43
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO EFEITO DE UMA DIETA COM ALTO TEOR DE CARBOIDRATOS NO FÍGADO DE RATOS WISTAR ANA JÚLIA FELIPE CAMELO AGUIAR NATAL/RN 2017

EFEITO DE UMA DIETA COM ALTO TEOR DE CARBOIDRATOS NO

  • Upload
    others

  • View
    5

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

0

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE NUTRIÇÃO

EFEITO DE UMA DIETA COM ALTO TEOR DE

CARBOIDRATOS NO FÍGADO DE RATOS WISTAR

ANA JÚLIA FELIPE CAMELO AGUIAR

NATAL/RN

2017

1

ANA JÚLIA FELIPE CAMELO AGUIAR

EFEITO DE UMA DIETA COM ALTO TEOR DE

CARBOIDRATOS NO FÍGADO DE RATOS WISTAR

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao curso de

graduação em Nutrição da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte como requisito final para obtenção do grau de Bacharel em Nutrição.

Orientador (a): Prof. Dra. Ana Heloneida de Araújo Morais

Co-orientador (a): Nutricionista Júlia Braga dos Santos

NATAL/RN

2017

2

ANA JÚLIA FELIPE CAMELO AGUIAR

EFEITO DE UMA DIETA COM ALTO TEOR DE

CARBOIDRATOS NO FÍGADO DE RATOS WISTAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Nutrição da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito final para obtenção do grau de

Nutricionista.

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________________

Prof. Dra. Ana Heloneida de Araújo Morais

________________________________________________________________

Nutricionista Júlia Braga dos Santos

________________________________________________________________

Prof. Dra. Bruna Leal Lima Maciel

Natal, 04 de dezembro 2017.

3

À Darlan e Adriana pelo amor incondicional,

apoio, confiança e incentivo de sempre.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeiramente, à Deus. Pelo dom da vida, pela coragem e sabedoria

que ele depositou em mim. À Deus toda honra e toda glória pelo que sou, pelo que tenho e pelo

o que eu irei conquistar na vida pessoal e acadêmica. À Maria Santíssima que nunca me

desamparou quando eu mais precisei dela, me dando seu colo de mãe celeste.

Aos meus pais, pelos ensinamentos, amor e por me mostrarem que eu posso ser

o que eu quiser, amo vocês. Pai, você é meu espelho, meu exemplo de força, inteligência, ética

e liderança, obrigada por tudo. Mãe, obrigada pelo seu amor condicional, pela paciência,

resiliência e por ser esse exemplo de mulher, te amo.

Aos meus irmãos, Maria Luiza e Heitor, obrigada por existirem, vocês serão para

sempre meus bebês. Amo vocês incondicionalmente, obrigada por tudo. Ter vocês na minha

vida é a oportunidade de dividir as tristezas e multiplicar o amor e alegria. Amo vocês.

Aos meus avós maternos, Luiza e Francisco, obrigada por me amarem mesmo

antes de eu nascer com esse amor perfeito. Aos meus avós paternos, Júlia e Francisco, obrigada

por serem um exemplo de coragem e força. Ao meu querido e eterno João Baixinho, meu

vozinho eu sinto falta do seu sorriso todos os dias, te amo.

À toda a minha família, meus tios, tias, primos e primas, obrigada por tudo e por

contribuírem com toda a minha criação, obrigada pelo amor que me proporcionam sentir, amo

vocês. Em especial, ao meu Davi e Miguel, meus meninos lindos. Vocês são alegria para minha

alma.

Agradeço aos meus amigos, em especial os que acompanharam todo o decorrer

desse processo, obrigada pela paciência, pela força e por sempre acreditarem em mim. Obrigada

em especial à Eva, por ser quem é e me apoiar tanto. À toda minha família de Natal, meu Céu

de Cristo, obrigada, amo vocês. Em especial, à Belle e Allanna por se tornarem minhas amigas

e irmãs, obrigada por existirem e por formarmos esse trio que eu amo tanto.

Agradeço a todos os meus professores que até aqui me mostraram o quão

magnífico é o mundo da docência, eu sinto uma admiração e um respeito muito grande por

todos vocês. Agradeço também à UFRN pelas oportunidades e por me proporcionar viver uma

das maiores experiências da minha vida.

À minha querida orientadora, Ana Heloneida, obrigada por ter aberto as portas

do projeto da sua vida e ter me incluído nele, obrigada por ter despertado em mim o amor pela

ciência, obrigada por ter sido uma orientadora-mãe algumas vezes, agradeço sua compreensão

5

e carinho. Professora você é uma inspiração de tudo que um dia eu pretendo me tornar. Muito

obrigada!

Agradeço à minha querida co-orientadora Júlia por ter sido uma parceira de

laboratório e ter me ajudado na construção desse trabalho, muito obrigada! Você merece todo

o sucesso do mundo! Agradeço também à professora Bruna pela ajuda na minha caminhada e

ter dado tantas contribuições importantes ´para este trabalho, a senhora é uma inspiração de

carreira e pessoa, obrigada!

Ao meu querido e amado grupo de pesquisa, pela ajuda, paciência, sorrisos,

brincadeiras e ensinamentos. Todos vocês são maravilhosos! Fabi, Amanda, Vanessa e Izael

obrigada por me acolherem e me ensinarem tanto. Luana e Rafael obrigada pela ajuda e força

de sempre. Luiza, Gerciane, Fernanda, Janaína e Bianca obrigada pela companhia e pela

parceria, vocês têm o mundo inteiro para conquistar. Agradeço em especial à Bia, que sempre

me ajudou e foi muito importante na minha caminhada.

Agradeço a todos que de alguma forma ajudaram a concretizar este trabalho e

inspirado a pessoa que sou hoje!

6

“Não é a observação de fenômenos raros e

escondidos que só são apresentáveis por meio de

experimentos que serve para a descoberta das

mais importantes verdades, mas a observação

daqueles fenômenos que são evidentes e acessíveis

a todos. Por isso a tarefa não é ver o que ninguém

viu ainda, mas pensar aquilo que ninguém pensou

a respeito daquilo que todo mundo vê”.

(Arthur Schopenhauer)

7

AGUIAR, Ana Júlia Felipe Camelo Aguiar. Efeito de uma dieta com alto teor de

carboidratos no fígado de ratos Wistar. 2017. 42f. Trabalho de Conclusão de Curso

(Graduação em Nutrição) – Curso de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Natal, 2017.

RESUMO

O atual padrão alimentar da população moderna, caracterizado por alimentos com alto teor de

carboidratos, gordura e sódio tem acarretado no desenvolvimento de diversas desordens

metabólicas. Levando-se em consideração esse aspecto de transição nutricional, e com o

objetivo de avaliar seu impacto na saúde dos indivíduos, diversos modelos animais têm sido

realizados com o uso de dietas experimentais que se assemelham à alimentação da sociedade

moderna. Estudos mostram que a obesidade decorrente do desequilíbrio nutricional da dieta

ocasionado pelo consumo de alimentos industrializados e ricos em açúcar pode contribuir para

o desenvolvimento de doença hepática gordurosa não alcóolica (DHGNA). Diante disso, o

presente estudo teve como objetivo avaliar o efeito de um modelo experimental de dieta com

alto teor de carboidratos sobre o fígado de ratos Wistar machos adultos. Para isso, foram

utilizados dois grupos de animais, o grupo controle (n=5) que recebia a dieta padrão Labina®

e o grupo experimental (n=5), a dieta experimental, por um período de 17 semanas. Foram

realizados testes das concentrações das transaminases e a análise histopatológica qualitativa do

fígado. Ao final do experimento, foi observado que a média da concentração de ALT (40,80

mg/dl) no grupo experimental foi superior às demonstrada pelo grupo controle (27,60 mg/dl),

mesmo não apresentando diferença estatística, além disso, na análise da histologia, foi visto um

acúmulo de gordura no fígado dos animais alimentados com a dieta experimental. Dessa forma,

foi possível comprovar que essa dieta com alto teor de carboidratos foi capaz de induzir uma

alteração no fígado dos animais, sendo uma opção para estudos sobre fisiopatologia que

envolvam complicações associadas ao fígado, visto que o modo de indução utilizado se

apresenta como um modelo próximo à alimentação humana atual.

Palavras chaves: Carboidrato, histopatologia, transaminases.

8

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................................ 09

2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................... 11

2.1. DIETAS EXPERIMENTAIS...................................................................................... 11

2.1.1. Carboidratos e glicemia......................................................................................... 12

2.1.2. Percentual de contribuição de carboidratos na dieta.......................................... 15

2.1.3. Impacto à saúde...................................................................................................... 17

2.2. FÍGADO..................................................................................................................... 19

2.2.1. Anatomia, fisiologia e função................................................................................. 19

2.2.2. Esteatose hepática.................................................................................................. 22

2.2.2.1. Diagnóstico e tratamento....................................................................................... 24

3. OBJETIVOS................................................................................................................. 27

3.1. OBJETIVO GERAL................................................................................................... 27

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................... 27

4. MATERIAIS E MÉTODOS....................................................................................... 28

4.1. DESENHO EXPERIMENTAL.................................................................................. 28

4.2. DIETAS...................................................................................................................... 28

4.3. OBTENÇÃO DA DIETA EXPERIMENTAL............................................................ 28

4.4. AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS............................................ 29

4.5. ANÁLISES HISTOLÓGICAS................................................................................... 29

4.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA......................................................................................... 30

5. RESULTADOS............................................................................................................ 31

5.1. AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA................................................................................... 31

5.2. AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA....................................................................... 31

6. DISCUSSÃO................................................................................................................ 32

7. CONCLUSÃO.............................................................................................................. 35

REFERÊNCIAS............................................................................................................... 36

9

1. INTRODUÇÃO

Na população moderna o consumo alimentar é caracterizado por alimentos

ultraprocessados que são formulações prontas para consumo e que utilizam para sua produção

processos que envolvem a adição de açúcar, sal, gordura e vários aditivos, bem processos de

cura, defumação e fritura, esses alimentos incluem, por exemplo, bebidas açucaradas, snacks e

os famosos "fast foods". Um estudo da Organização Panamericana de Saúde mostrou que, de

1999 a 2013, as vendas per capita de produtos ultraprocessados aumentaram continuamente em

12 países latino-americanos. A Organização Mundial da Saúde e o Fundo Mundual de Pesquisa

do Câncer concluem, ainda, que esses alimentos são os principais fatores para o

desenvolvimento de obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.

Essa atual conjuntura se apresenta como um importante problema de saúde pública e que afeta

não só os adultos, mas crianças e adolescentes em todo o mundo (MONTEIRO et al, 2010;

MARTINS et al, 2013; WHO, 2015).

O desequilíbrio no balanço energético na alimentação é a principal causa para o

aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), pois esses alimentos

ultraprocessados possuem pouco aporte de nutrientes e vitaminas. Uma dieta que representa

bem esse tipo de padrão alimentar é a dieta de cafeteria que consiste nesses alimentos altamente

energéticos e palatáveis. Essas dietas possuem elevado teor de carboidratos simples de alto

índice glicêmico (IG) e o consumo excessivo desse tipo de macronutriente é um preditor para

quadros obesogênicos e inflamatórios (FRANCISCHI; PEREIRA; LANCHA JÚNIOR, 2001;

GAIANO; SILVA, 2011; JACOBS et al, 2014; MOZAFFARIAN et al, 2011).

Diversas diretrizes nacionais e internacionais preconizam o percentual de

distribuição de macronutrientes na dieta, via de regra, o maior aporte energético deve vir de

carboidratos, seguido de lipídeos e proteína (BRASIL, 2008; IOM, 2005; OMS, 2003;

VANUCCHI et al, 1990). Entretanto, é comum a presença desequilibrada desses

macronutrientes no consumo alimentar da população atual. Diante desse desequilíbrio

nutricional, os modelos animais têm sido utilizados para esclarecer a patogênese de diversas

doenças. Assim, proposições relacionadas às questões éticas são minimizadas, uma vez que

esse tipo de estudo em humanos não são recomendados. O conteúdo e a composição dessas

dietas em modelos experimentais não são padronizados e variam de acordo com o objetivo do

estudo (CARVALHO, 2012; ROSINI; SILVA; MORAES, 2012).

Associadas ao desequilíbrio nutricional e à consequente obesidade, diversas

comorbidades estão apresentando elevada incidência, dentre elas a Doença Hepática Gordurosa

10

Não Alcoólica (DHGNA). A DHGNA é uma condição clínico-patológica que abrange a

esteatose, a esteatoepatite e formas mais graves da doença hepática como cirrose e carcinoma

hepatocelular (BITENCOURT et al, 2007). Uma metanálise feita por Campbell, Senior e Bell-

Anderson (2017), teve como objetivo identificar sistematicamente os estudos que investigam

os efeitos metabólicos das dietas de alto índice glicêmico versus baixo índice glicêmico em

ratos e camundongos. Eles perceberam que as dietas de alto índice glicêmico favorecem o

ganho de peso corporal, aumentam a adiposidade e prejudicam os parâmetros da homeostase

da glicose nesses animais, mas esses efeitos podem não ser um resultado direto do índice

glicêmico (IG) per si, em vez disso, podem ser devido à variação em outros constituintes

alimentares, como a fibra dietética, um fator que é conhecido por reduzir o IG dos alimentos.

Estudos com animais em laboratório têm sido fundamentais para o conhecimento

fisiopatológico e terapêutico da DHGNA. Atualmente, existem diversos modelos para estudar

a DHGNA, embora nenhum deles consiga reproduzir na totalidade os componentes essenciais

da doença humana (BORGES, 2012). Visando avaliar a influência do hábito alimentar sobre

diversos parâmetros relacionados à saúde, o nosso grupo de pesquisa, Nutrição e substâncias

Bioativas para saúde (NutriSBioativoS), tem constatado o efeito de uma dieta experimental

sólida, com alto teor de carboidratos, sob alterações metabólicas em modelo experimental

(SANTOS, J. P. S. O., 2016; SANTOS, J. H., 2016, SILVA, 2016). Neste estudo será priorizado

avaliar se essa dieta, similar com a consumida pela população, com alto teor de carboidratos,

influenciará no estado do fígado de ratos Wistar machos adultos.

11

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. DIETAS EXPERIMENTAIS

Atualmente, o aumento da produção e do consumo de alimentos e bebidas

industrializados é uma causa importante das pandemias atuais de obesidade e doenças crônicas

relacionadas, pois são alimentos com alto teor energético, proveniente de açúcar e gordura. Já

é sabido que dietas com alta densidade energética e com participação excessiva de açúcar livre,

comprometem a capacidade de o organismo em regular o balanço energético e aumenta o risco

de obesidade, além disso, o alto conteúdo de gorduras saturadas e trans presentes nesses

alimentos, aumentam a morbimortalidade por doenças cardiovasculares (LOUZADA et al,

2015). Adicionalmente, estudos mostram que alterações no estilo de vida, nos hábitos

alimentares e o desequilíbrio do balanço energético, devido ao consumo de alimentos ricos em

gordura e açúcar, são determinantes para o ganho de peso e aumento da adiposidade corporal

(MOZAFFARIAN et al, 2011; WOODWARD-LOPEZ; KAO; RITCHIE, 2010).

Nos Estados Unidos, a partir da década de 1950, houve os primeiros estudos que

relacionavam o colesterol sérico e os lipídios da dieta, com isso, houve uma diminuição no

consumo de gordura, principalmente saturada. Todavia, a adoção de dietas hipolipídicas

contendo menos de 30% do valor energético total (VET) proveniente de lipídios, são,

geralmente, hiperglicídicas (POLACOW; LANCHA JÚNIOR, 2007). O aumento maciço da

obesidade tem acompanhado essa mudança no perfil de distribuição de macronutrientes das

dietas e mostra que o consumo de energia ofertada de modo desequilibrado, por esses nutrientes,

pode ter contribuído para a pandemia da obesidade (WILLET, 2002).

Segundo Jacobs et al (2014), a dieta de cafeteria é uma seleção de alimentos

altamente energéticos e palatáveis que incluem alimentos ultraprocessados como: doces,

presunto, refrigerantes, biscoitos, salames, pães e snacks. Ademais, o consumo de dietas

altamente energéticas e palatáveis, tal como a de cafeteria, tem contribuído para o aumento da

prevalência da obesidade e suas comorbidades, entretanto, o estudo dessas dietas e seus efeitos

deletérios no organismo em seres humanos, têm limitações éticas. Para esse fim, têm sido

desenvolvidos modelos para obter animais com obesidade induzidos por dietas com um elevado

teor de gordura, carboidratos e por dietas de cafetaria (NASCIMENTO et al, 2008).

Desse modo, a utilização de modelos animais que apresentem alterações

metabólicas induzidas por esses tipos de dietas pode resolver não apenas o problema ético, mas

responder questões do metabolismo, da gênese da obesidade e de outras doenças associadas,

por essas respostas serem semelhantes em humanos. Ratos da linhagem Wistar são

12

frequentemente usados como modelos de indução de obesidade e observação de dislipidemias

e disfunções endoteliais. Esses modelos de indução de obesidade, por dieta, são eficientes,

principalmente, no estudo das complicações associadas à obesidade (ROSINI; SILVA;

MORAES, 2012).

Vanzela at al (2010) frisam que o uso de dietas de cafeteria em modelo animal é

um melhoramento dos modelos de obesidade experimental, pois esse tipo de dieta é ainda mais

próximo à ingestão humana, apontam ainda, que a dieta de cafeteria é composta por diversos

alimentos que são definidos de acordo com o objetivo da pesquisa. Nesse mesmo estudo, os

animais foram alimentados com uma dieta de cafeteria que era composta por líquidos como,

refrigerantes de cola e guaraná e dieta sólida feita com ração padrão Nuvilab®, amendoim,

chocolate e biscoito, também sendo ofertados biscoito tipo wafer, petiscos e bolos.

Sampey et al (2011) pesquisaram as consequências de uma dieta de cafeteria em

ratos da linhagem Wistar, a dieta incluía biscoitos, cereais, queijo, carnes processadas,

biscoitos, etc, e foi comparada com uma dieta hiperlipídica e dietas de controle alimentar. Em

outro estudo, realizado durante oito semanas, desenvolvido por López et al (2003), a obesidade

nos ratos foi induzida com dieta de cafeteria que continha patê, batata frita, chocolate, bacon e

biscoito. Sendo assim, de modo geral, as dietas experimentais, inclusive as de cafeteria, são

frequentemente compostas por alimentos com alto teor de carboidratos e dos mais diversos

tipos, tendo predominância dos conhecidos carboidratos de alto índice glicêmico (CASTRO et

al, 2015; JACOBS et al, 2014; VANZELA at al, 2010).

2.1.1. Carboidratos e glicemia

Os carboidratos ou hidratos de carbono são as biomoléculas mais abundantes na

natureza e constituem uma importante fonte de energia da dieta. São compostos orgânicos

formados por carbono, oxigênio e hidrogênio na proporção de 1:1:2, respectivamente.

Quimicamente são definidos como polihidroxialdeídos (ou aldoses) e polihidroxicetonas (ou

cetonas). A categorização mais comum é quanto ao grau de polimerização e divide-se em três

grupos: os monossacarídeos, dissacarídeos e oligossacarídeos e polissacarídeos

(LOTTENBERG, 2008).

Os monossacarídeos não ocorrem como moléculas livres na natureza, mas como

constituintes básicos de dissacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos. Eles são formados

por 3 a 7 átomos de carbono, sendo o mais importante o carbono de seis hexoses: glicose,

frutose e galactose. Eles possuem mesma fórmula molecular, mas diferem quanto à estrutura

13

química. A glicose é o principal produto formado pela hidrólise de carboidratos mais complexos

durante a digestão, como o amido que é encontrado em pães, tubérculos, farináceos, etc; a

frutose está presente juntamente com a glicose no mel e nas frutas; já a galactose é produzida a

partir da lactose (leite) pela hidrólise no processo digestivo (MAHAN; ESCOTT-STUMP;

RAYMOND, 2012; PHILIPPI, 2014).

Os dissacarídeos são formados a partir de dois monossacarídeos unidos

covalentemente por uma ligação glicosídica. Apesar de existirem uma grande variedade desses

compostos, os mais importantes são a sacarose, a maltose e a lactose. A lactose ocorre

naturalmente no leite e é constituída pelos monossacarídeos glicose e galactose. A sacarose é o

açúcar mais comum e é formada por uma molécula de glicose e uma de frutose, já a maltose é

formada por duas glicoses e é obtida pela digestão do amido (LEHNINGER; NELSON; COX,

2014). Existem ainda, moléculas maiores que os dissacarídeos com 3 a 10 unidades de

monossacarídeos que são geralmente doces e facilmente hidrolisados, que são os

oligossacarídeos (ROBERFROID, 2005).

A maioria dos carboidratos encontrados na natureza ocorre como polissacarídeos

que são polímeros com mais de 10 unidades de monossacarídeos. Os polissacarídeos diferem

entre si na identidade das unidades monoméricas que os compõem, o comprimento da cadeia e

o grau de ramificação. Os polissacarídeos mais conhecidos são o amido e o glicogênio. O

primeiro é o carboidrato de reserva dos vegetais e pode ser encontrado em duas formas: amilose,

que é uma molécula linear e amilopectina, que é uma molécula ramificada e é a mais abundante

em alimentos. O glicogênio é a forma como os animais armazenam carboidrato nas células do

fígado e nos músculos. Existem ainda outros tipos de polissacarídeos como a celulose e a

quitina, que são elementos estruturais das paredes celulares dos vegetais e do exoesqueleto de

animais, respectivamente. Os carboidratos podem, ainda, ser agrupados em simples (sacarose,

frutose) e complexos (amido), conforme for o tamanho da molécula, a velocidade de absorção

e teor de fibras, por isso, entender sobre o IG dos carboidratos é essencial (LEHNINGER;

NELSON; COX, 2014; MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012).

O termo IG foi desenvolvido para avaliar o efeito dos carboidratos sobre a

glicemia, pois o organismo não digere e nem absorve todo o carboidrato ingerido na mesma

velocidade. Ele é um indicador qualitativo da habilidade de um carboidrato em elevar as

concentrações de glicose no sangue. Partindo desse pressuposto, quanto mais complexo for o

carboidrato, menor será o seu índice glicêmico. O IG é dado por meio da análise da curva

glicêmica produzida por 50 gramas de carboidrato disponível de um alimento teste em relação

14

à curva de 50 gramas de carboidrato do alimento padrão que geralmente é a glicose ou o pão

branco (SAPATA; FAYH; OLIVEIRA, 2006; SILVA et al, 2009).

Para alguns estudiosos, o conceito de IG é reprodutível em laboratório, mas na

dieta de um indivíduo normal não, pois o IG não considera as porções reais consumidas na dieta

por um indivíduo, na qual a quantidade de carboidrato varia muito. Pensando nisso, foi

introduzido um conceito derivado do IG e que é um melhor preditor de riscos de DCNT e

obesidade, a carga glicêmica (CG). A CG é dada pelo IG do alimento multiplicado pela

quantidade de carboidrato ingerida, dividido por 100. Entretanto, a comunidade científica ainda

não entrou em um consenso sobre a associação real do IG e da CG com a obesidade e o

desenvolvimento de DCNT (CARVALHO; ALFENAS, 2008; SAMPAIO et al, 2007).

O carboidrato é o componente da dieta que tem a maior influência sobre a

glicemia. A quantidade é o fator determinante, mas o tipo de carboidrato ingerido também afeta

a resposta glicêmica. Portanto, os carboidratos complexos que possuem grande quantidade de

fibras e IG e/ou CG, possuem uma resposta glicêmica mais lenta (LAAKSONEN, 2009;

LOTTENBERG, 2008; MELLO; QUEIROZ; SILVA; ALFENAS, 2010).

Estudos epidemiológicos sugerem que a quantidade e a qualidade dos

carboidratos da dieta são um fator determinante como preditor de dislipidemia, doenças

cardiovasculares (DCV) e diabetes, em especial em indivíduos susceptíveis à resistência à

insulina (RI) e com elevado índice de massa corporal (IMC) (GUTTIERRES; ALFENAS,

2007; RODRIGUES, 2007; SARTORELLI; CARDOSO, 2006; SIQUEIRA; VOLP;

ALFENAS, 2006).

Entretanto, é importante frisar que os carboidratos são essenciais para diversas

funções no organismo, sendo a principal delas, a de fornecer suprimento energético por meio

da glicose. Além disso, contribuem para a conservação de proteínas tissulares, síntese de

enzimas e hormônios (LOTTENBERG, 2008). Por isso, é extremamente importante atentar-se

para a quantidade e a qualidade dos carboidratos ingeridos. Diversas diretrizes nacionais e

internacionais ponderam que o maior percentual de energia deve ser derivado de carboidratos

de baixo IG e/ou CG e com maior teor de fibras, a fim de evitar dietas com alto consumo de

carboidratos simples que resultam em obesidade e DCNT (BRASIL, 2008; IOM, 2002; OMS,

2003; VANUCCHI et al, 1990).

2.1.2. Percentual de contribuição de carboidrato na dieta

15

O crescimento da incidência das DCNT observado nas últimas décadas

relaciona-se, em grande parte, com os hábitos de vida configurados nesse período. Entre eles,

destacam-se os comportamentos que desequilibram o balanço energético, induzindo a ganho

excessivo de peso e o desenvolvimento de doenças associadas (BRASIL, 2008).

A Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (VANUCCHI et al, 1990)

define recomendação nutricional como as quantidades de energia e de nutrientes que devem ser

consumidos para satisfazer as necessidades nutricionais do indivíduo. Nesse mesmo ano, a

sociedade desenvolveu uma recomendação da contribuição percentual em energia dos

macronutrientes na dieta do brasileiro. Essas recomendações foram adaptadas ao padrão

alimentar do Brasil, nela o percentual de carboidrato referente ao valor energético total (VET)

para adultos é de 60 a 70% para carboidratos, para proteína os valores correspondem entre 10

e 12 % e para lipídeos entre 20 e 25%.

Visto à necessidade de estudos e atenção ao processo de criação de diretrizes

alimentares a National Academy of Sciences, o Institute of Medicine e Food and Nutrition

Board desenvolveram em 2002 os limites aceitáveis de distribuição de macronutrientes

(AMDRs) para carboidratos, proteína e lipídeos da dieta com base em estudos de intervenção e

evidências epidemiológicas que sugerem um papel na prevenção de DCNT e para garantir a

ingestão necessária de nutrientes. Foi definido que a distribuição de macronutrientes para

adultos com base no percentual de energia da dieta para carboidrato, proteína e lipídeos é de 45

a 65%, 10 a 35% e 20 a 35%, respectivamente.

Já em 2003, a Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveu uma

recomendação do percentual de distribuição de macronutrientes da dieta que foi julgado como

consistente com a manutenção da saúde da população. O intuito foi de traduzir orientações

dietéticas de relatórios já existentes sobre energia e exigências nutricionais emitidos pela

organização. De acordo com o documento, a distribuição dos macronutrientes considerando o

VET da dieta é de 55 a 75% de carboidratos, 10 a 15% de proteína e 15 a 30% de lipídeos.

No Guia Alimentar para a População Brasileira (2008), o grupo dos carboidratos

totais (complexos e açúcares livres ou simples) deve fornecer de 55% a 75% do VET da

alimentação diária, destes, mais da metade da energia fornecida deverá ter origem em alimentos

ricos em carboidratos complexos (grãos, tubérculos e raízes). Para proteínas a recomendação é

cerca de 15 a 20% do VET, dando preferência aos produtos lácteos desnatados e carnes magras.

A contribuição de gorduras e óleos, de todas as fontes, não deve ultrapassar os limites de 15%

a 30% da energia total da alimentação diária. Já o Guia Alimentar para a População Brasileira

16

publicado em 2014 não traz essas recomendações de modo quantitativo, mas frisa a importância

do consumo equilibrado de carboidratos e que deve-se preferir os integrais e complexos, além

da importância de atentar-se para a combinação dos alimentos e aspectos como cor, origem e

acesso (BRASIL, 2014).

De acordo com as recomendações existentes, a dieta deve ser composta

principalmente por carboidratos, seguido de lipídeos e proteína como mostra a Tabela 1. Todas

elas possuem percentuais de distribuição de macronutrientes semelhantes e se assemelham

ainda por atentar à população para a manutenção desses percentuais dentro do recomendado,

pois diante dos estudos e das evidências epidemiológicas de todas elas, um desequilíbrio no

balanço energético é um fator chave para o ganho de peso excessivo e desenvolvimento de

DCNT (BRASIL, 2008; IOM, 2005; OMS, 2003; VANUCCHI et al, 1990).

Tabela 1. Recomendações do percentual de distribuição de macronutrientes na dieta.

Carboidrato Lipídeos Proteína

SBAN (1990) 60 a 70% 20 a 25% 10 a 12%

IOM (2002) 45 a 65% 20 a 35% 10 a 35%

OMS (2003) 55 a 75% 15 a 30% 10 a 15%

BRASIL (2008) 55 a 75% 15 a 30% 15 a 20%

Ademais, dietas com desequilíbrio no percentual de distribuição de algum

macronutriente na dieta pode alterar a distribuição dos demais. Segundo Polacow e Lancha

Júnior (2007) a restrição severa de lipídeos na dieta (10 a 15% do VET) resulta em dietas

hiperglicídicas. Os autores apontam ainda que existem as dietas hiperlipídicas e

consequentemente, hipoglicídicas. Nelas cerca de 35 a 40% do VET é oriundo de lipídeos.

Em laboratório as dietas utilizadas para induzir obesidade nos animais são em

sua maioria baseadas em alterações nas quantidades de macronutrientes recomendados pela

dieta do American Institute of Nutrition (AIN-93) descrita por Reeves et al (1993) que

estabelece os padrões nutricionais para roedores de laboratório. Santos, J. P. S. O. (2016)

demonstrou em percentuais a AIN-93, dieta de referência para roedores, baseando-se na

formulação e quantidades de macronutrientes de acordo com a sua composição nutricional

(REEVES et al, 1993), assim, apresentando 70,8% carboidratos, 12,9% lipídeos e 16,2%

proteínas e com uma contribuição energética de 3,77 kcal/g.

17

Dourmashkin et al (2005) apontaram que para roedores em modelos de indução

de obesidade, uma dieta hiperglicídica é aquela contendo cerca de 65% de carboidrato, 10% de

gordura e 25% de proteína. Em contrapartida, uma dieta hiperlipídica é constituída por cerca de

50% de gordura, 25% de carboidrato e 25% de proteína. Para os mesmos autores, uma dieta

equilibrada nutricionalmente é aquela composta por 50% de carboidratos, 25% de gordura e

25% proteína.

Em modelos animais, a maioria dos estudos que utilizam dietas desequilibradas

nutricionalmente o conteúdo exato e a composição dessas dietas não são padronizados, o que

dificulta a comparação entre os estudos. O que se sabe, no entanto, é que o aumento progressivo

da obesidade, das DCNT e da síndrome metabólica tem levado pesquisadores a tentar entender

a participação da dieta e testar terapias. Dessa forma, os modelos animais têm se tornado

cruciais para o estudo da patogênese dessas doenças (CARVALHO, 2012).

2.1.3. Impacto à saúde

O aumento do consumo de alimentos hipercalóricos, principalmente o alto

consumo de açúcar, é um preditor fundamental para a gênese da obesidade, apesar de sua

etiologia em humanos ser multifatorial. O risco da obesidade está associado, em parte, com

concentrações anormais de lipídios e glicose no sangue, consistindo no aumento de colesterol

total e hiperinsulinemia, que eleva a síntese das lipoproteínas de densidade muito baixa (VLDL)

e o aumento da síntese de triglicerídeos. Além disso, as concentrações de glicose sanguínea

ressaltados podem acarretar no agravamento ou desenvolvimento do diabetes melito tipo 2

(DM2). Concomitantemente, a dislipidemia e a hiperglicemia estão associadas com o risco

aumentado para desenvolvimento de doenças cardiovasculares e excessivos depósitos de

gordura visceral (MARQUES et al, 2015).

Alguns estudos correlacionam positivamente o consumo de carboidratos simples

com a obesidade e resistência à insulina (RI). Dietas com alto teor de carboidratos simples são

caracterizadas por serem de alta carga glicêmica, esses alimentos diminuem a saciedade e

estimulam a hiperfagia, resultando em um quadro obesogênico e uma maior RI, podendo

desenvolver ou agravar o diabetes melito tipo 2 (DM2). Alguns estudos sugerem que dietas

ricas em frutose podem contribuir, potencialmente, para o aumento da adiposidade corporal e

RI (GAIANO; SILVA, 2011).

Em um estudo feito por Queiroz et al (2012), os ratos alimentados com uma dieta

hiperglicídica, apresentaram um aumento progressivo da síntese ácidos graxos, e

18

consequentemente, um excesso de adiposidade corporal. Foi observado também um aumento

da expressão de proteínas descacopladoras 1 e 3, resultado da ativação do sistema nervoso

simpático respondendo as concentrações séricas aumentadas de ácidos graxos livres, ademais

houve um aumento das taxas metabólicas e hiperplasia de tecido adiposo marrom. Vanzela et

al (2010) demonstraram em seu estudo que animais alimentados com uma dieta de cafeteria

prejudicava a secreção de insulina, resultando em um quadro de hiperglicemia.

Em outro estudo, desenvolvido por López et al (2003), também com uso de dieta

de cafeteria na indução da obesidade, foi observado que os ratos alimentados com a dieta de

cafeteria eram 50% mais pesados, apresentavam 2,5 vezes mais elevados os níveis de gordura

epididimal e concentrações elevadas de leptina circulante, além do aumento da expressão de

genes importantes envolvidos no metabolismo de lipídios, quando comparados com o grupo

controle.

Ainda, Castro et al (2015) analisaram os efeitos de uma curta exposição a uma

dieta de cafeteria, durante a primeira infância de ratos e as respostas metabólicas em tecidos

importantes envolvidos na homeostase energética nas condições alimentado e jejum. Dessa

forma, foi observada uma hiperfagia persistente nos animais e, no fim do experimento, os

animais alimentados com a dieta de cafeteria tinham quase o dobro de gordura comparado aos

controles. No fígado, desses animais, foi observada uma menor expressão de genes relacionados

com a absorção de ácidos graxos e lipogênese em condições de ad libitum, menor expressão de

genes relacionados com a oxidação de ácidos graxos e glucoquinase sob condições de jejum e

aumento da expressão de receptores de leptina e insulina. Mostrando que uma curta exposição

a uma dieta de cafeteria, precocemente, em ratos perturba a resposta metabólica em tecidos

essenciais para a homeostase energética, resultando em um aumento da adiposidade corporal e

uma exacerbação arriscada no metabolismo.

Sampey et al (2011) pesquisaram as consequências obesogênicas e inflamatórias

de uma dieta de cafeteria em ratos da linhagem Wistar. Foi observado que os animais

alimentados com a dieta de cafeteria apresentaram uma maior adiposidade corporal total,

hiperinsulinemia, hiperglicemia, intolerância à glicose exagerada e notável inflamação na

gordura branca, na gordura marrom e no fígado quando comparados aos animais alimentados

com a dieta hiperlipídica e com o controle.

Em um dos estudos do grupo NutriSBioativoS feito por Santos, J. P. S. O. (2016)

foi visto que a dieta composta por 70,8% de carboidratos, sendo esses predominantemente

carboidratos simples, foi suficiente para promover um aumento da média absoluta das

19

concentrações de glicemia de jejum dos animais do grupo que consumiu essa dieta, ou seja,

uma hiperglicemia, quando esses animais eram comparados à um grupo controle com dieta

nutricionalmente equilibrada.

Em outros estudos, ainda do mesmo grupo, Santos, J. H. (2016) observou o

impacto dessa dieta em parâmetros preditivos da síndrome metabólica e observou aumento as

concentrações de triglicerídeos. Já Silva (2016) mostrou, também em modelo experimental, que

o consumo dessa dieta rica em carboidratos simples, teve impacto significativo no perímetro da

cintura (PC) de ratos Wistar, sendo um fator de risco para o desenvolvimento de DCV e

observou também que esses ratos apresentavam concentrações de VLDL-c significativamente

maior quando comparados ao grupo controle.

Estudos epidemiológicos mostram que a obesidade decorrente do desequilíbrio

nutricional da dieta ocasionado pelo consumo de alimentos industrializados e ricos em açúcar,

pode ainda, contribuir para o desenvolvimento de doença hepática gordurosa não alcóolica

(DHGNA). Essa doença se tornou a doença de fígado mais comum nos Estados Unidos e em

outros países desenvolvidos e em desenvolvimento. Este aumento notável coincide com a

epidemia mundial da obesidade. A esteatose hepática está associada a um espectro de desordens

metabólicas, sendo a principal a síndrome metabólica, caracterizada especialmente pela

resistência à insulina. A esteatose também está relacionada ao aumento do risco de morbidade

cardiovascular. Cerca de 15% de todos os casos de DHGNA podem evoluir para a

esteatohepatite que é reconhecida pela síntese exacerbada de citocinas pró-inflamatórias como

a interleucina-6 (IL-6) e o fator de necrose tumoral alfa (TNFα), lesão celular hepática e fibrose,

muitas vezes resultando em cirrose e até mesmo carcinoma hepatocelula. Por isso, é crucial

entender a relação existente entre o consumo de uma dieta com alto teor de carboidratos e alto

IG no estado do fígado, para entender melhor seus efeitos na patogenia da DHGNA (PARK et

al, 2010; BAFFY, 2009).

2.2. FÍGADO

2.2.1. Anatomia, Fisiologia e Função

O fígado é a maior glândula do corpo, é do tipo exócrina, cuja secreção é

denominada bile. O fígado possui duas faces: a diafragmática, em relação com o diafragma, e

visceral, em contato com várias vísceras abdominais. Na face diafragmática os lobos direito e

esquerdo são separados por uma prega do peritônio denominada ligamento falciforme (Figura

1). Na face visceral distinguem-se quatro lobos: direito, esquerdo, quadrado e caudado (Figura

20

2). Entre os lobos direito e quadrado está a vesícula biliar; entre o lobo direito e caudado há um

sulco que aloja a veia cava inferior; e entre os lobos quadrado e caudado há uma fenda

transversal, a porta do fígado, por onde passam os elementos que constituem o pedículo

hepático ou hilo do fígado, e contém o ducto hepático, os ramos da veia porta e da artéria

hepática própria, além de nervos e vasos linfáticos (DÂNGELO; FATTINI, 2006; SLEUTJES,

2008; WILLIAMS et al, 1995).

Figura 1. Face diafragmática do fígado.

Fonte: Dângelo e Fattini (2006).

Figura 2. Face visceral do fígado.

Fonte: Dângelo e Fattini (2006).

21

O fígado recebe aproximadamente 25% do débito cardíaco total, o que lhe

permite realizar numerosas funções vitais, essenciais à manutenção da homeostasia corporal.

As funções principais do fígado são: o metabolismo de carboidratos, proteínas e lipídeos;

detoxificação e armazenamento de ferro, cobre, vitaminas e glicogênio. É responsável pela

síntese da bile, metabolismo de hormônios esteroides e essencial para a filtração e irrigação do

sangue. Muitas de suas funções metabólicas dependem do recebimento de sangue venoso

através da veia porta. As células hepáticas podem, ainda, dividir-se e substituir células

destruídas por alguma patologia. Estima-se que um terço do fígado já é suficiente para manter

a função hepática normal. Em roedores, a capacidade de se regenerar do fígado é tão grande

que, após retirada de 75% do órgão, ele se regenera retornando ao seu tamanho normal em 4

semanas (ALOIA, 2006; GARDNER; GRAY; O’ RAHILLY, 1998).

O fígado desempenha o papel principal no metabolismo dos carboidratos, sendo

importante na manutenção das concentrações de glicose sanguínea. Quando as concentrações

séricas de glicose estão em excesso, o fígado remove e armazena a glicose excedente na forma

de glicogênio (glicogênese) e, em situações hipoglicêmicas, é responsável por devolvê-la ao

sangue (glicogenólise). Já quando a concentração de glicose sanguínea cai abaixo do normal o

fígado produz glicose para formação de ATP em um processo chamado gliconeogênese

hepática. Ademais, certos aspectos do metabolismo lipídico só ocorrem no fígado como a

oxidação de ácidos graxos pela β-oxidação, síntese e hidrólise de colesterol, fosfolipídeos e da

maior parte das lipoproteínas. Além disso, quase toda a síntese corporal de lipídeos a partir de

carboidratos e proteínas ocorre no fígado, pois após a gordura ser sintetizada nesse órgão, ela é

transportada nas lipoproteínas para o tecido adiposo e é armazenada (GUYTON; HALL, 2006).

Importantes vias metabólicas das proteínas também ocorrem no fígado, como a

transaminação e a desaminação oxidativa que convertem aminoácidos a substratos que são

usados na síntese de energia, glicose e na produção de aminoácidos não essenciais, além disso,

fatores de coagulação sanguínea também são formados no fígado. O fígado armazena todas as

vitaminas lipossolúveis e a vitamina B12, além dos minerais, zinco, ferro, cobre e magnésio. O

caroteno é convertido em vitamina A, o folato, em 5-metiltetraidrofóbico, e a vitamina D, em

sua forma ativa no fígado. Os hepatócitos detoxificam a amônia, convertendo-a em ureia. O

fígado também metaboliza esteroides, inativa e excreta aldosterona, glicocorticoides,

estrogênio, progesterona e aldosterona. O fígado é responsável, ainda, pela detoxificação

provocada por álcool e drogas. Esse órgão atua como uma câmera de filtração e irrigação

responsável pela remoção de bactérias e detritos do sangue através da ação fagocítica das

22

células de Kupffer (macrófagos residentes que revestem os sinusoides hepáticos) e pelo

armazenamento de sangue que retorna da veia cava em casos de insuficiência cardíaca.

Finalmente, além das funções já descritas, o fígado é responsável pela formação e excreção da

bile. Os sais biliares são metabolizados e usados para emulsificação e absorção de lipídeos e

vitaminas lipossolúveis (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2008; MAHAN; ESCOTT-STUMP;

RAYMOND, 2012).

O fígado desempenha muitas funções diferentes e todas elas se relacionando

entre si e com diversos sistemas do organismo humano, isso se torna especialmente evidente

em anomalias hepáticas, uma vez que muitas de suas funções e de outros tecidos corporais são

prejudicadas simultaneamente. As doenças hepáticas podem ser do tipo agudas ou crônicas,

hereditárias ou adquiridas. Neste trabalho será evidenciada uma doença hepática adquirida e

aguda, a doença hepática gordurosa não alcóolica (DHGNA) ou esteatose hepática não

alcóolica, que pode, dependendo das intercorrências, desenvolver um quadro clínico crônico

(GUYTON; HALL, 2006; MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012).

2.2.2. Esteatose hepática

A DHGNA é uma condição clínico-patológica marcada pelo acúmulo de gordura

no interior dos hepatócitos. O quadro patológico lembra o da lesão induzida por álcool, mas

ocorre em indivíduos sem ingestão etílica significativa. Os pacientes podem ser assintomáticos,

apresentar elevações discretas ou moderadas das enzimas hepáticas ou sintomas da patologia

causal. Sua prevalência mundial ainda não foi determinada, todavia parece ser a doença

hepática mais comum no mundo ocidental e está aumentando de maneira importante

principalmente nos obesos (SOLER et al, 2008).

DHGNA é caracterizada pela presença de esteatose hepática, na ausência de

causas primárias de acumulação de gordura hepática. A severidade da doença pode variar de

esteatose (fígado gordo não alcoólico, NAFL) para esteatoepatite não alcoólica (NASH), a qual

pode ser acompanhada pelo acúmulo de tecido fibroso, seguido de cirrose, que pode conduzir

a complicações, incluindo carcinoma hepatocelular e a hipertensão portal (VONGHIA et al,

2015).

Entretanto, a patogênese da DHGNA é multifatorial e muitos fatores têm sido

associados à predisposição para a sua promoção. Fatores como obesidade, DM2, SM e dietas

hipercalóricas são predominantes, mas há também condições predisponentes como

23

polimorfismos e mutações em genes relacionados à resistência à insulina, tal como disfunções

no metabolismo lipídico e nas células adiposas (ENRIORI et al, 2006; QUARESHI; ABRAMS,

2007; SALGADO JÚNIOR et al, 2006). Desse modo, a DHGNA está associada não só com

morbidade e mortalidade relacionada ao fígado, mas também com um risco aumentado de

desenvolver outras doenças. Assim, a DHGNA é reconhecida como a manifestação hepática da

SM e também conhecida por ocorrer começando com acúmulo lipídico seguido de inflamação

crônica (VAN DER POORTEN et al, 2008).

De acordo com Day (2002), dois estímulos seriam os responsáveis pela gênese

da DHGNA. O primeiro seria a resistência insulínica, necessária para o acúmulo de ácidos

graxos nos hepatócitos. O estresse oxidativo seria o segundo estímulo para o desenvolvimento

de inflamação e fibrose. O quadro de hiperinsulinemia que caracteriza a SM propiciaria a

lipogênese hepática e aumentaria a lipólise periférica, elevando a quantidade de ácidos graxos

no fígado. A avaliação laboratorial da função hepática, bem como a análise histopatológica

através de biopsia hepática são cruciais para o diagnóstico da DHGNA. O tratamento da doença

abrange principalmente a mudança de estilo de vida e quando necessário, o uso de

medicamentos (CHALASANI et al, 2012; DOWMAN; TOMLINSON; NEWSOME, 2011;

MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012; DUVNJAK et al, 2007; QUARESHI;

ABRAMS, 2007; TAMURA; SHIMOMURA, 2005).

2.2.2.1. Diagnóstico e tratamento

Como já discutido anteriormente, a DHGNA abrange um espectro de doenças

que vão desde uma esteatose à uma esteatoepatite inflamatória com níveis crescentes de fibrose

e, finalmente, cirrose. A avaliação laboratorial da função hepática na DHGNA é de extrema

importância e utiliza de marcadores bioquímicos que avaliam e monitoram pacientes que têm

ou estão com suspeita de doença hepática (DOWMAN; TOMLINSON; NEWSOME, 2011;

MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND, 2012).

Geralmente, os pacientes acometidos com a DHGNA não apresentam sinais ou

sintomas. A hipótese da doença só é confirmada, ocasionalmente, quando pacientes apresentam

elevação das enzimas hepáticas. O aumento discreto ou moderado da alanina aminotransferase

(ALT, antiga TGP), da aspartato aminotransferase (AST, antigo TGO) e da γ- glutamil

transpeptidade (GGT), apesar de não serem organoespecíficas (estão presentes em vários

tecidos do organismo), elevam-se frequentemente no sangue de pacientes com doença hepática,

24

este é o dado laboratorial mais comum da DHGNA (ANGULO et al, 1999; EL-KADER;

ASHMAWY PRATT, 2015; PRATT; KAPLAN, 1999; SHERLOCK; DOOLEY et al. 2004).

As concentrações mais elevadas de ALT e AST são encontrados no fígado,

podendo ser considerado marcador específico de dano hepático. Todavia, vale salientar, que há

pouca correlação entre a intensidade de dano hepático e as concentrações das transaminases. A

relação entre AST/ALT é, em geral, menor que 1, mas em valores acima disso, há indicativo de

fibrose acentuada e progresso da doença. A GGT é muito útil como indicador de doença

hepática. Nesses pacientes, na maioria dos casos, as concentrações séricas estão elevadas, dando

origem, ainda, a uma variante colestática (DOWMAN; TOMLINSON; NEWSOME, 2011; EL-

KADER; ASHMAWY, 2015; PRATT; KAPLAN, 1999; ROSALKI, 1995).

De acordo com a Secretaria de Saúde de São Paulo (2006), para a coleta de ALT,

AST e GGT é necessário um jejum de 4 horas e o tipo de amostra utilizada para análise é o

soro. Para análise de ALT e AST, uma lipemia excessiva e hemólise e no caso do GGT o uso

de medicamentos como fenitoína, fenobarbital e acetaminofen são interferentes comuns que

podem prejudicar as análises.

O soro é o líquido obtido a partir do sangue após sua coagulação e centrifugação

para remoção de coágulos e células sanguíneas. Os testes de ALT, AST e GGT fazem parte dos

exames laboratoriais enquadrados no painel metabólico abrangente (PMC), definido pelo

Centers for Medicare e Medicaid Services por motivo de fidelização. Os intervalos de

referência para ALT e AST são de 4 a 36 unidades/L e 10 a 35 UI/L, respectivamente. Para

GGT são de 4 a 27 unidades/L para mulheres e 8 a 38 unidades/L em homens. Vale salientar

que esses valores podem variar entre laboratórios (MAHAN; ESCOTT-STUMP; RAYMOND,

2012). A Canadian Council Animal Care (CCAC) criou em 1993 criou um guia para uso e

cuidados com animais em experimentos, nele há valores de referência para ratos da linhagem

Wistar para AST e ALT, para o primeiro o intervalo é entre 39 e 92 unidades/L e para o segundo

é de 17 a 50 unidades/L.

No diagnóstico da DHGNA é necessária a investigação se há concomitância com

outras doenças hepáticas, recomenda-se investigar os fatores metabólicos e doenças associadas

à DHGNA. Os pacientes com a doença devem ser submetidos à investigação de fatores

metabólicos de risco e de fatores de progressão da doença no fígado. A avaliação clínica e

laboratorial (enzimas e função hepática) e ultrassonografia abdominal são importantes para o

diagnóstico diferencial da DHGNA com outras doenças hepáticas como: hepatite viral

alcoólica, hepatite induzida por medicamento, doenças hepáticas autoimunes e doença de

25

Wilson. Entretanto, em muitos casos é necessária a realização da biópsia hepática e estudo

histológico. Além disso, no diagnóstico da DHGNA a ultrassonografia, tomografia

computadorizada, ressonância magnética e espectroscopia por ressonância magnética podem

ajudar na avaliação da esteatose, no entanto, esses testes não podem ajudar a distinguir esteatose

de esteatoepatite (CHALASANI et al, 2012).

Outra forma de diagnosticar a DHGNA é através da biópsia hepática. Ela é

recomendada quando há suspeita de esteatoepatite, no diagnóstico diferencial com outras

doenças do fígado, em casos de elevação persistente de ferritina sérica e aumento da saturação

de ferro e quando há um quadro de elevação contínua das enzimas hepáticas (CHALASANI et

al, 2012). Porém já existem estudos que sugerem que as concentrações séricas de

aminotransferases não estão correlacionados com a gravidade de alterações histopatológicas da

esteatose (SONSUZ; BASARANOGLU; OZBAY, 2000). A definição histológica da DHGNA

é fácil e não é sujeita à controvérsia. Consiste na presença de depósitos gordurosos no

citoplasma em mais de 5% dos hepatócitos. Não necessita de definição de localização, e existe

em geral um bom acordo interobservador (CORTEZ-PINTO, 2012).

De acordo com o Guia Prático desenvolvido pela Associação Americana para

Estudo de Doenças do Fígado (2012) o primeiro passo para tratamento da DHGNA em

pacientes com sobrepeso ou obesidade, é a mudança no estilo de vida, como prática de

exercícios físicos e dietas equilibradas com baixo teor de carboidratos, ou seja, esses pacientes

devem ser submetidos a intervenções que promovam um estilo de vida mais saudável e o

controle dos fatores de risco metabólicos associados com DHGNA. Para o tratamento

medicamentoso recomenda-se o uso de vitamina E para pacientes com diagnóstico de NASH

em exame histológico. A pioglitazona pode ser utilizada para tratar esteatoepatite comprovada

por biópsia. A metformina não é recomendada para o tratamento específico, mas auxilia no

controle de peso e nas concentrações das enzimas hepáticas. Já administração de estatinas pode

ainda ser usada para controle de dislipidemias em pacientes com esteatose.

Perante todos os achados mencionados e da importância de estudos que

promovam esclarecer a proximidade entre os hábitos alimentares da população e as doenças

decorrentes de uma dieta desequilibrada nutricionalmente, o presente estudo visa elucidar sobre

a relação existente entre o consumo de um modelo de dieta com alto teor de carboidratos e seu

efeito no fígado de ratos Wistar machos adultos. Especificamente essa dieta, como mencionado

anteriormente, já havia sido investigada sobre diversos aspectos, no entanto dados relacionados

à sua influência sobre o estado do fígado ainda não foram relatados.

26

27

3. OBJETIVOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Avaliar o efeito de uma dieta com alto teor de carboidratos no fígado de ratos

Wistar.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Avaliar as concentrações de ALT, AST e GGT em ratos Wistar submetidos à

dieta com alto teor de carboidratos;

Analiar a relação entre AST/ALT em ratos Wistar submetidos à dieta com alto

teor de carboidratos;

Analisar o efeito histopatológico no fígado em ratos Wistar submetidos à dieta

com alto teor de carboidratos.

28

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. DESENHO EXPERIMENTAL

No presente estudo foram utilizados ratos machos adultos da linhagem Wistar.

Os animais foram divididos em 2 grupos com 5 animais cada, sendo um grupo controle

alimentado com ração padrão Labina® e um grupo experimental alimentado com a dieta com

alto teor de carboidratos, por um período de 17 semanas como mostra a Figura 3. Todos os

experimentos foram realizados em concordância com o Guiding Principles in the Careand Use

of Animal e foi aprovado pelo Comitê de Ética no Uso de Animais (CEUA-UnP) sob protocolo

de aprovação 012/2015.

Figura 3. Desenho experimental.

4.2. DIETAS

Para a dieta padrão foi utilizada a Labina®, fabricada pela Purina do Brasil. A

dieta com alto teor de carboidratos foi elaborada com base na dieta usada no estudo de Santos,

J. P. S. O. (2016). A ração com alto teor de carboidratos, assim como a ração padrão, foram

ofertadas ad libidum, sendo oferecidas duas vezes por semana, 500 gramas por gaiola, durante

17 semanas.

4.3. OBTENÇÃO DA DIETA EXPERIMENTAL

Para a obtenção da dieta com alto teor de carboidratos foram utilizados na

composição: 1000 g de ração padrão, 1000 mL de leite condensado e 212 g de açúcar refinado.

Na Tabela 1 estão as quantidades utilizadas para produção de 1 quilograma e para 100 gramas

da dieta experimental.

Tabela 2. Quantidade dos ingredientes para produção da dieta experimental.

Produção

Total

100 g da dieta

experimental

29

Labina® 1000 g 45,2 g

Leite Condensado 1000 mL 45,2 mL

Açúcar Refinado 212 g 9,6 g

TOTAL 2212 g 100 g

Na produção da ração experimental em forma de cilindros, a ração padrão foi

triturada em um moinho e/ou cutler. Posteriormente, os demais ingredientes foram adicionados

e misturados manualmente. Prontamente, a massa formada foi modelada em forma de cilindros

e assada em forno pré-aquecido a 180 ºC, por cerca de 40 minutos, até ficarem secos. Na Tabela

2 estão demostradas as quantidades e a porcentagem de distribuição de cada macronutriente na

dieta experimental.

Tabela 3. Composição Centesimal dos macronutrientes que compõem a dieta experimental.

Macronutrientes Quantidades % de contribuição

Carboidratos 60,3g 64,0%

Proteínas 18,2g 19,3%

Lipídeos 7,0g 16,7%

Kcal 345

Fonte: Santos, J. P. S. O. (2016).

4.4. AVALIAÇÃO DOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Para a realização dos testes de ALT, AST e GGT os animais ficaram 8 h de

jejum, sendo posteriormente anestesiados com Tiletamina (cloridrato) 125,0 mg e Zolazepam

(cloridrato) 125,0 mg. Em seguida, foi feita a retirada do sangue do coração num volume

adequado para realizar o exame. O soro foi separado por centrifugação a 3000 rpm por 10

minutos e o método utilizado para determinação das enzimas hepáticas foi o enzimático-

colorimétrico (ELISA), por meio da utilização do Kit CELM®.

4.5. ANÁLISES HISTOLÓGICAS

Os animais foram eutanasiados, em seguida, o fígado foi retirado, por meio de

um corte longitudinal, com auxílio de tesoura, da base do abdômen até o todo segmento do

externo, mostrando toda a cavidade abdominal e torácica, para a análise histológica.

Posteriormente os fragmentos de tecido hepático foram fixados por 24 h em formalina

30

tamponada 10%. E o material fixado foi desidratado em uma série alcoólica crescente,

diafanizado em xilol, impregnado e emblocado em parafina. Posteriormente, o fragmento foi

submetido a cortes de 5 µm de espessura, corado por Hematoxilina e Eosina (HE) e por fim foi

feita a análise em microscópio triocular Leipzig em aumento de 10 x.

4.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os resultados dos testes das enzimas hepáticas foram analisados utilizando o

software GraphPad Prism 7. O teste Shapiro-Wilk foi utilizado para testar a normalidade dos

dados. Foi aplicado o teste de Mann-Whitney para analisar as diferenças entre os grupos. Todos

os dados foram expressos em média ± desvio padrão e as diferenças fixadas em p ˂ 0,05.

31

5. RESULTADOS

5.1. AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA

O resultado dos dados séricos das enzimas hepáticas do grupo experimental e do

grupo controle estão expressos na Tabela 4. Na tabela, demostra-se que não houve diferença

estatística significante entre os grupos, mesmo sendo percebido que a média da concentração

de ALT (40,80 mg/dl) no grupo experimental foram superiores as demonstradas pelo grupo

controle (27,60 mg/dl). A relação AST/ALT foi obtida a partir da razão entre as médias de ALT

e AST. No grupo experimental essa relação foi de aproximadamente 0,47 e no grupo controle

foi de aproximadamente 0,61.

Tabela 4. Resultado das enzimas hepáticas.

AST (mg/dl) ALT (mg/dl) GGT (mg/dl)

Grupo

experimental

19,20 ± 5,31 40,80 ± 21,28 18,40 ± 4,88

Grupo controle 17,00 ± 8,68 27,60 ± 16,23 18,80 ± 5,45

5.2. AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA

O resultado da avaliação histopatológica do fígado dos animais está expresso na

Figura 3 a seguir. Foi observado que no fígado dos animais do grupo experimental houve um

acúmulo de lipídeos nos hepatócitos e a presença de gotículas lipídicas nos ductos biliares. As

setas na imagem mostram onde está ocorrendo esta deposição de gordura.

Figura 3. Imagens da avaliação histológica do fígado dos animais. As setas indicam onde está

o acúmulo de gordura.

32

6. DISCUSSÃO

As dietas hipercalóricas de modelos de indução de obesidade, tanto as de perfil

hiperglicídico como as de perfil hiperlipídico, utilizam ingredientes e/ou alimentos com elevado

teor de açúcares e gorduras, respectivamente. Neste estudo os ingredientes utilizados na

produção da dieta com alto teor de carboidratos foram o açúcar refinado e o leite condensado.

Dietas desse tipo oferecem uma boa execução na indução da obesidade e desordens

metabólicas, dentre elas a esteatose hepática (FERREIRA et al, 2014; WHITE et al 2013;

WREE et al, 2013; QUEIROZ, 2012). Essas dietas, representam, ainda, o padrão alimentar da

sociedade moderna, que é caracterizado por alimentos hipercalóricos e com alto teor de

açúcares e gorduras (LOUSADA et al, 2013; MARTINS et al, 2013).

O presente estudo mostrou que os ratos Wistar alimentados com uma dieta com

alto teor de carboidratos simples por 17 semanas, foi capaz de causar uma deposição de gordura

no fígado dos animais vista em análise histológica, o que pode acarretar na progressão da

DHGNA. Um estudo feito por Ferreira et al (2014), já havia mostrado que camundongos Swiss

machos alimentados com uma dieta rica em carboidratos durante 8 semanas, exibiram uma alta

taxa de lipogênese hepática mesmo em jejum. Outro estudo feito por Hazarika et al (2017)

mostrou que ratos Wistar alimentados com uma dieta hiperglicídica e que continha leite

condensado e frutose levou ao acúmulo de ácidos graxos no fígado.

Mock et al (2017) mostraram que ratos alimentados com xarope de milho com

alto teor de frutose apresentaram maior teor de lipídios e triglicerídeos hepáticos, além de

evidências histológicas de infiltração de gordura. Sampey et al (2011) mostraram o efeito de

uma dieta de cafeteria sólida em ratos Wistar e observaram que os animais alimentados com

essa dieta desenvolveram esteatose hepática e inflamação no fígado quando comparados aos

animais alimentados com dieta hiperlipídica e padrão.

Adicionalmente, o grupo NutriSBioativoS tem conduzido diversas pesquisas

com a dieta utilizada neste estudo, previamente descrita por Santos, J. P. S. (2016), com o intuito

de avaliar suas possíveis relações com as DCNT e seu impacto na saúde. Desse modo, já foi

observado que essa dieta provocou um aumento das concentrações de triglicerídeos e VLDL-c

(SANTOS, J. H., 2016; SILVA, 2016). Esses achados, juntamente com os do presente estudo,

corroboram para justificar o acúmulo de gordura encontrado no fígado desses animais.

Um estudo feito por Lírio et al (2016) demonstrou que em ratos Wistar normo e

hipertensos a ingestão de frutose aumentou as concentrações de triglicerídeos e também a

deposição de gordura abdominal, além de causar resistência à insulina. Além disso, nos ratos

33

hipertensos alimentados com frutose, a ingestão também desenvolveu deposição de gordura

intersticial e fibrose no fígado, porém viram que o consumo de frutose não teve efeito

significativo sobre as transaminases hepáticas. Esse achado corrobora com o que foi visto no

presente estudo, que mesmo com a deposição de gordura no fígado não houve aumento

significativo das transaminases nos dois grupos estudados.

As concentrações mais elevadas de ALT e AST são marcadores específicos de

dano hepático, porém, como já mencionado, há pouca correlação entre a intensidade de dano

hepático e as concentrações das transaminases. Já a relação entre AST/ALT é um bom

indicativo de fibrose acentuada e progresso da doença quando está com valores maiores que 1.

Nesse estudo foi visto que a relação AST/ALT no grupo experimental foi de aproximadamente

0,47 e no grupo controle de 0,61, mostrando que não há, ainda, um quadro de fibrose do tecido,

que pode ser justificado pelo tempo do experimento, já que a fibrose acentuada é vista em casos

mais avançados da doença hepática. Neste estudo, as concentrações de GGT entre os grupos

não foi diferente estatisticamente. Essa transaminase é muito útil como indicador de doença

hepática, todavia, é mais relacionada à variante colestática do que à esteatose (DOWMAN;

TOMLINSON; NEWSOME, 2011; EL-KADER; ASHMAWY, 2015; PRATT; KAPLAN,

1999; ROSALKI, 1995).

Vanzela at al (2010) mostraram que animais alimentados com uma dieta de

cafeteria que era composta por refrigerantes de cola e guaraná e dieta sólida feita com ração

padrão Nuvilab®, amendoim, chocolate, biscoito tipo wafer, petiscos e bolos, apresentavam

uma diminuição da secreção de insulina, resultando em um quadro de hiperglicemia.

Em um estudo, realizado durante oito semanas, desenvolvido por López et al

(2003), a obesidade nos ratos foi induzida com dieta sólida que continha patê, batata frita,

chocolate, bacon e biscoito. Foi observado que os ratos alimentados com a dieta experimental

eram 50% mais pesados, apresentavam 2,5 vezes mais elevadas concentrações de gordura

epididimal e concentrações elevadas de leptina circulante, além do aumento da expressão de

genes importantes envolvidos no metabolismo de lipídios, quando comparados com o grupo

controle.

Em outras pesquisas com a mesma dieta utilizada neste estudo, foi observado

que essa dieta provocou alteração na glicemia de jejum dos animais que a consumiram, eles

também tiveram um significativo ganho de peso, culminando com o diagnóstico de obesidade,

baseado no índice de Lee. Além disso, a dieta promoveu um impacto significativo no perímetro

da cintura (PC) (OLIVEIRA, 2017; SANTOS, J. P. S. O., 2016; SILVA, 2016).

34

No presente estudo foi observado que houve um aumento das concentrações de

ALT e AST no grupo experimental, porém sem diferença significativa. Foi visto ainda, que no

grupo que recebeu a dieta experimental houve um acúmulo de gordura no fígado. Esses

resultados quando somados com os já apresentados nos demais estudos com a mesma dieta,

pode ser vantajoso e colaborar com pesquisas futuras que pretendem observar a obesidade e

suas complicações em ratos Wistar machos. Outro fato importante é que a dieta utilizada neste

estudo é sólida e com alto teor de carboidrato, ao contrário do que é mais comum em estudos

na indução dessas desordens metabólicas, pois eles utilizam dietas líquidas e ricas em frutose.

A dieta proposta neste trabalho por ser sólida, se assemelha ao hábito alimentar da sociedade

moderna, sendo útil em estudos futuros a fim de investigar seu papel no desenvolvimento das

DCNT em modelos experimentais.

35

7. CONCLUSÃO

A partir da análise dos resultados encontrados neste estudo foi possível

comprovar que o modelo de dieta com alto teor de carboidratos proposto foi efetivo na

deposição de gordura no fígado dos animais, sendo, portanto, um modelo experimental útil para

estudos que visam observar esse tipo de alteração hepática em ratos Wistar machos adultos.

36

REFERÊNCIAS

ALOIA, T. P. A. Efeitos de fatores hepatotróficos no fígado em ratos Wistar (Rattus

norvegicus). 2006. 108f. Dissertação (mestrado) – Universidade de São Paulo. Faculdade de

Medicina Veterinária e Zootecnia. Departamento de Cirurgia. São Paulo, 2006.

ANGULO, P.; KEACH, J. C.; BATTS, K. P.; LINDOR, K. D. Independent predictors of liver

fibrosis in patients with nonalcoholic steatohepatitis. Hepatology, v. 30, p. 356-362, 1999.

BAFFY, G. Kupffer cells in non-alcoholic fatty liver disease: the emerging view. J Hepatol, v.

51, n. 1, p. 212-123, jul, 2009.

BITENCOURT, A. G. V.; COTRIM, H. P.; ALVES, E.; ALMEIDA, A. M.; BARBOSA, D. B.

V.; SANTOS, A. S.; LOBO, A. P.; ATHAYDE, L. G. M.; RIOS, A.; GOUVEIA, M.;

FREITAS, A. R. Doença hepática gordurosa não alcoólica: caractéristicas clínicas e

histológicas em obesos graves submetidos à cirurgia bariátrica. Acta Gastroenterol Latinoam,

v. 37, p. 224-230, 2007.

BORGES, M. F. Dieta experimental com base nos alimentos da Pesquisa de Orçamento

Familiar (POF)- 2002/2003 durante gestação e lactação: repercussões sobre desempenho

reprodutivo, dimensões corporais e perfil bioquímico de filhotes. 2012. 123F. Tese – Programa

de Pós-Graduação em Nutrição, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2012.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção

Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde,

2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Guia alimentar para a

população brasileira: promovendo a alimentação saudável. 1ª ed. Brasília, 2008.

CAMPBELL, G. J.; SENIOR, A. M.; BELL-ANDERSON, K. S. Metabolic Effects of High

Glycaemic Index Diets: A Systematic Review and Meta-Analysis of Feeding Studies in Mice

and Rats, Nutrients, v. 22, n. 9, 2017.

CARVALHO, G. Q.; ALFENAS, R. C. G. Índice glicêmico: uma abordagem crítica acerca de

sua utilização na prevenção e no tratamento de fatores de risco cardiovasculares. Rev. Nutr.,

Campinas, v. 21, n. 5, p. 577-587, out, 2008.

CARVALHO, M. F. Dieta experimental com base nos alimentos da Pesquisa de Orçamento

Familiar (POF)- 2002/2003 durante gestação e lactação: repercussões sobre desempenho

reprodutivo, dimensões corporais e perfil bioquímico de filhotes. 2012. 123f. Tese - Programa

de Pós-graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de

Pernambuco, Recife, 2012.

CASTRO, H.; POMAR, C. A.; PICÓ, C.; SÁNCHEZ, J.; PALOU, A. Cafeteria diet over

feeding in Young male rats impairs the adaptive response to fed/fasted conditions and in creases

adiposity independente of body weight. International Journal of Obesity. p. 430-437, 2015.

37

CHALASANI, N.; YONOSSI, Z.; LAVINE, J. E.; DIEHL, A. M.; BRUNT, E. M.; CUSI, K.;

CHARLTON, M.; SANYAL, A. J. The diagnosis and management of non-alcoholic fatty liver

disease: Practice Guideline by the American Association for the Study of Liver Diseases,

American College of Gastroenterology, and the American Gastroenterological Association.

Hepatology, v. 55, n. 6, p. 2005-2023, jun, 2012.

CORTEZ-PINTO, H. Doença hepática gordurosa não alcoólica. Programa de Educação

Médica Continuada da Sociedade Brasileira de Hepatologia, 2012.

DÂNGELO, J. G.; FATTINI, C. A. Anatomia Básica dos Sistemas Orgânicos. São Paulo:

Atheneu, 2006.

DAY, C. P. Non-alcoholic steatohepatitis (NASH): where are we now and where are we going?

Gut, v. 50, n. 5, p. 585-588, mai, 2002.

DOURMASHKIN, J.T.; CHANG, G.Q.; GAYALES, E.C.; HILL, J.O.; FRIED, S.K.; JULIEN,

C.; LEIBOWITZ, S.F. Different forms of obesity as a function of diet composition. Int J of

Obes, v. 29, p. 1368-1378, 2005.

DOWMAN, J. K.; TOMLINSON, J. W.; NEWSOME, P. N. Systematic review: the diagnosis

and staging of non-alcoholic fatty liver disease and non-alcoholic steatohepatitis. Aliment

Pharmacol Ther, v. 33, n. 5, p. 525-540, mar, 2011.

DUVNJAK, M.; LEROTIC, I.; BARSIC, N.; TOMASIC, V.; VIROVIC JUKIC, L.;

VELAGIC, V. Pathogenesis and management issues for nonalcoholic fatty liver disease. World

J Gastroenterol, v. 13, n. 34, p. 4539-4550, set, 2007.

EL-KADER, S. M. A.; ASHMAWY, E. M. S. Non-alcoholic fatty liver disease: The diagnosis

and management. World J Hepatol, v. 7, n. 6, p. 846-858, abr, 2015.

ENRIORI, P. J. EVANS, A. E.; SINNAYAH, P.; COWLEY, M. A. Leptin resistence and

obesity. Obesity, v. 14, supl. 5, p. 254-258, 2006.

FRANCISCHI, R. P. P.; PEREIRA, L. O.; LANCHA JÚNIOR, A. H.; Exercício,

comportamento alimentar e obesidade: Revisão dos efeitos sobre a composição corporal e

parâmetros metabólicos. Rev Paul Educ Fís. 2001.

GAIANO, N. M.; SILVA, M. V. Consumo de frutose e impacto na saúde humana. Segr

Aliment Nutr, Campinas, v. 18, n. 2, p. 88-98, 2011.

GARDNER, E.; GRAY, D. J.; O’ RAHILLY, R. Anatomia: Estudo Regional do Corpo

Humano. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.

GUTTIERRES, A. P. M.; ALFENAS, R. C. G. Efeitos do Índice glicêmico no balanço

energético. Arq Bras Endocrinol Metab., São Paulo, v. 51, n. 3, p. 382-388, 2007.

GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de Fisiologia Médica. 11ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier

Ed., 2006.

38

HAZARIKA, A; KALITA, H.; KALITA, M. C.; DEVI, R. Withdrawal from high-

carbohydrate, high-saturated-fat diet changes saturated fat distribution and improves hepatic

low-density-lipoprotein receptor expression to ameliorate metabolic syndrome in rats,

Nutrition, v. 38, p. 95–101, 2017.

IOM. Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes for Energy, Carbohydrate, Fiber, Fat,

Fatty Acids, Cholesterol, Protein, and Amino Acids. Food and Nutrition Board. Washington,

DC. National Academy Press. 2002.

JACOBS, S.; TEIXEIRA, D. S.; GUILHERME, C.; ROCHA, C. F. K. ARANDA, B. C. C.;

REIS, A. R.; SOUZA, M. A.; FRANCI, C. R.; SANVITTO, G. L. The impact of maternal

consumption of cafeteria diet on reproductive function in the offspring. Physiology &

Behavior, v. 129, p. 280-286, mar, 2014.

JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia Básica. 11ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara

Koogan, 2008.

LEHNINGER, A. L.; NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de Bioquímica. 6ª ed. Porto

Alegre: Artmed, 2014.

LÍRIO, L. M.; FORECHI, L.; ZANARDO, T. C.; BATISTA, H. M.; MEIRA, E. F.;

NOGUEIRA, B. V.; MILL, J. G.; BALD, M. P. Chronic fructose intake accelerates non-

alcoholic fatty liver disease in the presence of essential hypertension, Journal of Diabetes and

Its Complications, v. 30, p. 5–92, 2016.

LÓPEZ, I. P.; MARTI, A.; MILAGRO, F. I.; ZULET MD MDE, L. MORENO-ALIAGA, M.

J.; MARTINEZ, J. A. DE MIGUEL, C. DNA microarray analysis of genes differentially

expressed in diet-induced (cafeteria) obese rats. Obes Res., v. 11, n. 2, p. 188-194, fev, 2003.

LOTTENBERG, A. M. P. Características da dieta nas diferentes fases da evolução do diabetes

melito tipo 1. Arq Bras Endrocrinol Metab, v. 52, n. 2, p. 250-259, fev, 2008.

LOUZADA, M. L. C.; MARTINS, A. P. B.; CANELLA, D. S.; BARALDI, L. G.; LEVYI, R.

B.; CLARO, R. M.; MOUBARAC, J. C.; CANNON, G.; MONTEIRO, C. A. Alimentos

ultraprocessados e perfil nutricional da dieta no Brasil, Rev Saúde Pública, v. 49, n. 38, 2015.

MAHAN, K. L.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause: Alimentos, Nutrição e

Dietoterapia. 13ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.

MARQUES, A. C. R.; GABBIATTI, G. C.; GRAVENA, A. A. F.; AMARAL, V. Influência

das dietas hipercalóricas sobre os parâmetros de obesidade, dislipidemia e hiperglicemia em

ratos. Saúde e Pesquisa. v. 8, p. 55-62. Maringá, 2015.

MARTINS, A. P. B.; LEVY, R. B.; CLARO, R. M.; MOUBARAC, J. C.; MONTEIRO, C. A.

Participação crescente de produtos ultraprocessados na dieta brasileira (1987-2009). Rev.

Saúde Pública. 2013.

39

MELLO, V. D.; LAAKSONEN, D. E. Fibras na dieta: tendências atuais e benefícios à saúde

na síndrome metabólica e no diabetes melito tipo 2. Arq Bras Endocrinol Metab., v. 53, n. 4,

p. 509-518, jun, 2009.

MOCK, K.; LATEEF, S.; BENEDITO, V. A.; TOU, J. C. High-fructose corn syrup-55

consumption alters hepatic lipid metabolism and promotes triglyceride accumulation, Journal

of Nutritional Biochemistry, v. 39, p. 32–39, 2017.

MONTEIRO, C. A.; LEVY, R. B.; CLARO, R. M.; CASTRO, I. R. R.; CANNON, G. A new

classification of foods based on the extent and purpose of their processing, Cad. Saúde

Pública, Rio de Janeiro, v. 26, n. 11, p. 2039-2049, nov, 2010.

MOZAFFARIAN, D.; HAO, T.; RIMM, E. B.; WILLETT, C. W.; HU, F. B. Changes in Diet

and Lifestyle and Long-Term Weight Gain in Women and Men. N Engl J Med, v. 364, n. 25,

p. 2392-2404, dez, 2011.

NADARELI, E. K.; PICKAVANCE, L. C.; WILDING, J. P.; WILLIAMS, G. Diet-induced

endotelial dysfunction in the rat is dependente of the degree of increase in total body weight.

Clin. Sci. 2001.

NASCIMENTO, A. F.; SUGIZAKI, M. M.; LEOPOLDO, A. S.; LIMA-LEOPOLDO, A. P.;

LUVIZOTTO, R. A. M.; NOGUEIRA, C. R.; CICOGA, A. C. A hypercaloric pellet-diet cycle

induces obesity and co-mobidities in Wistar rats. Arq Bras Endocrinol Metab, São Paulo, v.

52, n. 6, jul, 2008.

OLIVEIRA, G. S.. Efeito de um Modelo de Dieta de Cafeteria no Crescimento e Estado

Nutricional em Ratos Wistar. 2017. 41f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Nutrição) – Curso de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2017.

PARK, E. J.; LEE, J. H.; YU, G. Y.; HE, G. ALI, S. R.; HOLZER, R. G. OSTERREICHER,

C. H.; TAKAHASHI, H. KARIN, M. Dietary and genetic obesity promote liver inflammation

and tumorigenesis by enhancing IL-6 and TNF expression. Cell, v. 140, n. 2, p. 197-208, jan,

2010.

PHILIPPI, S. T. Pirâmide dos alimentos: fundamentos básicos da Nutrição. 2ª ed. Barueri:

Manole, 2014.

POLACOW, V.O.; LANCHA JUNIOR, A. H. Dietas Hiperglicídicas: Efeitos da Substituição

Isoenergética de Gordura por Carboidratos Sobre o Metabolismo de Lipídios, Adiposidade

Corporal e Sua Associação com Atividade Física e com o Risco de Doença Cardiovascular.

Arq Bras Endocrinol Metab. 2007.

PRATT, D. S; KAPLAN, M. M. Laboratory tests. In: SCHIFF, E.R; SORELL, M.F;

MADDREY, W.C (Eds). Diseases of the liver. 8ª ed, vol, 1. Philadephia: Lippincott-Raven,

1999.

QUARESHI, K.; ABRAMS, G. A. Metabolic liver disease of obesity and role of adipose tissue

in the pathogenesis of nonalcoholic fatty liver disease. World J Gastroenterol, v. 13, n. 26, p.

3540-3553, jul, 2007.

40

QUEIROZ, K. B.; RODOVALHO, G. V.; GUIMARAES, J. B.; LIMA, D. C.; COIMBRA, C.

C.; EVANGELISTA, E. A.; GUERRA-SA, R. Endurance training blocks uncoupling protein 1

up-regulation in brown adipose tissue while increasing uncoupling protein 3 in the muscle tissue

of rats fed with a high-sugar diet. Nutrition Research, v. 32, p. 709-717, 2012.

QUEIROZ, K. Q.; SILVA, I. N.; ALFENAS, C. G. Associação entre fatores nutricionais e o

controle glicêmico de crianças e adolescentes com diabetes melito tipo 1. Arq Bras Endocrinol

Metab., v. 54, n. 3, 319-325, jan, 2010.

ROSALKI, S. B. Gamma-glutamyl transpeptidase. Adv Clin Chem, v. 17, p. 53-107, 1975.

ROSINI, T. C.; SILVA, A. S. R.; MORAES, C. Obesidade induzida por consumo de dieta:

modelo em roedores para o estudo dos distúrbios relacionados com a obesidade. Rev Assoc

Med Bras, v. 58, n. 3, p. 383-387, fev, 2012.

ROBERFROID, M. B. Introducing inulin-type fructans. Br J Nutr, v. 93, supl., 2005.

REEVES, P. G.; NIELSEN, F. H.; FAHEY, JR., G. C. AIN-93 purified diets for laboratory

rodents: final report of the American Institute of Nutrition ad hoc writing committee on the

reformulation of the AIN-76A rodent diet. Nutrition. 1993.

SALGADO, J.; SANTOS, J. S.; SANKARANKUTTY, A. K.; SILVA, O. C. Nonalcoholic fatty

liver disease and obesity. Acta Cir Bras, v. 21, supl. 1, p. 72-78, 2006.

SAMPAIO, H. A. C.; SILVA, B. Y. C.; SABRY, M. O. D.; ALMEIDA, P. C. Índice glicêmico

e carga glicêmica de dietas consumidas por indivíduos obesos. Rev. Nutr., Campinas, v. 20, n.

6, p. 615-524, dez, 2007.

SAMPLEY, B. P.; VANHOOSE, A. M.; WINFIELD, H. M.; FREEMERMAN, A. J.;

MUEHLBAUER, M. J.; FUEGER, P. T.; NEWGARD, C. B.; MAKOWSKI, L. Cafeteria Diet

Is a Robust Model of Human Metabolic Syndrome With Liver and Adipose Inflammation:

Comparison to High-Fat Diet. Obesity, v. 19, n. 6, p. 1109-1117, jun, 2011.

SANTOS, J. H.. Dieta de Cafeteria e seu Impacto em Parâmetros Bioquímicos Preditivos da

Síndrome Metabólica em Modelo Experimental. 2016. 28f. Trabalho de Conclusão de Curso

(Graduação em Nutrição) – Curso de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Natal, 2016.

SANTOS, J. P. S. O. Dieta de Cafeteria: Produção, Composição Nutricional e Influência na

Glicemia de Jejum em Modelo Animal. 2016. 31f. Trabalho de Conclusão de Curso – Curso de

Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2016.

SÃO PAULO. Secretaria da Saúde Coleta de Exames Laboratoriais / Secretaria da Saúde. 1º

caderno de Coleta de Exames Laboratoriais. 1ª ed. São Paulo, 2008.

SAPATA, K. B.; FAYH, A. P.; OLIVEIRA, A. R. Efeitos do consumo prévio de carboidratos

sobre a resposta glicêmica e desempenho. Rev Bras Med Esporte, v. 12, n. 4, ago, 2006.

41

SARTORELLI, D. S.; CARDOSO, M. A. Associação Entre Carboidratos da Dieta Habitual e

Diabetes Mellitus Tipo 2: Evidências Epidemiológicas. Arq Bras Endocrinol Metab., v. 50,

n. 3, p. 415-426, jun, 2006.

SERQUIZ, A. C.; SÁTIRO, D. S. P.; LIMA, V. C. O.; ROCHA, L. R. M.; OLIVEIRA, C. N.;

SAMPAIO, T. B. M.; CARNEIRO, M. A. A.; MACHADO, R. J. A.; SANTOS, E. A.; UCHÔA,

A. F.; MORAIS, A. H. A. The effect oh high calorie diet containing a peanut candy on weigh

loss. International Food Research Journal. p. 248-256. 2016.

SIQUEIRA, F. R.; RODRIGUES, F. L. P.; FRUTUOSO, M. F. P. Índice Glicêmico como

ferramenta de auxílio de prescrição de dietas. Rev Bras Nutr Clin., São Paulo, v. 22, n. 1, p.54-

58, 2007.

SILVA, F. K. B.. Avaliação de uma Dieta de Cafeteria na Alteração de Fatores de Risco

Cardiovascular em Modelo Experimental. 2016. 39f. Trabalho de Conclusão de Curso

(Graduação em Nutrição) – Curso de Nutrição, Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Natal, 2016.

SILVA, F. M.; STEEMBURGO, T.; AZEVEDO, M. J.; MELLO, V. D. Papel do índice

glicêmico e da carga glicêmica na prevenção e no controle metabólico de pacientes com

diabetes melito tipo 2. Arq. Bras. Endocrinol. Metab., v 53, n. 5, 2009.

SHERLOCK, S.; DOOLEY, J. Avaliação da função hepática. 11ª ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2004.

SLEUTJES, L. Anatomia Humana. 2ª ed. São Caetano do Sul: Yendis, 2008.

SOLER, G. L. N.; SILVA, A. W. S. M.; SILVA, V. C. G.; TEIXEIRA, R. J. Doença Hepática

Gordurosa Não-Alcoólica: associação com síndrome metabólica e fatores de risco

cardiovascular. Rev SOCERJ, v. 21, n. 2, p. 94-100, abr, 2008.

SONSUZ, A.; BASARANOGLU, M.; OZBAY, G. Relationship between aminotransferase

levels and histopathological findings in patients with nonalcoholic steatohepatitis. Am J

Gastroenterol, v. 95, n. 5., p. 1370-1371, mai, 2000.

TAMURA, S.; SHIMOMURA, I. Contribution of adipose tissue and de novo lipogenesis to

nonalcoholic fatty liver disease. J Clin Invest, v. 115, n. 5, p. 1139-1142, mai, 2005.

VAN DER POORTEN, D.; MILNER, K. L.; HUI, J.; HODGE, A.; TRENELL, M. I.; KENCH,

J. G.; LONDRES, R.; PEDUTO, T.; CHISHOLM, D. J.; GEORGE, J. Visceral fat: a key

mediator of steatohepatitis in metabolic liver disease. Hepatology, v. 48, n. 2, p. 449-457, ago,

2008.

VANNUCHI, H.; MENEZES, E. W.; CAMPANA, A. O.; LAJOLO, F. M. Aplicações das

recomendações nutricionais adaptadas à população brasileira. Cadernos de Nutrição,

Sociedade Brasileira de Alimentação e Nutrição (SBAN), v. 2, 1990.

VANZELA, E. C.; RIBEIRO, R. A.; OLIVEIRA, C. A. M.; RODRIGUES, F. B.; BONFLEUR,

M. L.; CARNEIRO, E. M.; SOUZA, K. L. A.; BOSCHERO, A. C. Pregnancy restores insulin

42

secretion from pancreatic islets in cafeteria diet-induced obese rats. American Journal of

Physiology, v. 298, p. 320-328, fev, 2010.

VOLP, A. C. P.; ALFENAS, R. C. G. Índice glicêmico, carga glicêmica e doenças

cardiovasculares. Rev Bras Nutr Clin., v. 21, n. 4, p. 302-308, out, 2006.

VONGHIA, L.; MAGRONE, T.; VERRIJKEN, A.; MICHIELSEN, P.; VAN GAAL, L.;

JIRILLO, E.; FRANCQUE, S. Peripheral and Hepatic Vein Cytokine Levels in Correlation

with Non-Alcoholic Fatty Liver Disease (NAFLD)-Related Metabolic, Histological, and

Haemodynamic Features. PLoS One, v. 10, n. 11, 2015.

WILLIAMS, P. L.; WARWICK, R.; DYSON, M.; BANNISTER, L. H. Gray Anatomia. 37ª

ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995.

WILLET, W. C. Dietary fat plays a major role in obesity: no. Obes Rev, v. 3, n. 2, mai, 2002.

WHO. World Health Organization. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases.

Geneva, 2003.

WHO. World Health Organization. Pan American Health Organization. Ultra-processed food

and drink products in Latin America: Trends, impact on obesity, policy implications. 2015.

WOODWARD-LOPEZ, G.; KAO, J.; RITCHIE, L. To what extent have sweetened beverages

contributed to the obesity epidemic? Public Health Nutr., v. 14, n. 3, p. 499-509, jun, 2010.

WREE, A; BRODERICK, L.; CANBAY, A.; HOFFMAN, H. M.; FELDSTEIN, A. E. From

NAFLD to NASH to cirrhosis - new insights into disease mechanisms, Nat. Rev.

Gastroenterol. Hepatol., v. 10, p. 627–636, 2013.