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REVISTA DA INSTALAÇÃO 6 Foto: Ricardo Brito/HMNews A união faz a força. A frase já está um tanto batida, caiu no lugar comum, mas tem seu fundo de verdade. E, em tempos de crise econômica e caos na política, faz mais sentido do que nunca, especialmente quando falamos a respeito de um sindicato. Próximo de completar 70 anos de atividades, o Sindinstalação – Sindicato da Indústria da Instalação – SP se mantém ativo e atento às necessidades de seus associados. Mais que isso, tem promovido ações rele- De portas abertas vantes nos últimos meses, cujo foco principal é fortalecer as instaladoras. Na entrevista que segue, José Silvio Val- dissera, presidente da entidade e delegado representante FIESP Efetivo, fala um pouco sobre essas iniciativas, destaca a importância do Sindinstalação na defesa das causas das empresas do setor e explica os fatores que levaram o sindi- cato a se posicionar a favor do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. ENTREVISTA A MARCOS ORSOLON Qual a importância do Sindins- talação no dia a dia de seus as- sociados? A função maior do sindicato, o motivo da sua existência, é tentar abraçar to- das as causas que facilitem a vida das empresas do setor que, no caso, são as empresas de instalações elétricas, hidrossanitárias, gás, dados, HVAC, eletromecânicas, fotovoltaicas, incên- dio e manutenções em geral. E isso ocorre em diversas frentes, incluindo a trabalhista, tributária, normativa, ju- rídica, para termos uma concorrência mais justa no setor. Por exemplo, um desafio constante é procurar equalizar as empresas associadas ao sindicato. Temos que ter a consciência de que, entre si, as empresas devem concorrer em torno dos mesmos objetivos, quer dizer, ter preocupação com a qualida- de do serviço prestado, com a saúde e o bem-estar dos funcionários, com a segurança na obra, enfim, são aspec- tos que acabam incidindo no preço do serviço. Mas quando se concorre com empresas que não cumprem essas exi- gências, ou que nem tributariamente são saudáveis, a concorrência não é justa. Há situações, inclusive, em que o contratante nem pensa em contra- tar esse tipo de empresa, mas ele a WWW.FACEBOOK.COM/REVISTADAINSTALACAO WWW.REVISTADAINSTALACAO.COM.BR ENTREVISTA | José Silvio Valdissera

Entrevista - José Silvio Valdissera - Sindinstalação - Edição 01 da Revista da Instalação

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A união faz a força. A frase já está um tanto batida, caiu no lugar comum, mas tem seu fundo de verdade. E, em tempos de crise econômica e caos na política, faz mais sentido do que nunca, especialmente quando

falamos a respeito de um sindicato. Próximo de completar 70 anos de atividades, o Sindinstalação – Sindicato da Indústria da Instalação – SP se mantém ativo e atento às necessidades de seus associados. Mais que isso, tem promovido ações rele-

De portas abertasvantes nos últimos meses, cujo foco principal é fortalecer as instaladoras. Na entrevista que segue, José Silvio Val-dissera, presidente da entidade e delegado representante FIESP Efetivo, fala um pouco sobre essas iniciativas, destaca a importância do Sindinstalação na defesa das causas das empresas do setor e explica os fatores que levaram o sindi-cato a se posicionar a favor do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

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Qual a importância do Sindins-talação no dia a dia de seus as-sociados?A função maior do sindicato, o motivo da sua existência, é tentar abraçar to-das as causas que facilitem a vida das empresas do setor que, no caso, são as empresas de instalações elétricas, hidrossanitárias, gás, dados, HVAC, eletromecânicas, fotovoltaicas, incên-dio e manutenções em geral. E isso ocorre em diversas frentes, incluindo a trabalhista, tributária, normativa, ju-rídica, para termos uma concorrência mais justa no setor. Por exemplo, um desafio constante é procurar equalizar as empresas associadas ao sindicato. Temos que ter a consciência de que, entre si, as empresas devem concorrer em torno dos mesmos objetivos, quer dizer, ter preocupação com a qualida-de do serviço prestado, com a saúde e o bem-estar dos funcionários, com a segurança na obra, enfim, são aspec-tos que acabam incidindo no preço do serviço. Mas quando se concorre com empresas que não cumprem essas exi-gências, ou que nem tributariamente são saudáveis, a concorrência não é justa. Há situações, inclusive, em que o contratante nem pensa em contra-tar esse tipo de empresa, mas ele a

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Entrevista com autoridades e profissionais do setor.

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interview with authorities and professionals of the sector.

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Entrevista con autoridades y profesionales del sector.

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José Silvio Valdissera, president of Sindinstalação, talks about the actions of the Syndicate on behalf of its members, the initiatives to defend the interests of the installation companies and the impeachment process of President Dilma Rousseff.

José Silvio Valdissera, presidente de Sindinstalação, habla sobre las acciones de lo sindicato en nombre de sus miembros, las iniciativas en defensa de las causas de las empresas de instalación y el proceso de impedimento de la presidente Dilma Rousseff.

usa para brigar por preço. Então, nes-sa questão o objetivo do sindicato é trabalhar para nivelar a concorrência por cima, ter instaladoras que atuem da mesma forma, nas mesmas condi-ções de competitividade, sejam elas pequenas, médias ou grandes. Todos têm que ter a preocupação de ofere-cer um serviço de qualidade.

Até que ponto fazer parte da Fiesp ajuda o Sindinstalação a defender as causas do setor?A todo, 135 sindicatos fazem parte da Fiesp e o nosso é um deles. E isso ajuda muito no nosso dia a dia, pois a estrutura da Fiesp é excelente. Por exemplo, nessa estrutura tem o Sesi, para a formação educacional de base dos filhos dos trabalhadores, tem o Senai para a formação profissional, dentro dos vários departamentos da Fiesp há todo tipo de informação, quer dizer, tem departamento econômico, jurídico, de normas, enfim, trata-se de uma grande estrutura que está aberta ao sindicato e seus associados. Mas que muita gente desconhece. E como ter acesso a tudo isso? Participando do dia a dia, da vida do sindicato. São muitos benefícios para o associado.

Uma ação recente do Sindinsta-lação foi o lançamento de uma fórmula paramétrica para ser uti-lizada no reajuste de contratos. O que levou o sindicato a desenvol-ver essa fórmula e qual sua im-

portância para as instaladoras?As instalações dentro da obra, sejam elas de elétrica, hidráulica, gás e afins, são chamadas por nós como ‘cami-nho crítico’. Isso porque as instalações abrem frentes de trabalho para outras atividades. Qualquer planejamento de obra passa pelos serviços de instala-ções, que precisam ser bem planeja-das e executadas, inclusive dentro do cronograma. E aí tem um detalhe: as instalações têm um peso que varia de 12% a 20% do valor total da obra, dependendo do perfil e das condições da mesma. Ou seja, é um item muito importante no financeiro de uma obra.

No entanto, as instalações são um pou-co descoladas dos materiais de cons-trução (no que se refere à evolução dos preços). Então, o Índice Nacional de Custo da Construção, ou mesmo o CUB, espelham a realidade do todo da obra, mas não especificamente as ins-talações. E as instaladoras sofrem mui-to com essa variação dos índices. Por exemplo, o cobre é muito importante no nosso setor, mas tem pouca influ-ência na estrutura de uma edificação. O petróleo também, quer dizer, usamos muitos materiais que são derivados do petróleo. Nesses dois casos – cobre e petróleo – o preço é internacionaliza-

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do, em dólar, enfim, tem um peso re-levante para nós. Em função dessa si-tuação, há muito tempo tínhamos essa vontade de ter uma análise de preços mais fiel à realidade das empresas do nosso setor. E uma condição para se criar um índice, ou uma fórmula pa-ramétrica, como fizemos, é que o tra-balho fosse feito por uma instituição que tenha respeito nacional, acima de qualquer suspeita. Daí surgiu a ideia de procurar e contratar a Fundação Getú-lio Vargas (FGV), que já elabora a maior parte dos índices setoriais do mercado.

Em que consiste essa fórmula paramétrica?A fórmula paramétrica nos foi propos-ta pela FGV. Nela, são pesquisados os principais insumos das instalações, identificando quanto cada um deles pesa nos custos das empresas insta-ladoras. A partir daí, são utilizados alguns índices já existentes de ou-tras pesquisas da FGV, que indicam a evolução dos preços desses insumos. Tudo é ponderado dentro da forma

paramétrica, de modo que se chega a um percentual de evolução dos cus-tos que refletem com mais precisão a realidade de nosso mercado.

Como ela será aplicada?Sabemos que essa fórmula espelha a nossa realidade. Mas sabemos das di-ficuldades em conseguir o apoio dos contratantes para que eles a utilizem em seus contratos com as instaladoras. Isso poderá ocorrer no futuro, mais no longo prazo, mas é uma luta difícil, pois envolve uma mudança cultural. Sem contar que eles já estão habituados a usar o INCC para reajuste de pre-ços nos contratos de vendas dos seus produtos. De qualquer forma, para nós, instaladores, é uma ferramenta muito útil para acompanhar o que está acon-tecendo em cada contrato, no dia a dia. A instaladora tem como comparar o re-ajuste recebido pelo INCC com a corre-ção mais real de custos, através da fór-mula paramétrica, que é mais realista. Há outra situação em que fica evidente a utilidade da fórmula. Quando uma empresa participa de uma concorrência que se arrasta por meses, ou quando a concorrência é suspensa e volta após um ou dois anos, ela é uma maneira de reajustar os preços de forma mais rápi-da. As vantagens são várias e estamos trabalhando para que, já no segundo semestre, as instaladoras possam con-tar com essa fórmula paramétrica, que será atualizada mensalmente.

Outra ação importante do Sin-dinstalação é a realização do Prêmio Masterinstal. Qual a pers-pectiva esse ano?Vamos para a 11ª Edição do Maste-rinstal, que deverá ocorrer na última semana de outubro. Esse evento já faz parte da agenda de todos os execu-tivos e departamentos de marketing das empresas do setor. Ele virou uma referência e um ponto de encontro desse pessoal, o que nos deixa muito

felizes. O Masterinstal foi criado para premiar as boas práticas do setor, sejam elas técnicas, de normas, se-gurança, projetos, execução, fabrica-ção, enfim, esse é o primeiro objetivo. Mas ele vai além, pois também é uma oportunidade para a confraterniza-ção do pessoal, para fazer network, quer dizer, o público é formado por fabricantes, projetistas, instaladores e alguns contratantes (construtoras). Então, as horas após a premiação, de confraternização, têm esse caráter de rever amigos e, muitas vezes, até surgem oportunidades de negócios.

Para finalizar, gostaria de saber a posição do Sindinstalação no atual momento econômico e po-lítico vivido pelo País?Como disse, o Sindinstalação é um dos 135 membros da Fiesp e tem um excelente relacionamento com a en-tidade. Então, tudo o que fazemos no Sindinstalação é reflexo desse re-lacionamento. E a Fiesp, assim como o Sindinstalação, são entes políticos, porém, apartidários. Nosso partido é o povo brasileiro. São instituições só-lidas, economia sólida, regras sérias e que possam ser cumpridas por todos, enfim, essas são nossas bandeiras. E a Fiesp, por unanimidade, desde de-zembro passou a apoiar o processo de impeachment da presidente Dil-ma Rousseff, desde que ele seguisse as normas constitucionais estabeleci-das. Isso não porque é o PT, a Dilma, não é nada pessoal. Mas porque hoje, nossa mandatária maior perdeu a con-fiança do povo brasileiro, do empresá-rio brasileiro e até no exterior. Perdeu a governabilidade. E o Brasil não pode esperar. Já estamos há mais de um ano em crise, sem a nação andar, sem de-cisões positivas que melhorem o am-biente, enfim, por isso o Sindinstala-ção também votou a favor do apoio ao processo de impeachment dentro das bases legais.Fo

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