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7/24/2019 Execuo Do Incontroverso
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Superior Tribunal de Justia
RECURSO ESPECIAL N 1.130.369 - AL (2009/0056183-1)
RELATOR : MINISTRO MASSAMI UYEDARECORRENTE : BANCO DO BRAS IL S /A
ADVOGADOS : MAGDA MONTENEGRONELSON BUGANZA J UNIORANGELO AURELIO GONCALVES PARIZ
J ORGE ELIAS NEHMELUIZ ANTONIO BORGES TEIXEIRA
ADVOGADOS : ANA DIVA TELES RAMOS EHRICHANA REGINA MARQUES BRANDO E OUTRO(S)
ADVOGADA : ENEIDA DE VARGAS E BERNARDESRECORRIDO : J OS HUMBERTO VILAR TORRESADVOGADO : HERMANN FERREIRA
EMENTA
RECURSO ESPECIAL - NEGATIVA DE PRESTAOJ URIS DICIONAL (CONTRADIO) - INEXISTNCIA - EMBARGOSDE DECLARAO MANIFES TAMENTE PROCRAS TINATRIOS -NO-CARACTERIZAO - MULTA - AFAS TAMENTO - AOMONITRIA - EMBARGO PARCIAL DO VALOR PRETENDIDO -EXECUO DA PARTE INCONTROVERS A - POSSIBILIDADE -RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. A alegada contradio, apta a ensejar a oposio dosdeclaratrios, consubstancia-se na incongruncia lgica entrefundamentos ou entre fundamento e concluso, inexistente, na
espcie.
2. A aplicao da multa prevista no pargrafo nico do artigo 538 doCdigo de Processo Civil exige que os declaratrios sejam
manifestamente protelatrios, no caracterizado, in casu .
3. Em sede de ao monitria, embargado parcialmente o crditopretendido, a parte incontroversa do mandado de pagamento
constituir-se- em ttulo executivo.
4. Recurso parcialmente provido.
ACRDO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que so partes as acimaindicadas, acordam os Ministros da TERCEIRA TURMA do Superior Tribunal de
J ustia, na conformidade dos votos e das notas taquigrficas a seguir, porunanimidade, dar parcial provimento ao recurso especial, nos termos do voto do(a)Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Sidnei Beneti, Paulo de Tarso
Sanseverino e Nancy Andrighi votaram com o S r. Ministro Relator. Impedido o Sr.Ministro Ricardo Villas Bas Cueva.
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Dr(a). ANGELO AURELIO GONCALVES PARIZ, pela parteRECORRENTE: BANCO DO BRAS IL S/A
Braslia, 09 de outubro de 2012(data dojulgamento)
MINISTRO MAS S AMI UYEDA
Relator
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RECURSO ESPECIAL N 1.130.369 - AL (2009/0056183-1)
RELATOR : MINISTRO MASSAMI UYEDA
RECORRENTE : BANCO DO BRAS IL S/AADVOGADOS : MAGDA MONTENEGRONELSON BUGANZA J UNIORANGELO AURELIO GONCALVES PARIZ
J ORGE ELIAS NEHMELUIZ ANTONIO BORGES TEIXEIRA
ADVOGADOS : ANA DIVA TELES RAMOS EHRICHANA REGINA MARQUES BRANDO E OUTRO(S)
ADVOGADA : ENEIDA DE VARGAS E BERNARDESRECORRIDO : J OS HUMBERTO VILAR TORRESADVOGADO : HERMANN FERREIRA
RELATRIO
O EXMO. SR. MINISTRO MASSAMI UYEDA (Relator):
Cuida-se de recurso especial interposto pelo BANCO DO BRASIL S.A., fundamentado no artigo 105, inciso III, alneas "a" e "c", da Constituio Federal.
Os elementos existentes nos autos do conta de que o BANCO DO
BRASIL S. A. ajuizou ao monitria em desfavor de JOS HUMBERTO VILARTORRES, em razo de crdito decorrente de Contrato de Abertura de Crdito emConta-Corrente. Apresentados embargos, teria o embargado impugnado parte dadvida, o que ensejou o pedido de execuo do valor incontroverso, acolhido peloMM. J uiz, tendo o embargante apresentado agravo de instrumento dessa deciso(fls. 3/9, 11, 14/20 e 21/39 e-STJ).
O ilustre Relator, monocraticamente, proveu o recurso por estar a
deciso agravada em confronto com a jurisprudncia do S uperior Tribunal de
J ustia, tendo o egrgio Tribunal de J ustia do Estado de Alagoas, mantida adeciso em sede de agravo regimental, sob o fundamento de que: no houvecerceamento de defesa no julgamento monocrtico do agravo de instrumento; antea observncia do procedimento ordinrio nos casos de oposio de embargos
monitria; e, pela possibilidade de compensao dos valores no caso de eventualprocedncia da reconveno em que se pleiteia indenizao por dano moral (fls.210/215 e-S TJ ).
Opostos embargos de declarao, eles foram rejeitados com
condenao ao pagamento de multa correspondente a um por cento do valor da
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causa (fls. 229/233 e-STJ ).
Contra esses julgados o BANCO DO BRASIL S. A. interps recursoespecial, fundamentado no artigo 105, inciso III, alneas "a" e "c", da Constituio
Federal, no qual se alega violao dos artigos 463, 475-I, 2, 535, 538, 739-A, 3e 1.102-c do Cdigo de Processo Civil; 368 e 369 do Cdigo Civil; 5, inciso LXXVIII,da Constituio Fe deral e dissdio jurisprudencial.
Sustenta o recorrente, em sntese, que o acrdo recorrido foicontraditrio ao aplicar o instituto da compensao, pois no h dvida lquida e
certa em favor do ora recorrido. Aduz, tambm, que a multa imposta em sede deembargos de declarao deve ser afastada, ante o seu carter prequestionador.Alega, ainda, a possibilidade de, em ao monitria, executar-se a parte no
embargada do crdito persseguido, considerado incontroverso. Por fim, asseveraque no se pode compensar dvida lquida, certa e vencida com uma eventual
condenao ao pagamento de dano moral (fls. 237/254 e-STJ ) .
Apresentadas contrarrazes, defende o recorrido, preliminarmente,o no-conhecimento do recurso ante a no-demonstrao da divergncia
jurisprudencial e ausncia de prequestionamento. No mrito, advoga que o acrdorecorrido no contraditrio, assim como a sua manuteno (fls. 284/293 e-S TJ ).
Admitido o apelo nobre pelo J uzo Prvio de Admissibilidade,ascenderam os autos a este S uperior Tribunal (fls. 301/304, 479, 485 e 488 e-STJ).
o relatrio.
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EMENTA
RECURSO ESPECIAL - NEGATIVA DE PRESTAOJ URIS DICIONAL (CONTRADIO) - INEXISTNCIA - EMBARGOSDE DECLARAO MANIFES TAMENTE PROCRAS TINATRIOS -NO-CARACTERIZAO - MULTA - AFAS TAMENTO - AOMONITRIA - EMBARGO PARCIAL DO VALOR PRETENDIDO -EXECUO DA PARTE INCONTROVERS A - POSSIBILIDADE -RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
1. A alegada contradio, apta a ensejar a oposio dosdeclaratrios, consubstancia-se na incongruncia lgica entrefundamentos ou entre fundamento e concluso, inexistente, naespcie.
2. A aplicao da multa prevista no pargrafo nico do artigo 538 doCdigo de Processo Civil exige que os declaratrios sejammanifestamente protelatrios, no caracterizado, in casu .
3. Em sede de ao monitria, embargado parcialmente o crditopretendido, a parte incontroversa do mandado de pagamentoconstituir-se- em ttulo executivo.
4. Recurso parcialmente provido.
VOTO
O
EXMO.SR.
MINISTROMASSAMI UYEDA
(Relator): Eminentes Ministros.
Cinge-se a controvrsia em estabelecer a possibilidade de, em ao
monitria, proceder-se execuo da parte no embargada do suposto crdito doautor da ao.
Antes, porm, analisa-se a alegada contradio no acrdorecorrido e a imposio da multa prevista no pargrafo nico do artigo 538 doCdigo de Processo Civil.
Inicialmente, no se verifica a alegada violao do artigo 535, incisoDocumento: 1186079 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 16/10/2012 Pgina 5de 9
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I, do Cdigo de Processo Civil, porquanto a contradio apta a ensejar a oposiodos declaratrios, refere-se incongruncia lgica entre fundamentos ou entrefundamento e concluso e no referente aplicabilidade do instituto da
compensao.Melhor sorte, porm, socorre o recorrente no que toca multa
imposta. Isso porque, a primeira parte do pargrafo nico do artigo 538 do Cdigode Processo Civil impe que "Quando ma nifes tam e nte protela trio s os emb argos, o
juiz ou o tribunal, declarando que o so, condenar o embargante a pagar ao
embargado multa no excedente de 1% (um po r c e nto) s o bre o va lor da ca us a .".
Desse preceito extrai-se que, como condio para aplicao damulta, que eles sejam manifestamente protelatrios. Verifica-se que o termo
"manifestamente " tem o condo de amenizar o alto grau de subjetividade da norma,fazendo com que os julgadores apreciem a irresignao buscando a verdadeira
inteno do embargante, e no quanto ao tecnicismo das hipteses de oposiodos aclaratrios.
Assim, para a aplicao da multa do pargrafo nico do artigo 538
do Cdigo de Processo Civil no bas ta que os declaratrios sejam procrastinatrios,exige-se que eles sejam manifestamente protelatrios (ut.AgRg no AgRg no REsp1239715/PR, Rel. Min. Humberto Martins, S egunda Turma, DJe 01/06/2011; REsp936.455/S C, Rel. Min. Luis Fe lipe Salomo, Quarta Turma, DJe 26/05/2011 e REsp
1234322/MG, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, S egunda Turma, DJe09/05/2011).
Na espcie, contra o acrdo recorrido ops-se aclaratrios para
que fossem sanadas contradies e o prequestionamento de dispositivos legais.No se verifica da petio dos embargos de declarao (fls. 219/225 e -STJ ) seucarter manifestamente procrastinatrio.
Assim, a multa imposta com base no pargrafo nico do artigo 538do Cdigo de Processo Civil deve ser afastada.
Superadas as questes tangenciais, passa-se ao exame do cernedo recurso especial: a possibilidade de, em ao monitria, proceder-se execuoda parte no embargada do suposto crdito do autor da ao.
Monitria a ao pela qual se pretende o pagamento de uma
obrigao, sem, contudo, que o credor seja possuidor de ttulo executivo.
Para tanto, o Cdigo de Processo Civil estabelece que a petioinicial deve ser instruda com prova escrita comprobatria do pretendido crdito e,Documento: 1186079 - Inteiro Teor do Acrdo - Site certificado - DJe: 16/10/2012 Pgina 6de 9
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verificada a sua idoneidade pelo magistrado, expedir-se- mandado de pagamentoao ru-devedor, que, por sua vez, ter um prazo de 15 (quinze) dias para oferecerembargos, suspendendo-se a eficcia do mandado inicial. Na falta destes ou sendo
eles julgados improcedentes, o primeiro mandado ter eficcia executiva,constituindo-se, de pleno direito, em ttulo executivo judicial, prosseguindo-se o feitona forma do Captulo concernente ao Cumprimento de Sentena.
Desse procedimento, verifica-se que, ajuizada a ao monitria e
estando a inicial em termos, o MM. J uiz proferir "sentena condenatria", que tersua executividade suspensa com a oposio dos embargos; resolvido os embargosaquela "sentena condenatria" se revestir de executividade.
Todavia, a Lei de Ritos no define no Captulo da Ao Monitria o
procedimento a ser adotado caso os embargos discutam apenas parte do valorpretendido pelo autor da ao.
Diante dessa lacuna, aplica-se analogicamente o comando previstono 2 do artigo 475-I do Cdigo de Processo Civil: "Quando na sentena houver
uma pa rte lquida e o utra ilq uida , a o cre do r lcito promo ve r s imultane a me nte a
execuo daque la e , e m autos apartados, a liquidao desta."
Isso porque, embargado parcialmente o pretendido crdito, o
restante torna-se incontroverso, ou seja, o mandado inicial de pagamento passar ater uma frao lquida, reconhecida pelo devedor, e outra ilquida, objeto dosembargos.
Essa Corte Superior j firmou entendimento, em situaesassemelhadas, no sentido de que a quantia incontroversa pode ser levantada ouexecutada definitivamente pelo credor. Confiram-se, mutatis mutandis , os seguintes
precedentes: REsp 1.069.189/DF, Rel. Min. S idnei Beneti, Terceira Turma, DJe17/10/2011; EREsp 638.597/RS , Rel. Min. Francisco Falco, Corte Especial, DJ e
29/08/2011; AgRg no REsp 969.624/RJ , Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,Terceira Turma, DJe 03/06/2011 e AgRg no Ag 1.041.304/RS , Rel. Min. Vasco DellaGiustina, Terce ira Turma, DJe 02/10/2009.
Dessarte, em sede de ao monitria, embargado parcialmente o
crdito pretendido, a parte incontroversa do mandado de pagamento constituir-se-em ttulo executivo.
Por fim, o fato de ter o ru da ao monitria apresentadoreconveno, postulando indenizao por dano moral, no tem o condo desuspender a eficcia executiva da parte do crdito incontroverso, uma vez que, nos
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termos do Cdigo Civil, haver compensao se duas pessoas forem ao mesmotempo credor e devedor uma da outra, de dvidas lquidas e vencidas (artigos 368 e
369).
Na e spcie, tem-se de um lado o autor da ao monitria, possuidorde um mandado de pagamento com eficcia executiva, correspondente parteincontroversa do valor pretendido, e, de outro, o ru-reconvinte da monitria, comsua pretenso de indenizao por dano moral em trmite. Desse panorama, no severifica haver entre as partes a qualidade recproca de credor e devedor, tampoucodvidas lquidas e vencidas.
Assim, d-se provimento ao recurso especial para excluir a multaimposta em sede de embargos de declarao e constituir a parte incontroversa do
mandado inicial de pagamento em mandado executivo.
o voto.
MINISTRO MAS S AMI UYEDA
Relator
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CERTIDO DE JULGAMENTOTERCEIRA TURMA
Nmero Registro: 2009/0056183-1 PROCESSO ELETRNICO REsp 1.130.369/ AL
Nmeros Origem: 20080000781 20080000781000000
PAUTA: 09/10/2012 JULGADO: 09/10/2012
RelatorExmo. Sr. Ministro MASSAMI UYEDA
Ministro Impedido
Exmo. Sr. Ministro : RICARDO VILLAS BAS CUEVA
Presidente da SessoExmo. Sr. Ministro PAULO DE TARSO SANSEVERINO
Subprocurador-Geral da RepblicaExmo. Sr. Dr. JOO PEDRO DE SABOIA BANDEIRA DE MELLO FILHO
Secretria
Bela. MARIA AUXILIADORA RAMALHO DA ROCHA
AUTUAO
RECORRENTE : BANCO DO BRASIL S/AADVOGADOS : MAGDA MONTENEGRO
NELSON BUGANZA JUNIORANGELO AURELIO GONCALVES PARIZJORGE ELIASNEHMELUIZ ANTONIO BORGES TEIXEIRA
ADVOGADOS : ANA DIVA TELES RAMOS EHRICHANA REGINA MARQUES BRANDO E OUTRO(S)
ADVOGADA : ENEIDA DE VARGAS E BERNARDESRECORRIDO : JOS HUMBERTO VILAR TORRESADVOGADO : HERMANN FERREIRA
ASSUNTO: DIREITO CIVIL - Obrigaes - Espcies de Contratos - Contratos Bancrios
SUSTENTAO ORAL
Dr(a). ANGELO AURELIO GONCALVES PARIZ, pela parte RECORRENTE: BANCO DOBRASIL S/A
CERTIDO
Certifico que a egrgia TERCEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epgrafe na sessorealizada nesta data, proferiu a seguinte deciso:
A Turma, por unanimidade, deu parcial provimento ao recurso especial, nos termos dovoto do(a) Sr(a). Ministro(a) Relator(a). Os Srs. Ministros Sidnei Beneti, Paulo de TarsoSanseverino e Nancy Andrighi votaram com o Sr. Ministro Relator. Impedido o Sr. Ministro
Ricardo Villas Bas Cueva.
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