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Cláudia Viana Rodrigues ESTRATÉGIAS DE RESPOSTA AO HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO: A perspectiva de Empregadores e Trabalhadores de Empresas sediadas em Maputo Universidade Politécnica A POLITÉCNICA MAPUTO 2008

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Cláudia Viana Rodrigues

ESTRATÉGIAS DE RESPOSTA AO HIV/SIDA

NO LOCAL DE TRABALHO:

A perspectiva de Empregadores e Trabalhadores de

Empresas sediadas em Maputo

Universidade Politécnica

A POLITÉCNICA

MAPUTO

2008

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Cláudia Viana Rodrigues

ESTRATÉGIAS DE RESPOSTA AO HIV/SIDA

NO LOCAL DE TRABALHO:

A perspectiva de Empregadores e Trabalhadores de

Empresas sediadas em Maputo

Monografia apresentada à Escola Superior de

Gestão, Ciências e Tecnologias da Universidade

Politécnica, como parte dos requisitos para a

obtenção do grau de Licenciada em Psicologia das

Organizações e do Trabalho.

Tutora: Dra. Andrea Folgado Serra

MAPUTO

2008

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Parecer do tutor:

Eu, Andrea Folgado Serra, Tutora da Monografia de Licenciatura da estudante Claúdia

Viana Rodrigues, intitulada “Estratégias de Resposta ao HIV/SIDA no Local de

Trabalho: A perspectiva de Empregadores e Trabalhadores de Empresas sediadas em

Maputo”, outorgo à mesma a minha apreciação favorável.

Por estes motivos, considero o presente trabalho de Licenciatura da candidata, apto para

ser submetido à avaliação e defesa pública perante o Júri nomeado para o efeito.

Maputo, 11 de Agosto de 2008

_________________________

Andrea Folgado Serra

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A meu adorado pai, Amílcar Viana Rodrigues,

por seu desejo estar se tornando realidade.

Que Deus lhe dê um eterno descanso.

Ao meu filho Tiago, por ter estado sempre comigo,

durante esta longa caminhada.

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UM AGRADECIMENTO MUITO ESPECIAL

À Dra. Andrea Folgado Serra, que incansavelmente me

orientou, acolheu, encorajou, pela paciência demonstrada

apesar dos inúmeros afazeres profissionais. Sem a sua

poderosa contribuição, não seria possível a realização

deste trabalho.

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AGRADECIMENTOS

A meu marido e companheiro sempre presente, Júlio Mazembe, pelo estímulo, carinho e

presença incondicional em todos os momentos.

À minha mãe, Sara, e às minhas irmãs, Maria da Conceição, Andrea e Melba, por se

mostrarem sempre disponíveis e prontas para ajudar.

Ao meu primo Isac Ilal, por me ter dado uma ajuda de grande valor ao fornecer-me as

ferramentas chave para a realização deste trabalho, e, acima de tudo, ter supervisionado o

presente trabalho.

À Felizarda Cutane, amiga sempre presente, pela coragem e pela força, para que eu

pudesse seguir em frente.

Endereço os meus calorosos agradecimentos à ECoSIDA (Associação dos empresários

contra a SIDA), por me ter acolhido, e facilitado imenso a realização do estágio, embrião

deste trabalho.

Ao meu orientador no local de estágio, Dr. Rafael Shikani, por me ter acompanhando em

todos os momentos da realização do estágio, bem como facilitado o contacto com as

instituições membros da ECoSIDA.

Ao meu grupo de estudo, “as poderosas” – Assma, Eulália, Patrícia e Suneina, minhas

companheiras de batalha, pelo apoio, e pela amizade, durante o curso.

A todos os docentes, colegas e amigos que directa ou indirectamente contribuíram de

alguma forma para que um dia o meu sonho se pudesse concretizar.

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RESUMO

O presente trabalho de investigação cientifica teve como objectivo analisar as estratégias

de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho usadas pelas empresas em Moçambique,

em um grupo de 8 empresas membros da Associação dos Empresários Contra a

SIDA(ECoSIDA), escolhidas de uma população de 37 empresas membros da ECoSIDA.

Os resultados deste estudo, mostram que a nível geral, os trabalhadores estão satisfeitos

com as políticas e programas de HIV/SIDA vigentes nos seus locais de trabalho, e

sugerem que se continue a realizá-los. Por outro lado, notou-se algum desconhecimento

por parte de trabalhadores, o que culminou em algumas discrepâncias nas opiniões dos

gestores e trabalhadores relativamente a políticas e programas nacionais de HIV/SIDA.

Palavras-chave: HIV/SIDA, Local de trabalho, Impacto, Estratégias de combate.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Taxas de prevalência de HIV/SIDA por Regiões ..................................... 14 Tabela 2: Dimensão das Empresas Pesquisadas ....................................................... 36 Tabela 3: Distribuição dos trabalhadores inquiridos por Empresa ............................ 39 Tabela 4: Conhecimento da filiação das empresas à alguma organização de combate

ao HIV/SIDA por empresa e grupo de inquiridos .............................................. 42 Tabela 5: Conhecimento sobre a organização de combate ao HIV/SIDA por empresa

e grupo de inquiridos ........................................................................................ 43 Tabela 6: Existência de Políticas de combate ao HIV/SIDA na opinião da empresa e

do grupo de inquiridos ...................................................................................... 44 Tabela 7: Concordância entre as políticas de combate ao HIV/SIDA e a legislação

sobre o HIV/SIDA ............................................................................................ 45 Tabela 8: Reacção dos trabalhadores a politica de HIV/SIDA.................................. 46 Tabela 9: Opinião dos trabalhadores em relação a política de HIV/SIDA................. 47 Tabela 10: Ajuda prestada pela empresa ao trabalhador ........................................... 48 Tabela 11: Existência de programa de HIV/SIDA.................................................... 48 Tabela 12: Existência de fundos para combate à pandemia ...................................... 49 Tabela 13: Tempo de existência do programa na opinião de trabalhadores e gestores

de HIV.............................................................................................................. 50 Tabela 14: Áreas de cobertura do programa na opinião de gestores e de trabalhadores

......................................................................................................................... 51 Tabela 15: Extensão do programa de HIV/SIDA...................................................... 52 Tabela 16: Obstáculos enfrentados na opinião de gestores e trabalhadores ............... 53 Tabela 17: Sugestões dos trabalhadores para as empresas ........................................ 54

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ABREVIATURAS

HIV Vírus da Imunodeficiência Humana

SIDA Sindroma de Imunodeficiência Adquirida

OMS Organização Mundial da Saúde

ECOSIDA Associação dos Empresários contra a SIDA

SPSS Statistical Package for Social Science

CNCS Conselho Nacional de Combate aa SIDA

MISAU Ministério da Saúde

ONUSIDA Programa das Nações Unidas para a SIDA

PEN Plano Estratégico Nacional

UNAIDS United Nations Joint programme on HIV/AIDS

USAID United States Agency for International Development

BIT Bureau Internacional do Trabalho

OIT Organização Internacional do trabalho

WHO World Health Organization

PIB Produto interno bruto

UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

BAT Brittish American Tobacco

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..............................................................................................................1

1.1 PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO....................................................................................1 1.2 JUSTIFICATIVA...........................................................................................................3 1.3 OBJECTIVOS ..............................................................................................................5 1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO........................................................................................6

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................................7

2.1 HIV/SIDA NO MUNDO ..............................................................................................7 2.2 HIV/SIDA EM MOÇAMBIQUE ..................................................................................13 2.3 IMPACTO DO HIV/SIDA NO LOCAL DE TRABALHO ...................................................17

2.3.1 Impacto do HIV no Sector Económico e Produtivo..........................................19 2.3.2 Impacto do HIV no Sector da Educação ..........................................................21 2.3.3 Impacto do HIV no Sector de Saúde ................................................................23

2.4 LEGISLAÇÃO SOBRE O HIV/SIDA NAS ORGANIZAÇÕES .............................................24 2.4.1 Directrizes práticas sobre o HIV e o mundo do trabalho .................................24 2.4.2 O Código sobre HIV/SIDA e o emprego na SADC...........................................25 2.4.3 Legislação Nacional – Lei n 5/2002 de 5 de Fevereiro ...................................26

2.5 ESTRATÉGIAS DE COMBATE AO HIV/SIDA NAS ORGANIZAÇÕES ...............................28

MÉTODO .....................................................................................................................35

3.1 TIPO DE INVESTIGAÇÃO ...........................................................................................35 3.2 PARTICIPANTES .......................................................................................................36 3.3 INSTRUMENTOS .......................................................................................................40 3.4 PROCEDIMENTOS .....................................................................................................41

RESULTADOS.............................................................................................................42

4.1 FILIAÇÃO DAS EMPRESAS A ORGANIZAÇÕES DE COMBATE AO HIV/SIDA.................42 4.2 POLÍTICAS E PROGRAMAS DE HIV/SIDA..................................................................44

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.............................................................................55

CONCLUSÕES E SUGESTÕES.................................................................................59

REFERÊNCIAS...................................................................................................................62 ANEXO 1..............................................................................................................................65

ANEXO II.............................................................................................................................68

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Cláudia Viana Rodrigues

Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.

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INTRODUÇÃO

1.1 Problema de Investigação

Nos cerca de 25 anos desde que a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA)

surgiu como a maior emergência de saúde, a epidemia tem tido um sério efeito devastador no

desenvolvimento humano. Em muitos países, a epidemia tem minado o progresso nos

objectivos do desenvolvimento do milénio, particularmente, em áreas como redução da

pobreza, promoção de igualdade de género, redução da mortalidade infantil, e aumento da

qualidade de vida das mães (Iavi,2005;unfpa,2003) citados pelo Programa das Nações Unidas

sobre o HIV/SIDA .(UNAIDS, 2006)

O impacto global da SIDA na população mundial, ainda não atingiu o seu pico, e seus

efeitos demográficos, serão melhor sentidos na segunda metade do século XXI. De acordo com

projecções, sugere-se que em 2015, dos 60 países mais afectados pela pandemia, a sua

população será 15 milhões menos do que seria sem a SIDA. (UNAIDS, 2006)

De acordo com o relatório da UNAIDS (1999), o vírus da Imunodeficiência Humana

(HIV), continua a disseminar-se por todo o mundo, atingindo comunidades que eram pouco

vulneráveis a epidemia, e a sua virulência está a aumentar em áreas nas quais a SIDA já é a

principal causa de morte em adultos (15-49 anos).

O vírus continua a expandir-se, causando aproximadamente 16,000 novos casos por

dia. De facto, o HIV/SIDA, já figura entre as dez principais causas de morte em todo o mundo,

e de acordo com os níveis actuais de infecção, em pouco tempo poderá figurar entre as cinco

primeiras causas de morte. (UNAIDS, 2006)

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Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.

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Não existem explicações simples para o facto de alguns países serem mais afectados

pelo vírus HIV. Supõe-se que a pobreza, o analfabetismo, o comportamento de risco são alguns

dos factores importantes para a epidemia. (UNAIDS, 1999)

De acordo com a reunião tripartida de peritos sobre o HIV/SIDA e o mundo do trabalho

do Bureau Internacional do Trabalho (OIT, 2001), a SIDA encontra-se mais expandida nas

zonas onde os direitos económicos, sociais e culturais são violados, e também nas zonas onde

as regras civis e politicas são ignoradas. As atitudes e os comportamentos podem ser

reconhecidos como outros factores que aumentam o risco. As pressões culturais e o

desconhecimento dos factos escondem a extensão da infecção ao nível local e nacional, sendo

assim explicada a dificuldade de planificar uma acção eficaz.

Conforme o Plano Estratégico Nacional para 2005-2009 (PEN, 2004) Moçambique

situa-se entre os 10 países com a maior prevalência de HIV no mundo. Em 2004, existiam, em

Moçambique, 1.500.000 pessoas vivendo com HIV/SIDA, indicando uma seroprevalencia de

16,2%; sendo 60 % mulheres e os restantes 40 % homens.

Em Moçambique, o HIV-SIDA provocou um decréscimo na esperança média de vida

(2004), reduzindo-a de 46.4 anos sem a SIDA, para 38.1 anos com a SIDA. Adicionalmente

foram reportados nesse ano, 97 mil óbitos por SIDA; Prevê-se que até 2010, haja uma perda de

9,200 professores, bem como uma perda de 15% de trabalhadores de Saúde. (MISAU, 2006)

O HIV, repercute-se directamente nas empresas, ao atingir a sua força de trabalho. Os

elevados custos da SIDA no mundo do trabalho - perda de produtividade, contratação e

formação de novos empregados, prémios de seguros e assistência médica mais caros reforçam

a argumentação a favor do investimento em programas de prevenção do HIV para homens e

mulheres no seu local de trabalho. (ONUSIDA, 2000)

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Estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho: A perspectiva de trabalhadores e empregadores de empresas sediadas em Maputo.

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O HIV-SIDA está concentrado entre adultos em idade produtiva: estima-se que dos 40

milhões de pessoas que actualmente vivem com o HIV-SIDA, 80% são adultos, e pelo menos

26 milhões são trabalhadores com idade entre 15 e 49 anos (OIT, 2003).

O estabelecimento de um programa e de uma politica relativa ao HIV/SIDA no local de

trabalho é uma solução eficiente e reduzirá o alastramento e o impacto futuro da doença

(ONUSIDA, 1998).

É precisamente neste contexto que emerge a principal questão de investigação que

norteará o presente trabalho: “Que estratégias as empresas Moçambicanas estão a desenvolver

para lidar com o HIV-SIDA, e qual é a percepção e envolvimento dos trabalhadores e gestores

em relação aos programas implementados?”

1.2 Justificativa

O tema em questão, HIV/SIDA, sempre foi algo de grande interesse do autor,

despertando, curiosidade e vontade de melhor perceber os factores ligados à pandemia, desde

crenças, atitudes, aspectos sócio-culturais e psicológicos, enfim, factores que estivessem por

detrás da adopção de comportamentos de risco pelos indivíduos.

Mesmo antes do seu ingresso para a Universidade Politécnica, o autor trabalhou em

organizações ligadas ao HIV/SIDA, tendo posteriormente, após o seu ingresso na Politécnica,

elaborado trabalhos académicos das cadeiras do curso de Psicologia na área do HIV/SIDA.

O interesse foi ainda maior quando o autor, participou como formando, num curso de

extensão da Universidade Politécnica em parceria com o Conselho Nacional de Combate a

Sida (CNCS) e a Escola Superior Aberta (ESA), denominado “Formação e Aconselhamento

em HIV/SIDA”, em que se abordaram questões relativas ao HIV/SIDA no local de trabalho.

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Para reforçar, o autor, já no seu último ano do curso, estagiou na Associação dos

Empresários contra a SIDA (ECoSIDA), tendo estado em contacto com empresas membros da

ECoSIDA, surgindo a oportunidade de conhecer as estratégias de combate à pandemia por

estas usadas. Porém, o autor, percebera a importância da percepção dos trabalhadores em

termos de conhecimentos, crenças, atitudes e práticas, muitas vezes erradas, que funcionam

como entrave para uma intervenção eficaz nos locais de trabalho.

O HIV/SIDA constitui uma ameaça de grande magnitude para as empresas dos sectores

público e privado. Algumas empresas sabem que mais de metade dos seus trabalhadores vivem

com HIV-SIDA (OIT, 2002).

O mundo do trabalho está cada vez mais afectado, pois sofre não apenas com o custo

humano da força de trabalho, mas também com a redução dos lucros e da produtividade. Isso

resulta em novos desafios tanto para os empregadores quanto para os trabalhadores. Respostas

construtivas e pró-activas ao HIV no local de trabalho, podem contribuir para uma melhoria

das relações trabalhistas e para garantir a continuidade da produção (OIT, 2002).

De acordo com a reunião tripartida de peritos sobre o HIV/SIDA e o mundo do trabalho

do Bureau Internacional do Trabalho (OIT, 2001), de forma a garantir a coerência dos

programas nacionais de luta contra a SIDA, de avaliar os custos da epidemia nos locais de

trabalho, de planificar medidas que visam atenuar o impacto socioeconómico da SIDA, as

autoridades competentes devem encorajar, apoiar, realizar pesquisas e difundir os resultados.

Os programas de informação e de educação no local de trabalho, são essenciais para

lutar contra a propagação da epidemia e para promover a tolerância face aos trabalhadores

infectados pelo HIV ou doentes de SIDA. Uma instrução eficaz pode aumentar a capacidade de

protecção dos trabalhadores contra a infecção do HIV; pode diminuir sensivelmente a angústia

associada ao HIV, reduzir ao mínimo as perturbações no local de trabalho e desencadear uma

alteração de atitude e de comportamento. (OIT, 2001)

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Os programas devem ser objectivos e adaptados à idade, sexo, orientação sexual, ao

sector de actividade, aos factores associados ao comportamento de risco, e ao meio cultural dos

trabalhadores. (OIT, 2001)

Ao se usar os resultados desta pesquisa como base para intervenções direccionadas, que

possam vir a ser implementadas futuramente, espera-se que o impacto do HIV-SIDA no local

de trabalho seja minimizado.

1.3 Objectivos

Objectivo geral

Analisar as estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local de trabalho usadas pelas

empresas em Moçambique.

Objectivos Específicos

Identificar e descrever as estratégias de combate ao HIV no local de trabalho adoptadas

pelas empresas em Moçambique;

Identificar e descrever a percepção dos trabalhadores relativamente à implementação

dos programas e estratégias de resposta ao HIV pelas empresas;

Comparar as perspectivas dos empregadores e dos trabalhadores relativamente às

estratégias de combate ao HIV no local de trabalho;

Identificar os obstáculos que as empresas têm actualmente enfrentado no âmbito da

implementação de programas de HIV no local de trabalho, na perspectiva de

trabalhadores e empregadores.

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1.4 Estrutura do Trabalho

Este trabalho está subdividido em seis capítulos, sendo o primeiro deles a presente

introdução, que está subdividida na delimitação do problema de investigação, na justificativa e

na apresentação dos objectivos do estudo.

No capítulo 2, apresenta-se a fundamentação teórica, que inclui aspectos teóricos, a

situação no mundo e no país, vários conceitos, estatísticas e abordagens existentes.

No capítulo 3, apresenta-se a metodologia que foi usada, destacando o tipo de

investigação, os participantes, o instrumento usado para a colecta de dados, bem como os

procedimentos seguidos para o tratamento dos dados.

No capítulo 4, procede-se à apresentação dos resultados do estudo.

No capítulo 5, faz-se a discussão dos resultados, onde há um confrontação dos

resultados encontrados com modelos e estudos existentes relativos ao tema em questão.

No capítulo 6, tecem-se as principais conclusões da pesquisa, bem como se deixam

sugestões às empresas pesquisadas, e para futuras investigações.

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 HIV/SIDA no Mundo

O vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é um agente patogénico humano

individualizado, que enfraquece as defesas imunológicas do corpo, causando deterioração do

sistema imunológico. O portador do vírus fica vulnerável a uma série de infecções oportunistas

que uma pessoa saudável normalmente consegue superar.(Pereira, 2000)

Ao conjunto de patologias, que tem por base uma marcada inoperância do sistema

imunológico dos indivíduos afectados, denomina-se de Sindroma de Imunodeficiência

Adquirida (SIDA). A SIDA é a fase terminal da infecção pelo HIV, a qual é caracterizada por

um longo período assintomático cuja duração pode variar entre alguns meses e vários anos.

(Pereira, 2000)

“A epidemia global do HIV/SIDA, devido a sua escala devastadora e ao seu impacto,

constitui uma emergência global e um desafio a vida e dignidade humanas, bem como

ao gozo efectivo dos direitos humanos, que mina o desenvolvimento Social e

Económico em todo o mundo e afecta todos os níveis da sociedade – nacional,

comunidade, familiar e individual.” ( ILO, 2003)

Desde que a SIDA foi descrita pela primeira vez em 1981, já se perderam muito mais

de 20 milhões de vidas, e actualmente, dezenas de milhões de outras pessoas - cada vez mais

mulheres e jovens estão a viver com o HIV. A maioria deles enfrenta a perspectiva de doença,

pobreza e morte prematura. No mundo em desenvolvimento, onde vivem 95 % das pessoas

com HIV, somente 7 % das mais necessitadas de tratamento puderam obtê-lo em 2003, um

contraste com o mundo desenvolvido, onde tal tratamento tornou-se prática médica corrente.

(ONUSIDA, 2004)

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De acordo com a UNAIDS (2006), cerca de 38.6 milhões de pessoas em todo mundo

vivia com o HIV em 2005, sendo que cerca de 4.1 milhões se tornavam novas infecções por

HIV e cerca de 2.8 milhões perderam as vidas devido ao HIV.

Em Dezembro de 2007, o número estimado de pessoas vivendo com o HIV foi de 33.2

milhões, o que indica uma redução de 16% comparada à estimativa de 2006 (39.5 milhões). A

maior razão para esta redução deve-se ao intenso exercício de avaliação da epidemia de HIV na

Índia, que resultou na revisão das estimativas do país. Foram feitas igualmente revisões de

estimativas também em outras zonas, em especial na África Sub-Sahariana, onde se detectou

que cerca de 70% do total das diferenças entre 2006 e 2007 foram devido a mudanças em 5

países: Angola, Quénia, Moçambique, Nigéria, e Zimbabwe. Contudo, devido ao facto das

estimativas acerca do HIV serem derivadas de modelos matemáticos aplicados à prevalência

do HIV, está patente que as diferenças entre o ano de 2006 e o de 2007 resultem na sua grande

maioria em redefinições na metodologia, do que na Pandemia como tal. (UNAIDS, 2006)

A UNAIDS prevê que em 2020, o número de infectados suba para 68 milhões, a não

ser que se expandam programas de prevenção e tratamento. (ILO, 2003)

Todos os países são atingidos: adultos e crianças com HIV/SIDA totalizam cerca de 25

milhões na África Sub-Sahariana ; Cerca de seis milhões na Ásia, quase dois milhões na

América Latina e Caraíbas, cerca de um milhão na América do Norte, 0.5 milhões no Norte de

África. Apesar de o modo dominante de transmissão variar de região para região, os níveis de

infecção estão a aumentar (ILO, 2001).

As consequências das mortes por SIDA para a população de África são claras: em

2010, nos 29 países com taxas de prevalência de mais de 2 %, a população será 50 milhões

menos do que seria na ausência da SIDA. Existem também consequências sexuais e ligadas à

idade, pois, em muitos países as mulheres geralmente são infectadas numa idade mais cedo do

que os homens. Em África, cerca de metade das novas infecções são mulheres. (ILO, 2001)

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Nos países mais duramente atingidos, a SIDA está a reduzir de maneira espectacular a

esperança de vida, o potencial económico, e criando milhões de órfãos, aumenta a

vulnerabilidade de gerações futuras e diminui a capacidade dos sectores públicos e privados.

Em certas partes da África, a SIDA agravou os problemas de segurança alimentar que já eram

graves. (ONUSIDA, 2004)

De acordo com a UNAIDS (1999), a maioria dos casos de infecções pelo HIV

encontram-se em países em desenvolvimento, grande parte dos quais que não podem arcar com

as despesas de pessoas infectadas. De facto, 86 % das pessoas com infecção pelo HIV vivem

em África, mais precisamente na África Sub-Sahariana e em países de desenvolvimento da

Ásia, que juntos são responsáveis por menos de 10 % do produto interno bruto (PIB).

Nos países mais afectados pela pandemia, o aumento da morbilidade e mortalidade

verifica-se num contexto de deterioração dos serviços públicos, de perspectivas de emprego

medíocres, e de pobreza endémica, que não está directamente relacionada com a epidemia, mas

que pode ser exacerbada por ela. (ONUSIDA, 2000)

Torna-se evidente que, em muitos países industrializados, a epidemia continua

intimamente ligada à epidemia global. O movimento da população entre países, quer seja por

imigração, emprego ou diversão, e o deslocamento das populações devido a guerra e à

instabilidade politica, são factores favoráveis à transmissão do HIV. (ILO, 2001)

Em todas as regiões do mundo, com excepção da África Sub_Sahariana são mais

numerosos os homens infectados pelo HIV do que as mulheres. O comportamento dos homens

- muitas vezes influenciado por crenças culturais perniciosas sobre a masculinidade – faz deles

as principais vítimas da epidemia. (ONUSIDA, 2000)

A África Sub-Sahariana continua a ser a região mais afectada pela pandemia, em todo o

mundo. Um pouco mais de 1/10 da população mundial vive na África Sub-Sahariana, que

agrega cerca de 64% da população infectada com o vírus – 24,5 milhões. Destes, 2.5 milhões

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são crianças com menos de 15 anos de idade. De facto, quase nove em dez crianças (menores

de 15 anos) que vivem com o HIV, estão na África Sub-Sahariana. (UNAIDS, 2006)

Cerca de 2.7 milhões de pessoas na região tornam-se novas infecções, enquanto que

dois milhões de adultos e crianças morrem de SIDA. Em 2005, havia cerca de 12 milhões de

órfãos devido à SIDA na África Sub-Sahariana. (UNAIDS, 2006)

Cerca de ¾ de todas as mulheres (com mais de 15 anos) vivendo com o HIV, estão na

África Sub-Sahariana. Na maioria das regiões, as mulheres são afectadas

desproporcionalmente pelo HIV, comparativamente aos homens – que é uma manifestação da

desigualdade social e do status socioeconómico entre homens e mulheres. (UNAIDS, 2006)

Surgem, pela primeira vez na África Sub- Sahariana sinais indicando que a incidência

do HIV- ou seja, o número actual de novas infecções poderá estar a estabilizar-se. O total de

novas infecções em 2000 reduz-se para 3.8 milhões, contra 4.0 milhões em 1999.

O ligeiro abaixamento das novas infecções em África deve-se provavelmente a dois

factores. Por um lado, em numerosos países, a epidemia dura há algum tempo que já atingiu

um grande número de pessoas sexualmente activas, não restando senão uma pequena reserva

de indivíduos susceptíveis de serem infectados. Por outro lado, o sucesso dos programas de

prevenção em alguns países africanos, teve por efeito uma redução das taxas nacionais de

infecção e contribui para o abaixamento das taxas à escala regional. (ONUSIDA, 2000)

Nos países mais afectados da África Sub- Sahariana, a SIDA continua a lentificar ou a

reverter as melhorias quanto à esperança de vida, e a distorcer as estruturas da idade sexual da

população inteira. Apesar de a maioria dos países mais afectados na região terem registrado um

declínio na esperança de vida devido à epidemia – e a outros factores como conflitos armados,

economia estagnada, e o ressurgimento da tuberculose, malária, e outras doenças – de um

modo geral, a população continua a crescer na maioria destes países devido as elevadas taxas

de fertilidade. (UNAIDS, 2006)

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Wilson, Naidoo, Bekker, Cotton e Maartens (2004) afirmam que outro achado

importante, refere-se ao facto de que no contexto da África Sub-Sahariana, a maioria dos temas

relativos a sexualidade são difíceis de lidar, pois sexo e comportamento sexual são geralmente

tratados em segredo ou são tabus.

A região Sul da África Sub-Sahariana, com os níveis de prevalência mundiais mais

elevados de HIV, inclui os países economicamente mais desenvolvidos na região. Em geral,

estes países possuem os níveis mais elevados de educação, produto interno bruto, e acesso a

água e saneamento quando comparados as outras partes do continente. Contudo, eles possuem

também, grande desigualdade económica e números alarmantes de população vivendo na

pobreza, que, estão associadas à transmissão do HIV. (UNAIDS, 2006)

Na África Sub-Sahariana, as mulheres são afectadas mais cedo, e mais frequentemente

do que os homens. Mulheres de cerca de 15-24 anos, são cerca de duas a seis vezes mais

afectadas do que os homens na mesma faixa etária. Este facto verifica-se em grupos etários

mais elevados, e sublinha a vulnerabilidade das mulheres e raparigas e a desigualdade de poder

em muitas sociedades. (UNAIDS, 2006)

Na região da África Sub-Sahariana, aproximadamente 9% das crianças com menos de

15 anos de idade perderam pelo menos um de seus pais devido à SIDA, e um em seis orfanatos

toma conta de pelo menos um órfão. Até hoje, considera-se que a família dos órfãos tem

cooperado positivamente com este facto, onde, cerca de 90% dos órfãos de ambos os pais estão

sob cuidado da família. (UNAIDS, 2006)

A maior parte das infecções na África Sub- Sahariana ocorre através das relações

sexuais desprotegidas, enquanto que transfusões sanguíneas e uso de material injectável

contribuem para uma pequena fracção da contaminação. Enquanto que o comportamento

sexual é o factor mais determinante para o alastramento do HIV em África, este

comportamento varia enormemente entre culturas, grupos etários, classes sócio-económicas e

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género sexual. O comportamento sexual é influenciado por uma série de factores, desde o

pragmático e diário (como circunstâncias económicas e sociais), ao mais complexo e abstracto

(como a cultura). (UNAIDS, 2002)

A conjugação de vários factores esconde os factores causais e como tal, evita que se

cheguem a conclusões. Um estudo realizado em cidades africanas, revelou que os

comportamentos mais comuns e factores biológicos nessas cidades com elevada prevalência

eram: primeira relação sexual nas mulheres realizada numa idade muito precoce, casamentos

prematuros, diferença de idades entre as esposas, a presença da variante II do vírus do HIV, e a

falta de circuncisão masculina. (UNAIDS, 2002)

De acordo com a ILO (2001), a epidemia tem causado vários constrangimentos em

muitos países:

No Quénia, espera-se que se gaste 60 % do orçamento da saúde no tratamento

do HIV/SIDA até 2005;

A Zâmbia teve em 1998, mortes de professores equivalentes a 2/3 do número de

professores graduados nos colégios;.

Em 2020, estima-se que a população do Zimbabwe seja 20% menos do que

seria sem a SIDA.

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2.2 HIV/SIDA em Moçambique

Moçambique, como qualquer outro país da África Austral, possui níveis de prevalência

elevados do HIV, estando situado entre os 10 países com as taxas de prevalência mais

elevadas. (MISAU/INE, 2007) citados por ILO (2003)

De acordo com Plano Estratégico Nacional 2005-2009 ( PEN 2004), o primeiro caso de

SIDA em Moçambique foi diagnosticado em 1986. Tratava-se de um cidadão estrangeiro que

já teria entrado no pais sendo portador do vírus. Desde então, começaram a ser criados

mecanismos de combate à SIDA no país. Em 1987, surgem os primeiros casos em

Moçambicanos. Após esta descoberta, outros casos foram aparecendo ao longo dos anos,

duplicando as taxas de prevalência, tendo sido registrados em 1989 cerca de 41 casos. Desses

41 casos, cinco eram crianças e os restantes, adultos com idades compreendidas entre os 20 e

49 anos de idade.

A prevalência nacional do HIV/SIDA é de 16,2% (14%-17%), entre adultos com idades

compreendidas entre os 15-49 anos, para o ano de 2007. Espera-se que a esperança de vida

para o ano de 2010 caia de 43 para 36 anos, ao invés de subir para 50, como seria de esperar na

ausência da SIDA .(ILO, 2005)

Existe uma grande variação entre as províncias, com as províncias do Sul com um

aumento dramático na taxa de prevalência desde 2005. As taxas mais crescentes foram

verificadas nas províncias de Gaza e Maputo conforme se apresenta na tabela 1, abaixo.

(MISAU/INE, 2007), citados por ILO (2003)

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Tabela 1: Taxas de prevalência de HIV/SIDA por Regiões

Província Taxa de Prevalência Região Taxa de Prevalência

Maputo Cidade 20.7%

Maputo Província 20.7%

Gaza 19.9%

Inhambane 11.7%

SUL 18.1%

Sofala 26.5%

Manica 19.7%

Tete 16.6%

Zambézia 18.4%

CENTRO 20.4%

Niassa 11.1%

Nampula 9.2%

Cabo Delgado 8.6%

NORTE 9.3%

Nacional 16.2%

Fonte: MISAU/INE (2007) citados por ILO(2003)

A alta incidência na região central é atribuída principalmente a vários factores, inclusive os

cerca de dois milhões de refugiados que voltaram para Moçambique vindo de países vizinhos,

onde é alta a incidência de HIV/SIDA, como Malawi e Zâmbia, após o acordo de paz de 1992

e, até certo ponto, à mobilidade da população ao longo dos corredores de transporte que ligam

Moçambique e o porto de Beira a Zimbábue e a Malawi. (ILO, 2003)

A região Sul do Pais, é a fonte de grande parte dos trabalhadores emigrantes a África do

Sul. Alguns dos emigrantes, conseguem empregos nas plantações, e em empresas de

construção, enquanto outros podem se envolver na prostituição, e no crime organizado. (ILO,

2005)

Níveis elevados de infecção foram encontrados em Gaza (de onde a maior parte dos

mineiros trabalhadores das minas da África do Sul são originários), e Sofala, por ser

atravessada pela principal rota de exportação do Zimbabwe. (UNAIDS, 2006)

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De acordo com projecções do Banco Mundial, o crescimento da população entre 2000 e

2010, será de apenas 1.4% por ano, comparado aos 2,5% que seria com a ausência da

epidemia. Em 2010, espera-se que a população seja 87% menos do que seria sem a SIDA.

(ILO, 2005)

A maioria das pessoas agora HIV-positivas foram infectadas há vários anos atrás e

grande parte das novas infecções ocorrem numa idade precoce. A taxa de prevalência em

idades compreendidas entre os 15-24 anos é mais representativa de novas infecções e é uma

indicação da taxa de incidência. A prevalência do HIV entre mulheres jovens (15-24 anos), que

iam a consultas pré-natais, era de 14,4% em 2004. Esta taxa, resultou uma subida significativa

em 2007, passando para 16,2% em 2007. (MISAU/INE, 2007) citados por ILO (2003)

Como nos outros países africanos, o modo mais comum de transmissão do HIV em

Moçambique, é por relações heterossexuais, apesar da transmissão vertical contribuir com

cerca de 25% para esta taxa. Em termos de grupos de risco, a maioria das infecções estão

concentradas o longo das vias comerciais e de rotas rodoviárias. Populações móveis (mineiros,

trabalhadores emigrantes, motoristas, negociantes, trabalhadores do sector informal) e os seus

parceiros são afectados desproporcionalmente. (ILO, 2005)

Além disso, os progressos Sociais e Económicos desde o fim da guerra, a pobreza, os

elevados níveis de analfabetismo, e os movimentos dinâmicos entre as zonas urbanas e rurais,

bem como os movimentos fronteiriços, têm agravado a rápida disseminação da pandemia.

(ILO, 2005)

O PEN (2004), refere-se ao seguintes factores sócio-culturais e económicos como

facilitadores da infecção:

O nível de conhecimentos (inconsistência e falta de solidez nos conhecimentos

em relação ao HIV/SIDA);

Idade mediana precoce de inicio da vida sexual (16 anos para mulheres e 16.8

para os homens);

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Uso do preservativo mais elevado no meio urbano e quanto maior o nível de

escolaridade;

Trabalhadoras de sexo possuem baixa percepção do risco, originando fraca

capacidade de negociação;

Poder de negociação da mulher reduzido (devido ao acesso desigual a recursos, ao

analfabetismo, dependência económica, desigualdades de poder e autoridade na

família, na comunidade e sociedade em geral);

Práticas etno-culturais e Ritos de Purificação (rituais de purificação após ao luto,

como ku tchinga (após a morte do cônjuge, a mulher deve manter relações

sexuais com noutro homem, de preferência parente mais próximo do defunto) -

que expõe ambos os intervenientes no acto ao risco de infecção pelo HIV/SIDA);

Prática de relações homossexuais

Pobreza e condições de vida da população

Desemprego

Entrepostos de comunicações (locais de paragem ao longo dos corredores de

comunicação ferro e rodoviários, caminhos de ferro, terminais de transportes

rodoviários de carga e passageiros, e postos fronteiriços), sendo os frequentadores

deste locais, os motoristas, passageiros em transito, carregadores, maquinistas,

trabalhadores fronteiriços, estando por isso vulneráveis ao risco de contaminação

e transmissão das infecções pelo HIV;

Estaleiros fixos ou móveis de obras de engenharia, mercados informais em zonas

urbanas e peri-urbanas, acampamentos de pesca artesanal, são outros locais

vulneráveis, pela natureza das actividades desenvolvidas nestes locais;

Taxa de analfabetismo (em 2003, a taxa de analfabetismo para maiores de 15 anos

era de 53,6%).

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2.3 Impacto do HIV/SIDA no Local de Trabalho

A grande maioria dos seropositivos são pessoas de 15 a 49 anos, ou seja, trabalhadores

na faixa etária mais produtiva. A epidemia diminui a expectativa de vida, que deve cair de 60

para cerca de 30 anos até 2010, nas regiões mais atingidas da África Austral. Cerca de 36 dos

40 milhões de pessoas vivendo com o HIV exercem uma actividade produtiva sob uma forma

ou outra, e pelo menos 26 milhões de trabalhadores são seropositivos. (ILO, 2006)

De acordo com estimativas da ILO (2001), cerca de 20 milhões de trabalhadores vivem

com o HIV/SIDA. O tamanho da força de trabalho em países com grande prevalência será

cerca de 10 a 30% menor do que seria sem a SIDA. Em 1999, por exemplo, 80% das novas

infecções no Ruanda, Tanzânia, Uganda e Zâmbia, possuíam idades compreendidas entre os 20

e 49 anos.

As projecções mostram que em 2005, a força de trabalho em Moçambique, reduziu em

cerca de 418.000 mulheres e 354.000 homens. Moçambique pode vir a perder até 2020, 17%

da sua força de trabalho, devido ao HIV/SIDA. Em termos absolutos, isto representa uma perca

de cerca de 2.2 milhões de trabalhadores. (ILO, 2005)

A população adulta economicamente activa está a caminhar para a desestabilização;

Muitos provedores de serviços estão a cair doentes devido ao HIV-SIDA, e outros estão a ser

forçados a tirar férias para serem provedores de saúde ou para realizar funerais. (ECoSIDA,

2006)

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A ILO (2006), refere-se a algumas consequências, nomeadamente:

Discriminação no emprego e estigmatização no local de trabalho

Aumento dos custos de mão-de-obra para as empresas (seguro de saúde,

reconversão, etc);

Desestímulo dos investidores e entrave ao desenvolvimento das empresas

Aumento da carga de trabalho das mulheres, que devem combinar trabalho

produtivo e cuidados aos doentes;

Evasão escolar dos órfãos e das crianças afectadas, obrigadas a trabalhar;

Crescente pressão das mulheres e adolescentes, obrigados a se prostituírem para

sobreviver.

A ILO (2001) refere-se a alguns exemplos do impacto do HIV/SIDA nos locais de

trabalho, nomeadamente:

A maior companhia de cimentos da Zâmbia reportou que o absentismo para

assistência a funerais aumentou em 15 vezes no período de 1992-1995.

No Quénia, 43 dos 50 trabalhadores dos Serviços de receita faleceram em

1998 devido a SIDA;

Algumas companhias mineiras da África do Sul acreditam que 40 % da sua

força de trabalho pode ter HIV/SIDA.

De acordo com o Sindicato agrícola do Zimbabwe, a SIDA reduziu a

produção do trigo em 61 %, do algodão em 47%, dos vegetais em 49%, e de

amêndoa em, 37%.

Uma das maiores companhias de transporte no Zimbabwe, com cerca de

11500 trabalhadores, reportou que 3400 destes eram seropositivos em 1996.

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2.3.1 Impacto do HIV no Sector Económico e Produtivo

O HIV/SIDA é um obstáculo para o crescimento económico em Moçambique, dado que

a maioria da população infectada são parte da força activa de trabalho, muitos dos quais

envolvidos no sector informal com pouco ou nenhum acesso a qualquer tipo de programas de

HIV/SIDA no local de trabalho. (ILO, 2005).

O HIV/SIDA atinge o segmento mais produtivo de mão-de-obra; estima-se que dos 40

milhões de pessoas que vivem actualmente com o HIV, 80 % são adultos e pelo menos 26

milhões são trabalhadores com idade entre os 15 e 49 anos. (OIT, 2003)

Em muitos países, as empresas registram um aumento do absentismo, da rotatividade

de pessoal e dos custos de contratação e treinamento. Somam-se a isso os gastos relativos aos

diversos seguros: acompanhamento médico, seguros, fundos de pensão e custos funerários.

(ILO, 2006)

De acordo com a OIT (2001), o HIV-SIDA tornou-se numa terrível ameaça para o

mundo do trabalho: atinge o segmento mais produtivo de mão-de-obra, reduz os seus lucros,

aumenta consideravelmente as despesas das empresas de todos os sectores de actividade,

porque reduz a produção, aumenta os custos de trabalho, conduz a uma perda de competências

e de experiência. Representa, por outro lado, uma ameaça para os direitos fundamentais do

trabalho, nomeadamente com a discriminação e a estigmatização de que são vitimas os

trabalhadores e as pessoas que vivem com o HIV-SIDA.

À medida que o impacto do HIV/SIDA nas empresas se torna mas visível, os dirigentes

das empresas vão tomando cada vez maior consciência sobre as vantagens de criar programas

sobre o HIV/SIDA nos seus locais de trabalho. A SIDA faz-se sentir no local de trabalho

através de uma série de formas, como ilucida a ONUSIDA (1998):

A perda de mão-de-obra (incluindo pessoal experiente e pessoal formado);

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O aumento das taxas de absentismo entre os trabalhadores devido a doenças

relacionadas com a SIDA;

O aumento dos custos de recrutamento e formação;

A baixa produtividade dos novos trabalhadores;

O aumento dos custos com os cuidados de saúde;

Assim, de acordo com a ONUSIDA (1998), a epidemia do HIV/SIDA ameaça a capacidade

dos empregadores de :

Manter os níveis de produtividade e rendimento;

Conservar na empresa uma força de trabalho estável e qualificada, inclusive

gerentes e supervisores em posições chave;

Financiar regimes de pensão variáveis e pacotes de auxílios (doença & morte);

Manter e expandir os seus mercados;

No caso das pequenas e médias empresas (PME’s), o HIV/SIDA pode

comprometer a sobrevivência do negócio.

Em Moçambique, haverá inevitavelmente uma população activa menor por causa do

HIV/SIDA, da ordem de 10 a 20%, no total, embora a magnitude da redução das ofertas de

mão-de-obra possa ser muito maior se a transmissão do HIV continuar a crescer na próxima

década. Essa força de trabalho será mais jovem e menos bem-dotada de atributos educacionais

e outros essenciais para o desenvolvimento, e será essencial que formuladores de política e

outros agentes sociais levem esses factores em consideração quando planearem o

desenvolvimento futuro de Moçambique. (ILO, 2003)

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2.3.2 Impacto do HIV no Sector da Educação

De acordo com a UNAIDS (2006), além dos conflitos armados e das taxas de

fertilidade elevadas, o HIV é o maior obstáculo na provisão de um sistema de educação de

qualidade.

Apesar das taxas de prevalência e morte variarem enormemente, em alguns países o

impacto do HIV nos professores é crítico. Por exemplo, a Tanzania precisa de 45 000

professores adicionais para repor os que faleceram ou deixaram a educação devido à SIDA.

(IPPF, 2003)

Na África do Sul, os sistemas de educação têm enfrentado uma série de problemas.

Apesar de o número da idade escolar (6-18 anos) ter aumentado, o sistema tem falhado. Isto é

devido a uma variedade de factores, incluindo um acréscimo na proporção de crianças

vulneráveis, cujo acesso a escola é restrito. Ao mesmo tempo, o número total de professores

públicos está a decrescer: entre 1998 e 2003, houve uma redução de 5 %. (IPPF, 2003)

A prevalência do HIV entre os professores Sul-áfricanos é de 21 % entre os de idade

compreendida entre os 25- 34 anos e de 13% entre os de idade entre os 35-44 anos. (UNAIDS

(2006)

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De acordo com o PEN (2004), o impacto do HIV/SIDA sobre a qualidade da educação

foi analisada, sendo que, as seguintes consequências serão esperadas:

Em relação aos alunos, prevê-se um aumento das taxas de desistência e

repetência à medida que as crianças afectadas se ajustam às perdas de

rendimentos e de força de trabalho resultantes das mortes dos seus

progenitores.

Considerando-se também a capacidade dos professores em prestarem

serviços, teremos o aumento do número de dias de doença e, dado a

instabilidade emocional, causada pela doença, espera-se uma diminuição no

desempenho profissional na sala de aulas.

O número de professores infectados e óbitos, o absentismo, trará

consequências na aprendizagem dos alunos. Em Moçambique, supõe-se que

até 2010, haverá uma perda de cerca de 9,200 professores. (MISAU, 2006)

Numa outra perspectiva, espera-se os seguintes efeitos sobre a demanda de educação

em Moçambique (ILO, 2003):

Redução global na demanda de educação, principalmente devido ao impacto

demográfico do HIV/SIDA (com a queda da fecundidade, menos mulheres,

devido ao impacto da SIDA, e mortalidade infantil mais elevada), agravado

pela crescente pobreza, pelo aumento do desvio de crianças para trabalho

doméstico, etc.

O impacto de mudanças na demanda de educação será sentido no nível

primário, continuando a educação secundária e terciária (actualmente de

oferta restrita) a atrair alunos.

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A queda estimada na demanda que enfrenta o curso primário será de 13,3%

por volta de 2010, com efeitos visivelmente diferenciados por região (com a

região central enfrentando uma queda de 18%).

O Ministério da Educação perderá também, conforme projectado, pessoal

experiente tanto no âmbito da sede como no âmbito provincial (estimam-se

em 73 administradores, planeadores, séniores, etc. na sede e 50 no âmbito

provincial), perfazendo um total de perda de pessoal de 17% por volta de

2010. Essas baixas representam perda substancial no sector da educação.

2.3.3 Impacto do HIV no Sector de Saúde

A epidemia de HIV-SIDA tem causado cargas improcedentes nos escassos recursos

do sector de saúde existentes. Pessoas que padecem de HIV e de doenças relacionadas,

ocupam mais de metade das camas de todos os hospitais na África Sub-Sahariana. Em

países Áfricanos, estudos mostram que entre 19 a 53% de todos as mortes no sector de

saúde do governo são causadas pela SIDA. (UNAIDS, 2006)

Em Moçambique, supõe-se que haverá uma perca de cerca de 15% de trabalhadores

de Saúde ou 1500 profissionais de saúde até 2010 (MISAU, 2006), reduzindo a capacidade

de reacção perante desafios da epidemia, aumentando as limitações estruturais de rede.

A nível nacional, o sector público é o maior provedor de saúde, não estando este

sector devidamente equipado para lidar com a pandemia. Moçambique possui o menor

número de médicos per capita em África, e 46% dos sectores primários de saúde foram

destruídos pela guerra civil (ILO,2005).

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Anualmente, existe uma perda de cerca de 7% dos trabalhadores de saúde, devido a

transferência ou mortes (ILO,2005). O Botswana, por exemplo, perdeu cerca de 17% dos seus

trabalhadores de saúde devido a SIDA entre 2000 e 2005 (UNAIDS, 2006).

Respostas pró-activas e construtivas ao HIV-SIDA no local de trabalho podem

contribuir para uma melhoria das relações trabalhistas e garantir a continuidade da produção

(OIT, 2003).

2.4 Legislação sobre o HIV/SIDA nas organizações

2.4.1 Directrizes práticas sobre o HIV e o mundo do trabalho

O Bureau Internacional do Trabalho (OIT), produziu as directrizes práticas sobre o HIV

e o mundo do trabalho, com o objectivo de estas se tornarem num instrumento para travar a

expansão da epidemia, atenuar o seu impacto junto dos trabalhadores e das suas famílias,

estabelecer uma protecção social que ajude a combater a doença. As directrizes enunciam os

princípios básicos sobre os quais deve assentar a acção contra a epidemia no local de trabalho:

o reconhecimento do HIV/SIDA como questão relacionado com o local de trabalho, o diálogo

social, a não discriminação, a igualdade entre homens e mulheres, a prevenção e o rastreio da

doença, a confidencialidade, a responsabilização, e o apoio às pessoas afectadas.

Esta recolha deve ser utilizada para formular programas e medidas de prevenção e de

responsabilização adaptadas ao local de trabalho, como também estratégias para os

trabalhadores contratados ao sector informal da economia. (OIT, 2001)

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Esta recolha deve ser utilizada para atingir os seus objectivos, através:

a) De medidas concretas assumidas na empresa, mas também à escala comunitária,

regional, sectorial, nacional e internacional;

b) Da promoção do diálogo, de trocas de opiniões, de negociações e de todas as

formas de cooperação entre governos, empregadores, e trabalhadores e os seus

representantes, agentes de saúde no trabalho, especialistas em questões relacionadas

com o HIV/SIDA e todos os parceiros oportunos (organizações comunitárias e não

governamentais-ONG);

c) Da aplicação das disposições desta recolha, por consulta com os parceiros sociais:

A legislação, as politicas e os programas de acção nacionais;

Nos locais de trabalho/empresas, e

Nas politicas e planos de acção aplicados no local de trabalho.

2.4.2 O Código sobre HIV/SIDA e o emprego na SADC

O código sobre o HIV/SIDA e o emprego na Comunidade de Desenvolvimento da

África Austral (SADC), tem como objectivo garantir a não discriminação entre indivíduos

infectados com HIV e os não infectados, assim como entre o HIV/SIDA e outras condições de

saúde comparáveis.

Este baseia-se nos princípios fundamentais dos direitos humanos e dos direitos dos

doentes, padrões e orientações regionais e da OMS/OIT, princípios éticos da saúde e da

Medicina Ocupacional, dados de pesquisa epidemiológica, pratica económica prudente e uma

atitude humana e de compaixão para com os indivíduos.

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Esta abordagem visa alcançar um equilíbrio na protecção dos direitos de todas as

partes, nomeadamente os portadores e não portadores de HIV, empregadores, trabalhadores,

estado e outros. Os trabalhadores com HIV devem ser tratados da mesma forma que quaisquer

outros trabalhadores. Trabalhadores com doenças relacionadas com HIV incluindo SIDA

devem ser tratados da mesma forma que qualquer outro trabalhador com uma doença fatal.

O referido código abrange:

Todos os trabalhadores e futuros trabalhadores

Todos os locais de trabalho e contratos de trabalho

Todos os seguintes componentes: acesso ao emprego, testes no local de

trabalho, confidencialidade, oferta de emprego, estatuto no emprego, segurança

no trabalho, benefícios ocupacionais, formação, redução de riscos, primeiros

socorros, compensação dos trabalhadores, educação e sensibilização, programas

de prevenção, gestão de doenças, protecção contra a estigmatização, gestão de

ofensas, informação, controle e revisão.

2.4.3 Legislação Nacional – Lei n 5/2002 de 5 de Fevereiro

Pelo facto de a pandemia do HIV/SIDA, seus efeitos e impacto na sociedade

moçambicana estarem a assumir proporções consideráveis e já constituir uma ameaça objectiva

ao exercício dos direitos fundamentais do cidadão, a harmonia social e ao desenvolvimento do

país, foi criada a Lei n° 5/2002 de 5 de Fevereiro.

A Lei n°5/2002 de 5 de Fevereiro estabelece os princípios gerais visando garantir que

todos os trabalhadores e candidatos a emprego não sejam discriminados nos locais de trabalho

ou quando se candidatam a emprego por serem suspeitos ou portadores de HIV.

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A lei aplica-se a todos os trabalhadores e candidatos a emprego, na Administração

Pública e outros sectores públicos ou privados, incluindo os trabalhadores domésticos. De um

modo geral, a lei abrange os pontos abaixo mencionados:

Proibição de testes (proíbe a realização de teste de HIV aos

trabalhadores/candidatos a emprego, sem o consentimento destes);

Privacidade e confidencialidade (Trabalhadores seropositivos gozam de direito

a confidencialidade);

Consentimento do trabalhador (o trabalhador não deve ser obrigado a informar o

facto de estar infectado ou não)

Igualdade de oportunidades (o trabalhador não deve ser discriminado nos seus

direitos de trabalho, formação, promoção e progresso na carreira)

Infecção no local de trabalho (trabalhadores infectados nos locais de trabalho

têm direito a assistência médica e medicamentosa)

Reorientação profissional (treino e reorientação dos trabalhadores inaptos para

desempenhar as suas funções laborais);

Assistência medica e medicamentosa (a entidade empregadora deve manter a

assistência medica e medicamentosa devida ao trabalhador infectado);

Regime de faltas e licenças (as faltas por doença do trabalhador seropositivo são

consideradas justificadas);

Despedimento sem causa justa (ao trabalhador despedido por estar infectado, é

considerado despedimento sem justa causa);

Indemnização (eleva-se ao dobro a indemnização do trabalhador despedido por

ser seropositivo);

Serviços de informação e aconselhamento (entidade empregadora deve criar

serviços de informação, educação e aconselhamento, para prevenir o contágio

com HIV/SIDA);

Riscos de infecção (trabalhadores infectados devem abster-se de

comportamentos que coloquem em risco de contágio outras pessoas).

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Constituem sanções para as empresas moçambicanas que não cumprirem a lei 5/2002, as

seguintes:

Pena de multa correspondente a 50 salários mínimos, que se agrava se se tratar de

uma segunda infracção e seguintes;

A quebra da confidencialidade é condenável a cinquenta salários mínimos

É penalizado em 100 salários mínimos todo aquele que obrigar o trabalhador a

informar ao seu empregador acerca do facto de estar infectado com HIV/SIDA,

marcar falta injustificada por doença ao trabalhador.

A multa de cento e cinquenta salários mínimos é aplicável a quem discriminar o

trabalhador infectado nos seus direitos de trabalho, formação, promoção e

progresso na carreira.

2.5 Estratégias de combate ao HIV/SIDA nas organizações Em Moçambique, algumas empresas tomaram iniciativas para promover actividades no local

de trabalho (ILO, 2003):

Em 1999/2000, a ECS (Empresários contra a Sida), vários actores sociais, e o CNCS

desenvolveram um levantamento na linha de base das percepções do HIV/SIDA entre as

empresas (donde apenas 64 responderam de um total de 1000 contactadas).

As conclusões do levantamento são dignas de atenção.

Nenhuma das empresas tinha um ponto focal de HIV/SIDA.

Nenhuma das empresas tinha realizado alguma avaliação das questões de HIV/SIDA na

firma.

Nenhum programa de HIV/SIDA no local de trabalho tinha sido desenvolvido por

alguma empresa respondente.

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Nenhuma tinha jamais realizado actividades para promover a conscientização entre a

força de trabalho com relação a HIV/SIDA.

Nenhuma tinha algum programa de distribuição de preservativos entre os trabalhadores.

A International Planned Parenthood Federeation – IPPF (2003), dá exemplos de boas

práticas, exemplos bem sucedidos de processos de divulgação e conscientização do HIV/SIDA:

a) Um dos mais altos índices de HIV entre jovens adultos no mundo, é o da Botswana,

com cerca de 40 %. A Associação para o bem estar familiar da Botswana, está a

trabalhar com escolas, autoridades da área de educação, gerência escolar, alunos e

pais, para que a educação sobre o HIV/SIDA seja ampliada. O objectivo é a

integração da educação acerca de HIV/SIDA nas escolas.

b) A associação de saúde Reprodutiva da Cambodia, através de educadores de pares

transmitem conhecimentos a garotas de cerveja (beer prommotion girls), nos seus

locais de trabalho. Esta associação está a persuadir os gerentes daquelas companhias

a acrescentar assuntos educativos nas suas reuniões.

c) Um projecto envolvendo homens da Associação de Planeamento familiar (APF) no

Quénia teve êxito em persuadir cerca de 90 empregadores, permitindo que fosse

prestado atendimento a seus funcionários, nos locais de trabalho (fábricas, plantações

de Cana de Açúcar, empresas dos sectores públicos e privados), sendo estes

responsáveis pela distribuição de 80 % dos preservativos distribuídos pelo projecto.

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De acordo com o Manual de programas de prevenção para o HIV/SIDA no local de

trabalho citado por ILO (2001), vários países têm tido sucessos no que se refere ao decréscimo

das taxas de infecção pelo HIV. Porém, estes países, aconselham que é necessário um

acompanhamento para que se possa assegurar progressos, e que novas áreas de infecção não

surjam. Abaixo, seguem alguns exemplos desses :

Uma empresa de engenharia, a Larsen & Tourbo, na Índia, possui uma história de resposta

ao HIV/SIDA desde 1985. De um modo geral, a companhia possui:

Programas de Educação ( formando 85 formadores, e trabalhadores Sociais em 200

programas de educação, que teve um alcance de 10.000 trabalhadores, 4.500

membros das famílias e 1.500 crianças em idade escolar)

Programas de apoio – a empresa promove a não-discriminacão, e o apoio as

pessoas portadoras de HIV, bem como aconselhamento e assistência para os

afectados.

Divulgação da mensagem - esta empresa ajudou um grupo de 13 outras empresas

no estabelecimento de políticas.

A empresa de Electricidade da Costa do Marfim, CIE possui programas anti-HIV como

a distribuição de preservativos, tratamento anti-retroviral confidencial para os trabalhadores

seropositivos. Esta empresa providencia igualmente educação às comunidades próximas dos

seus escritórios, em especial aquelas onde existem níveis elevados de prostituição.

A colecção Melhores Práticas da ONUSIDA (2005), dá exemplo de três companhias

que implementaram politicas de HIV nos seus locais de trabalho:

a) Anglo American Sarl

A Anglo American Sarl é uma das maiores empresas mineiras e de recursos naturais do

mundo, com divisões de ouro, platina, diamantes, papel e material de condicionamento, carvão,

metais e ferro e minerais industriais.

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A empresa tem 193.000 empregados em 61 países, com o maior número deles

(139.000) na África oriental e austral. A Anglo American Corporation da África do Sul é a

maior companhia da África do Sul.

Por uma série de razões, a maioria dos empregados da Anglo American na África-do-

Sul (os seus mineiros) corriam o risco de contrair a infecção por HIV, sendo uma delas o facto

dos seus salários serem muito superiores à média sul-áfricana; Estes trabalhadores têm dinheiro

e oportunidades para atrair e utilizar trabalhadores sexuais. Ao mesmo tempo, vivem num meio

cultural em que as questões sexuais são rodeadas de segredo, o que dá origem a um ambiente

ideal para propagação do HIV.

Por estes motivos, a companhia reconheceu a necessidade de estabelecer uma política e

programas destinados a evitar a propagação do HIV e assim lançou programas de educação e

sensibilização.

A política da empresa apoia respostas essenciais à epidemia, como: eliminação de

estigma e discriminação baseados em seropositividade real ou suposta; prevenção de novas

infecções; cuidados e apoio a empregados infectados e afectados pelo HIV; e gestão e

atenuação do impacto.

A política é regularmente revista para entrar em concordância com a progressão da

epidemia; os desenvolvimentos em cuidados médicos; a experiência em prevenção de novas

infecções e tratamento do HIV e da SIDA no local de trabalho; o seu impacto sobre os planos

dos benefícios sociais dos empregados; e alterações em legislação relevante.

Campanhas de educação e sensibilização são uma parte vital da estratégia do grupo de

luta contra o HIV e a SIDA. Canções e teatro são maneiras eficazes e muito utilizadas de fazer

passar em todo o grupo mensagens sensíveis. As mensagens de prevenção, incluindo materiais

de formação e publicações educacionais, entram em linha de conta com as diferentes culturas e

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estilos de vida, e são produzidas nos idiomas locais. Quando necessário, tarefas, horários e

condições de trabalho são adaptados para que o empregado possa continuar a trabalhar.

b) BHP Billiton

A BHP Billiton é a maior companhia de recursos diversificados do mundo. É um líder

mundial em fornecimento de alumínio, energia, carvão e carvão metalúrgico, cobre, ligas de

ferro, minério de ferro e minerais de titânio, e grandes quantidades de óleo, gás natural

liquefeito, níquel, diamantes e prata.

Durante a última década ou mais, BHP Billiton tem considerado o HIV e a SIDA como

uma das questões mais importantes em economia e desenvolvimento. As suas diferentes

actividades têm realizado estudos de prevalência para avaliar os níveis de HIV, normalmente

de três em três anos. Em todos os casos, a detecção mostrou que a prevalência entre a força de

trabalho é inferior à encontrada na comunidade local.

A prevalência entre os trabalhadores tem sido em média de 14% e durante os últimos

três a quatro anos tem vindo a diminuir. Entre as razões para esta redução encontram-se:

Educação sobre o HIV/SIDA ligada a alteração de comportamento; Os membros do pessoal

têm tendência para ter níveis de instrução mais altos do que em outras companhias, sendo que a

maioria deles tem no mínimo nível secundário e o movimento geral do pessoal é pequeno.

A BHP Billiton tem lutado contra o HIV de várias formas : Desenvolveu e

implementou vastos programas de educação e sensibilização em todas as suas actividades, e

concentrou-se cada vez mais em cuidados, apoio e tratamento. Desde 1995, também procurou

resolver as questões sociais subjacentes que favorecem a epidemia, tais como a separação

longa entre homens e suas famílias, os sistemas de trabalho de migrantes e desigualdades

baseadas nas diferenças de sexo.

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Nos últimos anos, a companhia concentrou-se principalmente em evitar a infecção por

HIV entre a sua força de trabalho por meio de programas de educação. Em muitas

comunidades onde a companhia opera, os programas de sensibilização foram estendidos às

escolas locais e aos profissionais do comércio do sexo. Ao mesmo tempo, a companhia

promove a não-discriminação e franqueza sobre o HIV-SIDA e informa os empregados sobre

os seus direitos e regalias.

Estudos periódicos sobre “conhecimento, atitudes e prática” sobre o HIV-SIDA são

realizados em todas as actividades na África do Sul e a todos os níveis de empregados. Estes

estudos são repetidos todos os 18 ou 24 meses para medir alterações em comportamento e

atitudes, e avaliar a eficácia do programa de intervenção.

Em todas as actividades da companhia há distribuição de publicações sobre o HIV e a

SIDA e disponibilidade de preservativos gratuitos. A formação tem a participação de

empregados de todos os níveis, e os educadores-colegas encorajam as pessoas a procurar

aconselhamento e detecção voluntários pagos pela companhia.

Todos os empregados também beneficiam do programa de bem-estar da companhia o

qual promove estilos de vida sãos – conselhos sobre dieta, exercício e relações sexuais seguras,

assim como informações sobre abuso de álcool, tabaco, drogas, etc. O programa destina-se a

ajudar os empregados que vivem com o HIV a reforçar os seus sistemas imunitários.

c) Eskom

A Eskom é uma empresa pública que produz, transmite e distribui electricidade. Esta

produz cerca de 95% da electricidade utilizada na África-do-Sul e tem cerca de 30.000

empregados espalhados em 37 instalações e divididos entre a distribuição e a produção. Em

meados dos anos 1980, era evidente que a SIDA iria representar um desafio para muitos países

áfricanos incluindo a África do Sul. A Eskom determinou uma política de HIV em 1988, que

cobria educação, formação e aconselhamento.

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Esta política sublinha a importância de educação e informação, confidencialidade,

aconselhamento e detecção voluntários, e não discriminação. Em todas as suas instalações, os

programas de prevenção e sensibilização de Eskom utilizam métodos comprovados tais como

expressão teatral, prevenção e questões de direitos humanos e educadores-colegas treinados

(mais de 1200 até agora). Desde o início dos programas, a companhia tem feito verificações

permanentes para melhorar a sua eficácia.

Na maioria das instalações sanitárias da companhia existem distribuidores de

preservativos masculinos, e os seus postos de saúde prestam gratuitamente tratamento para

infecções sexualmente transmissíveis. Sessões dirigidas por empregados que vivem com o HIV

ajudam a abordar a questão do estigma. O aconselhamento e detecção voluntários são

fortemente promovidos, e o primeiro teste é pago pela Eskom.

À medida que aumentaram os conhecimentos sobre a epidemia, os programas da

companhia tiveram de evoluir. Como aumenta o número de empregados que desenvolvem

doenças relacionadas com a SIDA, Eskom está a concentrar-se mais em tratamento, cuidados e

apoio sem diminuir o seu trabalho de prevenção.

A Eskom oferece aos seus empregados que vivem com o HIV uma série de programas

de cuidados, apoio e tratamento incluindo: integração do HIV/SIDA no programa de bem-estar

oferecido a todos os empregados; terapia anti-retroviral quando indicado; tratamento para

infecções oportunistas como a tuberculose; tratamento para infecções sexualmente

transmissíveis; apoio psicológico por meio de aconselhamento – prestado no local de trabalho e

no exterior; grupos de apoio para pessoas vivendo com o HIV; ajuda global ao empregado;

adaptação razoável tal como mudança de trabalho e reformas por má saúde; e programas de

cuidados a domicílio para empregados e famílias.

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MÉTODO

3.1 Tipo de Investigação

Esta pesquisa é exploratória e descritiva em simultâneo, com a abordagem qualitativa e

quantitativa. De acordo com Bogdan (2004), a investigação qualitativa é um termo genérico

que agrupa diversas estratégias de investigação que partilham determinadas características. Os

dados recolhidos são designados por qualitativos, o que significa ricos em pormenores

descritivos relativamente a pessoas, locais e conversas, e de complexo tratamento estatístico.

As questões a investigar não se estabelecem mediante a operacionalizacão de variáveis, sendo

formuladas com o objectivo de investigar os fenómenos em toda a sua complexidade e em

contexto natural.

Para Creswell (1994), o investigador quantitativo vê a realidade como objectiva e

singular, sendo por isso, independente do investigador, o que a torna livre de enviesamento.

Este tipo de investigação, é dedutiva, sendo que, as generalizações levam a predição,

explicação e entendimento do factor em estudo. Na abordagem quantitativa, os conceitos, as

variáveis e as hipóteses são escolhidas antes do estudo começar, e mantém-se as mesmas

durante o estudo.

A investigação qualitativa é frequentemente designada por naturalista, porque o

investigador frequenta os locais em que naturalmente se verificam os fenómenos nos quais está

interessado, incidindo os dados recolhidos nos comportamentos naturais das pessoas. (Bogdan,

2004)

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3.2 Participantes

A população desta pesquisa foi definida como todas as empresas membros da ECoSIDA,

que correspondem a um total de 37 empresas. Foram seleccionadas para participar no estudo

oito (8) empresas (amostra de conveniência) membros da Associação dos empresários contra a

SIDA (ECoSIDA): Mozal, Ceta Construcoes e Serviços SARL, Catucha trading, Kudumba,

Kempe, Coca-Cola Sabco, Standard Bank, e Brittish American Tobacco, Lda., conforme se

passa a descrever abaixo. Das 8 empresas que fizeram parte da amostra, duas são de média

dimensão e as restantes de grande dimensão (vide tabela 2).

Tabela 2: Dimensão das Empresas Pesquisadas

0 1 1,0% 100,0% 100,0%

,0% 16,7% 12,5%

0 1 1,0% 100,0% 100,0%

,0% 16,7% 12,5%

0 1 1,0% 100,0% 100,0%

,0% 16,7% 12,5%

1 0 1100,0% ,0% 100,0%

50,0% ,0% 12,5%

0 1 1,0% 100,0% 100,0%

,0% 16,7% 12,5%

0 1 1,0% 100,0% 100,0%

,0% 16,7% 12,5%

0 1 1,0% 100,0% 100,0%

,0% 16,7% 12,5%

1 0 1100,0% ,0% 100,0%

50,0% ,0% 12,5%

2 6 825,0% 75,0% 100,0%

100,0% 100,0% 100,0%

25,0% 75,0% 100,0%

Nº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresaNº de inquiridos% Empresa% Dimensão daEmpresa% of Total

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Média Grande

Dimensão daEmpresa

Total

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Standard Bank O Grupo Standard Bank ("GSB") é a maior instituição bancária e financeira em África no

sector dos serviços financeiros, estando a casa-mãe está sedeada em Joanesburgo.

O Standard Bank, é uma instituição bancária Comercial, empresa cujo sector de actividade é o

Comércio, constituído por cerca de 451 trabalhadores. O Standard Bank Moçambique registou

um bom crescimento de todas as áreas de negócio em 2005, ajudado em parte por uma

economia Moçambicana em franco crescimento.

Kudumba

Empresa que se dedica à comercialização de material de construção, composta por cerca de 50

trabalhadores, cujo sector de actividade é o comércio.

Kempe

Empresa do sector Industrial, composta por cerca de 236 trabalhadores, cuja principal

actividade está ligada ao fornecimento de serviços à Mozal.

Coca- Cola

Composta por cerca de 800 trabalhadores, a Coca-Cola Moçambique é parte do grupo Coca-

Cola SABCO, um grupo de companhias encontradas em 12 países da África e Ásia. A Coca-

Cola Moçambique oferece bebidas a milhões de pessoas, num sistema de distribuição bem

estabelecido. Dentre os seus produtos, podemos citar Coca-Cola, Fanta, Sprite, água tónica,

soda, Bibo, Lemon Twist e água Dasani.

Mozal

Empresa do sector Industrial, sediada em Maputo, que se dedica à extracção e processamento

de alumínio. Foi inaugurada em 1998, tendo sido até o momento da sua inauguração, o maior

projecto realizado até a época em questão. Possui actualmente cerca de 2000 trabalhadores.

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Catucha Trading

Esta empresa, que tem vindo a operar desde 1998, é composta por cerca de 129 trabalhadores,

e está ligada ao sector de prestação de serviços de Marketing e Publicidade (organização de

conferências, baptizados, casamentos, encontros de negócios, entre outros).

Ceta Construções e Serviços

Sediada em Maputo a empresa é composta por 2395 trabalhadores, estando ligada ao sector

Industrial. Esta, é responsável pela prestação de serviços de construção e manutenção de infra-

estruturas.

Brittish American Tobacco

Esta empresa, dedica-se à produção e comercialização de tabacos, é composta por cerca de 140

trabalhadores e possui filiais nas províncias de Nampula e Sofala. É responsável pela produção

de marcas como Safari, Pall Mall, GT, e comercialização de marcas como Peter Stuyvesant,

Marlboro, entre outras.

No âmbito das oito empresas pesquisadas, seleccionou-se uma amostra de conveniência

de pessoas a inquirir totalizando 44 inquiridos, dos quais 81.8% eram trabalhadores e os

restantes 18.2% gestores dos programas de HIV/SIDA. Pode-se notar a partir da tabela 3,

abaixo, que o menor nível de respostas corresponde ao grupo de trabalhadores do Standard-

Bank, com um percentual de cerca de 8%.

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39

Tabela 3: Distribuição dos trabalhadores inquiridos por Empresa

Grupos Inquiridos Total Trabalhador Gestor de HIV

Count 3 1 4

% Empresa 75,0% 25,0% 100,0%

% Grupos Inquiridos 8,3% 12,5% 9,1%

Standard Bank

% of Total 6,8% 2,3% 9,1%

Count 5 1 6

% Empresa 83,3% 16,7% 100,0%

% Grupos Inquiridos 13,9% 12,5% 13,6%

Mozal

% of Total 11,4% 2,3% 13,6%

Count 5 1 6

% Empresa 83,3% 16,7% 100,0%

% Grupos Inquiridos 13,9% 12,5% 13,6%

BAT

% of Total 11,4% 2,3% 13,6%

Count 4 1 5

% Empresa 80,0% 20,0% 100,0%

% Grupos Inquiridos 11,1% 12,5% 11,4%

Kudumba

% of Total 9,1% 2,3% 11,4%

Count 4 1 5

% Empresa 80,0% 20,0% 100,0%

% Grupos Inquiridos 11,1% 12,5% 11,4%

KEMPE

% of Total 9,1% 2,3% 11,4%

Count 5 1 6

% Empresa 83,3% 16,7% 100,0%

% Grupos Inquiridos 13,9% 12,5% 13,6%

CETA

% of Total 11,4% 2,3% 13,6%

Count 5 1 6

% Empresa 83,3% 16,7% 100,0%

% Grupos Inquiridos 13,9% 12,5% 13,6%

Coca-Cola

% of Total 11,4% 2,3% 13,6%

Count 5 1 6

% Empresa 83,3% 16,7% 100,0%

% Grupos Inquiridos 13,9% 12,5% 13,6%

Empr

esa

Catucha

% of Total 11,4% 2,3% 13,6%

Count 36 8 44

% Empresa 81,8% 18,2% 100,0%

% Grupos Inquiridos 100,0% 100,0% 100,0%

Total

% of Total 81,8% 18,2% 100,0%

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40

De acordo com McDaniel e Gates (2003), citados por Martins (2007), a amostra

intencional, consiste num tipo de amostra não-probabilistica em que a escolha dos elementos

amostrais não obedeceu a nenhum critério estatístico, seguindo apenas a conveniência ou

julgamento. Este tipo de amostra tem como limitação não garantir a representatividade da

população e nem é capaz de calcular os erros de amostragem.

3.3 Instrumentos

O Instrumento usado para a obtenção de dados nesta pesquisa foi o questionário de auto-

preenchimento, anónimo, concebido pela autora. Este, foi elaborado em duas vertentes

semelhantes, uma destinada aos empregadores (pontos focais), e uma aos trabalhadores, ambas

com questões fechadas e abertas (vide anexos).

O questionário de auto-preenchimento é composto por questões nas quais se pretende obter

dados relativos às estratégias de resposta ao HIV/SIDA nas empresas pesquisadas. De acordo

com Goldenberg (2000), o questionário é uma técnica menos dispendiosa do que a entrevista,

exige menor habilidade para a aplicação, pode ser aplicado a um grande número de pessoas em

simultâneo, as frases padronizadas garantem maior uniformidade para a mensuração, e os

pesquisados se sentem livres para exprimir opiniões que temem ser desaprovadas, sendo por

isso a técnica adequada para esta pesquisa.

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41

3.4 Procedimentos

O primeiro passo para a condução desta pesquisa, foi a solicitação da realização do

estágio na ECoSIDA, o qual foi aceite. Uma vez que a autora estava a estagiar na ECoSIDA,

foi-lhe facultada uma credencial, que era apresentada as empresas pesquisadas, isto é, as

empresas membros da ECoSIDA. Antes porém, as empresas pesquisadas mostravam a sua

disponibilidade em receber a autora.

Deste modo, a autora, dirigindo-se às empresas, e tendo o contacto com os pontos

focais (gestores dos programas de HIV-SIDA), explicava os objectivos, bem como a

importância da realização da pesquisa.

Na maior parte das empresas, a autora deixava ficar os questionários, com os pontos

focais, que distribuíam pelos outros trabalhadores, e ao recolhia alguns dias depois, porém, em

algumas empresas, os grupos focais enviavam os questionários para a ECoSIDA, que eram

depois recolhidos pela pesquisadora. Esta foi a fase mais complicada da pesquisa, pois a

pesquisadora teve algumas dificuldades no que concerne ao cumprimento dos prazos de

preenchimento dos questionários pelas empresas.

Contudo, de um modo geral, tendo sido distribuídos 46 questionários, a maior parte

foram devolvidos, ficando apenas 2 questionários por serem devolvidos. Após a recepção dos

questionários, estes foram conferidos, numerados, e posteriormente os dados foram

introduzidos numa base de dados no programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences).

Introduzidos os dados no referido programa, procedeu-se, posteriormente, à análise dos

mesmos usando para o efeito tabelas de frequências e percentagens simples e de dupla entrada.

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42

RESULTADOS

4.1 Filiação das Empresas a Organizações de Combate ao HIV/SIDA

Dos 36 trabalhadores que responderam à pergunta que procurava saber se a empresa era

ou não membro de alguma organização de combate ao HIV/SIDA, constatou-se que nem todos

os trabalhadores sabiam algo sobre o assunto. Os dados apresentados na tabela 4 a seguir,

revelam que cerca de 11% dos trabalhadores desconheciam este facto. No entanto, a maior

parte deles tinha conhecimento, perfazendo um percentual de 88.9%. Quanto aos gestores,

nenhum deles revelou desconhecimento quanto ao facto de a empresa ser membro de alguma

organização de combate ao HIV/SIDA.

Tabela 4: Conhecimento da filiação das empresas à alguma organização de combate ao HIV/SIDA por empresa e grupo de inquiridos

3 0 3100,0% ,0% 100,0%

2 3 540,0% 60,0% 100,0%

5 0 5100,0% ,0% 100,0%

3 1 475,0% 25,0% 100,0%

4 0 4100,0% ,0% 100,0%

5 0 5100,0% ,0% 100,0%

5 0 5100,0% ,0% 100,0%

5 0 5100,0% ,0% 100,0%

32 4 3688,9% 11,1% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

8 8100,0% 100,0%

Nº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within EmpresaNº de inquiridos% within Empresa

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Grupos InquiridosTrabalhador

Gestor de HIV

Sim Não

A empresa é membrode alguma

organização decombate ao HIV/SIDA?

Total

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43

Foi observada uma taxa considerável de respostas dos trabalhadores (86.1%) sobre o

conhecimento da organização de que as empresas são membros, não obstante 13.9% não terem

respondido ou não terem conhecimento (11.1% e 2.8% respectivamente), conforme a tabela 5,

abaixo representada. Estes foram unânimes em afirmar que a organização é a ECOSIDA.

Como era de se esperar, uma vez que todos os gestores tem conhecimento sobre o facto de

pertencerem a uma organização de combate ao HIV/SIDA, sabem igualmente de que

organização se trata (ECOSIDA).

Tabela 5: Conhecimento sobre a organização de combate ao HIV/SIDA por empresa e grupo de inquiridos

3 0 0 3100,0% ,0% ,0% 100,0%

2 3 0 540,0% 60,0% ,0% 100,0%

4 0 1 580,0% ,0% 20,0% 100,0%

3 1 0 475,0% 25,0% ,0% 100,0%

4 0 0 4100,0% ,0% ,0% 100,0%

5 0 0 5100,0% ,0% ,0% 100,0%

5 0 0 5100,0% ,0% ,0% 100,0%

5 0 0 5100,0% ,0% ,0% 100,0%

31 4 1 3686,1% 11,1% 2,8% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

1 1100,0% 100,0%

8 8100,0% 100,0%

Count% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within EmpresaCount% within Empresa

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Grupos InquiridosTrabalhador

Gestor de HIV

ECOSIDANão

respondeu Não sei

Se sim, diga qual?

Total

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44

4.2 Políticas e Programas de HIV/SIDA

De um modo geral, todos os trabalhadores assim como os gestores têm conhecimento

da existência de políticas de combate ao HIV / SIDA. Todavia, não há concordância quanto à

informação prestada pelos trabalhadores e gestor da Kudumba, isto é, há uma indecisão na

opinião dos trabalhadores (50% disse sim) enquanto o gestor afirma que a empresa não possui

uma política de HIV/SIDA (vide tabela 6).

Tabela 6: Existência de Políticas de combate ao HIV/SIDA na opinião da empresa e do grupo de inquiridos

3 0 3100,0% ,0% 100,0%

5 0 5100,0% ,0% 100,0%

4 0 4100,0% ,0% 100,0%

2 2 450,0% 50,0% 100,0%

4 0 4100,0% ,0% 100,0%

5 0 5100,0% ,0% 100,0%

5 0 5100,0% ,0% 100,0%

5 0 5100,0% ,0% 100,0%

33 2 3594,3% 5,7% 100,0%

1 0 1100,0% ,0% 100,0%

1 0 1100,0% ,0% 100,0%

1 0 1100,0% ,0% 100,0%

0 1 1,0% 100,0% 100,0%

1 0 1100,0% ,0% 100,0%

1 0 1100,0% ,0% 100,0%

1 0 1100,0% ,0% 100,0%

1 0 1100,0% ,0% 100,0%

7 1 887,5% 12,5% 100,0%

Nº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% EmpresaNº de inquiridos% Empresa

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Grupos InquiridosTrabalhador

Gestor de HIV

Sim Não

A empresa possueuma política de

HIV/SIDA?Total

Ao se questionar aos inquiridos se a política vigente na empresa estava de acordo com a

Legislação sobre o HIV/SIDA em vigor em Moçambique, obtiveram-se percentagens de 80.6%

e 87.5 %, para trabalhadores e gestores respectivamente, sendo que apenas 2.8% dos

trabalhadores desconhece a existência desta Lei.

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45

Os gestores dos programas afirmam que a política de HIV/SIDA está em concordância

com a Legislação, exceptuando a empresa Kudumba, que, não tendo politica, não respondeu a

esta questão (vide tabela 7).

Tabela 7: Concordância entre as políticas de combate ao HIV/SIDA e a legislação sobre o HIV/SIDA

3 0 0 38,3% ,0% ,0% 8,3%

5 0 0 513,9% ,0% ,0% 13,9%

5 0 0 513,9% ,0% ,0% 13,9%

0 0 4 4,0% ,0% 11,1% 11,1%

4 0 0 411,1% ,0% ,0% 11,1%

4 0 1 511,1% ,0% 2,8% 13,9%

4 1 0 511,1% 2,8% ,0% 13,9%

4 0 1 511,1% ,0% 2,8% 13,9%

29 1 6 3680,6% 2,8% 16,7% 100,0%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

0 1 1,0% 12,5% 12,5%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

7 1 887,5% 12,5% 100,0%

No de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of Total

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Grupos InquiridosTrabalhador

Gestor de HIV

SimNao conheconenhuma lei

Nãorespondeu

A política vai de encontro a legislacãosobre HIV/SIDA?

Total

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46

Ao se questionar aos gestores de HIV/SIDA acerca da reacção dos trabalhadores à

política, 62.5% responderam ser boa, sendo que 25% afirmou que os trabalhadores têm aderido

à política (vide tabela 8).

Tabela 8: Reacção dos trabalhadores a politica de HIV/SIDA

1 0 0 112,5% ,0% ,0% 12,5%

1 0 0 112,5% ,0% ,0% 12,5%

1 0 0 112,5% ,0% ,0% 12,5%

0 0 1 1,0% ,0% 12,5% 12,5%

1 0 0 112,5% ,0% ,0% 12,5%

0 1 0 1,0% 12,5% ,0% 12,5%

1 0 0 112,5% ,0% ,0% 12,5%

0 1 0 1,0% 12,5% ,0% 12,5%

5 2 1 862,5% 25,0% 12,5% 100,0%

No inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of TotalNo inquiridos% of Total

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

BoaAderem a

políticaNão

respondeu

Qual tem sido a reaccão dostrabalhadores perante a politica?

Total

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47

Os trabalhadores inquiridos mostram-se, em termos globais, satisfeitos com a política

de HIV/SIDA. A maior parte destes, respondeu que a politica de HIV/SIDA é boa (vide tabela

9). Várias outras opiniões foram dadas pelos trabalhadores acerca da política, no entanto, é de

realçar que 19.4% não respondeu a esta questão, como ilustra a tabela 9.

Tabela 9: Opinião dos trabalhadores em relação a política de HIV/SIDA

O que acha da política

de HIV/SIDA?

Count % Protege o trabalhador da discriminação

2 5,6%

Boa 14 38,9% Excelente 2 5,6% Abrangente e efectiva 4 11,1% Fundamental para o bem estar do trabalhador

1 2,8%

Alinhada com as leis do país 1 2,8%

Não respondeu 7 19,4% Devia ser mais detalhada para melhor compreensão 1 2,8%

Importante para prevenção do HIV/SIDA 1 2,8%

Apoia o trabalhador na prevenção 2 5,6%

Razoável 1 2,8%

Quando se questionou aos trabalhadores acerca do facto de a empresa ajudá-los em

questões de HIV/SIDA, a maior parte destes, isto é, 72.7% responderam afirmativamente,

enquanto que 16.7% afirmaram não ter conhecimento (vide tabela 10).

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48

Tabela 10: Ajuda prestada pela empresa ao trabalhador

26 6 4 36

72,2% 16,7% 11,1% 100,0%

26 6 4 3672,2% 16,7% 11,1% 100,0%

No de inquiridos

%

No de inquiridos%

Trabalhador

GruposInquiridos

Total

sim Não seiNão

respondeu

Na questao do HIV/SIDA, a empresaajuda os trabalhadores?

Total

Como pode-se observar na tabela 11, abaixo, 86.4% do total dos inquiridos

(trabalhadores e gestores) está de acordo com o facto de a empresa possuir um programa de

HIV/SIDA. Apenas 2.3% dos trabalhadores referem que a empresa não possui tal programa.

De salientar que todos os gestores foram unânimes em afirmar que a empresa possui um

programa de HIV/SIDA.

Tabela 11: Existência de programa de HIV/SIDA

4 0 0 49,1% ,0% ,0% 9,1%

6 0 0 613,6% ,0% ,0% 13,6%

5 0 1 611,4% ,0% 2,3% 13,6%

2 1 2 54,5% 2,3% 4,5% 11,4%

5 0 0 511,4% ,0% ,0% 11,4%

6 0 0 613,6% ,0% ,0% 13,6%

6 0 0 613,6% ,0% ,0% 13,6%

4 0 2 69,1% ,0% 4,5% 13,6%

38 1 5 4486,4% 2,3% 11,4% 100,0%

% of Total

% of Total

% of Total

% of Total

% of Total

% of Total

% of Total

% of Total

% of Total

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Sim NãoNão

respondeu

A empresa possui um programa deHIV/SIDA?

Total

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49

Quando inquiridos acerca da existência de fundos para o combate a pandemia, 62.5%

dos gestores respondeu que a empresa possuía fundos para o combate à doença, enquanto que

37.5% (das empresas Kudumba, Kempe e Catucha) respondeu que não (vide tabela 12).

Tabela 12: Existência de fundos para combate à pandemia

1 0 112,5% ,0% 12,5%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

0 1 1,0% 12,5% 12,5%

0 1 1,0% 12,5% 12,5%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

0 1 1,0% 12,5% 12,5%

5 3 862,5% 37,5% 100,0%

No de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of TotalNo de inquiridos% of Total

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Sim Não

A empresa possuifundos para o combate

a doenca?Total

Ao se analisar a tabela 13 abaixo pode-se depreender que, relativamente ao tempo de

existência do programa, existe uma discrepância entre as afirmações dos gestores e a dos

trabalhadores nas empresas Mozal, Coca-Cola e BAT. Nas outras empresas, a tabela mostra

que tantos os trabalhadores como os gestores referem o mesmo tempo de realização dos

programas de HIV/SIDA.

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Tabela 13: Tempo de existência do programa na opinião de trabalhadores e gestores de HIV

3 0 0 0 38,3% ,0% ,0% ,0% 8,3%

1 2 2 0 52,8% 5,6% 5,6% ,0% 13,9%

0 2 2 1 5,0% 5,6% 5,6% 2,8% 13,9%

1 0 0 3 42,8% ,0% ,0% 8,3% 11,1%

4 0 0 0 411,1% ,0% ,0% ,0% 11,1%

0 0 5 0 5,0% ,0% 13,9% ,0% 13,9%

2 0 3 0 55,6% ,0% 8,3% ,0% 13,9%

5 0 0 0 513,9% ,0% ,0% ,0% 13,9%

16 4 12 4 3644,4% 11,1% 33,3% 11,1% 100,0%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

0 1 1,0% 12,5% 12,5%

0 1 1,0% 12,5% 12,5%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

0 1 1,0% 12,5% 12,5%

0 1 1,0% 12,5% 12,5%

1 0 112,5% ,0% 12,5%

4 4 850,0% 50,0% 100,0%

No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Grupos InquiridosTrabalhador

Gestor de HIV

0-2 anos 2-4 anos4 ou mais

anosNão

respondeu

Há quanto tempo a empresa possui o programa?

Total

Pode-se notar pela tabela 14 que relativamente às áreas que o programa cobre, há, no

geral concordância entre as opiniões dos gestores e trabalhadores, nas áreas prevenção, e

distribuição de preservativos. Porém, no que concerne a estigma e discriminação na empresa

BAT, 60% dos trabalhadores não concordam com o facto de haver programas de

estigmatização e discriminação, opinião que é contrária a do gestor dos programas.

De referir que na Catucha Trading, todos os trabalhadores não confirmam a testagem

voluntária, enquanto que o gestor dos programas, aponta esta ser uma área coberta pelo

programa.

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Na Kempe, 75% dos trabalhadores não confirmam que o tratamento é uma das áreas

que o programa cobre, contrariamente ao gestor dos programas nesta empresa.

Quanto ao aconselhamento, nas empresas BAT e Kudumba, não existe concordância

entre os trabalhadores e gestores de HIV, pois enquanto que os trabalhadores não confirmam

que esta seja uma área coberta pelo programa de HIV, os gestores o fazem.

Na formação de educadores de pares, existe também divergência nas empresa BAT e

Kempe.

Tabela 14: Áreas de cobertura do programa na opinião de gestores e de trabalhadores

2 100 3 100,0 3 100,0 3 100,0 3 100,0 3 100,0 3 100,0 2 100,0

1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0

5 100 4 80,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 4 80,0 5 100,0 3 60,0 1 20,0 1 20,0 2 40,0

1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,04 80,0 2 40,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 1 20,0 2 40,01 20,0 3 60,0 5 100,0 4 80,0 3 60,01 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0

1 100,0 1 25,0 1 25,0 2 50,0 2 50,0 3 75,0 3 75,0 4 100,0 2 50,0 4 100,0 2 50,0 4 100,0 4 100,0

1 100,0 1 100,0 1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,04 100 3 75,0 4 100,0 4 100,0 1 25,0 2 50,0 3 75,0

1 25,0 3 75,0 2 50,0 1 25,0 4 100,01 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,05 100 5 100,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 5 100,0 1 20,0 5 100,0

4 80,0 1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0

1 100,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 4 80,0 5 100,0 4 80,01 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,0 1 20,01 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,03 60,0 5 100,0 5 100,0 1 20,0 4 80,0 5 100,02 40,0 5 100,0 5 100,0 4 80,0 1 20,0 1 100 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0 1 100,0

1 100,0

SimNãoSimNãoSimNãoSimSimNãoSimNãoSimNãoSimNãoSimNãoSimSimNãoSimNãoSimNãoSimSimNãoSimNão

Grupos InquiridosTrabalhador

Gestor de HIV

Trabalhador

Gestor de HIVTrabalhador

Gestor de HIV

Trabalhador

Gestor de HIV

Trabalhador

Gestor de HIVTrabalhador

Gestor de HIV

Trabalhador

Gestor de HIVTrabalhador

Gestor de HIV

EmpresaStandard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Nº %

Prevencão

Nº %

Estigma ediscriminacão

Nº %

Testagemvoluntária

Nº %

Distribuicao depreservativos

Nº %

Tratamento

Nº %

Programasde

educacão

Nº %

Aconselhamento

Nº %

Formacão deeducadores de

pares

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Observando a tabela 15, abaixo, quando questionados aos gestores e trabalhadores

relativamente as áreas de extensão do programa de HIV/SIDA, houve opiniões divergentes nas

empresas Mozal, onde o gestor refere que o programa estende-se a trabalhadores das empresas

parceiras, opinião que não é partilhada pelos trabalhadores desta empresa; Na BAT, os

trabalhadores estão indecisos quanto à extensão do programa, onde a maior parte destes refere

que o programa estende-se às famílias, porém, o gestor diz que o programa é exclusivo aos

trabalhadores.

Na Coca-Cola, o gestor refere que o programa beneficia a todos os interessados, porém,

os trabalhadores desta empresa afirmam que o programa apenas é extensivo às suas famílias.

Nas empresas Kudumba, Kempe e Catucha, existe concordância entre as opiniões dos

gestores e dos trabalhadores.

Tabela 15: Extensão do programa de HIV/SIDA

0 2 1 0 0 3,0% 5,6% 2,8% ,0% ,0% 8,3%

0 5 0 0 0 5,0% 13,9% ,0% ,0% ,0% 13,9%

2 3 0 0 0 55,6% 8,3% ,0% ,0% ,0% 13,9%

3 0 0 0 1 48,3% ,0% ,0% ,0% 2,8% 11,1%

1 3 0 0 0 42,8% 8,3% ,0% ,0% ,0% 11,1%

0 5 0 0 0 5,0% 13,9% ,0% ,0% ,0% 13,9%

0 4 0 1 0 5,0% 11,1% ,0% 2,8% ,0% 13,9%

1 0 0 0 4 52,8% ,0% ,0% ,0% 11,1% 13,9%

7 22 1 1 5 3619,4% 61,1% 2,8% 2,8% 13,9% 100,0%

0 0 1 0 0 1,0% ,0% 12,5% ,0% ,0% 12,5%

0 0 0 0 1 1,0% ,0% ,0% ,0% 12,5% 12,5%

1 0 0 0 0 112,5% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5%

1 0 0 0 0 112,5% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5%

0 1 0 0 0 1,0% 12,5% ,0% ,0% ,0% 12,5%

0 1 0 0 0 1,0% 12,5% ,0% ,0% ,0% 12,5%

0 0 0 1 0 1,0% ,0% ,0% 12,5% ,0% 12,5%

1 0 0 0 0 112,5% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5%

3 2 1 1 1 837,5% 25,0% 12,5% 12,5% 12,5% 100,0%

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

No de inquiridos

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Grupos InquiridosTrabalhador

Gestor de HIV

Benificiaapenas aos

trabalhadoresEstende-seas familias

Tratamento para

trabalhadores,

aconselhamento W'se familia

Benificia atodos os

interessados

Estende-se atrabalhadores

dasempresasparceiras e

familiaNào

respondeu

O programa benificia apenas aos trabalhadores ou estende-se as suas famílias?

Total

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De um modo geral, os trabalhadores apontam como principais obstáculos, a resistência

a testagem voluntária, indisponibilidade dos trabalhadores para participarem dos programas,

bem como a pouca aderência as campanhas. Para os gestores, a falta de fundos é apontado

como principal obstáculo, seguida da resistência a testagem, os hábitos e barreiras culturais, e a

confidencialidade (vide tabela 16).

Tabela 16: Obstáculos enfrentados na opinião de gestores e trabalhadores

3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 38,3% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 8,3%

0 2 0 1 0 0 0 0 1 1 0 5,0% 5,6% ,0% 2,8% ,0% ,0% ,0% ,0% 2,8% 2,8% ,0% 13,9%

2 1 0 0 0 0 0 0 0 1 1 55,6% 2,8% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 2,8% 2,8% 13,9%

0 3 0 0 0 0 0 0 0 0 1 4,0% 8,3% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 2,8% 11,1%

0 1 0 0 1 0 1 0 1 0 0 4,0% 2,8% ,0% ,0% 2,8% ,0% 2,8% ,0% 2,8% ,0% ,0% 11,1%

0 0 2 0 1 1 0 0 0 1 0 5,0% ,0% 5,6% ,0% 2,8% 2,8% ,0% ,0% ,0% 2,8% ,0% 13,9%

0 2 0 0 0 0 2 1 0 0 0 5,0% ,0% ,0% 13,9%

,0% 5,6% ,0% ,0% ,0% ,0% 5,6% 2,8% ,0% ,0% ,0% 13,9%0 5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 5

,0% 13,9% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 13,9%5 14 2 1 2 1 3 1 2 3 2 36

13,9% 38,9% 5,6% 2,8% 5,6% 2,8% 8,3% 2,8% 5,6% 8,3% 5,6% 100,0%1 0 0 0 0 0 1

12,5% ,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5%0 0 0 0 0 1 1

,0% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5% 12,5%0 0 1 0 0 0 1

,0% ,0% 12,5% ,0% ,0% ,0% 12,5%0 0 0 0 1 0 1

,0% ,0% ,0% ,0% 12,5% ,0% 12,5%0 0 0 1 0 0 1

,0% ,0% ,0% 12,5% ,0% ,0% 12,5%0 0 1 0 0 0 1

100,0%12,5%

,0% ,0% 12,5% ,0% ,0% ,0% 12,5%0 1 0 0 0 0 1

,0% 12,5% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5%1 0 0 0 0 1

100,0%12,5%

,0% 12,5% ,0% ,0% ,0% ,0% 12,5%1 2 2 1 1 1 8

12,5% 25,0% 25,0% 12,5% 12,5% 12,5% 100,0%

No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos

%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos%No de inquiridos

%No de inquiridos%No de inquiridos

%No de inquiridos%

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Standard Bank

Mozal

BAT

Kudumba

KEMPE

CETA

Coca-Cola

Catucha

Empresa

Total

Grupos InquiridosTrabalhador

Gestor de HIV

Resistencia atestagemvoluntária

Nãorespondeu

Falta defundos

Hábitos ebarreirasculturais Nenhum

Confidencialidade

Criacão demecanismos

paraacomodar os

doentesgraves

Indisponibilidade dos

trabalhadores para

participarem

Falta detempo dos

educadoresde pares

Falta decompreessaoda linguagempor parte dostrabalhadore

Poucaaderência Não sei

Quais os principais obstaculos que a empresa tem enfrentado?

Total

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Quando se pediu aos trabalhadores que sugerissem melhorias, pudemos notar pela

tabela 17, abaixo, que a maior parte dos trabalhadores, é de opinião que os programas devem

continuar, sendo importante também o uso do preservativo, que se aposte na compreensão da

linguagem por parte do trabalhador, bem como a criação de uma politica de HIV/SIDA no

local de trabalho (Kudumba).

Tabela 17: Sugestões dos trabalhadores para as empresas

1 1

1 1 1 1 1 1 1 1 2

1 1 3 1 1 1 8 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 4 8 2 2 1 1

1 2 3 1 1 1 1

CountDesenvolvimento deprogramas de educacãoe de capacitacão

CountMais agressividade nosprogramas CountDê forca aostrabalhadores CountEncontros semanais comos educadores de pares CountMais compreensão erespeito com os CountContinuacão daspalestras CountNenhuma

CountMais abertura eabragencia do programa CountCampanhaspersonalizadas, CountQue o programa seestende-se as familias CountMaior divulgacão dapolitica e seus beneficios CountNão respondeu

CountCriacão de uma políticaCountAjudar na alimentacão e

moralmente CountIncentivar o uso dopreservativo CountCriar condicoes para aspalestras comunitariás CountExistencia de um médicopara assistir os doentes

Quesugestõestem a dar aempresa?

StandardBank Mozal BAT Kudumba KEMPE CETA Coca-Cola Catucha Total

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DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Para o OIT (2001), a entidade patronal deve consultar os trabalhadores e seus

representantes e elaborar e aplicar, no local de trabalho, uma politica própria para a prevenção

da propagação da infecção, e para proteger o conjunto de trabalhadores de qualquer

discriminação relacionada com o HIV/SIDA. No presente trabalho, constatou-se que, a maioria

dos inquiridos afirma ter conhecimento da existência de uma política de HIV/SIDA nos seus

locais de trabalho, estando estes resultados de acordo com os pressupostos da Organização

Internacional do trabalho.

A IPPF (2003) refere que os programas direccionados ao HIV/SIDA sejam

incorporados as estruturas organizacionais, e minimizará a interrupção do trabalho e perdas

financeiras das empresas e dos seus funcionários. Na análise dos resultados deste estudo,

constatou-se que existe um programa especifico de HIV/SIDA, como citam, grande parte dos

inquiridos entre trabalhadores e gestores.

A Lei n° 5/2002 de 5 de Fevereiro estabelece os princípios gerais visando garantir que

todos os trabalhadores e candidatos a emprego não sejam discriminados nos locais de trabalho

ou quando se candidatam a emprego por serem suspeitos ou portadores de HIV. No âmbito dos

resultados do presente estudo a maioria dos trabalhadores e gestores afirma que a política de

HIV/SIDA das suas empresas está em concordância com a Legislação em vigor em

Moçambique.

A OIT (2001), cita a lei italiana nº 135, de 1990, relacionada com a prevenção e

combate ao HIV/SIDA, proíbe o teste pelos empregadores dos sectores privados e públicos,

nos candidatos a emprego e funcionários contratados, além de prever severas sanções em caso

de infracção.

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56

Os trabalhadores inquiridos mostram-se, em termos globais, satisfeitos com a política

de HIV/SIDA. A maior parte destes, respondeu que a política de HIV/SIDA é boa, o que

demonstra a sua satisfação para com a mesma. De acordo com os princípios fundamentais das

Directrizes praticas sobre o BIT e o mundo do trabalho, um ambiente de trabalho saudável é

propício a uma boa saúde física e mental, e permite adaptar as funções às capacidades e ao

estado de saúde física e moral dos trabalhadores (OIT, 2001).

Na leitura dos resultados dos questionários realizados neste estudo, a distribuição de

preservativos, foi apontada por todos os trabalhadores e gestores como uma área coberta pelo

programa de HIV/SIDA. A OIT (2001) cita algumas medidas práticas, essenciais para o

suporte a mudança de comportamento; Uma das mais importantes é a provisão gratuita de

preservativos.

No Brasil, o preço dos preservativos reduziu em cerca de metade nos anos 90, o que

resultou no aumento no uso do preservativo. Este factor foi identificado pelo Governo

Brasileiro como um factor chave na redução da incidência de HIV no decorrer dos anos 90. As

campanhas à favor do uso do preservativo têm resultados espectaculares. A campanha 100%

do preservativo na Tailândia, fez com que dois milhões de infecções fossem evitadas, o que

resultou numa economia de seis milhões de dólares. (IPPF, 2003)

De acordo com os resultados do presente estudo, grande parte dos trabalhadores e

gestores das empresas pesquisadas, afirmam que a testagem voluntária é uma área coberta pelo

programa de HIV/SIDA vigente na empresa da qual fazem parte, estando estes resultados em

concordância com os princípios fundamentais das Directrizes praticas sobre o BIT e o mundo

do trabalho, que refere que a entidade patronal deve encorajar o apoio e aconselhamento, em

como o rastreio voluntário e confidencial junto de serviços de saúde qualificados. (OIT,2001)

Segundo a OIT (2001), nos locais de trabalho é permitida a execução de testes de

rastreio de HIV, anónimos, desde que sejam feitos em conformidade com os princípios éticos

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da pesquisa cientifica, da deontologia profissional, e no respeito dos direitos individuais e da

confidencialidade.

No Uganda, a provisão de testes voluntários de HIV tem causado um impacto positivo.

Estes serviços, que incluem aconselhamento pré e pós teste, tem oferecido oportunidades

importantes para o endereçamento de mensagens de sexo seguro, e tem reduzido os

comportamentos de risco. (ILO, 2001)

Os programas de educação são parte essencial da prevenção, pois ajudam as pessoas a

aplicar situações gerais à sua própria situação, dando às pessoas as ferramentas para tomada de

decisões pessoais acerca da exposição ao risco e como devem gerir essas situações. (ILO,

2001). Segundo o presente estudo a maioria dos trabalhadores e todos os gestores inquiridos

apontam a existência de programas de educação.

No desenvolvimento de programas para prevenção da disseminação do HIV, a Direcção

e o sindicato devem incluir as famílias e a comunidade local. O código da ILO encoraja estas

práticas. Esta é também uma área analisada neste estudo, onde constatou-se que a maior parte

dos trabalhadores refere que os programas são extensivos às suas famílias e apenas uma

minoria de gestores refere que o programa é extensivo a todos os interessados e às empresas

parceiras. Na África do Sul, o grupo de empresas da Ford, realiza educação em HIV/SIDA

nas escolas circunvizinhas às suas fábricas. (ILO, 2001)

A ILO (2001) refere que se deve ter em consideração programas de Educação que

decorram nas horas de trabalho remuneradas, bem como se deve levar em consideração a

participação nos programas, como uma obrigação do trabalho.

Em relação à análise dos obstáculos enfrentados pelo programa de HIV/SIDA, a

indisponibilidade dos trabalhadores para participarem, e a pouca aderência foram áreas citadas

pelos trabalhadores. No entanto, notou-se que este ponto, não foi levantado pelos gestores dos

programas de HIV/SIDA.

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De acordo com a ILO (2001), a Anglo Americana, a maior empresa mineira Sul

áfricana, com cerca de 23% dos seus 134.000 trabalhadores infectados pelo HIV/SIDA, decidiu

ter disponíveis os anti-retrovirais gratuitos aos seus trabalhadores, estimando que isto possa

custar entre 2.5 a 5 milhões de dólares. O tratamento, apesar de dispendioso é crucial para o

sucesso dos programas de HIV/SIDA, tendo sido apontado por 50 % dos trabalhadores e

62.5% dos gestores como incluso no programa.

É concenso que a formação de educadores de pares é um dos mais efectivos meios de

fazer chegar a mensagem do HIV/SIDA. A educação de pares tem como base a ideia de que as

pessoas são mais receptivas à mudança se forem persuadidas a mudar por pessoas que

conhecem e em que confiam. A formação de educadores de pares foi apontada como sendo

realizada, por grande parte dos trabalhadores e gestores incluídos neste estudo. A educação de

pares, é um meio barato, capaz de alcançar um grande número de pessoas, confidencial, que

pode trazer mudanças de comportamento sustentáveis.

No decorrer deste estudo, foi apontado como um dos obstáculos por alguns

trabalhadores a falta de compreensão da mensagem. Para a OIT (2001), a formação deve ser

objectiva e adaptada aos grupos a que se destina, quer sejam eles pessoal de Direcção,

trabalhadores e seus representantes, formadores de formadores ou educadores de pares.

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CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Esta pesquisa teve como objectivo analisar as estratégias de resposta ao HIV/SIDA no local

de trabalho usadas pelas empresas que foram objecto de estudo. Após a análise dos resultados,

pôde-se chegar às seguintes conclusões:

As empresas objecto de estudo têm situações variadas no que diz respeito a

intervenções e estratégias de resposta contra o HIV/SIDA nos locais de trabalho. As

variáveis que afectam esta divergência podem estar relacionadas ao tamanho das

empresas, existência ou não de fundos para o combate à pandemia, a existência ou

não de uma politica de HIV/SIDA no local de trabalho, o tempo de existência do

programa de HIV/SIDA, e as áreas que o programa cobre.

A maioria das empresas possue uma política de HIV-SIDA no local de trabalho

conhecida por trabalhadores e gestores com programas que cobrem, essencialmente,

áreas como a prevenção, educação de pares, aconselhamento, testagem voluntária e

distribuição de preservativos

Os trabalhadores mostram-se receptivos às políticas e programas usados pelas

empresas e dão várias sugestões acerca do que devia ser melhorado e

implementado.

Os maiores obstáculos enfrentados na implementação das políticas de HIV no local

de trabalho pelas empresas pesquisadas são:

a) Para os trabalhadores - constrangimentos de tempo, que muitas vezes os

impedem de participar nos programas de HIV/SIDA nos seus locais de trabalho,

b) A falta de fundos para a gestão dos programas, segundo opinião dos gestores.

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É fundamental que recursos humanos existentes nos setores público e privado sejam

protegidos contra a infecção de HIV e apoiados com programas globais e efectivos. Faltam

esses programas na maioria das áreas dos sectores público e privado e, além disso, a

maioria dos recursos humanos do país está livre de infecção de HIV e representa recurso

muito valioso. Esse investimento social precisa de ser mantido com um programa extensivo

de políticas e programas de local de trabalho em regime de urgência.

Neste contexto, endereçam-se as seguintes sugestões:

Que se dê continuidade aos programas de informação e sensibilização, devendo

estes programas apoiar-se em informações exactas e recentes sobre a transmissão do

HIV, de forma a prevenir e desfazer os mitos que envolvem o tema.

Que se melhore e incentive o acesso e uso do preservativo por parte dos

trabalhadores, podendo trazer um aumento do seu uso.

Que as campanhas sejam mais centradas na importância de se fazer o teste de HIV

precocemente, acentuando, as vantagens de tal acção.

Que se assegure que o idioma usado nos programas seja adequado aos

trabalhadores, já que uma grande parte da força laboral pode não ser falante da

língua portuguesa.

Que se tente ao máximo possível quebrar ou pelo menos amenizar os tabus e

barreiras culturais, e as crenças erradas dos trabalhadores, que os levam, muitas

vezes, a adoptar comportamentos de risco, e a cometer atitudes de discriminação.

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Que se faça o uso, nos programas, de intervenções audiovisuais, mais activas e

participativas (teatro, simulações, etc.), estimulando, deste modo, uma maior

aderência dos trabalhadores.

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REFERÊNCIAS

1. Bogdan,R & Biklen,S Investigação Qualitativa em Educação. Portugal: Porto (2004)

2. Código sobre HIV/SIDA e o Emprego na Comunidade de Desenvolvimmento da África

Austral (SADC): Suiça (2001)

3. Creswell, J. Research Design: London: Sage (1994)

4. Ecosida (2005) Ecosida Strategic Plan 2005-2010: Maputo

5. Ferreira, S. M. et al. Prevenção e Trabalho – Manual de implantação e

implementação de Programas e Projectos de Prevenção ao HIV e Aids no Local de

trabalho. Brasília: Ministério da Saúde, 2003.

6. Goldenberg (2000). A arte de pesquisar. São Paulo: Record

7. ILO. An ILO code of practique on HIV/AIDS and the world of work. Genebra: ILO,

2001.

8. ILO. Workplace Action on HIV side. Genebra: ILO, 2003

9. ILO Programme on HIV/AIDS. HIV/SIDA +WORK Mozambique: HIV/AIDS, Work

and development. Genebra : ILO, 2005

10. ILO. The gender dimensions of HIV/AIDS and the world of work. Brussels: ILO

2001

11. ILO. Workplace programmes for HIV/AIDS prevention. Genebra: ILO, 2001

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12. ILO. Moçambique: o impacto do HIV/SIDA em Recursos Humanos.

Moçambique, 2003.

13. ILO. Manual sobre HIV/SIDA para os inspectores do trabalho: Genebra: ILO 2006

14. International Planned Parenthood Federation (IPPF). Guia para Divulgação e

Conscientizacao do HIV/SIDA. New York : 2003

15. Martins, B. Qualidade de Vida no Trabalho na Manica Moçambique terminais Lda.

Maputo, 2007.

16. Ministério da Saúde. Sensibilização: HIV/SIDA em Moçambique. Moçambique,

MISAU: 2006

17. ONUSIDA. Programa conjunto das Nações Unidas sobre o HIV/SIDA Epidemia

da SIDA: Situação em Dezembro de 2000. Genebra : ONUSIDA, 2001.

18. ONUSIDA. O HIV/SIDA no local de trabalho: buscando respostas empresariais

inovadoras. Genebra: ONUSIDA, 1998.

19. ONUSIDA. Acesso a tratamento no local de trabalho no sector privado. Genebra:

ONUSIDA, 2005.

20. ONUSIDA. Epidemia da SIDA: Situação em Dezembro de 2000. Genebra:

ONUSIDA, 2000.

21. Organização Internacional do trabalho (OIT). HIV/AIDS + Trabalho: Directrizes

para os empregadores. Genebra: OIT, 2003

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22. OIT. Recolha de directivas práticas do BIT sobre o HIV/SIDA e o mundo de

trabalho, Reunião tripartida de peritos sobre HIV/SIDA e o mundo de trabalho.

Genebra: 2001

23. PEN. Plano Estrategico Nacional de combate ao HIV/SIDA 2005-2009. Maputo:

PEN, 2004

24. Pereira, J. Vírus da Imunodeficiência Humana-Introdução histórica. Lisboa : 2000

25. República de Moçambique. Lei n°5/2002. Boletim da República I Série, N°7. Maputo,

2002.

26. UNAIDS. Report on the global AIDS epidemic. Genebra: UNAIDS, 2006.

27. UNAIDS. Report on the global AIDS epidemic. Genebra: UNAIDS, 2004.

28. UNAIDS/WHO. AIDS epidemic Update: Geneva: December 2006

29. UNAIDS/Organização Mundial da Saúde (OMS) Report on global AIDS epidemic

(1999),

30. UNAIDS. AIDS epidemic Update. Genebra: UNAIDS, 1999.

31. Universal Declaration of Commitment on HIV and AIDS. Mozambique progress

report for the United Nations General Assembly Special Session on HIV /AIDS.

Mozambique (2008).

32. Wilson, et all. Handbook of HIV Medicine. Oxford 2004

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ANEXO 1

QUESTIONÁRIO (Pontos Focais1)

Este questionário tem como objectivo colectar dados sobre as estratégias de resposta ao

HIV/SIDA no local de trabalho, usadas pelas empresas em Moçambique, em termos de políticas e

programas. Trata-se de um estudo meramente académico e os dados colectados serão tratados

com esse fim. Agradecemos antecipadamente a vossa colaboração.

1. Nome da empresa: _______________________________________________

2. Sector de Actividade: _____________________________________________

3. Dimensão da empresa:

Pequena Média Grande

4. A empresa é membro de alguma organização de combate ao HIV/SIDA?

Sim Não

Se sim, diga qual____________________________

5. A empresa possui uma política de HIV/SIDA?

Sim Não

1 E Gestores de Programas de HIV/Sida no local de trabalho.

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6. Caso tenha respondido negativamente à questão 5, indique as razões:

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

7. Caso tenha respondido afirmativamente à questão 5, a política vai de encontro à

legislação em vigor sobre HIV/SIDA em Moçambique?

Sim Não

8. Qual tem sido a reacção dos trabalhadores à política?

9. A empresa possui algum programa de combate ao HIV/SIDA ?

Sim Não

10. A empresa possui fundos destinados ao combate à doença ?

Sim Não

11. Caso a resposta à questão 9 tenha sido afirmativa, há quanto tempo a empresa

possui este programa?

_________________________________________________________________________

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12. Caso a resposta à questão 9 tenha sido afirmativa, que área (s) especifica o

programa cobre? Marque com um X a(s) opção(es):

Prevenção Tratamento

Estigma e Discriminação Programas de educação

Testagem voluntária Aconselhamento

Distribuição de preservativos Formação de Educadores de Pares

Outras áreas ______________________________________________________

13. Caso a resposta à questão 10 tenha sido afirmativa, o programa beneficia apenas os

trabalhadores da empresa ou estende-se às suas famílias?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

14. Caso a resposta à questão 10 tenha sido afirmativa, quais os principais obstáculos

que a empresa têm enfrentado no âmBITo da implementação de programas de

HIV/SIDA no local de trabalho?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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ANEXO II

QUESTIONÁRIO (trabalhadores)

Este questionário tem como objectivo colectar dados sobre as estratégias de resposta ao

HIV/SIDA no local de trabalho, usadas pelas empresas em Moçambique, em termos de políticas e

programas. Trata-se de um estudo meramente académico e os dados colectados serão tratados

com esse fim. Agradecemos antecipadamente a vossa colaboração.

1. Nome da empresa: _______________________________________________

2. Sector de Actividade: _____________________________________________

3. Função que desempenha:__________________________________________

4. Sabe se a empresa é membro de alguma organização de combate ao HIV/SIDA?

Sim Não

Se sim, diga qual____________________________

5. Sabe se a empresa possui uma política de HIV/SIDA?

Sim Não

6. Caso tenha respondido negativamente à questão 5, diga porquê a empresa não tem uma

politica de HIV/SIDA:

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

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7. Caso tenha respondido afirmativamente à questão 5, acha que a política vai de encontro

à legislação em vigor sobre HIV/SIDA em Moçambique?

Sim Não Não conheço nenhuma lei

8. O que acha da política de HIV/SIDA da empresa?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_____________________________________________________________

9. Na questão do HIV/SIDA a empresa ajuda os trabalhadores?

Sim Não Não sei

10. Sabe se existe algum programa de HIV/SIDA na empresa?

Sim Não

11. Há quanto tempo?__________________________________________________

12. Quais são as áreas do programa? Marque com um X a(s) opção(es):

Prevenção Tratamento

Estigma e Discriminação Programas de educação

Testagem voluntária Aconselhamento

Distribuição de preservativos Formação de Educadores de pares

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Outras áreas _____________________________________________________

13. O programa beneficia apenas os trabalhadores da empresa ou estende-se às suas

famílias?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

14. Caso a resposta à questão 10 tenha sido afirmativa, quais acha que são os principais

obstáculos que a empresa têm enfrentado no âmBITo da implementação de programas

de HIV/SIDA no local de trabalho?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

15. Que sugestões tem a dar a empresa?

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________

_________________________________________________________________________