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ANO LVIII | MARÇO 2012 | ASSINATURA ANUAL | NACIONAL 7,00¤ | ESTRANGEIRO 9,50¤ #03 FUTURO DA MISSÃO ESTÁ NOS JOVENS POLÓNIA NA 22ª PEREGRINAÇÃO DA FAMÍLIA DA CONSOLATA Pág. 10 “O MEU CORAÇÃO FICOU LÁ” A HUNGRIA TAMBÉM VIVE EM CRISE, MAS DIFERENTE Pág. 18

Futuro da missão está nos jovens

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Polónia na 22ª Peregrinação da Família da Consolata

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ANO LVIII | MARÇO 2012 | ASSINATURA ANUAL | NACIONAL 7,00¤ | ESTRANGEIRO 9,50¤ #03

FUTURO DA MISSÃOESTÁ NOS JOVENSPOLÓNIA NA 22ª PEREGRINAÇÃO DA FAMÍLIA DA CONSOLATA

Pág. 10 “O MEU CORAÇÃOFICOU LÁ”

A HUNGRIA TAMBÉMVIVE EM CRISE,MAS DIFERENTE Pág. 18

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CONSOLATA É CHEIA DE GRAÇA, POR DEUS AGRACIADA PARA LEVAR AO MUNDO A CONSOLAÇÃO DE JESUS.CONSOLADOS SÃO OS EVANGELIZADOS, PORQUE AMADOS DE DEUS. CONSOLAR É LEVAR A TODA A PARTE A CONSOLAÇÃO DE DEUS SALVADOR. COMO MARIA TORNAMO-NOS SOLIDÁRIOS COM TODOS. SOLIDARIEDADE É O OUTRO NOME DA CONSOLAÇÃO.COMO ELA SOMOS PRESENÇA CONSOLADORA EM SITUAÇÕES DE AFLIÇÃO. POR SEU AMOR COLOCAMOS A NOSSA VIDA AO SERVIÇO DO HOMEM TODO E DE TODOS OS HOMENS. ALLAMANO DEU-NOS MARIA POR MÃE E MODELO. POR ISSO CHAMAMO-NOS MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA

MISSIONÁRIOS DA CONSOLATAwww.fatimamissionaria.pt | www.consolata.ptRua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | tel: 249 539 430 | [email protected] Dª Maria Faria, 138 | Apartado 2009 | 4429-909 AGUAS SANTAS MAI | tel: 229 732 047 | [email protected] do Castelo | 2735-206 CACÉM | tel: 214 260 279 | [email protected] Capitão Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | tel: 218 512 356 | [email protected] da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRG | tel: 253 691 307 | [email protected]

Funde uma bolsa de estudos. A oferta é de 250EUR e pode ser entregue de uma só vez ou em prestações. Pode dar-lhe o seu próprio nome ou outro que desejar.São-lhes concedidos, entre outros, os seguintes benefícios: fica inscrito no livro de benfeitores dos Missionários da Consolata; participa nas orações e nos méritos apostólicos dos missionários; beneficia de uma missa diária que é celebrada por todos os benfeitores.

Apoie a formação de JOVENS MISSIONÁRIOS

NOSSA SENHORA DA CONSOLATA

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editorial

EA

Em tempo de austeridade prolongada e acentuada, os cristãos são convidados a percorrer um caminho de 40 dias, em direção à Páscoa. “Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” é o tema que Bento XVI escolheu para a sua mensagem quaresmal de 2012. O Papa dá uma ênfase especial à “importância da correção fraterna, para caminharmos juntos em direção à santidade”. Vivemos num tempo de desorientação: “A cultura contemporânea perdeu o sentido do bem e do mal, sendo necessário reafirmar com vigor que o bem existe e vence, porque Deus é «bom e faz o bem»”, no dizer do salmo 118. “O bem é aquilo que suscita, protege e promove a vida,a fraternidade e a comunhão”. Para Bento XVI, “a responsabilidade pelo próximo significa querer e favorecer o bem do outro, desejando que também ele se abra à lógica do bem; interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhosàs suas necessidades”.

A palavra mais badalada nos últimos tempos escreve-se com apenas cinco letras: crise. Com ela designamos os grandes problemas económicos que o mundo atravessa e que estão a castigar severamente grandes grupos humanos. Mas esta palavra tem outros significados, quando aplicada a vários domínios da vida humana e da sociedade. A crise abala as nossas seguranças, mostra as fragilidades dos fundamentos das nossas “torres de Babel”. Mas, sobretudo, põe a nu os nossos medos, como um dos maiores problemas do mundo atual. Temos sempre medo de alguma coisa. Medo de perder o trabalho, de não dispor

de bastante dinheiro e alimentação, medo do que os outros pensam de nós, de não conseguir vencer e ter sucesso. Uma mente prisioneira do medo vive na confusão e no conflito. O modelo de vida moderno revela graves fragilidades, cria desequilíbrios e injustiças, está a depauperar os recursosda natureza que não são inesgotáveis.É um modelo contrário à santidade de que fala o Papa. Dominados pelo consumismo

e despesismo, estamos a dar passos em direção à destruição do nosso planeta. Estamos preocupados em acumular bens, em garantir o nosso futuro e a nossa segurança, sem nos preocuparmos com o irmão que está ao nosso lado, por vezes, privando-o do essencial para viver. “Uma sociedade como a atual pode tornar-se surda quer aos sofrimentos físicos, quer às exigências espirituais e morais da vida”, denuncia Bento XVI.

O tempo quaresmal é um tempo de crise. Encaminhados espiritualmentepara o deserto, a Igreja convida-nos a questionar as nossas opções e atitudes, a nossa relação com a natureza e com o próximo. A Quaresma é tempo de aprender a cultura da sobriedade em época de crise. Trata-se de respeitar a criação, não abusando dos bens que ela nos concede. Descobrir a vontade de Deus é descobrir o que Ele nos quer fazer compreender neste momentode provação. Passada a tormenta, o mundo já não será o mesmo. Depende de nós descobrir e aprender novos modelos de comportamento mais evangélicose mais respeitadores da obra de Deus.

NADA SERÁCOMO DANTES

O tempo quaresmal é um tempo de crise. Encaminhados espiritualmente para o deserto, a Igreja convida-nos a questionar as nossas opçõese atitudes, a nossa relação com a natureza e como próximo. A Quaresma é tempo de aprendera cultura da sobriedade em época de crise

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Pagamento da assinaturamultibanco (ver dados na folha de endereço),transferência bancária nacional (Millenniumbcp)NIB 0033 0000 00101759888 05transferência bancária internacionalIBAN PT50 00 33 0000 00101759888 05BIC/SWIFT BCOMPTPLcheque ou vale postal

(inclui o IVA à taxa legal)

Nº 3 Ano LVIII – MARÇO 2012Tel. 249 539 430 / 249 539 460Fax 249 539 429 [email protected]@fatimamissionaria.ptwww.fatimamissionaria.pt

03 EDITORIAL 05 PONTO DE VISTA Escuta06 LEITORES ATENTOS 07 HORIZONTES Obrigada pelo convite 08 MUNDO MISSIONÁRIO Primeiros passos do cristianismo na Mongólia Noite das igrejas regressa à Europa Estudantes dicriminados no Paquistão Fome afeta crianças do Bangladesh Timorenses convertidos à força 10 A MISSÃO HOJE “O meu coração ficou lá” 11 FIO DA HISTÓRIA Consolatina 12 A MISSÃO HOJE Nós e o dinheiro 13 DESTAQUE Saleh troca o poder pela imunidade 14 ATUALIDADE Convocados para a missão 16 ATUALIDADE Somam oito anos de missão 18 DOSSIER A Hungria também vive em crise, mas diferente 22 GENTE NOVA EM MISSÃO A festa do pai 24 TEMPO JOVEM Parábola do Quinto elemento 26 SEMENTES DO REINO Prestemos atenção uns aos outros 28 O QUE SE ESCREVE 29 O QUE SE DIZ 30 GESTOS DE PARTILHA 31 VIDA COM VIDA Adaptava-se facilmente a tudo 32 OUTROS SABERES Tudo se quer com peso e medida 33 A MISSÃO É SIMPÁTICA Máximas e receitas para o acumular dos anos 34 FÁTIMA INFORMA Depois das obras Centro Paulo VI reabre portas ATUALIZE

A SUA ASSINATURA

Rua Francisco Marto, 52Apartado 52496-908 FÁTIMA

FÁTIMA MISSIONÁRIA Registo N.º 104965Propriedade e Editora Delegação Portuguesa do Instituto Missionário da ConsolataContribuinte Nº 500 985 235Superior Provincial António Jesus FernandesRedação Rua Francisco Marto, 522496-908 FátimaIm pres são Gráfica Almondina,Zona Industrial – Torres NovasDepósito Legal N.º 244/82Tiragem 27.300 exemplaresDiretor Elísio AssunçãoRedação Elísio Assun ção, Manuel CarreiraConselho de Re dação António Marujo, Elísio Assunção, Manuel CarreiraColabora ção Alceu Agarez, Ângela e Rui, Carlos e Magda, Carlos Camponez, Cristina Santos, DarciVila ri nho, Leonídio Ferreira, Luís Mau rício, Lucília Oliveira, Norberto Louro, Teresa Carvalho; Diaman tino Antunes – Moçambique, Tobias Oliveira – Quénia, Álvaro Pa che co – Coreia do SulFotografia Lusa, Ana Paula, Elísio As sunção e ArquivoCapa e Contracapa Ana PaulaIlustração H. Mourato, Mário José Teixeira, Miguel Carvalho e Ri car do NetoDesign e com po sição Happybrands e Ana Pau la RibeiroAd mi nis tração Joaquim Bernardino e Cristina Henriques

Assinatura AnualNacional 7,00€Estrangeiro 9,50€De apoio à revista 10,00€Benemérito 25,00€Avulso 0,90€

2012

sumário

18 A HUNGRIA TAMBÉM VIVEEM CRISE, MAS DIFERENTE

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pontode vista

«Quem tem ouvidos para ouvir, oiça» (Mt 11, 15; 13, 9; 13, 43; Mc 4, 9; 4, 23; 7, 16; Lc 8, 8; 14, 35). É uma frase que o Senhor deve ter dito muitas vezes, pois os evangelistas a citam repetidamente. São João mais que todos: «Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas» (Ap 2, 7; 2, 11; 2, 17; 2, 29; 3, 6; 3, 13; 3, 22; 13, 9).Costumamos dirigir estas repreensões ao mundo, aos adversários da fé. Afinal o nosso tempo é surdo aos ensinamentos, esquece os valores, ignora a Palavra. Ele é que precisa de ter ouvidos. Mas não é a esses que Jesus faz a recomendação. Quando fala com Caifás, Herodes, Pilatos não lhes censura a falta de audição e, nas discussões com os fariseus, não usa esta expressão. Sempre que aparece, está incluída em discursos às multidões ou ensinamentos aos Apóstolos.Os problemas de audição só acontecem aos devotos.

A sucessiva afirmação, em tom de aviso e censura, aponta para um mistério. Estando Jesus a dizê-lo aos que tinham ido especialmente ouvir as suas palavras e estavam a escutar, não podia referir-se aos infiéis. Não era para os hostis que falava, mas para nós, aqueles que, apesar de estarmos aqui, atendendo ao que está a ser dito, podemos não ter ouvidos para ouvir. Este é o terrível e incompreensível perigo que nos assola a todos: é possível saber tudo, cumprir tudo, atender a tudo, e, apesar disso, não escutar realmente o que é dito. É um mistério que espanta o próprio Cristo, que diz aos mais devotos, aos próprios Apóstolos que escolhera e que o acompanhavam para todoo lado: «Ainda não entendestes nem compreendestes? Tendes o vosso coração endurecido?» (Mc 8, 17-18). A nós, que só podemos aspirar à proximidade dos evangelistas, o Senhor repete sucessivamente: «Quem tem ouvidos para ouvir, oiça».

Mas temos que ouvir o quê? Que precisamos de escutar? Se vamos recorrentemente à igreja, se ouvimos as leituras e homilias, se meditamos a Palavra, se até discutimos teologia e lemos a FÁTIMA MISSIONÁRIA, se fazemos tudo isso com empenho e atenção, o que é que temos mais que ouvir? «Falta-te apenas uma coisa: vai, vende tudo o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me.» (Mc 10, 21). Na relação com Jesus existem dois tipos de obstáculos. O primeiro éo daqueles que não ligam, não atendem. São os que recebem a semente à beira do caminho, vêm as aves e comem-na (cf. Mt 13, 4; Mc 4, 4; Lc 8, 5). Mas os mais patéticos são aqueles que, como nós, acolhem a Palavra com alegria, mas não têm raiz em si mesmos ou sofrem com os cuidados do mundo e a sedução da riqueza. (cf. Mt 13, 21-22;Mc 4, 17-19; Lc 8, 13-14). O resultado é o mesmo. Estes últimos sãoos que cumprem tudo, mas não vendem o que têm para seguir Jesus na vida que Ele escolheu para nós. Aquilo que não ouvimos é que Deus tem ouvidos para ouvir. O que nos falta entender é que em cada passo da nossa vida o Senhor está à escuta, atenta e serenamente. No meio das tempestades da vida, gritamos por Ele, como se não ouvisse. E Ele acorda e diz: «Porque temeis, homens de pouca fé?» (Mt 8, 26).

ESCUTA

texto JOÃO CÉSAR DAS NEVES

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RENOVE A SUAASSINATURAFaça o pagamento da assinatura através dos colaboradores, se os houver, ou nas casas da Consolata, ou através de multibanco, cheque ou vale postal. Ou ainda por transferência bancária: NIB 0033 0000 00101759888 05Refira sempre o nú me ro ou nome do assinante. Na folha on de vai escrita a sua direção, do lado esquerdo, encontra o ano pago e o seu númerode assinante.Agradecemos que os nossoses ti mados assinantes renovema assinatura para 2012.Só as assinaturas atualizadas poderão beneficiar do pequeno apoiodo Estado ao porte dos correios. Os do na tivos para as missões são de dutíveis no IRS. Se desejar recibo, deverá enviar-nos o seu número de contribuinte.Muitos leitores chamam à FÁTIMA MISSIONÁRIA«a nossa revista». É bom que assim pensem e assim procedam. A revista é feita por muitas mãos e lida por mais de 29 mil assinantes. Ela é mesmo nossa! Somos uma grande família.

leitoresatentos

Estatuto editorialFÁTIMA MISSIONÁRIA assume--se co mo uma publicação de informação geral com a missão de promover os autênticos valores humanos e cristãos, tais como a paz, a solidariedade, a justiça, a fraternidade e a defesa do ambiente.FÁTIMA MISSIONÁRIA tem como objetivo informar os leitores sobre os mais diversos temas que dizem respeito sobretudo a Fátima e aos povos do Terceiro Mundo, nomeadamente aos de língua portuguesa. Pretende ser um veículo de notícias e iniciativas que circulam em ambos os sentidos.FÁTIMA MISSIONÁRIA pretende chegar às cidades e às aldeias, dentro e fora do país; dirige-se a um público muito variado: crianças, jovens e adultos sem distinção de raça nem credo – usando para isso mesmo um estilo

simples e acessível a todos.FÁTIMA MISSIONÁRIA nasceu e mantém a sua sede na cidade de Fátima, cada vez mais um ponto de encontro de povos e cul tu ras, a nível mundial. Como o seu nome in dica, quer informar sobre a Missão em geral, desenvolvendo as potencialidades que o tema encerra: evangelização e promoção dos povos; di reitos humanos, incluindo a denúncia dos seus atropelos, violações e injustiças; relações entre o norte e o sul do planeta, batendo-se por uma justa cooperação entre as nações; cultura, usos e costumes dos povos, sociedade, religiões e missão da Igreja; divulgação de notícias de todo o mundo, com prioridade para os países menos desenvolvidos; formação para a mundialidade, e apoio a campanhas de solidariedade para com as minorias e grupos humanos mais desfavorecidos, designadamente refugiados e povos ameaçados de extinção.FÁTIMA MISSIONÁRIA é propriedade

da Dele ga ção Portuguesado Instituto Missionário daCon so lata. Não tem fins lucrativos, não tem vínculos partidários, nem é órgão oficial de qualquer instituição ou religião. Dirigida pelo seu diretor, equipa de redação e administrador, propõe--se colaborar com os órgãos de comunicação afins e com associações cujos objetivos sejam a defesa dos seus interesses e finalidades.FÁTIMA MISSIONÁRIA compromete-se a res pei tar os princípios deontológicos e a ética pro fis sional dos jornalistas, assim como a boa fé dos leitores.FÁTIMA MISSIONÁRIA é mensal e é distribuída por assinatura, vivendo exclusivamente da con tri bui ção generosa dos seus assinantes, leitores e ami gos.

Poucos operários Amigos missionários da Consolata,Desejo-vos muita saúde, felicidades e a bênção de Deus e da Mãe Consolata. Que Ele vos dê força para ajudar os nossos irmãos que mais estão em necessidade. A vossa missão é linda, mas somos poucos na vinha do Senhor. A ajuda que vos mando é para retirar de lá o pagamento da revista e o que fica é para ajudar os mais carenciados. MARIA

Em nome dos pais Peço desculpa pelo atraso! Mas com sacrifício vou continuar com a assinatura do meu pai, depois da minha mãe, ambos falecidos!FERNANDES NR Os pais do senhor Fernandes já faleceram; ambos tinham estado muito ligados à revista desde longa data. Agora é o filho que não quer deixar cair por terra a memória dos pais e torna-se ele o assinante. É um exemplo que nos comove.

Evangelização Ex.mo Senhor Diretor,Hoje mesmo enviei por vale postal dinheiro, para renovar a minha assinatura para 2012; o resto será para dispor como entender. Não é nada para as despesas que têm, mas é o que posso dar. Continuo a apreciar imenso o vosso trabalho de evangelização e de ajuda ao próximo. O Senhor nosso Deus, vos recompensará, estou certa disso. CUSTÓDIA Leitura e oração Meus senhores,Sou vossa colaboradora com o número 58.625. Enviei ontem um vale de correio com o valor de 97,00 € referente a 13 assinaturas para 2012. Espero que por este meio fique a minha colaboração em dia. Gosto muito da revista e bendigo tê-la conhecido. Faz parte das minhas leituras e das minhas orações. MARIA

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horizontes

TEXTO TERESA CARVALHOILUSTRAÇÃO MIGUEL CARVALHO

Dora chegou pontualmente à secretaria e informou que tinha encontro marcado com o senhor Samuel. Indicaram-lhe uma sala onde estava à sua espera um homem sereno e de cabelo grisalho. Mal a viu, levantou-se com um sorriso daqueles que dizem que é bem-vindo. – Dora, é um prazer conhecê-la! A sua amiga falou-nos muito de si e mostrou-nos alguns textos seus. Obrigado por ter aceite este encontro. – Obrigada, senhor Samuel! Eu é que agradeço o seu convite, mas temo não ter muito para contribuir.– Pelo contrário, minha amiga, precisamos de si e da sua capacidade de comunicação. O Centro lançará brevemente uma revista com a participação dos jovens, das famílias e da comunidade em geral. Um dos temas permanentes é “Histórias de Sentir”. Gostaríamos que fosse a Dora a responsabilizar- -se por este tema.Dora fitou aquele homem de olhar sábio e viu-se pequenina face às expetativas que ele colocara em si. O medo segredou-lhe que o mais sensato seria recusar. Haveria tanta gente bem mais capaz de o fazer.Enquanto os seus medos vinham e iam, o senhor Samuel falava com tanto entusiasmo dos benefícios que esperava que a revista tivesse junto de toda a comunidade, das dificuldades para a concretizar e da sua campanha de convites aos colaboradores, que Dora deixou-se embarcar, completamente envolvida nesse sonho. Estava a ser convidada a fazer parte de um grupo que não conhecia, mas que Samuel

OBRIGADAPELO CONVITE

congregava e em quem confiava.Bastava ouvir ou ver este senhor para perceber com quanta generosidade inventa e cria novos horizontes. Quanto enriquecimento proporciona ele a quem aceita juntar-se ao imenso grupo dos que têm algo para dar, mesmo que seja muito pouco! Dora reconheceu que era uma privilegiada e quis dizê-lo claramente ao homem que estava a ser responsável por isso.– É com um imenso obrigada que aceito o seu convite, senhor Samuel. O meu contributo será pequenino, mas o projeto é grandioso e eu fico feliz por me poder sentir parte dele.

Obrigada por me ter convidado a participar. Sobretudo, obrigada por ter querido precisar de mim e ter vindo ao meu encontro.Samuel respondeu-lhe com um abraço comovido, acolhendo nele os medos de Dora e também os seus. Tentou vencê-los com a sua certeza de que, congregando “pequenas forças” de muitos, constroem-se “grandes projetos”.

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mundomissionário

PRIMEIROS PASSOS DO CRISTIANISMO NA MONGÓLIAO caminho da Igreja missionária da Mongólia avança com novas iniciativas. Após a queda do regime comunista, em 1991, praticamente não havia católicos no país. Com o reconhecimento da liberdade religiosa em 1992, vários sacerdotes salesianos, vindos do Vietname, deitaram mãos ao renascimento da Igreja local. Começaram a reconstruir os lugares de culto e apoiaram a população extenuada por decénios de ditadura. Em 2006, os católicos eram 600.A primeira vocação consagrada surgiu em 2008. O caminho da evangelização está em progresso, graças à presença de missionários de várias congregações, entre os quais os missionários da Consolata. Apesar de reduzida, a comunidade católica realiza uma notável obra de assistência, oferece formação aos jovens e promove a participação em atividades sociais novas e criativas, como a assistência às crianças da rua e o acolhimento a crianças com deficiência. Em 1997, foi inaugurada a catedral de São Pedro e São Paulo, em Ulaanbatar, a capital do país e, publicada, em 2004, a primeira bíblia em língua mongol.

NOITE DAS IGREJAS REGRESSAÀ EUROPACrentes ou não são convidados a visitar as igrejas, oferecendo-lhes a possibilidade de um encontro com Deus e com o lado espiritual da vida. Iniciado em 2005, em Viena de Áustria, o evento encoraja uma visita noturna aos tesouros artísticos da cristandade, permite participar em liturgias, oferece concertos ou visitas guiadas a lugares habitualmente encerrados ao público. Iniciada na Áustria, a «Noite das igrejas» já se estendeu a outros países como a República Checa, que registou o maior sucesso em 2011, com 900 igrejas aderentes e um programa com mais de cinco mil eventos. A Eslováquia participa pela segunda vez na iniciativa que envolverá quase todas as dioceses. Inspira-se na primeira carta de São Paulo aos Tessalonicenses: “Somos filhos da luz. Não somos da noite nem das trevas”. Os organizadores pretendem “encorajar o maior número possível de pessoas a visitar as igrejas e proporcionar-lhes o encontro com Deus”.

FOME AFETACRIANÇAS DOBANGLADESHApesar do desenvolvimento económico, uma alimentação deficiente e escassa está a afetar, de modo especial, o crescimento das crianças do Bangladesh com menos de cinco anos. A precária alimentação mina a saúde de mulheres e crianças do país, impedindo o progresso que permitiria alcançar os objetivos do Milénio fixados pelas Nações Unidas, que se propõem reduzir a pobreza e a mortalidade materna e infantil.Uma em cada 15 crianças do Bangladesh morre antes dos cinco anos. Todos os anos, morrem 250 mil crianças antes de completar o primeiro ano de vida. Segundo dados da organização «Save the Children», cerca de metade das crianças bengalesas com menos de cinco anos sofrem de raquitismo ou de baixa estatura. O governo do Bangladesh está a desenvolver programas nutricionais para combater a desnutrição e a mortalidade infantil entre as famílias mais pobres do país. O aumento dos preços da alimentação está a tornar mais difícil o sucesso dos programas.

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Nestes dias tenho andado a pensar sobre os meus anos de missão aqui no Quénia. Cheguei cá há 33 anos a 1 de setembro de 1978, tendo deixado o meu pai acamado e, embora o não soubéssemos, a poucas semanas da morte. Era um tempo de grandes esperanças. Para a Igreja foi o ano dos três Papas, Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II. No Quénia acabava de falecer o presidente Jomo Kenyatta e ansiava-se por uma era de maior democracia e progresso. 33 anos é uma vida, a longevidade escolhida por Jesus, e vivi a maior parte dessa vida aqui na África Oriental. Fazendo um apanhado destas mais de três décadas posso com alguma tranquilidade afirmar que foram anos dignos de serem vividos. Cresci mas também vi crescer um povo inteiro. Fui missionário para os outros mas também descobri que eles foram missionários para mim. O Quénia hoje não obstante as incertezas e perigos é um país de grandes promessas. A fé alastra, as vocações aumentam, a nova Constituição da República garante igualdade de direitos, deveres e oportunidades para todos, e eu acredito num futuro melhor e mais justo. Valeu a pena!

Foi há 33 anostexto TOBIAS OLIVEIRA*

*missionário da Consolataportuguês, a trabalharem Nairobi, Quénia

ESTUDANTESDISCRIMINADOSNO PAQUISTÃOEstudantes cristãos são desfavorecidos por motivos religiosos. A denúncia vem da comissão «Justiça e Paz» paquistanesa, que pede o fim da “discriminação institucionalizada com base na religião”. O órgão da conferência episcopal exige que, nos concursos públicos, não haja requisitos relativos à religião islâmica, como o estudo do Corão. Um estudante cristão chamou a atenção para esta questão. Embora tenha obtido notas muito elevadas no exame de admissão à Faculdade de Medicina da Universidade de Ciências de Lahore, Aroon Arif não conseguiu a admissão por não apresentar saberes relativos à prova de “conhecimento do Corão”. A comissão dos bispos considera que o caso é “discriminatório” e “violaa constituição do Paquistão”.

TIMORENSES CONVERTIDOSÀ FORÇAMais de mil crianças de Timor--Leste foram retiradas, há mais de 10 anos, às suas famílias e levadas à força para a Indonésia. Convertidas ao Islão e formadas em colégios islâmicos estatais, encontram-se atualmente na região de Java Ocidental, nas mãos de «educadores» muçulmanos que se recusam a entregá-las às suas famílias. Agentes humanitários indonésios tentaram, em vão, devolvê-las às suas famílias, referem fontes ligadas à Igreja católica. Entre os 250 mil deslocados timorenses que, em 1999, se refugiaram na Indonésia para fugir ao conflito pela independência de Timor, havia mais de quatro mil crianças. Nessa altura, muitas delas foram entregues a famílias, ao exército indonésio ou a várias organizações. Mais de mil crianças nunca mais regressaram a Timor-Leste e permanecem prisioneiras dos colégios islâmicos. Apesar de algumas famílias terem encontrado os seus filhos, os responsáveis dos colégios não os libertaram.

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a missãohoje

“O MEU CORAÇÃOFICOU LÁ”

texto LUCÍLIA OLIVEIRA foto ANA PAULA

Após dois anos na missão de Catrimani, no Roraima, Brasil, Lígia Cipriano, 42 anos, leiga missionária da Consolata, exclama: “O meu coração ficou lá”

A 22ª peregrinação missionária da Consolata, que realizamos anualmente, recorda-nos o nosso fundador, o beato José Allamano, e reúne-nos como família à volta da missão. Allamano convoca-nos e interpela-nos para que vivamos a missão nos pensamentos, nas palavras e no coração.Queremos continuar a fortalecer os laços de comunhão entre todos e com a missão durante o tempo que decorre entre uma peregrinação e outra. Para isso, mês a mês, chegará às vossas casas um

ConsolataPeregrinar é caminho de família

Nos “dois melhores anos da minha vida”, teve que lidar com a diferença de cultura e de língua, bem patentes. “Como gosto muito de conversar, inicialmente foi a língua” um dos entraves. Mas, rapidamente começou a criar laços com aqueles que moravam mais perto da missão. Hoje, entende-os quando falam e há mesmo algumas expressões que já aprendeu, além de falar já português com sotaque brasileiro.“Quero voltar à missão”, diz peremptoriamente. E a sua preferência é pela missão com este povo. “Depois da

Lígia Cipriano, única leiga na missão de Catrimani, estado do Roraima, no Brasil

pequeno folheto, inserido na FÁTIMA MISSIONÁRIA. É enviado a todos os amigos e benfeitores dos Missionários da Consolata. Com este meio, queremos criar comunhão e sentido de família à volta da missão, onde quer que estejamos e em tudo o que fazemos.Queremos recordar, a 16 de cada mês, o beato José Allamano e, com ele, criar uma cadeia de oração, através da qual cada um possa sentir-se unido e parte de uma família que faz da missão de Jesus Cristo o centro da sua vida. Queremos tomar consciência que a peregrinação anual a Fátima não termina no dia em que se realiza, mas se prolonga ao longo do ano, refletindo, rezando, e colocando-nos em movimento a percorrer um caminho como família.* Superior provincial

texto ANTÓNIO FERNANDES*

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fio dahistória

texto MANUEL CARREIRA ilustração H. MOURATO

Allamano, tendo concretizado a sua ideia de fundar uma congregação para a formação de missionários, tinha pela frente vários problemas a resolver. O primeiro era uma casa onde os pudesse alojar. Isso não lhe foi difícil porque, ainda antes de ele ir ao jornal procurar uma casa disponível, ou percorrer as ruas da cidade a ver se encontrava os tais papelinhos nalguma janela a dizer, “aluga-se”, já a divina Providência se encarregara de resolver o problema. E foi do seguinte modo: Allamano tinha um amigo que, antes demorrer, lhe fizera a doação de um palacete, comrés-do-chão, primeiro e segundo andar. Caiu como mel em sopa. Era o ideal. A Consolata resolvera o assunto. Segundo problema: E onde encontrar os jovens que se prontificassem a entrar no instituto, para se formarem em missionários? Também aqui a Consolata esteve do seu lado e deu sinais de que assumira o instituto como obra sua. Não tardou que aparecessem oito candidatos para darem vida à nova casa que ficou logo achamar-se “Consolatina”, como quem diz uma Consolata pequenina.

CONSOLATINA

Missionárias da Consolata Missionários da Consolata Missionárias da Consolata

TODOS SOMOS CHAMADOS!A palavra vocação vem do latim: “vocare”, isto é, “chamar”. Deus tem um projeto para cada um de nós e chama-nos a realizá-lo. A vida é o primeiro chamamento. Pensemos na vocação a que Deus

CHAMADOS PARA EVANGELIZAR“Se fores aquilo que deves ser, incendiarás o mundo”Beato João Paulo II

A ficha (H)ora Allamano pretende ser um instrumento de reflexão e oração. Em cada mês, será abordado um tema para nos ajudar a fazer caminho como família. Unidos ao beato José Allamano, caminhare-mos até à peregrinação de fevereiro de 2013.

Com a (H)ora Allamano, vamos unir-nos pela oração, criar espírito de família e fortalecer o nosso compromisso com a missão. Esta folha pode ser utilizada nos grupos em que estamos inseridos, em família ou individualmente.

Folheto mensal de oração e reflexão | Março 2012

Todos evangelizados

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lata

Todos evangelizadores

adaptação, de conhecer uma nova cultura, gostaria de voltar para lá”, sublinha. E acrescenta: “Foi uma graça que Deus me deu, ir para a área Yanomami, para a missão mais especial que existe”. Lá “não há batismos, sacramentos, comunhões, mas o estar com um povo e respeitar a sua cultura”, explica.Dormir na rede, tomar banho no rio, cozinhar à fogueira foram algumas das diferenças que encontrou. Não ter luz elétrica ou água “é a coisa mais fácil”, ou seja, a menor das preocupações. Aliás, não ter eletricidade não impedia de visitar as famílias na maloca, à luz da lanterna. “Havia mais conversa”, comenta. É, aliás, “o que faz falta na nossa sociedade: a presença”, mesmo que isso signifique apenas, estar com a pessoa. A vida com os Yanomami é “muito familiar”. A casa é comunitária, tal como o resto da vida, sejam as festas ou as decisões. Com eles aprende-se “o pão nosso de cada dia”. No dia a dia, preocupam-se com a sobrevivência. Os Yanomami “ensinam que precisamos de pouco para sermos felizes”. Aliás, “se há lugar onde a nossa presença é consoladora é ali”, realça Lígia Cipriano. Partilhou nos últimos dois anos uma vida na missão que existe desde 1965, acompanhada de dois padres e quatro irmãs da Consolata, sendo a única leiga no terreno. Mas “eu não ensinei nada. Estive a viver, a compartilhar, estar com eles”, afirma. A visita às malocas, o acompanhamento dos cursos que a equipa missionária fazia e, no último ano, a digitação de cartilhas em língua Yanomami foram algumas das tarefas em que participou.

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a missãohoje

“Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”, disse Jesus. E São Paulo avisou: “A raiz de todos os males é o amor ao dinheiro”. Por outro lado, com o Concílio Vaticano II, a Igreja deixou de desprezar os valores terrenos, como o dinheiro, o poder, o sexo e outros, valores que devem

NÓS E ODINHEIRO

texto FRANCISCO SARSFIELD CABRAL*foto ANA PAULA

Importa colocar o dinheiro no lugar que lhe cabe. É um meio para atingir sociedades mais justas, onde não existam excluídos ou famílias que passam fome

O mercado tem limites. Nem tudo se compra e se vende. Aí os cristãos são chamados a desempenhar um papel essencial, não pelo que dizem, mas pela maneira como vivem

desprotegidos. Dito isto, é forçoso reconhecer que o dinheiro adquiriu hoje uma importância exagerada. Antes da Revolução Industrial, há dois séculos, o dinheiro não era encarado como fator de valorização social. Predominavam outros valores, não necessariamente

contribuir para uma vida pessoal e coletiva mais humana. Então, em que ficamos? Tudo depende da hierarquia dos valores. Por exemplo, o poder político é indispensável a uma sociedade organizada e pacífica. Sem ele, poderia cair-seno caos, onde os mais fortes esmagariam os mais fracos. Mas é reprovável a ambição do poder pelo poder, enquanto afirmação pessoal. Corretamente entendido, o poder é um serviço à comunidade.

Com o dinheiro passa-se o mesmo. Fazer do enriquecimento material o nosso grande objetivo é um pecado. Servir-se do dinheiro para que as pessoas vivam melhor é positivo. Na fase da crise atual, o dinheiro é essencial, desde logo, para criar emprego e para ajudar os mais

ordem, comprando coisas. Tenta-se esquecer um passado de pobreza. Trata-se de um engano promovido por uma publicidade que associa o “ter” a valores simbólicos de felicidade e posição social.

Assim, há que fomentar outros estilos de vida, mais sóbrios e mais virados para o que é importante e que pouco tem a ver com dinheiro. O mercado tem limites. Nem tudo se compra e se vende. Aí os cristãos são chamados a desempenhar um papel essencial, não pelo que dizem, mas pela maneira como vivem. Com o colapso do comunismo, muitos passaram a agir como se não existissem normas morais na esfera económica: vale tudo para ganhar muito dinheiro e depressa. O setor financeiro – responsável, através do crédito, por boa parte da “onda consumista” – cresceu exageradamente nos últimos 20 anos, sobretudo nos Estados Unidos. E sem adequada regulação, levando à crise financeira global desencadeada pelo crédito hipotecário de alto risco. Tudo isto revela uma relação pouco saudável com o dinheiro. Será que a crise e a austeridade, que ela impõe, promoverão outra atitude face ao dinheiro? Oxalá! Mas não é certo. * Jornalistapublicação conjunta da Missãopress

mais “éticos”, como nascer numa família aristocrática. Com o desenvolvimento do capitalismo, a riqueza material tornou-se o símbolo decisivo de status social. Hoje, pouco ou nada pesam os valores típicos de sociedades estratificadas, segundo critérios de nascimento, ou seja, de nobreza.

Importa colocar o dinheiro no lugar que lhe cabe. É um meio para atingir sociedades mais justas, onde não existam excluídos ou famílias que passam fome. Para tal é necessário combater tendências que se acentuaram nas últimas décadas. Uma delas é o consumismo, a tendência para procurar a felicidade na mera aquisição de bens materiais. Há como que uma tentativa de compensar frustrações de vária

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destaque

A partida do presidente iemenita, Ali Abdallah Saleh, para os Estados Unidos, onde alegadamente deverá ser submetido a tratamentos médicos, parece ser o primeiro passo para a transição política do país. Há 33 anos no poder, Saleh é mais uma das vítimas da denominada «Primavera Árabe». Em janeiro de 2010, o país foi sacudido por manifestações exigindo reformas políticas, que foram duramente reprimidas. Após mais de um ano de contestação, Saleh é alvo de um atentado que o feriu com gravidade, obrigando-o a um internamento no país vizinho, a Arábia Saudita, um dos principais esteios do regime.

Apesar de ser um país com escassos recursos naturais, o Iémen situa-senuma região estratégica do globo, de acesso ao estreito de Ormuz e ao Oceano Índico. Por isso, a degradação da situação política e social no país tem sido

IÉMEN PREPARA TRANSIÇÃO POLÍTICA

SALEH TROCA O PODERPELA IMUNIDADE texto CARLOS CAMPONEZ fotos LUSA

acompanhada com alguma preocupação pela comunidade internacional e os estados da região. Este facto explica as fortes pressões que Saleh sofreu para chegar a um acordo, assinado em novembro, em Riade, com vista a encontrar uma saída para a crise política.

De acordo com o plano, Saleh deveria sair do poder na sequência das eleições presidenciais marcadas para 21 de fevereiro, nas quais o vice-presidente Abd Rabbo Mansour Hadi, considerado uma das pessoas capazes de assegurar o consenso nacional, será o único candidato para um mandato de dois anos.Apesar de fortemente contestado por alguns setores sociais que gostariam de ver o presidente iemenita responder pelos crimes cometidos durante a repressão dos manifestantes, foi aprovado pelo Parlamento um diploma que consagra a imunidade total para Ali

Abdallah Saleh e uma imunidade parcial para os seus colaboradores políticos, militares e agentes de segurança. A partida em troca da imunidade, eis, portanto, a chave da transição política no Iémen.

A ameaça da Al-QaedaEmbora Saleh tenha prometido regressar ao país, a sua partida para os Estados Unidos não deixou de assumir os contornos de uma despedida, patente no pedido de «perdão» pelos erros cometidos.No caso do Iémen, a «Primavera Árabe» parece fortemente tutelada pela comunidade internacional que não estará disposta a tolerar uma maior instabilidade na região, onde forças afetas a Al-Qaeda controlam já algumas regiões do Norte. Os Estados Unidos foram, nos últimos anos, alvo de vários atentados terroristas preparados no Iémen e, por várias vezes, lançaram ataques contra líderes e bases situadas na região, fora do controlo do governo. O agravamento da instabilidade social e política poderia ser uma oportunidade para que as forças mais radicais tomassem o controlo da situação e tornassem a região, por onde passa a maior parte do tráfego petrolífero internacional, verdadeiramente insustentável para os interesses ocidentais.

Em Sanaa, Iémen, o povo exige a retirada do presidente Ali Abdullah Saleh (à esquerda)

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atualidade FÁTIMAPeregrinação da FamíliaMissionária da Consolata

A multidão de peregrinos quase encheu a grandiosa igreja da Santíssima Trindade

Vozes do grupo «Figo Maduro» cantam a beleza da comunhão com Deus

Peregrinos preparam-se para caminhar até aos Valinhos para iniciar a via-sacra

No alto do Calvário, jovens colocam a Missão no «centro» do universo

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O provincial dos missionários da Consolata afirmou na Eucaristia de encerramento da peregrinação: “É hoje que Deus nos chama e convoca”. E acrescentou: “Não tenhamos medo de dizer «Sim», de dizer «Aqui estou»”. António Fernandes lembrou às nove mil pessoas que se encontravam na igreja da Santíssima Trindade o convite à santidade que o beato Allamano expressava e o sermos homens e mulheres criados por Deus para a missão. “Não existe missão sozinhos”, salientou o provincial, exortando a criarmos “família e comunhão”.O local onde o missionário da Consolata João De Marchi chegou em 1943, Fátima, é escola de Maria. “Saibamos escutá-la”, frisou o presidente da 22ª peregrinação da Família Missionária da Consolata. Aos peregrinos, António Fernandes lembrou que “todos têm lugar na missão” e que “Deus nos criou para sermos sinais de esperança”. O provincial convidou todos a “a abrir o vosso coração, a vossa casa, para que outros possam descobrir Deus”. É a vida vivida feita testemunho que convoca, a partir daí, para a missão.O final da Eucaristia ficou marcado pela atuação do grupo Figo Maduro, cujas vozes angélicas tocaram bem fundo no coração de todos os peregrinos, que não se cansaram de aplaudir.

A missão tingiu-se do vermelho e branco da Polónia. A bandeira ostentada pelos jovens polacos tinha impressa a imagem de Nossa Senhora da Consolata, que vieram, pela primeira vez, acompanhados pelo padre Silvanus Stock. “Trouxe-os aqui, para poderem ver com os seus olhos o rosto da Con-solata”, esclarece o missionário da Consolata tanzaniano, que há cinco anos deixou Portugal rumo à Polónia. Este grupo “é fruto de tudo o que eu aprendi aqui e, agora, estou a fazer lá”.Devotos de Nossa Senhora, os jovens polacos vieram a Fátima na festa do beato Allamano. Maksym Figat, 22 anos, aluno de mestrado em Engenharia de Computação ficou “espantado” com o que viu: “Não esperava que a Consolata fosse tão forte em Portugal”. O sentimento de família marcou-o: “As pessoas são muito abertas e tratam-nos como se fossemos da família”. Apesar dos milhares de quilómetros que nos separam, “sinto-me como se esti-

Nove mil pessoas participaram na 22ª Peregrinação da Família Missionária da Consolata a Fátima. Unidos pelo amor ao beato Allamano, vieram de diversos pontos do país. De Braga ao Algarve. Juntou-se-lhes um grupo de jovens polacos da Consolata. Como família, todos foram convidados a responder «Sim» ao chamamento de Deus e a reconhecer a missão como o quinto «elemento» do universo

CONVOCADOS PARA A MISSÃO

texto LUCÍLIA OLIVEIRAfotos ANA PAULA

vesse em minha casa, na Polónia”.O padre Silvanus ficou admirado por encontrar a “Consolata toda reunida como uma família”. E salienta: “Gostei muito de ver a gente alegre, a via-sacra muito participada, os jovens com iniciativas novas”. Apreciou o apelo da homilia da Eucaristia: uma mensagem que lembrou a necessidade “de nos enraizarmos em Cristo e termos a capacidade de evangelizar”. Leva com ele a “vivacidade” da peregrinação, com o desejo de repetir na Polónia um encontro como este, com os diferentes grupos que gostaria de ver nascer. “Levo muita inspiração de Nossa Senhora de Fátima. Algo de muito forte vai acontecer na Polónia”, garante.

Mais participativos em 2013“Querer conhecer o ambiente missionário”, revelou Cláudia Duarte, 27 anos, de Palmeira,

Braga, bolseira de doutoramento do MIT Portugal. Com ela, dez jovens vieram integrados num grupo de 160 peregrinos. Muitos participam pela primeira vez. “Superou em muito as minhas expectativas”, salienta a jovem, referindo-se ao elevado número de participantes. “É sinal que estão a fazer um bom trabalho e a motivar as pessoas para a missão”.A jovem destaca a Eucaristia e a ação de graças. “Tocou-me. Senti a comunhão com Deus. Nessa altura senti vontade de perguntar: Porque é que não vamos?”. Foi o momento de se interrogar e dizer: “Talvez eu queira ir”. O grupo pretende contagiar outros e, no próximo ano, participar mais ativamente na peregrinação.

“Deus chama-me hoje”

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atualidade CONSOLATALeigos a caminhode Roraima, Brasil

Os dois últimos foram vividos na periferia da cidade de Boa Vista. Em 2008, “regressámos a Espanha, com três filhos”. Ester Tello Ferrer “é esta menina que deixou uma parte dela amarrada ao Brasil”. Regressa de novo “com alegria e esperança, para trabalhar lá, reencontrar os amigos e inserir-se em novos projetos”. Gosta de “ler, estar com os amigos, conversar e passear”.O marido, Luís Ventura Fernandez, “é pai de família, cristão, missionário.

que “significa milho, na língua macuxi”; e Xavier Iren, isto é, “rio”. Deram nomes indígenas aos filhos, “porque nos sentíamos muito ligados àqueles povos”.Após quatro anos, passados em Espanha, regressam a Roraima para mais dois anos de trabalho missionário: “Foi uma opção de vida que moldou muito a nossa família e queremos continuar”, explica Ester Tello Ferrer, de 39 anos. “Crescemos muito em Roraima, como pessoas, como casal, como família, como missionários. Partilhámos com os povos indígenas uma história de luta muito grande. Isso fortaleceu e reforçou a nossa fé, assim como o nosso amor pela missão”.

Ser enfermeira em Surumu, “é muito diferente que sê-lo em Espanha”. Ester trabalhou num posto de saúde, onde acorriam os doentes da área indígena. “Sem médico, recebia os doentes e fazia o diagnóstico. Decidia se transferi-los para a cidade ou tratá-los no local”. Sem meios de diagnóstico, “tinha apenas o olho clínico para cuidar dos doentes”.Com os povos indígenas, Luís Ventura Fernandez aprendeu “a força da paciência, da resistência e da

SOMAM OITO ANOSDE MISSÃO

Luís e Ester, leigos da Consolata, com os três filhos de partida para as missões

texto e foto E. ASSUNÇÃO

Jovem casal espanhol, Ester e Luís, parte para o Brasil pela segunda vez. Depois de um caminho de leigos missionários da Consolata,que os levou à descoberta da missão, partiram em 2002,recém-casados, para Roraima. Dedicaram seis anos das suas vidasaos povos indígenas, da Raposa Serra do Sol

Teve a sorte de sentir fortemente o chamamento de Deus e teve a oportunidade de o tornar realidade”. Aprendeu a crescer “na Cáritas de Espanha, no encontro com o mundo da exclusão e da pobreza, com o mundo da luta e da esperança que os povos indígenas me mostraram”. O homem é um pouco de “tudo isso, misturado com 39 anos de caminhada. Muito feliz”. Têm três filhos: Marcos Mayu. “É um nome indígena, que significa mutirão, trabalho feito em conjunto”; Clara Anai,

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“Somos parte de uma caminhada e de uma missão: de anunciar o reino pelo mundo além. A nós toca-nos anunciá-lo com a disponibilidade em sair da nossa terra, tal como muitos outros continuam a anunciá-lo na sua terra”. E concluem: “Só com as nossas forças, não conseguiríamos sair. Há muitas coisas que custam. A fé alimenta, provoca e chama. Inquieta-nos sempre”

perseverança”. Os povos indígenas lutavam contra poderes económicos e políticos muito grandes. “O jeito de eles lutarem era na base da união das comunidades, do trabalho, da firmeza, de perseverar, de resistir. Aprendi que esse é o caminho”. Como David contra Golias, “damos conta que os povos deste mundo têm as suas estratégias para lutar pela vida”. Recebeu essa lição dos povos da Raposa Serra do Sol: “Unidos e a trabalhar juntos, tendo a certeza de que a vitória seria sua. Apesar de em certos momentos tudo indicar que não iria resultar, que o poder era muito grande, que os meios de comunicação eram muito poderosos, que o poder económico e político estava envolvido para impedir que os índios ficassem com o direito à sua terra, apesar de tudo isso, os índios acreditaram sempre que iriam vencer”. É uma força de esperança muito grande que se transforma quase em certeza. “A força dos índios vinha de uma longa luta, da sua fé. Sentiam que o que estava a acontecer era quase uma escravidão e não era possível que aquilo fosse querido por Deus”.

O papel das mulheres foi preponderante, confessa Ester. “A estratégia dos brancos era espalhar entre os índios o álcool e outras iniquidades, que causaram divisões”. As mulheres indígenas clamaram: “Foram elas que se colocaram à frente da luta contra a bebedeira. Resistiram e até se recusaram a preparar a bebida

tradicional. Encabeçaram a luta, ao lado dos homens, tiveram um papel muito forte, até aos dias de hoje”.

O casal parte de novo, após quatroanos passados em Espanha. “Retomamos a caminhada mais dois anos. Sentimos dentro de nós essa inquietude”. Ester confessa: “Custa partir com as crianças, mas sentimos que é agora que devemos dar o nosso sim”. Por seu lado, Luís explica: “A nossa atitude é partir de novo, mais enriquecidos, e não apenas continuar. Partimos com a mesma vontade de colaborar, dar-se e gastar-se na missão”. A decisão do casal radica-se na fé. “É a fonte. Sem fé, tudo isto não teria sentido”. Questionados pelos amigos que deixaram, Ester e Luís explicaram: “Somos parte de uma caminhada e de uma missão: de anunciar o reino pelo mundo além. A nós toca-nos anunciá-lo com a disponibilidade em sair da nossa terra, tal como muitos outros continuam a anunciá-lo na sua terra”. E concluem: “Só com as nossas forças, não conseguiríamos sair. Há muitas coisas que custam. A fé alimenta, provoca e chama. Inquieta-nos sempre”.

Oferecer o domde ser família“No Roraima espera-nos uma realidade que continua a ser conflituosa na questão da terra e mesmo no projeto de sociedade roraimense”, confessam Ester e Luís, casal de leigos missionários da Consolata espanhóis. “Espera-nos um trabalho no Centro cultural indígena. Trata-se de um projeto da Consolata que vamos tentar pôr em marcha. A finalidade do centro é implantar no coração da cidade de Boa Vista a realidade dos povos indígenas. Pretende-se abrir vias de diálogo com a sociedade roraimense, para que os direitos dos povos indígenas não sejam apenas reconhecidos e respeitados, mas também valorizados. Espera-nos um período de vida como família, em Roraima. Acho que o maior dom que podemos oferecer à missão é a família. É o nosso projeto de vida. Estaremos presentes com crianças que vão à escola, com vizinhos com os quais vamos manter uma relação de vizinhança. Tentaremos inserir-nos na realidade dos bairros da periferia de Boa Vista e, a partir daí, sermos um pontinho de luz. Levamos alguns receios no coração. Temos sempre o receio que as crianças não se adaptem, receio de doenças, a preocupação de os vermos felizes. São receios de mãe!”, confessa Ester. “Fazemos estas opções porque queremos sentir-nos família missionária. Pensamos que até as crianças necessitarem de estabilidade, é um tempo de mobilidade, de partir para a missão. O que nos move é a convicção de querermos ser uma família missionária”.

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dossier

HUNGRIAO cristianismo continua a ser a religião maioritária com uma predominânciade católicos

A HUNGRIA TAMBÉM VIVEEM CRISE, MAS DIFERENTE

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texto e fotos LEONÍDIO PAULO FERREIRA*

Com o desemprego acima dos 11% e a economia a ameaçar estagnar este ano, os húngaros conhecem tempos difíceis, não muito diferentes daqueles que enfrentam gregos e portugueses. Mas ao mesmo tempo, estão sob forte pressão da União Europeia para que a retórica autoritarista do governo de Viktor Orban não passe apenas de palavras e para que as ações da extrema-direita sejam contrariadas

Partida ao meio pelo Danúbio, Budapeste não consegue ainda hoje esconder que nasceu da soma de Buda, com as suas colinas e o velho castelo, e de Peste, a zona plana onde se ergue a parte moderna da capital da Hungria. Ora, entre essa planura de Peste sobressaem dois edifícios com pouco mais de um século de antiguidade mas que conferem alma a todo o país: o Parlamento e a Catedral de Santo Estêvão. No primeiro guarda-se a coroa que, no ano mil, Silvestre II enviou ao primeiro monarca do país, enquanto no segundo repousa a mão direita de Estêvão I, que fundou com o apoio papal o reino da Hungria.

Para se perceber a atual Hungria, que vive em crise económica e acusada pela União Europeia de estar a dar sinais de deriva autoritária e nacionalista, é essencial olhar para a sua história milenar. Este é um país singular, que fala uma língua sem parentesco algum com a dos seus vizinhos germânicos, latinos ou eslavos. E o seu povo descende das tribos magiares que vindas das estepes do sul da Rússia chegaram à região dos Cárpatos por volta de 896.

Excelentes cavaleiros e liderados por Arpad, os magiares não tiveram grandes dificuldades em impor-se aos povos da região, que tal como muitos outros ao longo dos séculos iriam pouco a pouco adotando a cultura dos invasores. Istvan, ou Santo Estêvão, descendia de Arpad e deu o passo decisivo de integrar o seu povo na Europa medieval ao adotar o cristianismo como religião nacional numa época em que muitos magiares eram ainda pagãos.

O cristianismo continua a ser a religião maioritária na Hungria, com uma predominância de católicos mas também bastantes

calvinistas e luteranos. O país conta ainda com cerca de cem mil judeus (numa população de dez milhões) e a sinagoga de Budapeste, a maior da Europa a par da de Amesterdão, relembra a importância dessa comunidade religiosa para o país até ser quase toda dizimada pelos nazis durante a Segunda Guerra Mundial.

Mas o antissemitismo não desapareceu da Hungria, pois para a extrema-direita húngara tanto judeus como ciganos são a culpa de todos os males do país. E o Jobbik, partido que encarna essas ideias, obteve quase um quinto dos votos nas eleições de 2010. Mesmo o escritor Imre Kertesz, um sobrevivente de Auschwitz que em 2002 ganhou o Nobel da Literatura, tem denunciado a persistência do antissemitismo em certos setores da sociedade húngara de discurso ultranacionalista. Uma outra das ideias do Jobbik é questionar o Tratado de Trianon de 1920 que, em consequência da derrota do Império Austro-Húngaro na Primeira Guerra Mundial, fez a Hungria perder muito do seu território histórico

Para se perceber a atual Hungria, que vive em crise económica e acusada pela União Europeia de estar a dar sinais de deriva autoritária e nacionalista, é essencial olhar para a sua história milenar. Este é um país singular, que fala uma língua sem parentesco algum com a dos seus vizinhos germânicos, latinos ou eslavos

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Praça dos heróis e lápide na sinagoga;catedral de Santo Estevão (página anterior)

Parlamento húngaro, visto das colinasde Budapeste

e ainda hoje há significativas minorias magiares na Eslováquia, na Roménia e na Sérvia.

O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, tem feito questão de se distanciar do Jobbik, até porque com dois terços dos assentos parlamentares o seu FIDESZ pode governar sem compromissos com outras forças. Mas a sua retórica nacionalista, sobretudo quando a sua política económica ou a polémica lei sobre a imprensa são criticadas pelos parceiros da União Europeia, tem dado também uma má imagem à Hungria nos últimos anos. E os cortes nas prestações sociais que têm vindo a ser feitos desde que em 2008 o FMI interveio para salvar o país da bancarrota (governavam os socialistas) afetam de forma muito efetiva a minoria cigana, que os números oficiais põe em 2% da população, mas que poderá ser perto de 5%. Aliás, o próprio nível de desemprego entre os ciganos (ou roma) bate muito os 11% de média nacional.

Ao longo da sua história, a Hungria foi submetida ao domínio turco, austríaco, nazi e soviético e só desde 1990 vive em democracia. Membro da NATO desde 1999 e da União Europeia desde 2004, o país enfrenta hoje uma grave crise económica (estagnação prevista para 2012) e muitos húngaros estão a pagar bem caro a opção de terem comprado a sua casa com um empréstimo em divisas estrangeiras, sendo assim vítimas da desvalorização do forint. Ora, é para a Europa que olham como referência, com Bruxelas a ser hoje o que Roma foi para Istvan (ou Estêvão) no ano 1000. E por isso se não devem ser tolerados extremismos é importante que a Hungria não se sinta abandonada num momento em que a solidariedade europeia pode fazera diferença.

*jornalista do DN

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DOIS HERÓIS PORTUGUESESEM BUDAPESTENo jardim da sinagoga de Budapeste, uma lápide homenageia os diplomatas que salvaram judeus húngaros dos campos de extermínio nazis. No topo, em destaque, o nome do sueco Raoul Wallemberg, o mais célebre deles todos. Mas também estão lá as referências a Sampaio-Garrido e a Teixeira Branquinho, que à revelia das ordens de Salazar ajudaram a salvar milhares de judeus, tal como fez Aristides de Sousa Mendes, o famoso cônsul em Bordéus

O país dosmagiaresLocalização País da Europa Central, tem como vizinhos a Áustria, a Eslovénia, a Eslováquia, a Sérvia, a Croácia, a Roménia e a Ucrânia. Sem saída para o mar, o atual território dos magiares (nome que os húngaros se dão a si próprios) é bastante mais reduzido que as suas fronteiras históricas. Área 93 mil quilómetros quadrados.População Dez milhões de habitantes.Capital Budapeste.Língua Húngaro.Religião Catolicismo, com importante minoria protestante.Moeda Forint (um euro igual a cerca de 290 forints).Esperança de vida 71 anos para os homens e 78 anos para as mulheres.Rendimento médio por habitante 12.500 dólares.

Eslováquia

HUNGRIABudapesteÁustria

CroáciaRoménia

Ucrânia

PolóniaRep. Checa

Jugoslávia

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gente nova em missão

Celebra-se o dia do Paie começa a primavera

EM MARÇO

texto ÂNGELA E RUIilustrações RICARDO NETO

A FESTA DO PAIOlá pequenos missionários!Estamos em março, um mês bonito, quando começa a primavera, mas também o mês em que se celebra uma festa muito especial: a festa do Pai. Para todos os pais! Mesmo para os pais que, não sendo pais biológicos, amam os filhos adotados com todas as suas forças e são para eles, imagem terna do amor de Deus.Como Portugal é um país de tradição católica, a festa do Pai é celebrada a 19 de março, dia dedicado a venerar São José, que foi pai adotivo de Jesus. Que melhor exemplo e modelo do amor de um pai do que este simples carpinteiro, sempre recordado por nós, cristãos, com muito carinho e devoção!? Votos de um dia do Pai feliz para todos vós e para os vossos pais!

SER PAI ÉTer a oportunidade de ser um instrumento que, à imagem de Deus, trabalha no sentido de orientar, educar e amar o seu filho. Procurar ser pilar, imagem e exemplo de bem e de amor. Quando se é pai, é como se renascesse. É sentir a grande responsabilidade de amar e educar. É, sem dúvida, um grande presente de Deus.Rui, pai da Maria Clara

Descendente de David, São José era carpinteiro na Galileia, com-prometido com Maria. Quando ela recebeu a notícia do anjo Gabriel de que daria à luz o Menino Jesus, José ficou bastante confuso. Apesar de não ter tomado parte na gravidez, confiava na fidelidade de Maria. Re-solveu, então, terminar o noivado e deixá-la secretamente, sem comen-tar nada com ninguém. Porém, num sonho, um anjo apareceu-lhe e contou-lhe que o Menino era Filho de Deus e que ele deveria manter o casamento. José esteve ao lado de Maria em todos os momentos, prin-cipalmente na hora do parto.Quando Jesus tinha dois anos, José

SÃO JOSÉ foi novamente avisado por um anjo que deveria fugir de Belém para o Egito. Todas as crianças do sexo masculino estavam a serprocuradas e assassinadas, por ordem de Herodes. José fugiu,com Maria e Jesus, para o Egito, onde permaneceram até que um anjo os avisasse da mortede Herodes.

Temendo o sucessor do tirano, José levou a família para Nazaré.Por ter sido educador de Jesus quando menino, adolescente e jovem, José teve grande importância na história da Salvação. São José é visto como o homem do trabalho para sustentar a sua família; é o homem justo, reto, obediente, de fé profunda, totalmente disponível

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à vontade de Deus. Tinha aprofissão de carpinteiro e eraum artesão simples e modesto.Foi esta profissão que ele ensinou a Jesus. São José é padroeiro da Igreja, dos operários, das famíliase da boa morte.

Meu momento de oraçãoQuerido JesusO meu pai é a pessoa que tu escolheste para me criar. E é a tarefa mais importante da sua vida. Que bom é ter um pai para nos amar, nos educar e estar perto de nós, quando estamos doentes. Todas as crianças deviam ter os seus pais presentes. Mas, como isso não é possível, têm a Ti e ao Teu Pai para protegê-las e acarinhá-las. Sei que é minha obrigação ser muito amigo dos meus coleguinhas da escola e da catequese que não têm pai. Por isso peço-Te que me ajudes nesta tarefa. Vou ser um filho melhor para o meu pai e vou brincar muito com ele, em vez de estar sempre no computador e na playstation. Ele vai ensinar-me muitas coisas importantes para a minha vida, assim como São José Te ensinou.

Pai Nosso

Na catequeseO dia do Pai deve ser preparado pelos catequistas e pode ser transformado num momento agradável de convívio e de oração pelos pais. Perguntem aos vossos catequistas o que estão a preparar para este dia. Vocês também querem ajudar!?

Sabias queNa Babilónia, em 2000 antes de Cristo, um jovem rapaz, de nome Elmesu, escreveu numa placa de argila uma mensagem para o seu pai, desejando-lhe saúde, felicidade e muitos anos de vida.

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tempojovem

1AR 2ÁGUA 3TERRA 4FOGO

5 MISSÃO

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No princípio, o Criador de todas as coisas, o Deus da vida, decidiu expandir-se para além de si mesmo, e foi assim que estendeu a sua mão para sul, pegou na Água e disse: “Este é o elemento de onde surge a vida, que lava e refresca, purifica e transforma, que faz crescer e dá vitalidade”. Em seguida o Criador do Universo

capacidade de colaborar com a grande obra criativa do universo. Tratava-se de criar o Ser Humano. Começou por fazê-lo com dois elementos, a Terra e a Água, amassando o barro com que lhes daria forma. Estes primeiros seres eram desajeitados, sem vitalidade, inertes. Por isso resolveu juntar um terceiro elemento que lhes pudesse dar o espírito da vida: o Fogo.Mas estes seres continuavam ainda incompletos, não podiam crescer nem reconhecerem-se no Criador. Eles não entendiam porque tinham sido criados, faltava-lhes a Alma. Assim, Deus juntou um quarto elemento: o seu sopro de Ar.Ao soprar sobre ele, o ser humano espalhou-se pela terra, como sementes voando com o vento. O homem com os seus modos diversos de relacionar-se e cada qual com a sua própria cultura,

ele foi criado à sua imagem e semelhança, Deus decidiu então criar um quinto elemento para fazer voltar o homem para Si. Para isto, encarregou o seu Filho de levar o quinto elemento até ao coraçãodo homem.É a MISSÃO o quinto elemento, o grande integrador, o aglutinador de todos os elementos. É a Missão no coração do homem que dá o calor e a luz que possibilita a grandeza de dar a vida pela humanidade, vida insuflada pelo ar que impulsiona a ir mais além, motivada pela água que nos faz renascer de novo, sustentada pela terra que nos alimenta com o pão de cada dia, e sempre aquecida pelo fogo que faz arder o coração do homem.O importante da vida do cristão e de todos os homens de boa vontade é descobrir o que traz de novo o quinto elemento. É a Missão que nos torna diferentes. Eis o grande desafio para todo o cristão hoje: fazer surgir no coração de cada um o desejo da Missão, de não se acomodar ao seu conforto, mas partilhá-lo, ser transformado e transformar, ser evangelizado e evangelizar.

* Jovens Missionários da Consolata, zona sul

PARÁBOLA DO QUINTO ELEMENTO

texto JMC* foto ANA PAULA

É a MISSÃO o quinto elemento, o grande integrador, o aglutinador de todos os elementos. É a Missão no coração do homem que dá o calor e a Luz que possibilita a grandeza de dar a Vida pela humanidade, vida insuflada pelo ar que impulsiona a ir mais além, motivada pela água que nos faz renascer de novo, sustentada pela terra que nos alimenta com o pão de cada dia, e sempre aquecida pelo fogo que faz arder o coração

pegou no Ar e disse: “Este é o elemento do alento, da palavra e da música, da luz, da cor e do perfume”. Mais tarde o Deus do amor pegou no Fogo e disse: “Este é o elemento da iluminação, do esclarecimento e da purificação. É o elemento que contém o poder da força espiritual, é a energia e a paixão”. Por último, Deus pegou na Terra e disse: “Este é o elemento do interior, do misterioso e do secreto, do que morre para nascer”. A partir destes quatro elementos decidiu fazer uma espécie consciente de si mesma e com a

começaram a caminhar pela Terra, a encontrarem-se e a misturarem-se, criando novas cores e colorindoo Mundo.Mas o espírito dos primeiros homens sabendo da perfeição da criação, esqueceram a humildade e o respeito pelos seus semelhantes e então tornaram-se egoístas e cruéis, dando um mau uso aos poderes da Natureza e deixando de escutar o grito dos mais fracos e também a voz de Deus. Deus viu que o ser humano sofria e fazia sofrer, e porque o amava, pois o homem era a obra mais bonita de toda a criação, porque

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sementesdo reino

texto DARCI VILARINHO foto ANA PAULA

“Prestemos atenção uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras” (Heb 10, 24). Porque somos irmãos em humanidade, e porventura também na fé, devemos estar atentos para que não prevaleçam em nós atitudes de indiferença, desinteresse ou egoísmo. Em todos os domínios da atividade humana.

Do nosso olhar de fraternidade brotará necessariamente a solidariedade, a justiça, a misericórdia e a compaixão. Interessar-se pelo irmão quer dizer abrir os olhos às suas necessidades. Quer dizer fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem a nós. “Tudo quanto quereis que os outros façam a vós, fazei-o vós também a eles”, disse Jesus. É esta a regra de ouro: um princípio de vida que inverte a nossa natural tendência de nos colocarmos no centro de tudo. “Faz aos outros o que gostarias que

PRESTEMOSATENÇÃO UNSAOS OUTROS

te fizessem a ti”. Se o outro tem fome, sou eu que tenho fome. Se o outro chora, sou eu que choro. Se o outro vive aflito e preocupado, porque não tem trabalho, sou eu que vivo a sua aflição. O outro está alegre e despreocupado, sou eu que vivo contente e feliz com ele e como ele. O verdadeiro amor é sempre realizador. Devo colocar-me no lugar do outro para agir com ele, como gostaria que agissem comigo.

É uma regra que nos torna felizes, porque nos faz sair de nós mesmos, para colocar os outros no centro do nosso mundo. É uma chave que abre o nosso coração aos anseios e situações de cada pessoa e da humanidade inteira, tornando-nos membros de uma família universal. Aplique-se esta regra à economia e à política ou mesmo à situação atual da Europa e tudo mudará. É uma arte divina e humana que muda as relações entre as pessoas.

Que aproxima os partidos na política, renova os parlamentos, transforma o mundo dos negócios, relaciona devidamente as religiões. Prestar atenção uns aos outros inclui esta regra de ouro fundamental. É como se disséssemos: Ama o partido do outro como o teu próprio partido. Ama a religião alheia como a tua própria religião. Ama a família dos outros como a tua própria família. Ama a pátria alheia como a tua própria pátria.

“Somos membros de um grande corpo: a natureza fez-nos irmãos”. Foi o filósofo Séneca quem o disse. Mas Jesus dirá: “Deus é vosso Pai e vós sois todos irmãos”. Quer dizer: o outro pertence-me. A sua vida, o seu futuro, a sua salvação têm a ver com a minha vida e a minha salvação. Estamos ligados uns aos outros, quer no bem quer no mal. A Quaresma é um exercício de conversão permanente. Que o seja também nestes aspetos que não são de modo nenhum marginais. E com uma preocupação particular pelos mais desfavorecidos, que vão crescendo desmedidamente também entre nós.

“O mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou no monopólio, que alguns fazem, dos recursos do universo”. Estas palavras de João Paulo II foram citadas por Bento XVI na sua mensagem para a Quaresma do ano corrente para nos convidar a uma redobrada fraternidade

“Faz aos outroso que gostariasque te fizessem a ti”

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intençãomissionária

A PALAVRA FAZ-SE MISSÃOMARÇO

042º Domingo da Quaresma | Gen 22, 1-2.9-18; Rom 8, 31-34; Mc 9, 2-10 COM JESUS SOBRE O MONTEVive a Quaresma à maneira de Jesus. Sobe com Ele ao monte Tabor da tua vida. Redescobre a tua fé em Deus. Procura espaços de silêncio para rezares e para reencontrares a paz e a tranquilidade. Ajoelha-te, fala com Deus, intercede pelo mundo para que a transfiguração toque todos os corações.Alimenta, Senhor, a nossa fé com a Palavra do teu Filho e purifica, com a tua graça, o nosso olhar e o nosso agir.

113º Domingo da Quaresma | Ex 20, 1-17; 1 Cor 1, 22-25; Jo 2, 13-25PURIFICAR O CORAÇÃO É o templo do teu coração que Jesus quer limpar. Não albergues nele aquilo que se opõe à casa de Deus. Faz do teu coração um templo de oração gratuita e contemplativa. Não confundas oração com interesses mesquinhos, porque Deus sabe do que precisas. Não mistures oração ou vida cristã com lucros materiais, honrarias ou carreiras, títulos ou privilégios. Cria em mim, ó Deus, um coração puro; renova e dá firmeza ao meu espírito.

184º Domingo da Quaresma | 2 Cro 36, 14-23; Ef 2, 4-10; Jo 3, 14-21AMOR GRATUITO “Deus amou tanto o mundo que lhe entregou o seu Filho”. Entra com toda a tua vida neste amor de Deus gratuito e misericordioso. Olha para a cruz daquele que te remiu e põe ordem na tua vida. Não digas que tens fé só porque participas no culto ou tentas viver honestamente. Olha para Ele, vive dele e com Ele. Deixa-te guiar pelas suas palavras e as boas obras virão em consequência.Dá-me, Senhor, o teu Espírito para que, contemplando-Te na tua cruz, eu possa amar-te de todo o coração.

25 5º Domingo da Quaresma | Jer 31, 31-34; Heb 5, 7-9; Jo 12, 20-33SE O GRÃO DE TRIGO NÃO MORRER...“Quando for elevado da terra, atrairei todos a mim”. É pela sua Cruz que Cristo nos atrai. É íman sagrado e é caminho necessário. Não há fruto sem a morte da semente. O egoísmo é estéril. Semente que quisesse conservar-se ficaria só e não comunicaria vida. Uma vida que não se dá acaba por morrer. Que eu saiba, Senhor, perder a minha vida para a reencontrar na tua vida e na vida de quem passar por mim.DV

Ser discípulotem custosO anúncio de perseguições foi dado pelo próprio Jesus e está mencionado nas páginas do Evangelho. “Sereis perseguidos por causa do meu nome”. Por isso os cristãos, que derivam o seu nome do nome de Cristo, dão-nos um belo testemunho de fé e coragem ao aceitarem ser discípulos de Cristo mesmo sabendo que esse facto iria ter fortes implicações na sua vida e até na sua morte. Foi um repto tremendo que Cristo lançou não só aos apóstolos e discípulos que seguiam os seus passos durante a sua vida terrena, mas a todos quantos, homens e mulheres, haviam de tomar como suas as palavras de Jesus. As perseguições têm sido ao longo dos séculos “o pão nosso de cada dia” e em todas as épocas tem havido cristãos que recebem uma força do alto que os ajuda a suportar tormentos inauditos e a enfrentar os seus próprios verdugos, pedindo a Deus que lhes conceda o perdão. Hoje pedimos especialmente pelos cristãos de algumas zonas da Ásia onde os missionários têm dificuldade em entrar e onde os cristãos têm dificuldades em viver e celebrar a sua fé.

MC

Para que o Espírito Santo conceda a perseverança a quantos, especialmente na Ásia, são discriminados, perseguidos e mortos por causa do nome de Cristo

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o que seescreve

Os domingosda Quaresma ano B São sugestões para a dinamização da Eucaristiano tempo da Quaresma:desde a Quarta-feira de cinzas, até ao Domingo de Ramos. As propostas são variadas e contemplam diferentes momentos da celebração. O livro oferece, ainda, um esquema para o dia de São José e o guião para uma celebração penitencial. Tudo muito apropriado para o mês de março que estamos a viver quer na paróquia quer na família.Autor: Juan Jáuregui144 páginas | preço: 8,50€Edições Salesianas

COMPÊNDIO DA DOUTRINASOCIAL DA IGREJA

Fala-se de compêndio e compêndio é pelo seu tamanho e pelo seu conteúdo. São várias centenas de páginas que

recolhem sentenças da Bíblia, quer do Antigo quer do Novo Testamento; são documentos pontifícios e outros, sobretudo a partir de Leão XIII (1 de novembro de 1885), seguido por Bento XV, Pio XI, Pio XII, João XXIII, Paulo VI e o João Paulo II. Obra de grande valor e rigor científico onde o Homem é colocado acima de qualquer ideologia política, económica, social e até religiosa; sujeito de direitos e deveres quer seja na vida privada, na família ou na sociedade.Autor: Conselho Pontifício Justiça e Paz672 páginas | preço: 25,04€Principia Editora

JOÃO PAULO IIUm livro de grande fôlego. 600 páginas que encerram a biografia de um dos homens mais mediáticos dos últimos decénios. Nasce na Polónia com

o nome de Karol Wojtyla, eleito Papa em 1978, com o nome de João Paulo II. É uma história já conhecida, mas no concreto é o que se pode chamar uma biografia trocada por miúdos sem se banalizar. Um livro próprio para pessoas com tempo, vontade e saber.Autor: Andrea Riccardi608 páginas | preço: 23,00€Paulinas Editora

A REZAR NA QUARESMAUm livro de orações próprio para jovens. Partindo da liturgia do dia, apresenta uma meditação, uma imagem para contemplar e uma oração.

Integralmente a cores, e com um design atrativo, as imagens e a linguagem atual convidam a uma reflexão profunda.Autor: Rui Alberto96 páginas | preço: 1,50€Edições Salesianas

A VINGANÇA DA LUAFaz parte de uma coleção de livros para crianças. É uma pequenina história

dedicada absolutamente às crianças para quem o essencial são os desenhos. Exige que haja alguém que lhes explique tudo: as palavras e o contexto. Trata-se de uma birrazinha entre a lua e uma menina.Autor: Rita Vilela16 páginas | preço: 4,99€Paulus Editora

PODE UM CRISTÃO SER MAÇON?

Deem-lhe as voltas que derem, a resposta é sempre a mesma: cristão e mação isso é que não. Di-lo bem claro este livrinho que além de esclarecer certos pormenores

sobre a maçonaria, publica vários documentos da Igreja que o afirmam terminantemente: ou sim ou sopas!Autor: Dominique Rey80 páginas | preço: 8,90€Lucerna

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o quese diz

O DESAFIO ESPIRITUALDA MEIA-IDADE

O autor coloca a meia-idade por altura dos quarenta a cinquenta anos. Neste pequeno texto ele procura descobrir as razões que fazem titubear muitas das pessoas que

se encontram neste período da sua vida. Estão na mira os casais, os religiosos, as religiosas e outras categorias de pessoas que sentem fugir-lhe a terra debaixo dos pés e abandonam os compromissos mais sagrados que tinham assumido.Autor: Anselm Grün72 páginas | preço: 5,00€Paulinas Editora

A CAMINHO DA PÁSCOAANO B

Para crianças e adolescentes. Uma caminhada de preparação para a Páscoa. Em cada semana, a partir do Evangelho, apresenta-se um desenho,

uma meditação, uma oração e compromissos diários. Para completar, existem pósteres que desafiam a criança a identificar Jesus no meio de uma multiplicidade de personagens e objetos.Autor: Rui Alberto44 páginas | preço: 1,70€Edições Salesianas

Destinos de África“Para continuar a progredir, a África precisa sobretudo de paz e de que a deixem tomar as rédeas do seu destino, ou seja, de assumir o controlo do seu desenvolvimento. Para tal, é preciso que as potências estrangeiras deixem de fomentar conflitos e de vender armas ao desbarato às várias fações em confronto”.José Vieira | Além-Mar | fevereiro 2012

Renovação cultural“Um cristão não pode calar-se ou alhear-se diante de uma situação que o pode destruir, a ele e ao mundo. É necessária uma autêntica renovação cultural, uma verdadeira reinvenção da política que tenha em conta a liberdade de cada um e garanta a igualdade de oportunidades sociais para todos”. Frei Severino | Mensageiro de Santo António | fereveiro 2012

Loucura do poder“Aos ditadores de turno incomoda pouco o sangue de tantos inocentes; é admirável verificar como o poder se transforma em cegueira e loucura. Mas ninguém poderá deter este «tsunami» político e social. A fome de participação e liberdade de povos inteiros é mais forte do que a loucura de quem os governa”. Jorge Fernandes | Contacto SVD | janeiro/fevereiro 2012

Vida Consagrada“A Igreja de hoje tem uma necessidade imperiosa dos consagrados para evangelizar o mundo. No despojamento da sua entrega a Deus eà Igreja, eles constituem um sinal verdadeiro do amor de Deus pelo seu povo e da felicidade que se alcança, quando se põe nele a confiança”.Virgílio do Nascimento Antunes | Vida Consagrada | fevereiro 2012

Cuidar dos idosos“Uma sociedade que cria, constrói, inventa, desenvolve-se mas não sabe lidar com as pessoas quando elas deixam de estar aptas a produzir é uma sociedade ameaçada na sua essência. Famílias que não cuidam dos seus idosos estão também elas condenadas ao abandono e à desintegração”.Cília Seixo | Notícia de Fátima | fevereiro 2012

Atividades sociais“A comunidade no seu todo deve ser ativamente chamada a financiar as atividades de cariz social, mas só o pode fazer se souber objetivamente o valor que elas criam. É, pois, às instituições com intervenção social que compete identificar, medir e divulgar o valor social que criam, e assim encontrar formas alternativas de financiamento, em que a comunidade assuma o papel principal”.João Lobão | Voz das Misericórdias | janeiro 2012

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gestosde partilha

Pode enviar a sua oferta para a conta solidária dos MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA: NIB 0033.0000.45365333548.05IBAN: PT50.0033.0000.45365333548.05 – SWIFT/BIC: BCOMPTPL ou para uma das seguintes moradas: Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | Telefone 249 539 430 | [email protected] D.ª Maria Faria, 138 | Apartado 2009 | 4429-909 Águas Santas MAI | Telefone 229 732 047 | [email protected] do Castelo | 2735-206 CACÉM | Telefone 214 260 279 | [email protected] Rua Cap. Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | Telefone 218 512 356 | [email protected] da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRG | Telefone 253 691 307 | [email protected]

Solidariedadevários projetos

Contactos

ELE PRECISA DE SI PARA TER UM TECTO

PROJECTO 2012MALOCA PARA TODOS

www.consolata.ptwww.fatimamissionaria.pt

Pode ajudar a erguer uma “Maloca para Todos” e a tornar realidade o sonho desta comunidade fazendo a sua oferta para a conta solidária dos MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA através de transferência bancária:NIB: 0033.0000.45365333548.05IBAN: PT50.0033.0000.45365333548.05 SWIFT/BIC: BCOMPTPL

O seu contributo é uma dádiva e a sua ajuda fundamental!

MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA

Paróquia do Gurué, Moçambique Madalena Vieira – 30,00€; Maria Narciso – 50,00€; Maria Serrão – 20,00€; Manuel Oliveira – 74,00€; Adélia Frade – 28,00€; Anónimo (Fiães) – 30,00€; Encarnação Martelo – 10,00€. Bolsas de Estudo Isabel Nunes – 250,00€; Bárbara Silva – 100,00€; Alice Rosa – 250,00€. Pão para as crianças do padre João da Felícia (São Paulo – Brasil) Campanha do Jornal da Golpilheira – 550,00€. Padre Tobias Oliveira (Quénia) Manuel Alves – 10,00€. Leprosos Fernanda Castanheira – 20,00€. Ofertas várias José Amaro – 28,00€; Maria Pereira – 52,00€; Armanda Pereira – 33,00€; Maria Dias – 25,00€; José Agostinho – 50,00€; Julieta Pereira – 53,00€; José Gonçalves – 43,00€; Maria Ferraz – 72,00€; Cândida Carneiro – 28,00€; Laura Ranito – 33,00€; Andresa Ribeiro – 43,00€; António Lopes – 31,00€; Manuel Silva – 43,00€; Maria Mendes – 33,00€; Fernando Antunes – 33,00€; José Palinhos – 43,00€; Albertina Lopes – 36,00€; Cândida Barros – 25,00€; Flundório Cardoso – 43,00€; Manuel Inácio – 43,00€; Madalena Gomes – 50,00€; Elvira Martins – 50,00€; Suzete Noronha – 36,00€; Armindo Coelho – 43,00€; António Godinho – 25,00€; Rita Dias – 36,00€; Maria Piedade – 36,00€; Liete Cruz – 93,00€; Feliciano António – 60,00€; Isilda Reis – 43,00€; Anónimo – 50,00€; Manuel Leal – 43,00€; Maria António – 33,00€; Rosa Costa – 33,00€; Paula Alves – 30,00€; António Cunha – 43,00€; João Costa – 43,00€; José Almeida – 93,00€; Anónimo – 73,00€; Maria Carreira – 43,00€; Manuel Domingos – 65,00€; Amélia Moreira – 43,00€; Augusta Morais – 43,00€; Dionísia Mendes – 43,00€; Fátima Domingos – 65,00€; Conceição Pinto – 29,00€; Conceição Pereira – 50,00€; Lucília Belo – 43,00€; Sílvia Lopes – 68,00€; Esmeralda Almeida – 33,00€; Anónimo – 263,00€

Rosalina Domingos – 20,00€; Mário Vicente 20,00€; Albertina Gonçalves – 20,00€; Eugénia Jorge – 10,00€; Joaquim Rodrigues – 50,00€; Júlio Tomás – 20,00€; Conceição Santos – 50,00€; Carlos Murteira – 20,00€; Purificação Carvalho – 50,00€; Joana Barreiros – 50,00€; Emília Silva – 30,00€; Emília Braga – 7,50; Elizabeth Luís – 5,00€; Fátima Matos – 30,00€; Maria Marto – 10,00€; Celina Leite – 30,00€; Teresa Capucho – 20,00€; Raquel Bernardino – 20,00€; José Faustino – 100,00€; Mafalda Tomás – 10,00€; Maria Tomás – 10,00€; Leopoldina Reis – 5,00€; Lurdes Pinto – 5,00€; Anónimo – 70,00€; Fátima Salgueiro – 10,00€; Anónimo – 20,00€; Lurdes Amaral – 30,00€; Anónimo – 20,00€; Jacinta Marques – 50,00€; Tiago Miranda – 20,00€; Dina Fernandes – 20,00€; Conceição Carrasqueira – 20,00€; Delfina Vieira – 100,00€; Silvestre Brilhante – 10,00€; Eugénia Vieira – 20,00€; Anónimo – 50,00€; Benvinda Bento – 20,00€; Anónima – 2,16; Lurdes Pinto – 5,00€; Celeste Barbeiro – 70,00€; Anónimo – 20,00€; José Dias – 20,00€; Lurdes Roque – 50,00€; Anónimo – 20,00€; Isabel Dias – 100,00€; João Dias – 10,00€; Maria Moura – 14,00€; Céu Vicente – 10,00€; António Crespo – 43,00€; Céu Crespo – 43,00€; Isabel Crespo – 43,00€; Fátima Matias – 10,00€; Fernanda Castanheira – 20,00€; Rosa Carvalho – 75,00€; Clarisse Barros – 25,00€; Glória Silva – 20,00€; Alda Ferreira – 25,00€; Rosa Bastos – 5,00€; Júlia Guimarães – 13,00€, Belina Neves – 43,00€; Manuel Calvário – 8,00€; Irmãs São José Cluny – 120,00€; Rosalina Correia – 10,00€; Luís Dias – 20,00€; Emília Garcia – 10,00€; Cândida Barros – 100,00€; Anónimo – 10,00€; Ramiro Pinto – 20,00€; Eugénia Miranda – 17,00€; Anónimo – 50,00€; Dolores Fonseca – 20,00€; Carlos Fernandes – 4,00€. Total geral = 15.622,66€.

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vida comvida

texto MANUEL CARREIRAilustração H. MOURATO

Teve uma morte engraçada, se é que se pode dizer que há mortes engraçadas. Foi assim: o padre Dionísio tinha celebrado três missas num domingo de manhã

ADAPTAVA-SE FACILMENTE A TUDODionísio Peluso nasceu em Torre de Pellice, Itália, a 9 de outubro de 1912. Entrou na Consolata em 1924 e foi ordenado sacerdote a 16 de março de 1935. Dois anos depois foi enviado para o Brasil onde trabalhou ativamente até à morte em 3 de abril de 1960

e tinha agradecido aos seus paroquianos de Pouso Redondo, no Brasil, a festa que lhe fizeram por ocasião dos seus 25 anos de sacerdócio. Depois, já pela tardinha, foi visitar um amigo e lá se entreteve a conversar com ele na varanda até que se fez noite.

A breve trecho ouviu-se o estrépito de um avião que voava por cima das nuvens negras da noite. Foi o pretexto para um comentário do padre Dionísio: “Como é belo voar de noite por cima de uma cidade como São Paulo! As luzes parecem estrelas, estrelas no céu e estrelas na terra”. Estas foram as suas últimas palavras. De repente deu

um suspiro, inclinou a cabeça sobre o ombro do amigo e… morreu. Tinha apenas 48 anos de idade. Mas a morte parece que não lhe chegou de improviso. Já antes tinha afirmado: “Considero os meus 25 anos de sacerdócio como um aviso de que o meu tempo está a terminar”. O padre Dionísio foi ordenado sacerdote em 1935. Passados dois anos partiu para o Brasil e foi encarregado da paróquia de São Manuel. Pouco tempo depois seguiu para Rio do Oeste onde se dedicou a atividades várias, entre elas a construção do santuário de Nossa Senhora da Consolata, e do seminário dedicado a São Francisco Xavier, do qual veio a ser depois o diretor. O padre Dionísio tinha uma inteligência aberta, um caráter forte e um coração sensível, dotes estes que lhe facilitaram o aspeto dinâmico e empreendedor do seu apostolado.Tinha espírito de pioneiro, adaptava-se facilmente a tudo e não deixava cair os braços diante de qualquer problema. Estava sempre pronto para tudo aquilo que lhe pedissem, ou que ele mesmo inventasse, tanto no campo da pastoral como na parte recreativa: cânticos, música, jogos, ginástica, poesia… tudo aquilo que pudesse manter os alunos alegres e contentes por estarem no seminário. Gostava de os provocar, dizendo: “Não quero aqui dentro gente mole; quero homens de caráter forte”.

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outrossaberes

Tambor que muito rufa faz mal aos ouvidosApoio à compreensão Aplica-se às pessoas tagarelas que falam, falam, e por vezes não dizem nada com jeito ou falam só para se tornarem notadas. Os macuas gostam de ouvir o rufar do tambor, mas tudo se quer com peso e medida; tudo o que é demais faz mal ou parece mal. Boa lição para quem, numa conversa amena, ocupa o seu tempo e quer ocupar também o dos outros. Alinha bem com o provérbio português: “Quem muito fala pouco acerta”.Macua – Moçambique

Raminho verde no coração qualquer pássaro faz nele o seu ninhoApoio à compreensão Refere-se às pessoas que têm bom coração: são simples, bondosas, abertas ao convívio e às necessidades dos outros. Perguntaram um dia a um aluno o que é que ele mais

detestava num professor. Resposta do aluno: “Não gosto de um professor que tenha o coração envinagrado”. Aí está! Num coração destes não há pássaro nenhum que lá vá fazer o ninho.China

Fecham-se as portas da cidade mas não a boca dos homensApoio à compreensão Refere-se à liberdade do homem, o seu íntimo, a sua consciência. Podem prendê-lo, torturá-lo, até mesmo matá-lo, mas lá por dentro fica sempre uma parte que é só dele e ninguém lha pode arrebatar. Foi assim com bons políticos, e foi assim com os mártires santos que aceitaram o sacrifício e a morte para não atraiçoarem o seu Deus.Coreia

Enxada gasta, celeiro fartoApoio à compreensão A enxada significa trabalho e trabalho significa riqueza. O desgaste da

enxada corresponde à fartura do celeiro. Já temos tocado este assunto em outras circunstâncias e em todas elas está sempre o valor do trabalho. Nada puxa para a vadiagem e a preguiça; ao contrário tudo aponta para a necessidade de trabalhar, pois o pão não cai do céu aos trambolhões. É preciso fazer por ele. A enxada é um sinal muito positivo.Macua – Moçambique

TUDO SE QUER COM PESOE MEDIDAPor melhor que seja uma coisa, ela tem o seu termo. Gostamos de ver, ouvir e comer. Mas, tudo o que é repetido muitas vezes, chega a um ponto que enjoa e começa a saber mal. É por isso que tudo se quer com peso e com medidatexto MANUEL CARREIRA foto ANA PAULA

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a missãoé simpática

texto NORBERTO LOURO ilustração MÁRIO JOSÉ TEIXEIRA

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Às vezes, dou comigo a esquecer-me mais do que nunca. Desculpo-me, dizendo que sempre fui assim, por causa do queijo fresco de cabra, que comi quando era pequeno.Entorpeço, com alguma frequência, num ou noutro paralelo mais sobressaído da calçada. Vem-me de pensar que, em miúdo, andava sempre com os pés ence(r)tados, pelo mal endémico das frieiras e, além disso, por tropeçar aqui e acolá, e subir pinheiros acima a visitar pássaros no ninho.

A quem me diz que parece que estou doente, respondo que os médicos é que o dizem. Sintomas de tudo aquilo de que as análises me acusam, não tenho. A quem observa que estou magro, aconselho que digam “mais elegante”, para dar a entender que os anos não pesam. A quem tarda a reconhecer-me e acrescenta – pois é, as primaveras passam – acrescento: “E nós vamos ficando!”.Tudo isto poderá não passar de

eufemismos para exorcizar a inevitável velhice. Mas eu tenho-o como terapia a opor ao desgaste inevitável. A velhice existe. Alguns de nós envelhecemos, de facto, porque não amadurecemos.

Envelhecemos quando nos fechamos às novas ideias e nos tornamos radicais. Envelhecemos quando o novo nos assusta. Envelhecemos quando pensamos demais em nós próprios e nos esquecemos dos outros.Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o tempo é o mestre. A vida só pode ser compreendida, olhando para trás. Mas só pode mesmo ser vivida, olhando para a frente. Na juventude aprendemos; com a idade compreendemos.As pessoas são como os vinhos: a idade estraga os maus, mas melhora os bons. Envelhecer não é preocupante. Olhando como idoso, então é que o é. Saber envelhecer

é mesmo uma graça de Deus! Nos olhos do jovem, arde a chama; nos do velho brilha a luz. Sendo assim, não existe idade. Somos nós que a criamos.A velhice não tem idade. Se não acreditares na idade, não envelhecerás até ao dia da morte.Pessoalmente, eu não tenho idade, tenho VIDA. Não deixes que a tristeza do passado e o medo do futuro te estraguem a alegria do presente. A vida não é curta; as pessoas é que ficam mortas tempo demais. Faz da passagem do tempo uma conquista e não uma perda.

Juntei neste texto máximas e receitas respigadas aqui e acolá.Não resolvem tudo, sobretudo o medo da velhice. Há dias, congratulei-me elegantementecom um colega mais velho do que eu, atirando-lhe à queima roupa: – Parabéns! Rejuvenesceste desdea última vez que te vi.– Obrigado – retorquiu ele. Mastu envelheceste muito! Estremeci todo. Mas não desistoda terapia.

MÁXIMAS E RECEITAS PARA O ACUMULAR DOS ANOS

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fátimainforma

Março em agenda

texto LUCÍLIA OLIVEIRA foto ANA PAULA

“O Centro Pastoral Paulo VI é um espaço que, pelasua polivalência, se tornou num dos polos fundamentais do Santuário de Fátima”, afirmao reitor do Santuário. Depois de ter estado em obras os últimos meses, para requalificação e revalorização,

DEPOIS DAS OBRASCENTRO PAULO VI REABRE PORTAS

Desculpas pelo incómodo “A obra do túnel tem um grande impacto para os peregrinos que visitam Fátima, mas também o tem para os que diariamente cá vivem, por isso, pedimos a compreensão de todos, porque se trata de uma obra necessária”, afirmou o reitor do Santuário no encontro de hoteleiros e de responsáveis de casas religiosas que acolhem peregrinos. Exigências de solidariedade “O cristão face às novas exigências de uma solidariedade global” é o tema que será apresentado por Roberto Carneiro, a 11 de março, pelas 16h, na basílica de Nossa

Senhora do Rosário. À conferência do professor da Universidade Católica Portuguesa segue-se o momento musical “Louvor a Maria na diferença” com a participação da cantora lírica Ana Margarida Pinto Basto e uma performance de várias pessoas com deficiência. Via Sacra no Santuário Nas sextas-feiras da Quaresma, há via-sacra na Colunata do Santuário de Fátima. É orientada pelas religiosas de Fátima. Aos domingos, à mesma hora, a via-sacra desenrola-se no Recinto. Na sexta-feira Santa, a 6 de abril, será rezada às 21h, no recinto do Santuário de Fátima.

02 Peregrinação da Universidade Católica Portuguesa

03 Peregrinação da família carmelita

10 Encontro da federação do CP para o Matrimónio 17 Peregrinação das

Missionárias Reparadoras Sagrado Coração de Jesus

22 Jornada Inter-escolas dos alunos de Educação Moral

e Religião do 2º e 3º ciclos de Lisboa 25 Peregrinação da diocese de Leiria-Fátima

Centro Pastoral Paulo VI, em Fátima, reabre a 10 de março, depois de obras de renovação

o espaço será benzido pelo bispo de Leiria-Fátima, António Marto, a 10 de março, às 15h. Segue-se a sessão solene de apresentação do edifício reabilitado, no Salão do Bom Pastor, momento em que intervirá o prelado e o reitor do Santuário de Fátima, Carlos Cabecinhas. Será ainda apresentado um vídeo explicativo sobre as obras efetuadas. A requalificação beneficiou o edifício sobretudo aos níveis da iluminação, acessibilidades, segurança e conforto. Carlos Cabecinhas destaca as várias valências do edifício: apoio a peregrinações, realização de atividades de estudo, formação e espetáculos, e espaço de alojamento. O edifício foi inaugurado a 13 de maiode 1982, aquando da primeira visita de João Paulo IIa Fátima.

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CONSOLATA É CHEIA DE GRAÇA, POR DEUS AGRACIADA PARA LEVAR AO MUNDO A CONSOLAÇÃO DE JESUS.CONSOLADOS SÃO OS EVANGELIZADOS, PORQUE AMADOS DE DEUS. CONSOLAR É LEVAR A TODA A PARTE A CONSOLAÇÃO DE DEUS SALVADOR. COMO MARIA TORNAMO-NOS SOLIDÁRIOS COM TODOS. SOLIDARIEDADE É O OUTRO NOME DA CONSOLAÇÃO.COMO ELA SOMOS PRESENÇA CONSOLADORA EM SITUAÇÕES DE AFLIÇÃO. POR SEU AMOR COLOCAMOS A NOSSA VIDA AO SERVIÇO DO HOMEM TODO E DE TODOS OS HOMENS. ALLAMANO DEU-NOS MARIA POR MÃE E MODELO. POR ISSO CHAMAMO-NOS MISSIONÁRIOS DA CONSOLATA

MISSIONÁRIOS DA CONSOLATAwww.fatimamissionaria.pt | www.consolata.ptRua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA | tel: 249 539 430 | [email protected] Dª Maria Faria, 138 | Apartado 2009 | 4429-909 AGUAS SANTAS MAI | tel: 229 732 047 | [email protected] do Castelo | 2735-206 CACÉM | tel: 214 260 279 | [email protected] Capitão Santiago de Carvalho, 9 | 1800-048 LISBOA | tel: 218 512 356 | [email protected] da Marginal, 138 | 4700-713 PALMEIRA BRG | tel: 253 691 307 | [email protected]

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Rua Francisco Marto, 52 | Apartado 5 | 2496-908 FÁTIMA tel: 249 539 460 | [email protected]

다른 세계관 | un’altra visione del mondo | mwingine mtazamo wa dunis another view of the world | otra visión del mundo | inny pogląd na świat

une autre vision du monde | wona wunyowani wa lapo eine andere sicht der welt | djobe mundu di oto manêra

OUTRA VISÃO DO MUNDO

APENAS 7 EUROS POR ANO

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É quase uma ironia, em sociedade,Apregoar que os homens são iguais,Enquanto uns têm de menos outros de mais,E a abundância não gera a saciedade.

No supérfluo do rico e na vaidadeHá muitos desses pobres, que jamaisVão receber dos grandes capitaisO que é seu por justiça e equidade.

E, enquanto a ambição e o egoísmoTornarem tão ignóbil o abismoQue separa a miséria e a riqueza,

A paz justa será uma utopia,E, entre os homens, cruel desarmoniaFlagelará com guerra a humanidade.

Júlio Massa «Sonho e realidade»

ELES COMEMTUDO