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15 Igreja Batista Peniel Congregação do Novo Horizonte Estudos para a Organização em Igreja Estudo 1 – Quando Teria Surgido a Igreja de Cristo? Não há na Bíblia um texto que mostre a organização da Igreja como nós a conhecemos hoje. Daí a pergunta: quando ela teria surgido? E. G. Robinson diz que “em Mateus 18.17 ekklesia (igreja) não é usado no sentido técnico. A igreja é um prolongamento da sinagoga judaica, não obstante seu método e administração sejam diferentes. Houve pouca ou nenhuma organização no início. Cristo mesmo não organizou a igreja. Isto foi feito pelos apóstolos após o Pentecostes. Contudo o germe já existia antes. Três pessoas podem constituir uma Igreja e podem administrar as ordenanças”. Quando a Igreja teria sido organizada? Teria sido quando o colégio apostólico estava constituído? Ou quando Cristo convocou os primeiros discípulos? Teria sido no Pentecostes? Fisher destaca três períodos na vida da igreja: 1) O pré-natal: neste a Igreja tem a presença corporal de Cristo; 2) O da infância: quando a Igreja ainda está vivendo como que sob a tutela de Cristo, mas preparando-se para ter uma vida independente; 3) O da maturidade: a Igreja já tem o seu corpo de doutrinas, já possui oficiais e se mostra apta para dirigir-se. A igreja foi edificada com elementos formais e vitais. O batismo, a ceia e a organização visível eram os elementos formais, e a vida regenerada e o culto e esforços sociais eram os elementos vitais. A Origem do Termo Igreja O termo Igreja vem do grego ekklesia, que se referia a uma assembléia do povo regularmente convocada para algum lugar público com o objetivo de deliberar sobre alguma coisa (At 19.32,39,41). Esta palavra foi usada pelos escritores neotestamentários porque expressa a noção de convocação que se enquadra com a finalidade da Igreja de Cristo. Ekklesia significa “congregação, assembléia”. De fato, se quisermos fazer uma comparação, a Igreja é como uma assembléia convocada para fora do mundo a fim de constituir o Corpo de Cristo. É bem verdade que, após serem chamados para fora (Jo 17.14-16), os membros da Igreja são enviados ao mundo a fim de proclamar as virtudes d’Aquele que os chamou (Jo 17.17-18). Nos Evangelhos, só há 3 referências à Igreja (Mt 16.18; 18.17 [2 vezes]). Aparece 114 vezes no Novo Testamento, sendo que 95 vezes é usada como igreja no sentido de um grupo de crentes. E 14 vezes é usada como Igreja no seu sentido universal.

Estudo Organizaçao em Igreja - NH

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Estudo 1 – Quando Teria Surgido a Igreja de Cristo?

Não há na Bíblia um texto que mostre a organização da Igreja como nós a conhecemos hoje. Daí a pergunta: quando ela teria surgido?

E. G. Robinson diz que “em Mateus 18.17 ekklesia (igreja) não é usado no sentido técnico. A igreja é um prolongamento da sinagoga judaica, não obstante seu método e administração sejam diferentes. Houve pouca ou nenhuma organização no início. Cristo mesmo não organizou a igreja. Isto foi feito pelos apóstolos após o Pentecostes. Contudo o germe já existia antes. Três pessoas podem constituir uma Igreja e podem administrar as ordenanças”.

Quando a Igreja teria sido organizada? Teria sido quando o colégio apostólico estava constituído? Ou quando Cristo convocou os primeiros discípulos? Teria sido no Pentecostes?

Fisher destaca três períodos na vida da igreja:1) O pré-natal: neste a Igreja tem a presença corporal de Cristo;2) O da infância: quando a Igreja ainda está vivendo como que sob a tutela de Cristo, mas preparando-se

para ter uma vida independente;3) O da maturidade: a Igreja já tem o seu corpo de doutrinas, já possui oficiais e se mostra apta para

dirigir-se.A igreja foi edificada com elementos formais e vitais. O batismo, a ceia e a organização visível eram os

elementos formais, e a vida regenerada e o culto e esforços sociais eram os elementos vitais.

A Origem do Termo IgrejaO termo Igreja vem do grego ekklesia, que se referia a uma assembléia do povo regularmente

convocada para algum lugar público com o objetivo de deliberar sobre alguma coisa (At 19.32,39,41). Esta palavra foi usada pelos escritores neotestamentários porque expressa a noção de convocação que se enquadra com a finalidade da Igreja de Cristo.

Ekklesia significa “congregação, assembléia”. De fato, se quisermos fazer uma comparação, a Igreja é como uma assembléia convocada para fora do mundo a fim de constituir o Corpo de Cristo.

É bem verdade que, após serem chamados para fora (Jo 17.14-16), os membros da Igreja são enviados ao mundo a fim de proclamar as virtudes d’Aquele que os chamou (Jo 17.17-18).

Nos Evangelhos, só há 3 referências à Igreja (Mt 16.18; 18.17 [2 vezes]). Aparece 114 vezes no Novo Testamento, sendo que 95 vezes é usada como igreja no sentido de um grupo de crentes. E 14 vezes é usada como Igreja no seu sentido universal.

A igreja, para efeito de estudo, pode ser definida em termos de Organismo e Organização. Como Organismo, a Igreja é o Corpo místico de Cristo, do qual Ele é a cabeça e os crentes os membros (1 Co 12.12-13). Na qualidade de Organização, a então “igreja local”, é um grupo de crentes reunidos com o propósito de obedecer aos princípios e preceitos da Palavra de Deus (At 2.41-42; 16.5) e também observar as ordenanças de Cristo (Batismo e Ceia).Definição: A igreja local é a comunidade autônoma de crentes em Cristo unida entre si por laços de fé, amor e amizade e caracterizada pelo ensino da sã doutrina, pela observância das ordenanças de Cristo e pela aplicação da disciplina bíblica.

O Reino e as IgrejasO Reino sempre existiu antes da Igreja. O Reino é invisível, e consiste no domínio de Cristo na vida de

seus súditos. Mas por ser invisível o reino não deixa de ser espiritual, pessoal e social.1) A igreja começou com Cristo, o Reino começou muito antes;2) O Reino inclui todos os filhos de Deus, a Igreja se confina aos crentes no Cristo histórico;3) O Reino, hoje, é invisível, a igreja é visível;

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4) O Reino não tem um caráter orgânico, a igreja é um organismo local.

A Igreja e Seus NomesAs igrejas receberam nomes de acordo com o lugar em que estavam localizadas. Desta maneira

encontramos referência à igreja de Antioquia (At 13.1; 14.26; 15.3), de Jerusalém (At 8.1; 11.12; 15.4), de Cencréia, que ficava num subúrbio de Corinto (Rm 16.1), de Éfeso (At 20.17), Esmirna (Ap 2.8), dentre outras.

A Organização das IgrejasAs igrejas eram organizadas segundo os princípios expostos no Novo Testamento. Elas eram

organizadas para funcionarem como agências do Reino de Deus.Muitas igrejas foram organizadas em casas particulares, como sempre existiu uma igreja na casa de

Áquila e Priscila (Rm 16.5). Paulo envia saudações, escrevendo aos Colossenses, a Ninfas e à igreja que está em sua casa (Cl 4.15). Escrevendo a Filemom ele faz também referência à igreja que se reúne em sua casa (Fl 2).

O Propósito da IgrejaO propósito da Igreja se divide em dois aspectos:

a) Propósito Imediato: Esse aspecto do propósito da Igreja envolve o testemunho que ela deve dar a este mundo acerca da verdade, seja por meio da Evangelização direta ou da vida de cada membro (1 Pe 2.9). A evangelização é objetiva, dinâmica, e à Igreja compete evangelizar o mundo (Mt 28-18-19).

A evangelização começa na localidade onde está a igreja, logo depois se estende mais no país e, em seguida, atinge outras partes do mundo (At 1.8). Deve ser feita pessoalmente, ou de dois em dois (Mc 6.7; Lc 10.1), ou em equipes e campanhas (At 2.1-41).

b) O Propósito Final: Neste aspecto a igreja cumpre o propósito eterno de Deus para a História, ou seja, a Sua glória. Por meio da Igreja, Deus será eternamente glorificado (Ef 1.6, 12, 14; 2.6-7).

Próximo Estudo – O que é uma Igreja Batista?

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Estudo 2 – O que é uma Igreja Batista?

IntroduçãoSomos um povo que vem de longe, com muitos nomes, de muitas perseguições, de muitas lutas, mas

construindo uma bela história de fé, de doutrina e de princípios. Somos o povo da Bíblia, a Palavra Infalível e Eterna de Deus. Cremos em Deus Pai, santo, justo, criador, e sustentador de todas as coisas. Cremos no Deus Filho Jesus Cristo, Salvador e Senhor de nossas vidas e almas e no Deus Espírito Santo, o Consolador que nos guia em tudo quanto Jesus ensinou.

Com o nome de Batista existimos desde 1612, quando Thomas Helwys de volta da Holanda, onde se refugiara da perseguição do Rei James I da Inglaterra, organizou com os que voltaram com ele, uma igreja em Spitalfields, arredores de Londres.

Então, o que é uma Igreja Batista?1. É uma congregação local (Mt 18.17; At 5.11; 20.17-28), composta de membros regenerados e batizados que, voluntariamente, se reúnem, sob as leis de Cristo, e procuram estender o Reino de Deus não só em suas vidas, mas nas de outros.2. Cristo é o cabeça e seu único chefe supremo.3. Em matéria de fé e prática a igreja se subordina, unicamente, às Santas Escrituras (2 Tm 1.13; Gl 6.16; At 17.11).4. Uma igreja é absolutamente livre e independente, não se sujeitando hierarquicamente, ou de qual quer outra forma, a nenhuma organização denominacional.5. Uma igreja batista é completamente competente para dirigir seus próprios atos e ações de acordo com os ensinos de Cristo (At 2.41,42).

Algumas Doutrinas Distintivas dos Batistas1. O Senhorio de Cristo

Os batistas crêem que Jesus Cristo é o Senhor e tem plena autoridade nos céus e na terra. Os batistas não se fundamentam em credos, embora reconheça neles valor, mas se fundamentam na absoluta autoridade de Cristo, que é o cabeça da Igreja (Fl 2.10-11).2. A Autoridade e a Suficiência da Palavra de Deus

Os batistas aceitam a Bíblia como sua única regra de fé e de prática. Nós não apelamos a qualquer autoridade eclesiástica em matéria de doutrina ou prática, mas unicamente fazemos a pergunta escriturística “Que diz a Escritura?” (Rm 4.3).3. A Competência de Cada Alma

Crêem os batistas que cada pessoa é competente, apta para aproximar-se de Deus, não necessitando de intermediários humanos, pois a Bíblia diz que “só há um mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1 Tm 2.5). Ele é competente, sob a orientação do Espírito Santo,para formular a própria resposta à chamada divina ao evangelho de Cristo, para a comunhão com Deus, para crescer na graça e conhecimento de nosso Senhor (2 Pe 3.18).

Esta doutrina condena o batismo infantil, a crença por procuração, etc. e se coaduna com a Bíblia que diz: “cada um dará conta de si mesmo a Deus” (Rm 14.12).4. A Igreja se Compõe de Membros Convertidos

O requisito essencial é a regeneração. O Novo Testamento ensina-nos que os membros das primitivas igrejas ouviam as boas novas, arrependeram-se dos seus pecados, de bom grado aceitaram a Palavra de Deus, foram batizados e se tornaram membros da igreja, pois “todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” (At 2.47). Toda pessoa deve reconciliar-se com Deus mediante o arrependimento de seus pecados e a fé pessoal no Senhor Jesus Cristo.

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5. A Igreja é uma Pura DemocraciaTodos os membros de uma igreja batista têm os mesmos privilégios, os mesmos direitos e as mesmas

responsabilidades. A igreja é que julga os seus próprios atos, estando sujeita unicamente a Cristo. A igreja é de estrutura congregacional, e utiliza o processo democrático para as decisões de assuntos administrativos, considerando o Espírito Santo como guia sempre presente, que lhe capacita para levar avante a missão de Cristo (At 1.8).6. O Simbolismo das Ordenanças

O Batismo e a Ceia não são sacramentos, mas apenas ordenanças. Estas ordenanças não conferem atos de graça. Assim como o batismo simboliza o começo da vida cristã, a inauguração pública, a ceia simboliza a sua continuação. O Batismo é um ato simbólico significando a passagem do crente da vida anterior cheia de pecados, para uma vida nova (Rm 6.4).7. O Batismo é Administrado Só a Crentes

O batismo só é administrado àquelas pessoas que nasceram de novo. De acordo com a Bíblia só eram batizados os que criam e confessavam os seus pecados (At 8.14). Os batistas crêem que a fé surge antes do batismo, e não o batismo antes da fé. Não há regeneração ou salvação no ato do batismo propriamente dito.8. A Imersão é a Forma mais Adequada de Batismo

Os batistas não são intransigentes, mas são coerentes com o que a Bíblia ensina. E muitos são os exemplos escriturísticos sobre a imersão. Jesus foi batizado em água (Mt 3.16). O eunuco foi batizado em água (At 8.38). Além dos exemplos citados temos ainda o argumento do simbolismo. O batismo simboliza morte e ressurreição (Rm 6.4-5). Esse simbolismo vê-se melhor na imersão.9. A Ceia do Senhor

A Ceia é um ato simbólico, um memorial de acordo com o que Cristo disse e de acordo com o que se acha em 1 Co 11.25: “Fazei isso em memória de mim”, ato que participam todos os crentes. De modo algum ela é eucaristia ou sacramento. Os batistas não crêem que o pão e o vinho sejam literalmente transformados no corpo e sangue de Cristo (transubstanciação), mas a cerimônia focaliza unicamente a presença transformadora do divino Mestre em Espírito.

Ao celebrarmos a Ceia estamos nos lembrando do amor e da morte vicária de Cristo no Calvário ao mesmo que podemos renovar-Lhe nosso amor e lealdade. A observância da Ceia é ocasião de auto-exame, reavivamento e ações de graças dos membros da igreja.10. Perseverança e Preservação

Os batistas crêem que os crentes verdadeiros perseverarão, pois estão guardados pelo poder de Deus e sabem “em quem tem crido e estão certos de que Ele é poderoso para guardar o seu depósito até o dia final” (2 Tm 1.12).

Mesmo que alguns sejam tentados e caiam no pecado nele não permanecerão, pois nenhuma força ou circunstância tem poder para separar o crente do amor de Deus em Cristo Jesus (Mt 24.13; Rm 8.35-39). Os crentes estão guardados pelo poder de Deus (Jo 3.16,36; Jo 10.28,29; 1 Jo 2.19).11. Absoluta Liberdade Religiosa

Os batistas crêem que todos os homens devem ser livres para seguir sua consciência em matéria de religião, e que a autoridade civil ou política não tem o direito de traçar normas para a vida religiosa dos cidadãos. Esta liberdade é mais que tolerância, porque a simples tolerância leva a cogitar sobre quem é que tem direito de tolerar a outrem.

Essa liberdade não é privilégio para ser concedido, rejeitado ou meramente tolerado- nem pelo Estado, nem por qualquer outro grupo religioso – é um direito outorgado por Deus.Próximo Estudo – Maneiras e Requisitos para ser Membro de uma Igreja Batista

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Estudo 3 – Maneiras e Requisitos para ser Membro de uma Igreja BatistaHá 4 maneiras de se tornar membro de uma igreja batista: Batismo, Transferência, Reconciliação, e

Aclamação.1. Batismo

Os que se tornam membros mediante o batismo são geralmente crentes novos, pessoas que conheceram a Cristo em data recente. É recomendável que esses irmãos, antes de serem batizados, freqüentem uma classe preparatória e, somente ao final de um período que pode durar meses ou até anos, façam profissão de fé diante da assembléia e sejam batizados, passando a integrar o rol de membros.

Neste ponto deve-se frisar que o único batismo válido, à luz da Escritura, é o realizado por imersão. Outras formas de batismo não têm o condão de tornar alguém parte integrante do rol de membros de uma igreja batista.

Três são os requisitos que qualquer pessoa precisa preencher para ingressar numa igreja batista:a) Requisito Espiritual

O candidato deve dar provas de que, realmente, é regenerado pelo poder de Deus. Ele precisa estar convertido e não somente convencido. A mensagem de João e a de Cristo era “arrependei-vos” (Mt 3.1), mudai-vos de mente, de pensar.b) Requisito Social

É preciso que o candidato à membresia ou a membro da igreja se apresente perante esta mostrando-se desejoso de ingressar no seu rol. Após o exame, que será feito publicamente, concernente à sua crença, à sua fé, a igreja decidirá sobre sua aceitação ou não. Todo homem é livre para pertencer ou não à igreja, como a igreja é livre para aceitar ou rejeitar qualquer candidato ao batismo.

Na aceitação de um novo membro exige-se unanimidade. Se houver um voto contrário não será aceito. Se o oponente à aceitação do candidato não tiver razões para impugnar a entrada do candidato a membro da igreja, este poderá desprezar o seu voto e aceitar o candidato, não deixando, porém, de exortar o oponente quanto à sua atitude.c) Requisito Formal

Os batistas não são ritualistas. Têm apenas duas ordenanças. Se elas podem ser consideradas como ritos, então o novo convertido, para filiar-se à igreja, precisa preencher o requisito ritual ou formal, isto é, precisa submeter-se ao batismo como o foi Jesus (Mt 3.13-17).

2. Carta de TransferênciaA Carta de Transferência é o método mais comum pelo qual alguém é recebido como membro.

Emprega-se esse método quando um crente que faz parte de uma determinada igreja manifesta o desejo de ser membro de outra igreja da mesma denominação. São as igrejas filiadas à Convenção Batista Brasileira que geralmente adotam essa prática.

Entre elas, uma determinada igreja reunida em assembléia, depois de aprovação em culto administrativo, pede à igreja de onde procede o candidato, sua carta de transferência. Em seguida, a igreja solicitada, também após aprovação da assembléia, envia a carta requerida, declarando que o pedido foi deferido. No momento em que essa carta é formalmente lida diante da igreja solicitante reunida em assembléia, o candidato passa a integrar o seu rol de membros. A Carta regula o intercâmbio de membros entre as igrejas. Entre as igrejas da Convenção, quando o candidato à membresia provém de outra denominação, o documento que algumas vezes é solicitado é a carta de referência.

3. Por ReconciliaçãoAceita-se por reconciliação quando se verifica que, de fato, a pessoa excluída está plenamente

restaurada e que não há nada que a impeça de voltar à comunhão. A aceitação de alguém mediante pedido de reconciliação deve ser precedida de muito cuidado. Do contrário, corre-se o risco de dar oportunidade para

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que pessoas rebeldes, expulsas de suas igrejas, se refugiem atrás de outras paredes trazendo consigo práticas horríveis de pecados, os quais depressa contaminarão a igreja descuidada (1 Co 5.6), causando prejuízos, tristezas, sofrimentos e vergonha para todos.4. Por Aclamação

É o meio de aceitação de um novo membro pela simples aprovação da assembléia, sem necessidade de realizar nenhuma outra formalidade. Ocorre principalmente quando o crente recém-chegado já foi corretamente batizado em outra igreja, mas a sua carta de transferência se extraviou, ou ele vem de outra denominação, caso este em que, muitas vezes, não há troca de cartas.

Depois de conhecer por algum tempo o candidato a membro, a igreja, dando crédito ao testemunho dele de conversão e batismo, aprova sua inclusão em seu rol de membros. Essa medida deverá ser registrada em ata, e a partir desse momento a pessoa passa a ser membro da igreja. O recebimento de membros por aclamação é método raro. Só se aplica em ocasiões especialíssimas.

Desligamento de Membros

1. Por exclusão – A exclusão demonstra que a igreja zela pelo seu corpo e tem uma disciplina bíblica.O desligamento de natureza meramente administrativa é um procedimento muito simples. Por ele, o

nome de um membro da igreja é tirado do rol de maneira imediata, logo após a aprovação da igreja em assembléia. É usado quando um membro de determinada igreja local filia-se a outra, de diferente denominação, ou quando um membro confessa que nunca foi de fato crente em Cristo, ou ainda quando abandona a comunhão com os irmãos por ter-se mudado para local distante e incerto, tornando o contato difícil, sem deixar elementos que justifiquem a tomada de medidas disciplinares.

A exclusão por razões disciplinares é a forma mais dolorosa de desligamento de um membro. Só se aplica nos casos de pecado obstinado, quando todas as tentativas de recuperar o ofensor foram infrutíferas. Mais detalhes veremos quando estudarmos sobre disciplina.2. Por morte – Ao morrer o crente deixa de pertencer à igreja militante aqui na Terra e vai incorporar-se à igreja celestial.3. Por transferência

Quando um membro de determinada igreja manifesta o desejo de pertencer a outra igreja da mesma denominação, o instrumento pelo qual se realiza essa mudança é a carta de transferência. O interessado dirige o pedido à igreja a que quer pertencer e essa formaliza o pedido à igreja de onde o crente procede. Se em culto administrativo o pedido for aprovado, a igreja solicitada emite uma carta à igreja solicitante concedendo a transferência.

No momento em que a assembléia aprova a concessão da carta, o membro interessado na transferência deixa de pertencer ao rol da igreja solicitada. Para tanto, basta que este aprove a concessão da carta em assembléia. Todo processo de transferência mediante carta deve ser registrado em ata.Próximo Estudo – Forma de Governo e Direitos e Deveres da Igreja e dos Seus Membros

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Estudo 4 – Forma de Governo e Direitos e Deveres da Igreja e dos Seus Membros

O que a Igreja deve aos Membros1. Amor – Todos devem se amar mutuamente (Jo 15.12).2. Oração – Devem os crentes se aplicar à oração intercessória (At 2.42; 1 Ts 5.17; 1 Tm 2.1).3. Instrução – A igreja foi constituída para ensinar e doutrinar (At 2.42; 1 Tm 3.16-17).4. Fortalecimento e compreensão – Cada crente está sujeito a falhas. Por isso, a igreja deve tratar o irmão com brandura e ajudá-lo a fortalecer-se na fé (At 2.44; 1 Pe 3.18; Cl 2.6-7; 1 Ts 3.11-12).5. Auxílio nas doenças e nas dificuldades financeiras, etc. (At 2.45; 18.27).6. Manter os laços da fraternidade e desenvolver os laços da unidade (Rm 12.18; 14.9; Ef 4.3; 1 Ts 5.13).

O que um Membro deve a Sua IgrejaEntre as responsabilidades e deveres do crente para com a sua igreja, destacamos os seguintes:

1. Lealdade – Deve ser leal à igreja e não deixar de cooperar com seus trabalhos (Fp 1.3-5; Hb 13.16).2. Generosidade – Deve ser um contribuinte generoso, deve ir além do dízimo (1 Co 8.19-20; 2 Co 9.10-11;).3. Serviço – Deve ser laborioso e infatigável, pois está empenhado na realização do maior serviço deste mundo (1 Pe 4.10-11; Ef 4.11-12).4. Amor – Eis a chave do sucesso da vida do crente e da igreja. Impulsionado pelo legítimo amor o crente terá uma igreja poderosa (1 Pe 1.22; Rm 12.10).5. Oração – Deve manter uma vida de oração em favor da igreja, dos perdidos e de si próprio (Tg 5.16).

Formas de GovernoDurante os séculos surgiram várias formas de governo de uma igreja, mas todas elas carecem de base

bíblica. Vejamos cada uma delas:1. O Tipo Monárquico – Este é o tipo seguido pela Igreja Romana. Aceita como seu chefe supremo o Papa que, de acordo com este sistema, é infalível.2. O Tipo Episcopal – Este é o tipo do governo adotado por várias denominações. O bispo, com seus auxiliares, gerem os negócios. Um arcebispo tem autoridade sobre muitos bispos. O argumento em favor do sistema episcopal na Oe que este se encontre no Novo Testamento, mas que é resultado natural do desenvolvimento da igreja iniciado no Novo Testamento, não sendo por este proibido. Um teólogo escreveu que “nenhuma ordem de bispos diocesanos aparece no Novo Testamento”.3. O Tipo Presbiteriano – Nesse sistema cada igreja local elege presbíteros para um conselho. O pastor da igreja é um dos presbíteros, com a mesma autoridade dos outros presbíteros no conselho. Esse conselho tem autoridade para dirigir a igreja local. Entretanto, os membros do conselho são também membros de um presbitério que tem autoridade sobre diversas igrejas locais em uma região.4. O Tipo Oligárquico – Um grupo pequeno, uma elite, manobra toda a congregação. Os membros não se pronunciam sobre os assuntos que cabem a todos discutir.4. O Tipo Congregacional – Os batistas adotam a forma de governo congregacional, que é a mais encontrada na Bíblia. Ninguém é chefe, ninguém manda. À congregação cabe o direito de gerir os seus negócios dentro da pura democracia. Em suas relações para com Deus a igreja é uma teocracia. Em suas relações para com seus membros é uma democracia. São os crentes que decidem em assembléias, respeitam a decisão da maioria e aceitam a decisão da igreja como a ação final.Funções Congregacionais da Igreja

A igreja como uma congregação aceita e elimina membros de sua comunhão através do voto. Em 2 Co 2.6-7 temos uma prova de como a igreja executava a sua disciplina. Pelo voto da maioria foi excluído um membro da comunhão. Com sabedoria, Paulo, verificando que o excluído se arrependera, exorta a igreja a perdoar-lhe a ofensa e a restaurá-lo.

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É a igreja que decide. Não é um grupo. É a congregação reunida que vota, decide e julga. A igreja é o juiz de seus membros. Não há nenhuma outra corte de apelação. Ela é a última.

Quando os apóstolos sugeriram aos crentes que escolhessem homens para cuidarem da obra de beneficência, eles procederam como lhes foi sugerido e escolheram, pelo voto, os sete homens que ficaram conhecidos como os primeiros diáconos (At 6.2-5).As Funções de Governo

Na igreja existem as três funções: legislativa, executiva e judicial.- A função legislativa nas igrejas compete só a Cristo. Seus ensinos estão contidos no Novo Testamento. É ele o único capaz de legislar para suas igrejas.- A função executiva é exercida pelo ministro que, investido pela autoridade que a igreja lhe outorgou, com a imposição das mãos, realiza todos os atos oficiais e preside os trabalhos em geral. Quando a igreja toma deliberações congregacionais ela está também exercendo a autoridade executiva.- À igreja compete a função judicial. É ela quem admite e demite membros, quem julga as faltas dos membros e quem reconcilia aqueles que se restauram. Toda autoridade judicial compete somente a ela.

Próximo Estudo – Disciplina Eclesiástica Bíblica

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Estudo 5 – Disciplina Eclesiástica Bíblica

1. Nos tempos apostólicos a disciplina eclesiástica era rígida. Haja vista os casos de Ananias e Safira e do incestuoso de Corinto, além de outros (At 5.1-11; 2 Co 2.2-8).2. Três são as leis que devem orientar a vida dos discípulos:

a) a lei do amor;b) a lei da confissão das faltas;c) a lei do perdão.O mestre exortou-nos que devíamos amar uns aos outros (Jo 8.34), que devíamos confessar nossas

faltas antes de querermos prestar-lhe culto (Mt 5.24-25) e que perdoássemos aos que nos ofendessem (Lc 17.3-4).3. Há duas espécies de ofensas:

a) Ofensas privadas;b) Ofensas públicas.

As ofensas privadas devem ser tratadas de acordo com o que Jesus disse em Mt 5.23-24; 18.15-17. 4. Quanto às ofensas públicas o modo de tratá-las se encontra em 1 Co 5.3-5 e em 2 Ts 3.6. O incestuoso de Corinto não poderia ficar na igreja participando da comunhão. Isso seria uma aberração. Deixar um membro no seio da igreja que cometeu tal ofensa pública seria comprometer o seu caráter. Por isso, Paulo deu essa recomendação. E só assim poderia ser mantida a pureza da igreja. Escrevendo aos Tessalonicenses, Paulo exorta-os.

A exclusão tem por objetivo limpar o ambiente eclesiástico e de encaminhar o ofensor à reflexão para o arrependimento.

O Valor da DisciplinaA disciplina visa a manter a Igreja dentro da pureza apostólica. Sem disciplina ela vai se tornando, dia a

dia, corrompida. Há muitas igrejas que não exercem disciplina em seus membros. Há uma grande frouxidão. Resultado: a vida espiritual cai. Se não cuidar, estará fadada a receber a mesma repreensão que sofreu a igreja de Laodicéia (Ap 3.14-22). Em muitas igrejas Jesus já está do lado de fora batendo à porta e dizendo o que disse no v. 20 do mesmo texto.

Tipos de DisciplinaDisciplina é uma palavra que se origina do latim e significa “ação de se instruir, ensino”. A função da

disciplina é ensinar. Uma igreja disciplinada é uma igreja instruída, educada, ensinada.

1. A Disciplina Formativa – o novo convertido entra para a igreja como uma criança entra para a escola. Precisa de tudo: apoio, cuidado, instrução e amor. Os crentes recebem a disciplina formativa através das pregações, exortações, dos estudos bíblicos, Escola Bíblica Dominical, etc. Esta disciplina tem a finalidade de formar o caráter e a consciência dos crentes. Pecam as igreja que não propiciam esse tipo de disciplina para seus membros.2. A Disciplina Corretiva – Todos são sujeitos a falhas. Quando alguém incide em algum erro ou em alguma falha deve ser corrigido. Paulo expõe esta obrigação nestas palavras: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado” (Gl 6.1).

Ao aplicar a disciplina corretiva, a igreja deve fazê-lo com mansidão e brandura. Alguns crentes quando compõem uma comissão para falar com um irmão faltoso, ao invés de ganhá-lo, de restaurá-lo, o afastam mais da igreja. É que o espírito com que vão tratar com o faltoso é de superioridade e, às vezes, meio farisaico.

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Há muitos pecados que devem ser corrigidos. Alguns não parecem de grande dano e, no entanto, causam grande embaraço à obra do Senhor. Um deles é a avareza (Ef 5.35; Cl 3.5), bem como a maledicência (Tg 3.1-11), dentre muitos outros.3. A Disciplina Cirúrgica – os médicos amputam as partes do corpo que o estão prejudicando. É melhor perdê-las que deixar o corpo todo ficar deteriorado. O mesmo ocorre com a igreja. Ela é um corpo, e se um membro está sendo um perigo para a sua saúde espiritual, deve ser cortado. Quando os pecados trazem escândalo e ofensas públicas à moral a igreja não deve fazer rodeios, criar subterfúgios. Excluir é o caminho. Aplicando a disciplina a igreja demonstra que ama o irmão e não pactua com o pecado.

É importante frisar que esse tipo de disciplina só se aplica nos casos de pecado obstinado, quando todas as tentativas de recuperar o ofensor foram infrutíferas. Desse modo, ninguém na igreja de Deus será excluído por adultério, formicação, ou outra razão, mas sim a prática obstinada desses pecados ou de qualquer outro pecado. Portanto, é a obstinação a única causa de exclusão. Só a postura rebelde, orgulhosa e teimosa levará a igreja a agir dessa forma (1 Co 5.6,7).

O processo que culmina na aplicação da disciplina cirúrgica é lento. Baseia-se em Mateus 18.15-17. Nesse texto aprendemos que ao tomarmos conhecimento de pecado na vida de um irmão é necessário admoestá-lo individualmente. Se a postura desse irmão não for de arrependimento, deve-se levar mais dois ou três até ele a fim de que o admoestem. Se o trabalho do grupo for infrutífero, o caso deve ser levado à igreja, para que todos os irmãos se ponham em busca do pecador impenitente, tentando convencê-lo da necessidade do arrependimento. Se também nessa etapa do processo o arrependimento não ocorrer, procede-se à exclusão em assembléia. Esse ato corresponde ao “entregar a Satanás” de que Paulo fala em 1 Coríntios 5.5 e 1 Timóteo 1.20.

Depois de tal ato realizado pela igreja, espera-se que experimentando as mais terríveis agruras espirituais, ele se arrependa e se volte humildemente para Cristo e sua igreja, suplicando-lhes o perdão e a acolhida.

Em seu livreto “Disciplina Bíblica na Igreja”, Daniel E. Wray diz que a necessidade e o propósito da disciplina são demonstradas através de seis particualridades:- Glorificar a Deus por meio da obediência às Suas instruções (Mt 18.15-17).- Recuperar os ofensores (2 Ts 3.15).- Manter a pureza da igreja e sua adoração (1 Co 5.6-8).- Exigir a integridade e a honra de Cristo e da doutrina que Ele ensinou (2 Co 2.9,17).- Impedir outros de caírem também em pecado (1 tm 5.20).- Evitar darmos causa a Deus para Ele próprio voltar-se contra uma igreja local (Ap 2.14-25).

Como Devem os Crentes Relacionar-se com o Membro Excluído por Razões Disciplinares?O ensino neo-testamentário mostra que a disciplina consiste em abandono e afastamento. O membro

excluído, conforme o ensino de Jesus e de Paulo, deve ser cortado da nossa esfera de relacionamento e dos nossos círculos de amizade (Mt 18.17; Rm 16.17; 1 Co 5.11; 2 Ts 3.6). Por isso, na igreja de Deus, quando alguém chega ao extremo de ser excluído por razões disciplinares, todos os irmãos são orientados a se afastar dele.

Espera-se que, ao sentir a perda da comunhão com a igreja, o pecador rebelde, que não pôde ser levado ao arrependimento pelas constantes e pacientes admoestações de todos, o seja pela disciplina. O irmão que não segue essa orientação e continua a relacionar-se normalmente com o excluído frustra o propósito da disciplina e torna-se empecilho para a recuperação do ofensor, uma vez que abranda o gosto amargo da medida, além de demonstrar completo desrespeito às orientações bíblicas e às decisões da igreja.

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Estudo 6 – Que é o Culto?

O culto é a resposta do homem à revelação de Deus; é honra, reverência e louvor que a criatura dedica à divindade..

O culto é tão antigo quanto o homem. Vemo-lo praticado no Éden. Caim e Abel dão-nos exemplo dos dois tipos de adoradores. Estes dois tipos ainda existem. Os profetas falaram muito sobre o culto formalista, daqueles que cultuavam a Deus só de lábios. A mulher samaritana perguntou a Jesus onde era lugar em que se devia adorar a Deus, mostrando a tendência de muitos a ligarem a adoração a lugares, marcas, tradições. Mas Deus é imensurável. Não tem fronteiras (Jo 4.23).

O que o Culto Oferece ao Indivíduo1. Coloca-o em relação pessoal com Deus.2. Concede-lhe instrução e luz para o viver cotidiano.3. Concede-lhe oportunidade de purificação da consciência.4. Provê estímulos morais e desafios para a vida.5. Retempera a fé, aumenta a esperança e estimula o amor.6. Coloca-o em comunhão com os irmãos.

Quais são as Partes Principais do Culto1. Os hinos e cânticos

Que seria do culto sem os hinos? Seria como um corpo sem vida. Os hinos dão vitalidade ao culto, pois através deles o adorador pode expressar seus sentimentos de louvor e gratidão a Deus. Os hinos refletem nossa convicção, nossa esperança, nossa fé e o nosso amor. Paulo e Silas “cantavam hinos a Deus”, no cárcere, até “perto da meia-noite” (At 16.25).

Na última ceia (Mt 26.30), nosso Senhor e os discípulos cantaram. Paulo comenta em Ef 5.11 que os crentes deviam falar “uns aos outros em salmos e hinos e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor em vosso coração”. Há outra recomendação feita por Paulo em Cl. 3.16.

A prática do louvor na igreja de Deus deve assumir um estilo moderado. É aceitável o uso de instrumentos de percussão sem, contudo, deixar que os cânticos percam o caráter solene e majestoso, próprios do culto devido ao nosso Deus. Dentro da igreja verdadeira, nos momentos de louvor, não reinam desordens, gritarias, nem manifestações de histeria ou de descontrole emocional.

Aliás, a bíblia mostra que os homens que estiveram realmente diante do Deus verdadeiro não sentiram nenhuma vontade de pular, rir, dançar nem de gritar. Ao contrário, esses homens foram tocados por sentimentos de profundo temor, reverência e contrição (Gn 28.16,17; Jó 42.5,6; Is 6.1-5; Ez 1.28; Mt 17.1-6; Ap 1.17). Por isso, na igreja de Deus, o louvor, como cada momento do culto realizado na presença do Senhor, é marcado por decência e ordem (1 Co 14.40), isso porque a preocupação de cada crente é de adorar a Deus “de modo aceitável, com reverência e temor, pois o nosso Deus é um fogo consumidor” (Hb 12.28,29).

2. A Leitura da BíbliaA leitura da bíblia deve ocupar um lugar de destaque no culto público. Todos os crentes devem estar

com suas Bíblias para poderem acompanhar a leitura do texto escolhido. Deve se adotar práticas de leitura onde todos os crentes participem, como a leitura responsiva.

Os judeus liam muito, no culto público, a Palavra de Deus. Quando Jesus foi à sinagoga lhe deram o rolo para ler. E o texto em que leu era do profeta Isaías. O salmista expressava o seu desejo de conhecer mais e mais a Palavra de Deus (Sl 119.18,97,140).

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3. A OraçãoA oração é a respiração da alma. Ela é a janela da alma pela qual vemos e falamos com Deus. O Antigo

Testamento é um repositório de imenso de orações. A oração deve ocupar um lugar de destaque no culto, pois é o momento quando a alma se descobre perante o Criador e Lhe invoca as bênçãos.

Muitas são as orações que encontramos no Novo Testamento. Jesus deixou-nos belos modelos de oração e de como orar. Guardemos, com Tiago, que a “oração feita por um justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5.16).

Quanto à classificação, a oração pode ser:a) De adoração;b) De louvor;c) De súplica;d) De intercessão, etc.

Quanto ao propósito a oração deve incluir:a) Adoração;b) Confissão;c) Agradecimento;d) Súplica;e) Submissão.4. A Pregação

O Dr. Manoel Avelino de Souza, em seu livro O Pastor, declara: “A função principal e por excelência do pregador é entregar a mensagem. A pregação do Evangelho, ou o sermão, deve ocupar o lugar supremo da sua vida, dos seus propósitos, dos seus interesses, das suas ocupações, dos seus estudos e esforços. Tudo o que está ligado à sua vida submete-se à sua função de pregar”.

A Igreja deve ter em mente que o que causa mudanças na vida do homem é a Palavra de Deus, por isso, deve se dar à exposição das Escrituras o lugar central no culto. Paulo diz que é o evangelho “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1.16), e que as Escrituras, inspiradas por Deus, são úteis “para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2 Tm 3.16). O próprio Jesus reconhecia isso, tinha a Palavra como chave central para a transformação do homem (Jo 17.17).

A mensagem é a parte central do culto. Que responsabilidade é a do pregador! Ele é o transmissor das verdades do eterno Deus.

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Estudo 7 – Tipos de Ceia

No meio evangélico tradicional, três são as condutas adotadas pelos pastores no que diz respeito à participação da Ceia do Senhor:a) Ceia restrita: Este tipo é o mais comum entre todos, do qual só podem participar os membros de igrejas da mesma denominação. Os pastores que adotam esse procedimento geralmente dizem, antes da distribuição dos elementos, que só é permitida a participação da Ceia de pessoas que pertençam a uma igreja “da mesma fé e ordem”.b) Ceia ultra-restrita: Neste tipo, só podem participar os membros da igreja local, ou seja, a igreja em que a ceia é ministrada. Esse critério é bem mais raro do que o mencionado anteriormente.c) Ceia aberta: Esta é oferecida a todos os crentes, independentemente da denominação a que pertençam. Esse é o critério correto, devendo ser adotado em todas as igrejas genuinamente bíblicas.

A Palavra de Deus não oferece nenhum respaldo para a adoção da Ceia restrita nem da ultra-restrita. Segundo o ensino de Paulo, para participar da Ceia do Senhor basta ser um crente de vida reta (1 Co 11.27), ou como dizemos em Peniel, deve ser uma pessoa que “está em Cristo”. Além do mais, o texto de 1 Coríntios 11 diz que é o próprio participante quem deve avaliar se preenche ou não esse requisito em sua vida (1 Co 11.28). Se não o fizer, correrá o risco de comer e beber “juízo para si” (1 Co 11.29).

Na Ceia, o homem deve avaliar-se a si mesmo e não os outros. E se tiver de proibir alguém de comer e beber, que proíba a si mesmo se depois de auto-avaliar-se, perceber que corre o risco de comer e beber indignamente.

Quais são as Concepções a respeito da presença de Cristo na Ceia?a) Transubstanciação: Esta é a concepção adotada pela igreja católica, onde as substâncias do pão e do vinho – o que de fato são – transformam-se respectivamente na carne e no sangue de Cristo no momento em que o sacerdote oficiante consagra os elementos. O pão e o vinho tornam-se realmente o corpo e o sangue de Cristo. Quando isso acontece, segundo a doutrina católica, concede-se graça aos presentes. Além disso, toda vez que se celebra a missa, o sacrifício de Cristo é repetido (em algum sentido), e a igreja católica é cautelosa em afirmar que se trata de um sacrifício real, embora não corresponda ao sacrifício que Cristo fez na cruz.

b) Consubstanciação: Esta é a concepção da igreja luterana, em que o corpo e o sangue de Cristo estão presentes “em, com e sob” o pão e o vinho. Não que o pão e o vinho tornem-se corpo e sangue de Cristo, mas que agora temos o corpo e o sangue, além do pão e do vinho. Lutero afirma que, pela participação no sacramento, a pessoa recebe benefício real – perdão de pecados e confirmação da fé. E esse processo da presença de Cristo não é uma conseqüência dos atos do sacerdote, mas uma conseqüência do poder de Cristo.

c) Presença Espiritual: Esta é a concepção das igrejas reformadas, especialmente a presbiteriana, em que Cristo está presente na Ceia do Senhor, mas não em forma física ou corpórea. Antes, sua presença no sacramento é espiritual ou dinâmica. Os verdadeiros comungantes são espiritualmente nutridos quando o Espírito Santo lhes dá uma relação mais estreita com a pessoa de Cristo. O efeito do sacramento depende em grande parte da fé e da receptividade do participante.

d) Memorial: Jesus instituiu a Ceia pouco antes de Sua paixão (1 Co 11.23-26). Cada elemento tem um significado: o pão partido simboliza o corpo de Cristo que foi ferido por nós; o vinho é símbolo do Seu sangue que foi vertido em nosso favor. A ceia do Senhor é, em essência, uma comemoração da morte de Cristo. O

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valor desta ordenança está simplesmente em receber pela fé os benefícios da morte de Cristo. Assim, o efeito da Ceia do Senhor não é diferente em natureza, digamos, do efeito de um sermão.

É bom dizer que, ao contrário do que ensinam alguns, a Ceia do Senhor não pode ser considerada um ritual que tem o propósito e o poder de conferir ao participante graças especiais ou purificação de pecados (estes devem ser purificados mediante a confissão e o arrependimento, antes da participação da Ceia [1 Jo 1.9]).

Na visão estabelecida de conformidade com a Bíblia, o propósito da Ceia é tríplice:1º Comemoração: Recordar o sacrifício de Cristo na cruz por nós, de maneira que tal recordação nos induza ao arrependimento e à santidade (1 Co 11.24-25, em que há ênfase na expressão “Em memória de mim”);2º Comunhão: Estreitar os laços de comunhão entre os crentes em Cristo (1 Co 10.16,17; 11.33);3º Comunicação: Anunciar a morte do Senhor até o dia em que Ele voltar (1 Co 11.26).

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Estudo 8 – A Relação da Igreja com os Órgãos Denominacionais, Outras Denominações e o Estado, e os Oficiais da Igreja

A Relação da Igreja Local e as Associações, ConvençõesOs batistas crêem que a igreja local deve ser livre para fazer aquilo que considera o melhor sob a

orientação do Espírito Santo, com o propósito de cumprir a comissão de Cristo. Cultivando a maior camaradagem entre os crentes e desenvolvendo programas além de suas possibilidades locais, a igreja é livre para associar-se com outras igrejas de objetivos semelhantes.

Por isso, os batistas se reúnem em associações, convenções estaduais e nacionais, culminando na Aliança Batista Mundial. Mas a igreja local permanece soberana.

Abaixo traçamos alguns princípios importantes para a nossa compreensão a respeito deste assunto:1. A Associação Batista Serramar, a Convenção Batista Fluminense, a Convenção Batista Brasileira e seus órgãos (Junta de Missões Nacionais, Junta de Missões Mundiais, Ordem dos Pastores...) são formadas de indivíduos e não de grupos de igrejas.2. Todas estas organizações são iguais em pé de igualdade. Não há controle de uma sobre as outras. A Associação Serramar é tão soberana como a Convenção Fluminense e ambas têm os direitos iguais.3. É o espírito de cooperação que leva os batistas a criarem as citadas organizações.4. A Igreja não delega nenhum poder a nenhum de seus membros quando em Associação ou Convenção ou em outra entidade para falar em seu nome. A igreja envia mensageiros a tais reuniões. As resoluções tomadas pelo organismo não obrigam a Igreja a aceitá-las.

A Relação entre Igrejas Batistas e Outras Denominações1. Os batistas defendem a liberdade de consciência. Defendem esse direito para todos.2. Os batistas reconhecem que há campos e esferas da obra do Senhor em que podem cooperar juntos.3. Os batistas não aceitam convites para filiação a qualquer organização que vise a união das denominações. Os batistas são contrários ao Ecumenismo, por causa de seus princípios que têm sido mantidos através dos séculos.4. Crêem os batistas que cada igreja é independente e autônoma, completamente competente para dirigir seus próprios negócios em conformidade com os ensinos das Escrituras. A Igreja e o Estado

Os batistas crêem que todos os homens devem ser livres para seguir sua consciência em matéria de religião, e que a autoridade civil ou política não tem o direito de traçar normas para a vida religiosa dos cidadãos (Dn 3.15-18; Lc 20.25; At 4.9-20; 5.29). O Estado não tem competência para afirmar ao cidadão em que ponto sua religião está certa ou errada, por isso, a Igreja e o Estado devem estar separados por serem diferentes a sua natureza e, objetivos e funções.

Quando os homens procuram controlar as igrejas com objetivos políticos, a vida espiritual das igrejas está ameaçada, e quando uma igreja usa o Estado para impor seus credos, comete violência contra a dignidade da criatura humana, proporcionada pelo Criador. Alguns princípios norteadores a respeito deste assunto:1. A Igreja é essencialmente separada do Estado por causa do seu caráter espiritual (Mt 22.21; Rm 13.1-7).2. Reconhecemos, contudo, que cada membro deve respeitar as autoridades constituídas (Rm 13.1-7; 1 Tm 2.1-3). Somente em casos em que envolve a consciência pode o crente deixar de realizar as ordens do Estado.3. Os batistas são defensores da separação da Igreja e Estado. A ordem de Cristo é: ”Daí a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21; Lc 20.25).4. O Cristão, como cidadão de duas pátrias, deve zelar para que seja um cidadão exemplar aqui na terra também (Hb 13.14).

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Os Oficiais da IgrejaOs oficiais bíblicos de uma igreja batista são: pastor e diáconos.O pastor é ordenado por uma igreja, após ser examinado por um Concílio, para servir ao Ministério da

Palavra. Sua investidura é vitalícia, ao menos que a igreja que o ordenou lhe casse as prerrogativas, em virtude de faltas graves (heresia, apostasia, pecados públicos...).

O diácono é escolhido pela igreja para o “Ministério da benevolência”. Sua área de ação se limita à sua igreja, ao passo que a do pastor se estende por toda a Denominação.O Pastor

O texto de Atos 20.17-28 é bem claro: “Atendei...por todo o rebanho (ofício pastoral) sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes (exercer o pastorado) a igreja de Deus”. Escrevendo a Timóteo, Paulo acentua que a consagração de um pastor é feita pela imposição das mãos do “presbitério” (1 Tm 4.14).

O pastor, de acordo com os termos que o designam (presbítero, bispo, pastor), tem a função de aconselhar, administrar, liderar, e de apascentar, cuidar, pastorear com ternura, renúncia e amor.Os Diáconos

Apesar de não conter nenhuma vez a palavra “diácono”, o texto de Atos 6.1-6 é comumente aceito como o trecho bíblico que narra as origens do diaconato. Nesse texto os homens ali escolhidos tinham como função o atendimento das necessidades de pessoas carentes. Eram diáconos no sentido literal da palavra (doulos: servo, agente, auxiliar, pessoa que presta serviço como cristão). Mais tarde o termo passou a ser designativo de uma classe de oficiais da igreja (Fp 1.1).

É digno de nota que no desenvolvimento dessas funções sociais os primeiros “diáconos” deveriam ser homens que preenchessem três requisitos básicos (At 6.3):a) Os diáconos devem ser moralmente equipados (ter boa reputação).b) Os diáconos devem ser espiritualmente equipados (ser cheio do Espírito Santo – Ef 5.18).c) Os diáconos devem ser mentalmente equipados (ser cheio de sabedoria – At 6.9,10).

Pelo fato de serem responsáveis desde o princípio por facilitar o trabalho dos ministros da Palavra, as funções dos diáconos se ampliaram com o passar do tempo à medida que as responsabilidades dos ministros se tornavam mais numerosas. Hoje, suas funções se resumem nas seguintes atribuições:1. Cuidar dos necessitados.2. Participar dos processos disciplinares.3. Funcionar como grupo de conselheiros para o pastor.4. Zelar pela decência e ordem na igreja.5. Resolver problemas de natureza econômico-administrativa.

Evidentemente, existem outros requisitos que exigir dos candidatos ao exercício do múnus diaconal. Esses requisitos estão arrolados em 1 Timóteo 3.8-12.