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Plínio Marcos Um dos maiores autores do Teatro Brasileiro, Plínio Marcos foi ousado e comtemporâneo ao retratar a realidade dos marginalizados Saiba todos os detalhes da edição desse ano do maior congresso de comunicação da América Latina Intercom 2009 01 Set/2009

Hipertexto Nº 01

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Revista laboratório online do Curso de Comunicação Social - Habilitação Jornalismo - da Universidade Estadual de Londrina

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Plínio MarcosUm dos maiores autores do Teatro

Brasileiro, Plínio Marcos foi ousado e comtemporâneo ao retratar a realidade

dos marginalizados

Saiba todos os detalhes da edição desse ano

do maior congresso de comunicação

da América Latina

Intercom 2009

Nº 01 Set/2009

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A amizade nos tempos de Gripe SuínaRoberto Camargo

Moradores anti gos do Bosque Central de Londrina, os galos e gar-nizés foram despejados, e terão de encontrar outro terreiro para ca-carejar. Não falta gente a defender os pobres galináceos – uti líssimos comedores de baratas, lacraias e outros bichinhos asquerosos - víti mas da urbanidade que renega o passado rural desta moderna metrópole.

Não precisamos exagerar, mas, que culpa têm os coitadinhos pela insônia que tortura os vizinhos mais ranzinzas, incapazes de con-ciliar seus pensamentos no traves-seiro?

Quanto às pombas, con-venhamos, já é tempo de se fazer alguma coisa mais inteligente con-tra aqueles quilos diários de fezes que nos afrontam. Mas, atordoá-las com formol para, em seguida, deslocar sua medula (mais el-egante que destroncar) parece requinte de crueldade. Seja como for, queremos uma cidade limpa, sem excrementos, sem poluição visual (diz o prefeito) e, por que

não, sem propinas para políti cos, sem funcionários fantasmas, sem improbidades administrati vas... Afi nal, saneamento é um conceito bem amplo!

Esse “bota abaixo” decreta-do contra galos e pombas guarda alguma semelhança com a cruzada de Osvaldo Cruz no Rio de Janeiro, bem no comecinho do século XX. Não me refi ro aos aspectos sani-tários ou de urbanização, mas ao modo maniqueísta como a socie-dade enfrenta seus problemas: eliminando-os sumariamente, ou lutando para deixá-los intactos. É um método seguro para dividir as mentalidades e não dar chance ao diálogo.

Mudando de aves para um quatro-patas, extremismos se prestam unicamente para afastar as pessoas, quando mais precisa-mos de aproximação. Nos tempos do cólera, embarcações que ti ves-sem passageiros infectados eram obrigadas a hastear uma bandeira amarela em sinal de alerta, como o sino carregado por leprosos na Idade Média.

Agora, a Gripe Suína – que os

criadores de porcos conseguiram fosse chamada de A. Sim, A de anônima, de assépti ca, de amorfa. Cubro meu rosto com a máscara (da hipocrisia?) e me isolo no vasto mundo de minhas relações. Não quero beijos ou abraços, manten-ho distância, não vou ao cinema. Preocupo-me com o amanhã, por isso me concentro unicamente em meus objeti vos – uma boa razão para o individualismo pragmáti co.

Não são os monumentais e escusos lucros dos empresários da gripe que me assombram. Meu maior medo, nestes tempos, é de nos darmos valor além da conta e de cegarmos com a própria luz.

Crônica

Nº: 001 - Setembro de 2009 Revista Laboratório Online do 3º ano do curso de Comunicação Social - Habilitação em Jornalismo da Universidade Estadual de LondrinaCoordernação: Professora Rosane Borges Diagramação: Gustavo Assumpção

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O ano acabou para o LEC Eliminado da série D, Tubarão só volta a jogar em 2010

Esporte

Guilherme Lima

Domingo, 13 de setembro de 2009. Últi mo dia úti l para o Lon-drina Esporte Clube. O ti me pre-cisava de uma vitória simples, por 1x0, para se classifi car. Mas ela não veio. O resultado 1x1 diante da Chapecoense eliminou o Tubarão da Série D. Quase 11 mil torcedores que proporcionaram uma renda de mais de cem mil reais, mas a equi-pe não correspondeu em campo e frustrou a massa alviceleste.

Depois de perder por 2x1 no oeste catarinense no jogo de ida, o povão se encheu de euforia, afi nal, a classifi cação estava bem en-caminhada, bastava o clube “fazer” a sua parte. Decepção. O jogo foi fraco, poucas oportunidades, mui-tos erros. O empate só veio aos 33 do segundo tempo. E num pênalti altamente duvidoso. Muito pouco para quem sonhava com o acesso para a Série C, que salvaria o ano, que teve um inesperado e doloro-so rebaixamento para a segundona

estadual. “Chegamos

longe, a torcida apoiou mas a gente fi ca triste com a eliminação”, disse o lateral-esquerdo Wesley. “Tivemos a chance de passar de fase mas não fi zemos a nossa parte den-tro de campo. Uma pena!”, lamentou o volante Douglas Marques.

Os jogadores foram heróis, amea-çaram entrar em greve, visto que os salários, de maio para cá, foram pagos a conta gotas (e quando pagos) e ainda tem mui-to a receber do clube. O pessoal de apoio (portaria, recepcionista, jardineiro, cozinheiras) está há três meses sem ver a cor do dinheiro. Em uma viagem, calote no hotel. Desse jeito fi caria difí cil subir.

“Terminei esse campeonato mas sei que ainda posso fazer mais pelo clube. Vou sair esper-ando voltar para terminar o trab-alho”, informou o técnico Gilberto Pereira.

A intervenção do prefeito da cidade auxiliou a pagar parte das contas, pois o chefe do executi vo municipal ajudava nas vendas de ingressos para empresários da cidade e assim entrava uma quan-ti a fi nanceira que amenizava as difi culdades fi nanceiras. A torcida fez sua parte, ao proporcionar boas

rendas. O treinador e o gerente de futebol lutaram contra a falta de recursos e respaldo para montar o elenco e merecem uma estátua no VGD. Faltou boa administração.

Não houve um correto ger-enciamento dos (poucos) recur-sos que entravam no clube e por isso, uma cascata de erros e falta de pagamentos atrapalharam os planos.

Talvez, se existi sse paz fora de campo e os atletas se preocupas-sem só com o jogo, tudo seria mais fácil. E o resultado viria. Até o fi m do ano haverá eleição para a presidência e o que se espera é que aja junção de forças para o resgate do Tubarão. 2009 acabou melancólico.

Mas o clube pode iniciar 2010 com aspirações felizes ao torcedor e que promovam bons resultados. Dentro e fora de campo.

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O sabor do oriente

Local

Fora dos palcos a culinária japonesa foi a protagonista da 7º edição do Matsuri

Luciana Barbosa

Uma curiosidade, um sabor espe-cial, uma gastronomia peculiar. Na 7º edição do Matsuri em Londrina, a atenção do público voltou-se a uma massa um tanto incomum. O Nagashi Soumen que signifi ca ‘macarrão na correnteza’ diverti u a comunidade não-nipônica que foi ao festi val da primavera. A massa cozida sem sabor é manti da numa vasilha com gelo em porções pequenas. De lá, elas seg-uem para o topo do tubo com água corrente e no trajeto alguns hachis - ou paliti nhos como são popular-mente conhecidos no Brasil – para não deixar o macarrão escapar. O que é capturado segue para o copinho com molho de soja e algas marinhas, fi nalmente é só comer. Habilidade conta muito, mas há quem se arrisque a ‘pescar’ o macarrão mesmo sem ter nenhuma experiência com os paliti nhos. “Dá trabalho pra pegar o macarrão, mas é diverti do demais, além de deli-cioso. A práti ca a gente adquire em pouco tempo”, diz dona Aparecida de Lourdes Carvalho, de 70 anos. É a terceira vez que o Na-gashi Soumen é atração do Mat-suri, trazido ao festi val pelo grupo Sansey. A tradição da especiaria vem dos monges budistas que em dias quentes cortavam bambus e os colocavam próximo de uma mina de água. “Isso aqui que vocês hoje

veem montado era prati cado direto na natureza. A água da nascente corria pelos bambus e aos poucos a cultura foi se espalhando por todo o Japão, não fi cando mais restrita so-mente aos monges”, explica Takeko Dakojako uma das organizadoras da tenda do macarrão. Guloseimas

Para quem só conhece os tradicionais sushi, sashimi e sukiyaki o festi val teve uma tenda exclusi-vamente com doces japoneses. As bandejas variaram entre R$ 3,50 até R$10, além da famosa promoção leve quatro e pague três. Toshio Ito, que trouxe os doces à feira pela primeira vez, diz que a aceitação do público brasileiro

é surpreendente. “Existe uma pro-cura muito grande de alguns doces que difi cilmente são encontrados em lojas e supermercados. Em alguns horários fazemos degustação para o pessoal conhecer os doces menos conhecidos”. Os produtos açucarados japoneses têm curta validade, por isso alguns não são encontra-dos nem em casas especializadas de arti gos do Japão. “Quando há feiras tí picas como esta, eu peço ao fabricante fazer um determinado ti po de doce exclusivamente para ser comercializado no evento. Por isso aproveitem estas especiarias”, recomenda Ito. Para quem não pode conferir a feira, vai aí uma dica de doces.Yokan – É como uma marmelada

À mesa: sushi e linguiça

Dulce Mazer

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bem fi rme com sabor de doce de feijão com algas marinhas;Sembei – Uma bolachinha bem fi ninha salpicada com gergelim ou amendoim;Yaki Manju – Bolinho assado com doce de feijão azuki.

Mistura da cultura

Na cozinha linguiça, carne bovina e farofa. Sushi, Oniguiri e Inarizushi. Parece estranho este cardápio? Calma, é apenas uma refeição dos descendentes nipônic-os. Na cozinha ofi cial do Matsuri 7º edição o almoço do domingo preparado especialmente por eles, o que se vê é uma grande mistura da tradicional comida ocidental com a oriental. O Oniguiri, um arroz em formato triangular recheado de carne de porco envolto em pasta de soja, é acompanhado do churrasco ou da carne bovina assada com faro-fa. “Oniguiri signifi ca feito à mão e se torna especial quando vem junto da carne de churrasquinho”, explica Yokio Fokuda, um dos organizadores do festi val. Mesmo na pausa para o almoço, a festa conti nua no interior da cozinha e a sati sfação com o sabor da comida não deixa ninguém calado. “Nada como um oniguiri” se escuta num canto. “Esta carninha tá muito boa, vou pegar mais um su-shi” do lado oposto alguém comen-ta. A gastronomia é a prova de que a cultura nipônica se incorporou de vez com a brasileira. Ou ainda, que os japoneses renderam-se de vez ao forte sabor da culinária nacional.

O copinho com molho aguarda receber o inusitado Nagashi Soumen

Não é preciso muita habilidade com os hashis na hora de ‘pescar’ o macarrão

Dulce Mazer

Dulce Mazer

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Intercom leva mais de 4 mil congressistas a Curitiba

Em 2010, o evento será em Caxias do Sul com o tema “Comunicação, cultura e juventude”

Evento

Por Renata Santos

Entre os dia 4 e 7 de setembro, professores, estudantes e pesqui-sadores nacionais e internacio-nais de Comunicação se reuniram em Curiti ba (PR), no campus da Universidade Positi vo para o XXXII Congresso Brasileiro de Ciên-cias da Comunicação, o evento é anualmente organizado pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom).

Em 2009, o tema central do encontro foi “Comunicação, Educação e Cultura na Era Digital”. Segundo o blog ofi cial do evento (www.intercom2009.blogspot.com), a diretoria da Intercom haveria confi rmado na Assem-bleia de Comemoração a Bodas de Prata dos Sócios, a inscrição de 4076 congressistas.

Para 2010, Caxias do Sul (RS) foi confi rmada como sede. O tema central do próximo encon-tro foi decidido durante a reunião comemorati va da Intercom. De acordo com a diretoria, o tema escolhido pela maioria dos asso-ciados, pela internet, “Comunica-ção e regionalização da mídia em um mundo globalizado”, já havia sido discuti do em três outras oca-siões. Em uma nova eleição com os 32 associados registrados na ata da assembleia, o tema “Comu-nicação, cultura e juventude”, foi

Ofi cina de Web 2.0 propõem o desafi o de produzir informação, em 140 caracteres.

escolhido com 14 votos. Especula-se que as próximas

sedes dos congressos nacionais da Intercom sejam, respecti vamente, Recife (PE) e Rio de Janeiro (RJ). A fase regional sul do encontro, este ano foi sediada em Blumenau (SC). Para 2010, está confi rmada Nova Hamburgo (RS).

Comunicação, Educação e Cul-tura na Era Digital - O tema central do encontro abordou as novas perspecti vas para a comunicação. TV digital e Internet foram temas para amplas discussões.

O site de relacionamento Twitt er® é visto como um novo meio de comunicação. Durante a ofi cina “Imprensa 2.0 - teoria e práti ca para o jornalismo na era

digital”, ministrada pela editora ex-ecuti va do Portal Imprensa (www.portalimprensa.uol.com.br), Thaís Naldori, os parti cipantes ti veram o desafi o de publicar conteúdo jornalísti co compreensível em 140 caracteres. A rede de relaciona-mentos teve ainda diversos trab-alhos apresentados no Grupo de Pesquisa de Cibercultura.

A TV Digital e as novidades da multi programação foram expostas no evento por profi ssion-ais do ramo. O representante da Casa Civil, André Barbosa Filho; o professor da UNESP, Antônio Carlos de Jesus, e o membro brasileiro de TV Digital, Salusti ano Fagundes, estavam entre os parti cipantes da mesa-redonda, mediada pela co-

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Renata Santos

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ordenadora do grupo de Pesquisa sobre Comunicação Digital e Inter-faces Culturais na América Latina do CNPq, Cosette Castro.

Perspectivas, intervenções e formatos foram apresentados aos congressistas, discutindo a con-vergência e a interatividade do novo formato.

Com boa estrutura, a Universidade Positivo organizou o evento sem maiores problemas

Vista do lago principal na Universidade Positivo. Grandiosidade do local surpreendeu estudantes

Exposições de trabalhos de alunos da própria UP estavam distribuídos pela Universidade

Expocom (Exposição de Pesquisa Ex-perimental em Comunicação) é uma ex-posição e um prêmio criado pela Intercom para incentivar a produção acadêmica de trabalhos experimentais produzidos por alunos de Comunicação. O prêmio abrange seis áreas: Cinema e Audiovisual, Jornalismo, Relações Públicas, Produção Editorial, Publicidade e Propaganda e Áreas Emergentes e Produção Transdisciplinar em Comunicação. Alunos de qualquer universidade podem se inscrever para a primeira etapa - que é realizada durante os Congressos regionais da Intercom. Após essa fase, os trabalhos vencedores em cada uma das disputas são classificados para a fase final.

Esse ano, a fase final ocorreu em Curitiba, durante a XXXII Congresso da Intercom. A Universidade Estadual de Londrina foi finalista em duas categorias e acabou levando os dois prê-mios.

Na modalidade “Radiodocumentário”, os alunos do 3º ano de Jornalismo, César Makiolke, Felipe Melhado, Marcelo Ramalho e Maria Clara Martins foram os grandes vencedores com o pro-grama “Contraponto - Uma reflexão sonora sobre a música”, orientados pela professora Flávia Bespalhok.

Em Relações Públicas, na modalidade “Organização de even-tos”, os alunos Rodrigo Soares Pinto e Ana Carolina Rampazzo Vieira representaram a UEL com o projeto “Eventos e respon-sabilidade social” e também foram os vencedores. A orienta-ção foi do professor Waldyr Gutierrez Fortes.

No Expocom, UEL sai vitoriosa em duas categorias

A edição 2010 do Con-gresso, que será realizado na UCS de Caxias do Sul ainda não tem data para acontecer

Renata Santos

Renata Santos

Renata Santos

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“Liberdade é um dever dequalquer jornalista”

Em novo livro, o jornalista Eugênio Bucci aborda a difícil relação entre o exercício diário do jornalismo e os atentados contra a liberdade dos profi ssionais de hoje

Gustavo Assumpção

O jornalista e pesquisador Eugênio Bucci lançou no últi mo mês seu nono livro. Em “A Imprensa e o dever da liberdade” (Comtexto, São Paulo, 2009) o jornalista discute a importân-cia da mídia para uma sociedade livre e democráti ca. Para isso, recorre a relatos importantes de relações da mídia com a indústria do entreteni-mento, com os governos, o capital e as ONGS. O livro ainda volta a abordar a relação entre jornalistas e fontes – que para o autor é uma das principais questões éti cas que precisam ser debati das no exercício da profi ssão.

Bucci, que é formado pela Comunicação Social pela Escola de Comunicações e Artes da Univer-sidade de São Paulo em 1982 e em Direito também pela USP em 1988, já publicou outras oito obras, com destaque para “Sobre Éti ca e Imp-rensa” de 2001, considerada uma Bíblia para estudantes de comunica-ção. A obra foi escrita pouco antes do jornalista assumir a Radiobrás, onde comandou um projeto de revitalização da empresa. O resultado foi tão bem sucedido que Bucci recebeu recon-hecimento nacional e prêmios fora do país pelo seu trabalho. Em 2007, Bucci acabou deixando o comando da empresa quando sofreu tentati vas de interferência no seu trabalho diário. Na época, ele revelou o recebimento de bilhetes enviados pelo ex-ministro Luiz Gushiken, da Secretaria de Co-municação, dos ex-ministros da Casa Civil José Dirceu e da Previdência

Ricardo Berzoini contra a cobertura de “oposição” da Radiobrás.

Em “A Imprensa e o dever da liberdade”, Bucci não volta a citar o caso diretamente (já que ele havia sido tema de outra publicação do jor-nalista em 2008), apesar de retomar assuntos que estão em consonância com o episódio. Para ele, “um país democráti co não pode desejar ou pe-dir à imprensa que não reverbere os problemas existentes”. Seguir imune a esses percalços não é fácil, mas só há um caminho: informação livre e independente. “Não se constrói uma nação, não se melhora as condições de vida do povo com menti ra, casuís-mos e esperteza”.

Outros livros publicados por Bucci:

2008: “Em Brasília, 19 horas: a Guerra entre a Chapa-branca e o Direito à Informação no Primeiro Gov-erno Lula”, editora Record.

2004: “Videologias” (co-autora Maria Rita Kehl), editora Boitempo.

2003: “Do B: Críti cas para o Cad-erno B do Jornal do Brasil”.

2001: “Sobre éti ca e imprensa”, ed. Companhia das Letras.

2000: “A TV aos 50” (org.), Funda-ção Perseu Abramo.

1997: “Brasil em Tempo de TV”, editora Boitempo.

1993: “O Peixe Morre pela Boca: oito Arti gos sobre Cultura e Poder”, Scritt a.

1982: “Um Balde” coletânea de poesias

Livro

ServiçoLivro: A imprensa e o dever da liberdade – A independência editorial e suas fron-teiras com a indústria do entretenimento, as fontes, os governos, os corporativis-mos, o poder econômico e as ONGs

Autor: Eugênio BucciFormato: 14x21 cm; 144 páginasPreço: R$ 27,00Editora Contexto

“A Imprensa e o Dever da Liberdade” é o nono livro lançado pelo jornalista Eugênio

Bucci

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Vila Cultural Espaço ALONA aposta na boa produção multicultural

Maiara Zaminelli

Neste últi mo fi nal de semana Lon-drina ganhou mais uma Vila Cultural, o Espaço ALONA. Localizada na Av. Leste Oeste, 518 na anti ga casas de shows Padock, a vila é uma idealização do Co-leti vo ALONA, um grupo de produtores culturais da cidade que desde 2008 busca esti mular a produção e circulação cultural e artí sti ca.

A Vila Cultural – Espaço Alona pre-tende efetuar e promover as diversas linguagens artí sti cas existentes. Na inau-guração o público teve uma dose multi -cultural que este espaço pode concreti -zar. Foram realizadas as performances artí sti cas de grupos de Londrina, como o Coleti vo Manada e a FTO – Fábrica do Teatro do Oprimido, a exposição de fotografi as, e da fotonovela produzida pela equipe do site Arotati va, exibição de curtas-metragens, shows com as ban-das Versana, Junkie Bozo e Carpelo além de outras intervenções culturais.

O Coleti vo ALONA aposta na realiza-ção de eventos que explorem diversas ati vidades culturais. Segundo a diretora cultural do Alona, Renata Santana, a integração dessas linguagens possibilita uma ampla divulgação de ações cul-turais que não encontram expressão forte dentro da sociedade. “Não limitar a uma forma de expressão, mas com-binar diversas linguagens culturais e artí sti cas em um só evento” diz a dire-tora cultural.

Um exemplo citado por Renata Santana é o caso da música. A maior ex-pressão cultural encontra-se nesta arte. Assim, ao efetuar um evento musical poderá ser realizada uma exposição de artes visuais, que proporcionará a aprox-imação do público.Com estas ações o Coleti vo ALONA busca a interação com a comunidade.

A parti cipação social talvez seja um dos pontos mais difí ceis de se esta-belecer. Londrina é uma cidade que

Cultura

No Espaço, o público tem contato com as mais diversas linguagens artí sti cas

Apresentações musicais é um dos destaques

possui cerca de 10 vilas culturais, a maioria localizadas no centro da cidade. Aproximadamente 4% do orçamento da cidade é desti nado a cultura e boa parte da programação cultural é apoiada pelo Promic. Mas com tantos projetos a presença do público nas produções culturais da cidade ainda é considerado escasso. A difí cil comunicação dos produtores e arti stas com setores da sociedade impede uma ampla parti ci-pação da população. Normalmente, o público dos eventos culturais na cidade são as mesmas pessoas que produzem as ati vidades artí sti cas. Para garanti r uma aproximação social, Renata San-tana afi rma que o Coleti vo Alona está aberto a parcerias com setores culturais e com a sociedade para a realização de ações culturais neste novo espaço.

Dentro da Vila Cultural já estão pro-gramadas algumas ati vidades como um ciclo de palestras sobre cultura urbana, a formação de um grupo de teatro infanti l, a exibição de curtas metragens e aulas de música. O Coleti vo Alona é apoiado pela Secretária de Cultura de Londrina e também integra o Circuito

Fora do Eixo, uma rede que promove o intercambio de trabalhos de produ-tores culturais de várias regiões do Brasil. A nova Vila Cultural é um pro-jeto aprovado pelo Promic, Programa Municipal de Incenti vo a Cultura.

Para quem se interessou no projeto e que saber mais, visite o blog:

www.acenalondrina.blogspot.com

Maiara Zaminelli

Maiara Zaminelli

Maiara Zaminelli

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Paraná celebra revitalização da mata ciliar com 100 milhões de árvoresNo dia da árvore, a SEMA-PR comemora o programa que é referência mundial em refl orestamento

Dulce Mazer

A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná (SEMA-PR) escolheu o Jardim Botânico de Londrina, ainda em fase de construção, para o planti o da muda da árvore número 100 milhões, em comemoração ao Programa Estadual de Mata Ciliar, que tem a adesão de todos os 399 municípios paranaenses.

Foram investi dos mais de R$ 20 milhões em diversas insti tuições públicas e privadas, entre elas o Insti -tuto Ambiental do Paraná (IAP), que teve 20 viveiros reestruturados, pos-sibilitando o aumento da produção de mudas nati vas.

O programa permite a recom-posição da mata ciliar através do planti o de mudas de espécies nati vas e o abandono de áreas para que a vegetação se recomponha natural-mente.

Esti veram presentes o vice gover-nador Orlando Pessuti , representando o governo do Paraná, o secretário Ras-ca Rodrigues (SEMA_PR), o prefeito de Londrina, Homero Barbosa Neto, o presidente da comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislati va

do Paraná, deputado Luiz Eduardo Cheida, o presi-dente da Itaipu Binacional, Jorge Samek, o presidente do IAP, Vitor Hugo Burko, o presidente da Sociedade Rural do Paraná, Alexandre Kireff , ente outras autori-dades. Rasca Rodrigues agra-deceu a parti cipação dos agricultores e funcionários do IAP: “graças a vocês e a todos os paranaenses que contribuíram, o Paraná está plantando hoje a árvore 100 milhões”, disse.

Após a solenidade, au-toridades e representantes das enti dades parceiras do Programa plantaram 100 espécies de árvores nati vas, inaugurando a primeira coleção de plantas do Jardim Botânico de Lond-rina: o “Jardim das 100 Milhões”.

Integram a coleção mudas de peroba-rosa, pau-marfi m, araucária, cedro-rosa, imbuia, canela-sassafrás, erva-mate, canafí stula, fi gueira e ipês-roxo e rosa.

Meio Ambiente

Nem todas as Insti tuições federais de peso no Paraná consenti ram em enviar representantes para a inauguração do “Jardim das 100 milhões”, no Jardim Botânico de Londrina. Foi o caso da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) de Londrina. Os estudantes do curso de Engenharia Ambiental da UTFPR, Danielle Hiromi Na-kagawa e Lucas Ramazotti mar-caram presença plantando uma muda de ipê-roxo: “na últi ma hora eles desisiti ram de mandar representantes e nós viemos em forma de protesto”. Os estu-dantes afi rmaram a importância

da universidade no processo de revitaliza-ção da mata ciliar, mesmo sem a presença de autoridades da UTFPR.

Com o apoio de mais de 300 parceiros, o Programa tem como re-sultados a semeadura no campo de 4,1 mil hectares de novas mudas, 4,9 mil quilômetros de cercas instaladas, 13,4 mil hectares de áreas aban-donadas para regeneração natural e 132,4 mil agricultores benefi ciados em todo o Estado. O índice de sobre-vivência das mudas em campo é de 55% e foi obti do através de vistorias de 58 áreas totalizando 158.000 mudas.

O Programa mantém também um Projeto de Neutralização do carbono emiti do pela Convenção da Diversi-dade Biológica – enti dade da Orga-nização das Nações Unidas (ONU). O carbono é sequestrado pelo planti o das árvores, que até agora já soma 1.404.364 mil toneladas. Ao todo, são 118,165 hectares de refl oresta-mentos, com resgate de carbono de 2,85 toneladas ao ano. O IAP uti lizou 85 espécies nati vas recomendadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) nas sete regiões bioclimáti cas do Paraná.

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Londrina estréia nos Jogos da JuventudeDelegação espera bom resultado na competição que acontece em Umuarama

Esporte

Cesar Makiolke

Londrina começa neste sábado a sua

parti cipação na 23ª edição dos Jogos

da Juventude do Paraná, o JOJUPs.

Este ano a Cidade-sede da competi ção

é Umuarama. São noventa e sete municípios das quatro regiões do Paraná parti cipando do torneio. A cidade vai aos jogos para defender o tí tulo conquistado na últi ma edição. Ao todo são dezesseis modalidades que reúnem 4.647 atletas.

A delegação londrinense é formada por 402 pessoas. O atle-ti smo é quem leva o maior número de atletas, cinqüenta e oito. Atual hexacampeão da modalidade, o téc-nico da equipe de atleti smo, Eugênio Zaninelli, acredita que mesmo com algumas difi culdades a equipe tem condições de brigar pelo séti mo tí tu-lo seguido. “Perdemos alguns atletas pra outras praças. A disputa vai estar acirrada, mas temos condições de chegar”.

Os Jogos da Juventude 2009 envolvem jovens de no máximo 18 anos. Para poder parti cipar da com-peti ção é preciso estar regularmente matriculado em uma insti tuição de ensino, ter notas que atendam a média escolar e freqüência mínima de 80% de presença nas aulas.

O coordenador de convênios da Fundação de Esportes de Londrina, Fábio Macedo, ressalta a importân-cia da obrigatoriedade dos estudos como requisito para a parti cipa-

ção dos atletas no JOJUPs. “Você esti mula o desenvolvimento não só das capacidades esporti vas dos jovens como também da capacidade intelectual. Num país onde muitos desistem da escola para tentar a sorte no esporte, medidas como essa garantem a conti nuidade nos estu-dos pelo menos até o jovem ati ngir a maioridade”. A competi ção vai até

o dia dois de outubro. Curiti ba - que havia vencido as últi mas oito edições dos jogos antes do tí tulo londrinense em 2008 - e Maringá chegam como as favoritas do JO-JUPs 2009. Os primeiros compro-missos da delegação londrinense são sábado de manhã, atleti smo, ginásti ca rítmica, judô, karatê, vôlei de praia, xadrez e tênis começam a disputar o torneio.

o dia dois de outubro. Curiti ba - Londrina vai tentar repeti r o desempenho da edição anterior, quando foi a vitoriosa

Evento é para jovens de até 18 anos e com boas notas na escola

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Censurado diversas vezes pela ditadura. Autor de textos incisivos do teatro nacional. O dramaturgo utilizou o vocabulário das ruas, becos e cadeias para encenar a realidade dos marginalizados.

Capa

Plínio Marcos: o mambembe do teatro sem disfarce

Márcia MalcherMaria Clara Martins

Camelô, jornalista, jogador de futebol, tarólogo, técnico da exti nta TV Tupi e palhaço foram algumas das ati vidades de Plínio Marcos. O fato é que ele encenou todas elas: profi ssão mesmo, sem-pre foi o teatro.

Considerado uma das vozes mais enfáti cas do teatro nacional, a vida e obra de Plínio Marcos é um re-fl exo da sua procura incessante em `descorti nar` as misérias humanas. Nasceu em Santos ( 29/09/1935) e morreu em São Paulo (19/11/1999). Ao lado de 4 irmãos e uma irmã, teve uma infância feliz. O que ele não suportava era o colégio: levou quase 10 anos para terminar o primário. “Para ser franco, eu, quando pequeno, era ti do como débil mental. Não conseguia apre-nder. Meu poder de concentração era nenhum.”

Ingressou na Aeronáuti ca para ter a oportunidade de fazer parte do ti me de futebol. Tornou-se pal-haço para impressionar uma moça do circo, cujo pai só permiti a que namorasse `gente do picadeiro`. “Então eu entrei para o circo. Achei que era mais engraçado do que o palhaço e que eu devia ser palhaço (...) comecei a fi car mais fi xo em circo depois que saí do quartel, com 19 anos. Mas, desde os 16, já estava trabalhando como palhaço.”

De palhaço a humorista. Das

parti cipações no rádio a um programa de humor na televisão. É nesse mo-mento que um fato o inspira a escrever o primeiro texto para o teatro, aos 22 anos: Barrela. ``Es-crevi em forma de diálogo, em forma de espetáculo de teatro, que era o que eu mais conhecia, mas não me preo-cupei com os erros de portu-guês, nem com as palavras. Imagi-nei o que se passara no xadrez an-tes, durante e depois de o garoto entrar, coisas que eu conhecia bem de tanto escutar histórias na boca da malandragem. E dei o nome de Barrela, que é a borra que sobra do sabão de cinzas e que, na época, era a gíria que se usava para curra (nome referente ao fato de o ga-roto, personagem da peça, ter sido violentado na prisão).”

Plínio mostrou o texto a sua amiga Patrícia Galvão (Pagú) que se entusiasmou com o esti lo dele e esti mulou a montagem da peça. “Aí, eu é que fui dirigir, eu que fi z

um papel, eu que fi z o cenário, eu que fi z tudo``. Entretanto, a cen-sura proibiu a montagem. Depois do apelo de Pagú a Pascoal Carlos Magno (espécie de ministro sem pasta do Governo de JK) que inter-cedeu pelo espetáculo, o texto foi liberado para uma apresentação. A encenação aconteceu no dia 1º de novembro de 1959 durante o Festi val Nacional de Teatro de Estudante em Santos e depois foi novamente proibida pela Censura Federal por vinte e um anos.

Já em São Paulo, vieram outras peças (Reportagem de um Tempo Mau, Jornada de um Imbecil até

ploniomarcos.com.br

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o Entendimento) e novas censu-ras. “Ser impedido de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia com o suor do próprio rosto é terrível. Você tem a sensação de que é um exilado no seu próprio país. Eu sei bem como é isso. Penei. Penei muito. A minha sorte é que nunca cortei os laços com as minhas raíz-es. Fui camelô. Voltei pra rua pra camelar. Não caí. Não bebi. Não chorei. Nem perdi o bom-humor. Mas, sofri mais do que a mãe do porco-espinho na hora do parto, impedido de trabalhar. E ignorado por colegas, que se diziam de es-querda, nas rádios e nas televisões. Mas, deixa pra lá. Essa sujeira sai no mijo, não tenho mágoas.”

Dois Perdidos numa Noite Suja, uma das peças mais conhecidas do dramaturgo, foi montada pela primeira vez com a ajuda de ami-gos em um bar na Galeria Metró-pole. “Cinco pessoas foram assisti r à estréia: a Walderez, o Carlos Murti nho, a mulher do Ademir, um bêbado, que não quis sair porque aquilo lá era um bar, e o Roberto Freire``.

Depois de 1968, Plínio Marcos se tornou o ícone da censura. Se-gundo o jornal Folha de São Paulo (3 de Agosto de 1968) até mesmo Dois Perdidos Numa Noite Suja e Navalha na Carne, que já haviam sido apresentadas em diversas regiões do país, foram interditadas em todo o território nacional.

“De repente, todas as minhas peças foram proibidas. Por quê? Ninguém dizia coisa com coisa. Um fi lho-da-puta de um censor, num dia em que eu perguntei por que todas as minhas peças estavam proibidas, fi cou nervoso:

- Porque suas peças são por-nográfi cas e subversivas.

- Mas por que são por-nográfi cas e subversivas?

- São pornográfi cas porque têm palavrão. E são sub-versivas porque você sabe que não pode escrever com palavrão e escreve.”

Apesar de não conseguir as liberações para suas peças, insisti a em incomodar a censura. Também perseguia. Tanto que foi preso em 1968 e no ano seguinte, daí trans-ferido do presídio de Santos, para o DOPS em São Paulo. Os amigos advogavam a seu favor e o ti ravam da prisão. Além disso, também foi deti do para in-terrogatório em várias ocasiões.

O projeto “Duas montagens, uma homenagem” da Escola Municipal de Teatro (FUNCART), produziu duas peças do dramatur-go para lembrar os 10 anos da sua morte. Os espetáculos A Mancha Roxa e Dois Perdidos numa Noite Suja, dirigidas por Silvio Ribeiro, foram apresentados no Teatro Zaqueu de Melo.

A Mancha Roxa revela o descaso do Estado em relação ao sistema carcerário e à saúde pública. A história se passa em uma peniten-ciária feminina e é encenada por cinco atrizes. O texto é de 1988, época na qual a AIDS ainda era uma doença obscura e desconhe-cida. Segundo Silvio Ribeiro, apesar de hoje a sociedade encarar a doença de uma forma diferente, a peça é um alerta para lembrar que a prevenção ainda é importante e necessária.

No arti go em que analisa o dis-curso das obras de Plínio Marcos, Alessandra dos Santos, afi rma que as difi culdades diárias esmagam o ser humano. Então, massacrados e

humilhados, os personagens do au-tor lutam por uma transformação que pode se tornar violenta. ``Para eles a saída soa como uma inser-ção ainda maior no submundo da marginalidade``.

Afi nal, ``teatro só faz senti do quando é uma tribuna livre onde se pode discuti r até as últi mas consequências os problemas dos homens``. Era o que Plínio Marcos acreditava

Plínio retratou a vida marginal no Brasil

Acima, anotações feitas à mão por Plínio Marcos

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Eliane de Oliveira

O shopping com-tour faz parte do cenário londrinense desde 1973. Segundo a ser construído no país, foi moti vo de orgulho por muitos anos, mas teve seu brilho apagado com a chegada do Catuaí. Ainda assim, cons-ervou muitos frequentadores e vem tentando se reinventar. Pelos corredores reformados é possível encontrar lojas de diversos seguimentos e um cin-ema – o cine Com-tour.

Em 2005, a Universidade Estadual de Londrina investi u quase 100 mil reais para reati vá-lo. O fi lme escolhido para a estréia – A casa vazia, do diretor sul-coreano Kim Ki-duk – talvez não tenha sido a melhor opção. Que fi que bem claro, isso não se refere aos méritos do fi lme, e sim a uma triste coincidên-cia. Parece que o fi lme traçou o desti no da casa que o abrigou. Fugindo do circuito comercial, o Com-tour apresenta fi lmes pro-venientes de países europeus e asiáti cos, em sua maioria, e norte-americanos, mas não os hollywoodianos. Ou seja, ali você não vai assisti r a grandes produções. Os orçamentos são restritos, em alguns fi lmes isso se estende inclusive aos diálo-gos, e se esti ver acostumado a todo aquele mix de efeitos especiais, explosões, etc, vai estranhar um pouco. Se você for daqueles que aguardam o pa-recer de amigos e jornais para se dar ao trabalho de ir ao cinema,

A casa cult vaziaPreço acessível, fi lmes de qualidade, boa localização e salas vazias... A realidade incoerente do Cine Com-Tour UEL

Cinema

esqueça. No Com-tour, a pro-gramação muda toda sexta-fei-ra, e são raríssimos os casos de fi lmes que são exibidos por mais de uma semana. Bobeou, per-deu. E perdeu mesmo, ou terá que enfrentar uma maratona para encontrá-lo em locadores ou sui generis.

Por tudo isso, e pelo público que o frequenta, o cinema é visto, apelando para o senso-comum, como alternati vo, cult e também não tem os atrati vos do som dolby digital, 3D ou coisas do gênero, algumas vezes a projeção treme, e corre-se o risco de chegar lá e a exibição do fi lme não acontecer porque o projetor está quebrado. Isso já aconteceu comigo. Uma vez, mas aconteceu.

Por outro lado, nele não se enfrenta fi la em nenhum dia. In-dependente do fi lme, é possível chegar poucos minutos antes do início da sessão, comprar o ingresso (com preço aces-sível!) tranquila-mente e escolher o lugar para se sentar. Também não se corre o risco de alguém te ati rar pipoca ou qualquer outra ati tude mal-educada e, até o momento, feliz-mente, ainda não fui surpreendida com o toque irri-tante de celulares

durante o fi lme. Isso sem falar do charme daquelas luzes multi -coloridas que suscitam algumas histórias. Uma amiga um dia co-mentou que ali havia funcionado um bordel, e que a decoração atual é remanescente daquele período. Ainda não consegui confi rmar essa informação. Na verdade nem fui atrás. Algumas histórias merecem permanecer no imaginário.

Bem, é isso. Em toda edição você vai encontrar, espero, um comentário de fi lme exibido no Cine Com-tour, sem nenhuma pretensão de críti ca ou análise, que fi que bem claro. Nada que eu escrever aqui poderá ser usado contra mim em qualquer circunstância. Se algum desaten-to, desavisado pensar que leu algo escrito por críti co de cinema eu não me responsabilizo.

Qualidade dos fi lmes parece não atrair público, que ainda prefere os sucessos comerciais

Divulgação

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Surpresas despretensiosasQuando a ida ao cinema pode render mais que boas histórias

Cinema

Eliane de Oliveira

Ir ao cinema é uma aventura. Ao menos sob determinado aspecto. Tudo bem, não se tem que subir trilha, descer cachoeira, mas também se enfrenta o desconhecido, e muitas vezes há surpresas positi vas. Para quem perdeu Era do Gelo em virtude das restrições impostas pela preven-ção à gripe suína e foi ao cinema meio decepcionado, Up: altas aventuras é um achado. O fi lme conta a história de um vendedor de balões que após a morte da esposa, e vendo sua casa tranquila ser engolida por construções modernas e barulhentas, decide re-alizar o grande sonho do casal – viajar

ao paraíso das cachoeiras, que fi ca na América do Sul, mas não é as Catara-tas do Iguaçu (será que ainda é assim que escreve?). O detalhe é como ele faz isso: suspendendo a casa com milhares de balões, aqueles de festa infanti l. Como Carl é um rabugento senhor de 78 anos, entra em cena Russel, um escoteiro de 8 anos que tem aquele oti mismo irritantemente adorável, característi co das crianças. Esse encontro entre um velhinho que se recusou a mudar para um asilo e uma criança, que nunca saiu da cidade, entusiasmada com um mundo de verdadeiras aventuras possibilita mais que momentos de distração. A história rende boas gargalhadas tanto a adultos quanto crianças, mas seu maior mérito é fazer refl eti r de uma maneira leve, suti l sobre questões não muito agradáveis. Isso sem falar que esta é uma animação em 3D. Pala-vras vindo em sua direção, pássaros voando ao seu lado, um céu estrelado sobre sua cabeça... são alguns atrati -

vos para uma história cati vante por si mesma. Para aqueles que se lembra-ram da história do padre paranaense um recado sem estragar o fi nal do fi lme - aqui o desfecho é diferente.

Outra opção é o romance Tinha que ser você. Se o leitor é daqueles que quando vê na sinopse ‘romance’ torce o nariz e procura outra opção, talvez este fi lme seja capaz mudar essa má-impressão que os romances causam, principalmente nos homens. Tinha que ser você (Last chance Harvey, para não confundir com outro fi lme que teve a mesma tradução) é a história de um frustrado letrista de jingles que viaja à Inglaterra para o casamento da fi lha. Ao chegar lá, depara-se com a escolha do padrasto para levá-la ao altar. Para completar a decepção é informado por telefone de que perdeu o emprego e, comprovando a existência da Lei de Murphy, perde o voo de retorno a Nova Iorque. No bar do aeroporto Harvey conhece Kate, funcionária que passa os dias entre as pesquisas com os passageiros e os cui-dados com a mãe (paranóica com as ati tudes ‘suspeitas’ de um vizinho po-lonês), além de se meter em situações embaraçosas como aqueles encontros ‘casuais’ armados por amigos. É nesse ponto que o fi lme agrada, pois foge dos estereóti pos dos casais perfeitos simplesmente porque os dois não combinam: o franzino Dusti n Hoff man e a corpulenta e meio desengonçada Emma Thompson não formam o casal ideal. Além disso, as interpretações são naturais, as situações reais, o que possibilita uma identi fi cação de quem está assisti ndo ao fi lme, nada daquele mundo perfeito dos contos de fadas que nos fazem criar expectati vas e, consequentemente, frustração. Tinha que ser você é um fi lme de relaciona-mentos possíveis, de reconciliações prati cáveis. Outro ponto positi vo: ao fi nal do fi lme os níveis de glicemia estão normais.

Up - Altas Aventuras é um dos fi lmes mais bem recebidos pela crírica americana neste ano Divulgação