.

17Maio 2007 • Reformador 118833

Pelo Espírito Irmão X

ãe, que te recolhes no lar atendendo à Di-vina Vontade, não fujas à renúncia que omundo te reclama ao coração.

Recebeste no templo familiar o sublime mandatoda vida.

Muitas vezes, ergues-te cada manhã, com o suordo trabalho, e confias-te à noite, lendo a páginabranca das lágrimas que te manam da alma ferida.

Quase sempre, a tua voz passa desprezada, comovazio rumor, no alarido das discussões domésticas, eas tuas mãos diligentes servem, com sacrifício, semque ninguém lhes assinale o cansaço...

Lá fora, os homens guerreiam entre si, disputandoa posse efêmera do ouro ou da fama, da evidência ouda autoridade... Além, a mocidade, em muitas oca-siões, grita festivamente, buscando o mentiroso pra-zer do momento rápido...

Enquanto isso, meditas e esperas, na solidão daprece com que te elevas ao Alto, rogando a felicidadedaqueles de quem te fizeste o gênio guardião.

Quando o santo sobe às eminências do altar, nin-guém te vê nas amarguras da base, e quando o heróipassa, na rua, coroado de louros, ninguém se lembrade ti, na retaguarda de aflição.

Deste tudo e tudo ofereceste; entretanto, raros serecordam de que teus olhos jazem nevoados de pran-to e de que padeces angustiosa fome de compreensãoe carinho.

No entanto, continuas amando e ajudando, per-doando e servindo...

Se a ingratidão te relega à sombra na Terra, o Cria-dor de tua milagrosa abnegação vela por ti, dos Céus,através do olhar cintilante de milhões de estrelas.

Lembra-te de que Deus, a fonte de todo o amor ede toda a sabedoria, é também o Grande Anônimo eo Grande Esquecido entre as criaturas.

Tudo passa no mundo...Ajuda e espera sempre.Dia virá em que o Senhor, convertendo os braços

da cruz de teus padecimentos em grandes asas deluz, transformará tua alma em astro divino a ilumi-nar para sempre a rota daqueles que te propusestesocorrer.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Luz no lar. 10. ed. Rio de Janeiro:

FEB, 2006. Cap. 47, p. 120-121.

M

Pelo Espírito Meimei

Coração maternal

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18 Reformador • Maio 2007 118844

arra antiga lenda, cuja au-toria (ou citação em umde seus livros) é atribuída

ao filósofo francês Anatole France(1844-1924), escritor de obras--primas a exemplo de Thais, O Lí-rio Vermelho, A Revolta dos Anjos,entre outras, que na antiga Pérsia,hoje Irã, o primeiro mandatário doimpério encontrava-se à morte.Doente, enfraquecido e alquebra-do, mandou chamar à sua presen-ça o único filho, príncipe herdeiroque o sucederia no trono. O jovem,inteligente e respeitoso, ouve o paiidoso e moribundo, que lhe comu-nica a sucessão. Contudo, reconhe-cendo a sua enorme inexperiênciapara administrar aqueles vastosdomínios, indaga aflito: “Senhormeu pai, que devo fazer para serum dirigente justo com nossos sú-ditos e administrar com sabedoriaas nossas posses?” O velho rei suge-re ao filho amado que procure sa-ber a história do homem na Terra.“Indague de todos os filósofos, pes-quise em todos os livros até agoraescritos, percorra todas as cidadese templos para obter a resposta damais enigmática de todas as per-guntas que o homem se tem feitohá séculos: Qual o destino do ho-mem na Terra?”

Após a morte do pai, o novosoberano envia uma legião de em-baixadores pelo mundo com a mis-são de lhe trazer a narrativa da epo-

péia do homem. Muitos anos de-pois, inúmeras carruagens retor-nam conduzindo milhares de livrosonde estava escrita a empolgantehistória. Mas, o monarca, agoratambém em idade avançada e com-prometido com inúmeros afazeresdo reino, reconhece-se incapaz deler tantos volumes e pede aos fiéissúditos que reduzam a exposição.O avanço irreversível do tempoconduz o mandatário à mesmacondição do seu velho pai e umdia encontra-se ele também noleito de morte, ansiando – comoestivera em todos aqueles longosanos de labor e preocupações –conhecer a história do homem. Eeis que nesse momento é anuncia-da a presença no palácio, solici-tando audiência, do último rema-nescente daqueles embaixadores,também envelhecido, trazendo umúnico livro, onde se encontrava oresumo máximo que conseguiraobter sobre o destino do homem.

O monarca, recebendo o súdi-to, declara, contudo, sua incapaci-dade de ler, mesmo aquele únicovolume. Estava cego e às portas damorte. Pede, então, ao fiel servi-dor que diga aos seus ouvidosuma síntese de sua pesquisa. E ou-ve do último embaixador: “Se-nhor, o destino do homem naTerra é nascer, sofrer e morrer”.

O rei da Pérsia simboliza os ho-mens de todos os tempos, gênios,

sábios, filósofos, como Krishna, naÍndia, Tales, em Mileto, Hermesno Egito, Lao-Tseu na China,Moisés, no deserto, Hamurabi, naBabilônia, Sócrates em Atenas, queinquirem as razões da vida e pes-quisam, pensam e indagam: que é ohomem? qual o destino do homem?

Pierre Teilhard de Chardin, pa-leontólogo e antropólogo francês,jesuíta que viveu entre 1881 e 1955,e escreveu um livro notável cha-mado O Fenômeno Humano, lan-çado em 1947, declara: “Desdeque existe, o homem oferece-seem espetáculo a si próprio. Defato, há dezenas de séculos queoutra coisa não faz senão olhar-sea si mesmo”. E destaca que “ao ho-mem, para descobrir o homem, énecessária toda uma série de sen-tidos especiais”.1

O livro que é apresentado nalenda ao rei da Pérsia representauma tentativa de codificação dohomem. O que é codificar? Redu-zir em código, reunir em código,coligir. Codificação, então, seriareunir leis dispersas, em forma decódigo. Na lenda, após longa eexaustiva pesquisa, era apresenta-da uma codificação simbólica dodestino humano: nascer, sofrer,morrer. Conclusão pessimista eimediatista, certamente balizadanas idéias da unicidade da existên-cia, ou seja, da vida única. Muitasoutras iniciativas de apresentar a

O Novíssimo Testamento

NAD I LTO N PU G L I E S E

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história do homem têm sido fei-tas. Há uma seqüência históricadessas experiências que podemosdividir em três revelações-histó-ricas.

Diz-nos Herculano Pires(1914-1979), filósofo e escritor es-pírita: “[...] Quando o mundo sepreparava para sair do caos dascivilizações primitivas, apareceuMoisés, como o condutor de umpovo destinado a traçar as linhasde um novo mundo: e de suasmãos surgiu a Bíblia. Não foi Moi-sés quem a escreveu; mas foi ele omotivo central dessa primeiracodificação”. Herculano destaca:“[...] A Bíblia é a codificação daprimeira revelação cristã, o códi-go hebraico em que se fundiramos princípios sagrados e as gran-des lendas religiosas dos povos an-tigos. A grande síntese dos esfor-ços da antigüidade em direção aoespírito. Não é de admirar que seapresente muitas vezes assustado-ra e contraditória para o homemmoderno. [...]”.2

No conjunto de 39 livros, que acompõem, conhecido como Anti-go Testamento, está, no dizer deEmmanuel, Mentor espiritual domédium Francisco Cândido Xa-vier, “um apelo dos homens aDeus”,3 (sendo o Novo Testamentoa resposta de Deus). É a primeiratentativa de se obter uma históriado homem. Os profetas de então,a partir de Moisés, ouvem, assusta-dos, as vozes que lhes falam de umdeus vingativo e guerreiro, que ohomem é pó e ao pó retornará.

Durante quinze séculos, anteesses textos considerados sagra-

dos, e por vá-rios períodos res-tritos aos grandes ini-ciados, ao sacerdócio organizado,e, também, àqueles influenciadospelos que se apresentavam comoreveladores desses ensinos, os ho-mens continuaram a indagar:quem sou eu? de onde vim? paraonde vou? o que é a vida? Religiõesorganizadas, atitudes filosóficas econceitos materialistas tentavam,com seus dogmas, teorias, teses ehipóteses, explicar a realidade hu-mana, sem êxito, porém.

Até que a resposta de Deus aoshomens acontece com o advento dasegunda codificação, a revelação cris-tã, que se notabiliza através da figu-ra ímpar e irrepreensível de Jesus,que passaria a ser o sol a iluminar opassado e o futuro, “estabelecendoentre ambos a conexão necessária[...]”.2 E todo o acervo dos ensinosobtidos no Movimento do Cristianis-mo é resumido em 27 livros, quecompõem o Novo Testamento, neleincluídos os famosos textos dosquatro Evangelhos segundo Mateus,Marcos, Lucas e João.

Em seu texto, Herculano Piresinforma que, assim como na Bí-blia (primeira codificação) já seanunciava o Evangelho (segundacodificação), também no Evange-lho aparecia a predição da terceiracodificação: “Se me amais, guar-dai os meus mandamentos; e eurogarei a meu Pai, e ele vos envia-rá outro Consolador [...]

[...] que o Pai enviará em meunome, vos ensinará todas as coisase vos fará recordar tudo o que vostenho dito”.4

Foi na segunda metade do século XIX que essa promessa secumpriu.

Allan Kardec (1804-1869), em-baixador, não do rei da Pérsia,mas de Jesus, recebe dos Espíri-tos, através de mais de dez mé-diuns que prestaram sua assis-tência ao trabalho, as explicaçõessobre a origem e a finalidade davida e do destino do homem.

Em seus depoimentos, escritosna fase de sua iniciação, o profes-

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Moisés, Jesus e oEspiritismo, respectiva-mente: 1ª, 2ª e 3ªRevelação

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sor Denizard Rivail declara que,observando os notáveis fenôme-nos produzidos pelas personali-dades do mundo invisível, nelesidentificava “a chave do proble-ma, tão obscuro e tão controverti-do, do passado e do futuro da hu-manidade”, cuja solução viveusempre a procurar.5

Assumindo a missão que, emmomento comovente, lhe é con-firmada pelo Espírito Verdade, emreunião íntima de 12 de junho de1856,6 menos de um ano depois,em 18 de abril de 1857, publica OLivro dos Espíritos, em sua primeiraedição com 501 perguntas, destina-do a promover completa revoluçãonas idéias e nas crenças do mundo.

Assim, se a primeira codificaçãoé o apelo, e a segunda é a resposta,o que identifica um diálogo entreDeus e os homens, a terceira, que éo Espiritismo, é a síntese (tal comona lenda do rei da Pérsia) dessediálogo.7 Podemos dizer: o Novís-simo Testamento com que se con-cluiria a aula formidável. Final-mente teríamos a grande respos-ta sobre a verdadeira história dodestino do homem na Terra. Asubstância temática filosófica des-sa síntese admirável encontra-seinsculpida no dólmen existente notúmulo do Codificador, no Cemi-tério do Père-Lachaise, em Paris:Naître, mourir, renaître encore etprogresser sans cesse telle est la loi(Nascer, morrer, renascer ainda eprogredir sempre, tal é a Lei), resu-mo admirável da Doutrina Espí-rita, que elucida as causas da dor edo destino humano.

Allan Kardec, embaixador de

Jesus na Terra, diferentemente de outros homens e mulheres queempreenderam notáveis esforçospara obter a história do destino hu-mano, realizando, contudo, suaspesquisas na horizontalidade davida humana, nos antigos papi-ros, nos fósseis examinados pelaArqueologia e pela Antropologia,nas narrativas, lendas e tradiçõesde todos os povos, verticaliza assuas sondagens e eleva os seusolhos aos céus, procurando as res-postas desses enigmas nas regiõessiderais.

E os habitantes desse mundo im-perecível, comovidos com o inte-resse do notável pedagogista emelucidar o mistério do passado, dopresente e do futuro da Humanida-de, e porque também personagense protagonistas da sua História, res-pondem, com características de uni-versalidade e através das faculda-des paranormais da mediunidade,as mil e dezenove questões formula-das, de alto teor filosófico, científicoe de substância ética, que compõemO Livro dos Espíritos, o qual, passa-do um século e meio, permaneceem admirável atualidade.

Originalmente grafadas no be-lo e erudito idioma francês, asquestões elucidadoras dos enig-mas da vida humana obteriam, noquartel do século XIX, a translite-ração para o idioma português,em a nação do Cruzeiro do Sul,assumindo o Brasil, desde então, agloriosa tarefa de ser o Embaixa-dor do Espiritismo na Terra.

Comove-nos, assim, neste mo-mento, em que o Movimento Es-pírita comemora o Sesquicente-

nário de O Livro dos Espíritos, sera pátria brasileira a nação terres-tre que mantém acesa a chama daDoutrina Espírita, projetando asua luz por todo o mundo, comoeterno símbolo do triunfo de Je-sus e dos seus fiéis embaixadores,a exemplo de Allan Kardec. Certa-mente os seus Espíritos estãoacompanhando, das Regiões Lu-minescentes do Mundo Maior, asjustas homenagens em torno dasignificativa efeméride.

Querido Mestre Allan Kardec,embora tenhas aspirado apenasao modesto título de “propagadordo Espiritismo”, nós reverencia-mos tua personalidade de primei-ro e legítimo adepto da nossa ama-da Doutrina, irmão querido doideal espiritista.

Em tuas honradas e operosasmãos depositamos as flores maisbelas e perfumadas, cultivadas naintimidade do jardim do nosso co-ração, como oferenda especial denossa emoção e de nosso profun-do reconhecimento.

Referências:1CHARDIN, Pierre Teilhard de. O fenômeno

humano. 3. ed. São Paulo: Herder, 1970.2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-

dução de J. Herculano Pires. 40. ed. São

Paulo: LAKE, 1980. “Introdução a O Livro

dos Espíritos”, p. 11.3Idem, ibidem. p. 16.4João, 14:15-16 e 26.5KARDEC, Allan. Obras póstumas. 39. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2006. p. 268.6Idem, ibidem. p. 281.7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tra-

dução de J. Herculano Pires. 40. ed. São

Paulo: LAKE, 1980. p. 16.

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Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser.”

(JOÃO, 2:5.)

Palavras de mãe

Evangelho é roteiro iluminado do qual Jesus é o centro divino. Nessa Carta

da Redenção, rodeando-lhe a figura celeste, existem palavras, lembranças,

dádivas e indicações muito amadas dos que lhe foram legítimos colabora-

dores no mundo.

Recebemos aí recordações amigas de Paulo, de João, de Pedro, de companheiros

outros do Senhor, e que não poderemos esquecer.

Temos igualmente, no Documento Sagrado, reminiscências de Maria. Examine-

mos suas preciosas palavras em Caná, cheias de sabedoria e amor materno.

Geralmente, quando os filhos procuram a carinhosa intervenção de mãe é que se

sentem órfãos de ânimo ou necessitados de alegria. Por isso mesmo, em todos os

lugares do mundo, é comum observarmos filhos discutindo com os pais e choran-

do ante corações maternos.

Interpretada com justiça por anjo tutelar do Cristianismo, às vezes é com imen-

sas aflições que recorremos a Maria.

Em verdade, o versículo do apóstolo João não se refere a paisagens dolorosas.

O episódio ocorre numa festa de bodas, mas podemos aproveitar-lhe a sublime

expressão simbólica.

Também nós estamos na festa de noivado do Evangelho com a Terra. Apesar dos

quase vinte séculos decorridos, o júbilo ainda é de noivado, porquanto não se veri-

ficou até agora a perfeita união... Nesse grande concerto da idéia renovadora, somos

serventes humildes. Em muitas ocasiões, esgota-se o vinho da esperança. Sen-

timo-nos extenuados, desiludidos... Imploramos ternura maternal e eis que Maria

nos responde: Fazei tudo quanto ele vos disser.

O conselho é sábio e profundo e foi colocado no princípio dos trabalhos de

salvação.

Escutando semelhante advertência de Mãe, meditemos se realmente estaremos

fazendo tudo quanto o Mestre nos disse.

O

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, verdade e vida. Ed. Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005.Cap. 171, p. 357-358.

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m meio ao turbilhão dosséculos, a luz do Evangelhoadentrou suavemente a

maioria dos lares terrenos.Sua linguagem, embora alegó-

rica, rica em símbolos e parábo-las, não exige curso superior. Seuvalor não se restringe a um pe-

ríodo histórico da Humanidade;estende-se a todos os momentosevolutivos do homem. Uma sim-ples parábola, uma pequena li-ção podem revelar conteúdo pa-ra um livro todo, cujas páginas sedesenrolam à medida que o lei-tor alcança maturidade para as-

similar os seus valores. ADoutrina Espírita, veí-

culo restaurador doEvangelho, aí estápara cumprir oseu papel de Con-solador Prometi-do. As claridadesdo Espiritismo jáforam projetadas

naqueles tempos,por Jesus. É a luz

que se irradia do cerne de umdos mais belos poemas proferi-dos pelo Mestre no Sermão daMontanha:

“Não ajunteis tesouros na ter-ra, onde a traça e a ferrugem tu-do consomem, e onde os ladrõesminam e roubam.

Mas ajuntai tesouros no céu,onde nem a traça nem a ferru-gem consomem, e onde os la-drões não minam, nem roubam.

Porque onde estiver o vossotesouro, aí estará também o vos-so coração. [...]

Por isso, vos digo: não andeiscuidadosos quanto à vossa vida,pelo que haveis de comer ou peloque haveis de beber; nem quantoao vosso corpo, pelo que haveisde vestir. Não é a vida mais doque o mantimento, e o corpo,mais do que a vestimenta?

Olhai para as aves do céu, quenão semeiam, nem segam, nemajuntam em celeiros; e vosso Pai

Olhai... Há vidaem toda parte

EA. ME RC I SPA DA B O RG E S

“[...] A vida é uma sinfonia perfeita. Quando procuramos desafiná-la, no círculodas notas que devemos emitir para a sua máxima glorificação, somos compelidos

a estacionar em pesado serviço de recomposição da harmonia quebrada.”(Missionários da luz, Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito André Luiz, FEB,

“Preparação de experiências”.)

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celestial as alimenta. Não tendesvós muito mais valor do queelas? [...]

[...] Olhai para os lírios docampo, como eles crescem; nãotrabalham, nem fiam.

E eu vos digo que nem mesmoSalomão, em toda a sua glória, sevestiu como qualquer deles.

Pois, se Deus assim veste aerva do campo, que hoje existe eamanhã é lançada no forno, nãovos vestirá muito mais a vós, ho-mens de pequena fé?

Não andeis, pois, inquietos,dizendo: Que comeremos ou quebeberemos ou com que nos ves-tiremos?

[...] Decerto, vosso Pai celes-tial bem sabe que necessitais detodas essas coisas;

Mas buscai primeiro o Reinode Deus, e a sua justiça, e todas es-sas coisas vos serão acrescentadas.

Não vos inquieteis, pois, pelodia de amanhã, porque o dia deamanhã cuidará de si mesmo.Basta a cada dia o seu mal”. (Ma-teus, 6:19 a 21, 25-26, 28 a 34.)

Em uma primeira leitura, per-cebe-se o convite do SublimeEducador ao desprendimento dosbens terrenos visando uma vidaespiritual plena de bênçãos. Masseria somente esta a mensagem?Nesse entendimento, a Humani-dade deveria estar hoje na mesmasituação de há dois mil anos. Semqualquer resquício de progresso.

Jesus faz referência a doistipos de tesouros: os negativos,agregados à vida material, por-tanto, transitórios, que exaltamo poder, a riqueza e acentuam o

egoísmo e a ambição; e os posi-tivos, os “tesouros do céu”, que sãoperenes, pois são frutos da alma,conquista laboriosa do ser, consti-tuindo-se, por isso mesmo, em vir-tudes intransferíveis que engran-decem e libertam o Espírito. Tesou-ros, portanto, que serão carrea-dos após a morte do corpo.

Num outro momento o Mestrerefere-se às aves do céu simboli-zando os Espíritos que já alcança-ram a elevação e, por conseguinte,a liberdade que lhes é própria. Naseqüência do discurso ressalta asingeleza e o potencial dos líriosdo campo, sugerindo a personifi-cação dos Espíritos ainda apega-dos ao solo, mas com potencialpara o devido crescimento: como

eles crescem. Jesus exalta ainda ahumildade ao opor a simplicida-de dos lírios à opulência do rei Sa-lomão: nem mesmo Salomão, emtoda a sua glória, se vestiu comoqualquer deles.

Observa-se que Jesus faz claraalusão à necessidade de saber es-perar, de cultivar a paciência:não andeis cuidadosos [...] por queandais solícitos? [...] Não andeis,pois, inquietos [...]

A sua proposição valoriza osbens morais que o Espírito deveconquistar no seu caminho evo-lutivo: livre-arbítrio, evolução,pureza, humildade – é só ter pa-ciência. Estes tesouros jamais seperdem. Para conquistá-los háuma condição primordial: buscaiprimeiro o Reino de Deus, e a suajustiça, e todas essas coisas vos se-rão acrescentadas.

Jesus demonstra que não épreciso se obter mais do que senecessita. Toda sobra não usadafaz falta a outrem; sofre a açãodo tempo, “enferruja”. Além dis-so, desperta a cobiça, a inveja.Sentimentos concretamente sim-bolizados em traça, ferrugem, la-drões. Por outro lado, o acúmulode bens materiais gera preocu-pações exageradas que aprisio-nam o indivíduo, tornando-o in-sensível, egocêntrico, avarento.Daí sua afirmativa: onde estiver ovosso tesouro, aí também estará o vosso coração. Portanto o opos-to à liberdade proposta peloMestre.

A fé raciocinada entretece to-do o conteúdo moral-educativoda lição: não é a vida mais do que

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O acúmulode bens

materiaisgera

preocupaçõesexageradas

que aprisionamo indivíduo

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o mantimento e o corpo, mais doque a vestimenta? [...] se Deus as-sim veste a erva do campo [...]não vos vestirá muito mais a vós,homens de pequena fé?

Que argumentação! Didática,magistral! Mostra ao homem acapacidade de raciocinar partin-do de seres concretos: tesouros,aves, lírios, para a evolução dopensamento, a expansão dos sen-timentos e ideais. E assim ressal-ta o valor da vida em todas assuas manifestações; a importân-cia do meio ambiente; o amor doPai por suas criaturas em todosos reinos da Natureza.

Sem amor ao semelhante, semrespeito à Natureza não há justi-ça, daí os abusos, os crimes am-bientais e humanos que assolamo planeta. Não é a vida mais doque o mantimento, e o corpo, maisdo que a vestimenta?

Entendendo-se vida em senti-do amplo, compreendendo todoo período evolutivo do ser ao

longo dos milênios, pode-se en-tender corpo como o ser essen-cial, o próprio Espírito, e o termovestimenta pode simbolizar amatéria que o reveste em cada en-carnação. Nesse campo de enten-dimento o termo mantimentosugere os elementos integrantesda Natureza, que sustentam avida material. Observa-se que Je-sus refere-se não apenas ao pro-gresso parcial, possível em cadaencarnação, mas à evolução ab-soluta do ser. E essa idéia é reite-rada quando o Cristo faz alusãoaos diferentes reinos da Natureza,enumerando as múltiplas etapaspelas quais transita o Espírito emsua longa jornada evolutiva: rei-no vegetal: lírios; reino animal:aves; e reino hominal, o desti-natário, o Espírito imortal, causade toda a proposição. Portanto,deixa impresso no livro do tem-po que a evolução só se processacom as conquistas morais, a su-premacia do amor e a conseqüen-

te destruição do egoísmo: nãoajunteis tesouros na terra [...]

Assim, o Espírito atravessa to-das as fases evolutivas ao longodos milênios sempre sob o olharmisericordioso de Deus.

Jesus encerra o poema comum verso profundamente conso-lador: não vos inquieteis, pois, pe-lo dia de amanhã [...] Basta a ca-da dia o seu mal.

A que mal Jesus se refere? Cer-tamente aos erros, aos deslizeshumanos e suas conseqüências.Assim, o homem que se preocu-pa em agir corretamente, que vi-ve de conformidade com as leisdivinas, não tem porque se preo-cupar com o seu amanhã. Poisquem semeia hoje a boa semen-te, amanhã colherá bons frutos.Portanto, o dia de amanhã será oque dele fizermos hoje.

A realidade evolutiva do ser égema preciosa que está incrusta-da nos tecidos poéticos destadivina lição.

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Fundada em 10 de dezembro de1944, a Cruzada dos Militares Es-píritas (CME) tem por objetivo le-var a Doutrina dos Espíritos aosquartéis, onde servem irmãos nos-sos, profitentes do Espiritismo, nosmoldes em que atuam os outroscredos ali representados.

Nossa presença no cenário emque estão inseridas as Forças Ar-madas e Auxiliares decorre da li-berdade de manifestação religiosaconcedida pela Carta Magna, alia-da ao apreço com que somos re-cebidos pelos comandantes dasorganizações militares, dissemi-nadas por todo o território nacio-nal. Há que considerar, também,o natural espírito de camarada-gem existente entre os militaresbrasileiros, independentementeda opção religiosa. O que conta,na verdade, é o que somos. Daí apostura sempre fraterna que mar-ca nosso relacionamento comtodos os irmãos de armas, ondequer que nos encontremos.

Analisando a natural presençados tradicionais segmentos reli-giosos no ambiente militar, cons-tata-se que sacerdotes católicos e

protestantes aindaocupam, em maio-ria, os espaços dis-ponibilizados paraa assistência reli-giosa tão presentenas organizaçõesmilitares das ForçasArmadas e Auxilia-res do nosso país.

Até as primeirasdécadas do séculopassado foi o Espi-ritismo olhado comcautela, também,nos ambientes militares, nos quais,contudo, logo conquistou expres-sivo número de adeptos, jamaistendo ocorrido qualquer restriçãoà sua divulgação. Com o passar dotempo a Doutrina Espírita tor-nou-se, pouco a pouco, mais co-nhecida, desaparecendo aquelapostura inicial de reserva. A CMEdesde sua fundação jamais de-frontou obstáculos para a suaatuação.

As reuniões regulares de estu-do doutrinário que os membrosda Cruzada realizam em muitosquartéis sempre recebem autori-

zação dos respectivos comandan-tes, que são também informadosquando da presença de orado-res convidados nessas atividades.Mencione-se, ainda, que desde asua fundação os trabalhos da Cru-zada nunca deixaram de contarcom a presença e a colaboraçãode civis.

As autoridades das Forças Ar-madas e os militares espíritas man-têm relacionamento fraterno, por-que a camaradagem, o tratamentorespeitoso e amigo consolidadosna caserna sobrepõem-se a qual-quer outro sentimento.

O relacionamento daCME com as autoridades

das Forças Armadas

Núcleo da CME em Recife. Parceria com o Lar Fabiano de Cristo e a Capemi

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suicídio é acontecimentoepidêmico, trágico, dolo-roso e de escala mundial.

Aumenta dia após dia, ainda quese considerem apenas os dadosoficiais. Segundo projeção estatís-tica da Organização Mundial deSaúde (OMS), realizada no inícioda atual década, as taxas de suicí-dio aumentaram 60% nos últi-mos quarenta anos. São valoresque definem a desoladora ocor-rência de um suicídio a cada 40segundos no Planeta.1

Caracterizado como problemade saúde pública e como um dosmaiores desafios que a sociedadeenfrentará no século XXI, a OMSinforma também que o suicídio éa terceira causa de morte em pes-soas com idade entre 15 e 44 anos.É a segunda de mortalidade juve-nil, superada apenas pelos aciden-tes de carro e moto, não se com-putando nesta análise as tentati-vas de suicídio, cujos índices sãovinte vezes maiores.1

Se o ser humano fosse educadocom a compreensão de que a vidanão lhe pertence, que é uma con-cessão divina, entenderia que so-mente a Deus assiste o direito deretirá-la. Perceberia então que osuicídio voluntário é sempre umatransgressão da Lei Divina.2 Pon-dera Emmanuel:

“No suicídio intencional, semas atenuantes da moléstia ou daignorância, há que considerar nãosomente o problema da infraçãoante as Leis Divinas, mas tambémo ato de violência que a criaturacomete contra si mesma, atravésda premeditação mais profunda,com remorso mais amplo”.3

O suicídio na adolescência as-susta, sobretudo quando se anali-sam as principais causas: violênciadoméstica e graves conflitos pes-soais. O clima doméstico de ten-são, hostilidade e violência geraum estado de crise permanente namente da criança e do jovem,indutora do suicídio. “Toda tenta-

tiva de suicídio de um adolescen-te é dirigida a alguém e expressa anecessidade de afeto, de amor, deser ouvido e reconhecido comopessoa. Deve ser interpretada co-mo uma pergunta que requer res-posta”,4 destaca Edith Serfaty, res-peitada psiquiatra argentina.

A contribuição espírita, nessecontexto, é de grande valia. Muni-dos de compaixão e pondo emprática ações eficazes, podemosauxiliar pais, crianças e jovens quebatem às portas da nossa Casa Es-pírita em busca de socorro. “Ir-mãos uns dos outros pelos laçosda família maior – a Humanidade–, à frente dos nossos companhei-ros caídos, antes de censurá-losserá preciso interrogar-nos a nóspróprios que espécie de benefíciojá lhes teremos feito, a fim de quenão resvalassem no lodo que lhesdesfigura a face divina de filhos deDeus, tão carecedores de bênçãosde Deus quanto nós.”5

Os conflitos individuais, decor-

Suicídiona adolescência

Em dia com o Espiritismo

MA RTA AN T U N E S MO U R A

O

“[...] glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.” Paulo (1Co., 6:20.)

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rentes ou exacerbados pela con-turbada vida familiar, alimentamas estarrecedoras estatísticas dosuicídio na adolescência. É im-portante considerar que a depres-são está presente na maioria dosconflitos individuais. É apontadacomo a alteração afetiva predomi-nante em todas as etapas que ca-racterizam o processo que conduzo jovem ao suicídio: ideação, in-tenção e consumação do fato.4,6 Adepressão juvenil, comum nosdias atuais, tem de um lado raízesna infância atormentada ou negli-genciada, e, de outro, nas más in-clinações do Espírito reencarna-do. O suicídio entre jovens é, acimade tudo, “um grito de dor, de de-sespero e um pedido de ajuda”,como acertadamente afirma a psi-quiatra canadense Ghislaine Bou-chard, estudiosa do assunto.6

Atentar contra a própria vidasempre traz repercussões infelizesao infrator, como nos informa osaudoso Chico Xavier, em entre-vista concedida à Folha Espírita:

“Todo suicídio traz conseqüên-cias muito graves nas estruturasdo corpo perispiritual. O estudofuturo da origem da criança ex-cepcional, por exemplo, vai abrirum campo imenso de pesquisasaltamente proveitosas sobre essasrepercussões. Tenho visto muitasvezes o câncer infantil como con-seqüência do suicídio em vidaanterior”.7

Há adolescentes, contudo, quecometem o suicídio, não por faltade cuidados dos genitores ou deuma educação familiar desatenta,mas em razão de dificuldades pró-

prias, evidenciadas no ca-ráter e no comportamen-to, relacionadas a equívo-cos cometidos perante alei de Deus, em existênciaspassadas. Tais Espíritossintonizam com Espíritostransviados, desde osprimeiros momentosda reencarnação, es-tabelecendo entreeles laços que fa-vorecem acesso aosombrio mundo dasviciações e de tantas ou-tras perturbações.

“[...] Diante da dor,do obstáculo ou damorte, milhares depessoas capitulam,entregando-se, semresistência, à per-turbação destrui-dora, que lhes abre,por fim, as portasdo túmulo. A princípio, são merosdescontentes e desesperados, quepassam despercebidos mesmoàqueles que os acompanham demais perto. Pouco a pouco, no en-tanto, transformam-se em doen-tes mentais de variadas gradações,de cura quase impossível, porta-dores que são de problemas inex-tricáveis e ingratos. Impercep-tíveis frutos da desobediência co-meçam por arruinar o patrimô-nio fisiológico que lhes foi confia-do na Crosta da Terra, e acabamempobrecidos e infortunados. Afli-tos e semimortos, são eles homense mulheres que desde os círculosterrenos padecem, encovados em

precipícios infernais, por se have-rem rebelado aos desígnios divi-nos, preterindo-os, na escola be-néfica da luta aperfeiçoadora, pe-los caprichos insensatos.”8

Publicações científicas, sérias eresponsáveis, divulgadas no Brasile no Exterior, revelam uma sur-preendente concordância estatís-tica no que diz respeito ao suicí-dio na adolescência, independen-temente da diversidade social,cultural e econômica das comuni-dades estudadas ou do número decasos analisados. Destacamos asseguintes: a faixa de idade em queo suicídio predomina é de 15 a 19

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anos (cerca de 65%); a maioriados suicidas jovens é do sexo fe-minino (75 a 80%); brancos (70 a80%); solteiros (82 a 91%); estu-dantes ou sem uma profissão defi-nida (38 a 45%). O principal mé-todo utilizado, em ambos os sexos(60 a 65%), é a ingestão de medi-camentos psicoativos e de pragui-cidas (36 a 40%). Os métodos vio-lentos (fogo, ferimentos por ar-mas, sufocamentos, etc.) são cor-rentes em alguns adolescentes desexo masculino (10 a 13%) queapresentam distonias mentais eafetivas severas.4,6,9

As causas do suicídio são igual-mente semelhantes nas classes ri-cas e pobres, do Brasil e de outraspartes do mundo, com mínimavariedade estatística: visão imatu-ra ou deformada sobre a morte,associada, ou não, à desencarna-ção de um ente querido; clima fa-miliar conturbado; abuso sexual;violências físicas; alcoolismo; con-sumo de drogas geradoras de de-pendência; imaturidade materna;

conflitos diversificados (identida-de sexual, problemas psiquiátri-cos, relacionamento interpessoal,auto-imagem corporal, auto-esti-ma, tentativas anteriores de suicí-dio, etc.) As pesquisas realizadasno Brasil e na América Latina apre-sentam um fator a mais: desespe-rança em relação ao futuro, pro-duzida pelo difícil acesso à escola,pelo desemprego e pela pobreza.

O suicídio na adolescência éum problema de todos nós, encar-nados e desencarnados, habitan-tes do Planeta. Por meio de umaconsciente mobilização social po-demos cooperar com os EspíritosSuperiores, responsáveis pelosdestinos da Humanidade terres-tre, participando ativamente dosprogramas de regeneração poreles definidos. Neste cenário, ano-temos o conselho do Benfeitor es-piritual, semelhante ao do apósto-lo Paulo, inserido no início do ar-tigo:

“Guarda, pois, a existência co-mo dom inefável, porque teu cor-

po é sempre instrumento divino,para que nele aprendas a crescerpara a luz e a viver para o amor,ante a glória de Deus”.10

Referências:1Organización Mundial de la Salud – OMS.

Proyecciones para el 2010 en salud men-

tal. Presentado en el Congreso Internacio-

nal de Epidemiologia Psiquiátrica. Santia-

go de Compostela. España, 1996.2KARDEC. Allan. O livro dos espíritos. Tra-

dução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2005. Questão 944.3XAVIER, Francisco Cândido. Religião dos

espíritos. Pelo Espírito Emmanuel. 4. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2006. “Suicídio”,

p. 119.4SERFATY, Edith. Suicidio en la adoles-

cencia. Adolescencia Latinomericana,

1998: 1 (2). p. 1414-105-110.5XAVIER, Francisco Cândido. Alma e cora-

ção. Pelo Espírito Emmanuel. São Paulo:

Pensamento, 2006. Cap. 44, p. 98.6BOUCHARD, Ghislaine. Le suicide à l’ado-

lescence. Psichomedia: Canadá, 2000.7NOBRE, Marlene, R. S. Lições de sabedo-

ria: Chico Xavier nos 23 anos da Folha

Espírita. 2. ed. São Paulo: FÉ, 1997. p. 48.8XAVIER, Francisco Cândido. No mundo

maior. Pelo Espírito André Luiz. 26. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2003. Cap. 16, p. 217-

-218.9AVANCI, Rita de Cássia. O adolescente

que tenta suicídio: estudo epidemiológi-

co em uma unidade de emergência. Dis-

sertação de mestrado. Universidade de

São Paulo, Hospital das Clínicas de Ribei-

rão Preto, 2004.10XAVIER, Francisco Cândido. Religião

dos espíritos. Pelo Espírito Emmanuel. 19.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. “Suicídio”,

p. 121.

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Sob a condução do diretorAffonso Soares, realizou-se, das 9às 16 horas do dia 10 de março, naSede Seccional da FEB, no Rio deJaneiro, o seminário sobre “A Ca-pacitação Administrativa do Cen-tro Espírita”.

Após as palestras de AntonioCesar Perri de Carvalho, diretor daFEB e secretário do Conselho Fe-derativo Nacional (CFN), de Ro-berto Fuína Versiani e Célia MariaRey de Carvalho, ambos integran-tes da equipe da Secretaria Geraldo CFN, respectivamente sobre ostemas “Gestão Administrativa eDoutrinária do Centro Espírita”,“Relacionamento Interpessoal naGestão do Centro Espírita” e “Ges-

tão: Inspiração no Cristo”, sucedeu--se a fase dos debates, em que tam-bém participaram, compondo amesa-diretora, os confrades Mo-zart Leite, diretor da Área de Divul-gação do Conselho Espírita do Es-tado do Rio de Janeiro (CEERJ), ePalmiro Costa, diretor da Área deAções Estratégicas e do Serviço doCentro de Formação Continuadade Dirigentes e Trabalhadores Es-píritas também do CEERJ.

Como verificado nos even-tos anteriores, grande foi ointeresse das centenas depessoas presentes, oque motivou a for-mulação de inú-meras ques-

tões, todas evidenciando lú-cida consciência a respeitodas necessidades e desafiosenfrentados na tarefa debem conduzir uma institui-ção espírita, tanto no cam-po doutrinário como nocampo administrativo, semperder de vista a indispen-sável sintonia com os prin-cípios do Evangelho e daDoutrina Espírita, com es-pecial enfoque nas relaçõesinterpessoais numa equipe a

serviço de objetivoseminentementeespirituais.

Seminário sobre“A Capacitação Administrativa do

Centro Espírita” na FEB-RIO

Aspecto parcial do público na Sede Seccional da FEB no Rio

AntonioCesar Perri

de Carvalhofala aopúblico

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frase que inspira as refle-xões deste artigo foi ditapor um dos personagens

do filme “Mar adentro”, vencedorde inúmeros prêmios internacio-nais, inclusive o Oscar de melhorfilme estrangeiro de 2005.

A obra conta a história vividapelo tetraplégico espanhol RamónSanpedro. Ele sofrera um acidenteque afetou seus movimentos aos21 anos, quando mergulhava napraia de pequena vila de pescado-res da Galícia, onde morava.

O filme retrata sua vida 29 anosdepois do acidente, quando ele ba-talhava por dar fim à própria exis-tência. Em seus esforços para con-seguir esse intento, dizia que tinhadireito a “morrer dignamente”.

O caso foi levado aos tribunaisem 1993, mas o pedido de eutaná-sia foi negado pela justiça espa-nhola.

Um dos argumentos de Sanpe-dro era o de que “viver é um direi-to, não uma obrigação”. Com essaopinião, acreditava questionarcom profundidade a regulação davida e da morte por parte do Esta-do e da Igreja, contestando o queconsiderava a “hipocrisia do esta-do laico diante da moral religiosa”.

A expressão que forma o títulodesta página foi proferida pelo paide Ramón, em um diálogo como-vedor com a advogada que defen-dia seu filho.

O senhor disse não imaginar otamanho da dor de ver aquele aquem gerou desejar a morte, de-pois de tanto tempo sendo cuida-do pela família. Durante quase trêsdécadas, o próprio pai, além de umirmão, a cunhada e um sobrinho,tocaram suas vidas sempre em tor-no do enfermo, na luta diária deatender às suas necessidades.

A película mostra a dura convi-vência de Sanpedro com a falta dequalquer tipo de contato físico, asdores não ditas da família, as ten-sões e o desespero ao ser execradopor expressar o que pensava e o quegostaria que acontecesse consigo.

O filme revela ainda sentimen-tos paralelos, tão difíceis de admi-nistrar quanto os do personagemcentral. Dentre eles, o silêncio hu-milde do pai, que acompanha tu-do o que ocorre, apenas esperandoo dia seguinte chegar, para come-çar tudo de novo.

Querer morrer

A

“Só há uma coisa pior do que um filho morrer. É vê-lo querer morrer.”

CA R LO S AB R A N C H E S

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É quando ele faz a afirmaçãoaqui citada, abrindo um ânguloconsiderável na questão da euta-násia – as emoções de quem fica,dos parentes envolvidos no con-texto da doença e do doente.

Em várias circunstâncias, sãoeles que têm de decidir, em juízo,o destino de quem optou pormorrer.

No caso de “Mar adentro”, tocafundo o coração de quem assistever o desabafo do pai, ao afirmarsua dor mais profunda. É nessahora que ele nota que quase 30anos de dedicação ininterruptanão foram suficientes para afastaro filho amado da vontade de darfim à própria vida.

Nem ao ouvir dele que seu de-sejo pela morte era também paraaliviar a todos da pesada tarefa deter de atendê-lo a todo momento,o pai aquieta suas apreensões. Pa-ra ele, qualquer esforço ou sacrifí-cio pelo filho era uma prova ine-quívoca de amor incondicional, es-tivesse ele do jeito que estivesse.

No trecho final do filme, quan-do Ramón convence Rosa (vivi-da pela atriz Lola Dueñas) a aju-dá-lo a tomar o veneno letal, seusargumentos revelam um total des-conhecimento da realidade espi-ritual.

Sanpedro diz a ela que de tudoque estudou sobre a vida, con-cluiu que não existe nada antesde alguém nascer (nem alma,nem espírito) e nada existirá de-

pois da morte. Por isso, sua op-ção por deixar a vida, para mer-gulhar nesse “nada” que as filo-sofias fragmentárias lhe ensina-ram, seria efetivamente a melhoralternativa para acabar com tan-to sofrimento.

Ramón atingiu seu objetivo,mas deixou um mar de reflexõesa quem ficou.

De um lado, o mais profundorespeito que uma pessoa em suas

condições merece receber. Nãodeve ser nada tolerável convivertanto tempo com tamanhas limi-tações.

Por outro, os fundamentos dajustiça espanhola, fincados novalor maior da vida e no respeitoque todos seus cidadãos devem

ter por ela, para a qual todos osobjetivos de uma existência equi-librada e saudável estão direcio-nados.

Por fim, a triste constatação deque Ramón tinha a possibilidadede saber o que se passa na vida es-piritual, mas acabou recorrendo afontes desviadas desse caminho.

O Movimento Espírita espa-nhol é rico em orientações deelevado valor doutrinário. DesdeAmalia Domingo Soler, passan-do por José Maria Fernandes Co-lavida (carinhosamente chama-do de “o Kardec espanhol”) eMiguel Vives y Vives, muitos fo-ram os que deixaram grandecontribuição à Humanidade, tra-duzindo a visão espírita de qua-dros tão graves como o retratadoneste filme.

Sim, Ramón poderia ter aomenos lido alguma obra doutri-nária para saber que sua vida po-deria ter-lhe servido de impulsoà conquista definitiva de valiosaslições, diante de uma expiaçãosevera como essa.

Foi uma pena que isso não te-nha ocorrido. Quem sabe, elepoderia ter ficado sabendo deuma vivência similar à sua, co-mo por exemplo a do brasileiroJerônimo Mendonça, um tetra-plégico que, do interior de Mi-nas Gerais, irradiou para o mun-do as luzes de uma consciênciailuminada pela Doutrina Espíri-ta, fazendo palestras para multi-dões, da própria maca em queera levado.

JerônimoMendonça,

irradioupara o

mundo asluzes de

umaconsciênciailuminada

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Mesmo com tamanhas li-mitações, Jerônimo dedi-cou-se tanto ao Espiritis-mo que fundou dois cen-tros espíritas, uma gráfi-ca, escreveu cinco livros,gravou dois LPs e ajudoua criar um lar espírita, o

Pouso do Amanhecer.

Esperamos, de coração, queRamón Sanpedro esteja aprovei-tando da melhor forma possívelseu retorno à realidade do espírito.

Tomara que esses quase 30 anosde reencarnação expiatória não te-nham sido em vão, apesar do sui-

cídio cometido (sua morte ocor-reu no dia 12 de junho de 1998).

Que Sanpedro se prepare rapida-mente para retomar a batalha reno-vadora da volta ao corpo físico, emsua necessária rearmonia com asdelicadas tessituras da lei de amor.

Por esse caminho, quem sabeele poderá entender que a dramá-tica experiência de apenas mexera cabeça durante um longo tempoda vida pode ter sido o caminhoescolhido por ele mesmo alhures,para virar de vez a página do dé-bito clamoroso diante da própriaconsciência.

E que Deus nos ajude a apren-der com lições como essa.

Jerônimo Mendonça ainda jovem.Grande exemplo de perseverança

e grandeza espiritual

A grande comemoração mun-dial pelos 150 anos de publica-ção de O Livro dos Espíritos – oSesquicentenário da DoutrinaEspírita – será o 5o CongressoEspírita Mundial, promovido pe-lo Conselho Espírita Internacio-nal (CEI) e realizado pela Con-federação Espírita Colombiana(CONFECOL), com o apoio daFederação Espírita da Costa Atlân-tica (FEDCA). O evento ocorreráde 10 a 13 de outubro de 2007,

em Cartagena de Índias, cidadedo Caribe que tem sediado im-portantes eventos nacionais einternacionais. O tema centraldo Congresso é “DoutrinaEspírita: 150 Anos de Luze Paz”.

As inscrições poderãoser feitas de qualquerlugar do mundo pormeio da página ele-trônica: www.conse-joespirita.com/portal,

onde o interessado poderá ins-crever-se, pagar a inscrição portransferência bancária ou cartãode crédito, bem como como fa-zer a reserva de hotel. No Brasil,a inscrição será feita através decontato pessoal e enviando e-mailpara: [email protected]

Outras informações no endere-ço eletrônico: [email protected]; e na página eletrô-nica: www.consejoespirita.com/portal.

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A FEB e o Esperanto

onsiderando a multiplicação, no MovimentoEspírita, dos grupos de esperantistas que bus-cam aperfeiçoar-se no idioma através de estu-

dos da Doutrina, buscamos organizar um materialprogramático que atenda a tão nobre objetivo.

Esse material, que já está sendo utilizado na SedeSeccional da FEB, no Rio de Janeiro, compõe-se deum temário selecionado nos cinco livros funda-mentais do Espiritismo, organizado de tal formaque os textos selecionados, em cada obra, sejamestudados em oito sessões semanais, o que corres-ponde a um livro em cada dois meses.

O programa inteiro se estende, portanto, por 40reuniões semanais, no prazo de dez meses (porexemplo, de fevereiro a novembro), tendo cada reu-nião a duração de 90 minutos, assim distribuídos:

� Prece e preparação: 10 min� Exposição do tema: 45 min� Perguntas dos participantes: 30 min� Palavras finais e prece de encerramento: 5 min

Além de seu objetivo principal, o programa tam-bém visa a que o participante se afeiçoe a um conta-to mais próximo e constante com o livro espírita, àconsulta direta às fontes básicas da Doutrina, assimo atraindo à leitura, à investigação como fonte deprazer e edificação espiritual, bem como também vi-

sa a que o membro do grupo venha a possuir os cin-co livros da Codificação, em esperanto.

Ao início de cada livro o responsável pelo grupodeve apresentar informações sucintas sobre a obraem estudo, inclusive datas de lançamento do origi-nal e da versão em esperanto, contextualização deseu tema na Doutrina, entre outras.

Todo participante deve receber o impresso (emesperanto) Conheça o Espiritismo (Konati1u kunSpiritismo), editado conjuntamente pelo ConselhoEspírita Internacional (CEI) e pela Federação Espí-rita Brasileira (FEB).

Recomenda-se ao participante o estudo prévio dotema de cada semana, bem como dos outros temasnão abordados no programa, com vistas a que toda aobra se lhe faça conhecida após as oito sessões sema-nais.

Embora ainda em processo de reedição, as ver-sões em esperanto das obras do PentateucoKardequiano estão disponíveis nos sites do CEI eda FEB, com permissão inclusive para cópia. Alémdisso, um laborioso grupo de esperantistas-espíri-tas prepara a gravação dos textos do programa emforma de CD, para ulterior divulgação.

É de se prever que os grupos, após os estudospropostos neste programa, queiram prosseguir nabusca da prática e aperfeiçoamento utilizando ou-tras obras doutrinárias já vertidas para a Língua

Programa para os gruposde estudo da DoutrinaEspírita em Esperanto

CAF F O N S O SOA R E S

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Internacional Neutra, o que se constituirá em ini-ciativa assaz louvável, mesmo necessária, pois con-tribuirá para que as atividades em torno do espe-ranto nas instituições espíritas se mantenham emperfeita harmonia com a sua programação geral,isto é, tenham sempre caráter doutrinário.

Recomenda-se, porém, que os novos grupos sedediquem, inicialmente, ao estudo das obras deAllan Kardec.

Segue a relação dos temas de cada livro e sua dis-tribuição em cada conjunto de oito sessões semanais:

La Libro de la Spiritoj

1a) Questões 1; 4 a 9 – Deus: definição. Provasda existência.

2a) Questões 10 a 13 – Atributos da Divindade.

3a) Questões 76 a 83; 93 a 95; 96 a 113 – Espíri-tos: origem e natureza. Perispírito. Diferen-tes ordens de Espíritos.

4a) Questões 166 a 170; 258 a 273 – Pluralidadedas existências. Escolha das provas.

5a) Questões 614 a 617; 621, 622, 625; 629 a634; 647, 648 – Lei natural: caracteres econhecimento. Jesus como modelo. O beme o mal. Divisão da lei natural.

6a) Questões 873 a 877; 886, 887; 893, 895; 907a 913 – Lei de Justiça, Amor e Caridade.Perfeição moral.

7a) Questões 920 a 922; 936; 937; 944, 957 –Decepções, ingratidões, afeições destruídas.Uniões antipáticas. Felicidade e infelicidaderelativas. Perda dos entes queridos. Suicídios.

8a) Questões 963, 964; 967, 970, 982; 990 a 992– Intervenção de Deus nas penas e recom-pensas. Natureza das penas e gozos futuros.Expiação e arrependimento.

La Libro de la Mediumoj

1a) Do Método, itens 27 e 28 – Classes de espíri-tas: experimentadores, imperfeitos, cristãosou verdadeiros, exaltados.

2a) Do Método, itens 34 e 35 – Ordem a que de-vem obedecer os estudos espíritas.

3a) Capítulo X – Da natureza das comunicações.

4a) Capítulo XIV – Dos médiuns.

5a) Capítulo XV – Dos médiuns psicógrafos.

6a) Capítulo XVI – Dos médiuns especiais.

7a) Capítulo XX – Da influência moral do médium.

8a) Capítulo XXIII – Da obsessão.

La Evangelio la9 Spiritismo

1a) Capítulo I, itens 1 a 7 – As três revelações.

2a) Capítulo V, itens 1 a 3 – Justiça das aflições;itens 4 a 5 – Causas atuais das aflições; itens6 a 10 – Causas anteriores das aflições.

3a) Capítulo XI, itens 1 a 4 – O mandamento maior.

4a) Capítulo XIII, itens 9 a 10 – A caridadematerial e a caridade espiritual.

5a) Capítulo XV, itens 1 a 3 – O de que precisao Espírito para se salvar.

6a) Capítulo XVII, item 3 – O homem de bem.

7a) Capítulo XXV, itens 6 a 8 – Observai os pás-saros do céu.

8a) Capítulo XXVII, itens 5 a 8 – Eficácia da prece.

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La 0ielo kaj la Infero

1a) 1a Parte, capítulo VII – Princípios da Dou-trina Espírita sobre as penas futuras. Códi-go Penal da vida futura.

2a) 1a Parte, capítulo VIII, itens 12 a 15 – Os an-jos segundo o Espiritismo.

3a) 1a Parte, capítulo IX, itens 20 a 23 – Os de-mônios segundo o Espiritismo.

4a) 2a Parte, capítulos II e III – Espíritos felizes(Victor Leboufe); Espíritos em condiçõesmedianas (Joseph Bré).

5a) 2a Parte, capítulos IV e V – Espíritos sofre-dores (Novel); Espíritos suicidas (François--Simon Louvet).

6a) 2a Parte, capítulo VI – Criminosos arrependi-dos (Verger).

7a) 2a Parte, capítulo VII – Espíritos endurecidos(Angèle, nulidade sobre a Terra).

8a) 2a Parte, capítulo VIII – Expiações terrestres(Marcel, o menino do quarto no 4).

La Genezo

1a) Capítulo III, itens 1 a 10 – Origem do beme do mal.

2a) Capítulo XI, itens 33 e 34 – Reencarnações.

3a) Capítulo XIII, itens 4 a 14 – O Espiritismonão faz milagres.

4a) Capítulo XIV, itens 13 a 15 – Ação dos Es-píritos sobre os fluidos.

5a) Capítulo XIV, itens 16 a 21 – Qualidades dosfluidos.

6a) Capítulo XIV, itens 31 a 34 – Curas.

7a) Capítulo XIV, itens 45 a 49 – Obsessões epossessões.

8a) Capítulo XV, itens 1 e 2 – Superioridade danatureza de Jesus.

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Trova Trobo

Palavra descaridosa –Espinho alargando a chaga.Frase que ajuda a viver –Clarão que nunca se apaga.

Senama, akra parolo –Dornego en la /agreno.Frazo de help’ kaj konsolo –Konstante lumanta beno.

Chiquito de Morais (Espírito)

Trad.: Affonso Soares

Fonte: XAVIER, Francisco C. Trovas do outro mundo. Por Diversos Espíritos. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Estrofe reti-

rada do cap. 22, “Conclusões da vida”.

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“Espiritismo de vivos”tornou-se uma das ban-deiras de um dos maiores

espíritas que o Brasil já conheceu.Referimo-nos ao baiano Leo-

poldo Machado (1891-1957),nascido em Cepa Forte, hoje Jan-daíra, completando-se este ano 50anos de sua desencarnação.

Para fundamentar melhor estelema, Leopoldo chegou a escreverum livro intitulado Cruzada doEspiritismo de Vivos (1942)1 que,apesar do tempo, ainda permane-ce bastante atual pelo enfoque epelo conteúdo. Nele, declara pormeio de dez pontos, o que preten-dia com semelhante bandeira.

Desejava e propunha um Mo-vimento Espírita voltado princi-palmente para os encarnados,sem qualquer demérito para aspráticas mediúnicas e para as re-lações estabelecidas com o mun-do espiritual. Mas questionava ofato de a mediunidade, que sig-nifica “meio”, ser encarada e vivi-da com um fim em si mesma poralguns companheiros. Acreditavaser necessário se cultivar o inter-câmbio sério e salutar com os Espí-ritos, mas não cultuá-los, refor-çando os atavismos que trazemosdo passado, muitas vezes ratifica-dos na atual existência.

Entendia a evangelização dacriança e do jovem como priori-

dade nas atividades do CentroEspírita e que as mesmas deve-riam se dar por meio da música,da poesia, da literatura, do teatro,da arte espírita de um modo ge-ral. Educador que era, reconheciaque sem alegria, dinamismo ecriatividade, não teríamos umaação evangelizadora genuina-mente prazerosa e verdadeira-mente educativa.

Valorizava imensamente os mo-vimentos confraternativos ondetodos podemos estreitar laços,aprender juntos por meio de con-versas edificantes, em horas cons-trutivas de convivência e de apre-ciação da arte espírita.

Foi um dos grandes entusiastasdas juventudes espíritas, do pro-cesso de Unificação que teve co-mo marcos maiores o “Pacto Áu-reo” e a Caravana da Fraternida-de, da qual foi integrante ativojuntamente com Lins de Vascon-cellos, Francisco Spinelli, CarlosJordão da Silva e Ary Casadio.

Afirma Antonio Cesar Perri, emlivro de Eduardo Carvalho Mon-teiro, que no campo da Unifica-ção Leopoldo teve uma ação pio-neira que antecede mesmo a assi-natura do “Pacto Áureo”, pois“participou do Congresso Brasi-leiro de Unificação Espírita (SãoPaulo, 1948) e, na seqüência, foiresponsável pelo I Congresso de

Mocidades Espíritas do Brasil(Rio de Janeiro, 1948). O dinâmi-co divulgador foi um dos inicia-dores e concretizadores de tesesde educação e de teatro espírita.Atuou como filantropo, expositor,polemista e autor de vários livros.Os reflexos de obras de Leopoldoestão presentes em todas as partesdo país até quando se entoa a‘Canção da Alegria Cristã’, pois éco-autor desta difundida músicaespírita”.2

A Caravana da Fraternidadepercorreu 11 Estados do Norte eNordeste, colhendo adesões ao“Pacto Aúreo” e divulgando os ob-jetivos da Unificação. Em seu pro-grama constavam conferênciaspara o grande público, mesas-re-dondas com o objetivo de se che-gar a consensos em torno do idealunificacionista, visitas às institui-ções espíritas de assistência so-cial, levando estímulos aos seusfundadores e colaboradores, alémde programas sociais organizadospelos confrades que os recebiam.

De acordo com Clóvis Tavares,3

Leopoldo Machado publicou cer-ca de 30 livros e deixou mais 20que, infelizmente, não vieram alume. Escreveu por 24 anos para arevista Reformador, publicandopoesias, crônicas, artigos e confe-rências. Foi também colaboradorassíduo dos periódicos O Clarim e

Espiritismo de vivos

OCE Z A R BR AG A SA I D

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Revista Internacional de Espiritis-mo, além de inúmeros outros jor-nais espíritas.

Espírito ativo fundou uma es-cola que até hoje é dirigida porseu sobrinho (Colégio Leopoldo,1930), um lar destinado inicial-mente ao abrigo de velhinhos ecrianças (Lar de Jesus, 1942), umalbergue noturno e uma escolade alfabetização na instituiçãoespírita onde militou durantemuitos anos, o Centro EspíritaFé, Esperança e Caridade, nacidade de Nova Iguaçu, no Riode Janeiro.

A seu respeito, disse CarlosImbassahy que “[...] dificilmenteencontraremos nas fileiras doEspiritismo outro propagandistacom tanta energia, com tanta co-ragem, com tanta personalidade.Tal ou qual festividade corriamais ou menos fraca. Nisso apa-recia Leopoldo; tudo se modifi-cava, o seu gênio alegre, comuni-cativo, logo se transmitia a todos.O ambiente se enchia de vibra-ção nova. Ele emprestava vida atudo a que se associava”.4

Também o lúcido pensador,autor e divulgador espírita Deo-lindo Amorim afirmou que Leo-poldo era um espírita muito ati-vo, inconformado com a displi-cência, não compreendia o Espi-ritismo de “câmara mortuária” epor isso era vibrante e conta-giante. Disse ainda Deolindo queambos tinham lá suas diferenças,mas isso não impedia que um eoutro se quisessem bem e se olhas-sem como amigos: “Divergimos,mais de uma vez, em determina-

dos pontos de vista, e nunca lheescondi a minha objeção a estaou aquela de suas opiniões, masa nossa amizade nunca se rom-peu, felizmente. Leopoldo Ma-chado deixou, nas fileiras espíri-tas, um claro dificilmente preen-chível. Que ele possa, do outrolado, na espiritualidade, conti-nuar a nos dar estímulo [...]”.5

Decerto que este grande com-panheiro desaprovaria qualquerculto em torno da sua personali-dade, mas muitas vezes vivemos àcata de novidades, novos autores,novas práticas e vamos seguindoesquecidos dos pioneiros, dosque pavimentaram o caminho pa-ra que pudéssemos ter um movi-mento mais liberto, arejado, va-lorizando o estudo e as re-lações mais cristãs, real-mente fraternas.

Recordar Leopol-do Machado e co-nhecer o seu legadoé fazer um tributo atodos os pioneiros doEspiritismo que, enfren-tando dificuldades semconta, souberam perse-verar abrindo clareirascontra o preconceito e odivisionismo, em prol deum movimento onde pos-samos estar sempre ombro aombro e sempre lado a lado, co-mo companheiros, amigos e ir-mãos que vivem alegres não ape-

nas pensando, mas fazendo o beme nos querendo uns aos outros,também muito bem.

Referências:1MACHADO, Leopoldo. Cruzada do espiri-

tismo de vivos. Matão: O Clarim, 1942.2MONTEIRO, Eduardo Carvalho. Leopoldo

Machado em São Paulo. São Paulo: USE,

1999.3RAMOS, Clóvis. Leopoldo Machado. Idéias

e ideais. Rio de Janeiro: CELD, 1995.4 Jornal A Voz da União.5AMORIM, Deolindo. “Algumas palavras

sobre Leopoldo Machado”. Revista Inter-

nacional de Espiritismo. Matão: O Clarim,

1957.

Leopoldo Machado foi um dosiniciadores e concretizadores

de teses de educaçãoe de teatro espírita

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s vésperas do dia previstopara a execução da sen-tença que condenou Só-

crates à pena capital, alguns dosseus discípulos aproveitaram paraaprender um pouco mais com oseu mestre sobre a morte e aimortalidade da alma.

Interessante diálogo se desen-volveu entre eles, como relata Pla-tão, no seu livro Fédon.

Pelas colocações feitas, pode-severificar o anseio que os discípulostinham no sentido de obteremresposta satisfatória quanto à con-tinuidade da vida. Naquele dia,sentiam muita insegurança; nãoteriam mais por perto o seu men-tor. Teriam que aprender a cami-nhar sós. Eram homens buscando asabedoria de outro homem, embo-ra fosse um grande sábio, que pa-recia viver à frente do seu tempo.

Além da argumentação lógica

sobre a continuidade da vida, osjovens puderam constatar a cora-gem e a serenidade com que ogrande sábio enfrentava a morte,convicto de que apenas o corpomorre, enquanto o Espírito conti-nua vivendo em outro plano.

Há cento e cinqüenta anos,perguntas semelhantes foram no-vamente formuladas, não a umhomem, mas aos que vivem naimortalidade, aos sábios Espíritos,entre eles o próprio Sócrates etambém Platão, os quais estão en-tre os autores espirituais de O Li-vro dos Espíritos.

O tema da imortalidade e vidafutura é amplamente abordadonesse livro monumental. O Espí-rito é imortal e conserva a suaindividualidade e personalidade,embora esta se aprimore sempre.

Sua morada definitiva é omundo espiritual ou mundo dos

Espíritos, que é omundo normalprimitivo, ondereencontra os fa-miliares e amigoscom quem se afi-niza. Já a Terra éuma escola, emque os Espíritosse aprimoram,evoluem, através

de várias encarnações, e têm aoportunidade de reparar os errosresultantes das imperfeições e domau uso do livre-arbítrio.

A vida no mundo espiritual éde qualidade bem superior à daTerra, porque o Espírito não temas necessidades do corpo material.

Não precisamos aguardar amorte do corpo e a integração aomundo espiritual para conquistara felicidade, sonho de todas as pes-soas, desde as mais pobres às maisricas. Podemos começar na Terra,enquanto estamos encarnados.Com esforço e dedicação, habilita-mo-nos a conquistar uma felicida-de que pode ser relativamentegrande, se nos dispusermos a cum-prir as leis de Deus. Quem vive deacordo com essas leis tem a cons-ciência em paz e pode começar asentir felicidade.

Com a nova visão do homem,da sua natureza espiritual, domundo material e do espiritual,que a Doutrina Espírita – em es-pecial O Livro dos Espíritos – nosproporciona, surge e se consolidauma grande esperança, esperançapor uma vida melhor para nós,espíritos imortais, e a certeza deque, num futuro não muito dis-tante, teremos uma Humanidademais justa e mais fraterna.

O Livro dos Espíritos,

ÀUM B E RTO FE R R E I R A

fonte de esperança

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No dia 24 de março, o Movi-mento Nacional Em Defesa daVida promoveu Ato Público EmDefesa da Vida, na Praça da Sé, emSão Paulo, com destaque aos escla-recimentos para se evitar a libera-ção do aborto no país. A coorde-nação do evento na capital paulis-ta coube a Marília de Castro.Estiveram presentes: o deputadofederal Luiz Bassuma, como presi-dente da Frente Parlamentar EmDefesa da Vida; vários bispos doEstado de São Paulo, um deles

representando a Conferência Na-cional dos Bispos do Brasil(CNBB), o padre Marcelo Rossi,representantes dos muçulmanos ede igrejas evangélicas; a Ordem dosAdvogados do Brasil (OAB), di-versas organizações sociais e enti-dades espíritas, como a FederaçãoEspírita Brasileira (FEB), Uniãodas Sociedades Espíritas do Estadode São Paulo (USE-SP), Associa-ção Médico-Espírita do Brasil(AME) e Associação Brasileira dosMagistrados Espíritas (Abrame).

O evento, que lotou a Praçada Sé durante quase três horas,desenvolveu-se num ambientede tranqüilidade, contando como comparecimento de carava-nas de várias cidades do Estadode São Paulo e também comalgumas de outros Estados. Se-gundo estimativas estavam pre-sentes mais de cinco mil pes-soas.

O Ato Público foi noticiadopor rádios, TVs, jornais e pelaInternet.

Ato PúblicoEm Defesa da Vida

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ascido na cidade do Rio deJaneiro, no dia 11 de agostode 1931, filho do casal Fe-

lipe José e D. Mercedes Roiz, JoséJorge realizou seus primeiros estu-dos em escolas nas imediações desua residência, ingressando, poste-riormente, na Universidade doRio de Janeiro, onde licenciou-seem Letras Neolatinas. Foi profes-sor, naquela Universidade, de Por-tuguês, e Didática de LínguasNeolatinas, lecionando, posterior-mente, Português e Francês noColégio Pedro II. Como professor,

poeta, escritor e tradutor de fran-cês, publicou cerca de 20 obras.

Pioneiro do Ensino Secundáriono bairro Ricardo de Albuquer-que, no Rio de Janeiro, onde fun-dou o Colégio Ricardense, JoséJorge foi agraciado, em 1974, coma Medalha Anchieta, pelo Estadoda Guanabara. Além de outraspublicações, editou, pelo CentroEspírita Léon Denis os seguinteslivros: Ilustrações Doutrinárias(volumes I e II); Allan Kardec noPensamento de Léon Denis; ÍndiceRemissivo de O Livro dos Espíritos(3 volumes); Antologia do Perispí-rito e Relembrando Deolindo (vo-lumes I e II).

É muito difícil dizer tudo o queJosé Jorge realizou no Espiritismo.Convivemos com ele desde 1948,por ocasião do Congresso de Mo-cidades Espíritas do Brasil, criaçãodo Prof. Leopoldo Machado, amaior epopéia espírita realizadano Brasil e no Mundo, de 18 a 25de julho de 1948, no Rio de Janei-ro. Participou de inúmeros Con-gressos, em quase todos os Estadosbrasileiros, Semanas Espíritas, En-contros, Cursos, Inaugurações,Fundações de casas espíritas e, até,de Federações Estaduais, como asde Roraima e Amapá.

Professor e fundador do Insti-tuto de Cultura Espírita do Brasil(ICEB); fundador da AssociaçãoBrasileira de Jornalistas e EscritoresEspíritas e da Associação dos Di-vulgadores do Espiritismo, partici-pou do “Pacto Áureo”, em 1949, pelaFederação Espírita Brasileira (FEB),atuando ativamente na constitui-ção do Museu Espírita do Brasil,hoje sediado na FEB, em Brasília.

José Jorge foi um dos exposito-res espíritas mais solicitados, nãosó no Rio de Janeiro, como em to-dos os Estados, o que motivavaconstantes viagens, por todo o País.Era filantropo, por excelência. Foiamigo incondicional de todos ospresidentes da Federação EspíritaBrasileira, muito especialmente doDr. Antônio Wantuil de Freitas.

Padecendo do Mal de Parkin-son, foi hospitalizado em diversasocasiões, demonstrando, sempre,paciência e confiança em Jesus.No dia 11 de dezembro de 2006,em sua residência, no aconchegoda família, José Jorge entregou suaalma a Deus, ingressando na Espi-ritualidade. Seu corpo foi enterra-do no Cemitério Jardim da Sau-dade, no bairro de Paciência, noRio de Janeiro, com grande acom-panhamento.

ProfessorJosé Jorge

NAN TO N I O LU C E NA

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CONSELHO DIRETORPresidente: Nestor João Masotti. Vice-presidentes: Altivo Ferreira, Cecília Rocha, Ilcio Bianchi e José Carlos da Silva Silveira.

DIRETORIA EXECUTIVADiretores: Affonso Borges Gallego Soares, Amaury Alves da Silva, Antonio Cesar Perri de Carvalho, Arthur do Nascimento, Edna MariaFabro, Evandro Noleto Bezerra, Geraldo Campetti Sobrinho, João Pinto Rabelo, José Salomão Mizrahy, Maria de Lourdes Pereira deOliveira, Marta Antunes de Oliveira Moura, Norberto Pásqua, Rute Vieira Ribeiro, Sady Guilherme Schmidt e Tânia de Souza Lopes.

CONSELHO FISCALEfetivos: César Augusto Lourenço Filho, Danilo de Castro Silva e Sérgio Thiesen. Suplentes: Alamir Gomes de Abreu, Eliphas LeviGarcez Maia e Ennio de Oliveira Tavares.

ASSESSORES DA PRESIDÊNCIAJorge Godinho Barreto Nery e José Valdo de Oliveira.

REFORMADORDiretor: Nestor João Masotti. Diretor-substituto e Editor: Altivo Ferreira. Redatores: Affonso Borges Gallego Soares, Antonio Cesar Perride Carvalho, Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oliveira São Thiago. Secretário: Paulo de Tarso dos Reis Lyra. Gerência: Ilcio Bianchi.

CONSELHO SUPERIOREfetivos: Adésio Alves Machado, Allan Eurípedes Rezende Nápoli, Allan Kardec Rezende Nápoli, Alzira Matoso de Abreu,Christodolino da Silva, Clara Lila Gonzalez de Araújo, Délio Pereira de Souza, Francisco Bispo dos Anjos, Inaldo de LacerdaLima, Ismael de Miranda e Silva, Jamile Mizrahy, João de Jesus Moutinho, Jorge Godinho Barreto Nery, José Francisco dos Santos,José Valdo de Oliveira, Lauro de Oliveira São Thiago, Luiz Antonio de Moura, Lydia Alba da Silva, Marco Aurélio Luzio de Assis,Maria da Conceição de Carvalho, Maria Euny Herrera Masotti, Maria Luiza Priolli dos Santos Fonseca, Nilton da Costa Pereirade São Thiago, Paulo Affonso de Farias, Raimunda Maria Prata, Regina Lúcia de Souza B. Rodrigues, Salim Tannus Feres Neto, SuelyCaldas Schubert, Tossie Yamashita e Yola Carvalho Borges de Souza. Efetivos indicados pelo CFN: Ana Luiza Nazareno Ferreira, CésarSoares dos Reis, Darcy Neves Moreira, Divaldo Pereira Franco, Hélio Ribeiro Loureiro, José Raimundo de Lima, Lacordaire AbrahãoFaiad, Sandra Maria Borba Pereira, Sônia Maria Arruda Fonseca e Weimar Muniz de Oliveira. Ex-presidente: Juvanir Borges de Souza.Suplentes: Lucia Maria Alba da Silva, Márcia Regina Pini de Souza, Orlando Ayrton de Toledo, Rubens André Gonçalves Dusi,Bittencourt Rezende de Nápoli, Lauro de Freitas Carvalho, Zaira Amarilis da Cruz Silveira, Marlene Silva Duarte, Roosevelt PintoSampaio, Aldenice Cousseiro de Carvalho Filha, Marley de Souza Lopes, Venita Abranches Simões, Eliphas Levi Garcez Maia e MariaAlves da Silva. Suplentes indicados pelo CFN: Gerson Simões Monteiro, Pedro Valente da Cunha, Miriam Lucia Herrera MasottiDusi, Eloy Carvalho Villela e Israel Quirino do Nascimento.

CONSELHO FEDERATIVO NACIONALEntidades Federativas Estaduais: Acre – Federação Espírita do Estado do Acre; Alagoas – Federação Espírita do Estado de Alagoas;Amapá – Federação Espírita do Amapá; Amazonas – Federação Espírita Amazonense; Bahia – Federação Espírita do Estado da Bahia;Ceará – Federação Espírita do Estado do Ceará; Distrito Federal – Federação Espírita do Distrito Federal; Espírito Santo – FederaçãoEspírita do Estado do Espírito Santo; Goiás – Federação Espírita do Estado de Goiás; Maranhão – Federação Espírita do Maranhão;Mato Grosso – Federação Espírita do Estado de Mato Grosso; Mato Grosso do Sul – Federação Espírita de Mato Grosso do Sul;Minas Gerais – União Espírita Mineira; Pará – União Espírita Paraense; Paraíba – Federação Espírita Paraibana; Paraná – FederaçãoEspírita do Paraná; Pernambuco – Federação Espírita Pernambucana; Piauí – Federação Espírita Piauiense; Rio de Janeiro – ConselhoEspírita do Estado do Rio de Janeiro; Rio Grande do Norte – Federação Espírita do Rio Grande do Norte; Rio Grande do Sul –Federação Espírita do Rio Grande do Sul; Rondônia – Federação Espírita de Rondônia; Roraima – Federação Espírita Roraimense;Santa Catarina – Federação Espírita Catarinense; São Paulo – União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo; Sergipe –Federação Espírita do Estado de Sergipe; Tocantins – Federação Espírita do Estado do Tocantins.

ENTIDADES ESPECIALIZADAS DE ÂMBITO NACIONAL Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo; Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas; Associação Médico-Espírita doBrasil; Cruzada dos Militares Espíritas e Instituto de Cultura Espírita do Brasil.

Federação Espírita BrasileiraCOMPOSIÇÃO DOS ÓRGÃOS DA FEB EM MARÇO DE 2007

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Câmara Federal: Sessão Solene peloSesquicentenário

Ocorreu no dia 27 de abril a Sessão Solene na Câ-mara Federal, em Brasília, em homenagem aos 150anos de O Livro dos Espíritos. Foram autores da pro-posta os deputados Luiz Bassuma (BA), André Var-gas (PR), Joseph Bandeira (BA) e Laerte Bessa (DF),todos espíritas. A Sessão Solene contou com a parti-cipação da Federação Espírita Brasileira, da Federa-ção Espírita do Distrito Federal e do Grupo de Es-tudo Espírita Bezerra de Menezes, com funciona-mento na própria Câmara Federal.

Sessões Solenes em Assembléias Legislativas

No dia 18 de abril ocorreram Sessões Solenes emhomenagem aos 150 anos da publicação de O Livrodos Espíritos nas Assembléias Legislativas do Ceará,Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e Santa Catari-na. No dia 25 de abril, houve também Sessões Solenesnas Câmaras Municipais do Rio de Janeiro e Niterói.

Rio de Janeiro: Curso sobre GestãoO Conselho Espírita do Estado do Rio de Janeiro,(CEERJ), concluiu o primeiro Curso de CapacitaçãoAdministrativa para Gestão das Casas Espíritas rea-lizado de outubro de 2006 a março de 2007. O cursoatingiu seu objetivo inicial de formar multipli-cadores para atuarem em todas as regiões do Estadoatravés dos 71 Conselhos Espíritas de Unificação,órgãos do CEERJ. Aulas presenciais com utilizaçãode material produzido pela Federação Espírita Bra-sileira e acompanhamento dos alunos por uma equi-pe de monitores interdisciplinares concretizaram ametodologia pretendida.

Baltimore: Simpósio sobre O Livro dosEspíritos

Em 14 de abril de 2007, ocorreu o Primeiro SimpósioEspírita em homenagem aos 150 anos de O Livro dosEspíritos e do Espiritismo, tendo como título “Re-

vendo o Passado, Construindo o Futuro”. O evento,promovido pelo Spiritist Society of Baltimore, teve lu-gar no Pier 5 Hotel, em Baltimore (Estados Unidos).

São Paulo: Comemoração peloSesquicentenário

No dia 21 de abril, realizou-se durante todo o dia umgrande evento em comemoração aos 150 anos doEspiritismo, no Centro de Exposições Imigrantes, naRodovia dos Imigrantes, em São Paulo, o qual tevecomo co-patrocinadores a União das SociedadesEspíritas do Estado de São Paulo (USE), FederaçãoEspírita do Estado de São Paulo (FEESP), AliançaEspírita Evangélica, Fundação Espírita André Luiz,Associações Médico-Espíritas de São Paulo e doBrasil (AME), Associação de Editoras, Distribuido-ras e Divulgadores do Livro Espírita (Adeler), UniãoFraternal – Setor III, Centro Espírita Bezerra de Me-nezes (Santo André). O evento contou com palestrasde Divaldo Pereira Franco, José Raul Teixeira, alémde mais de uma dezena de expositores, númerosmusicais, exposições, livraria e sessões de autógrafos.Na oportunidade também foi prestada homenagema Divaldo Pereira Franco pelos sessenta anos de suaatividade doutrinária.

Recife (PE): Lançamento de livro da FEBsobre Charles Richet

No último dia 30 de março, na Livraria Saraiva doShopping Center Recife, ocorreu uma noite de autó-grafos para o lançamento do livro Charles Richet – OApóstolo da Ciência e o Espiritismo, editado pela FEB,do orador, escritor, pesquisador e presidente do Cen-tro de Documentação Espírita de Pernambuco, Sa-muel Nunes Magalhães. Bastante concorrido, oevento contou com a participação do também escri-tor Humberto Vasconcelos, diretor da FraternidadeEspírita Peixotinho, que fez a apresentação da obra.O livro traz uma pesquisa sobre as múltiplas face-tas do célebre cientista francês e sua relação com oEspiritismo.

Seara Espírita

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