45

Reformador 12 dezembro_2006_final

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Reformador 12 dezembro_2006_final
Page 2: Reformador 12 dezembro_2006_final
Page 3: Reformador 12 dezembro_2006_final

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

Revista de Espiritismo CristãoAno 124 / Dezembro, 2006 / N o 2.133

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFEDERAÇÃO ESPÍRITA BRASILEIRADiretor: NESTOR JOÃO MASOTTI

Diretor-substituto e Editor: ALTIVO FERREIRA

Redatores: AFFONSO BORGES GALLEGO SOARES, ANTONIO

CESAR PERRI DE CARVALHO, EVANDRO

NOLETO BEZERRA E LAURO DE OLIVEIRA SÃO THIAGO

Secretária: SÔNIA REGINA FERREIRA ZAGHETTO

Gerente: AMAURY ALVES DA SILVA

Gerente de Produção: GILBERTO ANDRADE

Equipe de Diagramação: SARAÍ AYRES TORRES, AGADYR

TORRES E CLAUDIO CARVALHO

Equipe de Revisão: MÔNICA DOS SANTOS E WAGNA

CARVALHO

REFORMADOR: Registro de publicação no 121.P.209/73 (DCDP do Departamento de Polí-cia Federal do Ministério da Justiça),CNPJ 33.644.857/0002-84 • I. E. 81.600.503

Direção e Redação:Av. L-2 Norte • Q. 603 • Conj. F (SGAN) 70830-030 • Brasília (DF)Tel.: (61) 2101-6150FAX: (61) 3322-0523

Departamento Editorial e Gráfico:Rua Souza Valente, 17 • 20941-040Rio de Janeiro (RJ) • BrasilTel.: (21) 2187-8282 • FAX: (21) 2187-8298E-mail: [email protected]

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected] e

[email protected]

Projeto gráfico da revista: JULIO MOREIRA

Capa: AGADYR TORRES

Editorial Reflexões sobre o Natal

Entrevista: Zêus WantuilUm pesquisador da história do Espiritismo

Presença de Chico XavierOração ante a Manjedoura – Irmão X

Esflorando o EvangelhoProblemas do amor – Emmanuel

A FEB e o Esperanto Homenagem a Dolores Bacelar –

Machado de Assis, Espiritismo, Esperanto... –

Affonso Soares

Seara Espírita

A marcha evolutiva – Juvanir Borges de Souza

Vivência do Amor – Bezerra de Menezes

Grandioso facho – S. Lasneau

O Livro dos Espíritos – Edição comemorativa doSesquicentenário, em nova tradução

Da discussão – Jayme Lobato

Bilhete de Natal – Casimiro Cunha

A terapia do passe – Richard Simonetti

Prece de Natal – Cármen Cinira

Perdas, depressão e suicídio – F. Altamir da Cunha

Entre os dois mundos – Suely Caldas Schubert

1oo Congresso Médico-Espírita dos Estados Unidos Em dia com o Espiritismo – Os Espíritos da época

de transição – Marta Antunes Moura

Últimos triunfos do mal – Adolpho Marreiro Júnior

Amor, sublime amor – Jorge Hessen

Exortação aos espíritas – A. Guerra Junqueiro

Transtornos depressivos – Aspectos espirituais –

Umberto Ferreira

Allan Kardec na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro

Aspecto da vida dos recém-desencarnados –

Mauro Paiva Fonseca

A força do Espiritismo – Allan Kardec

Novas fotografias de Bezerra de Menezes –

Luciano Klein Filho

Obsessão – Francisco M. Dias da Cruz

Dolores Bacelar – Antonio Lucena

589

1o

13 15161819222526

28323334

35

36

3738

4041

4

11

14

21

30

31

42

SumárioExpediente

PARA O BRASILAssinatura anual RR$$ 3399,,0000Número avulso RR$$ 55,,0000

PARA O EXTERIORAssinatura anual UUSS$$ 3355,,0000

AAssssiinnaattuurraa ddee RReeffoorrmmaaddoorr:: Tel.: (21) 2187-8264 • 2187-8274

EE--mmaaiill:: [email protected]

Page 4: Reformador 12 dezembro_2006_final

4 Reformador • Dezembro 2006 444422

Editorial

Natal normalmente provoca em nós a lembrança da Manjedoura de Be-

lém, com a aparição dos anjos, convocando os homens de Boa Vontade,

para o nascimento de Jesus.

No período em que esteve conosco, aqui na Terra, Jesus teve sua presença mar-

cada por ensinos e exemplos que influenciaram profundamente o destino dos

homens.

Não acumuleis tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças os consomem e onde

os ladrões os desenterram e roubam. Acumulai tesouros no céu, onde nem a ferrugem,

nem as traças os consomem; porquanto, onde está o vosso tesouro aí está também o

vosso coração. (Mateus, 6:19-21.)

Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua Justiça, que todas essas coisas vos

serão dadas de acréscimo. (Mateus, 6:33.)

Vinde a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que eu vos aliviarei.

Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e

achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo.

(Mateus, 11:28-30.)

Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me.

(Mateus, 16:24.)

[...] aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo; e aquele que quiser ser o

primeiro entre vós seja vosso escravo [...]. (Mateus, 20:26-27.)

Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.

(João, 13:35.)

Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim. Há muitas

moradas na casa de meu Pai [...]. (João, 14:1-2.)

Eu sou o Caminho, e a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.

(João, 14:6.)

Como vemos, as comemorações do Natal oferecem-nos a oportunidade de pro-

fundas reflexões, seja com relação à constante manifestação do Amor Divino em

favor da Humanidade, seja com relação ao permanente convite que Jesus nos faz

para o nosso próprio aprimoramento, vivenciando a Lei de Deus.

O

Reflexões sobre o Natal

Page 5: Reformador 12 dezembro_2006_final

5Dezembro 2006 • Reformador 444433

ada ser humano, Espíritoimortal, foi criado paraconviver com outros seres

semelhantes. O homem é, pois,um “animal social”, no entenderde diversos pensadores, filiados a diferentes escolas filosóficas ereligiosas.

Ao lado da vida de relação quelhe é própria, cada Espíritotem sua condição íntima,sua consciência indivi-dual, única e inconfun-dível.

No relacionamentocom os outros serescada individualidadeexerce e recebe in-fluências diversifica-das em todo o decor-rer da vida.

O aperfeiçoamento in-dividual consiste em guar-dar os bons princípios adqui-ridos anteriormente desde suacriação e excluir os maus funda-mentos próprios, ou incorporadosde seus relacionamentos.

Os habitantes da Terra, mundode expiações e provas, são seresmoralmente imperfeitos, portado-res de deficiências que necessitamde retificações.

As imperfeições humanas va-

riam em cada individualidade, daíadvindo a impressionante diver-sificação encontrada em toda apopulação terrena.

Essas simples constatações so-bre os habitantes deste orbe mos-

tram as dificuldades para o pro-gresso, as retificações e a purifi-cação de sua população, apesardos esforços dos muitos enviadosdo Alto e da governança perfeita doCristo de Deus, o Verbo do prin-cípio.

O Governo Espiritual deste ede todos os mundos não se asse-melha aos governos humanos, nosquais, muitas vezes, são impostoso poder e a vontade dos gover-nantes, independentemente doque deseja a população.

No Governo Espiritual exerci-do pelo Cristo sobre a Terra e

sua população, prevalecem asleis divinas, entre as quais

a lei do progresso.Mas o progresso in-

dividual e coletivo su-bordina-se ao livre--arbítrio com que foidotado o Espíritoimortal, sem prejuízodas retificações dos

erros e desvios que osEspíritos cometem.

Enquanto há rebeldiase incompreensões, há ne-

cessidade de retificações doserros antes de os Espíritos alcan-

çarem novos estágios evolutivos.As reencarnações, os sofrimen-

tos físicos e morais, ao lado do es-forço individual para as conquis-tas no campo do Bem, são meios eformas de as leis divinas propor-cionarem as retificações necessá-rias, sem prejuízo do livre-arbí-trio individual das criaturas.

A marcha evolutiva

CJU VA N I R B O RG E S D E SO U Z A

Page 6: Reformador 12 dezembro_2006_final

Mas é evidente que as transfor-mações individuais e coletivas,implicando em substituições depensamentos negativistas e açõesno mal, demandam tempo inde-terminado para ocorrerem.

Daí a lentidão do progresso eda evolução na avaliação huma-na, mas perfeitamente natural deconformidade com as leis divinas.

Não têm faltado ao nosso mun-do as ideologias, as filosofias e asreligiões que buscam melhorar ohomem em suas condições ético--morais e no seu relacionamentomais compreensivo e fraterno comseus semelhantes.

Entretanto, o que se verifica,na prática, é a rebeldia das massashumanas em vivenciar os princí-pios edificantes, mesmo aceitan-do-os intelectualmente, atravésde suas religiões ou filosofias.

Esse fato demonstra que a re-beldia dos Espíritos, nos diferen-tes estágios evolutivos em que seencontram, pode atingir não so-mente suas ações e relacionamen-tos exteriores, mas vai além, al-cançando muitas vezes sua cons-ciência e pensamentos, vale dizer,seus sentimentos mais íntimos.

Explica tal fato, também, a ocor-rência das guerras, da violência eda intolerância religiosa, no de-correr da história humana, inex-plicáveis diante dos princípioséticos e morais ensinados de for-ma explícita pelas crenças e reli-giões tradicionais.

Diante de tal realidade, torna--se necessário que o Espírito nãoapenas intimamente aceite os prin-cípios edificantes do amor a Deus

e ao próximo, da caridade, dacompreensão e da solidariedadeaos semelhantes. Imprescindível éa prática desses princípios, atra-vés de sua vivência contínua.

Nosso mundo, de expiações eprovas, ajusta-se perfeitamente aessa realidade de abrigar seres im-perfeitos em busca da evolução.

As expiações são as múltiplasformas de retificação dos erros etransvios cometidos pelo ser. Asprovas são as confirmações de queo Espírito aceitou intimamente asretificações, pondo em prática oque admitiu como correto.

Tanto as expiações quanto asprovas podem corresponder adiversas reencarnações. A litera-tura espírita esclarece que, porvezes, se tornam necessárias vá-rias reencarnações para que oEspírito comprove que aceitou,definitivamente, os princípioscorretos, em vivências e circuns-tâncias diferentes.

Estando a vida individual des-dobrada no conjunto das expe-riências que se sucedem, a verda-deira evolução caracteriza-se pe-la constância na prática do Bem,sem as recaídas e as tergiversa-ções que demonstram que o Es-pírito ainda não assegurou suasconquistas em caráter definitivo.

Daí a necessidade da demons-tração de que as conquistas reali-zadas são definitivas e compro-vadas.

Na marcha evolutiva do ho-mem, cada existência pode ofere-cer-lhe oportunidade para novos

conhecimentos e o aperfeiçoamen-to de seus sentimentos.

Mas pode ocorrer também, nouso de seu livre-arbítrio, o com-prometimento com o mal que sedefine como tudo o que é contrá-rio às leis de Deus, conforme estáexplícito na questão 630 de O Li-vro dos Espíritos.

A aquisição de conhecimentossempre foi mais fácil aos homensque sua evolução moral.

A própria natureza do nossomundo facilita mais as conquistasintelectuais do homem que o seuaperfeiçoamento moral.

Por isso, o Cristo, em sua excep-cional missão de há dois mil anos,deu maior realce aos ensinos mo-rais, porque sabia que os homensse interessam naturalmente pornovos conhecimentos e os promo-vem em suas escolas, em suas di-versas ciências e através das múlti-plas atividades humanas.

Já o aperfeiçoamento moral,que o Mestre Incomparável sinte-tizou nos mandamentos – “Amara Deus sobre todas as coisas” e“Amar ao próximo como a simesmo”–, simples e compreensí-veis em seus enunciados, resu-mindo no amor todas as virtudese sentimentos que elevam o Espí-rito, apresenta-se como de difícilprática.

É que o amor ao Criador e aosnossos semelhantes compreen-de, na prática e na conduta, to-das as virtudes morais, base es-sencial para a evolução espiritualde cada um.

A iluminação definitiva das al-mas imortais, de acordo com as

6 Reformador • Dezembro 2006 444444

Page 7: Reformador 12 dezembro_2006_final

leis divinas, não pode efetivar-sesem a prática da caridade, sem osentimento de justiça, sem a com-preensão e a aceitação do seme-lhante tal como ele é, sem a bon-dade para com todos e sem os sa-crifícios naturais que a vida nosimpõe para a realização dessesideais.

A vida é uma sucessão de ex-periências das mais variadas na-turezas.

Na reencarnação, na Terra, oEspírito encontra tanto as formasde resgates dos enganos passados,quanto as oportunidades para asaquisições de valores novos quelhe facilitam o progresso intelec-tual e moral.

Os valores religiosos verdadei-ros, quando não deturpados emsua essência, constituem-se em po-derosos incentivos para o cresci-mento e iluminação das almas,por sugerir-lhes, através da fé e daesperança, melhores condiçõesno pensamento e nas ações.

Infelizmente, esses valores sãodeturpados pela ignorância, peloorgulho e pelo egoísmo dos ho-mens, que muitas vezes se con-fundem, julgando que a Provi-dência Divina possa estar à dis-posição de interesses inferiores emesquinhos.

A liberdade, o livre-arbítrio in-

dividual, podem conduzir o Espí-rito tanto para o bem quanto pa-ra o mal. Em qualquer das hipó-teses a responsabilidade é inevitá-vel e irrecusável, independente-mente dos princípios religiososaceitos pelo indivíduo.

Cada criatura humana é res-ponsável por seus pensamentose ações e pelas suas conseqüên-cias. A circunstância de aceitaruma crença ou religião não a exi-me de responder por seu proce-dimento. A Justiça Divina incidesobre todos nós, religiosos, des-crentes, ateus.

As religiões, com seus princí-pios e orientações para a busca dosuperior, do divino, de Deus e desuas leis, auxiliam extraordinaria-mente o campo íntimo das criatu-ras que as aceitam. Mas será sem-pre necessário praticar e exempli-ficar os ensinos edificantes e nãosomente freqüentar os templos eexecutar as cerimônias exterioresdos cultos religiosos.

A fidelidade a Deus e às suasleis divinas precisa ser demons-trada pela vivência invariável econstante de seus desígnios, nosdias alegres e nos tristes, com asaúde ou com a doença, na ri-queza ou na pobreza, para a rea-lização da obra de aperfeiçoa-mento do Espírito imortal.

A aquisição dos valores religio-sos positivos, escoimados dos en-ganos e viciações injustificáveis,constituem-se, pois, em impor-tante forma de progresso moral.

O Espiritismo, o Consoladorprometido e enviado pelo Cristopara permanecer com os homense atender-lhes às necessidades deentendimento sobre tantas ques-tões de natureza científica e filo-sófica, demonstra, na sua abran-gência de ensinamentos, que étambém religião, no seu sentidoverdadeiro.

Pelos ensinos espíritas fica evi-denciada a perpetuidade da vida,podendo o Espírito ligar-se tem-porariamente a um corpo mate-rial, através de reencarnações su-cessivas.

A vida espiritual é a normalpara o ser, enquanto que a vidaligada a um envoltório material étransitória.

O que se denomina morte é operecimento do envoltório ma-terial, com a libertação da essên-cia espiritual.

Tanto em estado livre quantona condição de encarnado, o Es-pírito progride, seja resgatandofaltas cometidas anteriormente,seja adquirindo conhecimentos evirtudes.

Page 8: Reformador 12 dezembro_2006_final

Meus filhos:Que o Senhor nos abençoe e

nos guarde na Sua paz.

reencarnação, a nobre fian-deira dos destinos, pro-movendo o Espírito, etapa

a etapa, faculta-lhe a conquista daplenitude, herdando de cada ex-periência os atavismos que devemser superados no processo da evo-lução.

Repetimos, não poucas vezes,as experiências malsucedidas, re-vivendo os mesmos equívocosde que nos deveríamos li-bertar face à oportunida-de de progresso. Em ra-zão disso, encontra-mo-nos, não poucasvezes, aturdidos antea mirífica luz doEvangelho e as amar-ras em que a cons-ciência permaneceatada ao passado desombras.

O egoísmo, esse vírusperturbador do processo delibertação, propõe, então, atra-vés dos caprichos que sejam trazi-dos de volta, esses infelizes fenôme-nos que não foram totalmente libe-rados. É por isso, meus filhos, queainda hoje, graças ao sublime con-tributo da Doutrina Espírita, atur-

dimo-nos, procurando avançarsem a liberdade de alçar vôos maisamplos porque as lembranças doontem jungem-nos às situaçõesperniciosas que nos marcaram pro-fundamente.

Tende, porém, a coragem de vi-ver a madrugada nova, de assumira decisão de desatar-vos dos laçosperversos que vos retardam a mar-cha, no avanço pelas infinitas es-tradas do progresso.

Iluminados pelo conhecimentolibertador, necessitais de o viven-ciar através dos exemplos que oamor proporciona em evocação da

incomparável figura de JesusCristo.

O Mestre, exemplo máximo deconhecimento, por haver sido oConstrutor do nosso planeta comseus nobres arquitetos, não olvi-dou a experiência do amor, ofere-cendo aos infelizes que não po-diam discernir, o alimento queatendesse à fome orgânica, o so-corro à enfermidade, a dádiva decompaixão em relação às herançasdas existências passadas. Por isso,multiplicou pães e peixes, porque

a multidão tinha fome, le-vantou paralíticos, resti-

tuiu luminosidade aosolhos apagados, desa-

tou línguas amarradasna mudez, abriu ou-vidos moucos à me-lodia da vida, ense-jou a cicatrização daschagas purulentas,mas também retirou

a hanseníase moralque os Espíritos carre-

gavam, a fim de não re-tornarem aos mesmos pro-

cessos depurativos, propondoque fizéssemos tudo isso em Suamemória, restaurando-Lhe os en-sinamentos sublimes e as práti-cas inolvidáveis.

O Espiritismo chega à cons-ciência terrestre para servir de

Vivência do Amor

8 Reformador • Dezembro 2006 444466

A

Page 9: Reformador 12 dezembro_2006_final

ponte entre as diferentes ciências,iluminando-as com a fé racional,mas ao mesmo tempo, oferecen-do o contributo sublime da cari-dade fraternal em todas as for-mas como se possa expressar.

Não vos esqueçais, portanto,nunca, em vosso ministério de li-bertação de consciências, da vi-vência do amor.

Avançai no rumo do progressoestendendo, porém, a mão gene-rosa e o coração afável àquele quese encontra na retaguarda, neces-sitado de carinho e de ensejo ilu-minativo. Dai-lhe o pão, mas tam-bém a luz, na verdade, oferecei ainformação doutrinária para de-monstrar-lhe quanto vos faz bemesse conhecimento, em face dastransformações morais para me-lhor, que vos impusestes, logran-do os primeiros êxitos...

Este é o grande momento datransição e todos enfrentaremosdificuldades. Vós outros, principal-mente, em razão dos compromis-sos elevados, experimentareis asdores talvez mais acerbas no cerneda alma, por meio de traições ines-peradas, de enfermidades não avi-sadas, de solidão. E sem nenhumapoio aos sentimentos masoquis-tas, agradecei a Deus a bênção doresgate, enquanto vossas mãos es-tiverem segurando a charrua e la-vrando a terra dos corações paraensementação da verdade.

Não desanimeis, nunca! O instante mais perturbador da

noite é também o instante queabre o leque de luz na direção daalvorada. Permanecei fiéis à pro-posta que herdastes do Egrégio

Codificador do Espiritismo, sendocompanheiros uns dos outros emnosso Movimento Espírita, pre-parando-vos para a lídima frater-nidade no organismo social tumul-tuado da Terra dos vossos dias.

Jesus, meus filhos, inspira-nos,segue conosco.

Embora pareça que a sociedademarcha para o caos, o Grande Nau-ta conduz com segurança a barcada Terra e sabe que esses acidentesna lei do progresso não conseguemimpedir o desenvolvimento inte-lecto-moral das suas criaturas.

Iluminai as vossas consciências,portanto, e amai até sentirdes ple-namente a presença do Amor nãoamado...

Que o Senhor de bênçãos con-tinue abençoando-nos são os votosque vos faz o servidor humílimo epaternal de sempre,

Bezerra

(Mensagem psicofônica, recebida pelo mé-

dium Divaldo Pereira Franco, no encerra-

mento da Reunião do CFN, em 12 de no-

vembro de 2006, na Federação Espírita

Brasileira, DF.) Revisão do Autor Espiritual.

9Dezembro 2006 • Reformador 444477

(Soneto captado por audiência mediúnica por Raul Teixeira em 10/11/2006,

durante a Reunião do Conselho Federativo Nacional da FEB, realizada em Brasília.)

Enquanto o tempo passa, soberano,Forjando a fé pelo discernimento,Cristo ilumina o humano pensamento,Com facho de cento e cinqüenta anos.

Como um condor que singra o firmamento,O Consolador lida, ano após ano,Para instruir todo o mundo profano,Maturando a razão e o sentimento.

Por esses tempos de clamor intenso,Glória a quem nele encontrou a maneiraPara ter um norte e fugir do abismo.

Ave quem se apoiou nesse portento,E seguiu do Senhor a honrosa esteira,Sob o clarão do excelso Espiritismo.

S. Lasneau

Grandioso facho

Page 10: Reformador 12 dezembro_2006_final

Federação Espírita Brasilei-ra (FEB) lança, este mês,uma Edição Especial de O

Livro dos Espíritos, com nova tra-dução e notas de rodapé inéditas. Olançamento, que integra a progra-mação em homenagem aos 150anos da Doutrina Espírita, ocor-re em duas ocasiões: no dia 9 dedezembro, na sede histórica daFEB, no Rio de Janeiro, e no dia10 de dezembro, na sede da Fede-ração em Brasília. Em ambas asdatas haverá palestras, e sessõesde autógrafos com o tradutor.

A FEB vem publicando a tra-dução do ex-presidente da Fe-deração Espírita Brasileira, Guil-lon Ribeiro, a qual continuará aser editada. Engenheiro civil, po-liglota, jornalista e vernaculis-ta, Guillon teve sua competên-cia como escritor reconhecidapor Ruy Barbosa.1 Traduziu, ain-da, O Livro dos Médiuns, O Evan-gelho segundo o Espiritismo, A Gê-nese e Obras Póstumas, todos deAllan Kardec.

A nova tradução é assinadapor Evandro Noleto Bezerra, se-cretário-geral da FEB. Evandro já

traduziu doze volumes da Revis-ta Espírita, publicados por AllanKardec, Viagem Espírita em 1862,Instruções de Allan Kardec ao Mo-vimento Espírita, O Espiritismo nasua Expressão mais Simples e Ins-

trução Prática sobre as Manifes-tações Espíritas, todos editados pe-la FEB.

A tradução de Evandro é frutode cuidadosa pesquisa nos origi-nais franceses existentes na Biblio-teca de Obras Raras da FEB. Ele to-mou como base a segunda im-

pressão da 2a edição francesa, de1860,2 com alguns acréscimos, su-pressões e modificações feitos pe-lo próprio Allan Kardec: na 4a edi-ção, de 1860; na 5a edição, de 1861;3

na 6a edição, de 1862; na 10a edi-ção, de 1863;4 e na 12a edição,de 1864. As alterações estão cla-ramente definidas e explicadasnas páginas correspondentes dolivro, sob a forma de notas derodapé. “Na seqüência da 12a

edição do original francês, in-cluindo a 13a, de 1865,5 e duran-te todo o restante período emque Allan Kardec esteve encar-nado, não consta ter havido qual-quer outra modificação, o quetorna definitiva essa 12a edição”.6

Evandro optou por um textodireto, sem inversões, e buscouatualizar certas expressões, caí-das em desuso, mas com o cui-dado de preservar a exatidãodo texto original francês.

A

O Livro dos EspíritosEdição comemorativa do Sesquicentenário,

em nova tradução

1Anais do Senado Federal, vol. II, p. 717.

2Arquivada e registrada na BibliotecaNacional da França – BNF no R-39908.

3BNF no R-39909.

4BNF no R-39912.

5BNF no R-39914.

6“Apresentação” da nova tradução.

10 Reformador • Dezembro 2006 444488

Page 11: Reformador 12 dezembro_2006_final

Reformador: Como ocorreu seucontato inicial com a DoutrinaEspírita?Zêus: Através de reuniões espíri-tas que aconteciam em minhacasa, no bairro de São Cristóvão.Meu pai realizava semanalmenteessas reuniões em nossa residên-

cia. Imediatamente, contando de15 para 16 anos, iniciei-me lendoe estudando livros espíritas em ge-ral, a começar pela obra O Livrodos Espíritos, de Allan Kardec, edi-tada pela Federação Espírita Bra-sileira, tendo passado a freqüentara FEB em sua Sede na Av. Passosem 1940.

Reformador: Qual foi sua atuaçãona FEB durante a gestão de Antô-nio Wantuil de Freitas?Zêus: Fui uma espécie de auxi-liar de meu pai, em suas funçõesde presidente da FEB. Por inter-médio de minha mãe, Zilfa Fer-nandes de Freitas, que era exce-lente médium, obtive várias men-sagens confortadoras e incenti-vadoras, que muito me ajudaramno meu progresso dentro do Es-piritismo.

Reformador: O que o motivou pa-ra os estudos da história do Espiri-tismo?

Zêus: Foi através da leitura de li-vros espíritas que surgiu o meuinteresse pelo estudo históricodo Espiritismo. Procedi a aten-ciosa leitura de livros nacionais eestrangeiros em diferentes idio-mas, interesse que aumentava acada ano. Busquei ler obras eminglês, francês, castelhano e, atémesmo, algumas poucas em ale-mão. Freqüentei inúmeras bi-bliotecas nacionais e estrangei-ras, encontrando aqui e ali infor-mações novas que muito alarga-ram e completaram o conheci-mento da história do Espiritis-mo, em sua constante evolução.É necessário dizer o quanto devoa muitos para a complementaçãode diversos assuntos que espera-vam respostas mais precisas everdadeiras. Ingressei no históri-co do Espiritismo, em geral, des-de a idade de 18 anos, sempre in-centivado por meu pai e por com-panheiros espíritas, igualmenteestudiosos do assunto.

Um pesquisador dahistória do Espiritismo

11Dezembro 2006 • Reformador 444499

Zêus Wantuil comenta sua atuação como colaborador de seu pai, o ex-presidente

da FEB Antônio Wantuil de Freitas; o início e consolidação de suas pesquisas

relacionadas com a história do Espiritismo – que resultaram na publicação dos

livros As Mesas Girantes e o Espiritismo, Grandes Espíritas do Brasil e AllanKardec –, e também a amizade com Chico Xavier

ZÊ U S WA N T U I LEntrevista

Page 12: Reformador 12 dezembro_2006_final

Reformador: O livro As Mesas Gi-rantes e o Espiritismo foi um mar-co. Como o elaborou?Zêus: Elaborei-o pacientemente,através de inúmeras pesquisas emdiversas línguas, buscando com-plementar dados incompletos queme surgiam dia a dia no estudoem realização.

Reformador: Você teve acesso di-reto às fontes?Zêus: Sim, tive acesso direto amuitas fontes, nacionais e estran-geiras, delas extraindo informa-ções que interessavam ao meioespírita.

Reformador: Manteve contatos di-retos com Canuto Abreu?Zêus: Sim, e inúmeras vezes deleobtive esclarecimentos que mui-to me ajudaram no perfeito co-nhecimento do histórico do Espi-ritismo, principalmente com re-lação a assuntos do Brasil. Devoa ele dados importantes sobre vá-rias passagens do Movimento Es-pírita brasileiro.

Reformador: O que tem a dizer so-bre sua relação com Chico Xavier?Zêus: Foi constante, impregna-da do mais puro amor fraternal.Chico me tratava como a umfilho, com muito carinho. Essessentimentos estão bem expres-sos na correspondência que man-tive com ele, durante muitas dé-cadas, toda ela arquivada naFederação Espírita Brasileira. De-vo, portanto, a Chico Xavier ines-timável proteção em minha vidade espírita.

Reformador: Você também se cor-respondia com outros espíritas?Zêus: Troquei proveitosa corres-pondência com muitos espíritas,bastante conhecidos em nossoscírculos, e de todos recebi valiososesclarecimentos que muito meajudaram na produção de minhasobras.

Reformador: E como era o seu re-lacionamento com os presidentes daFederação Espírita Brasileira?Zêus: Muito fraternal e proveito-so para o meu progresso no Espi-ritismo, pois de todos recebi in-centivo para prosseguir nos meustrabalhos. Mantenho até hoje umagrande amizade com os vice-pre-sidentes, e de Nestor Masotti, oatual presidente, que é também umgrande amigo, um verdadeiro ir-mão, recebo carinhoso auxílio quemuito me desvanece. De GuillonRibeiro até hoje houve uma evolu-ção permanente da FEB e do Mo-vimento Espírita, e cada um dosdirigentes cumpriu os desafiosque lhes estavam reservados.

Reformador: Como ocorreram aspesquisas documentais na França,que serviram de base para a elabo-ração de seus livros?Zêus: Não só na França, como emalguns outros países, obtive pes-soalmente dados históricos sobre oEspiritismo desde o seu apareci-mento no mundo. Na França, so-bre Allan Kardec e sua obra, nãome faltaram esclarecimentos vin-dos de Paris (Biblioteca Nacional).Além disso, dedicados e dedicadasespíritas, que moravam na França,

me remeteram preciosas informa-ções que me auxiliaram valiosa-mente na elucidação de várias dú-vidas quanto a Kardec e sua obra.

Reformador: O que tem a destacarsobre o período de elaboração daobra Allan Kardec?Zêus: Senti em todos os momen-tos a permanente ajuda do Alto,orientando-me como procederno relacionamento dos diferen-tes assuntos que eu estava elabo-rando.

Reformador: Com base na sua vi-vência de estudioso de temas histó-ricos, terá alguma recomendaçãoaos dirigentes, estudiosos e pesqui-sadores espíritas?Zêus: Que os estudiosos não fu-jam à verdade, sempre se basean-do em documentação aceitável econfiável pela maioria dos pesqui-sadores, e jamais se afastem dotríplice aspecto da Doutrina Espí-rita, que se caracteriza como Re-ligião, Ciência e Filosofia.

Reformador: O que você acha do“Pacto Áureo”?Zêus: Ajudou muito na união dosespíritas, no Brasil, abrindo novose proveitosos entendimentos.

Reformador: Perto das comemo-rações do Sesquicentenário do Espi-ritismo, tem algum fato a mencio-nar com base em suas pesquisas eachados?Zêus: Tenho a dizer que Allan Kar-dec permanecerá no mundo co-mo a dádiva maior do Cristo emfavor do bem da Humanidade.

12 Reformador • Dezembro 2006 445500

Page 13: Reformador 12 dezembro_2006_final

o meio espírita, evita-se, atodo custo, a discussão –como se ela fosse um pro-

duto do mal, de dissensão, de bri-ga. Se não sabemos discutir qual-quer tipo de assunto com educa-ção, civilidade e equilíbrio, algoestá errado conosco, e não com aprática de discutir as idéias para sechegar a um resultado que melhoratenda ao objetivo a ser alcançado.

De início, cabe-nos entenderque discutir idéias não é discutirpessoas. Também, discussão numplano racional não deve ter a fun-ção de depreciar a idéia de quemquer que seja. Na maioria das ve-zes, é o nosso orgulho que não nospermite uma flexibilidade em ter-mos de discussão.

Discutimos querendo ganhar,com o objetivo de impor nossaopinião. Daí surgem as maiores di-ficuldades no trato com as idéiasalheias. Não que o processo, em simesmo, seja mau, nós é que nãoestamos preparados para utilizá--lo convenientemente. Em umgrupo, quando se utiliza do recur-so da discussão de idéias, sem pre-tensões hegemônicas de quemquer que seja, a possibilidade decrescimento do conjunto logo seevidencia. O resultado é positivo.Todos se sentem participantes epassam, com o tempo, a se identi-ficar com o objetivo a ser alcança-

do, condição básica para um bomresultado.

Quando as pessoas se desenten-dem numa discussão, é sinal de quenão sabem conviver com a diferen-ça. Kardec, na Revista Espírita (Edi-ção FEB), de novembro de 1858, àsp. 444-445, diz que “[...] podemospensar de modo diverso sem, porisso, deixar de nos estimarmos”. E oCodificador, nesse mesmo texto,nos dá uma grande lição de humil-dade quando assevera:

“[...] e, se externamos a nossamaneira de ver, trata-se apenas danossa maneira de ver, e não deuma opinião pessoal que pretenda-mos impor aos outros; entregamo--la à discussão, estando prontospara a ela renunciar se demonstra-rem que laboramos em erro”.

Muitas vezes não buscamos apre-ciar as diversas idéias com isenção,para que se dê curso à mais apro-priada. Colocamo-nos na posturapersonalista de evidenciar a nósmesmos, mais interessados em im-por nosso modo de pensar: eis o nóda questão.

Alguns alegamque a discussãotraz dificuldades aoambiente espiritualda instituição espí-rita. Contudo, cala-do e contrariado,qualquer um pode

comprometer o ambiente de umareunião. No entanto, com a liberda-de de expor sua idéia, sua contrarie-dade, o grupo tem possibilidades dese ajustar à sua própria realidade e,assim, esclarecer, orientar e encon-trar caminhos de progresso para otodo.

De que adianta não expressar-mos verbalmente nossas idéias,quando discordantes, se as mante-mos conosco e também influen-ciando o ambiente? Contrariados emudos, poderemos comprometerseriamente o resultado de uma reu-nião, tanto de divulgação quanto detrabalho mediúnico.

Com a discussão de idéias, po-de-se construir relacionamentosmais transparentes, mais sadios e,assim, um grupo forte pelos verda-deiros laços da fraternidade. Mas,quando fala mais alto o individua-lismo, o personalismo, realmentefica muito difícil, impossível mes-mo, construir-se vias de acesso parao progresso de um grupo e da ver-dadeira fraternidade.

Da discussão

NJAY M E LO B ATO

Page 14: Reformador 12 dezembro_2006_final

enhor: quando iniciaste o Divino Apostola-do, na Manjedoura singela, preocupava-se oImpério Romano por um mundo só, em que

se garantisse a paz pela centralização administrativa.Augusto, o glorioso imperador, ostentava a coroado supremo poder humano, cercado de legisladorese filósofos que pugnavam pela unidade política daTerra...

No entanto, Senhor, sabias que, além da superfíciebrilhante das palavras, formavam-se legiões consa-gradas ao aniquilamento e à morte.

Enquanto se erguiam as vozes do Senado, procla-mando o direito, a concórdia e a dignidade huma-na, a Espanha pagava dolorosos tributos de sangueà pacificação; a Germânia experimentava a miséria; aGrécia conhecia incêndios e devastações da conquis-ta; a Panônia chorava os lares destruídos; a Arábiatremia sob o terror; a Armênia pranteava os seusfilhos; a África dobrava-se sob atrozes humilhações.

Em Roma, os poetas teciam madrigais à beleza eos literatos homenageavam a justiça, mas, nas mar-gens do Danúbio e do Reno, soluçavam crianças emães desamparadas.

Sabemos, hoje, que a atmosfera de júbilo, reinan-te no mundo de então, representava fruto de tua pre-sença santificante, e reconhecemos que os homensse embriagavam de alegria por fora, continuando,porém, por dentro, os mesmos enigmas de luz e tre-va, ignorância e conhecimento, impulsividade e ra-zão. Sabias, por tua vez, que eles glorificavam o res-peito à dignidade pessoal e matavam-se, uns aosoutros, nos circos, sob o aplauso quente da multidão;reverenciavam os deuses nos templos de pedra epartiam, em seguida, integrando expedições dedica-

das à rapinagem; declaravam-se livres perante a lei eescravizavam-se, cada vez mais, ao império do egoís-mo e da morte.

Não consideras, Senhor, que o quadro atual con-tinua quase o mesmo?

Desde a Renascença, ouvimos lições de concórdiamundial, ensinamentos alusivos à liberdade, cânticosreligiosos exaltando a fraternidade, discursos filosó-ficos definindo conceitos de solidariedade humana,argumentos científicos em favor da renovação socialpara um mundo só, onde a existência seja digna deser vivida, mais elevada, mais feliz.

Todavia, enquanto os peritos diplomáticos se reú-nem, solenes, mobilizando rotativas e microfones, oespírito de hegemonia domina os povos e o ódio cal-cina os corações.

Entoam-se hosanas à paz nos templos calmos eprepara-se a guerra nas fábricas febris. A discórdiadoméstica e coletiva nunca foi tão complexa, agoraque a Sociologia é mais pródiga em conceituação deharmonia.

Os homens, não contentes com o poder de matarpelo canhão e pela metralhadora, pelo gás e pelafome, descobriram a desintegração atômica, a fim deque não somente os irmãos na espécie sejam exter-minados, mas também os animais e as árvores, osninhos e os vermes, os elementos vitalizantes do ar,da água e do solo... E invocam-te a presença, antesda batalha, abençoam armas em teu nome, decla-ram-se teus protegidos, acionando maquinarias dearrasamento.

Relacionando, porém, estas verdades não desco-nhecemos que o teu amor infinito prossegue vigi-lante e que, se nenhum serviço do bem permanece

Oração ante aManjedoura

S

Presença de Chico Xavier

14 Reformador • Dezembro 2006 445522

Page 15: Reformador 12 dezembro_2006_final

despercebido diante de tua misericórdia, nenhumainterferência do mal se perpetua sem a corrigen-da de tua justiça! Acompanhas teu rebanho com amesma esperança do primeiro dia, e, quando asovelhas tresmalhadas se precipitam no despenha-deiro, ainda é a tua bondade que intervém, cari-nhosa, salvando-as da queda fatal. Teu devotamen-to cresce com as nossas transgressões, e se permitesque a ventania do sofrimento nos fustigue o rosto,que os golpes da guerra nos abalem as entranhasdo ser, é que, Artista Divino, concedes poder aomartelo da dor, a fim de que, vibrando sobre nós,desfaça a crosta de endurecimento que nos defor-ma a vida, entregando-nos a temporário infortú-nio estabelecido por nós mesmos, como se fôra-mos pedras valiosas, confiadas ao zelo de um lapi-dário prudente e benigno!...

É por este motivo, Mestre, que, inclinados sobre arecordação de teu Natal, agradecemos a luta benfei-tora que nos deste, a experiência que nos permitiste,as bênçãos que renovas sobre a nossa fronte todos osdias!

Pastor benevolente e sábio, revela-nos o apriscodo bem! Conheces os caminhos que ignoramos;acendes a tocha da verdade quando as trevas da men-tira se espalham em torno; sabes onde se ocultam asarmadilhas perigosas das margens; identificas delonge a presença da tempestade; tens o verbo quedesperta o estímulo sadio; ensinas onde se localizamos raios do farol que conduz e as chamas do incên-dio que destrói; curas nossas chagas sem panaceiasde fantasia; repreendes amando; esclareces sem ferir;não desprezas as ovelhas quebrantadas, nem aban-donas as que ouviram o convite sedutor dos lobosescondidos na sombra!...

Sê abençoado, Senhor, nos séculos dos séculos,pela eternidade de teu amor, pela grandeza de teutrabalho, pela serenidade de tua sublime esperança.

E permite que nós, prosternados em espírito, antea lembrança de tua manjedoura desprotegida, possa-mos regressar às bases simples e humildes da vida,continuando nosso trabalho redentor, após repetircom o velho Simeão, encanecido nas inquietantesexperiências do mundo:

– “Agora, Senhor, despede em paz o teu servo,segundo a tua palavra, pois já os nossos olhos virama salvação”.

Fonte: XAVIER, Francisco C. Antologia mediúnica do Natal. 5. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2002. Cap. 67, p. 184-188.

15Dezembro 2006 • Reformador 445533

Pelo Espírito Irmão X

Fonte: XAVIER, Francisco C. Antologia mediúnica do Natal.

5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Cap. 40, p. 114-115.

Meu amigo, não te esqueças,Pelo Natal de Jesus,De cultivar na lembrançaA paz, a verdade e a luz.

Não olvides a oraçãoCheia de fé e de amor,Por quem passa, sobre a Terra,Encarcerado na dor.

Vai buscar o pobrezinhoE o triste que nada tem...O infeliz que passa ao longeSem o afeto de ninguém.

Consola as mães sofredoras E alegra o órfão que vai Pelas estradas do mundo Sem os carinhos de um pai.

Mas escuta: Não te esqueças,Na doce revelação,Que Jesus deve nascerNo altar do teu coração.

Casimiro Cunha

Bilhete de Natal

Page 16: Reformador 12 dezembro_2006_final

16 Reformador • Dezembro 2006 445544

ransfusão de energias, opasse magnético é um re-curso milenar, usado desde

as culturas mais remotas, com re-sultados surpreendentes, em favorda saúde humana.

Foi largamente empregado porJesus. Dotado de potencial in-comparável, o Mestre curava insi-diosos males do corpo e da alma.Multidões o buscavam, atraídasmuito mais pelos prodígios queoperava sem que se atentasse à ex-celência de seus princípios.

Algo semelhante ocorre naatualidade com o Espiritismo. Aspessoas comparecem ao CentroEspírita como quem vai a umhospital, em busca de cura paramales variados.

Expositores costumam evocarvelho adágio, que até parece versí-culo evangélico:

Quem não vem pelo amor, vempela dor.

Raros procuram a Doutrinamovidos pelo amor ao conheci-mento.

A dor é bem o Sino de Deus anos convocar para o exercício dereligiosidade. Quando plange, in-sistente, a alma se põe genuflexa,com disposição até para enfrentaros preconceitos ditados pela igno-

rância, em busca de cura para seusmales.

E situa-se o Centro Espírita co-mo hospital, num primeiro mo-mento, escola depois; por último,abençoada oficina de trabalho pa-ra aqueles que perseveram na fre-qüência, acordados para os objeti-vos do mergulho na carne, defini-dos na questão 132, de O Livro dosEspíritos, quando Kardec pergun-ta qual o objetivo da encarnaçãodos Espíritos.

Responde o mentor espiritual:

Deus lhes impõe a encarnaçãocom o fim de fazê-los chegar à per-feição. Para uns, é expiação; paraoutros, missão. Mas, para alcança-rem essa perfeição, têm que sofrertodas as vicissitudes da existênciacorporal: nisso é que está a expia-ção. Visa ainda outro fim a encar-nação: o de pôr o Espírito em condi-ções de suportar a parte que lhe tocana obra da criação. Para executá-laé que, em cada mundo, toma o Espí-rito um instrumento, de harmoniacom a matéria essencial desse mun-do, a fim de aí cumprir, daqueleponto de vista, as ordens de Deus. Éassim que, concorrendo para a obrageral, ele próprio se adianta.

O mentor espiritual que assis-tia Kardec enfatiza as maravilho-

sas oportunidades de progresso ede participação na obra da Cria-ção, que Deus nos oferece na ex-periência humana, utilizando essamáquina incomparável que é ocorpo humano.

Por mau uso, a desgastamos edesarranjamos freqüentemente.Em nosso socorro, a MisericórdiaDivina mobiliza infinitos recursospara o “conserto”.

Dentre eles, o maravilhoso pas-se magnético.

Imperioso, porém, alertar osbeneficiários de que sua eficiênciaobedece a dois fatores primor-diais:

O primeiro é a capacidade dopassista, subordinada não tantoao conhecimento da mecânica doserviço, mas, sobretudo, à purezade seus sentimentos e ao desejo deservir.

Passista distraído do empenhode renovação e que desenvolve es-sa atividade como um assalariado,interessado nos benefícios que re-ceberá, sem cogitar dos benefíciosque deve prestar, jamais será uminstrumento confiável da Espiri-tualidade.

Noutro dia perguntaram-me sealguém assim pode prejudicar opaciente.

Só se houver intencionalida-de. Se o passista, com raiva do pa-

A terapia do passeT

RI C H A R D SI M O N E T T I

Page 17: Reformador 12 dezembro_2006_final

ciente, impuser-lhe as mãos a afir-mar, em pensamento:

– Quero que você se dane! Quefique doente e morra!

Assustador, amigo leitor?Não se preocupe. Seria apenas

uma vibração negativa, do mes-mo teor deletério de quem grita,xinga, ofende, capaz de causarembaraços ao objeto dela, masconsiderado aqui o fator sintonia.

Se o “bombardeado” tem umcomportamento equilibrado, ha-bituado à oração, a cultivar a sere-nidade, não será afetado.

E esteja sossegado. Ninguém sedispõe a participar do serviço dopasse com a intenção de prejudi-car desafetos.

Considerando que a assistênciaespiritual é sempre monitorada esustentada por mentores espiri-tuais, as deficiências humanas po-dem ser superadas, desde que sejacumprida a outra condição: a re-ceptividade do paciente. O apro-veitamento depende de seu empe-nho por colocar-se em sintoniacom o serviço.

Para que isso ocorra, é impor-tante que nas palestras doutriná-rias seja explicado aos interessa-dos o que é o passe, como funcio-na e quais as condições necessá-rias a fim de que surta efeito.

Cuidados indispensáveis:

� Disciplina das emoções.No atendimento fraterno:– Preciso de um passe. Estou

muito irritado, com os nervos emfrangalhos. Tive uma discussão

homérica com minha esposa.Quase chegamos a vias de fato.

Dificilmente será beneficiado,porquanto espera pelo passe paraeliminar a irritação, sem com-preender que é preciso evitar a ir-ritação para receber o passe.

� Atenção às palestras.Fala-se de Espíritos obsessores

que procuram neutralizar com osono a assimilação de esclareci-mentos capazes de subtrair osparticipantes à sua influência.

Pode acontecer, mas na maiorparte das vezes o que ocorre é odesinteresse. São freqüentadoresque vêem o recinto das palestrascomo uma sala de espera de aten-dimento médico, situando-se emmodorrento alheamento, que fa-vorece o sono.

� Silêncio e contrição.Favorecendo a efi-

ciência do serviço,os centros espíritastendem a realizaro atendimentomagnético apóso trabalho doutri-nário, nas chama-das câmaras de passe.

Enquanto espera, háquem aproveite paraconfraternizar comamigos e conhe-

cidos ali presentes, abordando,não raro, assuntos que não inte-ressam à economia do ambiente,favorecendo uma quebra de sin-tonia que vai tornar menos efi-ciente o passe.

Melhor o silêncio, com leiturade algo edificante ou a meditaçãoem torno dos temas abordadospelos expositores.

Duas observações de Jesus,endereçadas às pessoas beneficia-das por suas curas, devem mere-cer nossa atenção.

�Tua fé te salvou!Os cuidados a que nos referi-

mos favorecem a sin-tonia do pacientecom o passista,

17Dezembro 2006 • Reformador 445555

Page 18: Reformador 12 dezembro_2006_final

mas a receptividade, a possibilida-de de assimilar plenamente osbenefícios oferecidos, depende daconfiança plena, da certeza abso-luta de que estamos nos subme-tendo a uma terapia capaz de nosbeneficiar.

As curas operadas por Jesusnão constituíam o prêmio da fé. OMestre não curava porque as pes-soa acreditavam nele, mas porqueas pessoas sintonizavam com seuspoderes.

Oportuno recordar o exemploda mulher hemorroíssa, que securou de uma hemorragia uteri-na de doze anos simplesmentetocando em suas vestes, movidapela convicção de que seria be-neficiada.

� Vai e não peques mais para quete não suceda pior!

Voltamos aqui à questão douso. Se nossos males são decor-rentes da má utilização da máqui-na física, de nada valerá o “conser-to”, se insistimos no mesmo com-portamento.

Com o tempo o passe parece“perder a força”, já não traz os be-nefícios desejados, e o pacienteacaba buscando outro Centro,mais forte, sem noção de que osBenfeitores espirituais estabele-cem limites à sua ação.

Se constatam que os beneficiá-rios não se conscientizam quantoà necessidade de superar mazelase imperfeições, deixam que o Sinode Deus continue a repicar, atéque superem a “sonolência” e des-pertem para os objetivos da exis-tência humana.

18 Reformador • Dezembro 2006 445566

Prece de NatalSenhor, desses caminhos cor de neve De onde desceste um dia para o mundo,Numa visão radiosa, linda e breveDe amor terno e profundo,Das amplidões augustas dos Espaços,No teu Natal de eternos esplendores,Abriga nos teus braçosA multidão dos seres sofredores!...

Que em teu NomeReceba um pão o pobre que tem fome,Um trapo o nu, o aflito uma esperança.Que em teu Natal a Terra se transforme Num caminho sublime, santo e enorme De alegria e bonança!

Apesar dos exemplos da humildade Do teu amor a toda a humanidadeA Terra é o mundo amargo dos gemidos,De tortura, de treva e impenitência,

Que a luz do amor de tua ProvidênciaAmpare os seres tristes e abatidos.. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .E em teu Natal, reunidos nós queremos,Mesmo no mundo dos desencarnados,Esquecer nossas dores e pecados,Nos afetos mais doces, mais extremos,Reviver a efeméride benditaDa tua aparição na Terra aflita,Unir a nossa voz à dos pastores,Lembrando os milagrosos esplendores Da estrela de Belém,Pensando em ti, reunindo-nos no Bem Na mais pura e divina vibração,Fazendo da humildadeNosso caminho de felicidade,Estrada de ouro para a Perfeição!

(Recebida em Pedro Leopoldo, em dezembro de 1935.)

Fonte: XAVIER, Francisco C. Palavras do infinito. 5. ed. São Paulo: LAKE, 1978, p. 75-76.

Cármen Cinira

Page 19: Reformador 12 dezembro_2006_final

19Dezembro 2006 • Reformador 445577

m dos fatores que se encon-tram associados ao suicí-dio, são as chamadas per-

das. É considerado natural queapós acontecimentos como perdasde entes queridos através da mor-te, relacionamentos afetivos des-feitos, desempregos, falências eoutras situações semelhantes, vi-vamos momentos de depressão.Mas algumas pessoas relutam emaceitar estas perdas, e geram umasituação de revolta e insegurançaque desencadeiam a depressão pro-priamente dita.

Quanto mais valorizamos algo,mais forte será o vínculo, e maiorconseqüentemente será o sofri-mento ao perdê-lo.

Diante do exposto, analisemos ohomem contemporâneo, cultural-mente formado para as conquistasimediatas, para quem, na sua escalade valores, o importante é ter, e nãoser. Na busca desenfreada das con-quistas puramente materiais, e, porconseqüência, transitórias, ele secomporta como o imprudente queconstrói a casa na areia. Na primei-ra ventania ela desmoronará.

É bom compreendermos quetudo tem o seu valor, mesmo queseja passageiro; o fator de compli-cação está na supervalorização que

atribuímos e no apego que cria-mos, fazendo-nos escravos e nãosenhores do que possuímos.

Pelo valor que damos às coisas,vivemos ansiosos por conquistá--las, e quando as conquistamosmais ansiosos nos tornamos commedo de perdê-las.

Este paradoxo é fruto da imatu-ridade do Espírito, que não saben-do eleger o melhor, se firma nu-ma perigosa inversão de valores,perdendo as oportunidades que oconduziriam à conquista da ver-dadeira paz.

Para vivermos melhor, e paraque a vida não se torne insupor-tável, uma coisa não devemos es-quecer: só aprenderemos a ga-nhar, quando aprendermos a per-

der. A vida só nos tira o que nãonos pertence e de que não maisprecisamos, ou que ainda neces-sitamos, mas não valorizamos; eesta última acontece para assimi-larmos a lição da valorização.

O real valor das coisas, das pes-soas, da saúde, das oportunidades,que algumas vezes desprezamos,só é reconhecido depois que as per-demos ou quase as perdemos.

São comuns os casos de pessoasque, através dos excessos, desgas-taram a saúde e só reconheceramo seu valor quando vitimadas pordoenças que as conduziram a umestado de quase-morte.

Algumas perdas também têmcomo objetivo despertar as poten-cialidades que existem em cadaum, e se encontram abafadas pelapreguiça, pelo medo ou mesmopelo comodismo.

U

Perdas, depressãoe suicídio

F. ALTA M I R DA CU N H A

Page 20: Reformador 12 dezembro_2006_final

Lembramo-nos de uma histó-ria que ilustra muito bem esta si-tuação:*

“Existia uma família que mo-rava em um sítio, em condição deextrema pobreza. O panorama eradesolador: um casebre em ruína,o matagal cobrindo toda a pro-priedade, e em cada rosto as mar-cas do sofrimento.

Sobrevivia esta família apenasdo leite fornecido por uma vaqui-nha. Uma parte era consumida ea outra, vendida.

Os vizinhos se compadeciam dosofrimento desta família e falavam:– Ainda bem que Deus os favoreceucom a vaquinha, pois se não fos-se ela, como sobreviveriam?

Os dias se sucediam, e na-da mudava naquele sítio.Eis que aconteceu o inespe-rado – a vaquinha morreu.

Diante da situação, ape-nas uma solução se apre-sentava para a família nãomorrer de fome – trabalhar.

Todos saíram em campo,limparam a terra e plantaram.Passado algum tempo, o panora-ma era outro: tiveram boa safra, acasa de taipa deu lugar a uma casade alvenaria, em vez da vaquinhaagora tinham uma vacaria e emcada rosto notava-se a satisfação.

Diferente do que parecia seruma tragédia, a perda da vaquinhafoi a solução para quebrar o como-dismo e despertar as potencialida-des adormecidas naquela família.

Todos nós temos os recursos ne-cessários para vencer as crises quea vida nos proporciona. Não deve-mos permitir que o medo, a pre-guiça, a acomodação ou mesmo arevolta nos roubem a oportunida-de de crescimento.

A vida é uma dádiva divina; éum tesouro de valor inestimável.Não importa de que forma ela senos apresente; as aparências pou-co significam, o que verdadeira-mente vale é o essencial; e o essen-cial é vivermos conscientes de que

fomos criados para sermos vito-riosos.

Algumas experiências, é bemverdade, exigem mais em forma depaciência, de fé, de trabalho e per-severança, mas também poderãoser oportunidades de ouro, quan-do bem aproveitadas, para o nossoengrandecimento espiritual.

A solidão, por exemplo, que pa-ra alguns é considerada como fatordesencadeante de depressão e até

mesmo do suicídio, para outrostorna-se necessária para profundasreflexões e pesquisas, que resultamno seu próprio desenvolvimento edesenvolvimento da Humanidade.

Mas o que será a solidão? O fatode alguém estar só é necessaria-mente estar na solidão?

Não esqueçamos que a solidãoque nos faz sofrer não é a exterior,mas sim a interior. Existe umaquantidade enorme de pessoas, nomundo, que rodeadas por umamultidão, ainda assim se sentemsolitárias, enquanto outras, mesmoestando sós, sentem-se felizes e setornam mais produtivas.

A grande verdade é que asdepressões, as tristezas, os sen-

timentos de solidão, oriun-dos de nossas perdas, sãoconvites para que preen-chamos as lacunas por elesdeixadas.

Nada justifica a infelizidéia de fugir da vida atra-

vés do suicídio.Em toda parte, a Natureza

reflete a presença de uma forçasuperior, que defende a vida e nosconvida a viver.

Nos momentos de incertezacom relação ao futuro, lembremo--nos das promessas consoladorasde Jesus: “Olhai as aves dos céus,que não semeiam, não colhem,nem ajuntam em celeiros; contu-do, vosso Pai celestial as alimenta.Não tendes vós muito mais valordo que elas?” (Mateus, 6:26.)

Lutemos e confiemos na vitó-ria, para que se cumpra a afirma-tiva tão conhecida: “Ajuda-te e océu te ajudará”.

20 Reformador • Dezembro 2006 445588

*N. da R.: Ver Luz acima, de Irmão X,psicografado por Francisco C. Xavier, Ed.FEB, cap. 26.

Page 21: Reformador 12 dezembro_2006_final

“... que vosso amor cresça cada vez mais no

pleno conhecimento e em todo o discernimento.”

– PAULO. (FILIPENSES, 1:9.)

Problemas do amor

amor é a força divina do Universo.

É imprescindível, porém, muita vigilância para que não a desviemos na

justa aplicação.

Quando um homem se devota, de maneira absoluta, aos seus cofres perecíveis,

essa energia, no coração dele, denomina-se “avareza”; quando se atormenta, de

modo exclusivo, pela defesa do que possui, julgando-se o centro da vida, no lugar

em que se encontra, essa mesma força converte-se nele em “egoísmo”; quando só vê

motivos para louvar o que representa, o que sente e o que faz, com manifesto des-

respeito pelos valores alheios, o sentimento que predomina em sua órbita chama-

-se “inveja”.

Paulo, escrevendo à amorosa comunidade filipense, formula indicação de elevado

alcance. Assegura que “o amor deve crescer, cada vez mais, no conhecimento e no

discernimento, a fim de que o aprendiz possa aprovar as coisas que são excelentes”.

Instruamo-nos, pois, para conhecer.

Eduquemo-nos para discernir.

Cultura intelectual e aprimoramento moral são imperativos da vida, possibili-

tando-nos a manifestação do amor, no império da sublimação que nos aproxima de

Deus.

Atendamos ao conselho apostólico e cresçamos em valores espirituais para a

eternidade, porque, muitas vezes, o nosso amor é simplesmente querer e tão-so-

mente com o “querer” é possível desfigurar, impensadamente, os mais belos qua-

dros da vida.

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Ed. Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 91, p. 211-212.

21Dezembro 2006 • Reformador 445599

Esf lorando o EvangelhoPelo Espírito Emmanuel

O

Page 22: Reformador 12 dezembro_2006_final

22 Reformador • Dezembro 2006 446600

ma das características doEspiritismo é o seu caráterprogressivo, conforme pre-

coniza o Codificador, que, a certaaltura, em A Gênese registra:

“Além disso, convém notar queem parte alguma o ensino espíritafoi dado integralmente; ele diz res-peito a tão grande número de ob-servações, a assuntos tão diferentes,exigindo conhecimentos e aptidõesmediúnicas especiais, que impossí-vel era acharem-se reunidas nummesmo ponto todas as condições

necessárias. Tendo o ensino que sercoletivo e não individual, os Espíri-tos dividiram o trabalho, dissemi-nando os assuntos de estudo e ob-servação como, em algumas fábri-cas, a confecção de cada parte deum mesmo objeto é repartida pordiversos operários”. (Cap. I, item52, Ed. FEB.)

Notável sobre todos os aspec-tos essa judiciosa explicação deAllan Kardec, evidenciando a per-feita programação presidida porJesus, para que a Terceira Revela-ção se consolide no plano terre-no, visto ser o ensino espírita tãoamplo e diversificado, abrangen-do todos os ramos do conheci-mento humano, que é imprescin-dível a distribuição de tarefas,visando, inclusive, sua mais rápi-da propagação. Essa a razão dosconstantes e necessários desdo-bramentos dos pontos básicos re-gistrados em toda a CodificaçãoKardequiana, das avaliações e con-frontos com as novas descobertasda Ciência, do estudo pormeno-rizado dos fundamentos da Dou-trina Espírita a fim de que ela semantenha atualizada em relaçãoàs novas conquistas, sempre obje-tivando, essencialmente, em pri-meira instância, o progresso espi-ritual da Humanidade.

Assim tem sido desde os primei-ros tempos do Espiritismo.

Em nosso país, sobretudo, im-portantes revelações têm sido fei-tas pelos Benfeitores espirituais, demaneira mais profunda e concretaa partir de André Luiz, Emmanuel,Bezerra de Menezes e muitos ou-tros, seguidas, a seu tempo, porJoanna de Ângelis, Manoel Philo-meno de Miranda, Vianna de Car-valho, para só citarmos alguns,evidenciando desdobramentos ecomplementações de aspectosdoutrinários que, como é óbvio,não poderiam ter sido transmiti-dos nos primeiros tempos.

Podemos comparar esse gigan-tesco trabalho com a corrida da to-cha olímpica, na qual cada corre-dor passa a outras mãos a tochaacesa, para que esta não se apagueaté chegar ao seu destino. Assim éo labor espiritual: a tocha da Ver-dade está acesa, importa não dei-xar que a sua luz se extinga, é pre-ciso levá-la adiante sempre.

O mais recente livro de ManoelPhilomeno de Miranda, Entre osdois mundos, psicografado por Di-valdo Franco, perfeitamente ajus-tado nesse contexto acima citado,trata de forma magistral a condi-ção dual do ser humano encarna-do que, consciente ou inconscien-temente, vive entre os dois planos,o espiritual e o físico. Mesmo aque-les que somente admitem e reco-nhecem como única a vida terrena,

Entre os dois mundos

USU E LY CA L DA S SC H U B E RT

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:41 Page 22

Page 23: Reformador 12 dezembro_2006_final

pela força das evidências – cadavez mais presentes na vivência hu-mana – acabam por perceber em simesmos e ao seu redor sinais indi-cativos de interferências espirituais,inexplicáveis no momento, porémsempre instigantes, como um con-vite ao despertamento para essarealidade insofismável.

Miranda, com o brilho que lheé peculiar, uma vez mais ao ladode Petitinga, proporciona aos lei-tores ensinamentos e informaçõesextremamente enriquecedores eoportunos para o momento queatravessamos. Iremos enfocar ape-nas um trecho que nos advertequanto à ação das trevas organi-zadas em nosso planeta.

Em suas palavras iniciais, o au-tor refere-se ao constante ir-e-virentre os dois mundos:

“Diariamente mergulham nanévoa carnal milhares de Espíritosabençoados pela sublime dádivado recomeço. Simultaneamente,milhares de outros abandonam ocasulo físico, carregando as expe-riências que vivenciaram duranteo trânsito orgânico”.1

Segundo a sabedoria oriental,esta é a roda da vida e da morte, noseu giro incessante de nascimentoe morte, submetida à lei de causa eefeito, até conseguirmos nos liber-tar deste circuito interminável.

O livro enfoca algumas expe-riências de socorro a pessoas en-carnadas “com tarefas definitivasem favor da cristianização dascriaturas, sob as luzes vigorosasdos postulados espíritas”. As ativi-dades estiveram sob a égide espi-ritual de Policarpo, mártir cristão,

que ofereceu a vida a Jesus, sendoatirado às feras na arena romana,juntamente com sua mulher edois filhos.

Foram formadas cem equipespara atender ao maior númeropossível de encarnados que se en-contravam em situação difícil, to-dos comprometidos com a men-sagem espírita. Miranda e Petitin-ga integraram uma equipe commais dois obreiros e um respon-sável que iria atuar no Brasil.

Obedecendo a um planejamen-to cuidadosamente elaborado, essegrupo ouviu do coordenador, Dr.Arquimedes Almeida, várias ins-truções acerca das atividades queiriam empreender. Nesse ponto asadvertências do Instrutor espiri-tual são de grande interesse paranós, a fim de avaliarmos a exten-são das forças contrárias à Luz.

Foram por ele advertidos quan-to às dificuldades que encontra-riam, referindo-se ao adversáriocomum, que se oculta na denomi-nação coletiva Trevas ou Forças doMal. Esses irmãos, ainda em pro-fundo desequilíbrio, pretendeminstalar o seu reino de perturba-ção entre os seres humanos, con-tando, sobretudo, com aquelesque lhes são receptivos, que sãoem grande número, possibilitandoassim fácil sintonia. Acreditamque “a sua será uma vitória incon-testável contra o Bem, representa-do por Jesus Cristo, nosso Mestre,em nome do Pai Criador...”

Esclarece o Dr. Arquimedes,mostrando a gravidade da situa-ção, que esses Espíritos se apresen-tam com altíssima carga de ódio e

incompreensível desejo de vin-gança, e imaginam ser invencíveis,a ponto de desafiarem a ordem e oequilíbrio que imperam em todaparte. Arrebanham suas vítimascom facilidade pois as encontramdespreparadas e invigilantes.

A atuação desses Espíritos emdesvario é de tal ordem, que in-terferem no destino das nações,influenciando chefes de Estado,do mesmo nível evolutivo, queestão, portanto, em sintonia comeles, e que se tornam verdadeirosflagelos para a Humanidade. Pas-sam a comandar psiquicamenteestas criaturas, inclusive no casode líderes religiosos, sobre osquais exercem grave processo defascinação, levando-os a suporque são Emissários de Deus e ins-pirando-lhes ódios terríveis con-tra os que não professam a mes-ma crença, aos quais passam aperseguir sob a alegação de queprecisam livrá-los e à sociedadeda tirania do demônio.

Estas interferências têm suas

23Dezembro 2006 • Reformador 446611

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:41 Page 23

Page 24: Reformador 12 dezembro_2006_final

ramificações ese apresentam de di-

ferentes formas e em vários ní-veis no seio das sociedades, das fa-mílias e também em nosso meio –que não estamos livres disso, con-forme sabemos. Até porque a men-sagem libertadora do Espiritismo,iluminando consciências e cora-ções, é considerada por esses nos-sos irmãos como um grande obs-táculo aos seus propósitos. Diantedessa realidade, nunca será demaistoda vigilância possível.

Cada um de nós, espíritas, nosdevemos questionar quanto à for-ma como conduzimos as tarefasdoutrinárias que nos são afetas;qual a nossa participação e contri-buição ao Movimento Espírita, le-vando em consideração que nãoestamos imunizados ainda quan-to ao assédio perturbador, que po-de ser tão sutil e imperceptível queaquele ou aquela que o sofre delenão se dê conta.

A finalidade é enfraquecer oMovimento Espírita. Para alcan-çar tal intuito atuam aqui e ali,disseminando idéias e teorias quedividem as opiniões, que inspi-ram desconfiança, como tambémexercem processos sutis de fasci-nação com todas as característicasexaradas pelo Codificador, em OLivro dos Médiuns, cap. XXIII.

Oportuno recordarmos a adver-

tência de Allan Kardec, em ViagemEspírita em 1862:

“[...] Eu disse que os adversá-rios têm uma outra tática para al-cançar seus fins: semear a desu-nião entre os adeptos, atiçando ofogo das pequenas paixões, dosciúmes e dos rancores; fazendonascer cismas; suscitando causas deantagonismos e de rivalidade en-tre os grupos, a fim de fragmentá--los. E não creiais que sejam os ini-migos confessos que agirão assim;estes se resguardarão! São os pre-tensos amigos da Doutrina e, mui-tas vezes, os aparentemente maiscalorosos [...]. Lembrai-vos de quea luta não acabou e que o inimigoestá ainda à vossa porta; perma-necei alerta, a fim de que ele nãovos pegue em falta. Em caso de in-certeza, tendes um farol que nãovos pode enganar: a caridade, quenunca é equívoca. Considerai, pois,como sendo de origem suspeita to-do conselho, toda insinuação quetendesse a semear entre vós os ger-mes da discórdia, e a vos desviardo reto caminho que vos ensina acaridade em tudo e por todos”.2

Sabemos que todos nós, queabraçamos a Doutrina Espíritacom amor, procuramos viver assuas diretrizes e, como é natural,cada um dentro de suas possibili-dades e nível de compreensão, tan-to quanto desejamos divulgá-lapara maior número de pessoas,porém, não podemos esquecer queé, especialmente, através de nossavivência e exemplo que o nossopróximo faz a primeira leiturado Espiritismo. Entretanto, quan-to é difícil manter essa fidelida-

de, quanto somos vulneráveis aosassédios de ordem inferior.

Essa conscientização é de gran-de importância; admitir que temosáreas de erros, que não somos infa-líveis é o primeiro passo, e procu-rar, a todo custo, simultaneamen-te, o nosso aprimoramento. Paraisso a mensagem de Jesus nos pro-picia os recursos imprescindíveispara alcançarmos esse desiderato.O momento é grave, as dificulda-des são inúmeras, os convites parao desequilíbrio se apresentam deforma sedutora. Estejamos alertas!“Vigiai e orai” – ensina o Mestre.

Avulta, nesta hora decisiva, a lu-minosa conclamação do Espíritode Verdade:

“Espíritas! amai-vos, este o pri-meiro ensinamento; instruí-vos,este o segundo”.3

Referências:1FRANCO, Divaldo P. Entre os dois mun-

dos. Pelo Espírito Manoel P. de Miranda.

Salvador (BA): LEAL, 2004. p. 9-53.2KARDEC, Allan. Viagem espírita em 1862.

Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Rio de

Janeiro: FEB, 2005. p. 109-110.3______. O evangelho segundo o espiri-

tismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 125. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. VI, item 5.

24 Reformador • Dezembro 2006 446622

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:41 Page 24

Page 25: Reformador 12 dezembro_2006_final

25Dezembro 2006 • Reformador 446633

Sob os auspícios do ConselhoEspírita dos Estados Unidos e daAssociação Médico-Espírita In-ternacional, com o apoio do Con-selho Espírita Internacional e doLar Fabiano de Cristo, desenvol-veu-se o 1o Congresso Médico-Es-pírita dos Estados Unidos, nosdias 7 e 8 de outubro, nas depen-dências de The Atrium Court Hotel,em Rockville, na área metropoli-tana de Washington. O evento foiaberto com saudações de AntonioCesar Perri de Carvalho, repre-sentando o CEI e a FEB, dos presi-dentes das Entidades Promotoras:Vanderlei Marques (CEEU), Mar-lene Rossi Severino Nobre (AMEI)e de Marcelo Jorge Costa Neto,representando o Lar Fabiano deCristo. O evento contou com 350participantes, provenientes devários Estados norte-americanos ealguns do Canadá e do Brasil.

O tema “Interconectando Me-dicina e Espiritualidade” foi de-senvolvido com palestras e mesas--redondas, contando com apre-sentações dos especialistas nor-te-americanos Harold G. Koenig(“A Espiritualidade no Cuida-do com o Paciente”), George G.Ritchie Jr. (“O Desafio”) e Mel-vin Morse (“Experiências de Qua-se-morte – EQM” e “Onde DeusMora – Áreas do Cérebro com In-terface Biológica com um Univer-so Interconectado”); dos brasilei-ros Marlene R. S. Nobre (“O Para-digma Médico-Espírita” e “Evidên-cias Científicas da Vida após aMorte – Pesquisa sobre Mediuni-dade”), Sérgio Felipe de Oliveira(“Universidade e Espiritualidadeno 3o Milênio” e “FenomenologiaOrgânica e Psíquica da Mediuni-dade”), Décio Iandoli Jr. (“O Im-pacto da Reencarnação na Mu-

dança de Paradigma” e“Fisiologia Transdimen-sional”), Roberto LúcioVieira de Souza (“DoençasMentais na AbordagemMédico-Espírita” e “AsMúltiplas Faces da De-pressão”), Álvaro Avezum(“Espiritualidade e suaAssociação com DoençasCardiovasculares” e “Evi-dências Científicas da Efi-cácia da Prece”) e Alberto

Almeida (“Perdão e Reconcilia-ção” e “O Amor e o seu Poder deCura”). Foram também apresen-tados por Vanessa Anseloni e Sô-nia Doi os trabalhos “Por que De-vo Sofrer?”, “Ligações e Liberta-ção do Espírito” e “Integração daAlma” de autoria do britânico An-drew Powell, que não compareceupor razões de saúde.

Deve-se destacar que o Dr. Geor-ge G. Ritchie Jr., hoje com 83 anos,foi pioneiro e incentivador de estu-dos sobre experiências de quase--morte, sendo autor de livros, in-clusive editados no Brasil, comoVoltar do Amanhã (Ed. Nórdica,1980). Vários palestrantes america-nos e brasileiros autografaram li-vros. O Conselho Espírita dos Es-tados Unidos planeja dar continui-dade periódica a esse Congresso.

1o Congresso Médico-Espíritados Estados Unidos

Marlene Nobre

Vanderlei Marques

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:41 Page 25

Page 26: Reformador 12 dezembro_2006_final

uitos desses Espíritos jáse encontram entre nós.Identificáveis por certas

características comportamentaisou por traços da personalidade,apresentam, em comum, inclina-ção para o bem, notável capacida-de de aprendizado e desenvolvidapercepção psíquica. Reconhecidosa partir de 1980, segundo levanta-mentos realizados por estudiososamericanos, revelam-se compro-metidos com a transformação so-cial da Humanidade, em diferentesníveis: moral e ético, educacionale familiar, científico, tecnológico eartístico. A reencarnação desses Es-píritos foi prevista por Allan Kar-dec que esclarece:

“Cabendo-lhe fundar a era doprogresso moral, a nova geração sedistingue por inteligência e razãogeralmente precoces, juntas ao sen-timento inato do bem e a crençasespiritualistas, o que constitui sinalindubitável de certo grau de adian-tamento anterior. Não se comporáexclusivamente de Espíritos emi-

nentemente superiores, mas dosque, já tendo progredido, se achampredispostos a assimilar todas asidéias progressistas e aptos a secun-dar o movimento de regeneração”.1

Nomeados como crianças índi-go, os escritores estadunidensesLee Carrol e Jan Tober, autores dolivro que leva esse título, estão cer-tos de que esses Espíritos estão re-nascendo por toda parte do Plane-ta, embora ainda seja necessáriodesenvolver melhores pesquisassobre o assunto. Os índigos apre-sentam características semelhan-tes aos “Espíritos da época da tran-sição”, descritos por Allan Kardec,no capítulo XVIII de A Gênese.

“A nova geração marchará, pois,para a realização de todas as idéiashumanitárias compatíveis com ograu de adiantamento a que hou-ver chegado. [...]”2

Existem atualmente inúmeraspublicações que, direta ou indire-tamente, falam sobre as criançasíndigo. A maioria das edições estáescrita em língua inglesa, há várias

em espanhol e escassas em portu-guês. São textos que tratam dosmúltiplos aspectos relacionados aessas crianças, quais sejam: educa-ção familiar e escolar; comporta-mento afetivo, emocional e social;desenvolvimento motor, cogniti-vo, moral e perceptivo. Na Inter-net encontramos inúmeros sítios epáginas. Podemos localizar, na webe nos livros, estudos sérios e con-fiáveis, assim como textos quemesclam e confundem evidênciascientíficas com posturas místicasou supersticiosas. É preciso agircom cuidado e selecionar correta-mente as leituras.

A palavra índigo não é de acei-tação universal. Há estudiosos quefazem restrição ao emprego do vo-cábulo, introduzido pela professo-ra americana Nancy Ann Tappe,que no livro Entendendo sua vidapela cor (Understanding your lifethrough color), apresenta um siste-ma de classificação da personalida-de humana baseado na coloraçãoda aura. Os indivíduos-índigo pos-

26 Reformador • Dezembro 2006 446644

M

Os Espíritos daépoca de transição

Em dia com o Espiritismo

“Em verdade vos digo que não passará esta geração até que tudo aconteça.”

(Lucas, 21:32.)MA RTA AN T U N E S MO U R A

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:41 Page 26

Page 27: Reformador 12 dezembro_2006_final

suem uma aura de coloração azul--violeta. Esta cor, entretanto, refle-te efeito, não causa. Resulta da ca-pacidade que os índigos possuemde utilizar a estrutura cerebralcom mais eficiência que os indiví-duos não-índigos. Atuam comgrande agilidade e habilidade noshemisférios cerebrais, à semelhan-ça do que fazem, por exemplo, aspessoas paranormais ou médiuns.

Estudos desenvolvidos pelasneurociências nos esclarecem queo hemisfério direito do cérebro éresponsável pelo pensamento sim-bólico (musical e lingüístico) epela criatividade (processo imagi-nativo e perceptivo). O hemisférioesquerdo – dominante em 98%do cérebro humano dos ociden-tais – envolve funções relaciona-das ao pensamento lógico (dedu-ção racional) e aos processos decomunicação interpessoal.

Na verdade, o renascimento deEspíritos com maior desenvolvi-mento moral e intelectual não énovidade para o espírita. Faz par-te do movimento renovador dahumanidade terrestre, determina-do pela lei do progresso. O quemarca esse movimento é o pro-cesso migratório dos Espíritos en-tre os dois planos de vida, caracte-rizado pela reencarnação de Enti-dades mais evoluídas.

“Sejam os que componham anova geração Espíritos melhores,ou Espíritos antigos que se me-lhoraram, o resultado é o mesmo.Desde que trazem disposiçõesmelhores, há sempre uma renova-ção. Assim, segundo suas disposi-ções naturais, os Espíritos encar-

nados formam duas categorias: deum lado, os retardatários, que par-tem; de outro, os progressistas, quechegam. O estado dos costumes eda sociedade estará, portanto, noseio de um povo, de uma raça, oudo mundo inteiro, em relação comaquela das duas categorias que pre-ponderar.”3

Os Espíritos da era de transição(os índigos) devem ser considera-dos “comuns” dentro de um novopadrão ou nível evolutivo que sedescortina na Terra, no momentoatual. Obviamente, muitos dos in-divíduos dessa geração nova apre-sentarão traços de genialidade. Masnão será condição generalizada. Damesma forma, nem todos são seresmoralmente superiores. Revelamuma certa propensão para o bem.Deixamos a cargo de Kardec a ex-plicação de como se opera esse mo-vimento renovador entre nós.

“As grandes partidas coletivas,entretanto, não têm por único fimativar as saídas; têm igualmente ode transformar mais rapidamenteo espírito da massa, livrando-a dasmás influências e o de dar maiorascendente às idéias novas.

Por estarem muitos, apesar desuas imperfeições, maduros para atransformação, é que muitos par-tem, a fim de apenas se retempera-rem em fonte mais pura. Enquan-to se conservassem no mesmomeio e sob as mesmas in-fluências, persistiriamnas suas opiniões e nassuas maneiras deapreciar as coi-sas. Uma estadano mundo dos

Espíritos bastará para lhes descer-rar os olhos, por isso que aí vêemo que não podiam ver na Terra. Oincrédulo, o fanático, o absolutista,poderão, conseguintemente, voltarcom idéias inatas de fé, tolerância eliberdade. Ao regressarem, acharãomudadas as coisas e experimenta-rão a influência do novo meio emque houverem nascido. Longe dese oporem às novas idéias, consti-tuir-se-ão seus auxiliares.”4

Referências:1KARDEC, Allan. A gênese. 50. ed. Rio de Ja-

neiro: FEB, 2006. Cap. XVIII, item 28, p. 476.2Idem, ibidem. Item 24, p. 474.3Idem, ibidem. Item 30, p. 477-478.4Idem, ibidem. Item 32, p. 478-479.

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 27

Page 28: Reformador 12 dezembro_2006_final

28 Reformador • Dezembro 2006 446666

á fortes indícios de que,após doloroso ciclo expiató-rio, a Terra ascenderá à hie-

rarquia dos mundos regenerados.Esse acontecimento é cósmico

e nada tem a ver com calendárioshumanos.

O que evidencia a hora das gran-des transformações é o abismo mo-ral em que se precipita a grandemaioria da Humanidade, com es-pantoso avanço do vício e do crime.

Não há, também, como negarque a Terra está se agitando cadavez mais, buscando, por si mesma,restaurar a pureza dos seus reinosexauridos pelos séculos de ativi-dades predatórias de seus ingratosfilhos. É a lei de ação e reação.

Aliás, é provável que o Orbe,quando promovido à categoria demundo de regeneração, não conti-nue com seus verões abrasadorese seus invernos glaciais; terremo-tos e maremotos; inundações eepidemias que ceifam milhares devidas a cada ano, frustrando osesforços da Ciência.

Cremos que muitas mudançasestejam previstas para a Terra, noGrande Plano Cósmico em queela está inserida.

Outrossim, Espíritos eminentesafirmam que, por pior que nos pa-reçam as turbulências da grandetransição, tudo não passa de inci-dentes insignificantes e corriquei-ros, já experimentados por inú-

meras humanidades, em outrossistemas solares que se deslocamno Ilimitado, glorificando o Eter-no Criador. Exemplo típico de taisacontecimentos encontra-se nolivro A Caminho da Luz, ditadopelo Espírito Emmanuel, atravésde Chico Xavier, capítulo IX, item“Ainda as raças adâmicas”.

Intelectual à frente do moral

Recordemos a resposta à per-gunta 780 de O Livro dos Espíritos:

“O progresso moral acompa-nha sempre o progresso intelec-tual? – Decorre deste, mas nemsempre o segue imediatamente”.

Últimos triunfosdo mal

HAD O L P H O MA R R E I RO JÚ N I O R

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 28

Page 29: Reformador 12 dezembro_2006_final

É o que ocorre na Terra: o as-sombroso avanço científico-tecno-lógico, com desprezo quase totalpelo progresso moral, é a causados grandes males que afligem aHumanidade, e um dos mais gri-tantes sinais que reclamam mu-danças rápidas e radicais.

Operações seletivas

Atentemos para as seguintes pas-sagens do livro A Gênese, de Kardec,FEB, capítulo XVII, item 63:

“Tendo que reinar na Terra obem, necessário é sejam dela ex-cluídos os Espíritos endurecidosno mal e que possam acarretar--lhe perturbações. Deus permitiuque eles aí permanecessem o tem-po de que precisavam para se me-lhorarem; mas, chegado o momen-to em que, pelo progresso moralde seus habitantes, o globo terrá-queo tem de ascender na hierar-quia dos mundos, interdito seráele, como morada, a encarnados edesencarnados que não hajamaproveitado os ensinamentos queuns e outros se achavam em con-dições de aí receber. Serão exiladospara mundos inferiores, como oforam outrora para a Terra os daraça adâmica, vindo substituí-losEspíritos melhores. Essa separa-ção, a que Jesus presidirá, é que seacha figurada por estas palavrassobre o juízo final: ‘Os bons pas-sarão à minha direita e os maus àminha esquerda’”.

E, no capítulo XI, item 36 doreferido livro pode-se ler o se-guinte:

“[...] Na destruição, que por es-

sas catástrofes se verifica, de gran-de número de corpos, nada maishá do que rompimento de vestidu-ras; nenhum Espírito perece; elesapenas mudam de planos; em vezde partirem isoladamente, partemem bandos, essa a única diferença,visto que, ou por uma causa oupor outra, fatalmente têm que par-tir, cedo ou tarde”.

Ainda no item 37, do mesmocapítulo, a explicação é claríssima:

“[...] Há, pois, emigrações eimigrações coletivas de um mun-do para outro, donde resulta a in-trodução, na população de umdeles, de elementos inteiramentenovos [...]”.

Em O Livro dos Espíritos temosa resposta à pergunta 737:

“Com que fim fere Deus a Hu-manidade por meio de flagelos des-truidores? – Para fazê-la progre-

dir mais depressa [...] e para quese realize em alguns anos o queteria exigido muitos séculos”.

Contudo, não haverá fim demundo, como muitos pensam. Ofim será do império do mal. A es-se respeito, vejamos o que nos afir-ma Emmanuel no capítulo XXVdo seu livro A Caminho da Luz:

“[...] São chegados os temposem que as forças do mal serãocompelidas a abandonar as suasderradeiras posições de domínionos ambientes terrestres, e osseus últimos triunfos são bem openhor de uma reação temeráriae infeliz, apressando a realizaçãodos vaticínios sombrios que pesamsobre o seu império perecível”.

Jesus, nosso Governador Plane-tário, nos deixou, conforme capí-tulo 24, versículos 6, 7, 8 e 14, deMateus, esta advertência:

“Porque ouvireis falar de guer-ras e rumores de guerras; não vosperturbeis, porque importa queessas coisas aconteçam, mas aindanão é o fim.

Levantar-se-á nação contra na-ção e reino contra reino, e haverápestilências, fome e terremotos emtodos os lugares.

E todas essas coisas serão oprincípio das dores.

Porque importa que este evan-gelho do Reino seja pregado a to-das as criaturas, em testemunho atodas as gentes, para que entãovenha o fim”.

É claro, reiteramos, que o fim édo império do mal, que já estáagonizando, porque atingiu seuslimites de permanência no orbeterrestre.

29Dezembro 2006 • Reformador 446677

“São chegadosos tempos emque as forçasdo mal serãocompelidas

a abandonaras suas

derradeirasposições”

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 29

Page 30: Reformador 12 dezembro_2006_final

30 Reformador • Dezembro 2006 446688

A FEB e o Esperanto

soneto que aqui apresentamos foi original-mente composto em esperanto, em 1953, pe-lo professor Geraldo Mattos, atual presidente

da Academia de Esperanto, mestre na língua pátria ena Língua Internacional, poeta de primeira grandezana literatura esperantista, lingüista renomado, entreoutros títulos.

Trata-se de um acróstico em homenagem a DoloresBacelar, a médium de A Mansão Renoir, Canção do

Destino, Semeando Estrelas, Cânticos do Além e outrasbelas obras concebidas no mundo espiritual, e quedesencarnou recentemente, em 6 de outubro.

O poema só foi publicado em julho de 1958, nonúmero inaugural da extinta revista Semado (Se-meadura), fundada por nosso querido confrade e co--idealista Allan Kardec Afonso Costa para a difusãodo Espiritismo através do esperanto.

Eis o texto, seguido de sua versão em prosa:

Homenagem a

Dolores Bacelar

OAF F O N S O SOA R E S

Nova Religio

D e la komenco de la Historio,O bstinaj homoj materialismajL ulataj de rezonoj egoismajO ftigas la militon kontra9 Dio...

R ezultoj katastrofaj kaj abismajE sti1as de ilia teorio;S ed la Plejalta kontra9 ties krioB atalas per rimedoj spiritismaj.

A n1eloj, kies vortoj estas lumoj,C ementas la evangelian veronE n la mesa1oj per la mediumoj.

L a peno por pli bona homa statoA kcele faras la pekeman teronR adia lando de la Karitato!

Nova Religião

Desde o início da História,Materialistas obstinados,Inspirados em raciocínios egoísticos,Intensificam a guerra contra Deus...

Resultados catastróficos, abismais,Nascem de suas teorias,Mas o Altíssimo, contra um tal clamor,Responde com o arsenal espírita.

Anjos, cuja palavra é luz,Cimentam a verdade evangélicaEm mensagens mediúnicas.

E tal esforço, visando a melhor situação [para o homem,

Transforma, a passos largos, o mundo pecadorEm estância radiosa da Caridade.

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 30

Page 31: Reformador 12 dezembro_2006_final

31Dezembro 2006 • Reformador 446699

Machado de Assis, Espiritismo, Esperanto...

ste ano assinala o centenário de publicação deum dos mais belos sonetos da língua portu-guesa – A Carolina – dedicado por Machado

de Assis à sua muito amada e então já falecida espo-sa. Sylvio Brito Soares, em excelente artigo publica-do em Reformador de novembro de 1958, p. 12(248), liga o genial escritor às idéias espíritas e aoesperanto, transcrevendo de suas cartas trechosbem sugestivos.

Respondendo, em 1904, a Joaquim Nabuco, dizele: “Tudo me lembra a meiga Carolina. Como es-tou à beira do eterno aposento, não gastarei mui-

to tempo em recordá-la. Irei vê-la, ela me espera-rá”. Em 1903, escrevendo a um diplomata sobre amorte de Leão XIII, ele afirmava: “Eu, pelo me-nos, não sou da têmpera dos que vão tão longe.Meses, anos, poucos anos, e terei dito adeus à nos-sa língua para ir aprender o Esperanto que nosquerem ensinar aqui, e só se aprende bem naoutra escola”.

Eis o soneto, por nós traduzido com a gentil revi-são de Sylla Chaves, que o incluirá em antologia,por ele compilada para homenagear o centenário daLiga Brasileira de Esperanto, em 2007:

E

A Carolina

Querida, ao pé do leito derradeiroEm que descansas dessa longa vida,Aqui venho e virei, pobre querida,Trazer-te o coração do companheiro.

Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiroQue, a despeito de toda a humana lida,Fez a nossa existência apetecidaE num recanto pôs o mundo inteiro.

Trago-te flores, restos arrancadosDa terra que nos viu passar unidosE ora mortos nos deixa e separados.

Que eu, se tenho nos olhos malferidosPensamentos de vida formulados,São pensamentos idos e vividos.

Al Karolina

Amata, /e la lito vivofina,Kie vi ku7as post la voj’ surtera,Mi venas kaj plu venos, Karolina,Alporti koron de kunul’ sincera.

En 1i pulsadas tiu sento vera,Kiu, spitante al decid’ destina,Tenadis nian vivon plenesperaKaj nian neston igis ben’ senfina.

Mi portas tristajn florojn, el la teroVidinta nin en 1oja vivpromeno,Kaj disigitaj nun en mortsufero.

Se montras mi, en larmoj de /agreno,Pensojn pri l’ viv’ de lukto kaj prospero,Ili jam velkis en la viv1ardeno.

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 31

Page 32: Reformador 12 dezembro_2006_final

32 Reformador • Dezembro 2006 447700

m face dos conceitos espíritas,aprendemos que, nos alboresde sua evolução, predomi-

nam no homem as cargas instinti-vas. Na medida em que avança naescala da evolução, surgem as sen-sações. Com o passar dos milênios,irrompem os sentimentos – pontofundamental para o desabrochardo amor. Isto posto, analisemos ossentimentos que advêm das ten-dências eletivas e das afinidadesfamiliares. Na primeira condiçãoestão as expressões complexas dodesejo, do sensualismo; em outra

situação, sedimentam-se a frater-nidade e o enlevo conjugal, numasimbiose mágica, quimioeletro-magnética, na entranha do ser.

Na questão 938a de O Livro dosEspíritos, aprendemos o seguinte:

“A Natureza deu ao homem anecessidade de amar e de ser ama-do. Um dos maiores gozos que lhesão concedidos na Terra é o deencontrar corações que com o seusimpatizem. [...]”1

O amor deve ser o objetivo ex-celso no roteiro humano para aconquista da paz na sua expressãoapoteótica. Porém, diversas vezes,o nosso sentimento é meramentedesejar, e tão somente com o “de-sejar” desfiguramos, instintivamen-

te, os mais promissoresprojetos de vida.

Nos dias atuais, fala-se e escreve--se muito sobre o sexo e pouco so-bre o amor. Certamente, porqueesse sentimento não se deixa deci-frar, repelindo toda tentativa de de-finição. Por isso, a poesia, campomítico por excelência, encontra, nametáfora, a tradução melhor dapaixão, como se esta fosse o amor.Segundo o psiquiatra William Men-ninger, “o amor é um sentimentoque a gente sente quando sente quevai sentir um sentimento que ja-mais sentiu”.2 Entendeu?... Nem eu!Esse vazio conceptual deve-se à di-ficuldade de manifestação de soli-dariedade e fraternidade no mun-do de hoje. O desenvolvimento doscentros urbanos criou a “síndromeda multidão solitária”. As pessoasestão lado a lado, mas suas relaçõessão de contigüidade.

A paixão é exclusivista, egoísta,dominadora, é predominantemen-te desejo. Para alguns pensadores,esse sentimento é a tentativa decapturar a consciência do outro,desenvolvendo uma forma posses-siva, onde surgem o ciúme e o de-sejo de domínio integral da pessoa“amada”. O legítimo amor é o con-vite para sair de si mesmo. Se apessoa for muito centrada em simesma, não será capaz de ouvir o

Amor, sublime amor

E

“O amor é a força mais abstrata e, também, a mais poderosa que o mundo possui.” – Mahatma Gandhi

JO RG E HE S S E N

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 32

Page 33: Reformador 12 dezembro_2006_final

apelo do outro. Isso supõe a preo-cupação de que a outra pessoa cres-ça e se desenvolva tanto quanto elaé, e não como queiramos que seja.O amor representa a liberdade enão o psicótico sentimento de pos-se. É a lei de atração e de todas asharmonias conhecidas, sendo for-ça inesgotável que se renova semcessar e enriquece, ao mesmo tem-po, quem dá e quem recebe.

Podemos até afirmar que o amoré quase tudo o que imaginamosser: é o extasiar-nos com a presen-ça do outro, sem que essa presençaseja a nossa única razão de existir esonhar; é a índole de ajudar o ou-tro, todavia sem exigir que o outroseja ou faça somente o que julga-mos correto; é a sublimidade dosbons sentimentos dirigidos ao ou-tro, porém, sem que haja limitesou condições para que expressemostais sentimentos; é o abraço, o olharsereno, o aperto de mão, a palavradúctil e tranqüila, os ouvidos aten-tos para ouvir; tudo isso em fun-ção do outro, contudo, sem quevenhamos lhe impor, que nos re-compense; e, mais ainda, que essesentimento possa ser projetado atodas as pessoas, não somente aosnossos consangüíneos, mas aosamigos próximos e aos compa-nheiros de jornada terrena.

Se quisermos melhor contemplare traduzir o que é amor, inspire-mo-nos na placidez dos campos,no sussurro do frágil regato, na ca-dência dos silvos dos pássaros aolado da destreza instintiva da avetecelã... Arrebatemo-nos no treme-luzir das flores em multicores, naspétalas singelas que espalham aro-

mas em pequenos canteiros, nasmiríades de mundos que enfeitamgaláxias nos jardins do firmamen-to e no brilho feérico da estrela quejaz no infinito. O amor está pre-sente na leve brisa que acaricia osramos de uma roseira e nos venda-vais que agitam ondas imensas nosoceanos; está no tênue sussurro dacriança e, também, nas estrondo-sas explosões solares; está na forçado jovem que busca seu espaço aosol e na sabedoria do ancião querecorda e descansa; está na gracio-sidade da borboleta e na habilida-de inconteste dos reflorestadoresalados. O amor é a dinâmica da vi-da e a harmonia da Natureza, é oremédio para todos os males queatormentam o homem.

Em síntese, tudo o que possa-mos idealizar sobre o amor podese consubstanciar como parceladeste sentimento, mas ele é muito

maior e mais abrangente, até por-que o bem-querer, toda a bonda-de, a tolerância, a alegria, a proxi-midade só poderão ser um frag-mento do amor quando não tive-rem laços no apego, na imperiosanecessidade de permuta, no egoís-mo que exige sempre condições eregras.

Em verdade, o amor só será ver-dadeiro e incondicional quandofor dilatado, por todos nós, a todas as coisas e a todos os seres que noscercam, nessa estupenda experiên-cia humana que é a própria vida.

Referências:1KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Ed.

Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Ques-

tão 983a, comentário de Kardec.2MENNINGER, William C.; MUNRO Leaf.

ABC da psiquiatria. Tradução de Nair B.

São Paulo: Ibrasa, 1973.

33Dezembro 2006 • Reformador 447711

Exortação aos espíritasUni-vos sob a paz, uni-vos sob a crença,Ó argonautas do ideal, arautos da esperança!...Que se realize agora o sonho da bonança!...Como os pães do Senhor que a fé se espalhe e vença.

Não temais combater, que o Mestre vos conduz Com o sol espiritual que envolve o mundo inteiro;Sede na terra verde e augusta do CruzeiroOs soldados do Amor, seareiros de Jesus!

(Versos recebidos em Belo Horizonte a 21 de julho de 1935.)

Fonte: XAVIER, Francisco C. Palavras do infinito. 5. ed. São Paulo: LAKE, 1978. p. 72.

A. Guerra Junqueiro

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 33

Page 34: Reformador 12 dezembro_2006_final

34 Reformador • Dezembro 2006 447722

s transtornos depressivossão muito freqüentes, atin-gindo, no mínimo, 5% da

população.Inúmeros estudos científicos fo-

ram realizados com o objetivo deconhecer em profundidade essetranstorno. As pesquisas permiti-ram concluir que se trata de dis-túrbio de caráter genético, comtendência à recorrência e que podeser controlado por medicamentos.

Sob o ponto de vista espiritual,os transtornos depressivos podemaparecer em situações diversas, co-mo tentaremos descrever emseguida:

1. Perdas diversas (desen-carnação de entes queridos,prejuízos financeiros, separa-ções, etc.); resistência do Es-pírito de reencarnar; ou ain-da rejeição pelo país, família,condição social, etc. Os sinto-mas depressivos, sem dúvida,não se manifestam em todasas pessoas que passam portais situações; e sim naquelasque têm certa predisposição.

2. Obsessão. Entre os sin-tomas mais freqüentes da ob-sessão estão os depressivos.

3. Condição biológica. Ossintomas aparecem devido adeficiências na produção de

neurotransmissores (serotonina,noradrenalina) pelo cérebro.

Isso acontece por predisposiçãogenética.

No primeiro caso, o transtornodepressivo decorre da maneira co-mo a pessoa reage diante de situa-ções descritas acima. A capacida-de de suportar varia de pessoa pa-ra pessoa, dependendo do grauevolutivo do Espírito: personali-dade, fortaleza interior, fé, etc.

No segundo, os sintomas sur-gem devido às induções mentaisdos Espíritos obsessores.

Ensina Allan Kardec: “Quasesempre, a obsessão exprime avingança que um Espírito tira eque com freqüência se radica nasrelações que o obsidiado mante-ve com ele em precedente exis-tência”. (O Evangelho segundo oEspiritismo, cap. XXVIII, item81, Ed. FEB.)

A obsessão é, portanto, ummeio de expiarmos débitos dopassado. Pode ser uma prova. Aesse respeito, escreveu o Codifi-cador: “[...] A obsessão, como asenfermidades e todas as tribula-

ções da vida, deve ser con-siderada prova ou expiaçãoe como tal aceita”. (Idem,ibidem.)

No terceiro, temos asdoenças expiatórias ou pro-vacionais. A predisposiçãogenética é prevista no mun-do espiritual, durante o pla-nejamento da reencarna-ção. A incidência elevada detranstornos depressivos per-mite-nos inferir que a de-pressão seja uma maneira es-colhida pelos Espíritos, comrelativa freqüência, para res-gatar débitos. Essa hipóteseé aceitável, porquanto, demodo geral, as más açõesprovocam nas vítimas, ouem pessoas próximas, esta-

Transtornos depressivosAspectos espirituais

OUM B E RTO FE R R E I R A

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 34

Page 35: Reformador 12 dezembro_2006_final

dos depressivos mais ou menosgraves.

A obsessão pode estar presentetambém no primeiro e terceirocasos, como um fator agravante.

Os transtornos depressivossão a causa mais freqüente desuicídio, sobretudo nos casos deobsessão.

Além dos medicamentos e dapsicoterapia, de eficácia compro-vada no tratamento dos transtor-nos depressivos, há os recursos es-pirituais, eficazes, tanto para tra-tar como para prevenir a depres-são e o suicídio, sobretudo nos ca-sos de obsessão. São eles: o estudoe a prática do Evangelho, a oração,o passe, a água fluidificada e ostrabalhos de desobsessão.

Todos são muito importantes.Além disso, é necessário o desejode melhorar-se interiormente e demobilizar a vontade para colabo-rar no tratamento.

Muitas pessoas não são benefi-ciadas, como desejam e esperam,porque seguem apenas parcial-mente essas orientações.

Felizmente, o número de pes-soas beneficiadas nos centros espí-ritas e nos hospitais de saúde men-tal, que mantêm assistência espiri-tual, é expressivo.

Não se pode esquecer do tra-balho, imperceptível aos olhos hu-manos, feito pelos Espíritos Su-periores, em todas as regiões doPlaneta.

Bibliografia:KARDEC, Allan. O evangelho segundo o

espiritismo. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB,

2006.

Às 18 horas do dia 3de outubro, por propos-ta do deputado estadualÁtila Nunes, os espíritasdo Estado do Rio de Ja-neiro comemoraram odia do nascimento deAllan Kardec, que ocor-reu na cidade de Lyon,França, em 3 de outu-bro de 1804.

A Mesa diretora foicomposta pelo deputadoestadual Átila Nunes e pelosconfrades Altivo Ferreira, vice--presidente da Federação Espíri-ta Brasileira; Humberto Portu-gal, diretor da Área de RelaçõesExternas do Conselho Espírita doEstado do Rio de Janeiro; DarcyNeves Moreira, diretora da Áreade Educação Espírita do CEERJ;Mozart Leite, diretor da Área deDivulgação do CEERJ; Paulo Ho-baica, coordenador do NúcleoEspírita Universitário do Estadodo Rio de Janeiro; e Hélio Cane-las, representante das InstituiçõesEspíritas da zona sul da capital.

Como primeira atividade hou-ve a apresentação do coral espí-rita Canto do Seareiro, que tam-bém cantou no encerramentoda solenidade.

Em seguida, falou HumbertoPortugal em agradecimento à ini-ciativa do deputado estadual Áti-

la Nunes por mais uma SessãoSolene em homenagem ao nas-cimento de Allan Kardec, Codifi-cador da Doutrina Espírita. Refe-riu-se à liberdade de crenças reli-giosas e, nesse sentido, citou di-versas afirmações de várias per-sonalidades mundiais, que exal-tam o respeito à diversidade re-ligiosa, à liberdade de religião eadoração em busca do sagrado.

O convidado para a palestrada noite, Altivo Ferreira, teceucomentários sobre a vida do pro-fessor Hippolyte Léon DenizardRivail e como passou a exercer opapel de Codificador da Doutri-na Espírita; fez uma síntese dasobras da Codificação Espírita.

Entre os presentes estavamrepresentantes de ConselhosEspíritas de Unificação, de ins-tituições espíritas e confradesatuantes no Estado.

35Dezembro 2006 • Reformador 447733

Legislativa do Rio de JaneiroAllan Kardec na Assembléia

Aspecto da Mesa que presidiua solenidade

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 35

Page 36: Reformador 12 dezembro_2006_final

36 Reformador • Dezembro 2006 447744

través das instruções depesquisadores, dos conhe-cimentos auridos em diálo-

gos com Espíritos desencarnados,que já alcançaram certo grau de in-dependência e evolução, e da vivên-cia freqüente com Espíritos enfer-mos nas sessões mediúnicas de tra-tamento, podemos afirmar a exis-tência de um princípio geral, queorienta a situação do Espírito, apósseu retorno ao plano extrafísico: aodeixar a vida material, gravita auto-maticamente para a posição quelhe seja peculiar. Evidentemente, otempo em que isto ocorre é extre-mamente variável, dependendo dosfatores que influenciaram a desen-carnação, do móvel moral/intelec-tual conquistado durante a expe-riência terrena que acabou de dei-xar, e do acervo remanescente dasexistências anteriores, referentes aocomprometimento com o automa-tismo da lei de causa e efeito.

A situação em que a alma seencontrará não lhe acrescentaránada, nem em poder, nem em co-nhecimento, nem em liberdade,além do que já possua. Apenasuma certa agudez de percepçãolhe fará sentir-se diferente dacondição anterior de encarnada.

A invisibilidade e a intangibili-

dade serão as características co-muns a todos os desencarnados,com relação aos que deixaram naretaguarda, passando a perceber,com nitidez, os também desen-carnados que estejam na sua si-tuação evolutiva, ou abaixo dela.Quanto aos Espíritos de grau su-perior, somente são vistos ou per-cebidos, se assim o desejarem.

O abalo da desencarnação, emmuitos casos, não deixa o Espíri-to perceber a realidade da pró-pria situação, isto é, não acreditaque morreu, tal a identidade en-tre a aparência do corpo físico e ado espiritual, que é semelhante.

Como no mundo espiritual “opensamento é tudo”, o Espíritoreforça a realidade físico-espiri-tual em que se encontra, consoli-dando a forma ideoplástica dopróprio aspecto com que se senteexteriorizar na nova situação.

A vontade, que é a força modela-dora do pensamento, dependen-do de sua intensidade, promoveráa consecução dos objetivos que oEspírito pretenda alcançar. O re-torno ao reduto doméstico, porexemplo, algumas vezes é conse-guido pelo anseio forte que o de-sencarnado demonstre, embora elenão perceba como o conseguiu.

O que o desencarnante levaconsigo, da vida material para aespiritual? – Apenas as conquis-tas do intelecto e as realizações,boas ou más, no campo moral!

O pensamento, sendo a forçapor excelência na vida extrafísica,aqueles que se mantenham preo-cupados com os assuntos e bensda vida material recém-abando-nada conservam-se presos a eles,o que lhes dificulta sobremaneiraa ascensão a patamares espirituaismais elevados.

Uma expressiva quantidade derecém-libertos do corpo se com-praz em manter-se ligada às sen-sações da vida física, na ilusão deque assim prolongariam a condi-ção de “vivos”. Para conseguir taissensações, alimentam-se das ener-gias sugadas dos encarna-dos, que se lhes asseme-

Aspecto da vida dosrecém-desencarnados

AMAU RO PA I VA FO N S E C A

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 36

Page 37: Reformador 12 dezembro_2006_final

lham, moral e intelectualmente.Esses encarnados funcionam co-mo “pontes vivas”. Os que se vi-ciaram no álcool, nas drogas ounos desvios da sensualidade con-seguem justapor-se aos seus “hos-pedeiros”, sugando-lhes as ener-gias encharcadas daquele estadovibratório que os satisfaz.

Há pessoas que se espantamao saberem que o vampirismo éuma realidade; entretanto, nadahá nisso de anormal. A permutade energias é um acontecimentológico, já que as duas mentes par-ticipantes objetivam o mesmoresultado!

É um erro muito generalizadoas pessoas começarem a fazer pe-didos de ajuda e proteção aos re-cém-desencarnados, como se so-mente o fato de haverem deixadoa vida material lhes acrescentassepoderes que nunca possuíram.Na grande maioria das desencar-nações, os Espíritos não têm con-dição de resolver ao menos osproblemas imediatos surgidos coma nova situação. As necessidadesmateriais continuam presentes,até que a sublimação da alma secomplete.

O perispírito, que é oplano organogênico do

corpo físico, mantémíntegros todos os sis-

temas do corpo somático; órgãos,vísceras e tecidos têm suas for-mações, partindo desse plano.*Assim, ao desencarnar, os órgãospermanecem existindo no corpoespiritual, arrastando consigo asnecessidades próprias de cadaum. Com a natural evolução daalma, a satisfação das necessida-des exigidas por eles vai desapa-recendo, com tempo muito va-riável, de um Espírito para ou-tro, até extinguir-se, já que o Es-pírito se mantém com outros re-cursos de alimentação energética,como a respiração e a absorçãopranaiama.

Os desencarnados que fazem apassagem em elevado estado dedebilidade são recolhidos a hospi-tais espirituais existentes nas re-giões próximas à Crosta, onde sãotratados quase como se encarna-dos fossem, e alimentados normal-mente com caldos, sucos, etc. Naverdade, a necessidade desses re-cursos existe mais por causa do es-tado mental dos pacientes do quepor exigência do corpo espiritual.

Não é imediatamente que oEspírito se liberta da escravidãodos sentidos. Somente à propor-ção que o domínio mental se vaiampliando e intensificando é queele vai se inteirando da nova rea-lidade, e eles, os sentidos, irão dei-xando de atuar como necessida-de imperiosa.

37Dezembro 2006 • Reformador 447755

*Ver O consolador, pelo Espírito Emma-nuel, psicografia de Francisco C. Xavier.Ed. FEB, pergunta no 30.

Fonte: O livro dos espíritos. Ed. Especial. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Conclusão V,p. 589-590.

Allan Kardec

s que dizem que as crenças espíritas ameaçam invadir o mun-do, proclamam, ipso facto, a força do Espiritismo, porque ja-

mais poderia tornar-se universal uma idéia sem fundamento e des-tituída de lógica. Assim, se o Espiritismo se implanta por toda parte,se, principalmente nas classes cultas, recruta adeptos, como todosfacilmente reconhecerão, é que tem um fundo de verdade. Baldados,contra essa tendência, serão todos os esforços dos seus detratores e aprova é que o próprio ridículo, de que procuram cobri-lo, longe delhe amortecer o ímpeto, parece ter-lhe dado novo vigor, resultadoque plenamente justifica o que repetidas vezes os Espíritos hão dito:“Não vos inquieteis com a oposição; tudo o que contra vós fizeremse tornará a vosso favor e os vossos maiores adversários, sem o quere-rem, servirão à vossa causa. Contra a vontade de Deus não poderáprevalecer a má vontade dos homens”.

Por meio do Espiritismo, a Humanidade tem que entrar numanova fase, a do progresso moral que lhe é conseqüência inevitável.[...]

OA força do Espiritismo

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 37

Page 38: Reformador 12 dezembro_2006_final

m comemoração aos 175anos do nascimento deAdolfo Bezerra de Menezes,

Reformador traz duas fotografiasrecentemente descobertas quemostram, em detalhes, o rostodo Médico dos Pobres. Uma des-sas imagens está sendo publicadapela primeira vez, e ambas guar-dam a vantagem de não teremsido alteradas pelos retoquesfotográficos em voga no século XIX.

As pesquisas históricasque culminaram com a des-coberta dessas imagens seiniciaram em 1995, quandocomeçamos um trabalho quevisava ao resgate da memóriado Movimento Espírita cearen-se. Nessas buscas, encontramospreciosidades, documentos deinestimável valor para a Históriado Espiritismo. Entre estes, algunsreferentes à vida de Adolfo Bezerrade Menezes, a maior expressão doMovimento Espírita no Brasil do século XIX. A pesquisa ensejoua publicação do livro Bezerra deMenezes – Fatos e Documentos,

lançado no ano 2000 pela EditoraLachâtre. Na ocasião era celebradoo centenário da desencarnação doMédico dos Pobres.

Dois sobrinhos trinetos de Be-zerra, residentes em Fortaleza,

emprestaram diversas fotografiasinéditas para ilustrar o livro. Qua-tro delas foram gentilmente cedi-das pela cirurgiã-dentista RenataBlanda Furtado e uma outra pelohistoriador Eduardo Bezerra Ne-

to. As fotos cedidas por Renata,em excelente estado de conserva-ção, ficaram durante décadas guar-dadas num velho baú de cedro, naserra de Baturité, Ceará, na casaonde residiu sua bisavó Ursulina,sobrinha de Bezerra de Menezes.O baú de cedro e o clima da serrapermitiram que essas imagens

se desgastassem menos diantedos efeitos do tempo.

Entre as fotos, porém, umaem particular impressionafortemente. É a que possuium detalhe curioso: umapalavra escrita no verso. Nafotografia, datada da déca-

da de 1860, Bezerra de Me-nezes é visto com os dois fi-

lhos do primeiro casamento.Supomos, pela ausência da com-panheira a seu lado, que já esti-vesse viúvo de Maria Cândida deLacerda, sua primeira esposa. Es-se retrato é muito semelhante aum outro bastante conhecido nomeio espírita, mas que, devido aossucessivos retoques, se alterou par-cialmente a expressão facial dosfotografados.

Novas fotografias deBezerra de Menezes

38 Reformador • Dezembro 2006 447766

ELU C I A N O KL E I N FI L H O

Duas imagens de incalculável valor histórico, uma delas inédita, mostram,

sem retoques fotográficos, o rosto do Médico dos Pobres

Bezerra com dois filhos (Década de 1860)

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 38

Page 39: Reformador 12 dezembro_2006_final

No verso desta fotografia, comletras finas e inclinadas, está escri-ta a palavra “ingrato”. Renata nãosabia explicar o motivo daquela ex-pressão forte. Intuitivamente, su-pusemos que a expressão talvez sejustificasse em razão do rompi-mento de Bezerra de Menezes comas tradições católicasfamiliares quando ade-riu ao Espiritismo, pu-blicamente, no dia 16de agosto de 1886. Ofato repercutiu não sóna Corte, mas tambémem sua província natale no grupo familiar.

O irmão mais velhode Bezerra, pai de Ur-sulina, Manoel Soaresda Silva Bezerra, haviasido agraciado pelo pa-pa Pio IX com o há-bito de São GregórioMagno. Era um reco-nhecimento do Vatica-no pelos relevantesserviços prestados porele à Igreja romana.Manoel Soares escre-veu uma carta ao ir-mão Adolfo, repro-chando-lhe a condutapor haver se converti-do ao Espiritismo. Aresposta do Médicodos Pobres seria, maistarde, convertida em livro, quehoje pode ser lido sob o títuloUma Carta de Bezerra de Menezes,publicação da FEB.

Mas outra fotografia de Bezer-ra de Menezes haveria de surgir. Éa que Reformador publica pela

primeira vez, nesta edição. Emagosto de 2005, na sede da Fede-ração Espírita Brasileira, em Bra-sília, o confrade Alexandre Zaghet-to, voluntário do Setor de Docu-mentação e Obras Raras da Fede-ração Espírita Brasileira, comuni-cou à Presidência da FEB que ha-

via sido encontrada, em meio aantigos documentos da Casa deIsmael, uma fotografia de Bezerrade Menezes desconhecida do Mo-vimento Espírita atual. A fotogra-fia encontrada nos arquivos daFEB apresenta marcas e falhas

provocadas pelo tempo, mas éuma relíquia de incalculável valorhistórico. Mostra Bezerra umpouco diferente. É possivelmenteuma de suas últimas imagens.Nela, trajando o tradicional far-dão, o venerando ex-presidenteda FEB aparece prematuramente

envelhecido. A desen-carnação da primeiraesposa e de alguns fi-lhos, as calúnias e per-seguições sofridas du-rante os anos de ativi-dades na política, ograve problema de saú-de, as dificuldades fi-nanceiras e as decep-ções, muitas vezes en-contradas na persis-tente peleja anelandoa união da família es-pírita, contribuíram,sobremaneira, para odesgaste físico do gran-de lidador. Percebe-seainda uma acentuadacalvície, diferentemen-te de outros retratos,que o mostram comuma cabeleira farta.

Mas, o que avulta daimagem encontrada naFEB e provoca umaforte emoção nos quea vêem, é o olhar doMédico dos Pobres. O

olhar que curou e comoveu inú-meros corações sofridos. De seusolhos claros, fixos em um pontoqualquer, exterioriza-se uma pla-cidez, a paz conquistada no cur-so de sua luminosa trajetória es-piritual.

39Dezembro 2006 • Reformador 447777

Foto inédita de Bezerra de Menezes

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 39

Page 40: Reformador 12 dezembro_2006_final

influência obsessiva apre-senta várias facetas, em ge-ral ignoradas pelo espírita.

Surge de forma abrupta ou lenta-mente, insidiosa. Não considera osexo, a idade, o nível socioeconô-mico. Atinge o indivíduo e arrastacomunidades. Insinua-se, escorre-gadia como réptil venenoso, nosdelicados e nobres tecidos da es-trutura cerebral, neutralizandoagentes de defesa orgânica, pro-duzindo alucinações, sofrimentose mal-estar generalizados. Com-batendo as células de defesa orgâ-nica, tem ação lesiva nos órgãos etecidos, nos sistemas e aparelhosdo corpo físico. Sob a forma deentidades microscópicas, lança osseus dardos venenosos na formade toxinas, produzindo desarmo-nias variáveis nas unidades celula-res que, vencidas, passam a alber-gar microorganismos causadoresde infecção.

Espíritos perturbados e pertur-badores aproximam-se da men-

te invigilante para absorver,num processo de vampiri-

zação fluídico-magnéti-ca, a energia vital daspessoas que lhes ser-vem de alvo. Apro-priando-se da men-

te, passam a con-viver com o indi-

víduo em regi-me contínuo,

íntimo, de

forma que o pen-samento e a emoção deum ecoam e refletem no outro.

Entidades obsessivas existem quehabilmente mapeiam a organiza-ção física e perispiritual de quemdesejam dominar. Identificam, comprecisão, os pontos frágeis e for-tes do cosmo orgânico. Sabem au-mentar ou diminuir a produçãohormonal; influenciam no sistemade absorção alimentar, segregandoou deletando proteínas, glicídios egorduras; apropriam-se de neuro-transmissores, em nível de sistemanervoso central, conduzindo o ob-sidiado a crises depressivas ou aidéias e tentativas de suicídio; agemno centro da memória, paciente-mente, manipulando a delicadatessitura e os bloqueios naturaisimpostos pelo programa reencar-natório, desativando mecanismosde proteção e, à semelhança de umladrão inconseqüente, arrombamas portas que mantêm os arquivosde ações infelizes, ocorridas emvidas pretéritas, sob parcial con-trole. Apropriando-se dessas lem-branças amargas, caracterizadaspor experiências de atentado à leide Deus, conduzem-nas aos cam-pos da memória recente, provo-cando, no subjugado, angústias,sentimento de culpa e desespero.Atrelando-se aos centros motoresdos que se encontram sob o domí-nio nefasto, produzem paralisias,fraquezas musculares e neurites.

Conhecendo as predisposi-ções íntimas do dominado, seussentimentos, desejos e aptidões,atuam no centro cerebral do hu-mor e da inteligência, acelerandoo metabolismo de íons que resul-tam na irritabilidade, na elevaçãoda pressão dos líquidos corporais,causando tonturas e cefaléias.

Não creias, amigo e irmão, queeste quadro, assim apresentado como colorido do jargão técnico, seencontra distante de ti. Está ao teulado, podendo envolver-te, vibran-do no ritmo da tua cadência respi-ratória e do teu batimento cardía-co. Mantenhas-te atento, pois assomatizações são inevitáveis quan-do há influência obsessiva. Trans-forma-te no bem para que possasneutralizar-lhe tais ações, absor-vendo energias superiores que doAlto se derramam sobre ti. As li-gações mentais inferiores ocor-rem em razão da invigilância, dafalta de fé, da ausência de oração,da escassez da prática do bem.

Fraternalmente,

Francisco M. Dias da Cruz

(Mensagem psicográfica, recebida por

Marta Antunes Moura, na reunião do dia

10 de agosto de 2006, na FEB, Brasí-

lia–DF.)

AObsessão

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 40

Page 41: Reformador 12 dezembro_2006_final

e família católica, MariaDolores de Araújo Bacelar,ou simplesmente Dolores

Bacelar como ficou conhecida,tornou-se figura querida dentrodas lides espíritas, sobretudo porsua humildade. Era natural de Per-nambuco, onde nasceu no dia 10de novembro de 1914, passando aresidir na cidade do Rio de Janei-ro. Levada a um Centro Espíritapelo saudoso esperantista IsmaelGomes Braga – que descobriu nelagrandes recursos mediúnicos –,aproximou-se da Doutrina e aolado do esposo, o também per-nambucano Luiz Gonzaga daSilveira Bacelar, trabalhou comafinco em prol da divulgação doEspiritismo, sobretudo a partir de1949, na Casa Espírita do Cora-ção, no bairro de Ipanema, zona

sul do Rio. Nessa instituição, en-tão denominada Sociedade Espi-ritualista Cabana de Cana-gé, atuou por muitosanos, sempre des-frutando da ami-zade e do cari-nho de todos.

Mais tarde,com o espo-so, fundou aSeara dos Ser-vos de Deus,em Copacaba-na, a qual pos-t e r i o r m e n t etransferiu-se pa-ra Botafogo, ondepermanece ainda ematividade. Dolores Bacelarcriou também, com o marido, aCasa Assistencial Lar Amigo, des-tinada ao amparo de meninasórfãs, conduzindo as tarefas sem-pre com sua característica abne-gação, de forma silenciosa, noanonimato.

O casal colaborou muito com ocoronel Jaime Rolemberg de Li-

ma, no Lar Fabiano de Cristo,na implantação de uma

unidade para atendimen-to de famílias carentes, aCasa de Alfredo, em Co-pacabana.

Com o regresso deLuiz Gonzaga à Es-

piritualidade, em 18 de junho de1988, a viúva Dolores Bacelar,

mãe então de quatro filhos –Fernando Antônio, Rô-

mulo, Ana Cristina ePrimavera, esta ain-

da muito jovem –e avó de oito ne-tos, assumiu apresidência daSeara dos Ser-vos de Deus,i n t e g r a n d otambém o Con-

selho da Insti-tuição. Da mesma

forma permaneceu,sem esmorecer, na

execução das atividadesassistenciais e espirituais da

Casa Assistencial Lar Amigo.Como médium psicógrafa,

Dolores recebeu dezenas de li-vros, dentre os quais: A mansãoRenoir, A canção do destino, No-vos cânticos, O alvorecer da espi-ritualidade, Os guardiães da ver-dade, Veladores da luz, O vôo dopássaro azul, A rosa imortal e Àsombra do olmeiro.

Dolores Bacelar desencarnouem 6 de outubro de 2006 e o en-terro do seu corpo ocorreu nodia seguinte, às 14 horas, no Ce-mitério São João Batista, em Bo-tafogo, com expressivo acompa-nhamento.

Dolores BacelarD

AN TO N I O LU C E NA

41Dezembro 2006 • Reformador 447799

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 41

Page 42: Reformador 12 dezembro_2006_final

42 Reformador • Dezembro 2006 448800

Seara Espírita

USE-SP: Congresso Espírita 2007A União das Sociedades Espíritas do Estado de SãoPaulo realizará em Guarulhos (SP), no período de 6a 9 de julho de 2007, o 13o Congresso Estadual deEspiritismo, cuja abertura será feita pelo tribunoDivaldo Pereira Franco. O tema central “Espiritismo150 anos – Unir para Difundir” será desdobrado emquatro módulos: “Centro Espírita”, “ComunicaçãoEspírita”, “Infância e Mocidade Espírita” e “UniãoEspírita”.

Goiás: Integração de Casas EspíritasO seminário “Integração das Casas Espíritas” reuniu19 instituições espíritas de Goiás, em 18 de setembro,na Casa do Caminho, em Anápolis. O expositor dotema foi Aston Brian Leão, da Federação Espírita doEstado de Goiás. Mais de uma centena de traba-lhadores da 9a Região participaram do evento.

R. G. do Sul: Encontro Jurídico-EspíritaEm 21 de outubro, no Auditório do Teatro DanteBarone da Assembléia Legislativa do Estado do RioGrande do Sul, ocorreu o 2o Encontro Jurídico--Espírita no Rio Grande do Sul. Foram conferencis-tas: Nancy Andrighi, ministra do Superior Tribunalde Justiça; Ricardo Silva, assessor do STJ e membroda Assessoria Jurídica da FEB; Sandra Della Póla daSilva, advogada; Gilmar Bortolotto, promotor dejustiça; e João Alessandro Müller, procurador doEstado. O Encontro teve o apoio do Ministério Pú-blico, da Federação Espírita do Rio Grande do Sul eda Associação Médico-Espírita daquele Estado.

Roraima: Encontro sobre MediunidadeA Federação Espírita Roraimense realizou em BoaVista, nos dias 8 e 9 de setembro, o Encontro do Tra-balhador da Casa Espírita, com a finalidade de ana-lisar a prática correta da mediunidade à luz do en-tendimento espírita. Coube às diretoras da Fede-ração Espírita Brasileira Marta Antunes Moura eEdna Maria Fabro a condução das atividades.

FEESP: Homenagem a KardecComemorando seus 70 anos de fundação, a Federa-ção Espírita do Estado de São Paulo promoveu, nodia 22 de outubro, uma Festa de Rua Típica Fran-cesa, em homenagem a Allan Kardec. Das 9 às 19horas, na rua Maria Paula, defronte à sede da FEESP,ocorreu a abertura solene, com a presença de seusdirigentes e convidados, havendo o funcionamentode barracas típicas e apresentação de shows musicais.No Restaurante, foi servido almoço típico francês.Estiveram presentes representantes da FederaçãoEspírita Brasileira, da União das Sociedades Espíritasdo Estado de São Paulo, da Aliança Espírita Evan-gélica e da Liga Espírita do Estado de São Paulo.

Casa Espírita CentenáriaA Sociedade Espírita 25 de Dezembro, de Barretos(SP), está comemorando seu centenário de funda-ção, ocorrida em 25 de dezembro de 1906. São 100anos de ininterrupta atividade doutrinária e assis-tencial, firmada na Doutrina Espírita codificada porAllan Kardec. Desde a fundação da USE, em 1947,passou a integrar o Movimento de Unificação.

Uruguai: Movimento EspíritaRealizou-se na cidade de Tacuarembo, no dia 29 deoutubro, a 14a Reunião da Coordenadoria Nortede Apoio ao Movimento Espírita Uruguaio, com otema “Trabalhando Unidos”. A promoção foi da Fe-deração Espírita Uruguaia.

Abrame recebe comenda do TSTA Associação Brasileira dos Magistrados Espíritasrecebeu do Tribunal Superior do Trabalho a Co-menda da Ordem Judiciária do Trabalho, por indi-cação do Conselho da Ordem do Mérito, com aaprovação de todos os membros daquela Corte. Asolenidade de outorga ocorreu no dia 11 de agosto,em Brasília (DF), quando o presidente do TST, mi-nistro Ronaldo Leal, entregou a comenda ao presi-dente da Abrame, Zalmino Zimmermann.

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 42

Page 43: Reformador 12 dezembro_2006_final

S. Catarina: Encontro sobre Mediunidade Nos dias 16 e 17 de setembro, a Federação EspíritaCatarinense promoveu o VI Encontro Estadual so-bre Mediunidade. O tema foi: “Qualidade na PráticaMediúnica”.

Semana Maurícia A Cruzada dos Militares Espíritas promoveu, no pe-ríodo de 16 a 22 de setembro, a 53a Semana Maurícia,em homenagem ao seu patrono, o capitão Maurício,mártir cristão que desencarnou no ano 286 d.C.Diversas atividades, como palestras e seminários,integraram a programação da semana nos váriosNúcleos da CME.

Documentação e Pesquisa do EspiritismoO Centro de Cultura, Documentação e Pesquisa doEspiritismo Eduardo Carvalho Monteiro (CCDPE--ECM), com sede na Alameda dos Guaiases, 16 –Planalto Paulista – São Paulo (SP), é uma associaçãocivil, científica, cultural, beneficente e sem fins lucra-tivos, que tem a finalidade de reunir num só espaçointensas atividades culturais e de preservação damemória do Espiritismo. Informações pelo e-mail:[email protected]

Rússia: Contato EspíritaCristiani Haferkamp, espírita residente em SãoPetersburgo, deseja manter contato com pessoas queresidam naquela cidade ou imediações, para juntosdarem continuidade aos estudos espíritas das obraskardequianas e complementares. Brasileiros ou ou-tros que estiverem interessados podem contatá-lapelo e-mail: [email protected]; telefone parachamada internacional: 007-812-312-1694.

Livros em Braille na InternetCom o objetivo de facilitar o acesso do deficientevisual à leitura, a Sociedade Pró-Livro Espírita emBraille (Spleb) criou uma página na Internet. A ini-ciativa possibilitará aos usuários o acesso às obras

disponibilizadas pelo próprio site, bem como ao Ca-tálogo Nacional de Publicações para Cegos. Além detextos em Braille, há, também, estudos que podemser acompanhados de forma on-line. A página daSpleb é www.spleb.org A sede fica na Rua TomásCoelho, 51, Tijuca, CEP 20540-110 – Rio de Janeiro(RJ). Tel.: (21) 2288-9844.

Revista Espírita em russoA primeira edição da Revista Espírita, de AllanKardec, já está disponível em russo. A iniciativa foido Conselho Espírita Internacional (CEI), quedisponibilizou a edição na Internet. O exemplarno 1 da Revista Espírita pode ser lido na páginawww.spiritist.org Os interessados podem solicitá-lopelo correio eletrônico [email protected] ou peloendereço Av. L-2 Norte – Quadra 603 – Conjunto F(SGAN) – CEP 70830-030. A Revista está disponível,também, em esperanto, inglês e espanhol.

Bolívia: Encontro Espírita A Federação Espírita Boliviana já iniciou os prepa-rativos para o 5o Encontro Espírita Boliviano, que serealizará na cidade de Santa Cruz de la Sierra, noperíodo de 6 a 8 de abril de 2007, a qual contará coma presença de Divaldo Pereira Franco. O tema é: “OLivro dos Espíritos”, em comemoração dos 150 anosde seu lançamento, por Allan Kardec, em 18 de 1abrilde 1857.

Sobra da Seara

reformador dezembro 2006 - B.qxp 5/12/2006 11:42 Page 43

Page 44: Reformador 12 dezembro_2006_final
Page 45: Reformador 12 dezembro_2006_final