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História e Memória das Formas de Representação do Pathos Urbano em Mídias Impressas de Diferentes Épocas 1 Terezinha Tagé 2 Resumo: o artigo apresenta uma contribuição para os estudos da memória textual na história das mídias impressas em diferentes épocas. Refere-se à história das formas sígnicas de reportar conflitos sócio-urbanos em livros e reportagens impressas em determinados contextos sócio-políticos considerados hegemônicos no plano da significação (na semiosfera, segundo I.Lotman). Considera como mídias não apenas os meios tradicionais de informação social, mas também os dispositivos de mediação impressa nos quais estão configurados em múltiplas linguagens integradas os sentidos da vida urbana e imediata (gêneros de discurso, segundo Bakhtin) para cumprir sua função na Comunicação Social. Foram selecionados para análise textos com repercussões de acontecimentos sociais que envolvem o pathos existencial e cotidiano das metrópoles em duas épocas: o século XIX e o século XXI. O apoio teórico para o raciocínio desenvolvido parte da “teoria da estética do pathos” elaborada pelo cineasta russo Serguei Eisenstein em seus estudos sobre os romances realistas de É. Zola (séc. XIX) e relacionada à leitura de resenhas críticas de documentários sobre conflitos da atualidade (séc.XXI) escritas pelo historiador Peter Burke e publicadas em jornais paulistanos. . Palavras–chave: História da mídia; pathos e mídia; estética de Eisenstein; texto da cultura; comunicação e linguagens. 1- A configuração das sensibilidades no cotidiano O universo da comunicação humana é composto por diferentes códigos sistematizados em símbolos, criações específicas e artificiais produzidas para esta finalidade. Nas palavras do pensador Vilém Flusser: “os homens comunicam-se uns com os outros de uma maneira não ‘natural’: na fala não são produzidos sons naturais, como, por exemplo no canto dos pássaros, e a escrita não é um gesto natural como na danças da abelhas.” (FLUSSER,V.2007:89). Mas, apesar desta artificialidade, o necessário registro das ações diárias, dos acontecimentos sociais significativos em diversas culturas e diferentes tempos históricos tornou-se parte integrante da segunda “natureza” humana, o necessário convívio social. Desse modo, legitimaram-se as múltiplas formas de representação dos aspectos marcantes da vida coletiva impressas em materialidades 1 Trabalho apresentado no VI Congresso de História da Mídia na UFF, ao GT4: História da Mídia Impressa, em Niterói, em maio de 2008. 2 Doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, Mestre em Letras (Literatura Brasileira) pela FFLCH-USP.Docente e pesquisadora no Departamento de Jornalismo e Editoração e no Programa de Pós- Graduação em Ciências da Comunicação da ECA-USP 1

História e Memória das Formas de Representação do Pathos ... · O grande número de formas expressivas em diferentes linguagens surge como necessidade essencial para representar,

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História e Memória das Formas de Representação do Pathos Urbano em Mídias Impressas de Diferentes Épocas 1

Terezinha Tagé 2

Resumo: o artigo apresenta uma contribuição para os estudos da memória textual na história das mídias impressas em diferentes épocas. Refere-se à história das formas sígnicas de reportar conflitos sócio-urbanos em livros e reportagens impressas em determinados contextos sócio-políticos considerados hegemônicos no plano da significação (na semiosfera, segundo I.Lotman). Considera como mídias não apenas os meios tradicionais de informação social, mas também os dispositivos de mediação impressa nos quais estão configurados em múltiplas linguagens integradas os sentidos da vida urbana e imediata (gêneros de discurso, segundo Bakhtin) para cumprir sua função na Comunicação Social. Foram selecionados para análise textos com repercussões de acontecimentos sociais que envolvem o pathos existencial e cotidiano das metrópoles em duas épocas: o século XIX e o século XXI. O apoio teórico para o raciocínio desenvolvido parte da “teoria da estética do pathos” elaborada pelo cineasta russo Serguei Eisenstein em seus estudos sobre os romances realistas de É. Zola (séc. XIX) e relacionada à leitura de resenhas críticas de documentários sobre conflitos da atualidade (séc.XXI) escritas pelo historiador Peter Burke e publicadas em jornais paulistanos..

Palavras–chave: História da mídia; pathos e mídia; estética de Eisenstein; texto da cultura; comunicação e linguagens.

1- A configuração das sensibilidades no cotidiano

O universo da comunicação humana é composto por diferentes códigos

sistematizados em símbolos, criações específicas e artificiais produzidas para esta

finalidade. Nas palavras do pensador Vilém Flusser: “os homens comunicam-se uns com os

outros de uma maneira não ‘natural’: na fala não são produzidos sons naturais, como, por

exemplo no canto dos pássaros, e a escrita não é um gesto natural como na danças da

abelhas.” (FLUSSER,V.2007:89). Mas, apesar desta artificialidade, o necessário registro

das ações diárias, dos acontecimentos sociais significativos em diversas culturas e

diferentes tempos históricos tornou-se parte integrante da segunda “natureza” humana, o

necessário convívio social. Desse modo, legitimaram-se as múltiplas formas de

representação dos aspectos marcantes da vida coletiva impressas em materialidades

1 Trabalho apresentado no VI Congresso de História da Mídia na UFF, ao GT4: História da Mídia Impressa, em Niterói, em maio de 2008.2 Doutora em Ciências da Comunicação pela ECA-USP, Mestre em Letras (Literatura Brasileira) pela FFLCH-USP.Docente e pesquisadora no Departamento de Jornalismo e Editoração e no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da ECA-USP

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sígnicas (traços, sons, grafemas, letras, cores, sinais, e outros) desde os primórdios até os

espaços urbanos do mundo contemporâneo.

A memória e a história das mídias impressas de diferentes épocas guardaram

características desta manifestação. Entre elas, as comunicações do sofrimento, da dor, da

violência, das emoções sempre estiveram presentes.

Esse percurso histórico nos coloca diante da evidência de uma característica

altamente reiterativa: a dor, física e principalmente a dor existencial, o pathos sempre foi

incorporado no cotidiano. Esta marca é comunicada nas formas impressas

midiáticas(considerando esta palavra em sentido amplo) de todas as épocas, mesmo

anteriores ao que conhecemos por: “meios de comunicação ” na a tualidade, e nos mostra

que vivemos mergulhados em violências, estigmas, preconceitos, brutalidades e

banalidades que abalam nossa sensibilidade e afetam nossa condição humana. Petrificam a

mente e o espírito. Por este motivo é inevitável a companhia constante de uma espécie de

angústia social generalizada, de uma turbulência das emoções.

Em tempos históricos e espaços culturais diferentes sempre nos deparamos com o

registro impresso sobre a fome, a guerra, a dificuldade de discernimento entre realidade e

ficção, a violência autorizada para fins políticos e outras circunstâncias que se tornaram

lugares comuns nos textos e discursos verbais e não-verbais das notícias e reportagens,

documentários em livros e outros dispositivos esmerando-se em exibir discursos de

impacto, fotos e infográficos com requintes técnicos, grafismos e diagramações cada dia

mais sofisticados. Uma exposição diária de quadros do sofrimento e de uma dor coletiva

que parece mover o sentido das coisas e dos fatos para comover cada instante. Comover,

tocar, sensibilizar consciências, mesmo sem a esperança de algum resultado imediato ou

apenas para incentivar o consumo de idéias em todos os níveis e de produtos de todas as

espécies.

Estas construções sígnicas e formais são elaboradas e impressas esteticamente para

expressar as ações humanas que denunciam, demonstram ou simplesmente descrevem

motivações diárias desta dor. Os produtores de textos e de sentido responsáveis pela

comunicação destes fatores que integram a condição humana esmeram-se em criar sistemas

sígnicos de impacto cada dia maior nas mídias.

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Como conseqüência, estes procedimentos sempre corresponderam às sensibilidades

e configuraram aos poucos um plano conflituoso e irreversível de comunicação dos

acontecimentos no mundo que nos cerca. Pensando em tipos de mídias impressas tais como

as que conhecemos e para recortar exemplos mais aproximados, vamos nos ater aos livros e

jornais impressos.

Abrimos os jornais, pesquisamos pela internet, ligamos a TV, informamo-nos sobre

os acontecimentos da vida imediata e confirmamos estes temas e estas formas de

comunicação desdobrada em conversas em todos os espaços possíveis para troca de

informações e formação de opiniões. Estamos situados em um universo de

desentendimentos e segundo Jacques Rancière: “O desentendimento não diz respeito

apenas às palavras. Incide geralmente sobre a própria situação dos que falam”.

(RANCIÈRE, J.,1996:11-13). As transformações nos modos de impressão midiática através

dos tempos também fazem parte desta situação, o que legitima o estudo de sua história.

Ao mesmo tempo, os estudiosos da comunicação, os filósofos, os antropólogos, os

semioticistas e outros pensadores nos ensinam, também, que vivemos em uma sociedade do

espetáculo (DEBORD, G., 1997) em movimento e transformação constante, onde tudo

parece fluir. Ainda nas três, quatro e cinco primeiras décadas do século XX, teóricos como

Walter Benjamin, Theodor Adorno, Horkheimer e outros chamavam a atenção da sociedade

sobre as possibilidades de uma cultura industrializada, de uma tendência à padronização e

a dificuldade de separar o que era real do que era criado artificialmente pela indústria

cultural. Mas, em nossos dias, outros pensadores nos informam que, na atualidade, vivemos

momentos líquidos que “transbordam”, inundam”, como afirma Zigmunt Bauman. As

formas não são facilmente contidas: “Estas são as razões para considerar “fluidez” e

“liquidez” como metáforas adequadas quando queremos captar a natureza da presente fase,

nova de muitas maneiras na história da modernidade”.(BAUMAN, Z. 2001:9)

Tais reflexões não são supérfluas nesta exposição de idéias porque têm o objetivo

de percorrer leituras e pensamentos que nos ocorrem de passagem em forma de painel e nos

levam a indagar se existe um processo contínuo de estetização na forma de organizar nas

mídias a comunicação do que acontece, do que é vivido e comunicado nos diferentes textos

(verbais, visuais e sonoros) e discursos os meios e as mediações da Comunicação. As

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mídias impressas, neste caso, incorporam marcas de outros formatos e esta interferência é

uma característica da atualidade.

Vivemos no “mundo codificado” de que nos falava Vilém Flusser e precisamos

tomar consciência da importância do conhecimento de nossa história midiática para

decifrarmos a memória das formas representativas criadas artificialmente para nos informar

sobre nossa natureza. Estamos diante de um paradoxo aparente.

De nada valeria informar simplesmente os acontecimentos sem tocar a sensibilidade

dos informantes e destinatários com a criação de outras das formas de representar. Os

signos tornaram-se os acontecimentos que influenciam e interferem nos modos de ver e de

ser contemporâneos. Somos liderados pelo que os sistemas sígnicos nos comunicam. A

forma de construção dos enunciados nos diversos gêneros discursivos ( BAKHTIN, 2003)

e o planejamento gráfico são tão importantes quanto os temas selecionados para a pauta

diária dos jornais e dos projetos dos livros nas editoras. São elementos compartilhados

com a organização de grafismos, a seleção e edição de fotos e infográficos, o processo

textual de modelização. Atravessam a fluidez e permanecem para a história porque

produzem memória e geram diferentes semioses. É o texto que gera a significação do

mundo e não o contrário. (LOTMAN, 1996).

A reiteração com que os textos midiáticos comunicam a agressividade e a violência

a ponto de banalizá-las têm sido objetos de estudos recorrentes entre pesquisadores das

mais diferentes áreas de conhecimento. Mas, quando pensamos em pontos de convergência

que caracterizam estes fenômenos, entre diversos fatores, chegamos ao mesmo lugar: são

construções para manifestar uma instabilidade nas emoções coletivas, uma marca gerando

um estado geral de dor existencial em grau insuportável para a vida social de boa qualidade.

A felicidade se tornou obscurecida. Há sempre um lado sufocante em nossa capacidade de

atribuir sentido ao que acontece. Uma crise de significações interfere na comunicação de

fatos, de comportamentos, de sentimentos e emoções.

Os estudos de Comunicação e história das mídias impressas não poderiam ficar

alheios a estes fatos.

Pensando nestas circunstâncias procuramos pesquisar textos verbais e não–verbais e

discursos sobre o tema da dor em diferentes épocas em espaços urbanos e o processo e

comunicação em jornais e romances porque estas mídias impressas exerceram e exercem

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uma função significativa na história do registro e na preservação da memória do pathos

humano diário representado em sistemas sígnicos.

O grande número de formas expressivas em diferentes linguagens surge como

necessidade essencial para representar, demonstrar e comunicar como se fosse um grito

humano estetizado. As imagens significativas são inspiradas em outras produções e

atividades humanas que utilizam recursos artísticos, criações e montagens infográficas que

se integram e interagem na compreensão dos textos verbais. Observamos que o grafismo,

os projetos editorias em livros e jornais vão muito além da simples necessidade de

comunicar informações no século XXI e, da mesma forma, outros tipos de mídia impressa,

como o romance no século XIX, se constituíam em mídias condensadoras de temas

emergentes e decisivos.

Há muitos modos de refletir sobre as formas de construção da emoção nos espaços

urbanos e de construir sua memória de formas de representação sua história das mídias

impressas, mas vamos nos restringir, nesta oportunidade de compartilhar estudos e

experiências de pesquisa, a um pequeno ponto: representações da dor existencial, explícita

e implícita no cotidiano em publicações midiáticas jornalísticas e literárias, porém o mesmo

procedimento pode ser empregado para pesquisas em outros tipos de mídia.

2-Intervalo: a estética do pathos de Eisenstein e a construção composicional de Émile Zola.

Para compreender a proposta deste texto é preciso fazer um intervalo para situar o

ponto de vista do pensador e cineasta russo Serguei Eisenstein (1898-1948) e seu estudo da

obra de Émile Zola (1840-1902), mostrando a correspondência entre as escolhas estéticas

deste escritor francês e as situações extraverbais selecionadas e constituídas nos enunciados

e seus romances, caracterizadas pelo processo de evocação imagética dos espaços urbanos

onde se passavam sofrimentos geradores do pathos existencial de sua época. Ele toma como

objeto de referência os romances do escritor, uma mídia impressa hegemônica em seu

tempo. As obras em geral retratam as dificuldades e sofrimentos de personagens típicos da

vida social no processo de urbanidade em fase de organização nas transformações e crises

na França do final do século XIX.

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Page 6: História e Memória das Formas de Representação do Pathos ... · O grande número de formas expressivas em diferentes linguagens surge como necessidade essencial para representar,

. Em seguida, apresentaremos artigos publicados em jornais paulistanos em

cadernos culturais pelo historiador Peter Burke e que apontam para situações de conflito

urbano com princípios diferentes, mas que atentam para a mesma forma estética de

representação dor diante dos dramas das cidades em nossos dias do século XXI. Há uma

correspondência destes procedimentos com as formas de apresentação de textos nas mídias

contemporâneas e a sensibilidade dos destinatários aos quais estas formas se destinam.

Partimos do princípio de que as formas de construção composicional e enunciados

em textos verbais integrados aos textos visuais ou a determinados procedimentos

discursivos de impacto estão organizados nas mídias impressas das duas épocas referidas

com recursos que materializam sensações e posições axiológicas correspondentes às dos

destinatários de cada veículo. Há uma interferência das transformações nos recursos

tecnológicos. Na atualidade, há uma interdependência e um diálogo de códigos e de formas

sígnicas nos textos jornalísticos em relação à predominância do signo verbal nos romances.

Enunciados e diferentes formas sígnicas convivem com a mesma intensidade numa

mesma página de jornal. A leitura do texto verbal interage e dialoga com fotos e grafismos.

Este fato remete à noção de montagem, de fragmento apreendido e graficamente editado

com um mesmo objetivo: criar possibilidades de provocar no leitor um processo de

identificação acontecimentos na configuração de sua sensibilidade.

Como apoio para este modo de raciocinar e compreender este fenômeno,

recorremos à “teoria do pathos” ou “estética do pathos” como ficou conhecida a concepção

de arte, de criação e interpretação praticada por Serguei Mikhailovitch Eisenstein (1898-

1948). Ele defendia a idéia de que existe uma “semelhança estrutural entre o objeto

estético e a reação humana que ele provoca”. (SEGAL, em SCHNAIDERMAN, 1979: 235)

Desenvolveu esta teoria estudando ciências, artes e técnicas, formalizando

procedimentos empregados em suas próprias experiências de criação, no cinema e escritos

sobre diferentes temas e elaborados em vários gêneros discursivos.

Entre estes pensamentos sobre as obras de arte elaboradas em diferentes atividades,

como o desenho, a dança, a pintura, a arquitetura, escolhemos como ponto de partida neste

artigo os escritos sobre literatura e o processo de criação imagético descrito por Eisenstein a

partir e suas leituras das obras do escritor francês Émile Zola (1840-1902).

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Este escritor francês, rotulado como naturalista pelos manuais apressados de história

da literatura, segundo Eisenstein, descreveu em seus romances (mídia importante de sua

época) a miséria e os problemas sociais urbanos de seu tampo, construindo imagens e

descrevendo detalhes muitas vezes ignorados ou desprezados pela maioria dos escritores,

da vida cotidiana, passo a passo, como se fossem enquadramentos para um filme,

recortados em minúcias que continham o registro da atmosfera de uma época para a

memória cultural da posteridade.

Zola procurava sensibilizar os leitores e cidadãos construindo seus enunciados nos

romances e artigos para jornal como representações imagéticas de cenas da vida cotidiana

de pobres, trabalhadores, operários, prostitutas, pessoas marginalizadas em sua cidadania e

que sofriam a dor de viver naquele espaço opressivo em meio a uma atmosfera turbulenta e

desumana.

Estas reflexões de Eisenstein estão no texto: “Les vingt piliers de soutènement”

(EISENSTEIN, S.M., 1976: 141-213) na qual ele estuda as obras do escritor francês, assim

como as de outros escritores, como Balzac. Seu objetivo era o de mostrar o equívoco dos

críticos da literatura que reduziam a contribuição destes escritores e comunicadores do

cotidiano de seu tempo ao rótulo de realistas e naturalistas. Para a história das formas de

representação do sofrimento urbano nas mídias impressas, a contribuição de Zola passa a

ter um lugar de grande valor estético.

Referindo-se à construção composicional de Zola, retomada na linguagem fílmica,

e que nós estamos considerando em nossos estudos sobre estética e pathos nas mídias,

Eisenstein afirma:

De tous les éléments possibles du milieu ou du phénomène, il choisit

précisement telle ambience, précisement tels objets et précisement dans tel état

qui fera qu’à tel moment donné ils seront “à l’unissont” des sensations

émmotionnelles (souvent même physiologiques) qu’il entend susciter chez le

lecteur (EISENSTEIN S.M., 1976:147)

Esta escolha minuciosa e precisa da construção de dos sistemas de signos por parte

do narrador nos romances de Zola fazem parte de uma história das formas de reportar as

crises da vida imediata de sua época que não pode ser observada em nenhum outro tipo de

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mídia impressa. As grandes descrições da vida mais comum em todas as camadas sociais

permitiam a revelação dos hábitos, emoções e da ordem de valores da época como nenhum

outro tipo de mídia impressa. Assim, a seleção de elementos que marcavam o cenário, os

objetos e personagens em suas obras, sempre tinha o propósito de causar impactos,

provocando emoções na receptividade do leitor. Permitia, também, uma fusão de sensações

físicas e psicológicas no seu espírito. Ele elaborava uma estética do pathos como foi

nomeada por Eisenstein para causar emoções impulsionadas pela forma de organização e

escolhas dos elementos utilizados para comunicar situações e sensações nas obras. Suas

estratégias de comunicação não obedeciam aos procedimentos comuns à escrita literária,

com um sistema de construções metafóricas, ritmos e sonoridades minuciosamente

dispostas nas palavras. No lugar destes recursos, Zola coloca seus personagens em um

conjunto de objetos dispostos fisicamente da maneira como eles necessitam. Constrói

seqüências de imagens com palavras como ícones para a imaginação do leitor e descreve

quadros com elementos visuais equivalentes ao mundo interior de seus personagens.

Na obra “A besta humana”, por exemplo, a descrição de um quarto pequeno,

pintado com paredes vermelhas, há um fogareiro de ferro fundido, superaquecido a ponto

de provocar um torpor no ambiente, tal como o que se impunha aos freqüentadores deste

espaço. Nada impedia o autor de escolher símbolos visuais no quadro da realidade, de tal

modo que a significação cotidiana emergia com intensidade em diferentes graus de eficácia

para produzir impressões impactantes e correspondentes às angústias vividas pelos

destinatários das obras.

Como cineasta, Eisenstein apoiava-se nesta metodologia para dominar os meios de

ação específicos das montagens de cenas e detalhes de seus filmes. Estes procedimentos

traduziam frieza ou aquecimento em uma cena como, por exemplo, uma gama de

luminosidade banhando o tema do enquadramento escolhido por ele em conformidade ou

por contraste com o estado de espírito dos personagens. Estas situações levam o espectador

a um estado de identificação, a uma sensação unidade, como se a ficção fosse uma vivência

real como a que era representada.

Pesquisando a história da palavra pathos em fontes etimológicas, constamos que ela

é marcada por inúmeras conotações. Inicialmente encontramos o significado: “algo que

acontece”, um evento, um acontecimento. Mas, também pode significar:“sofrimento

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instrutivo” ou, no sentido filosófico, ela adquire dois sentidos, “o que acontece aos corpos”,

como as qualidades, e o que acontece às almas”, como as emoções. Apenas como

referência de passagem, nos limites desta exposição, chegamos às teorias materialistas da

sensação que integram o conhecimento sensorial a um pathos dos sentidos.

Mas, é importante pensar que a palavra pathos antes de tudo, significa

“acontecimento” e pareceu-nos pertinente a possibilidade de considerá-la como

acontecimento de linguagens (verbal, visual, sonora e outras) que, uma vez compartilhada

com um destinatário, permitindo a identificação como o que é comunicado. Este modo de

raciocinar apóia a possibilidade de pensar em uma história de formas textuais de

representação dos acontecimentos de linguagens como a representação dos signos da dor

humana na mídia impressa.

Eisenstein comparou a sua forma de montagem cinematográfica com o processo de

descrição imagética característico de Zola, como estratégia metodológica para suas criações

artísticas. Para complementá-la, partia também de uma impressão acidental desencadeada

por uma imagem apreendida ocasionalmente, ampliando-a em um sistema de imagens.

Sempre guiado pelas emoções como acontecimento de linguagem, pelo sofrimento ou

prazer despertado pela impressão visual ou por uma frase ouvida ao acaso. Sempre o

acontecimento no espírito, o pathos gerador de sentidos e constituído esteticamente em

múltiplas linguagens.

Em sua obra “Memórias Imorais”, escrita como uma coletânea de textos curtos e

fragmentos, o cineasta russo escreve sobre alguns acontecimentos emotivos traduzidos na

materialidade sígnica visual e verbal que acompanharam a realização de seu filme

“Outubro”. Entre eles, refere-se à visão de uma ponte levantada que se tornou motivo para

o desenvolvimento das cenas:

Desse modo, a impressão acidental, matutina, de uma ponte levantada se

tornou uma imagem, ampliou-se num sistema de imagens, transformou-se num

símbolo de dois braços estendidos e ligados por um sólido aperto de mão e,

finalmente, passou a ser a estrutura capital, na concepção total do filme.

(EISENSTEIN, S.M., 1987: 113)

Partindo destas leituras, acreditamos ser possível estabelecer uma correspondência

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entre estes mesmos procedimentos formais com as estratégias elaboradas pelo historiador

Peter Burke ao elaborar ensaios publicados em cadernos de cultura de jornais diários na

atualidade. Seus textos midiáticos interagem com fotos e recursos imagéticos editados para

destinatários com o objetivo de desencadear uma identificação, em nossos dias, semelhante

à imaginada por Eisenstein na elaboração de sua obra cinematográfica e que se baseava no

processo criativo de Zola em seus romances. Não apenas nos textos para jornal impresso do

referido historiador podemos verificar estas marcas formais de elaboração textual. Muitas

emoções podem corresponder às estratégias de criação destes textos em publicações que

permeiam jornais, revistas de atualidade e outros veículos de comunicação da atualidade,

entre elas as manifestações da dor cotidiana e planetária em todos os seus matizes.

3- Quadros midiáticos para exposição cotidiana da dor social.

A abordagem dos acontecimentos em textos midiáticos na atualidade apresenta

algumas tendências que se reiteram como fator constitutivo dos projetos editoriais das

mídias impressas. Uma delas é a preocupação em apresentar de modo atraente, objetivo,

agradável ou impactante e persuasivo as informações em todos os níveis, tanto notícias,

reportagens como opiniões e artigos dos mais diversos assuntos, literatura de ficção,

documentários em livro e tantos outros produtos de cultura do mundo editorial para

diferentes interesses.

Nesta comunicação, vamos recortar exemplos obtidos no jornal impresso, mas os

princípios podem servir como apoio para outros tipos de mídia. Como todas elas, os jornais

diários seguem um modelo de diagramação e edição característico de seus projetos

editoriais ditados pelos objetivos e motivações ideológicas. Transformam-se e se

aperfeiçoam conforme a necessidade de cada momento e as possibilidades de integrar

recursos decorrentes do avanço das inovações tecnológicas. Este fato influencia as formas

de representação.

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Do ponto de vista estético, surgem recursos e formatos cada dia mais sofisticados

permitindo a criação de procedimentos e de soluções múltiplas que dependem da

engenhosidade da equipe de produtores de textos. Estes avanços, em todos os níveis,

abrem-se para inúmeras e inusitadas soluções de recursos tanto para jornalistas quanto para

os colaboradores, escritores, fotógrafos, diagramadores e operadores de infografia e design

e outros. São múltiplos sistemas sígnicos integrados para construir mensagens que

provoquem emoções como parte da enunciação.

Ao abrirmos os periódicos a cada dia, ou quando percorremos as estantes das

livrarias, estamos diante de uma exposição de quadros onde são apresentados longos

desfiles de formas de linguagens que constroem nossa história de significações do que

vivemos em nossa condição humana. Mais do que os acontecimentos em si mesmos, o que

eles passaram a significar só porque foram construídos em matéria sígnica criada

artificialmente pelos homens para revelar a sua natureza. Sem este artifício,

permaneceríamos desconhecidos de nós mesmos, ignorando nossa própria natureza.

As linguagens fazem nossa história, registram nossa memória em textos da cultura

com fotos, infográficos, ilustrações e outros objetos visuais e de discursos cujas vozes

enunciam e denunciam os pathe coletivos vivenciados pelas sociedades no planeta.

Entre inúmeros exemplos de textos verbais e não-verbais selecionados e catalogados

para nosso projeto de pesquisa acadêmica, destacamos dois textos escritos pelo historiador

Peter Burke que se referem à situações e acontecimentos da vida social imediata que

desencadearam conflitos sócio-políticos e reações emocionais no imaginário coletivo nas

sociedades contemporâneas.

A escolha se deve ao fato de que os temas tratados são representativos do campo de

reflexão que motiva nossas pesquisas e está escrita por um historiador, pensador,

colaborador e produtor de discursos para jornais e não por um jornalista-repórter que

dependeria de um discurso padronizado pelos gêneros jornalísticos estabelecidos pela

empresa a que pertencesse. Como um cientista e ensaísta, Peter Burke, como qualquer outro

escritor em sua situação, tem uma liberdade de escolha na construção dos enunciados e

abordagem temática que tomam a forma do discurso da conversação ou didático. Seus

textos referem-se às informações sobre fatos da vida contemporânea citadas como

exemplos de reflexões sobre a reação de cidadãos comuns movida por elementos estéticos

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que comunicaram emoções, dor coletiva, pathos desencadeado. Recuperam ao mesmo

tempo o estado emocional e o imaginário dos destinatários das leituras promovendo

identificação.

Estes textos de jornal podem ser considerados como textos da cultura, no sentido

atribuído por Iúri Lotman à palavra Texto porque constroem história e memória em

diferentes sistemas de sígnos, não apenas o verbal. (LOTMAN. I, 1996:157-161). Relatam

e modelizam exemplos de situações que confirmam a força de diferentes concepções do

signo verbal nas mídias na diversidade de sentidos gerados e produzidos pelos signos

verbais terror, terrorismo, no primeiro texto e no segundo, é comunicado o conflito gerado

em uma comunidade a partir da interpretação do simbolismo de uma escultura deslocada no

espaço urbano.

O primeiro texto: ”Teatro da Violência”,(anexo 1) publicado no Caderno Mais!, do

jornal Folha de S.Paulo, no dia 05 de novembro de 2006, destaca na chamada inicial: “o

uso do terror para fins políticos como um fenômeno novo que substituiu o cogumelo

atômico no imaginário ocidental”.

A construção do texto apresenta a pluralidade de sentidos adquiridos nas mídias

contemporâneas pela palavra terror e outras palavras derivadas como terrorismo e

terrorista que, segundo o autor, carregam alto grau de emoção. Ele demonstra como é

possível atribuir interpretações opostas ao seu emprego porque “pessoas que aprovam a

violência em prol de causas que desaprovamos são ‘terroristas’, enquanto as que estão ao

nosso lado são simplesmente ‘guerrilheiras’, ‘soldados’, ‘policiais’,...”. Neste caso, o perigo

está na manipulação do imaginário público depois do atentado às torres do World Trade

Center. Em seguida, lemos um retrospecto de situações nas quais o uso do terror se destaca

por grupos de militantes de causas públicas, desde Robespierre, enviando ao cadafalso seus

adversários , passando pela Al Qaeda, o IRA(Exército Republicano Irlandês) até outros

grupos que ele considera personagens de um “teatro do terror” nos anos 1970 com os

regimes militares na Argentina, no Brasil, no Chile. Os meios autoritários de imposição de

poder, como uma ironia, são usados em sociedades que se consideram democratas e

civilizadas para o apoio de seus valores e ideologias.

Depois destas informações sobre os diferentes significados da palavra terror, o autor

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compara estes atos a um teatro da violência, uma vez que o mais importante é o efeito

dramático que estes atos reportados acabam exercendo sobre os espectadores na TV, ou os

leitores dos jornais. Ele cita o fato de que a destruição da Torres Gêmeas e das pessoas que

lá estavam no dia 11 de setembro de 2001 foi interpretada, num primeiro momento, por

muitos telespectadores como uma performance em uma cena de filme. O autor se inclui

entre elas e considera a política como um melodrama com personagens que fazem o papel

de salvadores de seus países ou heróis que lutam “contra o mal”. Entre as situações

recorrentes no planeta, entretanto, o uso do terror tornou-se banal como resistência à

ocupação estrangeira ou ao domínio de religiões, conflitos entre deferentes etnias, fatores

como o preconceito e a intolerância. A dor humana tornou-se banalizada nas mídias depois

das derrotas ou das conquistas porque as formas de comunicá-la aos receptores apresentam-

na como simples desempenho de personagens de uma aparente representação teatral.

O segundo texto: “Guerras culturais”, (Anexo2) publicado em 10 de junho de

2007, no Caderno Mais!, mesmo jornal do exemplo anterior, refere-se a distúrbios

populares causados por leituras paradoxais relacionadas a compreensões opostas da

retirada da estátua: “O Soldado de Bronze” de um parque da cidade de Tallinn, na Estônia.

O monumento era símbolo da libertação do fascismo no país para os russos e

símbolo da incorporação forçosa da Estônia à União Soviética para os estonianos. Os títulos

remetem ao estado de espetáculo de jogos ou disputas que os textos mídiáticos atribuem aos

seus discursos nas formas de elaborar uma comunicação. Eles sintetizam a gênese de

pontos comuns a outros discursos desdobrados e diferentes gêneros de discurso e formatos

visuais reiterados em outras seções do jornal.

Neste último caso, as “guerras” não são motivadas por problemas políticos ou

econômicos essencialmente, mas partem de uma interpretação de um monumento que

encena a memória de um acontecimento. O conflito político assume uma forma visual e

dramática. O significado de um ícone é reconfigurado. O monumento encena um

acontecimento do passado e a estátua (objeto estético, histórico, estético e político), ao ser

focalizada pela possibilidade de deslocamento espacial, toca emocionalmente os habitantes

da cidade e adquire o poder de reconstruir na memória coletiva múltiplos significados

representativos do pathos social e histórico da comunidade, gerando e comunicando outros

sentidos no presente.

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O desejo de destruição não é causado pela iconoclastia, mas é uma reação diante de

um fato que tocou a emoção e os significados da memória textual dos cidadãos que, embora

convivessem na cidade de Tallinn, pertenciam a grupos opostos, estética, emocional e

politicamente distintos e viam a estátua do “Soldado de Bronze” por diferentes pontos de

vista.

Cada grupo se manifestou de acordo como a emoção correspondente ao modo como

aquele “acontecimento” de linguagem icônica “tocou a sua alma”, seus valores e provocou

as reações desencadeadas.

No texto do jornal, o autor se refere a outros exemplos de como a destruição

simbólica de monumentos públicos pode significar também o desejo de esquecimento de

fatos do passado na história de uma cultura. Por exemplo, a hostilidade ao comunismo, às

ditaduras, por meio da eliminação de imagens ou esculturas representativas, demonstrando

o poder destas criações formais de linguagens. Ele afirma, neste mesmo texto, que:

“monumentos... são encenações congeladas, parte do que se poderia chamar de encenação

da memória”

O acontecimento de Tallinn referido mostra como uma forma de linguagem visual,

inicialmente como significado histórico, político e estético pode se transformar em um

motivo para conflitos ideológicos, em uma forma dramática de comunicação movida pelo

pathos coletivo quando codificada em formas de representação. A comunicação deste

drama urbano na vida cotidiana nas diferentes linguagens passa a ser uma contribuição do

diálogo entre textos midiáticos para preservar e construir a memória das mídias impressas.

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