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FICHA PARA CATÁLOGO

PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

Bullying na Formação Continuada de Professores de 5ª séries.

Autor Maria Elisabete dos Anjos Romanini

Escola de Atuação Colégio Estadual Costa Viana. - EFMP

Município da escola São José dos Pinhais - PR

Núcleo Regional de Educação NRE – Área Metropolitana Sul

Orientador Profª. Drª. Tânia Stoltz

Instituição de Ensino Superior Universidade Federal do Paraná – UFPR

Disciplina/Área (entrada no PDE) Pedagogia

Produção Didático-pedagógica Caderno Temático

Público Alvo Educadores das 5ª séries do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Costa

Viana – EF EM EP

Localização Colégio Estadual Costa Viana

Rua Paulino Siqueira Cortes, 2685 São José dos Pinhais - PR

Apresentação: A escola tem como papel fundamental a conscientização do homem para o

exercício da cidadania e qualificação profissional e sua relação com a

sociedade vem sendo alvo de transformação contínua Educar não se resume

apenas num processo profissional, mas deve trilhar caminhos que levem o

educando a pensar sozinho e a impulsioná-lo ao desejo de reconstruir seus

próprios conceitos, se auto-afirmando dentro da sociedade que está inserido.

Partindo desse pressuposto, a formação inicial de professores vem

assumindo posição de destaque nas discussões relativas à educação, junto a

esta; a formação continuada aparece associada ao processo de melhoria das

práticas pedagógicas desenvolvidas pelos educadores em sua rotina de

trabalho. Cabe a este estudo aprofundar-se na dinâmica social dos

professores e alunos, para garantir melhores resultados no processo de

ensino-aprendizagem através da estimulação da formação continuada em

professores, com temas atuais como o bullying nas escolas numa perspectiva

histórico-cultural. O bullying está acontecendo nas escolas e suas

conseqüências podem ser traumatizantes se não olharmos com atenção e

prevenção para este problema. Tendo em vista que, emocionalmente,

doamos aquilo que recebemos, faz-se necessário um olhar aprofundado

sobre a relação professor-aluno em processo de aprendizagem, além da

função social que a escola deve cumprir.

Palavras-chave bullying; formação continuada; aprendizagem.

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SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DO PARANÁ

SUPERINTENDENCIA DE EDUCAÇÃO

DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS

PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

UFPR – UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

MARIA ELISABETE DOS ANJOS ROMANINI

BULLYING NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE 5ª

SÉRIES

Curitiba

2011

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MARIA ELISABETE DOS ANJOS ROMANINI

BULLYING NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DE 5ª

SÉRIES.

Caderno Temático apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE da Universidade Federal do Paraná – Curitiba - UFPR

Profª. Drª. Tania Stoltz

Curitiba

2011

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SUMÁRIO

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO .......................................................................... iv

INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1

UNIDADE I

A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA. .................................................................. 3

1.1 A APRENDIZAGEM .................................................................................... 4

1.2 O DESENVOLVIMENTO HUMANO ............................................................. 7

1.3 A RELAÇÃO PROFESSOR-ALUNO .......................................................... 11

UNIDADE II

INDISCIPLINA E VIOLÊNCIA NA ESCOLA. .................................................. 13

2.1 O BULLYING ............................................................................................. 14

UNIDADE III

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES ........................................ 21

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 23

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 25

ANEXOS ......................................................................................................... 28

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DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Maria Elisabete dos Anjos Romanini.

Área PDE: Pedagogia.

NRE: AMSUL.

Escola de Implementação: Colégio Estadual Costa Viana de São José dos

Pinhais. Público objeto da intervenção: Educadores das 5ª séries do Ensino

Fundamental Colégio Estadual Costa Viana de São José dos Pinhais.

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INTRODUÇÃO

A intenção de discutir alguns temas entre os professores das diferentes

disciplinas, a respeito da Função Social da Escola, veio ao encontro da necessidade

de promover na escola um diálogo entre os professores e seus pares, pois a

indisciplina e a violência estavam incomodando, durante a escolha do tema.

Como forma de colaborar com meus colegas, tornou-se mais interessante

abordar esse assunto, pois esse fenômeno pode ameaçar a todos da mesma forma.

Tendo vivenciado essa situação, mesmo sem ter consciência disso em tempos

anteriores, estudar o Bullying na Formação Continuada dos Professores, poderá ser

uma forma de investir em relações mais saudáveis que permitam o desenvolvimento

da civilidade.

Educar não se resume apenas num processo profissional, mas deve trilhar

caminhos que leve o educando a pensar sozinho e impulsioná-lo ao desejo de

reconstruir seus próprios conceitos, se auto-afirmando dentro da sociedade que está

inserido.

A escola tem como papel fundamental a conscientização do homem para o

exercício da cidadania e qualificação profissional. No entanto a violência que existe

em nossa sociedade pode distorcer essa imagem.

Uma das formas mais visíveis da violência é a chamada violência juvenil, assim

denominada por ser cometida por pessoas com idades entre 10 e 21 anos. O

comportamento violento, que causa tanta preocupação e temor, resulta da interação

entre o desenvolvimento individual e os contextos sociais, como a família, a escola e

a comunidade. E infelizmente, o modelo do mundo exterior é reproduzido nas

escolas, fazendo com que essas instituições deixem de ser ambientes seguros,

modulados pela disciplina, amizade e cooperação, e se transformem em espaços

onde há violência, sofrimento e medo. Entende-se aqui o bullying como significado

de ameaçar, tiranizar, intimidar, oprimir e maltratar.

A relação entre escola e sociedade vem sendo alvo de transformação contínua,

que influencia os modelos vigentes. O desenvolvimento da escola guarda estreita

relação com o desenvolvimento da sociedade, e vice-versa. É através do

conhecimento, do domínio da ciência e do desenvolvimento tecnológico que o

homem adquire meios para compreender e transformar sua realidade.

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Partindo desse pressuposto, a formação inicial de professores vem assumindo

posição de destaque nas discussões relativas a educação e junto a esta, a formação

continuada aparece associada ao processo de melhoria das práticas pedagógicas

desenvolvidas pelos educadores em sua rotina de trabalho. Sendo assim, cabe a

este estudo aprofundar na dinâmica social dos professores e alunos e apontar como

garantir melhores resultados no processo de ensino-aprendizagem através da

estimulação da formação continuada em professores, abrangendo temas atuais

como o bullying nas escolas. Tendo em vista que, emocionalmente doamos aquilo

que recebemos, faz-se necessário um olhar aprofundado sobre a relação professor-

aluno em processo de aprendizagem, além, da função social que a escola deve

cumprir.

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UNIDADE I

A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA

Ao argumentar sobre educação também se fala da função social da escola, com

seus membros que devem ser toda a comunidade escolar em sua missão

transformadora. No entanto, percebe-se que a instituição de ensino ainda caminha a

passos lentos para a efetivação das mudanças sociais a que se propõe.

A sociedade tem avançado em vários aspectos, e mais do que nunca é

imprescindível que a escola acompanhe essas evoluções, que ela esteja conectada

a essas transformações. A escola é uma instituição social com objetivo de promover

o desenvolvimento das potencialidades dos alunos, por meio da aprendizagem dos

conteúdos (conhecimentos, habilidades, procedimentos, atitudes e valores), que

deve acontecer de maneira contextualizada desenvolvendo nos alunos a capacidade

de tornarem-se cidadãos. Um dos desafios da escola é favorecer o aprendizado

através de descobertas prazerosas e funcionais.

Para LIBÂNEO (2005), se a escola visa explicitamente à socialização do sujeito

é necessário que se adote uma prática docente lúdica, uma vez que precisa estar

em sintonia com o mundo. Deve oferecer situações que favoreçam o aprendizado,

onde haja sede em aprender e também razão, lembrando da importância desse

aprendizado no futuro do aluno.

Devemos inferir, portanto, que a educação de qualidade é aquela mediante a qual a escola promove para todos os domínios dos conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades cognitivas e afetivas indispensáveis ao atendimento de necessidades individuais e sociais dos alunos. (LIBÂNEO, 2005 p. 117).

Ainda para o autor, a prática social considerada na perspectiva do pensamento

dialético é muito mais ampla do que a prática social de um conteúdo específico, pois

se refere a uma totalidade que abarca o modo com que os homens se organizam

para produzir suas vidas, expresso nas instituições sociais do trabalho.

Para muitos educadores a escola proporciona aos indivíduos o trabalho em

equipe, a comunicação interpessoal e o bom relacionamento enfocando a amizade,

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mas com essa onda de bullying nas escolas fica difícil até mesmo de se cumprir sua

função social, principalmente em formar cidadãos, pois para muitos alunos a escola

passou a ser um lugar apenas de aprendizado teórico, e infelizmente somando

comportamentos de futilidade, agressividade e rejeição pela instituição e

professores. O desrespeito fica ainda mais evidente quando se percebe a ausência

dos pais em relação a essa violência.

Considerando a temática da realidade escolar, se faz necessário através da

história, buscar no passado reflexões de que a escola passou por mudanças

significativas, assim como a sociedade, onde poucos tinham acesso aos estudos, o

que era privilégio para as camadas sociais elitizadas. Esse fato se aplicava mais aos

homens, porque as mulheres não usufruíam desse benefício e nem as camadas

populares de baixa renda, gozavam de tal privilégio. O fato de hoje termos uma

participação significativa das camadas populares, no acesso à escola e ao

conhecimento, há necessidade de que a educação seja um elemento de grande

valia, pois é principalmente através da escola que se concretiza a socialização de

saber elaborado.

1.1 A aprendizagem

De acordo com HAMZE (2010), a aprendizagem é um processo de mudança de

comportamento obtido através da experiência construída por fatores emocionais,

neurológicos e ambientais. Aprender é o resultado da interação entre estruturas

mentais e o meio ambiente. Com a nova ênfase educacional, centrada na

aprendizagem, o professor é co-autor do processo de aprendizagem dos alunos.

Nesse enfoque centrado na aprendizagem, o conhecimento é construído e

reconstruído continuamente.

BOCK (2002) ressalta que para Vygotsky, a história da sociedade e o

desenvolvimento do homem estão totalmente ligados, de forma que não seria

possível separá-los. Desde que nascem as crianças têm constante interação com os

adultos, e é através deste contato com os adultos que os processos psicológicos

mais complexos vão tomando forma.

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Para VYGOTSKY (1987), a aprendizagem sempre inclui relações entre pessoas.

Ele defende a idéia de que não há um desenvolvimento pronto e previsto dentro de

nós que vai se atualizando conforme o tempo passa. O desenvolvimento é pensado

como um processo, onde está presente a maturação do organismo, o contato com a

cultura produzida pela humanidade e as relações sociais que permitem a

aprendizagem. Assim, todo e qualquer processo de aprendizagem é ensino-

aprendizagem, incluindo aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre

eles.

A aprendizagem é um fenômeno complexo, envolvendo aspectos cognitivos,

emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. É resultante do desenvolvimento de

aptidões e conhecimentos, bem como da transferência destes para novas situações

(VASCONCELOS, 2009).

O ato de aprender é conceituado por vários educadores como o objetivo final da

assimilação de algo intimamente ligado ao indivíduo que se propõe a estar

aprendendo (CUNHA, 2002).

Os objetivos da aprendizagem vão bem além do ato de aprender, significa a

ligação direta entre o processo de transformação pessoal ao objetivo final de cada

indivíduo.

A capacidade de aprender está presente em todos os indivíduos sendo que para

alguns ocorre uma relativa dificuldade de assimilação e manutenção de seu

conhecimento, ligando o processo de absorção daquilo que se quer aprender a

fatores muito mais relevantes do que o simples fato de necessitar fixar aquilo que é

ensinado.

A aprendizagem está envolvida em múltiplos fatores, que se implicam

mutuamente e que embora possamos analisá-los separadamente, fazem parte de

um todo que depende de uma série de condições internas e externas ao sujeito.

Mas para a Psicologia, o conceito de aprendizagem não é tão simples assim. “Há

diversas possibilidades de aprendizagem, ou seja, há diversos fatores que nos

levam a aprender um comportamento que anteriormente não apresentávamos; um

crescimento físico, descobertas, tentativas e erros, etc” (BOCK, 1999, p. 114).

Para Vygotsky, a aprendizagem sempre inclui relações entre as pessoas e não

há um desenvolvimento pronto e previsto dentro de nós que vai se atualizando

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conforme o tempo passa ou recebemos influência externa. “A relação do individuo

com o mundo está sempre medida pelo outro. Não há como aprender se não

tivermos o outro, aquele que nos fornece os significados que permitem pensar o

mundo a nossa volta”. (BOCK, 1999, p. 124). Com isso entende-se que o

desenvolvimento do individuo é um processo que se dá de fora para dentro, e que o

meio influencia o processo de ensino-aprendizagem.

A família é o primeiro contexto de socialização de uma pessoa, contudo, os

traços que caracterizam a criança e o jovem ao longo de seu desenvolvimento não

dependerão exclusivamente das experiências vivenciadas no interior da família, mas

das inúmeras aprendizagens do indivíduo, em diferentes contextos socializados, tais

como: instituições sociais, meios de comunicação e práticas sociais, escolas, entre

outros instrumentos de mediação.

Para GODOY (2006), o ato tido como disciplinado ou indisciplinado resulta das

considerações do todo do contexto social e cultural, no qual os alunos estão

inseridos e por meio dos quais constroem suas relações e como aprendem.

A sociedade e o indivíduo são vistos como sistemas complexos e dinâmicos,

submetidos os ininterruptos e recíprocos processos de desenvolvimento e

transformação. Todavia, falar em desenvolvimento humano é falar em seu contexto

cultural.

Nesta perspectiva, a indisciplina escolar resulta de um processo compartilhado

com pessoas e outros elementos da cultura nas quais os sujeitos estão inseridos. O

comportamento indisciplinado dependerá de experiências e de relações com o grupo

social e a época histórica. (GODOY, 2006).

Pode-se afirmar que a aprendizagem acontece por um processo cognitivo

relacionado a afetividade, relação e motivação. Assim, para aprender é

imprescindível poder fazê-lo, o que faz referência às capacidades, aos

conhecimentos, às estratégias e às destrezas necessárias, para isso é necessário

querer fazê-lo, ter a disposição, a intenção e a motivação suficientes.

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1.2 O desenvolvimento humano

O ser humano e seu desenvolvimento estão em contínua evolução, que nem

sempre é linear, pois se dão em diversos campos da existência, como o afetivo,

cognitivo, motor e social. Esta evolução também não é determinada apenas por

processos genéticos e biológicos, mas também e principalmente pelo meio. O

contexto cultural é o palco das principais transformações e evoluções do ser

humano.

Para VYGOTSKY (1996) a aquisição de conhecimentos se faz pela interação do

sujeito com o meio. O sujeito é interativo, pois adquire conhecimentos a partir de

relações inter e intrapessoais e, basicamente, a partir de um processo denominado

mediação.

Toda escola é influenciada por mudanças sociais, por isso mesmo que

lentamente ela se modifica com as mudanças históricas, políticas, econômicas e

tecnológicas. É preciso pensá-la no contexto da contemporaneidade, marcada por

transformações institucionais e que se refletem na subjetividade humana. A escola

pode ser vista como imprescindível para o atendimento das demandas de formação

intelectual e transmissão formal do saber e da cultura.

Sabe-se que o desenvolvimento cognitivo, emocional e afetivo do ser humano

não é apenas uma tarefa da família, mas de todas as instituições envolvidas no

processo interativo de socialização que o ser humano passa. Atualmente as escolas

protagonizam a formação de um indivíduo crítico, lida com valores e almeja levar

esse individuo a exercer sua cidadania e estar atento à complexidade do mundo

contemporâneo.

O principal objetivo da educação é criar pessoas com senso crítico, capazes de

fazer algo novo, e não repetir o modelo das gerações anteriores que por

conseqüência de suas atitudes. involuntárias, promoveram a injustiça social.

VYGOTSKY (1996) acredita que as características e atitudes das pessoas estão

impregnadas de trocas com o coletivo, ou seja, mesmo o que tomamos por mais

individual de um ser humano foi construído a partir de sua relação com outro

indivíduo. O desenvolvimento mental é promovido pela convivência social, pelo

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processo de socialização, além das maturações orgânicas. Assim, entende-se que

segundo ele, não é suficiente ter todo o aparato biológico da espécie para realizar

uma tarefa, se o indivíduo não participa de ambientes e práticas específicas que

propiciem esta aprendizagem.

Para CHAVES (2000), a subjetividade humana é constituída a partir da atividade

do indivíduo, agente e auto-construtor de si mesmo e se dá no contexto cultural de

relações sociais nas quais está inserido, mas que estas relações produzidas pelos

indivíduos dependem de práticas histórico-culturais desenvolvidas pela sociedade.

Assim a pessoa nasce em uma sociedade, na qual relações sociais fundamentadas

em uma cultura, historicamente construídas pelo homem, a envolvem e influenciam

sobre as suas formas de pensar, de sentir e de agir.

Contudo, a sua atividade individual, no âmbito dessa sociedade, faz com que se

aproprie, reformule e reconstrua compreensões de fenômenos presentes na cultura.

Ou seja, o ser humano constrói a sua subjetividade que é influenciada pelas práticas

culturais, as quais ele mesmo mantém, transforma ou elimina. O espaço vital de todo

indivíduo é a vida cotidiana, na qual desde o nascimento o indivíduo precisa

apropriar-se de normas e regras que encontra no contexto cultural em que nasce.

A construção social do indivíduo, de acordo com Vygotsky (1984), Leontiev

(1978) e Heller (1985) in CHAVES (2000), requer a apropriação e a transformação

do ambiente cultural, processos que interessam especificamente à Antropologia. Ao

dizer que o processo de subjetivação individual ocorre em um ambiente cultural

circunscrito, produzido pelas relações sociais dos indivíduos com a sociedade,

reconhece-se a intercomplementariedade dos conhecimentos da Sociologia,

Antropologia e Psicologia. Dessa forma os processos individuais de subjetivação

ocorrem em contextos culturais definidos, os quais são influenciados e influenciam o

desenvolvimento, a apropriação e a transformação de práticas produzidas nas

relações sociais.

De acordo com OLIVEIRA & STOLTZ (2010), desde o princípio da vida, o

desenvolvimento humano dá-se pela interação com o meio. Desde o nascimento a

sobrevivência da criança depende completamente das pessoas que a cercam. A

interpretação dos movimentos e expressões emotivas da criança permite ao adulto

satisfazer as necessidades físicas e afetivas da criança. E, durante o

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desenvolvimento, em contato e em trocas com o mundo, com pessoas e objetos, a

criança recebe uma gama de estímulos que propulsionam seu desenvolvimento

físico, emocional e cognitivo.

VYGOTSKY (1989) salienta que pela interação social, a criança tem acesso aos

modos de pensar e agir correntes em seu meio. A cultura compartilha as formas de

raciocínio, as diferentes linguagens, tradições, costumes e emoções. A utilização de

instrumentos é uma característica essencialmente humana que possibilita maior

domínio do meio e o desenvolvimento de habilidades específicas para utilizá-lo. Os

signos elaborados pela cultura servem como instrumentos intelectuais que exigem

do homem e lhe possibilitam uma diferenciação do pensamento em relação aos

animais. Um dos pontos cruciais do desenvolvimento humano, que altera o curso de

seu pensamento, é a conquista da fala.

Ainda para Vygotsky, de início, quando a criança profere sons e sílabas sem

significado, a fala tem uma função afetivo-conativa e a inteligência é de tipo prático.

Embora pensamento e fala tenham caminhos de desenvolvimento parcialmente

diferentes, em determinado momento seus percursos se encontram mais

efetivamente, o que permite a construção do pensamento verbalizado e da fala

intelectual. A linguagem possibilita uma forma de pensamento qualitativamente

muito superior àquele anterior na criança. As emoções, como o pensamento, podem

evoluir de um nível inferior para outro superior, mais complexo, transformando-se em

sentimentos de acordo com a valorização das mesmas na sociedade.

O desenvolvimento de formas superiores de pensamento ou de comportamento

é possível, portanto, no processo de internalização da cultura. (OLIVEIRA &

STOLTZ 2010). Os signos, significados, sentimentos, instrumentos são

compartilhados pelos sujeitos e transmitidos através das gerações.

Ainda para as autoras, reconhecer a total impregnação social da nossa

experiência não inferioriza a importância do homem em si. Dentre os contextos que

têm papel central na aprendizagem e desenvolvimento humano está o escolar. É na

escola que os sujeitos têm acesso aos fundamentos científicos do conhecimento.

Assim a função primordial do professor é organizar o meio de modo a provocar o

interesse da criança e levá-la a agir para aprender, pois é a atividade do sujeito

sobre o mundo que lhe permite apropriar-se do conhecimento e da cultura.

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Vygotsky (1984), propôs um aspecto essencial do aprendizado que é o fato de

ele criar a zona de desenvolvimento proximal; ou seja, o aprendizado desperta

vários processos internos de desenvolvimento, que são capazes de operar apenas

quando a criança interage com pessoas em seu ambiente e quando em cooperação

com seus companheiros. Uma vez internalizados, esses processos tornam-se parte

das aquisições do desenvolvimento independente da criança. Assim, o aprendizado

é um aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções

psicológicas culturalmente organizadas e especificamente humanas.

Há distinções entre os níveis de desenvolvimento real e potencial ou proximal. O

primeiro pode ser determinado pela capacidade do indivíduo em realizar, com

autonomia, determinada atividade, é o patamar de desenvolvimento em que ele se

encontra cujas funções encontram-se amadurecidas. Quando a criança consegue

realizar uma atividade com a ajuda de um adulto ou de um colega, mas ainda não

consegue fazer sozinha, observa-se o nível de desenvolvimento potencial. A zona

de desenvolvimento proximal (ZDP) representa a diferença entre os dois níveis e

revela as funções não amadurecidas, mas que, nas palavras de Vygotsky, estão em

estágio embrionário (OLIVEIRA & STOLTZ, 2010). Essa é a área de atuação do

professor. A aprendizagem age na ZDP e impulsiona o desenvolvimento da criança.

Uma vez que esta atinja novas capacidades via aprendizagem, cria-se uma nova

ZDP, superior à anterior. Aprendizagem e desenvolvimento não coincidem

exatamente, mas ambos estão relacionados, já que são processos justapostos, por

isso interdependente.

Assim, as ações do meio sobre a criança e a sua maturidade se completam,

enquanto processo dialético, para que ela sinta, perceba e compreenda a realidade.

O meio, de acordo com Vygotsky (1984), não é sempre igual, nem sequer para a

mesma criança porque esta se modifica e, ainda que vivencie o mesmo lugar, as

mesmas pessoas, a mesma cultura, ela os experimenta diferentemente em cada

momento de seu desenvolvimento. Assim, o meio se transforma segundo o processo

de desenvolvimento da criança. Meio e indivíduo, em constante interação,

modificam-se mutuamente.

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1.3 A relação professor-aluno

Para VYGOTSKY (1987), a relação educador-educando não deve ser uma

relação de imposição, mas sim, uma relação de cooperação, de respeito e de

crescimento. O aluno deve ser considerado como um sujeito interativo e ativo no seu

processo de construção de conhecimento. Assumindo o educador um papel

fundamental nesse processo, como um indivíduo mais experiente. Por essa razão

cabe ao professor considerar também, o que o aluno já sabe, sua bagagem cultural

e intelectual, para a construção da aprendizagem.

As relações humanas são peças fundamentais na realização comportamental e

profissional de uma pessoa. A análise dos relacionamentos entre professor e aluno

envolve interesses e intenções, sendo esta interação o expoente das

conseqüências, pois a educação é uma das fontes mais importantes do

desenvolvimento comportamental e agregação de valores nos membros da espécie

humana. (SILVA, 2005).

Segundo GADOTTI (2005), o educador para por em prática o diálogo, não

deve colocar-se na posição de detentor do saber, na posição de quem sabe tudo,

reconhecendo que mesmo um analfabeto é portador do conhecimento mais

importante: o da vida. Assim, o aprender se torna interessante quando o aluno se

sente competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O

professor não deve preocupar-se somente com o conhecimento através da absorção

de informações, mas também pelo processo de construção da cidadania do aluno. O

modo de agir do professor em sala de aula pode refletir em valores e padrões da

sociedade.

...o bom professor é o que consegue, enquanto

fala trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma „cantiga de ninar‟. Seus alunos cansam não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. (FREIRE, 1996 p. 96).

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Logo, a relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima

estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua

capacidade de ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da

criação das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Mas vale lembrar que o

professor também é um ser humano repleto de emoções e que também necessita de

atenção.

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UNIDADE II

INDISCIPLINA E VIOLÊNCIA NA ESCOLA

Uma das muitas situações encontradas na escola, através de atendimentos da

equipe pedagógica quase que diariamente, relatadas por alunos, do que acontece

em sala de aula, de que as regras são estabelecidas, muitas vezes de modo

arbitrário, método comum utilizado por alguns professores, com ameaças e

punições, que pode levar os vários tipos de reações; uns alunos aceitam, como se

estivessem sendo adestrados, mas outros se rebelam, com indisciplina que pode

gerar violência, onde desrespeitam as regras e são encaminhados para os

pedagogos que já vêem esses fatos como rotinas.

De acordo com GODOY (2006) vivemos dias de incerteza no plano das relações

interpessoais; incertezas quanto às regras e ditames que regem essas relações;

quer nos espaços macrossociais, quer nos espaços microssociais. Dias de

assombro diante das forças agressivas do homem, o qual em nome de quaisquer

princípios arbitrários, em defesa de interesses particulares, instaura suas regras.

Somos bombardeados por cenas de violência que refletem o nível de incivilidade e

de confrontos justificados para salvaguardar o poder, não importando de onde ele

vem e em nome de quem ele se impõe.

Nesse sentido, entende-se a indisciplina escolar como um tema imprescindível

aos professores, aos pais e a todos de alguma forma envolvidos com o

desenvolvimento da criança.

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Esta pode revelar-se como fator de crescimento para professores, alunos e pais.

Falar sobre (in)disciplina implica refletir sobre as questões de autonomia, de

independência, de interdependência e de controle social presentes em todas as

culturas.

Tais questões estão na base de como é entendido o processo que leva à

passagem do indivíduo à sociedade e da natureza à cultura. Ou seja, é nas relações

construídas no cotidiano dos espaços institucionais sociais que se galga a lenta e

conflituosa passagem para o desenvolvimento de um ser autônomo, em espaços

potenciais para criar e viver sua condição social e histórica. Ainda para o autor, a

questão da indisciplina no cotidiano escolar leva à reflexão sobre sua concepção do

desenvolvimento da moralidade.

LIBÓRIO & FRANCISCO (2009) em seus estudos apontam que a violência

escolar nas últimas décadas adquiriu crescente dimensão. O que a torna questão

preocupante é a grande incidência de sua manifestação em todos os níveis de

escolaridade. Uma forma de violência que vem ganhando destaque por meio dos

estudos acadêmicos é o bullying, especialmente em alguns países. Tal violência

ocorre através da perseguição e intimidação de um aluno por um ou vários colegas,

com a intenção clara de provocar-lhe sofrimentos e apresenta caráter repetitivo e

intencional. O autor acredita que programas de prevenção da violência escolar

devam dirigir-se mais aos grupos (escolas e turmas), do que aos indivíduos

especificamente, e que o fato de se manifestar sob diferentes formas, sugere que as

estratégias de intervenção ou prevenção deverão levar em conta o tipo de bullying

que se pretenda prevenir ou erradicar.

2.1 O bullying

De acordo com FUZARI (2002), discutir a formação dos profissionais da

educação escolar coloca a realidade no contexto mais amplo da democratização do

ensino e da própria sociedade brasileira. Isto significa assumir a formação do

educador em serviço, como um meio e não como um fim em si. Educadores

competentes necessitam de condições mínimas de trabalho, como salário e

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formação, principalmente em tempos atuais onde se requer muita habilidade para se

trabalhar com assuntos pertinentes e de impacto, como é o caso do bullying.

De acordo com MIRANDA (2011), bullying é uma expressão que tem origem

inglesa e que significa valentão, brigão. Como verbo quer dizer amedrontar,

intimidar, ameaçar, oprimir e maltratar. As formas de bullying podem ser verbais,

físicas, psicológicas, materiais, sexuais e virtuais (ciberbullying).

De acordo com PALACIOS (2006), o bullying pode acontecer em qualquer

contexto no qual os seres humanos interajam, incluindo escolas e universidades,

geralmente em áreas com supervisão adulta mínima ou inexistente, dentro ou fora

do prédio escolar. O bullying nas escolas (ou em outras instituições superiores de

ensino) pode também assumir, por exemplo, a forma de avaliações abaixo da média,

não retorno das tarefas escolares, segregação de estudantes competentes por

professores incompetentes ou não-atuantes, para proteger a reputação de uma

instituição de ensino. Isto é feito para que seus programas e códigos internos de

conduta nunca sejam questionados, e que os pais (que geralmente pagam as taxas),

sejam levados a acreditar que seus filhos são incapazes de lidar com o curso.

LIBÓRIO & FRANCISCO (2009) afirmam que os maus tratos vistos em casos de

bullying se distinguem de outras formas de agressão por seu caráter repetitivo ou

sistemático, pela intenção de causar danos ou prejudicar alguém, sendo

habitualmente percebido como mais fraco ou está em uma posição fragilizada e

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dificilmente pode se defender. A recorrência, a intencionalidade e a assimetria

caracterizam as situações de agressão como abuso de poder, no entanto, também

pode acrescentar-se que estes comportamentos e atitudes não são

necessariamente provocados pelas vítimas. Assim, no contexto escolar o bullying

não pode ser visto apenas como um mero problema estudantil, mas como um

fenômeno no qual a relação entre professores e alunos deve ser considerada.

Conforme Fante (2003, 2005) e Lopes Neto (2005) in LIBÓRIO & FRANCISCO

(2009) os praticantes do bullying são conhecidos como autores agressores. As

pessoas vitimizadas, geralmente sofrem as conseqüências do bullying e, na maioria

das vezes são descritas como pouco sociáveis, inseguras, possuindo baixa auto-

estima, quietas e que não reagem efetivamente aos atos de agressividade sofridos.

As testemunhas não participam diretamente em atos de bullying, se calando, por

receio de tornarem-se as próximas vítimas.

Desta forma, os causadores e as vítimas de bullying precisam de ajuda. Por um

lado, as vítimas sofrem uma deterioração da sua auto-estima, e do conceito que tem

de si, por outro, os agressores também precisam de auxílio, visto que sofrem grave

deterioração de sua escala de valores e, portanto, de seu desenvolvimento afetivo e

moral (LIBÓRIO & FRANCISCO, 2009).

Para DEL BARRIO (2006), o abuso das relações de poder entre os alunos

começou a sair da obscuridade dos estudos pioneiros de Dan Olweus na

Escandinávia há quase 30 anos. Começou a ter relevância em estudos em outros

países europeus, junto com Austrália e Japão, mas ainda há muito que se pensar

em prevenção como prioridade em prática diária em muitas escolas e lugares.

Desde que o conceito foi ampliado para incluir novos exemplos dessa relação

perversa, sua definição se tornou mais abrangente e geral, levando-nos a entender o

bullying como um processo pelo qual uma pessoa ou mais que exercem um dano

físico ou psicológico para outra pessoa ou mais, geralmente de modo repetido e

vantajoso, fazendo com que a vítima se sinta impotente contra seu agressor. (DEL

BARRIO, 2006).

O bullying pode ser praticado entre alunos e/ou de um professor para um aluno,

como intimidar o aluno em voz alta rebaixando-o perante a classe e ofendendo sua

auto-estima. Uma forma mais cruel e severa é manipular a classe contra um único

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aluno, expondo-o à humilhação. Também se percebe o bullying de professor com

aluno, quando o mesmo o persegue por notas baixas, quando o ameaça de

reprovação, quando lhe nega o direito de ir ao banheiro, beber água, etc, quando

difama o aluno e por torturas físicas como puxões de orelha, tapas e cascudos.

Entre alunos o bullying acontece quando se colocam apelidos, ofendem, zoam de

algum, quando humilham, discriminam, excluem, empurram e ferem.

Comportamentos como roubar, tiranizar, chutar, assediar, isolar e quebrar pertences

também sao indícios de bullying. Por outro lado, também é visivel o bullying nos

trotes violentos entre universitários. (PALACIOS, 2006).

Para DEL BARRIO (2006), a conseqüência mais imediata do abuso é o medo.

61% das vitimas de abuso de poder têm medo de ir à escola, além de apresentarem

quadro de baixa auto-estima, sintomas de depressão, ansiedade e solidão, além de

problemas psicossomáticos e apropria rejeição ao ir para a escola.

O bullying ocorre quando um ou mais alunos elegem uma vítima para “bode

expiatório” do grupo e contra ela exercem repetitivamente atitudes agressivas,

contra as quais a vítima não consegue se defender.

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É importante saber que essa violência sempre existiu nas escolas, embora só

tenha sido iniciado seu estudo científico na década de 1970 na Europa. O tema

chegou ao Brasil no fim dos anos de 1990 e início de 2000 e hoje pode-se dizer que

ele acontece em quase todas as escola publicas e privadas. (LIBÓRIO &

FRANCISCO, 2009).

O bullying pode ser sexual (abusar, assediar, insinuar), psicológico (intimidar,

ameaçar, perseguir), material (furtar, roubar, destroçar pertences), virtual ou

ciberbullying (ameaçar, discriminar, difamar, através da internet e do celular).

Os principais alvos de bullying hoje são: alunos muito tímidos e retraídos, alunos

com desenvolvimento acadêmico diferenciado (Nerds), alunos com jeito efeminado,

alunas com jeito masculinizado, alunos com sotaque regionalizado, alunos de

diferentes raças, alunos de diferentes religiões, alunos com diferente modo de vestir,

alunos gordinhos ou magrinhos demais.

Algumas emoções despertadas pelas vitimas de bullying são: medo de que o

episódio se repita, tensão, raiva reprimida, angústia, tristeza, desgosto, sensação de

impotência, rejeição e mágoa, desejo de vingança e pensamento suicida. Essa

violência que acarreta hoje milhões de escolas pode ainda continuar e aumentar,

pois muitos dos sobreviventes se tornam futuros agressores, aumentam-se aí o

preconceito e a falta de respeito pelo próximo, a competitividade e o individualismo.

Desta forma, havendo impunidade a violência poderá ser banalizada podendo vir

acontecer em famílias permissivas e sem limites, e onde houver a falta de uma

política escolar para o combate do fenômeno.

É papel para o docente identificar casos de bullying na escola ou determinantes

e isso pode ser feito através da observação de sua turma: aluno isolado dos demais,

o ultimo a ser escolhido, aluno que já é alvo de caçoadas por ter apelidos pejorativos

em decorrência de seu físico ou temperamento, se o aluno apresenta aspecto triste,

deprimido, aflito, ansioso, irritadiço ou agressivo, se ocorreu súbita queda no

rendimento escolar e desinteresse pelos estudos, se falta às aulas frequentemente,

sem justificativas convincentes, se apresenta arranhões, ferimentos ou danificação

de seus materiais escolares constantemente, e se é intimidado, perseguido ou

maltratado fisicamente.

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É possível identificar casos dessa violência sem limites nas conseqüências que

isso traz ao ver que o aluno apresenta freqüentemente e sem explicação clinica

aparente: dores de cabeça, tonturas, náuseas, dor de estomago, diarréia, enurese,

sudorese, dores musculares, febre, tensão, excesso de sono, pesadelos e outras

dores, é sinal de bullying. Nos casos mais agravantes, talvez por serem mais

duradouros, podem apresentar: gastrite, bulimia, anorexia, herpes, rinite, alergias,

problemas respiratórios, obesidade. Ainda com dificuldade de concentração,

cansaço mental, sentimentos de abandono e de inferioridade, oscilações de humor,

pensamentos suicidas, fobias e até depressão.

O bullying é um fenômeno mundial que pode ter como causa dessa violência

sem explicação, praticada por jovens de todas as classes, a falta de conhecimento e

respeito do que é certo e errado numa sociedade, sobre o direito de um e de outro,

sobre o respeito pelo o que o outro é. Ele ocorre entre iguais, no caso entre

estudantes. Está relacionado a atitudes agressivas, intencionais e que se repetem.

Outra dificuldade em relação ao bullying diz respeito às escolas que ainda não

sabem lidar com o assunto.

Recentemente nesta escola, fez-se necessário tomar algumas medidas a

respeito da prevenção e do combate a violência, uma vez que vários alunos estavam

trazendo situações de alguns professores e os professores se assustando com

determinados casos de indisciplina e violência entre alunos no espaço escolar,

sendo uma das necessidades é a de capacitar esses professores para que venham

contribuir no enfrentamento dessas situações.

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É certo que não é dos professores a responsabilidade total sobre o bullying, mas

vale ressaltar que este não é um comportamento sadio, não é apenas um problema

dos alunos com os pais e seus valores recebidos em casa, e que nem é um

resultado natural da competição.

Se compreendermos que a prática docente requer em seu processo de

formação continuada a mobilização de saberes teóricos, e práticos capazes de

propiciar o desenvolvimento das bases para que eles investiguem sua própria

atividade e, a partir dela, atuar de forma competente e ética, podem-se mudar

alguns paradigmas sobre violência nas escolas e melhorar o processo de

aprendizagem.

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UNIDADE III

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES

De acordo com FUZARI (2002), pode-se assim definir a formação contínua

como sendo o conjunto de atividades desenvolvidas pelos professores em exercício

com objetivo formativo, realizadas individualmente ou em grupo, visando tanto ao

desenvolvimento pessoal como ao profissional, na direção de prepará-los para a

realização de suas atuais tarefas ou outras novas que se coloquem. Pois o fracasso

escolar não se configura apenas no nível da repetência e da evasão, ele ocorre

também toda vez que a escola não consegue cumprir o seu papel social de

formação.

O universo escolar compreende não somente o campo das disciplinas

curriculares, mas também o desenvolvimento das relações interpessoais. Sem

perceber que o aluno esta sendo vítima do bullying, o professor pode enquadrá-lo

como aluno com dificuldades de aprendizagem e este se vê duas vezes fracassado;

fracassado nas relações sociais e na aprendizagem. “Pessoas que não são bem

sucedidas naquilo que fazem podem perder a fé em si mesmas” a autoconfiança é o

efeito do sucesso. (SKINNER, 1995, p. 48).

As teorias de Vygotsky mostram a grande importância do ambiente para o

sujeito, neste caso o aluno e o professor. Ao salientar o ambiente social em que a

criança nasceu, reconhece que, em se variando esse ambiente, o desenvolvimento

também variará. Neste sentido, não se pode aceitar uma visão única, universal, de

desenvolvimento humano, mas uma constante mudança física, social e cultural.

Sabendo disso as escolas não podem se limitar as meras metodologias tradicionais,

mas investir também em relacionamentos e informações que estão além do

conhecimento acadêmico.

VYGOTSKY (1996) em seu entender a criança já nasce num mundo social e,

desde o nascimento, vai formando uma visão desse mundo através da interação

com adultos ou crianças mais experientes. Ele postula que desenvolvimento e

aprendizagem são processos que se influenciam reciprocamente, de modo que,

quanto mais aprendizagem, mais desenvolvimento. Visto assim a importância do

conhecimento fornecido ao professor para que o mesmo repasse aos seus alunos,

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pois muitos problemas da realidade não são discutidos nas escolas por falta de

conhecimentos dos professores.

Desta forma, a implantação de novas tecnologias na escola deve ser mediada

por atitudes pedagógicas que permitam formar o cidadão que ocupará seu lugar

neste espaço. As tecnologias, dentro de um projeto pedagógico inovador, facilitam e

estimulam o processo de ensino-aprendizagem.

Nesse sentido estimular a formação continuada do professor pode abrir

caminhos e interesses no que diz respeito à relação professor-aluno e

consequentemente melhorias no processo de ensino-aprendizagem.

O professor motivado e preparado pedagogicamente, cultivará melhor em seus

alunos a autonomia e auto-estima, poderá despertar interesse pelas aulas e, o

espaço escolar então deixará de ser apenas ponto de encontro para ser também

lugar de crescimento intelectual e pessoal.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aprendizagem é um fenômeno complexo que envolve aspectos cognitivos,

emocionais, orgânicos, psicossociais e culturais. É resultante do desenvolvimento de

aptidões e de conhecimentos, bem como da transferência destes para novas

situações. E o professor, sendo uma ponte entre o aluno e sua aprendizagem, deve

utilizar as estratégias que permitam a estes integrarem conhecimentos novos,

utilizando de metodologia adequada e não esquecendo do papel fundamental que a

motivação apresenta neste processo.

Mas a escola que é lugar de construção do saber e de relações sociais, também

esconde um vilão: o bullying. A violência protagonizada pelos alunos e também por

profesores e funcionários nas escolas é uma realidade inegável. A instituição, os

pais, e familias envolvidas devem se organizar e agir ativamente contra este

problema social, que está presente nas ações dentro das escolas, manifestada de

diversas formas entre todos os envolvidos no processo educativo.

É função também da escola assegurar conhecimentos e técnicas aos seus

membros. O trabalho desenvolvido na formação continuada de professores pode

abranger temas cotidianos e urgentes, muitas vezes não encontrados em grade

curricular. Visto que a escola tem uma grande função social e que ali se concentram

profissionais que compartilham metas, o uso deste espaço abrangendo o tema

bullying, prevenção e remediação, pode contribuir para o sucesso do processo de

ensino aprendizagem, pois a confiança é à base da motivação, e esta é o requisito

para o aprendizado. Pois o ensino só tem sentido quando implica na aprendizagem,

quando o aluno consegue aprender a pensar, a sentir e a agir.

Os professores podem ser vistos como multiplicadores do saber, contra o

bullying, investindo as escolas em estratégias de prevenção, com solução prática

dos conflitos. Conforme a gravidade, algumas instituições podem lançar mão de

medidas punitivas como advertência e suspensão. A prevenção se dá por meio de

palestras, dinâmicas em sala de aula e orientação oral, escrita sobre o uso saudável

dos meios digitais, o respeito ao próximo em suas diferenças, etc. Assim, trabalhar

temas atuais em formação continuada de professores, faz com que a escola se

movimente a buscar seu sentido e razões que se embasam no respeito ao próximo

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com atitudes de amizades, harmonia e integração de pessoas, visando atingir os

objetivos propostos pelo plano politico pedagógico da instituição.

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REFERÊNCIAS

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CHAVES, Antonio Marcos. Psicologia: reflexão e critica. O Fenômeno psicológico como objeto de estudo transdisciplinar. V. 13 n. 1 Porto Alegre, 2000. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722000000100016. Acesso em Mai 2011. CUNHA, Ciristiano J. C. de Almeida; FERLA, Luiz Alberto. Manual do Moderador: Facilitando a Aprendizagem de Adultos. Florianópolis: IEA-Instituto de Estudos Avançados, 2002. DEL BARRIO, Cristina. Maltrado por abuso de poder. Bullying. XVIII Jornadas de Pediatría en Atención Primaria Oinarrizko Osasun-Laguntzako Peditriari Buruzko XVIII. Jardunaldiak. Vitoria-Gasteiz 17/11/06. Universidad Autónoma de Madrid. FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FUZARI, José Cerchi . A formação continuada de professores no cotidiano da escola fundamental. Idéias, São Paulo, n. 12, p. 25-34, 1992.

GODOY, Célia at all. Revista Psicopedagogia. A (in) disciplina escolar nas perspectivas de Piaget, Winnicott e Vygotsky. vol.23 no.72 São Paulo 2006. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862006000300008&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em 06 Mai 2011

HAMZE, Amélia. O que é aprendizagem? Canal do Educador. Disponível em: www.educador.brasilescola.com.br. Acesso em 08 Dez 2010.

LIBÂNEO, J. C.; OLIVEIRA J. F.; TOSCHI M. S.; Educação escolar: políticas estrutura e organização. 2ª ed. São Paulo: Cortez, 2005.

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LIBÓRIO, Renata Maria Coimbra; FRANCISCO, Marcos Vinicius. Psicologia do desenvolvimento. Um estudo sobre bullying entre escolares do ensino fundamental. vol.22 no.2 Porto Alegre 2009. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-79722009000200005. Acesso em 06 Mai 2011.

MIRANDA, Vera Regina. Reflexões sobre o bullying. Revista Contato, Conselho Regional de Psicologia do Paraná. Ano 13. Edição n. 74. ISS 1808-2645. Pág. 30-31. Mar/Abr/2011.

OLIVEIRA, Maria Eunice; STOLTZ, Tânia. Dossiê: cognição, afetividade e educação. Teatro na escola: considerações a partir de Vygotsky. Educar em revista. N. 36. Curitiba, 2010. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-40602010000100007&script=sci_arttext. Acesso em Mai 2011.

PALACIOS, Marisa; REGO, Sérgio. Bullying: mais uma epidemia invisível? Revista Brasileira de Educação Médica. Vol 30. N. 1. Rio de Janeiro, 2006.

SILVA, João Paulo Souza. A relação Professor/Aluno no processo de ensino e aprendizagem. Revista Espaço Acadêmico. N. 52. Set 2005. ISSN 1519.6186 Ano v. Disponível em: http://www.espacoacademico.com.br/052/52pc_silva.htm. Acesso em 06 Jun 2011.

SKINNER, B.F. Questões recentes na análise comportamental. Tradução: Anita Beralesso Néri. 2 ed. São Paulo: Papirus, 1995.

VASCONCELOS, Claudia Cristina. Ensino-Aprendizagem da Matemática: Velhos problemas, Novos desafios. Disponível em http://www.ipv.pt/millenium/20_ect6.htm. Acesso em 02 Dez 2009.

VYGOTSKY, LEV S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1987.

________________ A formação social da mente. Rio de Janeiro: Martins Fontes,1996.

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Ilustração da Capa disponível no site view-source:http://www.observatoriodainfancia.com.br/article.php3?id_article=187

Obs.: As ilustrações utilizadas foram retiradas de Clip-arts e Modelos do

Power Point, disponível em: http://office.microsoft.com/pt-

br/clipart/default.aspx. A fonte não foi possível de ser localizada, por não encontrar-

se disponível nas ilustrações. Caso haja conhecimento da fonte por parte do leitor

deste material, pede-se que por gentileza que entre em contato.

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ANEXOS

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ANEXO I

RELATO DE UMA PEDAGOGA

A escola em que trabalhava iniciou o ano com uma intervenção administrativa. A

equipe pedagógica era composta de seis pedagogas onde duas delas estavam

chegando à escola. As pedagogas sempre voltavam a trabalhar o ano letivo no final

de janeiro. Iniciamos com uma reunião que me pareceu bastante oportuna; cheguei

a ficar confiante no trabalho da nova direção. Parecia que agora a escola deixaria de

ter privilégios aos amigos do diretor e a escola iria caminhar com justiça, sem

aqueles abusos de alguns que podem e outros têm que cumprir rigorosamente a

todas as normas e obrigações da profissão e nem pensar em direitos; ou

simplesmente se você precisa! Eu não te ajudo! Você nunca se declarou minha

eleitora. (coisas dos anos anteriores).

No dia seguinte tal foi a minha surpresa quando chegamos e as tarefas foram

distribuídas e percebi que as colegas haviam se preparado e escolheram as tarefas

que iriam fazer naquele dia. Eu e as duas novas pedagogas ficamos sem atividade,

sendo que uma delas não era bem-vinda ao colégio por ser amiga do ex-diretor.

Bem perguntei a uma colega no que eu poderia ajudar e ela respondeu:

Aqui não tem nada para você fazer, porque eu e a (nome) vamos ajudar a vice-

diretora, você pode ir procurando por ai o que fazer, está cheio de coisas para fazer.

Duas das pedagogas estavam fazendo seleção dos alunos reprovados com média

próxima de seis. Coloquei-me à disposição para ajudar, na verdade no meu turno

não tinha alunos para rever aprovação estava tudo correto. A resposta da ex-colega

foi categórica: não, pode deixar que eu faço. Até mesmo a ex-colega que trabalhava

no meu turno e sempre ajudei, que cobrindo as suas faltas; (questão de um mês

sem tirar licença),por conta de alguns acertos com o ex-diretor.

Então a vice-diretora chegou para as três e com voz autoritária, disse: Vamos,

Vamos, Temos muito que fazer aqui, comigo todos tem que ser pau para toda obra,

na outra escola eu limpava até armário e estes aqui estão uma nojeira retirem tudo

de dentro e limpem.

E ela saiu da sala dos professores. Entre nós comentamos que seria complicado

mexer nos pertences dos professores. E se sumisse alguma coisa? Seriamos

responsabilizadas. Com muito jeito fui até a vice e expliquei a situação. Então ela

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mandou que nós tirássemos os decalques que os professores teriam colocado nos

armários de aço dos professores. Isto em tom de ordem (estou mandando). Eu e as

outras nos sentimos “as incapazes”, como se não tivéssemos competência para

fazermos nada de pedagógico. Humilhadas, com certeza. Sem falar no meu

problema pessoal, que em casa não faço serviços caseiros, principalmente aqueles

que utilize a mão fechada por conta de uma síndrome do mesocarpo, a qual provoca

dores terríveis depois de fazer atividades forçadas, mas na escola tive que fazer.

Enfim limpamos os treze armários.

Dali em diante foi assim, ordens e mais ordens, descaso; sem falar nas ex-

colegas em um ritual de ``se fazer de querida, sendo uma mais competente que a

outra.´´ Sempre querendo aparecer, chamando pra si o melhor trabalho e deixando,

organização de arquivos e outros trabalhos menos pedagógicos para eu e as outras

fazerem. Sendo que uma delas logo após as primeiras semanas teve a felicidade de

voltar para a escola em que havia trabalhado no ano anterior.

Mais tarde quando já transcorria o ano eu ocupava um dos cargos de

coordenação; tive outras experiências desagradáveis. Uma das ex-colegas também

era coordenadora, mas de coordenação não fazia nada. Quando fui pedir a ela para

ajudar na digitação de alguns encaminhamentos de alunos para estágio ela disse

não que não poderia ajudar porque estava a disposição da vice-diretora e era para

eu me virar. Então comecei a ir para o laboratório de informática para digitar os

encaminhamentos das alunas.

Começaram os problemas! Cada vez que eu sentava em frente o computador

uma das inspetoras ia me chamar para atender turma sem professor, alunas com

problemas e outros assuntos corriqueiros que qualquer um poderia resolver. Ainda

mais, era ir para o computador e a vice parava na porta da sala e me pedia qualquer

coisa, como se eu estivesse ali matando tempo.

Como o inverno de 2010 foi bastante rigoroso, em final de maio um pouco antes

de aparecer à nova gripe, eu fiquei acamada por conta de uma gripe não conseguia

ficar em pé. Quando voltei para escola estava tudo como eu havia deixado. Bem

levei trabalho para casa e dei conta dos encaminhamentos. Era chegada a hora de

entregar os encaminhamentos.

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No ano anterior eu e a outra coordenadora dividíamos os encaminhamentos e

íamos às escolas nos apresentar a direção e de posse dos formulários. Quando

conversei com a atual colega coordenadora de estágio ela me respondeu: Eu não

vou colocar o meu carro naquele fim de mundo onde as alunas querem ir, peça para

a professora (nome) ir te ajudar. Como estava em cima da hora aceitei a ajuda

“maldosa”. Naquela escola tudo é articulado. Ela entregou os formulários mais

deixou de entregar um deles que a escola ficava mais distante. Eu levei a culpa por

ser relapso não saber o que estava fazendo. Afinal a vice-diretora me chamou de

incompetente e me humilhou muito. Acumularam uma série de mentiras fofocas a

meu respeito. Tudo que eu falava era visto como mentira onde eu estava só

justificando a minha falta de competência.

Percebi que estava sendo vitima de bullying e que embora eu amasse o meu

trabalho, eu teria que deixar a escola. Fui prestar serviço em outras escolas. No ano

seguinte voltei para a mesma escola, não consegui remoção, fiquei somente na

equipe pedagógica. Como já era de se esperar a professora que não entregou o

formulário assumiu o meu lugar na coordenação.

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ANEXO II

RELATO DE UMA ALUNA DA ESCOLA

Uma das muitas alunas de uma determinada serie do Ensino Fundamental,

procurou a Equipe pedagógica, para relatar o que estava acontecendo em sala de

aula, sobre um professor de uma disciplina.

O professor solicitou uma recuperação, e as tarefas são feitas em grupos, que

cada grupo tem um líder, e no caderno do líder estava tudo certinho. Mas ele

desmanchou o grupo e quem tirou nota acima de 1,0 ficava de um lado da sala de

aula, e esses alunos, ele disse que seriam os empregados, os faxineiros, pedreiros e

outras coisas mais, falou também que ao invés de ensinar tal atividade, iria ensinar

receitas para que pelo menos aprendam fazer comidas para os seus maridos, ele

disse isto para as meninas.

E para os meninos, iria trazer massa para saber fazer casa direito, para morar.

Ele falou que tinha perdido 8 horas do seu tempo para fazer as provas e corrigir,

disse que nesse tempo poderia ter ficado com seu filho e não corrigindo provas e

trabalhos. Mas, essa e a obrigação dele, como professor, e falou que quando

estivesse explicando no quadro, poderíamos perguntar, mas quando ele sentar, nos

empregados, pedreiros, não poderia falar nada para ele, nem se quer olhar para os

lados.

Bom, em minhas palavras, digo que me senti humilhada, diante das palavras do

professor, e mais, falou que do lado dos médicos seriam mais privilegiados do que

nos, os empregados, eles se quiserem pode deixar para fazer as atividades no ar

livre, fora que, quarta-feira, ele fará uma aula com pipoca, para os alunos com direito

a refrigerantes e jogos, e nos segundo ele vamos fazer exercícios e mais exercícios.

Eu tenho dificuldades na aprendizagem dessa disciplina, não entram na minha

cabeça as explicações, enfim me senti humilhada, não são nós como as outras

pessoas mais. Bom eu não sou santa, mas ele tinha o direito de falar assim com os

alunos?

Já comuniquei minha mãe e ela vai vir segunda feira, se eu errei em alguma

coisa me desculpa, mas não fui só eu que errei.

A.T.