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A missão da ADIMB é a de promover o desenvolvimento técnico-científico e a capacitação de recursos humanos para a Indústria Mineral Brasileira ____________________________________________________________________________________ 04 de novembro de 2009 Este Clipping é preparado pela Secretaria Executiva da ADIMB. O conteúdo é de inteira responsabilidade dos meios de origem GRECO ASSUME GERÊNCIA-GERAL DE EXPLORAÇÃO NA VALE A Vale anunciou o nome de Fernando Martins Greco ex-Gerente Geral de Direitos Minerários e Meio Ambiente, para assumir a Gerência-Geral de Exploração Mineral no Brasil e Países não Andinos da América do Sul. Fonte: Brasil Mineral Online, nº 425 “NÃO VI E NÃO GOSTEI Não vi e não gostei. Esta foi mais ou menos a postura adotada por representantes do setor mineral com relação à anunciada, mas não divulgada, proposta do governo de criação de um novo marco regulatório para a atividade que, entre outras coisas, terá de incluir a mudança do atual Código de Mineração. A crítica principal veio a público através do Instituto Brasileiro de Mineração, que manifesta o temor de que as regras sejam mudadas sem o conhecimento e a participação dos principais atores envolvidos. O fato de o governo não vir a público para tornar claro aquilo em que está pensando, realmente é motivo de temor, porque dá a impressão de que tudo será feito “em regime de urgência”, sem o necessário debate. Publicamente, o governo não admite já ter uma proposta formulada, como afirmam alguns. Em seu discurso na abertura do 13º Congresso Brasileiro de Mineração, o ministro de Minas e Energia admitiu que estão sendo realizados estudos no âmbito do ministério, mas que nada está fechado e

GRECO ASSUME GERÊNCIA-GERAL DE EXPLORAÇÃO NA VALE

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Page 1: GRECO ASSUME GERÊNCIA-GERAL DE EXPLORAÇÃO NA VALE

A missão da ADIMB é a de promover o desenvolvimento técnico-científico e a capacitação de recursos humanos para a Indústria Mineral Brasileira

____________________________________________________________________________________ 04 de novembro de 2009

Este Clipping é preparado pela Secretaria Executiva da ADIMB. O conteúdo é de inteira responsabilidade dos meios de origem

GRECO ASSUME GERÊNCIA-GERAL DE EXPLORAÇÃO NA VALE A Vale anunciou o nome de Fernando Martins Greco ex-Gerente Geral de Direitos Minerários e

Meio Ambiente, para assumir a Gerência-Geral de Exploração Mineral no Brasil e Países não Andinos da América do Sul. Fonte: Brasil Mineral Online, nº 425

“NÃO VI E NÃO GOSTEI

Não vi e não gostei. Esta foi mais ou menos a postura adotada por representantes do setor mineral com relação à anunciada, mas não divulgada, proposta do governo de criação de um novo marco regulatório para a atividade que, entre outras coisas, terá de incluir a mudança do atual Código de Mineração.

A crítica principal veio a público através do Instituto Brasileiro de Mineração, que manifesta o temor de que as regras sejam mudadas sem o conhecimento e a participação dos principais atores envolvidos.

O fato de o governo não vir a público para tornar claro aquilo em que está pensando, realmente é motivo de temor, porque dá a impressão de que tudo será feito “em regime de urgência”, sem o necessário debate.

Publicamente, o governo não admite já ter uma proposta formulada, como afirmam alguns. Em seu discurso na abertura do 13º Congresso Brasileiro de Mineração, o ministro de Minas e Energia admitiu que estão sendo realizados estudos no âmbito do ministério, mas que nada está fechado e

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tudo será devidamente debatido com os setores interessados. Ele também expressou publicamente fortes críticas ao atual Código de Mineração, que em sua

visão está “carcomido” e favorece a atuação de especuladores, que “enriquecem à custas do bem público”. Tal afirmação provocou arrepios em boa parte da platéia, que parecia intuir, da fala do ministro, o propósito de se alterar aquilo que é considerado um dos cernes do atual código, qual seja: o direito de prioridade.

Em outras ocasiões, o titular da pasta de Minas e Energia já havia se manifestado sobre os royalties atualmente cobrados da mineração, a CFEM (Contribuição Financeira pela Exploração Mineral), os quais ele aparentemente considera baixos. Isto fez com que o empresariado também passasse a temer uma majoração desses royalties, o que certamente afetaria a rentabilidade das empresas que se dedicam à extração mineral.

Diante da grita geral em função da ausência de diálogo, o governo pareceu mudar de atitude e está programando para submeter os seus “estudos” à discussão com os atores mais diretamente envolvidos. É um bom começo. Concretizando-se a abertura do diálogo, pelo menos as críticas, que certamente vão existir, estarão focadas em pontos concretos e não em boatos ou suposições.

O importante é que todos se sentem à mesa com espírito desarmado, dispostos a analisar, ponderar, comparar, procurando harmonizar interesses particulares com os interesses mais gerais. Convém lembrar que a postura do “sou contra por princípio”, adotada por uma parcela do setor por ocasião da formulação da atual Constituição, levou a uma postura equivocada do “nacionalismo” que atrasou o desenvolvimento da atividade por uns bons anos.

Se há no setor os que “sentam sobre as jazidas” utilizando-se de artifícios possibilitados pela deficiência na legislação, deveria ser interesse daqueles que atuam seriamente na mineração combatê-los, pois do contrário o preço de suas falcatruas acabará sendo pago por todos.

Pelo lado do governo, é preciso entender que não se muda uma legislação (se a maioria chegar à conclusão que é preciso mudá-la), que está cumprindo 75 anos, assim, da noite para o dia. E que esse tipo de discussão deve estar descolada do calendário eleitoral, sob o risco de ser contaminada. Fonte: Editorial da Revista Brasil Mineral, nº 288 (Setembro de 2009). Escrito por Francisco Alves.

GOVERNO FEDERAL PODERÁ AUMENTAR SEU PODER SOBRE MINERAÇÃO O Governo Federal pretende ampliar a sua atuação na mineração brasileira. O Governo deve

enviar dois projetos de lei ao Congresso, mudando as regras para concessão de áreas para mineração e modificando os royalties pagos pelas empresas, alterando o processo de tributação.

Segundo o jornal, a intenção é ampliar a presença do Estado no setor, com a criação de uma agência reguladora e do Conselho Regional de Política Mineral. Uma das razões desta iniciativa seria acabar com o bloqueio de produção em áreas de mineração devido a projetos de pesquisa.

A proposta indica que o prazo de autorização de pesquisa será anual, com obrigatoriedade de investimento anual progressivo a partir do primeiro ano. Atualmente, uma empresa pode ficar até 10 anos com uma área bloqueada, sem produzir, após obter autorização para pesquisa. A empresa, segundo a proposta, deverá relatar ao governo após o prazo e terá um ano para exigir autorização para produzir após o projeto de pesquisa.

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Outras cláusulas, preveem definições do programa de trabalho para contratos de concessão de

lavra, prazo limitado a 35 anos com possibilidade de renovação, leilão nas áreas de relevante interesse nacional e restrição no comércio de títulos de mineração. Quando o novo marco legal entrar em vigor, todos os concessionários atuais deverão comprovar efetiva atividade, sob pena de cancelamento do título. Fonte: Folha Online

META DA UNIÃO É ESTIMULAR COMPETIÇÃO

Na linha do que o governo faz no setor de petróleo e gás, a União quer, com o novo marco do setor mineral, desenvolver trabalhos de pesquisa para valorizar suas jazidas e levá-las a leilão para elevar a arrecadação e estimular a competição no setor. Será a nova Agência Nacional da Mineração (nome provisório) a responsável por regulamentar e fiscalizar o setor. As pesquisas serão desenvolvidas pelo Serviço Geológico do Brasil, conhecido como CPRM, explica Miguel Antonio Cedraz Nery, diretor-geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

O CPRM faria pesquisas preliminares para aguçar os interesses dos investidores no leilão. A idéia do governo é executar trabalho similar ao que Eike Batista fez em pesquisas de mineração, tendo lucro elevado ao ceder os direitos de exploração após avaliar a lucratividade das jazidas. "O Estado tem de fazer uma melhor gestão desse patrimônio", diz Nery.

Entre as possíveis áreas para ir a leilão estão 847 mil hectares, que envolvem 381 processos minerais requeridos pelo CPRM junto ao DNPM. O subsolo dessas terras foi reservado pela União há décadas, por ter sido considerado de grande potencial econômico. Entre esses territórios , está boa parte do Amapá e áreas de onde se pode extrair caulim e bauxita. Com o novo marco, o governo deve levar os processos do CPRM a leilão. Goiás, Bahia e Minas já possuem sistema similar. Usam parte dos royalties para pesquisas geológicas e promovem leilões de jazidas.

O novo marco não deverá alterar os atuais direitos de lavra das mineradoras, mas os concessionários deverão comprovar efetiva atividade no prazo de um ano, para evitar cancelamento do título. Todos deverão apresentar a reavaliação das reservas e novo plano de aproveitamento econômico sustentável em até dois anos.

As cessões ou transferências de direitos deverão ser previamente aprovadas pela agência e

poderão ser recusadas, se resultarem em prejuízo ao interesse público, por exemplo, por concentração econômica.

Fonte: Valor Econômico

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LEGISLAÇÃO A Lei do Petróleo estabelece que 1% da receita dos campos de petróleo e gás sujeitos à

participação especial (aqueles que têm maior volume ou maior lucratividade) deve ser investido em pesquisa, sendo metade deste valor obrigatoriamente direcionado para instituições nacionais de ciência e tecnologia.

Com isso, hoje, a Petrobrás investe em média R$ 400 milhões, anualmente, em universidades e institutos de pesquisa do país. Fonte: Correio Braziliense

Fonte: Assessoria de Captação de Recursos – Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT)

VALE PRETENDE COMPRAR INSITEC

A aquisição de ações pela mineradora vai ajudar países da África Oriental que têm importantes reservas de carvão

A mineradora está avaliando a opção de compra de 51% da Insitec, empresa de Moçambique

dona de concessões ferroviárias e portuárias, o que viabilizaria a expansão do seu projeto de carvão (Moatize) naquele país. Ontem, a Vale assinou em Moçambique protocolo de intenções com o governo e a Insitec, acionista das empresas constituintes do Corredor de Desenvolvimento de Nacala (CDN). Participaram o ministro de Transportes e Comunicações de Moçambique, Paulo Zucula; o diretor-presidente da Vale, Roger Agnelli; e o presidente da Insitec, Celso Corrêa.

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Segundo a Vale, o objetivo é reproduzir o modelo de integração mina-ferrovia-porto usado com sucesso no Brasil. "A viabilização desse corredor logístico possibilitará a expansão da mina de carvão de Moatize, facilitando o desenvolvimento da mina de fosfato de Evate, projetos moçambicanos que estão atualmente em fase de estudo, além de permitir no futuro o escoamento do cobre a ser produzido pela Vale no Copperbelt da Zâmbia", informou a companhia.

O projeto Moatize prevê a produção inicial de 11 milhões de toneladas de carvão, que já tem logística assegurada. A compra das ações da Insitec seriam para garantir a expansão de Moatize para 24 milhões de toneladas. "Estamos examinando a viabilização de ferrovia de Moatize a Nacala, envolvendo construção de ligação ferroviária com aproximadamente 180 quilômetros de extensão entre Moatize e Lirangwe, no Malawi", informou a Vale. Além disso, "a empresa avalia a reabilitação de 730 quilômetros da ferrovia já existente, conectando o Malawi a Moçambique, e o desenvolvimento de um terminal marítimo de águas profundas em Nacala", complementou a companhia.

"O projeto vai promover o desenvolvimento da África Oriental, com destaque para países como Moçambique, Zâmbia, Malawi e República Democrática do Congo, onde existem importantes reservas de carvão, cobre e fosfato e enorme potencial agrícola", declarou na nota o presidente da Vale, Roger Agnelli, que anunciou investimentos de US$ 12,9 bilhões para 2010.

O executivo tem sido pressionado pelo governo brasileiro para investir mais no Brasil, que receberá 63% do total anunciado. Agnelli tem demonstrado porém que a companhia também precisa se expandir internacionalmente. Além do protocolo em Moçambique, a Vale participa de uma licitação na Mongólia, também para exploração de carvão. Fonte: Correio Braziliense

BALANÇO DO 3O TRI DA VALE TRAZ CONFIANÇA NA RETOMADA O resultado da Vale no terceiro trimestre ainda está bem longe da robustez de antes da crise,

mas a volta das compras na Europa e a recuperação de venda do segmento de ferrosos, o carro-chefe da companhia, sinalizam com maior otimismo para o quarto trimestre do ano.

Depois de amargar um segundo trimestre morno, os números da empresa voltaram a esquentar com o aumento de vendas de minério e pelotas, esta última uma surpresa positiva do balanço do terceiro trimestre com vendas subindo de 4,8 para 9,2 milhões de toneladas.

O peso do segmento de ferrosos que havia caído para 52,8 por cento na receita da companhia subiu para 62,6 por cento no terceiro trimestre, bem próximo dos 65,8 por cento no mesmo período do ano passado, um trimestre antes do agravamento da crise financeira.

A volta de um certo vigor na Europa também ajudou a aumentar o grau de otimismo para o futuro da companhia, que este ano teve que reduzir o preço do minério de ferro de 28 (minério) a 48 (pelotas) por cento, mas que para 2010 pode contar novamente com uma elevação de preços por conta do crecimento da demanda.

O mercado gostou também de ver a redução da importância da China no portfólio da companhia, que havia crescido no auge da crise.

No terceiro trimestre, a Europa, forte compradora de pelotas, minério semiprocessado com maior valor agregado, teve o seu impacto na receita da Vale elevado dos 13 por cento do segundo trimestre para 17,2 por cento. A Alemanha, maior importadora europeia do minério de ferro brasileiro, subiu de 2,5 para 4,1 por cento, na mesma comparação.

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Os números ainda não são tão equilibrados como antes da crise, quando a China contribuía com 20,1 por cento da receita, a Europa 24,6 por cento e a Alemanha 7 por cento, mas já é um bom caminho, na avaliação de analistas.

"Fico mais tranquilo de indicar a compra (de ações da empresa) agora. O resultado do terceiro trimestre é fruto da retomada da produção mundial, mostrou que a Europa está se mexendo", avaliou Antonio Emilio Ruiz, do Banco do Brasil.

As ações da empresa reagiram bem aos números de julho a setembro, que apontaram lucro de 3 bilhões de reais contra 7,7 bilhões de reais um ano antes (ajustados pelo IFRS). Por volta das 12h15, as preferenciais subiam 5 por cento, enquanto o Ibovespa ganhava 3,6 por cento.

O aumento de margem Ebitda, com a melhora de preços dos metais, sinaliza com trimestres melhores pela frente. Nem mesmo a queda de venda em volume de níquel --segundo produto da companhia e cuja produção foi afetada pela greve nas unidades da Vale no Canadá-- abateu o ânimo com o futuro.

A margem Ebitda, que mede a relação entre o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da Vale subiu de 32 para 46 por cento do segundo para o terceiro trimestre.

"A visão que fica agora é que nos próximos trimestres a China não vai ter tanto peso na receita, o que é positivo", afirmou Pedro Galdi, da SLW. "O otimismo com a recuperação está se concretizando", estimou.

As perspectivas para o quarto trimestre são de vendas crescentes, mas em um ritmo menor do que ocorreu do segundo para o terceiro trimestre, segundo a percepção dos analistas.

"A velociadade de crescimento daqui para frente poderá ser menor, mas vai continuar subindo", disse Ruiz, do BB. Fonte: Agência Reuters

MINERAÇÃO: VALE PRETENDE EXPLORAR LÍTIO NA BOLÍVIA A Vale deverá tentar formar parceria com a Bolívia com objetivo de explorar o maior depósito

de lítio do mundo, informou o diretor de Mineração boliviano, Freddy Beltrán. A Vale seguiu com as especulações no início de 2009 com o ministério boliviano depois que,

pelo menos, três outros grupos fizeram propostas para participar do desenvolvimento do depósito de lítio no sul da Bolívia, afirmou Beltrán em entrevista concedida ontem em La Paz.

O lítio é usado na fabricação de baterias de produtos eletrônicos portáteis como celulares e pode mover carros elétricos. Fonte: Bloomberg

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VALE ENTREGA FERRAMENTA PARA CONTROLAR INCÊNDIOS NO PARÁ

A Vale entregou à Secretaria de Meio Ambiente do Estado do Pará um equipamento para monitorar incêndios florestais. O SMI-Pará é uma ferramenta de informação geográfica, desenvolvida pela empresa para ampliar o alcance e a eficiência das ações de controle de incêndios florestais promovidas pelo Governo do Estado do Pará. A Vale investiu R$ 2 milhões no equipamento, que irá processar e classificar imagens de satélite com resolução espacial mínima especificada de todo o estado. Essas imagens servirão de base para a interpretação do tipo de vegetação e do solo que possibilitarão o desenvolvimento do mapa de suscetibilidade a incêndio florestal diário.

Para utilização do equipamento haverá transferência de tecnologia através do treinamento de

25 técnicos indicados pela SMA do Pará, nas áreas de Geotecnologias, Infraestrutura de Rede, Bando de Dados e WEB voltados para operação do SMI-Pará. A expectativa é que o sistema comece a funcionar até o final do ano. Fonte: Brasil Mineral OnLine, nº422

VALE CRITICA POSSÍVEL TAXAÇÃO A VENDAS EXTERNAS A Vale não considera positiva a possível taxação das exportações de minério de ferro para

estimular a produção de aço no país. Para o diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da mineradora, Fábio

Barbosa, a história econômica mostra que tal medida tem mais efeitos negativos que vantagens para o país.

"Não estou falando só sobre mineração, mas em geral. A taxação das exportações não contribui para o país no longo prazo, como a experiência mostra em várias economias", disse Barbosa.

A possibilidade de taxação das exportações de minério de ferro foi levantada por integrantes do governo federal, interessados que siderúrgicas do país agreguem valor ao minério de ferro produzido pela companhia. Membros do governo têm cobrado da Vale investimentos em siderurgia no Brasil.

Atualmente, a mineradora participa do capital da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA), em parceria com a alemã ThyssenKrupp. A empresa também tem projetos para o desenvolvimento de siderúrgicas no Ceará e no Pará.

Barbosa considerou natural o debate sobre a mudança dos royalties cobrados no setor mineral, pleito levantado pelo ministro de Minas e Energia, Edison Lobão. Fonte: Valor Online

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EMPRESÁRIOS CRITICAM A INTERFERÊNCIA DE LULA NA VALE As gestões, articulações, pressões e ingerências que o governo federal, mais especificamente o

presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vem fazendo na direção de trocar o comando da Vale, a maior empresa privada do Brasil, recebeu críticas duras do empresariado capixaba.

"Quem deve decidir a substituição de um executivo em uma empresa é o Conselho Deliberativo formado pelos acionistas dessa mesma empresa", avisa o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Lucas Izoton. A atitude do presidente Lula, segundo ele, caracteriza "uma ingerência em uma empresa que tem apresentado bons resultados depois de sua privatização", definiu.

Para o presidente da ONG empresarial Espírito Santo em Ação, Walter Lídio Nunes, a postura do presidente "é preocupante". A Vale, destacou, "não é mais uma empresa estatal e não pode estar subordinada aos interesses do Estado", disse. A companhia, repetiu, tem que estar subordinada aos interesses dos acionistas, que representam uma parte da sociedade.

Segundo ele, uma empresa que esteja dentro da lei, que esteja exercendo seu negócio dentro da legislação em vigor, tem que buscar seus interesses, que é a lógica do sistema empresarial. Uma empresa, explicou, pode dialogar com o governo, ou com as partes interessadas em busca da contemporização dos seus interesses, mas o diálogo tem que ser exercido "com plena liberdade de acordo com o que a legislação estabelece".

Riscos Uma interferência desse tipo "é preocupante", enfatiza Nunes, porque deixa a entender que

está em curso um processo de "reestatização da Vale". A forma como esse tipo de política se desenvolve dentro desse conceito "foge das práticas éticas", destaca o presidente da ONG Espírito Santo em Ação. E ali, alerta, há uma mistura perigosa entre o papel do Estado e o papel do setor empreendedor.

Na avaliação de Nunes, cada um dos lados deve desempenhar o papel que lhe compete. "O Poder Executivo tem que tratar da governança pública e à empresa cabe o papel do desenvolvimento econômico", determinou.

Ele lembrou ainda que a Vale é uma empresa privada que tem ações na Bolsa de Valores e que boa parte da sociedade tem recursos aplicados na mineradora, inclusive dinheiro do FGTS, convertido em ações.

Para o presidente da Findes o normal, o correto é que políticos "não deveriam emitir opinião e tentar influenciar no comando de empresas privadas, principalmente aquelas que têm ações na Bolsa, porque podem gerar problemas para os investidores e até para a própria empresa".

O presidente do Sindicato dos Ferroviários, que representa os trabalhadores da Vale, João Batista Cavalieri, disse que toda expectativa dos empregados da Vale está voltada para a negociação coletiva, em curso. "Esperamos que toda essa discussão, todo esse disse-me-disse não venha atrapalhar ou dificultar o processo de negociação na qual o trabalhador está com expectativa de ganho real", destacou.

Eike Batista desconversa sobre Vale Após criticar abertamente o diretor-presidente da Vale, Roger Agnelli, e de declarar que

mantém interesse em um lote de ações que a Previ (fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil) tem na mineradora, Eike Batista, recuou o discurso contra o diretor-presidente da Vale e declarou que não pretende mais falar sobre possíveis negociações entre o grupo EBX e a Previ.

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Eike também não confirmou, nem negou, que tenha participação de um plano orquestrado pelo presidente Lula para desestabilizar a presidência da Vale. O presidente do grupo EBX foi um dos empresários convidados a participar do Painel Empresarial 2009, que foi realizado ontem, em São Luís, com o objetivo de discutir novos negócios no Maranhão.

Questionado sobre possíveis negociações entre o grupo EBX para compra de ações da Previ , Eike desconversou: "(em relação à Previ) Isso a gente não comenta. O dia está tão bonito hoje...", brincou o executivo. Já sobre a possível investida de Lula contra o presidente da Vale ou sobre uma eventual possibilidade de substituir Agnelli no comando da mineradora, Eike foi ainda mais evasivo.

"Olha, o dia está lindo hoje. Hoje é dia do Maranhão. Vamos falar apenas no Maranhão", disse, sem disfarçar um sorriso do rosto ao ser questionado sobre o assunto. No início da semana, Eike afirmou que via na Vale "diamantes não polidos".

Ele também confirmou o seu interesse em manter o controle acionário da mineradora declarando que "a Vale é o sonho de qualquer minerador". Durante o Painel Empresarial no Maranhão, Eike não teceu novas críticas à mineradora, mas voltou a endossar o discurso nacionalista que tanto tem agradado ao presidente Lula.

"A nossa cultura empresarial não pensa para frente. Eu penso 50 anos adiante", afirmou Batista. No Maranhão, o grupo EBX deverá investir, nos próximos quatro anos, aproximadamente R$ 1,8 bilhões nos próximos seis anos. Destes, R$ 1,5 bilhões na construção de uma usina termelétrica a carvão com capacidade de geração de 360 MWh e mais R$ 300 milhões em pesquisas para exploração de gás na bacia do Pará-Maranhão. Também devem ser investidos R$ 60 milhões em pesquisas para exploração de gás na bacia do Parnaíba.

Potência 4,6% de alta É quanto subiram ontem as ações ordinárias da Vale, apesar da polêmica sobre a troca de

direção da empresa. R$ 9,5 bilhões É quanto a mineradora vai investir em Minas Gerais, em uma mina e duas usinas de

beneficiamento de minério. DEM quer colocar Agnelli e Eike cara a cara A guerra entre o comando da Vale e o Palácio do Planalto transformou-se num novo campo de

batalha entre governo e oposição no Congresso. O DEM agora quer colocar cara a cara o presidente da Vale, Roger Agnelli, e o empresário Eike Batista, presidente do Grupo EBX.

Por iniciativa do deputado Índio da Costa (RJ), o partido encaminhou ontem dois requerimentos à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para convidar os principais personagens envolvidos no tema para discutir eventual interferência política na gestão da mineradora.

"Já não é mais segredo a pressão que o governo tem feito sobre a atual diretoria da Vale. O próprio presidente Lula vem tentando desestabilizar o competente corpo dirigente da companhia", disse Índio da Costa.

Roger Agnelli: "ajuste forte" foi feito em meio à crise Belo Horizonte O presidente da Vale, Roger Agnelli, comentou ontem, durante pronunciamento em solenidade

no Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte, os cortes de custos promovidos pela mineradora em razão da crise financeira mundial. "Fizemos ajustes doloridos e relativamente fortes nas nossas operações", disse Agnelli.

De acordo com ele, na ocasião, a companhia "não tinha nenhum horizonte". No entanto, nos últimos meses, conforme o executivo, a sinalização é de que a situação econômica mundial mudou e a China vem mantendo o ritmo forte que deve se sustentar nos próximos anos.

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"Isso nos dá um conforto muito grande para fazer investimentos mais ousados e mais audaciosos", disse o executivo em seu discurso, na solenidade em que foram anunciados projetos de investimentos de R$ 9,5 bilhões da mineradora no Estado. Agnelli, que se reuniu com o governador Aécio Neves (PSDB) antes do anúncio, não conversou com a imprensa. Fonte: Agência SEBRAE

NOVA AMEAÇA À VALE Às voltas com um inferno astral no campo político desde que o presidente Lula passou a

pressionar pela troca de comando na Vale, o presidente da empresa, Roger Agnelli, tem pela frente uma nova batalha, desta vez na área técnica. Os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento alinhavam nos últimos dois meses a imposição de um imposto sobre as exportações brasileiras de minérios, com alíquota de até 5%. Das 296 milhões de toneladas vendidas pelo Brasil no exterior, que renderam US$ 22,8 bilhões em 2008, 60% a 70% são de minério de ferro — principal item da pauta exportadora da Vale, que concentra 79% da produção no mercado nacional. Atualmente, o couro é o único produto brasileiro cuja venda ao exterior é tributada.

A medida é uma alternativa à proposta do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, de elevar os royalties pagos por todo o setor de mineração — o imposto seria recolhido apenas pelo exportador. Este é um dos principais pontos do projeto do novo Código Brasileiro de Mineração, que está sendo formatado pela pasta. Mesmo que a tributação não vingue, a Vale será afetada pelo aumento dos royalties, reduzindo na margem sua competitividade.

Caberá à Câmara de Comércio Exterior (Camex) examinar e dar aval à taxação das exportações. De um lado, os defensores do tributo argumentam que as cadeias produtivas que dependem do

minério de ferro — com ênfase para o setor siderúrgico, que abastece áreas estratégicas como a automotiva e a de construção civil — serão atingidas pelo aumento de royalties, o que poderá desestimular investimentos.

O ônus seria repassado ao consumidor final, provocando repiques na inflação. O único temor é que o Imposto de Exportação, que seria transitório, passe a compor a

expectativa anual de receita orçamentária — ou seja, o governo não abriria mão desses recursos. Foi o que aconteceu na Argentina, que não sobrevive mais sem a tributação de commodities

como soja e milho, adotada há cerca de dois anos pela presidente Cristina Kirchner, para garantir o abastecimento interno.

Setor privado é contrário à medida Além disso, o minério de ferro tem fatia de 9% do total exportado pelo país. Garantiu, somente

no período de janeiro a setembro de 2009, uma receita maior que US$ 10 bilhões. Uma fonte destacou que, se aprovado o imposto, que pode ficar entre 4% e 5%, a tributação

não atingirá somente o minério de ferro. Outras commodities exportadas pelo Brasil, como bauxita, alumínio, manganês, cobre e níquel, também serão atingidas.

Um técnico observou que a China já aplica o imposto sobre esses itens, para assegurar o abastecimento interno.

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No Brasil, a idéia de elevar os royalties — que são distribuídos às cidades afetadas pela atividade — seria turbinar a arrecadação, que atualmente é de apenas R$ 500 milhões.

Na defesa pelo aumento de royalties incidentes sobre o setor de mineração, Lobão tem afirmado que um dos objetivos é igualar o Brasil a outros países, como Austrália, nosso principal concorrente no mercado externo.

As empresas mineradoras, como Vale e MMX, e o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) evitaram comentar a medida. Outros representantes do setor privado, como a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e o Instituto Aço Brasil (IABr, antigo Instituto Brasileiro de Siderurgia), se posicionaram contra a criação do imposto.

— Sou completamente contra isso. Neste momento, o mundo virou uma bolsa de mercadorias em que as cotações das

commodities sobem e descem, muitas vezes movidas por especulação. Além disso, o imposto de hoje pode virar um confisco amanhã — afirmou o vice-presidente da

AEB, José Augusto de Castro. O vice-presidente do IABr, Marco Polo de Mello, disse não concordar com nenhuma das

alternativas. O aumento de royalties encareceria o processo produtivo como um todo, retirando competitividade da indústria brasileira. A tributação da exportação de minérios teria um efeito nocivo sobre as exportações brasileiras.

— O minério de ferro é uma commodity que está em competição no mundo inteiro, e isso demonstra que o governo só está preocupado em arrecadar — afirmou.

O setor siderúrgico já está sob a ameaça dos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Miguel Jorge, de perder a proteção que conseguiu há cerca de dois meses, com a redução das tarifas de importação.

O imposto foi aumentado para atender à preocupação das indústrias, que apontavam o aumento das importações e a perda de exportações em mercados vizinhos para a China. Mas foram acusadas pelo setor automotivo de reajustar indevidamente seus preços.

— Já asseguramos que não houve reajuste. Não aceitamos ser usados como instrumento para venda de outros segmentos — disse Marco Polo.

A medida também irá aumentar ainda mais a carga tributária que incide na mineração. Levantamento feito em 2008 pela consultoria Ernst & Young, para o Ibram, aponta que o Brasil é o país que cobra a maior carga tributária sobre 12 minérios, na comparação com outras vinte nações concorrentes no mercado internacional.

O Brasil é o campeão na cobrança de impostos sobre seis minérios (zinco, cobre, fosfato, níquel, potássio e rochas ornamentais), cobra a segunda maior carga sobre outros cinco (bauxita, carvão mineral) e é o terceiro em minério de ferro, atrás da Venezuela, que tem produção irrisória, e da China, que consome tudo o que produz. Fonte: Jornal O Globo ____________________________________________________________________________________

LULA DESISTE DE TIRAR AGNELLI, MAS QUER INFLUIR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalia que não vale a pena comprar uma briga com o Bradesco para derrubar Roger Agnelli do comando da Vale. No entanto, faz pressão para influenciar

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nas decisões estratégicas da empresa e nos seus planos de investimento. E apoia o desejo de fundos de pensão de estatais federais de derrubar diretores da mineradora.

A situação política de Agnelli já esteve pior no governo. O armistício entre Lula e ele foi selado em agosto, como revelou a Folha. O presidente desidratou as ameaças de bastidor pela troca de comando, mas manteve a pressão para influenciar nos rumos da Vale.

É nesse contexto que deve ser entendida a nova tensão entre a cúpula do governo e a Vale. Lula e ministros que antipatizam com a gestão de Agnelli, vista como mera exportadora de minério cru, bombardeiam pública e reservadamente o comando da Vale. Uma eventual entrada de Eike Batista na empresa é vista com simpatia pelo presidente e por ministros, mas eles sabem das dificuldades para que isso aconteça.

Por um acordo de acionistas, o Bradesco indicou Agnelli à presidência da Vale. Como o banco recusou a proposta de Eike pela sua participação na empresa, esse caminho está, por ora, inviabilizado. A venda de parte de ações dos fundos para Eike, discutida reservadamente e negada publicamente ontem pelo empresário, não é uma operação simples.

Por direito de preferência, os fundos precisariam oferecer suas ações ao Bradesco e ao grupo japonês Mitsui. Uma empresa em valorização, num momento de recuperação econômica, seria vista por esses sócios como uma oportunidade. Um ministro diz que provavelmente os fundos teriam de vender ações a seus sócios. Mais: é do interesse dos fundos manter as suas participações.

Ciente dos limites práticos na disputa com Agnelli, Lula investe na pressão política. Lula e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, argumentam que uma empresa que tem

participação de capital público tem de ouvir a opinião do governo ao explorar reservas minerais estratégicas e não-renováveis. Daí Eike ter ganho pontos com Lula e Dilma, pois apresentou uma visão de gestão da empresa mais afinada com o que pensa o governo: agregar valor ao minério.

A ofensiva de propaganda da Vale para dizer que investia no Brasil desagradou ao presidente porque soou como uma resposta. Agnelli é descrito como arrogante e ingrato a Lula, que o teria prestigiado antes da crise e não teria encontrado apoio numa hora difícil.

O presidente se queixa de que a atitude conservadora da Vale no início da crise, demitindo e cortando investimentos, gerou uma expectativa negativa em cadeia no setor privado e dificultou os planos do governo para gerenciar a crise.

A tendência é que ocorra acomodação política, com Lula e Agnelli cedendo. A troca de pelo menos um diretor da empresa poderá ser uma resposta aos fundos de pensão, a fim de acalma-los. Mas é algo que, depois da pressão pública pela queda, torna a operação mais difícil, pois transmite ideia de ingerência do governo na maior empresa privada do país. Fonte: Folha de São Paulo

OIAPOQUE, BASE DE APOIO DA GARIMPAGEM ILEGAL NA GUIANA FRANCESA

De chinelo, short azul e camiseta marrom desbotada, Bernardo senta-se à beira de uma rua

poeirenta, em uma cadeira de plástico. Ele chegou há alguns dias a Oiapoque, na margem brasileira de Oyapock, rio fronteiriço com a Guiana Francesa. "Estava há dois meses na Guiana Francesa, em um

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garimpo clandestino. Fiz dezesseis gramas de ouro, mas a polícia me prendeu e pegaram meu ouro", ele conta sorrindo, apesar do ar cansado.

Depois de receber cuidados no hospital de Caiena por causa de um ferimento decorrente de sua fuga, ele voltou para Oiapoque, na esperança de tentar novamente a sorte na margem guianesa. "Tenho 41 anos, e faz 17 anos que faço isso. Minha vida é a garimpagem", conta esse homem que veio do Maranhão, um dos estados mais pobres do Brasil.

Desde o início dos anos 1990 e com a nova corrida do ouro na Guiana Francesa, milhares de garimpeiros passaram pelo Oiapoque, ao norte do Estado brasileiro do Amapá, que compartilha uma fronteira com a Guiana Francesa ao longo de 700 quilômetros, em uma região de floresta primária quase deserta. Em vinte anos, a população da cidade fronteiriça triplicou, chegando hoje a 21 mil pessoas.

À beira do rio, no Oiapoque, cerca de doze postos comerciais compram o ouro extraído - ilegalmente ou não - na floresta guianense. Com a chegada de um jornalista, os rostos se fecham, e os gerentes estão sempre ausentes. Na Receita Federal, a recepção é melhor. "O ouro é declarado em nossos serviços pelos cinco postos comerciais de Oiapoque autorizados pelo Banco Central do Brasil", explica um agente. "A partir daqui, a mercadoria se torna oficial".

Nos documentos fornecidos pelos postos comerciais, a origem do ouro declarado é "Oiapoque", um município onde, entretanto, não há garimpagem. "Sabemos que esse ouro não é extraído no Brasil, e sim na Guiana Francesa", reconhece o agente alfandegário, que mostra uma tabela: desde 2003, quase sete toneladas de ouro foram declaradas em Oiapoque. Na passagem, o Estado deduz uma taxa de 1%. E antes de 2003? "Não temos estatísticas", ele responde.

"Praticamente todo o equipamento para os garimpos clandestinos parte de Oiapoque", admitem na alfândega. "A maioria do material atravessa a fronteira sem documentos oficiais, então sua saída é ilegal", diz o agente alfandegário, que ressalta a fragilidade dos meios de controle do local.

Posto de controle Sob a janela da alfândega, uma loja administrada pelo prefeito do município oferece justamente

"tudo para a garimpagem, exceto os motores", segundo um empregado. "Nós vendemos um pouco de tudo aos garimpeiros clandestinos: comida, mangueiras, cordas... Nosso comércio é legal, mas quando a carga sobe o rio para os garimpos clandestinos, ela se torna ilegal", reconhece o prefeito, Aguinaldo Rocha.

Desde que se iniciou o aumento da repressão sobre a garimpagem clandestina na floresta guianense - com as operações Harpie 1, em 2008, e depois Harpie 2, em 2009 - , os negócios não são mais os mesmos na margem brasileira. "Nossa atividade de garimpagem caiu 90%", lamenta Reginaldo Quaresma, gerente de uma loja que vende motores aos garimpeiros.

Desde março, o exército brasileiro mantém um posto de controle rio acima, para limitar a atividade dos garimpos clandestinos da Guiana Francesa, que transita por Ilha Bela, vilarejo implantado ilegalmente na margem brasileira do Oyapock, em pleno parque nacional das montanhas de Tumucumaque. "Durante muito tempo o poder público esteve ausente da região de Oyapock", constata Christoph Jaster, responsável pelo parque.

"As quantidades de ouro vendidas para Oiapoque podem ser duas ou três vezes maiores, se levarmos em conta o ouro não declarado", afirma Romain Taravella, encarregado da filial guianense do WWF, que está concluindo um relatório sobre os circuitos de venda do ouro guianense. "Então, a cada ano, podem estar sendo produzidas de 2 a 6 toneladas de ouro na Guiana Francesa, exportadas ilegalmente ao Brasil, onde elas são 'esquentadas'", ele calcula.

Sua investigação também revela a existência, no município brasileiro, de cerca de doze pequenos postos comerciais que coabitam com as cinco empresas oficiais e podem fazer o papel de bancos para os garimpeiros clandestinos. "Esses postos comerciais compram material para os garimpeiros - combustível, alimentação, bombas, motores - e administram a expedição até o local de

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extração ilegal na Guiana Francesa, com os garimpeiros pagando sua parte sobre o ouro vendido no posto comercial", explica Taravella.

Para lutar contra a exploração do ouro ilegal, a WWF pede por uma melhor "rastreabilidade" do ouro guianense. Contatada em Brasília, a direção da alfândega brasileira indica "já ter tomado conhecimento do assunto" que está "sendo tratado", mas se recusa a fazer qualquer comentário, escondendo-se atrás do "segredo fiscal".

Oiapoque também oferece um escoadouro discreto para alguns operadores de minério da Guiana Francesa, que tendem a sub-declarar sua produção local. "Mas essa evasão se tornou marginal hoje", conta um operador guianense. Fonte: Le Monde

INVESTIMENTO NA ÁFRICA

Os recursos minerais africanos valem 46,2 bilhões de dólares. Com 12 por cento deste valor, a África poderia financiar a construção de infra-estruturas do nível europeu.

“A terra é um precioso dom de Deus à humanidade. Os padres sinodais dão graças a Deus pelos

abundantes e ricos recursos naturais da África. Mas, estes afirmam que os povos da África, ao invés de usufruir deles como bênçãos e fontes de real desenvolvimento, são vítimas de uma má gestão pública da parte das autoridades locais e da exploração da parte de poderes estrangeiros”. É o que se lê na lista final das propostas da Assembléia especial para África do Sínodo dos Bispos entregue ao Papa. Mas, quanto valem os recursos africanos? Segundo David Beylard, um estudioso congolês, que publicou uma pesquisa em “As Áfricas” (uma revista econômica pan-africana), o total das riquezas africanas é da ordem de 46,2 bilhões de dólares. “O valor financeiro das jazidas africanas de matéria prima, até agora descobertas, é de 46,2 bilhões de dólares! Por que a África não consegue valorizar uma riqueza como esta, que equivale a 13 vezes a renda anual da China? Um patrimônio largamente suficiente para transformar o continente em umas primeiras potências mundiais”, escreve Beylard. Com 12 por cento deste valor, a África poderia financiar a construção de infra-estruturas de nível europeu.

Uma das causas da falta de desenvolvimento da África é o modelo econômico estruturado sobre a finança especulativa. Segundo o estudioso, de fato, “algumas sociedades mineradoras sem meios adequados, às vezes até sem mão de obra, nem escritórios, pertencentes a acionistas anônimos, registradas em paraísos fiscais, conseguem convencer, graças a promessas e a estratagemas, os governos africanos a lhes confiar enormes concessões de mineração. Uma vez o contrato assinado, estas sociedades se precipitam em bolsas pouco regulamentadas, geralmente canadenses, para usufruir de seus títulos africanos e embolsar os lucros antes mesmo que um grama de mineral seja extraído da concessão que lhes foi confiada”.

Na prática, cria-se no papel uma riqueza garantida dos recursos africanos, sem que estes sejam realmente desfrutados e, principalmente, sem que tragam reais benefícios aos africanos. Uma situação escandalosa, se pensarmos que o sistema financeiro internacional continua a exigir o pagamento dos juros sobre as dívidas contraídas pelos países africanos. “Por que dar tão pouco crédito à África, que

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dispõe de um patrimônio de recursos naturais gigantescos, capazes de assegurar a solvência muito além de suas necessidades? Enquanto o sistema financeiro internacional aceita investir em sociedades ocidentais, anônimas, opacas, privadas de competência e de capital, somente com a garantia de um contrato africano?”, pergunta Beylard.

Segundo um estudo efetuado por uma sociedade de consulta, especializada nos investimentos na África, no continente existem 10 milhões de jazidas de matéria prima (seja na terra firme como no mar), mas somente 100 mil são exploradas, com 9,9 milhões de jazidas, ou seja, 90 por cento do total, que não são valorizadas. No entanto, são conhecidas e catalogadas por um banco de dados, que utiliza uma das mais avançadas tecnologias em satélite e informática. A situação poderia mudar, graças também à “fome” de energia de matérias primas dos países asiáticos. No entanto, é preciso vigiar bem para que não se veja uma nova “corrida à África” da parte de grandes e médias potências, com o risco de provocar novas guerras para o controle dos recursos estratégicos. “Hoje existe uma estreita conexão entre o desfrute dos recursos naturais, o tráfico de armas e a insegurança mantida deliberadamente”, afirmam os padres sinodais. “Nós solicitamos às instituições da Igreja que atuam naquelas sociedades, para que façam pressão com o objetivo de obter que aquelas populações administrem diretamente seus recursos naturais. Da sua parte, a Igreja buscará instituir nas várias nações do continente uma central de monitoramento da gestão dos recursos naturais”. Fonte: Agência Fides

DNPM

Está nos planos da ministra Dilma Rousseff transformar o Departamento Nacional de Produção Mineral numa agência para controle do setor mineral. Com 1,2 mil funcionários efetivos, o DNPM elabora relatório para subsidiar a transformação. Dilma conhece a estrutura funcional do órgão, visto ter sido ministra de Minas e Energia. Fonte: Correio Braziliense

HUGO CHÁVEZ TOMA CONTROLE DE PROJETO DE OURO DA GOLD RESERVE

It's official: the government of Venezuela has seized control of the Gold Reserve Inc.'s Brisas gold project.

The company said Tuesday that officials showed up at the Brisas site to declare ownership of the project. The move was not a surprise, as Hugo Chavez's government made it clear that Gold Reserve would never get approval to build a mine at Brisas.

Venezuela appears to favour rival Canadian company Rusoro Mining Ltd. as its joint venture partner in gold mining.

Just last week, Gold Reserve filed for international arbitration over Brisas, saying its investments in Venezuela were "unlawfully and effectively taken" by the government. Gold Reserve's Brisas project

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sits next to the Las Cristinas gold project, where Canadian company Crystallex International Corp. has also been blocked from development by the government.

Crystallex spokesman Richard Marshall said Tuesday that the company is unaffected by the Brisas takeover. Crystallex is also contemplating international arbitration. Fonte: The Finatial Post

MINING DONATIONS BENEFIT UNIVERSITIES

Kinross Gold founder and Queen’s University alumnus Bob Buchan donated $10 million to his alma mater’s mining department. It is the largest donation to mining education ever made in Canada.

Some $2 million is to be directed toward curriculum, course materials and distance learning. Part of the donation will be used to teach students about the social and environmental responsibilities of the mining industry. About $8 million will endow academic and staff positions.

The mining department, estabilished in 1893 and one of the largest in North America, will be renamed the Buchan Department od Mining.

Also, the University of Toronto announced a $20-million centre for mining innovation. About half the amount will come from the federal and provincial governments, with the balance being raised from private donations. Fonte: PDAC – In Brief

POLÍTICA MINERAL II - SOMENTE EMPRESAS PODEM REQUERER ÁREAS

Somente poderão requerer área para pesquisa empresas legalmente constituídas. Atualmente, qualquer pessoa pode requerer uma área e isto, segundo o governo, possibilita muita especulação, já que há empresas que utilizam funcionários para fazer requerimentos em seu nome – o que lhe permite ampliar consideravelmente o número de áreas sob seu controle – e também há diversos indivíduos que requerem as áreas para repassá-las no futuro a empresas interessadas. “Tivemos queixas de empresas internacionais que vieram para o Brasil e não dispunham de áreas livre para requerimento, tendo que pagar às vezes preços escorchantes por um simples direito de prioridade sobre a área”, afirma Scliar. Para tentar inibir o problema da indisponibilidade de áreas para pesquisa, em função do elevado número de requerimentos, há alguns anos o governo introduziu a Taxa Anual por Hectare, paga anualmente. No entanto, essa taxa é considerada baixa e, por ser fixa, não serviu para impedir que muitos detentores de direitos de pesquisa segurassem suas áreas, mesmo sem ter realizado a pesquisa. Por esta razão, as novas regras incluem uma taxa anual progressiva, ou seja, será mais elevada quanto maior for o tempo que a empresa mantiver a área. O direito de prioridade – isto é, a área será daquele que primeiro a requerer – será mantido, porém a cessão dos direitos sobre uma área somente poderá ser feita mediante a anuência da agência reguladora. O governo também pretende criar o que chama de “áreas de relevante interesse mineral”, entendendo-se como aquelas que têm

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potencial para gerar empreendimentos de grande importância econômica e social. Nestes casos, o que se pensa é ofertar as áreas em bloco, para aqueles que fizerem a melhor oferta, respeitando-se os direitos adquiridos. A agência reguladora também poderá estabelecer a limitação das áreas a serem requeridas por uma mesma empresa. Na etapa de lavra, o atual sistema de concessão seria substituído por um outro que prevê contrato, com vigência de até 35 anos e com regras pré-estabelecidas não só em termos de aproveitamento da jazida mas também em termos socioeconômicos e ambientais. Pretende-se, também, estabelecer a exigência de audiência pública para os grandes empreendimentos mineiros. Hoje são comuns as audiências públicas para efeito do licenciamento ambiental, mas não para a concessão da lavra. O royalty cobrado pela atividade de mineração poderá ser diferenciado, gravando-se menos aquelas empresas que promovam a maior transformação do bem mineral. Ou seja, quem agregar mais valor, paga menos. Por fim, deverá ser estabelecido um período de transição entre as regras atuais e as novas regras, a fim de que todos possam se adequar.

Fonte: Brasil Mineral OnLine n°424

POLÍTICA MINERAL III – SÍNTESE DAS MUDANÇAS ANUNCIADAS

As principais mudanças propostas para a mineração são as seguintes: Será criado o Conselho Nacional de Política Mineral; Deverá ser criada a Agência Nacional de Mineração, que incorporará a estrutura atual do DNPM, com quadro técnico reforçado; Pretende-se manter o direito de prioridade. No entanto, somente as pessoas jurídicas poderiam requerer áreas para pesquisa. No caso dos garimpeiros, eles poderiam fazer solicitações via cooperativas; Seriam estabelecidas áreas consideradas de relevante interesse mineral; Ao invés de concessões de lavra seriam adotados contratos, com prazo variável em torno de 35 anos; As áreas passariam a ser concedidas através de oferta pública monetarizada, de forma similar à praticada hoje pela ANP para as áreas de petróleo; O prazo para a pesquisa seria de no máximo cinco anos, sem prorrogação. Após esse prazo, quem não tiver realizado a pesquisa terá que abrir mão das áreas; A taxa anual por hectare passará a ser progressiva: quanto mais tempo a empresa ficar com a área, mais caro vai pagar; A cessão de áreas somente poderá ser feita com anuência da agência; Para projetos de mineração de grande porte será exigida audiência pública; A critério da agência, poderá ser estabelecida a limitação de áreas para uma mesma empresa; Para adequação à nova legislação, deverá ser promulgada uma regra de transição, com prazo ainda a ser definido; A CFEM ou royalty sobre a atividade poderá ser cobrada de forma diferenciada, gravando-se menos aqueles minerais aos quais se agregue mais valor (etapas de transformação) e os de uso social.

Fonte: Brasil Mineral OnLine nº 424

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OURO E COBRE SOBEM APÓS DIVULGAÇÃO DE PIB DOS EUA MELHOR NO 3º TRIMESTRE

Ouro e o cobre sobem após a divulgação do PIB preliminar norte-americano do terceiro

trimestre, superior ao previsto. O ouro spot subiu 0,57% para US$ 1.038,13 a onça-troy e o cobre para dezembro, negociado na Nymex eletrônica, avançava 1,62% para US$ 2,9780 por libra peso.

O PIB subiu a uma taxa anual ajustada de 3,5% entre julho e setembro, informou o Departamento do Comércio, na primeira estimativa para o desempenho da economia no terceiro trimestre. Economistas ouvidos pela Dow Jones previam crescimento de 3,2% do PIB nesse trimestre. O crescimento foi o primeiro desde o segundo trimestre de 2008. Fonte: Agência do Estado

SETOR DE MINERAÇÃO TEVE INVESTIMENTOS DE US$ 482 MILHÕES EM PESQUISAS

Com a previsão de investimentos da ordem de US$ 47 bilhões entre 2009 e 2013, o setor de

produção mineral brasileiro teve um boom nas atividades nos últimos anos. A informação é do diretor geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), Miguel Cedraz Nery, com base nas estimativas das empresas mineradoras. A crise financeira mundial impactou o setor. No entanto, a indústria mineral já retomou o ritmo de crescimento.

Segundo o diretor do DNPM, os requerimentos de pesquisa que sofreram diminuição já apresentam recuperação, atingindo 1.229 em setembro último. Outro ponto importante diz respeito às commodities que já registram estabilidade no patamar médio de US$ 3000 - o preço do minério de ferro alcançou US$ 88/t em setembro.

Do ponto de vista da economia mineral brasileira, destacam-se os estados de Minas Gerais, Pará, Bahia, Goiás, São Paulo e Santa Catarina. Porém, em todas as regiões do País, existem minas para serem exploradas. Hoje o Brasil tem cerca de sete mil minas onde são extraídos minérios de ferro, ouro, diamante, cobre, zinco, nióbio, alumínio, magnesita, cromo, dentre outros. Além disso, são mais 11 mil locais com licença para extração de materiais para construção civil. A autorização do DNPM é obrigatória para toda atividade de mineração. “O bem mineral pertence a União e o interessado só pode extraí-lo com a autorização do DNPM”, explica Miguel Nery.

Atualmente, o País ocupa a segunda colocação na exploração mundial de ferro, e a primeira em nióbio, mineral usado na indústria armamentista e na aviação. O crescimento de autorizações e concessões emitidas pelo DNPM nos últimos anos mostra a plena expansão do setor. “Emitimos 18 mil autorizações por ano só para pesquisas, que podem resultar em outorgas para extração mineral, gerando emprego e renda, além de suprir a indústria de transformação por matéria prima”, diz o diretor do DNPM.

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Em pesquisa mineral, o setor teve um salto de US$ 70 milhões no ano 2000, para US$ 482 milhões em 2009. Desse total, US$ 346 milhões destinaram-se para prospecção de novas jazidas e o restante na reavaliação das minas já em operação. Esses investimentos têm aporte do empresariado nacional e estrangeiro.

Fiscalização - Nesta semana o DNPM realiza em todo o País a I Semana Nacional de Fiscalização na Mineração. O evento é organizado em parceria com o Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea), e com os Conselhos Regionais (Creas) e visa estruturar ações conjuntas nas diversas minas em todo o País.

Os temas principais são: a verificação de registro e cadastro de empresas, verificação de responsabilidade técnica, ética profissional, acompanhamento da pesquisa mineral, mineração com responsabilidade sócio-ambiental e ordenamento da extração artesanal e de pequeno porte. A intenção, segundo Nery, é orientar o corpo técnico de ambas as instituições com o objetivo de elevar a qualidade e promover a uniformização do processo fiscalizatório da mineração brasileira, seja nas atividades de pesquisa mineral ou nas de extração, envolvendo o conjunto das autorizações e das concessões federais, assim como combater as atividades clandestinas.

Investimento internacional - Em decorrência dos preços que permitem maior atratividade para o setor mineral, os investimentos estrangeiros fizeram diferença em alguns estados, como em Goiás. O município Barro Alto contou com a criação de cinco mil novos empregos diretos, com investimentos de US$ 1,8 bilhão vindos da Anglo American. Segundo dados do DNPM, a empresa Vale vai fechar 2009 com R$ 12,4 bilhões investidos gerando 105.249 empregos diretos, somente no Brasil. A Arcelor Mittal vai aplicar US$ 5 bilhões e a Votorantim pretende fechar 2009 com investimentos de R$ 5 bilhões. Fonte: Em Questão – Boletim da Presidência da República

A DESCOBERTA DE CARAJÁS NÃO FOI OBRA DO ACASO

Newton Pereira de Rezende, ex-diretor e ex-presidente da Companhia Meridional de Mineração/ US Steel, lançou, por ocasião do 13º Congresso Brasileiro de Mineração/ IBRAM em outubro de 2009, o livro Carajás: Memórias da Descoberta. Como protagonista privilegiado da saga da descoberta, Newton Rezende relata, com testemunhos e documentos, as etapas que levaram à descoberta da maior reserva de ferro de alto teor do globo. A narrativa demonstra que, longe de ter sido obra do acaso, a descoberta resultou de planejamento, com seleção de ambientes apropriados a partir da utilização de toda a documentação geográfica e geológica pré-existente, da realização prévia de levantamento aeromagnético que detectou as camadas magnéticas, de investimentos financeiros significativos e de uma equipe apropriada.

Seguem abaixo, transcritos trechos de Carajás: Memórias da Descoberta, com os principais passos que levaram à descoberta. O Brazilian Exploration Program (BEP) da Companhia Meridional de Mineração/ US Steel

“O geólogo chefe do BEP, de larga experiência nesses trabalhos, foi previamente escolhido e

contratado pela US Steel. Era o professor Gene E. Tolbert, americano, mas fluente na língua

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portuguesa, com muitos trabalhos no Brasil e que, inclusive, havia sido professor de geologia na Universidade de São Paulo – USP”...

“O Projeto Araguaia, em 1965, vinha sendo executado pela PROSPEC S.A. – Prospecções e Aerolevantamentos. A PROSPEC era uma firma de engenharia de estudos geológicos e exploração mineral que, pela primeira vez no Brasil, vinha realizando estudos de aerofoto-interpretação”...” O resultado, em uma região ínvia e de difícil acesso, levou a PROSPEC à conclusão de que a Serra dos Carajás era de formação calcária””...

“Existia, em 1965, no Brasil, a empresa Serviços Aéreos Cruzeiro do Sul S.A., capacitada para realizar vôos magnetométricos”... “A empresa foi então contratada pela Meridional para fazer um vôo magnetométrico sobre Carajás e constatou que o magnetômetro acusava anomalia máxima, isto é, o ponteiro indicou o máximo da escala de medição. Essa constatação foi uma resposta a nossas dúvidas, e abriu novas esperanças para nossos planos, pois demonstrava que Carajás não podia ser uma formação calcária. Uma anomalia de tal magnitude deveria ter outras razões, que precisavam ser interpretadas. Provavelmente, tratava-se de uma grande massa ferrífera.”...

“Decorridos seis meses, no início de dezembro de 1966, o BEP foi aprovado pela US Steel e com a, então, significativa verba de aproximadamente US$3.500.000. Além disso, o BEP seria dirigido por Gene E. Tolbert, com o devido apoio da diretoria da Meridional”...

“Logo Tolbert contratava sua primeira equipe de geólogos: Breno Augusto dos Santos, ex-aluno de Tolbert e com experiência na mineração da Serra do Navio, no Amapá; Erasto Borretti de Almeida, recém-graduado na USP e também ex-aluno de Tolbert; João Erdmann Ritter, graduado pela EMOP e com experiência em trabalhos na Amazônia, em Rondônia. Contratou também Jean Roberto Miligo, como assistente administrativo e coordenador de logística para ações do grupo, e todos de que necessitava para seu trabalho”...

“Tolbert havia viajado para Belém e de lá seguido para Altamira em avião Aero Commander bimotor, pertencente à empresa Líder Táxi Aéreo, sediada em Belo Horizonte. Corria o ano de 1967 e Tolbert levava consigo um mapa da região, com cobertura aerofotogramétrica levantada pelo Projeto Araguaia, com fotos na escala 1:45.000 – por sinal, muito boas, nítidas, limitadas entre os rios Tocantins a Leste e Xingu a Oeste, e pelos paralelos 5° e 12°. ... “Faziam parte da equipe Meridional, com destino a Altamira, Tolbert, chefe do BEP, Jean Maligo, assistente administrativo de Tolbert, responsável pelo apoio logístico do BEP, e os geólogos Breno Augusto dos Santos, nomeado chefe da equipe de geólogos brasileiros. João Erdmann Ritter e Erasto Boretti de Almeida.”...

“Acontece que, durante o vôo para São Felix, haviam sobrevoado uma ilha e constatado que lá havia um campo de pouso. Era a ilha de São Francisco, no Alto Xingu, com um castanhal de aspecto agradável. Ali aterrisaram, no campo de pouso do Castanhal, local assim denominado pela quantidade de castanheiras e já conhecido por Pita”.

“(...) Tolbert trazia consigo mapas aerofotogramétricos na escala 1:45.000 da PROSPEC S.A. – Projeto Araguaia, o qual cobria todo o espaço entre os rios Xingu e Tocantins. Esses mapas mostravam, com destaque, as clareiras de Carajás”.

“De acordo com as anotações feitas por Tolbert no mapa da região, o local mais indicado como novo destino era um campo de pouso existente nas proximidades de uma aldeia de índios Chicrins, um pouco ao Norte de Carajás. Já era sabido pela equipe de Carajás que Carajás era pré-cambriana, sendo, portanto, a área prioritária estabelecida desde o início do projeto.”...

“Assim, no dia 14 de julho de 1969, partindo da Ilha de São Francisco, Sayão, Maligo e Breno, seguiram para a aldeia dos Chicrins.”...“No dia seguinte, pela manhã, Sayão, Breno e Maligno seguiram no avião de Adão para o local indicado. Logo encontraram a pista. Ficava realmente perto da confluência dos rios Cinzento e Itacaiúnas, um pouco ao Norte da Serra dos Carajás.”...

“Foi acertada a mudança do acampamento da equipe de geólogos da Ilha de São Francisco para o campo de pouso do Cinzento, ou Castanhal dentro da possível urgência. O novo acampamento passou

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a se chamar Castanhal. Foram tomadas imediatas providências para a construção de novas instalações e para o transporte de todo o material útil, da ilha de São Francisco para o Castanhal. O translado do material, bem como de equipe da Meridional, foi realizado por aviões pequenos e principalmente pelos helicópteros que prestavam serviços à Meridional.

Por questão de segurança e orientação de vôos, foi traçada uma rota em um dos mapas da região. A Figura 1 é uma cópia do mapa utilizado na época e mostra essa rota, principalmente para os helicópteros, e que seguiam, tanto quanto possível, rios e clareiras, conforme bem assinalado aqui.

Tinha de se levar em conta que, na época, a autonomia máxima para helicópteros era de 100 km. Era usada uma tecnologia então única e bem peculiar para se penetrar com segurança na selva amazônica. Não havendo onde pousar numa rota de pesquisa na selva, abria-se uma clareira para pouso do helicóptero. Para se abrir uma clareira na selva no lugar escolhido, homens munidos de motosserras e outros equipamentos eram descidos por cordas, e também, suprimentos para alimentação e para quaisquer emergências que pudessem surgir”.

Figura 1. Mapa da Meridional de Mineração, mostrando a localização das clareiras próximo a Carajás (modificado).

“Os serviços de helicópteros eram tão dispendiosos que a função principal dessas clareiras era

ter-se um local para pouso de emergência e abastecimento de combustível de helicópteros.”... “No dia 29 de julho de 1967, os geólogos João Ritter e Erasto de Almeida seguiram da Ilha de

São Francisco para o Castanhal em um pequeno avião monomotor. No acampamento, ficaram de verificar as instalações desse novo local e se preparar para as atividades de pesquisa, sempre prioritárias’....

“No dia seguinte, segundo relato de Erasto, ele e Ritter, utilizando uma canoa, subiram o Rio Itacaiúnas (ver localização no mapa), até a foz do Rio Águas Claras, com o objetivo de verificarem a existência ali de uma pedra preta, conforme informações recebidas de um morador do Castanhal. Nesse mesmo dia, prosseguindo de canoa, subiram o Rio Itacaiúnas e, a 150 km abaixo da foz do Rio Águas Claras, encontraram, no Rio Itacaiúnas, um extenso afloramento de rocha rica em hematita com finos

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extratos de quartzo em proporções variáveis. Esse afloramento de rocha rica em hematita situa-se como continuação Noroeste da Serra Norte, e dista cerca de 30 km da clareira, que veio a ser denominada N1 (Serra Norte). As pedras pretas que encontraram nada mais eram do que seixos rolados, recobertos por uma película de óxidos de ferro e manganês.”...

“No dia 31 de julho de 1967, o geólogo chefe da equipe, Breno Augusto dos Santos, foi o último a deixar a Ilha de São Francisco com destino ao Castanhal. Deslocava-se de helicóptero, um Bell 47, prefixo PT – CAX da Helitec, pilotado por José M. de Aguiar, seguindo a rota de segurança mostrada na Figura 1. Precisando de abastecimento, fez um pouso em uma clareira da rota, denominada Serra Arqueada, indicada no já referido mapa, e situada a cerca de 80 km da Serra de Carajás. Depois de pousar, o geólogo constatou que a clareira tinha pouca vegetação porque era toda coberta por canga hematítica.”...

“O geólogo Breno, com sua experiência, associou a constatação da canga hematítica na Serra Arqueada com as grandes clareiras da Serra dos Carajás, mostradas nas aerofotos do Projeto Araguaia. Acredita-se que ele não tenha tido conhecimento de que o voo magnetométrico realizado pela empresa Cruzeiro do Sul, em 1965, já havia indicado uma anomalia máxima no magnetômetro, ou seja, a indicação da possibilidade de uma grande massa ferrífera na Serra dos Carajás. Já Tolbert, na Meridional, estava ciente desse vôo magnetométrico.”...

“A 2 de agosto, Breno dos Santos fez contato com Tolbert, no Rio de Janeiro, informando-o sobre sua constatação de que as clareiras da Serra dos Carajás deviam ser cobertas por canga de ferro, a exemplo do que ocorria na Serra Arqueada, conforme observação feita em vôo rasante sobre Carajás no avião do piloto Adão.”... “(...)Nesse dia [22 de agosto de 1967], Ritter e Boretti, tomando um helicóptero já reparado e revisado, pela primeira vez pousaram em uma clareira na Serra dos Carajás, posteriormente denominada clareira N1. Em N1, Ritter fez um caminhamento geológico, tomando rumo Oeste em relação ao local de pouso. Erasto caminhou no sentido Leste. Ficaram muito impressionados com a grandeza das ocorrências do minério de ferro. No dia seguinte e subseqüentes, e até 30 de agosto, empreenderam um reconhecimento mais detalhado das principais clareiras das Serra Norte e Serra Sul, e novamente admiraram-se com a enormidade das ocorrências de minério de ferro em Carajás.”...

“Prosseguindo os trabalhos de exploração mineral, de acordo com o BEP, em 5 de setembro de 1967, Boretti descobriu significativas ocorrências de minério de manganês na Serra de Buritirama, a cerca de 50 km ao norte do Rio Itacaiúnas, ou da Serra dos Carajás, como era geologicamente esperado. Na opinião de Boretti, conforme artigo publicado na revista Ciência da Terra, edição nº 1, de novembro/dezembro de 1981, a descoberta do minério de ferro de Carajás foi resultado de toda uma história de prospecção:

‘A nosso ver, a atribuição da descoberta à sorte ou ao acaso não se justifica. Pelo exposto anteriormente, pode-se observar que havia um trabalho sistemático em andamento, baseado em critérios técnicos e conduzidos por profissionais do setor’.” “E continua, mais adiante: ‘Quanto ao exato momento da descoberta, esperamos ter deixado evidente que não se pode atribuir o fato a uma pessoa, a um dado momento e a um único ponto de observação. O que ocorreu foi uma sequência de eventos, envolvendo várias etapas, executadas por uma equipe de trabalho formada não só por pessoal técnico e administrativo, mas também por pilotos de helicópteros e avião, além de grande número de braçais.”...

Tolbert foi imediatamente avisado por Breno sobre a descoberta do minério de manganês na Serra de Buritirama. Comunicou ainda o reconhecimento geral que a equipe havia feito nas clareiras de Carajás, enfatizando a grandiosidade surpreendente das ocorrências de minério de ferro. Em vista

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desta comunicação, Tolbert convidou o geólogo da US Steel, John Tremaine, especialista em minério de ferro, para ir ao Castanhal e juntos visitarem o manganês de Buritirama e, principalmente, as ocorrências de minério de ferro em Carajás. A visita ocorreu em 16 de setembro de 1967. Ambos ficaram também muito impressionados com a grandeza das jazidas de ferro em Carajás.”... “(...)Strong [Richard, geólogo da US Steel], chegou a Carajás em 1º de outubro de 1967, e logo concordaria com a possibilidade de haver na serra até 35 bilhões de toneladas de minério de ferro de boa qualidade.”...

Enquanto isso, em Carajás, Strong, precisando de um código para identificar as diversas clareiras, deu-lhes, pela primeira vez, as seguintes denominações: para as clareiras da Serra Norte, N1, N2, etc., e para as clareiras da Serra Sul, S1, S2, etc., denominações essas que foram adotadas durante todos os trabalhos e perduram até hoje.”(...)