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Estudo dirigido sobre o CPC/2015

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Estudo dirigido sobre o CPC/2015

Arthur da Costa & Gisele Leite - 3

Professora Gisele Leite

ESTUDO DIRIGIDO SOBRE CPC/2015

1ª Edição

Pindamonhangaba-SP

EDITORA LIBERLIBER

2016

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Estudo dirigido sobre o CPC/2015

Arthur da Costa & Gisele Leite - 4

1.É possível que se discuta

novamente, no âmbito do STF, via

recurso extraordinário a principiologia

processual civil?

Resposta: Não, aliás, a

jurisprudência do STF é pacífica em

apontar que não cabe RE para

discutir violação reflexa [1] à

Constituição Federal.

De sorte que se houver, algum

dispositivo violado do ponto de vista

infraconstitucional, só existirá

eventual violação à CF de forma

reflexa, o que não pode ser discutido

em RE.

2. O CPC de 2015 alude ao princípio

da inércia ou dispositivo ou da demanda?

Resposta: Sim, o art. 2º pois a

regra é que o Judiciário não aja de

ofício, aguardando a provocação da

parte. Mas uma vez retirado da

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inércia, o processo tramita por

impulso oficial.

3. O princípio do acesso à justiça é

compatível com arbitragem, mediação e

conciliação?

Resposta: Sim é compatível, a

arbitragem é permitida e o CPC/2015

aponta que o Estado promoverá

sempre que possível a solução

consensual dos conflitos.

O que é MEDIAÇÃO ?

É uma forma de solução de conflitos

em que um terceiro neutro e

imparcial auxilia as partes a

conversar, refletir, entender o

conflito e buscar, por elas próprias, a

solução. Nesse caso, as próprias

partes é que tomam a decisão, agindo

o mediador como um facilitador.

Nas Centrais e Câmaras de

Conciliação, Mediação e Arbitragem,

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Estudo dirigido sobre o CPC/2015

Arthur da Costa & Gisele Leite - 6

a mediação será feita

simultaneamente com a conciliação,

sobretudo quando o conflito tiver

como causa preponderante

problema de ordem pessoal,

emocional ou psicológica

(incompatibilidade de gênios, raiva,

sentimento de vingança ou de

intolerância e indiferença), mas

sempre com assistência do

conciliador até que se esgote a

possibilidade de uma reaproximação

afetiva das partes, sem prejuízo de

este formalizar um acordo que

encerre o conflito nos seus aspectos

jurídico-patrimoniais.

[1] O escorreito conceito de ofensa

direta à CF tem sido muito usado para

justificar a impossibilidade de análise de

mérito do Recurso Extraordinário,

entendendo o STF que somente o

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confronto direto e frontal com o texto

constitucional deve ser veiculado através

desse recurso. Como a CF/1988 adotou

modelo normativo predominante de

sistema de normas abertas, de modo que

sempre possam as normas constitucionais

serem revigoradas e modificadas,

abarcando inclusive as situações fáticas

surgidas mesmo após sua edição. A nova

ordem estabelecida pelo pós-positivismo

preconiza a importância de normas

constitucionais de natureza

principiológica, devendo o sistema

normativo pautar-se pela defesa irrestrita

dos direitos fundamentais e dos

princípios materiais de justiça. A

impossibilidade de Recurso

Extraordinário ser manejado em casos de

ofensa reflexa à CF é um dos exemplos

mais emblemáticos da sobreposição dos

juízos de admissibilidade e de mérito.

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Estudo dirigido sobre o CPC/2015

Arthur da Costa & Gisele Leite - 8

Normalmente tais recursos que

questionam a aplicabilidade

constitucional de determinados princípios

não são conhecidos, muito embora a

questão seja de fundo e não de forma - em

função da ausência de concretude da

norma.

O que é CONCILIAÇÃO ? É uma forma de solução de conflitos em que as partes, por meio da ação de um terceiro, o conciliador, chegam a um acordo, solucionando a controvérsia.

Nesse caso, o conciliador terá a função de orientá-las e ajudá-las, fazendo sugestões de forma que melhor atendam aos interesses dos dois lados em conflito.

Nas Centrais e Câmaras de Conciliação, Mediação e Arbitragem, a conciliação será feita simultaneamente

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com a mediação, sobretudo quando o conflito tiver como causa preponderante problema de ordem jurídica ou patrimonial, mas sempre com assistência do mediador até que se esgote a possibilidade de as partes celebrarem um acordo que encerre essa demanda, com a formalização do respectivo termo de transação ou compromisso arbitral.

É o conciliador, pela sua formação jurídica, que a conduz até a formalização do acordo.

O que é ARBITRAGEM ? É uma forma de solução de conflitos em que as partes, por livre e espontânea vontade, elegem um terceiro, o árbitro ou o Tribunal Arbitral, para que este resolva a controvérsia, de acordo com as regras estabelecidas no Manual de Procedimento Arbitral das Centrais de

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Conciliação, Mediação e Arbitragem. O árbitro ou Tribunal Arbitral

escolhido pelas partes emitirá uma sentença que terá a mesma força de título executivo judicial, contra a qual não caberá qualquer recurso, exceto embargos de declaração.

É, o árbitro, juiz de fato e de direito, especializado no assunto em conflito, exercendo seu trabalho com imparcialidade e confidencialidade.

4.Qual é a inovação trazida pelo CPC/2015 sobre o princípio da razoável duração do processo?

Resposta: O art. 4º expressamente menciona o referido princípio e ainda refere-se à satisfação e, portanto, a aplicação do dito princípio não se restringe apenas à fase do conhecimento.

5. O princípio da boa-fé [2] é relevante só para os litigantes?

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Resposta: Não, para todos que participam do processo. Além das partes, os terceiros, os advogados, os peritos, os serventuários sob pena de aplicação de multa.

O princípio da boa-fé [3]

processual, por atuar através de uma

cláusula geral da boa-fé, não esgota

as possibilidades de condutas

contrárias ao mesmo, necessitando,

portanto, a apreciação do caso

concreto. Identificando o

magistrado uma conduta agressora

de tal princípio, deve aplicar com

rigor a penalidade.

Ocorre que, mesmo que o

julgador aja com o máximo rigor,

aplicando o teto da multa prevista

(1% do valor da causa) aos casos de

litigância de má-fé [4], ainda assim

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não vai ser suficiente para punir e,

nem tampouco, inibir o infrator a

agir de forma semelhante no futuro.

[2] A vinculação do Estado-juiz ao dever

de boa-fé nada mais é senão o reflexo do

princípio de que o Estado, tout court, deve

agir de acordo com a boa-fé e, pois, de

maneira leal e com proteção à

confiança. Trata-se de uma cláusula

geral processual. A opção por uma

cláusula geral de boa-fé é a mais correta.

É que a infinidade de situações que podem

surgir ao longo do processo torna pouco

eficaz qualquer enumeração legal

exaustiva das hipóteses de

comportamento desleal. Daí ser correta a

opção da legislação brasileira por uma

norma geral que impõe o comportamento

de acordo com a boa-fé. Em verdade, não

seria necessária qualquer enumeração

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das condutas desleais: o inciso II do art.

14 do CPC (art.77 do CPC/2015) é

bastante, exatamente por tratar-se de

uma cláusula geral.

[3] A boa-fé pode ser dividida em objetiva

e subjetiva. A primeira diz respeito à

norma, isto é, é a norma que impõe um

comportamento leal, ético, de acordo com

a boa-fé. Já a segunda diz respeito a fato,

a um estado de consciência, opondo-se a

má-fé. É no primeiro contexto que se

insere o princípio da boa-fé processual,

que, como visto, vem delineado pelo inciso

II do art. 14 do CPC (art.77,II do

CPC/2015). Tal dispositivo legal em

nada se relaciona com a boa-fé subjetiva

(a intenção do sujeito do processo). Ao

revés, é norma impositiva de condutas em

conformidade com a boa-fé objetivamente

considerada, sem se perquirir acerca das

más ou boas intenções.

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[4] Art. 81. De ofício ou a requerimento, o

juiz condenará o litigante de má-fé a

pagar multa, que deverá ser superior a

um por cento e inferior a dez por cento do

valor corrigido da causa, a indenizar a

parte contrária pelos prejuízos que esta

sofreu e a arcar com os honorários

advocatícios e com todas as despesas que

efetuou.

§ 1º Quando forem 2 (dois) ou mais os

litigantes de má-fé, o juiz condenará cada

um na proporção de seu respectivo

interesse na causa ou solidariamente

aqueles que se coligaram para lesar a

parte contrária.

§ 2º Quando o valor da causa for irrisório

ou inestimável, a multa poderá ser fixada

em até 10 (dez) vezes o valor do salário-

mínimo.

§ 3º O valor da indenização será fixado

pelo juiz ou, caso não seja possível

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mensurá-lo, liquidado por arbitramento

ou pelo procedimento comum, nos

próprios autos.

É preciso um maior rigor na punição

de tais casos, não só a fim de conceder

aplicabilidade ao princípio em comento,

como também para imprimir maior

respeito ao Poder Judiciário.

Nesse sentido, há de se perscrutar

sobre a margem de opção do magistrado

para os casos em que se observe a quebra

do mencionado princípio, sobrelevando a

necessidade de atribuir ao Estado- Juiz

um maior leque de atuação, não se

limitando a, apenas, aplicação de multa. 6. Como será possível aplicar multa ao

magistrado? Resposta: Não. Assim a boa-fé [5]

em relação ao magistrado deve ser

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interpretada sob a perspectiva do princípio da confiança (não deve atuar no sentido de conduzir as partes, confundir e nem induzir ao erro). A boa-fé do magistrado refere-se também a vedação a decisões surpresas.

7. Qual dispositivo do CPC/2015 prevê a princípio da cooperação no processo civil brasileiro?

Resposta: O art.6º do CPC/2015 inova ao prever o princípio da cooperação, destacando que todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. Esse dispositivo é objeto de polêmica [6] doutrinária e suscita dúvidas até o STJ efetivamente delimite sua aplicação prática.

[5] A consagração do princípio da boa-fé

processual foi resultado de uma expansão

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Estudo dirigido sobre o CPC/2015

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da exigência de boa-fé do direito privado

ao direito público. A jurisprudência

alemã entendeu aplicável o § 242 do

Código Civil alemão (cláusula geral de

boa-fé) também ao direito processual civil

e penal. De um modo geral, a doutrina

seguiu o mesmo caminho. Na verdade, a

boa-fé objetiva expandiu-se para todos os

ramos do Direito, mesmo os "não civis".

A boa-fé objetiva pós-constitucional

caracteriza-se como uma nova forma de

solucionar conflitos em sede de direito

processual civil, emergindo como um novo

e eficaz instrumento delimitador dos

direitos e vinculador do Juiz a um

pronunciamento concreto, consoante

leciona Humberto Theodoro Júnior.

[6] Trata-se de uma discussão

doutrinária, apresentada aos estudiosos

de Teoria Geral do Processo, sobre qual

seria a “forma” do processo. O processo é

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Arthur da Costa & Gisele Leite - 18

a relação jurídico-processual,

desenvolvida através de um procedimento

e mediante contraditório, regido por

normas (regras e princípios) diversas.

O processo, portanto, é um vínculo

imaterial, entre os sujeitos desta relação,

que se organiza através de um

procedimento, materializando-se em

autos processuais.

No processo têm-se os sujeitos principais:

autor(es), réu(s) e magistrado(s). O

primeiro é aquele que propõe a demanda,

em face do segundo. O magistrado,

representante do Estado, deve agir como

um terceiro imparcial, resolvendo os

conflitos apresentados.

Magistrado é um termo mais adequado

que juiz, uma vez que existem demandas

propostas não no primeiro grau.

Exemplo atual é o caso do “Mensalão”

(Ação Penal n.470), proposto

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originariamente perante o Supremo

Tribunal Federal.

Magistrado é gênero, onde são espécies:

juiz (1º grau), desembargador (2º grau) e

ministro (tribunais superiores).

A discussão doutrinária se assenta no

seguinte aspecto: há relações jurídico-

processuais entre todos os sujeitos

principais do processo? A partir da

existência desses vínculos jurídico-

processuais se cria uma imagem

geométrica do processo.

Indubitavelmente, o processo inicia-se

com o autor, exercitando seu direito de

ação ao apresentar a demanda, ao Poder

Judiciário. Neste momento, o réu ainda

não está integralizado na relação,

existindo vínculo apenas entre autor e

Estado. O processo, neste momento,

possui configuração linear, inexistindo

divergências doutrinárias.

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Arthur da Costa & Gisele Leite - 20

A doutrina majoritária defende

corretamente que a forma do processo é

triangular, ou seja, que há relação

jurídico-processual entre as partes. Não

poderia ser de outra forma, uma vez que

existem diversos princípios, como a

lealdade processual, que balizam essa

relação.

Apesar disto ainda há posicionamento

minoritário que defende a angularidade

da relação jurídico processual.

8. Quais são as cláusulas gerais

trazidas pelo CPC/2015?

Resposta: As cláusulas gerais são

as que permitem ao juiz uma

margem de discricionariedade (e,

assim com maior liberdade no

julgar), o art. 8º destaca que o juiz, ao

decidir deverá observar o

ordenamento jurídico, mas

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observando os fins sociais e as

exigências do bem comum

promovendo a dignidade da pessoa

humana e observando a

proporcionalidade e razoabilidade

[7].

[7] O princípio da razoabilidade não se

encontra expressamente previsto sob esta

epígrafe na Constituição de 1988. Isto,

contudo, não permite se infira estar este

princípio afastado do sistema

constitucional pátrio, posto se pode

auferi-lo implicitamente de alguns

dispositivos, bem como do histórico de sua

elaboração.

É, contudo, enquanto princípio

conformador de direito material que a

ausência de disposição expressa do

princípio da razoabilidade é mais

sentida. O apego desmedido ao Princípio

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da Separação dos Poderes tem lhe

imposto barreiras a um desenvolvimento

mais explícito. Mister é lembrar, todavia,

que sua previsão constou dos trabalhos da

Assembleia Constituinte de 1988.

A origem e desenvolvimento do princípio

da proporcionalidade encontra-se

intrinsecamente ligado à evolução dos

direitos e garantias individuais da pessoa

humana, verificada a partir do

surgimento do Estado de Direito burguês

na Europa.

No sistema jurídico pátrio, o princípio da

proporcionalidade foi recepcionado a

partir da influência da doutrina

portuguesa, a qual havia apreendido seu

conceito e conteúdo, juntamente com os

demais países europeus, nas fontes

alemães. O artigo 18 da Constituição

portuguesa de 1976 apresenta as

limitações a serem seguidas pelos

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Estudo dirigido sobre o CPC/2015

Arthur da Costa & Gisele Leite - 23

funcionários públicos no exercício de suas

funções, explicitando-se a vinculação de

todas as entidades públicas e privadas no

respeito aos direitos fundamentais e o

critério da necessidade como parâmetro

inafastável na formulação e aplicação de

leis que restrinjam direitos e garantias

constitucionais, delineando

indubitavelmente, ainda que de forma

implícita, os requisitos essenciais do

princípio da proporcionalidade.

Finalmente, no que tange ao respeito aos

direitos fundamentais no Brasil, nossos

constituintes seguiram exemplo austríaco

ao adotar o controle concentrado da

constitucionalidade das leis para

reprimir eventuais abusos de poder por

parte de nossos legisladores.

9. Quais são os três princípios

constitucionais que o juiz deverá observar

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Estudo dirigido sobre o CPC/2015

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em face do CPC/2015?

Resposta. O art. 8º do CPC/2015

destaca que o juiz deverá observar os

princípios da legalidade [8] (art.

5º,II), da publicidade [9] (art.93, IX) e

da eficiência [10] (art. 37, caput).Ou

seja, mais três princípios

constitucionais reproduzidos no

CPC/2015 – sendo que a publicidade

é reforçada no art. 11, em conjunto,

com o princípio da motivação (

também presente na CF no art. 93,

IX).

[8] O Princípio da legalidade é o mais

importante instrumento constitucional de

proteção individual no Estado

Democrático de Direito, com origem no

fim do século XVIII e cujo significado

político se traduz no paradoxo entre

regra/exceção que instaura. O princípio

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Arthur da Costa & Gisele Leite - 25

da legalidade é a garantia lícita que

temos para nos basear nos alicerces

codificados no Código Penal.

Diz respeito à obediência às leis. Por meio

dele, ninguém será obrigado a fazer ou

deixar de fazer alguma coisa, senão em

virtude de lei.

Como aponta o professor Pedro Lenza, no

âmbito das relações particulares, pode-se

fazer tudo o que a lei não proíbe,

vigorando o princípio da autonomia de

vontade[1]. O particular tem então,

autonomia para tomar as suas decisões

da forma como melhor lhe convier,

ficando apenas restrito às proibições

expressamente indicadas pela lei.

O princípio da legalidade é corolário da

própria noção de Estado Democrático de

Direito, afinal, se somos um Estado regido

por leis, que assegura a participação

democrática, obviamente deveria mesmo

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Arthur da Costa & Gisele Leite - 26

ser assegurado aos indivíduos o direito de

expressar a sua vontade com liberdade,

longe de empecilhos. Por isso o princípio

da legalidade é verdadeiramente uma

garantia dada pela Constituição Federal

a todo e qualquer particular.

[9] A publicidade como princípio contém a

exigência genérica de publicidade (dar a

público, veicular, informar, prestar

contas). Tudo o que se refere ao Estado

exige publicidade e a ausência desta é

exceção encontrada na própria

Constituição.

A publicidade, como princípio

constitucional, serve de orientação para

todo e qualquer comportamento do

Estado. “Comportamento” aqui tem um

conteúdo importante, pois significa tudo

que o Estado, ou parte dele, faz que

envolva ação ou reação. Envolve o

conjunto de atitudes e reações dos órgãos

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Estudo dirigido sobre o CPC/2015

Arthur da Costa & Gisele Leite - 27

públicos, do Estado em face do meio

social. “Comportamento”, aqui, envolve

inclusive a omissão, já que a omissão, no

Direito, pode caracterizar-se como falta de

ação ou uma reação indevida diante de

uma imposição de lei.

A doutrina tem utilizado os termos

“atividade e atos da administração ou

atos estatais”, entre outros, para

expressar esse conjunto de ações e reações

dos órgãos públicos. Sem descartar estes,

prefere-se aquele termo, por ser mais

abrangente.

[10] O processo, para ser devido, há de ser

eficiente. O princípio da eficiência,

aplicado ao processo, é um dos corolários

da cláusula geral do devido processo

legal. Realmente, é difícil conceber como

devido um processo ineficiente. Ao optar a

lei processual pela menção a “princípio da

eficiência”, entretanto, por duas razões: a)

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Estudo dirigido sobre o CPC/2015

Arthur da Costa & Gisele Leite - 28

o texto constitucional o menciona

expressamente; b) norma é sentido que se

dá a um texto; do dispositivo

constitucional, pensamos que tanto se

possa extrair um postulado como um

princípio – uma norma que vise à

obtenção da eficiência, no caso uma gestão

processual eficiente, como estado de coisas

a ser alcançado. A aplicação do princípio

da eficiência ao processo é uma versão

contemporânea (e também atualizada) do

conhecido princípio da economia

processual. Muda-se a denominação, não

apenas porque é assim que ela aparece no

texto constitucional, mas, sobretudo, como

uma técnica retórica de reforço da relação

entre esse princípio e a atuação do juiz

como um administrador7 – ainda que

administrador de um determinado

processo.

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Estudo dirigido sobre o CPC/2015

Arthur da Costa & Gisele Leite - 29

10. Em quantos dispositivos está

presente o princípio do contraditório no

CPC/2015?

Resposta: O princípio do

contraditório (CF, art. 5º, LV) está

presente em dois dispositivos, a

saber: art. 9º traz a visão clássica de

o juiz não decidir sem ouvir a parte

contrária, salvo exceções como no

caso de tutela de urgência.

A seu turno, o art. 10 traz o

contraditório sob outro ângulo: o da

impossibilidade de o juiz decidir sem

que tenha dado às partes

oportunidade de se manifestar ainda

que se trate de matéria que possa ser

apreciada de ofício. Trata-se da

vedação de decisões surpresas.

Assim, se o juiz for reconhecer a

prescrição ainda que possa fazer isso

de ofício, terá antes de ouvir a parte

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Arthur da Costa & Gisele Leite - 30

a respeito desse tema. Se assim não

proceder, haverá uma decisão

surpresa, o que é vedado por este

dispositivo.

11.

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