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FEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRA Ano 128 • Nº 2.170 • Janeiro 2010 D EUS ,C RISTO E C ARIDADE R$ 5,00 ISSN 1413 - 1749 Era Nova “Soam, na os clarins que anunciam a grande .” Espiritualidade Superior transição ,

reformador janeiro 2010 - a.qxp

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F E D E R A Ç Ã O E S P Í R I T A B R A S I L E I R A

Ano 128 • Nº 2.170 • Janeiro 2010DEUS , CR I S TO E CAR I D ADE

R$ 5,00

ISSN 1

413

- 1

749

Era

Nova“Soam, na

os clarins que

anunciam a grande

.”

EspiritualidadeSuperior

transição

,

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Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: AUGUSTO ELIAS DA SILVA

Revista de Espiritismo Cristão

Ano 128 / Janeiro, 2010 / N o 2.170

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO E EVANDRO NOLETO

BEZERRA

Secretário: PAULO DE TARSO DOS REIS LYRA

Gerente: ILCIO BIANCHI

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES PEREIRA E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polícia Federal do Ministério da Justiça)CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:

Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

Departamento Editorial e Gráfico:

Rua Sousa Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mails: [email protected]

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: CAROLINE VASQUEZ

SumárioExpediente

PARA O BRASIL

Assinatura anual R$ 39,00

Número avulso R$ 5,00

PARA O EXTERIOR

Assinatura anual US$ 35,00

Assinatura de Reformador: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

E-mail: [email protected]

Editorial

A Era Nova e a prática espírita

Entrevista: Célia Diniz

Chico Xavier é um rastro de luz

Presença de Chico Xavier

Companheiro de regresso – Antônio Sampaio Júnior

Esflorando o Evangelho

Jesus para o homem – Emmanuel

A FEB e o Esperanto

André Luiz, em e sobre o esperanto – Affonso Soares

Conselho Federativo Nacional

Reunião Ordinária do Conselho Federativo Nacional

Seara Espírita

Chico Xavier – Centenário de seu nascimento –

Juvanir Borges de Souza

Saudação de Emmanuel: um caso de Xenoglossia

invertida

Era Nova de divulgação do Reino de Deus (Capa) –

Bezerra de Menezes

Ser espírita – Bezerra de Menezes

Para viver bastante – Richard Simonetti

Portal de lucidez – Camilo Chaves

Ocupações e missões dos Espíritos – Christiano Torchi

Por que a Terra não será destruída em 2012 –

Gerson Simões Monteiro

Em dia com o Espiritismo – Os benefícios da oração –

Marta Antunes Moura

Retorno à Pátria Espiritual – Agadyr Teixeira Torres

A capacitação do trabalhador da mediunidade –

Edna Maria Fabro

Cristianismo Redivivo – História da Era Apostólica –

Síntese da Cronologia – Haroldo Dutra Dias

Livros de Kardec e Chico Xavier lançados em russo

Entidades Especializadas reúnem-se na FEB,

em Brasília

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4 Reformador • Janei ro 20102

Editorial

A Era Nova ea prática espírita

1Mateus, 5:5.

o final da Reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB, de

novembro de 2009, através da psicofonia de Divaldo Pereira Franco,

Bezerra de Menezes nos ofereceu uma mensagem falando sobre a “Era

Nova de divulgação do Reino de Deus”. (p. 8-9.)

Nessa mensagem, o venerável orientador salienta que “soam, na Espiritualidade

Superior, os clarins que anunciam a grande transição”, que “nem tudo, porém, são

trevas e sofrimentos” e que “a misericórdia do Amor enseja-nos a madrugada de

luz, caracterizada por um festival de bênçãos”.

A construção dessa Era Nova, todavia, passa, fatalmente, pela mudança de hábi-

tos no comportamento de todos nós. Não mais o egoísmo, a vaidade, o orgulho, a

violência, a humilhação. Mas, sim, o altruísmo, a humildade, a solidariedade, a fra-

ternidade, a bondade, a caridade, enfim, no seu sentido mais abrangente e profun-

do. Não é um salto, apenas, com a encarnação de Espíritos superiores, mas a cons-

trução de uma ponte onde os Espíritos, como nós, em processo de evolução, empe-

nham-se em realizar a sua transformação moral e empregam esforços para domar

suas inclinações más, conquistando novas virtudes num processo natural de aper-

feiçoamento.

Essa construção da Era Nova passa, assim, pelo conhecimento das verdades reve-

ladas através da Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, e passa, principal-

mente, pela prática das Leis Morais que emanam de Deus, constantes de O Livro dos

Espíritos, da qual o nosso maior exemplo, na atualidade, é o devotado médium

Francisco Cândido Xavier, de quem a vida e a obra são referências para todos nós,

e cujo Centenário de Nascimento ocorre neste ano de 2010, com início de sua

comemoração no corrente mês de janeiro.

“Bem-aventurados os mansos e pacíficos, porque possuirão a Terra”, assevera

Jesus.1

N

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rasil Espírita, órgão doConselho Federativo Na-cional da FEB, anunciou

que uma Comissão Central estáincumbida dos preparativos paraas comemorações do centenáriode nascimento de Francisco Cân-dido Xavier, que ocorrerão em abrildeste ano, por ocasião do 3o Con-gresso Espírita Brasileiro.

Além da data e do local doCongresso, também está aprova-do o tema central: “Chico Xavier:Mediunidade e Caridade com Je-sus e Kardec”.

Pelas notícias dos preparativos doCongresso, podemos perceber apreocupação de seus organiza-dores em destacar a obra ex-cepcional de Chico Xavierpara a posteridade, umavez que os seus con-temporâneos, comum mínimo decompreensão,mesmo nãoparticipandodas ideias es-píritas, sempre

manifestaram respeito por sua in-dividualidade incomum, em ummundo caracterizado pelo egoís-mo e pelo personalismo, com to-das as suas consequências.

Assim, a personalidade de Chi-co Xavier tornou-se uma exceçãono mundo em queviveu, pelas suascaracterísticaspessoais, pe-lo seu amora Deus e aoCristo e pela

mediunidade praticada durante to-da sua vida na Terra, com ela enri-quecendo a sensibilidade e o conhe-cimento dos homens com as obrasde conteúdo religioso, ético-morale científico provindas de Espíritosreconhecidamente superiores.

Por isso, justifica-se perfeitamen-te a preocupação dos contempo-

râneos de uma personalidadeexcepcional, que viveu longaexistência neste planeta, emtransmitir à posteridade, a ou-

tras gerações futuras, não só asqualidades marcantes de um Es-

pírito-modelo para os habitantesdeste mundo, com o qual convi-

vemos por muitos anos,mas também as comu-

nicações mediúnicaspor ele recebidas.

Obras como as deEmmanuel, AndréLuiz, Humberto de

Campos (IrmãoX), Irmão Jacob,que nos ofere-cem noções im-

portantes sobre a

Chico XavierCentenário de

seu nascimentoJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

5Janei ro 2010 • Reformador 3

B

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vida que se desdobra nas EsferasEspirituais, como complementode grande valor às revelações tra-zidas pela Doutrina dos Espíritos,alinham-se ao lado de outras dediversos autores espirituais, comoNeio Lúcio, Hilário Silva e outros,que muito enriqueceram a litera-tura espírita.

Poderíamos tecer mais considera-ções pessoais sobre o homem ChicoXavier e seu trabalho, que se desen-volveu por muitas décadas do séculoXX, sempre em favor do próximo,como nos ensinam as leis divinas.

Entretanto, sendo vasta a litera-tura que se ocupa dos fatos e dosaspectos, que também nos propo-mos focalizar, como um dos ami-gos beneficiados pelo médium ex-traordinário, pelo modelo de ho-mem e de cidadão que viveu nestemundo destinado a expiações eprovas, julguei ser mais útil trans-crever o que outros já expressa-ram, em livros e artigos, e que po-dem atender, com vantagem, aosnossos próprios objetivos.

É o que faremos, citando as fon-tes originais.

Inicialmente, queremos nos re-ferir à oferta da União EspíritaMineira (UEM), com a assinaturade todos os seus diretores e tam-bém de Chico Xavier, da obra Chi-

co Xavier, Mandato de Amor, aoentão presidente da FEB, datadade 20 de maio 1993.

O “Prêambulo”desse livro é umasaudação de Emmanuel aos espí-ritas, a qual foi psicografada porFrancisco Cândido Xavier, de trás

para diante, no idioma inglês (Xe-noglossia invertida), na sede daUnião Espírita Mineira, tendo du-rado dois minutos a recepção.

Sua tradução:

“Meus prezados e nobres amigos

da Doutrina da Fraternidade!

Boa saúde e paz em Deus, nosso

Pai!

Aprendamos a viver sob a lei do

amor, pelos ensinamentos de

Jesus Cristo!

Fora deste mister, o mundo ter-

reno retrata apenas o combate e

o cálculo da soberba, prove-

niente da cegueira da estreita

ciência dos homens.

Vosso irmão,

Emmanuel”

Toda a obra está impregnadado sentimento que inspirou seusubtítulo: Mandato de Amor.

Por isso, nossa dificuldade foidestacar pequenos trechos quetraduzem e confirmam a feliz es-colha do título do livro.

Optamos por dois pensamen-tos em duas das páginas iniciais.

Da primeira, assinada pela en-tão presidente da UEM, MariaPhilomena Aluotto Berutto, quetem por título “Gratidão”, desta-camos o que segue:

A mensagem escrita, falada ou

televisada alcança fronteiras deli-

mitadas à sua potencialidade de

expansão, circunscrita a espaços

tecnicamente calculados. Contu-

do, a força de alcance do senti-

mento transcende fronteiras pre-

vistas pelo homem, atinge o Infi-

nito, cantando sua manifestação

de amor, em pouso, junto às mais

cintilantes estrelas perceptíveis à

vista humana, impulsionada pelo

coração agradecido. As vibra-

ções atingem o Cosmo, que se

torna pequeno ante a grandeza

do amor, aninhando-se no seio

de nosso Pai de Misericórdia [...]

Da segunda página, cujo títulolembra o início do mandato me-diúnico do médium em Pedro Leo-poldo, situada a 40 minutos de Be-lo Horizonte – “8 de julho de 1927”– assinada por José Martins Pe-ralva Sobrinho, destacamos:

Dias e noites têm sido por ele

ofertados aos seus semelhantes,

com sacrifício da saúde que, na

verdade, nunca foi “de ferro”.

Problemas orgânicos acompa-

nharam-lhe a mocidade e a ma-

dureza. Hoje, nos abençoados 82

anos de sua vida corporal, as di-

ficuldades físicas continuam tra-

zendo-lhe problemas. Releva ob-

servar que as doenças oculares e

as intervenções cirúrgicas jamais

o impediram de cumprir, fiel e

dignamente, sua missão de am-

paro aos necessitados. Sua postu-

ra é uma só, obedece a uma só

diretriz: amor ao próximo, desin-

teresse ante os bens materiais,

preocupação exclusiva e constan-

te com a felicidade do próximo.

Da obra Orientação Maternal, de

Maria João de Deus, às páginas 14 e15, transcrevemos o pequeno trechoabaixo, da mãe de Chico Xavier:

l

6 Reformador • Janei ro 20104

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Nós sabemos o quanto tens so-

frido no cumprimento dos teus

deveres mediúnicos.

Sacrifícios, dificuldades e prova-

ções, inclusive os espinhos agu-

çados, que polvilham as tuas

estradas, tudo isso representa o

meio de redenção que a magna-

nimidade do Senhor nos ofere-

ce na Terra, para o nosso resga-

te espiritual.

Suporta, pois, corajosamente,

com serenidade cristã, os re-

veses da tua existência.

Exerce o teu ministério con-

fiando na Providência Divina.

Seja a tua mediunidade como

harpa melodiosa; porém, no

dia em que receberes os favores

do mundo como se estivesses

vendendo os seus acordes, ela se

enferrujará para sempre.

O dinheiro e o interesse seriam

azinhavres nas suas cordas.

Francisco Cândido Xavier foium precioso presente do Alto

para os que conviveram com elena Terra, no século XX. E nós,os beneficiários não somente daconvivência com o amigo de to-das as horas, mas sobretudo daobra por ele produzida, que setornou incomparável, graças àsua origem e à qualificação dosque a transmitiram ao gran-de mediador, podemos perfei-tamente beneficiar as geraçõesfuturas, preservando-a e reco-mendando o seu conhecimentoe estudo.

l

“My dear and generous friends of the fraternity’sdoctrine.Good health and peace in God, our Father!Let us learn the life in the love’s law, from the ins-tructions of Jesus Christ;Except this work almost always in the earthly worldrepresentthe struggle and studies of the vanity and from thedarkness of the little men’s science.

Your brother,Emmanuel”

Saudação de Emmanuel:um caso de Xenoglossia invertida

A mensagem ao lado foi psicografada pelo médiumFrancisco Cândido Xavier, de trás para diante, noidioma inglês, na sede da União Espírita Mineira,após concerto em benefício do Abrigo Jesus, reali-zado em 4 de abril de 1937, pelo exímio violinistaLevino Albano Conceição, cego desde os sete anosde idade. Esta linda saudação, recebida em dois mi-nutos, escrita em caracteres invertidos [especular],poderá ser lida em um espelho, em cuja frente de-verá ser colocada. Lê-se, então, o seguinte:

7Janei ro 2010 • Reformador 5

(Tradução do texto para o português: ver p. 6, segunda coluna.)

Fonte: SOARES, Célia (Coord. Editorial). Chico Xavier, mandato de amor. Belo Horizonte: UEM, 1997. p. 11-13.

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Filhos da alma!Que Jesus nos abençoe.

oam, na EspiritualidadeSuperior, os clarins queanunciam a grande tran-

sição.Nem tudo, porém, são trevas e

sofrimentos. Não apenas testemu-nhos e lágrimas em holocaustosnovos, homenageando o Senhorda Vida.

A misericórdia do Amor enseja--nos a madrugada de luz, caracte-rizada por um festival de bênçãos.

Desde há muito, não se obser-vam expectativas abençoadas co-mo as que se desenham para o fu-turo. Era Nova de divulgação do

Reino de Deus nos corações an-siosos de paz. Momento significa-tivo de comunhão entre a Terra e osCéus. As falanges do Amor con-fraternizam com os emissários dacaridade mergulhados na indu-mentária carnal.

Indispensável que nos predis-ponhamos todos, desencarnadose encarnados, a esta comunhãoefetiva em que o mundo transcen-dente e a vida imanente no plane-ta terrestre se hão cansado de per-seguições e de angústias, de som-bras e de amarguras.

Neste momento, cabe-nos re-cordar as Boas Novas de alegriaque, chegando à Terra por segun-da vez, se instalarão por definitivo

no país das almas humanas, favo-recendo-as com a paz anelada.

Mantende-vos fiéis aos postu-lados da Codificação Espírita querestaura em sua pulcritude amensagem de Jesus. Esforçai-vospara que daqui saiam as clarida-des diamantinas do Evangelho emespírito e verdade a espalhar-se pelanacionalidade brasileira nos pró-ximos festivos dias de gratidão e deexaltação ao incomparável Mestregalileu. E, das terras formosas doCruzeiro, espraiem-se as notíciaslibertadoras por toda a Terra, ini-ciando verdadeiramente o perío-do novo.

Conheceis, graças às cicatrizesna alma, as dificuldades que

Era Nova de

do Reino de Deusdivulgação

8 Reformador • Janei ro 20106

S

Capa

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defluem da longa jornada pelosdifíceis caminhos da renovaçãoespiritual. Trazeis as marcas pro-fundas dos erros praticados, ago-ra diluídas suavemente com ossublimes antídotos do Evangelholibertador.

Sede fiéis àqueles que, em no-me de Jesus, prepararam estes ca-minhos para que pudésseis per-corrê-los.

Não temais o mal, por mais seafigure aparvalhante, por maiscomplexas e traiçoeiras sejam assuas armadilhas, porquanto, so-mente lobos caem nos alçapões pa-

ra lobos. E, porque estais no reba-nho do Senhor, Ele cuidará paraque não tombeis nessas facilida-des perturbadoras.

Os Espíritos, encarregados dedirigir a nacionalidade brasileira,acompanham o momento polí-tico e social da Pátria do Evangelho

e Jesus está no leme da barca terres-

tre. Não duvideis, mesmo quan-do tudo parece conspirar contraa ordem, a legalidade, o dever. AsVozes dos Céus proclamam a Or-dem Superior e mandam quedesçam, às sombras terrestres, osEmissários da Verdade para agrande restauração.

Sois os abridores dos caminhosdo porvir, como outros o fizerampara vós.

Exultai por viverdes estes glorio-sos dias da Humanidade, de ciência,de tecnologia de ponta, de con-quistas da inteligência e de des-pertamento das emoções nobresdo chavascal das paixões pertur-badoras. Pedistes para renascernesta hora de desafio e recebestes

a bússola para vos oferecer o nor-te magnético que é Jesus.

Prossegui, filhos da alma, ju-bilosos, vigilantes e devotados,porque o amanhã vos pertence, por-que pertence ao incomparávelRabi da Galileia.

Nós, os Espíritos-espíritas, inte-grando nas hostes do Evangelho,abraçamos os vossos sentimentos,as vossas vidas, buscando suplicarao Pai Celestial que vos aureolecom as bênçãos imarcescíveis dasaúde integral e da paz.

Que Ele, o guia e o modelo daHumanidade, a todos nos abençoe!

São os votos do servidor humí-limo e paternal de sempre,

Bezerra

(Mensagem psicofônica recebida pelo mé-

dium Divaldo Pereira Franco, no encerra-

mento da Reunião Ordinária do Conse-

lho Federativo Nacional, realizada na sede

da Federação Espírita Brasileira, em Bra-

sília, DF, na manhã de 8 de novembro

de 2009.)

9Janei ro 2010 • Reformador 7

er espírita é ser cristão, viver religiosamente o Cristo de Deusem toda a intensidade do compromisso, caindo e levantan-

do, desconjuntando os joelhos e retificando os passos, remendandoas carnes dilaceradas e prosseguindo fiel em favor de si mesmo eda era do Espírito Imortal.

Chamados para esta luta que começa no país da consciência ese exterioriza na indimensionalidade geográfica, além das frontei-ras do lar, do grupo social, da pátria, em direção do mundo, lutaipara serdes escolhidos. Perseverai para receberdes a eleição de ser-vidores fiéis que perderam tudo, menos a honra de servir; quepadeceram, imolados na cruz invisível da renúncia, que voserguerá aos páramos da plenitude.

Jesus, meus filhos – que prossegue crucificado pela ingratidãode muitos homens –, é livre em nossos corações, caminha pelosnossos pés, afaga com nossas mãos, fala em nossas palavras gentise só vê beleza pelos nossos olhos fulgurantes como estrelas lumi-níferas no silêncio da noite.

S

Bezerra

Ser espírita

(Trecho da mensagem psicofônica “O Brasil e a sua missão histórica de ‘Coração

do mundo e pátria do Evangelho’”, recebida por Divaldo P. Franco, na Reunião do

CFN, em 6/11/1988.)

Fonte: Bezerra de Menezes, ontem e hoje. 4. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB,

2009. Cap. 23, p. 184-185. Título da Redação.

Capa

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onra a teu pai e a tua mãe,

para que se prolonguem os

teus dias na Terra, que o

Senhor, teu Deus, te dará.

Curioso, amigo leitor, o quartomandamento da Lei, recebido porMoisés (Êxodo, 20:12).

Ele condiciona a longevidadeao empenho por honrar os geni-tores.

Não parece compatível com alógica.

Muitos homens há que os mal-tratam e desrespeitam. Omissos,não lhes prestam assistência, nemlhes dão atenção.

Não obstante, alcançam expres-siva longevidade.

Há filhos carinhosos e diligentes.Atenciosos, cuidam de seu bem-estar.

Entretanto, logo desencarnam.Não obstante, aparentemente

contraditório, o quarto manda-mento exprime algo ponderável.

Consideremos que honrar pai e

mãe seria não fazer nada que os in-felicite ou cause constrangimento.

Alguns exemplos:Os vícios, a desonestidade, os

excessos, o desregramento, a pro-miscuidade, os desatinos, a indis-ciplina, a agressividade, a ambi-ção, a mentira…

Se nos orientarmos no sentidode não decepcioná-los, de não con-trariar suas expectativas a nossorespeito, buscaremos sempre o me-lhor comportamento, no intuito defazê-los felizes, sustentando nelesa convicção de que seus filhos sãogente do bem.

Lembro a experiência de umajovem virtuosa, assediada por umrapaz, que, aproveitando-se dofato de que ela simpatizava comele e o achava atraente, queriainiciar um relacionamento afeti-vo mais íntimo.

Ela reagiu, incisiva:– Amo muito meus pais e ja-

mais lhes daria o desgosto de cons-tatar que estou confundindo na-moro com sexo.

Para viverbastante

H

R I C H A R D S I M O N E T T I

10 Reformador • Janei ro 20108

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Se quisermos fazer felizes nos-sos genitores, certamente culti-varemos a compreensão e a ca-ridade; exercitaremos a oração ea reflexão; seremos cordatos e di-ligentes.

Tudo para honrar os pais.Resultado:Teremos um comportamento

disciplinado e virtuoso, que nossustentará o equilíbrio físico epsíquico.

E mais:Afinaremos o padrão vibratório.Estaremos favorecendo a sinto-

nia com mentores espirituais quenos ajudarão a superar influênciasnegativas, perigos e tentações.

Assim, salvo programas cármi-cos, se honrarmos nossos pais, te-nhamos uma certeza:

Serão prolongados os dias que o

Senhor nos dará para as experiên-cias redentoras na escola terrestre,habilitando-nos a um retorno felizà pátria verdadeira, quando che-gar a nossa hora.

Com relação à perspectiva deretorno à vida espiritual, diz Ben-jamin Franklin (1706-1790):

Todos querem o céu, mas nin-

guém deseja morrer.

As religiões de um modo ge-ral falam sobre a vida espiritual,as recompensas celestes para osbons...

O Espiritismo desdobra nossavisão e nos mostra as moradasalém-túmulo, onde viveremosbem melhor, sem a pesada arma-

dura de carne, que inibe nossaspercepções.

Entretanto, caro leitor, mesmono meio espírita, poucos encaramcom naturalidade o retorno.

Entranhamo-nos na vida físicade tal forma, envolvidos com a fa-mília, os negócios, os prazeres, osinteresses materiais, que nos re-cusamos até mesmo a admitiressa possibilidade.

Doentes graves, que estão mais

para lá do que para cá, como secostuma dizer, alimentam esperan-ças, envidam esforços para afu-gentar a visitante indesejável.

Com isso, apenas prolongamseus sofrimentos, em longa agonia.

Durante algumas semanas visi-tei um senhor que sofrera umAVC, Acidente Vascular Cerebral.Paciente terminal, já não falava.Comunicava-se precariamentepor gestos.

Os médicos recomendaram quefosse levado para o seu lar, a fimde morrer junto à família, poisnada mais se podia fazer por ele.Estava morrendo.

Mas, contrariando as expectati-vas, ele não morria.

Em algumas regiões no Norte,há a figura do ajudador, um espe-cialista que, com rezas, cantos epalavras cabalísticas, procura con-vencer o candidato a defunto deque é chegada a hora de defuntar.

Pois é, leitor amigo, cometi umade ajudador. Lia para ele textosem O Evangelho segundo o Espiri-

tismo relacionados com a imor-talidade. Ao comentar, enfatizavaque na Espiritualidade está nossapátria; que o retorno é um alívio

para o Espírito preso ao corpoenfermo e cheio de limitações.

Ainda lúcido, o paciente ouviatudo atentamente. Já não falava,mas, invariavelmente, respondiacom um gesto significativo: erguiaa mão e a movimentava vigorosa-mente, em gesto de negação.

Não! Não queria morrer!O corpo estava a expulsá-lo,

mas ele se apegava com todas asforças que lhe restavam, como al-guém que se recusa a deixar umacasa em ruínas.

Uma historinha, leitor amigo,para finalizar:

Isabel Fiel, enteada de RobertLouis Stevenson (1850-1894), gran-de escritor americano, conta quecerta noite ele leu para a famíliauma prece para dormir que aca-bara de escrever:

Senhor, quando o dia voltar…

Fazei com que despertemos tra-

zendo no coração e no rosto a ale-

gria das alvoradas, dispostos ao tra-

balho, felizes se de felicidade for o

nosso quinhão...

Resignados e corajosos, se nos

couber nesse dia uma parcela de

sofrimento.

Após a noite de sono, todosdespertaram da forma preconiza-da naquela oração, felizes e bem--dispostos, sem imaginar que eleos preparara para enfrentaremuma parcela de sofrimento.

Naquele dia o grande escritorfaleceu subitamente, com sereni-dade e sem sofrimento.

11Janei ro 2010 • Reformador 9

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12 Reformador • Janei ro 201010

Reformador: Qual a repercussão

da atuação de Chico Xavier, em

Pedro Leopoldo?

Célia: Dois importantes aconteci-mentos abriram os olhos do Brasilpara a pacata Pedro Leopoldo: olançamento do Parnaso de Além-

-Túmulo e as comunicações do Es-pírito Humberto de Campos. Aprincípio, incredulidade, negação,assombro, diante da desconcertan-te realidade: os mortos voltam! Im-pressionante o número de pessoas ede cartas que chegavam. Os padres,defendendo ardorosamente seusdogmas, se assustavam e nos assus-tavam. A notoriedade inquietava ojovem médium e enchia de curiosi-dade a todos. O trabalho prosseguia,tendo como bandeira e escudo acaridade e a vivência evangélica.A intolerância religiosa atacava o Es-piritismo, mas não o Chico. Um dia,os amigos viram partir o queridoirmão e benfeitor, em busca de umclima mais favorável em todos osaspectos. Mas ele não deixou para

trás só tristeza e saudade. Delinea-das estavam as tarefas de cada ume seu exemplo seria um roteiro se-guro: trabalho, disciplina, fidelida-de a Jesus e Kardec. Valorosamen-te, os companheiros seguiram emfrente. Zeca Machado no GrupoEspírita “Scheilla”, Arnaldo Rochae Chiquinho Carvalho no “Mei-mei”, José de Paula no “Bezerra deMenezes” e, no “Luiz Gonzaga”, Li-co e Lia Diniz, meus pais. Maistarde, outros agrupamentos surgi-ram, as gerações se sucederam. Ir-mãos abnegados espalharam-sepela periferia. O rastro de luz queo Chico deixou aqui é a inspiraçãoque nos impulsiona, como sói acon-tecer a todos que o conheceram.

Reformador: Como se encontra o

Centro Espírita Luiz Gonzaga na

atualidade?

Célia: Em 1934, ao reorganizara Diretoria do Centro, ChicoXavier, seu fundador, deixouregistrado em cartório que,

se algum dia o socorro aos necessi-tados do corpo e da alma deixassede ser prioridade, esta instituiçãodeveria fechar as portas e entregaras chaves para a FEB. Ao ouvirmos,recentemente, do presidente da Fe-deração Espírita Brasileira, NestorJoão Masotti, que está tudo indo

Célia Diniz, vice-presidente do Centro Espírita Luiz Gonzaga e membro do conselhocurador da Fundação Cultural Chico Xavier, de Pedro Leopoldo (MG), comenta as

repercussões da atuação do médium Francisco Cândido Xavier

Chico Xavieré um rastro de luz

CÉ L I A D I N I ZEntrevista

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muito bem em nossa Casa, nós, ostarefeiros, nos enchemos de alegria,e mais cresce nossa responsabilida-de diante deste maravilhoso legado.Cerca de 150 famílias têm, além daassistência material costumeira,atividades que visam o resgate dacidadania. Palestras sobre melho-ria da qualidade de vida, comoenfrentar os problemas: drogas, gra-videz na adolescência, violência do-méstica, abandono; como cultivaruma pequena horta, um pouco deArte... As crianças recebem aulasde evangelização, de reforço escolar,computação e xadrez. Escrevendoassim, parece que nos vangloriamosdo que temos feito. Não. Sabemos doquanto precisamos melhorar nossotrabalho. Divulgamos apenas co-mo um convite a novos tarefeiros.

Reformador: E a expectativa das

inaugurações de ambientes que visam

preservar a memória de Chico Xavier?

Célia: Aguardamos ansiosamentea finalização de algumas obras. Nu-ma parceria entre a Universidade Fe-deral de Minas Gerais, a FederaçãoEspírita Brasileira e a União EspíritaMineira estão sendo restaurados doisbelos casarões na Fazenda Modelo,onde o Chico trabalhou.A última re-sidência da família Joviano, aqui, setransformou em um pequeno centrode convenções, rodeado de árvoresseculares e belas trilhas para cami-nhadas. O outro casarão, onde antesmorava esta família e no qual Chicopsicografou Paulo e Estêvão, tambémserá recuperado. A inauguração estáprevista até março de 2010. O Mo-vimento Espírita local está pleitean-do e firmando parcerias para a cons-

trução de um monumento na en-trada da cidade, em homenagemao querido médium. E será inaugu-rado em 2 de abril um memorial doCentro Espírita Luiz Gonzaga, emque também a FEB se faz presente.Oobjetivo é preservar a história destainstituição, o que, em última análise,é o resgate do início das abençoadastarefas mediúnicas do Chico. Have-rá também um salão em homena-gem a uma pessoa de vital impor-tância nesse contexto. Eis o quedisse o Chico sobre ela:“Tivemos emManuel Quintão, o nosso inesquecí-vel amigo da Federação Espírita Bra-sileira, o apoio decisivo para o lan-çamento do Parnaso... Desde o iníciode nossas atividades, encontrei ne-le um orientador cuja dedicação nãoposso esquecer.De uma bondade in-fatigável e de uma paciência sem li-mites para comigo, ele foi para mim,desde o nosso primeiro contato, ummentor amigo e um guia paternal,que vive constantemente em meuculto pessoal de carinho e gratidão”.

Reformador: Há contemporâneos

de Chico Xavier com atuação em

Pedro Leopoldo?

Célia: Ainda se encontram em atua-

ção nas lides espiritistas o Sr. JaquesAlbano, com 86 anos. Exemplo deabnegação e fé, emociona-se sem-pre ao recordar o amigo e mestreque o acolheu no “Luiz Gonzaga” eno coração, nos idos anos 50. Irra-diando paz e serenidade, ele é, semdúvida, um homem de bem. Cidá-lia Xavier, esbanjando alegria, luci-dez e simpatia, nos recebe em suacasa, quando solicitamos uma entre-vista, um esclarecimento, um abra-ço. E muito bem realizou esta tarefa,recentemente, ao proporcionar umaespécie de “laboratório” aos atoresdo filme de Daniel Filho. Seguindo opreceito do irmão, o “morra traba-lhando”, frequenta de vez em quan-do as inolvidáveis reuniões do Gru-po Meimei, com suas Instruções

Psicofônicas e suas Vozes do Grande

Além. Vozes que até hoje não se ca-laram e nunca deixaram de instruiro valoroso agrupamento atual. LiaDiniz, em raras oportunidades,vai ao Centro, pois, aos 91 anos, jánão anda mais. É maravilhoso e gra-tificante ver o brilho de felicidadenos olhos dela, ao constatar que astarefas que eles iniciaram com tantoamor e desvelo continuam. MartaXavier, nora de José Xavier, é o

13Janei ro 2010 • Reformador 11

Fachada do Centro Espírita Luiz Gonzaga

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baluarte de dedicação que nos am-para na direção do Departamentode Assistência e Promoção Social Es-pírita. Ela nos fala com extremadocarinho das suas lembranças de quan-do sua sogra Geni arrumava a mesa,as flores, a água, na antiga sede doCentro. Fala da toalha branquinha,da mesa rústica, do banco e caixotes,do chão de tijolos. Onde hoje é a ca-sa dela, nascera a mediunidade maisestuante e bela de que se tem notícia.Onde, entre lutas acerbas, sobeja-mente conhecidas, um jovem de17 anos iniciava sua trajetória de luz,com os versos parnasianos. E donaJosefa Ribeiro, zeladora do CentroMeimei desde 1952,hoje aos 94 anos,ainda zela por todos com sua pre-sença simples nos falando com mei-guice e saudade daqueles tempos.

Reformador: Conte-nos um fato rele-

vante de seus contatos com o médium.

Célia: Tive a bênção de convivercom o Chico grande parte de minhavida. Na Fazenda Modelo, na qualmeu pai trabalhava e morávamos,no “Luiz Gonzaga”, quando ele nosvisitava, e por último nas sucessivasidas a Uberaba. Quase impossívelcitar um fato relevante, pois, hoje,quando sinto tanta saudade, tudotomou proporções de grande im-portância em meu coração agrade-cido. Os moldes em parafina, que oChico deixava no Centro, das mãos,pés e gargantas dos Espíritos, tira-dos nas reuniões de materializa-ções, eram fantásticos e misteriososdemais para minha infantil visão.A revelação, aos meus 17 anos, deque ele me vira exatamente um anoantes de eu nascer, ao lado de meus

pais, e de que eu tinha o mesmo ca-belo, os mesmos olhos, me intrigavasobremaneira. Mas o que quero res-saltar é que sendo o Espiritismo oConsolador prometido por Jesus,Chico é a expressão máxima desteconsolo ao psicografar as cartas denossos filhos que partiram maiscedo. Em 1984, ter meu filhinho devolta, pela abençoada psicografia,foi ter ali, personificada, a infinitamisericórdia de Deus, o imensoamor de Jesus pelos que sofrem aduríssima provação do berço vazio,do sorriso que se apaga, mesmoque para brilhar em outro lugar. Ascartas familiares tiravam nossos joe-lhos dos túmulos e nos conduziampara os campos de dores da infânciadesvalida e da velhice desampara-da. Centenas de instituições benefi-centes surgiram por conta disso, en-quanto nós aprendíamos a superara nós mesmos, nas exortações queChico nos fazia ao trabalho constru-tivo, ampliando nosso conceito defamília. E também quando nos di-zia: “Minha filha, você perdoou ababá que deixou seu filhinho cair dabicicleta, não é? Você acha quefez muito? Deveria ter-lhe agradeci-do, porque foi dos braços dela e nãodos seus que o Rangel caiu, pois nemvocê, nem o Aguinaldo suportariama culpa”. Em 2006, a mesma dorde ver partir um filho nos visitou denovo. Uma dengue hemorrágica, emtrês dias, nos levou a Mariana, de 27anos.Em nossa inenarrável dor,meumarido disse:“O que faremos, agoraque Chico não está mais aqui?”.Real-mente, seria maravilhosa a presençafísica dele, mas nós não precisáva-mos mais dele. Era só recordar tudo

o que havíamos aprendido antes. Eressoava alto em minh’alma a voz doChico:“Dê graças a Deus, minha fi-lha, que para você o Evangelho che-gou antes da dor. Você não imagi-na o que sofrem as mãezinhas emquem a dor chega primeiro... Seu paimanda lhe dizer para aguentar suador com dignidade porque, um dia,você dirá: Graças a Deus, reencontreimeu filho”. E nos momentos maisterríveis desse novo luto, em que ador ameaça jogar-me num abismo,é lendo Emmanuel, em Roteiro, Cal-

mae em outros mais,que eu recupe-ro o equilíbrio e a paz. E fica fácilimaginar-me aconchegada nos bra-ços de Chico, como num colo demãe, como se finalmente eu apren-dera a depositar minha dor aos pésde Jesus. E Deus nos dá a bênção dotrabalho, e temos podido falar desteaspecto das obras psicográficas deChico Xavier, em vários Estados bra-sileiros, em Paris, e em algumas cida-des lusitanas. É divulgando estas car-tas-mensagens, este rico manancialde esperança e informação,com o qualAndré Luiz, magistralmente desdo-bra a vida no mundo espiritual, queas cicatrizes do meu peito param desangrar e me sinto cheia de paz, sere-nidade e forças para prosseguir nocaminho de minha ascensão espi-ritual, que se mostra ainda tão longo.

Reformador:Como sente as comemo-

rações do Centenário de Chico Xavier?

Célia: É um momento históricodedicado a quem se entregou porinteiro à Doutrina que tanto ama-mos. Sua obra é majestosa e suavida o faz merecedor de nossasmais sinceras homenagens.

14 Reformador • Janei ro 201012

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15Janei ro 2010 • Reformador 13

Espiritismo é o portal ex-celente por onde podemadentrar todos quantos

estejam dispostos a executar, comsegurança, o programa da própriaencarnação.

Em cada hora, em cada expe-riência humana, apresentam-seinúmeros desafios que exigem oindispensável descortino de todasas razões que nos trouxeram às no-vas lidas do mundo corpóreo.

É no conhecimento espírita queachamos, com lucidez e simplicida-de, os motivos pelos quais todos osencarnados devem utilizar do me-lhor modo as oportunidades bendi-tas de estarem usufruindo as horasimportantes da atividade terrena.

Quantas dúvidas, quantas inse-guranças, quantos temores se es-palham pelas pautas da exuberan-te vida? É na Doutrina Espíritaque temos o locus em que desfaze-mos dúvidas, galgamos os camposda segurança e solucionamos odrama dos medos humanos, pelasexplicações de todo convincentesque nos oferta.

O ensejo de conhecer as nossasorigens e de saber, de fato, quemsomos, o papel que devemos de-sempenhar ao largo da trajetóriano mundo bem como a destina-ção da alma, após o despojamen-to carnal, são elementos grandíssi-mos de ajustamento da nossa ra-

zão ao sumo bem, incentivando-nosa aderir às práticas dos atos eno-brecidos em toda e qualquer rela-ção social, pelo mundo afora.

Há, em múltiplos setores da vi-da na Terra, a concepção de que,por si mesma, a matéria propria-mente dita seja apta a concedertodas as respostas ansiadas pelo in-divíduo enredado no campo dassuas provações terrestres. Nos fun-damentos do Espiritismo, no en-tanto, identificamos a sobrevalên-cia do ser espiritual que respondepela própria dinâmica da matériabruta, desfigurando de modo ex-pressivo toda a empafiosa mani-festação das teses materialistas,irrompidas aqui e ali.

Pelos movimentos sociais domundo, nas relações entre as cria-turas, vulgarizou-se a ideia de quese vive bem quando se pode acumu-lar bens materiais, produtos, moe-das, joias, fama ou poder. É o Espi-ritismo, no entanto, que alumia es-ses territórios das mentes e com-prova, por sua imbatível logicidadee pelo bom senso em que se ex-prime, que todas as coisas servemapenas para as nossas lidas do mun-do, ajudando-nos a desenvolveraptidões e mentalidade. Deverãopermanecer no chão terrestre, na-da obstante, sem qualquer chancede adentrar com as almas os cam-pos da Vida Imortal.

O Espiritismo demonstra a uti-lidade do uso de todas as coisas,desde que com grandeza moral,para o progresso da individuali-dade imortal, tendo-se em consi-deração que elas existem para quepossam auxiliar o ser perene emsua escalada ascensional.

Vemos porque vale a pena con-siderar o Espiritismo como portalluminoso, por onde sonham aden-trar os Espíritos ansiosos por vivermelhor e por tornarem sua vidabem-aventurada, mais plena e sig-nificativa para si mesmos.

Sem embargo, não nos deverãofaltar o bom senso eminentemen-te kardequiano nem a firmeza depropósitos, que nos capacitam aobom aproveitamento do tempoque a todos nos é concedido.

Espiritismo: conhecimento – tra-balho – amor – renovação. Uma vezque nos ponhamos atentos a essasdimensões pertinentes à eminenteDoutrina, conseguiremos partici-par dos programas do Cristo, comrelação à regeneração planetária eà emancipação espiritual de cadaum de nós.

Camilo Chaves

(Mensagem psicografada por Raul Teixeira,

em 7/11/2009, durante a Reunião Ordiná-

ria do Conselho Federativo Nacional da FEB,

em Brasília, DF.)

OPortal de lucidez

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Meus amigos:

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

ou o Sampaio, de volta ao nosso grupo.

Dou, de imediato, o meu cartão de visita para que o

pensamento de vocês me ajude a falar com segurança.

Reconheço-me ainda como o pássaro vacilante a arrastar-

-se fora do ninho, movimentando-me qual convalescente

em recuperação depois de moléstia longa.

Mesmo assim, venho agradecer-lhes as preces com que

me ajudam.

Recebam todos o meu reconhecimento por essa dádiva

de carinho, porque assim como, para apreciar verdadeira-

mente um remédio, é preciso haver sofrido uma enfermida-

de grave, para reconhecer, de fato, o valor de uma oração, é

necessário haver deixado o corpo da Terra.

Por outro lado, nossos Benfeitores permitiram amavel-

mente que eu lhes falasse, por haver prometido a mim mesmo

trazer-lhes alguma notícia, depois da grande passagem.

Escusado será dizer que me lembrei dos irmãos de ideal

na última hora... Não houve tempo, contudo, para qualquer

recomendação. A morte arrebatou-me a vestimenta de carne,

assim como a faísca elétrica derruba a árvore distraída.

Quanto a dizer-lhes, porém, com franqueza, o que me

sucedeu, devo afirmar-lhes que, por enquanto, me sinto tão

ignorante do fenômeno da morte, assim como, quando esta-

va junto de vocês, desconhecia totalmente o processo de meu

nascimento na esfera física.

Creio mesmo que, em minhas atuais condições, guardar a

lembrança de que sou o Sampaio já é demais...

Posso, em razão disso, apenas notificar-lhes que acordei

num leito muito limpo, acreditando-me em casa.

O corpo não se modificara.

Em minha imaginação, retomava a luta cotidiana em

manhã vulgar... Mas quando vi minha mãe ao pé de mim,

quando seus olhos me falaram sem palavras, ah! meus amigos,

o meu deslumbramento deve ter sido igual ao do prisioneiro

que se vê, repentinamente, transferido de um cárcere de tre-

vas para a libertação em plena luz.

Graças a Deus, entendi tudo!...

Abracei mãe Antoninha1 com as lágrimas felizes de uma

criança que retorna ao colo materno...

Rebentava em mim, naquela hora, uma saudade penosa-

mente sofrida, com muito choro represado no coração.

Que palavras da Terra descreveriam meu júbilo?

Ainda nos braços de minha mãe, compreendi que o

Espiritismo no caminho humano é assim como a alfabetiza-

ção de nossa alma para a vida eterna, pois não precisei de argu-

mento algum para qualquer explicação a mim mesmo.

Entretanto, cessada que foi aquela primeira explosão de

alegria, recordei o Sampaio carnal e vigorosa dor opri-

miu-me o peito. Minhas velhas contas com a angina pare-

ciam voltar. A dispneia assaltou-me de improviso, mas no-

va expressão de ventura aguardava-me o sentimento.

Nosso Dr.Bezerra2 veio ter comigo e pude beijar-lhe as mãos.

Sabem lá o que seja isso?

Bastou que sua destra carinhosa me visitasse a fronte,

para que o velho trapo de carne fosse esquecido...

Desde esse instante, vi-me à maneira do colegial satis-

feito em nova escola.

Mãe Antoninha informou-me de que um hospital-

-educandário me havia admitido.

Meu tratamento restaurador obedeceu aos passes mag-

néticos e à linfoterapia, palavra nova em minha boca.

Termas enormes recolhem os enfermos, cada qual se-

gundo as suas necessidades.

Por minha vez, de cada mergulho na água benfazeja e

curativa, regressava sempre melhor, até que minhas forças

se refizeram de todo.

Regularmente recuperado, pude voltar, em companhia

de nossos Benfeitores, às minhas casas inesquecíveis de

trabalho e de fé, o “Regeneração”3 e o “Meimei”.4

Companheiro de regresso

16 Reformador • Janei ro 201014

S

Presença de Chico Xavier

1Refere-se o amigo à sua genitora, há muito desencarnada. – Notado Organizador.2Dr. Adolfo Bezerra de Menezes.3Grupo Espírita Regeneração, sediado no Rio de Janeiro.4Grupo Meimei, sediado em Pedro Leopoldo, Minas. – Nota doOrganizador.

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Graças a Jesus,tenho escutado o Evangelho com outros ouvi-

dos e aprendido a nossa Doutrina com novo entendimento.

Tenho agora livros e livros ao meu dispor.

Muitos companheiros são trazidos ao nosso hospital, em

terrível situação. Não se alfabetizaram para o continuís-

mo da existência e sofrem muito, requisitando o concur-

so de magnetizadores que lhes extraem as recordações, quais

médicos arrancando tumores internos de vísceras doentes.

Essas recordações projetam-se fora deles para que com-

preendam e se aquietem.

Mas, por felicidade deste criado de vocês, venho tomando

contato com a memorização, muito vagarosamente.

É imprescindível muita precaução para que nosso

Espírito, despojado da matéria densa, não penetre de sur-

presa nos domínios do passado, habitualmente repleto de

reminiscências menos dignas, que podem perturbar mui-

tíssimo os nossos atuais desejos.

Via de regra, no mundo, sentimo-nos sequiosos pelo

conhecimento do pretérito.

Aqui, suplicamos para que esse conhecimento seja adia-

do, reconhecendo que, na maioria dos casos, ele nos alcan-

ça qual ventania tumultuosa, abalando os alicerces ainda

frágeis das boas ideias que conseguimos assimilar.

Por esse motivo, sou agora um aprendiz de mim

mesmo, agindo com muita cautela para não estorvar a

proteção que estou recebendo.

“Tudo aqui é como aí”,5 hoje percebo melhor o sentido

da pequena mensagem que recebemos juntos: “Tudo aqui

é como aí, mas aí não é como aqui”.

Nossas vestes, utilidades e alimentos, no plano de recém-

-desencarnados em que me encontro, embora mais sutis, são

aproximadamente análogos aos da Terra.

Tenho perguntado a muitos amigos, com quem posso

trocar ideias, quanto à formação das coisas que servem à

nossa nova moradia... Todos abordam o assunto, de manei-

ra superficial, como acontece no mundo, onde um químico

discorre sobre a água, um botânico expõe teorias quanto à

natureza das plantas ou um médico leciona sobre o corpo

humano... Mas, no fundo, o químico estuda o hidrogênio e

o oxigênio sem conhecer-lhes a origem, o botânico fala da

planta, incapaz de penetrar-lhe o segredo, e o médico avan-

ça desassombrado em torno da constituição do corpo

humano, ocultando com terminologia complicada o enig-

ma da simples gota de sangue.

Aqui também, na faixa de luta em que me encontro,

apenas sabemos que a matéria se encontra em novo esta-

do. Dinamizada especificamente para nossos olhos, para

nossos ouvidos e para as nossas necessidades, como na

Terra surge graduada para as exigências e problemas da

escola humana.

Não me alongarei, porém, neste assunto.

Somente aspiro a algum contato com vocês para dizer-lhes

que o velho amigo está reconhecido e satisfeito.

Desfruto hoje a alegria do paralítico que recobrou os

movimentos, do cego que tornou à claridade, da criança

embrutecida que alcançou o princípio da própria educação...

Sinto-me outro, contudo devo afirmar-lhes que a

desencarnação exige grande preparo a fim de que seja

uma viagem tranquila.

Tudo aqui sobrevive. Os hábitos, os desejos, as inclinações,

as boas ideias e os pensamentos indignos reaparecem conos-

co, além-túmulo, tanto quanto as qualidades nobres ou depri-

mentes ressurgem, acordadas em nós, na experiência física,

depois do repouso noturno, cada manhã.

Dois flagelos ainda agora me atormentam: o costume

de fumar e a conversação sem proveito.

Tenho sido carinhosamente auxiliado para que me

liberte de semelhantes viciações.

Com respeito ao fumo, o verdadeiro prejudicado sou

eu próprio, no entanto, a palavra inútil impõe-me o

remorso do tempo perdido pela desatenção.

Apesar de tudo, estou renovado e otimista, espe-

rando continuar estudando o Evangelho, para que eu possa

transferir-me, do hospital-educandário em que ainda

me vejo, para o trabalho ativo, porquanto, aprendendo a

viver em regime de utilidade para os outros, estarei co-

operando em favor de mim mesmo.

Que Jesus seja louvado!

Fonte: XAVIER, Francisco C. Vozes do grande além. 5. ed. Rio de

Janeiro: FEB, 2003. Cap. 40.

17Janei ro 2010 • Reformador 15

Pelo Espírito Antônio Sampaio Júnior5Refere-se o visitante à singela mensagem que recebemos juntosno Grupo Espírita Meimei, quando um amigo desencarnado sin-tetizou para nós as suas notícias do mundo espiritual com asseguintes palavras: – “Tudo aqui é como aí, mas aí não é comoaqui”. – Nota do Organizador.

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omo acontece todos os anos,a imprensa divulgou, no mêsde outubro de 2009, o nome

dos ganhadores dos prêmios Nobelde Física, Química, Medicina, Li-teratura e Paz (diplomacia), sen-do que este último recaiu na pes-soa de Barack Obama, atual presi-dente dos Estados Unidos da Amé-rica. Segundo o comitê organiza-dor do certame, Obama teria sidoescolhido por “dar ao mundo a es-perança de um futuro melhor”.1 OPrêmio Nobel foi instituído peloquímico, industrial e inventor dadinamite, o sueco Alfred Nobel(1833-1896), que deixou grande so-ma em dinheiro, com o objetivo decriar-se uma fundação, à qual caberecompensar, anualmente, pessoasque se destaquem em suas especia-lidades, como forma de estimularo progresso da Humanidade.

Outros encarnados conhecidos,muito embora não tenham sidolaureados com estas ou outras dis-tinções terrenas, têm dado contri-

buição inestimável ao progressoda Humanidade. O exemplo apre-sentado ilustra algumas das cente-nas de missões exercidas pelo ho-mem na Terra. Quanto às demaispessoas, muitas vezes anônimas,entre as quais nos encontramos:até que ponto podemos contri-buir para tornar nosso mundo me-lhor? E os Espíritos desencarna-dos também exercem ocupaçõesem benefício da Humanidade? Nocapítulo X do Livro Segundo, deO Livro dos Espíritos, questões 558a 584a, encontramos um dos maisbelos ensinamentos dos benfeito-res espirituais: “Ocupações e Mis-sões dos Espíritos”.

Tendo sido criados simples eignorantes, nós, os Espíritos – en-carnados ou desencarnados –, su-jeitamo-nos, para evoluir, sem ex-ceção, à vida em sociedade, e ne-cessitamos de múltiplas experiên-cias e do trabalho, devendo, nassucessivas encarnações, habitarem toda parte e adquirir todo oconhecimento possível das coisas.

Para tanto, Deus nos concedeocupações e recursos que variamao infinito, conforme as condições

e necessidades individuais. Deus éjusto. Todos têm que estagiar nas di-ferentes escalas para se aperfeiçoar.Ninguém progride sem esforço:

As missões dos Espíritos têm

sempre por objetivo o bem. Seja

como Espíritos, seja como ho-

mens, são incumbidos de auxi-

liar o progresso da Humanida-

de, dos povos ou dos indivíduos,

dentro de um círculo de ideias

mais ou menos amplas, mais ou

menos especiais, de preparar os

caminhos para certos aconteci-

mentos e velar pela execução de

determinadas coisas. Alguns de-

sempenham missões mais res-

tritas e, de certo modo, pessoais

ou inteiramente locais, como as-

sistir os enfermos, os agonizan-

tes, os aflitos, velar por aqueles

de quem se fizeram guias e pro-

tetores e dirigi-los, pelos conse-

lhos que lhes dão ou pelos bons

pensamentos que inspiram. Po-

de-se dizer que há tantos gêne-

ros de missões quantas as espé-

cies de interesses a resguardar,

quer no mundo físico, quer no

mundo moral. O Espírito se

Ocupações e missões

CCH R I S T I A N O TO RC H I

dos Espíritos

18 Reformador • Janei ro 201016

1Nobel – Obama ganha o Prêmio da Paz.Revista VEJA, São Paulo, Ed. Abril, ano 42,n. 41, p. 112, out. 2009.

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adianta segundo a maneira pela

qual desempenha a sua tarefa.2

Especificamente quanto aosdesencarnados, cada um delesé incumbido de realizar missõesde acordo com seu mérito, capa-cidade e elevação. Há missõesmais simples, também conhecidascomo tarefas, e outras de maiorcomplexidade, que têm por finali-dade amparar e educar outros Es-píritos situados nas escalas infe-riores do aprendizado. Todos ostrabalhos realizados são impor-tantes, desde os mais humildes atéos mais elevados. O conjunto de-les concorre para a harmonia e oequilíbrio da Humanidade dosplanos visível e invisível.

Além da missão especial de Je-sus, Governador espiritual do Pla-

neta, temos, por exemplo, sob osauspícios do Espírito Ismael, mis-são coletiva de grande responsa-bilidade: conduzir o Brasil em suavocação de “Pátria do Evangelho”,conforme planos detalhados nolivro ditado pelo Espírito Humber-to de Campos.3

O que consideramos sublimeem nosso mundo não passa de in-fantilidade, em comparação ao quehá de perfeito e belo em globosmais adiantados, atividades e pro-duções desconhecidas do homemna Terra. Por isso, não se pode dizerque os Espíritos superiores admi-rem as obras humanas, muito dis-tantes ainda da arte e da belezacultivadas nos mundos depurados.Nem por isso, entretanto, eles dei-xam de se interessar pelas ativida-des terrenas, sejam elas quais fo-

rem, desde que isso cons-titua uma oportunidadede nos auxiliarem, almasque nos elevamos paraDeus.

Existem Espíritos que seconservam ociosos, que vi-vem para si mesmos, co-mo acontece com muitoshomens na Terra, entre-tanto, esse estado é tem-porário, dependendo dodesenvolvimento de suasinteligências e de sua ele-vação moral. Chegará ahora em que essa ociosi-dade lhes causará grande

desconforto e, cedo ou tarde, odesejo de progredir lhes desperta-rá na consciência.

Chegados às ordens mais ele-vadas, os Espíritos não permane-cem inativos, o que lhes seria umsuplício. Vivem pelo pensamento,por meio do qual plasmam, como auxílio da vontade, o mundo àsua volta. Por isso se diz que con-tinuam ativos, pois incessantessão suas atividades, que muito sediferenciam das ocupações ma-teriais dos homens. Sentem-se di-tosos por trabalhar, conscientesde que são úteis aos seus seme-lhantes, contribuindo para o cres-cimento destes. A natureza de suasocupações é “receber diretamenteas ordens de Deus, transmiti-las aoUniverso inteiro e velar por suaexecução”.4

2KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad.Evandro Noleto Bezerra. Ed. Comemora-tiva do Sesquicentenário. Rio de Janeiro:FEB, 2006. Comentário de Kardec à q. 569.

3XAVIER, Francisco C. Pelo EspíritoHumberto de Campos. Brasil, coração do

mundo, pátria do evangelho. 33 ed. Rio deJaneiro: FEB, 2008.

19Janei ro 2010 • Reformador 17

4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.Trad. Evandro Noleto Bezerra. Ed. Come-morativa do Sesquicentenário. Rio de Ja-neiro: FEB, 2006. Q. 562a.

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Já a missão dos homens (Espí-ritos encarnados), embora idênti-ca, em sua essência, à dos desen-carnados, pois também consiste,além de se melhorarem pessoal-mente, em amparar e instruir seussemelhantes, ajudando-os a pro-gredir em todos os sentidos, tempor objetivo o aperfeiçoamentode suas instituições por meios di-retos e materiais. Muitas dessasmissões são cumpridas nos cam-pos da Filosofia, da Ciência e da Re-ligião, entre outros, nos quais vêmse destacando muitos expoentes,em todas as épocas, a exemplo deSócrates, Albert Einstein e Fran-cisco Cândido Xavier.

Frequentemente, os homens ig-noram as missões que vão desen-volver. Têm apenas uma vaga in-tuição destas, as quais se deli-neiam, aos poucos, conforme ascircunstâncias, ao mesmo tempoem que recebem estímulos, inclu-sive por intermédio de desencar-nados e outros encarnados, que osdirecionam ao caminho que lhesfoi traçado. Quase sempre, são des-cobertos, porque não se conside-ram melhores que seus semelhan-tes nem se arrogam eles própriosserem os escolhidos.

O fato é que Deus sempre temmeios de impelir o missionário aoencontro do “destino” que muitasvezes escolheu antes de reencarnar.Tais evidências podem ser confir-madas pelo estudo da biografiadessas personalidades, como é ocaso de Hippolyte Léon DenizardRivail (1804-1869), que, após maisde 50 anos de vida, a maioria de-les consagrada à Educação, se viu

diante do grande desafio de co-dificar as obras básicas do Espi-ritismo, sob o pseudônimo deAllan Kardec.

Se não for elevado o suficiente,o Espírito está sujeito a falhar nocumprimento de sua missão. Nessecaso, terá de retomá-la mais tarde,sofrendo as consequências do mala que eventualmente haja dadocausa ou do bem que tenha deixa-do de fazer.

Há, porém, Espíritos superio-res que reencarnam para desem-penhar missões de maior enver-gadura, os quais são sempre mui-to adiantados moral e intelectual-mente em relação aos ambientesem que atuarão, para evitar queas influências a que estarão ex-postos interfiram em suas missões.Deus “só confia missões impor-tantes aos que Ele sabe capazesde as cumprir”.5

Ressalve-se, porém, que nemsempre o que o homem faz re-sulta de uma missão predes-tinada. Não raro, os Espíri-tos superiores se utilizamdos encarnados que estive-rem à sua disposição parainfluenciá-los com seuspensamentos, seja durantea vigília, seja durante o sonofísico, a fim de que façam algo queconsideram útil.

Uma das missões mais impor-tantes entregues aos encarnados,independentemente de sua evolu-ção, é a de pais. As crianças repre-

sentam o alicerce da Humanidadefutura, motivo por que os genitoresdevem concentrar seus esforçosna educação delas, pois é na faseda infância que estão mais aces-síveis às influências que recebem.

As ocupações e as missões sãoalguns dos meios importantespelos quais o Criador viabiliza aeducação dos Espíritos, que, bementendida, “constitui a chave doprogresso moral”.6 Portanto, for-taleçamos nossas atividades nobem, por mais humildes que se-jam, porque elas representam aporta de acesso à nossa redençãoespiritual.

5KARDEC, Allan. O evangelho segundo o es-

piritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Riode Janeiro: FEB, 2008. Cap. 21, item 9, p. 399.

20 Reformador • Janei ro 201018

6Idem. O livro dos espíritos. Trad. EvandroNoleto Bezerra. Ed. Comemorativa do Ses-quicentenário. Rio de Janeiro: FEB, 2006.Comentário de Kardec à q. 917, p. 548.

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21Janei ro 2010 • Reformador 19

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

“E achado em forma como homem, humilhou-se a si mesmo,sendo obediente até à morte, e morte de cruz.”

– PAULO. (FILIPENSES, 2:8.)

Jesus parao homem

Fonte: XAVIER, Francisco C. Pão nosso. 29. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 62.

Mestre desceu para servir,

Do esplendor à escuridão...

Da alvorada eterna à noite plena...

Das estrelas à manjedoura...

Do infinito à limitação...

Da glória à carpintaria...

Da grandeza à abnegação...

Da divindade dos anjos à miséria dos homens...

Da companhia de gênios sublimes à convivência dos pecadores...

De governador do mundo a servo de todos...

De credor magnânimo a escravo...

De benfeitor a perseguido...

De salvador a desamparado...

De emissário do amor a vítima do ódio...

De redentor dos séculos a prisioneiro das sombras...

De celeste pastor a ovelha oprimida...

De poderoso trono à cruz do martírio...

Do verbo santificante ao angustiado silêncio...

De advogado das criaturas a réu sem defesa...

Dos braços dos amigos ao contato de ladrões...

De doador da vida eterna a sentenciado no vale da morte...

Humilhou-se e apagou-se para que o homem se eleve e brilhe para sempre!

Oh! Senhor, que não fizeste por nós, a fim de aprendermos o caminho da Gloriosa

Ressurreição no Reino?

O

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filme 2012 – O dia do juí-

zo final, produzido em2008 nos Estados Uni-

dos, é na verdade mais uma ten-tativa de se criar uma onda deterrorismo psicológico atravésdo suposto fim do mundo. Nessaonda, exploram-se sem fundamen-to as profecias relativas às trans-formações pelas quais a Terra estápassando para ingressar em umaNova Era.

Segundo um amigo, os pro-dutores desse filme usaram asprofecias Maias tentando “cris-

tianizá-las”, mas esqueceram-sede que, quando tais profeciasforam concebidas, aquele povonem tinha ouvido falar de Jesus,muito menos pensava em acre-ditar em um único Deus. Comoo ano 2000 já se foi, e não se po-de mais explorar a falsa profeciada Bíblia – “de mil passarás, dedois mil não passarás” – agorasurge um filme que procura rea-tivar o tema catastrófico, embo-ra não haja nenhuma citação arespeito nem no Velho nem noNovo Testamento.

A escolha da data

Na verdade, a nova data para omundo acabar, o dia 21 de de-zembro de 2012, é apenas umajogada de marketing para o lan-çamento do referido filme. Elafoi estabelecida no calendárioMaia, um calendário que princi-pia a contagem do tempo em 11de agosto do ano 3114 a.C., ouseja, antes mesmo das dataçõesarqueológicas dessa misteriosacivilização. De acordo com aque-las datações, os Maias floresce-

OGE R S O N S I M Õ E S MO N T E I RO

Por que a Terranão será destruída

em 2012

22 Reformador • Janei ro 201020

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ram entre 1800 a.C. e 1450 d.C.,em um vasto território que in-clui regiões das Américas Cen-tral e do Sul, onde as ruínas desuas cidades e pirâmides monu-mentais resistem ao tempo.

Os Maias são reconhecidos porseu avançado conhecimento de as-tronomia e pela precisão de seusdiferentes calendários, como o ca-lendário anual solar, com 365 dias,chamado Haab. Outro desses ca-lendários, o de “longa contagem”,foi desenvolvido para computarextensos períodos de tempo ou ci-clos, de 5.125 anos. Foi com basenesse calendário de longos ciclosque se estabeleceu a tradição daprofecia Maia do fim dos tempos.

Ora, as profecias Maias, pelovisto, estão de acordo tambémcom o que ensina a Doutrina Es-pírita a respeito não do fim físi-co do nosso planeta, mas do sur-gimento de uma Nova Era, quan-do a Terra passará, na escala dosmundos habitados, de Mundo deExpiações e Provas (segunda ca-tegoria), para Mundo de Regene-ração (terceira categoria).

Já estamos em 2014

Porém, precisamos considerarque já estamos no ano 2014, deacordo com a revelação mediúni-ca transmitida por Chico Xavier,em 1937, posteriormente ratifi-cada através de conceituadoscientistas e teólogos, que se ba-searam nos estudos e pesquisashistóricas relacionados a seguir:

1o) Quando Jesus nasceu nu-ma obscura colônia do Império

Romano, a Palestina, umaestreita faixa de terra nofundo do Mediterrâneo, oimperador romano era Cé-sar Otávio Augusto. E nomundo de César, os anoseram contados pelo calen-dário romano. Assim, o ano1 era o da fundação de Roma.Os anos seguintes eram assi-nalados com a abreviatura A.U. C., da expressão “Ab UrbeCondita” (Desde a Fundaçãode Roma).

Somente no século VI, bemdepois de Constantino (com oEdito de Milão no ano 313) con-ceder a liberdade de culto aoscristãos, é que foi estabelecido ocalendário cristão. Foi então que, noano 525, o monge Dionísio, o Pe-queno, procurou estabelecer o anoda Era Cristã, em relação ao ca-lendário romano “Ab Urbe Con-dita”. E, por seus cálculos, fixou oano da fundação de Roma comosendo 754 antes de Cristo.

Contudo, a revelação feita pe-lo Espírito Humberto de Cam-pos, em 1935, por intermédio dapsicografia de Francisco Cândi-do Xavier, no capítulo 15 do li-vro Crônicas de Além-Túmulo,editado pela FEB em 1937, regis-tra o erro histórico cometido poraquele monge católico e sua de-vida correção, ao relatar o seguin-te diálogo, travado no mundo espi-ritual, entre o Cristo e seu discí-pulo João, o Evangelista:

– João – disse-lhe o Mestre –,

lembras-te do meu apareci-

mento na Terra?

– Recordo-me, Senhor. Foi no

ano 749 da era romana, apesar

da arbitrariedade de Frei Dio-

nísio, que, calculando no sécu-

lo VI da era cristã, colocou er-

radamente o vosso natalício

em 754.

2o) É importante frisar que arevelação, trazida por intermé-dio de Chico Xavier, foi confir-mada posteriormente pelo his-toriador e professor de HistóriaAntiga no New College, de Ox-ford, Robin Lane Fox, que emseu livro Bíblia – Verdade e Fic-

ção, lançado em 1993, confirmaesse erro de cálculo da data denascimento de Jesus, calcado emvários documentos da época enos fatos narrados pelos evan-gelistas, fatos esses postos emaparente contradição na pers-pectiva fundamentada no calen-dário romano.

23Janei ro 2010 • Reformador 21

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3o) Esse mesmo pensamento édefendido pelo professor CharlesPerrot, do Instituto Católico deParis, em entrevista à revista Le

Point:

[...] segundo um amplo con-

senso de exegetas, o ano de nas-

cimento de Jesus deveria situar-

-se um pouco antes da morte de

Herodes, O Grande. Ora, se-

gundo os dados numismáticos,

astronômicos e, sobretudo tex-

tuais, Herodes deve ter morrido

no dia 11 de abril do ano 4 a.C.

[...] O nascimento de Jesus terá

sido provavelmente entre os

anos 6 e 7 a.C. [...].

4o) Também o professor e pa-dre John P. Meier, que leciona oNovo Testamento na Universida-de Católica da América, em Wa-shington, escreveu no The New

York Times, no dia 21 de dezem-bro de 1986, que Cristo deve ternascido por volta de 6 a 4 a.C.; e

5o) Em nosso país, o astrôno-mo Ronaldo Rogério Mourão deFreitas, do Observatório Nacio-nal, divulgou no Jornal do Brasil

de 4/1/1982 que Frei Dionísio,o Pequeno, em 525, encarregadopelo Papa de organizar o calen-dário cristão a partir da vinda de Jesus à Terra, arbitrou o ano de754 da Era Romana para o seunascimento. Mas, pelas pesquisasrealizadas sobre o assunto, elechegou à conclusão de que oaparecimento do Cristo em nos-so mundo se deu no ano 749 dafundação de Roma.

A Nova Era

Ora, diante de todas essas evi-dências, podemos concluir, semmargem de dúvida, que o ano2012 já passou, ou seja, já esta-mos em pleno 2014 e a Terra nãofoi destruída, conforme a previ-são divulgada de que o mundoacabaria no dia 21 de dezembrode 2012.

Convém ainda esclarecer queo termo “fim”, empregado nas

palavras proféticas de Jesus –“Quando o Evangelho for pre-gado em toda a Terra, é entãoque chegará o fim” (Mateus,24:14) – está relacionado com aideia de tempo e não com a deespaço, exatamente a mesmaideia do calendário de longosciclos dos Maias. Portanto, Jesusse referiu ao fim de uma Era,não ao fim do mundo físico. Eisto é lógico, pois quando as cria-turas humanas estiverem evan-gelizadas haverá o fim da vio-lência, das lutas fratricidas, donarcotráfico, das balas perdidas,das seleções étnicas e de todo omal que ainda perdura no cora-ção do homem.

E convenhamos: seria racionalDeus acabar com o nosso plane-ta, quando as criaturas humanasestivessem vivendo plenamente amensagem do Evangelho? E seDeus é a Justiça Suprema, a des-truição do mundo seria então oprêmio prometido por Jesus aosmansos e pacíficos, que ao longodos séculos se esforçaram paraimplantar na Terra o seu reinode amor e de paz? É claro quenão! Deus é Justo!

24 Reformador • Janei ro 201022

Page 25: reformador janeiro 2010 - a.qxp

os últimos dez anos surgi-ram mais de 1.500 publi-cações científicas que des-

tacam a influência de certas práti-cas religiosas, sobretudo a oração,na recuperação/estacionamento deenfermidades, na serenidade dosdoentes terminais e na manuten-ção da harmonia íntima das pes-soas. A oração deve, pois, se

constituir em hábito em nossas

vidas. Um recurso permanente de

comunhão com Deus. Cultivar

oração é tê-la como elemento na-

tural na vida, tal como a própria

respiração; assim procedendo es-

taremos em sintonia constante

com a Fonte divina. Por isso, Jesus

insiste que devemos orar sempre.

Longe, porém, de ser uma atitude

esporádica, ou uma obrigação de

participar em determinados dias,

no culto de sua preferência, des-

ta ou daquela crença religiosa.1

Vários estudos acadêmicos pu-blicados são irrepreensíveis por es-

tarem cercados de cuidados impos-tos pelo método científico e porapresentarem resultados estatísti-cos confiáveis. Como exemplo, cita-mos apenas três para ilustrar o as-sunto: a) os trabalhos do psiquiatranorte-americano Harold G. Koenig,professor de Psiquiatria e Ciênciascomportamentais da UniversidadeDuke, Carolina do Norte (EUA),que no seu livro Espiritualidade

no Cuidado do Paciente, publicadopela editora espírita FE, destaca osefeitos das crenças espirituais nasaúde das pessoas, até mesmo a ora-ção, propondo condutas médicasespecíficas;2 b) as pesquisas do mé-dico Jeff Levin, professor de Medici-na preventiva e de Gerontologia dasuniversidades do Texas (EUA) e deMichigan (EUA), respectivamente.Em sua obra Deus, Fé e Saúde (edi-tora Cultrix-Pensamento) o autorrevela como a prece, a meditação e afé, independentemente do vínculoreligioso do indivíduo, podem pre-venir doenças, promover a saúde e obem-estar, além de reduzir taxas de

mortalidade, transformando-se emrecursos de renovação mental, como fortalecimento da esperança e dootimismo;3 c) o amplo estudo rea-lizado pelo cardiologista RandolphByrd, do Hospital Geral de SãoFrancisco, Califórnia (EUA), cujosresultados indicam que as “pessoasque adotam práticas religiosas oumantêm alguma espiritualidadeapresentam 40% menos chance desofrer de hipertensão, têm um siste-ma de defesa mais forte, são menoshospitalizadas, recuperam-se maisrápido e tendem a sofrer menosde depressão quando se encontramdebilitadas por enfermidades”.3

O psicólogo brasileiro João Fi-gueiró, do Centro Multidisciplinarda Dor do Hospital das Clínicas deSão Paulo, informa que “setores dosistema nervoso relacionados à per-cepção, à imunidade e a emoçõessão alteráveis por meio das crençase significados atribuídos aos fatos,entre outros fatores. Assim, um in-divíduo religioso tem condições deatribuir significados elevados ao

Em dia com o Espiritismo

daoraçãoN

MA RTA AN T U N E S MO U R A

Os benefícios

25Janei ro 2010 • Reformador 23

Page 26: reformador janeiro 2010 - a.qxp

seu sofrimento físico e padecer me-nos que um ateu ou agnóstico”.3

A oração é prática usual espírita,incentivada para ser realizada todosos dias e proferida em voz alta oumentalmente. Por ela,“[...] podemosfazer três coisas: louvar, pedir, agra-decer”.4 Ensina o Espiritismo que

o poder da prece está no pensa-

mento. Não depende de palavras,

nem de lugar, nem do momento

em que seja feita. Pode-se, portan-

to, orar em toda parte e a qualquer

hora, a sós ou em comum. A in-

fluência do lugar ou do tempo só

se faz sentir nas circunstâncias que

favoreçam o recolhimento.[...]5

Emmanuel, por sua vez, recor-da que a

oração refrigera, alivia, exalta,

esclarece, eleva, mas, sobretu-

do, afeiçoa o coração ao servi-

ço divino.

[...]

Em qualquer posição de dese-

quilíbrio, lembra-te de que a pre-

ce pode trazer-te sugestões divi-

nas, ampliar-te a visão espiri-

tual e proporcionar-te conso-

lações abundantes [...].6

Importa considerar, contudo, queduas (aparentes) contradições foramidentificadas nas pesquisas sobre aoração, sem explicação plausível paraa maioria dos cientistas. Uma, e maiscomum, refere-se ao fato de que aoração não beneficiaria todos osdoentes porque persiste a pequenaparcela de pacientes cuja enfermi-dade prossegue na sua marcha contí-nua, inexorável. A outra contradiçãoindica que a oração produziria efeitocontrário: agravamento do quadroclínico e morte súbita do paciente.

A ausência de respostas a taisquestionamentos acontece porquea prática médica ainda permanececentrada no corpo físico, persistin-do na ignorância acerca da realidadeespiritual e de certas implicaçõestranscendentais. Contudo, são resul-tados facilmente elucidados pelo Es-piritismo. Logo, não há muito a serfeito. No primeiro tipo de contra-dição, vários fatores justificam oprogresso de uma doença, a despei-to da prece e da assistência familiar,médica e hospitalar. Entre eles, po-demos considerar que, efetivamente,se aproxima o tempo previsto para adesencarnação da pessoa. Outros fa-tores poderiam estar relacionados aoquadro provacional do doente, à suapredisposição para captar e absorveras energias curadoras da prece, agradação de sua fé ou o entendi-mento que possui sobre a vida apósa morte do corpo. Por outro lado, épreciso considerar o teor (qualida-de) das energias emitidas por quemora. Não basta mera repetição de pa-lavras: cada ideia emitida na oraçãodeve ser impregnada das elevadasvibrações de amor ao próximo. Nes-te sentido, destaca-se o resultado deum estudo publicado no respeitávelperiódico científico The American

Journal of Medicine, que envolveu aparticipação de 10.000 pacientes:“Oamor aumenta a força das orações”.7

Sendo assim, é válido consideraras seguintes ponderações de Kardecquando ele analisa a sentença de Je-sus:“Tudo o que pedirdes na oração,crendo, o recebereis”(Mateus, 21:22):

Seria ilógico concluir desta má-

xima: “Seja o que for que peçais

26 Reformador • Janei ro 201024

Page 27: reformador janeiro 2010 - a.qxp

na prece, crede que vos será

concedido”, que basta pedir para

obter, como seria injusto acusar

a Providência se não atender a

toda súplica que lhe é feita, uma

vez que ela sabe, melhor do que

nós, o que é para o nosso bem.

É assim que procede um pai

criterioso que recusa ao filho o

que seja contrário aos seus inte-

resses. O homem, em geral, só vê

o presente. Ora, se o sofrimento

é útil à sua felicidade futura,

Deus o deixará sofrer, como o

cirurgião deixa que o doente

sofra as dores [...].

[...] Entretanto, na maioria das

vezes, o que o homem quer é ser

socorrido por um milagre, sem

nada fazer de sua parte.8

A outra contradição, reveladanas pesquisas que indicam agrava-mento de enfermidades e a mortesubsequente do paciente, após/du-rante as orações, indica, ao con-trário do que se supõe à primeiravista, um elevado benefício con-cedido pela misericórdia divina aodoente, que o liberta do jugo deum corpo que já não lhe é mais útile que só lhe provoca sofrimentos.Nessas condições, a oração atraiua presença de bondosos Espíritosque atuam nos processos do desli-gamento perispiritual, amenizan-do ou anulando as dificuldades e do-res vivenciadas pelo enfermo.

O certo é que, por força dosacontecimentos, a Ciência está sen-do convocada a rever os seus mé-todos e fundamentos materialistas.Felizmente, muitos cientistas e es-tudiosos revelam possuir visão pro-

gressista, de forma que uma novadisciplina já está em fase de inclu-são no currículo médico e de pro-fissões afins, denominada neurobio-

logia (bioteologia ou neurociência

espiritual). O objetivo da neurobio-logia é descobrir processos cogniti-vos que produzem experiências es-pirituais ou religiosas, relacionan-do-as com padrões de atividadeno cérebro, como ocorre a evoluçãohumana desse processo e quais sãoos benefícios dessas experiências.

Nesse contexto, mesmo que aspessoas não percebam os inestimá-veis benefícios da oração, esta de-ve favorecer, sempre, a melhoria doser, assim evidenciado por Jesus:“Vigiai e orai, para que não entreisem tentação...” (Mateus, 26:41.)

Referências:1BOBERG, José Lázaro. A oração pode

mudar sua vida. 3. ed. Capivari, SP: EME,

2008. P. 1, cap. 13, p. 111.2ASSOCIAÇÃO MÉDICO-ESPÍRITA DO BRA-

SIL. Medicina e espiritualidade: união de-

finitiva na prática médica. Disponível em:

<http: / /www.amebrasi l .org.br /html/

outras_medi.htm>. Acesso em: 10 de no-

vembro de 2009. (Publicada na Folha Es-

pírita, junho de 2005.)3CÔRTES, Celina; PEREIRA, Cilene, TA-

RANTINO, Mônica. A medicina da alma.

In: Revista IstoÉ. São Paulo: Editora 3, n.

1.859.4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos.

Trad. Evandro Noleto Bezerra. Ed. Come-

morativa do Sesquicentenário. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2008. Q. 659.5______. O evangelho segundo o espiri-

tismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. Rio

de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 27, item 15.6XAVIER, Francisco C. Vinha de luz. Pelo

Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janei-

ro: FEB, 2008. Cap. 21, p. 61-62.7DOSSEY, Larry. Rezar cura? In: Seleções

do reader's digest, p. 69, ago. 1996.8KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezer-

ra. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Cap. 27,

item 7, p. 458-459.

Desencarnou no dia 10 de de-zembro, às 19h, na cidade do Riode Janeiro, aos 96 anos, o nossoconfrade Agadyr Teixeira Torres.

Dedicado companheiro e tra-balhador da seara espírita teveseu primeiro contato com o Es-piritismo aos 12 anos.

Dirigiu a área de juventudeda Federação Espírita Brasilei-

ra de 1948 a 1959, exerceu a fun-ção de gerente de Reformador

e foi diretor do Parque Gráfi-co da FEB.

Participou dos trabalhos doGrupo Ismael durante mais de10 anos.

Ao irmão Agadyr, em seu re-torno à Pátria Espiritual, roga-mos as bênçãos de Jesus!

Agadyr Teixeira Torres

Retorno à Pátria Espiritual

27Janei ro 2010 • Reformador 25

Page 28: reformador janeiro 2010 - a.qxp

ão conhecemos manifestações psicográficasde André Luiz em que se refira, de modo ex-plícito, ao esperanto, excetuando-se uma pro-

messa feita a Ismael Gomes Braga, através de ChicoXavier, de que lhe daria, no tempo oportuno, informa-ções significativas, surpreendentes mes-mo, a respeito do idioma. Infelizmente,não anotamos a fonte – supomos serReformador – em que está regis-trada a manifestação do Espírito.

Mas André Luiz, em suas repor-tagens sobre a vida nas esferas espi-rituais próximas à Crosta, descrevesituações que evidenciam o efeito li-mitante da multiplicidade de lín-guas até mesmo no mundo invisível,aliás, confirmando o que outros Es-píritos deixaram revelado sobre a ne-cessidade de uma língua internacionalpara uso nas regiões de além-túmulo, co-mo Camilo Cândido Botelho, em Memó-

rias de um Suicida (já vertido ao esperan-to), e Francisco Valdomiro Lorenz,em O Esperanto como Revelação.

No capítulo 24 de Nosso Lar, ele diz de sua estra-nheza ao ouvir um apelo, formulado em bom portu-guês, através de aparelhagem destinada à comunica-ção na colônia espiritual em que estagiava. JulgavaAndré Luiz que ali deveria ser usada tão somente alinguagem do pensamento, por sobre quaisquer bar-reiras linguísticas.

Recebe então significativos esclarecimentos, de queextraímos o trecho a seguir:

– Estamos ainda muito longe das regiões ideais da

mente pura. [...] de modo geral, não podemos pres-

cindir da forma, no lato sentido da expressão. [...]

Os patrimônios nacionais e linguísticos rema-

nescem ainda aqui, condicionados a fron-

teiras psíquicas.1

Na Segunda Parte, capítulo 2, daobra Evolução em Dois Mundos, elealude ao fato de “que a linguagem ar-ticulada, no chamado espaço das na-

ções, ainda possui fundamental impor-tância nas regiões a que o homem co-mum será transferido imediatamen-

te após desligar-se do corpo físico”.2

E no capítulo 18 de Os Mensagei-

ros, indagando de um instrutor sobreas dificuldades para a comunicação com

Espíritos, trazidos dos campos de ope-ração na Polônia durante a 2a

Guerra Mundial, para atendi-mento nas regiões espirituais conexas ao espaçobrasileiro, recebe a informação de que:

André Luiz,em e sobre o esperanto

N

A FEB e o Esperanto

AF F O N S O SOA R E S

André Luiz

28 Reformador • Janei ro 201026

1XAVIER, Francisco C. Nosso lar. Pelo Espírito André Luiz. 3. ed.esp. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. p. 144-145.

2Idem. Evolução em dois mundos. Pelo Espírito André Luiz.1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. p. 192.

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– Os serviços de socorro, apesar de intensos na Eu-

ropa, têm sido muito bem organizados [...] para ca-

da grupo de cinquenta infelizes, as colônias do Velho

Mundo fornecem um enfermeiro-instrutor, com quem

nos possamos entender, de modo direto.3

Deita raízes, portanto, nas regiões espirituais, o pro-blema da multiplicidade de línguas, verdadeiro entrave amais vastos progressos, mas cuja solução, igualmenteconcebida no mundo dos Espíritos, já está na Terra des-de 1887, trazida pelo gênio de Lázaro Luís Zamenhof.

A disseminação crescente do Espiritismo, além denossas fronteiras, tem exigido dos adeptos que ser-vem em tão importante setor, esforços no sentido dedotarem os movimentos espíritas, que se vão organi-zando em outros países, do material de estudo comque tais movimentos possam seguir uma boa direçãonas práticas da Doutrina.

A atualidade tem mostrado o papel relevante, deci-sivo mesmo, da atuação do Conselho Espírita Interna-cional (CEI) na coordenação desses esforços. Multipli-cam-se as traduções, em diversos idiomas, sob o pa-trocínio desse órgão, das obras publicadas no Bra-sil, destacando-se, além da Codificação, os textos deAndré Luiz, que se mostram absolutamente neces-sários, como complemento a Kardec, para uma práti-ca escoimada de eventuais defeitos de interpretação.

Também o esperanto, nesse contexto, surge comoauxiliar precioso para a consecução de tão elevadosobjetivos, notadamente em alguns países do chama-

do Leste Europeu, onde as obras doutrinárias, en-contrando forte simpatia entre os esperantistas, sãovertidas para suas respectivas línguas nacionais.

Atenta a tão auspiciosa realidade, a Federação Es-pírita Brasileira (FEB), em harmonia com os objeti-vos do CEI, decidiu-se por fazer traduzir toda a obrade André Luiz na Língua Internacional Neutra.

Assim é que, além das traduções já existentes (Nia

Hejmo/Nosso Lar, Ago kaj Reago/Ação e Reação, En Pli

Granda Mondo/No Mundo Maior e Kristana Agen-

do/Agenda Cristã), estarão em breve disponibilizadasMisiistoj de la Lumo/Missionários da Luz e La Senditoj//Os Mensageiros, vertidas respectivamente por doisdos mais eminentes literatos do esperanto na atuali-dade, Geraldo Mattos e Gonçalo Neves, devendo se-guir-se-lhes as restantes.

Informamos ainda, por oportuno, que está emandamento o programa de paulatina reedição dasobras em esperanto publicadas pela FEB, já tendo si-do dadas a lume Kio estas Spiritismo?, La Libro de la

Spiritoj e La Evangelio la9 Spiritismo.Os textos de boa parte dessas publicações em espe-

ranto, pela FEB, encontram-se disponíveis, para lei-tura e download, na seção de esperanto do portal<http://www.febnet.org.br>. As demais serão oportu-namente inseridas na página da FEB.

Aproveitando o espaço, damos notícia de quetambém está pronta a versão em esperanto de Obras

Póstumas (Postmortaj Verkoj), pela qual respondemo articulista e o eminente literato esperantista, PauloSérgio Viana.

O trabalho prossegue, sob as vistas amorosas doCristo de Deus.

Livros em esperanto disponíveis paradownload no site da FEB

29Janei ro 2010 • Reformador 27

3XAVIER, Francisco C. Os mensageiros. Pelo Espírito André Luiz.2. ed. espec. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. p. 117.

Page 30: reformador janeiro 2010 - a.qxp

s benfeitores espirituais nosesclarecem que a mediu-nidade é recurso de traba-

lho e aprimoramento para o ho-mem da Terra. “É talento divinopara edificar o consolo e a instru-ção entre os homens.”1 Emmanuelainda nos ensina que a mediuni-dade “[...] é uma das mais belasoportunidades de progresso e deredenção concedidas por Deus aosseus filhos misérrimos”.2 Atravésdo maravilhoso intercâmbio entreos dois planos da vida, o ser huma-no ajuda-se, mutuamente, em fa-vor do seu aprimoramento, sob asupervisão amorosa de Deus.

A mediunidade é, pois, sublimeinstrumento da bondade divinapara redimir o ser das suas amarrasmilenares, transformando-o emagente impulsionador do progres-so na Terra.

Daí a grande responsabilidadedaquele que assume a tarefa de tra-balhar em favor de si mesmo e dobem comum, utilizando os recursosda mediunidade. É imprescindível

que se instrua, a fim de conhecer oscaminhos seguros da sua execução.

Emmanuel esclarece que “a pri-meira necessidade do médium éevangelizar-se a si mesmo antesde se entregar às grandes tarefasdoutrinárias [...]”.3 Elucida tam-bém que “a especialização na tare-fa mediúnica é mais que necessá-ria e somente de sua compreensãopoderá nascer a harmonia na gran-de obra de vulgarização da verdadea realizar”.4

Entendemos, também, que a prá-tica mediúnica exige disciplina, re-núncia e mesmo sacrifícios pessoais.Precisa haver, por parte do traba-lhador, comprometimento e buscaconstante da sublimação das ener-gias psíquicas, para que os frutosdo seu labor mediúnico sejam pro-veitosos a si mesmo e aos demais.

Portanto, pela complexidade deque se reveste a prática mediúni-ca, o trabalhador necessita buscaro conhecimento, a fim de exercer atarefa enobrecedora do intercâm-bio produtivo.

Allan Kardec já destacava aimportância de um curso regularde Espiritismo, “[...] com o fim dedesenvolver os princípios da Ciên-cia e de difundir o gosto pelos es-tudos sérios. Esse curso teria a van-tagem de fundar a unidade de prin-cípios, de fazer adeptos esclareci-dos, capazes de espalhar as ideiasespíritas e de desenvolver grandenúmero de médiuns”.5

O Codificador também alertaem O Livro dos Médiuns:

Todos os dias a experiência nos

traz a confirmação de que as di-

ficuldades e os desenganos, com

que muitos topam na prática

do Espiritismo, se originam da

ignorância dos princípios desta

ciência [...].6

A Doutrina Espírita, através dosseus ensinos, nos oferece a orien-tação segura para o correto exercí-cio da mediunidade, fazendo comque a sua prática se torne fonte deluz e esclarecimentos. É necessá-

A capacitaçãodo trabalhador da

mediunidade

OED NA MA R I A FA B RO

30 Reformador • Janei ro 2010 28

Page 31: reformador janeiro 2010 - a.qxp

rio, portanto, estudá-la de formametódica e sistemática, à luz doEvangelho de Jesus, antes e após oingresso na tarefa mediúnica:

A capacitação do trabalhador

deve, pois, estar assentada em

dois fundamentos básicos, que

constituem os seus referenciais:

a) o conhecimento doutrinário,

extraído das obras codificadas

por Allan Kardec, e, das suple-

mentares a estas, de autoria de

Espíritos fiéis às orientações da

Doutrina Espírita; b) conduta

espírita, ética e moral, segundo

as orientações de Jesus, conti-

das no seu Evangelho.7

Essa capacitação deve buscar,principalmente, favorecer o apro-fundamento de temas doutriná-rios, sobretudo os relacionados àprática mediúnica, desenvolvendoo gosto pelo estudo espírita. Deveainda preparar o trabalhador paraexercer a mediunidade de formanatural, como é preconizada pelaCodificação Espírita.

Neste sentido, é importanteatentar para o seguinte conceitode médium, existente em O Livro

dos Médiuns:

Todo aquele que sente, num grau

qualquer, a influência dos Espíri-

tos é, por esse fato, médium. Essa

faculdade é inerente ao homem;

não constitui, portanto, um pri-

vilégio exclusivo. Por isso mes-

mo, raras são as pessoas que dela

não possuam alguns rudimentos.

Pode, pois, dizer-se que todos

são, mais ou menos, médiuns.8

Assim sendo, todos nós somoscapazes de registrar, consciente ouinconscientemente, ideias e suges-tões dos Espíritos. Portanto, todospodem, em princípio, participarde uma reunião mediúnica e paraela contribuir positivamente, sen-do, porém, necessária a preparaçãodevida a tão importante tarefa.

A capacitação do trabalhadorda mediunidade, além de enfocaro conhecimento teórico, necessitaoferecer a oportunidade da expe-rimentação. Para se desenvolver

qualquer habilidade é necessárioque o candidato tenha conheci-mento da teoria e realize exercí-cios continuados. Assim tambémocorre com as faculdades psíqui-cas. Para saber se alguém possuialgum tipo de mediunidade é pre-ciso exercitá-la.

Allan Kardec esclarece:

[...] por nenhum diagnóstico se

pode inferir, ainda que aproxi-

madamente, que alguém possua

essa faculdade. Os sinais físicos,

31Janei ro 2010 • Reformador 29

Page 32: reformador janeiro 2010 - a.qxp

em os quais algumas pes-

soas julgam ver indícios,

nada têm de infalíveis. Ela se

manifesta nas crianças e nos

velhos, em homens e mu-

lheres, quaisquer que sejam

o temperamento, o estado

de saúde, o grau de desen-

volvimento intelectual e mo-

ral. Só existe um meio de se

lhe comprovar a existência.

É experimentar.9

A capacitação deve, ainda,auxiliar o trabalhador a se inte-grar nas atividades da Casa Espí-rita. É importante que o media-neiro, além da sua atuação nasreuniões de estudo da mediuni-dade, seja também um partici-pante ativo das demais tarefas daCasa. Isto vai favorecer o desen-volvimento das habilidades ne-cessárias para o exercício do in-tercâmbio mediúnico.

Outro fator a se considerar napreparação do trabalhador da me-diunidade é a conscientização daimportância do trabalho em equi-pe. Uma reunião é um ser coletivo,cujas qualidades são a soma de to-das as dos seus membros. O suces-so da tarefa mediúnica é resultadoda união dos seus participantes.

Em O Livro dos Médiuns, segun-da parte, item 341, o Codificadorestabelece as condições para a boaprodutividade da reunião mediú-nica, das quais destacamos:

Perfeita comunhão de vistas e

de sentimentos;

Cordialidade recíproca entre to-

dos os membros;

Ausência de todo sentimento

contrário à verdadeira caridade

cristã.10

Como nos alerta o EspíritoEmmanuel, não pode “haver cons-trução útil sem estudo e atividade,atenção e suor”.11 Quem queira sin-ceramente contribuir no intercâm-bio mediúnico, precisa estudar sem-pre e buscar o próprio burilamen-to interior, a fim de produzir o me-lhor na Seara do Senhor.“Mas, exer-cer a mediunidade como força ativano ministério do bem é fruto da ex-periência de quantos lhe esposama obrigação, por senda de discipli-na e trabalho, consagrando-se, diaa dia, a estudar e servir com ela.”12

“Espíritas! amai-vos, este o pri-meiro ensinamento; instruí-vos, es-te o segundo.”13 Esta é a inolvidáveladvertência do Espírito de Verdade,gravada na Codificação Espírita.

Referências:1XAVIER, Francisco C. Seara dos médiuns.

Pelo Espírito Emmanuel. 19. ed. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2009. Médiuns

transviados, p. 310.

2______. O consolador. Pelo Espírito

Emmanuel. 28. ed. 2. reimp. Rio de

Janeiro: FEB, 2009. Q. 382.3______.______. Q. 387.4______.______. Q. 388.5KARDEC, Allan. Obras póstumas. 40. ed.

Trad. Guillon Ribeiro. Rio de Janeiro: FEB,

2007. P. 2, Projeto – 1868, item Ensino

Espírita.6______. O livro dos médiuns. Trad.

Guillon Ribeiro. 80. ed. 1. reimp. Rio de

Janeiro: FEB. Introdução, p. 13.7APOSTILA ESTUDO E PRÁTICA DA MEDIU-

NIDADE. Programa II. 3. ed. Brasília: FEB,

2007. Roteiro 4, p. 90.8KARDEC, Allan. O livro dos médiuns.Trad.

Guillon Ribeiro. 80. ed. 1. reimp. Rio de

Janeiro: FEB. Cap. 14, item 159.9______.______. Cap. 17, item 200.10______.______. Cap. 29, item 341.11XAVIER, Francisco C. Seara dos médiuns.

Pelo Espírito Emmanuel. 19. ed. 1. reimp.

Rio de Janeiro: FEB, 2009. Mediunidade e

trabalho, p. 348.12______.______. Aptidão e experiência,

p. 223.13KARDEC, Allan. O evangelho segundo

o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129.

ed. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. 6,

item 5.

32 Reformador • Janei ro 2010 30

Grupo de Estudo da Mediunidade

Page 33: reformador janeiro 2010 - a.qxp

simplicidade e humildadedo Benfeitor espiritualEmmanuel pode levar o

estudioso iniciante a crer que hajaerros nas informações trazidaspelo romance histórico Paulo e

Estêvão. Na época em que essa ex-traordinária obra veio a lume(1942), é certo que a maioria dosdados históricos, sobretudo aque-les relacionados à cronologia, es-tavam em discordância com aspesquisas bíblicas publicadas naprimeira metade do século XX.

Ainda hoje, enciclopédias, di-cionários bíblicos, artigos espar-sos, produzidos por autores da-quele período ou por pessoasque não atualizaram seus estu-dos, contêm dados, datas, infor-mes diametralmente opostos aodaquela obra mediúnica. Por ou-

tro lado, a mais recente pesquisaacadêmica (1980-2009) parececonfirmar cada detalhe deste ro-mance espiritual, como se podeconstatar do trabalho de John P.Meier, E. P. Sanders, W. D. Da-vies, Craig Evans, Bruce Chilton,James H. Charlesworth, JosephFitzmyer, Barth Ehrman, David

Flusser, Geza Vermes, HaroldoHoehner, para citar apenas osmais conhecidos.

Temos abordado nesta coluna,ainda que de forma resumida esimples, as datas mais significati-vas do primeiro século do Cristia-nismo, conjugando essa recentepesquisa histórica com as revela-ções espirituais presentes na obraPaulo e Estêvão, no intuito de for-necer um quadro cronológicodesse período, capaz de auxiliar oleitor na leitura e compreensão doNovo Testamento, em especial dolivro Atos dos Apóstolos.

Nesse sentido, transcorridosmais de um ano desse esforço,sentimos necessidade de fornecerum resumo dos dados apresenta-dos até o presente momento, naesperança de que essa “tabela cro-nológica” seja útil a todos que an-seiam por uma compreensão maisprecisa da “História da Era Apos-tólica”, com vistas a uma melhor

33Janei ro 2010 • Reformador 31

A

Cristianismo Redivivo

HA RO L D O DU T R A D I A S

“Desde já, vejo os críticos consultando textos e combinando versículospara trazerem à tona os erros do nosso tentame singelo. [...] e ao

pedantismo dogmático, ou literário, de todos os tempos, recorremos aopróprio Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito vivifica.”1

História da Era ApostólicaSíntese da Cronologia

1XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão. Pe-lo Espírito Emmanuel. 44. ed. 2. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2009. Breve notícia, p. 10.

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apropriação do conteúdo espiri-tual da mensagem evangélica.

Naturalmente, não poderemosexplicar meticulosamente todas asdatas apresentadas, remetendo oleitor aos números anteriores darevista Reformador, onde poderãoser encontrados informes maisdetalhados, com a dedução de ca-da data específica.

Todas essas datas são apresen-tadas com a menção da estação doano correspondente, tendo emvista a impossibilidade, na maio-ria dos casos, de se fixar o dia e omês exato do evento. Por esta ra-zão, cumpre lembrar que nos paí-ses banhados pelo Mar Mediter-râneo o clima é muito semelhan-te, com verões secos e quentes einvernos moderados e chuvosos.As estações do ano se dividemem dois grandes blocos: primave-ra–verão (abril–setembro) e ou-tono–inverno (outubro–março).

É importante ressaltar que oromance mediúnico Paulo e Estê-

vão representa uma espécie de “bas-tidores”, making-off do livro bíblicoAtos dos Apóstolos, razão pelaqual é indispensável sua leiturae citação. O fio condutor de to-da a história apostólica se en-contra em Atos dos Apóstolos eEmmanuel irá seguir esse ro-teiro de forma rigorosa.

A crucificação de Jesus se deuem abril/maio do ano 33 d.C.,2 aopasso que Pentecostes (Atos, 2)

ocorreu cinquenta dias depois da-quela data. Ainda nesse ano, Pe-dro discursou no Templo de Jeru-salém (Atos, 3:1; 4:31).

No ano 34 d.C., Pedro fixa resi-dência na cidade de Jerusalém,fundando a “Casa do Caminho”,primeiro núcleo cristão de assis-tência aos necessitados e divulga-ção do Evangelho. Por essa época,ocorreu a pitoresca morte de Ana-nias e Safira (Atos, 4:32; 5:11).

Os primeiros acontecimentosdescritos no romance Paulo e Es-

têvão ocorreram na primave-ra/verão do ano 34 d.C., ocasiãoem que Jeziel (Estêvão) é levadocativo para as galeras romanas(outono de 34 d.C.), e acabaaportando doente em Jerusalém,sendo conduzido para a “Casa doCaminho” no inverno de 34/35d.C., ou seja, final daquele ano einício do outro.

Nesse mesmo período, talvez,Pedro foi preso e discursou no Si-nédrio (Atos, 5:12-42), sendo li-bertado em função da célebre in-tervenção de Gamaliel.

Na primavera do ano 35 d.C.,Estêvão é nomeado para ser umdos sete trabalhadores que coope-rariam com os Apóstolos nos tra-balhos da igreja nascente (Atos,6:1-7), sendo preso e apedrejadopouco tempo depois, no verão doano 35 d.C.3 (Atos, 6:8; 7:60).

Decorridos oito meses da mor-te do primeiro Mártir, Saulo pro-

cura Abigail na pequena proprie-dade rural situada na estrada deJope, surpreendendo-a em graveestado de saúde. Esse dramáticoencontro entre Saulo e Abigail sópode ter ocorrido no início doano 36 d.C.4

Adentrando em Damasco, aco-metido de temporária cegueira,após a gloriosa visão do Cristo,o jovem Saulo sente que “gros-sos pingos de chuva caíam, aquie ali, sobre a poeira ardente dasruas”.5 A primavera tem iníciono mês de abril, quando cessamas chuvas.

Nesse caso, é plausível pos-tular, com base nos informes de Emmanuel, que a conversão deSaulo se deu antes da primavera,ou seja, no primeiro trimestredo ano 36 d.C.6

Após breve estada em Damas-co, Paulo se retira para o deserto(Atos, 9:8-25; Gálatas, 1:15-18). Otempo de permanência do antigodoutor da lei no deserto de Palmi-ra foi estabelecido de forma pre-cisa: três anos (Gálatas, 1:17-18).Emmanuel confirma e esclarecedetalhes sobre esse período. Du-rante sua estada no Oásis de Dan,Paulo foi surpreendido com a

34 Reformador • Janei ro 2010 32

2Consultar o artigo intitulado “A crucifi-cação de Jesus”, publicado na revista Re-

formador, ano 126, n. 2.154, setembro de2008, p. 33(351)-35(353).

3Consultar o artigo intitulado “O primei-ro Mártir”, publicado na revista Reforma-

dor, ano 127, n. 2.158, janeiro de 2009,p. 29(27)-31(29).

4Consultar o artigo intitulado “A conver-são de Saulo”, publicado na revista Refor-

mador, ano 127, n. 2.160, março de 2009,p. 36(114)-37(115).

5XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão. Pe-lo Espírito Emmanuel. 44. ed. 2. reimp. Riode Janeiro: FEB, 2009. P. 1, cap. 10, p. 250.

6Consultar o artigo intitulado “A conver-são de Saulo”, publicado na revista Refor-

mador, ano 127, n. 2.160, março de 2009,p. 36(114)-37(115).

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notícia da morte do seu grandeorientador, Gamaliel.7

Ao retornar do Oásis de Dan,no deserto da Arábia, Paulo passapor Damasco (Gálatas, 1:17), deonde se retira às pressas, escondi-do em um cesto, tendo em vista aordem de prisão contra ele expe-dida (Atos, 9:19-25).

A chegada de Paulo em Jerusa-lém (Atos, 9:26-29; Gálatas, 1:18--20) verificou-se num dia quentede verão, três anos após sua con-versão em Damasco, ou seja, noverão do ano 39 d.C. Sua perma-nência na Judeia foi extremamente

curta, pois se viu obrigado a fugirda perseguição dos membros daSinagoga dos cilícios, após ter feitoardorosa pregação naquele local.8

Aconselhado por Simão Pedro, otecelão fixou residência em sua cida-de natal, Tarso (Atos, 9:30; Gálatas,1:21), pelo período de três anos. Es-sas informações podem ser encon-tradas no romance Paulo e Estêvão:

[...] Saulo de Tarso, agora re-

sistente como um beduíno, de-

pois de agradecer a generosi-

dade do benfeitor e despedir-se

dos amigos com lágrimas nos

olhos, tomou novamente o ru-

mo de Damasco, radi-

calmente transforma-

do pelas meditações de

três anos consecutivos,

passados no deserto.9

(Grifo nosso.)

Assim, durante três anos,

o solitário tecelão das

vizinhanças do Tauro

exemplificou a humil-

dade e o trabalho, espe-

rando devotadamente

que Jesus o convocasse

ao testemunho.10 (Gri-

fo nosso.)

Desse modo, a per-manência de Pauloem Tarso se esten-deu do verão do ano39 d.C. ao verão doano 42 d.C., “até que

Barnabé o convidasse para ostrabalhos promissores na Igrejade Antioquia”.11

Em resumo, da data de sua con-versão em Damasco até sua che-gada em Antioquia, transcorreramseis longos anos (primeiro trimes-tre do ano 36 d.C. até o verão doano 42 d.C.), nos quais o Apósto-lo dos Gentios consolidou as pro-fundas transformações que o en-contro com Jesus lhe provocou.

35Janei ro 2010 • Reformador 33

7Consultar o artigo intitulado. “A prepara-ção no deserto”, publicado na revista Re-

formador, ano 127, n. 2.162, maio de 2009,p. 34(192)-36(194).

8Consultar o artigo intitulado “O regresso aTarso”, publicado na revista Reformador, ano127,n.2.164,julho de 2009,p.34(272)-35(273).

9XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão.Pelo Espírito Emmanuel. 39. ed. Rio deJaneiro: FEB, 2003. P. 2, cap. 2, p. 320.

10Idem, ibidem. p. 385.

11Consultar o artigo intitulado “O regres-so a Tarso”, publicado na revista Reforma-

dor, ano 127, n. 2.164, julho de 2009,p. 34(272)-35(273).

Paulo pregando em Atenas (desenho animado para a Capela Sistina)

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O “Novo Teatro”, em Minsk(Bielorrússia), sediou históricoevento nos dias 24 a 26 de novem-bro de 2009. Na primeira viageminstitucional para difusão do Espi-ritismo, em terras da antiga UniãoSoviética, foram lançados livrosno idioma russo pelo ConselhoEspírita Internacional (CEI): ascinco obras básicas da Codificaçãoe livros psicográficos de FranciscoCândido Xavier: Há Dois Mil Anos,Nosso Lar, Os Mensageiros, Mis-

sionários da Luz, Libertação, Nos

Domínios da Mediunidade e No

Mundo Maior. A tradução foi rea-lizada por Spartak Severin, a par-tir de edições do CEI em francês.Além do lançamento das obras

citadas, no dia 24 de novembro,o diretor da FEB e do CEI An-tonio Cesar Perri de Carvalhoproferiu palestra sobre os “152Anos do Espiritismo – Missão dosEspíritas”, com a tradução con-comitante de Spartak, do inglês

para o russo. Em seguida, houveum momento para perguntas edepoimentos dos integrantes doGrupo anfitrião. A atividade, comcerca de 50 pessoas, foi coordena-da pela dirigente do Grupo Espí-rita de Minsk, Sra. Eugeny Koto-vich. Também estavam presen-tes a diretora do CEI Elsa Rossi, eCélia Maria Rey de Carvalho, espo-sa do expositor. No dia 25 os doisdiretores do CEI, citados, fize-ram, no mesmo local, apresenta-ção sobre a atuação do CEI e oEspiritismo no mundo. No diaseguinte, houve visita ao GrupoEspírita de Minsk. Informações:<[email protected]>.

36 Reformador • Janei ro 2010 34

Livros de Kardec

lançados em russo

Diretor do CEI entrega livros em russo ao tradutor Spartak Severin e à dirigente Eugeny Kotovich

e Chico Xavier

Pessoas interessadas nos livros lançados em russo

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37Janei ro 2010 • Reformador 35

1. Instalação, prece epalavra do presidentedo CFN

O presidente da FEB, Nestor JoãoMasotti, abriu a Reunião com sau-dação a todos, teceu consideraçõescom respaldo evangélico, e proferiua prece de Abertura.Destacou a satis-fação de iniciar mais uma Reuniãodo CFN, contando com a presençados representantes das 26 EntidadesFederativas Estaduais e a do Distri-to Federal; como convidados, dosrepresentantes das Entidades Espe-cializadas de Âmbito Nacional, quese reuniram na véspera: Associa-ção Brasileira de Artistas Espíritas(Abrarte), Associação Brasileirade Divulgadores do Espiritismo(Abrade), Associação Brasileira de

Esperantistas-Espíritas (ABEE), As-sociação Brasileira dos Magistra-dos Espíritas (ABRAME), Associa-ção Médico-Espírita do Brasil (AME--Brasil), Cruzada dos Militares Espí-ritas (CME) e Instituto de CulturaEspírita do Brasil (ICEB).

2. Expediente

Foi aprovada por unanimidadea Ata da Reunião realizada nos dias7, 8 e 9 de novembro de 2008, pu-blicada na Edição Especial da re-vista Reformador, de maio de 2009.

3. Ordem do Dia

3.1 Apresentação do relatóriodas atividades das Entida-des Federativas Estaduais

As Entidades Federativas entre-garam relatórios escritos sobre asações realizadas ao longo desteano, preenchendo um formulárioeletrônico fornecido pela Secreta-ria-Geral do CFN, e algumas ex-puseram pôsteres.

3.2 Atividades FederativasEste item da Pauta foi desenvol-

vido em forma de estudo em gru-po, sob a coordenação da Secreta-ria-Geral do CFN. Os representan-tes das Entidades Federativas fo-ram divididos em quatro grupos,de conformidade com as Comis-sões Regionais do CFN (Norte, Nor-deste, Centro e Sul). Os grupos fo-ram coordenados pelos secretáriosdas Comissões Regionais, escolhen-do-se secretários e relatores.

A Reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB, realizada em sua sede, em Brasília,

nos dias 6, 7 e 8 de novembro de 2009, obedeceu à seguinte pauta:

Conselho Federativo Nacional

Reunião Ordinária doConselho Federativo Nacional

Mesa de Abertura: palavra do presidente Nestor João Masotti

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Procedeu-se ao estudo sobre ametodologia das Reuniões das Co-missões Regionais, para 2011, ha-vendo apresentação em plenáriodas propostas das citadas Regiões, edefinindo-se que será adotada for-matação sugerida para cada Região.

Realizou-se a análise do antepro-jeto do texto “Orientação aos Ór-gãos de Unificação”, elaborado apartir da proposta de aprimora-mento do documento “Diretrizesda Dinamização das Atividades Es-píritas” (aprovado pelo CFN em1983), com base em minuta elabo-rada pela Secretaria-Geral do CFN,já discutida nas Reuniões das Co-missões Regionais de 2009, e incor-porando sugestões recebidas de En-tidades Federativas Estaduais.As su-gestões foram apresentadas em ple-nário, sendo o citado documentoaprovado por unanimidade, defi-nindo-se também uma comissão deredação final, integrada pelos pre-sidentes das Entidades FederativasEstaduais de Goiás, Minas Gerais eRio Grande do Norte, sob a coorde-nação da Secretaria-Geral do CFN.O referido documento será edita-do pela FEB e lançado durante aReunião Especial do CFN, emabril de 2010. Ao final, o secretário-

-geral do CFN, Antonio Cesar Per-ri de Carvalho, destacou o signifi-cado da aprovação do documento“Orientação aos Órgãos de Unifi-cação”, dentro das comemoraçõesdos 60 anos do Pacto Áureo.

Em plenário, os coordenadoresde Áreas das Comissões Regionais doCFN apresentaram algumas infor-mações relevantes de seus âmbitosde atuação: Atendimento Espiritualno Centro Espírita, por Maria EunyHerrera Masotti; Atividade Mediú-nica, por Marta Antunes de Oli-veira Moura; Comunicação SocialEspírita, por Merhy Seba; EstudoSistematizado da Doutrina Espírita,por Sônia Arruda Fonseca; Infân-cia e Juventude, pelo assessor CirneFerreira de Araújo; Serviço de Assis-tência e Promoção Social Espírita,por José Carlos da Silva Silveira.

Ao finalizar o item sobre Ativi-dades Federativas, o secretário--geral do CFN enalteceu o que setem feito para a implementaçãodo “Plano de Trabalho para o Mo-vimento Espírita Brasileiro (2007--2012)” e de Orientação ao Centro

Espírita, e sobre o planejamentodas ações federativas para 2009;referiu-se à reunião conjunta e es-pecial das Comissões Regionais

do CFN, no dia 15 de abril de2010, antecedendo a abertura do3o Congresso Espírita Brasileiro.

3.3. Atividades EditoriaisO vice-presidente da FEB Ilcio

Bianchi prestou informações sobreas atividades do DepartamentoEditorial e acerca da participaçãoda Federação na XIV Bienal do Li-vro do Rio de Janeiro, com parce-rias de várias Entidades FederativasEstaduais, no período de 10 a 20 desetembro. A vice-presidente CecíliaRocha referiu-se à edição e difusãode Programas de Estudos Doutri-nários, comentando que se com-pletaram 30 anos da edição deapostilas. O vice-presidente AltivoFerreira comentou sobre a ediçãoda revista Reformador. Vários re-presentantes de Entidades Federa-tivas se manifestaram com pergun-tas e sugestões quanto à distribui-ção e divulgação de livros.

3.4 Projeto Centenário de Chi-co Xavier e 3o CongressoEspírita Brasileiro

O coordenador do Projeto, Anto-nio Cesar Perri de Carvalho, apre-sentou as ações realizadas, desdo-bramentos e outras providências,

38 Reformador • Janei ro 2010 36

Aspecto do Plenário

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em função do “Projeto Centenáriode Chico Xavier”, para 2010. JoãoPinto Rabelo, coordenador do 3o

Congresso Espírita Brasileiro, infor-mou sobre o andamento dos prepa-rativos deste evento, programadopara os dias 16 a 18 de abril de 2010,em Brasília. Em seguida, FernandoLeite, representante da agência depublicidade selecionada para aelaboração das peças de divulgaçãodos citados Projeto e Congresso, fezapresentação dos novos cartazes ebanners. Houve um momento paradiálogo com os integrantes do CFNa respeito desta apresentação.

3.5 Comemorações: Sesquicen-tenário do livro O Que éo Espiritismo e 60 anosdo Pacto Áureo e do CFN

O secretário-geral do CFN re-feriu-se às principais atividadescomemorativas, destacando os se-minários e palestras sobre os 60anos do Pacto Áureo na sede his-tórica da FEB, no Rio de Janeiro,numa parceria CEERJ/FEB, e nasede da FEB, em Brasília. A seguir,enfatizou os 60 anos de instalaçãodo CFN, criado pelo Pacto Áureo.Recordou os participantes da pri-meira Reunião do CFN, realizadano dia 1o de janeiro de 1950, eseus desdobramentos iniciais, in-clusive a “Caravana da Fraterni-dade” efetivada no final do mes-mo ano. A propósito, informouque o livro A Caravana da Frater-

nidade, de Leopoldo Machado,será reeditado pela FEB durante oano de 2010. Prosseguindo, leu asmensagens “Pacto Áureo Íntimo”,do Espírito Bady Elias Cury, e

“Aos Trabalhadores do Movi-mento Federativo”, de um EspíritoAmigo, ambas psicografadas porRicardo Silva, no dia 4 de novem-bro de 2009, na FEB, em Brasília.

3.6 Campanhas Família, Vidae Paz

Houve relato, por parte do se-cretário-geral do CFN, sobre o tra-balho realizado para o desenvolvi-mento das Campanhas, destacan-do as informações sobre as açõesrelacionadas com o Movimento Em

Defesa da Vida – Brasil Sem Abor-to. Jaime Ferreira Lopes, assessorda Federação Espírita do DistritoFederal e vice-presidente do Movi-mento Nacional “Brasil Sem Abor-to”, prestou esclarecimentos sobrea mobilização em torno do tema eacerca do andamento de Projetosde Lei no Congresso Nacional.

3.7 Movimento Espírita Inter-nacional

Para esclarecimentos sobre ativi-dades do Conselho Espírita Inter-nacional, notadamente ao longo doano de 2009, fizeram uso da pala-vra Nestor João Masotti e AntonioCesar Perri de Carvalho, respecti-vamente secretário-geral e mem-bro da Comissão Executiva do CEI.Informou-se sobre a primeira via-gem institucional a território daantiga União Soviética, programa-da para a cidade de Minsk (Bielor-rússia), no final de novembro de2009, com lançamento de ediçõesdo CEI, em russo, de livros deAllan Kardec e psicografados porFrancisco Cândido Xavier (Espíri-tos Emmanuel e André Luiz). Na

sequência, Luís Hu Rivas teceuconsiderações alusivas à TVCEIe Fernando Quaglia sobre aEDICEI.

3.8 Comissão sobre Arte Es-pírita

A integrante dessa Comissão,Sandra Farias de Moraes, apresen-tou uma análise inicial sobre a con-ceituação de Arte Espírita. Após al-gumas manifestações de membrosda Comissão e integrantes do CFN,ficou definido que o texto será ana-lisado e ampliado para ser inseridona pauta da próxima Reunião Or-dinária do CFN.

3.9 Bases para melhor orien-tação sobre a LiteraturaEspírita

O secretário da Comissão Regio-nal Sul, Francisco Ferraz Batista,apresentou proposta da referidaComissão sobre o tema, o qualgerou diversas manifestações dosintegrantes do CFN. Houve tam-bém apresentação de análise so-bre literatura espírita por parte darepresentante da Federação Espí-rita do Estado de Mato Grosso,Luiza Leontina Andrade Ribeiro, ede representante do Conselho Es-pírita do Estado do Rio de Janei-ro, Humberto Portugal Karl, queapresentou o opúsculo O Bom

Leitor, já adotado em seu Estado.Ao final, foi aprovada, em caráterexperimental, a proposta da Co-missão Regional Sul para que sejaadotada ao longo do ano, retor-nando para acompanhamento,avaliação e deliberação em próxi-ma Reunião Ordinária do CFN.

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3.10 Organizações Religiosase a Assistência e Promo-ção Social

O membro da Co-missão constituídapelo CFN e vice-pre-sidente da FEB JoséCarlos da Silva Sil-veira prestou infor-mações gerais sobreo tema e passou a pa-lavra a Clodoaldo deLima Leite, assessor daPresidência da FEB erepresentante da mesma junto aoConselho Nacional de Assistên-cia Social, que falou sobre o an-damento de Projetos de Lei e seusimpactos em tal atividade, e in-formou acerca da participação daFEB no Fórum Nacional de As-sistência Social.

3.11 Assuntos geraisVários representantes de Entida-

des Federativas Estaduais e de Enti-dades Especializadas de Âmbito Na-cional, assessoras do CFN, fizeramuso da palavra para considera-ções relativas aos desdobramen-tos de temas analisados pelo CFNe programações de suas institui-

ções. Foi proposto que seja incluí-do na pauta da próxima Reunião

Ordinária do CFN o tema“Captação de Recursos

para Sustentabilidadede Entidades Fede-rativas Estaduais”.

3.12 Próximasreuniões

O CFN terá umaReunião Especial nodia 15 de abril de 2010,véspera da abertura

do 3o Congresso Espírita Brasilei-ro, e a Reunião Ordinária nos dias5, 6 e 7 de novembro de 2010.

4. Encerramento

Os momentosfinais da Reuniãocontaram com apresença de DivaldoPereira Franco. Ao fi-nal, ele recebeu men-sagem psicofônica deBezerra de Menezes(publicada nesta edi-ção de Reformador, p. 8-9). O pre-sidente da FEB considerou a ma-nifestação mediúnica uma prece

de encerramento, agradeceu a pre-sença e a colaboração de todos, edeu por concluída a Reunião. Emseguida, todos os participantes doPlenário, de pé, cantaram a “Can-ção da Alegria Cristã”.

Palestras e mensagens

José Raul Teixeira, em visita àReunião do CFN, recebeu as men-sagens “Portal de lucidez” (ver p.15 desta edição), “Preparando oamanhã feliz” e “Homem de bem”(as duas últimas serão publicadasem próximas edições de Reforma-

dor). Na tarde de sábado (dia 7)Divaldo Pereira Franco

falou aos membros doCFN e, no domingoà tarde, com pro-moção do CFN,proferiu palestrano Auditório Pedro

Calmon, do QG doExército. Ambos osconferencistas tam-bém proferiram pales-tras públicas, no perío-

do da Reunião do CFN, em even-tos programados pela ComunhãoEspírita de Brasília.

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Divaldo Pereira Francono Encerramento

Raul lendo mensagempor ele psicografada

Componentes da Mesa e os demais participantes da Reunião, de pé,cantando a “Canção da Alegria Cristã”

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Realizou-se na sede da Federa-ção Espírita Brasileira, em 5 de no-vembro de 2009, a reunião das En-tidades Especializadas de ÂmbitoNacional, com a seguinte partici-pação: Associação Brasileira de Es-perantistas-Espíritas (ABEE): Wal-dir Antônio Silvestre, representan-te, e Lício de Almeida Castro, asses-sor; Associação Brasileira de Divul-gadores do Espiritismo (Abrade):Marcelo Henrique Pereira, repre-sentante, e Júlia Cristiane SchultzPereira, assessora; Associação Bra-sileira dos Magistrados Espíritas(ABRAME): Weimar Muniz de Oli-veira, representante, e Maria Pieda-de Bueno Teixeira, assessora; Asso-ciação Brasileira de Artistas Espí-ritas (Abrarte): Rogério Felisbertoda Silva, representante, e Marcus

Azuma, assessor; Associação Mé-dico-Espírita do Brasil (AME--BRASIL): Gilson Luis Roberto, re-presentante; Cruzada dos Milita-res Espíritas (CME): Danilo Car-valho Villela, representante, e EloyCarvalho Villela, assessor; Institu-to de Cultura Espírita do Brasil(ICEB): Fábio Azevedo Peluso, re-presentante, e Yasmin Maria Ma-deira da Costa, assessora.

O presidente da FEB, NestorJoão Masotti, dirigiu os trabalhos,estando presentes os vice-presiden-tes Cecília Rocha, Altivo Ferreira eIIcio Bianchi, e os diretores Anto-nio Cesar Perri de Carvalho e JoséValdo de Oliveira.

Foram tratados os seguintes as-suntos: Análise sobre o crescimentoe a difusão da Doutrina Espírita em

âmbito nacional e internacional;Análise da participação das Entida-des Especializadas nas atividades daCampanha Em Defesa da Vida; Ava-liação do resultado das atividadesdesenvolvidas no decorrer do ano de2009, dando ênfase à importânciada obra de Chico Xavier; Contribui-ções das Entidades Especializadaspara o Projeto Centenário de ChicoXavier, enfocando a obra de Fran-cisco Cândido Xavier; Participaçãode outras Entidades na reunião dasEspecializadas de Âmbito Nacional;Exploração saudável das obras deChico Xavier na Arte Espírita (mú-sicas, poesias, peças teatrais etc.).

A reunião foi encerrada pelo pre-sidente da FEB, após a prece profe-rida pelo representante da Asso-ciação Médico-Espírita do Brasil.

Entidades Especializadasreúnem-se na FEB, em Brasília

Grupo formado por dirigentes da FEB e representantes das Entidades Especializadas

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Minas Gerais: Família, União e CoraçãoA União Espírita Mineira promoveu, na sua sede, emBelo Horizonte, no dia 5 de dezembro de 2009, das16h às 18h30, o seminário “Família,União e Coração”,com o expositor Emerson Pedersolli, sendo objetivodo evento o estudo do tema “Jesus e a família”. Houvegrande divulgação da campanha “O Evangelho noLar e no Coração” e, também, apresentação de músi-ca e teatro. Informações: <www.uemmg.org.br>.

Espírito Santo: A Família no mundoem transição

O 9o Congresso Espírita do Estado do Espírito Santo,que abordou o tema “A Família no mundo em tran-sição”, contou com participantes e expositores do Esta-do anfitrião e de Minas Gerais. O evento foi promovi-do pela Federação Espírita do Estado do Espírito San-to, no Centro de Convenções de Vitória, nos dias 28e 29 de novembro. Informações: <www.feees.org.br>.

Sergipe: Jornada sobre Estudos DoutrináriosNos dias 28 e 29 de novembro, foi realizada a Jornadasobre Estudos Doutrinários, com o tema “RealidadeAtual, Desafio e Perspectivas”, em uma realizaçãoda Coordenadoria de Estudos Doutrinários, Atendi-mento Espiritual e Unificação da Federação Espíritado Estado de Sergipe.

Pará: Feira Panamazônica do LivroIniciou-se no dia 6 de novembro a XIII FeiraPanamazônica do Livro, no Hangar Centro deConvenções e Feiras da Amazônia, em Belém. AFeira, que encerrou as atividades no dia 15, teve a participação da União Espírita Paraense com um estande no local, promovendo a divulgaçãode livros, DVDs e CDs espíritas. Informações:<www.paraespirita.com.br>.

Alemanha: Encontro de Grupos EspíritasA União Espírita Alemã realizou em Berlim, nosdias 28 e 29 de novembro, o VII Encontro Nacio-

nal dos Grupos Espíritas Alemães. Nestor JoãoMasotti, secretário-geral do Conselho EspíritaInternacional e presidente da Federação EspíritaBrasileira, foi um dos expositores. Informações:<www.spiritismus-dsv.de>.

Rodovia Chico XavierO vice-presidente da República, José de Alencar,no exercício da Presidência, sancionou a Lei no

12.065, de 29 de outubro de 2009, cujo artigo 1o dis-põe: “É denominado Chico Xavier o trecho da ro-dovia BR-050, entre a divisa dos Estados de SãoPaulo e Minas Gerais e a divisa dos Municípiosde Uberaba com Uberlândia, no Estado de MinasGerais”.

Espanha: Congressos Nacional e MundialA Federação Espírita Espanhola promoveu nos dias6, 7 e 8 de dezembro, em Calpe, o 17o Congresso Es-pírita Nacional. O evento ocorreu no Hotel Diaman-te Beach e teve como tema central “Vida antes e de-pois da vida”. Simultaneamente, houve reunião daComissão Executiva do Conselho Espírita Interna-cional, definindo preparativos para o 6o CongressoEspírita Mundial, programado para Valencia, em ou-tubro de 2010. Informações: <[email protected]>;<www.espiritismo.cc>.

Ceará: Família em PautaO Núcleo de Educação e Apoio à Juventude, comrespaldo da Federação Espírita do Estado do Ceará,promoveu no dia 13 dezembro o 2o Semeare, cujotema foi “Saúde da Relação Pais e Filhos”. O eventoaconteceu no Centro de Convenções de Fortaleza.Informações: <www.feec.org.br>.

Paraguai: Movimento “Tu y la Paz”O Centro Espírita Paraguayo (CEPAR) promoveu emAssunção, no dia 5 de dezembro de 2009, às 20 horas,o 3o Movimento “Tu y la Paz”, no Club Sport Colo-nial, situado na 19 Projetada, esquina Chile.

Seara Espírita

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