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Sem Opção Veículo: O Globo - Caderno: Economia - Seção: - Assunto: Setor financeiro - Página: - Publicação: 29/12/19 URL Original: Guerra digital Guerra digital Fintechs para além do cartão de crédito O Globo 29 Dec 2019 GABRIEL MARTINS [email protected] Bancos digitais e outras start-ups financeiras conquistam clientes com contas sem tarifas e cartão sem anuidade, mas a oferta de serviços ainda não é tão ampla quanto nas instituições tradicionais. Para ir além, investem agora em nichos específicos, como crédito imobiliário e investimentos. Os bancos digitais ganharam mercado com sua aposta em tarifa zero para conta corrente e cartão de crédito sem anuidade, mas alguns nichos de mercado, como o financiamento imobiliário e a oferta de determinados investimentos seguem como redutos das instituições tradicionais. Se, hoje, fintechs e bancos se veem mais como parceiros do que como rivais, as novas plataformas já têm planos para, no futuro, expandir serviços e ocupar parte do espaço dos bancões. Priscila Salles, diretora de Marketing do banco digital Inter, diz que o objetivo da empresa é oferecer tudo que os correntistas têm nos bancos tradicionais para conquistar a exclusividade na vida dos clientes: —Nossa meta é disponibilizar o que os bancos físicos têm para que os clientes migrem para nossa plataforma, tendo à disposição tudo de que precisam. Já temos modalidades de investimento e começamos a oferecer financiamento imobiliário. Vamos seguir aumentando nossa cesta de serviços para nos consolidarmos ainda mais no mercado. REINVENÇÃO DIGITAL O C6 Bank também pretende investir na ampliação da oferta de crédito e investimentos para disputar clientes com os bancos tradicionais: —Nosso objetivo é ser um banco completo. Trabalhamos para oferecer em uma única plataforma todos os serviços relacionados à vida financeira do cliente, seja para pagar uma conta como para contratar um financiamento ou investir seu dinheiro — destaca Eduardo Prado, sócio do C6 Bank. — Neste mês, lançamos nossa plataforma aberta de fundos de investimento, e vamos seguir avançando. Por enquanto, porém, bancos e fintechs são usados de forma complementar. A consultoria Bain & Company estima que até 50% dos clientes de contas digitais mantêm laços com bancos tradicionais. André Leme, sócio da consultoria, avalia que o crescimento das fintechs está obrigando instituições tradicionais a se reinventarem, tanto para não perderem clientes quanto para conquistarem o público que quer tudo na tela do smartphone: —Atualmente, entre 30% e 50% daqueles que têm conta digital também são correntistas de bancos tradicionais. Esses clientes querem testar os novos serviços, mas não abandonaram completamente as instituições físicas, seja pelo relacionamento consolidado ou pela falta de alguns serviços nas fintechs. A vantagem do mundo digital, em alguns casos, acaba sendo restrita ao ambiente virtual. Algumas fintechs cobram tarifas por saque e, caso o cliente precise de um extrato em papel como comprovante, por exemplo, não terá como optar por essa modalidade. Diante deste cenário, os novos correntistas acabam abrindo conta em mais de um banco digital para suprir os serviços que a outra instituição virtual não oferece. Esse é o caso do estatístico Natan Freitas, de 24 anos. Ele abriu sua conta no Nubank, em 2017, por causa do cartão de crédito sem anuidade oferecido pela fintech. No ano seguinte, se tornou correntista do banco Inter, que disponibiliza serviços gratuitos, como saque. — Uma conta complementa os serviços que a outra não oferece. O que me incomoda nas contas digitais é ficar dependente dos caixas 24 horas para retirar dinheiro. De toda forma, acho prático resolver qualquer questão pelo aplicativo —explica Freitas. 20 MILHÕES DE CLIENTES De acordo com uma pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em parceria com a plataforma Finnovista, o número de bancos digitais no Brasil subiu de seis, em 2017, para 15. Outros tipos de fintechs (meios de pagament financiamento coletivo, entre outros) já são mais de 380. O número de correntistas, entretanto, não é exato, uma vez que algumas empresas não abrem os dados. Analistas do mercado financeiro estimam mais de 20 milhões de clientes cadastrados em bancos digitais. Nas instituições tradicionais, de acordo com levantamento do Banco Central de setembro deste ano, são mais de 133 milhões. Mesmo dominando o setor no Brasil, os bancos tradicionais têm se movimentado para ganhar espaço no ambiente digital. O Bradesco lançou o banco digital Next, enquanto o Itaú desenvolveu o meio de pagamento Iti. Banco do Brasil e Santander criaram contas digitais sem tarifas, a Superdigital e a Conta Fácil, respectivamente. A Caixa lançou o Caixa Sim, cartão de crédito sem anuidade. Ao lançar o Next, o Bradesco quis complementar as operações físicas e conquistar espaço entre jovens e aqueles que não querem ir às agências, destaca Jeferson Honorato, diretor do Next. — A internet veio como o

Guerra digital - app.redeclipping.com.br · — A Superdigital tem a proposta de oferecer serviços bancários simplificados. No produto, não há 20 opções de investimentos ou

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    Veículo: O Globo - Caderno: Economia - Seção: - Assunto: Setor financeiro -Página: - Publicação: 29/12/19URL Original:

    Guerra digitalGuerra digitalFintechs para além do cartão de crédito

    O Globo29 Dec 2019GABRIEL MARTINS [email protected]

    Bancos digitais e outras start-ups financeiras conquistam clientes com contas sem tarifas e cartão sem anuidade, mas a ofertade serviços ainda não é tão ampla quanto nas instituições tradicionais. Para ir além, investem agora em nichos específicos,como crédito imobiliário e investimentos.Os bancos digitais ganharam mercado com sua aposta em tarifa zero para conta corrente e cartão de crédito sem anuidade,mas alguns nichos de mercado, como o financiamento imobiliário e a oferta de determinados investimentos seguem comoredutos das instituições tradicionais. Se, hoje, fintechs e bancos se veem mais como parceiros do que como rivais, as novasplataformas já têm planos para, no futuro, expandir serviços e ocupar parte do espaço dos bancões.Priscila Salles, diretora de Marketing do banco digital Inter, diz que o objetivo da empresa é oferecer tudo que os correntistastêm nos bancos tradicionais para conquistar a exclusividade na vida dos clientes: —Nossa meta é disponibilizar o que os bancosfísicos têm para que os clientes migrem para nossa plataforma, tendo à disposição tudo de que precisam. Já temos modalidadesde investimento e começamos a oferecer financiamento imobiliário. Vamos seguir aumentando nossa cesta de serviços para nosconsolidarmos ainda mais no mercado.REINVENÇÃO DIGITALO C6 Bank também pretende investir na ampliação da oferta de crédito e investimentos para disputar clientes com os bancostradicionais: —Nosso objetivo é ser um banco completo. Trabalhamos para oferecer em uma única plataforma todos os serviçosrelacionados à vida financeira do cliente, seja para pagar uma conta como para contratar um financiamento ou investir seudinheiro — destaca Eduardo Prado, sócio do C6 Bank. — Neste mês, lançamos nossa plataforma aberta de fundos deinvestimento, e vamos seguir avançando. Por enquanto, porém, bancos e fintechs são usados de forma complementar. Aconsultoria Bain & Company estima que até 50% dos clientes de contas digitais mantêm laços com bancos tradicionais. AndréLeme, sócio da consultoria, avalia que o crescimento das fintechs está obrigando instituições tradicionais a se reinventarem,tanto para não perderem clientes quanto para conquistarem o público que quer tudo na tela do smartphone: —Atualmente,entre 30% e 50% daqueles que têm conta digital também são correntistas de bancos tradicionais. Esses clientes querem testaros novos serviços, mas não abandonaram completamente as instituições físicas, seja pelo relacionamento consolidado ou pelafalta de alguns serviços nas fintechs. A vantagem do mundo digital, em alguns casos, acaba sendo restrita ao ambiente virtual.Algumas fintechs cobram tarifas por saque e, caso o cliente precise de um extrato em papel como comprovante, por exemplo,não terá como optar por essa modalidade. Diante deste cenário, os novos correntistas acabam abrindo conta em mais de umbanco digital para suprir os serviços que a outra instituição virtual não oferece.Esse é o caso do estatístico Natan Freitas, de 24 anos. Ele abriu sua conta no Nubank, em 2017, por causa do cartão de créditosem anuidade oferecido pela fintech. No ano seguinte, se tornou correntista do banco Inter, que disponibiliza serviços gratuitos,como saque. — Uma conta complementa os serviços que a outra não oferece. O que me incomoda nas contas digitais é ficardependente dos caixas 24 horas para retirar dinheiro. De toda forma, acho prático resolver qualquer questão pelo aplicativo—explica Freitas.20 MILHÕES DE CLIENTESDe acordo com uma pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em parceria com a plataforma Finnovista, onúmero de bancos digitais no Brasil subiu de seis, em 2017, para 15. Outros tipos de fintechs (meios de pagamento,financiamento coletivo, entre outros) já são mais de 380. O número de correntistas, entretanto, não é exato, uma vez quealgumas empresas não abrem os dados. Analistas do mercado financeiro estimam mais de 20 milhões de clientes cadastradosem bancos digitais. Nas instituições tradicionais, de acordo com levantamento do Banco Central de setembro deste ano, sãomais de 133 milhões. Mesmo dominando o setor no Brasil, os bancos tradicionais têm se movimentado para ganhar espaço noambiente digital. O Bradesco lançou o banco digital Next, enquanto o Itaú desenvolveu o meio de pagamento Iti. Banco do Brasile Santander criaram contas digitais sem tarifas, a Superdigital e a Conta Fácil, respectivamente. A Caixa lançou o Caixa Sim,cartão de crédito sem anuidade. Ao lançar o Next, o Bradesco quis complementar as operações físicas e conquistar espaço entrejovens e aqueles que não querem ir às agências, destaca Jeferson Honorato, diretor do Next. — A internet veio como o

  • complemento da estrutura física — diz Honorato. — A agência segue desempenhando seu papel, mas, como o mercado avança,outras demandas surgem, como a de produtos digitais. O Next surgiu para complementar a estratégia do Bradesco.PACOTE DE VANTAGENSNo Santander, a estratégia é similar. Só que, neste caso, foi lançada uma conta 100% digital. O banco quer chegar aos clientesque precisam de serviços rápidos.— A Superdigital tem a proposta de oferecer serviços bancários simplificados. No produto, não há 20 opções de investimentosou dez opções de crédito, mas garante os serviços necessários de forma rápida e sem complicações — destaca Felipe Castiglia,diretor executivo da Superdigital. — O produto é o braço do Santander para a inclusão financeira. Os analistas projetam que osbancos digitais ainda podem aumentar a carteira de clientes no país, porém, não devem retirar correntistas das instituiçõesfísicas no médio prazo, ao menos. — As fintechs têm muito espaço para crescer no Brasil, mas isso não significa que elas vãotomar o lugar dos bancos tradicionais. Seja pela barreira da oferta de produtos, que nas instituições tradicionais é bem maior,como pela própria consolidação das marcas físicas — avalia Chen Wei Chi, sócio de consultoria para transformação digital da EY.— Até porque as instituições têm buscado simplificar e digitalizar seus serviços, até lançando braços 100% digitais. A tendênciaé que os dois segmentos sigam crescendo.Se, por um lado, a leitura é que não haverá uma fuga de clientes do físico para o digital, os analistas acreditam que é possívelque a concorrência contribua para a redução das taxas no setor bancário. — Com uma série de ofertas de produtos ilimitados egratuitos, é esperado que as instituições tradicionais reavaliem seus portfólios e aumentem os serviços ou reduzam as tarifas —avalia Leme, da Bain & Company. Nas fintechs, tarifas zero são quase o padrão. Assim, para conquistar mais clientes, apostamem vantagens e serviços complementares para fidelizar os clientes. O C6 Bank, por exemplo, permite fazer transferência devalores por SMS ou WhatsApp.O cliente do Inter pode fazer depósito de cheque por imagem, ter acesso a plataforma de investimentos ou a consórciosautomotivos e imobiliários.No BS2, é possível recarregar o celular e também ter acesso a plataforma de investimentos. No Next, os clientes podem fazersaques no terminal de autoatendimento do Bradesco. E a Superdigital permite recarregar os bilhetes de transporte público emSão Paulo. Já a Nuconta oferece depósitos por boleto e opções de empréstimo.Embora atrativo, o mercado digital pode não ser a melhor alternativa para todos. Mesmo com uma série de serviços gratuitos eilimitados, como transferências e depósitos por boleto, funções como saque podem ter custos. Assim, a conta digital podeacabar sendo mais cara do que a tradicional. — Bancos digitais têm muitos produtos gratuitos. Mas alguns são pagos, o que, nofim, pode ser mais caro do que manter um pacote de serviços em um banco tradicional. É preciso avaliar as necessidademensais e as ofertas dos bancos digitais antes de abrir uma conta neles ou até mesmo migrar do físico para o on-line — ponderaWei Chi, da EY.Elas conhecem seus amigos e parentes mais próximos, sabem dos seus gostos e preferências e até o que você fez no verãopassado. Agora, as gigantes da tecnologia, conhecidas como big techs, também querem tomar conta do seu dinheiro e dos seusgastos. Aos poucos, empresas como Apple, Google, Facebook e Amazon avançam sobre o setor financeiro, oferecendo serviçosque prometem revolucionar uma das mais tradicionais indústrias atrelados ao principal ativo que concentram: informaçõessobre seus usuários. Em parceria com o Goldman Sachs, a Apple lançou seu próprio cartão de crédito, além de oferecer o serviçode pagamento Apple Pay. O Google fechou acordo com o Gitigroup, para que clientes do banco acessem suas contas por meiodo aplicativo Google Pay. Em voo solo, o Facebook lançou seu próprio sistema de pagamentos, que vai funcionar na rede social,no Messenger, no WhatsApp e no Instagram, e tenta convencer governos de todo o mundo sobre a viabilidade da moeda digitalLibra. A Amazon oferece empréstimos para comerciantes que usam sua plataforma, enquanto o Uber pretende se tornar o bancodos seus motoristas.AMBIENTE REGULADOAnalistas avaliam que a experiência das big techs com consumidores pode até oferecer vantagens, mas o caminho não seráfácil. Elas terão que enfrentar um ambiente altamente regulado, ao qual não estão acostumadas.— O nível de governança é de quatro a cinco vezes mais exigente para uma instituição financeira que para uma empresa detecnologia — analisa Luiz Fabbrine, líder de Serviços Financeiros e Fintechs da consultoria Business Integration Partners. — Osbancos tradicionais já nasceram dentro de um ambiente regulado, estão acostumados a lidar com regras rígidas, o que nãoacontece com as empresas de tecnologia, que muitas vezes oferecem serviços tão revolucionários que nem possuem regulação.Então, essa questão é um desafio para o ingresso nesse ambiente. A inspiração desse movimento vem da China. Por lá, Alibabae Tencent, duas das maiores companhias do setor de tecnologia na Ásia, praticamente dominaram o setor de pagamentos,substituindo o dinheiro e os cartões de crédito pelos smartphones, ou simplesmente, sorrisos. As duas testam sistemas dereconhecimento facial para autenticar as transações, mas já impressionam turistas ocidentais que visitam a China com seusmeios de pagamentos em estabelecimentos. Muitos nem aceitam mais cartões, apenas o Alipay ou o WeChat Pay, aplicativosque concluem transações por código QR.A Ant Financial, braço financeiro da Alibaba que opera o Alipay, está avaliada em US$ 150 bilhões, quase o dobro do valor demercado do Goldman Sachs, banco parceiro da Apple, de US$ 81 bilhões. O Webank, criado pela Tencent há apenas cinco anos,está avaliado em mais de US$ 20 bilhões, sem ter nenhuma agência física, mas oferecendo crédito e controle financeiro pelomesmo aplicativo que um bilhão de chineses usam para conversar, jogar videogame, ler notícias, chamar um táxi ou pedir

  • comida.O RISCO DOS ALGORITMOSMesmo assim, as receitas com o setor financeiro ainda são uma fração para as bigtechs, em cálculo incluindo as chinesas. Segundo relatório do Bank for International Settlements, que coordena bancos centraisde 60 países, o faturamento no segmento representa apenas 11,3% do total, em amostra com Alibaba, Alphabet (controladorado Google), Amazon, Apple, Baidu, Facebook, Grab, Kakao, Mercado Livre, Rakuten, Samsung e Tencent. — Empresas detecnologia como Alibaba, Amazon, Facebook, Google e Tencent cresceram rapidamente nas duas últimas décadas. O modelo denegócio dessasbigtechs se baseia em permitir interações diretas entre um grande número de usuários, gerando comosubproduto um grande estoque de dados, que é utilizado para a oferta de uma gama de serviços — explica o coreano HyunSong Shin, diretor de pesquisas do Bank for International Settlements. — Com base nas vantagens dessa rede de dados, essasempresas estão se aventurando em serviços financeiros, incluindo pagamentos, investimentos, seguros e empréstimos. Atéagora, esses serviços representam apenas uma pequena parte do faturamento global, mas dado o tamanho dessas companhiase o alcance entre os consumidores, as big techs têm potencial para provocar mudanças rápidas no setor.Para Shin, a experiência no trato com dado sé a principal vantagem que as empresas de tecnologia podem explorar no setorfinanceiro. Informações como o histórico de transações, geolocalização, padrões de navegação na rede e outras pegadasdigitais, junto com algoritmos de inteligência artificial, permitem que as bigtechs melhorem a análise de crédito, ajustem políticas de preços de seguros e personalizem serviços financeiros. Isso podegerar mais eficiência, com consequente redução de custos para os usuários e maior inclusão.—Háevidênciasdequeaentradadegigantesdatecnologia no setor de crédito, com o uso de dados, gerou um boom de mutuáriosque eram malservidos pelos bancos—diz o especialista.—Na China, por exemplo, as maiores plataformas forneceram acesso aocrédito para milhões de pessoas e pequenos negócios que estavam excluídos.Mas o tratamento de dados também é o calcanhar de Aquiles dessas companhias. A Apple, por exemplo, se viu envolvida emescândalo por problemas no algoritmo usado na concessão de crédito do Apple Card. Em redes sociais, vários clientesdenunciaram que, em casais, as mulheres receberam menos crédito que os homens, mesmo em casos de contas conjuntas.Estudos mostraram que nos EUA, negros e hispânicos têm acesso a condições piores do que brancos e asiáticos quando tomamempréstimos avaliados por algoritmos.E o domínio sobre os dados pode gerar um cenário de prejuízo à competição. Dada a escala e a vantagem tecnológica, as bigtechs têm a capacidade de coletar e tratar dados em volumes colossais a custo quase zero. E os dados têm uma vantagem emrelação a outros ativos: podem ser usados muitas vezes, até mesmo simultaneamente, para diferentes fins, sem se esgotarem.Por isso, empresas que lucram com essas informações podem oferecer preços mais baixos nos serviços, ou até mesmo teremprejuízo nessas operações, em troca de informações preciosas dos clientes. Essa nova realidade deverá levantar novas questõesregulatórias para o setor financeiro.