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JUNHO 2005 ANO XIX Nº 669 SEG 6 TER 7 QUA 8 QUI 9 SEX 10 SÁB 11 DOM 12 sintufrj.org.br [email protected] Os números da pobreza Amâncio deixa direção do HU Página 4 ENQUADRAMENTO 1 - O levantamento de quem faz jus à progressão por capacitação e incentivo à qualificação – para o cálculo dos recursos necessários à segunda etapa do enquadramento - está quase no fim. A UFRJ mandou para o MEC 80% dos casos. 2 - No dia 2, a Fasubra teve reunião com o MEC. A correção da tabela, com o objetivo de eliminar o Vencimento Básico Complementar (VBC), foi o ponto central da discussão. O MEC confirmou buscar alternativas para a parcela complementar. 3 - A reunião sobre racionalização de cargos será dia 8, quarta-feira, às 14h, no anfiteatro do NCE, com a participação da direção do SINDICATO e da Comissão de Enquadramento. Página 3 O Brasil tem 53 milhões de pobres, o que equivale às populações da Argentina e Chile juntas. Esses números foram revelados na semana passada pelo Instituto de Pesquisa Econô- mica Aplicada (ipea), órgão do Ministério do Planejamento. São dados que revelam o tama- nho da tragédia social do país. Esses cerca de 53 milhões de brasileiros – um terço da população – vivem com renda mensal correspondente a menos de meio salário mínimo. Página 12 No centro do debate O governo apresentou a segunda versão do antepro- jeto da reforma universitária depois de quatro meses de debate. O Jornal do SINTUFRJ repercute o novo desenho do documento que quer mudar o ensino superior no país. A coordenadora-geral do SINDICATO e integrante do GT-Educação da Fasubra, Ana Maria Ribeiro, a presi- dente do Andes, Marina Barbosa, e o reitor Aloísio Tei- xeira discutem a nova proposta. Páginas 5, 6, 7 e 8 2ªetapa Categorias de funcionários em greve. Página 4 Diretora do Hesfa fala de planos para o hospital. Página 9

ENQUADRAMENTO 2ªetapa · 2019. 7. 21. · JUNHO 2005 ANO XIX Nº 669 SEG 6 TER 7 QUA 8 QUI 9 SEX 10 SÁB 11 DOM 12 sintufrj.org.br [email protected] Os números da pobreza

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JUNHO 2005 ANO XIX Nº 669 SEG 6 TER 7 QUA 8 QUI 9 SEX 10 SÁB 11 DOM 12 sintufrj.org.br [email protected]

Os números da pobreza

Amâncio deixa direção do HU Página 4

ENQUADRAMENTO

1 - O levantamento de quem faz jus à progressão por capacitação e incentivo à qualificação – para o cálculo dos recursosnecessários à segunda etapa do enquadramento - está quase no fim. A UFRJ mandou para o MEC 80% dos casos.

2 - No dia 2, a Fasubra teve reunião com o MEC. A correção da tabela, com o objetivo de eliminar o Vencimento BásicoComplementar (VBC), foi o ponto central da discussão. O MEC confirmou buscar alternativas para a parcelacomplementar.

3 - A reunião sobre racionalização de cargos será dia 8, quarta-feira, às 14h, no anfiteatro do NCE, com a participação dadireção do SINDICATO e da Comissão de Enquadramento. Página 3

O Brasil tem 53 milhões de pobres, o que equivale às populações da Argentina e Chilejuntas. Esses números foram revelados na semana passada pelo Instituto de Pesquisa Econô-mica Aplicada (ipea), órgão do Ministério do Planejamento. São dados que revelam o tama-nho da tragédia social do país. Esses cerca de 53 milhões de brasileiros – um terço dapopulação – vivem com renda mensal correspondente a menos de meio salário mínimo.Página 12

No centrodo debate

O governo apresentou a segunda versão do antepro-jeto da reforma universitária depois de quatro meses dedebate. O Jornal do SINTUFRJ repercute o novo desenhodo documento que quer mudar o ensino superior nopaís. A coordenadora-geral do SINDICATO e integrantedo GT-Educação da Fasubra, Ana Maria Ribeiro, a presi-dente do Andes, Marina Barbosa, e o reitor Aloísio Tei-xeira discutem a nova proposta. Páginas 5, 6, 7 e 8

2ªetapa

Categorias de funcionários em greve. Página 4

Diretora do Hesfa fala de planos para o hospital. Página 9

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JORNAL DO SINDICATODOS TRABALHADORESEM EDUCAÇÃO DA UFRJ

Coordenação de Comunicação Sindical: Antonio Gutemberg Alves do Traco, Neuza Luzia e Gerusa Rodrigues / Conselho Editorial: Coordenação Geral e Coordenaçãode Comunicação / Edição: L.C. Maranhão / Reportagem: Ana de Angelis, Lili Amaral e Regina Rocha. Estagiária: Renata Souza / Projeto Gráfico: Luís Fernando Couto/ Diagramação: Caio Souto e Luís Fernando Couto / Assistente de Produção: Jamil Malafaia / Ilustração: André Amaral / Fotografia: Niko Júnior / Revisão: RobertoAzul / Tiragem: 11 mil exemplares / As matérias não assinadas deste jornal são de responsabilidade da Coordenação de Comunicação Sindical / Correspondência: aoscuidados da Coordenação de Comunicação. Fax: 21 2260-9343. Tels: 2560-8615/2590-7209 ramais 214 e 215.

Cidade Universitária - Ilha do Fundão - Rio de Janeiro - RJCx Postal 68030 - Cep 21944-970 - CGC:42126300/0001-61

doispontos

PATWORK – Esta oficina ensina a arte de unir retalhos. Umaótima terapia ocupacional, porque é uma técnica que requer trei-namento, criatividade e bom gosto para combinação dos tecidos.Aula mensal – sempre na última sexta-feira do mês (a próximaserá dia 24/6), das 9h30 às 12h30, com a professora Débora. Ocurso é gratuito.

ARTES VISUAIS – Abrange duas áreas artísticas, o desenho e apintura, mas trabalhadas simultaneamente. Pinturas em papel,tecido e quadros, entre outras modalidades. A aula é semanal, àssegundas-feiras, das 9h às 11h, com a professora Ismênia. Tam-bém é de graça.

OFICINA DE IKEBANA – Uma arte milenar na elaboração dearranjos florais (natural), originária da Índia, mas que foi expan-dida através do Japão, também o país que melhor desenvolveuessa arte. Inscrições até o dia 15 de junho. Aula única, dia 17/6, ede graça. Apenas é necessário trazer R$ 10,00 para a compra dovaso e das flores. Professora: Petronila.

Todas as atividades anunciadas acontecem no Espaço Culturaldo SINTUFRJ.

APOSENTADOS: PRÓXIMA REUNIÃODia 14 de junho, às 10h, no Salão Nobre do CT. Pauta:

informes e eleição de delegados para o Congresso doSINTUFRJ.

8º Congresso do SINTUFRJ

O desembargador do Tribunal Regio-nal Federal da 2ª Região que acatou recur-so da Caixa Econômica Federal em rela-ção à ação do FGTS ainda não se pronun-ciou sobre o pedido de reconsideração feitopelo advogado Júlio Romero. Como sesabe, em abril a CEF conseguiu cassar li-minar da juíza da 9ª Vara Federal que de-terminava que fossem feitos os depósitosdo fundo. Paralelamente ao pedido de re-consideração, o advogado está fazendogestão junto à juíza da 9ª Vara para que

Acompanhado da coordenadora geral do Sindicato,Ana Maria Ribeiro, os trabalhadores NES foram recebidospelo Reitor. Aloísio Teixeira se comprometeu a encami-nhar as solicitações feitas pelo Ministério do Planeja-mento para resolver a situação desses trabalhadores denatureza especial, além de outras reivindicações do gru-po de funcionários. No dia 21, haverá outra reunião, dan-do continuidade aos entendimentos. Os NES formam umgrupo de 249 trabalhadores, que estão na Universidadehá mais de 15 anos e que desde 1995 recebem seus salá-rios através do Siape, têm registro naquele sistema masestão em situação indefinida quanto ao regime jurídico.

Sindicato mobilizatrabalhadores NES FGTS: juiz ainda não se pronunciou

Atenção, companheiros: a próxima excursão será ao Sítio Jo-nasake, no dia 18 de junho. Os interessados devem procurar asecretaria do SINTUFRJ para se inscrever, ou ligar para mais in-formações. Os telefones são: 2270-3348/2290-2484/2560-8615 –ramal 2.

Data: 18 de junhoSaída: às 7h30Atenção: quem chegar após o horário perderá o passeio. Origor com a hora é para que aproveitemos mais o passeio.PARTICIPE!

Os técnicos-administrativos, estudantes e professores de três unidades(CCMN, CT e Geociências) estão se mobilizando para a volta do ponto deônibus que ficava atrás do CCMN e que facilitava a vida de todos. A primeiraprovidência foi organizar um abaixo-assinado, que já conta com a adesão de295 pessoas. “Hoje o que acontece é que a falta do ponto faz com que o ônibusdê uma volta de trinta minutos pela UFRJ e ainda temos que caminhar até aPetrobras”, reclamou o funcionário do CCMN, Adair de Oliveira Charles.

O prefeito da Cidade Universitária, Hélio de Mattos, disse que o ponto queexistia atrás do CCMN era ilegal, mas afirmou que aguarda um estudo técnicoda SET-Rio e da Secretaria Municipal de Transportes Urbano para tomar umaprovidência que atenda à reivindicação da comunidade.

proceda a execução da sentença que man-da pagar o FGTS. Em relação ao processoda 29ª Vara Federal dos sindicalizados queainda receberam o fundo, o advogado sus-tenta que todos os esforços estão sendofeitos para que os créditos sejam libera-dos. Júlio Romero chama atenção aos quejá sacaram o fundo que façam o depósitocorrespondente ao pagamento de hono-rários advocatícios, para evitar embaraçosjudiciais. A conta é no Banco do Brasil,número 14480-2, agência 3652-8.

APOSENTADOS

Excursão ao sítio

Inscrições abertas para as oficinas

Ponto de ônibus no CCMN

O movimento cultural chamado “Letras pelas Letras”, fundado pelo centroacadêmico (CA), realizou na sexta-feira uma homenagem ao sambista CarlosLyra pelos seus 50 anos de carreira. Na apresentação, o homenageado, quetem um histórico de ligação no movimento estudantil, relembrou váriossucessos que marcaram sua carreira. O evento também contou com a presen-ça da Velha Guarda musical de Vila Isabel, que colocou os jovens do Curso deLetras para sambar com composições de grandes músicos do samba brasilei-ro. “A nossa proposta é fomentar um série de medidas para a retomadacultural, não só na academia, mas também no Rio de Janeiro”, afirmou DiegoRezende, diretor de cultura do DCE. A atração foi apoiada pela Faculdade deLetras, Gabinete do Reitor, DCE e Banco do Brasil.

Festa na Letras

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CARREIRA

O levantamentode quem faz jus àprogressão porcapacitação eincentivo àqualificação - parao cálculo dosrecursos necessáriosà segunda etapa doenquadramento -está quase no fim. AUFRJ mandou parao MEC 80% doscasos, segundo acoordenadoraadjunta daComissão, MariaTereza Ramos(Teca). Ela explicaque o percentualapurado até aquiseria suficiente paraembasar asestimativas daComissão Nacionalpara negociar aprevisão de recursospelo governo. Dentrodeste contingente,entre cinco e seis milpessoas podem terdireito à progressãoe incentivo.

Quanto aos erros encon-trados na primeira etapa, se-gundo ela, podem ser corri-gidos na próxima folha. A di-ferença virá no salário de ju-nho, possivelmente com osatrasados do enquadramen-to (que é retroativo a 1o demarço), pois os cálculos doNCE estão adiantados.

No entanto, quanto aosvalores referentes aos artigos184 e 192 (diferenças de ní-veis ou classes ganhos porquem se aposentou quandoos artigos estavam em vigor),que saíram no salário demaio com o mesmo valor dafolha de abril, podem não sercorrigidos agora. Não está

Enquadramento: 2ª etapagarantido que saiam na folhade junho, porque o MPOGainda aguarda orientação daárea de normas sobre comofazer o cálculo destas vanta-gens.

Teca lembra, ainda, quequem tem aposentadoriaproporcional não vai recebero valor que está na tabela doenquadramento. Deve-seaplicar àquele valor a pro-porcionalidade do tempo

com que o servidor se apo-sentou.

MESA DE NEGOCIAÇÃODIA 16 - No dia 2, a Fasubrateve reunião com o MEC. Acorreção da tabela com o ob-jetivo de eliminar o Venci-mento Básico Complementar(VBC) foi o ponto central dadiscussão. O MEC confirmoua disposição de cumprir pra-zos e buscar alternativas paraa parcela complementar. Osecretário Jairo Jorge infor-

mou que o custo da primeiraetapa superou as previsõesem R$ 200 milhões. Nesta ter-ça-feira será entregue à Fa-subra o espelho da folha demaio e haverá mesa de nego-ciação específica na quinta-feira, dia 16.

Segundo o coordenador-geral da Fasubra, Paulo Hen-rique, já há um calendáriodefinido com o MEC para fa-zer uma projeção do custo da

segunda etapa. “Está na lei, édireito nosso e vamos baterem cima”, disse o coordena-dor.

A reclassificação de car-gos, o VBC e as progressõespor capacitação e o incentivoà qualificação serão os no-vos desafios: “Já apontáva-mos a questão do VBC na ne-gociação passada. Tanto quenós colocamos no acordopara fechamento da greve deque essa seria primeira etapa

da carreira e que recursos dis-ponibilizados para campa-nha salarial desse ano se-riam para correção da malhasalarial”. O diretor esperaavanços na reunião com MECno dia 16.

A demanda da categoriajá foi apresentada na mesacentral com o governo e vaipara mesa específica. “Mas adisputa vai ser grande, por-que o governo não mudou a

política econômica. Isso sig-nifica que os rumos vão seros mesmos. Por mais que ogoverno acene que tem in-tenção, a gente sabe que sóse torna realidade com pres-são e até greve. Nossa cate-goria vai até o último mo-mento tentando a negocia-ção. Mas quando olho o or-çamento para este ano e parao ano que vem, acho que nãotem outro caminho”, disse.

MUITA LUTA - Segundo

Vânia Gonçalves, represen-tante da Fasubra na Comis-são Nacional de Enquadra-mento, o principal desafio éfechar o orçamento necessá-rio para a segunda fase: “Épreciso rodar a primeira fo-lha, terminar o levantamentode certificados, fazer o cálcu-lo e depois o convencimentopara conseguir o dinheiro.”

Dia 2 de julho haveráuma plenária para definir aproposta que a Fasubra iráadotar na mesa do Planeja-mento. O prazo para previ-são no orçamento é até ofim de agosto.

“O que está garantido nalei é a segunda fase do en-quadramento, a progressãopor capacitação e percentualde qualificação. Há prazosmas não datas específicas. Oregulamento ainda está sen-do feito e a gente não sabequal a data da regulamenta-ção. O que está fechado mes-mo é a mudança do estepeem janeiro, de 3,6%”, obser-va Vânia.

REUNIÃOREUNIÃOREUNIÃOREUNIÃOREUNIÃONA UFRJ ÉNA UFRJ ÉNA UFRJ ÉNA UFRJ ÉNA UFRJ É

NESTNESTNESTNESTNESTAAAAAQQQQQUUUUUARARARARARTTTTTAAAAA

A reunião sobre racio-nalização de cargos serádia 8, quarta-feira, às 14h,no anfiteatro do NCE, coma participação da direçãodo SINDICATO e da Co-missão de Enquadramen-to. A racionalização de car-gos é necessária não sópara unificar, mas tambémpara desmembrar, extin-guir, criar e reclassificarcargos diante da realidadedas instituições. A classifi-cação é a distribuição decargos por níveis median-te critérios de escolarida-de, experiência, formaçãoespecializada, responsabi-lidade, risco e esforço. Asentidades de base deverãocontribuir com informa-ções para que o trabalhodo GT seja representativo.

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Amâncio Paulino de Car-valho vai deixar o HospitalUniversitário ClementinoFraga Filho. Na sexta-feiraAmâncio confirmou que vaientregar o cargo de diretor doHU e que se licenciará daUFRJ, prometendo falar so-bre os motivos dessa decisãoinesperada, nesta segunda-feira. Os comentários na uni-versidade são de que ele irádirigir um complexo hospi-talar privado no estado doParaná. Mas falou-se tambémque ele iria assumir a direçãode um hospital federal no Riode Janeiro.

Durante a semana o dire-tor do HU procurou a Pró-Reitoria de Pessoal para for-malizar o seu afastamento daUFRJ. Segundo o pró-reitorLuiz Afonso Mariz, Amânciosolicitou licença sem venci-mentos de três anos que oRegime Jurídico Único (arti-go 91) concede ao funcioná-rio público – “para tratar deassuntos particulares” – e quedepois ele pedirá demissãodo cargo que ocupa no hos-pital. Amâncio se reuniu comos chefes de serviço e profes-sores na tarde de sexta-feira

Amâncio deixa o HU e a UFRJAdministração de diretor durante oito anos foi marcada por um viés privatista

para anunciar sua decisão.Substituto – Mariz expli-

cou que cabe ao reitor, atra-vés de portaria, nomear umpro tempore para o HU. Mascomo faltam menos de setemeses para a eleição do subs-tituto de Amâncio, ele achaque o substituto eventual,Silvio Martins, poderá assu-mir provisoriamente a dire-ção do hospital. A vice-reito-ra, Sylvia Vargas, chama aatenção para o fato de o subs-tituto não ter sido eleito, mas,fora isso, não vê nenhum ra-zão que impeça Martins desubstituir o diretor que sai.

Em dezembro, AmâncioPaulino completaria 8 anos àfrente do HU. Ele deixa o hos-pital universitário num qua-dro de devastação adminis-trativa e financeira e com aemergência fechada. Os pro-blemas se acumulam nas re-lações com os funcionários eno atendimento aos milha-res de usuários que buscamacesso aos serviços do hos-pital. Sua administração cons-truiu um quadro na contra-mão dos interesses da uni-versidade pública e da socie-dade como todo.

O Clementino Fraga Filho é o maior hospital universitário do país, com3.513 funcionários, e ocupa uma área de 110 mil metros quadrados, na Ilhado Fundão. O HU é referência em tratamento e cirurgias de várias doenças,e em pesquisa científica de ponta, como em células-tronco. Há vários anos,no entanto, em conseqüência de falta de verba e por decisão do diretorAmâncio Paulino, a Emergência foi fechada. E a cada dia aumentam as

Administração de viés privadodificuldades para o atendimento na maioria das especialidades médicas. Aespera por uma consulta tem sido longa, dependendo da área procurada.Mas o Setor de Convênios vai muito bem. Uma das iniciativas de Amâncio foiselar parcerias com a iniciativa privada; assim, alguns andares do hospitalforam reservados e reformados para receber com conforto e qualidade ospacientes de planos de saúde.

SEIS POR MEIA DÚZIA. Amâncio será substituído por Silvio, afinado com as idéias do chefe

HOSPITAL UNIVERSITÁRIO

Categorias em greveMOVIMENTO

A Confederação dos Tra-balhadores no Serviço Públi-co Federal (Condsef) afirmouque a greve iniciada na quin-ta-feira, dia 2, já alcançou50% de adesão entre os tra-balhadores que integram abase da confederação e daFenasps. São trabalhadores

da Previdência, do Ministériodo Trabalho, do Ministério daSaúde, de órgãos como Funaie Ibama, entre outros. A greve,decidida na plenária dos ser-vidores públicos federais noúltimo dia 22, faz parte da cam-panha salarial deste ano, quetem como eixo o reajuste emer-

gencial de 18% e a definiçãode uma política salarial.

Duas entidades (a Cond-sef e Fenasps), entre as 11 quecompõem a CoordenaçãoNacional das Entidades deServidores Federais (Cnesf),iniciaram o movimento. Par-te dos delegados represen-

tantes de entidades que par-ticiparam da plenária avaliouque ainda não há nível de or-ganização para deflagrar aparalisação e que é precisoreforçar o trabalho de basepara a construção de uma gre-ve unificada. Dentro da pers-pectiva da mobilização, ficou

acertado o apoio aos funcio-nários que já entraram emgreve, desenvolvendo açõesque vinculem as questões es-pecíficas com a luta geral. AFasubra decidiu apoiar a pa-ralisação conduzida pelaCondsef e Fenasps e mantera luta unificada dos SPFs.

De acordo com a Condsef, cerca de 50% dos trabalhadores da sua base aderiram

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A segunda versão do an-teprojeto da reforma univer-sitária proposta pelo gover-no foi apresentada dia 30, emBrasília, pelo ministro daEducação Tarso Genro - comtransmissão ao vivo paratodo o país. Este documentoé resultado de quatro mesesde debates e tomou como re-ferência o anteprojeto ante-rior, que provocou reaçõesdiversas em setores vincula-dos ao ensino superior. Ins-tituições do movimento,como Fasubra e Andes, têmtido postura ativa na discus-são. A Fasubra , inclusive, ela-borou um projeto de lei combase no seu projeto de Uni-versidade Cidadã para osTrabalhadores.

A nova versão elaboradapelo Ministério da Educaçãoé mais enxuta – o texto ante-rior continha 100 artigos –,contém 77 artigos, alguns de-les resultantes de contribui-ções encaminhadas por 121organizações. Uma terceiraversão será preparada combase em novas contribuições,e apesar de o MEC pretenderenviar uma proposta final atéagosto – a reforma é prioritá-ria para o governo –, ela teráque ter aval da equipe eco-nômica e ainda passar pelaCasa Civil.

A Fasubra participa dadiscussão e, de acordo comdecisão do congresso, irá dis-putar no Congresso Nacionalo seu Projeto UniversidadeCidadã para os Trabalhado-

ReformaUniversitária

Governo apresenta novaversão de anteprojeto

res, ainda a ser apresentada àComissão de Educação doCongresso e à Frente Parla-mentar em Defesa da EscolaPública. Uma das principaisreivindicações da Federação,a participação paritária nosórgãos colegiados, não foicontemplada na segunda ver-são do projeto que mantevea maioria docente.

Dentre as mudanças apre-sentadas na segunda versãoestá a da política de cotas paranegros e índios. Agora há um

prazo de 10 anos para que asinstituições federais atinjam aproporção de pelo menos50% de alunos oriundos darede pública do ensino mé-dio e cada universidade ficalivre para estabelecer o seu sis-tema de cotas. Uma outra mu-dança, e que teve severa críti-ca por parte do Andes, foi aretirada do capítulo referenteao controle sobre as institui-ções particulares. A pressão dosetor privado foi grande e ogoverno acabou cedendo.

“A nova versão não significarecuo, mas avanço, pois

incorporamos várias sugestõesda sociedade”

ministro Tarso Genro

Atendendo a uma reivin-dicação da União Nacionaldos Estudantes, entre outrasque foram incorporadas,como a ampliação da assis-tência estudantil, a nova ver-são determina que as univer-sidades federais ampliem aoferta de cursos noturnos. AAndifes, que representa os rei-tores, também teve propostasatendidas, como a manuten-ção das fundações de apoio. Aversão anterior praticamenteacabava com a figura das fun-

dações ligadas às instituiçõesfederais.

Nas páginas seguintesapresentamos as opiniões detrês representantes do setorda Educação sobre a segun-da versão do projeto de re-forma universitária: Ana Ma-ria Ribeiro, coordenadora-geral do SINTUFRJ e do GT-Educação da Fasubra; Mari-na Barbosa, presidente doAndes e do GT de PolíticaEducacional do Andes; e Aloí-sio Teixeira, reitor da UFRJ.

NA MESA. Professor Ronaldo Motta, Fernando Haddad (secretário executivo), Tarso Genro e Nelson Maculan, da Sesu

Fotos: ABr

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Reforma no

ANA MARIA."Não bastam recursos. Eles de nada adiantarão se o elitismo, a arrogância continuarem"

Ana Maria Ribeiro*

A última década foi marca-da pela expansão do ensinoprivado, sem regulação e con-trole do Estado, e pelo sucate-amento das instituições públi-cas, levando-as a privatização,com fundações de apoio e ven-da de cursos e serviços.

As mudanças na política doMinistério da Educação com acriação de novas universidadespúblicas; suspensão de autori-zação de novos cursos; o fimdo Provão e a aprovação doSistema Nacional de Avaliaçãoque resgatou instrumentos im-portantes do processo de ava-liação qualitativa e quantitati-va, em que instituição, curso eestudante são avaliados; o in-vestimento em aumentar os re-cursos para as instituições pú-blicas mostram claramenteuma mudança de rumos.

Com certeza, ainda está mui-to longe da Educação que dese-jamos para o Brasil e que hátantos anos lutamos. Temos cla-reza que sem um aporte signifi-cativo de recursos não se con-seguirá mudar o quadro de ex-clusão e desigualdades presen-te em nossas universidades, porisso é vital a mudança na políti-ca econômica do governo. Masnão bastam somente os recur-sos, para mudar a universida-de. Eles de nada adiantarão se oelitismo, a arrogância e a pre-sunção continuarem a ser a tô-nica no ensino superior.

Esta segunda versão apre-sentada tem um texto mais en-xuto, está na linguagem dasleis. Perdeu o idealismo queconsubstanciava, na primeiraversão, a responsabilidade so-cial das instituições de ensinosuperior (IES) públicas e pri-vadas. A sua forma de organi-

zação deixava claro o processode regulamentação do setorprivado. Apesar de vários arti-gos se manterem dispersos ediluídos, fica evidente uma cer-ta vitória dos empresários doensino, que criaram o Fórumda Livre Iniciativa.

O que saiu: a eleição de pelomenos um pró-reitor; o livreacesso dos dirigentes sindicaise estudantis nas IES; a garantiado contraditório e a ampla de-fesa; a obrigatoriedade de terno Estatuto órgão máximo dedeliberação; e vários outrospontos positivos.

Persistem os problemas da1a versão: a maioria docente nosórgãos colegiados; a legalização,com prerrogativas de universi-dade, para os Centros Universi-

tários; os cursos de curta dura-ção profissionais tecnológicos.

Novos problemas: retiradada obrigatoriedade da freqüên-cia dos professores; não espe-cificação da composição da so-ciedade civil no conselho dedesenvolvimento social, e estese reportar apenas ao reitor;mandato de cinco anos para oreitor; concepções que diver-gimos no dia-a-dia.

Alguns avanços: o antepro-jeto continua na mesma pers-pectiva apresentada na primei-ra versão, em relação ao forta-lecimento das instituições pú-blicas de ensino, inclusive in-corporando as instituições es-taduais e municipais na legisla-ção. A reafirmação de que a edu-cação superior é bem público –

e não mercadoria – que cumprefunção social, é extremamenteimportante, sendo a base paradefinição das finalidades e ob-jetivos das IES, elemento fun-damental no processo de avali-ação. Apenas cursos de gradua-ção e pós-graduação emitemdiplomas, sendo que todos osdemais emitem certificados,deixando de existir após latosensu (especializações, atualiza-ções e residências), que passama ser formação continuada – es-tes sim com características dequalificação/capacitação profis-sional. Evidenciando, assim,uma clara diferenciação da for-mação acadêmica e da profis-sional, inclusive destacando-ana pós-graduação, inviabilizan-do a comercialização, já incor-

porada em várias Ifes, dos mes-trados profissionais.

Vários artigos da atual LDBsão trazidos com alterações,como o art. 49 (art. 54 da LDB),introduzindo a observância aosplanos de carreira nacional eretirando a possibilidade deplano de cargos e salários porIfes como pretendia o texto daLei nº 9.394/96. Com isso cadauniversidade propõe seu qua-dro de pessoal em função dassuas demandas.

A Educação a Distancia (EAD)na educação superior, já intro-duzida pela LDB em 1996, é in-cluída com o que já faz parte dasnormas vigentes. Infelizmente,setores resolveram demonizar aEAD como coisa do neolibera-lismo, da mercantilização daeducação. Cuba está longe de serisso, e é um dos países que mais

Foto: Niko Júnior

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A presidente do Andes, Marina Barbosa, que também integrao Grupo de Trabalho de Política Educacional (GTPE) do Sindica-to Nacional dos Docentes, fez uma análise preliminar para oJornal do SINTUFRJ. Além das questões técnicas, Marina levantaquestionamentos quanto à política adotada pelo governo noprocesso de discussão com as entidades, principalmente com oAndes. Ela afirma que os 72 artigos, em seu conjunto, não avan-çam nos termos necessários para melhorar a proposta a partirdas críticas já feitas e exclui as posições divergentes.

“O governo já começa a discussão com a exclusão daquelasentidades que não comungam com ele ao explicitar, já na apre-sentação da segunda versão, que a terceira será submetida àsentidades (escolhidas pelo governo) que participaram da au-diência público com o presidente, sendo estas responsáveispela sugestão da redação final. Como o Andes apresentou outralógica e outras alternativas para a reforma, estamos sendo ex-cluídos”, declara. O Andes já publicou uma nota que avalianegativamente a segunda versão do projeto.

Marina destaca como primeiro aspecto de suas observaçõesa apresentação pelo governo de alterações em questões queainda estão em análise e discussão, as quais todas as entidadeslevantaram questionamentos, como o novo padrão de financi-amento e verbas para as universidades públicas. “O governonão apresentou nenhuma alteração sobre o financiamento dasuniversidades públicas, uma questão que é fundamental. In-clusive apresentou a segunda versão no mesmo dia que o Ban-co Central anunciou o recorde no superávit primário. Várias

2ª versão não avançaentidades apresentaram propostas para aumentar o financia-mento, mas o governo manteve o limite constitucional de 18%da receita de impostos.”

Segundo a presidente do Andes, as análises anteriores doSindicato se confirmaram. “Após a pressão, o setor privado levoutodas.” As suas mantenedoras estão inteiramente livres de regu-lamentação. “Cito a frase de Fernando Haddad, secretário execu-tivo do MEC, 'o setor privado reclamou com razão', e, assim, todaa seção I do capítulo 3 (Das mantedoras) da versão de dezembrosimplesmente desapareceu.” Na nova versão do texto foram ex-cluídas a criação dos conselhos administrativos e a necessidadede eleição direta de dirigentes das universidades e dos centrosuniversitários particulares. Esses conselhos, que seriam respon-sáveis pela parte administrativa e acadêmica, teriam no máximo20% de representantes das mantenedoras.

Sobre a democratização de gestão, Marina afirma que houveretrocesso na prática do voto paritário estabelecida na maiorparte das Ifes. “Continua a preponderância do voto dos docen-tes (70%). Inclusive sobre esta questão nenhuma das reivindi-cações da Fasubra foi atendida”, observa.

FinanciamentoAs reivindicações do Andes-SN e da Andifes, no que se refere

ao financiamento, foram completamente desconsideradas. OAndes avalia que o financiamento das instituições federais en-colheu em relação à versão anterior de dezembro de 2004, queimplicitamente reconhecia que a subvinculação (75% dos 18%constitucionais) iria reduzir as verbas atualmente disponíveise, por isso, continha a salvaguarda de que o orçamento nomi-nal (não corrigido) não poderia ser inferior ao do ano imediata-mente anterior. Na versão atual, afirma o Sindicato docente,não apenas a salvaguarda desaparece como as instituições fe-derais terão de “retirar 5% das parcas verbas de outros custei-os” para assistência estudantil. Para a organização dos docen-tes um fato que preocupa, “porque envolve uma questão deética”, é a questão de o governo submeter o financiamento daeducação superior pública federal às “vicissitudes” das Loteri-as Federais existentes. O Andes afirma que as instituições pú-blicas federais sem um novo padrão de financiamento terão defazer o “milagre da multiplicação das vagas”. Para o Sindicato aausência de um novo padrão de financiamento para as institui-ções de ensino superior públicas é determinada pela políticaeconômica, “que limita gastos sociais e revela a desconsidera-ção do MEC a propostas vindas de diferentes entidades emrelação à sustentação das Ifes.”

AcessoAs políticas de quotas étnicas foram relativizadas, propician-

do maior autonomia das instituições para que as ações afirma-tivas sejam implementadas, como quer o Andes.

AutonomiaPara o Andes, o governo segue com a tática de fatiamento da

“reforma”, ao patrocinar, através do MEC, o Projeto de Lei nº3.627/04, que tramita no Parlamento em regime de urgência. Esteprojeto, segundo o Andes, colide com o “suposto” respeito àautonomia universitária. Assim, o Sindicato dos docentes avaliaque a consideração ao preceito da autonomia é apenas aparente.MARINA. “O governo exclui as entidades que discordam dele”

pouco, mas já é uma enor-me vitória esta conquista.

A retirada dos vetos de FHCao PNE é muito positiva – osque têm a meta de 40% das va-gas da educação superior se-rem públicas e as ações afir-mativas alcançadas até 2015,deixando a autonomia de cadainstituição definir seus méto-dos para alcançar estas metas.Apesar de ainda tímida, é im-portante a recuperação de in-dicação das Procuradorias se-rem dos reitores e não da AGU.

Enfim, há várias questões aserem debatidas e os técnico-administrativos têm seu Proje-to - Lei Universidade Cidadãpara os Trabalhadores, já apro-vado nas instâncias da Fasu-bra, como instrumento de aná-lise, comparação e fundamen-talmente de disputa na socie-dade e no Parlamento. Ter sen-so crítico ao analisar as versõesdo anteprojeto, entendendo-ocomo fruto de um intenso de-bate social, em que as diver-gências reais se apresentam.Assim como muitos temas quenos diferenciam, como a ques-tão das cotas, onde a UNE e aFasubra são a favor, e o Andese Andifes são contra as cotas.Mas essas divergências não de-vem impedir a necessidade defazer a Reforma Universitária edestruir a lógica privatista cons-truída no passado. Neste mo-mento histórico não dá para fi-car no muro: ou estamos aolado da escola pública ou seestá fortalecendo a mercantili-zação da educação. Devemoslutar por uma Reforma Univer-sitária que garanta uma univer-sidade voltada para os interes-ses dos trabalhadores.

* Ana Maria Ribeiro*

Técnica em AssuntosEducacionais/UFRJ;

Coordenadora-Geral doSINTUFRJ e componente do

GT-Educação da Fasubra.

Foto: Andes/Divulgação

fogo cruzadoUniversitária

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ReformaUniversitária

O reitor da UFRJ, Aloísio Teixeira,afirmou que a nova versão do ante-projeto do governo para a reforma émelhor do que a primeira. “O projetoé mais compacto e conciso em relaçãoao anterior”. Aloísio acha, no entanto,que ainda é preciso avançar em algu-mas questões. Ele fez ressalva, no en-tanto, à retirada de alguns itens nocapítulo do financiamento das univer-sidades públicas. Entre os pontos po-sitivos, o reitor destaca a liberdade deas universidades poderem estabele-cer projetos próprios de acesso. Aloí-sio disse que a luta pela melhor refor-ma possível não acaba com a formu-lação final a ser elaborada pelo MEC.

“A luta política não se encerranesses dois meses. Continuará naCasa Civil. Terá briga para sair de láe a equipe econômica pode tambémcriar dificuldades, inviabilizando oprojeto. Ele pode também ser modi-ficado e aí será outra luta. Minha pre-ocupação é com o processo, que pas-se rápido pela Casa Civil para ser vo-tado ainda este ano. Se não for vota-do este ano, fica para ano que vem, enão será votado porque é ano eleito-ral. Que consigamos discutir e conci-liar nossas diferenças para que essareforma seja a melhor possível. Nãose trata de acreditar nisso, trata-se detrabalhar para isso. Não é uma ques-tão de fé, é uma questão de determi-nação política. Por isso, luto para quea reforma seja a melhor possível”,disse Aloísio Teixeira.

FinanciamentoSobre a questão do financiamen-

to, assunto que interessa muito asuniversidades públicas federais e aUFRJ em particular, Aloísio observaque ainda é preciso maior clareza so-bre a base de cálculo dos recursosdestinados as Ifes, não só para ma-nutenção e desenvolvimento como

“O projeto melhorou,mas nem tanto”

Reitor aponta avanços, mas manifesta preocupação com os itens relacionados ao financiamento

também para a expansão do sistemafederal de ensino. A segunda versãoreafirma que a União aplicará, anual-mente, nas instituições federais, nun-ca menos de 75% da receita constitu-cionalmente vinculada à manutençãoe desenvolvimento do ensino, masnão detalha a forma.

Além disso, o reitor se preocupacom a retirada de mecanismos quepossibilitavam acréscimo de recursospara cobertura de aumentos decorren-tes de despesas de pessoal e de cus-teio. O que, inclusive, na sua opinião,pode criar problemas entre os reito-res e os movimentos de técnico-ad-ministrativos e docentes.“Havia umaespécie de proteção contra a inflaçãoe sem isso fica difícil gerir um orça-mento já definido. Uma segunda difi-culdade, que é muito importante des-tacar, é que havia a possibilidade deacréscimo de recursos em relação a

aumentos salariais ou a aplicação deplanos de carreira. Isso também foiretirado. Joga-se então para os reito-res a administração do problema, oque pode gerar conflitos entre nós eos movimentos. Temos que recuperarisso, não ficou estabelecido nessa ver-são a possibilidade de recursos.”

AcessoA primeira versão estabelecia que

50% da vagas seriam destinadas a alu-nos do ensino médio de escolas pú-blicas, e destes 50% haveria um per-centual para negros, pardos e índios.As cotas entrariam em vigor com aaprovação da reforma. Na segundaversão fixa-se o prazo de dez anospara o preenchimento das vagas enão se faz menção à subcota para ne-gros, pardos e índios. O novo textoregistra que a reserva de vagas res-peitará a proporção regional de seg-

mentos sociais e étnico-raciais histo-ricamente prejudicados. Esse é umdos itens da nova versão que Aloísioafirma que houve melhora. Ele expli-ca que ao se estipular um percentualobrigatório padroniza-se um sistemaque é diferenciado pelas realidadesregionais. Por isso, ao abandonar aregra estabelecida anteriormente edando-se um prazo para que as uni-versidades criem seus sistemas, o rei-tor avalia que acabou sendo criado“um incentivo às experiências inova-doras em termos de acesso”. E cita oprojeto que vem sendo desenvolvi-do pela UFRJ para garantir o acesso aestudantes carentes e da rede públi-ca. O reitor tem opinião própria so-bre a democratização do ensino e apolítica de cotas - da qual não é favo-rável - e demonstra satisfação com asmudanças na segunda versão..

AutonomiaO reitor considera que houve avan-

ços, mas não significativos. E cita comoum exemplo o tratamento dado à re-presentação legal da universidade.Para ele, ainda se faz necessária a re-cuperação da autonomia no plano ju-rídico: “A Procuradoria da universida-de está amarrada. Hoje a universida-de não tem procurador de fato. Ele éligado à Advocacia-Geral da União(AGU) e à Procuradoria Federal. A se-gunda versão avança no aspecto de auniversidade ter autonomia de desig-nar seu procurador. Hoje não é assim,pois quem nomeia é a AGU. Só quenão resolve a questão da representa-ção jurídica e extrajudicial. Há um gru-po pequeno de procuradores paraatender todas as Ifes, é óbvio que nãodão conta da demanda. Muitos pro-cessos da UFRJ se arrastam por contadisso, por isso a autonomia de repre-sentação jurídica e extrajudicial é mui-to importante para nós.”

ALOÍSIO TEIXEIRA. “A luta pela reforma não acaba com o texto do MEC”

Fotos: Niko Júnior

“A luta política não se encerranesses dois meses. Continuará

na Casa Civil. Terá briga parasair de lá e a equipe econômicapode também criar dificuldades”

Aloísio Teixeira

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O Supremo Tribunal Fede-ral (STF) e o Superior Tribunalde Justiça (STJ) já sedimenta-ram entendimento e firmaramjurisprudência sobre esta ma-téria, garantindo a contagemde tempo diferenciada, nos ter-mos regime geral de previdên-cia, aos servidores públicosque trabalharam sob regimeceletista, até a transformaçãodo regime estatutário. A Advo-cacia-Geral da União (AGU),acatando este entendimento,determinou que não mais serecorra das decisões sobre oassunto. No que se refere aoperíodo trabalhado em iguaiscondições, mas já no regimeestatutário, a matéria ainda écontrovertida e depende deestudo mais apurado, uma vezque o entendimento predomi-nante é no sentido da ausên-cia de Lei Complementar es-pecífica regulamentando a

Aposentadoriaespecial na pauta

SINDICATO vai fazer levantamento paraidentificar servidores que trabalharamem condições insalubres

contagem de tempo especial.Num documento elabo-

rado sobre o assunto, o De-partamento esclarece que“Considerando que as alte-rações nas regras de aposen-tadoria introduzidas pelasEmendas Constitucionais20/98 (governo FHC) e 41/03 (reforma da Previdência,governo Lula) e que signi-ficativo contingente de ser-vidores da UFRJ trabalhavasob estas condições (insa-lubridade, periculosidade)no período anterior ao RJU,é recomendável que sejaefetuado um levantamentosobre as condições dos ser-vidores em relação aotema”. O levantamento temcomo objetivo buscar a ga-rantia de contagem diferen-ciada sob o regime celetis-ta, e fazer valer o direito àaposentadoria sob condi-

Documentos necessários- Carteira de trabalho (cópia dos contratos e das anotações gerais)- Certidão de tempo do INSS (cópia), se houver- Cópias dos contracheques com o recebimento de insalubridade/periculosidade até dezembro de 1990 (ou declaração da UFRJ)- Último contracheque- Cópia da identidade e do CPF- Cópia de processo administrativo pleiteando contagem de tempo especial, se houver

O Departamento Jurídico do SINTUFRJinicia a partir desta terça-feira, dia 7, olevantamento da situação dos servidoresda UFRJ que trabalharam em atividadese condições insalubres ou perigosas atédezembro de 1990 e receberam orespectivo adicional. De acordo com osadvogados do Departamento, embora aaposentadoria especial para os servidoresque trabalham em atividades emambiente de condições insalubres eperigosas esteja pendente deregulamentação, “ já é possíveladotarmos alguns encaminhamentos emrelação à contagem do tempo decontribuição durante o regime celetista”,anterior ao Regime Jurídico Único (RJU)– Lei nº 8.112/90.

ADVOGADA MARA VAZQUEZ. O STF j[a se pronunciou

ções anteriores à reforma daPrevidência.

O levantamento que seráfeito a partir desta semanatem o fim de identificar osservidores que se enquadramna situação descrita. O “kit”organizado para o levanta-mento de dados inclui um tre-cho explicativo e uma fichapara ser preenchida. Eles es-tarão à disposição no SINDI-CATO a partir desta terça-fei-ra. Após este levantamento,constatada a sua viabilidade,o próximo passo será o ajui-zamento das ações judiciaispertinentes.

Os atuais servidores quetrabalharam nessas mesmascondições antes de teremsido contratados pela UFRJtambém são detentores domesmo direito e deverão pre-encher o “kit” e a ficha comos dados solicitados.

O DEPARTAMENTO JURÍDICO DO SINTUFRJ está promovendo o levantamento dasituação dos servidores da UFRJ que trabalharam em atividades e condições insalubres ouperigosas até dezembro de 1990 e receberam o respectivo adicional.

O Judiciário está garantindo para os servidores que trabalharam nestas condiçõesdurante o período celetista a contagem diferenciada do tempo, o que pode significarredução do tempo que falta para sua aposentadoria.

Se você trabalhava na UFRJ antes do RJU (dezembro de 1990) nestas condições e aindaestá trabalhando, tem direito a garantir esta contagem diferenciada.

Para que possamos identificar cada situação, você deverá preencher o formulário emanexo e apresentar os documentos solicitados, com a finalidade de análise de sua situaçãofuncional e encaminhamento de procedimentos administrativos e judiciais pertinentes.

É importante o preenchimento completo do formulário e a apresentação dos documen-tos solicitados.

O SINTUFRJ disponibilizar profissionais exclusivamente para o atendimento diário erecebimento dos “kits”, a partir de 7 de junho até 30 de julho de 2005 na sua sede.

Veja o KIT CONTAGEM DE TEMPO CELETISTA EMATIVIDADES/CONDIÇÕES INSALUBRES E PERIGOSAS

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5BEM-ESTAR

A aquisição de uma sede campes-tre para a categoria pode estar próxi-ma. Por ser um anseio antigo dos fun-cionários, no ano passado formou-seuma comissão para viabilizar o proje-to. Na terça-feira, 31 de maio, uma co-missão ampliada com mais de 30 sin-dicalizados e 4 diretores foram visitardois sítios que já tinham sido previa-mente estudados. Um dos sítios (o doFeijão) visitado fica em Guapimirim,tem 27.520 metros quadrados, pomarabundante, seis churrasqueiras, umapiscina e benfeitorias.

O outro sítio (Jacob) examinadopela comissão está localizado emCampo Grande: conta com mais de40.000 metros quadrados, mata exu-

Sede campestreberante, piscina, quadra de tênis, vô-lei e futebol de salão e dois camposde futebol. Há ainda um poço alimen-tado por uma nascente de água mi-neral, salão de jogos, churrasqueiras,espaço para refeição e uma grandeárea verde com árvores frutíferas.

Critérios Os integrantes da comissão am-

pliada de visita aos sítios considera-ram algumas vantagens do sítio deCampo Grande. pelo tamanho e pelafacilidade de acesso: fica próximo àrodoviária de Campo Grande e do cen-tro da cidade, podendo-se chegar lá deônibus e até mesmo de trem.

A comissão de visita do SINTUFRJ

A Creche Universitária daUFRJ, que está com suas ativida-des suspensas desde o dia 24 demaio por causa de vazamento narede de esgoto do Instituto dePediatria e Puericultura MartagãoGesteira (IPPMG), deve reabrirnesta segunda-feira, segundo in-formou a diretora da instituição,Veloni Vicentine, aos pais e fun-cionários em reunião na últimaquinta-feira. A creche foi fechadaporque os problemas com o sis-tema de esgoto impossibilitava autilização da água das torneirasda cozinha. Segundo a diretora, aequipe de manutenção e obrasdo IPPMG garantiu que já há con-dições para o retorno ao funcio-namento normal do estabeleci-mento.

Os pais das crianças manifes-taram preocupação com os pro-blemas surgidos com a paralisa-ção da creche, pois muitos nãopuderam ir trabalhar porque nãotinham com quem deixar seus fi-lhos. Por isso reivindicam que aPró-Reitoria de Pessoal abone asfaltas. “Se tivemos que faltar porcausa do problema da creche, queé de competência e responsabili-dade dos recursos humanos, queé o empregador, não podemosser descontados”, afirmou a mãeRojane Fiedler, representante daturma 1 da creche. Num comuni-dado à comunidade universitá-ria, em que relata os problemasque levaram ao fechamento dacreche, o pró-reitor de pessoal,Luiz Afonso Mariz, e o superin-tendente de Pessoal, RobertoGambine, solicitam “aos direto-res e diretoras das unidades daUFRJ que entendam as eventuaisausências dessas mães e pais noperíodo de suspensão das ativi-dades escolares”.

IPPMG

Crechereinicia

atividades

SINTUFRJ estuda a possibilidade de aquisição de um espaço de lazer

pretende estudar as condições e suge-rir a aquisição do Sítio do Jacob à dire-toria do SINTUFRJ. Só depois destaetapa, que implica em discussão en-tre os integrantes da direção do Sin-dicato, é que o assunto será encami-nhado à assembléia geral.

Visita ao Sítio do Jacob on-linePara melhor visualização do Sítio

do Jacob, é só acessar o sitewww.sitiojacob.com e conferir os de-talhes. É importante ressaltar que oobjetivo da diretoria do SINTUFRJ éconstruir instalações mais confortá-veis para a categoria, como alojamen-tos, vestiários, auditório, entre outrasbenfeitorias.

VISITA. A comissão visitou sítios em Guapimirim e Campo Grandes. Objetivo: aquisição de sede campestre Creche da UFRJ foi interdidata

Fotos: Niko Júnior

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HOSPITAL

Dívida com fornecedores,recursos escassos e um pré-dio tombado em aceleradoprocesso de degradação. Umaencrenca de bom tamanhoenvolve o Hospital Escola SãoFrancisco de Assis (Hesfa). Adiretora pro tempore nomea-da pelo reitor Aloísio Teixei-ra, Cristina Loyola, é a apostada Reitoria para pacificar ainstituição (que viveu turbu-lência em decorrência de umaeleição malresolvida), elevaro moral do corpo social e bus-car as condições para capta-ção dos recursos necessários.Na opinião de Cristina, o fatode ter sido indicada (e nãoeleita) na condição de protempore não a enfraquece. “Asimples eleição não fortalecepor si só, assim como a no-meação não enfraquece. O quefortalece é o trabalho”, diz ela.“Espero que nesse tempo, ouem menos de quatro anos,haja um nome que seja con-sensual. Não sei se em seismeses, um ano ou quatroanos”, observa.

Cristina Loyola diz quetem uma dívida com a univer-sidade pública, onde está háquase 30 anos. E uma dívidaem particular com o Hesfa,onde diz ter aprendido a ser oque é e sua ética profissional.Para ela, é um privilégio estarà frente do hospital, e contaque está colocando um pa-rêntesis na sua vida profissio-nal de 26 anos com um objeti-vo: “No que depender de mima unidade não vai fechar. Maso impasse não é só do Hesfa:é da UFRJ. O que queremospara o Hesfa? Todos têm queestar implicados: Reitoria, pró-reitorias, decanias e escola.Não existe milagre.”

Certificação comohospital universitário

Ela vai manter o funcio-namento das atividades queo hospital desenvolve e pen-sar o futuro. Uma das metasé reabrir a unidade de inter-nação. A outra, estratégica, é

“Não existe milagre”Uma das metas da diretora pro tempore do Hesfa é conseguir a certificação de hospital universitário

o credenciamento do Hesfacomo hospital-escola de fato.Há uma série de medidas quesão exigidas para a certifica-ção de uma unidade comohospital universitário. Masno caso do Hesfa falta o aten-dimento de apenas duas: in-ternato e residência médica.Para a implantação de 40 lei-tos é preciso adaptação deum espaço que já existe, re-cursos humanos e material.

Cristina compara a unida-de a uma “centopéia, que temque ser colocada para an-dar”. E cita deficiências. Ofuncionamento do ambula-

O credenciamento dos leitos para paci-entes de longa permanência ou de cuida-dos continuados casa com a característicado hospital. O Hesfa é uma unidade tradici-onal no atendimento a excluídos, mendi-gos, bêbados. “São pacientes que não sãofashion”, afirma a diretora: portadores deHIV, idosos, dependentes de álcool e por-tadores de deficiência física. Este ambien-te, segundo Cristina, é adequado para um

Assistência Integralao Portador do HIV/AIDS– Desenvolvido desde1997, inclusive com Assis-tência Domiciliar Tera-pêutica.

Centro de Estudos dePrevenção e Reabilitaçãodo Alcoolismo – Atendi-mento a pacientes comdependência química.

Unidade de Reabilita-ção – Atendimento ambu-latorial a portadores dedeficiências física, neuro-lógicas e respiratórias.

Unidade de CuidadosBásicos – Oferece consul-tas em especialidades clí-nicas, na medicina tradi-cional e alternativa.

Atenção a Pessoa Ido-sa – Foi criado em 1988,em parceria com a Escolade Enfermagem AnnaNery.

tório não alcança o teto doSUS – de R$ 70 mil. Em abril,o faturamento foi de R$ 30mil. “É preciso retomar a pro-dutividade, fechar em tornode R$ 90 mil para podermosreceber R$ 70 mil”, afirma. Nocampo externo ela anunciaque vai cuidar da restaura-ção do prédio, cujas obrasestão orçadas em R$ 20 mi-lhões. A diretora solicitou àFundação José Bonifácio umprojeto de financiamentocom a divisão do valor emcotas de R$ 2 milhões. Comisso poderia, por exemplo,oferecer a cota da reforma das

instalações elétricas a umaempresa como a GeneralElectric.

Se conseguir recursos pa-ra a recuperação, as obras vãocomeçar pelos telhados, ja-nelas e portas. Depois, redeelétrica e hidráulica, e, porfim, embelezamento do pré-dio histórico.

O hospital tem uma dívidaque passa dos R$ 700 mil comfornecedores, o que restringeo acesso à aquisição de supri-mentos por preços melhores.A diretora pensa em adminis-trar a dívida propondo nego-ciação aos credores.

Programas do Hesfa

Mendigos e bêbados entre os pacientesensino de qualidade e humanizado. Elaobserva que os profissionais de saúde sãoconfrontados – no trato com esses pacien-tes – com a necessidade de cuidado paraalém do analgésico. Outra possibilidadeque se viabiliza com a abertura dos leitos éa transferência de pacientes que precisamde cuidados continuados de outras unida-des, deixando estas vagas para os procedi-mentos mais complexos.

CRISTINA LOYOLA. “O impasse não é só do Hesfa, mas da UFRJ. Reitoria, pró-reitorias, decania devem se envolver”

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BRASIL

Estudos do Instituto de PesquisaEconômica Aplicada (Ipea), órgãooficial do Ministério do Planejamen-to, revelam o tamanho da tragédiasocial do país. Cerca de 54 milhõesde brasileiros – um terço da popula-ção – vivem com renda mensal cor-respondente a menos de meio salá-rio mínimo. Esses 54 milhões de pes-soas equivalem à população somadade dois países sul-americanos, comoArgentina e Chile. E mais: o estudoatestou que 21,9 milhões estão na li-nha da indigência, por viverem commenos de um quarto de salário míni-mo por mês. No ranking da Organiza-ção das Nações Unidas (ONU), o Bra-sil aparece em penúltimo lugar emdistribuição de renda numa lista de130 países. Só é superado por SerraLeoa, país africano. Logo abaixo doBrasil vem o México, outro país que,a exemplo do Brasil e de outros paí-ses da América Latina, obedece à ori-entação de organismos do grandecapital internacional, como o FundoMonetário Internacional (FMI).

Em relação à concentração de ren-da no Brasil – situação que não mu-dou nos últimos 20 anos – os núme-ros são contundentes: 1% dos brasi-leiros mais ricos, o equivalente a 1,7milhão de pessoas, é dono de 13% darenda nacional; 50% dos brasileirosmais pobres ficam com 13,3% da ren-da. Os técnicos do Ipea afirmam umasituação muito clara: a raiz da desi-gualdade no Brasil não está na faltade riqueza, mas na forma como a ri-queza é dividida. Diz o estudo do ins-tituto oficial: “O que distingue o casodo Brasil no plano internacional é queos elevados níveis de pobreza nãoestão relacionados a uma insuficiên-cia generalizada de recursos, mas simà extrema desigualdade em sua dis-tribuição.”

O estudo do Ipea denominado“Radar Social 2005” destaca os limi-tes das políticas sociais – esses pro-gramas como Bolsa-Família e Bolsa-Escola – sustentando que só cresci-mento econômico e desenvolvimen-to do país poderá enfrentar a pobre-za e a miséria no Brasil – outra verda-de que o governo e as elites estãocansados de saber. O estudo cita anecessidade da aceleração da refor-

ma agrária e ampliação da previdên-cia, e um outro insiste na necessida-de de um modelo de desenvolvimen-to que distribua renda.

Para combater a concentração derenda e a pobreza, o documento citaa aceleração da reforma agrária, am-pliação da previdência e dos progra-mas de transferência de renda (Bol-sa-Família). O estudo mostra os limi-tes das políticas sociais, afirmandoque só o crescimento econômico e odesenvolvimento do país poderá en-frentar a pobreza e a miséria no país.“A redução da pobreza e da desigual-dade depende do modelo de desen-volvimento, que não deve ser con-centrador de renda e socialmente ex-cludente”.

Outro dado do estudo traz mais

O Banco Central informou nasemana passada que o superávitprimário (dinheiro que o gover-no guarda para pagar juros da dí-vida aos banqueiros) acumuladono primeiro quadrimestre do anochegou a 44 bilhões de reais, oque correspondente a 7,3% doProduto Interno Bruto (PIB) dopaís. Esse percentual é superiorao exigido e acertado com o FMI,que é de 4,25% do PIB. Só emabril, o superávit alcançou a cifrade 16 bilhões de reais, superiorem 33% ao superávit de março,que foi de 12 bilhões de reais.

A REDUÇÃO DA POBREZA EDA DESIGUALDADE DEPENDEDO MODELO DE DESENVOLVI-MENTO QUE NÃO DEVE SERCONCENTRADOR DE RENDA ESOCIALMENTE EXCLUDENTE

Enquanto isso...

Superávitbate recorde

• 1% dos brasileiros maisricos, o equivalente a 1,7 mi-lhão de pessoas, é dono de13% da renda nacional.

• 50% dos brasileiros maispobres ficam com 13,3% desta.

POBREZA• 53,9 milhões de pessoas po-bres (31,7% da população).

• Renda per capita de menosde meio salário mínimo.

INDIGÊNCIA• 21,9 milhões de indigentes(12,9% da população).

• Renda per capita menor que¼ do mínimo.

Números vergonhososda injustiça social

Fábrica de pobrFábrica de pobrFábrica de pobrFábrica de pobrFábrica de pobresesesesesO Brasil tem 53 milhões de pobres, o que equivale às populações de Argentina e Chile juntas

uma realidade previsível. Entre a po-pulação negra, 44,1% vivem em do-micílio com renda per capita inferiora meio salário mínimo. Entre bran-cos, esse percentual era de 20,5%. Ostécnicos dizem que as chances de umnegro estar no segmento mais empo-brecido da população é duas vezesmaior do que a de um branco. Dadocurioso: o índice maior de desigual-dade entre negros e brancos foi re-gistrado no estado de Alagoas (67%),justamente o território que abrigouno século 16 o Quilombo dos Palma-res, o maior pólo de insurgência dosnegros que fugiam do julgo opressorda escravidão. O menor índice de de-sigualdade entre negros e brancos,segundo o estudo, está no Rio de Ja-neiro – de 24,8%.

IMAGEM. Comunidades pobres se multiplicam na periferia dos centros urbanos

Estudo do Ipea

Foto: Niko