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Texto para Discussão 004 | 2018
Student Discussion Paper 004 | 2018
Gestão de Custos em Projetos Empresariais
Rodrigo Mendes Gandra
Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e
Desenvolvimento (PPED) da UFRJ.
This paper can be downloaded without charge from
http://www.ie.ufrj.br/index.php/index-publicacoes/textos-para-discussao
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 2
Gestão de Custos em Projetos Empresariais
Junho, 2018
Rodrigo Mendes Gandra
Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, Estratégias e
Desenvolvimento (PPED) da UFRJ.
Resumo
O trabalho apresenta de forma didática conceitos, procedimentos e técnicas (que podem ser entendidos como “boas práticas de mercado”) para que profissionais de gestão de projetos possam gerir os custos de projetos empresariais.
Palavras Chave: Gestão de Custos, Gestão de Projetos, Gestão de Riscos
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1 Introdução e objetivos
Quando se reflete sobre a gestão de projetos, constata-se que as decisões são tomadas no
presente para alcançar resultados futuros, o que implica riscos e incertezas. Se as decisões
são embasadas em premissas ou estimativas equivocadas, aumenta-se a probabilidade de
o projeto não cumprir as metas de: prazo, custo, escopo, qualidade, satisfação do cliente,
segurança, viabilidade técnica e econômica.
A esse respeito, é pertinente levar em consideração o alerta de Cohen e Graham (2002:
3), quando sublinham que a opção pelo menor custo nem sempre garante o bom
desempenho da empresa, pois este é apenas um dos vários aspectos determinantes para
se obter bons resultados econômicos. Em gestão de projetos, o que determina o sucesso
ou fracasso é o grau de previsibilidade das entregas e o nível de confiança nas decisões
em todas as etapas do desenvolvimento do projeto.
Nessa linha de pensamento, uma das atribuições do gestor do projeto e de sua equipe é
desenvolver planejamento integrado, para estimar, com certo grau de confiança, as metas,
dentre as mais difíceis: o prazo, o orçamento e as perspectivas de lucro. Gandra (2012),
com suporte teórico no primeiro capítulo do livro, “A Arte da Guerra”, de Sun Tzu (500
a.C.), intitulado, “Preparação dos Planos”, alerta que o general deve realizar o
planejamento de forma meticulosa, o que requer “fazer muitos cálculos”, antes de partir
para batalha. A metáfora serve para ilustrar que um planejamento mal feito pode resultar
na derrota, que, no mundo corporativo, pode significar a exclusão do mercado. Em
organizações empresariais, os gestores devem entender que os projetos servem para gerar
lucros e agregar valor econômico. Com base nessas premissas, no presente trabalho,
expõem-se alguns conceitos, procedimentos e técnicas, que podem ser entendidos como
“boas práticas de mercado”, que os profissionais atuantes em gestão de projetos devem
estar cientes para aumentar a previsibilidade e lucratividade.
Devido à complexidade do desafio, não se tem o propósito de esgotar o assunto, mas
apenas apresentar de forma didática alguns conceitos e ferramentas através de exemplos
aplicados em Excel. Para facilitar a compreensão, a abordagem parte da perspectiva do
gestor e da sua equipe de projetos em uma empresa de arquitetura e engenharia, cujo
negócio é prestar serviços para terceiros (clientes públicos e privados). Além disso,
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assume-se que a empresa opera sob estrutura organizacional “projetizada”, em que o
gestor do projeto tem autonomia na tomada e implementação das decisões. Tal
peculiaridade pode parecer mero detalhe; porém, na realidade, manter a autoridade
centrada em determinado ponto focal, faz diferença.
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2 Conceitos gerais de Contabilidade de Custos
Para começar, apresentam-se conceitos importantes de Contabilidade de Custos, os quais
podem auxiliar o gestor no controle de gastos do seu projeto na tomada de decisões.
Quando se refere à “gestão de custos”, o termo remete à “gestão de gastos”. É pertinente
notar que os custos são apenas parte dos gastos, como ilustrado na Figura 1, onde se
vislumbram outras categorias.
Figura 1 - Classificações dos Gastos
Fonte: elaboração própria com base em referências citadas.
Apresenta-se a seguir um critério de classificação dos gastos.
• Gastos: segundo Horngren, Foster e Datar (1997), o conceito envolve sacrifícios
financeiros, para obtenção de recursos para atingir objetivos específicos, de
interesse da empresa. Por seu turno, Wernke (2004: 11-12) define gasto como (...)
um conceito abrangente que pode englobar os demais itens. Por exemplo: um
gasto poder ser relacionado a algum investimento (caso em que será contabilizado
no ativo da empresa) ou a alguma forma de consumo (como custo ou despesa,
quando registrado em conta de resultado).
• Custos: conforme Wernke (2004: 11-12), são “gastos efetuados no processo de
fabricação de bens ou de prestação de serviços”. O custo só é reconhecido quando
aplicação à produção de bens e serviços. No caso de plantas industriais em
operação, podem ser computados os fatores utilizados no processo produtivo, tais
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como: consumo de matérias-primas, consumo de energia elétrica na fábrica,
salários e encargos sociais pagos aos operários, além de ferramentas e outros
insumos. Os custos podem ser classificados por dois critérios: a) quanto à
aplicação no produto, sendo direta ou indireta; e b) quanto ao volume de produção
sendo fixo ou variável.
o Custos Diretos estão relacionados objetivamente à fabricação de
determinado produto ou prestação de certo serviço, como a matéria prima
e a mão-de-obra empregadas no processo produtivo.
o Custos Indiretos abrangem todo o processo produtivo. Por não estarem
diretamente relacionados à um objeto específico, os mesmos são alocados
através de rateio. Por exemplo: o custo de energia elétrica para fabricação
de latas de refrigerante em determinado período não pode ser alocado em
uma única lata, mas poderá ser rateado entre todas elas.
o Custos Fixos independem da quantidade de produtos fabricados, como o
aluguel do terreno da fábrica e gastos com manutenção desde que sejam
constituintes do processo produtivo.
o Custos Variáveis relacionam-se ao volume de produção: quanto maior a
quantidade fabricada, mais elevados os custos. Como exemplo, mão-de-
obra empregada na fábrica e insumos para produzir determinados
produtos.
A fórmula abaixo apresenta a composição dos Custo Totais (CT) para empresas
produtoras e prestadoras de bens e serviços e a Figura 2 ilustra sua composição.
Custos Totais (CT) = Custos Fixos (CF) + Custos Variáveis (CV)
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Figura 2 - Composição dos Custos Totais (CT)
Fonte: elaboração própria.
• Despesas: no entendimento de Wernke (2004: 11-12) são gastos “não
relacionados com a produção de bens e serviços aqueles que se referem às
atividades não produtivas da empresa”. Neste item especifico, deve-se fazer
algumas distinções.
o Para Cohen e Graham (2002: 58-59), as despesas estão relacionadas às
atividades de venda, serviços gerais e administrativos (DVGA), como
por exemplo: energia elétrica gasta na sede da empresa, comissões de
venda e salários do pessoal da área comercial, despesas com marketing,
material de escritório etc. Mattos (2016: 88-89) defende que uma firma
que presta serviços de projetos para terceiros, que geralmente tem como
sede um escritório central, pessoal em atividades administrativas e
instalações, deve computar as despesas dos projetos como parte do
overhead 1. Neste texto, assume-se que estas despesas são chamadas de
1 A AACE (2017: 81-82) International Recommended Practice No. 10S-90 define overhead como: “a cost
or expense inherent in the performing of an operation, (e.g., engineering, construction, operating, or
manufacturing) which cannot be charged to or identified with a part of the work, product or asset and,
therefore, must be allocated on some arbitrary base believed to be equitable, or handled as a business
expense independent of the volume of production”.
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Taxa de Administração Central ou overhead. Na prática, as áreas de
Controladoria das empresas rateiam a Taxa de Administração Central
entre os diversos projetos proporcionalmente ao porte de cada um,
aplicando-se uma taxa percentual sobre os custos diretos de cada um.
o As Despesas Financeiras que envolvem o pagamento de juros, por
exemplo, devem ser consideradas.
o Cohen e Graham (2002: 59-60) acrescentam que a Depreciação (D) dos
ativos da empresa, decorrente do seu uso ao longo do tempo também
fazem parte das despesas.
o Outro importante item (muitas vezes demasiadamente oneroso às
empresas) que deve ser considerado é o pagamento de Tributos (T)
governamentais.
• Investimentos: Wernke (2004: 11-12) esclarece que investimentos
compreendem “os gastos que irão beneficiar a empresa em períodos futuros.
Enquadram-se nessa categoria, por exemplo, as aquisições de ativos, como
estoques e máquinas. Nesses casos, por ocasião da compra, a empresa desembolsa
recursos, visando a retorno futuro sob a forma de produtos fabricados”. Quando
um projeto está sendo executado internamente em uma empresa para aquisição de
bens de capital, os gastos serão classificados como investimentos (ativos
imobilizados), que, no jargão de projetos industriais são designados como Capital
Expenditure (CAPEX). Os estoques também se enquadram na categoria de
investimentos; só se tornarão custos quando aplicados na produção de bens ou
serviços.
• Perdas e Resíduos: envolvem gastos em bens ou serviços consumidos de forma
anormal e involuntária. Horngren, Foster e Datar (1997) mencionam as perdas
referentes “às unidades da produção recusadas, que são jogadas fora ou vendidas
pelo valor de alienação”. Por sua natureza, interferem na redução do patrimônio.
Como exemplo, merecem referência: perdas com incêndio, materiais danificados
de forma irrecuperável e sobra de material sem destinação produtiva. Em síntese,
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os resíduos são sobras da produção ou produtos com defeito ou imprestáveis que
não têm mercados garantidos para revenda.
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3 Ponto de Equilíbrio e Demonstração de Resultados (DRE)
A Contabilidade de Custos auxilia na apuração de resultados (lucro ou prejuízo) em
períodos determinados e propicia elementos valiosos à tomada de decisões durante o
período operacional da empresa produtora de bens e serviços. Com esse propósito,
cumpre levar em consideração:
• Quantidade vendida (Q), como o que será ofertado no mercado;
• Preço de venda unitário (PVu), como o valor unitário de cada produto
a ser vendido;
• Taxa de Administração Central (DVGA), como valor global das
despesas com vendas, gerais, administrativas;
• Receita Total (RT) = PVu × Q, ou o preço unitário de venda vezes a
quantidade;
• Custos Totais (CT) = Custos Fixos (CF) + Custo variável unitário
(CVu) × Q; e
• Lucro Operacional (LO) = RT – CT – DVGA.
A Margem de Lucro Operacional = LO / RT indica o quanto uma empresa ganha ou
perde percentualmente por produto ou serviço vendido em relação à Receita Total. Ponto
de Equilíbrio, ilustrado na Figura 3, corresponde à quantidade que deverá ser vendida,
no qual as Receitas Totais (RT) se igualam aos Custos Totais (CT) + DVGA, de forma
que o Lucro Operacional (LO) seja igual a zero. Desta forma, quantidades vendidas acima
do Ponto de Equilíbrio resultarão em lucros e quantidades abaixo do mesmo resultarão
em prejuízos. O Ponto de Equilíbrio pode ser dado pela seguinte equação abaixo.
Se, LO = RT – CT – DVGA;
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Quantidade Vendida (Q) 100
Preço de Venda Unitário (PVu) $5,00
Receita Total (RT) = PVu × Q $500,00
Custo Fixo (CF) $50,00
Custo Variável Unitário (CVu) $2,00
Custo Variável (CV) = CVu × Q $200,00
Despesas Vendas, Gerais e Adm. (DVGA) $120,00
Lucro Operacional (LO) = RT – CT – DVGA $130,00
Margem de Lucro Operacional = LO / RT (%) 26%
Ponto de Equilíbrio (Q) = (CF + DVGA) / (PVu – CVu) 57
Dados
Resultados
então,
LO = (PVu × Q) – (CVu × Q) – CF – DVGA;
isolando o termo (Q), chega-se:
(PVu – CVu) × Q = LO + CF + DVGA;
resultando em: Q = (LO + CF + DVGA) / (PVu – CVu)
Se LO = 0, o Ponto de Equilíbrio será dado por Q = (CF + DVGA) / (PVu – CVu).
Figura 3 - Ponto de Equilíbrio
Fonte: elaboração própria.
Exemplo 1: suponha que uma empresa venda produtos para terceiros. Com base nos
seguintes dados da Tabela 1, pretende-se calcular: a) Lucro Operacional; b) Margem de
Lucro Operacional; e c) Ponto de Equilíbrio.
Tabela 1 – Lucro Operacional, Margem de Lucro e o Ponto de Equilíbrio do Exemplo 1
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 12
Fonte: elaboração própria.
No Exemplo 1, para que a empresa tenha Lucro Operacional (LO) igual a zero, ela deverá
vender 57 unidades. Caso ela venda menos, amargará um prejuízo operacional. Se ela
vender 100 unidades, a Margem de Lucro Operacional será de 26%. Apenas para
simplificação, esta análise não considerou os Tributos sobre Vendas, mas poderia.
Limeira et al (2006: 38) afirmam que a “Demonstração de Resultados (DRE) tem por
objetivo apresentar de forma dinâmica o resultado econômico da empresa num dado
período de apuração. O lucro ou prejuízo do exercício é apurado pela diferença entre as
receitas e os custos e as despesas”. Cohen e Graham (2002: 175) defendem que um projeto
também pode ter uma DRE, principalmente para as firmas prestadoras de serviços, cuja
missão compreende entrega de projetos de engenharia, arquitetura, industriais, eventos e
similares. Através da DRE, pode-se apurar o Lucro Líquido (LL).
Baseado na estrutura da DRE sugerida por Bordeaux-Rêgo et al (2002: 26), a Tabela 2
ilustra a apuração de resultados do Exemplo 1, já adaptado para o cenário brasileiro. A
partir da Receita Operacional Bruta (RT), são deduzidos os Tributos sobre Vendas
(que serão detalhados mais adiante) no valor hipotético de 15% sobre RT. Como
resultado, chega-se à Receita Operacional Líquida (ROL). Daí são deduzidos os
Custos dos Produtos Vendidos (CT) para se chegar ao Lucro Operacional Bruto
(LOB). Para cálculo do Lucro Operacional (LO), as Despesas com Vendas, Gerais,
Administrativas (DVGA) devem ser deduzidas do LOB. Deduzindo as Despesas
Financeiras e a Depreciação (D), chega-se ao Lucro antes do Imposto de Renda
(LAIR). Para finalmente se apurar o Lucro Líquido (LL), cumpre subtrair o Imposto
de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL) com alíquota hipotética de 25%. Ao final da DRE, foi computado então um
Lucro Líquido (LL) de $ 17,25 e uma Margem de Lucro Líquida de 3,5% sobre a RT.
A análise acima é valiosa para subsidiar a tomada de decisões na fase de operação e na
prestação de serviços para terceiros. Muitas vezes, os gestores de projetos ou de plantas
fabris não enxergam o quão “apertado” pode ser a Margem de Lucro Líquida, não
percebendo que falhas no planejamento e na execução podem suprimi-las por completo.
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No caso de empresas que estejam investindo em novos ativos de capital, o procedimento
indicado para tomada de decisões se dá através do Fluxo de Caixa Descontado.
Tabela 2 – Demonstração de Resultados (DRE) do Exemplo 1
Fonte: elaboração própria, com DRE adaptada de Bordeaux-Rêgo et al (2002: 26).
Receita Operacional Bruta (RT) $500,00
Tributos sobre Vendas (15%) $75,00
Receita Operacional Líquida (ROL) $425,00
Custo dos Produtos Vendidos (CT) $250,00
Lucro Operacional Bruto (LOB) $175,00
Despesas Vendas, Gerais e Adm. (DVGA) $120,00
Lucro Operacional (LO) $55,00
Depreciação (D) $30,00
Despesas Finaceiras $2,00
Lucro antes do IR (LAIR) $23,00
IRPJ e CSLL (25%) $5,75
Lucro Líquido (LL) $17,25
Margem de Lucro Líquida = LL / RT (%) 3,5%
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4 Diferenciação entre Regime de Competência e Regime de Caixa
É crucial que profissionais responsáveis pela elaboração de projetos identifiquem a
diferença entre Regime de Caixa e Regime de Competência, porque eles oferecem
diferentes pontos de vista sobre o negócio e sobre o projeto, particularmente no que se
refere à formação do orçamento e no seu monitoramento e controle. Antes de esclarecer
a diferença entre os regimes, é necessário refletir sobre o evento contábil. Na
contabilidade, toda movimentação (compras de bens, venda de serviços, pagamento de
salários e similares) que possa afetar o patrimônio da empresa, dá origem a um evento ou
lançamento contábil. Os regimes de competência e caixa são formas diferentes de
registrar esses eventos.
4.1 Visão Contábil ou de Competência (Accrual Base)
Nesta visão, uma despesa ou receita é computada na data de geração do evento contábil,
independentemente da data de pagamento: o importante é o fato gerador. Por exemplo, a
compra de 100 toneladas de aço por $ 100 em janeiro por uma empresa é registrada no
mês de sua ocorrência, mesmo que o pagamento se concretize apenas em julho. No caso
em tela, o lançamento na conta de estoque será computado, na visão contábil, na data do
fato gerador independentemente do cronograma de pagamento. Nessa linha de análise,
suponha-se que, em abril, 50% do aço foram aplicados em determinado projeto; então, o
avanço físico do citado projeto será de 50% do aço, correspondendo a $ 50 de avanço
financeiro. Os 50% restantes do aço comprado em janeiro só serão computados no projeto
quando o aço sair do estoque. Se nos basearmos na visão de caixa, o avanço financeiro
do projeto seria nulo, uma vez que o desembolso só ocorrerá em julho. Deve-se notar que,
no caso dos custos indiretos e das despesas com overhead rateados entre os projetos, a
aplicação será geralmente considerada pela visão de competência. Também as medições
de serviços prestados serão acompanhadas pelo reconhecimento de custos e
acompanhados pela visão de competência.
Geralmente, a visão de competência é a mais utilizada pela contabilidade e controladoria
das empresas, bem como para orçamentação e acompanhamento dos projetos, pois a
medição e aplicação dos recursos estão sob o controle do gestor de projetos, enquanto o
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 15
pagamento e recebimento são atribuições da área de Tesouraria. Mas, mesmo nesse
cenário, os gestores de projetos deverão acompanhar os pagamentos e recebimentos, a
fim de se atualizar sobre a situação de seus fornecedores e clientes. Por certo, as visões
são distintas e, se o gestor de projetos planejar segundo determinada visão e acompanhar
por outra, é provável que os avanços financeiros não estejam coerentes com o
planejamento físico, o que implicará desvios em cada período de apuração de
desempenho.
4.2 Visão Caixa (Cash Base)
O reconhecimento das despesas ou das receitas ocorre na data do pagamento efetivo; ou
seja, no desembolso. Considerando o exemplo acima, a compra de 100 toneladas de aço
por $ 100 só será registrada como desembolso na data de seu pagamento em julho. Essa
interpretação é desvinculada temporalmente da aplicação do recurso, sendo mais utilizada
pela área de Tesouraria da empresa para avaliar a posição do caixa. Na Análise de
Viabilidade Econômica de projetos de ativos de capital (Análise de Investimentos), esta
é também a visão recomendada para avaliar o Fluxo de Caixa Descontado, pois deve-se
reconhecer o “valor do dinheiro no tempo”.
4.3 Visão Mista ou Gerencial
Apesar das duas visões mencionadas acima, nada impede que o gestor do projeto assuma
um sistema gerencial paralelo e acordado com o cliente reconhecendo os pagamentos
como avanço físico e financeiro do empreendimento. Em muitos projetos por contratos
de Engineering, Procurement and Construction (EPC), pode-se deliberar acerca da
inserção de marcos de pagamentos e adiantamentos, independentemente das entregas
físicas. Contudo, tal sistema requer acordo entre as partes.
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5 Gestão de custos em projetos no PMBOK (2017)
Segundo o PMBOK (2017), o gerenciamento dos custos do projeto inclui todos os
processos necessários para assegurar o desenvolvimento das ações em conformidade com
o orçamento aprovado. Ele divide a Gestão de Custos em quatro processos distintos,
compostos por: entradas, ferramentas, técnicas e saídas. Conforme se expõe a seguir, três
processos estão situados na fase de Planejamento e apenas um está na fase de
Monitoramento e Controle.
• Planejar o Gerenciamento de Custos (Planejamento) define como os custos
serão estimados, orçados, gerenciados, monitorados e controlados.
• Estimar os Custos (Planejamento) levanta os recursos monetários necessários
e contingências para realizar todos os trabalhos e entregar o projeto.
• Determinar o Orçamento (Planejamento) agrega os custos estimados das
atividades individuais, ou dos pacotes de trabalho, para estabelecer uma Linha de
Base de Custos distribuída no tempo.
• Controlar os Custos (Monitoramento e Controle) avalia o desempenho do
trabalho realizado e dos custos incorridos até determinada data em relação ao que
foi previsto ou planejado originalmente. Sendo assim: identifica desvios; sugere
planos de ações (preventivos e corretivos); e gerencia possíveis mudanças na
Linha de Base de Custos, através de novos acordos junto ao cliente.
O PMBOK (2017) não determina as técnicas para gerir custos. Ele apenas apresenta
algumas “boas práticas de mercado” que podem ser utilizadas para aumentar o grau de
maturidade e, consequentemente, aprimorar o desempenho do projeto no que concerne ao
alcance das metas estabelecidas. Obviamente que nem todos os processos ou técnicas
serão utilizados, pois dependerão: da natureza, da complexidade, do tamanho, da
quantidade de pessoas envolvidas, da fase em que se encontra, do grau de maturidade do
projeto, do nível de tolerância para desvios, da cultura e da maturidade das organizações,
da sensibilidade do gestor, entre outros fatores. Admitida essa premissa, conforme o caso,
projetar um orçamento e gerir os custos das iniciativas pode ser tarefa simples ou
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complexa, pode envolver equipes pequenas ou grandes e pode ter até uma abordagem
multidisciplinar. Para que se entregue um projeto com maior previsibilidade, sugere-se
seguir os passos abaixo:
i. identificar as partes interessadas e coletar requisitos do projeto e do produto;
ii. emitir o Termo de Abertura explicitando a autoridade do gestor do projeto;
iii. emitir os planos de gestão do projeto, a matriz de responsabilidades e os níveis de
tolerância para desvios por fase do projeto, estabelecendo “regras do jogo” para
apuração posterior de sucesso ou fracasso;
iv. levantar os riscos de escopo, de saúde, meio ambiente e segurança (SMS) no ciclo
de vida do projeto e do produto;
v. decompor as entregas na Estrutura Analítica do Projeto (EAP) ou Work
Breakdown Structure (WBS);
vi. acordar junto ao cliente o detalhamento do escopo, entregando o memorial
descritivo, as plantas, os protótipos e as maquetes eletrônicas (caso aplicável) para
determinar a Linha de Base de Escopo;
vii. levantar os recursos necessários e as produtividades esperadas dos mesmos, bem
como levantar as disponibilidades dos mesmos;
viii. identificar os quantitativos de materiais, mão-de-obra e serviços;
ix. determinar e cadastrar as atividades de cada pacote de trabalho no cronograma;
x. alocar os recursos no cronograma;
xi. determinar a duração das atividades, com base na produtividade, disponibilidade
e quantidade dos recursos no cronograma;
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 18
xii. identificar e analisar os riscos para definir as contingências de prazo (buffers) nas
atividades aplicáveis;
xiii. estabelecer juntamente com o cliente a Linha de Base de Tempo, que inclui o
caminho crítico do projeto e as contingências de prazo (buffers);
xiv. avaliar a necessidade de ter uma Estrutura Analítica de Custos (EAC) 2 para
realizar o planejamento, monitoramento e controle, pois nem sempre é possível
casar a EAC com a EAP;
xv. aferir os custos unitários dos recursos e dos contratos de serviços;
xvi. identificar e analisar riscos para definir as contingências de custo nas atividades
aplicáveis;
xvii. distribuir os valores estimados no tempo e firmar junto ao cliente a Linha de Base
de Custos (baseline) para completar o projeto;
xviii. caso o projeto se destine a um cliente externo, incluir as despesas financeiras,
despesas administrativas, seguros e garantias, bem como os tributos e a margem
de lucro para se chegar ao Preço de Venda (PV);
xix. realizar a gestão (monitoramento e controle) dos trabalhos, dos custos realizados
para atingir as Linhas de Base (Escopo, Tempo e Custo) do projeto ou verificar
necessidade de alteração das mesmas; e
xx. avaliar se as metas estão sendo alcançadas, o que inclui a lucratividade desejada.
2 Por exemplo, a EAC pode ser uma versão sumarizada da EAP, pois o gestor do projeto pode não dispor
de recursos para acompanhar todas as 15.000 atividades de um cronograma ou os 150 pacotes de trabalho
individualmente. Nesse caso, cumpre ao gestor avaliar a relação entre os benefícios de obter maior controle
sobre o projeto e os custos dos mesmos.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 19
6 Planejar o Gerenciamento de Custos
No intuito de garantir a boa gestão de projetos, é indispensável definir as regras que serão
aplicadas respeitando suas particularidades. A lista sugerida a seguir não esgota os itens
que podem constar do Plano de Gerenciamento de Custos:
• as ferramentas, as metodologias, as rotinas que serão utilizadas para planejar,
monitorar e controlar os custos;
• os padrões (templates) para divulgação dos custos do projeto;
• as partes interessadas que receberão as informações e por quais meios;
• os Indicadores Desempenho ou Key Performance Index (KPI);
• as premissas que servirão de base para formular o planejamento (por exemplo:
taxa de câmbio projetada, inflação projetada, demanda projetada etc);
• as restrições, as exclusões e as limitações (por exemplo: caixa disponível,
disponibilidade de recursos, prazos mandatórios das entregas, lista do que não será
contemplado no trabalho etc);
• como será feita a integração entre Gestão de Custos e Gestão de Mudanças do
projeto, para computar desvios, acionar planos de ações, avaliar necessidades de
mudanças nas Linhas de Base do projeto;
• os limites da alçada para os planos de ação, pois a depender do custo do plano,
nem sempre o gestor do projeto tem autoridade para aprovar a liberação dos
recursos, tendo que recorrer aos níveis superiores na organização;
• os limites tolerância da organização para os desvios que possam ocorrer no
projeto. Principalmente nos projetos industriais mais complexos e que levam anos
para serem concluídos, pode-se estabelecer limites diferenciados por fase de grau
de definição. Uma famosa referência é o AACE International Recommended
Practice No. 18R-97, que apresenta as faixas de variação dos custos orçados em
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 20
projetos específicos na indústria através de contratos de EPC. Embora este padrão
seja específico, para a indústria de processo, ele pode servir de referência para
outros segmentos de negócio. Mas, o ideal é que cada organização utilize faixas
derivadas do próprio histórico e do ramo especifico. Na Tabela 3, apresenta-se o
nível de acurácia das estimativas de custos, por grau de definição do projeto
segundo a AACE. Cumpre ressaltar que, na medida em que aumenta o grau de
definição do projeto, verifica-se redução dos desvios. Assim, quanto mais maduro
o projeto, menor deve ser a tolerância da organização para desvios em relação às
metas.
Tabela 3 - Nível de acurácia das estimativas de custos por grau de definição em projetos na indústria de processo por contratos de EPC
Fonte: AACE International Recommended Practice No. 18R-97 (2005: 2).
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 21
7 Estimar os Custos
Esta etapa envolve um conjunto de procedimentos para avaliar e quantificar os recursos
necessários para completar as atividades e os pacotes de trabalho. O intuito é quantificar
a remuneração dos fatores de produção (mão-de-obra, equipamentos, instalações,
infraestrutura, gerenciamento, materiais, serviços etc), bem como as despesas (recursos
financeiros, seguros, administração etc). Deve-se lembrar que há um gap temporal entre
a elaboração das estimativas e a execução dos trabalhos; portanto, os custos e despesas
podem variar devido às oscilações de mercado, às variações cambiais e à inflação. Nesse
cenário, a equipe de gerenciamento do projeto deve prever as contingências eventuais e
as correções das moedas.
Como ilustrado na Figura 4, há basicamente duas formas de realizar as estimativas: Top
Down (de cima para baixo) e Bottom Up (de baixo para cima). A primeira, teoricamente,
é menos precisa e menos trabalhosa, pois parte de valores gerais que podem ser
redistribuídos para os pacotes de trabalho (até por indicadores percentuais). A segunda,
mais precisa, privilegia a estimativa de todos os recursos que serão utilizados em cada
atividade, que serão somados em cada pacote de trabalho e sumarizados nos níveis mais
altos da Estrutura Analítica de Custos (EAC), até chegar à estimativa de custo de todo o
projeto.
A estimativa de custos deve ser revisada periodicamente pois, o projeto ganha maturidade
durante seu ciclo de vida; as informações tornam-se disponíveis; e os aspectos
conjunturais e estruturais do mercado podem sofrer alterações.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 22
Figura 4 – Estimativas Custos Top Down e Bottom Up
Fonte: elaboração própria.
Realizar exercícios de alternativas de cenários também faz parte do processo de elaborar
estimativas. Uma vez que há diversas formas de executar as atividades para realizar um
projeto, o gestor deve identificar a mais vantajosa em termos técnicos, de segurança, de
riscos, de retorno econômico, de custos, de tempo, de disponibilidade de recursos e
governança. A decisão entre fazer internamente uma atividade ou contratá-la (make-or-
buy decision) implica em escolher opções de executar um item com recursos próprios (in-
house), ou adquiri-lo de um fornecedor externo, através de aluguel ou terceirização
(outsourcing). Cada cenário alternativo terá seu custo associado.
A escolha das técnicas para realizar as estimativas depende basicamente: da fase em que
se encontra o projeto; do seu grau de maturidade; da disponibilidade das informações;
dos recursos ao alcance para realizar as estimativas; do perfil do gestor, da organização,
do cliente e do patrocinador; e do tempo hábil para levar as estimativas a bom termo. Com
esses requisitos, o gestor deverá balancear os custos, os riscos e os benefícios na escolha
de cada técnica, podendo até mesmo mesclá-las.
Como se trata de um processo, as principais entradas para estimar custos são: plano de
gestão do projeto, Linha da Base de Escopo, registro de riscos, cronograma, requisitos
dos recursos para o projeto, conjuntura do mercado fornecedor, indicadores e projeções
macroeconômicas (taxas de câmbio e inflação), disponibilidade das informações, cultura
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 23
da empresa (expertise) e, finalmente, ativos e processos organizacionais (politicas,
modelos, banco de dados e lições aprendidas).
7.1 Técnicas Top Down
Como dito antes, a execução desse conjunto de técnicas é mais rápida, menos custosa,
porém menos precisa. São mais apropriadas para as fases iniciais de planejamento.
7.1.1 Opinião Especializada, Estimativas Análogas, Benchmarking e Banco de Dados Históricos e Análise de Propostas de Fornecedores
A opinião de especialistas ou de consultores (individualmente ou utilizando técnicas de
grupo) pode ser uma opção para começar a estimar os custos de um projeto nas fases
iniciais, bem como para descobrir alternativas, calibrar premissas e avaliar restrições.
Consultar publicações especializadas sobre projetos da mesma natureza (estimativas
análogas) também é subsídio valioso para delinear as estimativas iniciais. Todavia, é
imprescindível considerar as particularidades, pois projetos são únicos.
Por seu turno, a troca de informações entre empresas, através da realização de
benchmarking, é igualmente fecunda para avaliar se as estimativas estão coerentes com
os custos praticados no mercado.
Manter um banco de dados históricos dos custos de outros projetos na empresa também
detém potencial para melhorar as estimativas de futuros projetos. O investimento em uma
estrutura (não necessariamente grande) é desejável, para que se possa dispor, a qualquer
momento, de dados atualizados, seja pelos índices de preços correntes, seja pelas taxas
de câmbio entre moedas, seja por outros parâmetros de mercado. Esta prática aumenta a
previsibilidade das estimativas e otimiza o tempo de trabalho das equipes de projetos na
realização de propostas e estimativas.
Análise de propostas de fornecedores é uma técnica popularizada para descobrir o custo
de componentes do projeto. Contudo, em determinados casos, não deve ser utilizada
abusivamente, pois a organização requerente pode perder a credibilidade frente aos
fornecedores, ou pode influenciar (positivamente ou negativamente) os mercados ao
divulgar suas intenções estratégicas.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 24
7.1.2 Estimativa Fator de Escala ou Capacidade
É comum aplicar fórmulas, para estimar custos de equipamentos ou plantas industriais
similares, mas com capacidades técnicas ou escalas diferentes. Suponha-se que uma
empresa tenha informação do custo do equipamento (C1), bem como de sua capacidade
ou carga de trabalho (T1). Se ela quiser estimar o custo do equipamento (C2) com a
capacidade (T2), sem levar em consideração o ambiente de mercado, ela pode aplicar a
fórmula exposta a seguir. Contudo, ela deverá saber o fator de escala (n) utilizado na
indústria, que pode variar de [0, 1]. Conforme Mattos (2016: 14) “a dificuldade de
estimativa por fator de capacidade reside na determinação do fator [n]”. Esta é a parte
subjetiva da equação que talvez os engenheiros não se sintam confortáveis; ainda assim,
é utilizada. A equação geral pode ser verificada abaixo.
Exemplo 2: se um determinado equipamento com capacidade de processamento de
50.000 m3/dia (T1), custou $ 1.000.000 (C1), um equipamento com capacidade de:
• 25.000 m3/dia (para n = 0,6) poderá custar (C2) aproximadamente $ 660.000.
o C2 = $ 1.000.000 / (50.000/25.000)0,6 = $ 1.000.000,00 / 0,65975.
• 100.000 m3/dia (para n = 0,6) poderá custar (C2) aproximadamente $ 1.515.717.
o C2 = $ 1.000.000 / (50.000/100.000)0,6 = $ 1.000.000,00 / 1,51572.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 25
Gráfico 1 - Estimativas de custos de equipamentos de 25.000 m3/dia e de 100.000 m3/dia para um fator de escala ou capacidade de n = 0,6 do Exemplo 2
Fonte: elaboração própria.
É importante notar, como se demonstra no Gráfico 1 que, geralmente devido ao fator de
escala, um equipamento com a metade da capacidade de outro, provavelmente não custará
a metade do preço; bem como um equipamento com o dobro da capacidade de outro,
dificilmente custará o dobro do preço.
7.1.3 Estimativas Paramétricas
A utilização de modelos paramétricos pode ser relativamente complexa, requerendo
tratamento estatístico para interpretação de dados históricos. É muito utilizado nos meios
acadêmicos, principalmente nas Ciências Econômicas na disciplina de Econometria, mas
pouco usado nos ambientes corporativos (verificando-se o uso em alguns poucos projetos
industriais). Pode ser aplicado para estimar: os custos parciais ou integrais de um projeto;
o preço de venda ou a demanda de determinado produto; o nível de renda de um país; o
preço de determinado equipamento em função da cotação do preço do petróleo etc.
Contudo, as estimativas são baseadas em dados históricos que, não necessariamente, se
concretizarão no futuro, mas podem oferecer uma tendência do comportamento de
determinada variável em comparação com outras.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 26
Há diversos modelos que podem ser utilizados. Segundo Sá Fortes (2006), um dos mais
populares e simples é o chamado, Método dos Mínimos Quadrados (MMQ), que
propicia encontrar o melhor ajuste para um conjunto de dados, tentando minimizar a soma
dos quadrados das diferenças (chamadas de resíduos) entre o valor estimado e os dados
observados. Esse método auxilia na apresentação do comportamento matemático de
determinada variável dependente (Y) em decorrência de certa variável independente (x).
Na sua forma mais simples, a regressão apresenta-se de seguinte forma: Y = f(x). Se
plotarmos as variáveis em um gráfico de dispersão, com Y no eixo das ordenadas e x, no
eixo das abscissas, a MMQ apresentará uma reta estimada, onde: o ponto em que a linha
corta o eixo Y é chamado de intercessão da regressão, alfa (α); e apresentará uma
determinada inclinação, beta (β).
Y = f(x) = α + β x
Exemplo 3: suponha-se que, em determinada empresa, temos um banco de dados com
uma amostra dos custos, das capacidades de processamento e dos fornecedores de
determinado equipamento. Imagine-se que tal amostra seja significativa e que os dados
sejam constantemente atualizados, tal como ilustra a Tabela 4.
Tabela 4 - Amostra dos custos, das capacidades de processamento e dos fornecedores de determinado equipamento no banco de dados da empresa do Exemplo 3
Fonte: elaboração própria.
Com base nas informações estatísticas disponíveis e utilizando uma regressão linear
simples, a empresa pode realizar estimativas de custos do equipamento (Y) a partir da
capacidade desejada (x). Para prever como os custos se comportarão a partir das
FornecedorCapacidade
(mil m3/dia)Custo (em $)
# 1 40 $400.000
# 2 45 $450.000
# 3 50 $500.000
# 4 55 $670.000
# 5 60 $900.000
# 6 95 $950.000
# 7 100 $1.000.000
# 8 125 $1.200.000
# 9 130 $1.500.000
# 10 150 $1.800.000
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capacidades, conforme Gráfico 2, pode-se utilizar o diagrama de dispersão (scatter
diagram) do Excel, incluindo a linha de tendência com a equação da reta e o Coeficiente
de Determinação (R²). O R² consiste em uma medida de ajustamento de modelo
estatístico linear generalizado, como a regressão linear, em relação aos valores
observados, variando entre 0 e 1. Em outras palavras, quanto maior o R2, ou quanto mais
próximo de 1, maior o poder explicativo do modelo. Por exemplo, se o R2 é 0,92, significa
que 92% do comportamento da variável dependente está relacionado ao comportamento
das variáveis independentes do modelo. No Excel, além do modelo linear, pode-se
escolher outros modelos (exponencial, logarítmico, polinomial e potência) que se ajustem
melhor aos dados em função dos valores encontrados para R2. Ademais, é importante
atentar para o fato de que o modelo não oferece relação de causalidade imediata (embora
possa estar presente). Como exposto, a utilização dessa técnica pode envolver certo grau
de complexidade ou pode ser simples, a depender dos objetivos, da disponibilidade dos
dados e da capacitação da equipe para realizar este tipo de modelagem.
Gráfico 2 - Estimativas de custos de equipamentos através do Método dos Mínimos Quadrados (MMQ) do Exemplo 3 e Tabela 4
Fonte: elaboração própria.
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7.1.4 Técnica de Três Pontos e definição de Contingências
Geralmente, quando se realizam estimativas de custos para compor um orçamento
determinístico, trabalha-se com valores mais prováveis. O Custo Mais Provável (CM)
é baseado na avaliação realista para o trabalho exigido e quaisquer outros gastos previstos.
Geralmente, trabalha-se com valores que são observáveis com maior frequência.
Entretanto, quando se trabalha com CM, não se leva em consideração a possibilidade de
desvios. Então, para levar em consideração os riscos de se deparar com custos maiores
ou menores na aplicação dos recursos, trabalha-se com Custo Esperado (CE) que,
estatisticamente, pode ser chamado de média.
Em gestão de projetos, quando não realizamos projetos padronizados e não dispomos de
muitos fornecedores que permitam elaborar um banco de dados efetivo e regular, é
habitual trabalhar com a chamada Técnica de Três Pontos. Ela permite estimar o Custo
Esperado (CE) e também o valor da Contingência que poderá ser adotada para cobrir os
riscos de desvios. Mas, para isto, além do Custo Mais Provável (CM), são imprescindíveis
outras informações, tais como:
• Custo Otimista (CO), baseado na avaliação do melhor cenário para término da
atividade, ou o custo mais baixo; e
• Custo Pessimista (CP), baseado na avaliação do pior cenário para término da
atividade, ou o custo mais alto.
Com base nessas informações, utilizando a Técnica de Três Pontos, o Custo Esperado
(CE) pode ser calculado utilizando-se duas distribuições estatísticas:
• Triangular, calculado por média simples, onde CE = (CO + CM + CP) / 3; e
• Beta, conhecida como Program Evaluation and Review Technique (PERT),
calculado por média ponderada, de forma que CE = [CO + (4 × CM) + CP] / 6.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 29
Na distribuição Beta, embora se considerem as extremidades (CO e CP) na estimativa, os
valores de CE tendem a ser mais próximos de CM, uma vez que este é o valor que ocorre
com maior frequência.
Exemplo 4: suponha que determinada empresa tenha que estimar os custos diretos de um
projeto preliminar de um chafariz circular, com 10 metros de diâmetro, 1 metro de
profundidade e uma torre com escultura iluminada ao centro para uma praça pública. Tal
como ilustra a Tabela 5, suponha também que, para cada pacote de trabalho (Design,
Construção e Testes), sejam conhecidas as informações de CM, CO e CP. Sendo assim,
deve-se calcular o Custo Esperado (CE) do projeto e a Contingência que poderá ser
adotada caso sejam utilizadas as distribuições Beta e Triangular.
Tabela 5 – Estimativa de Custos Esperados (CE) e contingências pela distribuição Beta e Triangular de um projeto de chafariz do Exemplo 4
Fonte: elaboração própria.
Pelo Exemplo 4, o Custo Determinístico ou Custo Mais Provável (CM) do projeto de
chafariz foi de $ 1.103.000. Mas, esse valor não leva em consideração os riscos de
desvios, quando os trabalhos forem de fato realizados. A estimativa de Custo Esperado
(CE) total, pela distribuição Beta, foi de $ 1.166.333 e, pela distribuição Triangular, foi
de $ 1.229.667. Ou seja, o valor de CE pela distribuição Beta ficou mais próximo do Custo
Mais Provável (CM) de $ 1.103.000 do que o calculado pela distribuição Triangular.
Dessa forma, para levar em conta os riscos do projeto, a Contingência sugerida
utilizando-se a distribuição Beta é de $ 63.333 (6% em relação ao CM) e pela distribuição
Triangular é de $ 126.667 (11% em relação ao CM).
O método que o gestor de projetos utilizará para decidir a Contingência depende do que
ele assumiu no Plano de Gestão de Custos do projeto. Para cada pacote de trabalho, ele
ainda pode utilizar uma distribuição que mais se ajuste aos dados, ou até mesmo utilizar
Pacote da EAPCusto Otimista
(CO)
Custo Mais Provável
(CM)
Custo Pessimista
(CP)
Custo Esperado
(CE Beta)
Custo Esperado
(CE Triangular)
Design $17.100 $18.000 $23.400 $18.750 $19.500
Construção $850.000 $1.000.000 $1.500.000 $1.058.333 $1.116.667
Teste $76.500 $85.000 $119.000 $89.250 $93.500
Custo Mais Provável (CM) Total: $1.103.000 CE Total: $1.166.333 $1.229.667
$63.333 $126.667
6% 11%Contingência:
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um modelo híbrido, compatibilizando as duas técnicas. Diante do exposto, quando se
recorre a Técnicas de Três Pontos, segundo a fórmula abaixo:
Contingência = Custo Esperado (CE) - Custo Mais Provável (CM)
A Técnica de Três Pontos está na fronteira entre Gestão de Custos e Gestão de Riscos,
pois contribui para definir as Contingências. Através da Gestão de Riscos, há outras
formas de se calcular as contingências, utilizando-se inclusive outros tipos de
distribuições estatísticas. O Anexo 1 deste capitulo ilustra uma forma alternativa.
7.2 Técnica Bottom Up
A técnica Bottom Up consiste em calcular os custos de cada atividade ou de cada pacote
de trabalho, no nível mais detalhado possível. O termo Bottom Up quer dizer “de baixo
para cima”, pois a técnica requer que todos os custos sejam somados e sumarizados nos
níveis mais altos da Estrutura Analítica de Custos (EAC). Esta técnica é muito utilizada
para estimar os Custos Diretos (CD) do projeto de maneira objetiva utilizando dimensões
físicas, pois leva em consideração o valor, a quantidade e o tempo de uso dos recursos,
assim como o valor dos contratos e serviços que serão utilizados. As estimativas de custos
devem manter correspondência com a utilização dos recursos e suas dimensões, como
exemplificado abaixo:
• o uso da mão-de-obra pode ser calculado em $/homem-hora ($/HH);
• o consumo de materiais pode ser calculado em $/tonelada, $/m, $/m2, $/m3, $/kg,
$/litro, $/unidade etc; e
• e os contratos e serviços podem ser valorados pelo preço global.
Uma empresa pode ter softwares específicos para fazer estimativas de custos, mas a forma
mais comum, sem dúvida, é via Excel, conforme Exemplo 5.
Exemplo 5: suponha que determinada empresa tenha que estimar os Custos Diretos (CD),
numa fase mais avançada para mostrar ao cliente, de uma obra de um chafariz circular,
com 10 metros de diâmetro, 1 metro de profundidade e uma torre com escultura iluminada
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 31
ao centro para uma praça pública. A duração do projeto é de 6 meses e a técnica para
realizar as estimativas deve ser a Bottom Up para os três pacotes de trabalho: Design (com
1 mês de duração), Construção (com 4 meses de duração) e Testes (com 1 mês de
duração). Considere também que o contrato junto ao cliente é do tipo preço fixo (lump
sum), no qual os riscos pelos desvios devem ser absorvidos pela empresa contratada.
A Tabela 6 ilustra estimativa mais detalhada de Custos dos Diretos (CD). A princípio,
não se consideram as despesas com overhead que será inclusa mais adiante quando for
abordado a determinação do Preço de Venda (PV). Sendo assim, para cada pacote de
trabalho (Design, Construção e Testes), cabe identificar: os recursos necessários de mão-
de-obra, matérias, equipamentos e serviços; o tempo de uso dos recursos; a quantidade
necessária; e os custos unitários. Com os parâmetros considerados, a estimativa
determinística de Custo Mais Provável (CM) direto do projeto totalizou $ 900.650. O
custo direto com mão-de-obra foi de $ 229.200, já com os encargos trabalhistas, com
expectativa de consumo de 6.060 HH (homens-hora). O custo direto com materiais,
equipamentos e serviços foi totalizado em $ 671.450.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 32
Tabela 6 – Estimativa determinística de Custos Mais Prováveis (CM) diretos utilizando a Técnica Bottom Up do projeto de chafariz do Exemplo 5
Fonte: elaboração própria.
Como exposto anteriormente, para que as estimativas levem em consideração os riscos
de eventuais desvios (para mais ou para menos), é aconselhável trabalhar com o Custo
Esperado (CE). Uma das formas de fazer isso é recorrendo à Técnica de Três Pontos, no
qual, além do Custo Mais Provável (CM), é preciso dispor das informações relativas ao
Custo Otimista (CO) e ao Custo Pessimista (CP) de cada recurso utilizado.
A Tabela 7 ilustra o uso da Técnica de Três Pontos pela distribuição Beta,
possibilitando calcular o Custo Esperado (CE) direto para o projeto de $ 935.101. Com
isso, chega-se também à contingência de $ 34.451 ou 3,8% em relação ao Custo Mais
Provável (CM). Deve-se notar que: para o recurso denominado, Equipamento 3, a
contingência foi igual a zero; e para o recurso denominado Materiais gerais, a
contingência foi negativa. Esses resultados são perfeitamente esperados e verificáveis no
processo.
Mão-de-Obra QuantidadeUso (em
Horas/dia)
Uso
(em dias)
HH
Estimado
Custo Unit.
(em $ /HH)Custo (CM)
Pacote de Trabalho: Design 240 $12.600
Gerente de Arquitetura 1 2 30 60 $90 $5.400
Arquiteto 1 1 6 30 180 $40 $7.200
Pacote de Trabalho: Construção 5280 $192.000
Engenheiro Chefe 1 4 120 480 $90 $43.200
Engenheiro 1 1 8 120 960 $40 $38.400
Profissional 1 3 8 120 2880 $30 $86.400
Profissional 2 1 8 120 960 $25 $24.000
Pacote de Trabalho: Testes 540 $24.600
Gerente de Comissionamento 1 2 30 60 $90 $5.400
Engenheiro 2 2 8 30 480 $40 $19.200
Custo Total de Mão-de-Obra Direta 6060 229.200$
Materiais, Equipamentos e Serviços Unidade QuantidadeUso
(em dias)Custo Unit. Custo Total
Pacote de Trabalho: Design 2.000$
Materiais gerais Unidade 4 $500 $2.000
Pacote de Trabalho: Construção $651.000
Serviços Gerais Preço Fixo 1 $65.000 $65.000
Material 1 m3 30 $3.000 $90.000
Material 2 m2 100 $2.000 $200.000
Kit Iluminação Kit Completo 1 $200.000 $200.000
Equipamento 1 Horas / dia 4 120 $200 $96.000
Pacote de Trabalho: Testes $18.450
Material 3 m3 90 $5 $450
Equipamento 3 Horas / dia 3 30 $200 $18.000
Custo Direto Total de Materiais, Equipamentos e Serviços $671.450
Custo Direto (CD) Total $900.650
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Tabela 7 – Estimativa dos Custos Esperados (CE) diretos e das Contingências utilizando a Técnica de Três Pontos pela distribuição Beta do projeto de chafariz do Exemplo 5
Fonte: elaboração própria.
A Figura 5 sintetiza a Estrutura Analítica de Custos (EAC) do Exemplo 5, com os custos
diretos esperados (em $) e o esforço estimado (em HH) por pacote de trabalho.
Figura 5 – Resumo dos custos diretos esperados (em $) e do esforço estimado (em HH) por pacote de trabalho do projeto de chafariz do Exemplo 5
Fonte: elaboração própria.
Custo
Otimista (CO)
Custo Mais
Provável (CM)
Custo
Pessimista
(CP)
Custo
Esperado
(CE Beta)
Contingência
(em $)
Contingência
(em %)
Mão-de-Obra
Pacote de Trabalho: Design $11.970 $12.600 $14.400 $12.795 $195 1,5%
Gerente de Arquitetura $5.130 $5.400 $6.480 $5.535 $135 2,5%
Arquiteto 1 $6.840 $7.200 $7.920 $7.260 $60 0,8%
Pacote de Trabalho: Construção $184.560 $192.000 $216.000 $194.760 $2.760 1,4%
Engenheiro Chefe $39.744 $43.200 $51.840 $44.064 $864 2,0%
Engenheiro 1 $36.480 $38.400 $42.240 $38.720 $320 0,8%
Profissional 1 $85.536 $86.400 $90.720 $86.976 $576 0,7%
Profissional 2 $22.800 $24.000 $31.200 $25.000 $1.000 4,2%
Pacote de Trabalho: Testes $22.560 $24.600 $28.032 $24.832 $232 0,9%
Gerente de Comissionamento $4.320 $5.400 $6.912 $5.472 $72 1,3%
Engenheiro 2 $18.240 $19.200 $21.120 $19.360 $160 0,8%
Custo Total de Mão-de-Obra Direta $219.090 $229.200 $258.432 $232.387 $3.187 1,4%-$
Materiais, Equipamentos e Serviços
Pacote de Trabalho: Design $1.700 $2.000 $2.000 $1.950 -$50 -2,5%
Materiais gerais $1.700 $2.000 $2.000 $1.950 -$50 -2,5%
Pacote de Trabalho: Construção $597.750 $651.000 $892.050 $682.300 $31.300 4,8%
Serviços Gerais $61.750 $65.000 $87.750 $68.250 $3.250 5,0%
Material 1 $82.800 $90.000 $112.500 $92.550 $2.550 2,8%
Material 2 $182.000 $200.000 $297.000 $213.167 $13.167 6,6%
Kit Iluminação $180.000 $200.000 $270.000 $208.333 $8.333 4,2%
Equipamento 1 $91.200 $96.000 $124.800 $100.000 $4.000 4,2%
Pacote de Trabalho: Testes $16.398 $18.450 $20.588 $18.464 $14 0,1%
Material 3 $378 $450 $608 $464 $14 3,2%
Equipamento 3 $16.020 $18.000 $19.980 $18.000 $0 0,0%
Custo Direto Total de Materiais, Equipamentos e Serviços $615.848 $671.450 $914.638 $702.714 $31.264 4,7%
Custo Direto (CD) Total $834.938 $900.650 $1.173.070 $935.101 $34.451 3,8%
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 34
Para estimativas de custos em obras públicas no Brasil, segundo Mattos (2016: 142),
pode-se utilizar o Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção
Civil (SINAPI), mantido por parceria entre a Caixa Econômica Federal e o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que detém banco de dados de insumos e
composições de custos unitários.
Do ponto de vista dos fundamentos legais, o Decreto No. 7.983/2013 “estabelece regras
e critérios a serem seguidos por órgãos e entidades da administração pública federal para
elaboração do orçamento de referência de obras e serviços de engenharia, contratados e
executados com recursos dos orçamentos da União”, e a Lei No. 13.303/2016 e dispõe
sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de economia mista e de suas
subsidiárias. É pertinente sublinhar que ambos os diplomas legais sugerem o uso do
SINAPI. Especificamente, para obras executadas com recursos da União, o Decreto
7.983/2013 estabelece que os orçamentos devem ser balizados pelos preços do SINAPI
e, para as obras de infraestrutura de transporte, os custos unitários devem ser balizados
pelo Sistema de Custos Referenciais de Obras (SICRO) de responsabilidade do
Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (DNIT). Mensalmente, os preços
de insumos e custos de composições do SINAPI são divulgados para as 27 Unidades da
Federação Brasileira, abrangendo materiais, mão-de-obra e equipamentos utilizados em
serviços mais frequentes na construção civil.
Segundo Mattos (2016: 146), para mão-de-obra, o SINAPI oferece também estimativa
dos encargos complementares (com alimentação, transporte, equipamentos de proteção
individual, ferramentas, exames médicos e seguro de vida), os quais não costumam ser
incluídos na lista de encargos sociais embutidos na tarifa horária dos operários. Para
maiores informações, consultar CEF (2017).
Além do Excel, outra forma de fazer estimativa de custos, incluindo o uso dos recursos
do projeto ao longo do tempo, é através do Cronograma com Alocação de Recursos ou
Resource Loaded Schedule, ainda empregado por poucas empresas no Brasil. Essa
técnica consiste em utilizar as ferramentas usuais de cronograma, tais como Primavera
P6, Primavera Risk Analysis da Oracle e MS Project da Microsoft, com o cuidado de
cadastrar todos os recursos necessários em cada atividade, bem como suas quantidades e
seus custos unitários. Adotando esse procedimento, pode-se obter as estimativas de custo
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 35
dentro da própria ferramenta de cronograma. A principal vantagem é que os custos
sempre estarão alocados no tempo e serão recalculados automaticamente conforme
variação dos prazos. O Anexo 1 do presente capitulo ilustra a aplicação deste
procedimento.
Na Construção Civil, outra forma que está se tornando cada vez mais popular é o Building
Information Modelling (BIM) ou Modelagem da Informação da Construção. Segundo
CBIC (2016a: 18) “o BIM é um conjunto de políticas, processos e tecnologias que,
combinados, geram uma metodologia para gerenciar o processo de projetar uma
edificação ou instalação, e ensaiar seu desempenho, e gerenciar as suas informações e
dados, utilizando plataformas digitais (baseadas em objetos virtuais), através de todo seu
ciclo de vida. (...) O American Institute of Architects - AIA, define BIM como ‘uma
tecnologia baseada em um modelo que está associado a um banco de dados de
informações sobre um projeto’”. Mattos (2016: 244) ressalta que o BIM é “uma
modelagem tridimensional que vai além de uma maquete eletrônica de edificação. A ideia
por trás do BIM é ser uma plataforma em que se carregue todas as informações para a
gestão do projeto, da obra e de toda a vida útil do prédio ou instalação”.
Além da facilidade de os diversos profissionais trabalharem na mesma base, o BIM
integra o modelo 3D com: o cronograma da obra (modelo 4D) para acompanhamento do
avanço físico; e as estimativas de custos (modelo 5D) de todas as etapas do
empreendimento, em que as alterações nas dimensões da planta atualizam o orçamento.
A grande vantagem é que ele agrega as partes envolvidas no design, planejamento,
suprimentos, execução, testes (comissionamento), fornecendo informações sobre o
andamento cada detalhe da construção. Ademais, Mattos (2016: 248) acrescenta que o
modelo 6D, integra também o facilities management, que abrange o ciclo de vida da
edificação, permitindo controlar as garantias dos equipamentos, o plano de manutenção e
os custos de operação.
Vale lembrar que, além de realizar as estimativas, o gestor do projeto sempre deverá
armazenar formalmente as memórias de cálculo, chamadas pelo PMBOK (2017) de
“documentação da base para as estimativas”, para que ele possa dar explicações a
qualquer momento.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 36
8 Determinar o Orçamento
Este processo consiste em agregar, consolidar e distribuir no tempo os custos estimados
das atividades individuais, ou dos pacotes de trabalho, para estabelecer uma Linha de
Base de Custos (baseline), formalmente autorizada pelo cliente para que se possa
posteriormente medir e monitorar o desempenho do projeto. A fórmula abaixo sintetiza a
composição do baseline.
Linha da Base de Custos (baseline)
= Custos Mais Prováveis (CM) distribuídos no tempo + Contingências
= Custos Esperados (CE) distribuídos no tempo
Exemplo 6: a Tabela 8 e Gráfico 3 apresentam mecanismo para distribuir os custos no
tempo, para formação da Linha de Base de Custos do projeto de chafariz do Exemplo
5. Os custos do projeto foram distribuídos no tempo através de alocação física dos
recursos (Visão Competência). Para tanto, utilizou-se a alocação estimada de uso dos
6.060 homens-hora (HH) ao longo do projeto por pacote de trabalho. O somatório dos
custos estimados na Linha de Base de Custos foi de $ 935.101. Conforme o critério
escolhido, a distribuição dos custos no tempo não corresponde ao Fluxo de Caixa do
projeto, pois não se está levando em consideração a data de pagamento (desembolso) pelo
uso dos recursos. Os custos acumulados a cada período de medição representarão a
“Curva S” Financeira do baseline do projeto, assim como o HH acumulado a cada
período no projeto representa a “Curva S” Física do projeto. A “Curva S” Financeira
do projeto representa os custos estimados acumulados onde, a cada período de medição,
estes custos são conhecidos como Planned Value (PV). Ao final do projeto, o Planned
Value (PV) deverá ser igual ao Orçamento ao Término ou Budget at Completion
(BAC). Isto é, o somatório dos custos estimados no baseline fornecerá o BAC, conforme
apresentado na fórmula abaixo.
Budget at Completion (BAC)
= ∑ Custos Mais Prováveis (CM) + ∑ Contingências
= ∑ Custos Esperados (CE)
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 37
Tabela 8 – Linha de Base dos Custos no tempo e a “Curva S” Financeira, distribuídos em função da “Curva S” Física do projeto de chafariz do Exemplo 5
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 3 – Linha de Base de Custos e “Curva S” Financeira do projeto de chafariz do Exemplo 5 com Budget at Completion (BAC) de $ 935.101
Fonte: elaboração própria.
Na Tabela 8, as contingências também foram distribuídas no tempo de acordo com a
distribuição de HH do projeto. Alternativamente, é viável somar as contingências de todas
as atividades e alocar ao final do projeto, contudo esta decisão fica a critério do gestor.
Cumpre registrar que a distribuição dos custos no tempo deve ser compatível com a
capacidade de a empresa em honrar seus compromissos financeiros, sendo assim, deve-
se considerar a situação de caixa da firma. Tal viabilidade depende de recursos financeiros
próprios (caixa disponível e receitas do projeto) e de recursos de terceiros (financiamento
e aporte de capital). Por isto, o gestor de projetos deve estar sempre em contato com a
área Financeira para distribuir os custos no tempo de acordo com as condições financeiras
de empresa e garantir que não faltem recursos necessários à execução de seu projeto.
Pacote de Trabalho Design Testes
Período Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
Distribuição % de HH por Pacote de Trabalho 100% 15% 30% 35% 20% 100% -
Homem-Hora (HH) por Pacote de Trabalho 240 792 1584 1848 1056 540 6060
Distribuição HH Acumulado / "Curva S" Física 240 1032 2616 4464 5520 6060 -
Linha de Base de Custos $14.745 $131.559 $263.118 $306.971 $175.412 $43.296 $935.101
"Curva S" Finaceira do baseline $14.745 $146.304 $409.422 $716.393 $891.805 $935.101 -
SomaConstrução
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 38
Conforme o PMBOK (2017), a Linha de Base de Custos do projeto inclui as
contingências para cobrir os riscos do projeto, como se comentou, mas não inclui as
Reservas Gerenciais para cobrir as incertezas. Para se chegar ao Orçamento do
Projeto, as organizações podem incluir a Reserva Gerencial (determinada de forma
subjetiva, sem requerimento de cálculos objetivos). Em teoria, os gestores de projeto
devem perseguir a Linha de Base de Custos, mas caso as condições do projeto mudem,
deverão solicitar à organização o uso da Reserva Gerencial. Segundo Borges e Rollim
(2015: 110), “a reserva de contingência é uma provisão monetária para cobrir gastos caso
seja necessário agir se os riscos identificados (known unknowns) ocorrerem. Considera-
se que tal reserva fará parte da linha de base dos custos do projeto e seu uso não é
considerado ‘estouro’ do custo do projeto. Já a reserva gerencial um valor arbitrado para
gastos com riscos que não foram identificados (unknowns unknowns). Por ser uma reserva
não planejada, não faz parte da linha de base dos custos e seu uso é considerado ‘estouro’
dos custos do projeto”.
Se as empresas acreditam na metodologia adotada e no trabalho do gestor de projetos,
não precisariam incluir a Reserva Gerencial. O teto do limite superior para os desvios
também pode servir de referência para delimitação da Reserva Gerencial.
Orçamento do Projeto = Budget at Completion (BAC) + Reserva Gerencial
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 39
9 Controlar os Custos
Tem como objetivo monitorar o andamento do projeto (em termos de custos e do trabalho
realizado) para computar desvios, atualizar o orçamento e gerenciar possíveis alterações
na Linha de Base dos Custos. O ideal é que a Linha de Base de Custos seja perseguida
pelo gestor do projeto durante a execução, de forma que os custos não ultrapassem os
limites de tolerância para desvios. Através do monitoramento e medição regular dos
indicadores de avanço físico e financeiro, podem-se detectar desvios para tomar ações
preventivas e/ou corretivas para que os custos voltem a ficar alinhados às metas. O maior
esforço despendido pelo gestor do projeto e sua equipe no monitoramento e controle está
relacionado à análise dos gastos do projeto em relação ao trabalho realizado e propor
planos de ações para evitar e corrigir os desvios. Além do que, os planos devem ser
negociados com as diversas áreas e com os stakeholders do projeto. Na esteira do
PMBOK (2017), uma mudança na Linha de Base de Custos do projeto só deverá ocorrer
quando o prestador de serviço obtém a autorização formal do cliente. Caso o cliente não
concorde, os aumentos e custos serão computados como desvios e a empresa prestadora
de serviço arcará com os prejuízos.
9.1 Medições do Avanço Físico e Financeiro do projeto
Antes de monitorar e controlar o desempenho de custos, é necessário definir como serão
realizadas as medições do avanço físico de cada atividade do projeto, conforme o
cronograma e sua relação com o avanço financeiro. As regras de medição devem ser
definidas no Plano de Gerenciamento de Custos e podem englobar as seguintes formas
abaixo.
• Por Parâmetros Físicos: para aplicação deste método, deve-se estabelecer o
parâmetro físico de medição da cada atividade (homem-hora, tonelada, m, m2, m3,
kg, litro etc). Por exemplo, em uma atividade de construção de um muro de 1.000
m2, se, na data atual, tivermos construído 300 m2, o progresso físico será de 30%.
Esse parâmetro pode nortear a medição de custos a cada período também. Se a
construção de todo o muro todo está orçada em $ 10.000, o avanço financeiro hoje
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 40
será de $ 3.000. Essa é a forma mais direta e objetiva para calcular o avanço físico
e financeiro de um projeto.
• Por Marcos Ponderados: segundo Dinsmore et al (2012: 201), este método é
utilizado, quando uma atividade é dividida em segmentos definidos por entregas
parciais do trabalho, ou por marcos observáveis não necessariamente atrelados
aos parâmetros físicos. Por exemplo, na elaboração de Projeto Básico de
Engenharia (design), pode-se atribuir os seguintes pesos para marcos de avanço
físico e financeiro: 10% para especificação técnica inicial, 20% para emissão do
projeto básico para comentários, 40% para aprovação inicial pelo cliente, 15%
para emissão final para aprovação e 15% para entrega do projeto para construção.
Quando não existir indicador objetivo para cálculo do percentual, a avaliação
torna-se subjetiva e dependente de negociação com o cliente.
• Por Fórmula Fixa: segundo Borges e Rollim (2015: 204), quando não é possível
fazer medição precisa ou, se as atividades são curtas demais para serem divididas
em marcos, é possível utilizar valores padronizados para estabelecer os
percentuais de avanço através de regras fixas. Por exemplo: quando se adota a
regra 50/50, atribui-se 50% de progresso à atividade quando é iniciada, e os outros
50% de progresso quando for concluída. Há outras regras subjetivas que também
podem ser aplicadas: 0/100, 25/75, 20/80 etc.
9.2 Gerenciamento do Valor Agregado ou Earned Value Management (EVM)
Trata-se de técnica muito recomendada pelo PMBOK (2017) que, apesar de ser tratado
na área de conhecimento de Gestão de Custos, o Earned Value Management (EVM),
segundo Borges e Rollim (2015: 185), “integra três dimensões primárias do projeto -
escopo, tempo e custo - para avaliar o desempenho e o progresso do projeto”. A técnica
objetiva basicamente responder as seguintes perguntas abaixo.
• Quanto foi planejado trabalhar até determinado período e quanto foi efetivamente
trabalhado? Assim pode avaliar o desempenho físico do projeto.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 41
• Quanto foi efetivamente trabalhado até determinado período e quanto se gastou
para isso? Para aferir o desempenho de custos do projeto.
Para aplicar essa técnica, deve-se esclarecer alguns conceitos.
• Orçamento ao Término ou Budget at Completion (BAC) corresponde ao
somatório dos custos estimados na Linha de Base de Custos (baseline), sem
Reserva Gerencial. Ou seja, é o valor total planejado e acordado para terminar o
projeto.
• Valor Planejado ou Planned Value (PV) corresponde ao valor acumulado, até
a data de medição, designado ao trabalho agendado no planejamento original sem
Reserva Gerencial. Explicando de outra forma, o valor indica o volume de
dinheiro planejado acumulado até determinada data de medição (data date) para
realizar o trabalho programado. O PV é valorado em dinheiro de forma que, ao
final do projeto, o Planned Value (PV) será igual BAC.
• Custo Realizado ou Actual Cost (AC) corresponde ao valor realmente incorrido,
acumulado até determinada data de medição (data date). Não necessariamente
tem relação com o esforço empreendido, pois há casos em que os gastos no projeto
tenham começado (com burocracias, com paralizações, com esperas por licenças
especificas etc), sem que os trabalhos tenham começado.
• Valor Agregado ou Earned Value (EV) corresponde ao trabalho realmente
efetuado e acumulado até determinada data de medição (data date) mensurado
pelos custos unitários utilizados do planejamento original para formação da Linha
de Base de Custos. De outra forma, indica o quanto de valor em dinheiro o
trabalho efetuado agregou ao projeto no acumulado até determinada data de
medição, com base em estimativas de custos do planejamento original. Ao tomar
como referência as estimativas de custos originais, visa expurgar o efeito da
variação de preço, para valorar apenas o que foi agregado ao projeto. Há duas
formas clássicas para se calcular o EV: a) multiplicar o percentual de Avanço
Físico até a data de medição pelo BAC; e b) multiplicar a quantidade de trabalho
empregada no projeto até determinada data de medição pelos custos unitários
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 42
planejados originalmente. Observe-se que todo o esforço empenhado no projeto é
valorado em dinheiro. O Earned Value (EV) pode ficar acima ou abaixo do
Planned Value (PV) e do Actual Cost (AC) em determinados períodos de forma
que:
o Se EV > PV, então foi agregado mais trabalho do que foi planejado até
determinada data, indicando que o projeto se encontra adiantado
fisicamente. Se EV = PV, então o valor do trabalho agregado foi
exatamente igual ao valor do trabalho planejado originalmente. Se EV <
PV, então foi agregado menos trabalho do que foi planejado até
determinada data, indicando que o projeto se encontra atrasado.
o Se EV > AC, então o trabalho realizado agregou mais do que foi realmente
incorrido, indicando que o projeto se encontra com certa folga no
orçamento até determinada data. Se EV = AC, então o valor do trabalho
realizado foi exatamente igual ao valor efetivamente incorrido. Se EV <
AC, então o valor do trabalho realizado ficou abaixo do valor realmente
incorrido, indicando que o projeto se encontra com orçamento “estourado”
até determinada data.
Quando se utiliza esta técnica, não se faz comparação direta entre Planned Value (PV) e
Actual Cost (AC). A comparação é sempre em relação ao Earned Value (EV), no qual
trabalha-se sempre com conceito de valores monetários acumulados até determinado
período de medição. Utilizando esses conceitos, é possível calcular alguns Indicadores
de Desempenho ou Key Performance Indexes (KPIs) clássicos abaixo.
• Variação de Custos ou Cost Variance (CV) compara o Earned Value (EV) em
relação ao Actual Cost (AC). Se CV = EV - AC > 0, há indicação de que o projeto
se encontra com certa folga no orçamento até determinada data. Se CV = EV -
AC < 0, há indícios de que o projeto se encontra com orçamento “estourado” até
determinada data. O CV é sempre medido em dinheiro.
• Variação de Prazo ou Schedule Variance (SV) compara o Earned Value (EV)
em relação ao Planned Value (PV). Se SV = EV - PV > 0, pode-se supor que o
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 43
projeto se encontra adiantado fisicamente. Se SV = EV - PV < 0, indica que o
projeto pode estar atrasado fisicamente. O SV é sempre medido em dinheiro.
• Índice de Variação de Custos ou Cost Performance Index (CPI) compara o
Earned Value (EV) em relação ao Actual Cost (AC). Se CV = EV / AC > 1, indica
que o projeto se encontra com certa folga no orçamento até determinada data. Se
CV = EV / AC < 1, há indícios de que o projeto se encontra com orçamento
“estourado” até determinada data. O CPI é sempre medido em valor relativo.
• Índice de Variação de Prazo ou Schedule Performance Index (SPI) compara
o Earned Value (EV) em relação ao Planned Value (PV). Se SV = EV / PV > 1,
indica que o projeto pode estar adiantado fisicamente. Se SV = EV / PV < 1,
indica que o projeto pode estar atrasado fisicamente. O SPI é sempre medido em
valor relativo.
Além de permitir calcular os indicadores de desempenho do projeto na data de medição,
Borges e Rollim (2015: 194) ressaltam que o EVM permite realizar projeções quanto ao
futuro do projeto, respondendo às perguntas abaixo.
• Qual será a nova estimativa ao término o projeto, em termos de custos, ou
Estimate at Completion (EAC)?
• Quanto falta para terminar o projeto, em termos de custos, ou Estimate to
Complete (ETC)?
• Qual a nova duração do projeto, em termos de prazos, ou New Project Duration
(NPD)?
Estas respostas dependem do que o gestor do projeto assume que acontecerá no futuro.
De forma que:
• se as variações no projeto são típicas (t); ou seja, supõe-se elas vão se repetir
no futuro, então,
• Estimate at Completion (EACt) = BAC / CPI;
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 44
• Estimate to Complete (ETCt) = EACt – AC;
• New Project Duration (NPDt) = PD / SPI;
• se as variações no projeto são atípicas (a); ou seja, elas foram pontuais e não
vão se repetir no futuro, então,
• Estimate at Completion (EACa) = AC + BAC – EV; e
• Estimate to Complete (ETCa) = EACa – AC.
Contudo, observado um desvio, o melhor que um gestor do projeto pode fazer, sempre
que possível, é arquitetar e implementar planos de ações para trazer o projeto de volta ao
planejamento original. Ou seja, ele pode “replanejar” as estimativas do projeto.
Exemplo 7: suponha que um gestor de projeto tenha que entregar 5 máquinas no prazo
de 5 meses, Project Duration (PD). Foi planejado que, a cada mês, será entregue uma
máquina. O custo esperado original de cada máquina foi de $ 10. Se, ao final do 3º mês,
foram entregues 4 máquinas a um custo total acumulado de $ 50, calcule: Cost Variance
(CV), Schedule Variance (SV), Cost Performance Index (CPI) e Schedule Performance
Index (CPI). Os dados disponíveis até o 3º mês foram:
• Budget at Completion (BAC) = $ 50 (5 máquinas planejadas × custo unitário
original de $ 10).
• Planned Value (PV) = $ 30 (3 máquinas planejadas × custo unitário original
de $ 10).
• Earned Value (EV) = $ 40 (4 máquinas entregues × custo unitário original de
$ 10).
• Actual Cost (AC) = $ 50 (custo total incorrido para entregar 4 máquinas).
Os indicadores de desempenho são:
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 45
• Cost Variance (CV) = EV – AC = $ 40 – $ 50 = – $ 10 < 0 (indicando que o
orçamento vai “estourar”);
• Schedule Variance (SV) = EV – PV = $ 40 – $ 30 = $ 10 > 0 (indicando que
o projeto está adiantado em termos de prazo);
• Cost Performance Index (CPI) = EV / AC = $ 40 / $ 50 = 0,80 < 1 (indicando
que cada $ 1,00 incorrido está agregando apenas $ 0,80); e
• Schedule Performance Index (SPI) = EV / PV = $ 40 / $ 30 = 1,33 > 1
(indicando que o projeto está progredindo 33% acima da velocidade
programada originalmente).
Até o 3º mês, o custo incorrido de $ 50 foi $ 10 acima do valor agregado de $ 40,
indicando que o projeto está “estourando no orçamento”. Contudo, o valor agregado de $
40, é $ 10 superior ao valor planejado de $ 30, indicando que o projeto está adiantado. A
Figura 6 ilustra graficamente esta situação do Exemplo 7.
• Se as variações no projeto são típicas, ou seja, se assumirmos que elas vão se
repetir no futuro, então:
o Estimate at Completion (EACt) = BAC / CPI = $ 50 / 0,80 = $ 62,5;
o Estimate to Complete (ETCt) = EACt – AC = $ 62,5 – $ 50 = $ 12,5; e
o New Project Duration (NPDt) = PD / SPI = 5 meses / 1,33 = 3,8 meses.
• Se as variações no projeto são atípicas, ou seja, se assumirmos que elas foram
pontuais e não vão se repetir no futuro, então:
o Estimate at Completion (EACa) = AC + BAC – EV = $ 50 + $ 50 – $ 40
= $ 60;
o Estimate to Complete (ETCa) = EACa – AC = $ 60 – $ 50 = $ 10; e
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 46
o New Project Duration (NPDa) = 3 meses que se passaram + 1 mês para
entregar a última máquina restante tal como planejado originalmente = 4
meses.
Figura 6: Representação gráfica do Earned Value Management (EVM) do Exemplo 7 com uma projeção supondo variação típica no projeto
Fonte: elaboração própria.
Exemplo 8: a Tabela 9 e Gráficos 4 apresentam uma simulação do desempenho do
trabalho e dos custos do projeto de chafariz dos Exemplos 5 e 6. Apenas para lembrar
que a Linha de Base dos Custos foi distribuída no tempo através da alocação física dos
recursos estimados em 6.060 homens-hora (HH). O somatório dos custos estimados na
Linha de Base de Custos nos fornece o Budget at Completion (BAC) de $ 935.101. Os
custos acumulados a cada período de medição representarão a “Curva S” Financeira do
projeto, assim como a distribuição do HH a ser utilizado no projeto representará a “Curva
S” Física do projeto. Utilizando-se o método Earned Value Management (EVM), pode-
se avaliar seu desempenho até o 4º mês (data-date) e fazer projeção de prazo e custo,
caso o gestor do projeto não tome iniciativa de implementar um plano de ação para
enfrentar os desvios. A primeira parte da Tabela 9 apresenta as informações de
planejamento no qual o Valor Planejado ou Planned Value (PV) foi de $ 716.393 no 4º
mês.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 47
Na segunda parte da Tabela 9, apresenta-se um cenário hipotético de andamento do
trabalho até o 4º mês, quando foram aplicados 3.540 HH. Até o 3º mês, houve coerência
com o planejado, mas no 4º mês a produtividade do trabalho ficou 50% do planejado,
devido a problemas de saúde de um funcionário. Além disso, no 3º mês, foi registrado
gasto adicional de $ 5.000, pois um equipamento custou mais do que o planejado. Dessa
forma, o Actual Cost (AC) até o 4º mês foi de $ 567.908.
Na terceira parte da Tabela 9, apresenta-se o quanto foi agregado no projeto até o 4º
mês. Conforme se expôs, até o 3º mês o andamento físico transcorria conforme o
planejado, mas no 4º mês a produtividade do trabalho ficou 50% do planejado e o
trabalho desempenhado somou 3.540 HH. Multiplicando os valores de HH pelos custos
unitários originais de cada pacote de trabalho, chegamos ao Earned Value (EV) no 4º
mês de $ 562.908.
Com essas informações, a Tabela 9 apresenta: Cost Variance (CV), Schedule Variance
(SV), Cost Performance Index (CPI) e Schedule Performance Index (CPI) até o 4º mês;
e o Estimate at Completion (ETCt) e o New Project Duration (NPDt) para variações
típicas.
É importante notar que o EVM não leva em consideração apenas as tarefas do caminho
crítico do projeto. Há situações em que o Schedule Variance (SV) > 0 e o Schedule
Performance Index (SPI) > 1, devido ao fato do gestor do projeto está realizando tarefas
fora do caminho crítico e que talvez sejam mais atrativas para antecipação de receitas
junto ao cliente. Sendo assim, embora os indicadores demonstrem uma situação
relativamente confortável, na prática, há um atraso, mascarado pelos indicadores. Por isto,
é sempre importante que o gestor do projeto e o cliente verifiquem se as tarefas do
caminho critico estão sendo executadas conforme o planejado na Linha de Base. O
Gráfico 4 representa a situação do projeto até o 4º mês e a projeção para variações típicas.
No caso em exame, se o gestor do projeto não tomar uma atitude para corrigir os rumos
do mesmo, o Estimate at Completion (ETCt) tenderá a ser de $ 943.407, que representará
um desvio de $ 8.306 em relação ao BAC. Além disso, um projeto em que se previa a
duração de 6 meses, agora tende para um New Project Duration (NPDt) de 7,64 meses,
sugerindo 1,64 meses de atraso.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 48
Tabela 9 – Earned Value Management (EVM) para avaliação do desempenho do trabalho e dos custos do projeto de chafariz do Exemplo 8
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 4 - Earned Value Management (EVM) para avaliação e projeção do desempenho do trabalho e dos custos do projeto de chafariz do Exemplo 8
Fonte: elaboração própria.
Pacote de Trabalho Design Testes
Período Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
Distribuição % de HH por Pacote de Trabalho 100% 15% 30% 35% 20% 100% 300%
Homem-Hora (HH) por Pacote de Trabalho 240 792 1584 1848 1056 540 6060
Distribuição HH Acumulado / "Curva S" Física 240 1032 2616 4464 5520 6060 -
Linha de Base de Custos $14.745 $131.559 $263.118 $306.971 $175.412 $43.296 $935.101
"Curva S" Finaceira do baseline $14.745 $146.304 $409.422 $716.393 $891.805 $935.101 -
Pacote de Trabalho Design Testes
Período Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
Trabalho Realizado (HH) - Avanço Físico 240 792 1584 924 3540
Trabalho Realizado ($) - Avanço Físico Acum. 240 1032 2616 3540 -
Custo Realizado $14.745 $131.559 $268.118 $153.486 $567.908
Custo Realizado Acum. / Actual Cost (AC) $14.745 $146.304 $414.422 $567.908 -
Pacote de Trabalho Design Testes
Período Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
Trabalho Realizado (HH) - Avanço Físico 240 792 1584 924 3540
Custo Unitário da Cada Pacote de Trabalho $61 $166 $166 $166 $166 $80 -
Valor Agregado no mês $14.745 $131.559 $263.118 $153.486 $562.908
Valor Agregado Acum. no mês / Earned Value (EV) $14.745 $146.304 $409.422 $562.908 -
Resumo da situação do projeto até o 4o Mês Valor $
Planned Value (PV) $716.393
Actual Cost (AC) $567.908
Earned Value (EV) $562.908
Budget at Completion (BAC) $935.101
Project Duration (PD) em meses 6
Indicadores Desempenho / Key Performance Index (KPI) Fórmula Valor $
Cost Performance Index (CPI) EV / AC 0,99
Schedule Performance Index (SPI) EV / PV 0,79
Cost Variance (CV) EV - AC -$5.000
Schedule Variance (SV) EV - PV -$153.486
Estimate at Completion (EACt) - p/ variações típicas BAC / CPI $943.407
Estimate at Completion (EACa) - p/ variações atípicas AC + BAC – EV $940.101
New Project Duration (NPDt) em meses p/ variações típicas PD / SPI 7,64
ConstruçãoSoma
Até o 4o mês, o projeto agregou menos do que foi planejado.
Até o 4o mês, o projeto agregou menos do que gastou.
Até o 4o mês, o projeto agregou menos do que foi planejado.
Sem um plano de ação no 5o e 6o mês, a tendência é gastar mais.
ConstruçãoSoma
Interpretação
Sem um plano de ação no 5o e 6o mês, a tendência é gastar mais.
Até o 4o mês o projeto agregou menos do que gastou.
Sem um plano de ação no 5o e 6o mês, a tendência é atrasar.
Custo Planejado / Planned Value (PV)
Valor Agregado / Earned Value (EV)
ConstruçãoSoma
Custo Realizado / Actual Cost (AC)
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 49
9.3 “Curvas S” Física e Financeira para avaliação do desempenho do projeto
Uma das formas mais utilizadas para acompanhar o desempenho de custos do projeto é
através das “Curvas S” Física e Financeira. Nesse caso, quando não se usa o EVM,
compara-se o Planned Value (PV) diretamente com Actual Cost (AC) até a data de
medição. Pode-se também inserir os Limites de Tolerância para desvios de custo para
verificar se o projeto está coerente com os objetivos estratégicos da organização.
Exemplo 9: a Tabela 10 e Gráficos 5 e 6 apresentam simulação do desempenho do
trabalho e dos custos do projeto de chafariz dos Exemplos 5 e 6. Mais uma vez, deve-se
notar que a Linha de Base de Custos foi distribuída no tempo, mediante alocação física
dos 6.060 homens-hora (HH). Os custos acumulados a cada período de medição
representarão a “Curva S” Financeira do projeto (Gráfico 6), assim como a distribuição
do HH a ser utilizado no projeto representa a “Curva S” Física do projeto (Gráfico 5). O
somatório dos custos estimados na Linha de Base de Custos nos fornecerá o Budget at
Completion (BAC) de $ 935.101. Utilizando o método de medição por Parâmetros
Físicos do Projeto, pode-se avaliar seu desempenho até o 4º mês (data-date). Na primeira
parte da Tabela 10, apresentam-se as informações de planejamento para formação da
Linha de Base de Custos. Note que até o 4º mês, o Planned Value (PV) foi de $ 716.393.
Adicionalmente, incluíram-se as informações referentes aos Limites de Tolerância para
desvios de custo de +5% e -10% em valores monetários. De acordo com as diretrizes
estratégicas da empresa, o projeto não poderia gastar mais que $ 981.856 e nem menos
que $ 841.591.
Na segunda parte da Tabela 10, apresentam-se informações hipotéticas de andamento do
trabalho, até o 4º mês, quando foram aplicados 3.540 HH. Até o 3º mês, a trajetória física
ocorria conforme o planejado; porém, no 4º mês a produtividade do trabalho ficou 50%
do planejado, devido a problemas de saúde de um funcionário. No 3º mês, registrou-se
gasto adicional de $ 5.000, pois o custo de um equipamento superou o planejado. Dessa
forma, o Custo Realizado acumulado ou Actual Cost (AC) até o 4º mês foi de $ 567.908.
Observe-se que, até o 4º mês, o Actual Cost (AC) de $ 567.908 ficou abaixo do Planned
Value (PV) de $ 716.393, indicando que foi gasto menos que o planejado, não por
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 50
economia, mas porque o trabalho realizado até o 4º mês foi de 3.540 HH, enquanto o
trabalho previsto era de 4.464 HH. Pelo critério de “Curvas S” Física e Financeira, o
desempenho do projeto é avaliado através da comparação entre planejado e realizado.
Portanto, se o gestor do projeto não tomar qualquer medida para corrigir os desvios,
haverá atrasos na entrega.
Na terceira parte da Tabela 10, apresentam-se as informações de replanejamento do
projeto. No 5º mês, o gestor do projeto planejou contratar mais um engenheiro, além de
realizar algumas atividades em paralelo para compensar o tempo perdido. A decisão
implicava aumento de custos; contudo ele projetou que os gastos estariam dentro do
Limite de Tolerância, para desvios no orçamento de +5%. Com esse replanejamento, o
Estimate at Completion (ETCR) passa a ser de $ 979.968, representando um desvio de $
44.866 (ou 4,80%) em relação ao BAC.
Note que, caso nenhuma contingência fosse adotada, o BAC do projeto seria de $
900.650, levando em conta apenas os Custos Mais Prováveis (CM), então o desvio de $
44.866 representaria 4,98% do BAC. Embora o erro fosse maior, ainda sim estaria dentro
do limite superior de tolerância estabelecido em 5%. Neste caso, como não se utilizaram
informações de cálculo do Valor Agregado ou Earned Value (EV), cumpre monitorar os
trabalhos realizados do projeto em uma “Curva S” Física separada, tal como a ilustrada
no Gráfico 5. Além disso, também é necessário estar alerta às atividades do caminho
crítico para evitar os riscos de ser iludido pelos indicadores de desempenho.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 51
Tabela 10 – “Curvas S” Física e Financeira para avaliação do desempenho do trabalho e dos custos do projeto de chafariz do Exemplo 9
Fonte: elaboração própria.
Gráfico 5 - “Curvas S” Física para avaliação do desempenho do trabalho dos custos do projeto de chafariz do Exemplo 9
Fonte: elaboração própria.
Pacote de Trabalho Design Testes
Período Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
Distribuição % de HH por Pacote de Trabalho 100% 15% 30% 35% 20% 100% 300%
Homem-Hora (HH) por Pacote de Trabalho 240 792 1584 1848 1056 540 6060
Distribuição HH Acumulado / "Curva S" Física 240 1032 2616 4464 5520 6060 -
Linha de Base de Custos $14.745 $131.559 $263.118 $306.971 $175.412 $43.296 $935.101
"Curva S" Finaceira do baseline $14.745 $146.304 $409.422 $716.393 $891.805 $935.101 -
Limite Tolerância Superior (+5%) $981.856 $981.856 $981.856 $981.856 $981.856 $981.856 -
Limite Tolerância Superior (-10%) $841.591 $841.591 $841.591 $841.591 $841.591 $841.591 -
Pacote de Trabalho Design Testes
Período Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
Trabalho Realizado (HH) - Avanço Físico 240 792 1584 924 3540
Trabalho Realizado ($) - Avanço Físico Acum. 240 1032 2616 3540 -
Custo Realizado $14.745 $131.559 $268.118 $153.486 $567.908
Custo Realizado Acum. / Actual Cost (AC) $14.745 $146.304 $414.422 $567.908 -
Pacote de Trabalho Design Testes
Período Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6
Trabalho Replanejado (HH) 2220 540 6300
Trabalho Replanejado (HH) Acum. 3540 5760 6300 -
Custo Replanejado $368.764 $43.296 $979.968
Custo Replanejado Acum. 567.908$ $936.671 $979.968 -
Desvio de Custo em Relação à Linha de Base $44.866 4,80%
Custo Planejado / Planned Value (PV)
ConstruçãoSoma
ConstruçãoSoma
Limite de Tolerância para Desvios
ConstruçãoSoma
Custo Replanejado
Custo Realizado / Actual Cost (AC)
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 52
Gráfico 6 - Utilização das “Curvas S” Financeira para avaliação do desempenho de custos do projeto de chafariz do Exemplo 9
Fonte: elaboração própria.
É muito importante atentar para o fato de que um replanejamento de prazo e de custo só
é viável, se o gestor do projeto apresentar um plano de ação plausível. Uma vez que o
projeto tenha demonstrado desvios, não se pode admitir a mera alteração do cronograma
sem um plano de ação. Isto parece óbvio, mas ocorre com frequência!
No Exemplo 9, o gasto adicional de $ 44.866 representou um desvio em relação ao BAC
do projeto. Caso o gestor do projeto negociasse com o cliente o pagamento resultante das
novas medidas para enfrentar os desvios ocorridos, ter-se-ia uma nova Linha de Base de
Custos, mas isto seria improvável, uma vez que os desvios computados não foram
causados por solicitações de mudanças ou change orders por parte do cliente. Deve-se
lembrar também que o contrato com o cliente foi do tipo preço fixo (lump sum), no qual
os riscos pelos desvios são geralmente absorvidos pela empresa contratada.
Por fim, o teto do Limite de Tolerância pode ser encarado como Reserva Gerencial não
contida na Linha de Base de Custos do projeto.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 53
10 Cálculo do Preço de Venda por Benefícios e Despesas Indiretas (BDI)
Há diversas formas de se determinar o preço de venda dos produtos e serviços. Esses
cálculos dependem: da estrutura de custos da empresa; da estrutura do mercado; do grau
de concorrência em que se está operando; e da fatia de mercado (market share) que a
firma tem ou almeja ter. Em continuidade, será exposto uma forma para determinar o
preço de venda utilizado em processos de licitações de obras públicas e, em alguns casos,
de obras privadas.
10.1 Benefícios e Despesas Indiretas (BDI) ou Budget Difference Income
Como se mencionou, o Decreto 7.983/2013 estabelece as regras e critérios a serem
seguidos por órgãos e entidades da administração pública para elaboração de orçamento
de referência de obras e serviços de engenharia, contratados e executados com recursos
dos orçamentos da União. Esse diploma legal determina que, no Brasil, o preço global de
referência deve ser composto pelo valor do custo global de referência, acrescido do
percentual correspondente aos Benefícios e Despesas Indiretas (BDI) ou Budget
Difference Income. Assim, o Preço de Venda (PV) deve conter: os Custos Diretos (CD)
e o BDI aplicado sobre os mesmos através de uma taxa, cuja fórmula é a seguinte:
PV = CD × (1 + BDI / 100)
Mattos (2016: 98-101) assinala que há diversas formas para cálculo do BDI; contudo,
aqui será apresentada apenas o método proposto pelo Tribunal de Contas da União (TCU),
através do Acórdão No. 2.369/2011. A fórmula do BDI é exposta a seguir:
O BDI deve incluir os seguintes itens abaixo.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 54
• DVGA = Taxa de Administração Central ou overhead.
• R = Contingências para cobrir os riscos.
• S = taxa representativa para os Seguros que, segundo Mattos (2016: 101) não
está explicita na fórmula, mas pode estar incluída na Taxa de Administração
Central.
• G = taxa representativa apara as Garantias que, segundo Mattos (2016: 101) não
está explicita na fórmula, mas também pode estar incluída na Taxa de
Administração Central.
• DF = Despensas Financeiras (para equalizar o fluxo de caixa).
• L = taxa representativa do Lucro ou remuneração da empresa.
• T = taxa representativa da incidência dos Tributos sobre as vendas que podem
ser incluídos no preço, tais como: Programa de Integração Social (PIS),
Contribuição Social para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS),
Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação (ICMS) e Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Note
que os tributos estão incluídos no denominador da equação, pois eles incidem
sobre o preço de venda e não sobre os custos da obra.
Mattos (2016: 93-94) esclarece que o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica (IRPJ) e a
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) não podem ser repassados ao cliente
pelo BDI, devido aos seguintes motivos:
• são tributos diretos que, por sua natureza, não podem ser transferidos para
terceiros como, por exemplo, “quem paga o IR sobre o salário é o empregado e
não o empregador”;
• são tributos incidentes sobre a empresa e não sobre a obra; e
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 55
• não é garantido que a empresa pagará IRPJ e CSLL, pois se ela estiver operando
em prejuízo, os repasses dos impostos a terceiros serão convertidos em lucro
indevidamente.
Exemplo 10: com base nos Exemplos 5 e 6 do projeto do chafariz, o Custo Direto (CD)
calculado pela estimativa de Custo Mais Provável (CM) totalizou $ 900.650. A
Contingência adotada foi de $ 34.451, representando um percentual de 3,8% do Custo
Direto (CD). Na Tabela 11, apresenta-se o cálculo do Preço de Venda (PV), no qual
ainda se deve incluir: a Taxa de Administração Central (DVGA) hipoteticamente
estimada em 3,0%; as Despesas Financeiras hipoteticamente estimadas em 0,5%; as
Alíquotas Nominais fictícias hipotéticas de PIS (7,60%), COFINS (1,65%) e ISS
(3,00%) que vão totalizar aproximadamente uma Alíquota Efetiva dos Tributos de
14,0%; e a Taxa de Lucro requerida pelos acionistas da empresa de 7%. Esses itens
totalizam um BDI de 28,3% que, aplicados ao Custo Direto (CD), resultam em um valor
de $ 254.751. Sendo assim, o Preço de Venda (PV) será de $ 1.155.401.
Tabela 11 – Cálculo do Preço de Venda (PV) através da aplicação dos Benefícios e Despesas Indiretas (BDI) sobre os Custos Diretos (CD) do projeto de chafariz do Exemplo 10
Fonte: elaboração própria.
O Gráfico 7 apresenta a distribuição temporal acumulada (“Curvas S”) do Preço de
Venda (PV) de $ 1.155.401 e do Custo Direto (CD) determinístico de $ 900.650, através
Custo Direto (CD) Total $900.650
Itens Indiretos
Taxa de Administração Central ou overhead (DVGA) 3,0% $27.020
Contingências (Risco) 3,8% $34.451
Despesas Financeiras 0,5% $4.503
Custos Indiretos Totais 7,3% $65.974
Tributos (PIS + COFINS + ISS)
Alíquota Nominal (AN) 12,3%
Alíquota Efetiva (EF) = [1/(1-AN)] 14,0% $125.732
Lucro 7,0% $63.046
Preço de Venda (PV) $1.155.401
BDI (%) 28,3% $254.751
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 56
da distribuição do esforço físico estimado em 6.060 homens-hora (HH). A diferença
entre as curvas, no último período, representará o BDI aplicado de $ 254.751.
Gráfico 7 – “Curva S” do Preço de Venda (PV) e dos Custos Diretos (CD) do projeto de chafariz do Exemplo 10
Fonte: elaboração própria.
Quando o projeto estiver em execução, caso os custos de implementação aumentem sem
que se altere a Linha de Base de Custos, a empresa terá que cobrir a diferença com seus
lucros ou contingências. Mas, se a Linha de Base de Custos for alterada em consenso com
o cliente, o Preço de Venda deverá ser recalculado, para refletir a nova realidade. O
acompanhamento do projeto com o cliente poderá ser via “Curva S” do Preço de Venda,
pois este representa um gasto na ótica do cliente. No caso, se a intenção é monitorar e
acompanhar o projeto com a finalidade de avaliar o desempenho, as técnicas de EVM ou
“Curvas S” Física e Financeira poderão ser utilizadas sobre a “Curva S” do Preço de
Venda também.
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 57
11 Demonstração de Resultados (DRE) do projeto de chafariz do Exemplo 10
Por fim, a Tabela 12 apresenta a DRE do projeto de chafariz do Exemplo 10. Neste caso,
se o desenvolvimento do projeto transcorrer conforme o planejado, com Preço de Venda
(PV) ou Receita Total (RT) de $ 1.155.401, haverá um Lucro Líquido (LL) de $ 46.534,
representando 4,0% de Margem de Lucro Líquida. Mas para chegar neste resultado, além
das premissas já evidenciadas, foi assumido, adicionalmente de forma hipotética, uma
Depreciação de $ 1.000 e uma Taxa de IRPJ e CSLL de 25% sobre o LAIR.
Quando o projeto estiver em execução, caso os custos aumentem sem mudanças nas
Linhas de Base, a margem de lucro será reduzida. Diante de uma margem de lucro líquido
“apertada”, qualquer desvio colocará a lucratividade em risco. Assim, o gestor do projeto
deve atentar para importância da Gestão dos Custos integrado à Gestão de Mudanças para
realizar um planejamento, monitoramento e controle eficaz.
Tabela 12 – Demonstração de Resultados (DRE) do projeto de chafariz do Exemplo 10
Fonte: elaboração própria.
Receita Operacional Bruta (RT) $1.155.401
Tributos sobre Vendas (PIS/COFINS/ISS) $125.732
Receita Operacional Líquida (ROL) $1.029.670
Custo dos Produtos Vendidos (CT) $935.101
Lucro Operacional Bruto (LOB) $94.568
Despesas Vendas, Gerais e Adm. (DVGA) $27.020
Lucro Operacional (LO) $67.549
Depreciação (D) $1.000
Despesas Finaceiras $4.503
Lucro antes do IR (LAIR) $62.045
IRPJ e CSLL (25%) $15.511
Lucro Líquido (LL) $46.534
Margem de Lucro Líquida = LL / RT (%) 4,0%
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 58
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IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 59
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IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 61
ANEXO 1 – ESTUDO DE CASO
Planejando Prazos e Custos para uma Reforma de Apartamento com o
software Primavera Risk Analysis
Este anexo é uma versão resumida de Gandra (2013c), cujo objetivo é apresentar um
estudo de caso de uma reforma geral em um apartamento no Rio de Janeiro, em 2013,
utilizando o software, Primavera Risk Analysis (PRA), da Oracle:
• uma forma de planejar os prazos e os custos utilizando o Cronograma com
Alocação de Recursos ou Resource Loaded Schedule diretamente; e
• uma forma definir as contingências de prazo e custo através de simulação de
números aleatórios (Monte Carlo).
1 Descrição Geral do Projeto e Planejamento do Escopo
O projeto teve como escopo a reforma geral de um apartamento de dois pavimentos,
dividido em duas etapas distintas:
• Fase 1 - reforma do 1º pavimento (dois quartos, dois banheiros, um corredor e
uma escada); e
• Fase 2 - reforma do 2º pavimento (sala, varanda, cozinha, área de serviço,
reversão do quarto de serviço em sala, reversão do banheiro de serviço em lavabo).
O Projeto teve por característica ser do tipo fast track em que, o planejamento foi feito
em paralelo à execução do projeto para economizar tempo. Esta orientação foi adotada
para minimizar incômodo dos proprietários que continuaram residindo no apartamento
durante a obra. Não existiu um projeto básico formal e as especificações dos suprimentos
aconteciam na medida em que o projeto avançava. Seguem abaixo as principais premissas
e restrições adotadas no planejamento:
• os serviços de mão-de-obra foram contratados externamente;
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 62
• as atividades arquitetura e gerenciamento da obra foram executadas pelo
proprietário;
• o planejamento do escopo foi feito através de “ondas sucessivas”, isto é, o
detalhamento dos pacotes de trabalho avançava na medida em que as entregas
ocorriam;
• o software de planejamento utilizado foi o Primavera Risk Analysis (PRA) da
Oracle;
• semanalmente (todas as sextas-feiras), o desempenho da obra era medido, a ações
eram levantadas e o replanejamento era acordado junto ao empreiteiro; e
• este artigo apresenta apenas o processo de planejamento e a comparação entre o
que foi planejado e o que foi realizado (não abordando as técnicas de
acompanhamento e controle).
Apresenta-se abaixo o check list efetuado para o planejamento da obra:
• foi levantado o escopo geral do projeto;
• foram listados os pacotes de trabalho (entregas);
• foi estabelecida uma Estrutura Analítica do Projeto (EAP) coincidente com a
Estrutura Analítica de Custo (EAC) ilustrada pela Figura A1;
• foram listados os recursos necessários para executar o projeto;
• foram listadas as atividades necessárias para entregar os pacotes do projeto;
• foram feitas algumas cotações no mercado para levantamento dos prazos e dos
custos dos serviços que seriam utilizados;
• foi feito um levantamento das durações das atividades;
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 63
• foram levantados os custos de forma bottom-up (incluído os impostos) dos
serviços de mão-de-obra e dos materiais;
• os recursos foram alocados no cronograma (Resource Loaded Schedule);
• foi celebrado um contrato a preço fixo (lump sum) junto ao empreiteiro com a
descrição do escopo geral e das atividades necessárias;
• foi executada uma simulação de Monte Carlo para levantar a distribuição de
probabilidade dos custos e dos prazos do projeto; e
• foi escolhido um nível de confiança de 80% (P80) para cálculo da contingência e
definição das Linhas de Base de Prazos e Custos.
Figura A1: Estrutura Analítica do Projeto (EAP)
IE-UFRJ STUDENT DISCUSSION PAPER: GANDRA, TDD 004 - 2018. 64
2 Estimativa de Prazos e definição de Cronograma
A EAP foi inserida no software de planejamento Primavera Risk Analysis (PRA). O
calendário foi dimensionado para 5 dias úteis de trabalho (das 8:00 hs às 17:00 hs) e os
feriados do ano foram identificados como dias não trabalhados. Foram inseridas a
atividades, as relações de dependência entre elas, bem como as durações para gerar o
cronograma determinístico da obra. Neste cronograma determinístico, a data de término
da obra foi estimada para 18/10/2013, conforme Figura 2A.
Figura 2A: Cadastro da EAP, das Atividades, das Relações de Dependência e das Durações no PRA
A fim de determinar a dispersão de duração de cada atividade para gerenciar os riscos de
prazo, foram cadastrados os Valores Máximos, Mais Prováveis e Valores Mínimos. Para
todas as atividades, foi utilizada a distribuição do tipo BetaPert, conforme Figura 3A.
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Figura 3A: Cadastro das Durações Máxima, Mais Provável e Mínima no PRA
Uma vez cadastradas todas as variáveis do cronograma, foram geradas 1.000 iterações
aleatórias para determinar as distribuições de probabilidades das durações e das datas de
entrega do projeto. Os resultados obtidos estão ilustrados na Figura 4A, onde foram
registadas:
o Duração Determinística de 223 dias úteis para recebimento do
apartamento;
o Duração ao nível de confiança de 80% (P80) de 230 dias úteis para
recebimento do apartamento; e
o Probabilidade de se atingir o Valor Determinístico de 38%.
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Figura 4A: Resultado da Simulação de Monte Carlo para as durações da obra no PRA
A Figura 5A apresenta o resultado da simulação para a obra como um todo, onde foram
registadas as datas efetivas de término segundo alguns cenários de simulação, dado o
nível de confiança atribuído de cada cenário. A data de término determinística da obra foi
estimada para 18/10/2013. Já a data de término da obra com 80% de nível de
confiança (P80) foi estimada para 29/10/2013 e atribuída como a Linha de Base de Prazo
do projeto. Ou seja, na prática, foram inseridos mais 11 dias corridos como contingência
no projeto.
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Figura 5A: Resultado da Simulação de Monte Carlo para as datas da obra no PRA
3 Estimativa de Custos e Determinação do Orçamento
Com base na técnica Botton-up, utilizando o Cronograma com Alocação de Recursos, a
estimativa de custos determinística da obra foi de R$ 159.150,00 (incluindo impostos).
A Figura 6A apresenta a lista de recursos utilizados para desempenhar as atividades do
projeto e os custos unitários destes recursos. Os recursos de prestação de serviço de mão-
de-obra foram cadastrados para cada atividade no Primavera Risk Analysis e foram
calculados através da sua utilização de taxa diária. Já os quantitativos de materiais foram
levantados de acordo com projetos anteriores e de acordo com algumas cotações no
mercado. Não foi inserida incerteza nos valores dos recursos por falta de informação.
Note que Equipe de Pedreiros e de Marceneiro são recursos do tipo labor, ou seja, os
custos dependem da duração das atividades. Os demais recursos foram cadastrados como
material, significando os custos não são alterados conforme variações de prazos.
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Figura 6A: Lista de recursos cadastrados no PRA
Figura 7A apresenta a alocação destes recursos para estimativa dos custos
determinísticos do projeto.
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Figura 7A: Alocação dos recursos estimativa de custos determinísticos no PRA
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A Figura 8A apresenta a distribuição automática dos custos determinísticos de R$
159.150,00 no tempo dentro do PRA.
Figura 8A: Distribuição dos custos determinísticos da obra no tempo pelo PRA
Foi efetuada uma simulação de Monte Carlo para os custos a fim de avaliar a distribuição
de probabilidades dos possíveis resultados. A Figura 9A apresenta o resultado para a
obra como um todo, onde foram registadas:
o Estimativa Determinística de R$ 159.150,00 (com impostos);
o Probabilidade de se atingir o Valor Determinístico de 23%;
o Linha de Base de Custos com 80% de nível de confiança (P80),
chegando a um Budget at Completion (BAC) de R$ 170.750,00; e
o Contingência de Custos de R$ 11.600,00 (R$ 170.750,00 - R$
159.150,00).
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Figura 9A: Resultado da simulação de Monte Carlo para os custos da obra no PRA
Como o principal interessado (o proprietário) apresentava um perfil conservador, foi
assumido uma Linha de Base de Custos com 80% de nível de confiança (P80),
chegando a um Budget at Completion (BAC) no valor de R$ 170.750,00 para conclusão
de todo o projeto.
Até aqui, foram apresentados os passos para realização do planejamento de prazos e
custos. Como ressaltado antes, não será apresentado o processo de acompanhamento e
controle, apenas os resultados obtidos.
4 Resultados obtidos
Ao final do projeto, o custo realizado foi totalizado em R$ 177.958,00. Como foi
assumido um Budget at Completion (BAC) no valor de R$ 170.750,00, verificou-se
então um desvio geral de 4,2% (R$ 7.208 adicionais). Ou seja, os gastos extrapolaram
as metas, contudo a análise de risco contribuiu para redução deste desvio, pois se fosse
assumida apenas as estimativas determinísticas de R$ 159.150,00, o desvio teria sido de
11,8%.
Com relação aos prazos, a Tabela 1A apresenta a comparação entre a Linha de Base de
Prazo, com nível de confiança de 80% (P80), onde foi inserida uma contingência de 11
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dias corridos no cronograma, e as datas efetivas de entrega. De forma geral, a conclusão
do projeto ficou 32 dias corridos abaixo do esperado. Neste caso, se fosse adotada a data
determinística estimada em 18/10/2013, o desvio teria sido menor (21 dias). Após o final
do 1º pavimento, até recomeçar o 2º pavimento, houve uma paralização da obra de 57
dias, devido à troca do fornecedor da mão-de-obra por apresentar baixa produtividade. O
empreiteiro da primeira fase não cumpria o combinado em termos de horas trabalhadas e
quantidade de recursos. Contudo esta troca resultou em um aumento de custo da ordem
de 50% no valor da mão-de-obra da segunda fase. Embora a troca de fornecedor não
estivesse prevista no planejamento, as durações foram estimadas de forma muito
conservadora devido ao histórico do primeiro fornecedor que já havia prestado serviços
ao proprietário e aos seus familiares em outras ocasiões. Já na segunda fase, embora tenha
custado mais, o empreiteiro disponibilizou mais recursos e se esforçou para entregar antes
do prazo.
Tabela 1A: Comparação entre Linha de Base de Prazo e a data efetiva de entrega (em dias corridos)
É de boa prática na gestão de projetos que as Linhas de Base de Prazos e de Custos tenham
contingências para absorver (através da aceitação ativa) os riscos de desvios. Contudo,
não é possível contingenciar todos os riscos, pois o projeto acaba se tornado inviável e
oportunidades acabam sendo perdidas. Para os demais riscos outras estratégias
(mitigação, eliminação, transferência e aceitação passiva) poderão ser adotadas para não
onerar o projeto.