41
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE SOBRE A SENSIBILIDADE À INSULINA E TOLERÂNCIA À GLICOSE EM RATOS SUBMETIDOS AO DEXAMETASONA REJANE WALESSA PEQUENO RODRIGUES São Cristóvão 2015

EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA

INTENSIDADE SOBRE A SENSIBILIDADE À INSULINA E

TOLERÂNCIA À GLICOSE EM RATOS SUBMETIDOS AO

DEXAMETASONA

REJANE WALESSA PEQUENO RODRIGUES

São Cristóvão

2015

Page 2: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

ii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA

INTENSIDADE SOBRE A SENSIBILIDADE À INSULINA E

TOLERÂNCIA À GLICOSE EM RATOS SUBMETIDOS AO

DEXAMETASONA

REJANE WALESSA PEQUENO RODRIGUES

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação Física

Orientador: Prof. Dr. Anderson Carlos Marçal

São Cristóvão 2015

Page 3: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

iii

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

R696e

Rodrigues, Rejane Walessa Pequeno

Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a

sensibilidade à insulina e tolerância à glicose em ratos

submetidos ao dexametasona/ Rejane Walessa Pequeno

Rodrigues; orientador Anderson Carlos Marçal. – São

Cristóvão, 2014.

41 f. : il.

Dissertação (mestrado em Educação Física) –

Universidade Federal de Sergipe, 2015.

1. Exercícios físicos – Aspectos da saúde. 2. Glicocorticóides. 3.

Dexametasona. 4. Resistência à insulina. 5. Glicemia. I. Marçal,

Anderson Carlos, orient. II. Titulo.

CDU 796:615.252

Page 4: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

iv

REJANE WALESSA PEQUENO RODRIGUES

EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA

INTENSIDADE SOBRE A SENSIBILIDADE À INSULINA E

TOLERÂNCIA À GLICOSE EM RATOS SUBMETIDOS AO

DEXAMETASONA

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação Física da Universidade Federal de Sergipe como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação Física

Aprovada em ____/____/____

Orientador: Prof. Dr. Anderson Carlos Marçal

1º Examinador: Prof. Dr. Emerson Pardono

2º Examinador: Profª. Drª. Cristiane Bani Corrêa

PARECER ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

Page 5: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

v

Dedicatória

A Deus. “Porque dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas: glória, pois, a Ele eternamente. Amém”. Romanos 11, 36.

Page 6: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

vi

AGRADECIMENTOS

Meu primeiro obrigada sempre será para Deus, só tenho a agradecer por

toda essa trajetória de conquistas através de altos e baixos. Tu és a minha força!

Minha família, felizmente posso sempre contar com vocês, minha amada

mãe Waldete e meu pai batalhador Salatiel. Quero lhes agradecer por fazerem

parte da minha vida, me criando e torneando meu caráter, me preparando para

esse mundo. Meus irmãos (Suzan, Walesson e Thanan), vocês me inspiram

como versões menores de pais. Eu amo muito vocês pelos momentos de

aprendizagem que foi nosso crescimento.

Meus tios e tias, primos e primas que são como um porto seguro que sei

que posso “atracar” em momentos difíceis e de alegria. Obrigada pela confiança

em mim depositada, por poder usá-los como cobaia quando pouco sabia, (risos),

e agora posso cuidar de vocês da melhor forma.

Obrigada ao meu companheiro Odilon Salim, que sua importância é

imensurável e continua a crescer a cada minuto que passamos juntos. Amo-te.

Obrigada especial ao meu orientador, Dr. Anderson Carlos Marçal por ser

um exemplo de mudança jovem sem se limitar com os percalços da vida.

Obrigada por ter nos aceitado de olhos vendados e pelas boas ações que só

valorizam minha admiração.

Obrigada a minha família acadêmica, mais que amigos, meus grupos do

coração GERES, principalmente ao Professor Evitom Sousa por ser tão sensitivo

e sábio, e pelos amigos do NUPESIN que me acolheram como minha família de

Aracaju.

Agradeço a todos os colegas do mestrado em especial, ao João Paulo

Silva e Josivan Rosa Santos pelo acolhimento em momentos únicos. E a Helen

Nogueira que sempre nos tratou e recebeu tão bem!

Obrigada pelo grupo de docentes, com quem tive imenso aprendizado.

Pela contribuição e troca de saberes! Vocês nos inspiram!

Obrigada por todas as forças que colaboram para o bem!

Page 7: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

vii

RODRIGUES, RWP. EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA

INTENSIDADE SOBRE A SENSIBILIDADE À INSULINA E TOLERÂNCIA À

GLICOSE EM RATOS SUBMETIDOS AO DEXAMETASONA. Sergipe:

Universidade Federal de Sergipe. Educação Física. 2015, 41f.

Resumo

Introdução: Os glicocorticoides sintéticos são importantes adjuvantes no tratamento de doenças envolvidas com o sistema imune e de doenças pró inflamatórias. Apesar da sua importância, o uso indiscriminado e/ou abusivo desses fármacos podem causar efeitos adversos como doenças iatrogênicas, e aumento nos gastos com a saúde pública. Sob este contexto, pacientes submetidos ao tratamento continuado com glicocorticoides com o intuito de diminuir os efeitos adversos deste fármaco podem utilizar o exercício físico como uma estratégia não farmacológica. Objetivo: Avaliar os efeitos do exercício resistido sobre a glicemia e resistência à ação da insulina em animais submetidos ao dexametasona. Métodos: Foram utilizados 40 ratos machos divididos randomicamente em quatro grupos: 1) Controle + Sedentário (CS) 2) Controle + Treinado (CT) 3) Dexametasona + Sedentário (DS) 4)Dexamentasona + Treinado (DT). o protocolo de treinamento foi realizado em aparelho de agachamento (três séries, 10 repetições, um minuto de intervalo, com intensidade de 75% de uma repetição máxima durante quatro semanas). Os grupos CS e CT receberam diariamente solução salina intraperitonialmente enquanto que os grupos DS e DT receberam dexametasona (0,2g/kg). Ao final do protocolo foram realizados testes de tolerância à glicose, sensibilidade à insulina e teste de força máxima. Resultados: Os grupos DS e DT perderam peso significativamente após o tratamento com dexametasona, os grupos CT e DT ganharam força quando comparados os testes da 1ª e 4ª semana (CT=14,78%; DT=36,87%) ao contrário dos grupos CS e DS no mesmo período (p<0,05). No teste de tolerância a glicose, os grupos CT e DT tiveram menor área sob a curva (12,99%; 22,33% respectivamente) comparados aos seus respectivos grupos controles. No teste de sensibilidade a insulina, o exercício resistido atenuou a resistência à ação da insulina induzida pelo tratamento com dexametasona em 23,81% no grupo DT quando comparado ao DS. Conclusão: O Exercício Resistido foi capaz de atenuar os efeitos deletérios induzidos pelo uso crônico com dexametasona sobre a glicemia e a resistência à ação da insulina.

Palavras Chaves: Dexametasona, Resistência à Insulina, glicemia, exercício resistido

Page 8: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

viii

RODRIGUES, RWP. EFFECTS OF STRENGTH TRAINING HIGH INTENSITY

ON SENSITIVITY TO INSULIN AND GLUCOSE TOLERANCE IN RATS

SUBMITTED OF DEXAMETHASONE. Sergipe: Universidade Federal de

Sergipe. Educação Física. 2015, 41f.

Abstract

Introduction: The synthetic glucocorticoids are important adjuvants in the treatment of diseases involved with the immune system and pro inflammatory diseases. Despite its importance, the indiscriminate and / or abusive use of these drugs may cause adverse effects such as iatrogenic diseases, and increased spending on public health. In this context, patients subjected to continued treatment with glucocorticoids in order to reduce the adverse effects of this drug can be used as an exercise no pharmacological strategy. Objective: To evaluate the effects of resistance exercise on blood glucose and resistance to insulin action in animals with dexamethasone. Methods: 40 males rats were used randomly into four groups: 1) Control + Sedentary (CS) 2) Control + Trained (CT) 3) Dexamethasone + Sedentary (DS) 4) Dexamentasona + Trained (DT). The training protocol was performed in squat machine (three sets, 10 reps, one-minute rest, with an intensity of 75% of one repetition maximum for four weeks). CS and CT groups received daily saline intraperitoneally whereas DT and DS groups received dexamethasone (0.2g / kg). At the end of the protocol were conducted glucose tolerance test, insulin sensitivity and maximum force test. Results: The DS and DT groups lost weight significantly following treatment with dexamethasone, CT and DT when compared groups gained strength tests of the 1st and 4th week (CT = 14.78%; DT = 36.87%) instead of CS and DS groups in the same period (p <0.05). In the glucose tolerance test, CT and DT groups showed lower area under the curve (12.99%; 22.33% respectively) compared to their respective control groups. In insulin sensitivity test, resistance exercise attenuated the action of insulin resistance induced by treatment with dexamethasone 23.81% in the DT group compared to the DS. Conclusion: Resistive Exercise was able to mitigate the deleterious effects induced by chronic use of dexamethasone on blood glucose and resistance to insulin action.

Key words: Dexamethasone, insulin resistance, glucose, resistance exercise

Page 9: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

ix

SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO...................................................................................... 01

2 – REVISÃO DE LITERATURA................................................................. 03

2.1 Glicocorticoides.................................................................................. 03

2.1.1. Efeitos Fisiológicos........................................................................... 03

2.1.2. Efeitos Terapêuticos......................................................................... 04

2.1.3. Efeitos Adversos............................................................................... 05

2.2. Dexametasona: Benefícios e Risco.................................................... 07

2.2.1. Efeitos Terapêuticos......................................................................... 07

2.2.2. Efeitos adversos................................................................................ 07

2.3. Exercício Resistido...................................................................... 09

3 – OBJETIVOS.......................................................................................... 12

3.1. Objetivos Geral................................................................................... 12

3.2. Objetivos Específicos........................................................................ 12

4 – MATERIAL E MÉTODOS ..................................................................... 13

5 – RESULTADOS...................................................................................... 17

6 – DISCUSSÃO......................................................................................... 21

7 – CONCLUSÃO....................................................................................... 25

Referências................................................................................................. 26

Page 10: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

1

1. INTRODUÇÃO

A prevalência elevada de doenças inflamatórias ou que colaboram para o

desenvolvimento de um quadro inflamatório como as doenças reumáticas e até

alguns tipos de câncer podem estar relacionadas com a prescrição e uso crônico

de diversos medicamentos, como os glicocorticoides (dexametasona), utilizado

pelo seu principal benefício anti-inflamatório (1).

A dexametasona administrada de maneira indiscriminada está

relacionada ao acometimento da síndrome de Cushing iatrogênica,

caracterizada pela “face de lua”, surgimento de estrias, ganho de peso com

acúmulo de gordura central. Além destes efeitos, a utilização indiscriminada de

glicocorticoides promove alterações negativas no metabolismo da glicose (2,3);

miopatia e fraqueza muscular (4-6); hipertensão arterial (7,8); osteoporose (9,10)

e maior suscetibilidade a infecções oportunistas (11).

Nesse sentido, buscam-se métodos alternativos que possam

reduzir/atenuar os efeitos adversos decorrentes do uso crônico da

dexametasona. Dentre estas, os exercícios físicos apresentam-se como um

possível recurso não farmacológico, contrapondo os efeitos deletérios

provocados pelo uso contínuo deste medicamento (12,13, 14).

O exercício resistido (ER) se destaca por melhorar a composição corporal,

aumentar a síntese proteica, força muscular (15), alterar positivamente o perfil

lipídico e promover ajustes pressóricos (16), e, sobretudo, aumentar a

sensibilidade à insulina e tolerância à glicose (17,18).

Desta forma, a principal hipótese deste estudo considerou que o exercício

resistido pode atenuar/reduzir os efeitos adversos causados pelo uso continuado

de dexametasona. Logo, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos do

Page 11: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

2

exercício resistido de alta intensidade sobre a sensibilidade a insulina, tolerância

a glicose e força muscular em ratos submetidos ao uso crônico de dexametasona

por 30 dias consecutivos.

Page 12: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

3

2. REVISÃO DA LITERATURA

O uso terapêutico de esteroides teve provável início na década de 30 e

incorporados na prática médica em 1949, para o tratamento de artrite reumatoide

(19). Desde então, tem sido recomendado nas mais diversas especialidades

médicas. Os esteroides se dividem em esteroides sexuais e corticosteroides,

sendo esta última classe subdividida em: mineralocorticoides e glicocorticoides

(20) (Figura 01).

Figura 01: Classificação dos hormônios esteroidais segundo Antonow e colaboradores (2007)

Os glicocorticoides possuem grande importância na terapêutica. Porém

apesar dos seus mecanismos que somam benefícios ao organismo, o uso

indiscriminado e/ou abusivo está relacionado com o acometimento de doenças

iatrogênicas com sinais e sintomas que se assemelham a síndrome metabólica.

2.1. Glicocorticoides

2.1.1. Efeitos Fisiológicos

O cortisol ou hidrocortisona é o glicocorticoide (GC) natural circulante no

ser humano secretado pela glândula supra-renal. Sua produção é regulada pelo

hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), secretado pela hipófise anterior em

Esteroide

Corticosteroides

Mineralocorticoides

Esteroides Sexuais

Andrógenos

Estrogênios

Page 13: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

4

resposta à liberação, pelo hipotálamo, do neuropeptídeo denominado fator

liberador de corticotrofina (CRH). O ACTH é modulado por fatores externos

(calor, lesões, infecções, depressão e exercício) (21). Desta forma, o eixo

hipotálamo-pituitária-adrenal exerce efeitos importantes na regulação do

metabolismo hídrico, dos carboidratos, lipídeos e proteína, além da função imune

e pressão arterial (22).

Por ser um derivado lipídico com baixa solubilidade plasmática, cerca de

80% do cortisol é transportado por uma proteína plasmática carreadora

específica (a globulina fixadora de cortisol - transcortina) e 10% transportado

pela albumina (20, 23). Em condições naturais, o cortisol é responsável pela

ativação do mecanismo envolvido com a degradação dos triglicerídeos em

ácidos graxos livres e das proteínas em aminoácidos. Essas vias catabólicas

também contribuem para o aumento da concentração plasmática da glicose

(gliconeogênese hepática), tendo em vista a sua ação antagônica ao hormônio

insulina, diante de uma condição adversa, como por exemplo uma possível luta

ou fuga (21).

2.1.2. Efeitos Terapêuticos

Por serem considerados potentes anti-inflamatórios, os GC são

amplamente prescritos em casos de dermatites, doenças linfoproliferativas,

insuficiência adrenal, crises de asma brônquica, em patologias inflamatórias,

alérgicas, imunológicas, reumatológicas, HIV, transplantes, enxertos e

atualmente, em alguns tipos de câncer (20,24).

Diferentemente do cortisol, os GC sintéticos ligam-se cerca de 75% a

albumina (25). Indivíduos com hipoalbuminemia, por exemplo, devem receber

doses mais baixas de GC para que sejam obtidos os mesmos resultados que

indivíduos normais (25). Além disso, o tempo de meia vida dos GC sintéticos

varia para cada indivíduo de acordo com a idade, genética e a influência de

outros fármacos. Em idosos, por exemplo, o tempo de meia vida é mais

prolongado (24), permanecendo por maior período na corrente sanguínea.

Baseado nestas especificidades, cuidados na prescrição devem ser

adotados, como: tipo de preparação a ser utilizada; via de administração; dose;

esquema de administração (contínuo x dias alternados); tempo de uso; idade e

gênero do paciente, entre outros (24, 26).

Page 14: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

5

2.1.3. Efeitos Adversos

Dados do Reino Unido sugerem que em algum momento da vida, a

população poderá usar corticosteroides. Dentre estes, cerca de 2,5% parecem

ser indivíduos com faixa etária de 70 a 79 anos. Um dado preocupante é que um

quarto dos usuários utilizam este medicamento por mais de 6 meses (3, 27), fator

determinante para incidência dos efeitos adversos. Nos Estados Unidos, 97%

dos pacientes submetidos ao transplante de rim (entre 1996 e 2000) usaram

corticosteroides em seu pós-operatório. Outro tipo de paciente que necessita do

uso crônico desse medicamento são os que possuem reumatismo (cerca de 50%

dos pacientes) (3). Não há estudos epidemiológicos na população brasileira,

havendo apenas indicação de uso indiscriminado em algumas regiões (28, 29).

Destaca-se a importância da prescrição dos GC nesses tipos de tratamento,

porém preocupando-se com seus efeitos adversos.

Em 2006, pesquisadores da University of Pittsburgh identificaram a

incidência de 50% de hiperglicemia em pacientes hospitalizados submetidos ao

tratamento com corticosteroides e sem histórico familiar de diabetes (30). Os

resultados desse estudo indicaram que a hiperglicemia ocorreu devido ao uso

crônico deste fármaco, como consequência, elevando o período de reincidência

e do número de internações (3).

A importância do uso terapêutico de GC é evidente, sendo sua prescrição

quase que indispensável. Porém em casos de uso prolongado como

transplantes, alergias e outros tratamentos, deve ser bem analisado quanto ao

custo / benefício para cada paciente. Além disso, os efeitos adversos de uma

mesma dose de corticosteroides podem ser heterogêneos entre os indivíduos,

os motivos decorrem principalmente da diferença entre a farmacocinética

apresentada nos pacientes, influenciada por diversos fatores, como: idade,

gênero, genéticos e doenças de base (26).

Os efeitos relacionados ao uso crônico de GC mais comumente citados

na literatura são: hiperglicemia (3), hiperinsulinemia (22), dislipidemia (31),

atrofia muscular (12), osteoporose (32), acúmulo de gordura central (31), entre

outros efeitos/doenças que podem ser considerados consequência dos

anteriores, como: aterosclerose (33, 34), hipertensão (35, 36), obesidade (31,

34) e diabetes mellitus tipo 2 (37, 38).

Page 15: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

6

Além disso, no tratamento com GC, a utilização de doses supra

fisiológicas podem resultar na Síndrome de Cushing iatrogênica, a qual se difere

da endógena por possuir efeitos raros, como: pseudo tumor cerebral, necrose

óssea avascular, catarata e glaucoma (3, 31).

O excesso de GC tem sido comparado com a Síndrome Metabólica (SM),

por apresentar todos os sintomas desta doença tais como: resistência à insulina,

obesidade central, hiperglicemia e alta concentração plasmática de triglicérides

e colesterol total (26, 18). A síndrome metabólica pode ser definida como um

conjunto de fatores de risco inter-relacionados, de origem metabólica, que se

associam a incidência de doenças cardiovasculares e/ou diabetes mellitus tipo 2

(26). De acordo com a National Cholesterol Education Program’s Adult

Treatment Panel III (NCEP/ATP III), anormalidades na insulina ou na glicemia

não são obrigatórios como critérios para caracterização, diferentemente de duas

importantes organizações, a Internetional Diabetes Federation (IDF) e

Organização Mundial da Saúde (OMS) (39, 40). Os critérios mais utilizados para

caracterização da SM são da NCEP/ATP III e estão descritos na figura 02.

Figura 02: Critério NCEP/ATP III. SM= Síndrome Metabólica (37)

Page 16: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

7

Por este motivo, quando indicado o tratamento com corticosteroides,

estabelece-se associação de outros fármacos para atenuar os seus possíveis

efeitos adversos, induzindo assim a polifarmacia, utilização de vitaminas e outros

métodos preventivos (mudança nos hábitos alimentares e exercício físico).

Tornando o paciente que faz uso crônico de corticosteroides passível de maior

incidência de Síndrome de Cushing ou mesmo a Síndrome Metabólica.

Um dos principais GC prescritos devido sua maior potência em

comparação com outros é a dexametasona.

2.2. Dexametasona: Benefício e Risco

2.2.1. Efeitos Terapêuticos

A dexametasona, quando comparada a outros GC sintéticos mais

utilizados, apresenta maior potência anti-inflamatória, maior duração da ação

após uma dose oral, além de possuírem alta afinidade pelos receptores de GC

e com mínima retenção sódica quando se quer evitar edema (23). Além disso,

este fármaco apresenta atividade farmacológica de 10 a 20 vezes maior que o

cortisol, tornando-se uma escolha viável em diversos tipos de tratamentos

inclusive em alguns casos de câncer (25).

2.2.2. Efeitos adversos

Uma única dose de dexametasona pode alterar o metabolismo dos

carboidratos e lipídeos (41). Ao mesmo tempo, quando utilizado cronicamente,

como em casos de transplantes, doenças reumáticas, inflamatórias e alérgicas,

e até no tratamento de alguns tipos de câncer, os GC e a dexametasona, podem

causar alterações no metabolismo dos carboidratos, lipídeos, proteína, ósseo e

hídrico. Possivelmente tornando-o um potencial agente no acometimento do

diabetes mellitus tipo 2 e Síndrome Metabólica (41, 42).

Em modelos experimentais com animais, baixas doses subcutâneas de

dexametasona (2µg/dia) são utilizadas para avaliar, tanto a diminuição da

sensibilidade a insulina quanto o aumento da pressão sanguínea em ratos (42).

Em humanos, o uso da dexametasona, quando realizado por longo período ou

em doses suprafisiológicas, é capaz de causar distúrbios cardiometabólicos (12)

Page 17: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

8

como resistência periférica a insulina, hiperglicemia, hiperinsulinemia,

dislipidemia e aumento na pressão arterial (31).

Esses efeitos acontecem quando há disponibilidade plasmática elevada

de GC, a produção endógena de glicose torna-se aumentada a partir da ativação

de genes hepáticos envolvidos no metabolismo dos carboidratos, principalmente

no momento pós-prandial, através da gliconeogênese hepática (3).

Indiretamente, enzimas como glicose 6 fosfatase e fosfoenolpiruvato carboxilase

inibem a ação da insulina. Esse medicamento facilita o transporte dos

metabólitos através da membrana mitocondrial ajudando também no aumento

da produção endógena de glicose (43).

Além disso, ocorre a diminuição da captação de glicose pelos tecidos

adiposo e muscular esquelético. Como consequência, é evidenciado a inibição

da translocação do GLUT-4 para membrana plasmática e diminuição na taxa de

síntese de glicogênio. Promovendo aumento da concentração plasmática da

glicose. A hiperglicemia proveniente da gliconeogênese hepática, aliada à menor

utilização do substrato de glicose frente ao predomínio do AGL no metabolismo

oxidativo, proporciona um aumento na concentração de glicose sanguínea, o que

acarreta uma produção excessiva de insulina.

Essa situação pode ocasionar resistência à insulina devido algumas

alterações em mecanismos intracelulares, como: diminuição da concentração e

da atividade quinase do receptor de insulina, da concentração e da fosforilação

do IRS-1 e -2 (Substrato do receptor de insulina-1 e -2), da atividade da PI 3-

quinase (fosfatidilinositol 3 quinase), da translocação dos transportadores de

glicose (GLUTs) e da atividade das enzimas intracelulares (44).

No tecido adiposo a dexametasona favorece a lipólise e o aumento da

concentração de ácidos graxos no plasma, possivelmente isto se deve por ação

permissiva com outros hormônios, como as catecolaminas e o glucagon. Além

disso, a lípase hormônio sensível está ativada, a qual, é uma enzima importante

na lipólise. Esse medicamento promove aumento dos depósitos de gordura

principalmente na região abdominal, uma vez que, possuem um papel

adipogênico sobre as células indiferenciadas localizadas neste importante

território tecidual (3, 30).

Na musculatura esquelética, promovem a degradação e diminuição da

síntese de proteínas. Do mesmo modo, podem ser capazes de inibir diversas

Page 18: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

9

proteínas envolvidas com a sinalização do IR/IGF1R: inibição da via PI3K/Akt,

acelerar a degradação da proteína isoforma 1 do substrato para o receptor de

insulina (IRS-1) e é capaz de estimular a via da miostatina tendo como

consequência atrofia muscular por aumento do catabolismo proteico e

diminuição da síntese proteica por mecanismos genômicos e não-genômicos

(23, 45).

2.3. Exercício Resistido (ER)

O músculo esquelético compreende cerca de 40% da massa corporal total

em mamíferos e estima-se ser responsável por cerca de 30% da taxa metabólica

de repouso em humanos. Este tecido exerce um importante papel na

homeostase, no controle glicêmico, cuja capacidade de armazenamento da

glicose na forma de glicogênio é 4 vezes maior que a do fígado (46).

Apesar disso, é necessário adotar medidas que envolvam a prática de

atividade física para potencializar os efeitos benéficos sobre a manutenção da

homeostase do metabolismo de carboidratos. Para tanto, o treinamento de força

ou Exercício Resistido (ER), como muito citado na literatura, é caracterizado pela

tensão muscular com ou sem movimentação articular contra alguma forma de

resistência a ação muscular. Este tipo de treinamento pode promover alterações

positivas na aptidão física, composição corporal, tratamento e prevenção de

doenças em diversas populações (16).

Para que tais benefícios ocorram de forma eficiente no organismo como

um todo, se faz necessário que a prescrição se ajuste as características

individuais, respeitando os princípios biológicos do treinamento, assim como as

variáveis que constituem o programa de treinamento: intensidade, número de

séries e repetições, intervalo entre séries e exercícios, frequência, velocidade e

ordem dos exercícios (47).

Após adequação das variáveis do treinamento, o ER apresenta benefícios

funcionais como: aumento da força, resistência muscular, flexibilidade,

coordenação, equilíbrio, potência, prevenção de lesões e diminuição da

incidência de quedas. Outras vantagens em diversos parâmetros fisiológicos

incluem a melhora do sistema cardiovascular e endócrino, perfil lipídico,

Page 19: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

10

composição corporal, massa muscular e densidade mineral óssea, controle da

pressão arterial e aumento da sensibilidade à ação da insulina entre outras (48).

Assim, importantes Organizações especializadas, por exemplo American

Diabetes Association (ADA) e American College of Sports Medicine (ACSM)

indicam a prescrição de ER como fator protetor ao diabetes e doenças

metabólicas (49), os quais são os principais efeitos adversos do uso crônico da

dexametasona. De acordo com o posicionamento do ano de 2014 da ADA,

adultos com diabetes mellitus tipo 2 devem ser encorajados a realizarem ER pelo

menos 2 vezes por semana, se não houver contraindicações. Essa

recomendação foi classificado em evidência científica “categoria A”, ou seja,

muitos estudos randomizados controlados evidenciaram resultados

semelhantes.

Ainda neste posicionamento, foi comentado sobre protocolos de

exercícios com duração de no mínimo 8 semanas capazes de baixar a

hemoglobina glicada em 0,66% em pessoas com diabetes mellitus tipo 2, mesmo

não diminuindo o Índice de Massa Corpórea (IMC).

A U.S. Department of Health and Human Services’ Physical Activity

Guidelines for Americans, sugeriu para adultos, a partir de 18 anos, 150

minutos/semana de exercício com intensidade moderada e recomenda

atividades de força muscular que envolva todos os principais grupos musculares

entre duas ou mais vezes por semana. Além disso, em idosos, foi evidenciado

que o ER tem forte evidência de baixar hemoglobina glicada em diabético tipo 2.

A manutenção da glicose sanguínea em repouso e durante o exercício

dependem da coordenação e integração do sistema nervoso simpático e do

sistema endócrino. Existem duas vias, bem definidas, de estimulação da

captação de glicose pelo músculo, a insulino-dependente e a insulino-

independente (48), a qual é ativada pelas vias IR/IGF-1, em ambas as vias o

resultado influenciará na expressão gênica do GLUT-4 e sua translocação à

superfície da célula. Em relação ao GLUT-4, a insulina é responsável por

aumentar sua translocação para superfície da célula, culminando no aumento da

captação da glicose através de uma complexa cascata de sinalizações.

De acordo com Phillips and Winett (50) o ER é associado com melhora da

glicose e homeostase da insulina, uma vez que aumenta a área da secção

transversa muscular e massa corporal magra, bem como melhorias qualitativas,

Page 20: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

11

como as propriedades metabólicas musculares, incluindo o aumento da

densidade da GLUT-4, conteúdo/atividade da enzima glicogênio sintase.

Em indivíduos diabéticos ou com resistência à ação da insulina, essa via

torna-se prejudicada. Dessa forma, a outra via (insulino-independente) através

da contração muscular também pode aumentar a translocação do GLUT-4,

ativando a proteína quinase ativada por AMP (AMPK) (48,49), cuja principal

função é modular o metabolismo celular sendo a mesma regulada pelo déficit de

energia celular.

De fato, o exercício regular tem sido apontado como uma ferramenta mais

eficiente que a intervenção com fármacos no tratamento e prevenção dos riscos

causados pelo uso indiscriminado da dexametasona, principalmente quando

aliado a intervenções dietéticas (51).

Page 21: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

12

3. OBJETIVO

3.1. Objetivo Geral

Avaliar os efeitos do exercício resistido sobre a glicemia e resistência à

ação da insulina em animais submetidos ao dexametasona.

3.2. Objetivos Específicos

- Comparar a sensibilidade à insulina em animais controle e animais

submetidos ao Exercício Resistido associado ao uso contínuo de dexametasona;

- Comparar a tolerância à glicose em animais controle e animais

submetidos ao Exercício Resistido associado ao uso contínuo de dexametasona;

- Analisar o efeito do Exercício Resistido sobre a força muscular em

animais controles e submetidos ao uso contínuo de dexametasona.

Page 22: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

13

4. MATERIAL E MÉTODOS

Animais

Foram utilizados ratos Wistar machos (Rattus Norvegicus albinus Wistar),

com idade de 7 a 8 semanas, pesando entre 250g e 300g. Os animais foram

acomodados em número de 5 por caixa retangular grande, mantidos sob

condições de temperatura controlada de 21º a 24ºC e ciclo claro-escuro de 12

horas, tendo livre acesso à água e alimentação (Purina® específica para

roedores).

Aspectos Éticos

Os procedimentos descritos neste estudo foram previamente aprovados

pelo comitê de ética em pesquisa animal da universidade local (CEPA/UFS) sob

o número de protocolo 09/2012.

Delineamento e grupos experimentais

Os animais foram distribuídos aleatoriamente em quatro grupos

denominados:

- Controle Sedentário (CS): ratos sedentários e que receberam solução salina

(0,9%) intraperitonialmente;

- Controle Treinado (CT): ratos que foram submetidos somente ao protocolo de

TR e receberam solução salina (0,9%) intraperitonialmente;

- Dexametasona Sedentário (DS): ratos sedentários que foram submetidos

somente à administração de dexametasona (de acordo com item administração

de dexametasona – logo abaixo);

- Dexametasona Treinado (DT): ratos que foram submetidos ao protocolo de ER

e à administração de dexametasona.

Page 23: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

14

Protocolo de treinamento

O ER foi realizado em aparelho de agachamento segundo modelo de

Tamaki et al (52). Todos os animais foram familiarizados com duas sessões de

treino (três vezes a massa corporal, 10 repetições, duas séries, um minuto de

intervalo entre as séries) com intervalo de 48 horas entre as sessões. Os grupos

CT e DT foram submetidos ao treinamento três vezes por semana executando

três séries de dez repetições, com intervalos entre séries de 60 segundos e

intensidade de 75% da carga estabelecida através do teste de uma repetição

máxima (1RM).

O protocolo de treinamento teve duração de quatro semanas. Os animais

executaram as séries através da aplicação de estímulos elétricos (20 V, 0.3s de

duração, 3s de intervalo) por eletrodos (ValuTrode, Modelo CF3200, Axelgaard,

Fallbrook, CA, EUA) fixados na cauda e conectados a um eletroestimulador

(BIOSET, Physiotonus Four, Modelo 3050, Rio Claro, SP, Brasil).

Os grupos CS e DS foram fixados no aparelho nos mesmos horários de

treinamento dos grupos exercitados e apenas submetidos aos estímulos

elétricos (três séries, dez repetições, com intervalos de repouso de 60 segundos)

sem qualquer realização do movimento específico do exercício.

Teste de uma repetição máxima

Após a familiarização, todos os grupos realizaram o teste de uma

repetição máxima (1RM) e após 48 horas foi realizado o reteste de (1RM). Para

reajustar a carga de treino e manter a intensidade proposta foram realizados

novos testes de 1RM a cada duas semanas.

Page 24: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

15

Administração de Dexametasona

Foi administrado dexametasona durante 30 dias, uma vez ao dia (0,2

mg/kg/dia, Decadron®, Prodome, Brasil) intraperitonialmente sempre no mesmo

horário (13 horas) nos animais DS e DT. Segundo Severino e colaboradores

essa dose administrada é capaz de induzir alterações metabólicas (42). Nos

animais CS e CT, foram injetados intraperitonialmente solução salina (0,9%) no

mesmo horário (às 13 horas).

A massa corporal foi monitorada 3 vezes por semana no mesmo horário

em todos os grupos experimentais e o protocolo de treinamento foi realizado

concomitante à administração da dexametasona.

Teste de Tolerância a Glicose (ivGTT)

Ao término dos protocolos experimentais, os animais de cada grupo foram

submetidos ao ivGTT após restrição alimentar de 12 horas e foram anestesiados

com tiopental (40 mg/Kg de peso de animal). Ao se confirmar o efeito do

anestésico pela observação da não retirada da cauda após estímulo de pressão,

foi coletado por punção caudal, a amostra correspondente ao tempo zero do

teste. Sendo injetado a solução de glicose (2g/kg de peso corporal, via veia

peniana) diluída em solução salina (0,9%).

Coletaram-se amostras de sangue por punção caudal nos tempos 5, 15,

30, 60 e 90 minutos após injeção de glicose. A glicemia foi determinada através

do glicosímetro (Accu-chek Active – Roche). As áreas sob curvas de glicose

durante o ivGTT foram calculadas pelo método trapezoidal (53) no software

GraphPrism versão 5.

Page 25: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

16

Teste de Sensibilidade à Insulina (ivITT)

Para avaliar a sensibilidade à insulina in vivo, os animais foram

anestesiados com tiopental (40 mg/Kg de peso de animal). O tiopental foi

utilizado por não apresentar influencia na via de sinalização da insulina (54). Ao

se confirmar o efeito do anestésico pela observação da não retirada da cauda

após estímulo de pressão, foi administrada insulina na dose de 5,4 mmol-1/kg de

peso corpóreo na veia peniana e foi analisada a concentração de glicose

plasmática em diferentes tempos de coleta de sangue (0 – tempo basal, 4, 8, 12,

16, 18 e 30 minutos) após a administração da insulina (55, 56).

Análise dos Dados

A avaliação estatística foi realizada pelo teste “t” de Student para 2

amostras não pareadas (p<0,05); também foi utilizado teste de uma via (One way

– ANOVA) e de duas vias (Two way – ANOVA), para mais de 4 variáveis,

utilizando para ambos o pós-teste de Bonferroni (p<0,05).

Page 26: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

17

5. RESULTADOS

Para avaliarmos se o protocolo de exercício resistido utilizado promoveu

ganho de força e também para ajustar a intensidade de treinamento, os animais

foram submetidos ao teste de força máxima (Figura 3). Não observamos

diferenças significativas no teste de 1RM nos grupos sedentários (CS e DS) entre

a primeira e quarta semana do protocolo (Figura 3A). Em relação aos grupos

treinados (CT e DT) houve um aumento na força, em 14,78% e 36,87%,

respectivamente, após período de intervenção (Figura 3B).

Figura 03: Teste de Força Máxima (1RM) antes e depois do protocolo. Os dados representam a

média ± desvio padrão da média. A figura 3A ilustra os resultados dos grupos controle sedentário

(CS; n=10) dexametasona sedentário (DS; n=10). A figura 3B ilustra os resultados dos grupos

controle treinado (CT; n=10) e dexametasona treinado (DT; n=10). Utilizou-se o teste t de Student

para análise entre os grupos. ns = sem diferença estatística; * p < 0,05.

O grupo controle sedentário (CS) apresentou ganho de peso ao longo do

tempo investigado, este efeito foi semelhante no grupo controle treinado (CT).

Os animais tratados com dexametasona tanto no grupo sedentário (DS) quanto

no grupo treinado (DT) apresentaram redução de peso corporal (Figura 4).

Page 27: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

18

Figura 04: Avaliação do percentual do peso corporal total dos grupos (4A) Grupo Controle

Sedentário (CS) e Grupo Controle Treinado (CT). (4B) Grupo Dexametasona Sedentário (DS) e

Grupo Dexametasona Treinado (DT). (n= 10) (Teste de duas vias com pós-teste de Bonferroni);

*p < 0,05; **p < 0,01;***p < 0,001.

Page 28: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

19

Figura 05: Teste de tolerância a glicose (ivGTT). (A) Concentração da glicose plasmática dos

grupos controle sedentário (CS) e controle treinado (CT) após a sobrecarga de glicose, os

resultados foram representados na forma de um gráfico de linha. (B) Àrea sob a curva dos grupos

CS e CT. (C) Para os grupos dexametasona sedentários (DS) e dexametasona treinados (DT),

o gráfico de linha e a área sob a curva estão ilustrados nas figuras 5C e 5D, respectivamente.

Foram utilizados o teste t student para análise entre duas variáveis e teste de duas vias (Two

Way) com pós-teste de Bonferroni para múltiplas variáveis). ns = sem diferença estatística; * p <

0,05.

Durante o teste de tolerância à glicose (ivGTT) (Figura 5), os animais

pertencentes aos grupos controle sedentário (CS) e controle treinados (CT) após

a administração intravenosa de glicose, demonstraram aumento da

concentração plasmática de glicose. Todavia, a amplitude da glicose plasmática

do grupo controle treinado (CT) foi atenuado quando comparado ao grupo

controle sedentário (CS) (FIGURA 5A), esta redução foi de 12,99% segundo

área sob a curva (FIGURA 5B).

Os animais pertencentes aos grupos dexametasona (DS e DT) após a

administração endovenosa de glicose, também demonstraram aumento da

concentração plasmática de glicose. Todavia, a amplitude da glicose plasmática

do grupo dexametasona treinado (DT) foi reduzido quando comparado ao grupo

dexametasona sedentário (DS) (FIGURA 5C), esta redução foi de 22,33%

segundo área sob a curva (FIGURA 5D).

Com relação ao teste de sensibilidade à insulina (ivITT) (Figura 06), como

esperado, os grupos controles (CS e CT) apresentaram declínio progressivo na

concentração da glicose plasmática após a administração endovenosa de

insulina. Todavia, não apresentaram diferença significativa (Figura 6A). Os

grupos tratados com dexametasona (DS e DT), também apresentam declínio da

concentração plasmática de glicose após a administração de insulina (figura 6C).

Page 29: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

20

Porém no grupo dexametasona treinado (DT) a área sob a curva foi 23,81%

menor em relação ao grupo dexametasona sedentário (DS) (figura 4D).

Figura 06: Teste de sensibilidade a insulina (ivITT). O decaimento da glicemia plasmática do

grupo controle sedentário (CS) e controle treinado (CT) após a administração endovenosa de

insulina durante o ivITT, os dados foram representados na forma de um gráfico de linha (figura

6A) e na área sob a curva (figura 6B). Para os grupos com dexametasona sedentário e treinado

(DS e DT), o gráfico de linha e a área sob a curva estão ilustrados nas figuras 6C e 6D,

respectivamente. Foram utilizados o teste t student para análise entre duas variáveis e teste de

duas vias (Two Way) com pós-teste de Bonferroni para múltiplas variáveis). ns = sem diferença

estatística; * p < 0,05.

Page 30: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

21

6. DISCUSSÃO

O principal resultado desde estudo evidenciou que o exercício resistido

melhorou a sensibilidade à insulina e atenuou a hiperglicemia em ratos

submetidos ao uso de dexametasona. É consenso na literatura científica os

efeitos adversos ocasionados pelo uso crônico da dexametasona

principalmente, alterações negativas no metabolismo do carboidrato (2,3,12,13).

Pinheiro et al (13), evidenciaram em animais administrados com

dexametasona (5mg/kg/dia) por 30 dias consecutivos ficaram intolerantes a

glicose e apresentaram resistência à insulina. A resistência à ação da insulina

pode está diretamente associada a redução de 30-50% da captação de glicose

estimulada por este hormônio (57). Além disto, a síntese de glicogênio

estimulada pela insulina também é prejudicada em 70% após o tratamento com

glicocorticoide (12).

Estes efeitos sobre o metabolismo dos carboidratos podem ser

evidenciados a partir de 2µg/dia de dexametasona ao utilizar a via subcutânea

(42). A partir destes resultados, neste estudo foi administrado 0,2mg/kg/dia.

Para avaliação da tolerância à glicose e sensibilidade à insulina utilizamos

dois testes funcionais conhecidos mundialmente baseados no guideline

“Avaliação da homeostase em modelos de roedores” (58). Nossos resultados

demonstraram que o uso crônico de dexametasona alterou a resposta glicêmica

durante os diferentes protocolos após a sobrecarga de glicose durante o teste

de tolerância a glicose (ivGTT), corroborado por outros autores (10,12,13).

Os grupos de animais submetidos ao exercício resistido, tanto o grupo

controle treinado (CT) quanto o grupo dexametasona treinado (DT), após a

sobrecarga com glicose, apresentaram redução da amplitude da concentração

Page 31: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

22

de glicose plasmática quando comparados com os grupos controle sedentário

(CS) e dexametasona sedentário (DS), respectivamente. Estes resultados

sugerem, possivelmente, aumento da captação da glicose em ambos os grupos

treinados (CT e DT).

De acordo com Phillips and Winett (50) o exercício resistido é capaz de

promover ajustes benéficos sobre a concentração de glicose e homeostase da

insulina, uma vez que, este efeito está diretamente relacionado com o aumento

da área da secção transversa muscular e massa corporal magra promovido pela

prática de exercício resistido.

Além destas alterações macroscópicas, estes mesmos autores (50)

evidenciaram aumento na expressão gênica do GLUT-4, do índice de

translocação desta molécula à superfície celular, bem como aumento do

conteúdo/atividade da enzima glicogênio sintase. Estas proteínas estão

envolvidas diretamente na captação de glicose e síntese de glicogênio,

respectivamente (17, 18, 59, 60).

A prática do exercício resistido pode contribuir para a melhora da glicemia

através de três possíveis mecanismos: contração muscular, produção de

adenosina monofosfato (AMP) e ativação da proteína quinase ativada pelo AMP

(AMPK) (46, 59). Holmes e Dohm (60) sugerem que a melhora da captação de

glicose pode ser explicada pelo aumento da expressão proteica e translocação

de GLUT-4 do retículo endoplasmático em direção à membrana plasmática. Esta

proteína é modulada durante o exercício pela Ca++/Calmodulina quinase (CaMK)

(60).

A concentração intracelular de AMPK e CaMK, durante o exercício

resistido encontram-se aumentada e ambas estimulam a fosforilação do

Page 32: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

23

substrato (AS160) (59, 60), estes eventos culminam com a translocação de

GLUT-4 para a membrana celular, desencadeando assim, a captação de glicose.

Para que estes benefícios sejam significativos, é necessário que a prática

de exercício resistido seja ajustada, respeitando a individualidade biológica e as

variáveis do treinamento, além disso, a intensidade utilizada neste estudo foi

75%, considerado como treinamento de alta intensidade (48,61).

Além dos benefícios positivos discutidos anteriormente, outro parâmetro

de análise foi o de força muscular, avaliado através do teste de 1RM, como

indicador de eficácia do treinamento, demostrando que os grupos treinados (CT

e DT) ganharam mais força quando comparados aos grupos sedentários (CS e

DS).

O grupo dexametasona treinado DT obteve ganho de força mesmo sob

efeito do medicamento, demonstrando o benefício do treinamento se

sobressaindo. De acordo com a literatura (62, 63), sujeitos com baixos níveis de

aptidão física possuem a tendência em apresentar maior magnitude de

adaptações morfofuncionais, essa observação é denominada como princípio da

treinabilidade (63).

O presente estudo foi pioneiro em utilizar exercício resistido de alta

intensidade em animais administrados com dexametasona, um estudo utilizando

exercício resistido de baixa intensidade demonstrou atenuação na atrofia do

músculo flexor longo do halux (64) porém também identificou perda de massa

corporal nos animais submetidos ao dexametasona. Estes dados estão

corroboram com Barel et al 2010 (12) e Pinheiro et al 2009 (13) porém estes

autores utilizaram exercício aeróbio.

Page 33: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

24

A prescrição e o uso da dexametasona, aparentemente, podem ser

controversos, por apresentar grande utilidade por seus efeitos anti-inflamatórios

e imunossupressores, porém quando seu uso for prolongado ou administrado

em doses suprafisiológicas pode ser capaz de promover efeitos deletérios.

Desta forma, como medidas profiláticas ou que objetivam atenuar esses

efeitos adversos, o exercício resistido parece ser uma alternativa importante a

ser utilizada para atenuar os quadros de hiperglicemia e de resistência à ação

da insulina em pacientes usuários de dexametasona. De uma forma geral,

contribuir na diminuição do risco de desenvolver alterações metabólicas que

podem resultar no diabetes e outras doenças.

Page 34: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

25

7. CONCLUSÃO

O exercício resistido foi capaz de melhorar a sensibilidade a insulina e a

tolerância a glicose em animais com administração crônica da dexametasona,

além disso, foi eficiente em aumentar a força de ratos submetidos ao uso deste

medicamento.

Page 35: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

26

REFERÊNCIAS

1. Direcção-Geral da Saúde. Divisão de Doenças Genéticas, Crônicas e

Geriátricas. Programa nacional contra as doenças reumáticas. Lisboa: DGS,

2005. 92 p.

2. Liu XX, Zhu XM, Miao Q, Ye HY, Zhang ZY, Li YM. Hyperglycemia Induced

by Glucocorticoids in Nondiabetic Patients: A Meta-Analysis. Ann Nutr Metab.

2014; 65(4):324-32.

3. Perez A, Jansen-Chaparro S, Saigi I, Bernal-Lopez MR, Miñambres I,

Gomez-Huelgas R. Glucocorticoid-induced hyperglycemia. J Diabetes.

2014;6(1):9-20.

4. Qin J, Du R, Yang YQ, Zhang HQ, Li Q, Liu L, et al. Dexamethasone-

induced skeletal muscle atrophy was associated with upregulation of myostatin

promoter activity. Res Vet Sci. 2013;94(1):84-9.

5. Ma K, Mallidis C, Bhasin S, Mahabadi V, Artaza J, Gonzalez-Cadavid N,

et al. Glucocorticoid-induced skeletal muscle atrophy is associated with

upregulation of myostatin gene expression. Am J Physiol Endocrinol Metab.

2003;285(2):E363-71.

6. Schakman O, Kalista S, Barbé C, Loumaye a, Thissen JP. Glucocorticoid-

induced skeletal muscle atrophy. Int J Biochem Cell B. 2013. p. 2163-72.

7. Julie E. Goodwin & David S. Geller. Glucocorticoid-induced hypertension.

Pediatr Nephrol. 2012;27:1059-66.

8. Saruta. T. Mechanism of Glucocorticoid-Induced Hypertension. Hypertens

Res. 1996;19(1):1-8.

9. Amy H. Warriner and Kenneth G. Saag. Glucocorticoid-related bone

changes from endogenous or exogenous glucocorticoids. Curr Opin Endocrinol

Diabetes Obes. 2013;20:510-16.

10. De Nijs RN. Glucocorticoid-induced osteoporosis: a review on

pathophysiology and treatment options. Minerva Med. 2008;99(1):23-43.

11. Faiçal S, Uehara MH. Efeitos sistêmicos e síndrome de retirada em

tomadores crônicos de corticosteróides. Rev. Assoc. Med. Bras. 1998;44(1):69-

74.

12. Barel M, Perez OAB, Giozzet VA, Rafacho A, Bosqueiro JR, do Amaral

SL. Exercise training prevents hyperinsulinemia, muscular glycogen loss and

Page 36: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

27

muscle atrophy induced by dexamethasone treatment. Eur J Appl Physiol.

2010;108(5):999–1007.

13. Pinheiro CH, Sousa Filho WM, Oliveira Neto Jd, Marinho Mde J, Motta

Neto R, Smith MM, et al. Exercise prevents cardiometabolic alterations induced

by chronic use of glucocorticoids. Arq Bras Cardiol. 2009;93(4):400–8, 392–400.

14. Bouchard C, Antunes-Correa LM, Ashley EA, Franklin N, Hwang PM,

Mattsson CM, et al. Personalized preventive medicine: genetics and the

response to regular exercise in preventive interventions. 2015;57(4):337-46.

15. Ciolac EG, Greve JM. Muscle strength and exercise intensity adaptation

to resistance training in older women with knee osteoarthritis and total knee

arthroplasty. Clinics (Sao Paulo). 2011;66(12):2079-84.

16. Westcott WL. Resistance training is medicine: effects of strength training

on health. Curr Sports Med Rep. 2012;11(4):209-16.

17. Eves ND, Plotnikoff RC. Resistance training and type 2 diabetes:

Considerations for implementation at the population level. Diabetes Care.

2006;29(8):1933-41.

18. Colberg SR, Sigal RJ, Braun B. Exercise and Type 2 Diabetes. Diabetes

Care. 2010;33(12):147-67.

19. Craig CR; Stitzel RE. Farmacologia Moderna. 4. ed. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 1996.

20. Antonow DR, Monteiro GA. Glucocorticoides : Uma meta-analise. Disc.

Scientia. 2007;8(1):51 –68.

21. Pauli JR. Glicocorticóides e síndrome metabólica : aspectos favoráveis do

exercício físico nesta patofisiologia. Rev Port Cien Desp. 2006;6(2):217–28.

22. Andrews RC, Walker BR. Glucocorticoids and insulin resistance: old

hormones, new targets. Clin Sci (Lond). 1999;96(5):513–23.

23. Greenspan FS, Gardner DG. Endocrinologia Básica e Clínica. 7ª Ed. Rio

de Janeiro: Mcgraw-Hill; 2005.

24. Romanholi DJPC, Salgado LRS. Síndrome de Cushing Exógena e

Retirada de Glicocorticóides. Arq Bras Endocrinol Metab. 2007;51(8):1280–92. 25. Anti SMA, Giorgi RDN, Chahade WH. Antiinflamatórios hormonais:

Glicocorticóides. Einsten. 2008;6(Supl 1):S159–S65.

Page 37: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

28

26. Damiani D, Kuperman H, Dichtchekenian V, Manna TD, Setian N.

Corticoterapia e suas repercussões: a relação custo–benefício. Pediatr (São

Paulo). 2001;1:71 –82. 27. Van Staa TP, Leufkens HG, Abenhaim L, Begaud B, Zhang B, Cooper C.

Use of oral corticosteroids in the United Kingdom. QJM. 2000;93(2):105–11. 28. Arrais PSD, Brito LL, Barreto ML, Coelho HLL. Prevalência e fatores

determinantes do consumo de medicamentos no Município de Fortaleza, Ceará,

Brasil. Cad Saúde Pública. 2005;21(6):1737–46. 29. Bertoldi AD, Barros AJD, Hallal PC. Utilização de medicamentos em

adultos : prevalência e determinantes individuais. Rev Saúde Pública.

2004;38(2):228-38. 30. Donihi AC, Raval D, Saul M, Korytkowski MT, DeVita MA. Prevalence and

predictors of corticosteroid-related hyperglycemia in hospitalized patients.

Endocr Pract. 2006;12(4):358–62. 31. Vegiopoulos A, Herzig S. Glucocorticoids, metabolism and metabolic

diseases. Mol Cell Endocrinol. 2007;275(1 -2):43–61. 32. Seibel MJ, Cooper MS, Zhou H. Glucocorticoid-induced osteoporosis:

mechanisms, management, and future perspectives. Lancet Diabetes

Endocrinol. 2013;1(1):59–70. 33. Di Dalmazi G, Vicennati V, Garelli S, Casadio E, Rinaldi E, Giampalma E,

et al. Cardiovascular events and mortality in patients with adrenal incidentalomas

that are either non-secreting or associated with intermediate phenotype or

subclinical Cushing’s syndrome: a 15-year retrospective study. lancet Diabetes

Endocrinol [Internet]. 2014 May [cited 2014 Sep 25];2(5):396–405. 34. Huang C-J, Acevedo EO, Mari DC, Randazzo C, Shibata Y. Glucocorticoid

inhibition of leptin- and lipopolysaccharide-induced interlukin-6 production in

Page 38: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

29

obesity. Brain Behav Immun [Internet]. Elsevier Inc.; 2013 Oct 11 [cited 2014 Apr

3];35:163–8. 35. Lackland DT, Voeks JH. Metabolic syndrome and hypertension: regular

exercise as part of lifestyle management. Curr Hypertens Rep [Internet]. 2014

Nov [cited 2014 Sep 30];16(11):492.

36. Brotman DJ, Girod JP, Garcia MJ, Patel J V, Gupta M, Posch A, et al.

Effects of short-term glucocorticoids on cardiovascular biomarkers. J Clin

Endocrinol Metab [Internet]. 2005 Jun [cited 2014 Apr 20];90(6):3202–8.

37. Izzedine H, Launay-Vacher V, Deybach C, Bourry E, Barrou B, Deray G.

Drug-induced diabetes mellitus. Expert Opin Drug Saf [Internet]. 2005 Nov [cited

2014 Oct 25];4(6):1097–109.

38. 53. Van Raalte, Daniel. Diamant M. Diapedia [Internet]. Diapedia.org;

2014 [cited 2014 Oct 25].

39. Penalva DQF. Síndrome metabólica: diagnóstico e tratamento. Rev Med.

2013;87(4):245–50.

40. Grundy SM, Cleeman JI, Daniels SR, Donato KA, Eckel RH, Franklin BA,

et al. Diagnosis and management of the metabolic syndrome: an American Heart

Association/National Heart, Lung, and Blood Institute Scientific Statement.

Circulation [Internet]. 2005 Oct 25 [cited 2014 Jul 10];112(17):2735–52.

41. Qi D, Pulinilkunnil T, An D, Ghosh S, Abrahani A, Pospisilik JA, et al.

Single-dose dexamethasone induces whole-body insulin resistance and alters

both cardiac fatty acid and carbohydrate metabolism. Diabetes.

2004;53(7):1790–7.

42. Severino C, Brizzi P, Solinas a, Secchi G, Maioli M, Tonolo G. Low-dose

dexamethasone in the rat: a model to study insulin resistance. Am J Physiol

Endocrinol Metab. 2002;283(2):E367–73.

Page 39: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

30

43. Geer EB, Islam J, Buettner C. Mechanisms of glucocorticoid-induced

insulin resistance: focus on adipose tissue function and lipid metabolism.

Endocrinol Metab Clin North Am. 201 4;43(1):75–102.

44. Zecchin HG, Carvalheira JBC, Saad MJA. Mecanismos moleculares de

resistência à insulina na síndrome metabólica. Rev Soc Cardiol Estado São

Paulo. 2004;14(4):574–89.

45. Ruzzin J, Wagman a S, Jensen J. Glucocorticoid-induced insulin

resistance in skeletal muscles: defects in insulin signalling and the effects of a

selective glycogen synthase kinase-3 inhibitor. Diabetologia. 2005;48(10):2119–

30.

46. Egan B, Zierath JR. Exercise metabolism and the molecular regulation of

skeletal muscle adaptation. Cell Metab. 2013;17(2):162–84.

47. Gonzalez-Gonzalez JG, Mireles-Zavala LG, Rodriguez-Gutierrez R,

GomezAlmaguer D, Lavalle-Gonzalez FJ, Tamez-Perez HE, et al.

Hyperglycemia related to highdose glucocorticoid use in noncritically ill patients.

Diabetol Metab Syndr. 2013;5:18.

48. Winett RA, Carpinelli RN. Potential health-related benefits of resistance

training. Prev Med. 2001;33(5):503–13.

49. Standards of medical care in diabetes-2014. Diabetes Care.

2014;37(Suppl 1 ):S14–80.

50. Phillips SM, Winett RA. Uncomplicated resistance training and health-

related outcomes: evidence for a public health mandate. Curr Sports Med Rep

[Internet]. [cited 2014 Nov 13];9(4):208–13.

Page 40: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

31

51. Phillips SM, Winett RA. Uncomplicated resistance training and health-

related outcomes: evidence for a public health mandate. Curr Sports Med Rep

[Internet]. [cited 2014 Nov 13];9(4):208–13.

52. Tamaki T, Uchiyama S, Nakano S. A weight-lifting exercise model for

inducing hypertrophy in the hindlimb muscles of rats. Med Sci Sports Exerc.

1992;24(8):881 –6.

53. Matthews JN, Altman DG, Campbell MJ, Royston P. Analysis of serial

measurements in medical research. BMJ. 1990;300(6719):230–5.

54. Cardoso AR, Carvalho CRO, Velloso LA, Brenelli SL, Saad MJA,

Carvalheira JBC. Effect of thiopental, pentobarbital and diethyl ether on early

steps of insulin action in liver and muscle of the intact rat. Life Sci.

2005;76(20):2287–97.

55. Bonora E, Moghetti P, Zancanaro C, Cigolini M, Querena M, Cacciatori V,

et al. Estimates of in vivo insulin action in man: comparison of insulin tolerance

tests with euglycemic and hyperglycemic glucose clamp studies. J Clin

Endocrinol Metab. 1989;68(2):374-8.

56. Marçal AC, Camporez JPG, Lima-Salgado TM, Cintra DE, Akamine EH,

Ribeiro LM, et al. Changes in food intake, metabolic parameters and insulin

resistance are induced by an isoenergetic, medium-chain fatty acid diet and are

associated with modifications in insulin signalling in isolated rat pancreatic islets.

Br J Nutr. 2013;109(12):2154–65.

57. Nicastro H, Gualano B, de Moraes WM, de Salles Painelli V, da Luz CR,

dos Santos Costa A, et al. Effects of creatine supplementation on muscle wasting

and glucose homeostasis in rats treated with dexamethasone. Amino Acids.

2012;42(5):1695–701.

Page 41: EFEITO DO EXERCÍCIO RESISTIDO DE ALTA INTENSIDADE … · Efeito do exercício resistido de alta intensidade sobre a ... resposta à liberação, ... Por ser um derivado lipídico

32

58. Bowe JE, Franklin ZJ, Hauge-Evans AC, King AJ, Persaud SJ, Jones PM.

Metabolic Phenotyping Guidelines: Assessing glucose homeostasis in rodent

models. J Endocrinol. 2014;222(3):G13–25.

59. Hawley JA, Lessard SJ. Exercise training-induced improvements in insulin

action. Acta Physiol. 2008;192(1):127-35.

60. Holmes B, Dohm GL. Regulation of GLUT-4 Gene Expression during

Exercise. Med Sci Sports Exerc. 2004;36(7):1202-6.

61. Adams K, Cafarelli E, Gary A, Dooly C, Matthew S, Fleck SJ, et al.

Progression Models in Resistance Training for Healthy Adults. Med Sci Sports

Exerc. 2009;41(3):687-708.

62. Garber CE, Blissmer B, Deschenes MR, Franklin BA, Lamonte MJ, Lee

IM, et al. Quantity and quality of exercise for developing and maintaining

cardiorespiratory, musculoskeletal, and neuromotor fitness in apparently healthy

adults: Guidance for prescribing exercise. Med Sci Sports Exerc. 2011;43:1334–

59.

63. Prestes J, Foschini D; Marchetti P, Charro MA. Prescrição e periodização

do treinamento de força em academias. São Paulo: Manole. 2010.

64. Macedo AG, Krug AL, Herrera NA, Zago AS, Rush JW, Amaral SL.

Lowintensity resistance training attenuates dexamethasone-induced atrophy in

the flexor hallucis longus muscle. J Steroid Biochem Mol Biol. 2014;143:357-64