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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo FÁBIO BLAS MASUELA ESTUDO DA ÁGUA NÃO EVAPORÁVEL NA HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND COM ESCÓRIA DE ALTO FORNO POR MEIO DE ANÁLISE TÉRMICA CAMPINAS 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo

FÁBIO BLAS MASUELA

ESTUDO DA ÁGUA NÃO EVAPORÁVEL NA

HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND COM

ESCÓRIA DE ALTO FORNO POR MEIO DE ANÁLISE

TÉRMICA

CAMPINAS

2016

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FÁBIO BLAS MASUELA

ESTUDO DA ÁGUA NÃO EVAPORÁVEL NA

HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND COM

ESCÓRIA DE ALTO FORNO POR MEIO DE ANÁLISE

TÉRMICA

Dissertação de mestrado apresentada a

Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura

e Urbanismo da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos

exigidos para obtenção do título de Mestre

em Engenharia Civil, na área de

Construção.

Orientadora: Profª. Drª. Gladis Camarini

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA

DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO FÁBIO BLAS

MASUELA E ORIENTADA PELA PROFª. DRª. GLADIS

CAMARINI.

ASSINATURA DA ORIENTADORA

CAMPINAS

2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL, ARQUITETURA E URBANISMO

ESTUDO DA ÁGUA NÃO EVAPORÁVEL NA HIDRATAÇÃO DO CIMENTO

PORTLAND COM ESCÓRIA DE ALTO FORNO POR MEIO DE ANÁLISE

TÉRMICA

Fábio Blas Masuela

Dissertação de Mestrado aprovada pela Banca Examinadora, constituída por:

Profa. Dra. Gladis Camarini

Presidente e Orientadora/FEC-UNICAMP

Prof. Dr. Paulo José Rocha de Albuquerque

FEC-UNICAMP

Profa. Dra. Mônica Pinto Barbosa

PUC-Campinas

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se

no processo de vida acadêmica do aluno.

Campinas, 29 de Setembro de 2016

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por mais esta oportunidade de aprendizado e crescimento pessoal.

À minha orientadora Profa. Dra. Gladis Camarini, pela oportunidade de

crescimento e aprendizado dados a mim, ampliando meu conhecimento e por ter

contribuído muito pela ampliação do meu conhecimento.

À Faculdade de Engenharia de Sorocaba, FACENS, ao Laboratório de

Ensaios de Materiais (LEMAT) e aos alunos e funcionários, à Engª Karina Leonetti

Lopes, à Engª Aline Heloá de Souza que contribuíram para a realização de diversas

etapas deste trabalho.

Ao Prof. Dr. José Antônio de Milito, Coordenador do curso de Engenharia Civil

da Faculdade de Engenharia de Sorocaba, pelo apoio e incentivo, e por ser

importante mediador para a realização deste trabalho.

Ao Laboratório de Materiais de Construção (LMC), da Faculdade de

Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC) e ao Laboratório de Recursos

Analíticos e de Calibração (LRAC) da Faculdade de Engenharia Química (FEQ),

ambos da UNICAMP.

A toda minha família, em especial aos meus pais, Ari e Sandra, pelo apoio,

incentivo, amor e exemplo.

À minha namorada Daiana, pelo apoio e força.

Aos meus amigos e colegas pelo apoio, pelas conversas e risadas.

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RESUMO

O concreto de cimento Portland é um dos materiais mais utilizado no mundo. Neste

aspecto é de interesse técnico conhecer os mecanismos da cinética de hidratação

do cimento Portland, uma vez que, atualmente, o mercado consome cada vez mais

cimento Portland com adições minerais. O presente trabalho teve por objetivo

investigar a água não evaporável e o grau de hidratação do cimento Portland com

adição de escória de alto forno em temperaturas de cura de 20 °C, 40 °C e 60°C em

pastas e argamassas com relações água/cimento 0,3 e 0,5. Os cimentos utilizados

foram CP II E, CP III e CP V ARI de dois fabricantes, avaliados nas idades de 7, 28 e

90 dias. Para as pastas de cimento, foram realizados os ensaios de perda ao fogo a

600 °C e a 1000 °C, e análise termogravimetrica, ambos para obtenção da água não

evaporável do cimento Portland. Para as argamassas foram ensaiadas a resistência

à compressão e permeabilidade ao ar. De acordo com os resultados obtidos, os

cimentos Portland com adições de escória de alto-forno apresentaram velocidade de

reação inferior aos demais cimentos; entretanto, quando submetidos à cura térmica,

apresentaram maior resistência à compressão. A análise estatística mostrou que

há pouca divergência entre os dois fabricantes e conclui-se que é possível

determinar o grau de hidratação por meio do ensaio de perda ao fogo a 600 °C e a

1000 °C.

Palavras-chave: Grau de hidratação, Cimento Portland, Escória de Alto-forno, Cura

Térmica, Água não Evaporável.

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ABSTRACT

The Portland cement concrete is one of the most commonly used material worldwide.

In this sense, it is of technical interest to learn about the mechanisms of hydration

kinetics of Portland cement, since the market is currently consuming more and more

Portland cement with mineral additions. The purpose of this work was to investigate

the contents of non-evaporable water and the degree of hydration of Portland cement

with addition of blast furnace slag at curing temperatures of 20°C, 40°C and 60°C for

pastes and mortars with water/cement ratios of 0.3 and 0.5. The CP II E, CP III and

CP V ARI cements from two manufacturers were studied at the ages of 7, 28 and 90

days. For cement pastes, the tests of loss on ignition were analyzed at 600°C and at

1,000°C, as well as thermogravimetric analysis to get the non-evaporable water

contents in Portland cement. For mortars, it were made compressive strength and air

permeability tests. According to the obtained results, the speed of reaction of

Portland cements with blast furnace slag additions was lower than that the ones

without slag. However, when exposed to thermal curing, these cements have higher

values of compressive strength. The statistical analysis has shown that there is little

divergence between both manufacturers, and the conclusion is that it is possible to

determine the degree of hydration by means of loss on ignition test at 600°C and at

1,000°C.

Keywords: Degree of hydration, Portland Cement, Blast Furnace Slag, Thermal

Curing, Non-evaporable water.

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LISTA DE FIGURA

Figura 2.1 – Ensaio de Calorimetria do C3S .............................................................. 25

Figura 2.2 – Comparação do grau de hidratação entre o C3S e C2S em função do

tempo..........................................................................................................................27

Figura 2.3 – Desenvolvimento da microestrutura durante a hidratação do cimento

Portland .................................................................................................................... 31

Figura 2.4 – A) CaO-Al2O3-SiO2 diagrama ternário de materiais do cimento. B) As

fases dos hidratos do sistema CaO-Al2O3-SiO2 ........................................................ 33

Figura 4.1 – Influência das condições de cura na resistência à compressão do

concreto .................................................................................................................... 51

Figura 5.1 – Abordagem experimental ...................................................................... 55

Figura 5.2 – Aparelho de Vicat e as pastas em moldes com tampa .......................... 58

Figura 5.3 – Esquema do tamanho das amostras ..................................................... 60

Figura 5.4 – Esquema do aparelho de permeabilidade ao ar .................................... 61

Figura 5.5 – Amostras de pasta na mufla .................................................................. 63

Figura 5.6 – Analisador termogravimétrico ................................................................ 64

Figura 6.1 – Resultados de Wn de F1 aos 7 e 28 dias com cura a 20 °C para PF a

600 °C e 1000 °C ...................................................................................................... 67

Figura 6.2 - Resultados de Wn de F1 aos 7 e 28 dias com cura a 40 °C para PF a

600 °C e 1000 °C ...................................................................................................... 68

Figura 6.3 – Resultados de Wn de F1 aos 7 e 28 dias com cura a 60 °C para PF a

600 °C e a 1000 °C ................................................................................................... 69

Figura 6.4 – Resultados de Wn de F2 aos 7 e 28 dias com cura a 20 °C para PF a

600 °C e a 1000 °C ................................................................................................... 71

Figura 6.5 – Resultados de Wn de F2 aos 7 e 28 dias com cura a 40 °C para PF a

600 °C e a 1000 °C ................................................................................................... 72

Figura 6.6 – Resultados de Wn de F2 aos 7 e 28 dias com cura a 60 °C para PF a

600 °C e a 1000 °C ................................................................................................... 73

Figura 6.7 – Gráfico de quantidade de F1=F2 x resultados dos ensaios de PF ........ 76

Figura 6.8 – Resultados de TG aos 28 dias com cura a 40 °C ................................. 77

Figura 6.9 – Comparação das técnicas de ensaio de TG e PF para os cimentos ..... 78

Figura 6.10 – Resultados de "x" em função de Wn ................................................... 79

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Figura 6.11 – Resultado de resistência a compressão dos cimentos do Fabricante 1

com relação a/c 0,3 ................................................................................................... 81

Figura 6.12 – Resultado de resistência à compressão dos cimentos do Fabricante 1

com relação a/c 0,5 ................................................................................................... 83

Figura 6.13 – Resultado de resistência à compressão dos cimentos do Fabricante 2

com relação a/c 0,3 ................................................................................................... 85

Figura 6.14 – Resultado de resistência à compressão dos cimentos do Fabricante 2

com relação a/c 0,5 ................................................................................................... 87

Figura 6.15 – Resultado de Permeabilidade ao ar para os cimentos do Fabricante 1

com relação a/c 0,5 ................................................................................................... 88

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Teores dos compostos do cimento Portland de alto-forno....................35

Tabela 5.1 – Composição química dos cimentos Portland ....................................... .56

Tabela 5.2 – Propriedades físicas dos cimentos Portland ........................................ .56

Tabela 5.3 – Composição dos cimentos Portland conforme ABNT .......................... .57

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LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 – Reações no processo de produção do clínquer .................................. 22

Quadro 2.2 – Limites usuais de óxidos do Cimento Portland .................................... 22

Quadro 2.3 – Compostos potenciais do Cimento Portland ....................................... 23

Quadro 2.4 – Sequência da hidratação do C3S ......................................................... 26

Quadro 3.1 – Transformação da pasta de cimento submetida a elevadas

temperaturas ............................................................................................................. 44

Quadro 3.2 – Comparativo entre região de transformação da pasta de cimento

submetidos a elevadas temperaturas ........................................................................ 45

Quadro 4.1 – Períodos mínimos de cura recomendados para concretos de cimento

Portland ..................................................................................................................... 52

Quadro 4.2 – Fatores de correção para os períodos mínimos de cura dos

concretos ................................................................................................................... 52

Quadro 5.1 – Pastas e temperatura de cura ............................................................. 58

Quadro 5.2 – Corpos de prova do ensaio de permeabilidade ao ar .......................... 62

Quadro 6.1 – Comparação das temperaturas de PF ................................................. 74

Quadro 6.2 – Comparação entre os fabricantes ........................................................ 75

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LISTA DE SIMBOLOS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

água/cimento Relação água/cimento em massa

Al2O3 Óxido de alumínio

A Óxido de alumínio

AFt Fase Etringita

AFm Fase Monosulfato

a/c Relação água/cimento (em massa)

CO2 Dióxido de carbono (gás carbônico)

CaO Óxido de cálcio

C Óxido de cálcio

CaCO3 Carbonato de Cálcio (Calcário)

Ca(OH)2 Hidróxido de cálcio (portlandita)

CH Hidróxido de cálcio (portlandita)

Ca/Si Relação cálcio/silício

CaSO4.2H2O Sulfato de cálcio di-hidratado (gipsita)

C-S-H Silicato de cálcio hidratado

C-A-S-H Silicato de cálcio hidratado com alumínio incorporado

CP Cimento Portland

CP II E Cimento Portland composto com escória de alto-forno

CP III Cimento Portland com escória de alto-forno

CP V ARI Cimento Portland de alta resistência inicial

Fe2O3 Óxido de ferro

F Óxido de ferro

Fss Fase Ferrita

F1 Fabricante 1

F2 Fabricante 2

LDH Região de desidratação

LDX Região de desidroxilação

LDC Região de descarbonatação

MgO Óxido de magnésio

M Óxido de magnésio

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PF Perda ao fogo

SiO2 Óxido de silício

S Óxido de silício

SO3 Trióxido de enxofre

S Enxofre

H2O Água

H Água

TG Termogravimétrica

t Tempo em dias

UR Umidade relativa do ar

3CaO.SiO2 Silicato tricálcico

2CaO.SiO2 Silicato dicálcico

3CaO.Al2O3 Aluminato tricálcio

4CaO.Al2O3.Fe2O3 Ferroaluminatotetracálcico

C3S Silicato tricálcico

C2S Silicato dicálcico

C3A Aluminato tricálcio

C4AF Ferroaluminatotetracálcico

Ca3Al2O6.3CaSO4.32H2O Etringita

C6AS3H32 Etringita

C4ASH18 Monosulfato

Wn Água não evaporável obtida por ensaio

Wn7 Água não evaporável obtida por ensaio na idade de 7 dias

Wn28 Água não evaporável obtida por ensaio na idade de 28 dias

Wn90 Água não evaporável obtida por ensaio na idade de 90 dias

x Valor teórico de água não evaporável

α Grau de hidratação

ϴ Temperatura de cura

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 16

1.1 Justificativa ....................................................................................................... 17

1.2 Objetivo Geral .................................................................................................... 18

1.3 Objetivos Específicos ...................................................................................... 18

1.4 Delimitação ....................................................................................................... 19

1.5 Estrutura do Trabalho ...................................................................................... 20

2. CIMENTO PORTLAND ......................................................................................... 21

2.1 Matérias-Primas, Produção e Compostos Potenciais .................................... 21

2.2 Hidratação do Cimento Portland ...................................................................... 24

2.2.1 Hidratação dos silicatos .................................................................................... 24

2.2.2 Hidratação dos aluminatos ............................................................................... 28

2.2.3 Desenvolvimento da microestrutura ................................................................. 29

2.3 Cimento Portland com Adição Mineral ............................................................ 32

2.3.1 Cimento Portland com escória de alto-forno .................................................... 34

3. GRAU DE HIDRATAÇÃO ..................................................................................... 37

3.1 Influência da Composição Química do Cimento e Presença de Adições

Minerais .................................................................................................................... 38

3.2 Influência da Finura do Cimento ...................................................................... 39

3.3 Influência da Relação Água/Cimento............................................................... 40

3.4 Influência da Temperatura de Cura ................................................................. 42

3.5 Determinação do Grau de Hidratação Por Meio de Técnicas Para

Determinação da Água Não Evaporável ................................................................ 43

4. CURA .................................................................................................................... 49

4.1 Cura Úmida ........................................................................................................ 50

4.2 Cura Térmica ..................................................................................................... 53

5. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 55

5.1 Materiais ............................................................................................................. 56

5.1.1 Misturas experimentais e cura .......................................................................... 57

5.2 Métodos de Ensaios .......................................................................................... 59

5.2.1 Resistência à compressão ............................................................................... 59

5.2.2 Permeabilidade ao ar ....................................................................................... 59

5.2.3 Perda ao fogo ................................................................................................... 62

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5.2.4 Análise termogravimétrica ................................................................................ 63

5.2.5 Determinação da água não evaporável teórica ("x") ........................................ 64

5.3 Análise Estatística ............................................................................................. 65

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 66

6.1 Análise da Água Não Evaporável no Ensaio de Perda ao Fogo .................... 66

6.1.1 Fabricante 1 ..................................................................................................... 66

6.1.2 Fabricante 2 ..................................................................................................... 70

6.1.3 Comparação entre as temperaturas de perda ao fogo a 600 °C a 1000 °C ..... 74

6.1.4 Comparação entre os fabricantes .................................................................... 75

6.2 Análise da Água Não Evaporável no Ensaio de Termogravimetria .............. 77

6.3 Água Não Evaporável Teórica ("x") / Grau de Hidratação ............................. 79

6.4 Resistência à Compressão ............................................................................... 80

6.4.1 Fabricante 1 - a/c 0,3........................................................................................ 80

6.4.2 Fabricante 1 - a/c 0,5........................................................................................ 82

6.4.3 Fabricante 2 - a/c 0,3........................................................................................ 84

6.4.4 Fabricante 2 - a/c 0,5........................................................................................ 86

6.5 Permeabilidade ao Ar da Argamassa .............................................................. 88

7. CONCLUSÕES ..................................................................................................... 90

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 93

APÊNDICE ............................................................................................................. 101

Apêndice A ............................................................................................................ 102

Apêndice B ............................................................................................................. 105

Apêndice C ............................................................................................................. 107

Apêndice D ............................................................................................................. 109

Apêndice E ............................................................................................................. 111

Apêndice F ............................................................................................................. 113

Apêndice G ............................................................................................................ 116

Apêndice H ............................................................................................................. 118

Apêndice I .............................................................................................................. 123

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16

1. INTRODUÇÃO

O conhecimento das propriedades do cimento é de fundamental

importância para compreender os mecanismos de hidratação, a fim de que se

desenvolvam novos produtos que proporcionem redução do impacto ambiental e

melhor qualidade (SCRIVENER; NONAT, 2011).

A construção civil consome grande quantidade de recursos naturais,

sendo o concreto o maior responsável desta indústria por isso. O cimento utilizado

no concreto libera aproximadamente 1t de CO2 por tonelada de clínquer produzido,

assim contribui em torno de 6% do total de CO2 emitido anualmente na atmosfera

(ISAIA; GASTALDINI, 2004).

O gás CO2 é o principal causador do efeito estufa que contribui para o

aquecimento do planeta. Para amenizar a emissão desse gás é crescente o estudo

de adição mineral em cimentos para concreto e argamassa. Estes materiais

proporcionam uma redução de emissão de CO2 por tonelada de material cimentício

por se tratar de um processo que gasta menos energia, além de ser um meio de

utilizar subprodutos de outros processos industriais (LOTHENBACH et al., 2011).

O uso de adições minerais em cimentos é grande, em especial a escória

de alto-forno. A escória de alto-forno no passado já representou um custo para a

indústria siderúrgica, uma vez que era necessário realizar o descarte desse material.

No entanto, com o avanço dos estudos (CAMARINI; CINCOTTO, 1995; CAMARINI,

1995; CHEN, 2007; LOTHENBACH et al., 2011; SAJEDI; RAZAK, 2011; KOLANI et

al., 2012), a escória se tornou um importante insumo na indústria cimenteira,

utilizado como adição ao cimento Portland proporcionando resultados satisfatórios

de resistência mecânica e durabilidade.

Apesar de a escória de alto-forno melhorar as propriedades mecânicas e

a durabilidade do cimento, seu uso deve ser criterioso pois tais características são

desenvolvidas lentamente. Para isso, o emprego da cura térmica vem se

consolidando para acelerar a reação de hidratação para cimento Portland com

escória de alto forno (CAMARINI; CINCOTTO, 1995; BARBOSA et al., 2005;

CAMARINI, 2011).

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17

A escória de alto forno não pode interferir na qualidade do cimento

Portland em diferentes fabricantes a fim de não apresentar divergências nos

produtos finais. Tais divergências dos resultados podem ocorrer por influência da

composição química, finura, relação a/c e temperatura de cura.

Uma forma eficiente de analisar às influências do grau de hidratação do

cimento Portland é estudar a quantidade de água não evaporável por meio de

análises térmicas (HUANHAI, 1993; LAM; WONG; POON, 2000; AMEN, 2011;

NARMLUK; NAWA, 2011). É importante que as técnicas para controle da qualidade

dos produtos hidratados sejam rápidas e eficientes para que o andamento das obras

não dependa desses resultados.

O respeito às normas de projetos, execução e manutenção das estruturas

de concreto devem ser levadas em conta (HANAI, 2005). Desta forma, o mercado

consumidor espera novas tecnologias do cimento e que as construções apresentem

desempenho durável com longo período de vida útil (SCRIVENER; KIRKPATRICK,

2008).

1.1 Justificativa

O interesse em estudar a hidratação do cimento abrange tanto o campo

acadêmico como o prático. Do ponto de vista acadêmico há uma busca pelo

entendimento de fenômenos químicos e microestruturais que influenciam na

hidratação do cimento, pois estas características são complexas e interdependentes.

O prático é pelo crescente consumo de cimentos com adições minerais motivados

pela busca de materiais sustentáveis, econômicos e principalmente duráveis.

A escolha do tema foi motivada pela importância que o cimento Portland

com escória de alto-forno proporciona na durabilidade das construções, além de

estar associado aos aspectos de sustentabilidade. A suspeita de divergência da

qualidade de cimento Portland de diferentes fabricantes também motivou este

estudo. Divergência entre fabricantes que podem ser influenciada pela composição

química dos cimentos, finura, relação a/c e temperatura de cura.

Para este trabalho foram selecionados três cimentos, de dois fabricantes,

foi para verificar a influência da quantidade de escória de alto forno no cimento

Portland. Assim, foram utilizados cimentos com diferentes quantidades de escória: o

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18

cimento CP V é o cimento sem adição, o CP II E é o cimento com quantidade

intermediária e o CP III o cimento com maior teor de escória de alto forno.

A relação a/c 0,3 refere-se aos valores mínimos necessários para

hidratação da pasta de consistência normal e a relação a/c 0,5 representa o valor

comum utilizado na produção do concreto. Além das relações a/c, a escolha de três

temperaturas de cura para simular ambientes distintos de utilização. Temperatura de

cura a 20 °C como temperatura ambiente normal, 40 °C para simular temperatura

presente em dias de sol nas obras brasileiras e 60 °C a fim de verificar a técnica de

cura térmica, além de ser possível tais temperaturas atingirem os materiais em sua

execução.

As influências no desenvolvimento da hidratação podem ser comparadas

e identificadas na determinação do grau de hidratação. Para isto, foi escolhida a

técnica de perda ao fogo a 600 °C e a 1000 °C para obtenção da água não

evaporável e consequentemente o grau de hidratação.

1.2 Objetivo Geral

O objetivo deste trabalho experimental foi comparar as influências na

água não evaporável para determinar o grau de hidratação do cimento Portland com

escória de alto forno por meio de análises térmicas.

1.3 Objetivos Específicos

a) Avaliar as propriedades físicas e mecânicas das pastas e argamassas,

para as relações água/cimento de 0,3 e 0,5;

b) Analisar os valores de água não evaporável por meio de ensaios de

determinação de perda ao fogo a 600 °C e a 1000 °C, e também com

ensaios de termogravimetria;

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19

c) Comparar os resultados de água não evaporável entre as idades, as

temperaturas de perda ao fogo, as relações a/c, as temperaturas de cura e

os diferentes cimentos de dois fabricantes;

d) Avaliar a eficiência do ensaio de perda ao fogo a 600 °C em relação a

perda ao fogo a 1000 °C e a termogravimetria;

e) Avaliar as diferenças do grau de hidratação existentes entre os mesmos

tipos de cimento produzidos por diferentes fabricantes.

1.4 Delimitação

Para a realização do trabalho, escolheu-se três tipos de cimento de dois

fabricantes. O cimento CP V - ARI (CP V) como cimento de referência, ou seja, sem

adição de escória de alto-forno. O cimento CP II - E 40 (CP II E) por limitar sua

adição de escória em 34% de sua massa, e o cimento CP III 40 RS (CP III) por ter

até 70% de escória de alto-forno. Todos estes cimentos são usualmente utilizados

nas construções.

Avaliou-se a água não evaporável por meio dos ensaios de perda ao fogo

para pastas de cimento nas idades de 7 e 28 dias. Para corroborar com este ensaio,

foi realizado o ensaio de termogravimetria para um tipo de pasta para os três

cimentos na idade de 28 dias.

O trabalho limitou-se às relações a/c de 0,3 e 0,5 para as pastas e

argamassas para os três cimentos dos dois fabricantes.

As pastas foram utilizadas para os ensaios de perda ao fogo e

termogravimetria, e as argamassas de resistência à compressão e permeabilidade.

Para todos os casos, pastas e argamassas foram ensaiadas em

recipientes fechados e expostos em temperatura de cura de 20 °C, 40 °C e 60 °C

por vinte e quatro horas, após inicio da pega. Passado este processo, as amostras

permaneceram em câmera úmida até a data dos ensaios.

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20

1.5 Estrutura do Trabalho

Este trabalho inicia-se com a Introdução (Capítulo 1), onde foram

apresentadas as considerações iniciais, a justificativa, os objetivos e a delimitação

para realização do trabalho.

No Capítulo 2, é feita uma revisão sobre o Cimento Portland, a matéria

prima para sua produção, o processo de produção, seus compostos potenciais e seu

mecanismo de hidratação. Também é apresentado o desenvolvimento da hidratação

para o Cimento Portland com escória de alto-forno.

O Capítulo 3 aborda os aspectos do grau de hidratação do Cimento

Portland, desde fatores que influenciam o grau de hidratação até as técnicas para

determinação do mesmo.

No Capítulo 4, encerram-se os capítulos da revisão da literatura

descrevendo sobre o processo de cura para hidratação do Cimento Portland. São

apresentados os tipos de cura e a importância de se conhecer as técnicas de cura

úmida e térmica.

No Capítulo 5, apresenta-se a metodologia empregada para avaliação

das propriedades dos diferentes tipos de Cimento Portland, descrição dos métodos

de ensaio, procedimentos e equipamentos que foram utilizados durante a realização

desta pesquisa.

No Capítulo 6, são discutidos e analisados os resultados experimentais

dos ensaios realizados de PF, TG, resistência à compressão e permeabilidade ao ar.

Essas propriedades são avaliadas em função da relação a/c, temperatura de cura,

teor de escória e idade de hidratação, para os dois fabricantes, F1 e F2, além de

serem realizadas comparações entre elas. Por meio de análise estatística é feita a

comparação entre os cimentos dos dois fabricantes, e também a relação entre as

técnicas de PF e TG para determinar o grau de hidratação.

No Capítulo 7, são apresentadas as conclusões.

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2. CIMENTO PORTLAND

A indústria cimenteira no Brasil inicia-se no começo do século XX com

uma pequena produção que com o passar do tempo foi se consolidando e tornou-se

importante para a economia do pais. Nos anos 70 a indústria foi impulsionada ao

crescimento em um cenário conhecido como “milagre econômico”, na qual triplicou a

produção do cimento neste período. Um novo ciclo de crescimento é registrado a

partir do ano de 2004 até 2013, tornando o Brasil o sexto maior produtor e o quarto

maior consumidor de cimento no mundo (KIHARA; VISEDO, 2014).

2.1 Matérias-Primas, Produção e Compostos Potenciais

O cimento Portland é um aglomerante hidráulico produzido por meio da

calcinação da mistura do calcário e argila, ou outros materiais similares e

suficientemente reativos, a uma temperatura de 1450 °C (TAYLOR, 1990). O

Calcário (CaCO3) é a fonte de óxido de cálcio do cimento. A argila é a fonte de sílica

(SiO2), óxido de alumínio (Al2O3) e óxidos ferrosos (Fe2O3), sendo estas as principais

matérias primas do cimento (RAMACHANDRAN, 2002). Esses materiais moídos e

calcinados sofrem uma fusão incipiente formando um novo material conhecido como

clínquer (NEVILLE, 1997).

Na produção do clínquer ocorrem as seguintes reações e transformações

conforme Quadro 2.1.

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Quadro 2.1 - Reações no processo de produção do clínquer

Temperatura Reações / Transformações

100 °C Liberação de água livre

750 °C Zona de pré-aquecimento: Liberação de água fortemente ligada a argila

750 °C -1000 °C Zona de calcinação: Dissociação do carbonato de cálcio

1000 °C - 1450 °C

Fusão parcial da mistura: Formação do silicato tricálcico e silicato dicálcico do clínquer

1450 °C - 1300 °C

Zona de esfriamento: Formação do aluminato tricálcico e ferroaluminato tetracálcico

Fonte: Adaptado de Ramachandran, 2002.

No final do processo de produção do cimento Portland, após o

resfriamento, ocorre a moagem do clínquer em partículas menores que 75 μm

misturado com até 5% de gipsita com a finalidade de controle inicial da pega do

cimento Portland (MEHTA; MONTEIRO, 2008). Um fator tão importante quanto as

proporções dos compostos presentes no clínquer é a finura do cimento Portland.

Normalmente, quanto mais fino o cimento, mais rápidas as reações. Admite-se que

partículas maiores que 45μm são difíceis de hidratar e partículas maiores que 75μm

nunca se hidratam completamente (MEHTA; MONTEIRO, 2008).

As abreviações apresentadas no Quadro 2.2 são de uso particular no

estudo da química do cimento. Conhecida a porcentagem dos óxidos do cimento

(Quadro 2.2), é possível estimar a quantidade de compostos do cimento Portland

através das equações de Bogue (MEHTA; MONTEIRO, 2008). O Quadro 2.2 a

seguir apresenta os limites usuais de óxidos do cimento Portland.

Quadro 2.2 - Limites usuais de óxidos do Cimentos Portland

Óxidos Abreviação Teor (%)

CaO C 60 – 67

SiO2 S 17 - 25

Al2O3 A 3 - 8

Fe2O3 F 0,5 – 0,6

MgO M 0,5 – 4,0

SO3 S 2,0 – 3,5

Fonte: Neville,1997.

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O clínquer é formado por novos compostos denominados de compostos

potenciais. são eles: Silicato tricálcico (C3S), silicato dicálcico (C2S), aluminato

tricálcico (C3A) e o ferroaluminato tetracálcico (C4AF) (Quadro 2.3) (LEA, 2004). Há

no clínquer outros compostos (óxidos de magnésio, óxidos de cálcio, compostos

alcalinos e sulfatos), mas em menor quantidade. Essa ocorrência, muitas vezes, se

dá devido à presença de impurezas dos principais constituintes ou pela

transformação indevida em alguma etapa da produção do clínquer

(RAMACHANDRAN, 2002).

Quadro 2.3 - Compostos Potenciais do Cimento Portland

Nome do Composto Composição em

óxidos Abreviação

Massa cimento (%)

Silicato tricálcico 3CaO.SiO2 C3S 50 - 70

Silicato dicálcico 2CaO.SiO2 C2S 15 - 30

Aluminato tricálcico 3CaO.Al2O3 C3A 5 - 10

Ferroaluminatotetracálcico 4CaO.Al2O3.Fe2O3 C4AF 5 - 15

Fonte: Lea, 2004.

O C3S, também conhecido como Alita, é o composto mais importante de

todos no clínquer do cimento Portland. Este reage relativamente rápido com a água

e é o principal responsável pela resistência durante as quatro primeiras semanas

(NEVILLE; BROOKS, 2013).

O C2S, conhecido como Belita, reage lentamente com a água,

contribuindo pouco para o desenvolvimento da resistência durante os primeiros 28

dias, mas contribui consideravelmente para o aumento da resistência em idades

mais avançadas. Após um ano, as resistências obtidas pela Alita e Belita podem ser

comparáveis (TAYLOR, 1990).

O Aluminato tricálcico (C3A) reage rapidamente com a água e pode

causar características indesejáveis ao produto hidratado. Para que isso não ocorra é

adicionado a gipsita para manter o controle da pega (LEA, 2004).

O Ferroaluminatotetracálcico (C4AF) reage com a água e apresenta

característica variável, devido às diferenças de composições (TAYLOR, 1990).

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2.2 Hidratação do Cimento Portland

A hidratação do cimento Portland ocorre quando um composto anidro é

misturado com água. Os produtos hidratados deverão atender às necessidades de

engenharia, tais como resistência mecânica e estabilidade de volume (JUILLAND,

2009). A reação dos constituintes do cimento Portland com a água (hidratação) está

associada com mudanças químicas, físicas e mecânicas do material em estágios de

início da pega e endurecimento (LEA, 2004).

Os principais produtos provenientes da hidratação são os silicatos de

cálcio e aluminato hidratados. Os aluminatos hidratam mais rapidamente em vista

dos silicatos (MEHTA; MONTEIRO, 2008). Segundo Mehta e Monteiro (2008),

devido à rápida reação dos aluminatos, os mesmos são responsáveis pelo

enrijecimento e pela pega. Já os silicatos, que correspondem a 75% do clínquer,

influenciam na característica de resistência mecânica do cimento.

Em contato com ar úmido, o cimento Portland pode iniciar sua hidratação

parcial, enquanto que, para sua completa hidratação, é necessária uma quantidade

suficiente de água (LEA, 2004). Esta quantidade de água misturada ao cimento

forma a pasta, onde ocorre a pega e o endurecimento (TAYLOR, 1990).

A pega refere-se a uma perda súbita de plasticidade original em poucas

horas sem o desenvolvimento expressivo de resistência mecânica (LEA, 2004),

enquanto que o endurecimento trata-se do ganho de resistência à compressão do

material em um processo lento e continuo até quando houver material anidro e água

para as reações (TAYLOR, 1990).

2.2.1 Hidratação dos Silicatos

Os silicatos do cimento Portland, C3S e C2S produzem, na hidratação,

silicatos de cálcio hidratados estruturalmente semelhantes. Porém, as relações

cálcio/sílica e o teor de água quimicamente combinadas são desproporcionais entre

as reações dos silicatos com a água. Assim, apresentarão diferenças pós-hidratação

quanto à suas características físicas (MEHTA; MONTEIRO, 2008).

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A reação do C3S é bem complexa, mas pode ser resumida (Equação 2.1)

e sua melhor compreensão pode ocorrer por meio da análise do ensaio de

calorimetria (Figura 2.1).

(2.1)

A hidratação do C3S é exclusivamente exotérmica, sua curva de

calorimetria (Figura 2.1) é dividida em cinco fases, que representam as etapas da

velocidade de reação (GARTNER et al., 2002). A duração de cada etapa varia em

função das características físicas e químicas do composto.

Figura 2.1 – Ensaio de Calorimetria do C3S

Fonte: Adaptado de GARTNER et al., 2002.

As fases 0 e I são conhecidas como o período de pré indução, ou fase

inicial, ocorrem imediatamente quando há o contato do C3S com a água, havendo

uma intensa liberação de calor com duração de poucos minutos (LEA, 2004). A

elevada atividade é atribuída à dissolução do C3S na água (BISHNOI; SCRIVENER,

2009). Esta rápida evolução pode durar entre 15 a 20 minutos (RAMACHANDRAN,

2002).

A fase II, chamada de período de indução, apresenta o mínimo da curva

de calor, com início do crescimento do C-S-H (GARTNER et al., 2002). Este período

é conhecido como período de dormência e pode levar algumas horas, nesta fase o

cimento permanece plástico com boa trabalhabilidade (RAMACHANDRAN, 2002).

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Este período é de extrema importância prática nos canteiros de obra, pois

proporciona um tempo para que o concreto ou argamassa sejam transportados e

lançados antes de endurecer (SCRIVENER; NONAT, 2011).

Na fase III, a reação de hidratação acontece de forma ativa, chegando ao

ápice da curva de calor, este período é definido de aceleração (RAMACHANDRAN,

2002). Ocorrem a nucleação e o crescimento do C-S-H (BULLARD et al., 2011).

Após atingir a velocidade máxima de hidratação, inicia-se um período de

desaceleração (fase IV) de forma gradual, desta maneira, o C3S que não reagiu

passa a ser consumido gradualmente (LEA, 2004). A transição da fase IV e V

representa a redução da taxa do grau de hidratação, este declínio é constante e

lento, e pode levar anos (GARTNER et al., 2002). A sequência de hidratação do C3S

pode ser verificada no Quadro 2.4 a seguir:

Quadro 2.4 - Sequência da hidratação do C3S

Fases das reações

Correspondentes fases na produção

do concreto Processo químico

0. Reação rápida inicial

Primeiro contato com a água

Hidrólise de superfície e liberação de íons em

solução

I. Primeira desaceleração

Mistura Formação de C3S,

retardando a dissolução

II. Período de indução

Transporte e lançamento

Retardo da Nucleação dos hidratos finais; consumo lento de

"retardadores"

III. Período de aceleração

Pega, início da cura Crescimento acelerado dos principais produtos

de hidratação

IV. Segunda desaceleração

Cura, desforma

Crescimento contínuo dos produtos de

hidratação em grandes espaços vazios

V Reação final lenta

Endurecimento lento e contínuo, enquanto

a cura úmida continua

Densificação gradual da microestrutura em torno

do C3S residual não hidratado;

recristalização do CH Fonte: Adaptado de GARTNER et al., 2002.

O C3S hidrata a uma velocidade maior que o C2S. Na presença da gipsita,

o C3S começa a hidratar após uma hora da adição de água ao cimento. Este

contribui para o final da pega e início da resistência da pasta. A gipsita tem o

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objetivo de retardar a hidratação dos aluminatos e, em contrapartida, há uma

aceleração na hidratação do C3S (MEHTA; MONTEIRO, 2008).

Da mesma forma que no processo de hidratação do C3S, existem

incertezas envolvidas na determinação da estequiometria da fase C-S-H encontrada

na hidratação do C2S (Equação 2.2) (RAMACHANDRAN, 2002; MEHTA;

MONTEIRO, 2008).

(2.2)

A quantidade de CH formado nesta reação é menor do que a produzida

na hidratação do C3S (Equação 2.1). O C2S reage mais lentamente do que o C3S, a

diferença no grau de hidratação entre os dois compostos podem ser visto na Figura

2.2, nota-se que o C3S é muito mais reativo que o C2S (RAMACHANDRAN, 2002).

Figura 2.2 – Comparação do grau de hidratação entre C3S e C2S em função do

tempo

Fonte: Adaptado de RAMACHANDRAN, 2002.

Continuando a comparação entre os dois silicatos, é possível dividir as

mesmas seis fases do C3S (Figura 2.1) para o C2S. As Fases 0 e I são semelhantes,

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sugerindo que o processo de liberação de calor ocorre ao primeiro contato com a

água, e início do primeiro período de desaceleração (GARTNER et al., 2002).

O período de indução do C2S é maior, começando na fase II e

estendendo-se até a III, podendo durar de 9h a 20 dias. Esta extensa fase III faz

com que os períodos das fases III a V sejam diferentes entre os silicatos, com

formação do C-S-H em idades mais avançadas (GARTNER et al., 2002).

2.2.2 Hidratação dos Aluminatos

Na maioria dos cimentos, os aluminatos tricálcicos (C3A) presentes se

encontram em menor quantidade em vista de outros compostos, cerca de 4 a 11%

(RAMACHANDRAN, 2002). Porém, sua estrutura e comportamento no cimento são

aspectos importantes a serem estudados (NEVILLE, 1997).

A reação do C3A puro com a água é rápida. Com grande liberação de

calor, formam-se imediatamente hidratos cristalinos, tais como C3AH6, C4AH9 e

C2AH8 (LEA, 2004). Para que se tenha utilidade na construção civil, essa reação

rápida precisa ser desacelerada de alguma forma. Normalmente, tem-se esse

retardo com a presença de gipsita (CaSO4.2H2O) e, desta maneira, as reações de

hidratação do C3A individual não têm a mesma importância quanto a desse material

junto à gipsita (RAMACHANDRAN, 2002).

O C3A tem pouca influência na resistência do cimento Portland e a sua

presença pode ser considerada indesejável. Entretanto, esse composto é importante

na fabricação do cimento Portland, uma vez que ele atua no forno como fundente,

reduzindo a temperatura de calcinação do clínquer e facilitando a combinação da cal

com a sílica (NEVILLE, 1997).

Os produtos da hidratação do C3A são o trissulfoaluminato de cálcio

hidratado ou o monossulfoaluminato de cálcio hidratado (RAMACHANDRAN, 2002).

O primeiro a se cristalizar é a etringita (C6AS3H32), em forma de agulhas prismáticas.

Em seguida, forma-se o monossulfaluminato de cálcio (C4ASH18), cristaliza-se como

placas hexagonais delgadas (LEA, 2004).

Nas reações do cimento Portland, é conveniente verificar o C3A em

conjunto com o C4AF, pois os produtos formados pelos dois, quando reagem com a

água e na presença de sulfatos, são estruturalmente semelhantes. Um exemplo da

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reação do C4AF com sulfato na hidratação são os produtos C6A(F)S3H32 ou

C4A(F)SH18, que têm estrutura similar à etringita e ao monossulfoaluminato,

respectivamente, apesar de terem composições químicas diferentes (MEHTA;

MONTEIRO, 2008).

2.2.3 Desenvolvimento da Microestrutura

As características da microestrutura das pastas de cimento têm muitas

semelhanças com as pastas de C3S. Assim, é conveniente considerar o processo

em início, meio e final do período de hidratação (TAYLOR, 1990). A razão de se

estudar o C3S está no fato de que esse constituinte representa a maior parte do

cimento Portland, como visto anteriormente (RAMACHANDRAN et al., 2002).

O C3S tende a dominar o período de hidratação inicial que corresponde

ao desenvolvimento de resistência, pois é o principal componente pela formação de

silicato de cálcio hidratado (C-S-H), o principal produto da hidratação (BULLARD et

al., 2011). A Figura 2.3 representa o desenvolvimento da microestrutura de um grão

de cimento elaborado por Scrivener (1984 apud Juilland, 2009).

Nos instantes iniciais (Figura 2.3 a), os aluminatos (C3A) reagem com a

gipsita, assim formando um gel amorfo na superfície do grão do cimento, e então

começam a formar os cristais de etringita (TAYLOR, 1990). Neste período, acontece

uma rápida reação exotérmica do C3S com a água, e o calor é liberado pela

dissolução do C3S (BULLARD et al., 2011).

Em seguida ao instante inicial (Figura 2.3 b), a hidratação desacelera e

começa o período de indução (TAYLOR, 1990). Esta desaceleração é causada pela

rápida formação de uma camada fina, porém contínua e metaestável de uma fase de

silicato de cálcio hidratado chamado de C-S-H(m), que bloqueia a superfície

restringindo o seu acesso à água ou limitando a difusão ao separar os íons internos

com a superfície (JENNINGS; PRATT, 1979). A hipótese de barreira metaestável

implica que o hidrato metaestável isola a alita subjacente a partir da solução que, em

seguida, entra em equilíbrio com o hidrato.

Há outro ponto de vista, no qual se forma uma camada de íons hidroxila

na superfície do C3S em contato com a água. Desta forma, a dissolução dos íons a

partir desta camada ocorre mais lentamente em vista do esperado para um mineral

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com solução altamente subsaturada (BARRET; MÉNÉTRIER, 1980; BARRET et al.,

1983).

Garrault-Gauffinet e Nonat (1999) acrescentam que as reações iniciais

são baseadas em um equilíbrio de estado estacionário entre dissolução lenta de C3S

e crescimento inicialmente lento do C-S-H. De acordo com estes autores, a

superfície do C3S tem uma solubilidade aparente menor do que a esperada para o

mesmo, e a taxa de dissolução decresce muito rapidamente quando aumenta a

concentração do hidróxido de cálcio. Quando forma uma solução de supersaturação,

o C-S-H nucleia-se rapidamente em superfície de C3S e começa a crescer

lentamente devido a pequena área de superfície inicial. O crescimento de C-S-H

diminui a concentração de silicato na solução e, assim, aumenta a razão Ca/Si na

solução. Dentro de minutos é estabelecida uma solução supersaturada para o C-S-H

e subsaturada para o C3S.

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Figura 2.3 – Desenvolvimento da microestrutura durante a hidratação do cimento Portland

Fonte: Adaptado de Scrivener, 1984 apud Juilland, 2009.

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Bullard et al. (2011) complementam afirmando que a desaceleração na

superfície do C3S encontra-se coberto de forma significativa com C-S-H precipitado,

de modo que a taxa de dissolução por unidade de área pode ser rápida, porém, no

geral, a taxa de dissolução é baixa.

Após o período indução, da ordem de três horas, inicia-se uma nova

reação acelerada (Figura 2.3 c), com o desenvolvimento do C-S-H (ALLEN et al.,

1987; TAYLOR, 1990; JENNINGS et al., 2007). Ao final do período de aceleração

(Figura 2.3 d), o C3S produz um gel externo de C-S-H, crescendo a partir das hastes

de etringita e não diretamente das partículas de C3S. Portanto, na fase inicial da

reação, os íons de silicato devem migrar através dos aluminatos e compostos ricos

em ferro para formar o C-S-H (TAYLOR, 1990).

No período de desaceleração (Figura 2.3 e), o C3A continua a reagir com

a gipsita, formando os bastões de etringita. A malha de etringita e o C-S-H formam

uma camada hidratante a 1μm da superfície do C3S anidro. Dentro desta camada,

forma-se uma pequena quantidade de “C3S interno”, próximo à superfície dos grãos

de C3S, diminuindo a distância de 1μm entre a camada hidratante e o C3S anidro

(TAYLOR, 1990).

Após 15 dias de hidratação (Figura 2.3 f), a distância entre a camada

hidratante e o grão de C3S é completamente preenchida com C-S-H, e o “C-S-H

externo” torna-se mais fibroso (TAYLOR,1990).

2.3 Cimento Portland com Adição Mineral

O uso de adições minerais em cimentos para concreto e argamassa é

amplamente utilizado atualmente. O uso de tais materiais leva a uma redução de

emissão de CO2 por tonelada de material cimentício por se tratar de um processo

que gasta menos energia, além de ser um meio de utilizar subprodutos de outros

processos industriais (LOTHENBACH et al., 2011).

A Figura 2.4 A apresenta um diagrama dos compostos do cimento. Nesta

Figura os diferentes tipos de cimento dentro do diagrama ficam posicionados em

função do percentual de massa dos principais composto que representa o ternário

de CaO-Al2O3-SiO2. Nela pode-se constatar que os cimentos com adições minerais

geralmente apresentam uma característica química com teor de cálcio (vértice

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inferior esquerdo do triângulo) menor que o cimento Portland sem adições. A

resistência e a durabilidade do produto hidratado sofrerão influência por parte

dessas adições (SCRIVENER; NONAT, 2011).

A Figura 2.4 B mostra esquematicamente as fases dos hidratos formados

no sistema CaO-SiO2-Al2O3. Uma característica importante desse diagrama

apresenta às possibilidades de formação de C-S-H no cimento, sendo a fase mais

importante do cimento hidratado (LOTHENBACH et al., 2011).

Figura 2.4 – A) CaO-Al2O3-SiO2 diagrama ternário de materiais do cimento. B) As

fases dos hidratos do sistema CaO-Al2O3-SiO2

Fonte: Adaptado de Lothenbach et al., 2011.

O silicato de cálcio hidratado de cimentos Portland com adições é

diferente quando comparado com o cimento Portland comum (LOTHENBACH et al.,

2011). Em estruturas de C-S-H que incorporam o alumínio (C-A-S-H), uma estrutura

semelhante à tobermorita é mantida. Os limites apresentados na Figura 2.4 são uma

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34

aproximação das possíveis soluções, principalmente a incorporação de alumina,

sendo que estas não são muito bem conhecidas (LOTHENBACH et al., 2011).

Os cimentos Portland com adições minerais têm a hidratação mais lenta

comparada ao cimento convencional, isto porque as adições minerais reagem com o

hidróxido de cálcio (reação pozolânica) (METHA; MONTEIRO, 2008). Inicialmente,

essa reação é lenta, pois a falta de disponibilidade de hidróxido de cálcio reduz a

velocidade de hidratação, uma vez que a reação da adição mineral depende da

concentração de hidróxido de cálcio (MOSTAFA; BROWN, 2005). A reação consome

os óxidos de cálcio ao invés de produzi-los, colaborando com a durabilidade

(DITTRICH et al., 2014). Além disso, a finura das adições realiza o preenchimento

dos poros (efeito fíler) contribuindo com a resistência e a impermeabilidade do

produto hidratado (METHA; MONTEIRO, 2008).

2.3.1 Cimento Portland com Escória de Alto-Forno

A escória de alto-forno é um resíduo não metálico proveniente da

produção do ferro-gusa. O ferro-gusa é produzido em altos-fornos de unidades

industriais, nas quais se separam as impurezas dos óxidos contidos nos minerais de

ferro. As escórias se formam pela fusão das impurezas do minério de ferro,

juntamente com a adição de fundentes (calcário e dolomita) e as cinzas do coque.

Em seguida, as impurezas são resfriadas e irão formar o que é conhecido como

escória de alto-forno (KIHARA; CENTURIONI, 2005).

O resfriamento das escórias de alto forno pode ser brusco ou lento. O

resfriamento lento irá formar fases cristalinas nas escórias e, assim, perderão suas

propriedades cimentantes (MARTINS, 2001). Quando o resfriamento ocorre

bruscamente, com água fria ao sair do alto-forno, não há tempo suficiente para a

formação dos cristais, resultando em um material predominantemente amorfo e

potencialmente reativo. Assim, são moídos para aumentar a reatividade e ser

utilizado como adição mineral em substituição do clínquer, uma vez que apresentam

propriedades hidráulicas latentes (KOLANI et al., 2012).

A utilização de escória na fabricação do cimento Portland traz vários

benefícios socioeconômicos e ecológicos, visto que a produção de escória gasta

90% menos de energia comparado com a fabricação do clínquer (COSTA JR, 2010).

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35

O cimento Portand com escória de alto-forno pode obter maior impermeabilidade e

durabilidade em vista do cimento Portland comum por adquirir uma matriz com

menores espaços capilares (MEHTA; MONTEIRO, 2008).

A produção de cimento de escória de alto-forno, no Brasil, segue as

exigências da norma NBR 5435 (ABNT, 1991), a qual tem como sigla CP III e

variação dos componentes conforme Tabela 2.1.

Tabela 2.1 - Teores dos compostos do cimento Portland de alto-forno

Sigla Classe de Resistência

(MPa)

Componentes (% em massa)

Clínquer +

gipsita

Escória granulada de alto forno

Massa carbonática

CP III

25

65-25 35-70 0-5 32

40 Fonte: Adaptado da NBR 5735 (ABNT,1991).

Os principais componentes da escória de alto-forno são os mesmos

encontrados no cimento Portland (Figura 2.4) (SCRIVENER; NONAT, 2011). As

escórias de alto forno podem ser classificadas de acordo com a relação Ca/Si, e sua

reatividade é influenciada pelo grau de vitrificação, finura, composição química e

mineralógica (CHEN, 2007). Estas influências juntamente com a proporção de

escória adicionada ao cimento Portland e a temperatura de cura interfere no grau de

hidratação do cimento Portland com escória de alto-forno (LIN; MEYER, 2009).

A finura pode proporcionar uma reação mais rápida. Entretanto para o

cimento Portland com escória de alto forno, a finura contribui para formação de um

produto hidratado com microestrutura mais densa, contribuindo para resistência a

compressão em longo prazo (MEHTA; MONTEIRO, 2008).

O aumento da proporção de escória adicionada no cimento faz com que o

calor de hidratação e a resistência à compressão inicial diminuam, pois a escória

hidrata lentamente; por outro lado, eleva a resistência a sulfatos e agentes químicos.

A lenta reação de hidratação prolonga o tempo de cura necessário para o cimento

Portland (NEVILLE; BROOKS, 2013). Para suprir essa hidratação lenta inicial, é

necessário acelerar as reações que podem ocorrer por métodos de ativação

mecânica, química e térmica (SAJEDI; RAZAK, 2011).

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36

A ativação mecânica se refere à finura da escória de alto-forno ser maior

que a do cimento, e a ativação química a alguns produtos químicos com finalidade

de ativar o potencial de reatividade dos compostos presentes na escória (SAJEDI;

RAZAK, 2011). Na escória de alto forno, o clínquer atua como um ativador químico e

a cura térmica como ativador térmico (CAMARINI; CINCOTTO, 1995; CAMARINI,

1995).

A ativação térmica é um dos melhores métodos aplicáveis para acelerar

as reações de hidratação do cimento Portland, sendo geralmente utilizado em

fábricas de pré-moldados, e a aplicação das temperaturas de cura até 80 °C não

afetam a microestrutura (SAJEDI; RAZAK, 2010). Este processo acelera as reações

aumentando a velocidade de dissolução dos constituintes anidros do clínquer,

favorecendo a formação dos compostos hidratados e acelerando o processo de

endurecimento das pastas (CAMARINI; CINCOTTO, 1995; BARBOSA et al., 2005;

CAMARINI, 2011).

O cimento Portland com escória de alto-forno é recomendado para obras

de concreto com grande volume de concreto-massa por causa do seu baixo calor de

hidratação. Podem ser utilizados em concreto ou argamassas que necessitem de

resistência ao sulfato ou água do mar (NEVILLE; BROOKS, 2013). Normalmente, as

fábricas desse cimento são em locais onde há grande disponibilidade da escória

como matéria prima.

Neste capítulo foram abordados os temas relevantes para o estudo do

cimento Portland, sua hidratação e características do aglomerante com adições

minerais. Tais aspectos são de fundamental importância para o estudo do cimento

Portland. A seguir serão abordados o conceito do grau de hidratação do cimento

Portland e suas principais influências, que complementam o entendimento do estudo

da hidratação do cimento Portland.

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37

3. GRAU DE HIDRATAÇÃO

O mecanismo de hidratação é um fenômeno complexo que ocorre pelas

reações dos compostos do cimento anidro (C3S, C2S, C3A C4AF) com a água

(BULLARD et al., 2011), ocorrendo de forma interdependente (SCRIVENER;

NONAT, 2011).

Em modelos simplificados é comum definir os processos de hidratação

em um grau global de hidratação (DARQUENNES et al., 2013). Este grau de

hidratação global é a razão entre o teor de cimento hidratado pelo teor de cimento

anidro inicial (SHAFIQ, 2011). É um parâmetro que permite acompanhar os

processos físicos e químicos da hidratação do cimento e é representado por “α“

(DARQUENNES et al., 2013).

A determinação do grau de hidratação auxilia no estudo e controle de

qualidade dos produtos a base de cimento. É possível compreender o

desenvolvimento da resistência mecânica por meio do grau de hidratação, pois

ambos estão associados à idade dos materiais do cimento (LAM et al., 2000).

Os fenômenos que ocorrem na hidratação do cimento, tais como

desenvolvimento de resistência, geração de calor, estabilidade dimensional são

resultados de processos mecânicos, físicos e químicos (LIN; MEYER, 2009). O

conhecimento desses processos é fundamental para o estudo do grau de hidratação

do cimento Portland, sendo influenciado pelos seguintes fatores (LEA, 2004):

- composição química do cimento e presença de aditivos químicos e adições

minerais;

- finura do cimento, principalmente, pela sua distribuição de tamanho de partículas e

superfície específica;

- relação a/c utilizada na pasta;

- temperatura de cura;

Esses fatores serão discutidos a seguir.

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38

3.1 Influência da Composição Química do Cimento e Presença de Adições

Minerais

A composição química do cimento Portland é o fator mais importante e

complexo para o estudo da hidratação do cimento, pois as fases constituintes

individuais podem ter taxas de reações diferentes, devido à variedade dos

compostos e tipos de cimento. Para isto, é determinado o grau de hidratação com o

objetivo de identificar e simular essas interações complexas (LIN; MEYER, 2009).

Em cimentos compostos, as adições podem participar nas reações de

hidratação e contribuir para produtos hidratados. Há dois grupos que normalmente

são utilizados para adições: os materiais pozolânicos e potencialmente hidráulicos

(ESCALANTE-GARCIA; SHARP, 2004). Os materiais pozolânicos reagem com os

hidróxidos de cálcio que são produzidos na hidratação do cimento e os materiais

hidráulicos possuem características semelhantes às reações de hidratação do

cimento, entretanto necessitam de um ativador mecânico, químico ou térmico para

sua reação (SAJEDI; RAZAK, 2011). O interesse na utilização desses materiais está

nas vantagens econômica, ambiental e tecnológica que esses produtos podem

proporcionar (ESCALANTE-GARCÍA; SHARP, 1998).

As principais influências na cinética de hidratação do cimento com

adições minerais é o efeito de diluição e o de nucleação heterogênea (LAWRENCE;

CYR; RINGOT, 2003). Há um aumento da relação água/aglomerante no efeito de

diluição, por causa da diminuição da quantidade de cimento e menor quantidade de

cimento hidratado (MONTEAGUDO et al., 2014). A nucleação heterogênea está

relacionada às novas partículas que favorecem a reação química; assim, aspectos

como distribuição do tamanho de partículas e da composição mineralógica das

adições tem influência na hidratação (LAWRENCE; CYR; RINGOT, 2003).

Cimento Portland com adição de calcário pode influenciar na aceleração

das reações iniciais de hidratação e permitir a formação de monocarbonato,

estabilizando a etringita (LOTHENBACH et al., 2008). O efeito estabilizador do

calcário na etringita é observado em sistemas a base de gipsita e calcita (KUZEL;

PÖLLMANN, 1991), e em cimento Portland contendo apenas calcita (BONAVETTI et

al., 2001).

A utilidade de uma escória para o cimento Portland depende

principalmente de sua reatividade, sendo as principais influências a composição

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química e a estrutura vítrea (GRUSKOVNJAK et al., 2008). O conhecimento dos

efeitos físicos e químicos das composições químicas das escórias e dos ativadores

sobre o mecanismo de hidratação proporciona concretos com melhor desempenho

mecânico e durabilidade (HAHA et al., 2012).

Os cimentos supersulfatados têm uma resistência ao ataque de sulfato e

um menor calor de hidratação em relação ao cimento Portland comum

(GRUSKOVNJAK et al., 2008). Escórias altamente básicas reagem apenas na

presença da gipsita e, para escória com baixo teor de CaO é necessário um ativador

adicional, como a portlandita (GRUSKOVNJAK et al., 2008).

3.2 Influência da Finura do Cimento

A finura do cimento é outro fator que influencia no grau de hidratação pois

melhora a reatividade do aglomerante. Uma elevada finura proporciona maior

superfície de contato com a água. Portanto haverá uma maior taxa de hidratação

(LIN; MEYER, 2009). Como a hidratação se inicia na superfície do cimento, uma

finura elevada terá consequência na velocidade da hidratação. Desta forma, para

uma evolução rápida da resistência é preciso um cimento fino; porém, a longo prazo

as resistências se igualam (TERMKHAJORNKIT; BARBARULO, 2012).

Os cimentos de alta resistência inicial se diferem principalmente pela

finura maior em relação aos demais cimentos (METHA; MONTEIRO, 2008). Com

maior finura tem-se um aumento significativo da resistência entre os períodos de 10h

a 20h, mantendo essa diferença até o 28º dia (NEVILLE, 1997). Na idade de 2 a 3

meses, na mesma condição de cura úmida, as resistências dos cimentos se igualam.

Mas ao longo do tempo tem-se o aumento da resistência do cimento com menor

finura ultrapassando o de maior finura (NEVILLE, 1997).

Os cimentos compostos com filler, uma moagem fina de calcário,

contribuem com propriedades físicas do cimento, uma vez que o filler precisa ter

aproximadamente a mesma finura do cimento Portland (NEVILLE, 1997). As

influências nas pastas são principalmente na trabalhabilidade, densidade,

permeabilidade, capilaridade, exsudação ou tendência à fissuração (LOTHENBACH

et al., 2008). Quando utilizada uma adição mineral com uma elevada finura no

cimento Portland, a adição atua como micro enchimento nas partículas do cimento,

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40

podendo reduzir a quantidade de água nos vazios preenchidos pelo material (QING

et al., 2007).

O grau de hidratação inicial é fortemente afetado pelo tamanho das

partículas de cimento (MASOERO et al., 2014). Com o aumento da finura, o fim do

período de indução e o tempo do segundo pico de liberação de calor são reduzidos

(LIU et al., 2015). Apesar de ser esperada uma aceleração devido a maior

quantidade de pontos de nucleação, o grau de hidratação inicial não deve alterar o

volume disponível para a precipitação (MASOERO et al., 2014). E para partículas

que não hidrataram, a taxa de dissolução da superfície é independente do tamanho

inicial da mesma (TERMKHAJORNKIT; BARBARULO, 2012).

3.3 Influência da Relação Água/Cimento

Na hidratação do cimento Portland, a relação a/c tem uma influência

direta no desempenho dos produtos cimentícios (BENTZ, 2006). É comum nos

canteiros de obras a adição de água no concreto sem respeitar os parâmetros da

NBR 6118 (ANBT, 2014), o que acarreta em uma relação a/c acima do especificado

para melhorar a trabalhabilidade do material. Entretanto, essa adição de água pode

ocasionar a segregação dos agregados e reduzir o desempenho, tanto da

resistência mecânica quanto da durabilidade (KIM et al., 2014). Neste aspecto, há

mudança no grau de hidratação por conta da alteração da relação a/c (BENTZ,

2006).

A proporção elevada da relação a/c aumenta a velocidade de hidratação

no período médio de hidratação. Entretanto, retarda a hidratação em períodos

iniciais (LIN; MEYER, 2009). Maior relação a/c resulta em menor resistência à

compressão (ZHANG et al., 2015), pois a água que não é consumida na reação de

hidratação produz maior quantidade de poros, o que leva à redução desta

propriedade (KIM et al., 2014).

O aumento da relação a/c proporciona um enfraquecimento da matriz da

pasta de cimento devido ao aumento da porosidade e consequente redução da

resistência (METHA; MONTEIRO, 2008). A influência da relação a/c na resistência

do concreto é expressa na lei de Abrams onde a relação a/c é inversamente

proporcional à resistência do concreto (METHA; MONTEIRO, 2008; NEVILLE, 1997).

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41

Otimizar a quantidade de água a ser misturada no cimento é uma das

principais medidas de resistência e durabilidade do concreto (RAY et al., 2015). Em

um processo onde há aumento da relação a/c, pode ocorrer um aumento de

permeabilidade, uma vez que essas adições podem aumentar a quantidade de

poros no cimento (WANG et al., 2015). A porosidade desempenha um papel

importante no transporte de massa e é considerado um índice de durabilidade (KIM

et al., 2014).

Apesar da relação a/c ser uma das principais causas que influencia na

resistência do concreto, ela também afeta a cinética de hidratação do cimento (HU et

al., 2014; MASOERO et al.; 2014). Considerando um ponto de equilíbrio entre

desempenho e trabalhabilidade, tem-se a relação a/c de 0,4 que satisfaz estes

requisitos, segundo Zhang et al. (2015).

Teoricamente, o cimento Portland com relação a/c entre 0,35 - 0,40 irá

hidratar-se completamente. Contudo, essas relações não são suficientes quando o

cimento apresenta em seu interior baixa umidade relativa (LIN; MEYER, 2009;

RAMACHANDRAN et al., 2002). Os produtos de hidratação ao redor das partículas

de cimento anidro evitam a hidratação se não houver água livre suficiente nos

macroporos (JESEN, 1995).

Ray et al. (2015) trabalharam com pastas de cimento Portland com

relação a/c de 0,3, 0,4, 0,5 e 0,6, assim definiram que as relações a/c 0,4 e 0,5

apresentam reações de hidratação mais controladas que formam um nível de

otimização de produtos de hidratação desejado. Kim et al. (2014) trabalharam com

argamassa de cimento com relação a/c 0,45 e 0,60, e notaram que a relação a/c

0,45 apresentou melhores resultados de durabilidade em vista da relação a/c 0,6.

Estudos experimentais permitem definir o grau de hidratação último (αu)

do cimento em função da relação a/c (Equação 3.1) (MILLS, 1966 apud LIN;

MEYER, 2009, p. 256). O grau de hidratação último é o valor máximo obtido para o

grau de hidratação de um cimento Portland, o que corresponde à máxima

combinação entre os compostos anidros com a água.

(3.1)

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42

3.4 Influência da Temperatura de Cura

As temperaturas de cura influenciam na cinética de hidratação do cimento

com efeitos benéficos e maléficos, dependendo do procedimento adotado.

Temperaturas mais elevadas proporcionam aumento de resistências iniciais. Por

outro lado, podem proporcionar estruturas mais porosas com maior permeabilidade

e, consequentemente, uma menor durabilidade (CAMARINI; CINCOTTO, 1995;

NEVILLE, 1997; LIN; MEYER, 2009; CECCONELLO; TUTIKIAN, 2012).

A causa para o aumento da velocidade da hidratação do cimento em

função do aumento de temperatura de cura está na influência da temperatura na

cinética das reações químicas, proporcionando dissolução e taxas de nucleação ou

precipitação e difusão dos hidratos em torno de grãos de cimento anidros mais

rápidas (TERMKHAJORNKIT; BARBARULO, 2012).

A influência da temperatura está presente desde o lançamento do

concreto, por isso a importância da manutenção da temperatura do concreto fresco

em concretagens em dias de temperaturas elevadas (CECCONELLO; TUTIKIAN

2012). A rápida hidratação inicial, causada pelas elevadas temperaturas, forma um

material mais poroso, pois ocorre uma distribuição não uniforme no gel de cimento

modificando sua microestrutura (ESCALANTE-GARCÍA; SHARP, 1998).

Com uma temperatura inicial alta, os produtos de hidratação não têm

tempo de se afastarem dos grãos de cimento para uma precipitação uniforme nos

espaços intersticiais (NEVILLE; BROOKS, 2013). Desta forma, há proximidade dos

grãos de cimento com os produtos hidratados, um processo que retarda a hidratação

subsequente, e, consequentemente, um ganho de resistência em longo prazo

(NEVILLE; BROOKS, 2013).

Em baixas temperaturas de cura no concreto, o material adquire

resistência mecânica lentamente. Cecconello e Tutikian (2012) compararam

temperaturas de cura entre 0 °C a 25°C por 7 dias e verificaram que temperaturas

superiores a 20 °C adquirem maior resistência até o 7º dia de cura, entretanto o

concreto com cura a 0 °C obteve a maior resistência em 28 dias.

A energia de ativação não exerce tanta influência após o 7º dia de cura. O

desempenho superior para peças curadas em baixa temperatura justifica-se pelo

atraso do início das reações de hidratação, colaborando com a boa formação da

matriz do cimento (NEVILLE, 1997; MEHTA; MONTEIRO, 2008).

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As reações de hidratação dos compostos do cimento Portland, por serem

lentas, necessitam da manutenção suficiente da temperatura de cura para

proporcionar a energia de ativação necessária para as reações, permitindo que o

processo de desenvolvimento de resistência ocorra naturalmente (MEHTA;

MONTEIRO, 2008).

As temperaturas de cura mais elevadas favorecem a reação pozolânica,

resultando em menores quantidades de formação de portlandita (ESCALANTE-

GARCIA; SHARP, 2004). Quando a temperatura aumenta de 20 °C para 50 °C,

acelera as reações pozolânicas, e a 50 °C a portlandita não tem tempo para se

formar devido à rápida formação do C-S-H (DE WINDT et al., 2014).

Escalante-Garcia e Sharp (2004) verificaram que na microestrutura das

pastas de cimento pozolânicos curados a 60 °C, a quantidade de hidróxido de cálcio

foi inferior do que argamassas curadas a 10 °C. Nos casos das temperaturas mais

elevadas, a dissolução mais rápida da cristobalita e montmorilonita produz um

fornecimento rápido de sílica na solução disponível para formação do C-S-H (DE

WINDT et al., 2014).

Camarini e Cincotto (1995) estudaram o efeito da cura térmica na

resistência de argamassas de cimentos Portland comum e de alto forno, nas quais

submeteram as amostras em ciclos de cura térmica a 60 °C, 80 °C e 95 °C.

Verificaram que um cimento com escória de alto forno submetido a cura térmica

apresenta resultados mais vantajosos que o cimento Portland comum. E concluíram

que a temperatura de cura se faz necessária apenas na fase inicial das reações,

após esse período o aquecimento das amostras é desnecessário.

3.5 Determinação do Grau de Hidratação Por Meio de Técnicas Para

Determinação da Água Não Evaporável

A cinética de hidratação do cimento Portland está relacionada com a

idade do cimento ou com o grau de hidratação, ou com ambos (TAYLOR, 1990).

Pode-se determinar a evolução da hidratação do cimento das seguintes formas

(NEVILLE, 1997):

- quantidade de Ca(OH)2 na pasta;

- calor desenvolvido na hidratação;

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- quantidade de água não evaporável (Wn);

- quantidade de cimento não hidratado.

Foram realizados vários estudos para definir hidratação, por meio de

modelos teóricos e ensaios experimentais (HUANHAI, 1993; LAM; WONG; POON,

2000; SCRIVENER et al., 2004; CHEN et al., 2007; WANG; LEE, 2010; WANG; LEE,

2012; NARMLUK; NAWA, 2011; AMEN, 2011; WANG et al., 2012;). Dentre os

ensaios experimentais para a determinação do grau de hidratação, o ensaio de

determinação da Wn pela técnica da termogravimetria (TG) e perda ao fogo (PF) são

amplamente utilizados.

A TG é uma técnica que mede a perda progressiva de massa de uma

amostra à medida que é aquecida a uma velocidade controlada (RAMACHANDRAN

et al., 2002). Desta maneira, pode-se analisar as perdas de massas que ocorrem

nas pastas e concretos de cimentos submetidas a elevadas temperaturas (Quadro

3.1)

Quadro 3.1 - Transformação da pasta de cimento submetida a elevadas temperaturas

Faixa de temperatura Transformações na pasta de cimento

30 °C e 105 °C Liberação da água evaporável. Toda a água evaporável é

eliminada até 120 °C

110 °C e 170 °C Decomposição da gipsita e da etringita (perda de água).

Perda de água de parte do aluminato hidratado.

180 °C e 300 °C Perda de água da decomposição do C-S-H e do

carboaluminato hidratado.

450 °C e 550 °C Perda de água da portlandita (CH = CaOH).

700 °C e 900 °C Descarbonatação do CaCO3, liberando CO2 (fíler,

carbonatação da pasta ou do agregado). Fonte: Adaptado de Alarcon-Ruiz et al., 2005.

Pane e Hanses (2005) e Bhatty (1986) definiram a perda de massa em

três partes: a região de desidratação (LDH), desidroxilação (LDX) e

descarbonatação (LDC). Nas duas primeiras ocorre a perda de praticamente toda

água quimicamente combinada (água não evaporável) e na LDC ocorre a perda de

CO2 do calcário presente no cimento. As temperaturas nessas regiões podem ser

vistas no Quadro 3.2.

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Quadro 3.2 - Comparativo entre região de transformação da pasta de cimento submetidos a elevadas temperaturas

Região de transformação

Bhatty (1986) Pane e Hanses

(2005) Alarcon-Ruiz et al. (2005)

Taylor (1990)

LDH 105 °C a 440

°C 140 °C a 440 °C

105 °C a 450 °C

105 °C a 370 °C

LDX 440 °C a 580

°C 440 °C a 520 °C

450 °C a 550 °C

370 °C a 580 °C

LDC 580 °C a 1000

°C 520 °C a 1100 °C

550 °C a 900 °C

580 °C a 1000 °C

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Apesar de serem conhecidas e classificadas as faixas de temperatura, há

na literatura trabalhos que determinam a água não evaporável pelo ensaio de perda

ao fogo submetendo pastas de cimento Portland a temperaturas de 900 °C a 1000

°C para obtenção do grau de hidratação (HUANHAI, 1993; LAM; WONG; POON,

2000; AMEN, 2011; NARMLUK; NAWA, 2011).

Monteagudo et al. (2014) trabalharam com cimentos com adições e

analisaram as perdas de massa para medir a quantidade de água não evaporável

nas regiões de temperatura descritas por Pane e Hanses (2005) (Equação 3.2) e

Bhatty (1986) (Equação 3.3):

(3.2)

Sendo:

- LDH – Perda de massa da região de desidratação, faixa de temperatura de 140 °C

a 440 °C.

- LDX – Perda de massa da região de desidroxilação, faixa de temperatura de 440

°C a 520 °C.

- LDC – Perda de massa da região de descarbonatação, faixa de temperatura de

520 °C a 1100 °C.

- LDCa – Perda de massa para o cimento anidro na faixa de temperatura de 520 °C

a 1100 °C.

(3.3)

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46

Sendo:

- LDH – Perda de massa da região de desidratação, faixa de temperatura de 105 °C

a 440 °C.

- LDX – Perda de massa da região de desidroxilação, faixa de temperatura de 440

°C a 580 °C.

- LDC – Perda de massa da região de descarbonatação, faixa de temperatura de

580 °C a 1000 °C.

Na Equação 3.3, o método relata que 0,41 é o fator de conversão para

calcular a água quimicamente combinada derivada da portlandita calcinada. As

Equações 3.4 e 3.5 apresentam as reações que ocorrem durante a carbonatação do

hidróxido de cálcio (CH) e depois a decomposição de carbonatos. O valor de 0,41 é

equivalente a dividir os pesos moleculares de H2O e CO2 (Equação 3.6)

(MONTEAGUDO et al., 2014)

(3.4)

(3.5)

(3.6)

Outra forma de se definir a Wn é pelo ensaio de PF. Neste caso, calcula-

se primeiramente a PF na faixa de temperatura que ocorre a perda da água

quimicamente combinada (Equação 3.7) (ABNT, 2012). Assim, tem-se que Wn=PF

(AMEN, 2011).

(3.7)

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Sendo:

- m1 – massa inicial da amostra, em gramas;

- m2 – massa final da amostra após calcinação, em gramas.

A NBR NM 18 (ABNT, 2012) acrescenta outro método para determinação

da perda ao fogo para cimento com adição de escória granulada de alto-forno na

faixa de temperatura de 900 °C a 1000 °C . Há duas equações, uma considerando a

correção do sulfeto (Equação 3.8) e a outra considerando a variação do teor de

anidrido sulfúrico (Equação 3.9). No entanto, para esse cálculo faz-se necessário o

conhecimento da composição química do cimento.

(3.8)

Sendo:

- D, é a porcentagem de SO3, na amostra calcinada;

- C, é a porcentagem de SO3, na amostra original;

- 0,8, é a relação molar para transformar a diferença de SO3 (D-C) em oxigênio

equivalente na oxidação do enxofre;

(3.9)

Sendo:

- E, é a porcentagem de sulfeto na amostra original;

- F, é a porcentagem de sulfeto na amostra calcinada;

- 2, é a relação molar para transformar a diferença de sulfeto (E-F) em oxigênio

equivalente na oxidação do enxofre.

Para determinar o grau de hidratação (α) calcula-se a relação entre a

água não evaporável (Wn), obtida por meio de ensaio, pelo valor teórico de água

não evaporável (“x”) (Equação 3.10).

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(3.10)

O valor teórico “x” para um cimento Portland comum completamente

hidratado, em condições ideais, é de 32% (TAYLOR, 1990). Entretanto, para

condições usuais, com uma relação a/c superior, e com diferentes tipos de cimento

Portland com adições existentes, o valor teórico apresenta variações. Segundo

Neville (1997), este valor pode estar entre 18% e 23%, em massa do material anidro.

Outros trabalhos utilizaram 23% (AMEN, 2011; HUANHAI, 1993; LAM; WONG;

POON, 2000; NARMLUK; NAWA, 2011). Monteagudo et al. (2014) utilizaram 24%,

afirmando que variam entre 23% e 25%. Escalante-Garcia (2003) apresentou

resultados de 23% para “x” em um cimento puro, afirmando que em cimentos com

adições há diferenças nesses valores, pois dependendo das características das

adições é necessária água adicional.

Neste trabalho, o grau de hidratação do cimento Portland foi calculado

com base no modelo de Amen (2011), prevendo também diferentes condições de

cura (20 °C, 40 °C e 60 °C).

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4. CURA

A cura do cimento é um procedimento para promover sua hidratação, com

objetivo de obter um material de boa qualidade, durável e resistente, devendo ser

realizada adequadamente (NEVILLE; BROOKS, 2013). A cura nada mais é do que a

manutenção de um teor de umidade e temperatura adequados no produto cimentício

desde o início de sua hidratação até o período final em que as propriedades

desejadas sejam alcançadas (PROMMAS; RUNGSAKTHAWEEKUL, 2014).

O cimento Portland continua sua hidratação por vários anos, a uma taxa

decrescente, desde que haja cimento anidro e a pasta de cimento mantenha a

umidade e condições de temperatura favoráveis (AL-GAHTANI, 2010). A cura

adequada irá manter as condições ideais, reduzindo a perda de água do cimento

que irá colaborar com aumento do grau de hidratação, proporcionando a formação

contínua de produtos hidratados e reduzindo a quantidade de poros (ZHAO et al.,

2012). Por outro lado, caso o cimento não tenha água suficiente para a manutenção

da hidratação, a mesma se encerra (AL-GAHTANI, 2010).

O período de cura necessita de cuidados especiais, pois tem influência

física e quimicamente na constituição da matriz do cimento (THOMAZ, 2005). Este

fato não pode ser subestimado, pois a cura realizada de forma apropriada irá

aumentar a durabilidade, resistência, impermeabilidade à água, resistência à

abrasão, estabilidade volumétrica e resistência ao congelamento e descongelamento

(PROMMAS; RUNGSAKTHAWEEKUL, 2014).

O grau de hidratação do cimento depende das condições de cura e de

sua duração, bem como da temperatura e umidade (MEHTA; MONTEIRO, 2008).

Assim, é necessário manter a umidade do material cimentício e também sua

temperatura para que as reações de hidratação ocorram em sua plenitude. Mas não

se pode esquecer que a duração da cura depende da composição química do

cimento e de suas adições (THOMAZ, 2005).

A umidade mínima de 80% é necessária para a hidratação do cimento

(AL-GAHTANI, 2010). Cuidados especiais devem ser tomados com os produtos com

escória de alto-forno, cinzas volantes e sílica, pois a redução de água resulta em

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50

menor desempenho mecânico, maior porosidade e, consequentemente, produtos

mais permeáveis (RAMEZANIANPOUR; MALHOTRA, 1995).

A cura pode ser realizada por diferentes procedimentos, dentre eles estão

a cura úmida e a cura térmica.

4.1 Cura Úmida

A cura úmida tem por finalidade manter o produto hidratado, saturado, ou

próximo disso, para que a água preencha os espaços na pasta de cimento fresco até

serem substituídos por produtos de hidratação (NEVILLE; BROOKS, 2013). A

influência da cura na resistência do concreto é de extrema importância, pois a cura

úmida contínua é três vezes superior à cura ao ar (Figura 4.1) (MEHTA; MONTEIRO,

2008).

Na prática, um período mínimo de 3 a 7 dias de cura úmida é

normalmente utilizado para peças de concreto. Para um mesmo traço de concreto

(Figura 4.1), se for tomada como referência a resistência à compressão com cura

úmida contínua, ela é superior a todos os tipos de cura. Em relação à idade de 50

dias, por exemplo, a cura úmida até o terceiro dia tem, aproximadamente, 70% do

valor da resistência com cura úmida contínua. Com o aumento no tempo de cura

para 7 dias, a resistência à compressão com a cura úmida contínua representa 90%

da resistência (MEHTA; MONTEIRO, 2008).

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Figura 4.1 Influência das condições de cura na resistência à compressão do concreto

Fonte: Adaptado de MEHTA; MONTEIRO, 2008.

Nos canteiros de obras, muitas vezes cessam a cura do concreto antes

de atingir a máxima hidratação possível, podendo ocasionar deficiência na

resistência devido à perda de água por evaporação (NEVILLE; BROOKS, 2013). A

evaporação da água no concreto fresco ocorre devido a altas temperaturas, baixa

umidade do ar, velocidade do vento, entre outras adversidades que impedem a

correta hidratação (BINGÖL; TOHUMCU, 2013). A perda excessiva de água por

evaporação pode retardar a hidratação ou evitar a hidratação adequada

(PROMMAS; RUNGSAKTHAWEEKUL, 2014).

O método mais simples e eficaz para manter as superfícies do concreto

expostas continuamente à umidade é por acúmulo ou pulverização de água na

superfície (AL-GAHTANI, 2010), respeitando os tempos mínimos em função do tipo

de cimento e a relação água/cimento utilizada, para produzir o compósito cimentício

(Quadro 4.1) (THOMAZ, 2005).

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Quadro 4.1 - Períodos mínimos de cura recomendados para concretos de cimento Portland

Tipo de

cimento

Período mínimo de cura (dias) para relações a/c de :

0,35 0,55 0,65 0,70

CP I e CP II 32 2 3 7 10

CP IV 32 2 3 7 10

CP III 32 2 5 7 10

CP I e CPII 40 2 3 5 10

CP V 2 3 5 5

Fonte: Adaptado de Thomaz, 2005.

Além de considerar os períodos expostos no Quadro 4.1, deve-se

considerar a condição ambiente em que será utilizado o material. Essas condições

irão aumentar os dias necessários para a cura ideal do cimento Portland. Desta

forma, deve se verificar as condições atmosféricas (n1), temperatura e umidade

relativa do ar, a área de exposição da peça utilizada (n2) e a agressividade do meio

ambiente (n3). Para cada condição há um coeficiente, expresso no Quadro 4.2, que

pode ser obtido um coeficiente final (kn = n1.n2.n3) que será multiplicado pelo

período de cura apresentado no Quadro 4.1.

Quadro 4.2 - Fatores de correção para os períodos mínimos de cura dos concretos

Condições atmosféricas

Temperatura < 15 °C 16 °C a 39 ° C

Umidade relativa do ar

(UR)

UR < 70%

UR ≥ 70% UR < 70% UR ≥ 70%

(n1) 1,10 1,05 1,05 1,00

R= área exposta/volume da peça (n2)

R ≤ 0,20 0,20 < R < 0,40 0,20< R < 0,40 R ≥ 0,70

1,00 1,05 1,10 1,20

Agressividade do meio ambiente* (n3)

Fraca Média Forte Muito forte

1,00 1,10 1,20 1,30

(*) De acordo com a NBR 6118/2003. Fonte: Adaptado de Thomaz, 2005.

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Assim é possível definir a cura ideal para o Cimento Portland levando em

conta as diversas variáveis. Pode-se notar no Quadro 4.1 que cimentos Portland

com adições minerais precisam de um período maior de cura, por causa das

reações pozolânicas (TAN; GJORV, 1995). Portanto, a cura apropriada dos produtos

hidratados desempenha um papel muito importante nas propriedades de resistência

e durabilidade (BINGÖL; TOHUMCU, 2013).

4.2 Cura Térmica

A cura térmica é empregada por empresas de estruturas de concreto pré-

moldado, contribuindo para o aumento da eficiência da produção (BA et al., 2011). A

temperatura de cura elevada influencia na cinética de hidratação do cimento,

aumentando seu grau de hidratação e as taxas de desenvolvimento de resistência

mecânica em curto prazo (SAJEDI; RAZAK, 2011).

A ativação térmica limita-se a temperaturas de 65 °C a 85 °C (BINGÖL;

TOHUMCU, 2013). Este processo aumenta a velocidade de dissolução dos

constituintes anidros do clínquer, proporcionando a formação dos produtos

hidratados mais rapidamente (CAMARINI; CINCOTTO, 1995; BARBOSA et al.,

2005; CAMARINI, 2011). Por outro lado, este procedimento pode proporcionar

menores resistências em idades mais avançadas (TERMKHAJORNKIT;

BARBARULO, 2012).

O mecanismo e a velocidade de hidratação do cimento Portland variam

com o tempo (TERMKHAJORNKIT; BARBARULO, 2012). No início da pega, as

reações ocorrem por dissolução-precipitação, e depois a velocidade é controlada por

difusão iônica sem depender da temperatura. Desta forma, tem-se o motivo da

influência da cura térmica aplicada nas primeiras idades de hidratação (GARTNER

et al., 2002).

A consequência do aumento da velocidade de hidratação do cimento

Portland está na alteração das características físicas e mecânicas, influenciando nos

aspectos de durabilidade. Este processo forma um material mais poroso

contribuindo para aumento de permeabilidade (ESCALANTE-GARCÍA; SHARP,

1998).

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A cura a vapor é normalmente aplicada em câmaras especiais que

proporcionam a elevação gradual da temperatura. Em função dos efeitos adversos

da temperatura na hidratação do cimento, como a rápida perda de água que

proporciona alta porosidade e baixa resistência à compressão, não é permitida a

elevação rápida da mesma (NEVILLE; BROOKS, 2013).

Os cimentos Portland com adições têm reações de hidratação lentas;

neste caso, o método de cura térmica atua como um ativador para essas reações

(SAJEDI; RAZAK, 2011), principalmente para os cimentos com escória de alto-forno

(CAMARINI; CINCOTTO, 1995; CAMARINI, 1995).

A utilização da cura térmica é vantajosa para cimento Portland com

escória de alto-forno, com aplicação da técnica, necessariamente, nas fases iniciais

das reações de hidratação (CAMARINI, 2011). Para isto, verificou-se que a

temperatura de cura a 60 °C apresentou resultados mais satisfatórios quando se

deseja obter compósitos duráveis (ESCALANTE-GARCIA; SHARP, 2004; DE

WINDT et al., 2014).

A escolha da técnica adotada é importante, pois deve-se saber que terá

influência no produto final. É preciso conhecer quais resultados deverão ser obtidos,

mesmo que o material não obtenha sua melhor característica, desde que atenda as

exigências de projeto com segurança e durabilidade.

Com o entendimento da importância do estudo do cimento Portland e do

grau de hidratação do mesmo, e desde que a adição de escória de alto-forno tornou-

se ainda mais presente nos cimentos atuais, novos estudos sobre essa temática são

necessários. A partir disso, será estudado o grau de hidratação em cimentos com

adição de escória de alto-forno por meio da análise da água não evaporável com as

diferentes variáveis que os influenciam.

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5. MATERIAIS E MÉTODOS

Para o estudo da água não evaporável no Cimento Portland de Alto-

forno foram produzidas pastas e argamassas à partir de temperaturas de curas

variadas e duas relações a/c. Foram realizados ensaios de perda ao fogo,

termogravimetria (TG), resistência à compressão e permeabilidade ao ar para as

análises desse trabalho. A estrutura deste trabalho pode ser visualizada no

fluxograma a seguir (Figura 5.1).

Figura 5.1- Abordagem experimental

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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5.1 Materiais

Trata-se de uma pesquisa experimental onde se pretende avaliar o grau

de hidratação para os cimentos CP II E, CP III e CP V – ARI (CP V), produzidos por

dois diferentes fabricantes, Fabricante 1 (F1) e Fabricante 2 (F2), cujas composições

químicas estão apresentadas na Tabela 5.1 e as características físicas na Tabela

5.2. A Tabela 5.3 apresenta as composições (clínquer + sulfatos e adições) nos

cimentos CP II E, CP III e CP V estabelecidos pelas normas brasileiras NBR 11578

(ABNT, 1991), NBR 5735 (ABNT,1991) e NBR 5733 (ABNT,1991).

Tabela 5.1 – Composição química dos cimentos Portland

FABRICANTES F1 F2

Óxidos CPII E CP III CP V CPII E CP III CP V

CaO (%) 55,30 52,82 66,05 54,27 54,40 64,03

SiO2 (%) 23,10 25,35 19,58 23,77 24,61 19,04

Al2O3 (%) 6,74 6,99 4,96 6,54 7,32 5,01

Fe2O3 (%) 2,43 2,10 3,14 2,50 1,90 3,23

MgO (%) 3,77 0,29 0,54 3,66 0 1,74

SO3 (%) 1,89 2,39 2,87 1,94 2,78 3,11

Fonte: Fabricantes dos cimentos.

Tabela 5.2 – Propriedades físicas dos cimentos Portland

FABRICANTES F1 F2

ENSAIOS CPII E CP III CP V CPII E CP III CP V

Massa especifica

(kg/m³) 3140 3020 3080 3030 3180 3000

Finura Blaine (m²/kg)

314 350 431 315 356 469

Início de pega (min)

330 322 220 280 280 210

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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Tabela 5.3 – Composição dos cimentos Portland conforme ABNT

Tipos de cimento Portland

Sigla

Componentes (% em massa)

Norma Brasileira

Clínquer +

gipsita

Escória granulada de

alto forno

Material carbonático

Composto CP II E 94-56 06-34 0-10 NBR

11578

Alto-forno CP III 65-25 35-70 0-5 NBR 5735

Alta Resistência

Inicial CP V ARI 100-95 - 0-5 NBR 5733

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Para a produção de argamassas, foi utilizada a Areia Normal para ensaio

de cimento, conforme NBR 7414 (ABNT, 2012)

5.1.1 Misturas experimentais e cura

a) Pastas

Com as pastas de cimento determinou-se a água não evaporável e,

consequentemente o grau de hidratação. Para cada cimento foram produzidas

pastas com relação a/c de 0,30 e 0,50. A relação a/c 0,30 é referente à pasta de

consistência normal. A relação a/c 0,5 representa o valor comum utilizado na

produção do concreto. As pastas de cimento foram moldadas manualmente

conforme a NBR NM 65 (ABNT, 2003) e colocadas em recipientes fechados para

evitar a perda da água de amassamento.

Determinou-se o tempo de início de pega dos cimentos utilizando o

aparelho de Vicat (Figura 5.2) (ABNT, 2003). Esse dado é importante devido ao tipo

de cura que foi empregado nas pastas, pois quando se emprega cura térmica o

tempo de início de pega corresponde ao início da cura térmica dos cimentos

(CAMARINI; CINCOTTO, 1995).

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Figura 5.2 – Aparelho de Vicat e as pastas em moldes com tampa

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

A cura das pastas foi realizada em três temperaturas: 20 °C, 40 °C e 60

°C em uma câmara com temperatura constante.

Iniciada a pega do cimento, as pastas nos moldes fechados foram

colocadas nas câmaras nas temperaturas de 20 °C, 40 °C e 60 °C. Os moldes

permaneceram fechados durante todo o processo de cura para evitar a perda da

água de amassamento. O Quadro 5.1 apresenta as misturas experimentais e as

temperaturas de cura. Este procedimento teve duração de vinte e quatro horas.

Após esse período, as pastas nos moldes fechados permaneceram em ambiente de

laboratório (23 °C, Umidade Relativa (UR) ~ 70%) até o início dos ensaios de

determinação de água não evaporável.

Quadro 5.1 – Pastas e temperatura de cura

PASTA FABRICANTE a/c CIMENTO TEMPERATURAS

DE CURA

1

F1

0,5

CP II E

20°C-40°C-60°C 2 CP III

3 CP V

4

0,3

CP II E

20°C-40°C-60°C 5 CP III

6 CP V

7

F2

0,5

CP II E

20°C-40°C-60°C 8 CP III

9 CP V

10

0,3

CP II E

20°C-40°C-60°C

11 CP III

12 CP V

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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b) Argamassas

As argamassas foram empregadas para avaliar a resistência à

compressão e a permeabilidade ao ar, cujas matrizes são as mesmas pastas

utilizadas para determinação do grau de hidratação.

As argamassas, na proporção de uma parte de cimento para três de areia

normal (1:3), foram produzidas com relação a/c 0,30 e 0,50, e misturadas por meio

de um misturador mecânico e moldadas em corpos de prova cilíndricos de 50mm de

diâmetro e 100mm de altura conforme NBR 7215 (ABNT, 1997).

As argamassas foram curadas nas mesmas temperaturas das pastas: 20

°C, 40 °C e 60 °C, por vinte e quatro horas. Após a desforma, os corpos de prova

permaneceram em câmara úmida até as idades de ensaio 7, 28 e 90 dias.

5.2 Métodos de Ensaios

Com as pastas, realizaram-se os ensaios de Perda ao Fogo (PF) e

Termogravimetria (TG). Com as argamassas, os ensaios de resistência à

compressão e permeabilidade ao ar.

5.2.1 Resistência à compressão

A resistência à compressão das argamassas foi obtida aos 7, 28 e 90 dias

conforme a NBR 7215 (ABNT, 1997).

5.2.2 Permeabilidade ao ar

Este ensaio foi realizado empregando a metodologia utilizada por Pereira

e Camarini (2011). Foram produzidas argamassas nas mesmas condições dos

ensaios de resistência à compressão e ensaiadas na idade de 90 dias.

Um dia antes do ensaio, as amostras foram cortadas em três partes. As

pontas foram descartadas, sendo adotado o terço médio com 50 mm de altura e

preparado para o ensaio (Figura 5.3). Em seguida, o corpo de prova foi levado para

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estufa a 100 ºC por 8 horas. Após esfriamento, suas laterais foram

impermeabilizadas com impermeabilizante para que o fluxo de ar ocorresse somente

no sentido da seção transversal (vertical) do corpo de prova.

Figura 5.3 – Esquema do tamanho das amostras

Fonte: Pereira; Camarini, 2011.

Inicialmente o corpo de prova no topo do aparelho (Figura 5.4). A parte

inferior do porta-amostra é ligada a um tubo que contém água como líquido

manométrico. Nesse sistema, o vácuo foi obtido conectando-se o permeâmetro a

uma bomba manual. A abertura da válvula reguladora provoca a subida da água no

interior do tubo capilar até o nível h, nível superior a h0. Em seguida a válvula é

fechada. O ar atmosférico começa passar através do corpo de prova. Mediu-se o

tempo necessário para a água descer da altura h0 até h1.

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Figura 5.4 – Esquema do aparelho de permeabilidade ao ar

Fonte: Adaptado de Pereira; Camarini, 2011.

O cálculo da permeabilidade ao ar segue a lei de Darcy (PEREIRA;

CAMARINI, 2011), e o cálculo é feito pela equação 5.1 a seguir.

(5.1)

Onde k é a permeabilidade ao ar (m²), h0 é a altura do nível da água (m),

h1 é a altura final da água, tempo t (s) necessário para passagem da água do nível

h0 para h1, e μ é a viscosidade do ar a 20 ºC, 1,91.10-5 Poisseuille (Pa.s), s é a

secção do tubo capilar (m²), 2,64.10-5 m², S é a seção do corpo-de-prova (m²), ρ é a

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massa especifica da água (kg/m³), g é a aceleração da gravidade (m/s²), l é a altura

do corpo-de-prova (m).

O ensaio foi realizado nos corpos de prova de argamassa apresentados

no Quadro 5.2.

Quadro 5.2 - Corpos de prova do ensaio de permeabilidade ao ar

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

5.2.3 Perda ao fogo (PF)

Nas pastas determinou-se a PF a 600 °C e a 1000 °C. Para isso, as

pastas foram trituradas em pó passante na peneira nº 30 e armazenadas nos

recipientes fechados até as datas dos ensaios de 7, 28 e 90 dias.

Desta forma, um dia antes do ensaio de PF, as amostras (pó) foram

colocadas em estufa a 100 °C e nela permaneceram por 24 horas a fim de se

eliminar a água livre.

Após 24 horas na estufa, as amostras foram retiradas e colocadas em um

dessecador por 15 minutos para esfriar.Em seguida foram pesadas e levadas à

mufla para calcinar as amostras. O equipamento foi programado para que se

pudesse realizar o procedimento nas temperaturas de 600 °C e 1000 °C. Desta

forma, a mufla em temperatura ambiente iniciava a elevação da temperatura até 600

°C em 10 minutos. Em seguida, esta temperatura mantinha-se por três horas. O

mesmo procedimento foi utilizado para a temperatura de 1000 °C. Retirada as

amostras da mufla e esfriadas, elas foram pesadas em balança de precisão para

determinar a PF (Figura 5.5).

FABRICANTE CIMENTO TEMP. CURA A/C

F1 CP III 20 °C 0,5

F1 CP III 60 °C 0,5

F1 CP V 20 °C 0,5

F1 CP V 60 °C 0,5

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63

Figura 5.5 – Amostras de pasta na mufla

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

5.2.4 Análise termogravimétrica

Em algumas pastas do cimento do Fabricante F1, foram realizados

ensaios de TG. Os equipamentos utilizados foram Analisador Termogravimétrico da

marca Shimadzu, modelo TGA-50M (Figura 5.6) e balança microanalítica da marca

Mettler Toledo, modelo MX5. Os gases utilizados foram 80% de N2 e 20% de O2 com

fluxo ascendente. A taxa de aquecimento foi de 10 °C/min até 1000 °C.

Os cimentos foram escolhidos para este ensaio em função dos resultados

obtidos na perda ao fogo, onde não houve diferença significativa entre os fabricantes

nestas características. Foram os três cimentos do Fabricante 1, com relação a/c =

0,5, com cura a 40 °C e na idade de 28 dias.

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Figura 5.6 – Analisador termogravimétrico

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

5.2.5 Determinação da água não evaporável teórica ("x")

Para o cálculo da água não evaporável teórica ("x"), primeiramente foram

calculadas as quantidades água não evaporável (Wn) para todos os cimentos,

conforme a Equação 3.7 apresentada no item 3.5.

Com os valores de Wn determinou-se o grau de hidratação último (αu)

para as pastas de cimentos na idade de 28 dias em função da relação a/c, utilizando

a Equação 3.1 apresentada no item 3.3 da revisão da literatura.

Conhecidos os valores de αu e Wn foram calculados os valores de "x"

empregando a Equação 3.10, discutida no ítem 3.5.

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65

5.3 Análise Estatística

Os resultados das diferentes metodologias foram comparados

estatisticamente pelo método de t-student a um grau de satisfação de 95% com os

seguintes objetivos de comparar a equivalência:

- Wn entre as idades de 7 e 28 dias;

- PF a 600 °C e PF a 1000 °C;

- Wn entre as relações a/c;

- Wn entre dos diferentes cimentos;

- Wn entre as temperaturas de cura;

- Entre os diferentes fabricantes;

- Resultados dos ensaios de TG e PF;

- Resultados de resistência a compressão das argamassas.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

São discutidos e analisados os resultados experimentais dos ensaios

realizados de PF, TG, resistência à compressão e permeabilidade ao ar. Essas

propriedades são avaliadas em função da relação a/c, temperatura de cura, teor de

escória e idade de hidratação, para os dois fabricantes, F1 e F2, além de serem

realizadas correlações entre elas. Por meio de análise estatística é feita a

comparação entre os cimentos dos dois fabricantes, e também a relação entre as

técnicas de PF e TG para determinar o grau de hidratação.

Ressalta-se que todas as análises estatísticas estão apresentadas nos

Apêndices A a F.

6.1 Análise da Água Não Evaporável no Ensaio de Perda ao Fogo.

Nos resultados de PF são apresentadas as quantidades de água não

evaporável (Wn) das pastas dos dois fabricantes para as respectivas relações a/c,

separadamente. Foram analisados os resultados da água não evaporável entre as

idades de 7 e 28 dias, comparações dos resultados obtidos: para Wn entre os

ensaios de PF a 600 °C e PF a 1000 °C, para Wn entre as diferentes relações a/c

0,3 e 0,5 e para Wn entre os três cimentos.

6.1.1 Fabricante 1

Os resultados da PF estão apresentados nas Figuras 6.1 a 6.3.

Na cura a 20 °C (Figura 6.1) não houve diferenças significativas nos

valores de Wn entre 7 e 28 dias para os cimentos CP II E, CP III e CP V, tanto para

a relação a/c 0,3 (Figura 6.1.a e Figura 6.1.b) como para a relação a/c 0,5 (Figura

6.1.c e Figura 6.1.d), independente da temperatura empregada na PF (600 °C e

1000 °C). Houve diferença significativa para os cimentos CP II E e CP V entre as PF

a 600 °C e 1000 °C.

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67

Figura 6.1 - Resultados de Wn de F1 aos 7 e 28 dias com cura a 20 °C para PF a

600 °C e 1000 °C

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Na cura a 40 °C (Figura 6.2) não houve diferenças significativas nos

valores de Wn entre 7 e 28 dias para os cimentos CP II E, CP III e CP V para a

relação a/c 0,3 (Figura 6.2.a e Figura 6.2.b) e para a relação a/c 0,5 com PF a 600

°C (Figura 6.2.c). Na PF a 1000 °C já houve diferença significativa (Figura 6.2.d).

Entre as PF 600 °C e 1000 °C houve diferença significativa apenas para os cimentos

CP II E e CP V na relação a/c 0,5 aos 28 dias.

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Figura 6.2 – Resultados de Wn de F1 aos 7 e 28 dias com cura a 40 °C

para PF a 600 °C e 1000 °C

Fonte:Elaborado pelo autor, 2015.

Nas pastas curadas a 60 °C (Figura 6.3) não houve diferenças

significativas nos valores de Wn entre 7 e 28 dias para os cimentos CP II E, CP III e

CP V nas seguintes condições:

- relação a/c 0,3 e PF 600 °C (Figura 6.3.a)

- relação a/c 0,3 e PF 1000 °C (Figura 6.3.b)

- relação a/c 0,5 e PF 600 °C (Figura 6.3.c)

- relação a/c 0,3 e PF 1000 °C (Figura 6.3.d)

Entre as PF 600 °C e 1000 °C não houve diferenças significativas nas

idades de 7 e 28 dias para todos os cimentos, exceto:

- CP II E, relação a/c 0,3 e 28 dias

- CP II E relação a/c 0,5 e 7 e 28 dias

- CP V, relação a/c 0,3 e 7 dias

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Figura 6.3 – Resultados de Wn de F1 aos 7 e 28 dias com cura a 60 °C para PF a

600 °C e a 1000 °C

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Ao realizar os ensaios aos 7 e 28 dias considerou-se que as reações de

hidratação já tivessem ocorrido em uma parcela considerável do material anidro.

Nestas idades as reações de hidratação ocorrem mais lentamente por dissolução-

precipitação nas primeiras horas (SCRIVENER; NONAT, 2011).

Além do fato das reações estarem em evolução, os dados da literatura

indicam que a perda de água não evaporável é liberada até a temperatura de 600

°C. Panes e Hanses (2005) consideram o valor de 520 °C, Alarcon-Ruiz et al (2005)

consideram 550 °C e Bhatty (1986) e Taylor (1990) consideram a perda de água

ocorrendo até 580 °C. Assim, a PF a 600 °C apresenta o total de água liberada pelas

reações de hidratação do cimento.

Considerando que a perda de água ocorre a 600 °C, os resultados de Wn

pela PF acima desta temperatura são devidos a perda de CO2 dos compostos

carbonáticos existentes nas pastas (BHATTY, 1986; PANES; HANSES, 2005;

ALARCON-RUIZ et al., 2005; TAYLOR, 1990; MONTEAGUDO et al., 2014).

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70

Os valores de Wn obtidos pela PF indicam que o cimento CPIII apresenta

os valores mais baixos, seguido pelo cimento CP II E e CP V. Este último com os

valores mais elevados.

Esse resultado reflete a influência das adições de escória de alto-forno no

cimento. O CP V é o cimento sem adições, com maior quantidade de clínquer,

produzindo maior quantidade de portlandita. O cimento CP III, com menor teor de

clínquer e maior de escória granulada de alto-forno, tem menor produção de

compostos hidratados e também de portlandita devido as reações de hidratação

mais lentas (ESCALANTE-GARCIA; SHARP, 2004; KOLANI et al., 2012;

MONTEAGUDO et al., 2014; CHEN, 2007; DITTRICH et al., 2014; KOLANI et al.,

2012).

Na cura a 40 °C, os resultados de Wn foram ligeiramente superiores do

que a 20 °C, principalmente para os cimentos com escória de alto-forno e relação

a/c 0,5; indicativo de que a temperatura de cura auxilia no processo de hidratação,

particularmente da escória. A temperatura atua como um ativador da escória no

cimento (CAMARINI; CINCOTTO, 1995; CAMARINI, 1995; SAJEDI; RAZAK, 2011).

A cura a 60°C aumenta a velocidade das reações de hidratação do

cimento, proporcionando às pastas com relação a/c 0,5 maior quantidade de água

não evaporável (TERMKHAJORNKIT; BARBARULO, 2012; CAMARINI; CINCOTTO,

1995; NEVILLE, 1997; MEHTA; MONTEIRO, 2008).

6.1.2 Fabricante 2

Os resultados da PF estão apresentados nas Figuras 6.4 a 6.6.

Na cura a 20 °C (Figura 6.3) não houve diferenças significativas nos

valores de Wn entre 7 e 28 dias para os cimentos CP II E, CP III e CP V, para a

relação a/c 0,3 na PF 600 °C e 1000 °C (Figura 6.3.a e Figura 6.3.b), e para a

relação a/c 0,5 (Figura 6.1.c e Figura 6.1.d), apenas não houve diferença

significativa para o cimento CPIII.

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Figura 6.4 – Resultados de Wn de F2 aos 7 e 28 dias com cura a 20 °C para PF a

600 °C e a 1000 °C

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Entre as PF 600 °C e 1000 °C não houve diferença significativa para as

pastas curadas a 20 °C nas seguintes condições:

- CP II E, relação a/c 0,5 e 7 dias

- CP III, relação a/c 0,3 e 7 e 28 dias

- CP III, relação a/c 0,5 e 7 e 28 dias

- CP V, relação a/c 0,3 e 7 dias

- CP V, relação a/c 0,5 e 7 dias

Na cura a 40 °C (Figura 6.4) não houve diferenças significativas nos

valores de Wn entre 7 e 28 dias para os cimentos CP II E, CP III e CP V, para a

relação a/c 0,3 (Figura 6.4.a e Figura 6.4.b) e para a relação a/c 0,5 (Figura 6.4.c e

Figura 6.4.d). Entre as PF a 600 °C e 1000 °C não houve diferença significativa para

o cimento CP III, e para cimento CP V apenas nas pastas com relação a/c 0,3.

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Figura 6.5 – Resultados de Wn de F2 aos 7 e 28 dias com cura a 40 °C para PF a

600 °C e a 1000 °C

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Nas pastas curadas a 60 °C (Figura 6.5) houve diferenças significativas

nos valores de Wn entre 7 e 28 dias para os cimentos CP II E e CP V na relação a/c

0,3 e PF 1000 °C (Figura 6.5.b). Entre as PF 600 °C e 1000 °C não houve diferenças

significativas nas idades de 7 e 28 dias para todos os cimentos para relação a/c 0,3,

exceto o cimento CP II E aos 28 dias. Para a relação a/c 0,5 apenas não houve

diferença significativa para o cimento CP III aos 28 dias.

Os resultados de Wn podem ser comparados entre 7 e 28 dias, visto que

o desenvolvimento da hidratação ocorre nas primeiras horas (MEHTA; MONTEIRO,

2008). Além do aumento da temperatura de cura acelerar as primeiras reações (LIN;

MEYER, 2009).

Estes valores de Wn obtidos pela PF são menores para o cimento CP III

em vista dos demais cimentos. A escória de alto forno no cimento Portland

proporciona uma diminuição na água não evaporável (KOLANI et al., 2012; RAY et

al., 2015).

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Figura 6.6 – Resultados de Wn de F2 aos 7 e 28 dias com cura a 60 °C para PF a

600 °C e a 1000 °C

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Esse resultado reflete a influência das adições de escória de alto-forno no

cimento na comparação da Wn entre as relações a/c. O cimento CP V, cimento sem

adição, possui maior diferença significativa entre as comparações das relações a/c,

pois o cimento com clínquer precisa de uma relação a/c maior para sua hidratação

(LIU et al., 2015).

Na cura a 20 °C, os resultados apresentaram uma hidratação lenta em

vista das demais temperaturas. A cura a 40 °C foi a que teve menor diferença

significativa para as temperaturas de PF e a cura térmica a 60 °C mostrou que os

resultados ocorrem efetivamente nas primeiras idades reduzindo, assim, o

crescimento dos valores de Wn após 7 dias.

Nos resultados de Wn na PF 600 °C e 1000 °C não há diferença

significativa, principalmente para o cimento CP III. Isso ocorre pois, após 580 °C não

ocorre mais a liberação de água não evaporável, o que se tem é a liberação do CO2

do filler calcário, que contribui para diferença significativa dos ensaios de PF a 600

°C e a 1000 °C, evidenciado nos resultados do cimento CP II E, cimento este com

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74

possibilidade de maior teor filler calcário (TAYLOR, 1990; MONTEAGUDO et al.,

2014).

6.1.3 Comparação entre as temperaturas de perda ao fogo a 600 °C e 1000 °C

A comparação entre as temperaturas de PF a 600 °C e 1000 °C já foram

discutidas separadamente no tópico anterior. Nesta etapa pretende-se apresentar os

resultados nesta condição diferenciando os cimentos e temperatura de cura. O

Quadro 6.1 apresenta as hipóteses das diferenças dos resultados entre as PF a 600

°C e a 1000 °C serem significativos (H1 – célula em branco) ou não significativo (H0

– célula com x).

Quadro 6.1 – Comparação das temperaturas de PF

H0:600°C=1000°C (x)

H1:600°C≠1000°C ( )

F1 F2

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

a/c 0,30 a/c 0,50 a/c 0,30 a/c 0,50 a/c 0,30 a/c 0,50 a/c 0,30 a/c 0,50

CP II E

20 °C x

40 °C x x x

60 °C x x

CP III

20 °C x x x x x x x x

40 °C x x x x x x x x

60 °C x x x x x x x

CP V

20 °C x x

40 °C x x x x x

60 °C x x x x x

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Os resultados do cimento CP III indicaram que não há diferenças

significativas para os ensaios de PF a 600 °C e 1000 °C. No Quadro 6.1 verifica-se

que a hipótese H1 ocorre em 100% das comparações para o fabricante F1 e 91,67%

para o fabricante F2.

Os cimentos CP II E e CP V não apresentaram resultados unânimes, em

vista do cimento CP III. Os resultados do cimento CP V indicaram que não há

diferenças significativas em 50% dos casos, para ambos fabricantes, e o cimento CP

II E 33,33% e 16,67% para fabricantes F1 e F2, respectivamente.

A diferença entre os resultados de PF a 600 °C e a 1000 °C ocorre pela

liberação de CO2 do filler calcário nesta faixa de temperatura (TAYLOR, 1990;

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75

MONTEAGUDO et al., 2014). Desta forma, o teor de filler calcário influenciará no

percentual de diferença significativa dos resultados de PF.

6.1.4 Comparação entre os fabricantes

Para a comparação entre os fabricantes a hipótese de os resultados

terem diferenças significativas, (H1 – célula em branco), ou não terem, (H0 – célula

com x), são apresentados no Quadro 6.2 (Apêndice G).

Quadro 6.2 – Comparação entre os Fabricantes

H0: F1=F2 (x) H1:F1≠F2 ( )

PF 600 °C PF 1000 °C

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

a/c 0,30 a/c 0,50 a/c 0,30 a/c 0,50 a/c 0,30 a/c 0,50 a/c 0,30 a/c 0,50

CP II E

20 °C x x x x x x

40 °C x x x x x x

60 °C x x x x

CP III

20 °C x x x x x x

40 °C x x x x x

60 °C x x x x x x x

CP V

20 °C x x x x

40 °C x x x x x

60 °C x x x x x

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Os resultados do Quadro 6.2 foram apresentados na Figura 6.7 com

objetivo de identificar quando não há diferença significativa entre cada cimento dos

fabricantes, nos ensaios de PF e nas relações a/c.

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Figura 6.7 – Gráfico de quantidade de F1=F2 x resultados dos ensaios de PF

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

O Quadro 6.2 e Figura 6.7 mostram que há menores diferenças entre os

fabricantes nos ensaios de PF a 600 °C. Isto ocorre, pois, até esta temperatura tem-

se a liberação da água não evaporável, objetivo para a determinação do grau de

hidratação. Entre 600 °C e 1000 °C, onde ocorre a liberação de CO2, pode haver

uma variação da taxa de adição de filer calcário entre os fabricantes (ABNT, 1991;

MONTEAGUDO et al., 2014).

A relação a/c 0,5 possibilita menor diferença significativa entre os

fabricantes. Esta relação é a mais usual nas obras, assim, não ter diferença

significativa entre os fabricantes, para essa relação, implica em manter desempenho

semelhante, independente do fabricante (KIM et al., 2014; RAY et al., 2015).

Quando há diferença significativa nas comparações, observa-se que para

cimentos CP III, o F1 é superior em todas as comparações, entretanto quando há

divergência nos cimentos CP II E e CP V tem se na maior parte o F2 superior ao F1

(Apêndice G).

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6.2 Análise da Água Não Evaporável no Ensaio de Termogravimetria

No cimento hidratado ocorre a liberação da água não evaporável quando

exposto a temperatura até 580 °C (MONTEAGUDO et al., 2014), entretanto, os

ensaios de PF presentes na literatura utilizam temperaturas entre 900 °C e 1000 °C

(HUANHAI, 1993; LAM; WONG; POON, 2000; AMEN, 2011; NARMLUK; NAWA,

2011).

A Figura 6.8 apresenta os resultados do ensaio de TG para os três

cimentos do Fabricante 1, com relação a/c = 0,5, cura a 40 °C e na idade de 28 dias.

A escolha destes materiais nestas condições deve-se ao fato de que a relação a/c

0,5 em cura a 40 °C na PF 600 °C, apresentou igualdade dos resultados de Wn em

todas as idades para F1 e F2 (Apêndice G), ou seja, demonstra maior confiabilidade

nos resultados. E a escolha da idade de 28 dias ocorreu devido ao fato de que essa

é uma idade padronizada para a avaliação das características dos compósitos à

base de cimento.

Figura 6.8 – Resultados de TG aos 28 dias com cura a 40 °C

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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As curvas dos cimentos CP II E e CP V estão muito próximas entre si e

distantes do cimento CP III. Esta constatação pode ser vista nos ensaios de PF com

CP V = CP II E > CP III.

Na Figura 6.8 é possível identificar a perda de massa da água na

portlandita. Na faixa de temperatura de 370 °C a 580 °C, onde ocorre a liberação de

água não evaporável do hidróxido de cálcio (TAYLOR, 1990; MONTEAGUDO et al.,

2014), o cimento CP III apresentou menor perda de massa em vista dos demais

cimentos, por ter a maior quantidade de adição de escória de alto forno, produziu

menor quantidade de hidróxido de cálcio (KOLANI et al., 2012).

Na Figura 6.9 estão apresentados os resultados dos cimentos nas

mesmas condições (relação a/c 0,5, cura a 40 °C e F1) para os ensaios de PF e

ensaio de TG.

Figura 6.9 – Comparação das técnicas de ensaio de TG e PF para os cimentos

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

O ensaio de TG corrobora com os resultados dos ensaios de PF. Isto

pode ser notado para todos os cimentos onde verifica-se que não há diferença

significava.

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6.3 Água Não Evaporável Teórica ("x") / Grau de Hidratação.

Após a discussão dos resultados de Wn relativa à hidratação do cimento

Portland, representada pela água não evaporável (Wn), nesta etapa será

apresentada a obtenção do grau de hidratação utilizando os resultados de Wn.

Conforme a Equação 3.10, o grau de hidratação é conhecido por meio da relação

entre a quantidade de água não evaporável obtida por ensaio de PF (Wn) e a

quantidade de água não evaporável teórica ("x"). Segundo Neville (1997), o valor “x”

varia entre 18% e 23% em massa do material anidro. Monteagudo et al. (2014)

trabalharam com 24%, afirmando que há variação e que fica entre 23% e 25%.

Para a definição do valor "x" foi determinado o grau de hidratação último,

calculado com a Equação 3.1 para as relações a/c de 0,3 (αu=62,61%) e a/c de 0,5

(αu=74,28%), com os resultados de Wn na idade de 28 dias. Por meio da relação

entre Wn28 e o grau de hidratação último é possível obter o valor de “x”.

As tabelas com todos os resultados de "x" encontram-se no Apêndice H.

Na Figura 6.10 são apresentadas as médias dos resultados de "x" para cada

temperatura de cura, com e sem o CP III, para verificar se este interfere na média

dos resultados de “x”, visto que possui maior quantidade de escória de alto forno.

Figura 6.10 – Resultados de "x" em função de Wn

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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Chegou-se a um valor médio, para todos os cimentos e temperatura de

cura, de “x” igual 21,88% para os ensaios na PF a 1000 °C. Este valor tem coerência

com a maioria dos trabalhos verificados na literatura (TAYLOR, 1990; HUANHAI,

1993; NEVILLE, 1997; LAM; WONG; POON, 2000; ESCALANTE-GARCIA, 2003;

AMEN, 2011; NARMLUK; NAWA, 2011; MONTEAGUDO et al., 2014).

Desconsiderando o cimento CP III para o valor médio de "x", pois não foi

considerada a correção de sulfeto (Equação 3.8 e 3.9), tem-se o valor de 23,76%,

valor próximo ao "x" médio com o cimento CP III. Desta forma, é possível considerar

os resultados de Wn utilizando apenas a Equação 3.7.

Os resultados de "x" médio para os ensaios de PF 600 °C com e sem o

CP III é de 18,67% e 19,85%, respectivamente, que são resultados semelhantes

entre si, tanto os resultados de "x" para Wn na PF a 600 °C quanto na PF a 1000 °C

estão dentro da faixa de 18% a 23% apresentado por Neville (1997).

A seguir serão discutidos os resultados das amostras das argamassas de

cimento nos ensaios de resistência à compressão e permeabilidade ao ar.

6.4 Resistência à Compressão

6.4.1 Fabricante 1 - a/c = 0,3

A Figura 6.11 apresenta os resultados de resistência à compressão (em

MPa) das argamassas do Fabricante 1 produzidas com relação a/c 0,3, nas 3

temperaturas de cura (20 °C, 40 °C e 60 °C) e nas 3 idades (7, 28 e 90 dias) para o

cimento CP II E e CP III. Cumpre ressaltar que os corpos de prova do cimento CP V,

embora tenham sido moldados, os resultados de resistência a compressão foram

prejudicados devido à baixa relação a/c empregada. A mistura ficou muito seca e

não foi possível realizar a moldagem correta dos corpos de prova, que foram

descartados.

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Figura 6.11 – Resultado de resistência à compressão dos cimentos do Fabricante 1

com relação a/c 0,3

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Na Figura 6.11a, nota-se que o cimento CP II E para a relação a/c de 0,3

do Fabricante 1 apresentou melhor desempenho para a temperatura de cura a 40

°C. Para todas as temperaturas se observa uma evolução da resistência ao longo do

tempo.

Nenhum dos resultados apresentou a resistência à compressão de 40

MPa para o cimento CP II E 40. Segundo a NBR 11578 (ABNT, 1991) o cimento CP

II E 40 deve obter 25 MPa e 40 MPa, para as idades de 7 e 28 dias respectivamente,

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porém a relação a/c da norma NBR 7215 (ABNT, 1997) é 0,48 justificando os

resultados abaixo dos previstos. Ray et al. (2015), assim como neste trabalho,

utilizaram relação a/c 0,3 e observaram que até 28 dias havia uma quantidade

superior de produtos anidros comparados à relação a/c de 0,6. A relação a/c 0,3 não

hidrata o cimento Portland por completo (RAMACHANDRAN et al., 2002; LIN;

MEYER, 2009) e tornando difícil a preparação da argamassa.

A Figura 6.11b apresenta os resultados de resistência à compressão das

argamassas do cimento CP III com relação a/c de 0,3 do Fabricante 1. Inicialmente a

cura a 40 °C teve resultado superior, para 7 dias, ao passo que para 28 dias os

resultados entre 20 °C e 40 °C não apresentaram diferenças significativas, e a 90

dias a cura a 20 °C teve resultado superior. Temperaturas mais baixas retardam o

processo de hidratação, proporcionando uma boa formação da matriz do cimento e

resistência à compressão maior a longo prazo (NEVILLE, 1997; MEHTA;

MONTEIRO, 2008; CECCONELLO; TUTIKIAN, 2012).

6.4.2 Fabricante 1 - a/c = 0,5

A Figura 6.12 apresenta os resultados de resistência à compressão (em

MPa) das argamassas do Fabricante 1 produzidas com relação a/c de 0,5, nas 3

temperaturas de cura (20 °C, 40 °C e 60 °C) e nas 3 idades (7, 28 e 90 dias) dos

cimentos CP II E, CP III e CP V.

A Figura 6.12a apresenta os resultados satisfatórios de resistência a

compressão do cimento CP II E. Nota-se a evolução da resistência ao longo do

tempo com resultado na ordem de 40MPa a partir de 28 dias. Kim et al. (2014)

verificaram que argamassas com relação a/c de 0,45 apresentaram resultados

satisfatórios de resistência e durabilidade. Ainda, Ray et al. (2015) corroboram

afirmando que relações a/c entre 0,4 e 0,5 proporcionam uma melhora dos produtos

hidratados.

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Figura 6.12 – Resultado de resistência a compressão dos cimentos do

Fabricante 1 com relação a/c 0,5

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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A Figura 6.12b apresenta resultados satisfatórios de resistência à

compressão do cimento CP III. Verifica-se o crescimento da resistência ao longo do

tempo e a confirmação dos resultados na ordem de 40 MPa a partir de 28 dias.

O cimento CP III foi o único cimento que apresentou maior resistência a

compressão na cura térmica, em vista das outras temperaturas de cura, na idade de

7 dias. Confirmando assim a influência da cura térmica para os cimentos com

escória de alto-forno (CAMARINI; CINCOTTO, 1995; BARBOSA et al., 2005;

CAMARINI, 2011).

Na Figura 6.12c, nota-se que o cimento CP V apresentou melhores

resultados para cura a 20 °C, em todas as idades.

A cura térmica de 60 °C não proporcionou um desempenho superior às

demais temperaturas de cura, embora ocorra uma aceleração no processo de

hidratação nas primeiras horas (TERMKHAJORNKIT; BARBARULO, 2012). As

temperaturas de cura de 20 °C e 40 °C não apresentaram diferenças significativas

para a relação a/c 0,5, na mesma idade.

Camarini e Cincotto (1995) estudaram cimento com escória de alto forno

em cura térmica a 60 °C em vários períodos de exposição em diferentes

temperaturas. Os resultados indicaram que até 7 horas e 30 minutos era vantajosa a

exposição do cimento à cura térmica a 60 °C. depois disso notava-se um pior

desempenho a longo prazo. O presente trabalho fixou todas as curas em 24h. Dessa

forma, não se verificou vantagem na cura térmica, nestas condições.

6.4.3 Fabricante 2 - a/c = 0,3

A Figura 6.13 apresenta os resultados de resistência à compressão das

argamassas do Fabricante 2 produzidas com relação a/c 0,3, nas temperaturas de

cura de 20 °C, 40 °C e 60 °C, e nas idades de 7, 28 e 90 dias apenas para os

cimentos CP II E e CP III. Para o cimento CP V, ocorreu o mesmo que para o

Fabricante 1, foram moldadas todas as amostras, porém foram descartadas.

Na Figura 6.13a verifica-se que não há diferença significativa nos

resultados entre as temperaturas para 28 dias para o cimento CP II E. Por outro

lado, os resultados do cimento CP III (Figura 6.13b) na temperatura de 40 °C, para

28 dias, foram superiores às demais temperaturas.

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Figura 6.13 – Resultado de resistência a compressão dos cimentos do Fabricante 2

com relação a/c 0,3

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Para relação a/c 0,3 nenhum resultado alcançou o indicado pelas normas

NBR 11578 (ABNT, 1991) e NBR 5735 (ABNT, 1991) em função dessa relação ser

abaixo da relação a/c 0,48 prevista para ensaio de resistência a compressão

(ABNT,1997). A relação a/c 0,3 está abaixo da relação teórica exposta por

Ramachandran et al. (2002) e Lin e Meyer (2009) de 0,35 a 0,40, desta forma, as

argamassas não hidrataram completamente.

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No presente trabalho o valor inferior da resistência a compressão para as

relações a/c 0,3 deve-se também a trabalhabilidade, uma vez que a produção das

argamassas com relação a/c de 0,3 é muito seca, dificultando a homogeneização e

moldagem dos corpos de prova.

6.4.4 Fabricante 2 - a/c = 0,5

A Figura 6.14 apresenta os resultados de resistência à compressão (em

MPa) das argamassas do Fabricante 2 produzidas com relação a/c 0,5, nas 3

temperaturas de cura (20 °C, 40 °C e 60 °C) e nas 3 idades (7, 28 e 90 dias) dos

cimentos CP II E, CP III e CP V.

A Figura 6.14a apresenta os resultados satisfatórios de resistência a

compressão do cimento CP II E, pois na idade de 28 dias verifica-se que para as

temperaturas de cura de 20 °C e 40 °C os resultados superam 32 MPa de

resistência a compressão conforme NBR 11578 (ABNT, 1991), entretanto, nesta

mesma idade a cura térmica interferiu negativamente para o ganho de resistência

desejado.

O cimento CP III (Figura 6.14b), apresentou resultados satisfatórios de

resistência à compressão, principalmente para as temperaturas de cura a 20 °C e 40

°C, que foram praticamente iguais em todas as idades, de modo análogo ao

Fabricante 1.

Na Figura 6.14c, de modo análogo ao Fabricante 1, o cimento CP V

apresentou bom desempenho na idade de 7 dias, e a cura a 20 °C proporcionou

maiores resultados em todas as idades.

A cura térmica pode influenciar negativamente na resistência a

compressão, desta forma é necessário saber se as resistências atingidas serão

suficientes para sua utilização (CAMARINI; CINCOTTO, 1995). Neste trabalho, a

cura térmica apresentou constantemente resultados inferiores a cura de 20 °C e 40

°C.

De maneira análoga ao Fabricante 1, o Fabricante 2 apresentou

resultados melhores para relação a/c 0,5 em vista da relação a/c 0,3. Segundo

Zhang et al. (2015), para relação a/c de 0,4, tem-se um ponto de equilíbrio entre

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desempenho e trabalhabilidade, corroborando com os resultados melhores de 0,5 do

que 0,3.

Figura 6.14 – Resultado de resistência a compressão dos cimentos do Fabricante 2

com relação a/c 0,5

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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Para a comparação dos resultados entre os fabricantes (Apêndice I), tem-

se 20 de 27 (74,07%) comparações não apresentando diferenças significativas. E

quando houve diferenças significativas, ocorreu um equilíbrio entre os fabricantes,

sendo 4 vezes o F1 maior que o F2, e 3 vezes o F2 maior que o F1. Estes

resultados são importantes, pois independente da origem da matéria prima que cada

fabricante usou para produção do cimento, os produtos finais devem apresentar o

mesmo desempenho.

6.5 Permeabilidade ao Ar da Argamassa

Os resultados de permeabilidade ao ar das argamassas foram obtidos e

comparados entre os cimentos CP III e CP V do Fabricante 1 com relação a/c 0,5

nas temperaturas de cura de 20 °C e 60 °C (Figura 6.15).

Figura 6.15 – Resultado de Permeabilidade ao ar para os cimentos do Fabricante 1

com relação a/c 0,5 aos 90 dias

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Em ambos os casos, a temperatura de cura a 60 °C proporcionou um

material mais permeável comparado a temperatura de cura a 20 °C, pois a cura

térmica proporciona uma distribuição não uniforme no gel de cimento modificando

sua microestrutura (ESCALANTE-GARCÍA; SHARP, 1998).

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Os resultados de permeabilidade ao ar (Figura 6.15) e os de resistência a

compressão (Figura 6.12) são compatíveis, ou seja, com o aumento da temperatura

de cura tem se uma queda do resultado de resistência da compressão e um

aumento da permeabilidade ao ar. Esta condição não proporciona durabilidade às

construções (KIM et al., 2014).

A relação a/c tem influência direta na porosidade das argamassas. Nesse

ensaio ficou evidente que a relação a/c 0,5 é baixa, assim exigiu um longo período

para conclusão do ensaio (KIM et al., 2014). A cura térmica deve ser analisada se

realmente irá apresentar o desempenho desejado para cada produto (CAMARINI;

CINCOTTO, 1995), pois há aumento na porosidade com o aumento da temperatura

de cura (Figura 6.15).

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7. CONCLUSÕES

A partir deste estudo conclui-se que:

Perda ao Fogo:

Os resultados da água não evaporável (Wn) para 7 e 28 dias não

apresentam diferenças significativas, favorecendo a prática em que a dinâmica das

construções necessitam de tomadas de decisões em menor tempo.

O ensaio de PF 600 °C não apresentou diferenças significativas com os

resultados do ensaio de PF 1000 °C para todos os cimentos, principalmente para o

cimento com escória, CP III. Esta comparação está associada à quantidade de filler

calcário no cimento Portland. Assim, cimento com maior teor de filler calcário teve

maior diferença significativa para os resultados de Wn entre PF a 600 °C e a 1000

°C.

A relação a/c influencia nos resultados de Wn. Apesar da relação a/c 0,3

ser para pasta de consistência normal, quando o cimento possui uma finura maior é

necessária mais água para hidratação, assim os resultados de Wn para relação a/c

0,5 foram superiores à relação a/c 0,3. Entretanto, para cimentos com menor finura

não ocorreram diferenças significativas.

O cimento Portland com escória de alto-forno tem reação de hidratação

mais lenta comparado aos cimentos com menor ou sem teor de escória; entretanto,

esse cimento pode melhorar seu desempenho quando exposto à cura térmica.

Porém, esta cura térmica necessita de outras condições que possam realizar o

melhor processo de hidratação; no caso deste trabalho, relação a/c 0,5.

As temperaturas de cura têm influência nas reações de hidratação do

cimento. Com a temperatura de cura a 20 °C ocorre um processo de hidratação mais

lento. Entretanto a cura a 40 °C apresenta resultados maiores proporcionando uma

evolução maior entre as idades e a cura a 60 °C apresenta resultados mais

expressivos nas primeiras idades, porém com uma evolução reduzida após 7 dias.

Por fim, também verificou-se que não há diferenças significativas entre os

dois fabricantes. Importante para o mercado consumidor poder escolher qual

fabricante trabalhar sem perder as características necessárias para o produto final.

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Análise Termogravimétrica

Por meio da análise termogravimétrica foi possível corroborar as análises

realizadas nos ensaios de perda ao fogo, e ainda utilizá-los como alternativa prática

e eficaz para a determinação do grau de hidratação. Os resultados para o grau de

hidratação sustentam-se pelos valores obtidos conforme a bibliografia.

Conclui-se que para os cimentos estudados, a faixa de temperatura de

600 °C a 700 °C é que apresenta a maior diferença entre a perda de massa quando

são comparados os cimentos. Confirmando a análise dos ensaios de perda ao fogo,

quanto maior a perda de massa nessa região, maior a diferença dos resultados nas

faixas de temperatura entre 600 °C e 1000 °C.

Grau de Hidratação

Os resultados de Wn obtidos por meio da PF ou pela TG são eficientes

para a determinação do grau de hidratação. Também foi possível notar que pelos

procedimentos adotados neste trabalho o simples cálculo da perda ao fogo basta

para determinação do grau de hidratação dentro das faixas de valores de "x" entre

18% a 23%, independentemente do tipo de cimento.

Conclui-se que para determinação do grau de hidratação do cimento por

meio de analise térmica até 600 °C o valor “x” aproxima-se de 18%, e para utilização

de temperatura até 1000 °C, o “x” é em torno de 23%.

Resistência à Compressão

Nos ensaios de resistência a compressão é fato que a relação a/c 0,3 não

é trabalhável, de modo que apresentaram resultados insatisfatórios. A relação

água/cimento de 0,5 permitiu o melhor aproveitamento do material, mantendo a boa

trabalhabilidade, resultados de resistência a compressão esperados e boa

durabilidade, com baixo índice de permeabilidade.

Analisando a influência da temperatura de cura para o mesmo cimento,

verificou-se que a cura térmica a 60 °C apresenta resultados inferiores às demais

temperaturas, exceto para o cimento com escória de alto forno do F1 para 7 dias.

Possivelmente a metodologia adotada neste trabalho não tenha proporcionado a

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eficiência desejada para a cura térmica, entretanto, para cura a 20 °C e 40 °C tem se

resultados satisfatórios.

Comparando o mesmo tipo de cimento para os dois fabricantes, não há

diferenças significativas, corroborando com os ensaios de perda ao fogo.

Permeabilidade ao Ar

A cura térmica a 60 ° proporciona uma argamassa mais porosa em vista

da cura a 20 °C.

Conclusão Final

Em suma, a técnica de perda ao fogo tanto a 600 °C quanto a 1000 °C

permite obter a água não evaporável para a determinação do grau de hidratação a

fim de auxiliar no acompanhamento do desenvolvimento da hidratação do cimento,

tanto para controle tecnológico como para estudos acadêmicos. Esta técnica

também permite comparar os diferentes fabricantes, que para este trabalho

mantiveram-se semelhantes.

Trabalhos futuros

Após conclusão deste trabalho, fica a sugestão para trabalhos futuros:

Realizar os ensaios deste trabalho para novos fabricantes, uma vez que os dois

fabricantes utilizados neste trabalho são consagrados com boa referência no

mercado.

Realizar cura térmica apenas nas primeiras horas, não mais em 24h, e verificar

se altera o desempenho dos cimentos;

Realizar os ensaios das pastas e argamassas com relação água/cimento de

0,40, 0,45 e 0,60;

Realizar a cura dos produtos hidratados com temperaturas mais baixas entre 0

°C a 20 °C

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101

APÊNDICE

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102

APÊNDICE A

Água não evaporável

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103

As tabelas do apêndice A apresentam os resultados de água não

evaporável para os ensaios de perda ao fogo a 600 °C e 1000 °C para os dois

Fabricante 1 e 2, as relações a/c 0,3 e 0,5 e as idades de 7, 28 e 90 dias. Estão

separadas em três tabelas conforma as temperaturas de cura de 20 °C, 40 °C e 60

°C.

Tabela A1 – Resultados de água não evaporável para temperatura de cura de 20 °C

ÁGUA NÃO EVAPORÁVEL (Wn - %) EM CURA A 20°C

FABRICANTE A/C CIMENTO 600°C 1000°C 600°C 1000°C 600°C 1000°C

7 DIAS 28 DIAS 90 DIAS

F1

0,3

II E 11,96133 14,57092 10,95558 13,79313 - -

III 10,66482 11,61891 9,96002 10,87458 - -

V 12,17007 14,46328 11,78235 13,81381 - -

0,5

II E 11,29416 14,33573 12,216 16,29174 - -

III 10,03996 11,13323 11,40576 13,12651 - -

V 14,14996 16,07609 15,35761 17,91784 - -

F2

0,3

II E 11,68832 14,65731 12,35626 15,72644 13,18408 15,76832669

III 8,936622 9,4 9,84002 10,79451 10,1147 11,99582816

V 12,51263 14,38561 13,16037 15,35 13,09728 15,63423154

0,5

II E 12,93683 14,23576 12,60011 17,04146 14,07686 16,0503642

III 10,83388 12,04996 10,89456 12,79348 10,84935 11,04442766

V 15,16968 14,33553 15,47674 18,55007 16,02399 17,04186264

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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104

Tabela A2 – Resultados de água não evaporável para temperatura de cura de 40 °C

ÁGUA NÃO EVAPORÁVEL (Wn - %) EM CURA A 40°C

FABRICANTE A/C CIMENTO 600°C 1000°C 600°C 1000°C 600°C 1000°C

7 DIAS 28 DIAS 90 DIAS

F1

0,3

II E 11,42157 13,26067 12,64378 14,38553 13,19313 15,52331996

III 10,15436 11,10003 11,89413 12,71271 11,48842 12,22551128

V 12,06965 12,1076 13,35666 13,82906 13,44292 15,21513026

0,5

II E 13,18681 14,6 13,55628 17,14005 16,96733 19,74927789

III 10,80546 11,21635 12,02634 13,55 15,02227 16,52484147

V 14,50714 16,01602 15,04241 17,84101 18,25901 20,46021021

F2

0,3

II E 12,03796 14,48551 12,39398 15,16517 14,3 15,76583166

III 9,764674 10,01503 9,895075 10,91071 11,87626 11,53262905

V 13,18299 14,77047 13,42983 15,17277 15,61583 15,58346682

0,5

II E 12,85551 16,82528 13,96493 17,39141 16,1097 20,26965051

III 9,746417 11,06663 11,37726 12,59373 13,24341 14,55724459

V 14,20714 17,17429 15,93407 18,45423 17,74094 20,06006006

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Tabela A3 – Resultados de água não evaporável para temperatura de cura de 60 °C

ÁGUA NÃO EVAPORÁVEL (Wn - %) EM CURA A 60°C

FABRICANTE A/C CIMENTO 600°C 1000°C 600°C 1000°C 600°C 1000°C

7 DIAS 28 DIAS 90 DIAS

F1

0,3

II E 12,14373 13,74996 12,28163 14,87769 - -

III 10,13992 10,65014 10,78388 11,6709 - -

V 12,89356 14,37126 12,71823 15,02742 - -

0,5

II E 13,49343 15,90026 13,29336 16,15 15,26305 18,36733683

III 12,28771 13,23683 12,73139 14,33583 14,22142 15,69509599

V 15,55316 13,68613 15,19226 15,55786 16,11623 17,77670789

F2

0,3

II E 13,02392 12,83713 13,04343 16,75017 16 17,78770817

III 9,94996 11,99583 10,58941 11,02204 12,44223 12,83070788

V 14,25716 13,68631 14,92062 16,70841 14,84216 18,80266148

0,5

II E 12,75641 16,45896 13,71373 18,00896 15,11523 18,49080919

III 11,08343 13,70736 12,4 14,29276 12,64996 13,27655311

V 14,60021 17,66474 15,91803 19,00946 16,95851 19,05964777

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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105

APÊNDICE B

Comparação entre 7 e 28 dias

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106

O Quadro do apêndice B apresenta os resultados da comparação

estatística dos resultados de Wn nas idades de 7 e 28 dias para as pastas de

cimento sob a mesma condição de moldagem e cura. Os resultados satisfatórios,

igual estatisticamente, estão representados com sinal de “=“ com célula amarela, e

os resultados diferentes apresentam o sinal “” em vermelho. Algumas células em

branco, de ensaio de 90 dias, não foram analisadas.

Quadro B1. Comparação dos resultados de Wn entre as idade de 7 e 28 dias

Fabricante 1 - a/c 0,3

Wn7=Wn28 Wn7≠Wn28

20°C 40°C 60°C

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

CP II E = = = = = =

CP III = = = = = =

CP V = = = = = =

Fabricante 1 - a/c 0,5

Wn7=Wn28 Wn7≠Wn28

20°C 40°C 60°C

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

CP II E = = = ≠ = =

CP III = = = ≠ = =

CP V = = = ≠ = =

Fabricante 2 - a/c 0,3

Wn7=Wn28 Wn7≠Wn28

20°C 40°C 60°C

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

CP II E = = = = = ≠

CP III = = = = = =

CP V = = = = = ≠

Fabricante 2 - a/c 0,5

Wn7=Wn28 Wn7≠Wn28

20°C 40°C 60°C

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

CP II E = ≠ = = = =

CP III = = = = = =

CP V = ≠ = = = = Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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APÊNDICE C

Comparação entre PF a 600 °C e

1000 °C

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O Quadro do apêndice C apresenta os resultados da comparação

estatística entre os ensaios de PF a 600 °C e PF a 1000 °C dos resultados de Wn

para as pastas de cimento sob a mesma condição de moldagem e cura. Os

resultados satisfatórios, igual estatisticamente, estão representados com sinal de “=“

com célula amarela, e os resultados diferentes apresentam o sinal “” em vermelho.

Algumas células em branco, de ensaio de 90 dias, não foram analisadas.

Quadro C1. Comparação dos ensaios de PF a 600 °C e PF a 1000 °C

Fabricante 1 - a/c 0,3

Wn: 600°C=1000°C 600°C≠1000°C

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

CP II E ≠ ≠ = = = ≠

CP III = = = = = =

CP V ≠ ≠ = = = ≠

Fabricante 1 - a/c 0,5

Wn: 600°C=1000°C 600°C≠1000°C

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

CP II E ≠ ≠ = ≠ ≠ ≠

CP III = = = = = =

CP V ≠ ≠ = ≠ = =

Fabricante 2 - a/c 0,3

Wn: 600°C=1000°C 600°C≠1000°C

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

CP II E ≠ ≠ ≠ ≠ = ≠

CP III = = = = = =

CP V = ≠ = = = =

Fabricante 2 - a/c 0,5

Wn: 600°C=1000°C 600°C≠1000°C

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

CP II E = ≠ ≠ ≠ ≠ ≠

CP III = = = = ≠ =

CP V = ≠ ≠ ≠ ≠ ≠ Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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109

APÊNDICE D

Comparação entre as relações a/c

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110

O Quadro do apêndice D apresenta os resultados da comparação

estatística dos resultados de Wn para as pastas com relação a/c de 0,3 e 0,5 sob a

mesma condição de ensaio. Os resultados satisfatórios, iguais estatisticamente,

estão representados com sinal de “=“ com célula amarela, e os resultados diferentes

apresentam o sinal “” em vermelho. Algumas células em branco, de ensaio de 90

dias, não foram analisadas.

Quadro D1. Comparação dos resultados de Wn entre as relações a/c

Fabricante 1 - PF 600 °C

a/c: 0,3=0,5

0,3≠0,5

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

CP II E = = = = = =

CP III = = = = ≠ ≠

CP V ≠ ≠ ≠ = ≠ ≠

Fabricante 1 - PF 1000 °C

a/c: 0,3=0,5

0,3≠0,5

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

CP II E = ≠ = ≠ = =

CP III = ≠ = = ≠ ≠

CP V ≠ ≠ ≠ ≠ = =

Fabricante 2 - PF 600 °C

a/c: 0,3=0,5

0,3≠0,5

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

CP II E = = = = = =

CP III = = = = = =

CP V ≠ ≠ = ≠ = =

Fabricante 2 - PF 1000 °C

a/c: 0,3=0,5

0,3≠0,5

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

CP II E = = ≠ ≠ ≠ =

CP III ≠ ≠ = = ≠ ≠

CP V = ≠ ≠ ≠ ≠ ≠

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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111

APÊNDICE E

Comparação entre os cimentos

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112

O Quadro do apêndice E apresenta os resultados da comparação

estatística entre os resultados de Wn para os diferentes cimentos. A comparação

entre os três cimentos seguem a ordem das letras abaixo:

A: CP V > CP II E > CP III

B: (CP II E = CP V) > CP III

C: CP V > (CPII E = CP III)

D: CP II E = CP III = CP V

E: (CP III = CP V) > CP II E

Quadro E1. Comparação dos resultados de Wn entre os cimentos

Fabricante 1 - a/c 0,3

CP=CP CP≠CP

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

PF 600 ° C D D D D B D

PF 1000 °C B B D D B B

Fabricante 1 - a/c 0,5

CP=CP CP≠CP

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

PF 600 ° C C C B B C C

PF 1000 °C B B B B E D

Fabricante 2 - a/c 0,3

CP=CP CP≠CP

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

PF 600 ° C B B B B B B

PF 1000 °C B B B B B B

Fabricante 2 - a/c 0,5

CP=CP CP≠CP

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 7 dias 28 dias 7 dias 28 dias

PF 600 ° C A C B B B B

PF 1000 °C B B B B C B Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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113

APÊNDICE F

Comparação entre as temperaturas

de cura

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114

Os Quadros do apêndice F apresentam os resultados da comparação

estatística dos resultados de Wn entre as diferentes temperaturas de cura. Os

resultados satisfatórios, iguais, estatisticamente, estão representados com sinal de

“=“ com célula amarela, e os resultados diferentes apresentam o sinal “” em

vermelho. Algumas células em branco, de ensaio de 90 dias, não foram analisadas.

Quadro F1. Comparação dos resultados de Wn entre as temperaturas de cura de

20 °C e 40 °C

Fabricante 1 - a/c 0,3

Wn: 20°C=40°C 20°C≠40°C

7 DIAS 28 DIAS

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

CP II E = = = =

CP III = = = =

CP V = = =

Fabricante 1 - a/c 0,5

Wn: 20°C=40°C 20°C≠40°C

7 DIAS 28 DIAS

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

CP II E = = = =

CP III = = = =

CP V = = = =

Fabricante 2 - a/c 0,3

Wn: 20°C=40°C 20°C≠40°C

7 DIAS 28 DIAS

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

CP II E = = = =

CP III = = = =

CP V = = = =

Fabricante 2 - a/c 0,5

Wn: 20°C=40°C 20°C≠40°C

7 DIAS 28 DIAS

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

CP II E = = =

CP III = = = =

CP V = = = Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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115

Quadro F2. Comparação dos resultados de Wn entre as temperaturas de cura de

20 °C e 60 °C

Fabricante 1 - a/c 0,3

Wn: 20°C=60°C 20°C≠60°C

7 DIAS 28 DIAS

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

CP II E = = = =

CP III = = = =

CP V = = = =

Fabricante 1 - a/c 0,5

Wn: 20°C=60°C 20°C≠60°C

7 DIAS 28 DIAS

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

CP II E = = =

CP III = =

CP V = =

Fabricante 2 - a/c 0,3

Wn: 20°C=60°C 20°C≠60°C

7 DIAS 28 DIAS

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

CP II E = = = =

CP III = = = =

CP V = = = =

Fabricante 2 - a/c 0,5

Wn: 20°C=60°C 20°C≠60°C

7 DIAS 28 DIAS

PF 600 °C

PF 1000 °C

PF 600 °C

PF 1000 °C

CP II E = = =

CP III = = = =

CP V = = = Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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116

APÊNDICE G

Comparação entre os fabricantes

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117

O Quadro do apêndice G apresenta os resultados da comparação

estatística dos resultados de Wn para os Fabricantes 1 e 2 nas pastas de cimento

sob a mesma condição de ensaio. Os resultados satisfatórios, iguais,

estatisticamente, estão representados com sinal de “=“ com célula amarela, e os

resultados diferentes apresentam o sinal “” em vermelho. Algumas células em

branco, de ensaio de 90 dias, não foram analisadas.

Quadro G1 – Comparação dos resultados de Wn entre os Fabricantes

TESTE - T STUDENT PARA ENSAIOS DE PERDA AO FOGO A 600 °C - A/C 0,3

F1=F2

F2≠F2

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 90 dias 7 dias 28 dias 90 dias 7 dias 28 dias 90 dias

CP II E = = = = = = =

CP III F1 = = F1 = = =

CP V F2 = F2 = = F2 =

TESTE - T STUDENT PARA ENSAIOS DE PERDA AO FOGO A 1000 °C - A/C 0,3

F1=F2

F2≠F2

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 90 dias 7 dias 28 dias 90 dias 7 dias 28 dias 90 dias

CP II E = F2 = F2 = F1 F2

CP III F1 = F1 F1 = = F1

CP V = F2 F2 = = = F2

TESTE - T STUDENT PARA ENSAIOS DE PERDA AO FOGO A 600 °C - A/C 0,5

F1=F2

F2≠F2

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 90 dias 7 dias 28 dias 90 dias 7 dias 28 dias 90 dias

CP II E = = = = = = F2 =

CP III = = = = = = = =

CP V F2 = = = = = = F2

TESTE - T STUDENT PARA ENSAIOS DE PERDA AO FOGO A 1000 °C - A/C 0,5

F1=F2

F2≠F2

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 90 dias 7 dias 28 dias 90 dias 7 dias 28 dias 90 dias

CP II E = F2 F2 = = = F2 =

CP III = = = F1 F1 = = F1

CP V = F2 F2 = F1 F2 F2 F2

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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118

APÊNDICE H

Água não evaporável teórica (x)

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119

As tabelas do Apêndice H apresentam os valores de água não evaporável

"x" que aparece na Equação 3.10. Para isto, foi definido o grau de hidratação última

para 28 dias conforme a Equação 3.1 em função da relação a/c. A razão entre o Wn

pelo grau de hidratação, tem-se o “x”.

Tem se as médias dos valores "x" para as três tabelas:

- Para PF a 600 °C: (17,80% + 18,99% + 19,23%)÷3 = 18,67%

- Para PF a 1000 °C: (21,43% + 21,82% + 22,38%)÷3 = 21,88%

Tabela H1 – Resultados do valor "x" para temperatura de cura de 20 °C

ÁGUA NÃO EVAPORÁVEL (Wn - %) EM CURA A 20°C

FABRICANTE A/C CIMENTO 600°C 1000°C

Wn α x Wn α x

F1

0,3

II E 10,96 0,62611 17,50 13,79 0,62611 22,03

III 9,96 0,62611 15,91 10,87 0,62611 17,37

V 11,78 0,62611 18,82 13,81 0,62611 22,06

0,5

II E 12,22 0,7428 16,45 16,29 0,7428 21,93

III 11,41 0,7428 15,36 13,13 0,7428 17,67

V 15,36 0,7428 20,68 17,92 0,7428 24,12

F2

0,3

II E 12,36 0,62611 19,73 15,73 0,62611 25,12

III 9,84 0,62611 15,72 10,79 0,62611 17,24

V 13,16 0,62611 21,02 15,35 0,62611 24,52

0,5

II E 12,60 0,7428 16,96 17,04 0,7428 22,94

III 10,89 0,7428 14,67 12,79 0,7428 17,22

V 15,48 0,7428 20,84 18,55 0,7428 24,97

Média de X 17,80 Média de X 21,43 Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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Tabela H2 – Resultados do valor "x" para temperatura de cura de 40 °C

ÁGUA NÃO EVAPORÁVEL (Wn - %) EM CURA A 40°C

FABRICANTE A/C CIMENTO 600°C 1000°C

Wn α x Wn α x

F1

0,3

II E 12,64 0,62611 20,19 14,39 0,62611 22,98

III 11,89 0,62611 19,00 12,71 0,62611 20,30

V 13,36 0,62611 21,33 13,83 0,62611 22,09

0,5

II E 13,56 0,7428 18,25 17,14 0,7428 23,08

III 12,03 0,7428 16,19 13,55 0,7428 18,24

V 15,04 0,7428 20,25 17,84 0,7428 24,02

F2

0,3

II E 12,39 0,62611 19,80 15,17 0,62611 24,22

III 9,90 0,62611 15,80 10,91 0,62611 17,43

V 13,43 0,62611 21,45 15,17 0,62611 24,23

0,5

II E 13,96 0,7428 18,80 17,39 0,7428 23,41

III 11,38 0,7428 15,32 12,59 0,7428 16,95

V 15,93 0,7428 21,45 18,45 0,7428 24,84

Média de X 18,99 Média de X 21,82 Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Tabela H3 – Resultados do valor "x" para temperatura de cura de 60 °C

ÁGUA NÃO EVAPORÁVEL (Wn - %) EM CURA A 60°C

FABRICANTE A/C CIMENTO 600°C 1000°C

Wn α x Wn α x

F1

0,3

II E 12,28 0,62611 19,62 14,88 0,62611 23,76

III 10,78 0,62611 17,22 11,67 0,62611 18,64

V 12,72 0,62611 20,31 15,03 0,62611 24,00

0,5

II E 13,29 0,7428 17,90 16,15 0,7428 21,74

III 12,73 0,7428 17,14 14,34 0,7428 19,30

V 15,19 0,7428 20,45 15,56 0,7428 20,95

F2

0,3

II E 13,04 0,62611 20,83 16,75 0,62611 26,75

III 10,59 0,62611 16,91 11,02 0,62611 17,60

V 14,92 0,62611 23,83 16,71 0,62611 26,69

0,5

II E 13,71 0,7428 18,46 18,01 0,7428 24,24

III 12,40 0,7428 16,69 14,29 0,7428 19,24

V 15,92 0,7428 21,43 19,01 0,7428 25,59

Média de X 19,23 Média de X 22,38

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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121

As tabelas H4, H5 H6 apresentam os valores de água não evaporável "x"

desconsiderando o cimento CP III. Assim, chegou-se às médias abaixo:

- Para PF a 600 °C: (19,00% + 20,19% + 20,35%)÷3 = 19,85%

- Para PF a 1000 °C: (23,46% + 23,61% + 24,22%)÷3 = 23,76%

Tabela H4 – Resultados do valor "x" para temperatura de cura de 20 °C

(sem o cimento CPIII)

ÁGUA NÃO EVAPORÁVEL (Wn - %) EM CURA A 20°C

FABRICANTE A/C CIMENTO 600°C 1000°C

Wn α x Wn α x

F1

0,3 II E 10,96 0,62611 17,50 13,79 0,62611 22,03

V 11,78 0,62611 18,82 13,81 0,62611 22,06

0,5 II E 12,22 0,7428 16,45 16,29 0,7428 21,93

V 15,36 0,7428 20,68 17,92 0,7428 24,12

F2

0,3 II E 12,36 0,62611 19,73 15,73 0,62611 25,12

V 13,16 0,62611 21,02 15,35 0,62611 24,52

0,5 II E 12,60 0,7428 16,96 17,04 0,7428 22,94

V 15,48 0,7428 20,84 18,55 0,7428 24,97

Média de X 19,00 Média de X 23,46 Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

Tabela H5 – Resultados do valor "x" para temperatura de cura de 40 °C

(sem o cimento CPIII)

ÁGUA NÃO EVAPORÁVEL (Wn - %) EM CURA A 40°C

FABRICANTE A/C CIMENTO 600°C 1000°C

Wn α x Wn α x

F1

0,3 II E 12,64 0,62611 20,19 14,39 0,62611 22,98

V 13,36 0,62611 21,33 13,83 0,62611 22,09

0,5 II E 13,56 0,7428 18,25 17,14 0,7428 23,08

V 15,04 0,7428 20,25 17,84 0,7428 24,02

F2

0,3 II E 12,39 0,62611 19,80 15,17 0,62611 24,22

V 13,43 0,62611 21,45 15,17 0,62611 24,23

0,5 II E 13,96 0,7428 18,80 17,39 0,7428 23,41

V 15,93 0,7428 21,45 18,45 0,7428 24,84

Média de X 20,19 Média de X 23,61 Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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122

Tabela H6 – Resultados do valor "x" para temperatura de cura de 60 °C

(sem o cimento CPIII)

ÁGUA NÃO EVAPORÁVEL (Wn - %) EM CURA A 60°C

FABRICANTE A/C CIMENTO 600°C 1000°C

Wn α x Wn α x

F1

0,3 II E 12,28 0,62611 19,62 14,88 0,62611 23,76

V 12,72 0,62611 20,31 15,03 0,62611 24,00

0,5 II E 13,29 0,7428 17,90 16,15 0,7428 21,74

V 15,19 0,7428 20,45 15,56 0,7428 20,95

F2

0,3 II E 13,04 0,62611 20,83 16,75 0,62611 26,75

V 14,92 0,62611 23,83 16,71 0,62611 26,69

0,5 II E 13,71 0,7428 18,46 18,01 0,7428 24,24

V 15,92 0,7428 21,43 19,01 0,7428 25,59

Média de X 20,35 Média de X 24,22

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.

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123

APÊNDICE I

Comparação entre fabricantes para

os resultados de resistência à

compressão

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124

O Quadro do apêndice I apresenta os resultados da comparação

estatística dos resultados de resistência à compressão entre os Fabricantes 1 e 2

para as argamassas de cimento sob a mesma condição de ensaio. Os resultados

satisfatórios, igual estatisticamente, estão representados com sinal de “=“ com célula

amarela, e os resultados diferentes apresentam o sinal “” em vermelho. Algumas

células em branco, de ensaio de 90 dias, não foram analisadas.

Quadro I1 – Comparação dos resultados de resistência à compressão entre os

Fabricantes 1 e 2

TESTE - T STUDENT PARA ENSAIOS DE RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO

F1=F2

F2≠F2

20°C 40°C 60°C

7 dias 28 dias 90 dias 7 dias 28 dias 90 dias 7 dias 28 dias 90 dias

CP II E = = = = = = F1 F2 =

CP III = F2 = = = = F1 = =

CP V F2 = F1 = = = F1 = =

Fonte: Elaborado pelo autor, 2015.