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Jornal mensal da Igreja Metodista Maio de 2008 Ano 122 número 5 Palavra Episcopal Memória Pela Seara Reflexão Testemunho Entrevista Oração, comunhão, humildade, serviço No Encontro Nacional de Pastores e Pastoras, Igreja Metodista exortou seu corpo pastoral a “reavivar o dom”. Veja a cobertura completa. Páginas 8 a 14. Desafios missionários Discípulos(as) de Je- sus são chamados(as) para proclamar salva- ção fora do templo. Página 3 Um século de Dias das Mães A incrível história da metodista Anna Jarvis, que criou a data e se arrependeu. Página 5 Templo indígena Igreja Metodista inaugura templo na Aldeia Maruway, em Roraima. Página 7 Amar a Deus pelo que Ele é E não pelo que Ele nos dá. Palestra de Ricardo Gondim. Página 12 Das grades para a prisão Os testemunhos de fé no encontro minis- terial. Página 14 Amazing Grace Filme sobre abolição da escravatura chega em DVD. Página 15 Vós sois o sal da terra Juname 2008 Semana Wesleyana, em sua 57ª edição, cele- bra Cem Anos de Credo Social Metodista. De 26 a 30 de maio. Página 15. Juvenília Nacional Metodista de 2008 será em Teresópolis, RJ. Inscrições já estão abertas. Página 6.

Expositor Maio 2008

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Page 1: Expositor Maio 2008

Jornal mensal da Igreja Metodista • Maio de 2008 • Ano 122 • número 5

Palavra Episcopal

Memória

Pela Seara

Reflexão

Testemunho

Entrevista

Oração, comunhão, humildade, serviçoNo Encontro Nacional de Pastores e Pastoras, Igreja Metodista exortou seu corpo

pastoral a “reavivar o dom”. Veja a cobertura completa. Páginas 8 a 14.

Desafiosmissionários

Discípulos(as) de Je-sus são chamados(as)para proclamar salva-ção fora do templo.

Página 3

Um século de Diasdas Mães

A incrível história dametodista Anna Jarvis,que criou a data e searrependeu.

Página 5

Templo indígena

Igreja Metodistainaugura templo naAldeia Maruway, emRoraima.

Página 7

Amar a Deus peloque Ele é

E não pelo que Elenos dá. Palestra deRicardo Gondim.

Página 12

Das gradespara a prisão

Os testemunhos defé no encontro minis-terial.

Página 14

Amazing Grace

Filme sobre aboliçãoda escravatura chegaem DVD.

Página 15

Vós sois o sal da terra Juname 2008

Semana Wesleyana, em sua 57ª edição, cele-bra Cem Anos de Credo Social Metodista.

De 26 a 30 de maio. Página 15.

Juvenília Nacional Metodista de 2008 será emTeresópolis, RJ. Inscrições já estão abertas.

Página 6.

Page 2: Expositor Maio 2008

Maio 20082 Palavra do leitor

Presidente do Colégio Episcopal: Bispo João Carlos LopesConselho Editorial: Magali Cunha, José Aparecido, Elias Colpini, Paulo Roberto SallesGarcia e Zacarias Gonçalves de Oliveira Júnior.Jornalista Responsável: Suzel Tunes (MTb 19311 SP)Estagiário de comunicação: José Geraldo Magalhães JúniorCorrespondência: Avenida Piassanguaba nº 3031 Planalto Paulista - São Paulo - SPCEP 04060-004 - Tel.: (11) 6813-8600 Fax: (11) 6813-8632home: www.metodista.org.br e-mail: [email protected]

A redação é responsável, de acordo com a lei, por toda matéria publicada e, sendoassim, reserva a si a escolha de colaborações para a publicação. As publicações assinadassão responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opiniãodo jornal. Propriedade da Imprensa Metodista, inscrição no 1o Oficial de Registro deTítulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica, sob o número de ordem 176.

Órgão oficial da Igreja Metodista, editado mensalmente sob a responsabilidade do Colégio EpiscopalFundado em 1º de janeiro de 1886 pelo missionário Rev. John James Ransom

A produção do Jornal Expositor Cristão é realizada em convênio com oInstituto Metodista de Ensino Superior, que cuida da diagramação edistribuição do periódico. O conteúdo editorial é definido pela Sede Nacionalda Igreja Metodista.Editoração eletrônica: Maria Zélia Firmino de SáProjeto Gráfico: Alexander Libonatto FernandezImpressão: Gráfica e Editora RudcolorAssinaturas e RenovaçõesFone: (11) 4366-5537e-mail: [email protected] do Sacramento n. 230 Rudge Ramos - São Bernardo do Campo - SPCEP 09640-000 www.metodista.br/editora

Editorial

Basta uma rápida olhadapelas páginas do jornal e vocêjá percebe: esta edição é quasetoda dedicada ao Encontro dePastores e Pastoras, que acon-teceu no início do mês passado.Trazemos um pouco do conteú-do das palestras, das oficinas,dos testemunhos; houve, certa-mente, momentos marcantes.Mas tenho certeza de que ne-nhum dos palestrantes se ofen-deria se eu dissesse que o me-lhor de todo o evento foi,simplesmente, o encontro. Apossibilidade de rever irmãos eirmãs distantes na geografia eno tempo. Encontrei o Hen-rique, pastor que não via háuns 20 anos. Expresso-me mal.Na verdade, foi o Henrique queveio ao meu encontro, no“QG”da Sede Nacional, a recep-ção do hotel onde trabalháva-mos. Perguntou por mim e pelaminha família, e eu nem podiaimaginar que ele se lembravade nós. O Bispo Roberto tam-bém disse uma coisa interes-sante: que não se sentia deslo-cado ao ir para Minas Gerais(sendo do Rio), pois se reco-nhecia metodista em qualquerparte do planeta.

Não pode ser por mera retó-rica que nos tratamos por ir-mãos e irmãs. Mas, como todafamília, é certo que temos di-ferenças, muitas vezes signifi-cativas, realidade que o Encon-tro de Pastores revelou commuita clareza. Integrar as dife-renças num todo que respeite adiversidade – sem cair na frag-mentação – é o desafio que aIgreja tem no momento.

O encontro com irmãos deoutras denominações religiosastambém nos desafia. Neste anocomemoramos um século dainstituição da Semana de Ora-

Encontrosção pela Unidade dos Cristãos.Na página 4, você verá que aIgreja Metodista, por meio dogrupo de estudos do ecumenis-mo, instituído pelo Concílio Ge-ral, avalia sua vivência inter-re-ligiosa. Mais um motivo deoração para essa semana...

Na página 5, continuamos“em família”, nos lembrando doDia das Mães, data comemorati-va que também (vejam só!)completa 100 anos. Essa é umacelebração que nasceu do amorfilial de uma mulher metodista.E foi movida pelo mesmo amore respeito que Anna Jarvis, acriadora do Dia das Mães, tam-bém lutou para eliminar a datado calendário. Descubra por quê.

E assim que chegar às prate-leiras das locadoras, conheçatambém uma outra história in-crível: o filme Jornada pela Li-berdade, dica de cultura da pá-gina 15. Se possível, assista-ocom sua igreja. Ele fala da histó-ria da abolição da escravatura naInglaterra, que motivou a luta deabolicionistas nos Estados Unidose no Brasil. Essa conquista tam-bém é fruto de um encontro, umencontro com Cristo e com osideais de justiça social do movi-mento wesleyano. Neste mês emque nos lembramos do 13 demaio – com gratidão, mas cons-ciência crítica — também nospreparamos para comemorar umoutro centenário: a criação doCredo Social Metodista. Aprende-mos com Wesley que “não hásantidade que não seja santida-de social”. E este será o tema da57ª Semana Wesleyana, de 26 a30 de maio, na Faculdade deTeologia – momento de encontrocom nossa história e com nossaprofissão de fé.

Suzel [email protected]

JuvenisFoi uma experiência maravi-

lhosa acompanhar nossos adoles-centes para participação no Con-gresso Regional (2ª RE). Aparticipação deles foi brilhante enotadamente reconhecida pelosdemais participantes. Registromeu agradecimento especial aoPastor João Emílio (Igreja VilaJardim) e sua esposa Beatriz,aos irmãos Elieser e Paulo pelamobilização dos juvenis e demaisprovidências que garantiram comsucesso a representação de nos-sa Igreja no Congresso.

Eunice Nonato, PortoAlegre, RS.

Jornal Não concordo com as críti-

cas feitas pelo Pastor Jânio àatual linha de nosso ExpositorCristão (Palavra do Leitor, mar-ço de 2008). Historicamentesomos uma igreja inteligente enão devemos abrir mão disso.Nivelar por baixo, nunca. Preci-samos trabalhar o nosso povopara que volte a apreciar o queé realmente bom, não se con-tentando com a mediocridade.

Cléber Paradela

RessurreiçãoTenho lido seus editoriais

e artigos no Expositor com mui-to prazer e proveito. Gostei es-pecialmente da última ediçãocom o artigo sobre José deArimatéia e Nicodemos. Por issoestou lhe enviando Stories ofthe Crucifixion (Histórias sobrea Crucificação) que meu filhoTed Peterson escreveu. Ted foicriado no Brasil e foi estudar nosEstados Unidos, onde é pastormetodista. O texto está em in-glês porque não encontrei quemo traduzisse para lhe enviar.Também me interessei lendo a

matéria sobre os novos missio-nários. Conheço o casal e tenhoorado pela pastora Maísa há 15anos. Só não tenho o endereçodela por enquanto. Sou pastor eeducador na quarta região, te-nho 88 anos, aposentado há 12.Tenho boa saúde e Deus não medeixou aposentar de pregar nopúlpito. Oro 3 a 4 horas por dia,examino minha crença e outrastarefas que preencham meu diadas 07:30h às 17:30h. Paro so-mente para almoçar e fazerexercícios físicos. Deus me per-guntou: Por que você acha a Bí-blia Sagrada? Como o bispoRoberto recomendou, estou exa-minando as crenças e tenho al-gumas idéias novas incluindo su-gestões. A Bíblia é santa porquefala das revelações de Deus,mas o próprio Deus já fez mui-tas revelações que a Bíblia nãofala, por exemplo, ao criar omundo, antes do povo hebreu, edepois dos Apóstolos. O EspíritoSanto não pára de trabalhar. Emtempo: tenho uma lista de uns23 brasileiros metodistas traba-lhando para a Igreja em outrospaíses. Agora tem mais estes 4e alguns talvez completaram seuserviço lá. Os metodistas sabemcomo estamos trabalhando entreos metodistas imigrantes, empaíses que usem português, eoutros países?

Arthur T. Peterson,Campanha – MG

Muito obrigada por suas pa-lavras carinhosas e pela suges-tão de reportagem. Já tivemos aoportunidade de destacar o tra-balho de alguns missionáriosbrasileiros no exterior e as no-tícias que eles nos mandam sãosempre bem vindas. Tenho certe-za, também, que eles se senti-rão abençoados ao saber queexiste no Brasil alguém que oraincansavelmente por eles(as).

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Maio 2008 3Palavra Episcopal

O texto de Atos 3.1-10,bem como o discurso (testemu-nho de fé) que segue, do após-tolo Pedro, além dos desdobra-mentos registrados no capítulo4, têm como fato central acura (mudança profunda na vidae nas relações) de uma pessoamarginalizada e discriminadasocialmente, e excluída religio-samente. Esse fato expõe umcontexto de controvérsias, queevidenciam as relações de po-der e autoridade presentes naorganização das estruturas edas instituições sociais.

Vejam que no capítulo 4.7a clássica pergunta do Siné-drio para os apóstolos expli-cita o confronto: “Com quepoder ou por meio de que no-me fizestes isso?”.

O lugar de anúncio élugar de confronto

O lugar de anúncio da graçasalvadora e libertadora de Deuse da presença evangelizadorada Igreja dá-se, sempre, emmeio a confrontos entre o quejá está estabelecido e a novi-dade do Reino.

O texto nos coloca no espa-ço do templo e de suas imedi-ações. Como se sabe, o Tem-plo de Jerusalém (Templo deHerodes) era constituído de di-ferentes espaços, que, de cer-to modo, refletiam a própriaorganização social da Palestina.Havia o pátio dos sacerdotes,o pátio de Israel para os ho-mens, o pátio das mulheres eo pátio dos gentios. Também,havia o espaço físico destinadoao Sinédrio. Havia várias por-tas de acesso. O fato dá-se emfrente à porta Formosa, no es-paço onde os gentios podiamficar. Era o pátio exterior quedava acesso ao primeiro pátiointerior do templo propriamen-te dito, o das mulheres. Por-tanto, o único pátio realmentefora do templo, espaço permi-tido aos gentios e ao comérciode mercadorias.

Desafios missionários à comunidadede discípulos e discípulas

“Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas oque tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno,

anda!” Texto: Atos 3.6

Luiz Vergílio B. da RosaBispo na 2ª Região Eclesiástica

O pátio: O pátio não é umespaço de permanência, de vi-vência; é um espaço de transi-ção. A vida, neste contexto,acontece nas casas, nos palá-cios, mesmo no templo. No pá-tio transitam as situaçõesefêmeras e as condições tran-sitórias. Nas casas, trata-sedos valores permanentes,significativos. O Pátio é umafronteira a ser ultrapassada.

O texto fala de um ser hu-mano que está no pátio, sobre-vive do que acontece no pátio.Ele assume a sua condição àmargem da casa, à margem dotemplo. É personagem fixanuma condição imutável. Poroutro lado, o texto nos mostraque o pátio é lugar da manifes-tação da graça e das bênçãosde Deus. Assim, o pátio é umlugar de passagem, como aPáscoa. Da morte para a vida,

da escravidão para a liberdade,do lamento para o júbilo de ale-gria, da condição imutável paratransformação.

A hora: O texto diz queera cerca da hora nona (trêshoras da tarde). A hora nona,junto com a terceira, eram osprincipais momentos para aoração. Também, nessas ho-ras, eram oferecidos sacrifíci-os a Deus e a queima de in-censo no altar. A hora nona,para a comunidade judaico-cristã, lembrava o instantemáximo da paixão e morte deCristo. O elemento hora surge

neste contexto como para as-segurar o confronto do Kronos(tempo da transitoriedade hu-mana) e do Kairós (tempo daeternidade de Deus). O tempode Deus, é a hora da imi-nência é a hora da oportunida-de, é a hora da manifestaçãodo Reino de Deus.

O nome: Na tradição do AT onome revela a realidade profun-da do ser invocado. Os apóstolosdizem: em o nome de JesusCristo, o Nazareno, anda! O atode falar e agir em nome de ou-tras pessoas significa partilhar arealidade expressa por estenome. Sobre o nosso nome,como cristãos e cristãs, estáselado, pelo batismo, o nomede Cristo. Como comunidadecristã, é em seu nome que agi-mos, e, portanto, O representa-mos. O nome de Cristo tem po-der para mudar a realidade!

A ação evangelizadorada Igreja é anunciar

a Graça

A ação evangelizadora daigreja, ao anunciar a graça deDeus, conta com as ações hu-manas onde as pessoas sãoprotagonistas, não havendo lu-gar para a neutralidade.

No texto, o ato humanitárioe solidário de quem carregavaeste homem até a porta For-mosa, ou das pessoas que lhedavam alguma esmola, nãoeram suficientes para a conver-

são significativa da sua reali-dade. Porém, Pedro e João ali-aram a solidariedade humana àfé no poder de Deus, no podersobrenatural do Espírito daVida, da Igreja do Pentecostes,que em nome de Cristo mostrouser capaz de transformar avida e suas circunstâncias; deatribuir valor e significadospermanentes ao existir. Atitu-des solidárias aliadas à fé noNome de Cristo desencadeamprocessos de transformação,restauração, libertação. A açãoevangelizadora se constitui noconvite aos homens e mulheresque estão no pátio a entrar nacasa: Olha para nós!

Conclusões

1. Pedro, que havia negadoa Cristo, no pátio, nesse mes-mo espaço, dá testemunho doSenhorio de Cristo sobre a suavida. O antigo lugar de traiçãotorna-se lugar de afirmação dafé. Penso que o lugar por exce-lência da proclamação do evan-gelho é onde as pessoas estãoà margem da vida e dos propó-sitos de Deus. Há um grandedesafio evangelístico e missio-nário fora do templo.

2. Todo o poder e autoridadeda ação evangelizadora provêmde Deus, que, em Cristo, nosmostrou o caminho da salvação,do Reino de Deus. Esse poder deanunciar pertence à comunidade:há poder no nome de Jesus.

3. O tempo de Deus (oKairós) já está entre nós.

4. Somos desafiados/as aanunciar a mensagem do Evan-gelho, que deve produzir a ale-gria da salvação nos pátios,nas casas e nos templos denossas cidades, Estado e Na-ção, em nossas oito regiõeseclesiásticas – como povo cha-mado metodista.

5. Todas as pessoas preci-sam ser confrontadas com opoder e a autoridade de Deussobre a sua vida, e serem desa-fiadas a experimentar a fé emCristo. Todas as pessoas sãodesafiadas a se tornarem discí-pulos e discípulas de Cristo, sobo poder do Espírito Santo.

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Maio 20084 Memória

Wesleyando

As raízes da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãosremontam ao começo do século XIX. Orar pela unidade cristã commembros de outras denominações era algo que já vinha sendofeito em diversos lugares durante cerca de um século quando, em1908, um sacerdote e uma irmã, ambos episcopais (anglicanos),celebraram publicamente o que se chamou na época de Oitava deOração pela Unidade da Igreja, de 18 a 25 de janeiro, emGraymoor, Garrison, Nova York. Paul Wattson e Lurana White eramco-fundadores de uma pequena comunidade religiosa anglicana detradição franciscana chama de Irmandade da Reparação (Societyof the Atonement).

O tema da Semana de Oração de 2008 (de 4 a 11 de maio,encerrando no Pentecostes) – Orai sem cessar (1 Tessalonicenses5.17) põe em relevo o fato de que os cristãos e as igrejas nãopodem deixar de orar pela unidade de todos. As divisões, que sãocontudo uma realidade entre as igrejas e dentro delas, nãocorrespondem apenas às linhas denominacionais. Frequentemente– ao menos em certa medida – estão enraizadas em identidadesétnicas ou nacionais, em questões de raça, categoria social, gê-nero ou sexualidade, na exclusão de pessoas com deficiênciasou das que vivem com HIV.

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos não pode daruma solução a todos esses problemas. Porém, sua celebração anualé uma vitória sobre as divisões porque expressa a unidade que oscristãos e cristãs têm em Cristo.

Kersten Storch, pastora luterana alemã, integrante daComissão de Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas.

Dia Mundial de Oração: 70 anos

No dia 7 de março foi celebrado o Dia Mundial de Oração, quetambém faz aniversário: 70 anos. Em Belém do Pará, o Dia Mun-dial foi celebrado na Catedral Anglicana de Santa Maria pelo sétimoano consecutivo. Apesar do não envolvimento oficial da IgrejaMetodista, que foi uma das Igrejas que iniciaram o Dia Mundialde Oração na cidade, boa parte do povo metodista se comprome-teu, ajudou a construir e participou em um bom número nesteencontro de fé e esperança protagonizado pelas mulheres.

O Dia Mundial de Oração é um movimento que reúne o povocristão de todo o mundo e de muitas tradições para observar

Um século de oraçãoanualmente um dia comum de oração, anúncio de ações trans-formadoras e denúncia das violações aos direitos humanos. Esteencontro celebrativo acontece sempre na primeira sexta-feira domês de março, vésperas do Dia Internacional da Mulher. A cadaano, mulheres de igrejas cristãs de um dado país se reúnem parapropor o tema e a liturgia do encontro.

Neste ano de 2008, foram as mulheres da Guiana “Inglesa” queanimaram o movimento e propuseram o seguinte tema: “A sabe-doria de Deus provoca novo entendimento”. Com este tema asmulheres da Guiana nos chamam para que roguemos por sabedoriapara desfrutarmos o mundo criado por Deus e tudo o que nelevive; e para que estejamos abertos para receber o novo entendi-mento que a sabedoria de Deus proporciona.

No culto, oramos pelas pessoas que são exploradas nas minasde ouro da Guiana. Nestas minas ainda se utiliza o mercúrio,deixando trabalhadores/as doentes e poluindo o meio ambiente.Além de orar, apoiamos um abaixo-assinado, que tem corrido omundo, ao Presidente da Guiana denunciando a utilização do mer-cúrio e a precarização das condições de trabalho nas minas.

Tony Vilhena

Da esq. p/ dir. Irmã Tea Frigério (CEBI), Irmã Margaria (CRB), Pra. Cibele Kuss(I. Evangélica de Confissão Luterana), Revda. Lílian Linhares (I. EpiscopalAnglicana do Brasil) e Teresa Higashi (Metodista, não representando a Igreja).

Orientação: essa é a palavra que tem norteado os estudose reflexões do Grupo de Trabalho de Ecumenismo, criado apartir de uma decisão do Concílio Geral da Igreja Metodista.O GT de Ecumenismo tem o propósito de esclarecer igrejas esociedade a respeito da decisão conciliar que determinou odesligamento da Igreja Metodista dos organismos ecumênicosintegrados pela Igreja Católica e colaborar com o ColégioEpiscopal na orientação da Igreja Metodista quanto à dimensãoecumênica da identidade wesleyana que deve ser reforçada nacaminhada eclesial. Uma nova redação da Carta Pastoral sobreEcumenismo, produzida pelos bispos metodistas em 1999,também resultará do trabalho deste grupo composto pelo bispoRoberto Alves, pelos pastores José Carlos Peres, AméliaTavares, Paulo Dias Nogueira e Marco Antonio dos Santos epela jornalista Magali do Nascimento Cunha, professora daFaculdade de Teologia da Universidade Metodista.

Por meio dessas ações, o objetivo é superar as dificul-dades e incompatibilidades que emergiram do debate daquestão no 18º Concílio Geral. “A grande importância desteGT é pensar uma estratégia pedagógica – como tornarpúblico este assunto e trabalhá-lo com a igreja?”, pergun-tam-se os participantes. Para chegar a essa resposta, elesestão estudando as origens históricas do movimentoecumênico e construção do conceito de ecumenismo.

Ecumenismo: metodistas em busca da unidade“Preservai a Unidade do Espírito no vínculo da paz” Ef. 4.3

O grupo tem sublinhado a afirmação de que a IgrejaMetodista no Brasil não deixou de ser ecumênica com a decisãodo último Concílio Geral e continua engajada em uma série decausas e organizações ecumênicas em que historicamente sefez presente, mas reconhece que o princípio do ecumenismo éinterpretado e desenvolvido de diferentes formas dentro domovimento ecumênico. Especificamente, duas dessas formassão ressaltadas por alguns membros do grupo como problemá-ticas e incompatíveis com a realidade das igrejas: o diálogointer-religioso na forma de uma aproximação mais intensa, comatividades celebrativas (cultos inter-religiosos) e o diálogo comigrejas alternativas de orientação homossexual. Há, também,dificuldades no relacionamento com a Igreja Católica, sobretudono interior, que se revela mais tradicionalista e fechado do queos grandes centros urbanos.

Em contrapartida, no que diz respeito à cooperação emação social, os membros do GT concordam que as questões dacidadania e da promoção da vida estão acima das diferençasreligiosas. Por isso, é fundamental demarcar a diversidade domovimento ecumênico e indicar como a Igreja Metodista se vêneste movimento – qual é sua identidade. “É muito importantepara a igreja, ao se preocupar com a questão ecumênica, cui-dar da unidade interna. Este deve ser um tema a ser desenvol-vido pelo GT para contribuir com a Igreja”, afirma o grupo.

Page 5: Expositor Maio 2008

Maio 2008 5Memória

Wesleyando

No ano de 1905, Anna MarieJarvis recebeu um duro golpe: amorte de sua mãe, exemplo dededicação e fé. Dois anos maistarde, em 1907, no segundo do-mingo de maio, Anna convidouvárias amigas para sua casa na Fi-ladélfia, EUA, para uma celebra-ção de ação de graças pela vidade sua mãe. Na ocasião ela anun-ciou a idéia de se instituir um dianacional em honra às mães. Noverão seguinte, Anna escreveu aoSuperintendente da Escola Domini-cal da Igreja Metodista Andrews

em Grafton, sugerindo que a igreja na qual sua mãe tinha dadoaulas por 20 anos celebrasse o Dia das Mães em sua homenagem.Assim, no dia 10 de Maio de 1908, celebrou-se oficialmente oprimeiro Dia das Mães da história. Em 1914, a celebração tornou-se nacional, aprovada pelo Presidente Woodrow Wilson.

Desde 1908, a homenagem às mães acontece na IgrejaMetodista Andrews, agora conhecida como Capela do Dia dasMães, na cidade de Grafton, West Virginia. O local tornou-setambém uma espécie de museu dedicado à comemoração.

O fim do Dia das Mães

Mas nem tudo foram rosas (ou cravos, escolhidos por Annapara simbolizar a data) na bela história do Dia das Mães. Muitocedo Anna se decepcionaria com os rumos tomados pela comemo-ração. Ela ficava simplesmente chocada quando via comerciantesaproveitando-se da data. “Não era essa minha intenção! Eu queriaque fosse um dia de sentimento, não de lucro!, reclamava Anna.

Um século de Dia das MãesFlores, cartõezinhos, muitos beijinhos estalados... quando chega o segundo domingo de maio, é gostoso receber e demonstrar amoràs mães pelo seu dia. É um dia também para se lembrar, com o coração cheio de gratidão, das mães que já se foram. Afinal, o Diadas Mães nasceu como uma homenagem póstuma da metodista norte-americana Anna Marie Jarvis à sua própria mãe. A primeira

comemoração oficial foi numa Igreja Metodista, 100 anos atrás.

No mês da família, John Wesley, como bom filho que é, abreespaço para um texto de sua mãe, Suzana Wesley. Se bem queSuzana, mesmo em meio à sociedade machista do século 18,sabia encontrar seus próprios espaços de expressão...

Um dos relatos da vida de Susana Wesley que mais gosto éaquele que fala das reuniões de oração que ela começou a fazer emsua cozinha, numa das viagens de seu marido, Samuel Wesley,pastor da igreja local. Era para ser uma breve devocional com osempregados da casa, mas o grupo foi crescendo, crescendo... atéque juntou 200 pessoas e começou a incomodar a estrutura ecle-siástica. Afinal, naquela época, lugar de mulher era mesmo nacozinha, mas sem substituir o marido na pregação! O pastor subs-tituto escreveu uma carta ao Rev. Samuel, alertando que os encon-tros poderiam ser alvo de queixa legal na igreja. Preocupado,Samuel escreveu à esposa. E dela recebeu a seguinte resposta: “Seachas adequado dissolver esta assembléia, não me digas que de-sejas que eu o faça, pois isto não satisfará a minha consciência;mas envia-me a tua ordem explícita, tem termos tão claros eexpressos que me absolvam de toda culpa e punição por negligen-ciar esta oportunidade de fazer o bem, quando tu e eu aparecer-mos diante do grande e respeitável tribunal do Nosso Senhor JesusCristo”. A história não registra uma resposta do pastor Samuel...E, certamente, o exemplo de liderança espiritual desta mulher leigateve grande influência na origem e consolidação do movimentometodista iniciado por John Wesley. Nesta edição, destacamos umaoração escrita pela mãe de Charles e John:

Wesleyando

“Ajuda-me Senhor a lembrar que areligião não deve limitar-se à igreja ousala de oração nem tão pouco ser exer-cida unicamente através da oração e meditação, porque a cadainstante e em todo o lugar estou em tua presença. Concede, pois,que todas as minhas palavras e ações tenham conteúdo moral. Àmedida que meus defeitos e fraquezas se manifestarem nos atoscorriqueiros do dia e nas conversas de cada momento, concede-me tua Graça, Senhor, para poder controlá-los. Ajuda-me a conhe-cer a mim mesma e àqueles com quem estou em contato, de sorteque esteja sempre de conformidade com os preceitos do evange-lho, e que possa exercitar-me na prática dos princípios da sabe-doria e da virtude dentro das minhas capacidades.

Ajuda-me a discernir o tempo próprio e a ocasião oportunapara cada virtude, que possa aplicar-me em consegui-la, peloexercício de atividades benéficas que, por falta da devida refle-xão, possam não parecer de muita importância. Permite que tudoquanto acontecer em minha vida seja útil e benéfico ao meu vi-ver. Que todas as coisas sirvam para a minha instrução e propor-cionem-me oportunidade para exercitar alguma virtude, e diari-amente aprender e crescer em direção da minha identidadecontigo, mesmo que o mundo siga em outra direção”.

Suzana WesleyReproduzido no Expositor Cristão da

1ª quinzena de maio de 1975

Desgostosa, ela ironizava: “Um cartão impresso não significanada, a não ser que você é muito preguiçoso para escrever paraa mulher que fez mais por você do que qualquer outra pessoa nomundo. E doce! Você compra uma caixa para sua mãe – e come amaior parte você mesmo. Um lindo gesto!”

O mesmo empenho que Anna teve para criar e oficializar o Diadas Mães, ela teve paradestrui-lo. Em 1923, mo-veu um processo contrao governo de Nova Yorkpara cancelar a celebra-ção e, é claro, perdeu.Enraivecida, ela atacouuma barraca de florista(mais ou menos comoJesus fez com as mesasdos cambistas no tem-plo de Jerusalém) e foipresa por perturbaçãoda ordem.

Anna Jarvis nuncaconseguiu fazer comque o Dia das Mães“acabasse” ou voltasseà pureza original. Mor-reu pobre e sozinha,aos 84 anos de idade, efoi enterrada ao lado desua mãe.

Uma oração da “mãe do metodismo”

Suzel Tunes (traduzido e adaptado dos sites: http://www.mothersdayshrine.com e http://sean.gleeson.us/2005/05/08/mothers_day_history)

Igreja Metodista Andrews, local da primeiracelebração do Dia das Mães.

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Maio 20086 Pela Seara

Durante o Congresso Regionalde Juvenis da 2ª RE que aconteceude 21 a 23 de março, nas depen-dências do Colégio Centenário e daIgreja Central, em Santa Maria, foidecidida a nova diretoria para obiênio de 2008-2009. Talita HoraSouza (Central de Passo Fundo) -presidente; Priscila (Bom Pastor emSanta Maria) - vice-presidente;Tayná Borba (Central de Porto Ale-gre) - secretária de atas; RogérioPedroso (Bom Pastor em Guaíba) -secretário de Correspondências;Gabriela Rodrigues (Wesley em Por-to Alegre) - Tesoureira.

O Congresso reuniu cerca de 60juvenis, juntamente com seus conse-lheiros. Estiveram presentes os pas-tores Vilquer Morais, assessor epis-copal; Fátima Beatriz, AlmerindoPedroso, Dimorvan Trelha, Nivaldo eLuciana Dias, de Santa Maria; eEverson, de Rio Pardo; além do bispoLuiz Vergílio Batista da Rosa. O casalde Conselheiros Nacionais, Luiz Alceue Eliana Zapparoli, participaramcomo palestrantes e oficineiros doevento.

A Federação de Juvenis agorase prepara para as programações re-gionais (encontros tri-distritais mar-

Juvenis gaúchos preparam-se para a Junamecados para maio e junho) e para aJuvenília Nacional Metodista,Juname, que acontecerá de 17 a 20de julho, no Rio de Janeiro.

Mas a agenda juvenil não párapor aí. O dia 12 de setembro seráo Dia Nacional de Oração pelo Ju-venil. E em novembro haverá umEncontro Regional de Confraterni-zação, do dia 14 ao 16, em Gra-mado ou Santa Maria. Mais infor-mações: (51) 3332-0226 – SedeRegional da 2ª RE

Juvenis marcandoa nossa história

Os juvenis da Igreja Metodistaem Vila Galvão, São Paulo (3ª Re-gião), sob a orientação dos conse-lheiros William e Mel e do pastorWesley Fajardo Pereira, também es-tão motivados para a missão. Emfevereiro eles iniciaram o ProjetoJUEC – Juvenis Unidos em Cristo,que visa fortalecer os laços de amor,amizade e respeito do grupo já exis-tente, gerando ainda crescimentoespiritual. O objetivo é que os juve-nis sejam “agentes missionários”,marcando história na vida da igre-ja, do bairro, distrito, cidade...

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Maio 2008 7Pela Seara

Wesleyando

Eldorado emconstrução

A Igreja Metodista em Eldorado, Contagem, MG, por meio dapastora Anelise Martins Silva, lançou em março uma campanha demobilização de recursos para a construção do segundo andar deseu templo, com salas para Escola Bíblica Dominical, banheiros erampas, bem como conclusão das obras de reforma geral do tem-plo. Os interessados em contribuir para este trabalho devem de-positar o donativo no Banco Bradesco, agência 2212-8, contabancária número 7784-4 (Associação da Igreja Metodista 4ª Re-gião) ou diretamente na igreja, através do Ministério de Adminis-tração, telefonando para o irmão Robson Matos (cel: 31-9959-9203) ou para a irmã Lucimar Marques (31-3397-9118).

Ivete Marques P.Barbosa,Coordenadora do Ministério de Comunicação

Metodistas de Aracajuem ação

A Sociedade de Homens de Aracaju, Sergipe, procura ter umamaior atuação na vida da igreja e para isso estabeleceu aevangelização como prioridade de seu plano de ação. O trabalhoestá sendo realizado por meio de visitação nos lares e evange-lização nas ruas. No dia 16 de março já foram distribuídos 500folhetos em uma das avenidas mais movimentadas de Aracaju. Oshomens estão querendo fazer diferença na sociedade, ser referênciapara que outros reconheçam Jesus Cristo como Senhor e Salvador.

Sociedade de Homens – Igreja Metodista Central de Aracaju

Ressurreiçãoem Diadema

Templo indígena

A Igreja Metodista em Diadema, São Paulo, comemorou aPáscoa realizando um culto de ressurreição evangelístico: levouuma dramatização sobre morte e ressurreição de Jesus para asruas do bairro. “A Igreja viveu um momento muito especial,como, também, os moradores do nosso bairro. Louvo a Deus peladisposição da Igreja Metodista em Diadema!”, testemunha o pas-tor Alexandre Cristóstomo. Aqui você vê uma das cenas da apre-sentação, pelas lentes do jovem fotógrafo Rodrigo de Souza.

Esta é a foto do templo metodista na aldeia Maruway (ex-al-deia Bala), em Roraima, inaugurada por ocasião do Dia do Índio,19 de abril. O missionário indígena Cize Manduca é quem lideraa comunidade, onde vivem cerca de 150 índios da etnia macuxi.A Igreja Metodista tem um trabalho de evangelização entre osmacuxis há mais de 15 anos e tem procurado apoiá-los tambémem suas necessidades materiais: perfurou um poço artesiano de132 metros de profundidade e construiu uma caixa d´água com 10mil litros de capacidade que, através de um gerador, leva águaencanada para todas as casas da aldeia.

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Maio 20088 Capa

Encontro Nacional de Pastores e Pastoras

Papo com os bispos

Bispo Roberto Alves esclarece: “Igreja Metodista não deixou de ser ecumênica”

“Tu é soberano sobre a terra”. Foi comessa declaração de fé, entoada por cerca de800 vozes, sob a regência do pastor EdsonCésar da Silva, que teve início o EncontroNacional de Pastores e Pastoras da IgrejaMetodista, entre os dias 1 a 4 de abril, nacidade de Serra Negra, São Paulo.

Após a saudaçãodos bispos do ColégioEpiscopal – incluindoPaulo Lockmann que,ausente por motivo desaúde, transmitiu umamensagem por telão – obispo João CarlosLopes conduziu a pri-meira reflexão doevento, baseando-se notexto de Mateus 8.1.Jesus visita a sogra dePedro, que estava comfebre, toma-a pelamão e a cura. O bispoJoão Carlos explicouque a febre era consi-derada pelos judeus como uma puniçãomandada por Deus para as pessoas quehaviam quebrado uma aliança. Essa pessoaera considerada impura e não podia sertocada. Assim, ao pegar na mão da sograde Pedro, Jesus liberta a mulher não apenas

de sua doença, mas das conseqüências deseu pecado. “Jesus toca e sou liberto doque está pesando em minha vida”, disse obispo.

Esse primeiro dia do encontro termi-nou com a palestra de um convidado inter-

Durante o Encontro Nacio-nal de Pastores e Pastoras, osparticipantes tiveram a oportu-nidade de fazer perguntas porescrito ao Colégio Episcopal.Foram selecionadas questõesde interesse geral, que os bis-pos responderam na noite dodia 3 de abril

Bispo João Carlos Lopes falasobre:

Itinerância: A itinerância éum princípio, não uma lei. Tenho exemplode pastor na 6ª Região que está numa igre-ja há mais de 20 anos... O poder de nome-ar é obrigação, não é privilégio. Faço issocom muito temor. Oro junto com os SDs(Superintendentes Distritais) para não fazernenhuma injustiça.

Subsídio pastoral: Ele é estabelecidopela Área Geral. O pastoral é determinadopelo Concílio Regional, que determina umabase. Na 6ª RE temos piso e teto. Em algu-mas regiões há apenas piso, mas não háteto. Já houve propostas para que se fizes-se um salário e um piso nacional, mas oConcílio Geral não aprovou.

Contas bloqueadas: Tivemos problemascom contas bancárias bloqueadas nas regi-ões. Depois do Concílio de 2001, as regi-ões, inclusive as missionárias, tornaram-semantenedoras das instituições de ensinosuperior. Quando a instituição tem uma dí-vida, corre para a região. Estamos traba-lhando para resolver essa questão.

Bispo Roberto Alves fala sobre:Ecumenismo: Faço parte da coordenação

do Grupo de Trabalho de Ecumenismo (vejamatéria na página 4). Temos tentado comserenidade trabalhar e pastorear a Igreja di-ante de uma crise de unidade interna quenão podemos negar. A unidade externa temque ser conseqüência da unidade interna.Nós somos conexionais e não podemos de-fender o bairrismo. Eu não me senti estra-nho na 4ª Região, pois aprendi, desde aclasse de catecúmenos, que sou metodistaem qualquer parte do planeta Terra.

Grande erro tem sido interpretarecumenismo como sinônimo de Igreja Cató-lica Romana. Também podemos buscar unida-de com outras confissões de tradiçãowesleyana, e com igrejas pentecostais. Adecisão do Concílio Geral tem sido mal in-terpretada de ambos os lados. A IgrejaMetodista não deixou de ser ecumênica, ounão estaríamos participando do projeto Mi-nha Esperança, que reúne várias denomina-ções evangélicas.

Bispo Luiz Vergílio fala sobre:Pluralidade: Somos uma igreja

plural? O Colégio Episcopal enten-de que num país de dimensõescontinentais, multicultural, é evi-dente que as nossas expressõessejam diferenciadas. Não somosplurais na nossa doutrina, queestá expressa nos cânones. Asnossas expressões são plurais.

Bispo Nelson fala sobre:Discipulado: Temos uma defi-

n ição de disc ipulado que estápresente em l ivros (da coleção Dis-cipulado). Vivemos hoje uma diversidadeenorme de formas de discipulado. Nossacompreensão parte da Palavra de Deus,centrada no ministério do Senhor Jesus,na tradição wesleyana. Discipulado é co-munhão, é convivência, relacionamento,vivência cristã.

Bispo Stanley fala sobre:Publicações: O Colégio Episcopal tem

feito a publicação de documentosorientadores. Nesse momento está no preloum pronunciamento sobre bioética. A Cartasobre Ecumenismo deve sair com revisão atéo final do ano.

As publicações têm sofrido impasses de-vido a questões que estamos vivendo. Nosorganizamos numa estrutura editorial quedeve ser mudada. Esperamos uma decisãojudicial sobre esse tema. Estamos orandopara que Deus num ajude a encontrarmosum caminho.

Som na caixa (em alto volume...): O músico Asaph Borba e banda, condu-zindo o louvor durante todos os dias do Encontro.

“O ministério pastoral deve ser acompanhado porpalavras, obras e sinais”, frisou o evangelista ame-ricano Winston Worrell em suas três conferências,com tradução do Bispo João Carlos (esq.).

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Maio 2008 9Capa

Renovação dos votosAo final do Encontro Nacional, os(as) ministros(as) metodistas

foram chamados(as) a firmar um novo compromisso de fé e traba-lho. (veja texto na íntegra no site www.metodista.org.br), eles(as)disseram:

Com todo cuidado, procuraremos ensinar as doutrinas e minis-trar os Sacramentos e a disciplina como o Senhor tem ordenado.

(Por isso, Senhor, eu preciso de Ti) Confirmamos que não mediremos esforços para continuar cum-

prindo, com fidelidade, a missão da Igreja, e buscaremos em pri-meiro lugar, o Reino de Deus, amparando as pessoas desalentadase inspirando aquelas que têm fome e sede justiça.

(Por isso, Senhor, eu preciso de Ti)Aceitamos a disciplina na comunidade cristã e estamos dispos-

tos e dispostas a acolher as decisões conciliares e as orientações da-queles e daquelas a quem estão confiados o governo e a direção daIgreja.

(Por isso, Senhor, eu preciso de Ti) Senhor, a ti pertencemos. Usa-nos para o que quiseres e onde

quiseres; seja para cumprir alguma tarefa ou para sofrer por causa do teu nome; dispõe de nossa vida ou dispensa-nos, conforme o teu que-rer; exalta-nos ou humilha-nos; enche-nos ou despoja-nos; concede-nos tudo ou deixa-nos sem nada. Livremente e de todo o coração, nósnos submetemos à tua vontade. E agora, glorioso e bendito Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, tu és o nosso único Deus, e nós, o teu povo,Assim seja. E que a renovação dos nossos votos que firmamos na terra seja confirmada nos céus. Amém!

nacional: Winston Worrell, diretor do Instituto de EvangelismoMundial. Ele esteve presente durante todo o evento e proferiu trêsconferências, nas quais conclamou o povo metodista – em especialos pastores e pastoras ali presentes – a reavivar o fogo do Espí-rito. “Permita que Deus se revele em sua vida através de sinaispoderosos”. O ministério pastoral deve ser acompanhado por pa-lavras, obras e sinais, frisou o evangelista americano. Lembrandoda igreja de Laodicéia, citada no livro de Apocalipse, ele disseque não somos chamados a sermos mornos. Ele lembrou que nossoCriador é um “Deus missionário”, que busca os seus filhos e fi-lhas incessantemente. “A primeira pergunta que existe na Bíbliaé dirigida a Adão: onde estás? Ele andou no jardim em busca deAdão. Deus nunca nos deixa sós”.

O segundo e terceiro dias do evento tiveram agenda cheia.Após uma marcante conferência do Rev.Ricardo Gondim, pastor daIgreja Assembléia de Deus Betesda (leia na página 12), começa-ram oficinas sobre diversos temas (páginas 10 e 11). Testemu-nhos, palestras, devocionais e momentos de louvor preencheramo tempo dos nossos pastores e pastoras, que ainda tiveram tempopara bater uma bola, tomar um banho de piscina ou se confrater-nizarem com antigos colegas de faculdade e de ministério. Noquarto dia de Encontro, muitas malas já estavam prontas enquan-to o culto de encerramento ocorria no auditório. Mais de 20 horasde estrada aguardavam vários dos participantes. Outros, maispróximos de casa, podiam contar com o conforto de um automóvel,como o bispo Josué Lazier e seu impecável fusquinha 68. Diferen-tes histórias, diferentes paisagens, diferentes expectativas... Emcomum, a certeza de pertencer a “um povo chamado metodista”e a necessidade de integrar as diferenças num todo que respeitea diversidade – sem cair na fragmentação.

O Encontro em Serra Negra foi uma oportunidade única para rever amigos eestreitar laços de afeto. Aqui, você vê a Turma da Fateo 78 que se reuniuem Serra Negra para comemorar 30 anos de ministério pastoral. Diz o Rev.Nadir Cristiano, de São Paulo: “Neste encontro estivemos em 12 amigos.Estamos planejando um grande encontro da turma em 2010. Nossa gratidãoa Deus. Estamos orando pelos nossos colegas: Estevão, Neivair, Roberval, Rui,Débora, David Marins, Rubem Mandú, Jamisse e Getimane (Moçambique-Áfri-ca), Jorge Hamilton, Tânia Mara e Marilia. Luiz Cabreira, Rubens Galdino,com saudade: Edilson, José Victor. Amamos o nosso ministério. Amamos a Cris-to. Amamos a Igreja Metodista neste mundo”.

Durante o Encontro foilançado oficialmente oprojeto Minha Esperan-ça Brasil, campanhaevangelística integra-da à Campanha deEvangelização da Igre-ja Metodista. Na foto,Washington Zucoloto,coordenador da cam-panha, e pastoraJoana D´Arc Meireles,Secretária para Vida eMissão da Igreja.

O Encontro Nacional também foi momento de lazer e des-contração. Na foto, a equipe da 1ª Região, vencedora daCopa Bispo Oswaldo Dias da Silva de Futebol de Campo, comdireito a troféu.

Suzel Tunes (textos) e José Geraldo Magalhães Júnior (fotos)

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Maio 200810 Missões

raduzir em ações concretas preocupações e necessida-des das igrejas e de seus líderes foi o objetivo das 22oficinas oferecidas aos(as) participantes do Encontro Na-cional de Pastores e Pastoras. A necessidade de reciclar

conhecimentos e se atualizar levou vários pastores às oficinasComo preparar um culto, ministrada pelo pastor Luiz Carlos Ra-mos, Como preparar um sermão, conduzida pelo pastor Paulo DiasNogueira e Como preparar um estudo bíblico, com o pastor PauloRoberto Garcia. A atenção às situações concretas e à cultura dacomunidade local e um bom estudo prévio do contexto histórico eliterário do texto bíblico escolhido, buscando-se, sempre que ne-cessário, fontes de consulta complementares, são procedimentosvaliosos a serem considerados nas três situações.

Um exemplo é o que o próprio Paulo Garcia, professor de NovoTestamento na Faculdade de Teologia, fez em sua conferênciasobre discipulado. Debruçando-se sobre o texto conhecido como “A

grande comissão”, de Mateus28.18-20 (“Ide, portanto, fazei dis-cípulos....) , Paulo foi à origemgrega do texto. O que seconvencionou traduzir como umverbo no imperativo – o “Ide”, de-monstrando uma dimensão estan-que, finita – no original grego é, naverdade, um verbo no gerúndio:“indo”. Indo, fazendo, batizando eensinando são os verbos dosversículos 19 e 20. O verbo nogerúndio indica ação contínua. Apartir da análise do texto pode-seinferir que discipulado é um pro-

cesso de aprendizado constante, que ocorre na dimensão do co-tidiano, explicou o Rev. Paulo Garcia, professor na Faculdade deTeologia da Umesp, exemplificando de forma muito prática: “Comoos meus relacionamentos estão discipulando? A forma como mecomporto em um jogo de futebol, por exemplo, ensina o quesobre o caráter cristão às pessoas da minha comunidade?”

Crescimento da Igreja

Ver a Igreja crescendo e se destacando na sociedade foi a mo-tivação dos(as) participantes de oficinas como a ministrada pelo

Mãos à obraAs oficinas realizadas durante o encontro ministerial

pastor Edson Cortásio Sardinha, missionário da Rema: Como implan-tar novas técnicas de evangelização? A oficina Comunicação &Marketing no Ministério Pastoral, ministrada pelo Rev. FlávioArtigas, coordenador da Pastoral Escolar e Universitária do IPA (2ªRE) discutiu formas de tornar a igreja mais visível e atuante na co-munidade local. O Rev. Fernando César Monteiro, pastor da 6ª Re-gião, falou sobre como implantar uma nova igreja, enfatizando oexercício do discipulado, e o Rev. Ramon Coutinho, da Remne, co-ordenou uma oficina mais específica sobre dinamização de grupospequenos. Mas, e depois? O que fazer diante da Igreja cheia de no-vos membros? Como cuidar do novo convertido foi o tema da ofi-cina do Rev. Paulo Fernando Barros da Silva, pastor da 1ª Região.

Atenção à comunidade

Outras oficinas também se preocuparam com necessidades es-pecíficas dos membros da comunidade. Moisés Abdon Coppe, pastorna 4ª RE, falou sobre como trabalhar com a juventude, a partir devários anos de experiência no trabalho com essa faixa etária. Elealertou que a juventude atual está no foco da ideologia demercado.Buscar a substância que existe para além das aparências,valorizando o potencial da juventude, é um desafio para a igrejahoje. Ele citou como exemplo um fato ocorrido com a mocidade daIgreja Metodista Central de Juiz de Fora. No final da década de 40alguns jovens daquela comunidade foram desafiados a abrir umaescola dominical no bairro Benfica, zona norte da cidade. Temposdepois, essa iniciativa da juventude se transformaria na IgrejaMetodista em Benfica. “A juventude estava pensando além dascoreografias e louvores” destacou o pastor Moisés.

Já o pastor Marcos Garcia, da 3ª RE, lembrou da importânciados irmãos mais velhos, na oficina Como Trabalhar com os(as)Idosos(as). Ele destacou que o país está envelhecendo. E os maisvelhos não vão simplesmente “passar o bastão”, mas assumirnovos espaços. “Ardor missionário não tem idade”, disse ele. As-sim, é preciso eliminar certos mitos, como o de que o idoso nãotem mais o que aprender, e abrir espaços concretos para a atu-ação da terceira idade, o que pode começar com medidas práti-cas, como a adaptação da arquitetura da Igreja e incluir propostasmissionárias e ministeriais para essa faixa etária.

E o pastor Silvio Gonçalves Mota, da 2ª Região, destacou aparticipação das crianças na Igreja. Ele avalia que existe, namaioria das comunidades metodistas, uma grande dificuldade em

“Indo por todo omundo e fazendodiscípulos”... O

verbo, no originalem grego, está nogerúndio. Detalhe

a ser valorizado noestudo bíblico.

A oficina do Rev. Paulo Nogueira, pastor em Piracicaba, SP. Cada pastor(a)pôde escolher duas oficinas diferentes, das 22 oferecidas.

O Rev.Luiz Carlos Ramos, na oficina Como preparar um culto, lembrou quevários elementos culturais podem ser valorizados nesse momento: literatura,arquitetura, escultura, pintura, cinema, música, coreografia. “Coreografiaé a arte do movimento”, exemplificou ele. Assim, não se trata apenas dedança. Cada mínimo gesto, como levantar o cálice da ceia ou erguer asmãos para pode ter uma importante função simbólica no culto.

Page 11: Expositor Maio 2008

Maio 2008 11Missões

Oficina sobre juventude, com pastor Moisés Abdon. O que é uma igreja queatrai os jovens? Uma igreja que oferece grandes programações de louvor? Apartir de sua experiência prática, o pastor afirma que os jovens queremmais do que isso.

Oficina do pastor Josias Pereira falou sobre saúde pastoral. Destacou que osagentes pastorais, na qualidade de “cuidadores” da comunidade precisamvalorizar a sua própria saúde, como uma condição necessária ao próprioexercício deste ministério. Cuidados preventivos incluem boa alimentação,descanso e lazer.

relação à inserção da criança na vida comunitária, ainda que sereconheça a criança como padrão para o ingresso no Reino deDeus, tal como ensinou Jesus. Falta associar teoria à prática.Em geral, a maior expressão, teórica e prática, da valorizaçãodas crianças na Igreja é a aceitação do batismo infantil, destacao pastor. “Porém, após o ato batismal a criança, geralmentelactante, passa a ser um participante qualquer que só mereceráa devida atenção quando tiver idade suficiente para contribuircom as necessidades da própria comunidade ou tornar-se seumembro oficial”, diz ele. O que fazer? O pastor Sílvio deu algu-mas dicas aos participantes. Ações simples que valorizem a pre-sença da criança na Igreja como, por exemplo, permitir que elasparticipem dos momentos comunitários da Igreja, como o louvore o “abraço da paz”.

Olhos para fora do templo

Um olhar para além das paredes do templo foi a tônica dealgumas oficinas como, por exemplo, Como Desenvolver as Pas-torais Sociais, ministrada pela pastora Maria Imaculada Concei-ção Costa, da Missão Metodista Tapeporã, 5ª Região Eclesiástica.A pastora Ima lembrou que o fundador do metodismo “não bus-cava salvar almas e sim vidas”. Wesley dizia que “o Evangelhode Cristo não conhece outra religião que a religião social, nemoutra santidade que a social” e considerava a dissociação entreevangelização e ação social um pecado: “Satanás tem posto todoseu empenho, desde o alvorecer do mundo, em separar o queDeus juntara, em separar a religião interior da religião exterior,

em ascender à discussãoentre essas modalidadesde crença”. A pastora afir-mou, ainda, que a açãosocial é uma “expressãohumana do amor invisívelde Deus”. É um sinal visí-vel da graça invisível, tal

como o batismo e a ceia. “Se isto não estiver claro para nós,metodistas, toda nossa ação vai se tornar simples ação social,aos moldes da Fome Zero”. É preciso também, destacou apalestrante, que a ação social seja um ato genuíno de amor cris-tão – incondicional, portanto. “A ação social não deve ser iscapara atrair as pessoas, ou estaríamos agindo como os políticosfazem”, disse ela. A pessoa pode até vir a se converter, masnossa motivação deve ser somente o amor.

Suzel TunesJosé Geraldo Magalhães Júnior

Um pouco de tudoVeja aqui a relação das oficinas

ministradas duranteo encontro ministerial

Como tratar a Lei da Homofobia? Nelson Magalhães.

Como desenvolver uma Liderança Serva? Anselmo Amaral.

Como cuidar das famílias da igreja? Ednei Reolon.

Como cuidar do novo convertido? Paulo Fernando Barros daSilva.

Como preparar um estudo bíblico? Paulo Roberto Garcia.

Como preparar um sermão? Paulo Dias Nogueira.

Como aplicar a Comunicação e o Marketing no MinistérioPastoral? Flavio Ricardo Hasten Reiter Artigas

Como cuidar da saúde pastoral? Josias Pereira

Como cuidar do Meio Ambiente? Namir Griebbler Ferreira

Como dinamizar um grupo pequeno? Ramon Coutinho

Como inserir as Igrejas nos Conselhos Municipais? AndersonSalgado Campos

Como dinamizar a Igreja no Contexto Urbano? Jonas Men-des Barreto

Como preparar um culto? Luis Carlos Ramos.

Como o/a pastor/a pode contribuir com a Escola Dominical?Vilquer de Morais

Como praticar as Disciplinas Espirituais? Wagner Ribeiro.

Como desenvolver as Pastorais Sociais? Maria Imaculada Con-ceição Costa

Como trabalhar com a Juventude? Moisés Abdon Coppe

Como trabalhar com os/as Idosos/as? Marcos Antonio Garcia

Como implantar novas técnicas de evangelização? EdsonCortásio Sardinha.

Como implantar uma nova Igreja? Fernando César Monteiro

Como trabalhar gênero na Igreja? Dórica Menezes Cabral

Por onde passa a pastoral da criança? Silvio Gonçalves Mota

Ação social é sinalvisível da graçainvisível, como obatismo e a ceia.

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Maio 200812 Reflexão

sse maravilhoso texto de Isaías foia base da conferência do pastorRicardo Gondim no segundo dia

do Encontro. Ele lembrou que, nosprimórdios do século 20, o filósofoNietzsche gritou “Deus está morto e nóso matamos”. Contudo, entramos no sé-culo 21 ouvindo anônimos quegritam: ”morreram os sonhos, morreu oEstado como promotor da justiça, morreua arte, a família, o ecossistema...”

Começamos o século 20 com o quecomumente se chama de modernidade.Entramos no século 21 com uma coisa es-quisita que chamamos de pós-modernidade. Os estudiosos sequer têmum consenso sobre o que é isso. Algunsdizem que a modernidade terminou com omuro de Berlim. Mas outros dizem que a pós-modernidade é aagudização da modernidade.

O pastor destacou que modernidade não é um período dahistória, mas uma mentalidade, que se inaugura a partir de algunseventos: grandes navegações, Renascimento, Iluminismo, ciênciade Copérnico e Galileu, Reforma Protestante, Imprensa... “Amodernidade é um jeito de pensar, de organizar a vida, um perí-odo em que a religião perde o seu domínio na cosmovisão”. Arazão, o método, a experiência laboratorial são as medidas queaferem a verdade. Deixamos de lado a visão teocêntrica; predo-mina a antropocêntrica, na qual homem e mulher estão no centrodas atenções.

A modernidade se fortalece na Revolução Francesa, na Revo-lução Industrial, no positivismo otimista que crê no progresso,que acredita que as possibilidades do ser humano são infinitas; nomarxismo que promete um paraíso na terra, no capitalismo quepromete a acessibilidade dos bens de consumo. Só que o paraísonão se concretizou na terra e a modernidade começou a perder fô-lego. Se a atitude era otimista na modernidade, na pós ela é nomínimo cínica.

Deus não morre como apregoa o filósofo, mas ressurge comforça na explosão pentecostal, nos fundamentalismos judaicos,cristãos e muçulmanos, lembrou o pastor. Assim, a pós-moder-nidade impõe desafios à Igreja. O primeiro deles é a “ideologiado mercado”. “Vivemos debaixo de uma lei que não é divina, queregula todas as nossas instituições sociais e comportamento”. Nãohá espaço para o pequeno no mundo neoliberal. Hoje é o mundodo mais forte, e esse mundo já está na Igreja. O mercado dominaas necessidades eclesiásticas. Exerce pressão sobre o pastor,exigindo dele mensagens cada vez mais palatáveis. “O mundoreligioso ocidental vive uma época de grande crise de conteúdo.A maior parte do que se ouve no púlpito não passa de clichês ehá um empobrecimento das letras das músicas”.

Segundo Gondim, as igrejas evangélicas estão se distanciandodo protestantismo quando tiram o eixo da pregação do Evangelhoe colocam a ênfase na bênção. Essa é uma mensagem antro-pocêntrica. “Apregoa-se que Deus tem uma bênção para sua vida.Isso é um desvio crasso da nossa herança protestante. O cerne doEvangelho é a busca da justiça, não é bênção. A ênfase é procla-mar a justiça de Deus. Isaías 61 diz “para que sejam carvalhos dejustiça”. Contudo, as igrejas estão se transformando em centrosde neurolinguística com verniz evangélico. “A Bíblia diz: Buscai

Amar a Deus pelo que Ele éA pregação do pastor Ricardo Gondim, no segundo dia do Encontro

Nacional de Pastores e Pastoras MetodistasO espírito do Senhor Deus está sobre mim: porque o Senhor me ungiu para pregar boas novas aos quebrantados; enviou-me a

curar os quebrantados de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a pôr em liberdade os algemados; a apregoar o anoaceitável do Senhor e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os que choram; e a pôr sobre os que em Sião estão deluto uma coroa em vez de cinzas, óleo de alegria, em vez de pranto, veste de louvor, em vez de espírito angustiado; a fim de

que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória. Isaías 61.1-3

em primeiro lugar o seu Reino e a suaJustiça. Por que aquele que quiser sal-var a sua vida perde-la-á. Pastor não éexecutivo, não é marqueteiro, nemmercadejador de esperança. É sacerdo-te do Deus Vivo, pregoeiro da Justiça!”

Segundo o pregador, os pastores epastoras precisam entender a pressãoque estão sofrendo do mercado. “Sofre-mos pressão do fundamentalismo, dolegalismo e dos processos de recrudes-cimento dogmático”. E explica que, di-ante das incertezas, diante davulnerabilidade, há a perigosa tendênciade se resvalar para um pragmatismoque desconsidera os valores espirituaise éticos, para um utilitarismo que utili-za o raciocínio do sucesso como pa-

drão — ’se minha Igreja está lotada, se cresce, está dando certo’,diz essa perigosa forma de pensar...

Como exemplo, ele contou a história de um colega pastor, nointerior de São Paulo, que pregava em sua igreja a “batalha es-piritual”. Ele afirmava ter o poder de “degolar demônios”. Aigreja lotou. Amigos tentaram demovê-lo da idéia. Mas o fato éque sua pregação lotava a igreja... Segundo Gondim, a perguntade pastores e pastoras deve ser: “isso gera a glória de Deusou gera uma comunidade infantilizada, que transfere para ascamadas espirituais o que é de nossa responsabilidade? “Preci-samos quebrar o paradigma do Deus intervencionista nos ambi-entes religiosos, do milagre de Deus restrito aos membros daigreja, disse ele, lembrando que a Graça de Deus é para todasas pessoas. Ele listou vários locais que carecem de vida, decuidados, de amor: Gabão, Angola, favelas do Rio de Janeiro...“Por que os evangelistas não vão para a fila do ambulatóriocurar os doentes de dengue? A dor do mundo nos açoita. Nãoposso prometer celular novo a um membro da igrejadiante dessa situação. Como posso dizer que Deus vai abrir umaporta de emprego ao crente? Deus colocaria o currículo do crenteacima dos demais? Isso não seria pistolão? Detestamos quandoum político faz isso e vamos pedir esse privilégio a Deus?É compolítica econômica, educação e justiça social que se abrem portasde emprego”.

Gondim lembrou que as igrejas cristãs não estão num concursode crescimento: “Você foi chamado para ser fiel, não para darcerto. Temos que devolver a Deus o centro da nossa pregação.Prega-se que Deus está a serviço do ser humano. Os pregadoresperguntam O que Deus pode fazer por você. Esse é um desvio damentalidade cristã do primeiro século”. As pessoas passam a amara Deus por aquilo que ele dá, não pelo que Ele é. Esse é o proble-ma de se pregar antropocentricamente.

“Precisamos voltar a conhecer Deus não por aquilo que ele nosdá, mas pelo que Ele é”. Lembrando do texto de Jó, ele disse queos sofrimentos impostos a Jó tinham uma razão clara: insultar aDeus. O insulto de Satanás foi: tu compras o amor de Jó, ele nãote serve de graça”. Ao finalizar a sua palestra, Ricardo Gondimconvidou todas as pessoas a se perguntar: “Qual é base do nossoamor a Deus?”. O amor de Jó não estava baseado no que Deus lhedava. No capítulo 19, em meio ao seu sofrimento, ele faz uma dasmais belas proclamações de fé da Bíblia: “Contudo, eu sei quemeu Redentor vive.”

O Bispo Stanley Moraes, secretário do Colégio Episco-pal, passa a palavra ao Rev Ricardo Gondim, pastor daIgreja Assembléia de Deus Betesda (à direita)

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Maio 2008 13Reflexão

Professora do Instituto de Psicanálise de Campinas e membroda Igreja Metodista Central dessa cidade, Janice começou suapalestra fazendo uma reflexão sobre o tema que motivou o Encon-tro Nacional de Pastores: “Reaviva o Dom”. Reavivar, disse ela,é ressignificar, dar novo significado ao vivido. “Não mudamos osacontecimentos vividos, mas podemos dar novos significados,que mudam o sentido do que aconteceu”.

Ela lembrou que não somos apenas seres biológicos. Recebe-mos influência de nosso psiquismo, somos movidos por desejos.“O desejo nasce da falta, da nossa incompletude humana. Ele éinstalado já em nossos primeiros relacionamentos, ainda bebês”,lembra Janice. Mas desejo que não é reconhecido tende a noslevar por caminhos que às vezes não esperamos, alerta a psicó-loga. Quando nossos desejos estão desnorteados, vivemos a im-possibilidade da espera. “Acabamos escolhendo qualquer coisa quenos traga satisfação imediata; essa é uma característica da so-ciedade contemporânea”.

Segundo a psicóloga, as pessoas muitas vezes agem comoEsaú, que não agüentou esperar e trocou a sua primogenitura porum prato preparado pelo irmãoJacó. Esse tipo de comportamentotem afetado diretamente o relaci-onamento familiar, desafiando ospastores e pastoras no seu traba-lho de orientação cristã. “É neces-sário ensinar as pessoas, desdecrianças, a lidar com frustrações eperdas. Não podemos ir atrás denossos impulsos sem levar emconta o outro. Crianças são con-fundidas com adultos, colocadas nocentro da família, num lugar quenão lhes pertence e não faz bem aelas. Projetamos nelas o que nãopodemos ser e idealizamos os re-lacionamentos”. Essa idealização,explicou a psicóloga, pode serdirecionada aos filhos ou aos côn-juges, que recebem a tarefa desuprir lacunas impossíveis de se-rem preenchidas, a não ser pelaGraça do próprio Deus. “Nossaexistência enquanto seres huma-nos é sempre precária.. Não so-mos completos, por isso precisamos da Graça de Deus”.

Se a própria família pode ser alvo de idealização, o que nãodizer da família pastoral? Para a comunidade, explicou a psicóloga,o sacerdote é aquele que tem a “custódia” do sagrado. Muitaspessoas acreditam que ele está “mais próximo de Deus”.

Assim, um problema que atinja a família pastoral tende acausar insegurança em toda a comunidade, a partir do equivocadoraciocínio: “Se aquele que estava mais perto de Deus foi atingidodessa forma, não foi protegido, imagina nós!”.

Essa idealização, afirmou ela, pode provocar danosirreparáveis à família pastoral. “Pastor e pastora vivem a proxi-midade e o contato diário com o transcendente, com o Absoluto.Mas vivem também no mundo profano. Têm necessidades finan-ceiras, sexuais, precisam pagar impostos, votar, educar filhos...Lidam com os dois mundos: o concreto e o transcendente. Essesdois mundos podem se chocar e se contradizer; é necessáriointegrá-los. Diante dessa dicotomia, corre-se o risco de se tentarencobrir a própria humanidade com o discurso religioso”, alertaJanice. “A Graça de Deus não é para encobrir a falta, mas paranos sustentar diante da falta”.

Terapia é meio de graçaNo Encontro Nacional de Pastores (as), a psicóloga Janice Bicudo e o pastor Edésio de

Oliveira Rocha, da 4ª Região, falam da saúde emocional no exercício do ministério

O pastor Edésio de Oliveira Rocha, da 4ª Região, confirmouas palavras da psicóloga Janice Bicado a partir de seu própriotestemunho. “Minha esposa foi diagnosticada com transtornobipolar misto. Sentimos temor e falta de coragem de assumirdiante da Igreja que a esposa do pastor tinha doença de fundoemocional”, conta o pastor. Ele diz que a esposa do pastor é apessoa mais sacrificada da Igreja e os filhos são os maisincompreendidos. “Cobra-se da família determinados papéis, oque é reforçado pela própria postura pastoral”. Segundo Edésio,a família pastoral somente será meio de graça quando cadamembro tiver liberdade para exercer o seu ministério sem impo-sição ou cobrança. “Nós também alimentamos essa ilusão e pre-ferimos representar, viver o mito da família perfeita, da famíliamodelo. Essa disfunção tem adoecido a família pastoral. Fica-mos constrangidos em demonstrar a nossa humanidade, revelarnossas enfermidades e até nossas extroversões. O que se esperaé algo sobre-humano”.

Mas, o que fazer quando algum membro da família sofretranstornos emocionais? Resposta óbvia, disse o pastor: orar e je-

juar, ter fé, acolher. Tudo isso énecessário, mas não dispensa otratamento especializado. “Tera-pia é meio de graça”, afirmou oRev.Edésio. “Não somos deus emminiatura. Precisamos noshumanizar. Reconhecer que nãotemos resposta para tudo, nemresposta para todos. Isso é serhumano. Precisamos reconhecernossos limites ao nos colocarmosfrente aos ‘amigos de Jó’”.

O Rev. Edésio lançou, então,uma pergunta à platéia: “A Igrejagosta do perfil do pastor que faztudo?” E ele mesmo respondeu:“Claro que gosta!” De maneirageral, a Igreja acha que tem gan-hos com o pastor extremamenteativo, que toma todas as respon-sabilidades sobre si. Mas tambémhá perdas. “A Igreja pode se tor-nar dependente, imatura,infantilizada”. “Nos primeirosanos do ministério, eu não tinha

limite e não sabia colocar limites na igreja. Trabalhava 12, 14, 18horas diárias. Mas fui confrontado com a necessidade de cuidardas minhas emoções. Meus condicionamentos e preconceitos,minha ignorância, não haviam me permitido ouvir o que era ób-vio. Demorei quase uma década e meia para começar a ouvir osmeus fantasmas”.

Pessoas que nunca falam de suas frustrações têm chance míni-ma de obter alívio, alertou o pastor, que deixou um conselho pes-soal aos pastores e pastoras que o ouviam: “Nunca se isole. Nãotenha medo de dar nome a seus fantasmas. Mas não fale com todomundo. Nem sempre os bispos, a bispa, ou os SDs são as melhorespessoas para nos ouvir. Quero encorajar vocês a desenvolver al-guns amigos de jugo, que possam escutá-los e não acusá-los.Quero desafiá-los a buscar ajuda. No Getsêmani, Jesus desabafoucom três amigos. Ele teve coragem.” Lembrando que não há cres-cimento sem dor, o Rev. Edésio Rocha também desafiou os colegasa buscarem atendimento terapêutico. “Terapia não é gasto, masinvestimento, para quem reconhece necessidade de ajuda. Terapiaé auto-conhecimento, é tarefa para a vida inteira”.

Rev. Edésio, no púlpito, dá seu testemunho após palestra da psicólogaJanice (sentada ao lado do Bispo Geoval).

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Maio 200814 Entrevista

Das grades para o púlpito

m 1983, aos 20 anos de idade, o paranaense José Fabrí-cio foi preso por homicídio, como resultado de muitosanos de raiva e desamparo. Aos 12 anos de idade, elepresenciara o assassinato do pai. Jurou que vingaria sua

morte. Contudo, uma pessoa que não tinha nada a ver com suahistória lhe atravessou o caminho. Discutiram. José estava arma-do. O resultado foi a tragédia.

Condenado a 12 anos de cadeia, José Fabrício não tinha espe-rança. “Eu achava que não teria salvação. Era uma alma cansa-da”. Mas havia uma Igreja Metodista em sua cidade que ampara-va os detentos e suas famílias. Ele começou a receber cartas deconforto e orientação da uma irmã de sua igreja. E foi dentro dopresídio que José Fabrício encontrou Jesus, a paz e a esperançapara viver. Decidiu se tornar pastor metodista e começou a pregarainda na prisão. “Então aconteceu um milagre”, diz ele. “Minhapena foi reduzida de 12 anos para seis. Saí da cadeia direto paraum encontro de jovens em Telêmaco Borba, ainda cheirando àgrade. A Igreja me acolheu e fiz seminário em Londrina. Fui ge-rado onde abundava a morte. Saí das grades para o púlpito. Fuiabençoado. E Deus ainda me deu a filha do carcereiro, que éminha esposa. Hoje, quando os detentos me chamam para pregarna cadeia, eles dizem: Chama o nosso ex-colega! Você também échamado a pregar a seus ex-colegas de boteco, de mentira, deprostituição...”

José Fabrício Bahls, pastor da Igreja Metodistaem Bandeirantes, Paraná.

Razão da Esperança...antes, santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração,

estando sempre preparados para respondera todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós...

1 Pedro 3.15

manoel nasceu no agreste pernambucano, na cidade de Li-moeiro e, desde muito cedo, conviveu com pobreza e ca-rência. “Meu pai era pipoqueiro. Morreu com 30 anos deidade. Eu tinha apenas nove anos, e era o filho mais ve-

lho”. A história de Emanoel poderia ter seguido um caminho de ex-clusão e marginalidade muito semelhante ao de milhões de outrascrianças carentes brasileiras, não fosse a ação da Igreja Metodistae, especialmente, do missionário David Blackburn. Emanoel serecorda com carinho do missionário que chegou com uma kombie fez o culto em sua casa. Então, implantou um projeto denomi-nado “Mães Sozinhas com Crianças”, que deu novo rumo para suafamília. “Deus trabalhou em minha vida. Diante de uma sociedadeque exclui mulher, pobre e sem marido, minha mãe percebeu, pormeio da ação da Igreja, que ela poderia criar, educar e transmitiro Evangelho a seus filhos”. Emanoel começou a trabalhar na Igre-ja. Ele se diverte lembrando que tocava todos os hinos da igrejacom as únicas três notas musicais que conhecia. A Igreja o ouviae o apoiava “com misericórdia”...

“Então, eu senti o chamado do pastorado. E ouvi o conselho: Sevocê quer ser pastor, vá para a Faculdade de Teologia. Eu tinhamedo de sair da minha terra, sozinho para um local distante, masuma senhora da Igreja me disse: Vá, que todo mês eu te mandouma carta e, dentro do envelope, coloco um cartão eletrônico paravocê ligar para mim e conversarmos. Eu ficarei orando”.

Emanoel Bezerra da Silva, pastor da Igreja Metodistaem Teresina, Piauí.

O Encontro Nacional de Pastores e Pastoras foi uma rica oportunidade de rever amigos, matarsaudades, trocar experiências pastorais. Foi, também, oportunidade de testemunhar a própria fé e,assim, alimentar a fé de companheiros e companheiras de jornada. Foi o que fizeram os pastores

José Fabrício e Emanoel. Por meio de suas experiências de vida, nossa homenagem ao pastorese pastoras em seu dia: 13 de abril.

Hino de três notas só

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Maio 2008 15Cultura

Agenda

Quando Amazing Grace estreounos cinemas da Inglaterra e Esta-dos Unidos, em 2007, o site oficialdo filme promoveu sessões de exi-bição especiais em igrejas e ofere-ceu um guia de estudo bíblico ba-seado na história (você podeconferir no endereço http://www.amazinggracemovie.com/downloads.php, em inglês). Não épra menos... O filme que tem portítulo um dos hinos evangélicosmais famosos de todos os temposfala de um homem que, movidopela fé, aplicou todas as suas for-ças na luta pelo fim da escravidãoem seu país. O filme, que chegaagora ao Brasil em DVD com o títu-lo Jornada pela Liberdade, conta ahistória de William Wilberforce.Dele se pode dizer, realmente, quededicou toda a vida pela lutaabolicionista: trabalhou por essacausa do ano de 1787, até suamorte, em 1833. No dia 26 de ju-lho de 1833, três dias após a mor-

te de Wilberforce, o Parlamento finalmente aprovou a abolição da escravatura na Ingla-terra.

E o que a história da abolição tem a ver com o hino? Tudo! Ela se relaciona ao hinoe até à história do metodismo. A letra de Amazing Grace (ou Preciosa Graça, no hinárioCantor Cristão) foi composta por John Newton (1725-1807). Newton havia sido traficantede escravos, capitão de um navio negreiro por muitos anos, até que teve um encontrocom Cristo e uma transformação radical em sua vida. Ele viria a ser um entusiasta dis-cípulo do evangelista George Whitefield e conheceria John Wesley, tornando-se tambémpastor anglicano. Uma de suas pregações tocou o coração do William Wilberforce, entãoum jovem de 21 anos, mas já era membro da Câmara dos Comuns. Newton tornou-se umconselheiro espiritual de William. E a última carta que John Wesley escreveu na vida, noano de 1791, foi para William Wilberforce, encorajando-o a agir em favor daabolição. Neste mesmo ano, Wilberforce levou a questão ao parlamento inglês. Foi der-rotado, mas não desistiu. Insistiu durante anos, até conseguir a eliminação do comérciode escravos, no ano de 1807. E continuou sua luta, até o fim da vida, para abolir, de umavez, este pecado de seu país, tornando-se exemplo nas lutas abolicionistas dos EstadosUnidos e, mais tarde, do Brasil.

Graça e Liberdade

No dia 24 de maio de 2008 o povo metodista comemora 270 anos do dia emque o inglês John Wesley sentiu seu coração aquecido, marcante experiência de féque o motivou a “espalhar a santidade bíblica sobre a terra”. Sua vida, marcadapor um entrelaçamento entre espiritualidade, doutrina e presença pública, inspirouo Credo Social Metodista, criado em 1908. Neste ano, de 26 a 30 de maio, aFaculdade de Teologia da Universidade Metodista de São Paulo realiza a 57ª SemanaWesleyana para refletir sobre este importante documento. O tema é: “Vós sois osal da terra”: 100 anos de Credo Social Metodista - experiências e perspecti-vas. Mais informações: www.metodista.br/fateo.

Centenário do Credo Social

Mais uma crônica deNárnia: para crianças

e adultosNovo lançamento da Disney, Príncipe

Caspian, mais uma das Crônicas deNárnia, promete fazer tanto sucesso quan-to O Leão, A Feiticeira e o Guarda Roupa– entre crianças e adultos. A história, doescritor e teólogo C. S. Lewis, traz osmesmos personagens: Pedro, Susana,Edmundo e Lúcia, que são convocados peloPríncipe Caspian, para salvar o reino en-cantado de Nárnia. Eles contam, novamen-te, com o leão Aslan para salvar Nárnia dodomínio de um rei tirânico e restaurar apaz da terra. Lewis, cristão fervoroso,criou suas histórias de conto de fadas uti-lizando simbologias cristã. Seu objetivo eraapresentar às crianças valores do cristia-nismo de uma forma que elas pudessemcompreender. Assim, a figura do leão Aslané uma referência à figura de Cristo. Previs-to para dia 30 de maio nos cinemas.

Campanha Oferta Missionária 2008No terceiro domingo de maio, você poderá colaborarcom a missão metodista no norte e nordeste do país.

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Maio 200816 Página da Criança