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HETERONMIA PESSOANA

Alberto Caeiro Ricardo Reis lvaro de Campos

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Atravs dos heternimos, Pessoa conduziu uma profunda reflexo sobre a relao entre verdade, existncia e identidade.

Sou a cena viva onde passam vrios actores representando vrias peas. Bernardo Soares 5/3/12

EXPRESSO DO HOMEM

5/3/12

Tudo quanto o homem expe ou exprime uma nota margem de um texto apagado de todo. Mais ou menos, pelo sentido da

TENDNCIA PARA A DESPERSONALIZAO

Fernando Pessoa:- tendncia orgnica e constante para a despersonalizao; - comeou desde muito cedo a criar em seu redor um mundo fictcio, cercando-se de amigos e conhecidos que nunca existiram; - proliferao de mscaras, 5/3/12

Excertos de Carta a Joo Gaspar Simes (11 de Dezembro de 1931)Nunca senti saudades da infncia; nunca senti, em verdade, saudades de nada. Sou, por ndole, e no sentido directo da palavra, futurista. No sei ter pessimismo, nem olhar para trs. Que eu saiba ou repare, s a falta de dinheiro (no prprio momento) ou um tempo de trovoada (enquanto dura) so capazes de me deprimir. Tenho, do passado, somente saudades de pessoas idas, a quem amei; mas no a saudade do tempo em que as amei, mas a saudade delas: queria as vivas hoje, e com a idade que hoje tivessem, se at hoje tivessem vivido. O mais so atitudes literrias, sentidas intensamente por instinto dramtico, quer as assine lvaro de Campos, quer as assine Fernando Pessoa. So suficientemente representadas, no tom e na verdade, por aquele meu breve poema que comea: sino da minha aldeia. O sino da minha aldeia, Gaspar Simes, o da Igreja dos Mrtires, ali no Chiado. A aldeia em que nasci foi o Largo de S. Carlos, hoje do Directrio, e a casa em que nasci foi aquela onde mais tarde (no segundo andar; eu nasci no quarto) haveria de 5/3/12 instalar se o Directrio Republicano.

Excertos de Carta a Joo Gaspar Simes (11 de Dezembro de 1931) - cont.

O ponto central da minha personalidade como artista que sou um poeta dramtico; tenho, continuamente, em tudo quanto escrevo, a exaltao ntima do poeta e a despersonalizao do dramaturgo. Voo outro eis tudo. Do ponto de vista humano () sou um histero neurastnico com a predominncia do elemento histrico 5/3/12[]

Excerto de Carta a Adolfo Casais Monteiro (20 de Janeiro de 1935)

O que sou essencialmente por trs das mscaras involuntrias do poeta, do raciocinador e do que mais haja dramaturgo. O fenmeno da minha despersonalizao instintiva, a que aludi em minha carta anterior, para explicao da existncia dos heternimos, conduz naturalmente a essa definio. 5/3/12

PESSOA: O POETA DOS 4 ELEMENTOS

Puzzle: 4 ELEMENTOS

- Dramatizao da gnese heteronmica - Leitura de informao acerca da heteronmia pessoana - Os 4 elementos associados ao ortnimo e a cada um dos heternimos: Fogo, Terra, Ar, gua. - Discusso em grupo para chegar a 5/3/12 razes possveis para esta atribuio.

PESSOA: O POETA DOS 4 ELEMENTOS

Fernando Pessoa iniciado FOGO - Tenso entre sinceridade/fingimento, conscincia/inconscincia, sentir/pensar; - Fingimento artstico; - Recurso ao smbolo; - Nostalgia da infncia.5/3/12

ALBERTO CAEIRO o poeta metfora da Natureza (pastor)

TERRA- Homem loiro, sem cor, de olhos azuis, que passa o tempo a ver o mundo e as coisas. Apelidase metaforicamente de pastor. - Tem alma de pastor e, como todos os tipos primrios, s conhece as coisas presentes aos sentidos (sensacionismo).5/3/12

-

Os

seus

conhecimentos

ALBERTO CAEIRO - 1889 1915 biografia / perfil potico Fernando Pessoa explicou a vida de cada um de seus heternimos. O mestre de todos, Alberto Caeiro:

"Nasceu em Lisboa, mas viveu quase toda a sua vida no campo. No teve profisso, nem educao quase alguma, s instruo primria; morreram-lhe cedo o pai e a me, e deixou-se ficar em casa, vivendo de uns pequenos rendimentos. Vivia com uma tia velha, tia av. Morreu tuberculoso." Pessoa cria uma biografia para Caeiro que se encaixa com perfeio sua poesia, como podemos observar nos 49 poemas da srie O Guardador de Rebanhos, includa por inteiro nesta antologia. Segundo Pessoa, foram escritos na noite de 8 de Maro de 1914, de um s flego, sem interrupes. Esse processo criativo espontneo traduz exactamente a busca fundamental de Alberto Caeiro: completa naturalidade.5/3/12

Eu no tenho filosofia: tenho sentidos...

ALBERTO CAEIRO - 1889 1915 biografia / perfil potico

Caeiro escreve com a linguagem simples e o vocabulrio limitado de um poeta campons pouco ilustrado. Pratica o realismo sensorial, numa atitude de rejeio s elucubraes da poesia simbolista. Assim, constantemente ope metafsica o desejo de no pensar. Faz da oposio reflexo a matria bsica das suas reflexes. Esse paradoxo aproxima-o da atitude zen-budista de pensar para no pensar, desejar no desejar:

Metafsica? Que metafsica tm aquelas rvores? A de serem verdes e copadas e de terem ramos E a de dar fruto na sua hora, o que no nos faz pensar, A ns, que no sabemos dar por elas. Mas que melhor metafsica que a delas, Que a de no saber para que vivem Nem saber que o no sabem? 5/3/12

ALBERTO CAEIRO biografia / perfil potico

Caeiro coloca-se, portanto, como inimigo do misticismo, que pretende ver mistrios por trs de todas as coisas. Busca precisamente o contrrio: ver as coisas como elas so, sem reflectir sobre elas e sem atribuir a elas significados ou sentimentos humanos:

Os poetas msticos so filsofos doentes, E os filsofos so homens doidos. Porque os poetas msticos dizem que as flores sentem E dizem que as pedras tm alma E que os rios tm xtases ao luar. Mas as flores, se sentissem, no eram flores, Eram gente; E se as pedras tivessem alma, eram coisas vivas, no eram pedras; E se 5/3/12 os rios tivessem xtases ao luar,

ALBERTO CAEIRO biografia / perfil potico

Os poetas simbolistas, que antecederam Fernando Pessoa, estavam impregnados de forte misticismo, herdado da poesia romntica. Enquanto romnticos e simbolistas carregavam seus poemas de religiosidade. Alberto Caeiro procura, de forma coerente e lgica, afastar-se da reflexo sobre Deus. Pensar em Deus desobedecer a Deus, Porque Deus quis que o no conhecssemos, Por isso se nos no mostrou... Caeiro escreve um poema muito ousado sobre o menino Jesus. No poema VIII de O Guardador de Rebanhos, destitudo de santidade, Cristo representado como uma criana normal: espontnea, levada, brincalhona e alegre. Nisso, est a religiosidade de Caeiro.http://www.youtube.com/watch?v=HakV--x6LXM

5/3/12

Em perfeita consonncia com sua busca de

A. Caeiro ARTE POTICAA apologia da espontaneidade e da naturalidade XXXVI - H Poetas Que So Artistas E h poetas que so artistas E trabalham nos seus versos Como um carpinteiro nas tbuas!... Que triste no saber florir! Ter que pr verso sobre verso, como quem constri um muro E ver se est bem, e tirar se no est!... Quando a nica casa artstica a Terra toda Que varia e est sempre bem e sempre a mesma. Penso nisto, no como quem pensa, mas como quem respira, E olho para as flores e sorrio... No sei se elas me compreendem Nem sei eu as compreendo a elas, Mas sei que a verdade est nelas e em mim E na nossa comum divindade De nos deixarmos ir e viver pela Terra E levar ao solo pelas Estaes contentes E deixar que o vento cante para adormecermos E no termos sonhos no nosso sono.

Recusa do pensamento

Valorizao da Natureza

Condenao da arte como construo reflectida

5/3/12

A. Caeiro ARTE POTICA

5/3/12

A. Caeiro cdigo da anti-metafsica

H metafsica bastante em no pensar em nadaO que penso eu do mundo? Sei l o que penso do mundo! Se eu adoecesse pensaria nisso. Que ideia tenho eu das cousas? Que opinio tenho sobre as causas e os efeitos? Que tenho eu meditado sobre Deus e a alma E sobre a criao do Mundo? No sei. Para mim pensar nisso fechar os olhos E no pensar. correr as cortinas Da minha janela (mas ela no tem cortinas). O mistrio das cousas? Sei l o que mistrio! O nico mistrio haver quem pense no mistrio. Quem est ao sol e fecha os olhos, Comea a no saber o que o sol E a pensar muitas cousas cheias de calor. Mas abre os olhos e v o sol, E j no pode pensar em nada, Porque a luz do sol vale mais que os pensamentos De todos os filsofos e de todos os poetas. A luz do sol no sabe o que faz E5/3/12 no erra e comum e boa. por isso

Sensacionismo: CAEIRO/CAMPOSSensacionismo objectivo vs Sensacionismo subjectivo

Influenciado por Cesrio Verde, Walt Whitman, Verhaeren e Marinetti, Pessoa criou, pela voz dos heternimos lvaro de Campos e Alberto Caeiro, vrios textos inseridos na corrente do Sensacionismo que afirma a primordialidade da sensao que tem de ser intelectualizada. , no entanto, um sensacionismo de cariz diferente que encontramos nos dois heternimos.

Para Caeiro, a sensao das coisas deve ser entendida como tal, sem acrscimo de elementos do pensamento ou sentimento pessoais. Para Campos, e tal como afirma Pessoa em Pginas ntimas e de Auto-Interpretao, a sensao tudo, sim, mas no necessariamente a 5/3/12 sensao das coisas como so, antes das coisas

Sensacionismo: CAEIRO/CESRIO

Os versos Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mos e os ps E com o nariz e a boca

so a expresso mais radical do materialismo concretista de Caeiro; Reflectem uma certa intertextualidade com estes versos de Cesrio Verde: Lavo, refresco, limpo os meus sentidos. E tangem-me excitados, sacudidos, O tacto, a vista, o ouvido, o gosto, o olfacto.Num Bairro Moderno

Ambos os poetas puseram nfase na importncia das 5/3/12

Sensacionismo: CAEIRO/CESRIO

A realidade e a felicidade esto nas sensaes

Alberto Caeiro Sinto o meu corpo deitado na realidade, Sei a verdade e sou feliz

Cesrio Verde Eu tudo encontro alegremente exacto muito natural perspectivar a influncia que Cesrio teve em Caeiro. A admirao do heternimo est evidente nos versos que 5/3/12 lhe dedica:

Caeiro - conclusoLAST POEM (ditado pelo poeta no dia da sua morte) talvez o ltimo dia da minha vida. Saudei o Sol, levantando a mo direita, Mas no o saudei, dizendo-lhe adeus, Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada. Poemas Inconjuntos, XVI Se, depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia, No h nada mais simples. Tem s duas datas a da minha nascena e a da minha morte. Entre uma e outra coisa todos os dias so meus. Sou fcil de definir. Vi como um danado. Amei as coisas sem sentimentalidade nenhuma.5/3/12 dia deu-me o sono como a qualquer criana. Um()

Ricardo Reis escreve sobre CaeiroA obra, porm, e o seu paganismo, no foram nem pensados nem at sentidos: foram vividos com o que quer que seja que em ns mais profundo que o sentimento ou a razo. Dizer mais fora explicar, o que de nada serve; afirmar menos fora mentir. Toda a obra fala por si, com a voz que lhe prpria, e naquela linguagem em que se forma na mente; quem no entende no pode entender, e no h pois que explicar-lhe. como fazer compreender a algum espaando as palavras, um idioma que ele no fala.Compreendi que as coisas so reais e todas diferentes umas das outras; Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento. Compreender isto com o pensamento seria ach-las todas iguais.(Poemas Inconjuntos, XVI)

Eu no sei o que que os outros pensaro lendo isto (Athena, n 5, Fev. 1925) 5/3/12

A. Caeiro exerccio de reviso de conhecimentos

Assinala as afirmaes correctasV / F Afirmaes Caeiro conhece pelos sentidos, sobretudo pela viso. Caeiro adepto de um pantesmo sensualista. Caeiro apresenta-nos a Natureza de forma subjectiva. Para Caeiro, s a reflexo nos leva verdade. Os poemas de Caeiro apresentam uma linguagem e um estilo simples. Caeiro afirma ver tudo sempre pela primeira vez e colher constantemente sensaes originais. Contrariamente poesia do ortnimo, a poesia de Caeiro respira alegria e leveza Caeiro 5/3/12 um ser mltiplo e fragmentado.

EXERCCIO DE EXPRESSO ESCRITA: TEXTO EXPOSITIVO-ARGUMENTATIVO"Nunca tive um desejo que no pudesse realizar, porque nunca cegueiA. Caeiro

Partindo do verso transcrito e das constantes temticas da poesia de Caeiro, redige um texto expositivo-argumentativo onde abordes a relao deste heternimo pessoano com o mundo (cem a duzentas palavras).

O texto expositivo-argumentativo 1. A Teoria - O texto expositivo-argumentativo consiste em partir de uma afirmao e desenvolv-la. - Tem como objectivo apresentar um juzo prprio de forma clara e organizada. - A clareza do texto expositivo-argumentativo depende, em muito, da forma como ele estruturado. - Assim, o texto dever ser organizado em trs partes: introduo, desenvolvimento e concluso. - Para melhor levares prtica estas indicaes, atenta nos seguintes conselhos prticos: A introduo e a concluso: devem ser constitudas por um nico pargrafo; uma vez que so snteses tericas, no devem conter exemplos; articulam-se entre si, j que a concluso deve retomar a introduo.

5/3/12

O desenvolvimento: articula-se com a introduo;

EXERCCIO DE EXPRESSO ESCRITA: TEXTO EXPOSITIVO-ARGUMENTATIVONota ainda que: deves ler atentamente o enunciado de forma a compreenderes claramente a tese a formulada; antes de redigires o teu texto, deves organizar a informao em forma de tpicos ou de esquema; durante a redaco, deves - identificar o tipo de relaes lgicas existentes entre cada uma das trs partes do texto; - identificar a relao entre as ideias que vais expor no desenvolvimento; - seleccionar os articuladores do discurso que vo evidenciar esses nexos. convencionalmente, o tempo utilizado neste tipo de texto o presente do indicativo; no podes fugir ao limite de palavras indicado. 2. Mecanismos de coeso do texto (conectores/articuladores do discurso) Como aprendeste em anos anteriores, os articuladores do discurso so conectores utilizados para fazer a ligao entre frases, das frases num perodo, dos perodos dentro dos 5/3/12 pargrafos e

RICARDO REIS - 1889 - 1915 (o epicurista triste)

AR- Mdico expatriado, desde 1919 no Brasil, por motivos polticos, de quem se perdeu o rasto, apesar de algumas notcias recentes, obviamente apcrifas. - Monrquico, educado num colgio de jesutas, pago por http://www.youtube.com/watch?v=ufAIn4xEt4c carcter, latinista e semi5/3/12

Ricardo Reis nasceu no Porto. Educado em colgio de jesutas, mdico e vive no Brasil desde 1919, pois expatriou-se espontaneamente por ser monrquico. latinista por educao alheia, e um semi-helenista por educao prpria. F. Pessoa

CAEIROUm campons autodidata, desprovido de erudio;

REIS

Discpulo de Caeiro; um erudito que insistia na defesa dos valores tradicionais, tanto na literatura quanto na poltica;

- retoma o fascnio do mestre pela natureza pelo vis do neoclassicismo;

- Insiste nos clichs rcades do Locus Amoenus (local ameno) e do Carpe Diem (aproveitar o momento); Linguagem clssica; Usa um vocabulrio erudito; poemas metrificados e que apresentam uma sintaxe rebuscada.

5/3/12

CAEIROconvico de que no se deve pensar em Deus.

REIS

Os poemas de Reis so odes (poemas lricos de tom alegre e entusistico, cantados pelos gregos, ao som de ctaras ou flautas, em estrofes regulares e variveis) Nelas, convida pastoras como Ldia, Neera ou Cloe para desfrutar de prazeres contemplativos e regrados:

"Prazer, mas devagar, Ldia, que a sorte queles no grata Que lhe das mos arrancam. Furtivos, retiremos do horto mundo Os deprendandos pomos.;

as odes de Reis recorrem sempre aos deuses da mitologia grega (Pndaro); paganismo de carcter erudito; os deuses esto acima de tudo e controlam o destino dos homens:

5/3/12

"Acima da verdade esto os deuses. Nossa cincia uma falhada cpia

LVARO DE CAMPOS - 1890 - 1935 (o filho indisciplinado da sensao)

GUA- Engenheiro naval formado em Glasgow. - Dirige-se ao futuro e o homem da tcnica. - Vitalismo, energetismo e sensacionismo. - Poeta sensacionista e escandaloso, engenheiro de profisso, de aspecto civilizado e franzino, monculo e casaco exageradamente justo. um homem da indstria e da tcnica.

Temtica e sua evoluo:-

-

1 fase: decadentista Opirio 03/1914 2 fase: do futurismo whitmaniano 5/3/12

LVARO DE CAMPOS biografia / perfil potico

Fernando Pessoa informa-nos que lvaro de Campos:

Nasceu em Tavira, teve uma educao vulgar de Liceu; depois foi mandado para a Esccia estudar engenharia, primeiro mecnica e depois naval. Numas frias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opirio. Agora est aqui em Lisboa em inactividade." (cartas de F. Pessoa)

- lvaro de Campos apresenta trs fases distintas em sua poesia - Influncias: 1 fase - Decadentismo simbolista; 2 fase - Futurismo Whitmaniano; 3 fase (dita Intimista ou Independente). 5/3/12

LVARO DE CAMPOS biografia / perfil potico1 fase (Decadentista) durou at 1920

No poema Opirio, o engenheiro Campos, influenciado pelo simbolismo, ainda metrifica e rima. Escreve quadras, estrofes de quatro versos, de teor autobiogrfico e j se apresenta amargurado e insatisfeito:

"Eu fingi que estudei engenharia. Vivi na Esccia. Visitei a Irlanda. Meu corao uma avozinha que anda Pedindo esmolas s portas da alegria.;

Sujeito cansado de uma civilizao velha que todos reconhecem; Cheio de tdio e procura de sensaes novas, extravagantes e mrbidas; Opirio revela um Campos - enjoado da vida; 5/3/12 - destrudo interiormente; - procura evadir-se atravs do pio, da morfina;

LVARO DE CAMPOS biografia / perfil potico2 fase (Futurismo Whitmaniano) vai de 1914 a 1916

Campos envereda pelo futurismo, adoptando um estilo febril, entre as mquinas e a agitao da cidade, do que resultam poemas como Ode Triunfal:

" dolorosa luz das lmpadas elctricas da fbrica Tenho febre e escrevo. Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto, Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos."

Outros poemas: Ode Martima, a Saudao a Walt Whitman e Passagem das Horas. Homenageando o grande escritor norte-americano, Campos, alm de se referir ao conhecido homossexualismo de Whitman, de que parece comungar, revela uma das mais fortes influncias sobre o seu estilo. Idealizao potica industrial, dominada pelo dinmico, pelo forte e 5/3/12 no pelo belo, como Aristteles.

LVARO DE CAMPOS biografia / perfil potico

De Whitman Campos ter recebido influncia no estilo e nos temas. TEMAS MAIS FREQUENTES - o amor pela vida; - a solidariedade entre os homens (do santo prostituta, do

salteador ao burgus);

- o tumulto das viagens martimas; - a energia mecnica; - o progresso tcnico; - a epopeia do quotidiano; - o cosmopolitismo civilizado: redimensiona e liberta o Homem.5/3/12

LVARO DE CAMPOS biografia / perfil potico3 fase (Intimista) vai de 1916 a 1935

Fase em que pontifica o poema Tabacaria Apresenta um poeta amargurado, reflectindo de forma pessimista e desiludida sobre a existncia:

"No sou nada. Nunca serei nada. No posso querer ser nada. parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."

Confessa-se discpulo de Alberto Caeiro (como Ricardo Reis) Mas - Reis envereda pelo neoclassicismo ao tentar imitar o mestre,

- Campos revela-se inquieto e frustrado por no conseguir seguir os preceitos de Caeiro.

No poema que se inicia pelo verso "Mestre, meu mestre querido", o sujeito dialoga com Caeiro, revelando toda sua angstia:

"Meu mestre, meu corao no aprendeu a tua serenidade. Meu corao no aprendeu nada. (...) 5/3/12 A calma que tinhas, deste-ma, e foi-me inquietao."

LVARO DE CAMPOS biografia / perfil potico

ESTILO

Os poemas de lvaro de Campos so

- marcados pela oralidade e pela prolixidade que se espalha em versos longos, prximos da prosa. - Despreza a rima ou mtrica regular. - despeja os seus versos em torrentes de incontrolvel desabafo. Sentir tudo de todas as maneiras. Viver tudo de todos os lados. Ser a mesma coisa de todos os modos possveis ao mesmo tempo. 5/3/12 Sentir tudo de todas as maneiras.

LVARO DE CAMPOS - poemasAo volante do Chevrolet pela estrada de Sintra, Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra, Ao luar e ao sonho, na estrada deserta, Sozinho guio, guio quase devagar, e um pouco Me parece, ou me foro um pouco para que me parea, Que sigo por outra estrada, por outro sonho, por outro mundo, Que sigo sem haver Lisboa deixada ou Sintra a que ir ter, Que sigo, e que mais haver em seguir seno no parar mas seguir? Vou passar a noite a Sintra por no poder pass-la em Lisboa, Mas, quando chegar a Sintra, terei pena de no ter ficado em Lisboa. Sempre esta inquietao sem propsito, sem nexo, sem consequncia, Sempre, sempre, sempre, Esta angstia excessiva do esprito por coisa nenhuma, Na estrada de Sintra, ou na estrada do sonho, ou na estrada da vida... Malevel aos meus movimentos subconscientes no volante, 5/3/12 Galga sob mim comigo, o automvel que me emprestaram.

LVARO DE CAMPOS - poemas

Em quantas coisas que me emprestaram eu sigo no mundo! Quantas coisas que me emprestaram guio como minhas! Quanto que me emprestaram, ai de mim!, eu prprio sou! esquerda o casebre sim, o casebre beira da estrada. direita o campo aberto, com a lua ao longe. O automvel, que parecia h pouco dar-me liberdade, agora uma coisa onde estou fechado, Que s posso conduzir se nele estiver fechado, Que s domino se me incluir nele, se ele me incluir a mim. esquerda l para trs o casebre modesto, mais que modesto. A vida ali deve ser feliz, s porque no a minha. Se algum me viu da janela do casebre, sonhar: Aquele que feliz. Talvez criana espreitando pelos vidros da janela do andar que est em cima Fiquei (com o automvel emprestado) como um sonho, uma fada real. 5/3/12

LVARO DE CAMPOS - poemas

Talvez rapariga que olhou, ouvindo o motor, pela janela da cozinha No pavimento trreo, Sou qualquer coisa do prncipe de todo o corao de rapariga, E ela me olhar de esguelha, pelos vidros, at curva em que me perdi. Deixarei sonhos atrs de mim, ou o automvel que os deixa? Eu, guiador do automvel emprestado, ou o automvel emprestado que eu guio? Na estrada de Sintra ao luar, na tristeza, ante os campos e a noite, Guiando o Chevrolet emprestado desconsoladamente, Perco-me na estrada futura, sumo-me na distncia que alcano, E, num desejo terrvel, sbito, violento, inconcebvel, Acelero... 5/3/12

LVARO DE CAMPOS - poemas

Mas o meu corao ficou no monte de pedras, de que me desviei ao v-lo sem v-lo, porta do casebre, O meu corao vazio, O meu corao insatisfeito, O meu corao mais humano do que eu, mais exacto que a vida. Na estrada de Sintra, perto da meia-noite, ao luar, ao volante, Na estrada de Sintra, que cansao da prpria imaginao, Na estrada de Sintra, cada vez mais perto de Sintra, Na estrada de Sintra, cada vez menos perto de mim...

5/3/12

Relao entre os 3 heternimosSER . VIVER . SENTIRHeternimo A. Caeiro Ricardo Reis lvaro de Campos Heternimo A. Caeiro segundo Fernando Pessoa Engloba todo o seu poder de despersonalizao dramtica Tem toda a sua disciplina mental, vestida do ritmo (msica) que lhe prpria Tem toda a emoo que no d nem a ele nem vida. segundo David Mouro Ferreira Desejando-se um simples homem da Natureza, inteiramente desligado dos valores da cultura. O pretender SER. O desejar VIVER segundo o ensinamento de todas as culturas, sinteticamente recolhidas numa sabedoria que vem de longe, mas que tambm pessoal.

Ricardo Reis

lvaro de Campos

No to radical quanto Caeiro na recusa dos valores culturais, mas contesta-os de modo corrosivo. Esforou-se por SENTIR, em lcida histeria, de acordo com os ritmos da vida e mundo modernos. Assim, nos heternimos pessoanos, encontramos a sntese da arte 5/3/12 de SER, de SENTIR e de VIVER.

Cartas de F. Pessoa a Oflia QueirsExma. Senhora D. Ophelia Queiroz: Um abjecto e miseravel individuo chamado Fernando Pessoa, meu particular e querido amigo, encarregou-me de communicar a V. Ex considerando que o estado mental delle o impede de communicar qualquer coisa, mesmo a uma ervilha secca (exemplo da obediencia e da disciplina) que V. Ex est prohibida de: (1) pesar menos grammas, (2) comer pouco, (3) no dormir nada, (4) ter febre, (5) pensar no individuo em questo. Pela minha parte, e como intimo e sincero amigo que sou do meliante de cuja communicao (com sacrificio) me encarrego, aconselho V. Ex a pegar na imagem mental, que acaso tenha formado do individuo cuja citao est estragando este papel razoavelmente branco, e deitar essa imagem mental na pia, por ser materialmente impossivel dar esse justo Destino entidade fingidamente humana a quem elle competiria, se houvesse justia no mundo. Cumprimenta V. Ex

5/3/12

Alvaro de Campos

Cartas de Oflia Queiroz a F. Pessoa (A. Campos)

Exmo. Senhor Engenheiro lvaro de Campos Permita-me que discorde por completo com a primeira parte da sua carta, porque, nem posso consentir que V. Ex trate o Exmo. Sr. Fernando Pessoa, pessoa que muito prezo, por abjecto e miservel indivduo nem compreendo que, sendo seu particular 5/3/12 e querido amigo o possa tratar to

Cartas de Oflia Queiroz a F. Pessoa

Meu querido amor, que triste ideia teve em encarregar o Sr. Engenheiro lvaro de Campos de escrever-me? Ele afinal no seu amigo, trata-o to mal! E no sendo seu amigo tambm o no meu, e no sendo meu amigo eu tambm no sou amiga dele, 5/3/12 portanto no gosto dele, detesto-o

Cartas de Oflia Queiroz a F. Pessoa

Fernando, h j quatro dias que me no aparece e nem ao menos se digna escrever-me. Sempre a mesma forma de proceder. Vejo que no fao nada de si, porque compreendo perfeitamente que para me aborrecer que assim procede, que 5/3/12 me ter mesmo chamado parva

Carta de Rompimento

Ophelinha: Agradeo a sua carta. Ella trouxe-me pena e allivio ao mesmo tempo. Pena, porque estas cousas fazem sempre pena; allivio, porque, na verdade, a unica soluo 5/3/12

continua o

Quanto a mim... O amor passou. Mas conservo-lhe uma affeio inalteravel, e no esquecerei nunca nunca, creia nem a sua figurinha engraada e os seus modos de pequenina, nem a sua ternura, a sua dedicao, a sua indole amoravel. Pode ser que me engane, e que estas qualidades, que lhe attribo, fossem uma illuso minha, mas nem creio que fossem, nem, a terem sido, seria desprimor para mim que lhas attribuisse.No sei o que quer que lhe devolva cartas ou que mais. Eu preferia no lhe devolver nada, e conservar as suas cartinhas como memoria viva de um passado morto, como todos os passados; como alguma cousa de commovedor numa vida, como a minha, em que o progresso nos annos par do progresso na infelicidade e na desilluso. Peo que no faa como a gente vulgar, que sempre reles; que no me volte a cara quando passe por si, nem tenha de mim uma recordao em que entre o rancor. Fiquemos, um perante o outro, como dois conhecidos desde a infancia, que se amaram um pouco quando meninos, e, embora na vida adulta sigam outras affeies e outros caminhos, conservam sempre, num escaninho da alma, a memoria profunda do seu amor antigo e inutil.

5/3/12

Que isto de outras affeies e de outros caminhos consigo,

CONCLUSO

Tabacaria O Menino de Sua Me Autopsicografi a

5/3/12