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FESP FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAIBA COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO ECLÉSIO ARAÚJO DE OLIVEIRA A LEI SECA E SEUS EFEITOS JOÃO PESSOA 2013

FESP FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAIBA ... · Trabalho de Conclusão de Curso- TCC ... Brasileiro, foi aprovada em 19 de Junho de 2008. O relator do projeto que origem à Lei

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FESP – FACULDADES DE ENSINO SUPERIOR DA PARAIBA

COORDENAÇÃO DO CURSO DE DIREITO

ECLÉSIO ARAÚJO DE OLIVEIRA

A LEI SECA E SEUS EFEITOS

JOÃO PESSOA

2013

ECLÉSIO ARAÚJO DE OLIVEIRA

A LEI SECA E SEUS EFEITOS

Trabalho de Conclusão de Curso- TCC

apresentado à Fesp Faculdades de Ensino

Superior da Paraíba – do Curso de Graduação

em Direito para atender a exigência parcial

para o título de Bacharel em direito.

Área: Direito Penal.

Professor: Eduardo Cavalcanti.

JOÃO PESSOA

2013

ECLÉSIO ARAÚJO DE OLIVEIRA

A LEI SECA E SEUS EFEITOS

Trabalho de Conclusão de Curso- TCC

apresentado à Banca Examinadora de Artigos

Científicos da Faculdade de Ensino Superior

da Paraíba – FESP, como exigência parcial

para obtenção do grau de Bacharel em Direito.

Aprovada em: ____/____/____

BANCA EXAMINADORA

____________________________

Professor: Eduardo Cavalcanti.

Orientador

_________________________________

Membro da Banca Examinadora

_________________________________

Membro da Banca Examinadora

A LEI SECA E SEUS EFEITOS

RESUMO

ECLÉSIO ARAÚJO DE OLIVEIRA

*

Sabe-se que é proibido dirigir veículo sobre o efeito de bebidas alcoólicas, passando a

ser considerado crime. Contudo, o condutor não precisa se submeter a nenhum exame

corporal, assegurando o direito constitucional de não produzir provas contra si mesmo.

Ocorre que atualmente a lei foi modificada, tornando ainda mais rígida, e ampliando as

provas contra o condutor infrator. A nova Lei Seca (Lei nº12.760/2012). Estudaremos

os efeitos da lei, seus meios de provas que acabam se confrontando com princípios e

garantias constitucionais. Neste sentido, a lei nova passa a ser mais rigorosa e passamos

assim a distinguir se trata-se de perigo abstrato ou de perigo concreto.

Palavras-chave: A Nova Lei Seca. Crime. Provas. Princípios e Garantias. Perigo

Abstrato. Perigo Concreto.

INTRODUÇÃO

Neste artigo pondera-se um tema de grande relevância, intrigante e ainda

muito novo, mas já bastante discutido, a Lei Seca, que já conseguiu reduzir bruscamente

o número de mortes nas estradas em todo o país. Sendo assim, surgiram várias

manifestações de apoio e outras contra a tal lei de tolerância zero.

É consenso que, os motoristas, muitas vezes, exageram na dose e saem por

ai assumindo o risco de causarem algum tipo de acidente. Não estamos falando em

motoristas que apesar de terem bebido um copo de cerveja, possa causar algum tipo de

acidente por conta de uma pequena quantidade que deve ser confirmada por meio de

testes. Por isso, o direito penal deve atuar de acordo com a gravidade de cada infrator,

para que não haja o abuso. Destaca-se que atualmente se o motorista se negar a fazer o

teste de etilômetro, ele não escapa de ser autuado em flagrante por apresentar sintomas

de embriaguez, causa esta, que iremos abordar ao longo desse estudo. A linha de

pesquisa centra-se na modificação e atual aplicação da Lei Seca.

* Concluinte do curso de Direito da Fesp Faculdades. Endereço eletrônico: [email protected]

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Nos primeiros meses, a aplicação da lei estava causando mudanças nos

hábitos de muitos motoristas, que quando consumiam bebidas alcoólicas, utilizavam os

serviços de táxi, que aumentou bastante, grupos de amigos que selecionava a pessoa que

não iria beber para poder voltar com mais segurança e não serem pegos nas

fiscalizações corriqueiras. Mas isso não durou muito tempo, a lei foi logo perdendo o

seu impacto, em razão da precariedade na fiscalização, logo, cabe a cada Estado o papel

de fiscalizar e cumprir a lei. Com isto, verificou que alguns estados tinham diminuído o

número de condutores que conduziam embriagados e em outros estados não havia

mudança muito significante.

A falta do aparelho que mede a quantidade de álcool no sangue, o

etilômetro, mais conhecido como bafômetro, foi a causa mais problemática pois a

punição de motoristas alcoolizados só poderia ser feita, de acordo com a antiga lei, por

meio do teste do bafômetro ou exame de sangue, para que fosse comprovada a dosagem

de álcool.

Como determina a Constituição Federal, ninguém é obrigado a produzir

provas contra si mesmo, fazendo com que os motoristas recusassem ao teste. Por isto,

surgiu a nova Lei Seca de Tolerância Zero, para que não haja mais a escolha do

condutor de se negar ao teste, pois agora mesmo se negando pode ser punido.

Assim, o cerne da problemática aqui elencada trata-se de que o condutor que

for pego dirigindo sob efeito do álcool, terá uma infração mais rígida e com prejuízos

ainda maiores do que acontecia na lei anterior.

2. COMO SURGIU A LEI SECA

A Lei 11.705, apelidada de Lei Seca, que modificou o Código de Trânsito

Brasileiro, foi aprovada em 19 de Junho de 2008. O relator do projeto que origem à Lei

Seca foi o Deputado Hugo Leal (PSC).

As últimas manchetes sobre violência no trânsito são assustadoras, os carros

quase se transformando em armas de matar e o pior, conduzido por pessoas

alcoolizadas. As vítimas fatais, dos acidentes de trânsito, são em sua maioria resultados

de pessoas que estavam alcoolizadas no volante.

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A lei veio no momento oportuno, correspondendo aos anseios da sociedade.

Uma grande maioria dos brasileiros aplaudiu a nova lei seca, pelo vigor que mostrava

ter, e agora estamos vendo que a lei não bastou ainda para a diminuição dos acidentes

de trânsito por pessoas alcoolizadas.

A lei seca nasceu com uma Medida Provisória do governo, nessas

circunstâncias foi à primeira vez que a matéria trânsito foi objeto de Medida Provisória,

para tentar conter a violência no trânsito, das mortes que tinham acontecido no Natal de

2007 e início do ano de 2008.

Naquela oportunidade o Ministério da Justiça, na época o Ministro Tarso

Genro, preocupado com a situação pediu para o Presidente da República, na época o

Luiz Inácio Lula da Silva, para editar uma Medida Provisória proibindo a venda de

bebidas alcoólicas ao longo das rodovias federais.

Isto foi objeto de muita discussão, uma polêmica muito grande porque

proibia a venda de bebidas alcoólicas somente ao longo das rodovias federais, mas que

isto não iria resolver o problema, iria apenas atacar uma questão que seria a princípio a

venda da bebida, que é uma circunstância, mas teria que focar a questão do motorista. A

proibição da venda não resolveria, teria que se punir o motorista que consumisse

bebidas alcoólicas e não os locais de venda, pois poderia ele comprar até mesmo fora

das rodovias federais.

Quando chegou essa Medida Provisória na Câmara, o presidente pediu para

que fizessem uma avaliação e nessa avaliação o presidente indicou como relator da

matéria o Deputado Federal Hugo Leal, que já estava na frente parlamentar do “Trânsito

Seguro”. Com isto, o Deputado apresentou um Projeto de Lei alternativo, estabelecendo

alguns critérios e um dos critérios estabelecidos no debate foi o de tolerância zero, que

antes a tolerância era de um nível de alcoolemia de 0,6 (seis) decigramas de álcool por

litro de sangue, que era feito na exigência para punição administrativa. Na mudança foi

elevado também para questão criminal.

Criou-se então em 2008 o conceito da Lei Seca. Este conceito nasceu já

deturpado, porque ficou parecendo que a lei era contra o álcool, mas que na realidade

era apenas a proibição. Na hora em que foi tirado esse princípio do Código, o indivíduo

era parado, caso ele se recusasse em fazer o teste do etilômetro (bafômetro), ele já era

punido imediatamente, o que na época não era feito, recolhe a CNH (Carteira Nacional

de Habilitação), a remoção do veículo e a aplicação da multa, e mais as penalidades que

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caberia, caso ele recusasse. O que não podia e o que não pode, é presumir que ele estava

cometendo um crime.

A lei anterior falava que se o motorista recusasse, não haveria punição, só se

ele apresentasse notórios sinais de embriaguez, que não precisa ter conhecimentos

clínicos para perceber se o indivíduo está ou não embriagado.

Os policias e guardas, que são preparados para abordagem, têm uma série de

normas a serem seguidas para verificação no nível de alcoolemia que não seja pelo

bafômetro.

Durante os primeiros 6 (seis) meses a lei teve resultado muito mais pelo

impacto da novidade, as pessoas ficaram mais receosas e deixaram para ver o que iria

acontecer.

A fiscalização efetiva, só veio a acontecer em 2009, tanto que a lei é de

Junho de 2008, então até Dezembro ela teve uma redução extremamente sensível nas

emergências, isto provado cientificamente por um trabalho da USP, pela professora

Maria Helena Jorge, que fez uma avaliação de todas as emergências. Depois veio a

eficiência das operações, por exemplo, no Estado do Rio de Janeiro, que foi onde deu

início a Lei Seca, conseguiram reduzir em 32% o número de acidentes,

consequentemente de mortes e feridos.

A lei sozinha é apenas um pedaço de papel com um pouco de tinta, fora do

papel ela tem que ter aplicação e para se seja aplicada (executada), precisa da

fiscalização.

Cada Estado tem seu papel de fiscalizar, sendo assim, cada um tem

resultados próprios, uns melhores que outros, devido justamente ao papel de

fiscalização. Este é o segundo momento da lei, a fiscalização.

3. A NOVA LEI SECA (Lei 12.760/2012)

A Presidência da República, Dilma Rouseff (PT), sancionou a lei que

endurece o Código de Trânsito Brasileiro (Lei 9.503/1997) e altera a antiga Lei Seca

(Lei 11.705/2008). A nova lei seca (Lei 12.760), sancionada no dia 20 de dezembro de

2012, tornando ainda mais rígida a punição para motoristas que dirigem embriagados,

passando a valer imediatamente. Com regras drasticamente mais duras do que as da lei

anterior, a nova Lei Seca pretende reduzir o número de acidentes no trânsito, corrigindo

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uma brecha da anterior, permitindo que sejam utilizados outros meios de provas, agora

além do bafômetro, o depoimento do policial, vídeos, testes clínicos, provas coletadas

no veículo, testemunhas, podem comprovar a embriagues do condutor.

São várias as hipóteses de avaliação, cabendo ao juiz dosar essas provas e

aceitar ou não como prova de que o condutor estava embriagado. Um conjunto de sinais

deverá ser avaliado pelas autoridades de trânsito, ele preencherá um formulário

enumerando os sinais de “incapacidade psicomotora”, como por exemplo: a) aparência:

sonolência, vermelhidão nos olhos, vômito, soluços, desordem nas vestimentas e odor

de álcool no hálito; b) atitude: agressiva, arrogância, exaltação, ironia, falante e

dispersão; c) orientação: se o condutor sabe onde está, data e hora; d) memória: se sabe

seu endereço e lembra-se dos atos cometidos; e) capacidade motora e verbal:

dificuldade no equilíbrio e fala alterada. Poderá assim, comprovar se o motorista está

alcoolizado. Este é o principal ponto, seria a mudança central da nova lei, a ampliação

das possibilidades das provas. A nova lei utilizou do artigo 277 do CTB para regularizar

os meios de provas admitidos, senão vejamos:

Art. 277. O condutor de veículo automotor envolvido em acidente de

trânsito ou que for alvo de fiscalização de trânsito poderá ser

submetido a teste, exame clínico, perícia ou outro procedimento que,

por meios técnicos ou científicos, na forma disciplinada pelo Contran,

permita certificar influência de álcool ou outra substância psicoativa

que determine dependência. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de

2012)

§ 1º (Revogado). (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

§ 2º A infração prevista no art. 165 também poderá ser caracterizada

mediante imagem, vídeo, constatação de sinais que indiquem, na

forma disciplinada pelo Contran, alteração da capacidade psicomotora

ou produção de quaisquer outras provas em direito admitidas.

(Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

§ 3º Serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas

estabelecidas no art. 165 deste Código ao condutor que se recusar a se

submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput deste

artigo. (Incluído pela Lei nº 11.705, de 2008)

Luiz Flávio Gomes, foi um dos primeiros doutrinadores a manifestar-se

sobre o tema, sustentando a inconstitucionalidade da norma acima citada com os

seguintes argumentos:

“Em matéria de prova da embriaguez há, de qualquer modo, uma

premissa básica a ser observada: ninguém está obrigado a fazer prova

contra si mesmo (direito de não auto-incriminação, que vem previsto

de forma expressa no art. 8° da Convenção Americana sobre Direitos

Humanos, que possui valor constitucional - HC 87.585-TO - cf.

GOMES, L.F. e MAZZUOLI, Valério, Comentários à Convenção

Americana sobre Direitos Humanos, São Paulo: RT, 2008). O sujeito

não está obrigado a ceder seu corpo ou parte dele para fazer prova

(contra ele mesmo). Em outras palavras: não está obrigado a ceder

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sangue, não está obrigado a soprar o bafômetro (porque essas duas

provas envolvem o corpo humano do suspeito e porque exigem dele

uma postura ativa). Havendo recusa, resta o exame clínico (que é feito

geralmente nos Institutos Médico-Legais) ou a prova testemunhal.

O motorista surpreendido, como se vê, pode recusar duas coisas:

exame de sangue e bafômetro. Mas não pode recusar o exame clínico.

E se houver recusa desse exame? Disso cuida o § 3° (novo) [...].

A leitura rápida desse dispositivo pode levar o intérprete a equívocos.

O texto legal disse mais do que podia dizer. Veremos em seguida. Na

prática, alguns delegados estão falando em prisão em flagrante por

desobediência (quando houver recusa ao exame de sangue, ao

bafômetro ou ao exame clínico). Não é isso, propriamente, o que diz o

novo § 3° do art. 277 do CTB. Como se vê, o correto não é falar em

desobediência, sim, nas sanções administrativas do art. 165.

Quando elas incidiriam? Pela letra da lei, quando o condutor recusar a

se submeter a qualquer dos procedimentos previstos no caput do

artigo. Na verdade, não é bem assim (a lei disse mais do que devia).

Note-se que todo suspeito tem direito de não produzir prova contra si

mesmo. Logo, não está obrigado a fazer exame de sangue ou soprar o

bafômetro. Nessas duas situações, por se tratar de um direito, não há

que se falar em qualquer tipo de sanção (penal ou administrativa).

Conclusão: o § 3° que estamos comentando só tem pertinência em

relação ao exame clínico. A recusa ao exame de sangue e ao

bafômetro não está sujeita a nenhuma sanção. Quando alguém exercita

um direito (direito de não-auto-incriminação) não pode sofrer

qualquer tipo de sanção. O que está autorizado por uma norma não

pode estar proibido por outra.

[...].

A lei nova é inconstitucional (como alguns juízes estão reconhecendo,

em suas liminares)? Em parte sim, em parte não. Quando ela pune o

motorista (embora com penas administrativas) por recusar o exame de

sangue ou o bafômetro, sim (é inconstitucional). Por quê? Porque

todos os cidadãos brasileiros, por força do art. 8° da Convenção

Americana sobre Direitos Humanos, não são obrigados a se auto-

incriminar, ou seja, não são obrigados a ceder seu corpo ou parte dele

(ainda que seja um só sopro) para fazer prova contra eles mesmos.

Bafômetro (que exige participação ativa do suspeito e intervenção do

seu corpo) não é a mesma coisa que mostrar a carteira de

habilitação.”1

É importante lembrar que a lei antiga previa que era crime conduzir veículo

com concentração de álcool no sangue igual a 0,6 decigramas. Com isso a prova do

crime dependia da realização de um exame de sangue ou do exame do bafômetro, meios

de prova que dependem da colaboração do condutor. Como ninguém é obrigado a

produzir prova contra si mesmo, assegurado na Constituição Federal, o Superior

Tribunal de Justiça decidiu que o condutor não era obrigado a fazer essa prova e isso fez

com que a maioria dos condutores se recusasse a fazer o teste do bafômetro e assim

saiam ilesos, sem a punição por conduzir veículo sob efeito do álcool. Continua valendo

1 GOMES, Luiz Flávio. Lei seca: acertos, equívocos, abusos e impunidade. Disponível em

http://ww3.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20090713175634332 Acesso em 21. Mai. 2013.

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o que diz na Constituição, porém, o corpo produz provas, o corpo fala. Agora a

autoridade de trânsito poderá fazer essa prova, como vimos, podendo então ser admitido

qualquer tipo de prova admitido em direito, como já se faz em outros crimes, podendo

configurar não só a multa, como configurar o crime, elencado no artigo 306 do CTB

como descrito em seguida:

Art. 306. Conduzir veículo automotor com capacidade psicomotora

alterada em razão da influência de álcool ou de outra substância

psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela Lei nº

12.760, de 2012)

Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e suspensão ou

proibição de se obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo

automotor.

§ 1º As condutas previstas no caput serão constatadas por: (Incluído

pela Lei nº 12.760, de 2012)

I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de álcool por litro de

sangue ou igual ou superior a 0,3 miligrama de álcool por litro de ar

alveolar; ou (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)

II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo CONTRAN,

alteração da capacidade psicomotora. (Incluído pela Lei nº 12.760, de

2012)

§ 2º A verificação do disposto neste artigo poderá ser obtida mediante

teste de alcoolemia, exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal

ou outros meios de prova em direito admitidos, observado o direito à

contraprova. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)

§ 3º O CONTRAN disporá sobre a equivalência entre os distintos

testes de alcoolemia para efeito de caracterização do crime tipificado

neste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.760, de 2012)

Se o condutor colaborar fazendo o teste do bafômetro, mesmo sabendo que

não é obrigado, esta prova pode demonstrar sua inocência, ou seja, demonstrar que ele

não está conduzindo o veículo embriagado, em uma situação que ele se achar

injustamente acusado desta prática.

A aprovação da lei pelo Congresso Nacional foi essencial para fortalecer a

fiscalização nas estradas, junto com os esforços que o governo vem tendo em parcerias

com todos os órgãos de trânsito, tanto em âmbito nacional como em âmbito estadual,

municipal, se espera reduzir o número de mortes violentas causadas por acidentes de

trânsito.

Ao uso de provas, frisa-se, que quando o bafômetro indicar menos de 0,3mg

de álcool por litro de ar assoprado, o motorista é apenas autuado. Nos casos em que o

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resultado é maior do que a 0,3mg, o motorista é preso. O lapso temporal da detenção

não foi alterado, correndo o risco de ser preso por seis meses a três anos, ainda tem a

CNH suspensa perdendo assim o direito de dirigir por 12 meses, e pagar a multa que foi

aumentada na nova lei. Com isto, entende-se que:

A Lei 11.705, de 19 de junho de 2008, deu nova redação ao artigo 306

do Código de Trânsito Brasileiro, e desde sua vigência, para a

configuração do crime de embriaguez ao volante passou a ser

imprescindível prova pericial indicativa de que o infrator possuía

concentração de álcool por litro de sangue igual ou superior a 6 (seis)

decigramas na ocasião do evento, conforme entendimento que

terminou por prevalecer no STJ, que acolheu expressamente nosso

entendimento: REsp 1.111.566-DF, 3ª Seção, rel. Min. Marco Aurélio

Bellizze, rel. p/ o acórdão Min. Adilson Vieira Macabu, j. 28-3

2012, DJe de 4-9-2012.

O artigo 276 do CTB, que também inovou ao trazer que qualquer

quantidade de álcool no sangue ou por litro de ar nos pulmões, sujeita o condutor às

penalidades do art. 165 do CTB (multa e suspensão do direito de dirigir), senão

vejamos:

Art. 276. Qualquer concentração de álcool por litro de sangue ou por

litro de ar alveolar sujeita o condutor às penalidades previstas no art.

165. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

Parágrafo único. O CONTRAN disciplinará as margens de tolerância

quando a infração for apurada por meio de aparelho de medição,

observada a legislação metrológica. (Redação dada pela Lei nº 12.760,

de 2012)

Vale profanar que, o valor da multa aumentou consideravelmente, passaram

de R$ 957,70 (Novecentos e Cinquenta e Sete Reais e Setenta Centavos) para R$

1.915,40 (Hum Mil Novecentos e Quinze Reais e Quarenta Centavos). Sendo o infrator

reincidente, em menos de um ano, a multa dobra para R$ 3.830,80 (Três Mil Oitocentos

e Trinta Reais e Oitenta Centavos).

Art. 165. Dirigir sob a influência de álcool ou de qualquer outra

substância psicoativa que determine dependência: (Redação dada pela

lei nº 11.705, de 2008) Infração - gravíssima; (Redação dada pela Lei nº 11.705, de 2008)

Penalidade - multa (dez vezes) e suspensão do direito de dirigir por 12

(doze) meses. (Redação dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

Medida administrativa - recolhimento do documento de habilitação e

retenção do veículo, observado o disposto no § 4o do art. 270 da Lei

no 9.503, de 23 de setembro de 1997 - do Código de Trânsito

Brasileiro. (Redação dada pela Lei nº12.760,de 2012)

Parágrafo único. Aplica-se em dobro a multa prevista no caput em

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caso de reincidência no período de até 12 (doze) meses. (Redação

dada pela Lei nº 12.760, de 2012)

4. EFEITOS DA NOVA LEI SECA

A nova lei pode ser dita como de extrema rigidez, por ser das mais intolerantes.

Apenas pelo aumento considerável no valor da multa, já faria que o infrator tivesse um

pouco mais de cautela em se arriscar a ser pego em alguma operação de fiscalização.

Já não bastasse todo o procedimento administrativo, o condutor terá que

enfrentar o processo criminal levando a questão para esfera penal, mesmo que o

condutor esteja dirigindo perfeitamente, sem expor ninguém a dano potencial.

Os acidentes de trânsito não trazem apenas dor e sofrimento para a pessoa e seus

familiares, atribuem também despesas para os órgãos públicos e o Estado. O Estado

deverá dar suporte efetivo para que se cumpra a lei, sua fiscalização deverá ser intensa,

seu sistema deveria ser mais adequado para acolher o infrator, equipamentos mais

modernos para colher as provas. Enfim, é um largo prejuízo tanto para o condutor como

para o Estado, sabendo que poderia se investir em meios e medidas educativas que

visaria à diminuição dos acidentes.

Tudo começa quando o condutor é parado em alguma fiscalização da operação

Lei Seca, caso o agente de trânsito observar que o condutor está aparentando que está

sob efeito do álcool, ele já é enquadrado pelo Código de Trânsito Brasileiro em seu art.

277, § 3º, que diz que serão aplicadas as penalidades e medidas administrativas

estabelecidas no art. 165 deste Código ao condutor que se recusar a se submeter a

qualquer dos procedimentos previstos no caput deste artigo.

O artigo 165, do CTB, acusa o condutor que estiver dirigindo sob a influência do

álcool ou de qualquer outra substância psicoativa. Mas, até onde vai o limite que possa

comprovar que a pessoa não tinha capacidade nenhuma de se encontrar dirigindo, existe

a incapacidade de medir a capacidade de vigília de cada condutor após a ingestão do

álcool com base em diversos fatores como idade, sexo, composição física, etc. E se caso

a pessoa for dependente de algum medicamento que em sua bula diz que pode inibir a

capacidade de dirigir, porém não tem como generalizar, pois é preciso que seja feita um

levantamento em cada paciente. E se o cidadão não dirigia perigosamente, não cometeu

nenhuma imprudência no trânsito, dirigia na velocidade da via, respeitava os sinais de

trânsito, mas tomou um copo de cerveja e dirigia normalmente, seria preciso ele

respondesse criminalmente?

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Passando o questionamento e continuando o andamento dos efeitos da nova lei,

podemos adiantar que além de tudo o que já foi exposto, o condutor infrator tem sua

CNH (Carteira Nacional de Habilitação) suspensa por um ano, além da pontuação por

infração gravíssima, a multa que atualmente é de R$ 1.915,40 (Hum Mil Novecentos E

Quinze Reais e Quarenta Centavos) e o veículo fica detido até a apresentação de outra

pessoa em condições normais que também terá que se submeter aos exames e caso se

nega de fazer o exame é preciso que seja feita a mesma avaliação, se ele aparenta estar

apto a dirigir.

Levando para esfera penal, além de tudo o que vimos, o condutor infrator será

encaminhado para a delegacia para o registro do Boletim de Ocorrência, em que será

narrado o fato e instaurado o Inquérito Policial. Em seguida, será arbitrada uma fiança

que será estipulada pelo juiz, para que possa responder a acusação em liberdade. O

referido Inquérito Policial será enviado ao Ministério Público competente para que seja

feita a Denúncia em desfavor do infrator. Por fim, chegará uma citação para o infrator

responder a acusação no prazo de 10 (dez) dias.

Será que o Estado brasileiro está preparado para fiscalizar (de maneira correta,

respeitando os direitos individuais), autuar (sem criar verdadeiras "indústrias de

multas"), processar (de forma correta, respeitando o direito ao contraditório) e condenar

(sem aumentar ainda mais a população carcerária - que já é imensa no Brasil)?

Além do Brasil não ter celeridade em seus processos judiciais, como sabemos

dos inúmeros processos acumulados em nossos tribunais, também tem a questão

administrativa, a fiscalização e uma tolerância descabida, muito menos presídios

adequados para educar e socializar os condenados pelo crime de trânsito.

As penalidades de hoje está bastante cumulativas, se o condutor for condenado

será detido em algum presídio de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, mais a multa e caso for

reincidente a multa duplica o seu valor, terá sua carteira suspensa por 1 (um) ano ou até

a proibição de se obter a CNH. Sem contar com a ficha criminal que ficará registrada

passando assim a não ser considerado mais réu primário para qualquer efeito penal.

Quais as alternativas que o condutor pode tomar, pois estamos falando em não

punir aquele que dirige embriagado, mas em não banalizar o direito penal ao ponto de

serem aplicadas sanções exageradas para atos pequenos.

Daí, em face ao princípio nemo tenetur se detegere, os direitos inerentes à

pessoa humana, as garantias e direitos fundamentais, que estão ligados aos direitos à

liberdade de locomoção, propriedade, vida e segurança, visando proteger qualquer

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pessoa contra qualquer tipo de abuso cometido pelo Estado durante a investigação

criminal, contra violência física, moral ou psicológica, até mesmo contra ameaças que

tentem obrigar a pessoa em colaborar com o procedimento, para que seja produzidas as

devidas provas contra a pessoa, fazendo com que a pessoa aceite forçadamente a fazer

que sua liberdade seja apurada sem a sua vontade.

Uma lei exageradamente desproporcional, desequilibrada e desarrazoada que é a

nova lei seca, acaba desestimulando até mesmo a colaboração do condutor, que tendo

um mínimo de conhecimento jurídico saberá que não é obrigado a fazer nenhum tipo de

teste e deixar que tudo seja julgado pelos “sinais indicadores da embriaguez”, não existe

base para o critério quantitativo. Seria um tanto inconstitucional, pois cada pessoa reage

de um modo diferente frente ao álcool. Tudo depende da valoração do policial e, depois,

do juiz.

Salienta-se que o professor Luiz Flávio Gomes, ao estabelecer o conteúdo do

Princípio da não-incriminação, para auto defesa, ensina que ele possui várias dimensões,

como podemos ver:

“(1) direito ao silêncio, (2) direito de não colaborar com a

investigação ou a instrução criminal; (3) direito de não declarar contra

si mesmo, (4) direito de não confessar, (5) direito de declarar o

inverídico, sem prejudicar terceiros, (6) direito de não apresentar

provas que prejudique sua situação jurídica. A essas seis dimensões

temos que agregar uma sétima, que consiste no direito de não produzir

ou de não contribuir ativamente para a produção de provas contra si

mesmo. Esse genérico direito se triparte no (7) direito de não praticar

nenhum comportamento ativo que lhe comprometa, (8) direito de não

participar ativamente de procedimentos probatórios incriminatórios e

(9) direito de não ceder seu corpo (total ou parcialmente) para a

produção de prova incriminatória.” GOMES, Luiz Flávio. Princípio da

não auto-incriminação: significado, conteúdo, base jurídica e âmbito

de incidência. Disponível em http://www.lfg.com.br 26 janeiro.2010.

Este princípio vem sendo reconhecido pela jurisprudência brasileira,

especialmente o STF, HC 96.219-SP, rel. Min. Celso de Mello que sublinhou:

"A recusa em responder ao interrogatório policial e/ou judicial e a

falta de cooperação do indiciado ou do réu com as autoridades que o

investigam ou que o processam traduzem comportamentos que são

inteiramente legitimados pelo princípio constitucional que protege

qualquer pessoa contra a auto-incriminação, especialmente aquela

exposta a atos de persecução penal." "O Estado - que não tem o direito

de tratar suspeitos, indiciados ou réus como se culpados fossem (RTJ

176/805-806) - também não pode constrangê-los a produzir provas

contra si próprios (RTJ 141/512). " Aquele que sofre persecução penal

instaurada pelo Estado tem, dentre outras prerrogativas básicas, o

direito (a) de permanecer em silêncio, (b) de não ser compelido a

produzir elementos de incriminação contra si próprio nem

11

constrangido a apresentar provas que lhe comprometam a defesa e (c)

de se recusar a participar, ativa ou passivamente, de procedimentos

probatórios que lhe possam afetar a esfera jurídica, tais como a

reprodução simulada do evento delituoso e o fornecimento de padrões

gráficos ou de padrões vocais, para efeito de perícia criminal.

Precedentes. "O exercício do direito contra a auto-incriminação, além

de inteiramente oponível a qualquer autoridade ou agente do Estado,

não legitima, por efeito de sua natureza constitucional, a adoção de

medidas que afetem ou restrinjam a esfera jurídica daquele contra

quem se instaurou a "persecutio criminis." Disponível em:

http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/148329/direito-ao-silencio-seu-

significado-e-sua-dimensao-de-garantia

Portanto, leva em consideração os direitos e garantias fundamentais assegurados

na Constituição Federal, como o princípio da não-incriminação

7. NOVA LEI SECA, PERIGO ABSTRATO OU PERIGO CONCRETO?

Entendendo qual posição que deve ser levada ou distinguir se dirigindo sob

efeito de álcool, seria crime de perigo abstrato ou crime de perigo concreto,

diferenciando uma da outra. Quando se adotar alguma delas, passamos assim a dar

conseqüências jurídicas completamente diferentes para cada caso.

Conceituando crimes de dano e crimes de perigo – “crimes de dano são os que

só se consumam com a efetiva lesão do bem jurídico tutelado: homicídios, lesões

corporais, etc., crimes de perigo são os que se contentam com a probabilidade de

dano.” (Magalhães Noronha)

Para tanto, subdividem-se os crimes de perigo em crimes de perigo concreto e

crimes de perigo abstrato, diferenciando-se um do outro porque naqueles há a

necessidade da demonstração da situação de risco sofrida pelo bem jurídico penal

protegido, o que somente pode ser reconhecível por uma valoração subjetiva da

probabilidade de superveniência de um dano. Por outro lado, no crime de perigo

abstrato, há uma presunção legal do perigo, que, por isso, não precisa ser provado.

Para tanto, o crime de perigo abstrato não exige a comprovação do risco ao bem

jurídico, existe, portanto, uma mera presunção legal do perigo, que não precisa ser

provado. Já o crime de perigo concreto exige a comprovação do risco ao bem jurídico, o

tipo penal requer a exposição a perigo da vida ou saúde de outrem.

12

Acompanhando o entendimento do professor Luiz Flávio Gomes e outros, a

nova lei deve ser classificada pelo crime de perigo abstrato, de perigosidade real.

Analisando o artigo 306 do Código de Trânsito Brasileiro, alterado pela nova Lei

11.705/08, nota-se que foi adotado o perigo abstrato em seu tipo penal, pois basta que o

infrator condutor ultrapasse o limite legal definido para que se caracterize o crime, não

sendo exigido que se exponha alguém a um dano concreto ou em potencial, sendo

presumível o perigo ao bem jurídico tutelado.

Não é preciso que alguém pratique efetivamente um ilícito, p.ex., causar algum

acidente com vítimas, o simples fato de ingerir um copo de bebida alcoólica já constitui

crime de perigo abstrato porque outros bens estão em jogo. O art 306 da CTB, foi uma

opção legislativa legítima que tem como objetivo a proteção da segurança da

coletividade.

Logo, se o condutor não fizer os testes, e segundo as testemunhas, p.ex.,

visualizar que ele estava embriagado, esvaziasse as provas concretas de proporção de

limite que tenha ultrapassado, ferindo o princípio da proporcionalidade, é preciso que se

prove a quantidade mínima que a nova lei impôs, para que tenha uma pena e seja

configurado crime. Isto só se prova por meio do teste de bafômetro ou de sangue, por

meio de olhar vermelho, sonolência, comportamento estranho, etc., não quer dizer que o

condutor esteja sob influência do álcool e que ele não tenha capacidade de dirigir.

Os crimes de perigo abstrato têm sido largamente utilizados pelo legislador nos

últimos tempos, não apenas nos crimes de trânsito, mas também na área ambiental,

crimes financeiros, dentre outros. Justamente por esta ampliação legislativa dos crimes

de perigo abstrato que a doutrina tem dedicado mais tempo ao estudo desta técnica de

tipificação.

O que caracteriza a sociedade contemporânea não é o maior "risco" existente,

mas, a ampliação da "sensação de risco". Os perigos que afligem a sociedade atual não

são maiores do que aqueles que afetavam o cotidiano de nossos avós ou das gerações

anteriores - talvez sejam até menores. Mas a "vivência" destes riscos é mais presente.

Seja pelas incertezas científicas sobre as técnicas e produtos que nos são ofertados

diariamente, seja pela intensa cobertura feita pela mídia sobre acidentes e catástrofes, há

uma sensação de insegurança maior, há um sentimento de proximidade do risco.

Essa insegurança geral cria um discurso pela antecipação da tutela penal. A

sociedade não admite mais aguardar a ocorrência de um resultado lesivo para aplicar

uma pena. Há uma política de proibir comportamentos perigosos, mesmo que não

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causem resultado algum, como consequência desse clamor por maior segurança, maior

tranquilidade, frente à nova sensação de riscos.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabemos que o Brasil é um dos países que mais mata no trânsito e com isto

precisamos fazer algo para que seja diminuído esse índice tão preocupante. Porém é

preciso que se atente bem aos direitos e garantias assegurada a pessoa humana.

Uma pessoa que consume pouca quantidade de álcool e vai dirigir um

veículo, está sendo tratada como um criminoso. Sou a favor da sanção, porém contra o

exagero na sua aplicação. Responder criminalmente pelo simples fato de ter ingerido,

até mesmo involuntariamente, uma quantidade de álcool é fugir da finalidade da

aplicação da lei penal, enquanto ultima ratio.

Existem princípios como o da não auto-incriminação, da proporcionalidade,

da inocência, entre tantos, que fortalecem o condutor a não temer pela nova lei que seus

direitos estão assegurados pela Carta Magna.

Não me atrevo a ditar as soluções acerca de um problema tão complexo e

que se verifica estar aumentando mesmo com a edição de leis mais duras. Entendo

humildemente que a redução de acidentes passa por um conjunto de medidas, melhor,

uma política pública verdadeiramente voltada para a diminuição e a prevenção de

acidentes. Assim, a fiscalização é o meio muito importante para que os números de

acidentes sejam diminuídos e não apenas proibir totalmente o consumo de bebidas

alcoólicas.

Vale questionar que, muito se diz que o álcool é causa de muitos acidentes.

Também andaram a dizer que a nova lei mais rigorosa contribuiu para diminuir o

número de acidentes. Tenho que observar que com a nova lei a fiscalização aumentou

substancialmente. Assim eu gostaria que fosse feito um estudo para argumentar se o que

fez diminuir o número de acidentes foi o rigor da nova lei ou se foi o aumento da

fiscalização o responsável. É muito fácil defender o rigor da nova lei valendo-se de

estatística que também foi construída com o aumento do número de blitz.

Será que essa tolerância e esse rigorismo todo reflete a realidade da nossa

sociedade. Não adianta punir e/ou oprimir 99% da população que é pega com baixo teor

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de álcool no organismo, se quem provoca acidentes estaria sempre com elevado teor

alcoólico no sangue. Quando se pretende editar uma lei que interfere no dia a dia da

população, até mesmo que tipifica um determinado ato como crime, deve-se ter a

certeza de estar coibindo exatamente o ato que provoca determinada consequência que

se pretende evitar.

Analisando o perigo abstrato que se trata no art 306 do CTB, com a nova

redação dada, fica imprescindível agora que se comprove em juízo a alteração a

alteração psicomotora do agente como a influência da substância psicoativa na forma de

conduzir o veículo.

Logo, se aumentar o rigor fosse a solução pra tudo, não deveriam existir

mais homicídios nos países onde existem pena de morte.

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PROHIBITION AND ITS EFFECTS

ABSTRACT

Know that it is illegal to drive vehicle on the effect of alcohol, becoming a criminal.

However, the driver does not need to undergo any examination body, ensuring the

constitutional right not to produce evidence against himself. It happens that the law was

changed, becoming more rigid, and expanding the evidence against the offending driver.

The new Prohibition (Law No. 12.760/2012). We will study the effects of the law, their

means of evidence that eventually confronting principles and constitutional guarantees.

In this sense, the new law becomes more stringent and we thus distinguish whether it is

abstract danger or real danger.

Keywords: The New Prohibition. Crime. Evidence. Principles and Guarantees. Abstract

danger. Danger Concrete.

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