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No mês do goleiro, garotos contam por que treinam para jogar no gol Antes de decidir ser goleiro, Tiago Molan, 12, testou várias posições. "No gol acho que fui bem melhor", conta o garoto. Assim como ele, Bruno Henriques, 12, também tem mais talento com a bola nas mãos do que nos pés. "Sou péssimo na linha", diz. Com o tempo, pegou gosto pela função, homenageada em 26 de abril, no Dia do Goleiro. Bruno encontrou um motivo nobre para continuar defendendo chutes e cabeçadas por aí. "Quero ser goleiro porque ele é o salvador, é a barreira do time." Guilherme Kawabe, 13, faz parte desse mesmo "clube". O desempenho ruim na linha o levou para debaixo do travessão. "O jogador precisa de muita técnica no pé. E eu sou melhor com a mão", justifica. CLUBINHO Os três são alunos da Fechando o Gol - Academia de Goleiros, criada em 2008 pelo ex-goleiro Zetti para ensinar crianças e adultos a jogarem nessa posição. "A ideia não é passar para os alunos que eles vão ser profissionais. É importante a gente auxiliar na disciplina, estimular as crianças a conviverem em grupo", afirma o ex-atleta, que é ídolo do São Paulo e foi campeão do mundo com a seleção brasileira em 1994. Engana-se, porém, quem pensa que a vida no gol é mais fácil. Os treinos são duros, é preciso repetir os mesmos movimentos inúmeras vezes. Tem que ter agilidade, bons reflexos, concentração, flexibilidade, explosão, entre outras características. "É uma profissão especial. Exige muita responsabilidade, muito trabalho, mas é algo compensador", opina Velloso, goleiro titular do Palmeiras na década de 1990. Embora saiba das dificuldades que encontrará pela frente, Gustavo

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No mês do goleiro, garotos contam por que treinam para jogar no gol

Antes de decidir ser goleiro, Tiago Molan, 12, testou várias posições. "No gol

acho que fui bem melhor", conta o garoto. Assim como ele, Bruno Henriques, 12,

também tem mais talento com a bola nas mãos do que nos pés. "Sou péssimo na

linha", diz.

Com o tempo, pegou gosto pela função, homenageada em 26 de abril, no Dia do

Goleiro. Bruno encontrou um motivo nobre para continuar defendendo chutes e

cabeçadas por aí. "Quero ser goleiro porque ele é o salvador, é a barreira do

time."

Guilherme Kawabe, 13, faz parte desse mesmo "clube". O desempenho ruim na

linha o levou para debaixo do travessão. "O jogador precisa de muita técnica no

pé. E eu sou melhor com a mão",

justifica.

CLUBINHO

Os três são alunos da Fechando o Gol -

Academia de Goleiros, criada em 2008

pelo ex-goleiro Zetti para ensinar

crianças e adultos a jogarem nessa

posição.

"A ideia não é passar para os alunos que eles vão ser profissionais. É importante

a gente auxiliar na disciplina, estimular as crianças a conviverem em grupo",

afirma o ex-atleta, que é ídolo do São Paulo e foi campeão do mundo com a

seleção brasileira em 1994.

Engana-se, porém, quem pensa que a vida no gol é mais fácil. Os treinos são

duros, é preciso repetir os mesmos movimentos inúmeras vezes. Tem que ter

agilidade, bons reflexos, concentração, flexibilidade, explosão, entre outras

características.

"É uma profissão especial. Exige muita responsabilidade, muito trabalho, mas é

algo compensador", opina Velloso, goleiro titular do Palmeiras na década de

1990.

Embora saiba das dificuldades que encontrará pela frente, Gustavo Knoll, 10,

quer ser profissional. "É uma coisa diferente. Você pode ser o herói do jogo em

uma bola", explica.

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A parte chata, na visão do garoto, é levar frango –expressão usada no futebol

quando o goleiro não consegue realizar uma defesa considerada fácil. "Uma vez,

minha mão virou para trás e a bola entrou. Me senti muito mal."

Mas Felipe Chiste, 11, já sabe que isso faz parte da vida de qualquer defensor.

"Tem que tomar frango, senão você não aprende."

Jovens criam revista adolescente feminista'Capitolina', referência à Capitu de 'Dom Casmurro', trata de moda e sexo com foco diferente de publicações tradicionais

Setenta e quatro garotas de 17 a 27 anos produzem periódico na internet com temas diferentes por mês e 8 seções diárias

Para um leitor desavisado, a "Capitolina" pode parecer, à primeira vista, só mais uma revista para adolescentes: na edição de janeiro, por exemplo, há textos sobre como lidar com ciúmes, como deixar o cabelo curto crescer, e como fazer cremes para a cabeleira em casa.

"A diferença é o enfoque", diz Sofia Soter, 23, uma das editoras da publicação on-line, que se propõe a lidar com questões da puberdade com viés feminista e é produzida por 74 jovens de 17 a 27 anos.

"Em vez de ensinar as meninas como conseguir o próximo namorado, dizemos que elas não devem ligar se não arranjarem um", afirma.

Também editora, a estudante de letras carioca Clara Browne, 20, se diz "loucamente fã de 'Dom Casmurro'", clássico romance de Machado de Assis (1839-1908).

Por isso, quando ela, Sofia e mais uma amiga, a também carioca Lorena Piñeiro, 25, decidiram criar uma revista feminista on-line, logo propôs que a publicação levasse o nome da principal personagem feminina do livro, Capitolina --a Capitu.

O nome pegou e assim surgiu a revista, que em sua 11ª edição tem cerca de 3.000 acessos por dia, 12,6 mil curtidas em sua página do Facebook e contas em plataformas como Tumblr, Instagram, Twitter e YouTube.

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A julgar pela pouca idade --e o grande número-- das colaboradoras, a organização da revista espanta. Separadas em oito seções, que discutem temas como moda, relacionamentos e sexo, tecnologia etc., cada qual com uma coordenadora, as jovens fazem reuniões via Facebook para decidir quem será a responsável por cada texto, vídeo ou ilustração.

A cada mês, por meio de votação on-line, a revista escolhe um tema para a revista. A escolha do assunto deve gerar um texto por dia.

Em fevereiro de 2015, por exemplo, com o tema "comunidade", há textos tanto sobre democracia quanto relatos de colaboradoras de famílias judias, católicas e ateias sobre viver com familiares religiosos --ou não-- na adolescência.

Rogério Ceni conta como virou goleiro e dá dicas a iniciantesRogério Ceni, 42, um dos principais goleiros do mundo, decidiu jogar no gol quando tinha 15 anos. Sempre gostou de futebol, mas preferia outras posições.

Estreou em 1993 com a camisa do São Paulo, onde está até hoje. Desde então, são 1.203 jogos pelo tricolor e 126 gols. Além de usar bem as mãos, é um bom cobrador de pênaltis e faltas.

Esses números lhe renderam recordes no "Guinness Book", como o de goleiro que mais marcou gols e o de jogador que tem mais partidas pelo mesmo clube (conheça outros goleiros veteranos acima).

Ele adiou a aposentadoria e renovou contrato até o fim da Libertadores, em agosto.

Folhinha - O que lembra de quando começou?

Rogério Ceni - Comecei tarde. Brincava de fazer defesas com meu pai na sala de casa, no jardim, quando tinha uns cinco anos. Só decidi jogar no gol por volta dos 15, o que hoje é considerado tarde. Gostava de jogar na linha, até que meu pai me disse que, se quisesse jogar futebol, precisaria decidir a posição.

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E o início da carreira?

Aos 16, fiz teste no Sinop Futebol Clube como goleiro e passei.Antes jogava pela brincadeira, nunca pensando em virar profissional. Esse foi o segredo: diversão. E não ser pressionado para virar profissional desde garoto –como muitas vezes acontece.

O que é preciso para ser um bom goleiro?

Entre 8 e 12 anos, não há característica necessária. Tem que fazer o que gosta. Com o tempo, deve-se observar altura, velocidade, dom. Isso se descobre sem neurose. O próprio garoto saberá se tem condições de ser profissional. 

Crítica: 'Era do Gelo 4' demonstra cansaço da franquia

RICARDO CALIL

Desde seu primeiro episódio, a franquia "A Era do Gelo" sempre teve um diferencial bem específico, algo que a elevava acima da média das animações atuais: o esquilo Scrat e sua desastrada busca pela noz perdida.

Digno herdeiro do coiote do "Papa-Léguas", o clássico desenho criado por Chuck Jones para a Warner em 1949, Scrat foi responsável por grandes momentos de humor puramente visual e levemente sádico em "A Era do Gelo".

Mais do que isso: ele deu um toque de modernidade à série, já que suas desventuras sempre correram em paralelo ao eixo central das tramas, como se fossem curtas independentes invadindo a narrativa dos longas.

Divulgação

Cena da animação "A Era do Gelo 4", de Steve Martino e Mike Thurmeier

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Em "A Era do Gelo 4: Deriva Continental", que bate recorde ao estrear em 1.010 salas no Brasil, a boa notícia é que Scrat continua rendendo sequências brilhantes -como a do início do filme, em que ele causa, sem querer, a divisão da pangeia (o bloco terrestre original) nos vários continentes atuais.

De resto, porém, este quarto episódio (e o primeiro a não ter a assinatura do brasileiro Carlos Saldanha como diretor ou codiretor) deixa claro o cansaço na franquia.

Desta vez, o desafio dos protagonistas --o mamute Manfred, o tigre Diego e o bicho-preguiça Sid-- é reencontrar seus familiares e amigos, dos quais foram separados pela deriva continental, e derrotar um bando de animais piratas em alto-mar.

Há aqui um foco maior nas relações familiares (entre Manfred e sua filha adolescente, entre Sid e sua avó gagá) e a introdução de personagens interessantes (como o macaco Entranha, líder dos piratas, e a tigresa Shira, por quem Diego se apaixona).

Mas as novidades não são suficientes para renovar a mensagem politicamente correta da série, sobre a necessidade de união para a sobrevivência e do respeito à diversidade (representada pelas diferentes espécies).

A bem-sucedida franquia parece ter entrado no piloto automático, a ponto de ser difícil diferenciar o quarto episódio dos três anteriores.

Nacionalismos à parte, a boa mão de Saldanha para as "gags" visuais (vide "Rio") fez falta. Ao menos Scrat continua lá, para sublimar o sadismo infantil e adulto.

A ERA DO GELO 4DIREÇÃO Steve Martino e Michael ThurmeierPRODUÇÃO EUA, 2012ONDE Cinépolis Largo 13, Espaço Unibanco Pompeia e circuitoCLASSIFICAÇÃO livreAVALIAÇÃO regular

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Pré-adolescente é criança?Rosely Sayão

Você já foi chamado de pré-adolescente? Pensa que é um deles? Eu acho a coisa mais estranha essa história de chamar criança de pré-adolescente. Eu sei que algumas gostam disso porque se sentem mais velhas e importantes. Quer saber de uma coisa? Ser criança é muito, muito importante.

Vamos pensar na expressão "pré-adolescente". "Pré" sempre quer dizer antes de alguma coisa. Por exemplo: pré-Páscoa (antes da Páscoa), pré-provas (antes das provas) etc.

Pensando nisso, pré-adolescente significa que a pessoa não é mais criança, mas também não é adolescente.

Mas ela é o quê? Nada? Dessa maneira, dá para perceber como essa expressão é esquisita –afinal, todo mundo é uma coisa agora e vai ser outra depois. Isso é natural.

Já pensou se chamarmos os adultos de pré-velhos? Eles não vão gostar nem um pouco, não é verdade? Mas eles nem pensam nisso quando chamam crianças de 11 ou 12 anos de pré-adolescentes. Pois saiba que elas são crianças. Estão no final da infância, mas ainda continuam crianças.

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Vou contar uma coisa: quem usa essa expressão tem pressa de que a infância acabe logo. Não precisa ter essa pressa! Ser criança já dura bem pouco tempo, só 12 anos. Só! Depois disso, não dá mais para voltar atrás.

Você deve conhecer adolescentes e até adultos que se comportam como crianças. Fica um pouco ridículo, não fica? Então, aproveite bem, mas muito bem mesmo, esse finalzinho da sua infância.

Por mais que tenha vontade, de vez em quando, de ser mais velho do que é, resista! Mais um ou dois anos e você chega lá. E, quando chegar, vai precisar saber que, aí sim, acabou a infância –e para sempre.

Por enquanto use seu tempo livre e brinque, brinque muito ou fique sem fazer nada.

E quando um adulto disser que você é um pré-adolescente, faça cara feia e afirme: sou criança e gosto de ser assim!

Como superar a timidez na escola?O Pedro não gostava do começo das aulas. Ele tinha alguns motivos, e o mais importante é que ele é um garoto tímido e reservado, que antes só conversava com os colegas na escola se eles puxassem o papo.

Esse é o seu jeito de ser, e ele nunca se atrapalhou por causa dessa característica. O problema era ir para a escola depois de tanto tempo longe dos colegas.

Os meninos e meninas geralmente estão sempre cheios de novidades para contar e falam o tempo todo. Se ele decidisse não participar da conversa, provavelmente não conseguiria chegar no grupo.

Além disso, sempre acontecem mudanças. Alguns colegas vão para outra turma ou mudam de escola, e novos garotos e garotas surgem –e isso também deixava Pedro inquieto, um pouco desassossegado.

Todo ano era a mesma coisa: dois, três dias antes do início das aulas, ele sentia dor de barriga, de cabeça, tinha pesadelos e mal conseguia dormir.

Ele até chegava a pensar que estivesse doente e, por isso, não queria ir à escola no primeiro dia de aula. Mas a mãe dele, que já o conhecia muito

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bem, dava a maior força. E lá ia o Pedro para o colégio, mesmo com dor ou com sono.

Isso foi assim até que a mãe teve uma ideia genial: ela passou uma "lição de escola" para ele.

"Lição de escola"? Como assim? Muito simples. Os professores passam lição para os alunos fazerem em casa, não é? Então os pais também podem passar lições para o filho praticar na escola.

A lição do Pedro foi procurar, na sala dele ou na hora do recreio, meninas e meninos que estavam, como ele, tímidos, sozinhos, sem grupo, e ajudar essas crianças nesse período de adaptação.

E foi assim que Pedro superou o medo e a insegurança do começo das aulas: com a missão de ajudar os colegas. E ele sente o maior orgulho em fazer isso.

Seja você alguém tímido ou não, que tal tentar a mesma coisa?

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Adolescente consegue autorização para cantar em casas noturnas03/02/2015 10h37

O cantor Carlos Eduardo Ferreira Ramos, de 16 anos, conseguiu junto ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) o direito de se apresentar em shows noturnos. A decisão monocrática é da desembargadora Beatriz Figueiredo Franco (foto), contra negativa do Ministério Público Estadual, que alegava trabalho não apropriado ao menor.

Para se apresentar, o jovem deverá estar acompanhado do pai e frequentar regularmente a escola. Os shows não poderão ser feitos em boates, locais de má fama, insalubres ou perigosos e, ainda, o horário não poderá ultrapassar as 2 horas da madrugada. Se as condições não forem obedecidas, o alvará judicial de permissão poderá ser revogado.

Em primeiro grau, na Vara da Infância e Juventude da comarca de Mineiros, cidade onde mora o rapaz, a autorização já havia sido expedida, mas o órgão ministerial recorreu. O MP alegou que, como se trata de menor de 16 anos, o trabalho propício seria na condição de aprendiz, o que não se configura no caso.

Contudo, a desembargadora ponderou que o garoto “não pretende estabelecer relação de aprendizagem, como precipitadamente inferiu o apelante, mas sim firmar contrato de trabalho na condição de autônomo, devidamente assistido pelo pai, prestando serviços em espetáculos musicais sob credenciamento da Ordem dos Músicos do Brasil”. Além disso, a magistrada considerou os artigos 5º (inciso 9), 7º (inciso 33) e 208 (inciso 5), da Constituição Federal, que permitem inferir que as crianças e adolescentes podem exercer atividades remuneradas em apresentações artísticas, resguardada sua integridade física e moral.

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Professores estaduais mantêm greve em São PauloManifestação na Avenida Paulista reuniu entre 6 mil e 7 mil pessoas, informou a Polícia Militar

São Paulo – Os professores do ensino público do estado de São Paulo decidiram na sexta-feira

3 manter a greve iniciada em 22 de abril. Uma nova assembleia foi marcada para o próximo dia

10.

A manifestação da categoria na Avenida Paulista na tarde desta sexta-feira reuniu entre 6 mil e 7

mil pessoas, informou a Polícia Militar no início da noite. Os organizadores estimaram a

presença de 10 mil pessoas. Os professores estaduais pedem reposição salarial de 36,74%.

Segundo Maria Izabel Noronha, presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do

Estado de São Paulo, a última reunião com o governo ocorreu há oito dias e nenhum outro

encontro foi agendado.

Em nota divulgada nesta noite, a Secretaria Estadual de Educação disse que o registro de faltas

de professores hoje chegou a 1,7% do total de docentes em relação à média diária de

ausências, de aproximadamente 5%. “A pasta ressalta que os estudantes não devem deixar de ir

à escola para que não tenham prejuízo de aprendizado”, diz a nota. Segundo a secretaria, o

governo ofereceu 8,1% de acréscimo salarial e a possibilidade de avaliar, no segundo semestre

deste ano, um novo aumento. “Os representantes sindicais, contudo, rejeitaram a proposta”,

informou. “Os professores da rede estadual paulista, que já ganham 33,3% mais que o piso

nacional vigente, passarão a ter, a partir de julho, uma remuneração 44,1% maior que o

vencimento mínimo estabelecido em decorrência da Lei Nacional do Piso Salarial Magistério

Público”.

A assembleia de hoje prevista para começar às 14h, teve início com três horas de atraso no vão

livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Durante a assembleia, os professores estaduais

decidiram sair em passeata até a Praça da República, onde professores municipais, que também

entraram em greve, protestavam em frente à Secretaria Estadual da Educação.

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A categoria passou pela Avenida Paulista e fechou uma das faixas da via, no sentido Paraíso-

Consolação. Segundo a Polícia Militar, a manifestação transcorreu de forma tranquila.

Os professores municipais fizeram manifestação também em frente à prefeitura de São Paulo,

no Viaduto do Chá, no centro da cidade. Eles pedem revisão geral anual da remuneração,

alteração da lei salarial, fim das terceirizações e contratos de parcerias.

A prefeitura apresentou propostas que envolvem aumento de 71,4% no padrão inicial de

vencimentos do Plano de Cargos, Carreiras e Salários de nível básico, de R$ 440,39 para R$

755, e reajuste linear de 0,82% retroativo a novembro de 2011.

As manifestações afetaram o trânsito da cidade. No entanto, às 17h42, os congestionamentos,

segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET), atingiam 14% das vias monitoradas,

dentro da média para o horário.

A última crônica – Fernando Sabino

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever.

A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente

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ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho -- um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular.

A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura — ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido — vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso.

A bancada do medo Vladimir Safatle

O Congresso Nacional conseguiu chegar ao seu ponto mais baixo nos últimos

dias com o envio da proposta de redução da maioridade penal para o plenário da

Câmara.

Lutando desesperadamente para ganhar alguma popularidade em uma situação

de descrédito completo, comandadas por dois senhores diretamente indiciados

no escândalo da Petrobras, as duas Casas dão agora seus primeiros passos no

projeto de remeter o Brasil à Idade Média.

Por trás da proposta de redução da maioridade penal não está uma reflexão

sobre as formas mais eficientes de se combater a violência. Na verdade, ela é

apenas a expressão de um forte sentimento social de vingança e de tentativa

desesperada de materializar uma sensação difusa de insegurança que anima

setores da sociedade civil.

Para tais setores, o afeto político sempre foi o medo. É o medo que os mobiliza e

que os leva a constituir personagens que encarnem seus fantasmas mais

primários, como o "delinquente juvenil que pode matar impunemente", mesmo

se o percentual de assassinatos cometidos por pessoas entre 16 e 18 anos é

menos de 1%.

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Qualquer discussão séria sobre o assunto deveria começar lembrando que o

índice de reincidência dos que passam por medidas socio-educativas é de 20% a

30%, enquanto o do sistema prisional é de 70%.

Mas para mascarar o medo patológico de setores da população, vemos a

profusão de argumentos compostos de retalhos. Um dos mais usados

ultimamente consiste em lembrar vários países "desenvolvidos" cuja maioridade

penal é menor que a brasileira. No entanto, eles deveriam começar por se

perguntar se uma prisão brasileira pode ser realmente equiparada a uma prisão

sueca.

Ao contrário, o Brasil é referência mundial para um sistema prisional medieval,

ineficiente, criminoso, que prefere encarcerar sistematicamente a usar práticas

punitivas alternativas. Apenas 10% das pessoas atualmente encarceradas estão

lá por homicídio. Mas mesmo tendo a quarta população carcerária do mundo,

uma das polícias mais violentas e assassinas da galáxia, nosso país não

conseguiu diminuir seus índices de violência. Ou seja, essa discussão sobre

maioridade penal é mais uma cortina de fumaça usada por aqueles que, no

fundo, não se interessam em combater a violência.

Se realmente estivessem, estariam a punir banqueiros que lavam dinheiro do

tráfico, policiais que agem como bandidos alimentando um forte sentimento de

revolta social, a lutar contra a extrema vulnerabilidade e invisibilidade dos que

moram nas periferias.

O melhor remédio contra o crime nunca foi "a punição como espetáculo", mas a

construção da coesão social.