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FACULDADE NOVOS HORIZONTES Programa de Pós-graduação em Administração Mestrado ESTÁGIO SUPERVISIONADO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O PROCESSO FORMATIVO DOS ADMINISTRADORES EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICA José Martins da Silva Belo Horizonte 2015

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FACULDADE NOVOS HORIZONTES

Programa de Pós-graduação em Administração

Mestrado

ESTÁGIO SUPERVISIONADO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O PROCESSO FORMATIVO DOS ADMINISTRADORES EM UMA

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICA

José Martins da Silva

Belo Horizonte 2015

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José Martins da Silva

ESTÁGIO SUPERVISIONADO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O PROCESSO FORMATIVO DOS ADMINISTRADORES EM UMA

INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICA

Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Administração da Faculdade Novos Horizontes, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração. Orientadora: Profª. Drª. Nathália de Fátima Joaquim Linha de pesquisa: Relações de Poder e Dinâmica das Organizações Área de concentração: Organização e Estratégia

Belo Horizonte 2015

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FOLHA DE APROVAÇÃO

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REVISÃO DE PORTUGUÊS

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AGRADECIMENTOS

A Jeová Deus, por ter me ajudado na realização deste trabalho. À minha

orientadora, Professora Doutora Nathália de Fátima Joaquim, pelas inúmeras

contribuições, pela atenção e paciência.

À minha família, pelo apoio.

A todos os meus colegas de mestrado, que fizeram parte desta jornada. A todos os

professores e funcionários da Faculdade Novos Horizontes, por diversas

contribuições. Em especial, às secretárias Wânia e Beatriz.

À instituição CEFET-MG, pelo auxílio financeiro. Ao coordenador do curso de

Administração do CEFET-MG, o Professor Dr. Ítalo Brener de Carvalho, por ter

aberto as portas e pelo auxílio nesta pesquisa. Aos alunos do curso de

Administração do CEFET-MG, que contribuíram com respostas para subsidiar esta

dissertação.

Aos meus amigos que me ajudaram e me incentivaram a não desistir. A todos: a

minha gratidão.

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RESUMO

Este estudo pretende analisar como o estágio supervisionado pode contribuir para o processo de formação profissional dos alunos do curso de Administração do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET-MG. O referencial teórico contou com os seguintes tópicos: o histórico do ensino de Administração no Brasil; o estágio supervisionado e as questões teórico-legais; os agentes do estágio que fazem parte do processo de formação profissional; como o estágio supervisionado influencia nesse processo; além de questionar se há espaço para a reflexão crítica sobre a prática. Esta pesquisa é descritiva, com abordagem qualitativa. Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas. A técnica utilizada para a análise dos dados foi a análise de conteúdo conforme Bardin (2009). A unidade de análise refere-se ao curso de Administração do CEFET-MG, representado pelo estágio curricular supervisionado obrigatório. Os sujeitos desta pesquisa foram 11 alunos matriculados no curso de Administração do CEFET-MG, no primeiro semestre de 2015, selecionados conforme o critério de acessibilidade. Quanto aos dados demográficos, 9 dos respondentes encontram-se na faixa etária de 20 a 30 anos. Quanto ao gênero, 5 são do sexo masculino e 6, do sexo feminino. Foram consideradas três categorias de análise: a importância do estágio supervisionado na formação profissional do administrador; Teoria e prática; e Práticas e reflexões no ambiente do estágio. O resultado para a primeira categoria apontou que o estágio foi percebido por 9 dentre os 11 entrevistados como uma forma de ingresso no mercado de trabalho. A experiência de trabalho foi, por 9/11 dos respondentes, considerada válida, pois lhes ensina como se relacionar com colegas, superiores, clientes e também sobre o funcionamento da organização. Para 7/11 dos entrevistados o estágio é um dos momentos mais importantes para a formação profissional. Já os resultados relativos à segunda categoria, apontam que, para a formação profissional do futuro Administrador, o estágio supervisionado necessita estar integrado às demais disciplinas cursadas pelo aluno, além de possibilitar um momento de vivência profissional e acadêmica. A visualização dos conteúdos das disciplinas e o estágio como um momento de vivência profissional orientada foram percebidos em quase a totalidade da amostra (10/11). O estágio é capaz de propiciar ao acadêmico a realização de um diagnóstico crítico das disciplinas oferecidas pela IES segundo a visão dos sujeitos. Destacou-se, nas respostas dos entrevistados, a possibilidade de sugestão de modificações ou aprimoramento em seu processo de gestão. Para a terceira categoria, apenas 2/11 declararam que o acompanhamento pelo docente ocorreu durante todo o período do estágio. Já 5/11 dos respondentes afirmaram que esse acompanhamento ocorreu em pequena ou nenhuma parte do programa. Constatou-se a necessidade de reavaliação do exercício das atribuições da orientação relacionadas estágio supervisionado. Há a predominância de opinião sobre a contribuição do estágio na vida acadêmica e profissional, devendo esse processo estar relacionado aos propósitos da legislação que estabeleceu esta atividade como obrigatória dentro do currículo escolar.

Palavras-chave: Ensino de Administração. Estágio Supervisionado. Formação

Profissional. Gestão Escolar.

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ABSTRACT

This study aims to examine how the supervised internship can contribute to the professional formation process of students of the Administration course of the Federal Center of Technological Education of Minas Gerais – CEFET-MG. The theoretical framework included the following topics: the history of Administration education in Brazil; supervised internship and theoretical and legal issues; internship agents that are part of the professional formation process; how the supervised internship influences in this process; as well as to question whether there is room for critical reflection regarding the practice. This research is descriptive, with a qualitative approach. For data collection, interviews were conducted. The technique used for data analysis was the content analysis according to Bardin (2009). The unit of analysis refers to the Administration course of CEFET-MG, represented by mandatory curricular supervised internship. The subjects of this research were 11 students enrolled in the Administration course of CEFET-MG, in the first semester of 2015, selected according to the criteria of accessibility. As for demographic data, 9 of the respondents are in the age group of 20-30 years. As to gender, five are male and 6 female. Three categories of analysis were considered: the importance of supervised internship in the formation of professional qualification of the administrator; theory and practice; and practices and reflections in the internship environment. The result for the first category pointed out that the internship was perceived by 9 out of 11 respondents as a way to enter the labor market. Work experience was, by 9/11 of respondents considered valid because it teaches them how to relate to colleagues, superiors, customers, and also on the functioning of the organization. For 7/11 of respondents the internship is one of the most important moments for professional formation. Yet results regarding the second category, point out that, for the vocational training of the future administrator, supervised internship needs to be integrated with other subjects taken by the student, besides allowing a moment of professional and academic experience. The visualization of subject contents and the internship as a time-oriented professional experience were noticed in almost the entire sample (10/11). The internship is able to provide the academic to carry out a critical diagnosis of the subjects offered by the (HEI) according to the vision of the subjects. In answers provided by respondents, excelled the possibility of suggestions, changes or improvements in its management process. Concerning the last category, only 2/11 stated that monitoring by the teacher occurred during the full internship period. As for 5/11 of respondents affirm that this monitoring took place in little or no part of the program. It was found the need for revaluation of the exercise of the powers of guidance related to supervised internships. There is a predominance of opinion regarding the contribution of the internship in the academic and professional life, in which this process should be related to the purposes of the legislation that established this activity as a compulsory part of the school curriculum.

Keywords: Education of Administration. Supervised Internship. Professional Formation. School Management.

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABRES – Associação Brasileira de Estágios

CEFET-MG – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

CFA – Conselho Federal de Administração

CGRAD – Conselho de Graduação

CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

CNE – Conselho Nacional de Educação

CRA – Conselho Regional de Administração

CSE – Conselho Superior de Ensino

CST – Cursos Superiores de Tecnologias

DASP – Departamento de Administração do Serviço Público

DCN – Diretrizes Curriculares Nacionais

EAESP – Escola de Administração de Empresas de São Paulo

EBAP – Escola Brasileira de Administração Pública

ESAN – Escola Superior de Administração de Negócios

FEA/USP – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da

Universidade de São Paulo

FGV – Fundação Getúlio Vargas

FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos

IES – Instituição de Ensino Superior

IF – Instituto Federal

IFES – Instituição Federal de Ensino Superior

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INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira

LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

MEC – Ministério da Educação e Cultura

ONU – Organização das Nações Unidas

UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization1

1 UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization. Traduzido para o

Português: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Origem e trajetória do CEFET-MG .......................................................... 18

Quadro 2 - Cronologia dos Campi do CEFET-MG .................................................... 20

Quadro 3 - Número de Cursos de Administração no Brasil – Evolução.....................33

Quadro 4 - Quantidade de matrículas nos Cursos de Administração ........................ 34

Quadro 5 - O Ensino de Bacharelado em Administração no Brasil – Estatística ...... 35

Quadro 6 - O Estágio – Evolução no Brasil ............................................................... 40

Quadro 7- Comparação: a Lei 6.494/77, o Decreto 87.494/82 e a Lei 11.788/08 ..... 42

Quadro 8 - Agentes envolvidos no processo do estágio curricular supervisionado ... 49

Quadro 9 - Categorias e Variáveis ............................................................................ 70

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................. 12

1.1 Objetivos ..................................................................................................... 15

1.1.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 15

1.1.2 Objetivos Específicos ................................................................................ 15

1.2 Justificativa ................................................................................................. 16

1.3 Estrutura do texto ....................................................................................... 17

2 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................... 18

2.1 O CEFET-MG: Breve Histórico ................................................................... 18

2.2 O Curso de Administração do CEFET-MG ............................................... 21

2.3 O Estágio Curricular Obrigatório .............................................................. 22

3 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................... 25

3.1 Histórico do Ensino de Administração no Brasil ..................................... 25

3.1.1 História dos Currículos Mínimos ............................................................... 36

3.2 O Estágio Supervisionado: discussões teórico-legais ........................... 40

3.3 Os agentes do estágio que fazem parte do processo de formação profissional .............................................................................................................. 45

3.4 Como o estágio supervisionado influencia no processo de formação profissional .............................................................................................................. 51

3.5 Há espaço para a reflexão crítica sobre a prática? ................................. 56

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ......................................... 64

4.1 Caracterização da Pesquisa ...................................................................... 64

4.2 Unidade de Análise e Sujeitos da Pesquisa ............................................. 65

4.3 Coleta de Dados .......................................................................................... 65

4.4 Análise dos Dados ...................................................................................... 66

5 APRESENTAÇÃO, DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 69

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 81

REFERÊNCIAS .................................................................................... 88

APÊNDICE ........................................................................................... 96

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1 INTRODUÇÃO

O estágio faz parte do processo formativo dos estudantes e deve contribuir para a

formação profissional deles. Deve também integrar o itinerário formativo do

educando a partir das diretrizes curriculares (BRASIL, 2008). Nesse sentido, a

formação em nível superior é um processo complexo, que merece ser pesquisado,

devendo integrar a composição curricular adequada (PIZZINATTO, 1999).

De acordo com Bernardim (2010), o estágio curricular corresponde a um instituto,

que é capaz de proporcionar ao indivíduo um melhor preparo para o atendimento

das demandas sociais, proporcionando a formação de cidadãos úteis para a

sociedade, uma vez que contribuem para o avanço do modelo socioeconômico.

Disso decorre a formação da mão de obra para o mercado e a realimentação do

sistema por meio das habilidades e competências desenvolvidas no decorrer do

processo formativo que perpassa a prática de estágio.

O estágio também não constitui de uma relação laboral propriamente dita, já que

representa mão de obra sem vínculo empregatício e não tem por finalidade um

resultado produtivo em relação às atividades exercidas pelo estudante. A principal

relação do estágio é a atividade de ensino, não tendo fins produtivos para a

empresa. Bernadim (2010) busca identificar no fenômeno do estágio as relações

entre os mundos do Trabalho e da Educação. O objetivo é atender ao propósito

pedagógico das instituições de ensino (ROCHA DE OLIVEIRA; PICCININI, 2012 b).

Como afirmam Bianchi e Rocha de Oliveira (2011), o estágio pode ser observado de

diversos enfoques: é complementar às atividades teóricas; é forma de inserção

profissional; é, também, uma maneira de flexibilizar as relações de trabalho. Para

Mesquita (2010), o estágio pode ser considerado positivo para os jovens, uma vez

que pode proporcionar conhecimentos da prática profissional e ampliar o

aprendizado na instituição de ensino. Ademais, o estágio é fator decisivo para o

aluno, que pode seguir ou não uma profissão, além de possibilitar maiores

oportunidades no mercado de trabalho.

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De acordo com os estudos realizados por Souza, Amorim e Silva (2012), o mercado

do trabalho contemporâneo está cada vez mais competitivo e isso exige que o

profissional seja capacitado, com competências e habilidades específicas para o

exercício de determinadas tarefas nas organizações. Nesse contexto, o estágio

surge como um recurso importante e articulador para integração entre a teoria e a

prática, uma vez que possibilita aos alunos um contato direto com a realidade

profissional, buscando desenvolver competências e habilidades próprias para a sua

profissão futura.

Já para Medeiros (2006), o estágio supervisionado apresenta, no âmbito dos cursos

de Administração, uma preocupação central, que é proporcionar o contato com a

realidade da organização, permitindo ao aluno conhecer os processos

organizacionais e deles participar, de forma a complementar sua formação

profissional. Faria et al. (2011) postulam que está associada às competências do

administrador a visão global da organização, e não somente as atividades e tarefas

isoladamente.

Almeida, Lagemann e Sousa (2006) abordam que a prática do estágio

supervisionado é elemento essencial para a compreensão dos desafios para a

formação de administradores. Além disso, a formação da ética do administrador é

considerada “um produto que se inicia em sala de aula e tem consolidação na

prática da organização” (ALMEIDA; LAGEMANN; SOUSA, 2006, p.2).

Rego e Silva (2013) corroboram as ideias de Medeiros (2006), uma vez que afirmam

que há a necessidade em assegurar aos graduados de Administração uma formação

direcionada para o desenvolvimento de competências sociais e intelectuais, bem

como para o desenvolvimento da capacidade de compreender o mundo a sua volta.

Assim, o estágio, à luz da Lei nº. 11.788, de 25 de setembro de 2008, apresenta

como principal objetivo a aquisição de competências profissionais. A referida lei

classifica o estágio curricular em obrigatório e não obrigatório. O primeiro deve ser

definido no projeto do curso, sendo a carga horária um requisito para obtenção de

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aprovação. O segundo refere-se à atividade opcional, que é acrescentada à carga

horária regular e obrigatória (BRASIL, 2008).

Para esse estudo, o foco é o estágio curricular obrigatório do curso de Administração

do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET-MG.

Especificamente para esta dissertação, interessam alguns aspectos primordiais que

servirão de suporte para nortear esta investigação: qual a importância do estágio

para a gestão de um curso de Administração voltado para a formação de

profissionais qualificados? O estágio supervisionado, da forma como se apresenta,

contribui para a formação profissional do estudante de Administração? Quais os

principais pontos que possibilitam o estágio ser um recurso didático importante no

processo formativo dos administradores? Essas questões serão respondidas no

desenvolvimento deste trabalho e servirão de auxílio para o embasamento da

questão que norteia esse estudo.

Buscou-se também fazer um brainstorm, que resultou em alguns questionamentos

aplicáveis para o objeto de estudo. Disso resultou:

1. Quais são os agentes do estágio que fazem parte do processo de formação

profissional?

2. Como o estágio supervisionado influencia nesse processo?

3. Há espaço para a reflexão crítica sobre a prática?

No entanto, na busca para responder a tais questionamentos, observou-se que,

algumas vezes, as respostas se encontram entrelaçadas, visto que os assuntos são

inter e transdisciplinares. Muitas vezes, a resposta a uma questão irá complementar

outra.

Um ponto importante é que muitos dos gestores da instituição aspiram transformar o

CEFET-MG em Universidade Tecnológica, de modo a ampliar a sua contribuição

para um projeto de desenvolvimento nacional que esteja comprometido com a

inclusão social. É uma instituição centenária que, no decorrer de sua trajetória, tem

buscado avançar rumo a este propósito. Observa-se que já se apresenta como

Instituição Federal de Ensino Superior (IFES) de maneira consolidada, o ensino, a

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pesquisa e a extensão em suas práticas na Educação Profissional Técnica de nível

médio, da graduação e da pós-graduação – stricto e lato sensu.

Salienta-se que esta dissertação é adequada para o curso de Administração, uma

vez que trata da questão referente à gestão escolar: a contribuição do estágio para a

formação do administrador.

Assim, constata-se que há a necessidade dos gestores escolares estarem voltados

para os objetivos desse curso e se deterem na importância do currículo. Neste

contexto, observa-se que o estágio é importante para o administrador que o CEFET-

MG tem a intenção de formar.

Diante do que foi exposto até aqui, apresenta-se a seguinte questão norteadora:

como o Estágio Supervisionado pode contribuir para o processo de formação

profissional dos alunos do curso de Administração do Centro Federal de

Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET-MG?

1.1 Objetivos

Foram estabelecidos o objetivo geral e quatro objetivos específicos, a fim de

responder à questão norteadora desta pesquisa.

1.1.1 Objetivo Geral

Apresenta-se para este estudo o objetivo geral que consiste em analisar como o

estágio supervisionado pode contribuir para o processo de formação

profissional dos alunos do curso de Administração de uma Instituição de

Ensino Superior pública situada na cidade de Belo Horizonte.

1.1.2 Objetivos Específicos

Para que o objetivo geral pudesse ser alcançado, foram estabelecidos quatro

objetivos específicos:

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a) Verificar o papel do estágio e sua contribuição para a gestão do curso de

Administração.

b) Avaliar como o estágio contribui para a formação profissional, sob a ótica dos

alunos matriculados na disciplina de Orientação de Estágio Supervisionado;

c) Avaliar, sob a ótica dos alunos matriculados na disciplina de Orientação de

Estágio Supervisionado, como se dá a relação entre teoria vista em sala de

aula e a prática por meio do estágio supervisionado, e como esse pode

contribuir para a formação do aluno do curso de Administração;

d) Identificar os principais pontos que tornam o estágio um recurso didático

importante no processo formativo dos administradores;

1.2 Justificativa

Esta pesquisa pode ser justificada sob três pontos de vista: acadêmico, institucional

e social.

Justifica-se a relevância deste trabalho, sob a ótica acadêmica, pelo fato de ela

possibilitar uma contribuição para o plano científico acerca do tema, por meio de

reflexões sobre a atividade de estágio, que constitui um elo entre o universo

profissional e o espaço acadêmico. Portanto, esse trabalho também visa contribuir

com a gestão acadêmica. Em Rego e Silva (2013), o Estágio Supervisionado trata

de um elemento curricular voltado para a consolidação do desempenho profissional

desejado do egresso, devendo oportunizar a interface entre teoria e prática a partir

de uma experiência acadêmica, social e profissional.

Do ponto de vista institucional, é importante destacar que a proposta para este

trabalho surgiu, inicialmente, do interesse sobre o tema estágio curricular

supervisionado obrigatório, por fazer parte de atividade já exercida na instituição,

como docente do quadro permanente do Centro Federal de Educação Tecnológica

de Minas Gerais – CEFET-MG. Outro ponto importante é que o tema proposto para

esta pesquisa busca analisar a atividade de estágio supervisionado na percepção

dos alunos matriculados no curso de Administração desta Instituição de Ensino

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Superior (IES) pública. Além disso, pretende-se levar uma contribuição para os

gestores dos cursos de Administração desta instituição.

Por último, do ponto de vista social, justifica-se a iniciativa deste trabalho no sentido

de que servirá como um canal de avaliação das práticas de estágio e da orientação

que acontecem nesta instituição. Dessa forma, este trabalho trará ajustes ao

processo e à formação dos administradores no que tange ao estágio supervisionado,

podendo contribuir tanto para o curso de Administração como para outros cursos

que a IES oferece, bem como para outras organizações e para a sociedade, uma

vez que permite a prática reflexiva da atividade de estágio.

Com base em Andrade e Amboni (2004), verifica-se que a IES diz respeito a um

espaço social, cuja função específica é a de possibilitar aos discentes a apropriação

de diversos conhecimentos (científicos, filosóficos, matemáticos, dentre outros)

sistematizados no decorrer da história da humanidade. Outra função é a de

estimular a produção do saber capaz de auxiliar na luta por mudanças, nas relações

sociais presentes na sociedade. Assim, torna-se necessária a compreensão das

questões que permeiam e envolvem a prática de estágio supervisionado na

percepção dos discentes.

1.3 Estrutura do texto

Esta dissertação encontra-se estruturada em seis capítulos. O primeiro capítulo

refere-se à introdução, onde constam: o delineamento do tema, a problematização,

os objetivos, a justificativa da pesquisa e a estrutura do texto. O segundo capítulo diz

respeito à contextualização. O terceiro capítulo aborda o referencial teórico. O quarto

capítulo trata dos procedimentos metodológicos. Já o quinto capítulo abrange a

apresentação, análise e discussão dos resultados. Por fim, o sexto capítulo, que

trata das considerações finais, e, em seguida, as referências e o apêndice.

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2 CONTEXTUALIZAÇÃO

Este capítulo é destinado à contextualização do estudo e desdobra-se em três

partes. A primeira parte diz respeito ao histórico do CEFET-MG. A segunda,

contempla o curso de Administração desta instituição. E a terceira parte aborda o

estágio curricular obrigatório.

2.1 O CEFET-MG: Breve Histórico

O CEFET-MG foi criado mediante o Decreto 7.566, assinado pelo Presidente Nilo

Peçanha, em 23 de Setembro de 1909, e inicialmente denominou-se Escola de

Aprendizes Artífices de Minas Gerais. É classificado, do ponto de vista institucional,

como uma autarquia pública federal, em regime especial, vinculada ao Ministério de

Educação e Cultura (MEC). É detentora de autonomia administrativa, patrimonial,

financeira, didática e disciplina. Durante sua trajetória, a instituição recebeu diversas

denominações (CEFETMG, 2014) conforme mostra o QUADRO 1 a seguir.

Quadro 1 - Origem e trajetória do CEFET-MG

Ano Denominação

1909 Escola de Aprendizes Artífices de Minas Gerais

1941 Liceu Industrial de Minas Gerais

1942 Escola Técnica de Belo Horizonte

1969 Escola Técnica Federal de Minas Gerais

1978 Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

Fonte: Elaborado pelo autor com base no site http://www.cefetmg.br/

Dentro do contexto histórico, um ponto importante diz respeito às políticas de

expansão da educação profissional no governo Lula, em especial a política de

reordenamento da rede federal de educação profissional – mediante a criação de

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Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, propostos pelo MEC em

2007, por meio do Decreto nº 6.095 (BRASIL, 2007), sendo definidos como

“instituições de educação superior, básica e profissional, pluricurriculares e

multicampi, destinados à oferta de educação profissional e tecnológica nas

diferentes modalidades de ensino”.

Destaca-se que poucas são as Instituições, segundo o MEC, que ainda não

aderiram à proposta de integração ou de transformação em Instituto Federal (IF).

São elas: o CEFET – MG e o CEFET do Rio de Janeiro, 25 escolas técnicas

vinculadas a universidades e a Universidade Tecnológica do Paraná (AMORIM,

2013).

Uma razão plausível para a não adesão dos CEFETs em IF está relacionada à

limitação de financiamento, uma vez que a proposta para conversão em Institutos

tinha, como prioridade, a oferta de vagas (50% do total) para o ensino técnico de

nível médio. Tal fato era interpretado como um retrocesso acadêmico, pois os

CEFETs vinham se dedicando, com maior intensidade, à oferta de ensino superior

(OTRANTO, 2010).

Além disso, os CEFETs de Minas Gerais e do Rio de Janeiro pretendiam

transformar-se em “universidades especializadas por campo do saber”, a exemplo

do que ocorreu com o CEFET do Paraná, que foi transformado em Universidade

Tecnológica, ou seja, ensejavam, como institucionalidade, a Universidade

Tecnológica (OTRANTO, 2010).

Quanto à estrutura atual da instituição, é constituída por dez campi: dois campi em

Belo Horizonte e oito em cada um das seguintes cidades – Leopoldina, Araxá,

Divinópolis, Timóteo, Varginha, Nepomuceno, Curvelo e Contagem (CEFETMG,

2014).

A seguir, apresenta-se o QUADRO 2, com a ordem cronológica para a formação de

cada um dos campi da instituição pesquisada.

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Quadro 2 - Cronologia dos Campi do CEFET-MG

Ano Campus /Localização

1909 Belo Horizonte

1987 Leopoldina

1992 Araxá

1994 Divinópolis

2006 Timóteo

2006 Varginha

2007 Nepomuceno

2010 Curvelo

2012 Contagem

Fonte: Elaborado pelo autor com base no site http://www.cefetmg.br/

O CEFET-MG abrange uma formação acadêmica completa, que compreende desde

o técnico de nível médio até o nível de doutoramento. Dentro do contexto da

Instituição, alunos de todos os níveis integram grupos de pesquisas, compartilham

conhecimento, além de serem orientados por um corpo docente que atua nas mais

diversas camadas de ensino (CEFETMG, 2014).

A instituição oferece atualmente os seguintes cursos de graduação: Administração,

Engenharia Ambiental e Sanitária; Engenharia de Automação Industrial; Engenharia

Civil; Engenharia de Computação – Campus BH; Engenharia de Computação -

Campus Timóteo; Engenharia de Controle e Automação; Engenharia Elétrica;

Engenharia de Materiais; Engenharia Mecânica; Engenharia Mecatrônica;

Engenharia de Minas; Engenharia de Produção Civil; Engenharia de Transportes;

Letras; e Formação Pedagógica (CEFETMG, 2014). Porém, interessa

especificamente para esta pesquisa, o curso de graduação em Administração.

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2.2 O Curso de Administração do CEFET-MG

O Curso de Administração do CEFET-MG foi criado em 2007 e reconhecido em

2010 pelo Ministério de Educação e Cultura (MEC). De acordo com o Projeto Político

Pedagógico do Curso de Bacharelado em Administração do CEFET-MG2, a sua

criação faz parte da história do curso de “Tecnologia da Qualidade”.

Este foi concebido como um instrumento de atendimento às necessidades do mercado, numa interação escola-empresa muito enfatizada pelas estruturas políticas do MEC na época (1995-96), com uma flexibilidade que permitisse sua “montagem” tão logo existisse uma demanda, e a sua substituição ou sua transformação visando se alinhar às tendências existentes, posteriormente. [...] Assim, o curso de TNQI - Curso Superior de Tecnologia em Normalização e Qualidade Industrial criado no CEFET/MG a partir de 1995, em atendimento a uma demanda localizada basicamente no setor industrial do Estado, visava dar condições aos empregados das diversas indústrias para frequentarem uma escola púbica federal no período noturno, permanecendo no trabalho e levando os conhecimentos adquiridos para a melhoria dos processos de Gestão da Qualidade Industrial e Gestão da Qualidade Ambiental, entre outros (CEFETMG, 2008, p. 10-11).

Quanto aos objetivos do curso de Administração do CEFET-MG, de acordo com os

dados fornecidos pelo site da instituição, são:

a) Planejar, organizar, dirigir, coordenar e controlar processos técnicos que visem à otimização das áreas de Recursos Humanos, Finanças, Produção e Marketing;

b) Desempenhar funções técnicas e gerenciais em organizações de qualquer natureza;

c) Elaborar e coordenar planos para o desenvolvimento das organizações, considerando influências de fatores econômicos, socioculturais, ambientais, políticos e tecnológicos (CEFETMG, 2014).

A duração do curso de Administração da IES pesquisada é de quatro anos e são

ofertadas 40 vagas semestralmente, no turno noturno. Foi considerado em 2014, em

uma escala de 0 e 5, como conceito3 4 pelo Instituto Nacional de Estudos e

Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP.

2 O Projeto Político Pedagógico do curso de Bacharelado em Administração do CEFET-MG foi elaborado pela Comissão instituída por meio da Portaria DIR–134/08 de 29 de fevereiro de 2008. 3. O Conceito vai de 1 a 5 e é composto por diferentes variáveis que traduzem resultados da avaliação de desempenho de estudantes, infraestrutura e instalações, recursos didático-pedagógicos e corpo docente. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/index.php?id=13074:o-que-e-o-conceito-preliminar-de-curso&option=com_content>. Acesso: 04 jul. 2015.

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2.3 O Estágio Curricular Obrigatório

O Estágio Curricular Obrigatório, conforme previsto na Lei nº 11.788 (BRASIL,

2008), refere-se a uma atividade curricular prevista no projeto pedagógico do curso,

que é desenvolvida pelo aluno, sob a supervisão de um responsável, na instituição

concedente, e por um professor orientador na instituição de ensino.

Por sua vez, essa atividade, no âmbito do CEFET-MG, é parte integrante da

disciplina Orientação de Estágio Supervisionado, na qual o aluno deverá cumprir, na

instituição concedente, a carga horária mínima de estágio prevista no projeto

pedagógico do curso, que para o curso de Administração, é de 360 horas / aula. É

importante destacar que a integralização da carga horária de estágio (360 horas /

aula) dessa modalidade, como regra geral, deverá ser cumprida dentro do semestre

letivo em que o aluno se matriculou na disciplina Orientação de Estágio

Supervisionado (RESOLUÇÃO CGRAD 038/10)4.

Para melhor esclarecimento, o estágio curricular obrigatório é composto de duas

partes: uma parte teórica, que consiste numa disciplina denominada Orientação de

Estágio Supervisionado, cuja carga horária é de 30 horas, e uma outra parte, prática,

realizada na instituição concedente do estágio e que deve perfazer, no mínimo, 360

horas / aula.

A aprovação da atividade de estágio é feita, no âmbito acadêmico, pela

Coordenação de Estágio do Curso, mediante a análise das atividades previstas e

propostas pela instituição concedente, a serem desenvolvidas pelo estagiário no

“Plano de Atividades”. A aprovação desse plano é pré-requisito para a celebração do

4 RESOLUÇÃO CGRAD 038/10: Esta resolução foi exarada pelo Conselho de Graduação do CEFET-MG, com o objetivo de aprovar o Regulamento Geral dos Estágios Curriculares dos Cursos de Graduação do CEFET-MG.

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Termo de Compromisso de Estágio, pelo Setor de Estágio, que é feito de acordo

com as exigências legais (RESOLUÇÃO CGRAD 038/10).

É importante ressaltar que, de acordo com o Projeto Político Pedagógico do curso

de Administração do CEFET-MG, o estágio obrigatório é de responsabilidade da

disciplina de Orientação de Estágio Supervisionado, com um total de 30 horas/aula.

No âmbito da instituição concedente, o aluno deve perfazer, no mínimo, um total de

360 horas/aula de estágio no período, dentro do semestre letivo em que ele se

encontra matriculado. Assim, percebe-se que é notório buscar aliar a prática à teoria.

Dentro do contexto do estágio curricular obrigatório, os agentes envolvidos são os

seguintes: aluno estagiário, instituição concedente do estágio, agente de Integração;

Coordenação do Curso; Coordenação de Estágio Curricular do Curso; Professor da

disciplina Orientação de Estágio Supervisionado (professor orientador do estágio);

Chefe de Departamento; Supervisor do estágio da instituição concedente; Setor de

Estágio; Seção de Registro de Controle Acadêmico. O QUADRO 8, mais adiante,

designa as atribuições desses agentes.

De acordo com o Projeto Político Pedagógico de criação do Curso de bacharelado

em Administração do CEFET-MG, o Plano de Estágio Curricular Supervisionado é

composto pela grade curricular, que prevê o estágio curricular obrigatório como

“implementador do perfil do formando”, consiste numa atividade diversificada, além

de considerar a consolidação prévia dos desempenhos profissionais desejados.

Devido a esse caráter implementador referente aos desempenhos profissionais,

torna-se necessário que o estagiário tenha consciência do seu atual perfil como

profissional, mesmo antes da conclusão do curso.

No que diz respeito à consolidação das competências e habilidades associadas ao

perfil pretendido para o estágio curricular supervisionado, o Projeto Político

Pedagógico do curso de Administração do CEFET-MG evidencia:

O estágio curricular supervisionado deve se direcionar para a consolidação das competências e habilidades inerentes ao perfil pretendido. As atividades serão selecionadas e operacionalizadas de modo a possibilitar o confronto e

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a reorganização dos conhecimentos teórico-práticos que vão sendo construídos ao longo do curso. Esse estágio terá seu plano próprio reorientado e reprogramado na mesma concepção do Projeto Pedagógico: dinâmico, aberto, inconcluso em direção à excelência do curso ofertado (CEFETMG, 2008, p. 131).

Quanto à localização do Estágio Curricular Supervisionado e obrigatório, na grade

curricular do curso de bacharelado em Administração do CEFET-MG, considera-se a

sua ocorrência, via de regra, no 8º período, conforme o Projeto Político Pedagógico

do curso. Especificamente, para a Orientação de Estágio Supervisionado, é

necessário que o aluno tenha integralizado 1800 horas ou 120 créditos, em

conformidade com o Projeto Político Pedagógico do curso de Administração do

CEFET-MG.

Após a apresentação da contextualização desta dissertação, parte-se para o

referencial teórico.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo de referencial teórico aborda os seguintes tópicos: o histórico do

ensino de Administração no Brasil; a história dos currículos mínimos, o estágio

supervisionado e as questões teórico-legais; os agentes do estágio que fazem parte

do processo de formação profissional; como o estágio supervisionado influencia

nesse processo. E por fim, questiona-se: há espaço para a reflexão crítica sobre a

prática?

3.1 Histórico do Ensino de Administração no Brasil

Faz-se necessária uma abordagem histórica, iniciando-se com o estudo sobre o

ensino superior no Brasil para, em seguida, estudar o histórico do ensino da

Administração. Buscou-se, por questões didáticas, expor os fatos, em ordem

cronológica. Logo após, passa-se à discussão sobre a história dos currículos

mínimos nos cursos de Administração no Brasil.

Segundo Oliven (2002), o Brasil Colônia não criou instituições de ensino superior até

início do século XIX, sendo que, para graduarem-se, os estudantes pertencentes à

elite colonial portuguesa, nascidos no Brasil, tinham que se deslocar até a

metrópole. O ensino formal, na Colônia, estava a cargo da Companhia de Jesus: os

jesuítas eram responsáveis pelos indígenas que eram cristianizados e organizados

em aldeias, pela formação do clero e pelos seminários teológicos. Também

cuidavam da educação dos filhos pertencentes à elite, nos colégios reais. Assim,

ofertava-se uma educação medieval, latina, composta de elementos gregos, que

preparava os estudantes para que eles pudessem frequentar a Universidade de

Coimbra, em Portugal.

Teixeira (1989) relata que um estudante brasileiro, na Universidade de Coimbra, até

a Independência do Brasil, era tido como um português nascido no Brasil, e não um

estrangeiro, possibilitando até mesmo ser professor dessa instituição. Tal instituição

funcionava como uma universidade brasileira até o princípio do século XIX, e, nessa

época, já tinham sido formados em torno de 2500 estudantes nascidos no Brasil.

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No período Imperial, embora diversas propostas tivessem sido apresentadas, não

chegou a culminar com a criação de uma universidade no Brasil. A principal razão é

atribuída ao alto padrão no conceito da Universidade de Coimbra, o que servia de

obstáculo para a sua substituição por uma outra instituição no Brasil. Desse modo,

os novos cursos superiores de orientação profissional que foram sendo

estabelecidos no território brasileiro eram identificados como substitutos à

universidade (OLIVEN, 2002).

Com relação à educação superior, pode-se dizer que o ponto inicial, no Brasil, deu-

se em 1808, com a transferência da Corte Portuguesa para o Rio de Janeiro. Esse

fato atraiu a entrada de recursos, bem como o interesse em investimentos, criando e

procurando garantir condições para uma melhoria na qualidade de vida. Nessa fase,

os primeiros cursos em nível superior foram instituídos no Brasil (PINTO; MOTTER

JR, 2012).

Em 1889, com a Proclamação da República, o Brasil foi constituído como um Estado

Federativo. Isso facilitou iniciativas estaduais, inclusive as relacionadas ao ensino

superior. De acordo com Gama (2010), a história do ensino superior no Brasil surge

a partir do Brasil República, cujo marco é a Constituição de1891, em que o ensino

superior passa a ser descentralizado em relação à esfera federal. Antes, o ensino

era pago, em todas as instituições, tanto nas públicas quanto nas privadas, seguindo

o modelo da orientação de formação de profissional liberal.

Começam a surgir as primeiras universidades, a exemplo da Universidade de

Manaus, em 1909; a de São Paulo, em 1911; e a do Paraná em 1912 (PINTO;

MOTTER JR, 2012). Destaca-se que a Universidade de Manaus (1909) foi criada em

decorrência do ciclo da borracha, com reflexos do crescimento econômico. A região

amazônica, devido ao grande potencial de desenvolvimento, passou a atrair não só

a mão de obra de outras regiões do país em virtude da extração da borracha, como,

também, pessoas diversas, que tinham interesse em enriquecer com a atividade do

comércio e de outras profissões liberais (CUNHA, 2007). Em seguida, o Brasil

apresenta um cenário econômico caracterizado pela expansão comercial, surgindo a

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necessidade de organização do ensino comercial, incluindo o ensino superior

(PINTO; MOTTER JR, 2012).

Embora o ensino superior já tivesse sido diversificado, em 1900, só existiam 24

escolas de ensino superior em todo o país. Uma expansão mais concreta começou a

se processar após 1920, com o surgimento das primeiras escolas, designadas

Escolas Isoladas. Todavia, eram completamente desconectadas da pesquisa, o que

suscitou uma nova ideia a favor da implantação da universidade. Assim, o

pensamento de implantar a universidade, com as suas características tradicionais,

encontra fundamento no princípio de aliar o ensino à pesquisa, e, nesse sentido,

abarcar as mais diferentes áreas do conhecimento, até mesmo aquelas que estavam

inseridas nas ciências sociais (GAMA, 2010).

Dentro do contexto da década de 30, inicia-se o processo de industrialização, pelo

presidente Getúlio Vargas. Muitas mudanças estruturais ocorreram com base no

desenvolvimento e na industrialização orientada pelo Estado. Essa fase foi de vital

importância quanto ao desenvolvimento da Administração no Brasil, na área pública

e privada, pois, havia no país, demanda por profissionais qualificados face à

complexidade crescente do aparato estatal e ao desenvolvimento de empresas

privadas (PINTO; MOTTER JR, 2012).

O contexto que engloba a formação do Administrador no Brasil começou de forma

mais evidente a partir da década de quarenta (CRA, 2015). Em um contexto de

desenvolvimento industrial, as primeiras IES surgiram na década de 1940, com o

curso de Administração no Brasil. Elas foram criadas devido à necessidade de

formação tanto por parte das elites para gerir o Estado quanto das empresas, por

profissionais qualificados para atuar face às novas demandas de trabalho

(ESTRELA, 2011).

Em 1941, surge a Escola Superior de Administração de Negócios – ESAN, na

cidade de São Paulo, nos moldes da Universidade de Harvard, tornando-se a

primeira escola de Administração do Brasil e da América Latina (TEIXEIRA; SILVA;

MAFRA, 2011); (PINTO; MOTTER, 2012).

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Logo em seguida, foi criada a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em 1944, cujo

objetivo era desenvolver pesquisa e ensino na área da Administração (PINTO;

MOTTER, 2012). A FGV corresponde à primeira e mais importante instituição de

ensino de Administração. Sua origem está ligada à criação do Departamento de

Administração do Serviço Público (DASP) em 1938. A principal finalidade desse

órgão era estabelecer um padrão de eficiência para o serviço público federal. Foi na

FGV que surgiram os primeiros institutos de investigação acerca de assuntos

econômicos do país, cujo propósito era o fornecimento de resultados voltados para

as atividades dos setores estatal e privado (CFA, 2015).

O início da década de 50 caracterizou-se pela retomada do desenvolvimento em

relação a grande parte dos países envolvidos na segunda guerra mundial, cujos

reflexos chegaram ao Brasil, especialmente no governo Juscelino Kubitschek.

Destaca-se que a criação da Fundação Getúlio Vargas surgiu em um momento

histórico para o ensino superior brasileiro, com mudança de tendência europeia para

uma tendência no modelo norte-americano (FGV, 2015).

Em 1946, surge a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da

Universidade de São Paulo (FEA/USP) (PINTO; MOTTER, 2012). A criação da FEA

deve-se, principalmente, à crescente industrialização, quando do surgimento de

empresas com movimentação de vultosos capitais, exigindo técnicas altamente

especializadas para a sua gestão (CFA, 2015).

No campo da administração, a FGV criou, em 1952, a Escola Brasileira de

Administração Pública (EBAP), no Rio de Janeiro, bem como, em 1954, a Escola de

Administração de Empresas (EAESP), em São Paulo (FGV, 2015).

A Fundação Getúlio Vargas, com o apoio da ONU e da UNESCO foram os

mantenedores iniciais da EAESP. Esses organismos internacionais, por intermédio

de convênio, previam a manutenção de professores estrangeiros na escola, além de

oferecer bolsas de estudo com o objetivo de aperfeiçoar os futuros docentes no

exterior (CFA, 2015).

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Assim, em 1954, institui-se a Escola de Administração de Empresas de São Paulo –

EAESP, cuja contribuição foi essencial para a formação de novos administradores,

além de ser hoje referência no campo da Administração (PINTO; MOTTER, 2012).

É importante abordar aqui a questão da influência norte-americana no ensino da

Administração. Destacam-se duas correntes principais na literatura para a

americanização da gestão. Na primeira, os autores defendem que, devido ao

sucesso dos Estados Unidos quanto ao sistema industrial e a sua crescente

preponderância no cenário internacional do pós-guerra, empresas japonesas e

europeias adotaram ideias de gestão e sistemas produtivos daquele país, cujo

objetivo era aumentar a produtividade. Na segunda corrente, os autores advogam

que a americanização extrapolou os limites da Europa Ocidental e do Japão,

alcançando outras regiões. Esse processo precisou contar diretamente com a

participação do Estado e de fundações norte-americanas. O intuito era o de impor a

hegemonia dos Estados Unidos e descartar modelos e modos alternativos de se

pensar, ensinar e praticar gestão (ALCADIPANI; BERTERO, 2014).

Conforme os autores Alcadipani e Bertero (2014, p. 155):

A EAESP contou com a presença de uma missão de professores norte-americanos que conduziu a sua criação e o seu desenvolvimento, o que a torna um objeto interessante para ser investigado pela ótica da americanização. A importância da escola verifica-se na medida em que ela serviu de modelo para os cursos de Administração da Universidade Federal da Bahia, do Rio Grande do Sul, mais diretamente, e, ainda, como constante inspiração para os cursos da Universidade de São Paulo, da Universidade Federal de Minas Gerais e tantos outros no Brasil e na América Latina (ALCADIPANI; BERTERO, 2013, p.155).

Os anos 60 foram marcados pela regulamentação da profissão de Administrador. A

partir de então, diversas mudanças (sociais, políticas, econômicas e culturais) têm

sido trazidas para o mundo organizacional, exigindo cada vez mais novos

conhecimentos, habilidades e atitudes dos Administradores (WITTE; DOMINGUES;

SILVEIRA, 2007).

Vale salientar que a profissão do administrador no Brasil foi regulamentada mediante

a aprovação da Lei 4.769 (BRASIL, 1965) e do Decreto 61.934 (BRASIL, 1967),

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respectivamente. As atividades profissionais do bacharel em Administração estão

descritas no artigo 3º da referida lei conforme o seguinte:

a) elaboração de pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens e laudos, em que se exija a aplicação de conhecimentos inerentes às técnicas de organização; b) pesquisas, estudos, análises, interpretação, planejamento, implantação, coordenação, e controle dos trabalhos nos campos de administração geral, como administração e seleção de pessoal, organização, análise, métodos e programas de trabalho, orçamento, administração de material e financeira, administração mercadológica, administração da produção, relações industriais, bem como outros campos em que estes se desdobrarem ou com os quais sejam conexos; c) exercício de funções e cargos de Administração do Serviço Público Federal, Estadual, Municipal, Autárquico, Sociedades de Economia Mista, empresas estatais, paraestatais e privadas, em que fique expresso e declarado o título do cargo abrangido; d) exercício de funções de chefia ou direção, intermediária ou superior, assessoramento e consultoria em órgãos, ou seus compartimentos, da Administração pública ou de entidades privadas, cujas atribuições envolvam principalmente, a aplicação de conhecimentos inerentes às técnicas de administração; e) o magistério em materiais técnicos do campo da administração e organização (BRASIL, 1965).

A partir da década de 70, um dos fatores que deve ser ressaltado quanto ao

crescimento na quantidade do número dos cursos de Administração e na oferta de

vagas é a notória participação das instituições de ensino de natureza privada (CFA,

2014). Outra explicação plausível para o crescimento do número de cursos de

Administração é decorrente da regulamentação da profissão do administrador.

No princípio da década de 80, as regiões Sul e Sudeste contavam com 80.722

alunos (81% do total do ensino de Administração do Brasil). Esses dados mostram

uma forte preponderância das regiões de maior concentração e produtividade

diferenciada, em que se localizam as maiores oportunidades em relação ao mercado

de trabalho para essa profissão (CRA, 2015).

A necessidade de uma formação mais abrangente, conforme Murari e Helal (2009),

culminou com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (BRASIL, 1996).

Houve uma exigência por renovação em meados da década de 1980 dentro do

cenário da educação superior no Brasil. Esse período foi marcado por uma

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remodelação dos programas e cursos superiores, cujo objetivo era propiciar uma

maior flexibilidade e interdisciplinaridade.

Em decorrência desse cenário, em meados da década de 1980, as instituições de

ensino superior passaram a dar mais a atenção para os Planos Pedagógicos e o

desenvolvimento dos cursos, com previsão de atividades práticas, atividades

complementares de aprendizagem, visando à interação entre Universidade e

organizações, bem como ao desenvolvimento formativo que envolve aspectos

conceituais, técnicos, práticos e ligados à realidade (MURARI; HELAL, 2009).

Almeida, Lagemann e Sousa (2006) abordam que existia uma preocupação

relacionada à regulamentação na delimitação dos campos de atuação profissional

de Administração. Havia uma expectativa de que a realização das atividades de

gestão fosse exclusiva dos egressos de cursos superiores de Administração. Para

garantir o cumprimento das determinações contidas na lei, órgãos de classe foram

criados, como o Conselho Federal de Administração (CFA) e os Conselhos

Regionais de Administração (CRAs).

Com o passar do tempo, o papel de tais órgãos foi se modificando devido ao

surgimento e incorporação de novas responsabilidades. Um fato fez com que o CFA

exercesse um papel importante junto ao Ministério da Educação e Cultura (MEC)

quanto às discussões referentes às Diretrizes Curriculares para os cursos de

Administração.

A atuação dos Conselhos (CFA e CRA), aliada às novas tendências na Educação

existentes no País, buscava garantir o escopo de atuação do bacharel, definido por

lei, além de assumir a responsabilidade de dar o parecer nos conteúdos, habilidades

e competências necessários para exercer a profissão, considerando as áreas de

conhecimento específicas (ALMEIDA; LAGEMANN; SOUSA, 2006).

Nesse sentido, o artigo 4º das DCNs, conforme a determinação legal do Conselho

Nacional de Educação, por meio da Resolução nº 4 (BRASIL, 2005), do curso de

administração, detalha as competências e habilidades necessárias e requeridas para

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a formação profissional dos alunos do curso de Graduação em Administração. Deve

possibilitar a formação profissional que revele, pelo menos, as seguintes

competências e habilidades:

I - reconhecer e definir problemas, equacionar soluções, pensar estrategicamente, introduzir modificações no processo produtivo, atuar preventivamente, transferir e generalizar conhecimentos e exercer, em diferentes graus de complexidade, o processo da tomada de decisão; II - desenvolver expressão e comunicação compatíveis com o exercício profissional, inclusive nos processos de negociação e nas comunicações interpessoais ou intergrupais; III - refletir e atuar criticamente sobre a esfera da produção, compreendendo sua posição e função na estrutura produtiva sob seu controle e gerenciamento; IV - desenvolver raciocínio lógico, crítico e analítico para operar com valores e formulações matemáticas presentes nas relações formais e causais entre fenômenos produtivos, administrativos e de controle, bem assim expressando-se de modo crítico e criativo diante dos diferentes contextos organizacionais e sociais; V - ter iniciativa, criatividade, determinação, vontade política e administrativa, vontade de aprender, abertura às mudanças e consciência da qualidade e das implicações éticas do seu exercício profissional; VI - desenvolver capacidade de transferir conhecimentos da vida e da experiência cotidianas para o ambiente de trabalho e do seu campo de atuação profissional, em diferentes modelos organizacionais, revelando-se profissional adaptável; VII - desenvolver capacidade para elaborar, implementar e consolidar projetos em organizações; e VIII - desenvolver capacidade para realizar consultoria em gestão e administração, pareceres e perícias administrativas, gerenciais,

organizacionais, estratégicos e operacionais (BRASIL, 2005).

Um dos objetivos da referida resolução é nortear as mudanças no modelo de

educação brasileiro. Por meio das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs)

específicas para o curso de Administração, são apresentados elementos inerentes à

formação do profissional. Desse modo, as DCNs do Curso de Graduação em

Administração estabelecem que o Projeto Pedagógico desse curso deverá conter,

pelo menos, os seguintes elementos estruturais conforme o parágrafo 1º do art. 2º:

I - objetivos gerais do curso, contextualizados em relação às suas inserções institucional, política, geográfica e social; II - condições objetivas de oferta e a vocação do curso; III - cargas horárias das atividades didáticas e da integralização do curso; IV - formas de realização da interdisciplinaridade; V - modos de integração entre teoria e prática; VI - formas de avaliação do ensino e da aprendizagem; VII - modos de integração entre graduação e pós-graduação, quando houver;

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VIII - cursos de pós-graduação lato sensu, nas modalidades especialização integrada e/ou subsequente à graduação, de acordo com o surgimento das diferentes manifestações teórico-práticas e tecnológicas aplicadas às Ciências da Administração, e de aperfeiçoamento, de acordo com as efetivas demandas do desempenho profissional; IX - incentivo à pesquisa, como necessário prolongamento da atividade de ensino e como instrumento para a iniciação científica; X - concepção e composição das atividades de estágio curricular supervisionado, suas diferentes formas e condições de realização, observado o respectivo regulamento; XI - concepção e composição das atividades complementares; e XII - inclusão opcional de trabalho de conclusão de curso sob as modalidades monografia, projeto de iniciação científica ou projetos de atividades centrados em área teórico-prática ou de formação profissional, na forma como estabelecer o regulamento próprio (BRASIL, 2005).

Dentro deste contexto histórico, torna-se importante analisar a evolução do número

de cursos de Administração. Observa-se, pelo QUADRO 3, que antes de 1960,

existiam apenas 2 cursos de Administração, enquanto que na década de 70 esse

número evolui para 247. Já na década de 2010, registra-se um total de 1805.

Ocorre que um ano depois, 2011, esse número eleva-se para 2333. Isso denota uma

tendência para o crescimento quanto ao número de cursos de Administração no

Brasil. O site CFA informa que “os números apontam que a demanda para os cursos

de Administração está em pleno crescimento, e cresce em igual sentido a procura

por profissionais de Administração” (CFA, 2015).

Quadro 3 - Número de Cursos de Administração no Brasil - Evolução

Período Número de Cursos de

Administração

Antes de 1960 2

1960 31

1970 247

1980 305

1990 823

2000 1.462

2010 1.805

2011 2.333

Fonte: MEC - Dados compilados pelo CFA (INEP/MEC, 2011).

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Outro dado que merece destaque diz respeito à evolução do número de matrículas.

No que tange à análise comparativa com o Censo Inep/MEC 2013, para os cursos

de educação superior, foram 7.305.977 matriculados, o que equivale a um

crescimento na matrícula de 8,67 % quando comparado ao Censo Inep/MEC 2011.

De acordo com o Censo da Educação Superior de 2011, para os cursos de

Bacharelado em Administração, encontravam-se 858.899 alunos matriculados, o que

perpassa 13% do universo de alunos matriculados em Instituições de Educação

Superior (IES) brasileiras. Já para os Cursos Superiores de Tecnologia (CST) em

Administração no Brasil, havia 675.136 alunos matriculados, o que representa 10%

dentre o total de alunos matriculados nas IES conforme os dados do QUADRO 4.

Quadro 4 - Quantidade de matrículas nos Cursos de Administração

Cursos

Matrículas

Quantidade %

Bacharelado em Administração no Brasil 858.899 13%

Cursos Superiores de Tecnologias (CST) em Administração no Brasil

675.136 10%

Bacharelado e CST em Áreas Diversas no Brasil 5.189.083 77%

Total 6.723.118 100%

Fonte: Censo da Educação Superior – INEP/MEC, 2011 - Dados compilados pelo CFA.

Já em relação ao que mostra o Censo da Educação Superior de 2013, outro ponto

que vale a pena ressaltar é quanto ao número de matrículas para os cursos de

graduação no Brasil: o curso de Administração apresenta um total de 1.320.483

matriculados (18% do total de matriculados), seguido do curso de Direito, com

769.889 matrículas (10,5% do total de matriculados) (Inep/MEC 2013). Se

comparado com o Censo da Educação Superior de 2011, observa-se que o número

de matrículas para o curso de Administração sofreu um acréscimo (5%) em relação

ao total de matrículas, evidenciando uma tendência para o crescimento do número

de matriculados para o curso de Administração no Brasil.

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A seguir, o QUADRO 5 apresenta a estatística relativa aos estados brasileiros, em

que consta o total de: cursos, vagas, inscritos, ingressos, matrículas e concluintes

para os cursos de bacharelado em Administração conforme o Censo da Educação

Superior de 2011.

Quadro 5 - O Ensino de Bacharelado em Administração no Brasil - Estatística

UF Cursos Vagas Inscritos Ingressos Matrículas Concluintes

AC 5 1350 1001 268 1224 331

AL 18 3035 8930 1770 5943 757

AM 21 6411 31917 4831 13486 2149

AP 7 2900 1659 455 1266 237

BA 128 21470 33026 8855 28039 3911

CE 41 7583 27221 5220 16885 1817

DF 62 14702 26704 6792 24189 4285

ES 59 8545 14113 4472 13913 2857

GO 81 17547 18433 6939 23661 3637

MA 36 6050 16693 3671 12711 1684

MG 271 35345 69295 21209 70381 11452

MS 40 14690 26825 8548 25959 1345

MT 54 7651 15836 3422 11067 1914

PA 29 5351 14696 2614 8864 1776

PB 21 3765 13874 2573 7614 719

PE 78 17445 41233 9117 32951 4397

PI 32 4099 11632 2435 8143 784

PR 186 47034 68772 29544 79484 13155

RJ 170 38550 113480 26685 81628 9222

RN 34 6082 15408 3574 11269 1978

RO 24 2730 3714 1703 4084 591

RR 6 770 2218 556 1900 305

RS 180 24053 40880 25457 66589 8167

SC 134 22482 28289 14741 40913 5995

SE 17 3750 6563 2499 5830 662

SP 580 175203 293568 82362 248814 40290

TO 19 2340 5413 1296 12092 2682

TOTAL 2333 500933 951393 281608 858899 127099

Fonte: INEP/MEC - Censo da Educação Superior 2011.

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Conforme mostra o QUADRO 5, por meio do Censo Inep/MEC 2011, o estado que

mais se destaca por possuir a maior quantidade de cursos é o estado de São Paulo,

num total de 580 (24,8%), seguido de Minas Gerais, totalizando 271 cursos (11,61%)

e Paraná, com 186 (7,97%).

No que tange ao critério de vagas, o QUADRO 5 apresenta que o estado de São

Paulo corresponde a 175.203 vagas ou (30,85%); seguido de Paraná, com 47.034

(7,91%), sendo que Minas Gerais totaliza 35.345 vagas ou (7,05%). Já em relação

aos concluintes, o estado de São Paulo destaca-se com o total de 40.290 (31,7%),

seguido do Paraná, com 13.155 (10,35%) e Minas Gerais, totalizando 11.452

concluintes (9,01%).

Diante do exposto, observa-se que os estados das regiões Sul e Sudeste são os que

mais ofertam cursos e vagas conforme mostra o QUADRO 5. Joaquim (2011) expõe

que o expressivo aumento do número de vagas no ensino superior no Brasil se deve

à política do governo federal, fato que vem ocorrendo nos últimos anos. Constata-se

uma significativa expansão de vagas para os cursos de graduação das

universidades do Brasil, embora a autora explicite que esse movimento se apresente

com proporções limitadas.

Em seguida, retoma-se a história dos currículos mínimos dentro do contexto do

ensino em Administração no Brasil.

3.1.1 História dos Currículos Mínimos

Michels (2012) destaca que, no Brasil, o ensino em Administração passou por três

momentos referentes à aprovação dos currículos mínimos. O primeiro, em 1966, foi

marcado pela regulamentação da profissão do administrador. Já o segundo, ocorre

em 1993, e foi marcado pelo primeiro impeachment da história do país, retirando do

poder o primeiro presidente eleito por via direta após o regime militar (ESTRELA,

2011). O terceiro, em 2004, culminou com a homologação das Diretrizes

Curriculares Nacionais de Bacharelado em Administração (MICHELS, 2012).

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Quanto ao primeiro currículo mínimo do curso de Administração no Brasil, buscou-

se apresentar o administrador como um mediador de problemas. Ao reformular o

currículo, esperava-se que o mercado fosse suprido com um administrador apto a

estabelecer e, ao mesmo tempo, promover novas relações (nos aspectos da

produção e social). Dessa forma, havia uma expectativa de que as escolas de

administração de nível superior viessem a formar profissionais com ênfase nas

relações por si só, em vez de uma preocupação com especialização técnica

(ESTRELA, 2011).

Schuch Júnior (1978) aponta que o primeiro currículo mínimo do curso de

Administração foi regulamentado pelo Parecer nº 307/66 (BRASIL, 1966) e não fazia

distinção entre matérias de caráter básico e profissionalizante. Buscava-se habilitar

o exercício da profissão de Técnico de Administração. Esse currículo era composto

pelas seguintes disciplinas:

Matemática;

Estatística;

Contabilidade;

Teoria Econômica;

Economia Brasileira;

Psicologia aplicada à Administração;

Sociologia aplicada à Administração;

Instituições de Direito Público e Privado;

Legislação Social;

Legislação Tributária;

Teoria Geral da Administração;

Administração Financeira e Orçamento;

Administração de Pessoal.

Além das matérias retrocitadas, ainda tornava-se obrigatória a seleção por uma das

seguintes disciplinas optativas: Direito administrativo ou Administração de Produção

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e Vendas. Era ainda obrigatória a realização de um estágio supervisionado para a

obtenção do diploma (ANDRADE; AMBRONI, 2004).

No que tange ao segundo currículo mínimo, estabelecido em 1993, coincide com o

momento histórico, marcado pelo primeiro impeachment do primeiro presidente,

eleito por via direta, após o regime da ditadura. Esse fato repercutiu em várias

esferas, sobretudo no ensino de Administração (ESTRELA, 2011). Conforme o

autor:

As transformações sociais significavam, portanto, esperança de renovação não somente na esfera política, mas em todas as esferas da sociedade, inclusive na educação, que também procurava novos rumos. Assim, enquanto vários projetos da LDB eram tema de debate, o ensino de Administração era desafiado a se adequar internamente para viabilizar a própria sobrevivência. E foi exatamente isso que motivou a proposição de um novo currículo mínimo para o curso (ESTRELA, 2011, p. 42).

De acordo com a Resolução CFE n.º 2 (BRASIL, 1993), no segundo currículo

mínimo do curso de Administração, em seu artigo primeiro, ficou estabelecido que as

disciplinas seriam distribuídas em 4 grupos: Formação Básica e Instrumental;

Formação Profissional; Disciplinas Eletivas e Complementares (960 h/a ou 32%);

além do Estágio Supervisionado (300 h/a ou10%). Os dois primeiros grupos tinham

a seguinte composição:

Formação Básica e Instrumental (720 h/a ou 24%5)

Economia;

Direito;

Matemática;

Estatística;

Contabilidade;

Filosofia;

Psicologia;

Sociologia;

Informática;

5 Porcentagem calculada em relação ao valor da Carga-Horária Total do curso.

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Formação Profissional (1.020 h/a ou 34%6)

Teorias da Administração;

Administração Mercadológica;

Administração da Produção;

Administração de Recursos Humanos;

Administração Financeira e Orçamentária;

Administração de Materiais e Patrimoniais;

Administração de Sistemas de Informação;

Organização, Sistemas e Métodos;

Já o terceiro currículo mínimo do curso de Administração surgiu em 2005, logo

após a homologação das Diretrizes Curriculares Nacionais de Bacharelado em

Administração, em 2004, e é tido como referência para os modelos atuais de

currículos dos cursos de Administração (ESTRELA, 2011).

A respeito dessa etapa, passou-se a trabalhar com competências em substituição

aos currículos mínimos (existentes em fases anteriores). Os denominados eixos de

formação, segundo CNE (2005), passaram a nortear a formação dos

administradores.

a) Conteúdos de Formação Básica: relacionados com estudos antropológicos, sociológicos, filosóficos, psicológicos, ético-profissionais, políticos, comportamentais, econômicos e contábeis, bem como os relacionados com as tecnologias da comunicação e da informação e das ciências jurídicas; b) Conteúdos de Formação Profissional: relacionados com as áreas específicas, envolvendo teorias da administração e das organizações e a administração de recursos humanos, mercado e marketing, materiais, produção e logística, financeira e orçamentária, sistemas de informações, planejamento estratégico e serviços; c) Conteúdos de Estudos Quantitativos e suas Tecnologias: abrangendo pesquisa operacional, teoria dos jogos, modelos matemáticos e estatísticos e aplicação de tecnologias que contribuam para a definição e utilização de estratégias e procedimentos inerentes à administração; d) Conteúdos de Formação Complementar: que são estudos opcionais de caráter transversal e interdisciplinar para o enriquecimento do perfil do formando (CNE, 2005, p. 2-3).

6Porcentagem calculada em relação ao valor da Carga-Horária Total do curso

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40

Por fim, após a explanação dos currículos mínimos dos cursos de Administração,

passa-se ao estudo do Estágio Supervisionado, com discussões teórico-legais.

3.2 O Estágio Supervisionado: discussões teórico-legais

Neste capítulo, procurou-se expor os fatos em ordem cronológica (QUADRO 6). São

apresentadas discussões sob o ponto de vista teórico, bem como uma análise de

aspectos legais mais centrais ao tema.

Quadro 6 - O Estágio – Evolução no Brasil

Data Legislação e especificidades – Estágio x Formação Profissional x Ensino

1972 Primeira formalização, no Brasil, sobre a questão do Estágio.

1977 Lei nº 6.494 – regulamentação do estágio - que instituiu a obrigatoriedade da existência de vínculo das atividades de estágio com os aspectos acadêmicos relativos aos cursos a que estavam associadas.

1982

Decreto 87.494 - cada instituição de ensino é responsável pela regulamentação dos aspectos operacionais e de controle que permitissem que o estágio curricular garantisse ao aluno a execução de atividades que relacionassem os conteúdos acadêmicos às situações vivenciadas no seu dia a dia profissional.

1996

Lei 9.394 – LDB:

responsabilidade exclusiva dos sistemas de ensino as determinações das normas necessárias à realização do estágio curricular;

a não existência de vínculo empregatício de qualquer natureza na realização do estágio, buscando assim facilitar a inserção do aluno nas organizações, uma vez que estas poderiam ter acesso a uma mão de obra qualificada sem incorrer em grandes custos operacionais com a mesma.

2005

Resolução nº 4, do CNE/CSE:

Novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos de Administração:

O Estágio Curricular Supervisionado para os cursos de Administração deve ser um componente da estrutura curricular.

2008 Lei 1788 – Lei do Estagiário. - O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do educando a partir das diretrizes curriculares.

Fonte: Elaborado pelo autor

Entretanto, algumas vezes, torna-se necessário alterar esta ordem, pois ao se fazer

a análise, muitas vezes é preciso comparar uma lei com outro instrumento, a

exemplo do que é exposto a seguir.

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41

Segundo Bianchi (1998), a primeira discussão formalizada sobre o estágio ocorreu

em 1972, em um evento realizado com docentes de práticas pedagógicas. Após

cinco anos, em dezembro de 1977, o estágio foi regulamentado pela Lei nº. 6.494

(BRASIL, 1977). Em setembro de 2008, foi aprovada a Nova Lei do Estágio

(BRASIL, 2008).

À luz da Lei nº. 11.788, de 25 de setembro de 2008 (BRASIL, 2008), a definição para

estágio é considerada conforme o seguinte:

Art. 1 Estágio é ato educativo escolar supervisionado, desenvolvido no ambiente de trabalho, que visa à preparação para o trabalho produtivo de educandos que estejam frequentando o ensino regular em instituições de educação superior, de educação profissional, de ensino médio, da educação especial e dos anos finais do ensino fundamental, na modalidade profissional da educação de jovens e adultos. § 1 O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do educando. § 2 O estágio visa ao aprendizado de competências próprias da atividade profissional e à contextualização curricular, objetivando o desenvolvimento do educando para a vida cidadã e para o trabalho. (BRASIL, 2008).

Nos termos do art. 2º da referida Lei, o estágio classifica-se em obrigatório ou não

obrigatório de acordo com os seguintes requisitos: determinação das diretrizes

curriculares da etapa, modalidade e área de ensino e do projeto pedagógico do

curso. No que tange ao estágio obrigatório, “é aquele definido como tal no projeto

do curso, cuja carga horária é requisito para aprovação e obtenção de diploma.” Já o

estágio não obrigatório, refere-se à atividade opcional, que é acrescentada à carga

horária regular e obrigatória (BRASIL, 2008).

Mesquita (2010, p. 90) aborda que “a legislação do estágio buscou destacar o

caráter pedagógico desse tipo de trabalho, diferenciando-o de outras relações de

trabalho.” Para o autor, essa legislação também considera que o objetivo principal

do estágio consiste na aprendizagem, tendo como base a obtenção de

conhecimentos práticos que servem de complemento em relação aos

conhecimentos teóricos (BRASIL, 2008).

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É importante para a compreensão do assunto que se estabeleça um paralelo entre

os principais assuntos relacionados ao estágio, que são abordados na atual Lei nº.

11.788 (BRASIL, 2008), em relação aos instrumentos jurídicos que antes

regulamentavam o estágio: a Lei 6.494 (BRASIL, 1977) e Decreto 87.494 (BRASIL,

1982). O QUADRO 7, a seguir, busca apresentar essas diferenças.

Quadro 7- Comparação: a Lei 6.494/77, o Decreto 87.494/82 e a Lei 11.788/08

(continua)

Assunto Lei 6.494/77 e

Decreto 87.494/82 Lei 11.788/08

Estágio no Projeto Pedagógico do Curso.

As IESs regulavam a matéria contida neste Decreto e dispunham sobre a inserção do estágio curricular.

O estágio faz parte do projeto pedagógico do curso, além de integrar o itinerário formativo do educando a partir das diretrizes curriculares.

Orientador de estágio.

As IESs determinam a existência do orientador.

A instituição de ensino designa um orientador, na área desenvolvida no estágio, exigindo apresentação periódica de relatório.

Supervisor da unidade concedente.

As unidades concedentes são obrigadas a formalizarem o termo de compromisso entre as partes envolvidas (aluno, IES e unidade concedente).

A unidade concedente deve indicar funcionário com formação ou experiência profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e supervisionar até 10 estagiários simultaneamente, sendo mantido o termo de compromisso entre os envolvidos.

Equiparação das atividades de monitoria, iniciação científica e extensão.

Não se aplica

As atividades de monitoria, iniciação científica e extensão na educação superior, poderão ser equiparadas ao estágio, desde que haja previsão no projeto pedagógico do curso.

Jornada de atividades.

Deve ser compatível com o seu horário do curso. Não estabelece carga horária mínima

Máximo de seis horas diárias e 30 horas semanais, no caso de estudantes do ensino superior, da educação profissional de nível médio e do ensino médio regular.

Remuneração² Bolsa facultativa Bolsa compulsória. Para a modalidade de estágio obrigatório, a bolsa é facultativa.

Recesso remunerado.

Não se aplica

É assegurado ao estagiário, sempre que o estágio tenha duração igual ou superior a um ano, um período de recesso de 30 dias, a ser gozado preferencialmente durante as férias escolares.

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(conclusão)

Redução de carga horária para estudos.

Não se aplica

Se a instituição de ensino adotar verificações de aprendizagem periódicas ou finais, nos períodos de avaliação, a carga horária do estágio será reduzida pelo menos à metade, segundo estipulado no termo de compromisso, para garantir o bom desempenho do estudante.

Auxílio transporte¹². Não se aplica

O estagiário poderá receber bolsa ou outra forma de contraprestação que venha a ser acordada, sendo compulsória a sua concessão, bem como a do auxílio transporte, na hipótese de estágio não obrigatório.

Segurança do trabalho¹²

Não se aplica

Aplica-se ao estagiário a legislação relacionada à saúde e segurança no trabalho, sendo de responsabilidade da parte concedente de estágio também fazer seguro contra acidentes pessoais. Equipara-se à Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT.

Avaliação das instalações da unidade concedente.

Não se aplica

Cabe à instituição de ensino avaliar as instalações da parte concedente do estágio e sua adequação à formação cultural e profissional do educando.

Celebração de convênios.

Era obrigatório. Passa a ser facultativo.

Profissional liberal. Não se aplica

Profissionais liberais de nível superior, devidamente registrados em seus respectivos conselhos de fiscalização profissional, podem oferecer estágio.

Vigência do contrato² Sugere-se dois anos. Prazo máximo de contratação do estagiário é de dois anos, sendo vedada a prorrogação.

Contribuição INSS² Não se aplica Passa a ser facultativa.

Fonte: Elaborado pelo autor e adaptado com base em Bernadim (2010), Souza, Amorim e Silva (2012); Oliveira e Piccinini (2012b) e a Lei nº 11.788 (BRASIL, 2008).

Optou-se por fazer uma análise em separado da Lei de Diretrizes e Bases da

Educação - LDB (BRASIL, 1996), devido às suas próprias especifidades. Ocorre que

a LDB (BRASIL, 1996) situa-se cronologicamente entre esses dois instrumentos. Ela

aponta para dois fatores relacionados à temática do estágio.

O primeiro fator diz respeito à associação entre teoria e prática, por meio estágios

supervisionados e capacitação em serviço conforme parágrafo único do artigo 61 da

LDB (BRASIL, 1996). Tal fator foi incluído mediante a Lei nº 12.014 (BRASIL, 2009)

e corresponde a um dos fundamentos para que o estágio supervisionado esteja

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relacionado à formação profissional, especialmente em relação à vivência de

especificidades típicas das atividades referentes à profissão.

Já o segundo fator diz respeito ao Artigo 82 da LDB (BRASIL, 1996), no qual a

realização do estágio é prevista por normas e diz que “os sistemas de ensino

estabelecerão as normas para a realização dos estágios dos alunos regularmente

matriculados no ensino médio ou superior em sua jurisdição, observada a lei federal

sobre a matéria”.

Quanto à relação instituição de ensino-comunidade, o artigo 1º da LDB (BRASIL,

1996) aborda “os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na

convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos

movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações

culturais”. Nesse sentido, depreende-se a importância do papel na realização da

atividade do estágio supervisionado como atividade de formação de um profissional.

Para Nascimento (2005), uma contribuição importante da LDB (BRASIL, 1996) foi a

implementação da relação instituição de ensino-comunidade, trazida em seu artigo

1º, ao definir que a educação abrange todos os processos necessários à formação

do indivíduo, não se restringindo a uma simples transferência de conhecimentos

acadêmicos, sendo necessária a completa integração desses ao mundo externo. Tal

concepção enfatiza a importância da realização do estágio supervisionado como

atividade formadora de um profissional com amplas perspectivas e atento às

necessidades da comunidade em que está inserido, e não apenas um repassador de

técnicas ou gerenciador de ferramentas.

Por meio da LDB (BRASIL, 1996), criou-se uma forma de estágio, dividida em

etapas. A primeira consiste no plano de estágio, em que o estudante tem o

conhecimento das competências a desenvolver e aperfeiçoar. A segunda refere-se à

prática desse plano ora estabelecido. Em seguida, o resultado desse plano deve ser

analisado pelo supervisor do estágio, bem como pelo professor que desenvolveu o

conhecimento teórico. Finalmente, a capacidade de aprendizagem do aluno,

identificando a importância do estágio para a sua formação (FARIA et al., 2011).

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Porém, os cursos de graduação em Administração (dentro e fora do Brasil) são

pautados em um processo de hegemonia da razão instrumental nos discentes,

enquanto processo de formação profissional pedagógico. Isso extrapola as

exigências de mercado, o controle do Estado, a estrutura do ensino de graduação.

Trata-se de um fenômeno global, com o intuito de submeter todas as formas que

expressam a associação da vida humana. É papel dos educadores a promoção das

alternativas quanto ao modelo de educação na sociedade capitalista a partir desse

conhecimento (BARROS E PASSOS, 2014).

Diante disso, é importante compreender o processo de formação do administrador e

suas práticas para que o profissional se torne mais reflexivo e não meramente

tecnicista.

3.3 Os agentes do estágio que fazem parte do processo de formação

profissional

Para melhor compreensão desse processo, serão estudados os agentes que

integram o processo de formação profissional. De forma geral, tem-se que a LDB

(BRASIL, 1996), a Lei nº 11788 (BRASIL, 2008) e as DCNs (BRASIL, 2005), além de

outros regulamentos legais, como as resoluções exaradas pelas instituições de

ensino, tratam do assunto, conforme já visto em capítulos anteriores. No processo

de contratação estão envolvidos diversos agentes: instituição concedente do

estágio, o supervisor da instituição concedente do estágio, a instituição de ensino,

representada por vários órgãos internos, o aluno estagiário, o agente de integração.

Assim, no processo de estágio estão envolvidos esses e diversos outros agentes.

Dentre as obrigações das instituições de ensino, em relação aos estágios de seus

educandos, a Lei nº11.788 (BRASIL, 2008) prevê em seu inciso III do art. 7º “indicar

professor orientador, da área a ser desenvolvida no estágio, como responsável pelo

acompanhamento e avaliação das atividades do estagiário” (BRASIL, 2008).

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A parte concedente, conforme o artigo 9º da referida lei, pode ser representada

pelas “pessoas jurídicas de direito privado e os órgãos da administração pública

direta, autárquica e fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do

Distrito Federal e dos Municípios”. Podem ser também “os profissionais liberais de

nível superior devidamente registrados em seus respectivos conselhos de

fiscalização profissional”. Todos podem oferecer estágio, desde que observadas as

obrigações previstas em lei que são:

I – celebrar termo de compromisso com a instituição de ensino e o educando, zelando por seu cumprimento; II – ofertar instalações que tenham condições de proporcionar ao educando atividades de aprendizagem social, profissional e cultural; III – indicar funcionário de seu quadro de pessoal, com formação ou experiência profissional na área de conhecimento desenvolvida no curso do estagiário, para orientar e supervisionar até 10 (dez) estagiários simultaneamente; IV – contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais, cuja apólice seja compatível com valores de mercado, conforme fique estabelecido no termo de compromisso; V – por ocasião do desligamento do estagiário, entregar termo de realização do estágio com indicação resumida das atividades desenvolvidas, dos períodos e da avaliação de desempenho; VI – manter à disposição da fiscalização documentos que comprovem a relação de estágio; VII – enviar à instituição de ensino, com periodicidade mínima de 6 (seis) meses, relatório de atividades, com vista obrigatória ao estagiário (BRASIL, 2008).

Ainda em relação à parte concedente do estágio, é de sua responsabilidade a

implementação da “legislação relacionada à saúde e segurança no trabalho”

aplicável ao estagiário (BRASIL, 2008).

Além dos agentes apresentados, há os agentes de integração, que, no Brasil,

realizam o papel de agenciamento de vagas e se tornam atores centrais no processo

de organização de estágio. Além disso, a maior parte dos alunos encontra as

oportunidades de estágio por meio desses agentes de integração, que assumem a

responsabilidade de intermediadores dessas vagas (ROCHA DE OLIVEIRA;

PICCININI, 2012 b). A Lei nº. 11.788 (BRASIL, 2008), no seu artigo5º, os menciona:

Art. 5º As instituições de ensino e as partes cedentes de estágio podem, a seu critério, recorrer a serviços de agentes de integração públicos e privados, mediante condições acordadas em instrumento jurídico apropriado, devendo ser observada, no caso de contratação com recursos públicos, a legislação que estabelece as normas gerais de licitação.

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§ 1º Cabe aos agentes de integração, como auxiliares no processo de aperfeiçoamento do instituto do estágio: I – identificar oportunidades de estágio; II – ajustar suas condições de realização; III – fazer o acompanhamento administrativo; IV – encaminhar negociação de seguros contra acidentes pessoais; V – cadastrar os estudantes (BRASIL, 2008).

Ceretta, Trevisan e Melo (1996) apontam que para os atores que estão envolvidos

no processo de estágio existe uma diversidade de benefícios. Para o estudante,

destacam-se os seguintes: motivação ao estudo; facilitação do processo de

assimilação das disciplinas estudadas; estímulo à criatividade e ao senso crítico; e

auxílio na transição de aluno para o perfil profissional.

Quanto à instituição de ensino, esta se beneficia porque ocorre a divulgação da

qualidade do seu ensino, a complementação do currículo, o aperfeiçoamento dos

conteúdos das disciplinas por meio da vivência dos alunos na prática do estágio

(CERETTA; TREVISAN; MELO, 1996).

Por sua vez, a empresa recebe a força extra de trabalho, podendo renovar e ampliar

o quadro de trabalho, beneficiando-se da criatividade das novas gerações por meio

de inserção. Sendo que a interação entre esses três atores (estudante, instituição de

ensino e empresa) impacta de forma positiva na sociedade, contribuindo dessa

maneira para o desenvolvimento social (CERETTA; TREVISAN; MELO, 1996).

Para Roesch (2005), o papel do orientador é prover meios, facilitando os contatos,

indicando bibliografia, sugerindo métodos e técnicas, além de incentivar o trabalho

do acadêmico; mas, a qualidade final, a maior responsabilidade, é do acadêmico.

Todavia, isso não exclui a participação dos professores orientadores e dos

supervisores no processo de estágio, pois isso é fundamental. Dessa forma,

permanece o desafio para professores orientadores e supervisores no sentido de

estabelecer agendas focadas em encontros sistemáticos e com qualidade com os

estagiários nas instituições de ensino, bem como nos locais de realização do

estágio.

Sendo assim, a autora afirma que entre os principais desafios relatados estão a falta

de orientação por partes dos professores designados pela IES como orientadores

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bem como a ausência de supervisão no local de estágio. Apesar dessas dificuldades

encontradas, os estudantes relataram que o estágio: possibilitou obter conhecimento

amplo da organização; oportunizou a realização de diagnóstico, identificação e

tratamento de uma situação problema tendo por base os conhecimentos teóricos

apreendidos no decorrer do curso; auxiliou no aperfeiçoamento das habilidades para

relacionamento interpessoal; e estimulou a inovação, a criatividade, e habilidade de

comunicação.

Em relação ao professor orientador, Carvalho (2009) afirma que ele precisaria

analisar os problemas encontrados, bem como as atividades de estágio realizadas

pelos estagiários nas organizações. Para tal, sugere-se a realização de encontros

sistemáticos entre o professor orientador e os estagiários, já que isso é fator

essencial.

Já Rodrigues e Carmo (2010) expõem que a figura do professor orientador é de

fundamental importância no que se refere à relação unidade de ensino e

organizações, porque se percebe a visão global do processo de aprendizagem.

Desse modo, o pouco contato com o professor orientador, ou mesmo a ausência

dessa figura, pode comprometer esse processo de aprendizagem veiculado pelo

estágio.

No âmbito interno do CEFET, são identificados os principais agentes envolvidos no

processo do estágio curricular: a coordenação do curso; a coordenação de estágio

do curso; o setor de estágio; o professor orientador, o colegiado do curso. Os

agentes, bem como as suas atribuições, são apresentados no QUADRO 8.

A Resolução do Conselho de Graduação do CEFET-MG, Resolução GRAD 038/10,

em conformidade com a Lei nº. 11.788 (BRASIL, 2008), dá o embasamento para a

composição dos agentes envolvidos. (QUADRO 8).

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Quadro 8 - Agentes envolvidos no processo do estágio curricular supervisionado

(continua)

Agente envolvido Atribuições

Coordenação do Curso

I – Propor normas e procedimentos pedagógicos relacionadas ao estágio curricular do curso para apreciação do Colegiado do Curso; II – Efetivar a matrícula do aluno na atividade de estágio curricular obrigatório; III – Planejar, em conjunto com a Coordenação de Estágio Curricular do Curso, ações pedagógicas relacionadas ao estágio curricular; IV – Responder pelos assuntos internos e externos inerentes ao estágio curricular do curso, podendo indicar como seu representante o Coordenador de Estágio do Curso.

Coordenação de Estágio Curricular do Curso

I – Propor normas e procedimentos pedagógicos relacionadas ao estágio curricular do curso para apreciação do Colegiado do Curso; II – Planejar e coordenar ações pedagógicas relacionadas ao estágio curricular em conjunto com o Coordenador do Curso; III – Avaliar e aprovar, caso seja compatível, o Plano de Atividades de Estágio do aluno, sendo esta aprovação uma condição necessária à celebração do termo de compromisso entre o aluno, a parte concedente do estágio e o CEFET-MG; IV – Promover e coordenar o processo de avaliação do estágio, incluindo o relatório das atividades de estágio realizado pelo aluno, de acordo com as normas estabelecidas pelo Colegiado do Curso; V – Coordenar, junto ao setor responsável pelos estágios do CEFET-MG, as atividades relacionadas ao estágio curricular do curso; VI – Definir o professor orientador do aluno estagiário em comum acordo com o Coordenador do Curso.

Professor Orientador do Estágio

I – Orientar e avaliar o aluno estagiário nas atividades de estágio conforme normas estabelecidas pelo Colegiado do Curso; II – Participar e executar as atividades de estágio curricular indicadas para sua função conforme normas estabelecidas pelo Colegiado do Curso.

Aluno Estagiário

I – Atender às normas relativas ao estágio curricular; II – Entregar relatório de estágio impresso e/ou por meio eletrônico conforme definição do Colegiado do Curso.

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(conclusão)

Setor Responsável pelos Estágios do CEFET-MG

I – Coordenar as atividades de estágio junto aos órgãos internos e externos à Instituição; II – Elaborar, com a participação dos coordenadores de cursos, proposta de alteração deste regulamento; III – Elaborar a relação das instituições nas quais os alunos poderão estagiar; IV – Manter cadastro dos campos de estágios; V – Elaborar e manter atualizado e arquivado os Termos de Convênio de Estágio; VI – Elaborar, arquivar e zelar pelo cumprimento dos Termos de Compromisso de Estágio; VII – Estabelecer contato com a parte concedente do estágio como representante do CEFET-MG nos aspectos administrativos e jurídicos; VIII – Deliberar sobre assuntos administrativos inerentes à atividade de estágio; IX – Elaborar e apresentar, anualmente, relatório geral das atividades de estágio, nos termos compatíveis com a competência deste órgão, para apreciação do Conselho de Graduação do CEFET-MG; X – Representar o CEFET-MG na assinatura do Termo de Compromisso de estágio com a instituição concedente e o aluno; XI – Disponibilizar documentação e legislação sobre os estágios; XII – Divulgar oferta de estágio e programas institucionais que poderão ser campos de estágio, inclusive no portal do CEFET-MG; XIII – Planejar e executar ações de estágio curricular em conjunto com a Coordenação de Estágio Curricular dos Cursos; XIV – Encaminhar à Coordenação de Estágio Curricular do Curso o Plano de Atividades de Estágio para avaliação; XV – Emitir certificado de cumprimento do estágio curricular em conjunto com a Coordenação do Curso.

Instituição Concedente do Estágio;

I -Proporcionar experiências práticas na área de formação do aluno; II - Reconhecer que o estágio faz parte de um processo formativo do aluno; III - Estabelecer um programa de estágio, especificando as atividades do aluno; IV - Respeitar o aluno em sua individualidade, considerando-se o sujeito em processo de formação e qualificação; V - Indicar um profissional na área como supervisor do estágio; VI - Apresentar avaliação do estagiário, quando solicitada pelo CEFET-MG; VII - Encaminhar ao CEFET-MG, em 3 (três) vias, Termo de Rescisão de Estágio e, quando for o caso, Termo de Realização de Estágio com indicação resumida das atividades desenvolvidas. VIII - Contratar em favor do estagiário seguro contra acidentes pessoais.

Supervisor da instituição Concedente do estágio

I – Orientar e supervisionar o estagiário nas atividades desenvolvidas; II – Acompanhar o Plano de Atividades de Estágio e proporcionar meios para realização das atividades previstas; III – Encaminhar, ao CEFET-MG, relatório de atividades do estágio conforme definição da Coordenação de Estágio do Curso e com periodicidade definida pela legislação federal vigente.

Fonte: Elaborado pelo autor, com base na ResoluçãoCGRAD 38/10.

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Por fim, a respeito dos agentes do estágio que fazem parte do processo de

formação profissional, Murari e Helal (2009) apresentaram uma pesquisa, realizada

em uma IES privada em Belo Horizonte – MG, envolvendo quatro atores sociais:

Instituições de Ensino, Estado, Instituições Coletivas e Organizações, mostrando

como se dá a formação de competências profissionais. Esse estudo foi feito com

base em um modelo utilizado por Paiva e Melo (2008), inspirado em Cheetham e

Chivers (1998). O núcleo central foi formado pelas competências intelectual, técnico-

funcional, comportamental, ética e política. Os autores afirmam que a “IES acredita

ser seu papel formar competências profissionais, essencialmente as intelectuais”

(MURARI; HELAL, 2009, p.262).

3.4 Como o estágio supervisionado influencia no processo de formação

profissional

Para um melhor entendimento acerca de como o estágio supervisionado influencia

no processo de formação profissional, buscou-se responder a essa questão segundo

a perspectiva de diversos autores. Ademais, apresenta-se uma discussão acerca da

racionalidade instrumental, presente na formação profissional do administrador.

Segundo Ferretti (1997), ao abordar a formação profissional, deve-se focar nas

novas demandas que surgem na sociedade. Dentre os pontos que se destacam tem-

se a revisão e o dimensionamento das relações entre dois sistemas: o sistema de

formação profissional e o sistema educacional. Questiona-se de que forma tem-se

refletido acerca da formação de novos profissionais.

Especificamente para o curso de Administração no Brasil, a discussão sobre a

formação profissional tem sido estudada por vários pesquisadores (ANDRADE,

2003; ANDRADE; AMBRONI, 2004; ALMEIDA; LAGEMANN; SOUSA, 2006;

FESTINALLI; CANOPF; BERTUOL, 2007; MURARI; HELAL, 2009; MICHELS, 2012;

BARROS; PASSOS, 2014; LOURENÇO, 2014).

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Andrade (2003) aponta para a necessidade de o Estágio Supervisionado ser

considerado sob uma perspectiva acadêmica integrada ao mundo do trabalho.

Desse modo, espera-se que os resultados provenientes dos relatórios de

acompanhamento e controle elaborados pelo aluno e apresentados às supervisões,

tanto na instituição de ensino quanto na organização na qual o estágio é realizado,

possibilitem o redirecionamento e redimensionamento de conteúdos acadêmicos

que não possuam aplicabilidade prática nas empresas.

Uma contribuição importante sobre o estágio supervisionado remete à história dos

currículos dos cursos de Administração, no período correspondente à fase do

segundo currículo mínimo7, pois era ainda obrigatória8 a realização de um estágio

supervisionado para a obtenção do diploma (ANDRADE; AMBRONI, 2004).

Há também várias contribuições de Almeida, Lagemann e Sousa (2006) no decorrer

deste trabalho. Uma delas diz respeito à prática do estágio supervisionado como

elemento essencial para a formação de administradores e para compreender os

desafios que são lançados.

Para analisar como a prática do estágio se relaciona com a formação de

competências profissionais, destaca-se um estudo elaborado por Murari e Helal

(2009), em que o estágio universitário foi apresentado como uma das maneiras de

desenvolver competências profissionais no indivíduo. Nesse sentido, tem sido

considerado uma ferramenta estratégica para as empresas, “que acreditam ser

possível encontrar perfis profissionais no contingente universitário que respondam

às expectativas empresariais” (MURARI; HELAL, 2009, p.263). Assim, por meio da

prática, torna-se possível a promoção de uma formação focada no perfil cultural da

empresa.

7 Ver Capítulo 2.2.1. – História dos Currículos Mínimos. 8A obrigatoriedade ou não do estágio, na atualidade, deve ser vista no âmbito das IES, especificamente no Projeto Político Pedagógico (PPP) de cada curso, pois é o PPP que irá nortear essa questão, com base no que informa a Lei nº. 11.788 (BRASIL, 2008)

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Em conformidade com Festinalli, Canopf e Bertuol (2007), o estágio supervisionado

pode ser pensado como parte integrante de um processo amplo de formação.

Significa percebê-lo como elemento articulador da formação, em que as disciplinas

que compõem o currículo do curso devem oferecer subsídios para sua efetivação.

Neste caso, as disciplinas devem fundamentar o processo formativo, o qual é

enriquecido pelo estágio.

Os autores Festinalli, Canopf e Bertuol (2007) identificaram que o estágio

supervisionado é considerado um momento único de aprendizagem para o aluno,

proporcionando condições para atuar profissionalmente sob a orientação de

professores.

Concordam com essa afirmativa Faria et al.(2011), ao narrarem que a atividade de

estágio tem o propósito de possibilitar ao aluno o desenvolvimento de habilidades

que irão impactar na sua formação, permitindo um exame crítico da realidade

organizacional.

Murari e Helal (2009) ressaltam que, devido à necessidade de uma formação mais

abrangente, no Brasil, na década de 1980, exigiu-se que a educação superior fosse

renovada, culminando com a Lei de Diretrizes e Bases. Instaurou-se um período de

remodelação dos programas e de cursos superiores, objetivando uma maior

flexibilidade e interdisciplinaridade.

Em decorrência disso, os autores apontam que as IES devem dar mais atenção para

os Planos Pedagógicos dos cursos, com previsão de atividades práticas,

complementando a aprendizagem. Nesse sentido, há o desenvolvimento de uma

formação conceitual, em nível técnico, prático e vinculado à realidade das

organizações.

Michels (2012) afirma que a formação do administrador não se limita às questões

teóricas, embora estas sejam consideradas parte importante na sua formação. O

autor estabelece que na relação entre Universidades e organizações, o incentivo à

prática do estágio supervisionado configura-se como uma alternativa de grande

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potencialidade no sentido de contribuir de forma positiva para o desenvolvimento de

competências profissionais.

Outro ponto que merece ser discutido como forma de agregar valor à discussão

quanto ao processo de formação profissional é a questão da racionalidade

instrumental na formação do administrador. Para Lourenço (2014, p. 112), em sua

tese de doutorado, essa racionalidade instrumental se assemelha ao “cálculo”, em

que se evidencia a maior ou menor possibilidade de se alcançar o fim esperado. A

autora menciona que “os egressos estão buscando: a) um emprego formal; b) uma

remuneração superior paga ao trabalhador sem curso superior; e, c) o aumento da

autoridade exercida na organização”.

Destaca-se que o conceito da racionalidade para o estudo proposto pela autora

partiu do conceito de racionalidade de Ramos (1989), em que a racionalidade

desdobra-se em dois aspectos: substantiva e instrumental. A primeira é explicitada

em Serva (1997, p. 19) “Ramos fundamentou seus estudos sobre a racionalidade

nas organizações numa abordagem ampla, por ele mesmo denominada ‘teoria

substantiva da vida humana associada’".

Quanto à segunda, ainda conforme Serva (1997, p. 19), Ramos reconhece que “a

razão instrumental prevalece como lógica subjacente às ações, determinando o

padrão de ‘sucesso’ a ser atingido, um sucesso orientado pelas ‘leis’ do mercado e

egocêntrico por natureza em grande parte das organizações produtivas”.

Lourenço (2014, p. 112) retoma a racionalidade instrumental “como uma forma de

pensar coerentemente com as lógicas de mercado que vigoram nos tempos atuais”,

ressaltando que para o indivíduo poder se sentir “bem sucedido” do ponto de vista

profissional, tornam-se importantes o trabalho, o retorno financeiro, a imagem social

e até mesmo o nível de consumo.

Nessa mesma linha, estão as ideias de Barros e Passos (2014), ao afirmarem que

essa racionalidade está centrada no contexto econômico, na busca do sucesso

econômico e do poder. Isso quer dizer que as ações das pessoas devem ser

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orientadas por incentivos econômicos, motivos utilitaristas, pelo alcance de um maior

ganho financeiro.

Dentro do contexto da sociedade capitalista há a predominância da racionalidade

instrumental, com desafios que questionam a lógica de funcionamento, a hegemonia

dos valores econômicos que balizam a regulação da vida humana. Esses valores

incluem desenvolvimento econômico, social e tecnológico, mas ao mesmo tempo

excluem outros, a exemplo daqueles que não conseguem “engajar-se no processo

de desenvolvimento econômico, gerado pela alta produtividade e competitividade

engendradas pela mundialização do modelo de reprodução capitalista” (BARROS;

PASSOS, 2014, p. 163).

Outro ponto discutido por Barros e Passos (2014) é que os projetos pedagógicos

dos cursos de Administração apresentam bases filosóficas instrumentais. Trata-se

de uma formação inserida conforme as “necessidades do ideário da sociedade

capitalista”; não havendo preocupação com as considerações acerca do seu papel

histórico e social. Tais bases se revestem de caráter ideológico e se revelam,

parcialmente, para os que fazem uso como referencial pedagógico.

Por sua vez, a formação do administrador é baseada principalmente na análise das

práticas administrativas instrumentais, bem como no seu uso, objetivando a ação

que transforme as organizações, a sociedade e o homem. Dentro deste contexto

está a centralidade do discurso econômico, pautada na lógica do capital (BARROS;

PASSOS, 2014).

Por fim, pode-se observar como as questões estão interligadas nessa discussão.

Assim, os cursos de graduação em Administração (dentro e fora do Brasil) são

pautados em um processo de hegemonia da razão instrumental nos discentes,

enquanto processo de formação profissional pedagógico. Isso extrapola as

exigências de mercado, o controle do Estado, a estrutura do ensino de graduação.

Trata-se de um fenômeno global, com o intuito de submeter todas as formas que

expressam a associação da vida humana. Portanto, é papel dos educadores a

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promoção das alternativas quanto ao modelo de educação na sociedade capitalista,

a partir desse conhecimento (BARROS E PASSOS, 2014).

3.5 Há espaço para a reflexão crítica sobre a prática?

Ao questionar se há espaço para a reflexão crítica sobre a prática, deve-se observar

que o estágio impacta na formação do futuro administrador, pois lhe possibilita

apreender conhecimentos com base na disponibilidade e abertura para o novo por

meio da experiência construída em diversos meios e contextos (SCORSOLINI-

COMIN; MATIAS; INOCENTE, 2008).

Destaca-se a importância da orientação de estágio supervisionado dentro do âmbito

institucional e ao longo do processo de formação profissional, uma vez que

possibilita um relacionamento entre a teoria, apreendida na sala de aula, e a prática

nas organizações, além de proporcionar uma maior vantagem competitiva ao

estagiário no mercado de trabalho. Outro ponto importante é que favorece uma

ampliação dos conhecimentos, possibilitando a abertura da mente para novas ideias

e oportunidades (FARIA et al., 2011).

Almeida, Lagemann e Sousa (2006) investigaram sobre a importância do estágio na

formação do futuro profissional de Administração, apontando para a possibilidade de

inserção desse estagiário no mercado de trabalho. Também buscaram identificar as

características socioeconômicas dos estagiários na realização do estágio, como

também as características próprias das organizações.

Os autores argumentam que o estágio supervisionado pode constituir-se numa

ferramenta para o desenvolvimento das habilidades e competências necessárias ao

administrador. Além disso, a sala de aula garante o contato inicial com capacidades,

conhecimento e aquisição de bases científicas, porém, isso parece ser insuficiente,

pois administrar pressupõe conjugar ciência e técnicas aplicadas às organizações.

Desse modo, o aprendizado ocorre mediante o contato entre a teoria e a prática,

entre conceitos e experiências. Isso oportuniza reflexões e promove o crescimento

do aluno estagiário.

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Outro fator discutido pelos autores diz respeito à oportunidade que o estudante tem

de percorrer, mediante o estágio, e de forma interdisciplinar, as diferentes áreas da

administração. Isso facilita o aprendizado e possibilita maior aproveitamento.

Ademais, existe o entrelaçamento de conceitos vistos, muitas vezes de forma

isolada no ambiente de aula.

Bianchi e Rocha de Oliveira (2011) entendem que o relacionamento entre o estágio

e a inserção profissional se dá quando são requeridas, dos jovens, experiência e

competências técnicas e comportamentais, bem como lhes são atribuídas grandes

responsabilidades (BIANCHI; ROCHA DE OLIVEIRA, 2011).

Souza, Amorim e Silva (2012, p. 3) corroboram as ideias de Almeida, Lagemann e

Sousa (2006) no sentido de que o estágio (seja obrigatório ou não obrigatório),

configura-se como uma ferramenta de fundamental importância, pois além de

articular e integrar a teoria e a prática, “permite aos alunos terem contato direto com

a realidade profissional, desenvolvendo competências e habilidades específicas para

a sua futura profissão”.

Festinalli, Canopf e Bertuol (2007) identificaram, mediante os resultados de uma

investigação com os alunos estagiários e concluintes do curso de graduação em

Administração, que 79% desses alunos concordaram que teoria e prática são

diferentes. Ademais, 81% concordaram que o estágio contribui para a formação

profissional. E que a experiência na organização, baseada somente na observação

da rotina, foi indicada como a maior das vantagens do estágio. Embora os alunos

tenham relatado que teoria e prática são coisas distintas, elas devem ser vistas

como um par complementar, por meio da reflexão sobre as práticas.

Outro ponto interessante, segundo Mesquita (2010), refere-se ao crescimento do

número de estágios ofertados pelas empresas, que de certa forma diz respeito à

questão da contenção de custos referentes à força de trabalho. Nesse sentido,

observa-se que para a empresa há a redução dos gastos em salários, contribuições,

carga tributária, décimo-terceiro salário e outras obrigações.

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Bianchi e Rocha de Oliveira (2011) pesquisaram sobre o significado de cada

representação do estágio, identificada no discurso dos estudantes do curso de

Administração. Nesse estudo, foram realizadas, no período de setembro a novembro

de 2010, onze entrevistas com alunos do curso de Administração de uma

universidade pública do Estado do Rio de Janeiro. Observou-se que todos eles

consideraram o estágio como aprendizado, mas também como trabalho precário. E

o retorno financeiro foi considerado o de menor importância entre os entrevistados.

Observou-se que nem sempre o estágio simboliza a primeira etapa do processo de

inclusão profissional, uma vez que as atividades desenvolvidas no estágio podem

não estar diretamente relacionadas com o respectivo curso de formação.

Geralmente corresponde à procura do conhecimento no mundo do trabalho ou

mesmo à independência financeira relativa aos pais (ROCHA DE OLIVEIRA;

PICCININI, 2012 a).

Nessa mesma linha, o site da Associação Brasileira de Estágios considera o estágio

como uma oportunidade em que muitos alunos poderão ter o sonho realizado no

sentido de ter uma carreira de nível superior e completar sua formação acadêmica.

Sendo o estágio “o maior instrumento de inserção do jovem no mercado de trabalho”

(ABRES, 2014).

Outra contribuição acerca do estágio sob a forma de inserção profissional

organizada foi retratada por Rocha de Oliveira; Piccinini (2012a), mediante uma

pesquisa com estudantes de Administração, a partir da experiência de estágio em

Porto Alegre e região metropolitana. Tal forma está alicerçada na convergência dos

sistemas produtivo e educativo: a escola/universidade integra fatores de

aprendizado prático à formação, preparando o aluno para a socialização frente ao

trabalho.

Fatores como o aumento dos cursos de Administração, a multiplicidade dos novos

contratos de trabalho, bem como a atuação de agentes de intermediação colaboram

para a configuração de um modelo de estágios mais próximo de um emprego formal,

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e, ao mesmo tempo, distante do objetivo de formação. Surgem, então, as distorções,

pois nem sempre a legislação do estágio é cumprida (ROCHA DE OLIVEIRA;

PICCININI, 2012 b).

O estágio é importante para a obtenção de experiências adicionais nos currículos,

servindo para agregar conhecimento prático, uma vez que o aprendizado se torna

muito mais eficaz. O estágio auxilia um jovem ou um aluno universitário a descobrir

qual é a melhor área para se realizar uma especialização, pois, por meio de

experiências passadas, possibilita identificar qual foi o melhor desempenho ou a

função mais adequada ao seu perfil (FARIA et al., 2011).

Souza, Amorim e Silva (2012) destacam que o Estágio Supervisionado Obrigatório

se caracteriza por ser acompanhado mais diretamente pela instituição de ensino

superior - IES, devido ao fato de ter um orientador e constar de projeto que contenha

o desenvolvimento das atividades do estudante junto à instituição concedente do

estágio (organização ou profissional liberal). É também considerado uma

“ferramenta de treinamento” para esse futuro profissional; é onde o aluno começa

sua formação prática, o que lhe possibilita vivenciar experiências profissionais, e

aprender com as rotinas de trabalho. Além disso, abre oportunidade para participar

de cursos e treinamentos referentes ao setor ou área de estágio que irão contribuir

para com a formação profissional do discente.

Faria (2011) também salienta que o estágio supervisionado tem como objetivo

possibilitar ao futuro profissional uma diversidade de competências que podem

desenvolver o seu perfil profissional tendo em vista as mudanças existentes no

mercado de trabalho. Dessa forma, a capacidade de aglutinar conhecimentos

práticos baseados em teorias vistas em salas de aula é tida como fundamental para

a construção do conhecimento. Portanto, para o curso de Administração, as

competências para o perfil de formação são amplamente trabalhadas, permitindo ao

profissional conhecer todas as esferas de atuação possíveis.

Importante lembrar que, dentre os principais desafios relatados pelos estagiários, em

Roesch (2005), estão a falta de orientação pelos professores designados pela IES

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como orientadores e a falta de supervisão no local de estágio. Apesar dessas

dificuldades encontradas, os estudantes relataram que o estágio oportunizou obter

conhecimento global da organização; possibilitou a realização de diagnóstico, a

identificação e o tratamento de uma situação problema tendo por base os

conhecimentos teóricos apreendidos durante o curso; contribuiu para o

aperfeiçoamento das habilidades quanto ao relacionamento interpessoal; e

estimulou a criatividade, a inovação e habilidades de comunicação.

Ainda em Roesch (2005), quando questionados sobre a permanência do estágio

supervisionado obrigatório no Curso de Administração, 64,6% dos entrevistados

optaram pelo estágio supervisionado obrigatório; e 30,4% preferiam elaborar um

Trabalho de Conclusão de Curso, ao invés de realizar o estágio. Assim, a autora

afirma a preferência dos entrevistados para o viés prático da atividade de estágio

supervisionado obrigatório. Mas, trata-se apenas de mera preferência, porque sendo

o estágio uma modalidade obrigatória, o requisito há de ser cumprido,

independentemente de vontade.

Outro ponto para reflexão consiste na experiência do estágio obrigatório para várias

carreiras universitárias, uma vez que permite o contato do graduando com o

mercado de trabalho, com a realidade profissional e com as atividades referentes ao

curso. Isso inclui habilidades cognitivas, técnicas, práticas e atitudinais

(SCORSOLINI-COMIN; MATIAS; INOCENTE, 2008).

É por meio da prática estágio que surge, para o estudante, a oportunidade de

familiarizar-se com as atividades do seu curso. Além disso, refere-se a uma forma de

inserção profissional (OLIVEIRA; PICCININI; RETOUR, 2010). Outro aspecto é que

o estágio exerce o papel de possibilitar a aquisição de novas experiências, mediante

o exercício da prática profissional (SANTOS; SILVA, 2012).

O estágio, devido ao fato de situar-se no limite entre a formação e a atividade

produtiva, pode levar a uma diversidade de práticas, que muitas vezes não

privilegiam a formação profissional do estudante. Fatores como o desconhecimento

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acerca do que é o estágio e a maneira como deve ser desenvolvido são os principais

responsáveis por essas práticas (OLIVEIRA; PICCININI; RETOUR, 2010).

Mesquita e França (2011) postulam que o estágio, sob a orientação de um

professor, deve ocorrer por meio da relação entre o conhecimento e a atividade

prática. Nesse sentido, o estudante torna-se capaz de estabelecer a relação entre o

saber e o fazer. Nesse mesmo viés, estão Dias, Patrus e Magalhães (2011, p. 701)

ao afirmarem que “o saber orientar está associado a uma competência didática do

professor orientador, que exige, inclusive, capacidade de relacionamento com o

aluno orientando”.

Um dos fatores que influencia o sucesso dos estudantes dos cursos de graduação

diante do mercado de trabalho diz respeito à constante preocupação dos

professores, que buscam certificar-se de que estão realizando o melhor, a fim de

que os seus alunos sejam profissionais de êxito no futuro (MURITIBA et al., 2008).

No que tange à função educar, o professor orientador é considerado um profissional

da prática, uma vez que o estágio passa a ser visto como o ensino aplicado na

prática, configurando-se como a extensão das tarefas que são atribuídas ao

estudante no decorrer do estágio, exigindo um grande esforço por parte do

estagiário. Disso decorre a relevância do papel do professor no sentido de ensinar e

orientar o aluno-estagiário, buscando foco no seu treinamento profissional

(BURIOLLA, 2008).

Um ponto interessante exposto por Piccinini e Retour (2010) diz respeito à inversão

de valores que ocorre mediante a prática do estágio, pois, inicialmente, o estágio

deveria apresentar como proposta um meio de aprendizado prático, bem como a

complementação de estudos, mas passa a se tornar uma inserção precária em

função de exigências requeridas por funcionários e que passam a ser demandadas

mediante um contrato que não contempla os benefícios legais. Assim, há a cobrança

do estudante por parte da organização com as mesmas exigências que a de um

trabalhador.

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Bianchi e Rocha de Oliveira (2011, p.2) afirmam que o estágio aparece “como

facilitador da interação escola-trabalho, complementando o processo de formação e

contribuindo para a inserção profissional”.

De acordo com Faria et al. (2011), é importante o binômio teoria e prática, porque é

durante o Estágio Supervisionado que as competências consideradas essenciais

para a formação do Administrador são delineadas na prática do estágio. Ademais, tal

prática configura-se como um recurso pedagógico no desenvolvimento do

aprendizado do futuro administrador. Ressaltam-se as competências como os

conhecimentos, habilidades e atitudes de acordo com as aptidões profissionais.

Entretanto, isso não é suficiente. Considera-se que a sala de aula é capaz de

garantir o contato inicial com capacidades, conhecimento e bases científicas.

Todavia, administrar envolve dois aspectos: ciência e técnicas aplicadas às

organizações. Se houver somente a sala de aula, a educação gerencial é

prejudicada, uma vez que a prática é essencial ao desenvolvimento de tal

capacidade (MINTZBERG; GOSLING, 2003).

Faria et al.(2011) também corroboram as ideias de Mintzberg e Gosling (2003), ao

destacar a importância do estágio supervisionado dentro do âmbito institucional e ao

longo do processo de formação profissional, uma vez que possibilita um

relacionamento entre a teoria, apreendida na sala de aula, e a prática nas

organizações.

Essa prática também deve estar inserida no processo de ensino e aprendizagem.

Ademais deve ser capaz de promover o desenvolvimento de técnicas, bem como as

habilidades do futuro profissional. Tais funcionalidades irão nortear a vida

profissional do futuro administrador (FRANCISCO et al., 2010).

Para Bianchi e Rocha de Oliveira (2011), o estágio também auxilia no processo de

aprendizagem da profissão quanto ao conhecimento do mundo da empresa. Por

meio do estágio, o aluno aprende a se relacionar dentro de uma nova esfera, com

códigos próprios de conduta, aprendidos junto com a sua formação.

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Nunes, Patrus-Pena e Dante (2011) apresentaram um estudo de caso abordando o

curso de Administração de uma Instituição de Ensino Superior (IES), e identificaram

a dificuldade em avaliar o processo de formação e sua eficácia, argumentando que

as competências podem ser adquiridas pelos estudantes por meio de vários

processos: educação formal, experiência profissional, bem como experiência social.

Isso pode refletir uma dificuldade para o aluno no sentido de discernir quais

experiências e processos podem contribuir para o desenvolvimento de

competências.

Afinal, o estágio supervisionado visa oferecer ao futuro administrador uma variedade

de competências que pode desenvolver o perfil profissional deste acadêmico para as

mudanças existentes no mercado de trabalho. Dessa forma, a capacidade de

aglutinar conhecimentos práticos baseados em teorias vistas em salas de aula é tida

como fundamental para a construção do conhecimento. Portanto, para o curso de

Administração, as competências para o perfil de formação são amplamente

trabalhadas, permitindo ao profissional conhecer todas as esferas de atuação

possíveis.

Por fim, considera-se que o curso de Administração deve buscar construir uma base

técnico-científica que possibilite aos alunos o desenvolvimento de um processo de

aprendizado, autocrítica e questionamento, de forma a torná-los aptos para

absorver, processar e se adequar, por si mesmos, às demandas e às necessidades

das organizações do mundo moderno (CRUZ, 2005).

Encerra-se esse capítulo, mas não a discussão sobre as questões aqui levantadas.

De fato, muitas vezes, torna-se difícil delimitar uma resposta a um dos

questionamentos, visto que as questões lançadas, em sua grande maioria, dialogam

entre si. A seguir, serão abordados os procedimentos metodológicos usados para

esta pesquisa.

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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Neste capítulo serão apresentados os procedimentos metodológicos para o

desenvolvimento desta dissertação que abrangem: caracterização da pesquisa,

unidades de análise e sujeitos de pesquisa, coleta de dados, bem como análise dos

dados.

Lakatos e Marconi (2001) consideram metodologia como o delineamento da

trajetória a ser percorrida pelo pesquisador que o auxilia em sua tomada de

decisões.

4.1 Caracterização da Pesquisa

Quanto aos fins, esta pesquisa é considerada descritiva. O principal objetivo desse

tipo de pesquisa, segundo Gil (1991), é descrever as características de determinada

população ou fenômeno ou mesmo estabelecer relações entre as variáveis.

Em relação à abordagem, esta pesquisa é de natureza qualitativa, pois de acordo

com Vergara (2007, p. 47), uma pesquisa qualitativa é “uma investigação empírica

realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos

para explicá-lo”. Ademais, o método qualitativo, conforme Minayo (1996), é capaz de

incorporar a intenção e o significado quanto àqueles sentidos que estão

relacionados às atitudes, à estrutura social e aos relacionamentos.

Desse modo, partindo do objetivo geral que é analisar como o estágio

supervisionado pode contribuir para o processo de formação profissional dos alunos

do curso de Administração de uma Instituição de Ensino Superior pública, situada na

cidade de Belo Horizonte, entende-se que o fenômeno a ser estudado deve partir da

perspectiva das pessoas que estão envolvidas nesse processo. (GODOY, 1995;

TRIVIÑOS, 1987). Considerando que os pontos de vista dos entrevistados são

importantes (GODOY, 1995; TRIVIÑOS, 1987), destacam-se os alunos

entrevistados.

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4.2 Unidade de Análise e Sujeitos da Pesquisa

De acordo com Yin (2010), a unidade de análise depende do enfoque dado ao

estudo, bem como da maneira com que o pesquisador define as questões de

pesquisa. Para Collis e Hussey (2005), o conceito de uma unidade de análise está

relacionado a variáveis, fenômenos, objeto de estudo e problema de pesquisa. Para

tal, torna-se necessário que os dados sejam coletados e analisados.

Desse modo, é necessário que, em função do problema estabelecido, venha à tona

a unidade de análise, que é o curso de Administração do CEFET-MG, mais

especificamente representado pelo estágio curricular supervisionado obrigatório.

Vergara (2007) afirma que os sujeitos da pesquisa são aqueles que irão

disponibilizar informações com o objetivo de subsidiar informações para pesquisa,

visando a uma compreensão mais profunda da situação. Diante disso, pode-se

afirmar que os sujeitos dessa pesquisa são os alunos matriculados na disciplina de

Orientação de Estágio Supervisionado do curso de graduação de Administração do

CEFET-MG, no primeiro semestre de 2015.

4.3 Coleta de Dados

No que tange à coleta de dados, a técnica utilizada foi a entrevista. Foram realizadas

entrevistas (gravadas e transcritas) com 11 alunos, dentre os 29 alunos matriculados

na disciplina de “Orientação de Estágio Supervisionado” do curso de Administração

do primeiro semestre de 2015. A seleção dos alunos foi conforme o critério de

acessibilidade.

Triviños (1987) considera a entrevista como uma das principais ferramentas a que o

pesquisador pode ter acesso para a pesquisa qualitativa. Inicialmente, foi elaborado

um roteiro de entrevistas, cujo objetivo foi ampliar as informações referentes às

reflexões da prática cotidiana, no processo de formação profissional dos

administradores, e à reflexão crítica sobre a prática do estágio.

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Foram também coletadas informações de diversas fontes: leis, decretos, resoluções

e outros instrumentos. Foram utilizados dados primários e secundários.

4.4 Análise dos Dados

A técnica usada para a análise dos dados coletados foi a de análise de conteúdo.

Para Bardin (2009), essa técnica é essencial para compreender o conteúdo das

informações, no sentido de se perceber os detalhes específicos nos relatos dos

entrevistados, mediante procedimentos que possibilitam a investigação das

questões propostas.

Já conforme Vergara (2007), a Análise de Conteúdo consiste em:

uma técnica de análise de comunicações, tanto associada aos significados, quanto aos significantes da mensagem. Utiliza tanto procedimentos sistemáticos e ditos objetivos de descrição de conteúdos, quanto inferências, deduções lógicas (VERGARA, 2007, p. 14).

Ramos e Salvi (2009) complementam a ideia aplicada para a análise de conteúdo

sob a perspectiva de Bardin (2009), como um conjunto de procedimentos

metodológicos, sendo aplicáveis a diversos discursos, sobretudo na área das

ciências sociais, com objetivos bem delineados e que servem para desvelar o que se

apresenta oculto no texto, por meio da decodificação da mensagem.

A respeito da análise de conteúdo, conforme a proposta de Bardin (2009), torna-se

importante atentar para os seguintes critérios na seleção dos documentos: 1)

Exaustividade, em que se deve procurar esgotar a totalidade da comunicação; 2)

Representatividade, em que o material selecionado deve conter informações que

representem o universo a ser pesquisado; 3) Homogeneidade, em que os dados

deverão se referir ao mesmo tema; e 4) Pertinência: os documentos devem ser

condizentes com os objetivos da pesquisa (BARDIN, 2009).

Vale ressaltar que essa técnica conta com as seguintes etapas: 1) pré-análise; 2)

codificação ou exploração do material; e 3) categorização ou tratamento dos

resultados, inferência e interpretação. Na primeira, ocorrem a organização do

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material, sua análise e a sistematização das primeiras ideias. Na segunda fase

ocorre a transformação dos dados por meio de unidades de registro e contexto. Já

na terceira fase, acontece a criação de um sistema de categorias e, por último,

ocorre a interpretação dos dados, bem com as conclusões (BARDIN, 2009). Desse

modo, os resultados desta pesquisa passaram por essas fases conforme é exposto

a seguir.

A fase da pré-análise consistiu na preparação do material coletado, que foi separado

para análise e contou com uma leitura flutuante, buscando estabelecer os

documentos de coleta de dados, tomando conhecimento do texto, e transcrevendo

as entrevistas. Assim, foi feita a seleção dos documentos para análise. Em seguida,

com base nos objetivos, buscou-se elaborar indicadores mediante recortes de textos

nos documentos já analisados, sendo que os temas mais repetitivos constituíram os

índices.

A fase da codificação do material foi feita por meio das respostas obtidas nos

questionários semiestruturados, com base em uma tabulação quantitativa, buscando

agrupar as ideias contidas nas respostas dadas, e, também, com base nos objetivos

propostos. As variáveis foram identificadas por meio das ideias mais frequentes.

Quanto à fase da categorização temática, foi realizada a partir das respostas em

relação aos temas delineados na pesquisa e com base nas respostas e

desdobramentos de questões. Foram estabelecidas três categorias: 1) A importância

do estágio supervisionado na formação profissional do administrador; 2) Teoria e

prática; e, 3) Reflexões e práticas e no ambiente do estágio.

A primeira categoria, a importância do estágio supervisionado na formação

profissional do administrador, diz respeito às percepções que os alunos têm em

relação ao que o estágio supervisionado pode proporcionar para o futuro

administrador.

Já a segunda categoria, Teoria e prática, busca identificar de que maneira se dá a

relação entre teoria vista em sala de aula e a prática por meio do estágio

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supervisionado e como esse pode contribuir para a formação do aluno do curso de

Administração.

Por fim, a terceira categoria, práticas e reflexões no ambiente do estágio, tem como

objetivo identificar os principais recursos pedagógicas utilizados durante o curso,

verificar o suporte dado pelo professor durante o estágio, de que forma se dá o

processo de definição do professor orientador de estágio, analisar a reflexão sobre

as atividades desenvolvidas no estágio para a formação acadêmica, bem como a

sua contribuição para a formação profissional.

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5 APRESENTAÇÃO, DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

A disciplina de “Orientação de Estágio Supervisionado” é ofertada semestralmente,

podendo o aluno cursá-la tanto no primeiro semestre quando no segundo semestre

do ano letivo. Mas é necessário que o aluno tenha integralizado 1800 horas ou 120

créditos, em conformidade com o Projeto Político Pedagógico do curso de

Administração do CEFET-MG.

De acordo com as informações obtidas pelo Setor de Estágio da instituição

pesquisada, foram matriculados 29 alunos na referida disciplina para o curso de

Administração do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais -

CEFET- MG no primeiro semestre de 2015.

Foram realizadas 11 entrevistas com alunos matriculados no curso de Administração

do CEFET- MG. As entrevistas foram realizadas na cidade de Belo Horizonte, Minas

Gerais, nos meses de maio e junho de 2015.

As perguntas foram previamente elaboradas, com roteiro semiestruturado, que

possibilitou, com respostas dos entrevistados, a proposição de novos

questionamentos e pontos de discussão, além da esfera prevista inicialmente.

O tempo médio de cada entrevista foi cerca de 30 minutos. Antes do início de cada

entrevista, todos os sujeitos foram informados da finalidade e dos objetivos da

pesquisa, bem como do anonimato a ser mantido, do sigilo e do caráter das

utilizações das informações a serem obtidas. Os entrevistados forneceram o

consentimento em sua participação antes que se iniciassem os questionamentos.

No intuito de assegurar o anonimato dos entrevistados, adotou-se a análise de

conteúdo, baseada na proposição de Bardin (2009). Para fins didáticos e sigilosos,

os entrevistados foram classificados em E1, E2, E3, E4, E5, E6, E7, E8, E9, E10 e

E11.

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Na apuração dos dados demográficos, pode ser percebido que 5/11 da amostra

corresponde a indivíduos do sexo masculino, e 6/11, do sexo feminino. Ao se

analisar a faixa etária dos respondentes, 9/11 encontram-se na faixa etária de 20 a

30 anos. De 30 a 40 anos, somente um indivíduo e um entrevistado não

responderam a esse questionamento. O estado civil solteiro foi encontrado em 8/11

da amostra e o restante, três pessoas, o estado civil, “casado”.

Por critério metodológico, as entrevistas do estágio supervisionado obrigatório foram

estruturadas por categorias (QUADRO 9). Para a análise do conteúdo obtido, foram

estabelecidas três categorias:

1) A importância do estágio supervisionado na formação profissional do

administrador;

2) Teoria e prática;

3) Reflexões e práticas no ambiente do estágio.

Quadro 9 - Categorias e Variáveis

Categorias Variáveis encontradas

A importância do estágio supervisionado na formação profissional do administrador

Como o estágio supervisionado contribui para a sua formação enquanto administrador

Teoria e prática Relação entre teoria e prática no curso de Administração

Práticas e reflexões no ambiente do estágio

Principais ferramentas pedagógicas durante o curso O suporte dado pela IES durante o estágio O suporte dado pelo professor durante o estágio O papel do professor orientador de estágio O processo de definição do professor orientador de estágio A forma como se define o professor orientador de estágio Reflexão sobre as atividades desenvolvidas no estágio e a

formação acadêmica Contribuição dessa reflexão para sua formação

Fonte: Elaborado pelo autor

A primeira categoria buscou vislumbrar esta percepção relacionada com a

compreensão das contribuições fornecidas pelo estágio supervisionado para a sua

formação profissional.

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Para 7/11 dos entrevistados, o estágio é um dos momentos mais importantes para a

formação profissional. É percebido como um momento em que o futuro profissional

tem oportunidade de entrar em contato direto com a realidade profissional na qual

será inserido, além de concretizar pressupostos teóricos adquiridos pela observação

de determinadas práticas específicas e do diálogo com profissionais mais

experientes. Tais percepções podem ser observadas na fala de E9:

No estágio, em minha formação, eu tenho a oportunidade de investigar, analisar e intervir na realidade profissional que pretendo atuar, podendo relacionar a realidade da escola, da organização com funcionamento da comunidade (E9).

O estágio foi percebido por 9/11 dos entrevistados como uma forma de ingresso no

mercado do trabalho, com a oportunidade de aproximação com a profissão

escolhida:

Eu, como universitário, entrei para o mercado de trabalho através do estágio, onde tenho a oportunidade de colocar em prática a teoria vista em sala de aula, aumentando, assim, a oportunidade de aproximação com a profissão que eu escolhi. No estágio, eu tenho a oportunidade de assimilar a teoria com a prática, aprender um pouco mais sobre a profissão escolhida, conhecendo, assim, o dia a dia daquilo que eu escolhi para exercer (E1).

Assim, se percebe que a aproximação com mercado de trabalho é a forma

significativa de o estágio ajudar na formação do aluno. Oliveira e Cunha (2006, p. 6)

definem o estágio supervisionado como sendo “qualquer atividade que propicie ao

aluno adquirir experiência profissional específica e que contribua de forma eficaz,

para sua absorção pelo mercado de trabalho”.

Outro ponto é que o estágio exerce o papel de unir teoria e prática, não ficando

apenas na sala de aula. A melhora do relacionamento pessoal também pode ser

percebida nas respostas analisadas como em E6:

O estágio ajuda na minha formação, pois são fases que o universitário tem que passar. Quem está cursando uma Faculdade tem que desafiar a si mesmo, todo profissional que quer ser bem sucedido tem que passar pelo desafio do estágio, sendo assim ele estará capacitado a enfrentar outros desafios com mais facilidade (E6).

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Desse modo, aponta-se a reflexão sob a ótica de Scorsolini-Comin, Matias e

Inocente (2008) acerca da experiência do estágio obrigatório para os universitários,

que viabiliza o contato do estudante com o mercado de trabalho, a realidade

profissional e com as atividades referentes ao curso.

Outro aspecto presente no depoimento de E6 diz respeito ao fato de “ser bem

sucedido”. Esse fato remete às considerações teóricas acerca da instrumentalidade

racional presente na formação do administrador, conforme apresentado em

Lourenço (2014), ao retomar a racionalidade instrumental como uma maneira de

pensar de acordo com as lógicas de mercado atuais, em que o indivíduo sente-se

“bem sucedido” profissionalmente ao reconhecer, sobretudo, a importância do

trabalho.

Com o estágio, o aluno adquire mais conhecimento sobre a profissão que escolheu

para exercer. A oportunidade de estagiar durante o curso consolida e amplia os

conhecimentos, reforça o poder de argumentação para se relacionar no ambiente de

trabalho, no qual ele se depara com situações que, muitas vezes, exigem uma

opinião firme e concreta, fazendo com que ele aprenda a lidar com pessoas e

situações diferentes a cada dia.

Pretendo abraçar como oportunidade única, pois não faria sentido frequentar um estágio se não houver comprometimento, responsabilidade, determinação e expectativa. Onde também seria um desperdício de tempo e energia sofrer o desgaste do estágio somado ao curso, se não houvesse o interesse em aprender e preparar-se para a futura profissão (E10).

Percebe-se, mediante o discurso de E10, os elementos presentes na racionalidade

instrumental proposta por Ramos (1989). Tais elementos correspondem a ações que

visam a um determinado padrão de sucesso a ser alcançado: comprometimento,

responsabilidade, determinação, interesse no aprendizado. Todos eles

fundamentam a razão instrumental necessária ao preparo de uma profissão como a

do administrador.

Dessa forma, apurou-se que o estágio visa proporcionar ao profissional, a

possibilidade de colocar em prática os conhecimentos adquiridos, além, de

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aprofundar o intercâmbio com o campo de atuação ou mercado de trabalho

relacionado com o curso.

A experiência de trabalho foi considerada válida por 9/11 dos respondentes porque,

mesmo que a atividade de estágio a ser desenvolvida pelo aluno não seja

exclusivamente na área de formação do aluno, essa experiência ensina-lhe como se

relacionar com colegas e superiores, ou mesmo com clientes, e como funciona a

organização. Para um dos respondentes, E3, a atividade de estágio não contribuiu

em nada para a sua formação. Já E4, aproveitou o fato de ser “trabalhador celetista”

e utilizou as horas trabalhadas nesse regime para comprovar as horas de estágio.

Para ele: “não houve grande mudança” em sua rotina. É importante ressaltar que

tanto a Lei nº. 11.788 (BRASIL, 2008) quanto a Resolução CGRAD 038/10 admitem

vínculo empregatício como forma de equiparação de estágio, desde que as

atividades exercidas sejam concernentes à sua área de formação e aprovadas pelo

professor orientador.

Contudo, algumas reclamações também foram verificadas. A principal queixa refere-

se ao exercício de trabalhos repetitivos, sem chance de aprender um trabalho ligado

à profissão, ou mesmo, de conhecer os diferentes setores. O estágio é percebido

como uma forma de exploração de mão de obra conforme o relato de E8: “Desde o

dia em que comecei, só faço o protocolo e controle dos documentos”.

Embora E8 considere o estágio uma forma precária, mediante a afirmativa “só faço o

protocolo”, ainda assim o estágio pode ser considerado uma forma de conhecer a

organização, até mesmo uma oportunidade para desenvolver uma leitura do ponto

de vista organizacional. Também é possível ser capaz de realizar um diagnóstico

crítico e racional, requerido pela profissão de administrador.

Nesse sentido, conforme argumentado por Bianchi e Rocha de Oliveira (2011), o

estágio pode também ser considerado como trabalho precário. Sob a ótica de

Piccinini e Retour (2010), o estágio, que deveria apresentar como proposta ser um

instrumento de aprendizagem prática e servir de complementação para os estudos,

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passa a ser um ingresso precário, uma vez que as exigências outrora requisitadas

por funcionários passam a demandar um contrato sem vantagens legais.

A segunda categoria buscou identificar de que maneira se dá a relação entre a

teoria vista em sala de aula e a prática por meio do estágio supervisionado e como

esse estágio pode impactar na formação do aluno do curso de Administração.

Na análise dos dados coletados, apurou-se que para a formação profissional do

futuro Administrador, o estágio supervisionado necessita estar integrado às demais

disciplinas cursadas pelo acadêmico, além de possibilitar um momento de vivência

profissional conduzido sob orientação acadêmica. Tais dados podem ser

exemplificados em E2: “A importância do estágio supervisionado é poder perceber a

teoria aprendida em sala de aula com a prática”.

Assim, conforme os sujeitos de análise, o estágio é capaz de propiciar ao acadêmico

a realização de um diagnóstico crítico das disciplinas oferecidas pela IES.

A possibilidade de sugestão de modificações ou aprimoramento em seu processo de

gestão também pôde ser encontrada nas respostas dos entrevistados como em E4:

A teoria e a prática na Administração dialogam de forma direta e objetiva. Com o estágio supervisionado, pude aplicar o aprendizado de sala de aula com a realidade vivenciada pelas empresas, dar sugestões e entender todo o processo. Acredito que o aprendizado é mais eficaz quando adquirido por meio de experiências (E4).

Em 6/11 dos respondentes é vislumbrada a relação em grande parte do programa

de estágio com a teoria. E 8/11 dos acadêmicos afirmaram ser possível a

visualização dos conteúdos das disciplinas durante o estágio.

Assim, de acordo com Lourenço, Lemos e Pécora Júnior (2012), o estágio pode

ainda corresponder a uma atividade bastante importante para a formação do jovem

profissional. Entretanto, para que se torne realidade, é preciso existir compatibilidade

entre os conteúdos desenvolvidos na formação acadêmica e as atividades

desenvolvidas pelos estagiários em seus locais de estágio.

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Esses resultados demonstram que, apesar de existirem momentos do estágio que

não podem estar vinculados à estrutura curricular do curso, na maior parte do

processo existe a integração do estágio com as disciplinas acadêmicas. Nesse

sentido, convergem as opiniões dos autores (ALMEIDA, LAGEMANN, SOUSA:

2006; SOUZA, AMORIM, SILVA: 2012). Há também a legislação encontrada na LDB

(BRASIL, 1996), na Lei nº. 11.788 (BRASIL, 2008) e em outros instrumentos legais

que condizem com os resultados ora apresentados.

Para Rego e Silva (2013), o Estágio Supervisionado é visto como um elemento

curricular que favorece a interface entre teoria e prática, a partir de experiências

acadêmica, social e profissional. Já para Mesquita e França (2011), o estudante

deve ser o sujeito capaz de fazer a ligação entre o saber e o fazer.

Conforme demonstrado na teoria até aqui apresentada, quando o estágio não

apresenta uma relação direta com o conteúdo acadêmico, novos conhecimentos são

construídos, reforçando seu caráter de transversalidade, além das fronteiras

profissionais. Os estagiários, segundo os referidos autores, tornam-se agentes

capazes de influenciar o conjunto dos elementos que compõem o currículo do curso.

A parcela dos acadêmicos que não visualiza o conteúdo das disciplinas com o

estágio é de 2/11, o que corresponde à minoria. Este percentual representa as

disfunções relacionadas ao processo e aos agentes que influenciam a

operacionalização do programa de estágio, merecendo aqui destacar a importância

para a reflexão da instituição de ensino.

Somente um respondente, E3, afirmou não ser possível o alcance dos objetivos

previamente propostos do estágio, como possibilidade da aplicação prática dos

conhecimentos adquiridos em sala de aula.

As orientações recebidas durante o estágio não me estimularam a refletir sobre as atividades desenvolvidas no estágio e em minha formação acadêmica. Não percebo relação entre teoria e a aplicação (E3).

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Apesar da disfunção obtida nessa resposta, a visualização dos conteúdos das

disciplinas e o estágio como um momento de vivência profissional orientada foi

percebida em quase a totalidade da amostra (10/11). Embora seja importante

analisar mais a fundo a situação relatada por E3, que pode sinalizar inadequações

no processo de formação profissional.

A pesquisa também buscou informações sobre a existência de contribuições do

Estágio Supervisionado para o rendimento escolar do aluno. Os resultados apontam

que 8/11 dos respondentes consideram esta contribuição positiva, com apenas 1/11

avaliando-a como negativa. Os demais consideram a experiência como neutra.

Todavia, quanto ao rendimento escolar do aluno, Casqueira et al. (2013) mostra que

no período em que o estágio é realizado, ocorre um decréscimo no coeficiente de

rendimento (CR). Foram apontadas duas principais causas para a ocorrência desse

fato: a primeira diz respeito à distância entre o local de estágio e a universidade, que

pode influenciar o aluno a abandonar ou mesmo a não se matricular em algumas

disciplinas. Neste caso, a grade curricular daquele período se torna mais adequada

para a realização do estágio.

Já a segunda causa, diz respeito aos alunos que se mantêm matriculados em

disciplinas além do que a atividade de estágio pode compatibilizar, sendo que, no

final do período letivo, o aluno tem que escolher entre a frequência no estágio ou a

frequência nas aulas. Na hipótese da primeira opção, o aluno tende a elevar a

chance de reprovações (por falta, por nota ou por abandono da disciplina).

Entretanto, não se pode concluir que o coeficiente de rendimento aumenta ou

diminui no período de estágio para os alunos do curso de Administração do CEFET-

MG, uma vez que esta pesquisa, por ser de natureza qualitativa, apresenta a

percepção do grupo de alunos em relação às contribuições para o estágio

supervisionado obrigatório, tendo sido considerada como positiva.

A terceira categoria tem como objetivo identificar as principais ferramentas

pedagógicas utilizadas durante o curso, verificar o suporte dado pelo professor

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durante o estágio, a forma como se dá o processo de definição do professor

orientador de estágio, analisar a reflexão sobre as atividades desenvolvidas no

estágio para a formação acadêmica, bem como a sua contribuição para a formação

profissional.

Quanto ao suporte oferecido pela IES durante o estágio, percebe-se que os dados

apurados, conforme a fala de E9, demonstram que, para a construção e o

desenvolvimento do estágio, voltados para uma realidade educacional, é

imprescindível implementar um conjunto de políticas emergenciais e estruturais com

o corpo docente.

Os resultados evidenciam que é preciso que haja um maior suporte no que tange à

orientação conforme exposto por um dos entrevistados (E9): “Acredito que o suporte

dado pelo CEFET-MG durante o desenvolvimento do estágio é muito pouco. Me

sinto completamente perdido”. Somente E2 afirmou que o suporte oferecido pela

instituição é total. Três dentre os entrevistados responderam que o suporte se limita

apenas a informações, prazos e documentos. Dois disseram que o suporte se refere

à divulgação de vagas. O restante (4/11) não soube responder.

No entendimento de Lourenço, Lemos e Pécora Júnior (2012) várias Instituições de

Ensino Superior (IES) surgem para questionar acerca do Estágio Supervisionado

face aos seus Projetos Pedagógicos, buscando alterar a sua configuração.

No que se refere ao papel do professor orientador de estágio no desenvolvimento de

habilidades necessárias à prática de estágio, os resultados indicaram que para 2/11

não houve acompanhamento. Em 3/11, a orientação ocorreu de forma precária,

distante e superficial. Para 5/11, o papel foi visto como importante, reconhecendo-se

a atenção e a disponibilidade para orientar o aluno. Apenas E3 (já considerado como

uma disfunção) não respondeu.

Nessa mesma linha, encontra-se a ideia exposta por Buriolla (2008), ao mencionar a

importância que tem o papel do professor quanto ao ato de ensinar e de orientar o

aluno-estagiário, objetivando o treinamento profissional desse aluno.

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O docente realiza ações intelectuais no desenvolvimento da sua profissão que

refletem sobre sua prática junto aos estagiários. Para os entrevistados, o estágio

supervisionado favorece um saber da experiência fundamentado em conhecimentos

teóricos, capaz de possibilitar a análise de situações de sua prática e de

reelaboração de procedimentos.

Em relação ao suporte dado pelo professor durante o estágio, pôde ser percebido

que 2/11 das pessoas declararam que o acompanhamento pelo docente ocorreu

durante todo o período do estágio, e 5/11 dos respondentes responderam que esse

acompanhamento ocorreu em pequena ou nenhuma parte do programa. Esses

dados demonstram a necessidade de reavaliação do exercício das atribuições da

orientação relacionadas ao direcionamento do trabalho.

Ao que tange o processo de definição do professor orientador de estágio dentro do

contexto da instituição pesquisada, observou-se a ausência de uma metodologia

específica, sendo o critério de escolha aleatório, por meio de sorteio ou ordem

alfabética. Na realidade, a ausência quanto à escolha do critério face ao processo

não parece impactar na qualidade da orientação, uma vez que 6/11 responderam

que não afeta; 2/11 não responderam. Dentre os que afirmaram positivamente

impactar no processo, 3/11, a justificativa apresentada é a mesma e está

relacionada à área de atuação do estágio do aluno e do professor conforme exposto

por E11: “Sim. Pode impactar na qualidade, porque você pode escolher um

professor na área de atuação do estágio e com que tem mais afinidade”.

A respeito da reflexão sobre as atividade desenvolvidas no estágio e a formação

acadêmica, Silva et al. (2012) consideram que o ambiente da educação formal

constitui elemento importante e que irá contribuir para a reflexão dessas vivências,

sobretudo em relação a novas experiências que possam ser significativas para o

desenvolvimento tanto pessoal quanto profissional do estagiário.

Assim, observou-se que as repostas dos acadêmicos acerca dos objetivos do

estágio como realização do diagnóstico e proposição de melhorias demonstraram

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que os sujeitos de pesquisa reconhecem a possibilidade de, por meio do estágio, ter

conhecimento da realidade vivenciada. Seja apresentando sugestões ou não de

melhorias na organização em que as tarefas são executadas.

Com relação à contribuição dessa reflexão para sua formação, observou-se uma

predominância de opinião sobre a contribuição do estágio, que deve ser relacionada

com os propósitos da legislação que estabeleceu esta atividade como obrigatória

dentro do currículo escolar.

Os autores abordados no presente trabalho, a legislação, bem como as diretrizes

educacionais alicerçam a construção dos programas de estágio. Pode-se perceber a

importância em proporcionar ao acadêmico a compreensão das possibilidades

vislumbradas na realização do estágio.

Um exemplo da compreensão dessa possibilidade, ainda na análise dessa

dimensão, deve ser considerada como em E7, que ressalta o estágio supervisionado

como um fator somatório, um elemento implementador ao perfil pretendido do

profissional, e que deve ser agregado a outros fatores: “O estágio não é o único

responsável pela formação, é apenas um elemento a mais” (E7).

Tais fatores estão relacionados, de acordo com o Projeto Político Pedagógico do

curso de Administração do CEFET-MG, com as atividades selecionadas,

operacionalizadas e construídas no decorrer do curso, de maneira a proporcionar o

confronto e a reorganização dos conhecimentos. Assim, o estágio curricular

supervisionado deve ser pautado na “consolidação das competências e habilidades

inerentes ao perfil pretendido” (CEFETMG, 2008, p. 131).

Por fim, percebeu-se, mediante o relato dos entrevistados, que a aprendizagem

profissional ultrapassa a capacidade teórica do aluno para o desempenho da

profissão. De fato, o aprendizado voltado para a formação profissional,

especialmente a do administrador, se dá mediante a junção da teoria e da prática,

sendo o estágio uma oportunidade para o desenvolvimento da racionalidade

instrumental requerida para a prática da profissão, que começa a ser ensaiada na

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realização das atividades de estágio. A IES busca, por meio da integração das

esferas social, cultural e profissional, fazer com que o aluno deixe de ser apenas um

mero objeto de ensino para tornar-se um profissional realmente comprometido com

sua prática profissional e social.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este capítulo apresenta a exposição dos principais resultados desta pesquisa,

considerando-se o referencial teórico adotado e o levantamento dos dados

empíricos. Os principais pontos referentes aos objetivos desta pesquisa serão aqui

abordados resumidamente, além de constarem as contribuições, limitações do

estudo, bem como as sugestões para estudos futuros.

Esta dissertação buscou responder à seguinte questão: como o Estágio

Supervisionado pode contribuir para o processo de formação profissional dos alunos

do curso de Administração do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas

Gerais – CEFET-MG? Para tal, buscou-se analisar a atividade de estágio

supervisionado na percepção dos alunos matriculados nos 7º e 8º períodos do

primeiro semestre letivo de 2015 e que estavam cursando a disciplina de Orientação

de Estágio Supervisionado do Curso de Administração.

O referencial teórico foi estruturado com base nos seguintes tópicos: o histórico do

ensino de Administração no Brasil; a história dos currículos mínimos; o estágio

supervisionado e as questões teórico-legais; os agentes do estágio que fazem parte

do processo de formação profissional; como o estágio supervisionado influencia

nesse processo; além de discutir se há espaço para a reflexão crítica sobre a

prática.

Foi realizado um estudo descritivo, com abordagem qualitativa. Quanto à unidade de

análise, corresponde ao curso de Administração do CEFET-MG, representado pelo

estágio curricular supervisionado obrigatório. A unidade de observação foi composta

por onze alunos matriculados na disciplina de Orientação de Estágio Supervisionado

do curso de Administração no primeiro semestre de 2015.

A fim de que o objetivo geral pudesse ser alcançado, foram estabelecidos quatro

objetivos específicos. O primeiro objetivo específico foi: verificar o papel do estágio

e sua contribuição para a gestão do curso de Administração.

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A esse respeito, esse trabalho visa contribuir para a gestão acadêmica. Pode-se

afirmar que é propício para o curso de mestrado em Administração, uma vez que

aborda pontos relativos não só em relação ao ensino, mas, principalmente, em

relação aos aspectos de gestão escolar de um curso de Administração. Outro ponto

importante é o fato de que este estudo possibilita um canal de avaliação de como as

práticas de estágio e orientação estão acontecendo, abrindo espaço para a reflexão

crítica, buscando melhorar o processo formativo para os gestores do curso de

Administração, em especial do CEFET-MG.

Observa-se que os cursos na área de gestão têm alcançado uma posição que os

direciona para o alto do ranking dos cursos dentre os mais procurados no país

(INEP, 2013). Oliveira, Lourenço e Castro (2013) afirmam que as críticas ao ensino

têm sido contundentes entre acadêmicos e a sociedade quanto à expansão dos

cursos e a sua relação com a melhora no ensino.

O cenário atual, com elevada oferta de cursos de Administração, conforme

apresentado pelas estatísticas do INEP/MEC (2011; 2013), traz em seu bojo, uma

preocupação recorrente para o ensino superior, que se trata da qualidade da

formação acadêmica e profissional dos futuros administradores.

De acordo com as estatísticas do INEP/MEC (2011), Minas Gerais se destaca como

o segundo maior estado do Brasil a ofertar cursos de Administração. Dentro desse

contexto, encontra-se o curso de Administração do CEFET-MG, que passou pela

avaliação do MEC, em 2014, tendo recebido conceito 4. Dentre as variáveis

analisadas pelo INEP/MEC, encontram-se os recursos didáticos pedagógicos, em

que o estágio se enquadra.

Assim, observa-se que o papel do estágio é de suma importância, não só para o

currículo, mas também para a formação profissional do administrador. Do ponto de

vista da gestão, é também considerado um aspecto de avaliação do curso. Portanto,

é de interesse dos gestores, e principalmente os dos cursos de Administração do

CEFET-MG, bem como de outras instituições, que os indicadores de avaliação

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apresentem um up grade ou, ao menos, que esses sejam mantidos no mesmo

patamar.

Torna-se necessário retomar a pauta da transformação do CEFET-MG em

Universidade Tecnológica como um espaço de reflexão para os gestores da

instituição. O CEFET-MG, de maneira consolidada, se destaca com o ensino, a

pesquisa e a extensão em suas práticas na Educação Profissional Técnica de nível

médio, da graduação e da pós-graduação – stricto e lato sensu.

Outro ponto é que o curso de Administração do CEFET-MG é relativamente novo,

tendo sido pouco pesquisado. Ademais, o tema objeto de estudo também tem sido

pouco estudado pela instituição. No entanto, tais limitações não impossibilitaram a

realização deste estudo.

O segundo objetivo específico consistiu em: avaliar como o estágio contribui para a

formação profissional, sob a ótica dos alunos matriculados na disciplina de

Orientação de Estágio Supervisionado. Nesse ponto, considera-se que foi possível

respondê-lo, pois, mediante a coleta de dados proporcionados pelas respostas dos

entrevistados, foram identificadas as variáveis mais importantes e capazes de

subsidiar a análise de conteúdo.

Sobre isto, o estágio na percepção dos alunos, considerou-se que 9/11 dos

entrevistados compreendem o estágio como uma forma de inserção no mercado de

trabalho. Sendo que consideraram a experiência válida, uma vez que ela

proporciona a relação com colegas, superiores, clientes, além de favorecer o

entendimento de como se dá o funcionamento da organização. Já para 7/11 dos

entrevistados o estágio é tido como um momento ímpar para a sua formação

profissional.

No que tange ao terceiro objetivo específico, avaliar, sob a ótica dos alunos

matriculados na disciplina de Orientação de Estágio Supervisionado como se dá a

relação entre teoria vista em sala de aula e a prática por meio do estágio

supervisionado e como esse pode contribuir para a formação do aluno do curso de

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Administração, foi possível constatar, mediante os depoimentos dos alunos, que o

binômio teoria e prática que envolve o estágio supervisionado é tido como recurso

que, de fato, contribui para a formação profissional do administrador. Tais

considerações ajudaram na elaboração desta pesquisa.

A esse respeito, foi reafirmada a necessidade de integração do estágio

supervisionado com as demais disciplinas cursadas durante o curso, proporcionando

uma oportunidade de vivência profissional conforme a orientação de um professor

orientador. Ademais, o estágio é também instrumento capaz de propiciar ao

acadêmico a realização de um diagnóstico crítico das disciplinas oferecidas pela

IES. Assim, o estágio mostra-se como instrumento que irá fazer dialogar de forma

direta a teoria com a prática. Isso irá impactar na formação profissional dos

discentes.

Nesse sentido, os resultados evidenciaram que 6/11 dos respondentes confirmam

haver relação em grande parte do programa de estágio com a teoria. Sendo que

8/11 afirmaram ser possível visualizar os conteúdos das disciplinas no decorrer do

estágio supervisionado.

Sobre as contribuições do Estágio Supervisionado em relação ao rendimento escolar

do aluno, 8/11 dos respondentes concordam no sentido de ser positiva, sendo que

apenas 1/11 avaliaram-na como negativa. Quanto aos demais, consideraram como

imparcial.

Assim, estudar a contribuição que o estágio supervisionado proporciona para a

formação de profissionais da Administração diz respeito à sua formação

complementar no processo de aprendizagem. Observou-se que o estágio

supervisionado constitui a integração curricular dos cursos de Administração por

meio da relação teoria e prática.

Em relação ao quarto objetivo específico - identificar os principais pontos que

tornam o estágio um recurso didático importante no processo formativo dos

administradores -, as respostas obtidas vieram confirmar o que já foi exposto por

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diversos pesquisadores: o estágio representa uma ferramenta de suma importância

para o processo de formação dos administradores.

Desse modo, também se buscou investigar acerca da importância da participação do

CEFET-MG no desenvolvimento do estágio. Os resultados indicaram que, para a

construção e o desenvolvimento do estágio dentro de contexto educacional, torna-se

imprescindível implementar um conjunto de políticas emergenciais e estruturais com

o corpo docente. Torna-se necessário oferecer maior suporte aos alunos no que

tange à orientação de estágio supervisionado.

Quanto à orientação recebida no estágio supervisionado obrigatório, é possível

afirmar que 3/11 dos respondentes declararam positivamente acerca do

acompanhamento pelo professor orientador durante o período do estágio. Já 6/11

dos entrevistados afirmaram que o acompanhamento ocorreu em pequena ou

nenhuma parte do programa. E o restante, 2/11, não respondeu. Isso denota a

necessidade de reflexão e análise quanto à participação mais atuante do professor

orientador em relação às suas atribuições dentro do processo de estágio

supervisionado.

O estágio supervisionado também foi considerado por parte dos entrevistados como

um elemento implementador do perfil pretendido do profissional de Administração, e

que deve ser agregado a outros aspectos do processo formativo dos

administradores.

As discussões apresentadas neste estudo referem-se à contribuição que o estágio

supervisionado poderá trazer para a formação profissional do acadêmico, bem como

para as organizações e para a sociedade em geral.

Cabe ressaltar que esta pesquisa permitiu constatar que os entrevistados revelaram

suas experiências acerca do assunto, mostrando as dificuldades, limitações e

possibilidades sobre o Estágio Curricular Supervisionado Obrigatório nas

configurações atuais encontradas para o curso de Administração.

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Salienta-se que os resultados desta pesquisa convergem para muitos dos estudos

apresentados por teóricos abordados no desenvolvimento deste estudo.

A ampliação das vivências de estágio foi identificada como uma compreensão do

fenômeno organizacional por parte dos alunos entrevistados. Mas, também,

depreende-se da prática dessas vivências a união da teoria e da prática, que

permeia um conjunto de valores pautado na racionalidade instrumental, tão

necessária para o fazer Administração.

Uma das limitações desta pesquisa refere-se à menor abrangência quanto à

compreensão do fenômeno estudado em razão da participação de outros agentes no

processo do estágio. Esta limitação se estendeu devido à dificuldade encontrada em

relação ao acesso aos professores orientadores do curso de Administração, uma

vez que nenhum dos professores orientadores pôde responder às entrevistas.

Para uma maior completude na percepção do fenômeno estágio supervisionado,

apresentam-se como sugestões para estudos futuros, investigar o estágio

supervisionado sob a ótica dos professores orientadores e avaliar como a

Orientação de Estágio Supervisionado pode contribuir para a formação dos

discentes do curso de Administração.

Como sugestão para a gestão do curso de Administração, especificamente para

aqueles que estão diretamente relacionados ao fenômeno do estágio supervisionado

(professores orientadores, coordenadores de curso, coordenadores de estágio,

chefe de departamento), visando à melhoria do processo do estágio supervisionado,

recomenda-se utilização de estratégias para um maior acompanhamento e melhor

orientação do estagiário nesta fase. Percebeu-se, por meio deste estudo, uma

demanda para uma orientação mais focada no atendimento ao aluno por parte do

professor orientador, e por um maior respaldo no suporte oferecido pela IES.

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Finalmente, este estudo trará uma contribuição aos gestores sobre como conduzir

este curso de Administração do CEFET-MG. Sugerem-se novas pesquisas sobre o

curso, sobretudo acerca da comparação entre a forma como o curso é administrado

e a forma usada por outras instituições, ou até mesmo sobre o diferencial desse

curso de Administração, por se referir a uma instituição como o CEFET-MG.

Também, pode-se estudar a relação deste curso com outros cursos ofertados pela

IES.

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AGOSTO/2007.

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APÊNDICE

Roteiro de Entrevista (Aplicada aos alunos)

Prezado (a) Aluno (a),

Solicito a sua colaboração no sentido de responder às questões propostas a fim de subsidiar a minha dissertação de Mestrado Acadêmico em Administração na Faculdade Novos Horizontes, cujo título é “ESTÁGIO SUPERVISIONADO E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O PROCESSO FORMATIVO DOS ADMINISTRADORES EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICA”

1. Qual a importância do estágio supervisionado para a sua formação?

2. Como o estágio supervisionado contribui / contribuiu para a sua formação

enquanto administrador?

3. Na sua opinião, de que forma teoria e prática dialogam no curso de

Administração?

4. Quais foram as principais ferramentas pedagógicas vivenciadas por você

durante a graduação em Administração?

5. Qual o suporte dado pela IES durante o desenvolvimento do estágio?

6. E pelo professor?

7. Como você descreveria o papel do professor orientador no desenvolvimento

do seu estágio?

8. Como é o processo de definição do professor orientador de estágio?

9. Para você, a forma como se define o professor orientador de estágio

influencia no desenvolvimento do estágio?

10. De que forma?

11. As orientações recebidas durante o estágio seja pelo orientador seja pelo

supervisor o estimularam a refletir sobre as atividade desenvolvidas no

estágio e a formação acadêmica?

12. Em que essa reflexão contribuiu para sua formação?