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7/23/2019 Fonaper e a contribuição para o processo de ER.pdf http://slidepdf.com/reader/full/fonaper-e-a-contribuicao-para-o-processo-de-erpdf 1/12 O FÓRUM NACIONAL PERMANENTE DO ENSINO RELIGIOSO (FONAPER) E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DO ENSINO RELIGIOSO Kleberson M. Rodrigues - PUCPR *  Léo Marcelo P. Machado - PUCPR **  Sérgio Rogério Azevedo Junqueira - PUCPR ***  RESUMO O Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER) foi criado em 1995 e, ao longo de sua existência, vem buscando acompanhar, organizar e subsidiar o esforço de professores, associações e pesquisadores. Esta pesquisa teve como objetivo descrever as principais ações do FONAPER no percurso histórico de escolarização do Ensino Religioso. A metodologia constitui-se em um levantamento bibliográfico e uma análise documental do material produzido. Os resultados apontam uma fase de transição de pressupostos teológicos para pressupostos pedagógicos, que contempla o espaço em que a ação acontece, ou seja, é o espaço escolar que define a metodologia e aplicação, não sendo mais uma questão de fé. Não é possível entender a história do FONAPER de forma estática, ou mesmo linear. Em um primeiro momento, ocupou-se com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases, simultaneamente com a estrutura do Ensino Religioso por meio da produção do Parâmetro Curricular Nacional do Ensino Religioso. A implementação da compreensão do atual modelo para esta área do conhecimento foi expressa pelos Cadernos Temáticos, assim como o Curso de Extensão em doze módulos, o que exigiu a preocupação com a formação de professores. Foram realizadas nove sessões ordinárias do FONAPER, sete congressos sobre a capacitação docente e dois congressos nacionais para professores do Ensino Religioso. Assim, o cenário que se evidencia é a necessidade da formação do professor para atuar nesta área do conhecimento. O Ensino Religioso não pode ser considerado um estranho dentro da escola, mas sim uma área do conhecimento que contribui na humanização e conhecimento do educando. Palavras-chave:  Ensino Religioso, Educação Religiosa, Formação de Professores. *  Graduado em Ciências Religiosas pela PUCPR, Graduado em Pedagogia da PUCPR, Agente de Pastoral e Professor de Ensino Religioso do Colégio Marista Paranaense. Membro do Grupo de Pesquisa Educação e Religião do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Educação PUCPR. **  Mestrando em Educação pela PUCPR, Graduado em Pedagogia pela PUCPR. Membro do Grupo de Pesquisa Educação e Religião do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Educação PUCPR. ***  Doutor em Ciências da Educação – Programa de Ensino Religioso pela Universidade Pontifícia Salesiana de Roma (Itália), Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCPR, Líder do Grupo de Pesquisa Educação e Religião 

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O FÓRUM NACIONAL PERMANENTE DO ENSINO RELIGIOSO(FONAPER) E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O PROCESSO DE

ESCOLARIZAÇÃO DO ENSINO RELIGIOSO

Kleberson M. Rodrigues - PUCPR* 

Léo Marcelo P. Machado - PUCPR**

 Sérgio Rogério Azevedo Junqueira - PUCPR*** 

RESUMO

O Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER) foi criado em1995 e, ao longo de sua existência, vem buscando acompanhar, organizar esubsidiar o esforço de professores, associações e pesquisadores. Estapesquisa teve como objetivo descrever as principais ações do FONAPER nopercurso histórico de escolarização do Ensino Religioso. A metodologiaconstitui-se em um levantamento bibliográfico e uma análise documental do

material produzido. Os resultados apontam uma fase de transição depressupostos teológicos para pressupostos pedagógicos, que contempla oespaço em que a ação acontece, ou seja, é o espaço escolar que define ametodologia e aplicação, não sendo mais uma questão de fé. Não é possívelentender a história do FONAPER de forma estática, ou mesmo linear. Em umprimeiro momento, ocupou-se com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases,simultaneamente com a estrutura do Ensino Religioso por meio da produção doParâmetro Curricular Nacional do Ensino Religioso. A implementação dacompreensão do atual modelo para esta área do conhecimento foi expressapelos Cadernos Temáticos, assim como o Curso de Extensão em dozemódulos, o que exigiu a preocupação com a formação de professores. Foramrealizadas nove sessões ordinárias do FONAPER, sete congressos sobre acapacitação docente e dois congressos nacionais para professores do EnsinoReligioso. Assim, o cenário que se evidencia é a necessidade da formação doprofessor para atuar nesta área do conhecimento. O Ensino Religioso não podeser considerado um estranho dentro da escola, mas sim uma área doconhecimento que contribui na humanização e conhecimento do educando.Palavras-chave:  Ensino Religioso, Educação Religiosa, Formação deProfessores.

*  Graduado em Ciências Religiosas pela PUCPR, Graduado em Pedagogia da PUCPR, Agente de

Pastoral e Professor de Ensino Religioso do Colégio Marista Paranaense. Membro do Grupo de Pesquisa

Educação e Religião do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Educação PUCPR.** Mestrando em Educação pela PUCPR, Graduado em Pedagogia pela PUCPR. Membro do Grupo de

Pesquisa Educação e Religião do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Educação PUCPR.***  Doutor em Ciências da Educação – Programa de Ensino Religioso pela Universidade Pontifícia

Salesiana de Roma (Itália), Professor do Programa de Pós-Graduação em Educação da PUCPR, Líder doGrupo de Pesquisa Educação e Religião 

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O ENSINO RELIGIOSO E SEU PROCESSO HISTÓRICO

No período de 1500 a 1700 pouco se falou do Ensino Religioso, mas

muito foi praticado em nome da religião, pois ele estava embutido na educação,

a qual tinha como principal objetivo a evangelização. Os jesuítas, com o seu

modelo de educação, já realizavam a catequese, em especial para os

indígenas e os negros. Nesta fase, destaca-se a imposição como prática do

Ensino Religioso.

 A escola estava inserida em um sistema chamado tradicional, no qual

os alunos eram vistos como seres depositários de tudo aquilo que fosse

 julgado de importante e necessário por parte dos professores, os quais eram

considerados depositantes.

Esta educação tradicional, além de priorizar o intelecto e a

racionalidade, contribuía para que o ser humano, ao longo dos anos, fosse

mais individualista, sectário e fragmentado.

 A relação Estado-Igreja se confundia, uma vez que o Estado

administrava a sociedade civil a Igreja administrava toda a concepção

educacional em prol de um sistema unitário que viesse a garantir o poder

relacionado a todas as dimensões do ser humano (sociais, morais,

econômicas...).

Concomitante a este sistema, o Ensino Religioso se fazia presente na

educação escolar, almejando a inculcação apenas da religião que vigorava na

época, haja vista os Jesuítas serem da congregação que primeiro se instalou

no Brasil colonial. Diz-se inculcação, pois o Ensino Religioso era visto, e em

muitas instâncias ainda é, como sendo o ensino da religião vigente e, no caso,

a cristã católica.

O Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (2000, p. 6)afirma:

Nessa relação Estado-Igreja, pode-se dizer que foramduas as modalidades de Ensino Religioso: a pr imeira,colonial regal ista, que se confundia e se fundia com aColônia e o Império; sob o regime do padroado e doregal ismo, a rel igião catól ica mantinha pr ivi légios edetinha o monopólio do ensino. Dessa forma, o EnsinoReligioso se fazia ensino da rel igião oficial , a rel igião

catól ica, como fruto do processo de evangelização ecr ist ianização. E a Segunda forma foi a l iberal e sedesenvolveu com a implantação do regime republ icano

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quando se deu a separação entre Estado e Igreja. Aprimeira Consti tuição da República (1891) estabeleceuque “ser ia laico o ensino ministrado nosestabelecimentos oficiais de ensino”. Esse disposit ivoacirrou o debate, mas a Igreja Catól ica continuouorientando o ensino da Religião nos estabelecimentos

oficiais.

Com o passar dos anos, além da cultura indígena, muitas foram as

tradições religiosas que formaram o Brasil, pois muitas etnias eram deixadas

no Brasil colônia, seja como refugiadas seja como escravizadas. Outras etnias

buscavam seu sustento que não em sua terra de origem. Assim, muitos povos

com suas respectivas culturas, e conseqüentemente com suas crenças, foram

constituindo o país fomentando a diversidade religiosa.

Com o passar dos anos, muitas culturas já habitavam o Brasil e nele

muitas tradições coabitavam no mesmo espaço. O espaço sociocultural

tornava-se cada vez mais pluralista, o que foi sentido também na esfera

religiosa, na qual crescia o número de religiões.

No período do Império, a religião católica era a oficial do estado

brasileiro e é neste período que surge a escola pública, com a inauguração do

Colégio D. Pedro, no Rio de Janeiro.

Na Primeira República, em 1891, há a separação entre o Estado e a

Igreja. A Constituição da República estabeleceu que as aulas dos

estabelecimentos oficiais seriam desenvolvidas por leigos, mas a Igreja

Católica continuou tendo o domínio no ensino da Religião.

Na Constituição Nacional Brasileira de 1934, art. 153, o Ensino

Religioso é pela primeira vez mencionado: “O Ensino Religioso é de matrícula

facultativa e ministrado de acordo com os princípios da confissão religiosa do

aluno [...] e continuará matéria dos horários nas escolas públicas primárias,secundárias, profissionais e normais”.

 A partir deste momento, o Ensino Religioso era visto apenas como

apêndice na educação, o que gerava indefinição de continuar ou não fazendo

parte da grade curricular.

No Estado Novo, de 1937 a 1945, o Ensino Religioso passa a ser

caracterizado ônus para o estado e sem obrigatoriedade para os professores e

alunos.

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Em 1961, a primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional

(Lei 4024/61), em seu artigo 97, descreve o Ensino Religioso como

. . .discipl ina dos horár ios normais das escolas oficiais, éde matrícula facultativa e será ministrado sem ônus paraos poderes públ icos, de acordo com a confissão doaluno, manifestada por ele, se for capaz ou pelo seurepresentante legal ou responsável. 1º - A formação declasse para o ensino independe de número mínimo dealunos. 2º - O registro de professores e EnsinoReligiosos será real izado perante a autor idade rel igiosa,respectiva.

No Estado autoritário, 1964 a 1985, é ofertado como qualquer outra

matéria.Em 1971 a Lei 5692/71, no artigo sete, destaca “o Ensino Religioso,

de matrícula facultativa, constituirá disciplina dos horários normais dos

estabelecimentos de 1.º e 2.º graus”.

A CRIAÇÃO DO FONAPER

Junqueira (2001) descreve uma fase de transição do Ensino Religioso,

ocorrida na década de 90; a alteração da concepção de pressupostos

teológicos para pressupostos pedagógicos, colocando-o mais coerente com o

ambiente escolar. Desta forma, a discussão não seria mais de âmbito

teológico, mas pedagógico. O caráter da discussão seria a partir da escola.

Muitas foram as iniciativas para que esta concepção fosse

amadurecida e implementada. A mais expressiva ação deste período viria a

acontecer em Florianópolis, durante as festividades dos 25 anos do CIER, em

que ocorreu a fundação do Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso

(FONAPER).

Quando o FONAPER foi instituído, elaborou-se uma carta de

intenções com os primeiros princípios norteadores.

1 - Garantia de que a Escola, seja qual for sua natureza,ofereça Ensino Religioso ao educando, em todos osníveis de escolar idade, respeitando as diversidades depensamento e opção rel igiosa e cultural do educando; 2 -Definição junto ao Estado do conteúdo programático do

Ensino Religioso, integrante e integrado às propostaspedagógicas; 3 - Contr ibuição para que o Ensino

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Religioso expresse sua vivência ética pautada peladignidade humana; 4 - Exigência de investimento real naquali f icação e capacitação de profissional para o EnsinoReligioso, preservando e ampliando as conquistas, detodo magistér io, bem como garantindo-lhes condições detrabalho e aperfeiçoamentos necessários.

AS SESSÕES DO FONAPER

O FONAPER, em seu percurso histórico, realizou 10 sessões. A 1.ª

Sessão aconteceu dos dias 24 a 26/3/96, em Brasília-DF, cuja finalidade foi: a)

Filiação/adesão; b) Estudo sobre currículo e c) Currículo Básico do Ensino

Religioso. Ficou claro que precisava haver insistência para que o Ensino

Religioso fosse disciplina - eixo essencial, e não um elemento de tematransversal. Decidiu-se por elaborar um texto preliminar para compor os

Parâmetros Curriculares Nacionais.

No período de 12 a 16/8/96, em Brasília-DF, ocorreu a 2.ª Sessão,

dos dias 17 a 19/8/96, e teve como finalidade os "Encaminhamentos dos

Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso" e a organização

do Fórum com adesões, regimentos e indicação da Comissão. Foram eleitos os

membros da Comissão Provisória, como a Coordenação do Fórum. A 3.ª Sessão aconteceu em Piracicaba - SP, nos dias 12 a 14/3/97,

com as seguintes finalidades: Encaminhamentos: a) dos Parâmetros

Curriculares Nacionais para o Ensino Religioso; b) de capacitação de

Professores de Ensino Religioso; c) Política do Ensino Religioso nas

Legislações. Essa Sessão aprovou os PCNs que já haviam sido editados pela

Editora Ave Maria, com algumas correções. Também encaminhou um texto

substitutivo ao Art. 33 da LDB. E nessa Sessão o Fórum recebeu o parecer do

Conselho Nacional de Educação sobre o Art. 33 da LDB, datado de 11/3/97.

Um grupo encaminhou os conteúdos curriculares que deveriam fazer parte da

capacitação de professores para o Ensino Religioso.

 A 4.ª Sessão do fórum aconteceu simultaneamente com o 2º

Seminário, em Brasília-DF, nos dias 4 a 7 de agosto de 1997, com a seguinte

programação: a) Ensino Religioso na LDB: Histórico e encaminhamentos; b)

Ensino Religioso nos sistemas de Ensino (estaduais e municipais); c) Processo

de Habilitação dos Professores do Ensino Religioso; d) Política dos Parâmetros

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Curriculares Nacionais do Ensino Religioso; e) Política de Organização do

Ensino Religioso no Brasil. Essa sessão reuniu 19 Universidades e cerca de

109 pessoas. Foi lançado oficialmente o Parâmetro Curricular Nacional do

Ensino Religioso. Também foi feita a entrega da sugestão de currículo para o

Ensino Religioso.

Contando com a presença de 250 pessoas, aconteceu a 5.ª Sessão

do Fórum, em Curitiba - PR, de 10 a 12/06/98, tendo como atividades a

palestra "Fundamentos Epistemológicos do Ensino Religioso", 4 Mesas-

Redondas: fundamentos Epistemológicos do Ensino Religioso; O Ensino

Religioso nos Sistemas de Ensino; Entidade Civil para o Ensino Religioso;

Organizações dos Profissionais do Ensino Religioso; e como Workshops: 1) A

qualificação do professor e as instituições de Ensino Superior; 2) Parâmetros

Curriculares Nacionais do Ensino Religioso e os currículos; 3) Estruturação

para funcionamento do Ensino Religioso local; 4) O tratamento didático do

Ensino Religioso conforme política dos PCNs.

 A 6.ª Sessão do Fórum aconteceu em Várzea Grande, Cuiabá, de 23

a 25/09/99. O objetivo foi tratar da habilitação do profissional para o Ensino

Religioso, a partir da Lei 9475/97, sob o tema geral "A Capacitação de

Professores para o Ensino Religioso". O trabalho foi realizado em quatro

Workshops: 1. Ensino Religioso na formação de profissionais no Curso Normal;

2. Ensino Religioso na Educação Infantil; 3. Ensino Religioso na Proposta

Político Pedagógica da Escola e 4. Ensino Religioso nos sistemas de ensino.

 A sétima sessão aconteceu em Curitiba, na data de 08 de novembro

de 1999, e foi a assembléia que aprovou os Estatutos do Fórum. Desta forma,

o FONAPER tornou-se uma entidade jurídica.

 A oitava Sessão do Fórum Nacional Permanente do Ensino Religiosoocorreu no dia 21 de julho de 2000 no município da Serra (ES) durante o I

Congresso Brasileiro de Professores de Ensino Religioso, cujo tema foi "O

professor de Ensino Religioso aprendendo: a ver, a saber, a fazer e a ser".

Entre os dias 20 e 21 de agosto de 2001, em São Paulo, ocorreu a

nona Sessão do FONAPER com a participação de vinte e três pessoas, de

onze Unidades da Federação. A pauta desta foi a apresentação do relatório

das comissões de trabalho; - comunicações da situação do Ensino Religioso

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nos Estados; - alteração do artigo 2º do Estatuto do Fórum, que se refere à

sede e ao foro do Fórum.

No dia 25 de setembro de 2003, na cidade de Maceió, Alagoas,

ocorreu a X Sessão do FONAPER e teve como objetivo a avaliação do biênio

de 2002 a 2003, com destaque para a organização e atualização do site

www.fonaper.com.br . Esta sessão ocorreu durante o VIII Seminário Nacional

de Capacitação Profissional para o Ensino Religioso.

OS SEMINÁRIOS DE CAPACITAÇÃO DOCENTE

Muito além de ficar somente nos papéis, a alteração de uma nova

visão para o Ensino Religioso precisava ser viabilizada no cotidiano das

escolas e implementada nas práticas. Um grande instrumento para divulgação

desta nova concepção foram os Seminários de Capacitação Profissional para o

Ensino Religioso, organizados pelo FONAPER, que oportunizaram a

fundamentação e reflexão sobre a concepção do Ensino Religioso, como uma

disciplina integrante do currículo escolar.

O primeiro seminário foi na Universidade São Francisco, em parceria

com a Associação Brasileira de Escolas Superiores Católicas (ABESC) e

contou com a presença de 26 pessoas, de 22 Universidades, em 20/5/97, em

São Paulo-SP. O objetivo desse Seminário foi o de "discutir e encaminhar

sistematicamente a formação do Profissional de Ensino Religioso". Da agenda

constaram os momentos para discutir os cursos de graduação, de

especialização, de aperfeiçoamento e de extensão. Distribuiu-se, então, o

relatório do Padre Roque, que se fez presente, apresentado na Câmara dos

Deputados. O voto relator traz aspectos significativos na constituição dos

elementos para o Ensino Religioso.O 2º seminário aconteceu simultaneamente com a 4ª Sessão do

Fórum, em Brasília-DF, nos dias 4 a 7 de agosto de 1997.

O 3º Seminário de Capacitação Profissional para o Ensino Religioso

aconteceu nos dias 27 a 29 de outubro de 1997, em Curitiba-PR.

O 4º Seminário de Capacitação Profissional para o Ensino Religioso

foi realizado em Blumenau-SC, nas dependências da Pós-Graduação do

Campus da Universidade Regional de Blumenau (FURB), na data de 10 e 11de novembro de 1998. O objetivo desse seminário foi o de "discutir e

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encaminhar a implementação das áreas temáticas do Ensino Religioso", a

partir do tema "Área de Conhecimento na Capacitação profissional: a) Teologia

Comparada; b) Textos Orais e Escritos Sagrados; c) Fundamentos

Pedagógicos do Ensino Religioso (pedagogia, didática, metodologia)".

O 5º Seminário de Capacitação Profissional para o Ensino Religioso

aconteceu em Teresina-PI, de 16 a 18 de março de 1999. O objetivo desse

seminário foi o de "discutir e encaminhar a implementação das áreas temáticas

do Ensino Religioso", sob o tema "Área de Conhecimento na Capacitação de

Professores: Culturas e Tradições Religiosas".

Em 16 e 17 de maio de 2000 aconteceu o 6º Seminário de

Capacitação Profissional para o Ensino Religioso, na cidade de Santos,

realizado em parceria com a Universidade Católica de Santos.

O 7º Seminário Nacional de Capacitação Profissional para o Ensino

Religioso, organizado pelo Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso /

Comissão de Capacitação docente, reuniu, nos dias 15 e 16 de maio, na

PUCPR, representantes de Ensino Superior, Sistemas de Ensino e de

diferentes grupos religiosos, totalizando uma representação de 15 regiões da

Unidade Federativa. O evento desencadeou a discussão das políticas de

formação docente para o Ensino Religioso na realidade brasileira.

O 8º Seminário Nacional de Capacitação Profissional para o Ensino

Religioso, organizado pelo Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso,

ocorreu nos dias 24 a 26 de setembro no Colégio INEI, cidade de Maceió (AL),

com a presença de profissionais de 25 Estados da Federação, entre os quais:

Professores de Ensino Religioso, representantes de Ensino Superior, Sistemas

de Ensino e de diferentes grupos religiosos. A temática central foi "O Ensino

Religioso: uma área de conhecimento para a formação do cidadão", que foidesenvolvido mediante três aspectos: Epistemologia, Legislação e Estrutura de

Capacitação docente.

CONGRESSOS BRASILEIROS DE PROFESSORES DE ENSINO

RELIGIOSO

Outro importante meio de fundamentação teórica em relação ao

modelo fenomenológico foram os congressos a nível nacional. O primeiroCongresso Brasileiro de Professores de Ensino Religioso aconteceu entre os

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dias 18 a 21 de julho de 2000, no município de Serra - ES. Neste evento,

estiveram presentes 210 profissionais da educação, representando 20 estados

da Federação. O tema central estudado pelos educadores foi – professor de

Ensino Religioso aprendendo: A ver, a saber, a fazer e a ser.

Entre os dias 11 a 13 de setembro, em São Leopoldo - RS, na

Universidade do Vale dos Sinos (UNISINOS), ocorreu o II Congresso Brasileiro

de Professores do Ensino Religioso, com a temática: “Manifestações Religiosas

no mundo contemporâneo: interfaces com a Educação”. Entre os palestrantes,

mencionamos os Professores Doutores Antonio Flávio de Oliveira Pierucci

(USP); James Fowler (Univ. de Emory, Atlanta, EUA) e Hans-Jürger Fraas

(Univ. de Munique, Alemanha).

O NOVO MODELO DE ENSINO RELIGIOSO

Pode-se perceber que vários avanços ao longo do tempo foram sendo

conquistados para que o Ensino Religioso fosse visto como área de

conhecimento e não como espaço para evangelização de determinada religião.

Em 1997, o Ministério da Educação apresenta aos professores os

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), salientando que eles são o

norteamento para a escola, porém, com a autonomia da escola assegurada

pela LDB (9394/96), leva à construção de uma proposta pedagógica própria.

 Ao definir a proposta pedagógica, deve explicitar o reconhecimento da

identidade pessoal e social da escola, dos professores e dos alunos. A

identidade religiosa também necessita ser respeitada na escola, na medida em

que, ao definir a cara da escola, deve-se colocar na proposta pedagógica a

identidade religiosa a partir dos educandos. Não se deve usar o discurso de

obrigatoriedade de religião para todos, mas sim uma compreensão depluralidade de religiões.

Portanto, o Ensino Religioso deverá ser concebido a partir da escola,

com um objetivo de conhecimento próprio e com objetivos específicos, tendo

ênfase na formação cidadã a partir das contribuições que as Tradições

Religiosas oferecem para o processo de civilização e humanização do homem.

Nessa perspectiva, o Ensino Religioso deverá ser considerado

integrante e integrado na construção coletiva do projeto pedagógico da escola,tendo uma prática pedagógica mais interdisciplinar e menos fragmentada na

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organização curricular, pois a partir da Resolução nº 02/98 da Câmara de

Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, o Ensino Religioso

passa a fazer parte das áreas do conhecimento, sendo reconhecido como

integrante da formação básica do cidadão.

O Ensino Religioso, como um componente curricular, passa a ser

concebido em um terceiro modelo para a prática do Ensino Religioso em sala

de aula, o modelo fenomenológico. O novo modelo foi estruturado a partir das

orientações do Conselho Nacional de Educação para estruturação das

diretrizes curriculares: ter um objeto e objetivos. O Objeto do Ensino Religioso

é o fenômeno religioso, assumindo a conceituação de religião (lat.) “religio”

como (lat.) “relegere”, (port) “reler”, organizado por Cícero.

Para o novo paradigma do Ensino Religioso, os valores da vida

cidadã, conhecidos como temas transversais, não se constituem mais no

conhecimento do Ensino Religioso veiculado. Por isso, o Ensino Religioso: a)

estrutura-se a partir da escola, não mais ligado a uma comunidade de fé, mas a

várias comunidades de fé; b) desenvolve-se a partir do conhecimento religioso

e não do conhecimento da fé, o conhecimento teológico; c) alicerça-se nas

Tradições Religiosas como critério de segurança do cidadão.

O Ensino Religioso deve transpor a idéia de que seja somente um

meio de revelar informações e curiosidades sobre religiões; deve ser entendido

como uma ação transformadora, tendo o papel de ser o provocador de

questionamentos sobre a própria existência. E também compreendido como

sendo um favorecer dos conhecimentos das diversas tradições religiosas

responsáveis pela construção cultural do país.

O modelo fenomenológico exige uma metodologia diferenciada dos

modelos anteriores, pois como disciplina do currículo, precisa estarcompreendida a concepção de escola que estará desenvolvendo o conteúdo

tornando “clara a proposta de aluno que interagirá por meio do itinerário

metodológico”. O Ensino Religioso torna-se elemento de formação que

“favorece o desenvolvimento integral do educando, a educação de pessoas

capazes de fazer coisas novas, não apenas repetir o que outras gerações já

produziram e a formação do indivíduo crítico” (JUNQUEIRA, 2000, p. 89). O

tratamento didático proposto é a observação – reflexão – informação. Os

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conteúdos propostos nos PCNs organizados pelo FONAPER são: Culturas e

Tradições Religiosas, Textos Sagrados, Teologias, Ritos, Ethos.

CONSIDERAÇÕES

O trabalho do FONAPER muito veio a contribuir para o processo de

escolarização do Ensino Religioso. Entre suas principais ações, podemos

destacar: a) A elaboração de uma carta de intenções com os primeiros

princípios norteadores, na cidade de Florianópolis – SC, em 1995; b) Esboço

de currículo básico para o Ensino Religioso; c) Aprovação dos Parâmetros

Curriculares Nacionais do Ensino Religioso; d) Currículo para formação de

professores, que foi encaminhado às universidades; e) Realização de 8

Seminários de Capacitação Docente; f) Divulgação da alteração do artigo 33 da

Lei de Diretrizes da Educação Básica brasileira concebendo o Ensino Religioso

como disciplina, respeitando a diversidade cultural e religiosa do Brasil.

Da experiência nestes nove anos, pode-se afirmar que o Ensino

Religioso estrutura-se a partir da escola, no local onde a ação acontece é que

são definidas metodologias, conteúdos e estruturação, não sendo uma questão

de comunidade de fé. A nova prática tem em vista o conhecimento e este a

partir do conhecimento religioso e não do conhecimento da fé, que é

aprofundada na comunidade de fé de cada indivíduo.

 A proposta do FONAPER traz os seguintes princípios estruturais para

Ensino Religioso, que na escola deve ser concebido como: integrante na

formação básica do cidadão; conhecimento que subsidia o educando; disciplina

dos horários normais; aprendizagem processual, progressiva e permanente;

orientação para a sensibilidade ao mistério na alteridade; com avaliação que

permeia os objetivos, conteúdos e práticas didáticas; prática didáticacontextualizada e organizada.

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REFERÊNCIAS

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