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Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão & motivações; Gestão e Planejamento Estratégico socioambiental integrado. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões, inserções e reorganização.Versão fev-mar. 2003 pág.1 de 29 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
João S. Furtado [email protected] site em parceria com Teclim www.teclim.ufba.br/jsfurtado
Gestão com responsabilidade socioambiental • Visão & motivações • Gestão & Planejamento Estratégico
Socioambiental Integrado
São Paulo – Março 2003
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão & motivações; Gestão e Planejamento Estratégico socioambiental integrado. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões, inserções e reorganização.Versão fev-mar. 2003 pág.2 de 29 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Gestão com responsabilidade socioambiental reúne textos de livre acesso e uso, para organizações e pessoas interessadas em Responsabilidade Socioambiental (RSA), do ponto de vista da produção e consumo de bens e serviços sustentáveis. Os temas poderão ser referidos como capítulos, mas são blocos independentes e não numerados, sujeitos revisão, inclusões ou reordenação. Por simples conveniência, mais de um tema poderá ser agrupado no mesmo texto.
Temas abordados
Visão e motivações & Gestão e planejamento estratégico socioambiental
Desenvolvimento Sustentável & comunidade
Indicadores de sustentabilidade & de ecoeficiência
A empresa e a sociedade
Princípios de RSA, Códigos de conduta & Capacitação para RSA
Ferramentas e tecnologias socioambientais
Temas e ações com RSA
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão & motivações; Gestão e Planejamento Estratégico socioambiental integrado. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões, inserções e reorganização.Versão fev-mar. 2003 pág.3 de 29 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Somente depois que a última árvore tiver sido derrubada Somente depois que o último rio tiver sido envenenado Somente depois que o último peixe tiver sido capturado Só então você saberá que o dinheiro não pode ser comido1 KPMG International Survey of Environmental Reporting 1999 http://www.wimm.nl/publicaties/kpmg1999.pdf
A globalização da economia eliminou os limites de nacionalidade e contribuiu para que grandes corporações, sem domicílio declarado, encontrassem justificativas para se eximirem da responsabilidade pelos atos de seus dirigentes, especialmente quando fora de seus países de origem. Enfraqueceram, também, os conceitos de Estado ou Nação, como conjunto de poderes de um povo, e de Governo, como autoridade responsável pela gestão dos bens públicos, em conseqüência da apropriação privada do ambiente público.
Este texto é destinado às organizações interessadas em aprimorar suas atividades, na construção de bens socioambientais e em prevenir os efeitos socioambientais maléficos, resultantes de impactos para a saúde humana e qualidade dos ecossistemas.
Os temas estão direcionados, primariamente, às empresas produtoras de bens e serviços, com fins lucrativos. Mas, a responsabilidade alcança os demais agentes da sociedade humana: organismos públicos; organizações supostamente e verdadeiramente sem fins lucrativos; organizações não governamentais de representação social e empresarial; e cidadãos, enquanto consumidores.
O texto foi elaborado a partir de informações coletadas, essencialmente, através da Internet2, e usadas para preparação de palestras, aulas e treinamento. O assunto foi dividido em blocos, para facilitar o livre acesso, no site www.teclim.ufba.br/jsfurtado. Os “capítulos” estão sujeitos a revisão contínua de forma e conteúdo. Por isso, o leitor deverá ser condescendente em relação a erros e mudanças, exceto pelos equívocos de interpretação a respeito das questões abordadas, pois, estes serão todos meus.
João S. Furtado [email protected]
1 Tradução livre. 2 O acesso foi feito nos anos 2000 a 2002. Alguns endereços (sites) e documentos acessados em 1996 e 1999 não puderam ser recuperados, por terem sido excluídos, pelas organizações mantenedoras. Alguns endereços citados nos documentos também não foram localizados, posteriormente, pelos buscadores (browsers) integrados nos programas de navegação Explorer e Netscape, nem com www.copernic.com ou www.wisenut.com. Estes são problemas comuns, no ciclo-de-vida das fontes virtuais.
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão & motivações; Gestão e Planejamento Estratégico socioambiental integrado. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões, inserções e reorganização.Versão fev-mar. 2003 pág.4 de 29 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
1.VISÃO & MOTIVAÇÕES
Do ponto de vista estrito, o adjetivo ambiental refere-se ao conjunto de meios (ar, água, solo) e seus elementos (bióticos e abióticos). Neste texto, o termo ambiental – no sentido amplo – foi substituído por socioambiental, uma vez que, na maioria das situações é difícil separar as conseqüências da poluição e da ineficiência na extração e uso de recursos naturais de questões como: qualidade do meio, saúde, equidade, pobreza, acesso a água tratada, habitação, emprego, educação, acesso à informação, segurança e proteção contra a violência, direito à previdência, à participação e decisão e à liberdade de escolha.
As expressões ambiente e meio-ambiente3 estão cada vez mais presentes no vocabulário do dia-a-dia de governos, empresas e organizações sem fins lucrativos e, em geral, do cidadão. Entretanto, as pessoas e organizações têm sentimentos divididos a respeito das questões socioambientais, em função dos interesses pessoais envolvidos. Por isso, as propostas, postulados e reivindicações socioambientais são considerados:
• princípios ideológicos a serem respeitados, com base na crença de que representam o direcionador do futuro para a sobrevivência, mais do que a sustentabilidade da espécie humana no Sistema Terra;
• exageros ou reivindicações de grupos e governantes intransigentes (pejorativamente chamados de ecochatos), que comprometem a competitividade do sistema produtivo privado; ou
• oportunidades estratégicas que contribuem para redução de custos de produção para as organizações, país, região ou o Planeta, globalmente.
A visão política e a atribuição de responsabilidades para execução das atividades socioambientais também são variadas. Para organizações multilaterais e governos de países avançados, a condução das ações socioambientais é destinada para unidades, estruturas ou gabinetes que cuidam de temas estratégicos ou de desenvolvimento econômico. Para outros, meio-ambiente é considerado como questão a ser cuidada pela área social4.
Há, portanto, um longo caminho a ser percorrido, antes que governantes, dirigentes e formadores de opinião estabeleçam o consenso adequado das relações entre as comunidades humanas (Antroposfera), o espaço e os recursos naturais (Ecosfera ou Biosfera).
Cedo ou tarde, entretanto, a sociedade humana terá que descobrir novos caminhos e modelos para desenvolvimento com equidade – e da própria sobrevivência da espécie. As alternativas que, atualmente, se apresentam como sendo as mais importantes, são:
• alinhar ou inserir os princípios de Responsabilidade Socioambiental (RSA) e de Desenvolvimento Sustentável (DS) no Planejamento Estratégico
• e implementar os critérios de Produção Limpa (ou os princípios menos rígidos de Produção Mais Limpa5) como paradigmas para a produção e consumo sustentáveis de bens e serviços.
3 A expressão meio-ambiente é pleonasmo que será, prioritariamente, substituído por ambiente. 4 Ao apresentar os novos dirigentes do Governo do Brasil, para o período 2003-2006, o Jornal Folha de S. Paulo de 1º de janeiro de 2003 incluiu o Ministério do Meio-Ambiente na Área Social. 5 As diferenças são apresentadas no capítulo Ferramentas e tecnologias socioambientais.
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão & motivações; Gestão e Planejamento Estratégico socioambiental integrado. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões, inserções e reorganização.Versão fev-mar. 2003 pág.5 de 29 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Resíduos, poluição, impactos e conseqüências
O modelo econômico prevalente fez com que as relações entre o sistema industrial e o consumo de bens e serviços pela sociedade humana gerassem a emissão e deposição de resíduos (poluição) na crosta terrestre, em conseqüência de:
• acumulação de resíduos devida à aplicação de trabalho sobre os recursos, representada por mineração e extração de materiais da crosta da terra;
• liberação de resíduos industriais, por aplicação de trabalho para produção e consumo de bens e serviços;
• e utilização de capital no consumo de bens e serviços, resultando no descarte de produtos, embalagens e de restos, ao final da vida útil dos produtos.6
A deposição de resíduos constitui principal foco da crítica de várias organizações sociais e governamentais. A principal razão é que as emissões geraram volumes gigantescos e preocupantes – especialmente de materiais tóxicos e perigosos, ao final da década de 80, permitindo previsões sombrias, caso os modelos econômico e industrial não fossem modificados.
1989 – 400 milhões de toneladas de lixo tóxico e perigoso, sendo 98% gerados nos países das OECD, que gastavam US$22 bilhões por ano, para o manejo.
1990 –o número mais real, para as ONG, estava acima de 1 bilhão de toneladas.
1999 – seriam necessários US$185 bilhões para remediar (clean up) áreas degradadas já existentes nos EUA.
2030 – a previsão é de que seriam 3 bilhões de toneladas de lixo industrial perigoso.
As questões socioambientais têm implicações socioeconômicas drásticas.
• Os bens comuns estão mal distribuídos e, por isso, há descontentamentos, agressões e ações mais violentas, como terrorismo.
• Os erros do modelo econômico do passado não foram suficientes para modificar os paradigmas do presente.
• 90% da biomassa colhida e mais de 90% dos materiais não-renováveis (abióticos) são perdidos como resíduos, antes de serem entregues como produtos, aos usuários finais7.
Os impactos causados pelo sistema produtor de bens e serviços e o modelo de consumo, da sociedade humana, afetam a qualidade dos ecossistemas, comprometendo a capacidade assimilativa (principalmente de oxigênio). Esta, por sua vez, garante três importantes níveis de integridade ambiental.
• A integridade ecológica representada pela estrutura e funcionamento das características locais.
6 Jackson, T. 1993. Clean production strategies. Developing preventive enrionmental management in the industrial economy. Stockholm Environment Institute, 415 pp. 7 Schmidt-Bleek, F. The Factor 10/MIPS-Concept. Bridging ecological, economic, and social dimensions with sustainability indicators. 20 pp. Acesso nov. 2002. www.factor10-institute.org
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão & motivações; Gestão e Planejamento Estratégico socioambiental integrado. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões, inserções e reorganização.Versão fev-mar. 2003 pág.6 de 29 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
• A integridade estrutural expressa os organismos que utilizam a energia solar para sua própria alimentação, os que necessitam de alimentos produzidos pelos primeiros e os que se alimentam de restos alimentares dos anteriores.
• A integridade funcional caracterizada pela cadeia nutricional, dissipação de energia e eficiência ecológica.
A carga crítica é outro tipo de dado causado pelos resíduos no ambiente. Os volumes despejados comprometem componentes específicos, com reflexos sobre determinados organismos ou sob determinados efeitos biológicos. É o que acontece, por exemplo, com as emissões de óxidos de enxofre (SOx), óxidos de nitrogênio (NOx), dióxido de carbono (CO2) e metano.
Responsabilidade socioambiental
Até o início dos anos 90, as principais preocupações a respeito das questões (sócio)ambientais aconteciam nos países desenvolvidos e tinham como maiores interessados: (i) o meio acadêmico, do ponto de vista da ecologia; (ii) as Organizações Não-Governamentais, envolvidas em ativismo social e ambiental; e (iii) os organismos governamentais multilaterais, principalmente no âmbito das Nações Unidas, interessados na formulação de políticas globais e nacionais para prevenção de problemas causados pelo aumento da poluição.
É importante reconhecer que, para as empresas, predomina o entendimento de que o Valor Líquido Presente (VLP) representa o principal indicador de desempenho econômico e que a obrigatoriedade legal para tratar as questões (sócio)ambientais constitui motivo para despesas e perda de competitividade.
A partir da Cúpula da Terra de 1992 (Rio-92), houve aumento notável do interesse para temas como: sustentabilidade do planeta; correlações entre impactos e efeitos maléficos socioambientais, decorrentes do crescimento dos depósitos de resíduos industriais tóxicos e perigosos, comprometendo a saúde e qualidade de vida humana e a qualidade, integridade e funcionamento dos ecossistemas naturais.
As razões são atribuídas a fracassos como:
i. o modelo econômico centrado no homem, como “senhor do universo”, que negligencia os efeitos sobre os bens naturais;
ii. a produção industrial, baseada no modelo de fim-de-tubo (end-of-pipe), responsável pelo quadro geral de acumulação de resíduos e
iii. a sociedade do desperdício, caracterizada pelo consumo de bens e serviços que privilegiam a obsolescência programada, o descarte embalagens e de restos de produtos ao final da vida útil.
Depois da Reunião Rio-92 houve aumento da diversidade e número de partes interessadas em questões relacionadas ao desenvolvimento econômico e nos impactos socioambientais. Programas internacionais e nacionais foram lançados. Cresceu o número de ONGs de interesse social e ambiental. A mídia passou a dar maior atenção ao assunto. As legislações ficaram mais rígidas, o consumidor mais exigente e as empresas assumiram melhores padrões de desempenho social e ambiental, embora não necessariamente socioambiental.
Grandes empresas – em geral multinacionais ou transnacionais – criaram unidades encarregadas de meio-ambiente, ecologia industrial ou de sistema de gestão ambiental. Mas,
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão & motivações; Gestão e Planejamento Estratégico socioambiental integrado. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões, inserções e reorganização.Versão fev-mar. 2003 pág.7 de 29 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
predominou a condição em que as questões sociais e ambientais continuaram a serem tratadas separadamente. Quando mencionadas juntas, há predominância do âmbito social, exceto nas organizações que mantêm Sistema de Gestão Ambiental (SGA) certificado. Neste caso, a questão ambiental resume-se, praticamente, ao SGA.
No geral, entretanto, as iniciativas sociais e ambientais não são alinhadas ao plano de negócios, nem, portanto, ao planejamento estratégico. Diante dessa situação, cabe indagar:
• qual a responsabilidade dos produtores e dos consumidores para a produção e consumo de bens e serviços em bases ecologicamente apropriadas?
• quais os caminhos e estratégias para a mudança de paradigmas?
O tratamento dado a estas questões, neste texto, não é exaustivo, nem completo, mas, serve para ilustrar a pluralidade de conceitos. Em determinadas situações, são destacadas as contradições no entendimento de questões sensíveis, como as relações entre RSA e papel das empresas de negócios, globalização, comércio internacional e códigos de conduta.
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão & motivações; Gestão e Planejamento Estratégico socioambiental integrado. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões, inserções e reorganização.Versão fev-mar. 2003 pág.8 de 29 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2. GESTÃO & PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SOCIOAMBIENTAL INTEGRADO
Apesar da abordagem dirigida a alguns conceitos gerais, relativos ao planejamento estratégico, não há intenção de apresentar os procedimentos gerenciais para definir e implementar ações administrativas convencionais, nem de planejamento estratégico, mesmo se relacionado ao Sistema de Gestão Ambiental, a exemplo do que já está disponível, comercialmente8.
O propósito é demonstrar que os elementos socioambientais poderão ser inseridos no modelo de Gestão e Planejamento Estratégico da organização e na implementação de Produção Limpa para manufatura de bens e serviços. Para isso, serão usados esquemas e a relação de tópicos, envolvendo princípios, conceitos e ferramentas socioambientais para a gestão de atividades produtivas. A combinação dos elementos socioambientais propostos e o planejamento estratégico tradicional será tarefa do interessado, levando-se em conta as características da organização.
Há duas principais vantagens previstas:
• maiores oportunidades para alinhamento dos princípios socioambientais às ações gerenciais, fazendo com que as organizações produzam bens e serviços com maior padrão de excelência e
• mudança da cultura do leitor, enquanto cidadão, consumidor, formador de opinião ou, quiçá, agente do sistema produtivo.
A leitura dos procedimentos gerenciais apresentados deve levar em consideração os pressupostos a seguir.
1. O binômio socioambiental incorpora: • temas sociais
(a) usualmente tratados segundo os conceitos de Responsabilidade Social e Responsabilidade Social Corporativa
(b) e outras questões não consideradas pelas empresas de negócios, mas que resultam de impactos ambientais causados pelo sistema de produção e consumo de bens, tais como pobreza, favelização, doenças de base ambiental, etc.
• e questões ambientais, propriamente ditas, representadas por cargas, impactos, danos físicos, químicos ou biológicos sobre os meios ambientais (ou o pleonasmo meio-ambiente), com conseqüências para a saúde humana e qualidade dos ecossistemas naturais.
2. A palavra responsável expressa o compromisso que toda organização deve assumir, a fim de responder pelas conseqüências de seus atos, atividades, processos produtivos, bens e serviços, uma vez introduzidos no meio público.
3. O termo integrado traduz a combinação das dimensões ou aspectos econômicos, sociais e ambientais nas atividades ou negócios de organizações privadas ou públicas, com ou sem fins lucrativos.
8 Andrade, R.O.B. de & col. 2002. Gestão ambiental. Enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. Makron Books, S.Paulo, 232 pp.
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão & motivações; Gestão e Planejamento Estratégico socioambiental integrado. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões, inserções e reorganização.Versão fev-mar. 2003 pág.9 de 29 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
A lista de eventos, recursos, ferramentas, condições ou situações importantes para a Gestão e Planejamento Estratégico Integrado, incluídos nas seqüências, não esgota as possibilidades apresentadas em outro texto da presente série. Os princípios e critérios mais relevantes exprimem:
Responsabilidade Socioambiental (RSA) Desenvolvimento Sustentável (DS) Emissão Zero Fator 10 Demanda Material Total, Intensidade de Material por Unidade de Serviço Sistema de Produto ou Desenvolvimento Integrado de Produto; Desmaterialização e Substituição Produção Limpa (PL), Design para o Ambiente (DpA) ou Ecodesign e Ecoeficiência, entre outras ferramentas ou tecnologias gerenciais.
Os exemplos foram montados a partir da combinação de sugestões e propostas apresentadas por diferentes autores9, que utilizam, com freqüência, modelos e terminologias distintos. Portanto, são seqüências teóricas que incluem o maior número de atividades e ações estratégicas. Por isso, não constituem padrão ou modelo, mas referência geral para ajuste dos interesses e condições em cada organização.
É preciso admitir que a inserção de questões socioambientais nas operações da organização resulta em situações complexas, sendo prudente levar em conta importantes limitações.
(a) A ecosfera – ou seja, o espaço entre a parte rochosa (litosfera) da terra e a atmosfera – é um sistema não-linear e complexo. Atualmente, e possivelmente para sempre, será difícil ou impossível conhecer, com certeza, todos os efeitos ambientais das atividades humanas. Devido às condições de incertezas e riscos permanentes, é recomendável adotar o Princípio da Precaução10.
(b) Os relacionamentos entre objetos, meios e objetivos são múltiplos e acontecem em diferentes momentos das ações estratégicas. Portanto, a listagem, na forma como está apresentada, não permite estabelecer, necessariamente, os vínculos imediatos entre os passos.
(c) As seqüências poderão ser modificadas – tanto em componentes, como nos momentos em que os passos acontecem – de acordo com as diferenças de entendimento dos interessados, a respeito dos princípios e conceitos gerenciais, ou conforme o modelo de gestão e planejamento estratégico praticado na organização, tendo em vista os procedimentos, a composição dos blocos de ações gerenciais ou de outras práticas estratégicas adotadas.
9 Foram usadas diversas fontes já mencionadas ao longo do texto e, em especial, os seguintes: (1) Andrade, R.O.B. de & col. 2002. Gestão ambiental. Enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. 232 pp. Makron Books. (2) Robert, K.-H. & col. 2002. Strategic sustinable development – selection, design and synergies of applied tools. Jour. Cleaner Production 10(2002): 197-214. Elsevier www.cleanerproduction.net (3) . www.oag-bvg.gc.can/domino/cesd_cedd.nsf/html/pmwork_e.html (acesso em out. 2002). Developing performance measures for sustainable development strategies. p. 1-6. (4) Environment Canada. Acessado em out. 2002. Green government. www.ec.gc.ca/grngvt/apnd_e_e.htm .(5) Zero Emission. 1998. Zero emission approach. Slide show presented at 4th Annual World Congresso n ZE in Namíbia, 14-17 Oct. www.zeroemission.de/start.htm (acesso nov. 2002). (6) Schmidt-Breek & col. 1999. A Report by the THE FACTOR 10 CLUB, 67 pp. www.factor10.org . (7) Diversos textos na REAd Revista de Administração, Edição Temática 2002. Sistema de Gestão na Empresa. 10 Referência (6) da nota anterior.
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão & motivações; Gestão e Planejamento Estratégico socioambiental integrado. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões, inserções e reorganização.Versão fev-mar. 2003 pág.10 de 29 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
As ações gerenciais de base socioambiental abrangem vários Princípios da Declaração Rio-9211 sobre o ambiente e desenvolvimento. São elementos importantes e necessários para a construção da visão integrada e sistêmica destinada a iniciativas como:
• definição e implementação dos modelos Gestão e Planejamento Estratégicos Integrados
• elaboração de Plano Estratégico Integrado e de Programas Socioambientais Responsáveis
• definição de Política Socioambiental Integrada aos negócios ou atividades • acompanhamento e medição do desempenho dos indicadores socioambientais • implantação do modelo de Produção Limpa para manufatura de bens e serviços • produção de Relatórios de Desempenho, inclusive o Balanço Socioambiental.
2.1. Gestão e planejamento estratégico integrados A missão, valores e visão da organização são considerados pilares para o planejamento e sustentação da organização ao longo do tempo12, para que a política da organização seja praticada.
Política – princípios de governança, que estabelecem as escolhas, compromissos e bases normativas para o relacionamento entre a direção e a platéia interna e externa (partes interessadas; stakeholders e shareholders), a fim de que a organização alcance os fins desejados.
Missão – razão de ser ou intenção original do fundador da organização; ou tipo de atividade praticada.
Valores – direcionadores de conduta pública e operacional; padrão, aspectos, pontos ou posições defendidas.
Visão – motivação que mantém a organização no caminho de futuro e traduzida pelo que a organização é, deseja ser e em que deverá tornar-se.
Estes são temas ou elementos que devem ser formatados e comunicados a todas as partes interessadas – internas e externas, independente das diferenças de foco dos colaboradores que se posicionam como programáticos, pragmáticos, organizadores, visionários, entre outras tipologias.
No universo das organizações, estratégia está correlacionada a plano, padrão, arcabouço, percepção, posição, perspectiva, podendo ser interpretada e definida de diversas maneiras. O entendimento a seguir foi elaborado a partir de textos acessíveis através da Internet13.
Estratégia – maneira de pensar e de agir, padrão de conduta, designação de recursos, posição ou percepção, adotados para a construção de plano ou arcabouço preparatório, antes que ações concretas sejam postas em prática.
11 A relação entre o procedimento estratégico proposto e item da Declaração da Rio-92 está identificada pela citação do número do Princípio, no tópico em que isso se aplica. 12 Adams, D. The Pillars of Planning: Mission, Values, Vision. 4 pp. http://arts.endow.gov/pub/Lessons/Lessons/ADAMS.HTML Acessado jan 2003. 13 (1) McNamara, C. Strategic Planning (in nonprofit or for-profit organizations). http://www.managementhelp.org/plan_dec/str_plan/str_plan.htm - (2) Nickols, F. 2000. Strategy: Definitions and Meaning. http://home.att.net/~nickols/strategy_definition.htm -(3) Nichols, F. 2000. Three forms of strategy. Corporate, competitive and strategy in general. 7 pp. http://home.att.net/~nickols/three_forms_of_strategy.htm - (4) Jones, J. E. & Bearley, W.L. 2002. Strategic planning, 2 pp. www.improve.org/stratplan.html Acessos em jan. 2003
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão & motivações; Gestão e Planejamento Estratégico socioambiental integrado. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões, inserções e reorganização.Versão fev-mar. 2003 pág.11 de 29 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Tática – forma como os recursos são manejados durante as ações.
Planejamento estratégico – designação de meios e métodos para alcançar o fim desejado, envolvendo:
• determinação da direção, caminho ou curso a ser seguido, para que a política de atuação da organização seja praticada, levando-se em conta a missão, valores e visão organizacionais;
• estabelecimento de forças direcionadoras – abrangendo produtos, usuários e beneficiários, necessidades e oportunidades no meio, marketing, tecnologias, capacidade produtiva, recursos naturais, porte e crescimento, returno e lucratividade – para que a organização possa alcançar as mudanças e os fins desejados;
• identificação e distribuição de meios e recursos e definição de como aplicá-los;
• indicação de focos estratégicos, representados pelos fins a serem alcançados, os meios, modos e recursos para obtê-los, a organização dos recursos e meios propriamente ditos, principalmente os disponíveis e a tática para o uso;
• previsão da triagem estratégica, no setor de atividades e, no caso das organizações com fins lucrativos, a concorrência, com base em ferramentas de análise como FOFA (Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças); e
• indicação do direcionamento estratégico para a competitividade, através de diferenciação, foco, objetivos e metas, para que a organização possa competir e se contrapor a movimentos ou acontecimentos, previstos ou já em curso, no ambiente, os quais representam ameaças ou prejuízos para os interesses internos e das demais partes interessadas.
O planejamento estratégico estabelece para onde a organização deseja ir e como deverá lá chegar. Para isso, abrange esquemas, medidas e atitudes, previamente concebidos, para que a missão, os objetivos e metas, pré-definidos, possam ser alcançados, dentro de determinado período de tempo e com o uso de recursos pré-estabelecidos, tendo em vista os cenários imaginados.
O papel do planejamento estratégico é maximizar o uso de recursos e aprimorar o desempenho, a fim de contribuir para que a organização possa consolidar sua posição e diferenciar-se dos demais participantes ou concorrentes no meio onde atua. Para tanto, requer o estabelecimento de objetivos gerais e específicos, levando em consideração o que alcançar, preservar, evitar e eliminar14.
Nas empresas com fins lucrativos, as ações estratégicas são lineares, verticalizadas, do topo para a base. Refletem o modelo organizacional de acordo com as características do segmento sócio-econômico ou conforme particularidades da organização e têm como foco a lucratividade econômico-financeira, com base em qualidade.
Neste caso, as gerências de empresas consideram o VPL – Valor Presente Líquido como o principal direcionador dos negócios. Por isso, a RSA é sinônima de filantropia e trabalho voluntário. Em geral, Desenvolvimento Sustentável constitui parte de discurso, sem ações práticas.
Para outras organizações, o planejamento estratégico é orgânico, reflexivo, com orientação do geral para o específico. Por isso, a inserção da RSA na estratégia de negócios ou de
14 Nickols, F. 2000. The Goals Grid. A Tool for Clarifying Goals and Objectives. http://home.att.net/~nickols/goals_grid.htm
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão & motivações; Gestão e Planejamento Estratégico socioambiental integrado. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões, inserções e reorganização.Versão fev-mar. 2003 pág.12 de 29 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
atividades das organizações demanda mudança de foco: de vertical, para transversal e, com freqüência, circular. De desarticulada para sistêmica e integrada. De temporal para permanente, com metas de aprimoramento contínuo e aproveitamento das inter-relações em todas as unidades operacionais e em estreita articulação com todas as partes interessadas (stakeholders) e acionistas (shareholders).
O modelo conceitual de planejamento estratégico com RSA requer considerável diversidade de elementos envolvidos, cuja identificação depende de um conjunto de sugestões contidas em propostas de boas práticas gerenciais consideradas essenciais15.
Com freqüência, a implementação de planejamento estratégico é motivo de conflitos internos, do ponto de vista metodológico e, em especial, para ajuste alinhamento da estratégia à missão, valores, visão e objetivos institucionais determinados do topo-para-a-base.
Questões importantes, relativas a o que alcançar, evitar, preservar ou eliminar são motivos de desgastes. As divergências serão maiores quando o planejamento estratégico for orgânico e incorporar as questões de RSA na política de negócios ou atividades e expressar a governança corporativa responsável (accountability). As diferenças entre pragmáticos e reflexivos serão maximizadas, podendo exigir a contribuição de agentes externos (especialmente de consultores), para solucionar problemas e eliminar dissonâncias.
A Gestão e Planejamento Socioambiental Integrados abrangem diversificado número de ações. Portanto, cabe ao interessado ajustar as sugestões ao porte e tipo de organização, natureza das atividades, características dos produtos e impactos causados para a saúde humana e qualidade do ecossistema. O maior desafio para o gestor está em combinar o plano estratégico convencional ao modelo de planejamento e gestão socioambiental integrados.
15 Vários tópicos foram extraídos de Andrade, Rui O. B. & col. 2002. Gestão ambiental. Enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento sustentável. Makron 232 pp.
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão & motivações; Gestão e Planejamento Estratégico socioambiental integrado. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões, inserções e reorganização.Versão fev-mar. 2003 pág.13 de 29 ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Definição do m odelo de Gestão e Planejam ento Estratégico Sócio-ambiental Integrado
2. Alinhar os princípiosde Responsabilidade
Sócio-am biental
Mecanism ospara novas idéias
Códigos deconduta
Marcos dereferência
Indicadores deRSA
Padrões deexcelência
4. Inserir os princípios deDesenvolvim ento
Sustentável
Indicadores decom petitividade
sustentável
Fluxos desustentabilidade
Princípios daecosfera/biosfera
Indicadores desustentabilidadede sistem as de
vida
6. Identificar e engajar aspartes interessadas
Mecanism os deengajam ento
Agentes chave
Parceriasestratégicas
11. Definir a PolíticaSócio-am biental
Orientação,rum os oudireções
Normas ouregras deconduta
Atribuição deresponsabilidade
Justificativas
Metasestratégicas
sócio-am bientais
Objetivos sócio-am bientais
organizacionais
Bens globais oucom uns
Grandes tem asou variáveis
sócio-am bientais
Visão
Missão
10. Elaborar o PlanoEstratégico Sócio-
am biental Integrado
Fatores críticospara o sucessosócio-am biental
InserirDesenvolvim ento
Sustentável noPlanejam ento
Estratégico
Alinham ento deRSA ao
Planejam entoEstratégico
Im pactos sócio-am bientais
Cenáriosintegrados
Análises gerais
Variáveis sócio-am bientais
Modo de gerarindicadores dedesempenho
8. Area ou campo deativ idades ou de
negócios da organização
9. Recursos para aGestão Sócio-am biental
Responsável
Elementosconstituintes
Níveis decom ando
7. benchm ark ing - para aorganização
Marcosinternacionais e
nacionais daconcorrência
Marcos próprios
5. Identificar e definir oSistem a de Produto
Efeitos sobrefontes dem ateriais
Efeitos dam anufatura
Efeitos dadistribuição
Efeitos do uso ouconsum o
Efeitos dodescarte
3. Caracterís ticas sócio-am bientais prevalentes
no m ercado
Conduta em eco-m arketing
Código deconduta nacadeia denegócios
Direc ionadorespara inovação
tecnológica
Conduta de RSAda concorrência
1. Caracterizaçãomacro-econôm ica
Indicadores dedesenvolvimento
Papel daorganização no
m odelo
Tendência globaldas questões
sócio-am bientais
Fluxograma da definição do modelo de Gestão e Planejamento Estratégico Socioambiental Integrado (continua)
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão e motivações. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões e modificações, sem aviso prévio. Versão fev-mar03 pág. 14de 29 _____________________________________________________________________________________________________
Execução de atividades
Atividades esaídas chave
Objetivosestratégicos
Critérios paradefinir objetivos
Diretrizes
Partesinteressadas e
seus interesses
Alvos
Respostas eexigências
Metas
Tecnologia deinformação
Atribuições
Ações
Atribuições
14. Implementar omodelo de Gestão com
RSA
Indicadores degestão
Processosoperacionais
Bases para açãosistêmica
Execução
Medidção
Avaliação emedição
15. Implementar aProdução Limpa para
bens e serviços
Gestão de PL
Modelo atual deprodução
Ecotime
16. Medir o desempenhosócio-ambiental
17. Comunicar odesempenho sócio-
ambiental
12. Definir Planos eProgramas Sócio-
ambientais
13. Definir o modelo demedição do desempenho
sócio-ambiental
Atribuições erecuros para
impelementação
Adequação demedições
Linha de base erecursos para
medição
Proposta demedidas de
desempenho
Indicadores
Fluxograma da definição do modelo de Gestão e Planejamento Estratégico Socioambiental Integrado (continuação) Relação de itens e subitens para construção do modelo de Gestão e Planejamento Estratégico Sóciop-ambiental Integrado 1. Caracterização macroeconômica16
1.1.1. Estabelecer os indicadores de desenvolvimento 1.1.2. Definir o papel da organização no modelo econômico 1.1.3. Identificar a a tendência global das questões socioambientais
2. Alinhamento dos princípios de RSA na gestão da organização 2.1. Definir os marcos de referência
i. Práticas externas de sucesso ii. Marcos para aprimoramento de práticas internas
2.2. Estabelecer o Código de conduta i. Adotar o Código de conduta do setor ou segmento sócio-econômico
ou
16 Os demais textos da série Gestão com responsabilidade socioambiental fornecem conceitos ou subsídios para o entendimento dos tópicos ou itens mencionados.
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão e motivações. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões e modificações, sem aviso prévio. Versão fev-mar03 pág. 15de 29 _____________________________________________________________________________________________________
ii. Selecionar os códigos ou os modelos adotados por indexadoras internacionais e nacionais selecionados e relevantes para a organização
2.3. Definir mecanismos para criação de novas idéias ou novas práticas i. Incorporação de práticas e padrões externos ii. Estabelecimento de diretrizes para criação de novas idéias ou novas
práticas 2.4. Selecionar os indicadores de RSA 2.5. Identificar os padrões de excelência
• Liderança • Gestão de temas • Construção de relacionamentos • Estratégia • Infra-estrutura • Medições
3. Identificação das características socioambientais do mercado 3.1. Descrever a estrutura do mercado: investidores, acionistas (stockholders) e demais
interessados (stakeholders) 3.2. Identificar a conduta socioambiental na cadeia de negócios
i. Descrever as características socioambientais do segmento ii. Identificar o comportamento socioambiental da concorrência iii. Listar e caracterizar os órgãos normatizadores oficiais iv. Listar e caracterizar as organizações normatizadoras voluntárias v. Identificar as barreiras tarifárias legais e não-tarifárias vi. Identificar os marcos de referência - benchmarking
3.3. Caracterizar os padrões de desempenho socioambiental de produção pela concorrência
i. Melhor tecnologia disponível (fim-de-tubo) ii. P2 – Prevenção de Poluição iii. P+L – Produção Mais Limpa iv. PL – Produção Limpa v. DpA (Design para o Ambiente ou Ecodesing) e Ecoeficiência vi. outras ferramentas
3.4. Identificar os procedimentos negociais e comerciais i. eco-marketing ii. maquiagem verde (greenwashing) e outras práticas irregulares
(whitewashing e bluewashing) 3.5. Identificar estratégias de orientação para inovação tecnológica de base
socioambiental i. Processo-produtividade: redução de custos/aumento de
lucratividade, demandas públicas/empregados ii. Ação pró-ativa em relação à conformidade: legislação e
regulamentação, normas técnicas, códigos de conduta, padrões de excelência, etc.
iii. Ecoeficiência e eco-marketing 4. Inserção dos princípios de Desenvolvimento Sustentável (Rio-92 Princípio 4) na
Gestão 4.1. Identificar os princípios gerais da ecosfera/biosfera
4.1.1. Ecossistema humano i. Aspectos sociais: Capital Social ou Humano; critérios, valores,
princípios, ética, paradigmas ii. Aspectos econômicos – Capital Físico Construído e Financeiro: (a)
medições monetárias, quantitativas do crescimento econômico e (b)
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão e motivações. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões e modificações, sem aviso prévio. Versão fev-mar03 pág. 16de 29 _____________________________________________________________________________________________________
medida da taxa de eficiência (intensidade de uso em serviços, equidade na distribuição e uso dos estoques), de ordem qualitativa do desenvolvimento econômico
iii. Aspectos ambientais (ecológicos): Capital Natural e Viabilidade Ecológica (Economia de Estado Estável – Steady State Economy), considerando (a) disponibilidade dos estoques para a vida atual e a sustentabilidade futura; (b) a maximização dos serviços, com estoques constantes e (c) maximização de saída.
4.1.2. Ecossistemas naturais i. Princípios ecológicos: aspectos biológicos, físicos, químicos ii. Ciclos biogeoquímicos iii. Ações humanas
4.2. Identificar os fluxos da Sustentabilidade (Rio-92 Princípio 3) 4.2.1. Fluxos litosfera-ecosfera – concentração de materiais na crosta
i. Intensidade ii. Balanço e equilíbrio iii. Qualidade final dos depósitos
4.2.2. Fluxos sociedade-ecosfera – concentração de substâncias produzidas pela sociedade i. Intensidade ii. Balanço e equilíbrio iii. Degradabilidade iv. Qualidade final dos depósitos
4.2.3. Ações humanas físicas – Destruição física, manipulação do ambiente e colheitas i. Produtividade ii. Qualidade final dos recursos iii. Disponibilidade de bens
4.2.4. Atendimento a necessidades humanas e fruição de bens – perspectivas ambientais e sociais i. Saúde relacionada à poluição ii. Toxicologia e epidemiologia iii. Interação de substâncias com sistemas biológicos iv. Disponibilidade e distribuição de recursos
4.3. Definir os indicadores de competitividade sustentável (Rio-92 Princípio 8) 4.3.1. Eficiência administrativa
i. Progresso continuado em Ciência e Tecnologia ii. Fatores de produção e vantagens competitivas iii. Aprimoramento gerencial continuado
4.3.2. Responsabilidade governamental (Rio-92 Princípio 9) i. Infra-estrutura ii. Educação e treinamento iii. Cooperação
4.3.3. Legislação e regulamentação (Rio-92 Princípios 2, 11, 13) 4.3.4. Fiscalização e penalização
4.4. Definir os indicadores de sustentabilidade de sistemas de vida (Rio-92 Princípio 1) 4.4.1. Estabelecer os atributos para os indicadores
i. Condição, Estado ou Pressão ii. Classificação proposta pelo Banco Mundial
4.4.2. Classificar ou categorizar os indicadores • Alimentação • Equidade e discriminação • Educação
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• Emprego • Energia • Saúde, bem-estar pessoal e comunitário • Direitos humanos • Renda, sustentabilidade econômica e distribuição de renda • Infra-estrutura e serviços públicos • Segurança pessoal e comunitária • Abrigo/habitação e identidade cultural • Participação social (liberdade e conquista de poder) • Lazer e uso do tempo • Transporte
5. Definição do Sistema de Produto aplicado a processos de produção e de produtos - Identificação de impactos ou efeitos, benéficos e maléficos (Rio-92 Princípios 8, 15, 16 e 17) 5.1. Reconhecer os efeitos sobre a sustentabilidade das fontes de matérias primas
i. Transporte ii. Processamento de matéria prima iii. Embalagem da matéria prima
5.2. Reconhecer os efeitos resultantes da manufatura i. Aquisição ii. Estocagem iii. Logística de produção iv. Processo de produção v. Embalagem
5.3. Reconhecer os efeitos da distribuição e logística 5.4. Detectar os efeitos da logística de distribuição 5.5. Detectar os efeitos do uso ou consumo 5.6. Reconhecer os efeitos do descarte
6. Identificação e engajamento das Partes interessadas (Rio-92 Princípio 10) 6.1. Identificar os agentes chave 6.2. Estabelecer os mecanismos para engajamento de agentes selecionados
6.2.1. Identificar agentes chave e seus perfis de origem i. Ciência e Tecnologia – Universidades, Institutos de Pesquisa,
Consultoria, Alianças estratégicas, Associações empresariais ii. Grupos sociais – Consumidores, ONGs sociais, Comunidade
Internacional, Classes excluídas e minoritárias, Desafios e carências iii. Segmentos comerciais – Concorrência, Fornecedores,
Distribuidores, Financeiras, Seguradoras, Serviços iv. Área institucional – Legislação, Fiscalização, Políticas públicas e
Incentivos v. Influências globais – Organismos multilaterais, ONGs sociais,
ambientais e empresariais, Órgãos governamentais de referência internacional
6.2.2. Identificar temas ou questões de interesses comuns 6.2.3. Definir prioridades
i. Características socioambientais e econômicas da região ou área de influência de interesse
ii. Quadro de referência para geração de propostas, atividades, projetos e outras ações no âmbito de interesse da organização
6.2.4. Definir critérios e mecanismos para negociação i. Mecanismos de comunicação ii. Objetivos e prioridades iii. Responsabilidades e credibilidade
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iv. Flexibilidade v. Gestão de conflitos vi. Decisões compartilhadas
6.2.5. Identificar interesses comuns i. Previsão de diferenças e conflitos ii. Valores e interesses específicos iii. Valores e interesses comuns iv. Indicadores significativos v. Qualidade dos atributos
6.3. Identificar e estabelecer parcerias estratégicas 7. Identificação de marcos de referência (benchmarking) socioambientais para a
organização 7.1. Marcos internacionais e nacionais, gerais e do segmento, especialmente de
concorrentes 7.2. Marcos próprios
8. Definição e delimitação da área ou campo de atividades ou de negócios da organização
i. Identificar os aspectos econômicos, sociais e ambientais mais relevantes
ii. Descrever, de maneira a permitir a geração de indicadores de desempenho
9. Identificação de recursos para Gestão com responsabilidade socioambiental 9.1. Estabelecer os componentes ou elementos constituintes
i. Capacitação e treinamento ii. Marketing iii. Relacionamento e cadeia de negócios/suprimento iv. Partes interessadas v. Finanças e contabilidade vi. Regulamentação e legislação vii. Pesquisa e desenvolvimento de produtos viii. Produção de bens e serviços ix. Infra-estrutura física x. Emergências
9.2. Definir os níveis de comando i. Nível hierárquico superior ii. Localização da unidade de Gestão com responsabilidade
socioambiental: Staff, Linha ou Comitê (Holding) 10. Elaboração de Plano Estratégico Socioambiental Integrado
10.1. Identificar as variáveis que afetam e são afetadas pela organização i. Econômicas ii. Sociais iii. Ambientais iv. Industriais v. Comerciais vi. Tecnológicas
10.2. Elaborar análises gerais i. Conjuntural ii. Socioambiental iii. Capacitação organizacional
10.3. Construir cenários integrados i. Forecasting e backcasting ii. Mais provável, Pessimista e Otimista
10.4. Caracterizar os impactos socioambientais i. Caracterização do setor de atividades
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ii. Tipo de organização: industrial, comercial ou de serviços iii. Caracterização do tipo impacto, de acordo com o tipo de setor de
atividade: econômico concentrado, semiconcentrado, misto, diferenciado, competitivo, financeiro, especializado, público
10.5. Introduzir os elementos e fatores para alinhamento da RSA no Plano Estratégico Socioambiental
i. Limites da RSA da organização ii. Agentes interessados principais iii. Competências principais iv. Competências ancoradas socialmente v. Alianças estratégicas vi. Competências para RSA vii. Inserção de RSA nos processos produtivos e produtos da
organização viii. Desenho e implementação de atividades socioambientais não
integradas em projetos, mas alinhadas ao eixo principal de atividades ou de negócios da empresa
10.6. Inserir os elementos ou fatores de Desenvolvimento Sustentável no Plano Estratégico Socioambiental
10.6.1. Identificação e seleção de investimento estratégico i. Visão de sucesso no futuro ii. Flexibilidade para evitar pontos-cegos (sem retorno) iii. Boa taxa de retorno iv. Princípio da Precaução
10.6.2. Identificação e seleção de princípios sociais i. Diálogo e encorajamento ii. Transparência iii. Meios para ação política (policy) iv. Impostos e incentivos v. Subsídio vi. Privilégios tradicionais vii. Normas e padrões viii. Acordos internacionais ix. Acordos comerciais multilaterais x. Legislação
10.6.3. Identificação do foco do desenvolvimento sustentável (entre outros) i. Equidade ii. Qualidade de vida iii. Geração e uso de energia (preferivelmente, renovável) iv. Transporte v. Uso da terra vi. Habitação vii. Comunidades saudáveis ou sustentáveis viii. Eco-indústria ix. Biodiversidade
10.6.4. Identificação e atividades sustentáveis e não-sustentáveis i. Sustentáveis: conservação, poupança, recuperação, reuso, renovação,
reciclagem de recursos, inclusive água e energia, especialmente o uso responsável de recursos renováveis e não-renováveis.
ii. Não-sustentáveis: ingresso contínuo de recursos não-renováveis; recursos renováveis em maior velocidade do que a natureza tenha condições de renovar; atividades que causam acumulação continuada na superfície da terra, destruição da biodiversidade e que prejudicam o bem-estar da população.
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão e motivações. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões e modificações, sem aviso prévio. Versão fev-mar03 pág. 20de 29 _____________________________________________________________________________________________________
10.6.5. Identificação e seleção de ferramentas de gestão i. Conceito - Desmaterialização e Substituição ii. Ferramentas conceituais
• Passo natural – Natural Step • Pegada ecológica – Ecological Footprint • Fator 10 – Factor 10 ou Factor X • Emissão Zero – Zeri Emmission • Fardo ecológico – Ecological Rucksak • Desenvolvimento de tecnologia sustentável – Sustainable
Technology Development iii. Ferramentas operacionais
a. Análise e avaliação • Produção Limpa • Ecodesign • Ecoeficiência • Sistema de produto, Cadeia de produto ou Gestão integrada de
produto (Life Cycle Management) • Avaliação de impacto ambiental • Avaliação de risco • Auditoria socioambiental • Contabilização socioambiental • Avaliação do Ciclo-de-Vida b. Ação • Sistema de Gestão Ambiental • Padrões internacionais • Certificação e reconhecimento – accreditation • Fluxo material total – TMF Total material flow c. Comunicação • Rotulagem socioambiental • Indicadores • Relatório de desempenho
10.7. Definir os fatores críticos para o sucesso socioambiental, com foco em i. perspectivas econômicas, sociais e ambientais ii. treinamento e fixação de competências iii. comunicação iv. implementação v. controle operacional preventivo, gerencial, estratégico e de apoio ou
suporte vi. preparação e atendimento a acidentes e emergências
11. Definição da Política de ação alinhada à RSA, DS e Visão de Produto 11.1. Definir a Missão
• Estabelecer a razão de ser específica ou para que serve a organização • Inserir o tipo de clientela, usuário ou beneficiário a quem a empresa serve
11.2. Estabelecer a Visão • Estabelecer o foco da missão • Inserir a convicção ou aspiração para realizar a missão
11.3. Identificar as variáveis ou grandes temas socioambientais que afetam ou são afetados pela organização
11.4. Definir os bens socioambientais comuns ou globais (sustentabilidade) e negócio ou atividade-específicos (ecoeficiência) principais para as atividades ou negócios da organização
11.5. Estabelecer os objetivos socioambientais organizacionais
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i. Objetivo central ou principal • Alvo principal ou foco concreto maior a maior a ser atingido
ii. Objetivos secundários • Alvos intermediários previstos, até o alcance do Objetivo central
11.6. Definir as metas estratégicas socioambientais mensuráveis, dentro de tempo previsto
i. Metas globais ii. Metas atividade-específicas ou negócio-específicas
11.7. Descrever a orientação, rumos ou linhas a serem seguidos por todos 11.8. Estabelecer as normas ou regras de conduta e procedimentos para o curso das ações 11.9. Definir e atribuir as responsabilidades pessoais 11.10. Apresentar as justificativas
12. Definição de Planos e Programas Socioambientais Responsáveis 12.1. Descrever as diretrizes
• Apresentar as definições e instruções para execução das atividades 12.2. Descrever os objetivos estratégicos
i. Atividades principais e resultados esperados ii. Aspectos significativos do programa iii. Aspectos significativos para o Desenvolvimento Sustentável
12.3. Descrever os critérios para definição de Objetivos 12.4. Identificar as atividades e saídas chave
i. Identificação ii. Classificação: alta, média e baixa
12.5. Identificar partes interessadas e respectivos temas i. Identificação ii. Classificação: alta, média e baixa
12.6. Descrever os alvos a serem alcançados 12.7. Respostas e exigências de desempenho
i. Requisitos necessários e respostas ii. Respostas esperadas e desempenho
12.8. Estabelecer as metas – resultados mensuráveis em tempo previsto i. Marcos de referência (benchmarking) ou linha de base para o melhor
processo ou produto ii. Indicadores de resultados esperados de acordo com cronograma pré-
determinado 13. Medição de desempenho dos indicadores socioambientais
13.1. Apresentar a organização ou estruturação dos indicadores por objetivos, metas ou produtos
i. Descrição ii. Unidade de medição iii. Método de medição
13.2. Propor as medidas potenciais de desempenho i. Modo de gestão do programa ii. Focos: gestão de riscos, recursos, padrões de gestão, práticas
operacionais, análise de conteúdo, análise de longo prazo 13.3. Descrever o tipo de informação e medidas de linha de base
i. Linha de base (referencial) para cada medição prevista ii. Nível de recurso ou de esforço exigido para alcançar os objetivos
13.4. Descrever a adequação de medida de desempenho i. Medidas de avaliação apropriadas para acompanhar o desempenho,
quanto ao conteúdo e qualidade de desempenho esperado ii. Critérios de medidas de desempenho: compreensível, relevante,
comparável, confiável e prática 13.5. Estabelecer a responsabilidade e recursos para implementação
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i. Relações entre responsabilidades e recursos para implementação, envolvendo: resultados, saídas, atividades e recursos
14. Implementação e operação da Gestão com responsabilidade socioambiental 14.1. Identificar as atribuições
i. O que? – Bem ou serviços ii. Para quem? - Alvo iii. Por que? - Vantagens iv. Com que? – Ferramentas e tecnologias v. Como? – Prioridades e alvos
14.2. Descrever a organização das ações i. Configuração organizacional ii. Classificação de funções iii. Sistematização de tarefas por função
14.3. Definir as atribuições de encargos e responsabilidades i. Critérios para engajamento ii. Formalização de compromissos iii. Definição e implementação de registros e comunicação iv. Atribuição de responsabilidades por função/tarefa v. Meios e prazos para execução
14.4. Estabelecer os recursos de tecnologia de informação 14.5. Definir os indicadores de gestão
i. Indicadores socioambientais ii. Indicadores de qualidade iii. Indicadores de desempenho gerencial
14.6. Definir os processos operacionais i. Processos críticos ii. Processos não-críticos
14.7. Estabelecer as bases para a ação sistêmica i. Definir temas ou níveis para integração sistêmica ii. Definir equipes interativas/interfuncionais iii. Identificar interfaces internas e externas iv. Definir fluxos e nexos v. Estabelecer mecanismos transversais de interação sistêmica
14.8. Executar as atividades 14.9. Acompanhar e medir
i. Gerenciar o processo ii. Definir rotinas iii. Estabelecer padrões de excelência
14.10. Avaliar o desempenho 14.10.1. Avaliação prévia dos resultados gerais 14.10.2. Avaliação crítica
i. Avaliar as informações produzidas ii. Avaliar o desempenho social iii. Avaliar o desempenho ambiental iv. Avaliar a estratégia organizacional v. Comparar missão versus desempenho socioambiental vi. Comparar objetivos versus metas alcançadas vii. Executar a avaliação de FOFA (Fortalezas, Oportunidades,
Fraquezas e Ameaças) - SWOT - para indicadores selecionados de (a) sustentabilidade e (b) ecoeficiência
viii. Avaliar o desempenho estratégico: políticas, diretrizes e processos de gestão
ix. Avaliar alternativas
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15. Implementação de Produção Limpa Este tópico está sendo tratado em item próprio, mais à frente.
16. Medição de desempenho socioambiental 17. Comunicação socioambiental
2.2. Implementação de Produção Limpa - PL Os conceitos de Produção Limpa e outros aspectos relacionados estão abordados em capítulo específico. Neste momento, serão apresentadas sugestões para implementar o modelo de PL para a produção de bens e serviços, independente da natureza jurídica, dos objetivos comerciais, porte e tipo de organização.
A empresa precisa conhecer e medir os focos de consumo de recursos e emissão de resíduos, consumo excessivo de água e energia, e dispor de meios para implementar medidas preventivas apropriadas ao porte, objetivos imediatos e de médio e longo prazos. Para isso, poderá dispor de auditorias externas ou utilizar manuais apropriados, inclusive de acesso livre através da Internet17.
É fundamental conhecer o processo de produção adotado e as características socioambientais associadas ou decorrentes do processo produtivo e uso do produto, segundo o conceito do-berço-à-cova.
A rede do CNTL-RS utiliza manual para P+L (Produção Mais Limpa), adotado em Centros Nacionais de P+L em vários países, mantidos pela parceria PNUMA-UNIDO (Programa das Nações Unidas para o Meio-Ambiente e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial). Outros grupos adotam a mesma tecnologia ou seguem esquemas próprios.
No geral, fazem o diagnóstico do processo de produção, produto e atividades correlatas, identificam problemas com resíduos e consumo de materiais (inclusive água e energia), propõem e, em geral, corrigem as situações, com aferição de custos e benefícios. O PROGESA-SP18 trabalha com ferramentas para avaliar a empresa, processo e produto, do ponto de vista da Gestão com responsabilidade socioambiental, com base em PL e eco-eficiência.
Recentemente, o PNUMA disponibilizou, através da Internet19 (UNEP, 2001b), guia para implementação de P+L, mas introduziu interessantes avanços abrangendo conceitos de responsabilidade socioambiental, ecoeficiência e relatórios de desempenho. Nos termos da nova visão, a P+L dos anos 80 – segundo o PNUMA, aproxima-se de PL originalmente proposta pela Greenpeace, acrescida da visão atual da teoria dos múltiplos agentes interessados (multistakeholders).
As novas sugestões do PNUMA são didáticas e apresentadas de forma programada, porém, sem a indicação de prioridades e de cronograma. Estas são questões a serem estabelecidas pela própria empresa, em função de suas características, porte e condições atuais.
O guia propõe o aprimoramento contínuo e recomenda:
17 FURTADO, J.S. (Coord). Prevenção de resíduos na fonte e economia de água e energia. Manual de avaliação na fábrica. 202 pp. 1998. Disponível www.vanzolini.org.br/areas/desenvolvimento/producaolimpa/manuais e www.teclim.ufba.br/jsfurtado 1818 PROGESA Programa de Gestão Estratégica Socioambiental, FIA Fundação Instituto de Administração, entidade conveniada com a FEA Faculdade de Economia e Administração da USP, São Paulo. 19 UNEP. International Declaration on Cleaner Production. Draft Implementation Guidelines for Companies. 23 pp. 2001b. http://www.uneptie.org/pc/cp/declaration/implment.htm
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão e motivações. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões e modificações, sem aviso prévio. Versão fev-mar03 pág. 24de 29 _____________________________________________________________________________________________________
• o estabelecimento de princípios, envolvendo: compromissos, influência sobre outras partes interessadas, geração de novas idéias, mudança de atitudes e nova geração de força de trabalho, gestão integrada aos negócios, sistema de gestão ambiental (para substituição do modelo de fim-de-tubo), ecoeficiência, diálogo com as partes interessadas externas, definição da linha-de-base em operação e mudança de patamar, financiamento, adoção de acordo voluntário e
• e a execução de cada princípio, através de passos, com sugestão de ações de planejamento e execução de atividades.
Qualquer que seja a estratégia escolhida, a organização alvo somente irá maximizar sua competitividade no mercado sob a influência das questões ambientais se os critérios definidos pela PL estiverem ancorados a elevados padrões e código de conduta, definição de missão, visão e planejamento estratégico.
Com isso, a organização terá melhores condições para lidar com temas ou questões como: respeito à cidadania das comunidades, inclusive as indígenas; contribuição para a coesão social e melhoria da qualidade de vida das pessoas; utilização de materiais renováveis, de baixo impacto socioambiental; redução do uso de energia por unidade de bens e serviços; redução de impactos negativos (emissões, descargas, resíduos) nos ecossistemas; redução do consumo de materiais através de reciclagem, reuso, remanufatura, por unidade de bens e serviços; redução de custos de investimentos e crédito, por medidas socioambientais; redução da obsolescência e aumento da vida útil de produtos; gestão responsável de acidentes internos e externos, provocados por processos e produtos; prevenção de impactos globais, como aquecimento do planeta, depleção da camada de ozônio, biodiversidade, transporte transfronteiriço de resíduos perigosos e tóxicos; destinação e descarte responsáveis de lixo industrial, embalagens e produtos pós-uso; prevenção de penalidades e; investimentos em remediação e recuperação de áreas impactadas.
É fato notável que a boa idéia, representada por P+L ou a melhor idéia, caracterizada por PL, estarão sendo incentivadas por legislações, consumidores e concorrentes. A reação do empresário à mudança, sob a justificativa de aumento de custos e perda de competitividade tende a desaparecer, em virtude das vantagens econômicas e financeiras já registradas.
O esquema para implementação do modelo de Produção Limpa é apresentado através de fluxograma simplificado, seguido da relação de tópicos e subtópicos, com detalhes de procedimentos e indicação de conteúdo para os passos sugeridos. A proposta é fruto de análise de várias estratégias e de opinião própria, resultante de experiência em treinamento para profissionais com diferentes interesses e formação.
O principal desafio está na mudança de cultura e na capacidade de aprendizagem interna para inserção das questões socioambientais no negócio das empresas ou no eixo de atividades das organizações sem fins lucrativos. As organizações avançadas sabem que, sem isso, não sobreviverão.
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão e motivações. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões e modificações, sem aviso prévio. Versão fev-mar03 pág. 25de 29 _____________________________________________________________________________________________________
Relação de tópicos e subtópicos para implementação de Produção Limpa
1. Designação de Ecotime para implementar as ações de mudança i. Seleção de colaboradores com visão multidisciplinar ii. Definir papéis e responsabilidades
2. Identificação e descrição do modelo atual de produção i. Melhor tecnologia disponível para reduzir emissões (fim-de-tubo) ii. P2 – Prevenção de Poluição iii. P+L – Produção Mais Limpa iv. PL – Produção Limpa
3. Migração para PL 3.1. Identificação dos impactos e aprimoramento do produto
i. Estrutura e componentes ii. Impactos benéficos iii. Impactos maléficos iv. Número/volume de produto desperdiçado v. Peso/intensidade total de material por unidade de produto
• Durabilidade (anos, meses, dias, horas) e oportunidade para extensão da vida útil i. Separabilidade ii. Utilidade iii. Funcionalidade iv. Adaptabilidade v. Atualização vi. Reciclabilidade vii. Reparabilidade
Consolidação datecnologia de processo
e produto com PL
Gestão ePlanejamento
estratégicode PL
Procedimentose rotinas
Operacionalizaçãodo Plano de
Gestão
1. Designar oEcotime
2. Descrever omodelo atualde produção
Possibilidades:Fim-de-tubo
Melhor tecnologia disponível(fim-de-tubo)
P2 - Prevenção de PoluiçãoP+L - Produção Mais Limpa
Definir perfisinterdisciplinares
Definir e daratribuições
3. Migrar paraPL
Identificar impactose aprimorar produto
Identificar impactose aprimorar
processo
Matérias primasÁgua
EnergiaEmbalagens
Emissões
Produtos eprocessos por
PL
4. Elaborar modelode Gestão de PL
Declaração decompromisso
da Alta Direção
Material paratreinamento
interno
Delimitar eimplementar
princípios
PrecauçãoPrevenção
Avaliação do Ciclo de VidaParticipação democrática
Direito público de acesso àinformação
5. ElaborarPlano de
sustentaçãode PL
Fluxograma para implantação e gestão de sistema deProdução Limpa
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão e motivações. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões e modificações, sem aviso prévio. Versão fev-mar03 pág. 26de 29 _____________________________________________________________________________________________________
viii. Estímulo ao mercado de segunda mão ix. Substituição de produtos perigosos por outros menos perigosos
• Identificação dos impactos e aprimoramento do processo de produção • Matérias primas
i. Consumo de matéria prima por volume/número ou outro indicador de produção de produto selecionado
ii. Avaliação de periculosidade • Corrosividade • Flamabilidade • Explosividade
iii. Avaliação de toxicidade • Efeito agudo • Efeito crônico • Dano permanente • Bioacumulatividade • Biodegradabilidade
iv. Oportunidade para redução de consumo de matéria prima v. Oportunidade para reuso, remanufatura, reciclagem de sobras e resíduos
(não-produtos) vi. Oportunidade para substituição por matéria prima ambientalmente mais
segura • Água
i. Consumo total de água por volume/número ou outro indicador de produção de produto selecionado
ii. Reaproveitamento ou reuso de água do processo iii. Oportunidade de poupança de água
• Energia i. Tipo de energia usada:
• solar • eólica • biomassa • hidroeletricidade • gás • termelétrica a carvão • termelétrica a gás • óleo diesel • nuclear
ii. Consumo total de energia por volume/número ou outro indicador de produção de produto selecionado
iii. Controle de fuga de energia iv. Oportunidade de redução de consumo de energia v. Oportunidade para privilegiar o consumo de energia renovável
• Embalagens i. Recebidas
• Descrição e identificação do material a. Renovável x não-renovável b. Sintético inorgânico x sintético orgânico x natural
• Reciclabilidade e reuso • Volumes recebidos e descartados • Destinação
ii. Despachadas • Descrição e identificação do material:
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão e motivações. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões e modificações, sem aviso prévio. Versão fev-mar03 pág. 27de 29 _____________________________________________________________________________________________________
a. Renovável x não-renovável b. Reciclabilidade e reuso
• Sintético inorgânico x sintético orgânico x natural • Volumes descartados • Destinação
• Emissões i. Natureza (sólida, liquida, gasosa) ii. Volumes iii. Impactos para ar, água, solo iv. Destinação
• Estação de tratamento • Rede pública • Aterro industrial • Incineração
v. Oportunidade para: • Minimização • Prevenção da geração
4. Gestão da Produção Limpa • Declaração de compromisso da Alta Direção para:
i. implementação de Produção Limpa na manufatura de bens e serviços na organização
ii. obrigatoriedade de todos os colaboradores da organização adotarem os critérios, princípios e diretrizes de: • Gestão com RSA e • Planejamento Estratégico Socioambiental Integrado
• Produção de material para treinamento interno, para implementação do modelo de Gestão e Planejamento Estratégico Socioambiental Integrado
• Delimitação e implementação de princípios e critérios de PL i. Precaução ii. Prevenção iii. Visão integral ou holística – Ciclo-de-Vida iv. Participação democrática v. Direito público de acesso à informação
• Identificação, obtenção e implantação de recursos e ferramentas auxiliares (manuais, diretrizes, procedimentos, softwares, material para treinamento e outros recursos) ajustados ao tipo e porte da organização
5. Formulação do plano de sustentação de Produção Limpa • Gestão e planejamento estratégico da Produção Limpa
i. Definição de linha política de produção, de acordo com os princípios e procedimentos em sintonia com o modelo de Gestão e Planejamento Estratégico Socioambiental Integrado, alinhado ao plano de negócios ou atividades da organização
ii. Estabelecimento de procedimentos e rotinas para auditoria e monitoramento e difusão de informações de desempenho socioambiental, no nível de processo e produto
• Operacionalização do plano de Produção Limpa i. Definição da linha de base socioambiental de processo e produto em
alinhamento com os critérios e princípios declarados ii. Disseminação de idéias e deliberações iii. Engajamento e comprometimento de outras partes iv. Estabelecimento de processo de comunicação interna, para todas as
áreas operacionais
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão e motivações. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões e modificações, sem aviso prévio. Versão fev-mar03 pág. 28de 29 _____________________________________________________________________________________________________
v. Produção de manuais, diretrizes, treinamento, consultoria, estudos de caso, projetos sob medida, entre outros
vi. Implementação de programas de capacitação institucional, organizacional e funcional em parcerias com Centros de Produção Limpa, Universidades, Institutos de Pesquisas, escolas técnicas, ONGs, etc
vii. Estabelecimento de diálogo com as partes interessadas externas: relatórios, publicações, seminários, oficinas, visitas técnicas, casos de sucesso, parcerias estratégicas, permuta de informações, qualificação de fornecedores, etc.
viii. Integração do processo de produção ao modelo de Gestão com responsabilidade socioambiental e Planejamento Estratégico Socioambiental Integrado
ix. Estabelecimento de alvos de qualidade socioambiental para a produção, com foco em custos mais baixos para a organização e a sociedade, com base nas diretrizes de Gestão com responsabilidade socioambiental, Desenvolvimento Sustentável e Sistema de Produto
x. Identificação de regulamentação, princípios e estatutos de responsabilidade socioambiental aplicáveis: Poluidor Pagador, Responsabilidade Objetiva, Princípio da Prevenção, Princípio da Precaução, e outras iniciativas de conformidade e ação pró-ativa.
xi. Aplicação dos princípios e critérios de Ecodesign e Ecoeficência e outras ferramentas de Gestão com responsabilidade socioambiental apropriada ao processo e produto
xii. Aplicação de gestão supervisionada (product stewardishp) e arrumação da casa (good housekeeping)
xiii. Criação e operação de sistema de monitoramento e auditoria do processo produtivo
xiv. Implantação de sistema de gestão da informação no processo de produção
xv. Definição dos investimentos e financiamentos para a produção com responsabilidade socioambiental: avaliação de barreiras e dificuldades; alocação de fundos preferenciais; casos de sucesso econômico-financeiros; incentivos; investimentos diferenciados; premiações e recompensas
xvi. Estímulo à participação democrática para aprimoramento do processo produtivo: formação de ecotimes, revisores, grupos de discussão, articulação com especialistas externos, criação de elementos motivacionais
• Estabelecimento da tecnologia de processo e produto i. Auditoria no chão-de-fábrica: identificação de perdas, balanço de
material, água e energia ii. Definição de política para seleção e uso de matérias primas:
a. levantamento e registro de matérias primas preferenciais. b. seleção de critérios para escolha de materiais: naturais,
renováveis, atóxicos, simples, reusáveis, remanufaturáveis, reclicáveis, biodegradáveis, duráveis
iii. Definição de estratégias de redução de riscos de produtos: a. aplicação do Princípio da Precaução b. avaliação de risco e de perigo (hazard) de produto c. substituição de produtos perigosos por outros menos perigosos
Furtado, J.S. 2003. Gestão com responsabilidade socioambiental. Visão e motivações. Texto de livre acesso e uso, desde que citada a fonte. Sujeito a revisões e modificações, sem aviso prévio. Versão fev-mar03 pág. 29de 29 _____________________________________________________________________________________________________
d. avaliação de efeitos de produtos químicos para a saúde humana e o ambiente
e. orientação dos operadores f. uso de métodos e equipamentos para manuseio seguro de produtos
perigosos g. participação em programas de devolução garantida (takeback) h. participação em programas de banimento (phase out) i. participação em programas de rotulagem ou selo ambiental
iv. Integração do desempenho socioambiental ao marketing do produto