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UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO FERNANDO CESAR DA SILVA PEREIRA TECNOLOGIA ASSISTIVA: UMA VIA DE ACESSO À INCLUSÃO ESCOLAR SERRA 2014

Fernando Cesar Da Silva Pereira-TCC Final

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Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação - Tecnologia Assistiva: Uma via de Acesso à Inclusão Escolar.

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  • UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

    INSTITUTO FEDERAL DO ESPRITO SANTO

    PS-GRADUAO LATO SENSU EM INFORMTICA NA EDUCAO

    FERNANDO CESAR DA SILVA PEREIRA

    TECNOLOGIA ASSISTIVA: UMA VIA DE ACESSO INCLUSO ESCOLAR

    SERRA

    2014

  • FERNANDO CESAR DA SILVA PEREIRA

    TECNOLOGIA ASSISTIVA: UMA VIA DE ACESSO INCLUSO ESCOLAR

    Trabalho de Concluso de Curso apresentado Coordenadoria do Curso de Ps-graduao Lato Sensu em Informtica na Educao do Instituto Federal do Esprito Santo, Campus Serra, como requisito parcial para a obteno do ttulo de Especialista em Informtica na Educao. Orientador: Prof. Dra. Vasti Gonalves de Paula Correia.

    SERRA

    2014

  • Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)

    P436t

    Pereira, Fernando Cesar da Silva Tecnologia assistiva: uma via de acesso incluso escolar / Fernando Cesar da Silva Pereira. 2014. 80 f.; il.; 30 cm

    Orientadora: Prof. Dra. Vasti Gonalves de Paula Correia. Monografia (especializao) Instituto Federal do Esprito Santo, Campus Serra, Informtica na Educao, 2014.

    1. Educao especial. 2. Educao inclusiva. 3. Tecnologia educacional. I. Correia, Vasti Gonalves de Paula. II Instituto Federal do Esprito Santo. III. Ttulo.

    CDD: 371.9

  • Dedico este trabalho a todas as pessoas que tm algum tipo de

    deficincia e que, por ocasio deste estudo, deram a

    oportunidade de crescer espiritualmente e valorizar ainda mais

    as diferenas.

  • AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus pela sade plena e pelos obstculos que ultrapassei na busca pela

    consecuo dos meus objetivos.

    Agradeo minha esposa pelo apoio e compreenso pelas horas que estive

    ausente dedicando-me a este objeto de estudo.

    Agradeo minha orientadora, Professora Dra. Vasti Gonalves de Paula Correia,

    que me conduziu de maneira amistosa e extremamente profissional para a

    concluso deste trabalho.

  • Grandes so os seres humanos que,

    conhecedores dos seus limites, tornam

    infinitas as suas possibilidades.

    Ricardo Ferraz.

  • RESUMO

    A presente pesquisa objetivou conhecer as prticas pedaggicas dos professores

    voltadas ao ensino, aprendizagem e avaliao dos alunos com deficincia; verificar

    como os recursos de Tecnologia Assistiva - TA so utilizados nos contextos da sala

    de aula comum, Sala de Recursos Multifuncionais e outros espaos da escola e;

    identificar as contribuies da TA ao processo de escolarizao e desenvolvimento

    dos alunos com deficincia. A reviso de literatura foi realizada a partir de

    pesquisadores que discutem acerca do tema, dentre os quais destacamos: Maria

    Tereza Eglr Mantoan; Tefilo Galvo Filho; Therezinha Miranda; Dbora Deliberato;

    Elisa Schlnzen; Raquel Tonioli Nascimento; Darcy Raia; Rita Bersh, entre outros.

    A pesquisa de natureza qualitativa teve como sujeitos participantes do estudo 02

    diretores e 19 professores da Rede Estadual de Ensino do Esprito Santo, que so

    atuantes em aproximadamente 29 escolas. Os dados da pesquisa foram coletados

    por intermdio de formulrio de pesquisa do Google drive e neles so apontadas as

    necessidades de uso dos recursos de TA, como condio de se promover a

    autonomia do aluno que depende desse recurso para acessar o currculo escolar;

    maior investimento na formao continuada, tanto de professores que atuam na rea

    da Educao Especial no Atendimento Educacional Especializado - AEE, quanto dos

    que atuam no ensino regular. Com relao Poltica Nacional de Educao Especial

    na Perspectiva da Educao Inclusiva, a pesquisa mostrou que cerca de 70% das

    aes contam com a proposta de financiamento para ampliao da oferta do AEE,

    complementar ao ensino regular. Conclui-se com o estudo que ainda reduzido o

    nmero de Salas de Recursos Multifuncionais implantadas no mbito das escolas

    pblicas estaduais, que so necessrios os servios de TA como psicoterapeutas e

    fonoaudilogos para uma avaliao correta de cada recurso a ser utilizado nas

    SRMs e que so necessrias parcerias com empresas, universidades e institutos

    federais para investimentos em pesquisa, desenvolvimento e fabricao dos

    recursos de TA.

    Palavras-chave: Tecnologia assistiva. Atendimento educacional especializado.

    Educao inclusiva. Deficincia. Sala de recursos multifuncionais.

  • ABSTRACT

    This research aimed to identify the pedagogical practices of teachers geared to

    teaching , learning and assessment of students with disabilities ; verify how

    resources Assistive Technology - AT are used in the context of the ordinary

    classroom , Room Multifunction Resources and other school spaces and , identifying

    the contributions of the AT schooling and development process of students with

    disabilities . The literature review was carried out by researchers who argue on the

    subject, among the main highlight: Maria Tereza Eglr Mantoan; Theophilus Galvo

    Filho; Therezinha Miranda; Deborah Deliberato; Elisa Schlnzen; Raquel Tonioli

    Nascimento; Darcy Raica; Rita Bersh among others. The qualitative research had as

    participants in the study 02 principals and 19 teachers of the State Schools of the

    Esprito Santo State, who are active in approximately 29 schools. The research data

    were collected through the Google Drive form and them are pointed out the need to

    use the resources of AT, as a condition to promote learner autonomy that depends

    on this feature to access the school curriculum; greater investment in continuing

    education, both teachers who work in the area of Special Education in Educational

    Service Specialist - ESS, as of that work in the mainstream school. Regarding the

    National Policy of Special Education in the Perspective of Inclusive Education, the

    survey showed that about 70% of the shares have a financing proposal for expanding

    the supply of ESS complement to regular education. It concludes with the study

    which is further reduced the number of Rooms Multifunction Resources deployed

    under the state's public schools, the services of AT as speech therapists and

    psychotherapists are required for an accurate evaluation of each resource to be used

    in ESS that are necessary partnerships with companies, universities and federal

    institutes for investments in research, development and manufacturing capabilities of

    AT.

    Keywords: Assistive technology. Care specialized education. Inclusive education.

    Disabilities. Resource room multifunction.

  • SUMRIO

    1 INTRODUO............................................................................................... 10

    2 A EDUCAO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAO INCLUSIVA....................................................................................................

    15

    2.1 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: CONCEITUAES E REFLEXES SOBRE O PAPEL DO PROFESSOR..................................

    17

    2.2 ACESSIBILIDADE: UM CONCEITO A SER PRATICADO NO CONTEXTO DA EDUCAO INCLUSIVA.........................................................................

    22

    3 A TECNOLOGIA ASSISTIVA E A EDUCAO INCLUSIVA...................... 25

    3.1 TECNOLOGIA ASSISTIVA E AS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS......................................................................................

    25

    3.1.1 O Centro Nacional de Referncia em Tecnologia Assistiva.................... 29

    3.2 COMUNICAO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA COMO POSSIBILIDADE DE ACESSO AO CURRCULO ESCOLAR.......................

    32

    4 APRESENTAO E DISCUSSO DOS DADOS DA PESQUISA.............. 35

    5 ASPECTOS CONCLUSIVOS........................................................................ 39

    REFERNCIAS............................................................................................. 41

    BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS.............................................................. 43

    APNDICES.................................................................................................. 44

    APNDICE A Formulrio de pesquisa sobre TA.................................... 45

    ANEXOS Portflio das atividades desenvolvidas durante o curso..... 48

  • 10

    1 INTRODUO

    A Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao Inclusiva

    apresentada pelo Ministrio da Educao em 2008 fez disparar inmeras aes nos

    sistemas de ensino brasileiros, voltadas organizao ou reorganizao de

    propostas educacionais inclusivas. Alm de subsidiar a elaborao de normativas

    balizadoras dessas aes, a Poltica de Educao Especial contribuiu de modo

    significativo para um processo de reorientao das estruturas de ensino no pas para

    o acesso e permanncia de todos os alunos nas escolas de ensino comum.

    Dentre as aes resultantes da Poltica Nacional de Educao Especial, destaca-se

    a proposta de financiamento para ampliao da oferta do atendimento educacional

    especializado-AEE complementar ao ensino regular. Esta proposta, aliada a vrias

    outras como a implantao das Salas de Recursos Multifuncionais SRMs, do

    Programa Escola Acessvel e Formao Continuada de professores para o AEE, tem

    tido grande importncia para a implementao da educao inclusiva.

    nesse contexto de movimentao em prol da construo de uma escola inclusiva,

    que a Tecnologia Assistiva - TA se destaca tornando-se imprescindvel conhecer sua

    aplicabilidade, no contexto escolar, servios e recursos presentes nessa rea do

    conhecimento.

    Em 2012 foi criado o Centro Nacional de Referncia em Tecnologia Assistiva -

    CNRTA para possibilitar a interao entre as vrias iniciativas e prticas no campo

    da TA, desenvolvidas tanto pelos setores acadmicos e produtivos, quanto por

    entidades especializadas no atendimento a pessoas com deficincia e rgos

    governamentais. O foco central da ao do CNRTA colocar na misso do Centro

    de Tecnologia da Informao Renato Archer - CTI, a tarefa de articular

    nacionalmente uma rede cooperativa de pesquisa, desenvolvimento e inovao na

    rea de Tecnologia Assistiva (MCTI, 2012).

    No que diz respeito a TA, o Comit de Ajudas Tcnicas CAT, institudo pela

    Portaria n 142, de 16 de novembro de 2006, conceitua como:

  • 11

    [...] uma rea do conhecimento, de caracterstica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratgias, prticas e servios que objetivam promover a funcionalidade, relacionada atividade e participao de pessoas com deficincia, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independncia, qualidade de vida e incluso social (BRASIL, 2009, p.13).

    Ressalta-se que, de acordo com o documento elaborado pelo CAT, entende-se por

    recursos de TA todo e qualquer item, equipamento ou parte dele que auxiliam

    diretamente uma pessoa com deficincia no seu cotidiano. Vemos, assim, que os

    recursos podem variar de uma simples bengala a um complexo sistema

    computadorizado.

    Apesar de falarmos da TA muito mais sob a dimenso dos recursos, importante

    destacar o que escreve Bersh (2008, p. 2) quanto sua aplicao da educao, uma

    vez que ela [...] vai alm de simplesmente auxiliar o aluno a fazer tarefas

    pretendidas. Pois sob a perspectiva da educao inclusiva, a TA um instrumento

    de apoio para promover a incluso social e a cidadania da pessoa com deficincia.

    Nesse sentido os recursos devem ser concebidos como instrumentais de acesso ao

    currculo escolar em condies de igualdade e equidade. Assim, o uso dos recursos

    de TA refletir em mudanas no ambiente escolar, valorizando e incentivando o

    respeito s diferenas dos sujeitos com deficincia, alm de contribuir para um maior

    estreitamento dos relacionamentos entre professores e alunos com e sem

    deficincia.

    Desse modo a temtica central deste estudo, ou seja, TA no contexto da incluso

    escolar, ganha destaque, uma vez que o uso dos recursos que dela fazem parte se

    torna cada vez mais uma ponte para abertura de novos horizontes nos processos de

    aprendizagem e desenvolvimento de alunos com deficincia, principalmente os que

    apresentam severos comprometimentos motores.

    Com isso podemos dizer que a TA em todas as suas modalidades constitui, em

    muitas situaes, como condio para a efetivao dos processos de incluso

    socioeducacional da pessoa com deficincia. No entanto, em muitas realidades

    escolares esse processo no tem se efetivado, seja pelo desconhecimento da

    existncia dos recursos de TA, seja pela baixa expectativa com que os profissionais

    tm tratado esse grupo de alunos.

  • 12

    Raia (2008) descreve que alguns fatores importantes a se destacar a fragilidade

    das prticas pedaggicas no contexto escolar. Isto indica a necessidade no

    somente de um posicionamento da escola diante das questes pedaggicas, mas,

    sobretudo de um comprometimento pessoal dos professores diante da incluso de

    alunos com deficincia. necessrio, portanto, que o professor tenha em mente que

    cada aluno tem seu prprio ritmo e aprende de formas diferentes, sem com isso

    negar-lhe o direito de acesso ao currculo escolar. Esse reconhecimento do

    professor sobre as condies diferenciadas do aluno tem relao com os percursos

    e processos formativos vivenciados por ele. Sobre esta questo Raia (2008, p. 30)

    pondera que um aspecto que interfere no processo de incluso:

    [...] refere-se ao prprio percurso do professor e sua necessidade de identificar em si mesmo as prprias aptides e, no meio circundante, as melhores prticas. O aperfeioamento das prticas pedaggicas requer autoconhecimento e tecnologia [...].

    Os desafios so muitos, tanto para professores quanto para as instituies de

    ensino, pois preciso evocar a presena, na escola, do aluno que apresenta

    deficincia, transtornos globais do desenvolvimento, altas habilidades/superdotao,

    a fim de se repensar sobre as prticas pedaggicas, pois o direito escolarizao do

    aluno com indicativo para a Educao Especial deve ser assegurado. Esses

    desafios mexem com a inventividade do educador.

    Ao pensar uma escola inclusiva, remetemo-nos a uma importante questo que a

    formao docente, e nesse contexto, Miranda; Galvo Filho (2012, p. 19),

    descrevem que Cabe-nos entender como as escolas vm lidando com as questes

    da incluso escolar e, tambm fomentar essas experincias nos processos de

    formao docente [...].

    O desafio atual, quanto construo de uma escola inclusiva, seja nos aspectos

    relacionados formao docente, organizao do trabalho pedaggico, entre

    outros, traz alguns questionamentos, quais sejam: Como est assegurado o direito

    escolarizao dos alunos, indicados Educao Especial? Como as escolas

    discutem esse direito? Como est organizado ou previsto o apoio a esses alunos?

    Como os professores esto ou so envolvidos nesse processo? Quais as condies

    de trabalho desses professores? Como se d a formao desses profissionais? De

    que maneira a TA contribui para a autonomia do aluno da Educao Especial? As

  • 13

    TICs podem reduzir os obstculos encontrados por parte do estudante com algum

    tipo de deficincia?

    A partir dos questionamentos e problematizaes at aqui realizados, apontamos

    como objetivos deste estudo: Conhecer as prticas pedaggicas dos professores

    voltadas ao ensino, aprendizagem e a avaliao dos alunos com deficincia;

    Verificar como os recursos de TA so utilizados nos contextos da sala de aula

    comum, Sala de Recursos Multifuncionais e outros espaos da escola e; Identificar

    as contribuies da TA ao processo de escolarizao e desenvolvimento dos alunos

    com deficincia. Para tanto, pretendemos realizar uma Reviso de Literatura a partir

    de pesquisadores que discutem sobre a incluso escolar e prticas pedaggicas que

    envolvam o uso de recursos de Tecnologia Assistiva, assim como investigar, junto

    aos professores, por meio da aplicao de um questionrio, questes de natureza

    mais prticas e pontuais referentes s nossas questes de investigao.

    O questionrio foi enviado aleatoriamente para 32 escolas de Ensino Fundamental e

    Mdio da Rede Estadual de Ensino do Esprito Santo. Vinte e um profissionais se

    dispuseram em responder ao questionrio, entre eles 02 diretores e 19 professores

    atuantes em aproximadamente 29 escolas. O questionrio foi enviado por meio de

    formulrio de pesquisa do Google drive com perguntas diretas de mltipla escolha e

    com perguntas/respostas subjetivas, alm de perguntas com respostas induzidas.

    Os resultados analisados so apresentados no tpico Apresentao e Discusso

    dos Dados da Pesquisa.

    A seguir apresentamos uma sntese dos captulos subsequentes, a fim de antecipar

    aos leitores algumas informaes sobre o presente estudo.

    No segundo captulo "A educao especial na perspectiva da educao inclusiva"

    apresentamos a evoluo no nmero de matrculas de alunos do AEE em escolas do

    ensino regular, a formao, capacitao e as atribuies do professor do AEE, a

    questo da acessibilidade e da igualdade de oportunidades. Discorremos sobre

    como o Desenho Universal pode eliminar barreiras ou obstculos que limitem ou

    impeam o acesso, a liberdade de movimento e a circulao com segurana das

    pessoas.

  • 14

    No terceiro captulo A tecnologia assistiva na educao inclusiva apresentamos

    os benefcios proporcionados pelas TICs aos alunos com necessidades

    educacionais especiais e a importncia da implantao das Salas de Recursos

    Multifuncionais. Destacamos, ainda, a criao do Centro Nacional de Referncia em

    Tecnologia Assistiva e a Comunicao Aumentativa e Alternativa CAA como

    possibilidade de acesso ao currculo escolar.

    No quarto captulo, apresentamos e analisamos os dados da pesquisa, sendo estes

    organizados a partir de 04 (quatro) categorias e no quinto captulo tecemos nossas

    consideraes finais acerca do estudo, apontando para a necessidade de

    investimentos e parcerias na rea de pesquisa em TA e relacionamos as referncias

    utilizadas como apoio terico do estudo.

  • 15

    2 A EDUCAO ESPECIAL NA PERSPECTIVA DA EDUCAO INCLUSIVA

    Com o avano acelerado das novas tecnologias e a busca pela excelncia nos mais

    diversos campos da natureza humana, a escola exerce um papel fundamental na

    formao de jovens e adolescentes em diferentes mbitos educacionais e sociais.

    Ao mesmo tempo ela deve assumir o papel de reorientar os profissionais da

    educao para atender a todo tipo de diversidade e das demandas sociais.

    A educao inclusiva constitui um paradigma educacional fundamentado na

    concepo dos direitos humanos, tendo a igualdade e diferena como valores

    indissociveis. O direito da defesa de todos os alunos estarem juntos um

    movimento mundial pela educao inclusiva. Faz-se necessrio reconhecer e

    confrontar as prticas discriminatrias e criar alternativas de super-las. Nesse

    sentido a educao inclusiva tem papel fundamental no debate acerca da sociedade

    contempornea e do papel da escola na superao da excluso.

    Esta Estrutura de Ao em Educao Especial foi adotada pela Conferncia Mundial

    em Educao Especial organizada pelo governo da Espanha em cooperao com a

    UNESCO, realizada em Salamanca entre 07 e 10 de junho de 1994. Seu objetivo

    informar sobre polticas e guiar aes governamentais, de organizaes

    internacionais ou agncias nacionais de auxlio, organizaes no governamentais e

    outras instituies na efetivao da Declarao de Salamanca sobre princpios,

    Poltica e prtica em Educao Especial. (BRASIL, 2008, p.7).

    Nessa linha de entendimento, a Poltica Nacional de Educao Especial na

    Perspectiva da Educao Inclusiva de 2008, constitui como marco histrico e

    alternativo para a educao inclusiva e, assim define a Educao Especial como:

    [] uma modalidade de ensino que perpassa todos os nveis, etapas e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado, disponibiliza os recursos e servios e orienta quanto a sua utilizao no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular. O atendimento educacional especializado tem como funo identificar, elaborar e organizar recursos pedaggicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participao dos alunos, considerando suas necessidades especficas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, no sendo substitutivas escolarizao. Esse atendimento

  • 16

    complementa e/ou suplementa a formao dos alunos com vistas autonomia e independncia na escola e fora dela (BRASIL, 2008, p.15).

    Dados de pesquisa realizada nas escolas de educao bsica em 2012, pelo

    Instituto Nacional de Pesquisas Cientficas e Educacionais Ansio Teixeira INEP

    mostram um aumento de 9,1% de alunos da educao especial matriculados nas

    escolas de ensino comum. Esse nmero de alunos matriculados em 2012 foi de

    822.443 em contraposio aos 752.305 em 2011.

    De acordo com o INEP os importantes avanos alcanados pela atual poltica so

    refletidos em nmeros percentuais: 62,7% das matrculas da educao especial em

    2007 estavam nas escolas pblicas e 37,3% nas escolas privadas. Em 2012, esses

    nmeros alcanaram 78,2% nas pblicas e 21,8% nas escolas privadas, mostrando

    a efetivao da educao inclusiva e o empenho das redes de ensino em envidar

    esforos para organizar uma poltica pblica universal e acessvel s pessoas com

    deficincia. O grfico 1 mostra esses percentuais:

    Grfico 1 - Matrculas da Educao Especial Bsica

    62,70%

    37,30%

    78,20%

    21,80%

    0,00%

    10,00%

    20,00%

    30,00%

    40,00%

    50,00%

    60,00%

    70,00%

    80,00%

    90,00%

    Escola Pblica 2007 Escola Privada2007

    Escola Pblica 2012 Escola Privada2012

    Fonte: MEC/INEP/DEED

    Os resultados obtidos com a Poltica de Educao Especial adotada pelo Ministrio

    da Educao com relao educao inclusiva tem sido prioridade e os resultados

  • 17

    so visveis. Essa iniciativa traz mudanas que permitiram a oferta de vagas na

    educao bsica, valorizando as diferenas e atendendo s necessidades

    educacionais de cada aluno, fundamentando a educao especial na perspectiva da

    integrao. O expressivo resultado, sobretudo pelo aumento do nmero de

    matrculas, vem revelando outros desafios vividos pelas escolas em questes

    relacionadas acessibilidade, formao continuada e especializada de professores

    para oferta de Atendimento Educacional Especializado-AEE.

    2.1 ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO: CONCEITUAES E

    REFLEXES SOBRE A ATUAO E A FORMAO DO PROFESSOR

    O Plano Nacional da Educao, Lei 10.172/01, garante o acesso educao a todas

    as crianas sem distino de etnia, classe social, idade e/ou deficincia. Este um

    grande desafio para a instituio escolar, que deve atender a qualquer tipo de

    necessidade educacional, desde a mais simples at a mais complexa. Dessa forma

    caracteriza-se o processo de incluso de crianas com necessidades educacionais

    especiais. A incluso, portanto, deve garantir a igualdade de direitos e oportunidades

    para todos, em um ambiente educacional favorvel. A escola deve se adaptar ao

    aluno com deficincia desde aqueles com necessidades leves e transitrias at as

    mais severas que requerem a utilizao de recursos especiais.

    Nesse sentido, necessrio ofertar possibilidades, as mais diversas para atender s

    especificidades apresentadas por cada aluno. Para tanto preciso que o professor

    identifique as necessidades concretas do aluno, oriundas de seu comprometimento,

    seja ele fsico, visual, auditivo, intelectual, de fala, etc. A partir dessa ao que

    ser possvel a oferta de recursos, metodologias e propostas adequadas para a

    promoo do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos, ao longo de sua

    escolarizao.

    O conhecimento das caractersticas e especificidades ligadas aos

    comprometimentos (fsico, auditivo, visual, intelectual, etc.) dos alunos e a

    identificao de suas reais necessidades implicaro na diminuio de impresses

  • 18

    subjetivas equivocadas sobre este aluno e, consequentemente na no oferta de

    situaes de interao social e promoo do ensino e aprendizagem desses alunos.

    A Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da Educao Inclusiva tem

    como objetivos, a oferta do Atendimento Educacional Especializado-AEE, a

    formao dos professores, a participao da famlia e da comunidade e a articulao

    entre os setores das polticas pblicas, para a garantia do acesso dos alunos com

    deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/

    superdotao, no ensino regular. Os alunos pblico alvo do AEE so definidos da

    seguinte forma:

    Alunos com deficincia - aqueles que tm impedimentos de longo prazo de natureza fsica, intelectual, mental ou sensorial, os quais, em interao com diversas barreiras, podem ter obstrudo sua participao plena e efetiva na escola e na sociedade; Alunos com transtornos globais do desenvolvimento - aqueles que apresentam um quadro de alteraes no desenvolvimento neuropsicomotor, comprometimento nas relaes sociais, na comunicao ou estereotipias motoras. Incluem-se nessa definio alunos com autismo sndromes do espectro do autismo, psicose infantil; Alunos com altas habilidades ou superdotao - aqueles que apresentam um potencial elevado e grande envolvimento com as reas do conhecimento humano, isoladas ou combinadas: intelectual, acadmica, liderana, psicomotora, artes e criatividade. (BRASIL, 2010, p.1).

    O Conselho Nacional de Educao, por meio da Resoluo CNE/CEB n 4/2009,

    estabelece as Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional

    Especializado na Educao Bsica, definindo que:

    O AEE realizado, prioritariamente, nas salas de recursos multifuncionais da prpria escola ou em outra de ensino regular, no turno inverso da escolarizao, no sendo substitutivo s classes comuns, podendo ser realizado, em centro de atendimento educacional especializado de instituio especializada da rede pblica ou de instituio especializada comunitrias, confessionais ou filantrpicas sem fins lucrativos, conveniadas com a secretaria de educao ou rgo equivalente dos estados, do Distrito Federal ou dos municpios. (BRASIL, 2009, p.2).

    O atendimento educacional especializado (AEE) um servio da educao especial

    que apoia o processo de escolarizao do aluno com Deficincia, Transtornos

    Globais do Desenvolvimento - TGD e Altas Habilidades/Superdotao. Esse

    atendimento especializado identifica, elabora, e organiza recursos pedaggicos e de

    acessibilidade, que eliminem as barreiras para a plena participao dos alunos,

    considerando suas necessidades especficas (BRASIL, 2008, p. 9).

  • 19

    importante destacar nesse processo a evidncia que ganha o professor, pois ao

    considerar tais necessidades especficas, sua atuao, enquanto mediador na

    interao do aluno com a aprendizagem, ganha foco. Nesse sentido, as questes

    que envolvem a formao do professor precisam ser problematizadas e ser alvo de

    investimentos das redes de ensino.

    Em relao ao AEE, conforme dispe a Resoluo CNE/CEB n 4/2009, art. 10, o

    Projeto Poltico Pedaggico - PPP da escola de ensino regular deve institucionaliz-

    lo, prevendo na sua organizao:

    I sala de recursos multifuncionais: espao fsico, mobilirio, materiais didticos,

    recursos pedaggicos e de acessibilidade e equipamentos especficos;

    II matrcula no AEE de alunos matriculados no ensino regular da prpria escola ou

    de outra escola;

    III cronograma de atendimento aos alunos;

    IV plano do AEE: identificao das necessidades educacionais especficas dos

    alunos, definio dos recursos necessrios e das atividades a serem desenvolvidas;

    V professores para o exerccio da docncia do AEE;

    VI outros profissionais da educao: tradutor e intrprete de Lngua Brasileira de

    Sinais, guia-intrprete e outros que atuem no apoio, principalmente s atividades de

    alimentao, higiene e locomoo;

    VII redes de apoio no mbito da atuao profissional, da formao, do

    desenvolvimento da pesquisa, do acesso a recursos, servios e equipamentos, entre

    outros que maximizem o AEE.

    De acordo com dados da Secretaria de Educao Continuada, Alfabetizao,

    Diversidade e Incluso SECADI (extinta SEESP), o aluno pblico alvo do AEE,

    conta em todo o pas com o funcionamento de 71.801 Salas de Recursos

    Multifuncionais implantadas no perodo de 2005 a 2013 nas escolas estaduais e

    municipais. Desse total 40.385 SRMs do tipo I para mltiplas deficincias, 30.000

  • 20

    com kit de atualizao e 1.416 do tipo II contam com recursos adicionais para alunos

    cegos.

    Conforme Resoluo CNE/CEB n 04/2009, art. 12, para atuar no atendimento

    educacional especializado, o professor deve ter formao inicial que o habilite para o

    exerccio da docncia e formao especfica na educao especial. O professor do

    AEE tem como funo realizar esse atendimento de forma complementar ou

    suplementar escolarizao, considerando as habilidades e as necessidades

    especficas dos alunos pblico alvo da educao especial. As atribuies do

    professor de AEE contemplam:

    Elaborao, execuo e avaliao do plano de AEE do aluno; Definio do cronograma e das atividades do atendimento do aluno; Organizao de estratgias pedaggicas e identificao e produo de recursos acessveis; Ensino e desenvolvimento das atividades prprias do AEE, tais como: Libras, Braille, orientao e mobilidade, Lngua Portuguesa para alunos surdos; informtica acessvel; Comunicao Alternativa e Aumentativa - CAA, atividades de desenvolvimento das habilidades mentais superiores e atividades de enriquecimento curricular; Acompanhamento da funcionalidade e usabilidade dos recursos de tecnologia assistiva na sala de aula comum e ambientes escolares; Articulao com os professores das classes comuns, nas diferentes etapas e modalidades de ensino; Orientao aos professores do ensino regular e s famlias sobre os recursos utilizados pelo aluno; Interface com as reas da sade, assistncia, trabalho e outras.

    O suporte oferecido pela escola/professores famlia to imprescindvel quanto

    disposio da escola para se adaptar realidade do aluno com deficincia. Percebe-

    -se que o professor capacitado para a prtica da educao inclusiva, com

    experincia no AEE, tende a construir mais interatividade do que o professor com

    pouco repertrio tcnico e vivencial. Por outro lado, deve-se considerar que o aluno

    com deficincia tambm apresenta experincias e habilidades construdas ao longo

    de seu desenvolvimento.

    Nesse sentido, o conceito de Educao Especial vai alm de inserir os alunos em

    sala de aula, preciso focalizar as suas necessidades e habilidades, colocar

    disposio desses alunos recursos pessoais e materiais com vistas a constituir um

    ambiente propcio ao ensino, aprendizagem e avaliao desses alunos. Nesse

    contexto a escola que valoriza as diferenas deve pautar-se sempre pela

    diversificao das atividades e propostas de ensino. Sob essa perspectiva ele

    ofertar um ensino diversificado no apenas para alguns, mas para todos os alunos.

  • 21

    De acordo com Nascimento (2008 apud SMITH, 2012, p. 15) o professor [...]

    prepara atividades diversas para seus alunos com e sem deficincia ao trabalhar um

    mesmo contedo curricular.

    Falar da prtica pedaggica do professor remete temtica da formao, tanto

    inicial quanto continuada.

    De acordo com Correia (2014) o tema formao de professores foco de

    investigao e preocupao recorrente no Brasil h vrias dcadas. No entanto, a

    formao de professores para atuar na Educao Especial e na Educao Inclusiva

    s ganhou foco com a Declarao de Salamanca (UNESCO, 1994), quando esta

    considerou a formao desses professores para compor a estrutura de ao para a

    incluso.

    Vale ressaltar a importncia da formao continuada e a capacitao permanente

    dos profissionais que atuam no somente no AEE, mas tambm os que atuam na

    sala de aula regular com a finalidade de beneficiar o desenvolvimento e o

    crescimento dos alunos sob sua responsabilidade. Essa formao nem sempre ser

    encontrada nos currculos normais das especializaes. preciso focalizar a ao

    do professor segundo as vrias situaes e necessidades decorrentes das

    diferentes caractersticas dos sujeitos, pblico alvo da educao especial.

    Mantoan (2003, p. 43) escreve que:

    No caso de uma formao inicial e continuada direcionada incluso escolar, estamos diante de uma proposta de trabalho que no se encaixa em uma especializao, extenso ou atualizao de conhecimentos pedaggicos. Ensinar, na perspectiva inclusiva, significa ressignificar o papel do professor, da escola, da educao e de prticas pedaggicas que so usuais no contexto excludente do nosso ensino, em todos os seus nveis [...].

    Vemos, assim, que a formao do professor, desde a etapa inicial, deve ser

    perpassada por experincias tericas e prticas nos currculos abrangendo

    conhecimentos gerais e especficos sobre o ensino de alunos com surdez, cegueira,

    baixa viso, com deficincia fsica, entre outras situaes diversas.

    O resultado dessa formao inicial que desconsidera tais questes o modelo atual

    observado na escola, ou seja, o de uma educao "integrada", porm, ainda

    exclusivista, na medida em que o aluno no atendido plenamente dentro das suas

  • 22

    necessidades e de suas especificidades. nesse contexto que a instituio escolar

    mostra ineficiente e incapaz de viabilizar a verdadeira incluso to propagada e

    esperada pela sociedade.

    Para Miranda; Galvo Filho (2012, p. 163) isso se revela na [...] dificuldade da

    equipe, e no apenas do professor, em desvelar os conhecimentos e a subjetividade

    do aluno subestimando, na maioria das vezes, a sua capacidade [...].

    Nesse aspecto a de se considerar a pouca experincia da equipe com relao a

    alguma deficincia, isso faz com que o canal de comunicao com esse aluno seja

    dificultado. Muitas vezes a percepo errnea sobre o aluno deve ao prprio

    comprometimento do aluno, como por exemplo, no caso de alunos com Paralisia

    Cerebral. O termo, para quem no o conhece, reflete a ideia de crebro parado,

    quando em muitas situaes os problemas referem apenas s questes motoras e

    de fala, no havendo nenhum comprometimento intelectual.

    Ainda assim, apesar de o movimento inclusivo nas escolas ser muito contestado,

    pelas fragilidades nele presentes ou mesmo pela baixa expectativa de muitos quanto

    escolarizao dos sujeitos com deficincia, convence a grande maioria pela sua

    coerncia e pela tica de seu posicionamento social.

    2.2 ACESSIBILIDADE: UM CONCEITO A SER PRATICADO NO CONTEXTO DA

    EDUCAO INCLUSIVA

    Alguns pesquisadores defendem que a diversidade vem da origem do cidado e

    assim deve ser perpetuada. A educao, nesse sentido, vem ao encontro de tais

    tendncias e por meio dela e de uma formao progressiva que podemos ser

    diversos e diferenciados. Desse modo as regras, princpios e valores so

    fundamentais para a construo do eu prprio e diverso dos demais. As diferenas

    entre os indivduos so determinadas socialmente. Quem tem algum tipo de

    deficincia ou baixa mobilidade pode ter diferentes destinos, isso depende dos

    significados que a cultura atribui a essas deficincias.

  • 23

    A sociedade contraditria e traz uma temeridade dicotmica entre o progressivo e

    o regressivo; os homens encontram sempre em estgio de conflito e desejo de

    dominao de uns pelos outros. Conforme definem Miranda; Galvo Filho (2012, p.

    44):

    Com o avano cientfico e tecnolgico, essa dominao no mais necessria. Se assim , a segregao, que uma forma de dominao sobre o que diverso, no mais necessria sobre o que objetivamente; com o progresso, a eficincia do mundo do trabalho pode ser obtida em boa medida pelas mquinas, essas podem ver, ouvir e pensar formalmente muito melhor do que os homens.

    Isso no significa dizer que o conhecimento e os saberes no sejam importantes,

    mas no poderiam ser mais elementos para a sobrevivncia. Significa que a

    educao inclusiva deve quebrar paradigmas e promover a incluso social.

    Outro aspecto a ser destacado a questo da acessibilidade nas escolas regulares

    a essa parcela distinta de alunos. O conceito de cidadania e incluso deve ir alm de

    colocar alunos do AEE em sala de aula e dar-lhes tratamento conforme preceitos

    legais. preciso que todos os alunos tenham mobilidade, independncia e acesso

    livre e espacial a todo ambiente escolar.

    Acessibilidade espacial significa bem mais do que apenas poder chegar ou entrar

    num lugar desejado. , tambm, necessrio que a pessoa possa situar-se, orientar-

    se no espao e que compreenda o que acontece, a fim de encontrar os diversos

    lugares e ambientes com suas diferentes atividades, sem precisar fazer perguntas.

    (MEC/SED/UFSC, 2009, p. 22).

    Infelizmente constatamos um grande nmero de escolas pblicas que ainda no se

    adaptaram s condies dos alunos com determinado tipo de deficincia, seja pela

    falta de gesto ou por no ter vivenciado essa ou aquela deficincia em alunos que

    frequentam a instituio. Dentro desse contexto, preciso implementar o Desenho

    Universal nas escolas de acordo com as normas tcnicas.

    De acordo com Decreto n. 5.296 de 02 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis

    nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que d prioridade de atendimento s

    pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Presidncia da

    Repblica. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurdicos, Dirio Oficial da Unio,

    Braslia, 03 dezembro 2004. Seo 1, p. 05, Desenho Universal definido como:

  • 24

    A concepo de espaos, artefatos e produtos que visam atender simultaneamente todas as pessoas, com diferentes caractersticas antropomtricas e sensoriais, de forma autnoma, segura e confortvel, constituindo-se nos elementos ou solues que compem a acessibilidade.

    Atendendo concepo de desenho universal, os espaos e mobilirios devem ser

    criados na cidade para atender a todos (gestantes, idosos, criana, pessoas com

    deficincia permanente ou temporria, etc.) de forma simples e segura. (ABNT

    NBR 9050/04).

    O desenho tambm deve ser facilmente percebido pelas pessoas vindas de outras

    cidades ou pases. O desenho destes espaos e mobilirios tem que ser funcional e

    de fcil percepo. A Norma 9050/2004 vlida para todo territrio nacional, mas

    respeita parmetros internacionais para que atenda a todos. O Decreto supracitado

    define ainda que, barreira qualquer entrave ou obstculo que limite ou impea o

    acesso, a liberdade de movimento e a circulao com segurana das pessoas e a

    possibilidade de as pessoas se comunicarem ou terem acesso informao.

    (BRASIL, 2004, p. 3).

  • 25

    3 A TECNOLOGIA ASSISTIVA NA EDUCAO INCLUSIVA

    Segundo Miranda; Galvo Filho (2012, p. 247), Na atualidade, constata-se um

    rpido avano nas cincias e nas tecnologias, cuja influncia, como processo

    sociolgico, se viu refletido no campo educacional [...]. Essas novas tecnologias

    trouxeram avanos significativos para a Educao Especial, proporcionando

    benefcios aos alunos com necessidades educacionais especiais. Nesse contexto as

    TICs cumprem um importante papel na educao inclusiva por intermdio da

    Tecnologia Assistiva, que vem dar suporte para efetivar o novo paradigma da

    incluso na escola e na sociedade como um todo.

    De acordo com Correia (2014) para elaborar um conceito de TA que pudesse

    subsidiar as polticas pblicas brasileiras, os membros do CAT fizeram uma profunda

    reviso no referencial terico internacional, propondo ento o seguinte conceito:

    Tecnologia Assistiva uma rea do conhecimento, de caracterstica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos, metodologias, estratgias, prticas e servios que objetivam promover a funcionalidade, relacionada atividade e participao de pessoas com deficincia, incapacidades ou mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independncia, qualidade de vida e incluso social (BRASIL, 2007, apud CORREIA, 2014, p. 48).

    3.1 TECNOLOGIA ASSISTIVA E AS SALAS DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS

    O Programa de Implantao de Salas de Recursos Multifuncionais, institudo pelo

    MEC/SEESP por meio da Portaria Ministerial n 13/2007, integra o Plano de

    Desenvolvimento da Educao PDE, destinando apoio tcnico e financeiro aos

    sistemas de ensino para garantir o acesso ao ensino regular e a oferta do AEE aos

    alunos com deficincia, transtornos globais do desenvolvimento e/ou altas

    habilidades/superdotao. O Programa de Implantao de Salas de Recursos

    Multifuncionais define que:

    A incluso educacional um direito do aluno e requer mudanas na concepo e nas prticas de gesto, de sala de aula e de formao de professores, para a efetivao do direito de todos escolarizao. No contexto das polticas pblicas para o desenvolvimento inclusivo da escola

  • 26

    se insere a organizao das salas de recursos multifuncionais, com a disponibilizao de recursos e de apoio pedaggico para o atendimento s especificidades dos alunos pblico alvo da educao especial matriculados no ensino regular. (BRASIL, 2010).

    No entanto, h de se ressaltar que o emprego das tecnologias por si s est sujeito

    a restries de ordem social, cultural e econmica, pois a prpria tecnologia est em

    mutao constante. Nessa perspectiva, a Tecnologia Assistiva utilizada para

    desenvolver uma atividade necessria e almejada por uma pessoa com deficincia,

    trazendo as ferramentas de apoio necessrias de modo a tornar a vida do aluno

    deficiente mais independente e com acesso s informaes de maneira facilitada.

    Na perspectiva da educao inclusiva, esta tecnologia vem favorecer a incluso do

    aluno com deficincia nas diversas atividades do cotidiano escolar, vinculados aos

    objetivos educacionais. Nesse sentido, Schlnzen (2011, p.134) faz notar que [...]

    as demandas das novas geraes de se comunicar com diferentes tecnologias e

    linguagens um aspecto primordial para o desenvolvimento de um trabalho [...].

    Como exemplos de TA para atendimento educacional especializado temos: os

    materiais pedaggicos acessveis, o mobilirio que atenda as necessidades

    posturais, a comunicao aumentativa e alternativa, os recursos de acessibilidade

    ao computador, os recursos para mobilidade, a localizao, a sinalizao, o ensino

    da Lngua Brasileira de Sinais LIBRAS, alm do cdigo Braille, entre outros. Todo

    esse acervo e atividades complementares fazem parte da Sala de Recursos

    Multifuncionais, que so espaos fsicos localizados nas escolas pblicas onde se

    organiza a realizao do Atendimento Educacional Especializado - AEE.

    O professor do AEE procura identificar as barreiras encontradas pelos alunos da

    educao especial no contexto educacional comum que o limitam ou impeam seu

    desenvolvimento e sua aprendizagem escolar. Identificados os problemas e as

    habilidades desse aluno, so pesquisados e implementados recursos e estratgias

    para ampliar suas possibilidades de participao e atuao nas relaes, na

    comunicao, nas atividades e nos espaos da escola.

    A TA s encontra sentido se fizer parte da vida cotidiana desse aluno e no contexto

    escolar comum, de modo a apoiar sua escolarizao. Portanto, o trabalho na sala se

    destina a avaliar a melhor alternativa de tecnologia assistiva, produzir material para o

  • 27

    aluno e encaminhar estes recursos e materiais produzidos, para que eles sirvam ao

    aluno na escola regular, junto com a famlia e nos demais espaos que frequenta.

    Consideram-se focos importantes de TA na perspectiva da educao inclusiva: a TA

    numa proposio de educao para a autonomia; a TA como conhecimento aplicado

    para resoluo de problemas funcionais enfrentados pelos alunos; e a TA

    promovendo a ruptura de barreiras que impedem ou limitam a participao desses

    alunos nos desafios educacionais.

    Um dos grandes desafios a ser posto em prtica na educao de sujeitos muito

    comprometidos em suas funes fsicas e fonoarticulatrias a parceria entre a rea

    da educao com a sade. Nesses casos, profissionais como o Terapeuta

    Ocupacional, Fisioterapeuta e Fonoaudilogo, poderiam prestar colaboraes

    importantes em anlises e decises conjuntas nas/paras algumas situaes

    referentes aos referidos alunos. Esses profissionais renem capacidades de explorar

    o mximo potencial de cada indivduo no seu desempenho ocupacional/funcional e

    possuem habilidades para prescrever e aplicar recursos de TA com competncia e

    eficcia, e que na maioria das vezes faltam aos profissionais da educao.

    Os recursos de tecnologia assistiva so organizados ou classificados de acordo com

    os objetivos funcionais a que se destinam. A classificao das categorias de TA foi

    construda com base na Americans with Disabilities Act ADA e composta por (11)

    onze categorias, que no definitiva. A importncia das classificaes no mbito da

    tecnologia assistiva d pela promoo da organizao desta rea de conhecimento

    e servir ao estudo, pesquisa, desenvolvimento, promoo de polticas pblicas,

    organizao de servios, catalogao e formao de banco de dados para

    identificao dos recursos mais apropriados ao atendimento de uma necessidade

    funcional do usurio final. (BERSCH, 2008, p.4).

    De acordo com Bersh (2008, p. 4), essas (11) onze categorias de TA so descritas

    conforme o quadro que segue:

  • 28

    Quadro 1 Categorias de Tecnologia Assistiva

    1

    Auxlios para a vida

    diria

    Materiais e produtos para auxlio em tarefas rotineiras tais como comer,

    cozinhar, vestir-se, tomar banho e executar necessidades pessoais,

    manuteno da casa etc.

    2

    Comunicao

    aumentativa e

    alternativa

    Recursos, eletrnicos ou no, que permitem a comunicao expressiva e

    receptiva das pessoas sem a fala ou com limitaes da mesma. So muito

    utilizadas as pranchas de comunicao com os Pictures Communication

    Symbols PCS, alm de vocalizadores e softwares dedicados para este fim.

    3

    Recursos de

    acessibilidade ao

    computador

    Equipamentos de entrada e sada (sntese de voz, Braille), auxlios

    alternativos de acesso (ponteiras de cabea, de luz), teclados modificados

    ou alternativos, acionadores, softwares especiais (de reconhecimento de

    voz, etc.), que permitem as pessoas com deficincia a usarem o

    computador.

    4

    Sistemas de controle

    de ambientes

    Sistemas eletrnicos que permitem as pessoas com limitaes moto-

    locomotoras, controlar remotamente aparelhos eletroeletrnicos, sistemas

    de segurana, entre outros, localizados em seu quarto, sala, escritrio, casa

    e arredores.

    5

    Projetos

    arquitetnicos para

    acessibilidade

    Adaptaes estruturais e reformas na casa e/ou ambiente de trabalho,

    atravs de rampas, elevadores, adaptaes em banheiros entre outras, que

    retiram ou reduzem as barreiras fsicas, facilitando a locomoo da pessoa

    com deficincia.

    6

    rteses e prteses

    Troca ou ajuste de partes do corpo, faltantes ou de funcionamento

    comprometido, por membros artificiais ou outros recurso ortopdicos (talas,

    apoios etc.). Incluem-se os protticos para auxiliar nos dficits ou limitaes

    cognitivas, como os gravadores de fita magntica ou digital.

    7

    Adequao postural

    Adaptaes para cadeira de rodas ou outro sistema de sentar visando o

    conforto e distribuio adequada da presso na superfcie da pele

    (almofadas especiais, assentos e encostos anatmicos), bem como

    posicionadores e contentores que propiciam maior estabilidade e postura

    adequada do corpo atravs do suporte e posicionamento de tronco, cabea

    e membros.

    8

    Auxlios de

    mobilidade

    Cadeiras de rodas manuais e motorizadas, bases mveis, andadores,

    scooters de trs rodas e qualquer outro veculo utilizado na melhoria da

    mobilidade pessoal.

    9

    Auxlios para cegos

    ou com viso

    subnormal

    Auxlios para grupos especficos que inclui lupas e lentes, Braille para

    equipamentos com sntese de voz, grandes telas de impresso, sistema de

    TV com aumento para leitura de documentos, publicaes, etc.

    10 Auxlios que inclui vrios equipamentos (infravermelho, FM), aparelhos para

  • 29

    Auxlios para surdos

    ou dficit auditivo

    surdez, telefones com teclado teletipo (TTY), sistemas com alerta ttil-

    visual, entre outros.

    11

    Adaptaes em

    veculos

    Acessrios e adaptaes que possibilitam a conduo do veculo,

    elevadores para cadeiras de rodas, camionetas modificadas e outros

    veculos automotores usados no transporte pessoal.

    Fonte: Sartoretto; Bersch (2014. Disponvel em: .)

    Dentro da categoria Projetos Arquitetnicos para a Acessibilidade, observa-se que

    os projetos no tm relao especfica apenas com a Sala de Recursos

    Multifuncionais, mas sim com o projeto arquitetnico da escola a qual receber

    recursos financeiros especficos como o Programa Dinheiro Diretos na Escola

    PDDE, a fim de implementar o Programa Escola Acessvel 1.

    Observa-se, portanto, que para a incluso escolar de alunos do AEE, os recursos

    exigidos so muito mais abrangentes que os limites estabelecidos para as SRMs.

    No entanto importante ressaltar que no espao destinado para o AEE que os

    recursos de TA deve ser disponibilizados para que esses alunos sejam atendidos.

    (MEC/SEESP, 2008).

    3.1.1 O Centro Nacional de Referncia em Tecnologia Assistiva

    Com a finalidade de possibilitar a interao entre as vrias iniciativas e prticas no

    campo da Tecnologia Assistiva foi institudo pela Portaria 139 do Ministrio da

    Cincia Tecnologia e Inovao MCTI, de 23 de fevereiro de 2012, o Centro

    Nacional de Referncia em Tecnologia Assistiva CNRTA. Esta uma ao da

    Secretaria de Cincia e Tecnologia para a Incluso Social (SECIS), cuja misso

    principal descrita como:

    1 O Programa Escola Acessvel objetiva, prioritariamente, promover acessibilidade arquitetnica dos

    prdios escolares. No obstante, prev, tambm, a possibilidade de aquisio de recursos de tecnologia assistiva, alm daqueles existentes nas Salas de Recursos Multifuncionais.

  • 30

    O ponto central da ao colocar na misso do Centro de Tecnologia da Informao Renato Archer CTI a tarefa de articular nacionalmente uma rede cooperativa de pesquisa, desenvolvimento e inovao na rea de Tecnologia Assistiva. Esta ao constitui o mecanismo de implantao do Plano Viver sem Limite (Plano Nacional dos direitos das pessoas com deficincia) lanado em 2011, no mbito da cincia e da tecnologia. Este centro est sendo implementado de acordo com as diretrizes estabelecidas pela SECIS, sendo que os conceitos nos quais ele baseado vm sendo pensados h vrios anos pelo MCTI a partir de estudos financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico- CNPq, em particular aqueles realizados pelo Instituto de Tecnologia Social ITS BRASIL.

    A criao do CNRTA visa produzir, em mdio prazo, um grande impacto no cotidiano

    daqueles que possuem alguma deficincia, visto que a Tecnologia Assistiva fornece

    a eles recursos para que tenham equiparao de oportunidades em mltiplas

    esferas da vida. De fato, esta tecnologia constitui produtos, estratgias,

    metodologias e servios que visam prover s pessoas com deficincia uma maior

    autonomia com menos barreiras para sua incluso na sociedade brasileira. Assim, a

    consolidao de uma rede capaz de fortalecer as aes pertinentes a TA estabelece

    as circunstncias favorveis para a construo de uma sociedade verdadeiramente

    inclusiva, pautada em parmetros ligados acessibilidade. O CNRTA atuar como

    um observatrio de oferta e demanda tecnolgica em Tecnologia Assistiva, e suas

    diretrizes esto voltadas ao desenvolvimento de temas tais como: promoo da

    acessibilidade e do desenho universal, qualificao de produtos e servios; gerao

    e avano do conhecimento em Tecnologia Assistiva e apoio a iniciativas que visem

    incluso social de pessoas com deficincia. (CNRTA, 2012). O CNRTA tem como

    objetivos:

    Contribuir para o planejamento, elaborao e implementao da Poltica Nacional de Tecnologia Assistiva e para a execuo do Plano Viver sem Limite, em aderncia e harmonia com as diretrizes estabelecidas pelo Comit Interministerial de Tecnologia Assistiva, institudo pelo art. 12 do Decreto n 7.612, de 2011; promover servios de informao, divulgao, assessoria, formao e apoio sobre produtos e servios de Tecnologia Assistiva TA; promover a pesquisa, o desenvolvimento e a inovao (P, D&I) em TA; estimular a utilizao do desenho universal na fabricao de produtos e na implementao de polticas e servios; impulsionar metodologias e tecnologias para favorecer a insero de pessoas com deficincia no mercado de trabalho; promover a interao entre centros de pesquisa, setor produtivo e de servios, rgos de polticas pblicas, entidades que trabalham com pessoas com deficincia e idosos, profissionais e usurios de TA; estimular a P, D&I voltada para a acessibilidade universal em contextos e ambientes diversos [...].

    Dentre as aes do Plano Nacional de Tecnologia Assistiva est o aumento no

    nmero de produtos de TA disponvel no mercado. Para tanto necessrio o

  • 31

    investimento em pesquisa. O CNRTA coordena uma rede composta por 90 ncleos

    de pesquisa em universidades pblicas e institutos federais de todo Brasil, que

    dever estar consolidada at 2014, para estabelecer as diretrizes e coordenar aes

    de desenvolvimento em tecnologia assistiva, bem como articular a atuao dos

    centros de produo cientfica e tecnolgica do pas.

    Atualmente [...] cerca de 1.200 produtos fabricados ou distribudos para pessoas

    com deficincia ou mobilidade reduzida constam do Catlogo Nacional de

    Tecnologia Assistiva. (BRASIL, VIVER SEM LIMITE, 2011, p. 33). A equipe do

    CNRTA composta por 11 pesquisadores que so bolsistas do CNPq pelo

    Programa de Capacitao Institucional - PCI. Ela formada por profissionais de

    diferentes reas, como: fisioterapia, terapia ocupacional, pedagogia, psicologia, TI,

    engenharia, Cincia da computao, etc.

    Uma das tecnologias que est sendo testada na atualidade so os jogos virtuais

    utilizando usando um sensor de movimentos. Essa tecnologia exclusiva do

    videogame Xbox da Microsoft est sendo testada pelo Ncleo de TA do Instituto

    Federal do Rio Grande do Sul IFRS, ela usada para criar jogos educacionais

    para as crianas com deficincia. O projeto teve incio em maro de 2012, surgiu

    aps um teste feito com uma criana autista por meio de um jogo de vlei.

    Observou-se que a criana conseguiu manter a ateno e interagir com as outras

    pessoas.

    Novos estudos esto em andamento de forma a se utilizar o sistema bluetooth,

    presente na maioria dos tablets e celulares. O Instituto Federal do Cear

    desenvolveu a bengala com sensor que permite a orientao sobre a localizao

    exata do usurio por celular, alm de sistemas de udio e equipamentos que

    facilitam a digitao e a leitura em computadores.

    Segundo o Estudo de Mapeamento de Competncias em Tecnologia Assistiva,

    realizado pelo Centro de Gesto e Estudos Estratgicos (CGEE), organizao ligada

    ao Ministrio da Cincia, Tecnologia e Inovao (MCTI), durante a Semana Nacional

    de Cincia e Tecnologia (SNCT, 2013) em Braslia, o Brasil est apto a desenvolver

    as ferramentas e os recursos que proporcione mais autonomia s pessoas com

    deficincia. Para isso, fundamental a participao da indstria, dos institutos de

  • 32

    pesquisa e das universidades. Segundo Milton da Paz, assessor tcnico do CGEE o

    governo pode fazer um esforo de integrao de toda essa inteligncia nacional em

    prol de solues eficientes que gerem produtos e servios com dignidade.

    3.2 COMUNICAO AUMENTATIVA E ALTERNATIVA COMO POSSIBILIDADE DE

    ACESSO AO CURRCULO ESCOLAR

    Historicamente a humanidade tem feito uso da tecnologia para melhorar a qualidade

    de vida, no entanto somente nas ltimas trs dcadas esse conjunto de recursos e

    servios passou a se chamar Tecnologia Assistiva.

    Como j foi dito, neste texto, essa rea envolve a comunicao aumentativa e

    alternativa, o uso de cadeiras de roda de toda espcie, andadores, adaptao de

    ambientes, adaptaes de higiene, alimentao, veculos adaptados entre outros,

    para realizao das atividades dirias.

    A presena de uma deficincia pode limitar a comunicao oral e escrita de uns com

    os outros. A comunicao alternativa um grupo integrado de smbolos e tcnicas

    adaptadas que auxiliam as pessoas com disfuno a se comunicar e a participar de

    suas atividades cotidianas.

    Encontramos no texto de Correia (2014, p. 49) que a terminologia CAA vem sendo

    utilizada para designar um conjunto de procedimentos tcnicos e metodolgicos

    direcionados a pessoas acometidas por alguma doena, deficincia ou submetidas a

    alguma outra situao que lhes impea a comunicao com as demais pessoas por

    meio dos recursos usualmente utilizados, mais especificamente a fala.

    Correia (2014, p. 51) escreve que:

    Embora pouco utilizada pelos professores, a CAA vem-se constituindo como principal recurso para os processos de ensino e aprendizagem, sobretudo quando essa comunicao se coloca como estratgia e metodologia movimentadas pela linguagem. Desse modo, avanos tericos e prticos envolvendo tais processos j vm sendo observados e registrados por alguns pesquisadores, evidenciando possibilidades de desenvolvimento aos alunos com comprometimentos severos da fala.

  • 33

    Os smbolos, presentes nos recursos de CAA so as representaes visuais,

    auditivas ou tteis de um conceito. Eles esto divididos em sistemas apoiados

    necessitam de recursos externos e, no apoiados, no necessitam de recursos

    externos. Como sistemas apoiados, podemos citar a fotografia, a prancha de

    comunicao, a chave de um carro, at sistemas computadorizados. J os sistemas

    no apoiados o usurio utiliza apenas o corpo para se comunicar, destacando-se os

    gestos, os sinais manuais, as vocalizaes e as expresses faciais (DELIBERATO;

    GONALVES; MACEDO, 2009, p. 166).

    Como exemplos de sistemas apoiados podemos citar os softwares livres ou

    proprietrios que esto disponveis na internet para aquisio e/ou download; entre

    as dezenas de softwares podemos destacar o DosVox, o Virtual Vision e o Jaws,

    como tecnologias de apoio ao deficiente cego, esses softwares convertem os textos

    da internet em sntese de voz. O Headdev um mouse facial por webcam USB

    padro que permite a completa interao pessoa versus computador, sem a

    necessidade do uso das mos, cabos, sensores ou outro tipo de dispositivo que

    limite ou interfira o usurio. Onde o movimento do mouse ocorre de acordo com os

    movimentos do nariz do usurio. (IFRS, 2008, p.2).

    Outro exemplo de software nacional denominado Mos que Falam foi

    desenvolvido para a comunicao entre pessoas surdas e o usurio comum,

    transformando as mensagens de e-mails, SMS ou artigos de jornais para a Lngua

    Brasileira de Sinais - LIBRAS. Esse software recebeu um prmio da ONU na

    categoria incluso no ano de 2013 e pode ser baixado livremente da internet.

    Aps o sistema de comunicao aumentativa ser selecionado e escolhido para

    determinado estudante necessrio avaliar a eficincia desse sistema, verificando o

    progresso do aluno. A maioria dos iniciantes que utilizam a comunicao alternativa

    para desenvolver habilidades da fala, por exemplo, leva anos para se adaptar e

    adquirir verdadeiras habilidades de comunicao. Portanto, deve ser conduzida uma

    avaliao contnua da eficcia e eficincia de um sistema. Conforme as habilidades

    desse aluno vo progredindo ou se tornando um desafio maior, os dispositivos vo

    se tornando obsoletos e preciso atualiz-los.

  • 34

    Conclumos, por fim, que a TA oferece inmeros benefcios para os estudantes com

    deficincia, no entanto, muitos no so contemplados com estas ferramentas e

    continuam travando uma luta com a escrita e a leitura, entre outros processos de

    acesso ao currculo escolar. Conforme afirmam Dell; Newton; Petroff (2011, p. 309)

    possvel evitar problemas se eles forem identificados e antecipados com

    antecedncia, assim a equipe colaborativa poder resolv-los diretamente.

    Dentre os obstculos encontrados por professores do AEE est a excluso digital,

    que podemos interpretar como uma lacuna existente entre aqueles que tm acesso

    s tecnologias da informao e aqueles que no fazem uso dirio dessas

    tecnologias. Dell; Newton; Petroff (2011, p. 310), argumentam que:

    No surpreendentemente, muitos daqueles que no tm acesso no que diz respeito tecnologia da informao, so tambm os que no tm com relao tecnologia assistiva. Os recursos financeiros dos municpios responsveis pelas escolas causam, em grande parte, as formas da diviso digital; municpios que tm fundos extremamente limitados simplesmente tm menos dinheiro para investir em tecnologia da informao e tecnologia assistiva. No entanto, outros fatores tambm contribuem para a desigualdade. A cultura, o acesso informao e a defesa das habilidades esto entre os fatores que influenciam fortemente na implementao da tecnologia assistiva. (traduo livre).

    Depreende-se, portanto, que o uso das ferramentas de TA na comunicao

    alternativa depende de diversos fatores externos como a ajuda financeira, pessoal

    especializado, a cultura, a adaptao por parte do aluno aos dispositivos e o grau de

    deficincia que o aluno possui. Destaca-se ainda o envolvimento dos familiares e as

    relaes sociais que podem exercer forte influncia na maneira como a deficincia

    vista e tratada.

  • 35

    4 APRESENTAO E DISCUSSO DOS DADOS DA PESQUISA

    Os dados obtidos nos 21 (vinte e um) questionrios devolvidos e vlidos, depois de

    lidos, foram organizados a partir de 04 (quatro) categorias, a saber: a) Recursos e

    condies organizativo-pedaggicos para oferta do AEE; b) Nvel de conhecimento

    dos profissionais sobre Tecnologia Assistiva; c) Utilizao dos recursos de TA com

    alunos com deficincia; d) Envolvimento no processo de escolarizao dos alunos

    com deficincia.

    A seguir apresentamos e discutimos os referidos dados considerando os

    questionamentos iniciais apresentados no incio deste texto, assim como os

    objetivos apresentados para o presente estudo.

    a) Recursos e condies organizativo-pedaggicos para oferta do AEE

    Observamos que a maioria (57%) dos professores regentes est envolvida no

    processo de escolarizao dos alunos com deficincia. So realizadas reunies

    peridicas para discutir e planejar prticas pedaggicas individuais e coletivas na

    busca de adaptaes do currculo escolar ao aluno da educao especial.

    Apenas uma pequena parcela (14%) de profissionais habilitados cuida do

    planejamento das atividades e avaliao desses alunos. Ressalta-se, ainda, que

    apesar dos esforos envidados para a implantao das Polticas Pblicas da

    Educao Especial, ainda pequeno o nmero de Salas de Recursos

    Multifuncionais implantadas nas escolas pesquisadas.

    Ressalta-se, aqui, que ainda estamos diante de uma educao segregada e

    compartimentada, cujo modelo ainda exclusivista, com um modelo de educao

    diferenciada para os diferentes. Corroboramos com Miranda; Galvo Filho (2012, p.

    264), quando descrevem que Mesmo hoje, sob a gide da bandeira inclusiva, so

    muitos os entraves enfrentados pelos alunos com deficincia, para garantir

    dignidade e qualidade sua educao....

  • 36

    b) Nvel de conhecimento dos profissionais sobre Tecnologia Assistiva

    Dentre os 21 profissionais respondentes, percebemos que apesar de a TA ser do

    conhecimento de todos os entrevistados, ainda pequeno o uso dos recursos

    disponveis na escola com os alunos para a promoo da incluso/acesso ao

    currculo escolar.

    Em nosso olhar, o fato de o uso ainda ser pequeno decorre de vrios fatores, quais

    sejam: Ausncia de formao voltada ao uso funcional dos recursos; baixa

    expectativa dos professores quanto ao ensino, aprendizagem e avaliao dos alunos

    com deficincia; falta de profissionais habilitados para orientar o uso do recurso mais

    adequado a cada especificidade e; quantidade de recursos insuficiente ou

    inexistente para atender s diversas necessidades.

    Em alguns casos percebemos que ainda existe uma lacuna entre o professor e o uso

    das tecnologias, o que por si s j dificulta a incluso do aluno com deficincia. Sob

    a nossa tica esse um dos problemas a serem resolvidos em curto prazo.

    Concordamos com Schlnzen (2011, p. 44) quando descreve que a falta de

    programas de formao continuada a respeito da TA impede que os professores

    tenham maior compreenso das diversas possibilidades que tais recursos promovem

    e se fazem necessrios, tendo em vista o aumento gradativo de alunos do AEE

    matriculados em escolas pblicas.

    c) Utilizao dos recursos de TA com alunos com deficincia

    Observamos que pouco menos da metade (47%) dos professores entrevistados no

    faz uso de nenhum tipo de TA. Dentre os recursos mais citados esto os softwares

    para apoio ao deficiente cego DosVox , banheiros adaptados, rampas de acesso

    a cadeirante, mquina e impressora em braile, teclados e mouses adaptados, jogos

    em LIBRAS, cadeira de rodas especiais e mesas adaptadas para cadeirantes.

    Todos os entrevistados foram unnimes na afirmao sobre o uso das tecnologias e

    da TA como facilitadores de acesso ao currculo e na promoo da incluso do aluno

    com deficincia. Destacamos dois depoimentos para enfatizar como o uso dos

    recursos podem sim diminuir barreiras e promover a incluso do aluno do AEE.

  • 37

    A tecnologia seria mais uma forma de ajudar no processo de incluso, pois as tecnologias esto muito presentes dentro das escolas e com recursos podem ajudar em deficincias de aprendizagem at mesmo nos alunos tidos como "normais". (R1).

    Vejo nos programas para uso do computador para deficientes visuais um excelente recurso e at mesmo os esportes adaptados. Promovendo sua aprendizagem. Os alunos cegos aprendem ler e escrever em braile, os deficientes visuais tm seus livros, trabalhos dirios e avaliaes ampliadas, os deficientes auditivos so alfabetizados em libras, os cadeirantes ganham maior independncia com banheiro adaptado, etc. (R2).

    No podemos esperar que milagres sejam operados nas escolas com relao

    incluso dos alunos com necessidades educacionais especiais, sem que

    coloquemos a mo na massa hoje mesmo! urgente, portanto, que as leis,

    resolues e normas em vigor sejam praticadas nas escolas de maneira que o aluno

    deficiente tenha acesso a todos os espaos e ao currculo escolar.

    d) Envolvimento no processo de escolarizao dos alunos com deficincia

    No tocante escolarizao dos alunos com deficincia, uma grande parcela de

    respondentes (52%) afirmou que a escolarizao se d por meio de apoios

    oferecidos no turno escolar, quais sejam: estagirios; professores especializados;

    e/ou cuidadores.

    Outra parcela significativa (39%) caracteriza essa escolarizao apenas por meio da

    matrcula, independente do tipo de deficincia e uma minoria (9%) respondeu ser por

    meio de professores especializados.

    Observamos tambm que no caso de aluno com deficincia mltipla existe uma

    maior dificuldade de escolarizao e esse aluno vai perdendo aos poucos o

    interesse pelo contedo. Dentre desse distinto grupo foi citado que uma das

    principais dificuldades de se incluir esse aluno a falta de comunicao,

    principalmente entre adolescentes.

    Acreditamos que o Projeto Poltico Pedaggico deve articular teoria e prtica no

    sentido de identificar as reais necessidades de cada aluno do AEE, adotando

    currculos flexveis e abertos, de forma a garantir a insero dessa parcela do

    alunado em todos os espaos da escola.

  • 38

    No nosso entendimento, a escolarizao dos alunos com deficincia deve perpassar

    por aes de avaliao individual de cada sujeito, independente do tipo de

    deficincia, buscando-se tornar mais flexvel o ensino e a aprendizagem e o

    envolvimento direto de todo o corpo escolar. Assim, atender s demandas especiais

    significa modificar no apenas os sistemas educacionais adotados pela escola, mas

    a expectativa em relao a esses alunos e, assim, permitir a flexibilizao dos

    contedos, para que sejam organizados e constituam o suprimento das reais

    necessidades dos alunos. (NASCIMENTO, 2012, p. 18).

  • 39

    5 ASPECTOS CONCLUSIVOS

    Buscou-se neste estudo apresentar uma viso geral e clara do uso dos recursos de

    TA na incluso do aluno do AEE, bem como avaliar as prticas pedaggicas dos

    professores regentes e investigar as aes da Poltica Nacional de Educao

    Inclusiva. Os objetivos deste estudo foram atingidos plenamente dentro do

    planejado, apontando para a necessidade do uso dos recursos de TA na promoo

    da autonomia e independncia do aluno com deficincia.

    Quanto prtica pedaggica dos professores, destaca-se a importncia da

    necessidade dos cursos de capacitao e de formao continuada presencial ou na

    modalidade distncia que o habilite para o desempenho do ensino do AEE. O

    estudo mostrou que os professores regentes fazem reunies e planejamentos

    individuais e coletivos para discutir as prticas pedaggicas periodicamente e

    apenas uma minoria no recebe orientaes e/ou formaes para o ensinar e avaliar

    esses alunos.

    Em relao ao parmetro da avaliao do aluno do AEE, foram relatadas

    dificuldades de locomoo por parte de cadeirantes devido ausncia de rampas e

    outros recursos de acessibilidade. O deficiente auditivo ainda encontra dificuldades

    de aprendizagem pela ausncia de intrprete de LIBRAS na sala de aula. Outro

    aspecto relatado encontra-se na dificuldade de interao do aluno deficiente com os

    demais alunos do ensino regular, especialmente entre os adolescentes.

    importante salientar que as aes da Poltica Nacional de Educao Especial na

    Perspectiva da Educao Inclusiva, tm sido aplicadas satisfatoriamente para a

    ampliao da oferta do Atendimento Educacional Especializado - AEE complementar

    ao ensino regular. Dentre essas aes esto o Programa Escola Acessvel e de

    Formao Continuada de professores do AEE. Em relao Sala de Recursos

    Multifuncionais observou-se ainda um nmero reduzido de escolas que contam com

    esse espao, se comparado com o total de escolas da educao bsica existentes

    no Estado.

  • 40

    Os projetos arquitetnicos de acessibilidade devem ser priorizados pelos gestores

    das escolas, de maneira a contemplar o pblico alvo do AEE, eliminando todo tipo

    de barreiras enfrentadas pelo aluno com deficincia, transtornos globais do

    desenvolvimento e altas habilidades/superdotao; matriculados em classes comuns

    do ensino regular, assegurando-lhes o direito de compartilharem os espaos comuns

    de aprendizagem, por meio da acessibilidade ao ambiente fsico, aos recursos

    didticos e pedaggicos e s comunicaes e informaes. (NBR 9050/04).

    Finalmente acreditamos que a aquisio e o uso dos recursos de Tecnologia

    Assistiva pelo aluno com deficincia tornam cada vez mais presente e necessrio no

    mbito escolar, tornando esse aluno independente e capaz de interagir com o meio.

    Foi observada tambm a necessidade dos servios de TA como psicoterapeutas e

    fonoaudilogos para uma avaliao correta de cada recurso a ser utilizado. O estudo

    mostrou que so necessrias parcerias com empresas, universidades e institutos

    federais para investimentos em pesquisa, desenvolvimento e fabricao dos

    recursos de TA. (MCTI/CNRTA/CTI, 2014).

    Considerando que esta pesquisa teve um carter amplo e genrico, fazem-se aqui

    algumas recomendaes para futuros trabalhos na rea de TA, tais como:

    Acompanhar a oferta de cursos de especializao e de formao continuada

    para habilitar o professor a desempenhar as funes no AEE.

    Ampliar as pesquisas em relao implantao de Salas de Recursos

    Multifuncionais e de projetos arquitetnicos de acessibilidade nas escolas.

    Pesquisar como so aplicados os recursos financeiros do Programa Dinheiro

    Direto na Escola e quais os benefcios trazidos para a escola e para o aluno do

    AEE.

    Desenvolver estudos especficos sobre as pesquisas realizadas pelos

    Ncleos de TA e pelo CNRTA, verificando o envolvimento e a possibilidade de

    parcerias com empresas do setor privado.

  • 41

    REFERNCIAS

    ASSISTIVA: tecnologia e educao. Disponvel em: . Acesso em: 26 mar. 2013.

    BERSCH, Rita. Introduo tecnologia assistiva. Porto Alegre, 2008. Disponvel em:. Acesso em: 2 abr. 2013.

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  • 42

    ______. Secretaria Especial de Recursos Humanos. Tecnologia Assistiva. Disponvel em: . Acesso em: 14 set. 2013.

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    SCHLNZEN, Elisa. Tecnologia assistiva: projetos, acessibilidade e educao a distncia. Jundia: Paco Editorial, 2011.

  • 43

    BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS

    A CONTRIBUIO das tecnologias da informao e comunicao na educao inclusiva. Disponvel em: . Acesso em: 3 out. 2013

    A UTILIZAO de Tecnologia Assistiva na vida cotidiana de crianas com deficincia. Disponvel em: . Acesso em: 23 set. 2013.

    CRIANAS tetraparticas e cuidadores: caracterizando operfil e a acessibilidade Tecnologia Assistiva. Disponvel em: . Acesso em: 23 set. 2013.

    DISSERTAO. Caderno de terapia ocupacional. Disponvel em: . Acesso em: 22 set. 2013.

    UM ESTUDO bibliogrfico sobre tecnologias assistivas para alunos com deficincia fsica inseridos no contexto escolar. Disponvel em: . Acesso em: 22 set. 2013.

    http://cead.ifes.edu.br/moodle/mod/resource/view.php?id=134817http://cead.ifes.edu.br/moodle/mod/resource/view.php?id=134817

  • 44

    APNDICES

  • 45

    APNDICE A Formulrio de pesquisa sobre TA

    O meu nome Fernando Cesar, sou aluno do curso de Ps-graduao em

    Informtica na Educao do IFES. Gostaria de contar com a sua colaborao nesta

    pesquisa, em nvel de Especializao Lato Sensu, no que tange investigao,

    junto aos professores e alunos quanto ao uso e contribuies da TECNOLOGIA

    ASSISTIVA - TA, para a promoo da Educao Inclusiva no mbito de sua escola

    e, consequentemente, para o acesso ao ensino, aprendizagem e avaliao de

    alunos com deficincia.

    Como recursos de Tecnologia Assistiva podemos citar: cadeira de rodas, banheiros

    adaptados, programas de computadores para cegos, teclados e mouses adaptados,

    adaptaes em mesas, cadeiras, lpis, pincis, tesouras, livros, recursos de

    Comunicao Alternativa para deficientes fsicos, entre tantos outros que visam

    facilitar o acesso a toda e qualquer atividade do dia a dia (educacional, de lazer,

    locomoo, alimentao, etc.).

    1. Na sua escola tem alunos com Necessidades Educacionais Especiais?

    Sim

    No

    2. Como est assegurado o direito escolarizao desse aluno da Educao

    Especial?

    Apenas por meio da matrcula, independente da deficincia.

    Por meio de apoios oferecidos no turno escolar com estagirios, professores

    especializados e/ou cuidadores.

    Apenas por meio do apoio de professores especializados.

  • 46

    3. Pelas aes desenvolvidas em sua escola, em relao incluso escolar de

    alunos com deficincia, voc percebe que a Poltica Nacional da Educao Especial

    tem sido considerada?

    Sim. As aes contam com a proposta de financiamento para ampliao da oferta do

    atendimento educacional especializado - AEE complementar ao ensino regular.

    No. A escola no possui Sala de Recursos Multifuncionais SRMs, do Programa

    Escola Acessvel e Formao Continuada de professores para o AEE.

    4. Como os professores regentes esto ou so envolvidos no processo de

    escolarizao dos alunos com deficincia em sua escola?

    Ainda no recebi orientaes e/ou formaes para o ensinar e avaliar esses

    alunos.

    Realizamos reunies e planejamentos individuais e coletivos para discutir

    nossas prticas pedaggicas periodicamente.

    No temos como prtica discutir e/ou planejar coletivamente nossas prticas

    para esses alunos.

    Quem cuida do planejamento, das atividades e avaliao dos alunos so os

    professores especializados.

    5. Em relao Tecnologia Assistiva, voc j havia ouvido falar desses

    recursos?

    Sim

    No

    6. Em sua escola existem alunos que utilizam algum tipo de recurso de

    Tecnologia Assistiva?

    Sim

  • 47

    No

    7. Com base na resposta acima qual (ais) recursos so utilizados?

    8. De que modo esta Tecnologia Assistiva promove ou poderia promover a

    incluso dos alunos de sua escola?

    9. Como a TA contribui ou poderia contribuir para a autonomia de um aluno com

    deficincia? (considere algum tipo de deficincia como parmetro)

    10. Voc sabe o que uma Sala de Recursos Multifuncionais - SRM e qual o

    objetivo do trabalho desenvolvido nesse espao?

    Sim

    No

    11. Sua escola possui uma SRM?

    Sim

    No

    12. Caso voc tenha aluno (a) com algum tipo de Necessidade Educativa

    Especial (visual, motora, cognitiva ou outra), quais as dificuldades encontradas por

    ele (a) no mbito escolar?

  • 48

    ANEXOS Portflio das atividades desenvolvidas durante o curso

  • 49

    ANEXO A Proposta de projeto de pesquisa

    UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

    INSTITUTO FEDERAL DO ESPRITO SANTO

    PS-GRADUAO LATO SENSU EM INFORMTICA NA

    EDUCAO

    FERNANDO CESAR DA SILVA PEREIRA

    INCLUSO SOCIAL E DIVERSIDADE:

    TECNOLOGIA ASSISTIVA NA PERSPECTIVA DA

    EDUCAO INCLUSIVA

    SERRA

    2013

  • 50

    FERNANDO CESAR DA SILVA PEREIRA

    INCLUSO SOCIAL E DIVERSIDADE:

    TECNOLOGIA ASSISTIVA NA PERSPECTIVA DA

    EDUCAO INCLUSIVA

    Proposta de Projeto de Pesquisa

    Apresentado Professora Edna

    dos Reis para fins de aprovao

    SERRA

    2013

  • 51

    INCLUSO SOCIAL E DIVERSIDADE:

    TECNOLOGIA ASSISTIVA NA PERSPECTIVA DA

    EDUCAO INCLUSIVA

    FERNANDO CESAR DA SILVA PEREIRA

    INSTITUTO FEDERAL DO ESPRITO SANTO

    [email protected]

    RESUMO

    A presente pesquisa tem por finalidade identificar as principais barreiras que

    professor e aluno encontram no contexto educacional quanto ao uso da Tecnologia

    Assistiva (TA), na perspectiva da educao inclusiva. Esta pesquisa investida de

    grande significado para a cincia e de alta relevncia para a sociedade. um dos

    fatores mais significativos para a incluso social. Dentro desse contexto, pretende-se

    investigar e atualizar dados sobre como o uso das Tecnologias da Informao e

    Comunicao (TICs), podem inserir socialmente a pessoa com deficincia por

    intermdio da Tecnologia Assistiva, voltada para os objetivos educacionais. A

    metodologia utilizada ser a reviso literria e a pesquisa qualitativa. As entrevistas,

    a busca e a coleta de dados sero realizadas in loco na APAE de Guarapari com

    recursos prprios. O tema TA era encarado como um problema clnico, onde a

    pessoa com deficincia sempre foi sujeito passivo nas suas aes, hoje essa

    concepo evoluiu e sai da esfera clnica para um apoio tecnolgico na busca da

    resoluo de um problema de ordem pessoal e funcional. A tecnologia assistiva

    envolve hoje vrias reas do conhecimento tais como a sade, a reabilitao, a

    educao, o design, a arquitetura, a engenharia, a informtica, entre outras.

    Assistive Technology (Tecnologia Assistiva) foi criada em 1988 pela legislao

    jurdica norte-americana, Public Law 100-407, e renovado em 1998, um termo

    utilizado para identificar uma vasta gama de recursos e servios que contribuem

    para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficincia e

    consequentemente promover vida independente e incluso. tambm definida

    como uma ampla gama de equipamentos, servios, estratgias e prticas

    concebidas e aplicadas para minorar os problemas encontrados pelos indivduos

  • 52

    com deficincia (COOK e HOUSSEY. ASSISTIVE TECHNOLOGIES: principles and

    practices. Mosby Year Book, Inc., 1995).

    Palavras-chave: tecnologia assistiva, incluso social, recursos, servios, deficincia.

    1. INTRODUO

    As Tecnologias da Informao e Comunicao vm contribuindo de forma

    significativa no desenvolvimento e aperfeioamento de softwares e equipamentos de

    hardware, no sentido de facilitar o acesso e a inserir socialmente a pessoa com

    deficincia. O percurso longo mais j avanamos com as polticas pblicas e o

    engajamento das escolas e das comunidades. A prtica dessas polticas aliadas ao

    desempenho de pais e mestres certamente trar excelentes frutos para aqueles que

    tm suas mobilidades reduzidas e ou habilidades diferenciadas. Quem geralmente

    tem contato com pessoas com deficincia nota que algumas delas possuem

    problemas de fala. Em alguns tipos especficos de deficincias, como na

    deficincia mental, podemos encontrar crianas e jovens que apresentam

    dificuldades para se expressar ou falar. Em outros tipos de deficincia, como a

    paralisia cerebral, encontramos alguns alunos que so extremamente inteligentes,

    possuem boa compreenso, porm no consegue articular ou produzir fala.

    Geralmente, essas dificuldades so conceituadas como problemas de fala e

    interpretadas como algo que prprio ou inerente quela pessoa. Com base na

    poltica de incluso, surgem dois questionamentos: E se propicissemos a essas

    pessoas alguns recursos que lhes dessem condies de se fazerem entender? E

    se crissemos adaptaes no meio ambiente escolar e social para promover a

    interao e os processos de comunicao? Cada necessidade nica e, portanto,

    cada caso deve ser estudado com muita ateno. A experimentao deve ser

    realizada muitas vezes, pois permite observar como a ajuda tcnica desenvolvida

    est contemplando as necessidades percebidas.

    Hoje no Brasil contamos com softwares tais como o DOSVOX, que um sistema

    para microcomputadores da linha PC que se comunica com o usurio atravs de

    sntese de voz. Viabiliza, deste modo, o uso de computadores por deficientes

    visuais, que adquirem assim, um alto grau de independncia no estudo e no

    trabalho. O Software Participar foi desenvolvido por professores e alunos do Curso

    de Cincia da Computao da Universidade de Braslia, destina-se a ajudar na

    alfabetizao e comunicao alternativa de jovens com deficincia intelectual.