Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº 1907

Dezembro/2014

Picuí

Molorem exceprem

No convívio diário com a terra e em meio a uma vida simples, a agricultora Vitória Dantas residente na Comunidade Nova Olinda, município de Picuí, construiu com muita dificuldade uma família formada por quatro filhos. A mesma conta que os desafios vieram já no início do casamento e que o precário acesso a moradia foi um deles. A casa onde foi morar aos treze anos de idade, época em que se casou, era de taipa e foi construída com ajuda de amigos. O difícil acesso à água e a falta de renda foram fatores que também contribuíram para que vinhesse a enfrentar momentos ruins. A tua lmente , e f i c i en tes cante i ros produtivos, construídos com simplicidade e aproveitamento de materiais recicláveis, tornam possível a realidade de a agricultora viver com segurança alimentar e financeira, diferente do que ocorreu durante a década de noventa, período em que a extração de minério era alvo de procura pelo mercado internacional e única alternativa de renda para sua família.

Produção agroecológica na Comunidade Nova Olinda

canteiros produtivos criativos

Vitória e sua produção agroecológica

Agricultura familiar x geração de renda

Gênero e geração construindo a agricultura familiar e a dignidade camponesa

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Paraíba

Realização Apoio

Os filhos de Vitória (Fabiana, Fátima, Júnior e Fabrisia), também vivenciaram tempos árduos quando deram início aos estudos. Como bem conta Fabrisia quando descreve que ela e os irmãos tiveram que enfrentar longas caminhadas por causa da considerável distância existente entre sua residência e a escola onde estudavam. A jovem agricultora também guarda na memória o período em que um carro tipo pau-de-arara foi o transporte escolar de todos eles, mesmo assim, não desistiram de estudar. Hoje, ela se sente realizada com o curso técnico de enfermagem que possui, fruto de muito esforço e dedicação. Passada as eras de aperreios foi chegado o período em que Vitória, juntamente com os filhos, seguiu para viver o tempo da fartura. Pois bem, depois de morar um tempo na cidade os membros familiares decidiram voltar para o campo, foi aí que conquistaram uma Cisterna - enxurrada e o momento de enxergar na agricultura familiar um meio para adquirir renda, segurança e soberania alimentar. Com fácil acesso à água de beber e para produção, são várias as perspectivas de melhorias de vida. A família, que trabalha unida nos cuidados diários com as hortas, já pensa em adquirir um ponto de venda na cidade para comercializar os produtos agroecológicos e os artesanatos confeccionados com muita criatividade por Vitória e as filhas, que também estão sempre utilizando os benefícios da internet para descobrirem novas experiências criativas que as levam a reaproveitar materiais e assim construírem canteiros produtivos sem muitos custos, mas, com muita eficiência produtiva. Na propriedade de doze hectares, que hoje conta com belos plantios de alface, tomate, cebola, coentro, couve-flor e maracujá, as visitas de intercâmbio são constantes. Seu Jacinto, um senhor de espírito jovem, alegre, sábio, com uma vitalidade invejável e avô das filhas da agricultora Vitória e que tem a agricultura familiar como uma terapia, faz com que as visitas se tornem o momento do mesmo falar das suas experiências, sua cultura, rever velhos amigos, fazer novas amizades e possibilitar a toda família o compartilhamento de ideias bem sucedidas e ampliação da produção agroecológica, que vem trazendo para a mulher e o homem do Semiárido Brasileiro melhores condições de vida.

A r t e s a n a t o s c r i a d o s p e l a agricultora Vitória e suas filhas

Criatividade no reaproveitamento de garrafas PET

Seu Jacinto nos cuidados diários com a agricultura familiar

Visitas de Intercâmbio