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1. KIKO, bombeiro profissional, foi designado para trabalhar em uma praia com a atribuição de zelar pela segurança dos banhistas. Ocorre que, durante esse serviço, uma criança começou a se afogar, porém KIKO, apesar de estar próximo, não viu o que estava acontecendo, pois se encontrava distraído conversando com uma moça. Um outro banhista, contudo, vendo a situação de perigo correu rapidamente e socorreu a criança, sendo que esta não sofreu nenhuma lesão. Nesse caso: a) KIKO deve responder pelo crime de omissão de socorro. b) KIKO deve responder pelo crime de tentativa de homicídio. c) KIKO deve responder por lesão corporal. d) KIKO deve responder pelo crime de perigo para a vida ou saúde de outrem. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 2. Após um jogo de futebol entre os times “PERDE TODAS” e “PERDE SEMPRE”, na saída do estádio começou uma briga entre torcedores embriagados. Durante a confusão houve uma pancadaria generalizada, onde todos se agrediam mutuamente, não havendo grupos definidos. Logo a polícia chegou e prendeu vinte pessoas que estavam participando da briga. Durante essa confusão morreu SIMEÃO com uma facada. Após analisadas as filmagens de emissoras de TV, observou-se que o golpe fatal foi desferido por LÚCIO, durante o entrevero. Nesse caso: a) Todos os envolvidos devem responder pelo crime de homicídio. b) Todos os envolvidos sobreviventes devem responder por rixa simples, segundo doutrina pacífica. c) LÚCIO responderá apenas por homicídio. d) LÚCIO deve responder por homicídio e pelo crime de rixa. e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 3. ROMERO e GAUDÊNCIO faziam parte da mesma gangue, sendo que os dois estavam tentando assumir a chefia do grupo. Certo dia, para ofender a autoestima de GAUDÊNCIO, ROMERO chegou e repentinamente desferiu um tapa no seu rival e saiu correndo. GAUDÊNCIO, com a ajuda de PUTIFAR, também

Exercicios de Penal

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1. KIKO, bombeiro profissional, foi designado para trabalhar em uma praia com a atribuição de zelar pela segurança dos banhistas. Ocorre que, durante esse serviço, uma criança começou a se afogar, porém KIKO, apesar de estar próximo, não viu o que estava acontecendo, pois se encontrava distraído conversando com uma moça. Um outro banhista, contudo, vendo a situação de perigo correu rapidamente e socorreu a criança, sendo que esta não sofreu nenhuma lesão.Nesse caso: a) KIKO deve responder pelo crime de omissão de socorro.  b) KIKO deve responder pelo crime de tentativa de homicídio.  c) KIKO deve responder por lesão corporal.  d) KIKO deve responder pelo crime de perigo para a vida ou saúde de outrem.  e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

2. Após um jogo de futebol entre os times “PERDE TODAS” e “PERDE SEMPRE”, na saída do estádio começou uma briga entre torcedores embriagados. Durante a confusão houve uma pancadaria generalizada, onde todos se agrediam mutuamente, não havendo grupos definidos. Logo a polícia chegou e prendeu vinte pessoas que estavam participando da briga. Durante essa confusão morreu SIMEÃO com uma facada. Após analisadas as filmagens de emissoras de TV, observou-se que o golpe fatal foi desferido por LÚCIO, durante o entrevero.Nesse caso:  a) Todos os envolvidos devem responder pelo crime de homicídio.  b) Todos os envolvidos sobreviventes devem responder por rixa simples, segundo doutrina pacífica. c) LÚCIO responderá apenas por homicídio. d) LÚCIO deve responder por homicídio e pelo crime de rixa.  e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

3. ROMERO e GAUDÊNCIO faziam parte da mesma gangue, sendo que os dois estavam tentando assumir a chefia do grupo. Certo dia, para ofender a autoestima de GAUDÊNCIO, ROMERO chegou e repentinamente desferiu um tapa no seu rival e saiu correndo. GAUDÊNCIO, com a ajuda de PUTIFAR, também membro da gangue, conseguiu correr atrás, agarrar ROMERO e imobilizá-lo. Daí, também com a intenção de ultrajar a honra subjetiva de ROMERO, arrancou com um canivete parte da pele do braço deste onde estava tatuado o símbolo da gangue, causando-lhe uma deformidade permanente. Nesse caso: a) GAUDÊNCIO agiu em legítima defesa.   b) Por ter apenas retorquido a uma injúria, GAUDÊNCIO poderá ser beneficiado pelo perdão judicial, de modo que não poderá ser condenado por nenhum crime referente ao fato narrado. PUTIFAR, todavia, não terá esse benefício.   c) Considerando a retorsão identificada no caso, podemos dizer que ROMERO poderá ser beneficiado com o perdão judicial no tocante à injúria real que praticou mediante vias de fato.   d) GAUDÊNCIO e PUTIFAR devem responder pelo crime de lesão corporal gravíssima.   e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta. 

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4. Considerando os debates atuais sobre a constitucionalidade da garantia de cotas para negros no ingresso às universidades brasileiras, HANS, proprietário de um jornal de circulação nacional, escreveu e publicou um editorial afirmando que tais cotas eram um absurdo, pois todos sabiam que os negros eram uma raça inferior, e que se não passavam no vestibular era por conta da deficiência intelectual genética e não por falta de oportunidades. Convocou, ainda, os cidadãos brasileiros de raça branca a combater a causa dos negros. Diante do fato, DIOGO, presidente de uma associação de negros, representou ao Ministério Público, alegando que ele e seus companheiros tinham se sentido injuriados, pelo quê solicitava providências imediatas.Nesse caso: 

a) HANS deverá ser condenado pelo crime de injúria racial.  b) HANS está amparado pela liberdade de expressão, não devendo responder por nenhum crime.  c) Não é possível se reconhecer, no caso, o crime de injúria racial, visto não haver vítima(s)determinada(s), pois foi ofendido um número indeterminado de pessoas.  d) HANS não deverá responder por nenhum crime, pois está amparado pela excludente de ilicitude do exercício regular de direito.  e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

5. Com relação ao crime de injúria é correto afirmar:

a) A pessoa jurídica pode ser vítima desse crime, visto que possui reputação.b) Sob o ponto de vista objetivo, podemos dizer que a injúria racial é um crime mais grave que o crime de homicídio culposo.c) A injúria, necessariamente, tem que ser proferida na presença do ofendido.d) PLÍNIO chamou ZULU de “preto fedorento”, por conta de sua cor. ZULU revidou e chamou PLÍNIO de “judeu muquirana”, considerando sua origem. Nesse caso, ZULU poderá ser beneficiado com perdão judicial, visto que apenas retorquiu a uma injúria.e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

6. (MP-MG 2005) JOÃO e JOSÉ combinam agredir Tião a tiros, para produzir-lhe lesões corporais de natureza gravíssima, pela incapacitação permanente para o trabalho. Ambos se postam de cada lado de uma rua e, quando o desafeto se aproxima, efetuam disparos de arma de fogo contra o mesmo. Apenas um disparo acerta a vítima, que vem a morrer. Ouvidos em juízo, João confessa ter, na hora pretendido matar Tião. José confessa ter previsto a ocorrência da morte de Tião, mas acreditou em sua habilidade e na de João para apenas lesionar a vítima. A perícia não identificou a arma da qual partiu o projétil que acertou a vítima:

a) Ambos os concorrentes devem responder por um homicídio consumado.b) Ambos os concorrentes respondem por lesão corporal seguida de morte.c) João responde por homicídio consumado e José por lesão consumada.d) Ocorrem tentativas de homicídio para João e de lesão gravíssima para José.e) Ambos respondem por lesão corporal gravíssima consumada.

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7. (MP-DF 2005) Assinale a alternativa correta acerca dos crimes contra a pessoa:

a) Não se admite, na esteira do entendimento predominante no STF e no STJ, o homicídio privilegiado-qualificado, pois as circunstâncias que privilegiam e qualificam o crime são incompatíveis entre si.b) Nos denominados crimes de lesões corporais “gravíssimas” (Código Penal, artigo 129, § 2º), a produção do resultado mais grave será punida a título de dolo direto, dolo eventual ou preterdolo, conforme o propósito do agente, salvo no caso de produção do aborto, punido somente a título de preterdolo.c) Responde por difamação, na forma tipificada no Código Penal, aquele que, em atitude de ultraje ou vilipêndio, despeja o conteúdo do saco de lixo na porta da residência alheia.d) É isento de pena aquele que pratica crime de sequestro em desfavor de ascendente, descendente ou cônjuge.e) O tipo penal de omissão de socorro (Código Penal, artigo 135), uma vez que pode ser praticado por qualquer agente que, se deparando com a situação de perigo da vítima, não lhe preste assistência ou solicite o socorro da autoridade pública, é classificado como crime multitudinário.

8. (MP-AP 2005) Joaquim atropela Raimundo que veio a falecer em decorrência da ingestão de veneno, tomado pouco antes de ser atropelado. Do enunciado é certo aduzir:

a) Joaquim deve ser punido por crime de homicídio culposo.b) Há a exclusão da causalidade decorrente da conduta – causa absolutamente independente – mas responderá pela lesão corporal sofrida pelo Raimundo.c) Independentemente do resultado aplica-se a teoria do evento mais gravoso.d) É o genuíno caso do crime preterdoloso.

9. (Exame de Ordem 2009.3, CESPE-UNB) Amaro, durante uma calorosa discussão no trânsito, desferiu, com intenção homicida, dois tiros de revólver em Bernardo. Mesmo dispondo de mais munição e podendo prosseguir, Amaro arrependeu-se, desistiu de continuar a ação criminosa e prestou imediato socorro a Bernardo, levando-o ao hospital mais próximo. A atitude de Amaro foi fundamental para a preservação da vida de Bernardo, que, contudo, teve sua integridade física comprometida, ficando incapacitado para suas ocupações habituais, por sessenta dias, em decorrência das lesões provocadas pelos disparos. Considerando essa situação hipotética, assinale a opção correta. 

a) A atitude de Amaro caracteriza arrependimento posterior, tornando-o isento de pena.   b) Amaro deve responder apenas pelo delito de lesão corporal de natureza grave.   c) Amaro deve responder pelo delito de tentativa de homicídio.   d) A atitude de Amaro caracteriza desistência voluntária, ficando excluída a ilicitude de sua conduta. 

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10. (Defensor-PA 2009, FCC) O crime previsto no art. 129, § 3º, do Código Penal – lesão corporal seguida de morte – preterdoloso, por excelência,

a) exige para sua caracterização que fique demonstrado que o agente não quis o resultado obtido com sua ação ou que esse lhe fosse imprevisível.b) insere-se na categoria dos delitos qualificados pelo resultado e, portanto, não admite a forma tentada.c) é punível ainda que a morte seja fruto do acaso ou imprevisível.d) a assunção do risco do resultado exige a verificação da relação de causalidade formal e a imputabilidade plena do agente nas circunstâncias para a complementação do tipo penal.e) é forma privilegiada de homicídio e por isso sujeito à jurisdição do Tribunal do Júri por se tratar de espécie de crime doloso contra a vida.

11. (Exame de Ordem 2009.2, CESPE-UNB) A respeito do crime de omissão de socorro, assinale a opção correta.

a) O crime de omissão de socorro é admitido na forma tentada.b) É impossível ocorrer participação, em sentido estrito, em crime de omissão de socorro.c) A omissão de socorro classifica-se como crime omissivo próprio e instantâneo.d) A criança abandonada pelos pais não pode ser sujeito passivo de ato de omissão de socorro praticado por terceiros.

12. (ENADE 2009, MEC-INEP) Relativamente ao direito penal, analise as afirmativas a seguir:

I. Os crimes omissivos são aqueles em que o agente viola o dever jurídico de agir, imposto pela norma, e basta a desobediência ao comando da norma para caracterizar o delito. São condições para a ocorrência dos crimes omissivos o conhecimento da situação típica da qual surge o dever e a possibilidade física real de realizar a ação ordenada.II. Os crimes omissivos são aqueles em que o agente viola um dever de conduta, imposto pela norma, devendo iniciar a prática de um ato concreto para que ele se materialize. São condições para a ocorrência dos crimes omissivos o conhecimento da situação típica, da qual surge o dever e a possibilidade psíquica real de realizar a ação ordenada.III. A diferença entre os crimes omissivos próprio e impróprio é que, no primeiro, a obrigação de agir decorre da norma; ao passo que, no segundo a obrigação é resultado de um especial dever jurídico de agir. Se a mãe deixa de alimentar o filho, que morre em decorrência dessa omissão, pratica o crime de homicídio. Se um terceiro pratica a mesma conduta, pratica o crime de omissão de socorro qualificada.IV. Em regra, todos os crimes comissivos pode ser praticados por omissão, salvo aqueles em que é necessária uma atividade do agente. São elementos do crime comissivo por omissão a abstenção da atividade que a norma impõe, a superveniência do resultado típico em virtude da omissão, a ocorrência da situação de fato da qual deflui o dever de agir.

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Estão corretas somente as afirmativas a) I, III e IV.  b) II e IV.  c) I e II.  d) I e III.   e) II e III.

13. (Juiz, TJ-MT, 2009, VUNESP) Com relação à tentativa, analise as seguintes afirmações:

I. os crimes unissubsistentes, os crimes omissivos próprios e as contravenções penais, entre outros, não admitem a figura da tentativa;II. nosso Código Penal adotou a teoria objetiva como fundamento para a punição do crime tentado conforme se observa no art. 14, parágrafo único: “pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços”;III. o crime de cárcere privado é um exemplo de crime que não admite a tentativa.Está correto o contido em a) I, somente.   b) I e II, somente.   c) I e III, somente.   d) II e III, somente.   e) I, II e III. 14. Julgue as assertivas a seguir, colocando “C” (Certo) ou “E” (Errado):

a) (   ) Considere a seguinte situação hipotética. Fábio, vendo um carro em alta velocidade vindo em direção a Carlos, empurrou este, para evitar o atropelamento. Em virtude da queda sofrida em decorrência do empurrão, Carlos sofreu lesões corporais, ficando com a perna quebrada. Nessa situação [e de acordo com a teoria da imputação objetiva], a conduta de Fábio é atípica, pois destinada a reduzir a probabilidade de uma lesão maior, consistindo, assim, em uma ação dirigida à diminuição do risco (TRF5, Juiz, 2007, CESPE-UNB).b) (   ) Considere a seguinte situação hipotética. Alberto, pretendendo matar Bruno, desferiu contra este um disparo de arma de fogo, atingindo-o em região letal. Bruno foi imediatamente socorrido e levado ao hospital. No segundo dia de internação, Bruno morreu queimado em decorrência de um incêndio que assolou o nosocômio. Nessa situação, ocorreu uma causa relativamente independente, de forma que Alberto deve responder somente pelos atos praticados antes do desastre ocorrido, ou seja, lesão corporal (Defensor-ES, 2009, CESPE-UNB).c) (   ) Relativamente ao delito de rixa, previsto no Código Penal brasileiro, a doutrina e a jurisprudência dominantes entendem não haver rixa quando a posição dos contendores é definida (TRF5, Juiz, 2005, CESPE-UNB).d) (   ) Se o sujeito, após ferir culposamente a vítima, sem risco pessoal, não lhe presta assistência, vindo ela a falecer, responde por dois crimes: homicídio culposo e omissão de socorro (TRF5, Juiz, 2005, CESPE-UNB).

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e) (   ) Considere a seguinte situação hipotética. Antônio, querendo a morte de José, instigou Carlos a matá-lo. Carlos, que já havia cogitado do fato, ficou dominado por ódio mortal por tudo que Antônio disse de José. Carlos, então, dirigiu-se à casa de José e lá resolveu levar a cabo sua intenção criminosa, matando-o. Nessa situação, ambos responderão por homicídio em coatuoria (TRF5, Juiz, 2005, CESPE-UNB).

15. (18º Concurso MPF) O fazendeiro H é surpreendido por fiscais da D.R.T., mantendo trabalhadores rurais em trabalho de sol a sol, com breve descanso no período – 10 minutos, para digerir pouca ração, que dos mesmos cobra, impedindo-os de sair do local de trabalho. Ouvidos, os empregados consentem com esta situação, que, dizem, assumiram a que não ficassem desempregados.

a) Há cárcere privado.b) Há redução à condição análoga à de escravo.c) O consentimento dos ofendidos impede a caracterização de ilícito contra a liberdade.d) Por estar o ilícito previsto em Tratado, ainda que pendente da aprovação parlamentar, cabe seja reconhecido como crime.

16. (44º Concurso MP-MG) Pedro e João, irmãos, nadavam em um lago, momento em que o primeiro começa a se afogar. João, no entanto, permanece inerte, eximindo-se de qualquer intervenção. Pedro, afinal, vem a falecer. A responsabilidade de João será:

a) Por crime de homicídio doloso, aplicando-se as regras da omissão imprópria.b) Por crime de homicídio culposo, aplicando-se as regras da omissão imprópria.c) Pelo crime de perigo, tipificado no art. 132, do Código Penal (perigo para a vida ou saúde de outrem).d) Por crime de omissão de socorro.e) Por crime de abandono de incapaz.

17. (XLIV Concurso MP-RS 2003) Pai cruel, ao receber o boletim de seu filho (de 10 anos) e constatar o seu baixo aproveitamento escolar, com o propósito de corrigi-lo, agride a criança com um cabo de vassoura, abusando do exercício do direito de correção, resultando-lhe lesão corporal de natureza leve. A hipótese caracteriza o crime de:

a) Abuso de autoridade.b) Tortura.c) Maus-tratos.d) Constrangimento ilegal.e) Lesão corporal de natureza leve.

18. (TJ-MG 2003-2004) Assinale a alternativa CORRETA.

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a) A exceção da verdade só se pode admitir nos crimes contra a honra objetiva.b) Relativamente aos crimes contra a honra, só  o advogado tem direito à imunidade judiciária.c) A retratação, em relação aos crimes contra a honra, definidos no Código Penal, pode dar-se antes de oferecida a queixa criminal, impedindo a instauração da ação penal.d) O  pedido de explicações em juízo, formulado com base no artigo 144 do Código Penal, suspende o curso do prazo decadencial.e) O crime de calúnia só é compatível com o dolo direto.

19. (TJ-MT 2004) A respeito dos crimes contra a honra, assinale a opção correta.

a) O crime de difamação consuma-se no instante em que a própria vítima vem a tomar conhecimento da ofensa irrogada, não importando se ela se sentiu ou não ofendida.b) Considere a seguinte situação hipotética. Eleno desconfiou de que Belarmino furtara, há alguns meses, a agência bancária do bairro, uma vez que, desde que ocorrera o furto, Belarmino passara a demonstrar sinais de riqueza. Mesmo em dúvida a respeito da autoria do delito, Eleno assumiu o risco de causar dano à honra de Belarmino e imputou-lhe falsamente a prática do crime. Nessa situação, havendo dolo eventual, Eleno responderá pelo crime de calúnia.c) Os crimes contra a honra são crimes unissubsistentes, não admitindo tentativa.d) Considere a seguinte situação hipotética. Alfredo, revoltado com a demora no atendimento em um hospital público, agrediu verbalmente o servidor responsável pelo atendimento ao público, alegando que esse servidor recebia dos cofres públicos sem trabalhar. Nessa situação, Alfredo cometeu crime de difamação contra servidor público, cabendo-lhe a exceção da verdade.

20. (TJ-PR, Juiz, 2010, PUC-PR) Sobre as excludentes de ilicitude, é CORRETO afirmar:

I. Na situação de legítima defesa, se o agente incorrer em excesso culposo, estará plenamente amparado por uma excludente de ilicitude e não responderá pelo excesso.II. Um louco, ébrio ou alienado que mate alguém em legítima defesa, dever ser absolvido com aplicação de medida de segurança.III. Matar alguém sob influência de violenta emoção, logo após provocação da vítima, é causa justificante para a absolvição sumária.IV. Não se configura legítima defesa em relação à agressão desferida por sonâmbulo, por ausência de conduta por parte do agressor.a) Apenas a assertiva I está errada.  b) Apenas a assertiva II está correta.  c) Apenas a assertiva IV está correta.  d) Apenas as assertivas II e III estão corretas.

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Observação: as cinco primeiras questões foram por mim formuladas. As demais são todas de concursos públicos ou outros exames (vide referência em cada questão).

GABARITO:

01 E 02 D03 D04 C05 B06 D07 B08 B09 B10 B11 C12 A13 B14 C, E, C, E, E15 B16 D17 C18 A19 B20 C

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1 - Q87826 ( Prova: FCC - 2011 - TJ-PE - Juiz / Direito Penal / Crimes Hediondos;  )No que concerne aos crimes hediondos e equiparados, é correto afirmar que 

a) os condenados por crime de tortura, em qualquer modalidade, deverão iniciar o cumprimento da pena em regime fechado.

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b) a progressão de regime dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 2/3 (dois terços), se reincidente específico em crime da mesma natureza.

c) o livramento condicional poderá ser concedido após o cumprimento de 3/5 (três quintos) da pena.

d) entre eles não se inclui o estupro de vulnerável e o homicídio simples.

e) não pode ser classificado como de tal natureza a extorsão qualificada pela lesão grave.

2 - Q82096 ( Prova: FCC - 2010 - MPE-RS - Secretário de Diligências / Direito Penal / Crimes Hediondos;  )A Lei dos Crimes Hediondos (Lei n° 8.072/90) estabelece, além de outra hipóteses, que 

a) o participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu desmantelamento, ficará isento de pena pela delação premiada.

b) a prática da tortura é suscetível de graça e indulto, vedada a anistia e a fiança.

c) a prisão temporária nos crimes de terrorismo e tortura, dentre outros, terá o prazo de 30 (trinta) dias, prorrogável por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.

d) a pena por tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins será cumprida integralmente em regime fechado, vedada a progressão.

e) em caso de sentença condenatória pela prática de crime de tortura, o juiz não poderá, em qualquer hipótese, permitir que o réu apele em liberdade.

3 - Q12059 ( Prova: FCC - 2008 - TRF-5R - Analista Judiciário - Área Judiciária / Direito Penal / Crimes Hediondos;  )Considere:

I. Extorsão mediante seqüestro.II. Peculato.III. Epidemia com resultado de morte.IV. Moeda falsa. 

São crimes hediondos os indicados, APENAS, em 

a) II, III e IV.

b) II e III.

c) I e III.

d) III e IV.

e) I, II e III.

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GABARITOS: 1 - E     2 - C     3 - C   

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1 - Q177442 ( Prova: FCC - 2010 - MPE-SE - Analista - Direito / Direito Penal / Dos Crimes Contra a Pessoa - contra a honra;  )Dentre as hipóteses de formas qualificadas dos crimes de injúria, calúnia e difamação, NÃO se incluem os crimes cometidos

a) mediante promessa de recompensa.

b) contra Governador de Estado.

c) contra chefe de governo estrangeiro.

d) na presença de várias pessoas.

e) contra funcionário público, em razão de suas funções.

2 - Q75079 ( Prova: FCC - 2010 - TRE-AC - Analista Judiciário - Área Judiciária / Direito Penal / Dos Crimes Contra a Pessoa - contra a honra;  )Poderá ser concedido perdão judicial para o autor do crime de injúria no caso de

a) não ter resultado lesão corporal da injúria real.

b) ter sido a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.

c) ter sido a opinião desfavorável emitida em crítica literária, artística ou científica.

d) ter sido o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação prestada no cumprimento de dever do ofício.

e) ter o ofendido, de forma reprovável, provocado diretamente a ofensa.

3 - Q53817 ( Prova: FCC - 2006 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Judiciária / Direito Penal / Dos Crimes Contra a Pessoa - contra a honra;  )Admite-se a exceção da verdade no crime de

a) calúnia, se do crime imputado, embora de ação pública, o acusado for absolvido por sentença irrecorrível.

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b) injúria, se a ofensa consistir na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião ou origem.

c) difamação, se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

d) calúnia, se o crime foi cometido contra o Presidente da República, chefe de governo estrangeiro ou funcionário público no exercício de suas funções.

e) calúnia, se constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença recorrível.

4 - Q53449 ( Prova: FCC - 2006 - TRF - 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Judiciária - Execução de Mandados / Direito Penal / Dos Crimes Contra a Pessoa - contra a honra;  )A respeito dos crimes contra a honra, é correto afirmar que

a) é punível a calúnia contra os mortos.

b) constitui difamação punível a ofensa irrogada pela parte em juízo, na defesa da causa.

c) é isento de pena o querelado que, antes da sentença, se retratar cabalmente da injúria.

d) a injúria só pode ser cometida por gesto e palavras, nunca pela prática de vias de fato.

e) admite-se a exceção da verdade no crime de injúria, se a vítima for funcionário público e a ofensa for relacionada à função.

5 - Q38733 ( Prova: FCC - 2002 - MPE-PE - Promotor de Justiça / Direito Penal / Dos Crimes Contra a Pessoa - contra a honra;  )Paulo enviou carta a todos a alunos da classe de seu desafeto Gabriel, com os seguintes dizeres: "Cuidado. Seu colega de classe Gabriel é ladrão!". No dia seguinte, outra carta, desta vez enviada por Lúcio, no mesmo local e para as mesmas pessoas, tem os dizeres: "Gabriel furtou R$ 50,00 que se encontravam dentro da bolsa de Maria", sendo, porém, falsa a imputação. Paulo e Lúcio cometeram, respectivamente, os crimes de

a) comunicação falsa de crime e difamação.

b) difamação e injúria.

c) calúnia e denunciação caluniosa.

d) denunciação caluniosa e comunicação falsa de crime.

e) injúria e calúnia.

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6 - Q37082 ( Prova: FCC - 2010 - TRF - 4ª REGIÃO - Analista Judiciário - Área Judiciária - Execução de Mandados / Direito Penal / Dos Crimes Contra a Pessoa - contra a honra;  )Considere as seguintes assertivas sobre os crimes contra a honra:

I. No crime de injúria, o juiz pode deixar de aplicar a pena quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria.

II. Admite-se a prova da verdade no crime de calúnia se o fato é imputado a chefe de governo estrangeiro.

III. No crime de difamação, a exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

IV. As penas cominadas aos crimes de calúnia, difamação e injúria aumentam-se de um terço se qualquer dos crimes é cometido contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência.

De acordo com o Código Penal, está correto o que consta APENAS em

a) II, III e IV.

b) I e IV.

c) II e III.

d) I, II e IV.

e) I e III.

7 - Q12056 ( Prova: FCC - 2008 - TRF-5R - Analista Judiciário - Área Judiciária / Direito Penal / Dos Crimes Contra a Pessoa - contra a honra;  )José na janela da empresa em que seu desafeto Pedro trabalhava, gritou em altos bravos que o mesmo era "traficante de entorpecentes". Nesse caso, José cometeu crime de

a) calúnia.

b) injúria.

c) difamação.

d) denunciação caluniosa.

e) falsa comunicação de crime.

8 - Q1266 ( Prova: FCC - 2007 - TRF-4R - Analista Judiciário - Área Judiciária / Direito Penal / Dos Crimes Contra a Pessoa - contra a honra;  )Em tema de crime contra a honra, analise: 

I. A calúnia e a difamação distinguem-se da injúria porque, nas duas primeiras,

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há imputação de fato desonroso enquanto, na última, há mera atribuição de qualidade negativa ao ofendido. 

II. A difamação caracteriza-se pela imputação falsa de fato definido como crime. 

III. A calúnia e a difamação ofendem a honra objetiva da vítima, ao passo que a injúria atinge a honra subjetiva. 

IV. Na injúria há imputação de fato ofensivo à dignidade ou ao decoro da vítima. 

V. Para caracterizar a calúnia, o fato imputado não precisa ser criminoso, bastando que seja falso e ofensivo à reputação da vítima. 

É correto o que consta APENAS em

a) I, II e IV.

b) I e III.

c) II, IV e V.

d) IV e V.

e) III, IV e V.

GABARITOS: 1 - B     2 - E     3 - C     4 - A     5 - E     6 - E     7 - B     8 - B

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1 - ( Prova: FGV - 2012 - OAB - Primeira Fase )Ana Maria, aluna de uma Universidade Federal, afirma que José, professor concursado da instituição, trai a esposa todo dia com uma gerente bancária. 

A respeito do fato acima, é correto afirmar que Ana Maria praticou o crime de a) calúnia, pois atribuiu a José o crime de adultério, sendo cabível, entretanto, a oposição de exceção da verdade com o fim de demonstrar a veracidade da afirmação.

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b) difamação, pois atribuiu a José fato desabonador que não constitui crime, sendo cabível, entretanto, a oposição de exceção da verdade com o fim de demonstrar a veracidade da afirmação, uma vez que José é funcionário público.

c) calúnia, pois atribuiu a José o crime de adultério, não sendo cabível, na hipótese, a oposição de exceção da verdade.

d) difamação, pois atribuiu a José fato desabonador que não constitui crime, não sendo cabível, na hipótese, a oposição de exceção da verdade.

Difamação Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

2 - ( VUNESP - 2007 - OAB-SP - Exame de Ordem - Primeira Fase )Marlindo, no elevador do prédio em que reside, na presença de duas pessoas, chama Merlindo, seu vizinho e síndico, de incompetente, pela péssima administração do prédio em que residem, sabedor de que tal afirmação é falsa. Merlindo, além de síndico, é Promotor de Justiça. Assinale a alternativa correta. a) Marlindo praticou crime de difamação ao ofender a reputação de Merlindo, como síndico do prédio.

b) Marlindo praticou crime de difamação ao ofender a reputação de Merlindo, como síndico do prédio e Promotor de Justiça.

c) Marlindo não praticou crime algum. Como morador do prédio, tem o direito de criticar a gestão de Merlindo.

d) Marlindo praticou crime de desacato à autoridade, uma vez que Merlindo é Promotor de Justiça.

3 - ( ND - 2007 - OAB-SC - Exame de Ordem - Primeira Fase )Assinale a alternativa correta: a)   O Código Penal, caracteriza Abandono de incapaz “abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono”. Onde o sujeito ativo é próprio ou qualificado, pois exige-se que o agente tenha especial relação de assistência com o incapaz. O sujeito passivo é pessoa de qualquer idade, desde que incapaz, e que tenha especial relação de assistência com o sujeito ativo.

b) Conforme o Código Penal, calúnia consiste em imputar a alguém fato ofensivo a sua reputação. Enquanto que a difamação consiste em imputar falsamente a alguém fato definido como crime. E a injúria consiste em ofender a dignidade ou o decoro de alguém. Somente a calúnia e a difamação comportam a exceção da verdade, sem ressalvas.

c) O Código Penal, caracteriza perigo para a vida ou saúde de outrem “expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente”. Onde o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa determinada, até porque não se pode oferecer

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denúncia contra pessoa indeterminada, já o sujeito passivo pode ser qualquer pessoa indeterminada.

d) Conforme o Código Penal, calúnia consiste em imputar a alguém fato ofensivo a sua reputação. Enquanto que a difamação consiste em imputar falsamente a alguém fato definido como crime. E a injúria consiste em ofender a dignidade ou o decoro de alguém. Todas comportam a exceção da verdade, sem ressalvas.

 4 - ( CESPE - 2008 - OAB-SP - Primeira Fase )Acerca dos crimes contra a honra, assinale a opção correta. a)   Considere que Pedro pratique crime contra a honra de José, imputando-lhe, falsamente, fato definido como crime e que Eduardo, sabendo falsa a imputação, a propale e divulgue. Nessa situação hipotética, Eduardo incorre na mesma pena de Pedro.

b) A imputação vaga, imprecisa ou indefinida de fatos ofensivos à reputação caracteriza difamação.

c) É impunível a calúnia contra os mortos.

d) No delito de injúria, o juiz deve aplicar a pena ainda que o ofendido, de forma reprovável, tenha provocado diretamente a injúria.

Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.

 5 - ( CESPE - 2008 - OAB-SP - Ex de Ordem - Primeira Fase )Assinale a opção correta acerca da imunidade judiciária. a) Caso um advogado militante, na discussão da causa, acuse o promotor de justiça de prevaricação durante uma audiência, o crime de calúnia estará amparado pela imunidade judiciária.

b) Uma advogada que, ao redigir uma petição, difame terceira pessoa que não é parte no processo judicial estará amparada pela imunidade judicial.

c) Considere que o advogado da empresa X, na redação de uma petição, injurie um de seus ex-empregados, ora reclamante, sem que tal injúria tivesse relação com a reclamação trabalhista em curso. Nesse caso, para o reconhecimento da referida imunidade, é dispensável que as imputações ofensivas tenham relações de pertinência com o thema decidium.

d)   Caso um advogado, em razão do ardor com que defende os interesses de seus clientes, eventualmente, faça alusões ofensivas à honra da parte contrária, desprovidas de   animus ofendendi , ele estará amparado pela imunidade judiciária, prevista no Código Penal, visto que não constitui injúria ou difamação punível a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.

6 - ( CESPE - 2008 - OAB - Exame de Ordem Unificado -Primeira Fase)Acerca dos crimes contra a honra, assinale a opção correta.

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a) O agente que atribui a alguém a autoria de um estupro, ciente da falsidade da imputação, comete o crime de calúnia.

b) O agente que imputa a alguém a conduta de mulherengo, no intuito de ofender sua reputação, comete o crime de injúria.

c) O agente que designa alguém como ladrão, no intuito de ofender sua dignidade, comete o crime de difamação.

d) O agente que preconceituosamente se refere a alguém como velho surdo, ciente da idade e deficiência da pessoa, comete uma das modalidades do crime de racismo.

a)      Correta - Foi atribuída a realização de um tipo penal, caracterizando a difamação.Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação:Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

b)      ERRADA - Atribuir a conduta de mulherengo é uma injúria, mas não ofende a reputação e sim a dignidade ou decoro.    Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro:     Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.c) ERRADA - Designar como ladrão é uma adjetivação que como tal ofende a dignidade e é crime de injúriad) ERRADA - É o crime de injúria qualificada pelo preconceito, que é distinto do racismo. Na injúria preconceituosa o dolo é de injuriar uma pessoa determinada (como na questão), já no racismo o dolo é de discriminar todo um grupo. Ademais, o racismo é crime inafiançável e imprescritível enquanto a injuria qualificada pelo preconceito é afiançável e prescritível.Art. 140, § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: Pena - reclusão de um a três anos e multa.

7 - ( PC-MG - 2011 - Delegado de Polícia)Com relação aos crimes abaixo destacados, é CORRETO afrmar que: a)   é possível a participação de particular no delito de corrupção passiva, já que as circunstâncias de caráter pessoal elementares ao crime se comunicam.

b) o homicídio praticado com dolo eventual afasta a incidência das circunstâncias qualifcadoras, uma vez que o agente não quer diretamente o resultado, ape- nas assume o risco de produzi-lo.

c) para a configuração do crime de maus tratos, é necessário submeter a vítima a intenso sofrimento físico ou psíquico, expondo-a a perigo de vida ou de saúde.

d) caracteriza-se o crime de injúria, ainda que as imputações ofensivas à honra subjetiva da vítima sejam verdadeiras, cabendo exceção da verdade somente se o ofendido for funcionário público e a ofensa relativa ao exercício de suas funções.

 8 - ( CESPE - 2011 - AL-ES - Procurador)Assinale a opção correta a respeito dos crimes contra a honra.

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a) Conforme a jurisprudência do STF, o advogado tem imunidade profissional, não constituindo injúria, difamação ou desacato puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele.

b) Conforme a jurisprudência do STJ, não há crime de calúnia, injúria ou difamação, se perceptível primus ictus oculi que a vontade do agente está desacompanhada da intenção de ofender, exceto se praticou o fato comanimus narrandi ou animus criticandi.

c) As penas cominadas aos delitos de calúnia, difamação e injúria aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes for cometido contra pessoa maior de sessenta anos de idade ou portadora de deficiência.

d) Se a injúria consistir na utilização de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião, origem ou à condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, aumenta-se a pena de metade.

e)   A imunidade parlamentar material dos congressistas incide de forma absoluta quanto às declarações proferidas no recinto do parlamento, dispensando-se a presença de vínculo entre o conteúdo do ato praticado e a função pública parlamentar exercida.

a) O advogado tem sim imunidade em juízo mas fora dele não.b) O erro está em dizer que o animus narrandi é exceção. Se é perceptível que não houve intenção de ofender, tão simplesmente narrar os fatos, Ato Atípico.c) O erro está no fato de não incidir o aumento nos casos de injúria.Art 141, IV CP. Na injúria não há causa de aumento de pena e sim crime qualificado. Também outra diferença é que na difamação e calúnia basta a condição de maior de 60 e deficiência física, já na injúria, a ofensa tem que fazer referência (discriminatória) ao fato da pessoa ser idosa ou deficiente.d) Como já comentado na "c", não é causa de aumento de pena e sim crime qualificado com pena de 1 a 3 anos e multa.

9- ( TJ-DFT - 2011 - TJ-DF - Juiz)Dos crimes contra a honra. Calúnia, Difamação e Injúria. A honra, objetiva (julgamento que a sociedade faz do indivíduo) e subjetiva (julgamento que o indivíduo faz de si mesmo), é um direito fundamental do ser humano, protegido constitucional e penalmente. Destarte: a) Do almoxarifado de empresa de energia elétrica foi subtraído 1.300 quilogramas de fio de cobre. Ao Almoxarife Francinaldo, falecido dois meses antes de descoberta a falta, Tiburcio, seu substituto, atribuiu-lhe a autoria. Procedidas às investigações, resultou constatado ter sido um dos motoristas quem efetuou a subtração. Por ser punível a calúnia contra os mortos, Francinaldo é o sujeito passivo do crime;

b) Ainda que falsa a imputação atribuída por Tiburcio ao morto, por ser admitido na lei penal a exceptio veritatis, está ele, via do instituto, compelido a provar ser ela verdadeira;

c) Por Márcio haver dito em assembléia estudantil que Maurício, seu colega de faculdade, é afeminado e desonesto, por este foi interposta ação

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penal privada, a qual, ao ser julgada, absolveu o agressor por não haver a vítima provado ser falsa a imputação;

d)   No crime de calúnia, o querelado ou réu não pode ingressar com a exceptio veritatis , pretendendo demonstrar a verdade do que falou, quando o fato imputado à vítima constitua crime de ação privada e não houve condenação definitiva sobre o assunto.

A resposta certa é a alternativa "D", de acordo com o artigo 138, §3º-I, do CP, a exceção da verdade não se admite no caso, do fato imputado seja de crime de ação privada, e o ofendido não foi  condenado por sentença com trânsito em julgado. 10 - ( CESPE - 2008 - OAB - Exame de Ordem Unificado - Primeira Fase)

Assinale a opção correta acerca dos crimes contra a honra. a) Tratando-se do delito de injúria, admite-se a exceção da verdade caso o ofendido seja funcionário público, e a ofensa, relativa ao exercício de suas funções.

b) Caso o querelado, antes da sentença, se retrate cabalmente da calúnia ou da difamação, sua pena será diminuída.

c) Caracterizado o delito de injúria, o juiz pode deixar de aplicar a pena, no caso de retorção imediata, que consista em outra injúria.

d) O pedido de explicações em juízo é cabível nos delitos de calúnia e difamação, mas não se aplica ao de injúria.

a) INCORRETA - Art. 139 do CP: "Difamação. Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Exceção da verdade. Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções".b) INCORRETA - Art. 143 do CP: "O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, sua pena será diminuída fica isento de pena".c) CORRETA - Art. 140, § 1º, do CP: "O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra injúria".d) INCORRETA - Art. 144 do CP: "Se, de referências, alusões ou frases, se inferecalúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias, responde pela ofensa".

11.  (CESPE - 2009 - OAB - Primeira Fase)Acerca dos crimes contra a honra, assinale a opção correta. a) Não constituem injúria ou difamação punível a ofensa não excessiva praticada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu advogado e a opinião da crítica literária sem intenção de injuriar ou difamar.

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b) Em regra, a persecução criminal nos crimes contra a honra processa-se mediante ação pública condicionada à representação da pessoa ofendida.

c) Caracterizado o crime contra a honra de servidor público, em razão do exercício de suas funções, a ação penal será pública incondicionada.

d) O CP prevê, para os crimes de calúnia, de difamação e de injúria, o instituto da exceção da verdade, que consiste na possibilidade de o acusado comprovar a veracidade de suas alegações, para a exclusão do elemento objetivo do tipo.

a)      CORRETA - Art. 142, caput, do CP: "Não constituem injúria ou difamação punível: I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador; II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de injuriar ou difamar".b) INCORRETA - Art. 145, caput, do CP: "Nos crimes previstos neste Capítulosomente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal".c) INCORRETA - Art. 145, parágrafo único, do CP: "Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3o do art. 140 deste Código".d) INCORRETA - A exceção da verdade só é admitida nos crimes de calúnia (art. 138, parágrafoo terceiro, do CP) e difamação (art. 139, parágrafo único, do CP), sendo que nesta última somente é cabível se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício das suas funções.

12.. ( FCC - 2010 - MPE-SE - Analista)Dentre as hipóteses de formas qualificadas dos crimes de injúria, calúnia e difamação, NÃO se incluem os crimes cometidos a) mediante promessa de recompensa.

b)   contra Governador de Estado.

c) contra chefe de governo estrangeiro.

d) na presença de várias pessoas.

e) contra funcionário público, em razão de suas funções.

Art. 141 CP - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometidoI - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro;II - contra funcionário público, em razão de suas funções;III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria.IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria.Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. 

13.( MPE-MS - 2011 - Promotor de Justiça)Em que circunstância o crime de injúria admite a exceção da verdade?

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a) A exceção da verdade será admitida em crime de injúria se o ofendido for funcionário público;

b) A exceção da verdade será admitida em crime de injúria no caso de tentativa de tal delito;

c) A exceção da verdade será admitida em crime de injúria quando ocorrer o perdão judicial;

d)   A exceção da verdade não será admitida em crime de injúria em nenhuma circunstância, porquanto incompatível com tal delito;

e) A exceção da verdade será admitida em crime de injúria quando o ofendido for menor de idade.

 14. ( FGV - 2010 - OAB - Primeira Fase)Assinale a alternativa que preencha corretamente as lacunas do texto:

“para a ocorrência de __________, não basta a imputação falsa de crime, mas é indispensável que em decorrência de tal imputação seja instaurada, por exemplo, investigação policial ou processo judicial. A simples imputação falsa de fato definido como crime pode consituir __________, que, constitui infração penal contra a honra, enquanto a __________ é crime contra a Administração da Justiça”. a)   denunciação caluniosa, calúnia, denunciação caluniosa.

b) denunciação caluniosa, difamação, denunciação caluniosa.

c) comunicação falsa de crime ou de contravenção, calúnia, comunicação falsa de crime ou de contravenção.

d) comunicação falsa de crime ou de contravenção, difamação, comunicação falsa de crime ou de contravenção.

 15. ( EJEF - 2006 - TJ-MG - Juiz)Nos crimes contra a honra previstos no Código Penal, é INCORRETO afirmar que: a) no crime de calúnia ou de difamação contra o presidente da república ou contra chefe de governo estrangeiro, tratando-se de crime comum, incide a causa de aumento de pena prevista no art. 141 do Código Penal;

b) na difamação admite-se a exceção da verdade se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções;

c) o juiz pode deixar de aplicar a pena quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria.

d)   na calúnia admite-se a prova da verdade desde que, constituindo o fato interpretado crime de ação privada, o ofendido não tenha sido condenado por sentença irrecorrível.

 16. (VUNESP - 2011 - TJ-SP - Juiz)Durante reunião de condomínio, com a presença de diversos moradores, inicia-se discussão acalorada, durante a qual Antônio, um dos condôminos, que era acusado de fazer barulho durante a madrugada, diz ao síndico que ele deveria se preocupar com sua própria família, porque a filha mais velha dele, que não estava presente na reunião, era prostituta, pois sempre era vista em casa

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noturna suspeita da cidade. Assinale a alternativa correta dentre as adiante mencionadas. a) Antônio cometeu crime de calúnia, a não ser que prove o que disse (exceção da verdade).

b) Antônio cometeu crime de calúnia, que não admite a exceção da verdade.

c) Antônio não cometeu crime algum, pois a ofendida (filha do síndico) não estava presente na reunião.

d) Antônio cometeu crime de difamação, a não ser que prove o que disse (exceção da verdade).

e)   Antônio, independentemente de o fato narrado ser, ou não, verdadeiro, cometeu crime de difamação.

a)      Alternativa incorreta. Antônio não cometeu o crime de calúnia, já que não imputou a filha do síndico “fato definido como crime”. É o texto do art. 138 do CP;

b) Alternativa incorreta. Antônio não cometeu o crime de calúnia, e este, em geral, admite a exceção da verdade. É o texto do art. 138 e 138, 2 do CP.

c) Alternativa incorreta. Antônio consumou o crime de difamação já que imputou fato ofensivo a reputação da filha do síndico perante terceiros.

d) Alternativa incorreta. Antônio cometeu crime de difamação, porém a prova da verdade do fato imputado não é admitida para difamação. Na difamação só se admite a prova da verdade quando o sujeito passivo for funcionário público e o fato imputado se relaciona com o exercício/desempenho de suas funções. Art. 139, § único do CP.

e) Alternativa correta. Antônio, independentemente de o fato narrado ser, ou não, verdadeiro, cometeu crime de difamação.

17. (TRT/2010 - 6ª Região (PE) - Juiz)Analise as assertivas abaixo e, depois, assinale a alternativa CORRETA:

I. O empregador calunia o empregado se lhe atribui falsamente a conduta de embriagar-se habitualmente ou em serviço.II. O empregador difama o empregado se lhe atribui a conduta de embriagar-se habitualmente ou em serviço. III. O empregador injuria o empregado se o chama de cachaceiro. IV. O empregado calunia o empregador se lhe atribui falsamente a conduta de alterar a escrita contábil da firma para enganar o Fisco. V. O empregado difama o empregador se o chama de sonegador. a) As assertivas I, II e III estão corretas.

b) As assertivas II, III e V estão incorretas.

c) As assertivas I, II e IV estão corretas.

d)   As assertivas II, III e IV estão corretas.

e) As assertivas I, IV e V estão incorretas.

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I-                   errada. O caso em tela reflete um caso de difamação, pois conforme doutrina quando o fato não corresponde a um crime e sim a uma contravenção será difamação. O artigo 62 do Decreto-lei nº 3.688/41 (Lei das contravenções penais) prevê a embriaguez como contravenção: apresentar-se publicamente em estado de embriaguez, de modo que cause escândalo ou ponha em perigo a segurança própria ou alheia: Pena: prisão simples, de 15 dias a três meses, ou multa. Parágrafo único, logo conclui-se que o cidadão em tela causou escândalo, por apresentar-se no trabalho bêbado.

II- certo III- certo IV- certoV- errado. ele não definiu fato que o remete a um crime, logo não há calúnia, nem fato

que atinge seu decoro ou honra, nem um fato definido como contravenção que também éconsiderado difamação, mas sim uma qualidade negativa, atingiu sua honra subjetiva. logo no caso em tela o certo é injúria. se o tivesse chamado de ladrão ou estuprador sem atribuir fato também seria injúria. 

A injúria  , consiste em atribuir à alguém qualidade negativa , que ofenda suadignidade ou decoro . Assim , se “A” chama “B” de ladrão , imbecil etc. ,constitui crime de injúria .

18. (MPE-PB - 2010 - Promotor de Justiça)Assinale a alternativa correta: a) Nos crimes contra a honra, se a vítima é maior de sessenta anos ou portadora de deficiência, a pena deve ser aumentada de um terço.

b) O Código Penal Brasileiro admite a calúnia e a difamação contra os mortos, já que a ofensa feita a honra objetiva destes atinge, em verdade, sua memória, cuja proteção interessa sobremaneira aos seus parentes.

c)   A ocorrência de lesão corporal de natureza grave ou morte qualifica o delito de rixa, respondendo por ela, inclusive, a vítima da lesão grave.

d) Assim como no sequestro e cárcere privado, no crime de redução à condição análoga à de escravo, o consentimento do ofendido, se válido e anterior ou, no mínimo, concomitante à ação delitiva, atua como causa excludente da ilicitude.

e) Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência, a ação penal é publica incondicionada.

a)      A pena não será aumentada no caso de injúria (art. 141, IV);b)      Contra os mortos, é punível apenas a calúnia (art. 138, §2);c)      Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da

participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos (art. 137, parágrafo único do CP). O pensamento majoritário na doutrina é que o sujeito passivo é o próprio participante da rixa.

d)      A referida situação não implica em exclusão da ilicitude no crime de redução análoga à de escravo. NELSON HUNGRIA menciona que: “é de todo ineficaz o consentimento do paciente. Ninguém pode abdicar, total e indefinidamente do seu stauts libertatis, pois tanto importaria a anulação da própria personalidade";

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e)      De acordo com a Lei 12.033/09, a ação penal no crime de injúria é pública condicionada à representação do ofendido, não mais se falando em ação penal privada, tampouco em ação penal pública incondicionada (que jamais esteve associada ao crime mencionado na alternativa - art. 140, §3).

19. (FCC - 2010 - TRE-AC - Analista Judiciário) Poderá ser concedido perdão judicial para o autor do crime de injúria no caso de a) não ter resultado lesão corporal da injúria real.

b) ter sido a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.

c) ter sido a opinião desfavorável emitida em crítica literária, artística ou científica.

d) ter sido o conceito desfavorável emitido por funcionário público, em apreciação ou informação prestada no cumprimento de dever do ofício.

e)   ter o ofendido, de forma reprovável, provocado diretamente a ofensa.

Fundamento: art. 140 §1º do CP: "O juiz pode deixar de aplicar a pena:I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;II - no caso de retorsão imediata, que consiste em outra injúria."

20. (FUNIVERSA - 2009 - PC-DF - Delegado de Polícia)Acerca dos crimes contra a honra, assinale a alternativa correta. a) Nos crimes de calúnia e difamação, não se admite a retratação.

b) A exceção da verdade, no crime de calúnia, é admitida se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível.

c) É impunível a calúnia contra os mortos.

d)   No delito de injúria, o juiz poderá deixar de aplicar a pena se o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria.

e) Caso um advogado, na discussão da causa durante uma audiência, acuse o juiz de prevaricação, o crime de calúnia estará amparado pela imunidade judiciária.

A: Retratação Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente dacalúnia ou da difamação, fica isento de pena.B: Exceção da verdade Art.138, § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:I - se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível;C: Art.138, § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.D: CORRETA Art.140, § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;E: Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação   punível:I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador;Essa imunidade especial não se aplica às hipóteses de cometimento de crime

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de calúnia. Convém lembrar que a inviolabilidade deferida ao advogado é relativa: CF/88.Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei.

21. (MS CONCURSOS - 2009 - TRT - 9ª R Juiz)Assinale a proposição incorreta: a) É punível a calúnia contra os mortos.

b) No delito de difamação, a exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

c) A ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador, não constitui injúria ou difamação punível.

d) A legislação penal admite a retratação nos crimes de calúnia e difamação.

e)   A injúria preconceituosa confunde-se com o crime de racismo.

22. ( CESPE - 2010 - TRT - 1ª R Juiz)No que concerne aos crimes contra a honra, assinale a opção correta. a) A calúnia consiste em imputar falsamente a alguém fato definido como crime ou contravenção penal.

b) Segundo o Código Penal, a chamada exceção da verdade é admitida apenas nas hipóteses de calúnia.

c) Aquele que difama a memória dos mortos responde pelo crime de difamação, previsto no Código Penal.

d) O objeto jurídico da injúria é a honra objetiva da vítima, sendo certo que o delito se consuma ainda que o agente tenha agido com simples animus jocandi.

e) As penas cominadas aos delitos contra a honra aplicam-se em dobro, caso o crime tenha sido cometido mediante promessa de recompensa.

A errada :   calúnia = somente crime. Não vale para contravenção B errada   : calúnia e difamação admitem exceção. Apenas a injúria não admite, pois poderia piorar a situação.C errada: contra os mortos somente calúnia, pois o legislador apenas a previu neste caso e como não é possível utilizar a analogia in malam partem, não cabe a difamação.Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:§ 2º - É  punível a calúnia contra os mortos. D errada   : injúria : honra subjetiva , difamação : honra objetivaE correta: Art. 141 – [...] Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro.

23. (FUNDEC - 2003 - TRT - 9ª R Juiz)"A", desafeto de "B"(taxista), com o intuito de prejudicar a imagem deste, confecciona e expõe em rua movimentada um "outdoor" com a seguinte frase:

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"Cuidado! 'B' é ladrão".Considerando os fatos descritos e a disciplina legal dos crimes contra a honra, é correto afirmar que:

I - O crime cometido por "A, na conduta acima descrita, admite exceção da verdade.II - Na difamação é sempre cabível a exceção da verdade. III - Não há previsão legal de crime de injúria qualificada. IV - A ofensa contra servidor público, no exercício de suas funções, é tipificada como crime de injúria. V - Na injúria não se admite a exceção da verdade, salvo se o ofendido é servidor público e a ofensa se deu em razão da função. 

Assinale a alternativa correta: e) Todas as proposições estão incorretas

 24. (CESPE - 2009 - PC-PB - Agente de Investigação e Agente de Polícia)O chefe de uma equipe de vendedores de uma grande rede de supermercados exigiu a presença, em sua sala, de um subordinado que não havia cumprido a meta de vendas do mês e, com a intenção de ofender-lhe o decoro, chamou-o de burro e incompetente. Durante a ofensa, apenas os dois encontravam-se no recinto. 

Nessa situação, o chefe a) poderá responder pelo delito de calúnia.

b) poderá responder pelo delito de difamação.

c) poderá responder pelo delito de injúria.

d) não deverá responder por nenhum delito, uma vez que os crimes contra a honra só se consumam quando terceiros tomam conhecimento do fato.

e) não deverá responder por nenhum delito, uma vez que a responsabilidade criminal, no caso, é apenas da pessoa jurídica (rede de supermercados).

 25. (UESPI - 2009 - PC-PI - Delegado)Com relação aos crimes contra a honra, assinale a opção correta. a) Segundo o Código Penal, é possível o instituto da exceção da verdade no crime de calúnia e no crime de injúria.

b) O crime de injúria, segundo o Código Penal, não admite os institutos da retratação e do perdão judicial.

c) Quando a injúria consiste na utilização de elementos referentes à raça e à cor deve ser afastado o Código Penal e aplicada a lei específica que trata do crime de racismo.

d)   Segundo o Código Penal, quando da injúria real (ou qualificada) resulta lesão corporal, a ação penal passa a ser pública incondicionada.

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e) Não constitui calúnia, difamação ou injúria a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, pela parte ou por seu procurador.

a)No crime de injúria, como não importa se o caso em questão diz respeito a uma verdade ou mentira, não se admite a Exceção da Verdade.b) Retratação - Calúnia ou difamação. Portanto, percebe-se que o perdão judicial se aplica ao crime de injúria.c) Injúria preconceituosad) certa Art. 145, do CP - Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal.

26.  ( FCC - 2002 - MPE-PE - Promotor de Justiça)Paulo enviou carta a todos a alunos da classe de seu desafeto Gabriel, com os seguintes dizeres: "Cuidado. Seu colega de classe Gabriel é ladrão!". No dia seguinte, outra carta, desta vez enviada por Lúcio, no mesmo local e para as mesmas pessoas, tem os dizeres: "Gabriel furtou R$ 50,00 que se encontravam dentro da bolsa de Maria", sendo, porém, falsa a imputação. Paulo e Lúcio cometeram, respectivamente, os crimes de a) comunicação falsa de crime e difamação.

b) difamação e injúria.

c) calúnia e denunciação caluniosa.

d) denunciação caluniosa e comunicação falsa de crime.

e)   injúria e calúnia.

27.   ( FCC - 2010 - TRF - 4ª R- Analista Judiciário)Considere as seguintes assertivas sobre os crimes contra a honra:

I. No crime de injúria, o juiz pode deixar de aplicar a pena quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria.

II. Admite-se a prova da verdade no crime de calúnia se o fato é imputado a chefe de governo estrangeiro.

III. No crime de difamação, a exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.

IV. As penas cominadas aos crimes de calúnia, difamação e injúria aumentam-se de um terço se qualquer dos crimes é cometido contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência.

De acordo com o Código Penal, está correto o que consta APENAS em e)   I e III.

Comentários:I. CORRETA "Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 

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§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria;"II. ERRADA "Art. 138 (...) § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:   II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indicadas no nº I do art. 141;"III. CORRETA "Art. 139 (...) Parágrafo único - A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções."IV. ERRADA "'Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido: IV - contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria."

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EXERCÍCIOS COMENTADOS – CRIMES CONTRA A PESSOA (ARTS. 121 a 154 do CP)

 1. Assinale a alternativa correta:

a)    É pacífico na doutrina que somente a mulher pode ser sujeito ativo do crime de exposição ou abandono de recém-nascido (art. 134 do CP), considerando ser este um crime próprio.

b)    O crime de maus-tratos pode ser praticado pelo homem em detrimento de sua esposa, considerando a especial proteção outorgada pela legislação à mulher na vida conjugal.

c)     Severino chegou em casa bêbado. A primeira pessoa que encontrou foi seu filho Pablo, de cinco anos, e sem razão nenhuma desferiu um soco na criança que quebrou dois dentes dela. Nessa situação, deve Severino responder pelo crime de maus-tratos.

d)    João, pessoa franzina, trabalha no supermercado de Terêncio como operador de caixa, sendo que este frequentemente obriga o empregado a carregar sacos com mais de cinquenta quilos de peso para forçá-lo a pedir demissão. Como João tem esposa e três filhos, se submete a essa condição de trabalho absolutamente incompatível com sua condição física. Nesse caso, Terêncio pratica o crime de maus-tratos.  

e)    Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

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Comentários:

Deve ser marcada a alternativa “e”.

Quanto à letra “a”, percebe-se que a doutrina majoritária considera que o homem também pode ser sujeito ativo do crime de exposição ou abandono de recém-nascido, em casos que estiver envolvido em adultério ou incesto. Nesse sentido os ensinamentos de Heleno Fragoso (apud CUNHA, 2008, v. 3, p. 66): sujeito ativo “Só pode ser a mulher que concebe ilicitamente ou o pai adulterino ou inscetuoso, pois só tais pessoas podem alegar a prática do fato para ocultar desonra própria”. Acrescenta Cunha (2008, v. 3, p. 66) que esta é a posição que vem prevalecendo na doutrina.

No tocante à letra “b”, afasta-se a possibilidade do crime de maus-tratos ser praticado pelo marido em detrimento da esposa, visto que não há relação de subordinação entre eles.

No caso da letra “c”, também não há crime de maus-tratos, identificando-se a conduta com o crime de lesão corporal. Note-se que o pai não agiu com o intuito de corrigir o filho, mas simplesmente com a intenção de lesioná-lo.

A afirmação constante na letra “d” está incorreta porque no caso não há o crime de maus-tratos, mas sim o delito de redução à condição análoga à escravo (art. 149, caput, do CP). Lembre-se também que para haver maus-tratos a relação de sujeição da vítima em relação ao sujeito ativo deve ser para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, segundo se vê no art. 136 do CP.

2. Considere a seguinte situação hipotética: Pedro saiu de casa e abandonou sua esposa Laurentina com dois filhos menores. Não tendo como custear as despesas do lar a mulher ingressou em juízo contra o ex-marido, pedindo-lhe pensão alimentícia. No dia da audiência, enquanto esperavam no corredor, Pedro começou a provocar sua ex-mulher, falando em voz alta para uma pessoa que lá estava que Laurentina era uma “cachaceira”; e que ia provar que teve motivos para abandoná-la. Ouvindo isso, imediatamente a

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mulher se aproximou do ex-marido, que é negro, e gritou que ele era um “macaco fedorento”, no intuito de humilhá-lo.

Em referida situação:

a)    Pedro cometeu o crime de injúria.

b)    Laurentina não deverá ser condenada por nenhum crime, visto que está amparada pelo instituto da “retorsão imediata”.

c)     Pedro está amparado pela imunidade judiciária, não devendo responder por qualquer crime.

d)    Tanto Pedro quanto Laurentina estão amparados pela imunidade judiciária.

e)    Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Comentários:

A alternativa correta corresponde à letra “a”.

No momento em que Pedro chamou Laurentina de “cachaceira”, e isto chegou ao conhecimento dela, consumou-se o crime de injúria. Lembre-se que neste crime não há a necessidade de imputação de um fato determinado, sendo suficiente que o agressor profira uma ofensa (apta a agredir a honra subjetiva) no intuito de humilhar a vítima.

Laurentina, para revidar à injúria sofrida, chamou Pedro de “macaco fedorento” (injúria qualificada pelo preconceito - art. 140, § 3º, do CP), também no intuito de humilhá-lo. Nesse caso não há que se falar no instituto da “retorsão imediata” para beneficiar a mulher, visto que incabível na situação. Nesse sentido os ensinamentos de Fernando Capez, que, utilizando-se dos argumentos de Cezar Roberto Bitencourt, alega que nesse caso é desproporcional aceitar que uma injúria simples possa ser retorquida por uma injúria preconceituosa (2010, v. 2, pp. 310 e 316). Nesse andar, resta afastada a afirmação constante na letra "b".

No tocante à letra “c”, deve-se observar que a imunidade judiciária não abarca a ofensa proferida nos corredores do fórum (CAPEZ, 2010, v. 2, p. 322).

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Se fosse proferida durante a audiência, e no contexto da discussão da causa, aí sim se poderia falar em imunidade judiciária prevista no art. 142, I, do CP.

Quanto à letra “d”, acrescente-se, além daquelas colocações referentes à letra “c”, que não cabe imunidade judiciária no caso de injúria preconceituosa (no caso, proferida por Laurentina).

3. Considere a seguinte situação hipotética: certo dia, Rogério, que reside na zona rural, estava limpando seu revólver quando este disparou acidentalmente e atingiu sua empregada (Gertrudes) que estava próximo. Ocorre que Rogério havia esquecido um cartucho na arma antes de começar a limpá-la. Temendo ser responsabilizado, e percebendo que era muito provável que a empregada morresse, e ainda, considerando que estavam somente os dois na casa; foi embora e deixou a arma próximo de Gertrudes para fazer parecer que esta tinha mexido no revólver e se atirado acidentalmente. Voltou somente algumas horas depois, ocasião em que encontrou Gertrudes já morta.

Nesse caso:  

a) Rogério deve responder pelos crimes de homicídio culposo e de omissão de socorro, em concurso.

b) Rogério deve responder apenas pelo crime de homicídio culposo, sem a incidência de qualquer majorante, visto que não tinha como evitar a morte de Gertrudes.

c) Rogério deve responder apenas pelo crime de omissão de socorro, visto que não foi culpado pelo disparo da arma, considerando que a mesma disparou acidentalmente.

d) O fato de Rogério não ter prestado socorro à vítima é penalmente irrelevante.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Comentários:

A letra “e” corresponde à assertiva que deve ser marcada.

No caso, Rogério agiu culposamente produzindo os ferimentos que levaram à morte de Gertrudes. Além disso, se omitiu em prestar socorro à mesma. Nessa

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situação, segundo a doutrina majoritária, ele responde por homicídio culposo (art. 121, § 3º, do CP), com a incidência da majorante de omissão de socorro prevista no art. 121, § 4º, do CP. Parte da doutrina defende que, nessa situação, ao agente poderia ser imputado o crime de homicídio doloso por conta da incidência do art. 13, 2º, “c”, do CP, pois se o agente cria com seu comportamento anterior o risco, e se, em um segundo momento, age dolosamente no sentido de recusar socorro à vítima, podendo perfeitamente fazê-lo, deverá responder pelo resultado que tinha a obrigação de evitar, e a título de dolo, identificável em sua conduta de recusar, conscientemente, socorro à vítima. Cezar Roberto Bitencourt (2010, v. 2, pp. 109-111) aborda com maestria esta temática. Defende o autor, no caso, a incidência do homicídio culposo, majorado pela omissão de socorro. Ressalta, contudo, que há doutrinadores (dentre eles, Mirabete) que defendem a incidência de homicídio doloso em situação congênere, em sua forma omissiva imprópria. 

Referindo-me à letra “a”, deve-se ficar bem claro que apesar da discussão mencionada no parágrafo anterior, não há qualquer doutrinador que defenda a incidência, no caso, de concurso entre os crimes de homicídio culposo e omissão de socorro, visto que a omissão funciona como majorante do primeiro delito para os adeptos da corrente majoritária. E, para quem defende a incidência de homicídio doloso, a omissão vai funcionar como circunstância que permite justamente o enquadramento na conduta típica de homicídio.

No tocante à letra “b”, já vimos que se Rogério for responder por homicídio culposo, deve também responder pela majorante da omissão de socorro.

Quanto à letra “c”, descarta-se tal assertiva, visto que está evidente que houve culpa de Rogério no disparo acidental, visto que deveria ter checado se na arma não havia algum cartucho antes de começar a limpá-la.

Afasta-se também a letra “d”, visto que a omissão, como já se viu, é penalmente relevante para o enquadramento da conduta do agente.

4. Assinale a alternativa correta:

a) A doutrina não faz nenhuma diferenciação entre sequestro e cárcere privado.

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b) Se um empregador mantém vigilância armada para evitar que seus empregados se retirem do local de trabalho, no intuito de explorar ilicitamente a mão-de-obra destes, deve responder pelo crime de seqüestro ou cárcere privado (art. 148 do CP).

c) É admissível o perdão judicial para beneficiar pessoa que cometeu o crime de constrangimento ilegal.

d) Zé desferiu, em sala de aula, um tapa em Tiago, seu colega de classe, que tropeçou, caiu e bateu com a cabeça em uma cadeira, tendo por essa razão falecido. Nesse caso, Zé deve responder pelo crime de homicídio culposo, afastando-se a hipótese de lesão corporal seguida de morte.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Comentários:

Deve-se marcar a letra “d”. Alerta Prado (2008, v. 2, p. 140) que para a configuração do crime de lesão corporal seguida de morte o resultado agravador (morte, sobrevinda culposamente) deve ter sido provocado por lesão corporal dolosa. De modo que, se culposa a lesão ou se o falecimento é provocado por vias de fato (art. 21 da LCP), deve o agente responder apenas por homicídio culposo (art. 121, § 3º, do CP). Por exemplo: “o indivíduo desfere uma bofetada no rosto da vítima, que perde o equilíbrio, vindo a bater a cabeça em uma pedra, sobrevindo, posteriormente, a sua morte. Há, na espécie, um delito culposo de homicídio que decorreu da prática de uma contravenção penal (LCP, art. 21)” (CAPEZ, 2010, v. 2, p. 184). Desse modo, como no caso da questão a conduta antecedente foi vias de fato, tendo no consequente a morte (que sobreveio culposamente), não há que se falar em lesão corporal seguida de morte, visto que não houve lesão corporal no antecedente, mas sim vias de fato. Responde o agente, portanto, por homicídio culposo.

A letra “a” está errada porque a doutrina diferencia sim sequestro de cárcere privado. Dizem os doutrinadores que sequestro é o gênero do qual cárcere privado é espécie.  No cárcere privado deve haver o enclausuramento da vítima, enquanto que este é dispensável no seqüestro, que se contenta com qualquer tipo de privação da liberdade do sujeito passivo. Essa distinção serve apenas para fins teóricos, visto que em qualquer dos casos mencionados, o enquadramento será no art. 148 do CP, que trata do sequestro e cárcere privado.

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Na letra “b” o caso é de redução à condição análoga à escravo (art. 149, § 1º, II, do CP). Cabe enfatizar que esse delito, no contexto que foi cobrado na questão, absorve o crime do art. 148 do CP, por ser este meio necessário para sua execução.

Afasta-se a letra “c” porque, segundo se tem com clareza na doutrina, o perdão judicial somente é possível quando é previsto legalmente para determinada infração penal (como é o caso da lesão corporal e do homicídio culposos, nas condições previstas nos arts. 121, § 5º, e 129, § 8º, ambos do CP) . No caso do constrangimento ilegal (art. 146 do CP), não há previsão nenhuma nesse sentido.

5. Zeno chegou bêbado em casa, e como o jantar não estava pronto, passou a agredir sua esposa Genoveva com socos e pontapés. Genoveva, então, para se defender, desferiu uma facada em Zeno, fazendo com que as vísceras do mesmo ficassem expostas. Acionada a polícia, foram os dois imediatamente conduzidos ao hospital. Também foram tomadas as providências devidas para o início da persecução penal. Depois de submetidos à perícia, constatou-se que Zeno correu risco de vida e que Genoveva sofreu apenas lesões leves.

Nesse caso, qual deve ser o exato enquadramento penal das condutas de Zeno e Genoveva? Justifique.

Resposta:

Consta no enunciado que Zeno agrediu Genoveva, que em decorrência disso sofreu lesões corporais leves.

Nesse primeiro aspecto, não há grande dificuldade no enquadramento penal. Basta apenas observar que a agressão foi perpetrada no âmbito das relações domésticas, sendo tal fato abarcado pelo art. 129, § 9º, do CP, que faz referência à violência doméstica como qualificadora da lesão corporal. Vale ressaltar que se a lesão fosse grave ou gravíssima, deveria se enquadrar o fato no § 1º ou  § 2º do art. 129 do CP, fazendo-se incidir o  § 10º do mesmo artigo por conta da violência doméstica. Assim, na questão em tela a resposta correta é que Zeno deve responder pelo delito previsto no art. 129, § 9º, do CP.

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Temos ainda no enunciado que Genoveva, para se “defender”, desferiu uma facada em Zeno, provocando-lhe perigo de vida. A hipótese, a princípio, seria de lesão corporal grave (art. 129, § 1º, II, do CP).

Não se pode esquecer, contudo, que o ato de Genoveva foi para se “defender” da agressão do marido, atraindo assim a hipótese de legítima defesa (art. 25 do CP).

O dispositivo mencionado assim prevê: “Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”. O art. 23, que também faz referência à legítima defesa, dentre outras excludentes de ilicitude, menciona em seu parágrafo único que: “O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo”.

A legítima defesa, conforme se depreende do art. 25 do CP, tem os seguintes requisitos (segundo sistematizado por Luiz Flávio Gomes e Antonio García-Pablos de Molina, 2007, v. 2, pp. 449-451): a) agressão injusta, real, atual ou iminente; b) ameaça ou ataque a direito próprio ou alheio; c) necessidade da reação ou proporcionalidade entre o ataque e a reação; d) agente precisa ter consciência que atua para defender direito próprio ou alheio (aspecto subjetivo).

Na questão em deslinde a única dúvida que pode pairar no tocante ao reconhecimento da legítima defesa é em relação à proporcionalidade do revide, requisito este largamente aceito pela doutrina contemporânea.

Resta perguntar: após Genoveva ser agredida com socos e pontapés pelo marido, sua reação no sentido de dar-lhe uma única facada foi desproporcional?

Primeiramente, devemos lembrar que a relação de proporcionalidade, em um primeiro momento, deve ser aferida na comparação entre o bem jurídico ameaçado e aquele que é violado para se defender o primeiro. No caso, o bem jurídico ameaçado era a integridade corporal, e o violado, do mesmo modo, por

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quem estava se defendendo, também foi a integridade corporal. Quer dizer: por este prisma não podemos utilizar o princípio da proporcionalidade para afastar a incidência da legítima defesa, mesmo que tenha sobrevindo lesão grave a Zeno.

O princípio da proporcionalidade foi lembrado pelos doutrinadores em sede de legítima defesa principalmente para afastar alegações de legítima defesa da honra ou do patrimônio; em ocasiões nas quais o indivíduo para defender a sua honra ou de outrem, ou mesmo o patrimônio, age no sentido de tirar a vida do agressor. Nesse caso, segundo é evidente, o revide é claramente desproporcional.

Lembram Gomes e Molina (2007, v. 2, p. 451) que o nosso CP não usa a palavra proporcionalidade no seu art. 25, dizendo apenas que a repulsa deve ser mediante a utilização dos meios necessários e com moderação. Diante disso, exemplificam os autores: “Se o sujeito ataca a socos, por exemplo, em princípio, a reação não pode ser armada (não é preciso arma para se defender de ataque a mãos limpas). Mas tudo isso é muito relativo. Depende de quem é a pessoa que ataca e de quem se defende. Ataque a socos de um lutador de boxe lógico que vai permitir à vítima (inferiorizada corporalmente) reação armada (proporcional). Ataque de um lutador de artes marciais autoriza reação armada (pode-se chegar até à morte, desde que tenha havido proporcionalidade)”.

Guilherme de Souza Nucci (2006, p. 241), falando sobre o uso dos meios necessários para repelir a injusta agressão, sem afastar (por óbvio) a exigência da moderação no uso desses meios, assim pondera: “Não se exige, no contexto da legítima defesa, tal  como se faz no estado de necessidade, a fuga do agredido, já que a agressão é injusta. Pode ele enfrentar a investida, usando, para isso, os meios que possuir ao seu alcance, sejam eles quais forem. […] O agressor pode estar, por exemplo, desarmado e, mesmo assim, a defesa ser realizada com emprego de arma de fogo, se esta for o único meio que o agredido tenha a seu alcance. O direito não deve ceder ao injusto, seja a que pretexto for”. (Grifos nossos)

No caso do enunciado, entendo que não houve reação desproporcional, visto não ser exigível de uma mulher (que em circunstâncias normais é fisicamente mais frágil que o homem) que apanhe do marido (socos e pontapés, no caso da questão, que lhe provocaram lesões leves; e isto porque a agressão foi

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cessada por sua reação) ou mesmo que restrinja a sua defesa ao uso de seu próprio corpo (ficando impedida de usar qualquer arma), visto que, em circunstância usuais, sua desvantagem é evidente.

Quanto ao excesso, previsto no art. 23, parágrafo único, do CP, certamente também não houve, visto que, segundo consta no enunciado, a mulher desferiu uma única facada no agressor (não sendo exigível, durante uma situação dessa, que ela escolhesse minuciosamente em qual parte do corpo iria atingi-lo); e uma vez cessada a agressão do marido, não há registros que tenha continuado a atingi-lo. Conforme explica Rogério Greco (2010, v. I, p.32): “Da mesma forma que o excesso doloso, no excesso culposo o agente responderá por aquilo que ocasionar depois de ter feito cessar a agressão que estava sendo praticada contra sua pessoa”. (Grifos nossos)

6.  Lourenço é policial civil. Certo dia, quando estava realizando investigações para combater o tráfico ilícito de drogas viu um traficante, de nome Juan, sendo agredido por dois usuários de entorpecentes, que estavam revoltados porque Juan havia lhes vendido pó de trigo feito cocaína. Lourenço estava armado com uma pistola, os dois usuários estavam apenas com pedaços de pau e o traficante estava sem arma nenhuma. No momento, Lourenço chegou a pensar em interferir para salvar Juan, porém resolveu ficar inerte, apenas assistindo a confusão. Nesse instante, surgiu Lucas, que possui um comércio no local, e ficou juntamente com Lourenço assistindo a briga por vinte minutos. Depois de muito bater em Juan os usuários foram embora. Nesse instante Lourenço falou para Lucas que era policial, diante do quê os dois se aproximaram de Juan e constataram que o mesmo já estava morto. Lourenço, então, pediu emprestado o celular que Lucas trazia consigo e ligou para chamar o pessoal do IML para fazer a remoção do cadáver.

Nesse caso, por qual(is) crime(s) devem responder Lourenço e Lucas? Justifique.

Resposta:

Lourenço na condição de policial tinha o dever de agir no sentido de evitar o resultado que sobreveio a Juan. É inquestionável que, no caso, responde por homicídio, visto que, mesmo portando arma de fogo enquanto que os agressores estavam utilizando apenas pedaços de pau, se furtou de agir, sendo, na ocasião, perfeitamente possível sua interferência.

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Rogério Greco (2009, p. 143) dá o seguinte exemplo envolvendo policial, afirmando previamente que o dever de agir do mesmo decorre do art. 144 da CF: “Dessa forma, o policial, como regra, encontra-se na situação de garantidor em virtude de uma imposição legal. Assim, como exemplificamos acima, se o policial, dolosamente, deixa de prestar socorro à vítima que havia sido atingida por um disparo de arma de fogo, por reconhecê-lo como um perigoso traficante, se esta vier a falecer, não será responsabilizado pelo crime de omissão de socorro (art. 135, parágrafo único, do CP), mas, sim, pelo homicídio doloso por omissão”.

No caso da questão o policial presenciou toda a agressão. Se o policial que apenas encontra alguém ferido e dolosamente deixa de socorrê-lo já é enquadrado em homicídio doloso, imagine aquele que presencia toda a agressão, sabendo que ela poderá levar a vítima à morte, e nada faz para socorrê-la, tendo plena possibilidade de fazê-lo.

Na hipótese versada seria também possível atribuir a Lourenço a qualificadora prevista no art. 121, § 2º, III, do CP, visto que a morte através de várias pauladas pode ser considerado meio cruel (TJPR, 1ª Câmara Criminal, ACR 4304076, j. 21-08-2008, DJ 7694), e ele estava ciente dessa circunstância objetiva, devendo por ela responder, visto que sua conduta é acessória em relação ao comportamento dos executores do delito[1]. Entendo, de outro modo, que não se possa argumentar que esteja presente no caso a qualificadora do art. 121, § 2º, IV, do CP, visto que o simples fato do crime ter sido executado por dois agentes não leva à caracterização de modo de execução que dificultou ou tornou impossível a defesa do ofendido, visto que este modo (genericamente considerado), para qualificar o crime de homicídio, tem que ser análogo à traição, emboscada ou dissimulação, ou seja, tem que ser insidioso (traiçoeiro). Bitencourt (2010, v. 2, p. 85) destaca que: “Recurso que dificulta ou impossibilita a defesa somente poderá ser hipótese análoga à traição, emboscada ou dissimulação, do qual são exemplificativas”. Do magistério de Mirabete e Fabbrini (2008, v. 2, p. 41) colhe-se: “Também não se qualifica o delito pela simples superioridade de armas (RT 578/331, 534/333, 445/461, 459/344; JTJ 166/296) ou pelo concurso de agentes (RJTJESP 26/401)”. (Grifos nossos)

No tocante à conduta de Lucas, deve-se primeiramente verificar que ele não estava na posição de garante, afastando-se a hipótese de crime omissivo

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impróprio.

Na circunstância, ele não poderia interferir para salvar o traficante, visto que havia dois homens armados com paus agredindo a vítima, porém poderia muito bem acionar as autoridades públicas, visto que portava um telefone celular. Desse modo, sua conduta é enquadrada no art. 135, parte final, do CP, devendo responder pelo crime de omissão de socorro. Ressalte-se, outrossim, que também deve responder pela majorante constante no parágrafo único, parte final, do art. 135 do CP, visto que sobreveio morte à vítima.

EXERCÍCIO - HOMICÍDIO (ART. 121 do CP)

QUESTÃO:

SAULO (18 anos) resolveu matar ROBERTO (20 anos) para evitar que este casasse com sua mãe (MARISA, de 50 anos) sob o regime de comunhão universal de bens, pois sabia que tal pessoa queria apenas aplicar um golpe em sua genitora, que se encontrava totalmente apaixonada pelo conquistador. Sabendo disso, FERNANDA (20 anos), irmã de SAULO e também filha de MARISA, para fortalecer a ideia de SAULO, imitou a caligrafia de ROBERTO e falsificou um bilhete onde este supostamente declarava que tinha um caso com a namorada de SAULO, deixando referido documento jogado no quarto de seu irmão. Quando leu o bilhete, SAULO imediatamente procurou ROBERTO e lhe desferiu duas facadas no abdômen. Logo depois, muito nervoso e crendo que a vítima já havia falecido, pois estava inconsciente, enterrou-a em um terreno isolado. Após alguns dias, todas as circunstâncias do crime foram elucidadas pela polícia. Foi constatado, ainda, através do exame necroscópico que ROBERTO faleceu asfixiado, visto que foi enterrado vivo, e que as facadas seriam insuficientes para provocarem sua morte. Somente depois de preso é que SAULO ficou sabendo que o bilhete que lhe deixou furioso foi falsificado por sua irmã.

Diante da situação hipotética descrita, responda fundamentadamente: SAULO e/ou FERNANDA cometeram algum crime? Caso positivo, qual? Tentado ou consumado? Deve ser reconhecido algum privilégio e/ou qualificadora no caso?

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RESPOSTA:

SAULO, indubitavelmente, cometeu o crime de homicídio. FERNANDA, sua irmã, instigou através de um bilhete falsificado o agente a praticar o delito. Figura, portanto, como partícipe no crime referido (participação moral). Vale ressaltar que o fato de SAULO não saber da concorrência de FERNANDA não elimina a responsabilidade desta, visto que, no concurso de pessoas, é perfeitamente possível ao partícipe aderir à conduta do agente sem o conhecimento deste, visto não ser necessário um ajuste prévio entre eles[1].

Alguns alunos fizeram referência ao cometimento dos crimes de falsificação de documento por parte de FERNANDA e de ocultação de cadáver por parte de SAULO. Esse ponto não foi cobrado, visto que se trata de crimes que ainda não foram estudados pela turma. 

Desde já se esclarece, contudo, que seria possível reconhecer que FERNANDA incidiu no crime do art. 298 do Código Penal (falsificação de documento particular) por ter falsificado um bilhete, porém poder-se-ia também defender que tal crime foi absorvido pelo crime-fim pretendido pela agente (homicídio) por força do princípio da consunção. A discussão, no entanto, geraria polêmica.

Quanto à ocultação de cadáver (art. 211 do CP), necessário observar que o tipo prevê a seguinte conduta: “Art. 211. Destruir, subtrair ou ocultar cadáver ou parte dele”. 

Em um primeiro momento devemos refletir que o objeto material desse crime é o cadáver (corpo humano sem vida) ou parte dele.  Referida constatação levaria, em príncípio, à conclusão de que se não havia cadáver no momento da ação tornar-se-ia impossível a consumação do delito por impropriedade do objeto (art. 17 do CP), pois quando SAULO enterrou a vítima, a mesma ainda estava viva. 

Ensinam Luiz Flávio Gomes e Antonio García-Pablos de Molina (2007, v. 2, p. 490), contudo,  que a impropriedade do objeto, para o crime se reputar como impossível deve ser absoluta, e ainda, que essa verificação de impropriedade absoluta deve ser feita ex post factum (após a realização do fato). No mesmo sentido a doutrina da Guilherme de Souza Nucci (2006, p. 183), que também

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afirma que a averiguação de idoneidade do objeto deve ser feita após a ocorrência do fato, dizendo ele que este: "trata-se do único método seguro para analisar se o objeto era, realmente, absoluta ou relativamente impróprio [...]".

Nesse andar, se formos averiguar o objeto material do crime do art. 211 do CP depois da ocorrência do fato hipotético em comento, chegaremos à conclusão que o mesmo foi atingido, visto que apesar da vítima ainda estar viva quando SAULO lhe enterrou, lá ela morreu e se transformou em um cadáver que ficou oculto; conformando-se o resultado, assim, com o dolo do agente (que era ocultar um cadáver, que em um momento inicial ainda não existia, mas que depois passou a existir).

Assim, pode-se defender que, no caso, tenha ocorrido homicídio em concurso com ocultação de cadáver, sendo que este último crime pode ser atribuído apenas a SAULO. Esse entendimento é simétrico aos ensinamentos de Rogério Greco (2010, v. I, p. 591), conforme segue: "Pode acontecer, ainda, que ocorra um resultado aberrante também na hipótese em que o agente, após efetuar dois disparos, supondo já ter causado a morte da vítima, com a finalidade de ocultar o suposto cadáver, coloca-a em uma cova, enterrando-a, sendo que esta, na verdade, ainda se encontra viva, vindo, contudo, a morrer asfixiada. [...] havendo o 'dolus generalis', o agente deverá ser responsabilizado pelo seu dolo inicial, ou seja, se pretendia causar a morte com os disparos por ele efetuados, mas se esta somente ocorreu depois que a vítima fora enterrada e asfixiada, continuará a ser responsabilizado por um único crime de homicídio doloso consumado, além do delito de ocultação de cadáver".

Continuando a responder os demais questionamentos, repise-se que o homicídio, no qual figura SAULO como autor e FERNANDA como partícipe, se consumou, pois foi produzido o resultado lesivo pretendido (qual seja: morte de ROBERTO).

É bem verdade que ocorreu o fenômeno do aberratio causae, porém isso não interfere na responsabilização penal primária, segundo bem explica Fernando Capez (2003, v. 1, p. 190):

Dolo geral, erro sucessivo ou “aberratio causae”: quando o agente, após realizar a conduta, supondo já ter produzido o resultado, pratica o que entende ser um exaurimento e nesse momento atinge a consumação. Exemplo: um

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perverso genro, logo após envenenar sua sogra, acreditando-a morta, joga-a, o que supunha ser um cadáver, nas profundezas do mar. A vítima, no entanto, ainda se encontrava viva, ao contrário do que imaginava o autor, vindo, por conseguinte, a morrer afogada. Operou-se um equívoco sobre o nexo causal, pois o autor pensava tê-la matado por afogamento. No momento em que imaginava estar simplesmente ocultando um cadáver, atingia a consumação. Tal erro é irrelevante para o Direito Penal, pois o que importa é que o agente queria matar, e acabou, efetivamente, fazendo-o, não interessando se houve erro quanto à causa geradora do resultado morte. O dolo é geral e abrange toda a situação, até a consumação, devendo o sujeito ser responsabilizado por homicídio doloso consumado, desprezando-se o erro incidente sobre o nexo causal, por se tratar de um erro meramente acidental. Mais. Leva-se em conta o meio que o agente tinha em mente (emprego de veneno), para fins de qualificar o homicídio, e não aquele que, acidentalmente, acabou empregando (asfixia por afogamento).

 Quanto à indagação, se deve ser reconhecido algum privilégio e/ou qualificadora no caso, de início cabe afastar a incidência da asfixia como circunstância qualificadora; pois o agente não responde para esse efeito pela causa real da morte (no caso, asfixia), mas sim pela causa através da qual pretendida provocar o óbito (ou seja, esfaqueamento). Fundamenta-se tal posição na doutrina transcrita imediatamente acima.

Analisando a presença de outra(s) qualificadora(s), observei que alguns alunos mencionaram a ocorrência de motivo torpe (art. 121, § 2º, I, do CP) por conta de eventual ganância de SAULO que teria motivado o crime, considerando que se sua mãe casasse com ROBERTO teria sua herança reduzida.

Deve ser observado, porém, que a questão não trouxe nenhum elemento que pudesse permitir, com segurança, a conclusão que havia esse sentimento de ganância. Pelo contrário, o enunciado deixa evidente que a motivação do agente era evitar que sua mãe fosse enganada. É claro que se o caso fosse real, caberia forte discussão sobre a presença ou não da ganância. Aqui se trata, porém, de uma questão hipotética, na qual devemos nos prender ao que consta no enunciado. E, na presente situação o enunciado não permite, implícita o explicitamente, detectar a presença da ganância como motivadora da ação do agente.

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Quanto ao ciúme que também acabou funcionando como causa motivadora do crime, o mesmo também não leva à configuração de motivo torpe nem fútil, segundo já assentado na doutrina[2].

Ressalto, outrossim, que o fato do aluno defender a presença da qualificadora do motivo torpe na situação não foi determinante na escolha das melhores respostas, visto que se trata de um aspecto secundário.

Quanto à presença ou não de privilégio, importante pontuar que SAULO agiu tentando proteger sua mãe e também, de certa forma, influenciado ou acometido por violenta emoção.

Deve ser observado, não obstante, que apesar de haver um motivo aparentemente nobre para o cometimento do crime (querer proteger a mãe de um conquistador) este motivo não chega a configurar um relevante valor social ou moral. A expressão “relevante” é importantíssima nesse contexto; segundo bem leciona Cezar Roberto Bitencourt (2010, v. 2, p. 203):

É insuficiente, porém, para o reconhecimento da privilegiadora o valor social ou moral do motivo: é indispensável que se trate de valor relevante, como destaca o texto legal. E a relevância desse valor, social ou moral, é avaliada de acordo com a sensibilidade média da sociedade e não apenas segundo a sensibilidade maior ou menor do sujeito ativo, embora não se possa esquecer que a relevância do valor social ou moral é subjetiva e não puramente objetiva, segundo os padrões da sociedade e não conforme o entendimento pessoal do agente.

Desse modo, sob o ponto de vista subjetivo da sociedade como um todo, segundo me parece, não havia esse valor relevante determinando a conduta de SAULO.

Quanto a eventual violenta emoção do agente, independentemente de se analisar se ela existiu ou não, descarta-se de imediato a sua incidência, visto que ela não foi motivada por injusta provocação da vítima.

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Por fim, ressalto que percebi que alguns alunos fizeram também, em suas respostas, referências a circunstâncias agravantes e atenuantes. Não vou, contudo, aqui analisá-las, visto que o enunciado não exigia a identificação das mesmas.

Feitas as considerações supra (que valem como fundamentação), temos, em síntese, as seguintes respostas conclusivas:

1)   SAULO e/ou FERNANDA cometeram algum crime?

     Resposta: sim.

2)   Caso positivo, qual?

     Resposta: crime de homicídio.

3)   Tentado ou consumado?

      Resposta: consumado.

4)   Deve ser reconhecido algum privilégio e/ou qualificadora no caso?

      Resposta: não.

EXERCÍCIOS COMENTADOS - ARTS. 121 a 154 do CP

1. Considere a seguinte situação hipotética: Fernando manteve relações sexuais com sua empregada doméstica, Antônia, vindo a engravidá-la. O ocorrido deixou Fernando extremamente preocupado, visto que era casado, e temia que sua esposa descobrisse a traição. A situação de estresse fez com que Fernando passasse a tratar Antônia com rispidez. Sempre falava firmemente com a doméstica (evitando qualquer tipo de intimidade), porém sem exceder as suas prerrogativas de patrão.

Certo dia, quando chegou em casa, percebeu que seus filhos tinham tomado banho e molhado completamente o banheiro, deixando-o também todo lambuzado de sabão. Imediatamente, Fernando, de forma imprudente, determinou que Antônia, já com sete meses de grávida, lavasse referido cômodo. Ao cumprir a determinação do patrão, a doméstica, por conta de seu estado (tinha dificuldades para se abaixar, visto que a barriga já estava muito

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grande) e da espécie de serviço que teve que executar, caiu violentamente, quebrando o braço direito, e apresentando sangramento vaginal. Após a queda, Fernando socorreu Antônia, levando-a ao hospital, porém infelizmente a mesma veio a perder o bebê que carregava em seu ventre.

Nesse caso Fernando deve responder pelo(s) seguinte(s) crime(s):

a) Nenhum crime.

b) Lesão corporal dolosa.

c) Aborto.

d) Aborto e lesão corporal.

e) Lesão corporal culposa.

Comentários:

A assertiva correta corresponde à letra “e”.

Note-se que existem alguns elementos exigíveis para configuração do delito culposo, quais sejam (GRECO, 2007, v.I, p. 197): a) conduta humana voluntária, comissiva ou omissiva; b) inobservância de um dever objetivo de cuidado (negligência, imprudência ou imperícia); c) o resultado lesivo não querido, tampouco assumido, pelo agente; d) nexo de causalidade entre a conduta do agente que deixa de observar o seu dever de cuidado e o resultado lesivo dela advindo;e) previsibilidade; f) tipicidade.

A questão já diz textualmente que Fernando agiu de forma imprudente ao mandar Antônia lavar o banheiro nas condições em que se encontrava, e considerando também a situação física da mesma. De outro modo, certamente houve previsibilidade (mesmo que seja somente objetiva) da queda e respectiva lesão corporal e aborto. A lei não pune o aborto culposo, de modo que resta apenas a punição, no caso, pelas lesões corporais culposas.

2. Considere a seguinte situação hipotética: Rufino, após ser chamado de “ladrão” por Noel, reagiu imediatamente, chamando o mesmo de “corno”. O fato foi presenciado por várias pessoas. Os dois agiram com intenção de afetar a honra subjetiva da parte contrária respectiva.

Em referida situação:

a) Rufino poderá ser beneficiado com perdão judicial, visto que apenas retorquiu a injúria sofrida.

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b) Tanto Rufino quanto Noel poderão ser beneficiados pelo perdão judicial.

c) Noel cometeu o crime de calúnia, visto que imputou falsamente fato criminoso a Rufino.

d) Rufino cometeu o crime de calúnia, visto que imputou fato desonroso a Noel.

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Comentários:Assertiva correta: letra “a”.

Na situação hipotética narrada não se identifica calúnia nem difamação, considerando que não houve imputação de fato específico (desonroso ou criminoso) por nenhum dos envolvidos à parte adversa. Há somente injúria de um contra o outro. Prevê o CP (art. 140, parágrafo 1º) casos em que o juiz pode, em se tratando de crime de injúria, conceder perdão judicial, deixando de aplicar a pena, sendo eles: a) quando há provocação da vítima; b) retorsão imediata. Na questão é ilustrada uma hipótese de retorsão imediata por parte de Rufino, que após ser chamado de “ladrão” por Noel, ofendeu a este, chamando-o de “corno”. Não cabe atribuir o mesmo benefício (do perdão judicial) a Noel, visto que não agiu após provocação e nem retorquiu a injúria antes sofrida. Nesse sentido ensina a melhor doutrina (CAPEZ, 2006, v.2, p.263): “Com efeito, tanto não há a compensação de crimes que o primeiro injuriador, causador da retorsão, não é beneficiado pelo perdão judicial, respondendo pelo crime contra a honra. Somente o sujeito que sofreu a injúria e a retrucou será contemplado com a causa extintiva da punibilidade”.

3. Considere a seguinte situação hipotética: Ronaldo possui uma propriedade rural onde planta soja. Após arregimentar um grupo de cem trabalhadores, passou a manter vigilância armada no local, proibindo que os obreiros saíssem da propriedade sem sua autorização prévia, com o objetivo de fazê-los colher a safra com extrema rapidez. Antes dos mesmos começarem a trabalhar assinaram um contrato através do qual se comprometeram a não sair da fazenda enquanto durasse a colheita da safra, mesmo que fosse em seus horários de folga. O patrão sempre alertava que quem tentasse fugir iria ser demitido sem direito a qualquer remuneração, além de correr o risco de levar tiros.

Nesse caso, Ronaldo deve ser condenado pelo(s) seguinte(s) crime(s):

a) ameaça (art. 147 do CP), seqüestro e cárcere privado (art. 148 do CP) e redução a condição análoga à de escravo (art. 149, parágrafo 1º, II, do CP).

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b) seqüestro e cárcere privado.

c) redução a condição análoga à de escravo.

d) constrangimento ilegal (art. 146 do CP).

e) Nenhum dos crimes evidenciados anteriormente.

Comentários:

Assertiva correta: letra “c”.

O contexto fático hipotético descrito evidencia que os demais crimes espelhados nas alternativas incorretas emanam de circunstâncias direcionadas (no caso que se apresenta) para a realização do crime de redução a condição análoga à de escravo (art. 149 do CP). Tanto o cerceamento da liberdade de locomoção, quanto as ameaças e eventual constrangimento ilegal foram levados a efeito para garantir a consumação do crime descrito no art. 149 do CP. E, assim ocorrendo, a hipótese é de crimes de uma única espécie (considerando a pluralidade de vítimas do crime de redução a condição análoga à de escravo), afastando-se o concurso heterogêneo de delitos.

Nesse sentido ensina Capez (2006, v.2, p.321): “Resta mencionar que alguns crimes acabam sendo absorvidos pela conduta do art. 149 do CP; é o caso da ameaça, do constrangimento ilegal, do cárcere privado”.

4. Considere a seguinte situação hipotética: durante uma festa as pessoas começaram jogar cerveja umas nas outras. Algumas ficaram enfurecidas e começaram uma confusão indiscriminada, onde várias pessoas se agrediam mutuamente. Durante a confusão, Roberto foi atingido por uma garrafa, vindo a falecer. A polícia chegou, e levou para a delegacia vinte pessoas que, comprovadamente, estavam participando do confronto. Durante as investigações, foram requisitadas as imagens do circuito interno da casa de show, ficando comprovado que a garrafada que levou Roberto a óbito foi desferida por Leonardo, que participou do confronto desde o início. Leonardo confessou que agiu com animus necandi. Quanto às demais agressões ocorridas durante o entrevero, não foi possível estabelecer a autoria, sendo elas apenas de natureza leve. Diante disso:

a) Todos os envolvidos na confusão (exceto Roberto, por óbvio), devem responder pelo crime de homicídio.

b) Leonardo deve responder apenas pelo crime de homicídio.

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c) Leonardo deve responder pelo crime de homicídio em concurso com o crime de rixa.

d) As demais pessoas envolvidas no confronto (exceto Leonardo e Roberto), devem responder somente pelo crime de rixa simples (art. 137, caput, do CP).

e) Nenhuma das alternativas anteriores está correta.

Comentários:

Assertiva correta: letra “c”.

Não há dúvida na doutrina de que, uma vez sendo identificado o autor de homicídio praticado durante a rixa, deve ele responder pelos dois crimes (rixa e homicídio). Note-se que no crime de rixa, o sujeito passivo não é somente a pessoa que morreu, mas também os demais rixosos. Não é possível, portanto, dizer que o homicídio absorve o crime de participação na rixa.

Há, contudo, discussão doutrinária relevante no sentido de definir se o autor do homicídio deve responder por este em concurso com rixa simples ou com rixa qualificada. Por tal razão, mencionamos na letra “c” apenas o crime de “rixa”, não especificando sua forma.

Quanto aos demais contendores (exceto o que morreu, por óbvio), devem responder pelo crime de rixa qualificada.

Quanto ao ponto abordado, consultar GRECO, 2007, v.II, pp. 403 e 406-409.