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Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em Gestão Estratégica de Negócios – 2016
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Modelo de governança corporativa em empresas familiares
Igor Rennó Bairrio Nuevo¹; Nicole Rennó Castro²
¹Bacharel em Administração. Rua João Teodoro, 358 (Ap. 273) - Vila Industrial - CEP 13035-180 - Campinas (SP), Brasil ²Esalq/USP. Doutoranda em Economia Aplicada. Avenida Pádua Dias, 11 - São Dimas - CEP 13418-900 - Piracicaba (SP), Brasil
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Modelo de governança corporativa em empresas familiares
Resumo
A economia do país possui relevante participação das empresas familiares brasileiras, tanto na geração de renda quanto de empregos, entretanto estas ainda apresentam alto índice de mortalidade. Diante deste cenário, esta pesquisa tem como objetivo geral propor um modelo inicial de adequações em empresas familiares de pequeno/médio porte, baseadas nas melhores práticas da governança corporativa, e visando a longevidade destas empresas. Para alcançar o objetivo proposto, fez-se uso de um estudo de caso em uma empresa familiar de pequeno/médio porte localizada cidade de Campinas-SP. O estudo foi conduzido com base nas principais causas de mortalidade das micro e pequenas empresas brasileiras, e a empresa estudada identificou-se fortemente com as empresas que compuseram o índice de mortalidade. Após um diagnóstico aprofundado em torno das instâncias de poder (família, propriedade e empresa), o modelo, então, propõe, que sejam implementados fóruns para que se fomentem soluções de cada instância, tornando-as claramente separadas, sendo eles: conselhos de família, da sociedade e de administração. Espera-se que estas ações possibilitem à empresa mitigar os problemas que se correspondam com as causas de mortalidade, bem como potencializar seus resultados, visando a longevidade. Palavras-chave: modelo; empresas familiares brasileiras; pequeno/médio porte; governança corporativa; longevidade.
Introdução
As empresas familiares brasileiras, principalmente as de pequeno porte, têm
relevante participação na economia do país, entretanto, com base nas informações de
mortalidade do IBPT (2013), necessitam de mudanças no modelo de gestão em prol da
longevidade.
O Sebrae (2014), com a coparticipação da Fundação Getúlio Vargas [FGV],
avaliou a participação dos micro e pequenos negócios no PIB brasileiro, bem como o
crescimento desta participação de 1985 a 2011, respectivamente 21% e 27%. Estes
números demonstram, além de fatia significativa ocupada, um crescimento expressivo
quando observada a série histórica. O Sebrae (2014) ainda destaca que as Micro e
Pequenas Empresas [MPE] geram 70% dos empregos formais no comércio, bem como
que 95% dos pequenos negócios no país, são empresas familiares e, de acordo com o
IBPT (2013), empresas de micro, pequeno e médio porte representam 97 e 92% do total
de empreendimentos no Brasil. O estudo complementa a informação afirmando que o
índice de mortalidade das micro e pequenas empresas em seu primeiro ano de vida é
de 16,32%, entre um e cinco anos de vida, 44,95% das empresas encerram suas
atividades e, até o vigésimo ano, mais de 87% deixam de existir.
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Diante deste cenário, considerando uma maior amplitude do resultado baseado
na estatística de composição das organizações no Brasil, é nítida a importância de
potencializar a gestão das empresas de pequeno/médio porte, sobretudo as familiares,
com objetivo de reduzir a taxa de mortalidade, atingindo uma longevidade satisfatória e
benéfica para a economia brasileira. Em sintonia com a longevidade, segundo o IBGC
(2009), a governança corporativa contempla princípios básicos, que são fundamentais
para obter um eficiente sistema de direção das empresas. Portanto, diante do
apresentado, esta pesquisa tem como objetivo geral propor um modelo inicial de
adequações em empresas familiares de pequeno/médio porte, baseadas nas melhores
práticas da governança corporativa, visando a perpetuidade.
Segundo o IBPT (2013), as principais causas de mortalidade das micro e
pequenas empresas brasileiras são:
Falta de planejamento e informações do mercado = 41,64%;
Complexidade tributária e burocracias = 16,51%;
Dificuldade no acesso a crédito financeiro e a investimentos = 14,43%;
Tecnologias de gestão complexas e de alto custo = 11,76%;
Brigas familiares ou de sócios = 6,65%;
Falência = 4,27%;
Encerramento espontâneo de atividades (doença, morte, falta de estímulo à
manutenção do negócio) = 2,51%;
Outras causas (desatualização tecnológica, política econômica, etc) =
2,23%;
Este estudo será conduzido com base nas principais causas de
desaparecimento listadas pelo IBPT (2013). Para alcançar o objetivo proposto, fez-se
se uso de um estudo de caso em uma empresa familiar de pequeno/médio porte
localizada cidade de Campinas-SP.
Aspectos gerais sobre Governança Corporativa e empresas familiares
“Governança Corporativa é o sistema pelo qual as organizações são dirigidas,
monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários,
Conselho de Administração, Diretoria e órgãos de controle” (IBGC, 2009, p. 19).
O IBGC (2009) ainda enfatiza que a governança corporativa é convertida em
quatro princípios em formato de recomendações que tem por objetivo a perpetuação da
organização, sendo eles:
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Transparência: refere-se ao desejo de disponibilizar informações às partes
interessadas, além das obrigatórias por lei. Desta forma, resultará em um
clima de confiança interna e com terceiros em prol da criação de valor da
organização;
Equidade: faz menção à justiça entre os “stakeholders”, ou seja, entre todos
os sócios e demais partes interessadas, excluindo deste item, sob qualquer
situação, quaisquer políticas que sejam discriminatórias;
Prestação de contas: faz referência aos agentes de governança, são eles,
sócios, administradores, conselheiros e auditores, que devem prestar contas
de suas atuações, bem como se responsabilizar integralmente pelas
consequências destas.
Responsabilidade corporativa: cita que os agentes de governança têm por
obrigação e objetivo zelar pela sustentabilidade da organização, visando a
sua longevidade, bem como incorporar a responsabilidade social e
ambiental nas decisões diretivas.
No que tange às empresas familiares, o IBGC (2011) reconhece que, pela
multiplicidade de características destas, nenhum conceito é adotado integralmente entre
os autores do mundo. Entretanto cita que os mais recorrentes conceitos são:
A empresa familiar é aquela que se identifica com uma família há pelo menos
duas gerações, pois é a segunda geração que, ao assumir a propriedade e a
gestão, transforma a empresa em familiar;
É familiar quando a sucessão da gestão está ligada ao fator hereditário;
É familiar quando os valores institucionais e a cultura organizacional da
empresa se identificam com os da família;
É familiar quando a propriedade e o controle acionário estão
preponderantemente nas mãos de uma ou mais famílias (IBGC, 2011).
Convergindo as teorias, empresas familiares são aquelas cujas decisões
diretivas são altamente influenciadas por uma ou mais famílias.
Segundo Sebrae (2014), 95% dos pequenos negócios no país, são empresas
familiares, reforçando a importância destas empresas para a economia do país,
sobretudo as de micro e pequeno porte, que estão mais suscetíveis a mortalidade
segundo ao IBPT (2013), indicando que até o vigésimo ano, a mortalidade destas
empresas é de 87%.
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Material e Métodos
Para condução desta pesquisa, foi escolhido o método estudo de caso,
considerando-se essa como uma estratégia adequada ao tema proposto e com a devida
profundidade da análise qualitativa.
Segundo Yin (2001), o estudo de caso representa uma maneira de se investigar
um tópico empírico e é adequado quando são propostas questões do tipo como e por
que. O autor completa ainda que um bom estudo de caso deve definir claramente as
questões de pesquisa e evitar textos longos e relatórios extensos.
O planejamento do estudo se deu respondendo as questões que são importantes
de acordo com Yin (2001): quais questões devem ser estudadas, quais dados são
relevantes, quais destes devem ser coletados e como analisar os resultados.
A questão do estudo centrou-se em propor um modelo inicial de adequações em
empresas familiares de pequeno/médio porte, baseadas nas melhores práticas da
governança corporativa, visando a perpetuidade.
O estudo passou pela revisão bibliográfica referente aos conceitos utilizados,
seguindo para um diagnóstico que, comparou a empresa estudada com as principais
causas de mortalidade das micro e pequenas empresas brasileiras, resultando no
modelo proposto.
A investigação conduzida baseia-se na ausência de viés, conforme indicação de
Yin (2001, p. 84): “Todas as condições precedentes serão invalidadas se o pesquisador
procurar utilizar o estudo de caso apenas para comprovar uma posição preconcebida”.
A coleta de evidências foi baseada em um dos princípios para aumentar a
qualidade do estudo, conforme citação de Yin (2001, p. 105): “várias fontes de
evidências, ou seja, evidências provenientes de duas ou mais fontes, mas que
convergem em relação ao mesmo conjunto de fatos ou descobertas”.
Dentre as fontes de evidências, elencou-se cinco para o presente estudo:
documentação, registro de arquivos, entrevistas, observação direta e observação
participante. Especialmente a quinta fonte, foi predominante e de grande diferencial na
pesquisa, se valendo da prerrogativa do autor ter alto grau de acesso na organização
eleita para o estudo de caso único, que possui total aderência ao perfil da investigação,
aumentando substancialmente a qualidade da pesquisa.
A empresa escolhida é uma empresa familiar de pequeno/médio porte, iniciada
por dois irmãos, em 1981, na cidade de Indaiatuba-SP, posteriormente sediada em
Campinas-SP. A empresa é posicionada no ramo varejista/franqueador, com 35
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unidades no país, no estado de São Paulo, Goiás e Paraná, e predominantemente na
região metropolitana de Campinas.
Resultados e Discussão
Diagnóstico da empresa analisada
Para Bernhoeft e Gallo (2003), qualquer organização é composta por vários
públicos: acionistas, clientes, fornecedores, funcionários e comunidade. Entretanto,
tratando-se de empresas familiares, além dos grupos mencionados, existem outros que
necessitam ser analisados com cautela. Os autores citam, com base no estudo da
consultora europeia Barbara Murray, que no caso das empresas familiares pode-se
dividir em oito grupos de públicos, sendo eles: 1) Membros da família; 2) Membros da
família que são proprietários; 3) Proprietários que não pertencem à família; 4) Membros
da família que trabalham na empresa; 5) Membros da família que são proprietários e
trabalham na empresa; 6) Executivos da empresa sem vínculo com a família; 7)
Proprietários não pertencentes à família e que trabalham na empresa; 8) Membros da
família que são proprietários e ocupam posições estratégicas na sociedade. Estes oito
grupos são apresentados esquematicamente na Figura 1:
Figura 1. Os públicos da empresa familiar
Fonte: Bernhoeft e Gallo (2003)
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A empresa estudada nesta pesquisa, especificamente, possui cinco dos
grupamentos citados. Estes são apresentados esquematicamente nas Figuras de 2 a 6,
e detalhados no texto:
1) Membros da família, representados na Figura 2:
Figura 2. Membros da família
Fonte: Bernhoeft e Gallo (2003)
Segundo Bernhoeft e Gallo (2003), todos os componentes da família, tanto os
descendentes diretos, quanto os que incorporam, devem ser considerados, pois além
de ter algum tipo de interesse na perpetuação da organização, possuem grande
influência através dos vínculos e relacionamentos, que na maioria das vezes são geridos
por fatores emocionais. Bernhoeft e Gallo (2003) também enfatizam,
Vínculos como casamentos, separações, paternidade e outros possuem
também uma vertente legal, que poderá influir na forma como a família se
estrutura ou trata dos eventuais conflitos ou gerir suas divergências futuras
(Bernhoeft e Gallo, 2003, p. 265).
Para os mesmos autores, ao longo do tempo a família tende a se desdobrar,
surgindo uma relação multifamiliar, uma clara fonte de conflitos de interesses e valores.
Os autores fazem menção também às famílias que mantêm interesses minimamente
alinhados enquanto o fundador está vivo e, posteriormente, com a propriedade
pulverizada, surgem diversos conflitos. Portanto, enfatiza-se a importância de
considerar o item família nas análises, incorporando a sucessão como item fundamental
para a perpetuidade da empresa familiar.
4) Membros da família que trabalham na empresa, representados na Figura 3:
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Figura 3. Membros da família que trabalham na empresa
Fonte: Bernhoeft e Gallo (2003)
Bernhoeft e Gallo (2003) citam a incapacidade do familiar que trabalha na
empresa separar a propriedade da empresa. Este acaba sentindo uma segurança por
fazer parte da família, mas, por outro lado, podem haver autoquestionamentos sobre
sua capacidade de ocupar posto similar em empresas sem o vínculo familiar. Os autores
destacam ainda, que alguns grupos familiares falham ao querer tratar os membros da
família que trabalham na empresa como funcionários comuns, tendo em vista que não
o são, são funcionários familiares. Então, negligenciar este fato faz com que tanto a
empresa, quanto o funcionário, não saibam como lidar com esta duplicidade de papéis.
É evidente a dificuldade principalmente na hora de despedi-los, dado que os vínculos
familiares impedem que sejam meras decisões corporativas. Portanto, este item é
bastante delicado e necessita ser integralmente considerado, sob pena de grande
prejuízo ao não tratar de forma adequada.
6) Executivos da empresa sem vínculo com a família, representados na Figura
4:
Figura 4. Executivos da empresa sem vínculo com a família
Fonte: Bernhoeft e Gallo (2003)
Para Bernhoeft e Gallo (2003), este é um item primordial, que se não
administrado adequadamente pode comprometer os resultados da organização.
Entretanto, com a correta tratativa, é possível alavancar a empresa. Os autores citam
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em Gestão Estratégica de Negócios – 2016
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que, um pré-requisito para o executivo não-familiar, é a habilidade de leitura e adaptação
da dinâmica da empresa familiar, uma vez que trabalhar nestas empresas é
completamente diferente de se trabalhar em uma estatal ou multinacional. Mesmo que
a internacional tenha controle familiar, a proximidade com os proprietários exige que o
executivo trabalhe em uma linha tênue para não invadir a privacidade da família, bem
como a família deve se relacionar de maneira cuidadosa no com estes profissionais, por
exemplo, não os usar para arbitrar ou mediar conflitos entre sócios ou familiares, assim
como não criar sistemas de lealdade pessoal com algum sócio ou familiar. É crucial que
a família controladora entenda que este profissional trabalha em prol da organização
como um todo.
7) Proprietários não pertencentes à família e que trabalham na empresa,
representados na Figura 5:
Figura 5. Proprietários não pertencentes à família e que trabalham na empresa
Fonte: Bernhoeft e Gallo (2003)
“Os processos de constituição societária da primeira geração podem ter
inúmeras variações” (Bernhoeft e Gallo, 2003, p. 285). Os autores completam que a
primeira geração pode iniciar o negócio englobando diversos núcleos familiares, assim
como oferecer participação a profissionais que trabalhem na empresa por longo tempo
como forma de premiação da relação de confiança e com a finalidade de mantê-lo na
organização por meio da sociedade formalizada. Lembram também que a relação iniciou
com a primeira geração, então evidencia-se que não poderá demandar da segunda
geração a mesma lealdade. Os autores citam que este item decorre de uma combinação
de dois grupos, Propriedade e Empresa, e, portanto, acrescenta ainda os mesmos
cuidados para devidas tratativas do grupo 6, Executivos da empresa sem vínculo com
a família.
8) Membros da família que são proprietários e ocupam posições estratégicas na
sociedade, representados na Figura 6:
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Figura 6. Membros da família que são proprietários e ocupam posições estratégicas na
sociedade
Fonte: Bernhoeft e Gallo (2003)
Conforme exposto por Bernhoeft e Gallo (2003), se há o desejo de longevidade
na organização, deve-se dar devida importância para este grupamento, pois o poder da
primeira geração decorre do seu vínculo com o trabalho, entretanto, a partir da segunda
geração, dá-se lugar ao sistema de valores comum e pelo capital herdado. Isto é, uma
nova sociedade é definida e o poder é transferido de dentro da empresa para fora, na
direção dos acionistas, bem como há um aumento na demanda por capitalização e
liquidez a medida que a participação é pulverizada, fazendo com que seja essencial o
processo de profissionalização no que tange o sistema de governança corporativa.
Remata citando a importância de definir uma estrutura de poder por meio de conselhos,
considerando que família e sociedade são núcleos distintos e que é vital ter
representantes capacitados.
Voltando-se à empresa estudada, esta apresenta algumas evidências referentes
aos grupamentos citados, estes que são importantes para o desenvolvimento da
pesquisa.
Tem-se como primeira evidência que os membros da família, grupamento 1,
influenciam significativamente na organização como um todo. Fazem parte deste grupo
os pais dos irmãos proprietários/fundadores, demais irmãos, seus respectivos cônjuges
e filhos. Como a empresa é constituída também por um sistema de franquias, alguns
irmãos são franqueados, e usufruem de regalias como isenção de taxas ou prazos
estendidos, além de utilizar-se livremente das estruturas administrativa e comerciais,
especificamente dos recursos humanos destinados à serviço das unidades de
administração própria. Os demais integrantes da família também requerem serviços da
central administrativa para uso particular, assim como os proprietários/fundadores
também o fazem com certa frequência, conforme se observou na coleta de evidências
para o estudo de caso.
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Os membros da família que trabalham na empresa, grupamento 4, estão
representados por dois integrantes, cônjuge da sócia-proprietária A e mãe dos três
irmãos sócios-proprietários, que exercem função de transporte de materiais e compras
de produtos de consumo respectivamente. Entretanto, ambas áreas estão congeladas
no que tange aos processos e procedimentos, a área de transporte de materiais poderia
ser otimizada ou até terceirizada, reduzindo os custos de manter um veículo para esta
finalidade, entretanto poderia causar o desligamento de um familiar, bem como na área
de compras, algumas tarefas que poderiam ser eliminadas, otimizando o processo, são
mantidas para a mãe dos três irmãos sócios-proprietários ter alguma atividade,
mantendo-a ativa na terceira idade.
Os executivos sem vínculo com a família (grupamento 6) são incumbidos de
modo recorrente a arbitrar ou mediar conflitos entre os sócios, assim como são
conduzidos a serem leais a um sócio individualmente, com recorrência revezada entre
os três, sob pena de desagradá-lo. Logo, não há um entendimento tácito da família
controladora sobre o executivo trabalhar em prol da organização como um todo,
exigindo do profissional uma forte habilidade de lidar com situações embaraçosas, e
fazendo-o despender grande energia para tal.
Os proprietários não pertencentes à família e que trabalham na empresa, ou
grupamento 7, são dois sócios-proprietários. Estes trabalham há muitos anos e tiveram
a oportunidade de adentrar na sociedade. Um deles tem participação de 50% em uma
unidade comercial, tornando-a uma unidade mista (administração própria e franquia), e
exerce também a função de gerente comercial. O segundo tem participação de 10% na
unidade franqueadora, e ocupada a posição de diretor operacional. Destaca-se ainda,
que não há evidência de equidade nestas relações, pelo contrário: claramente observa-
se amarrações contratuais, consequentemente tácitas que restringem o poder dos
sócios não familiares.
O grupamento 8, ou membros da família que são proprietários e ocupam posição
estratégica na sociedade, é representado pelos três irmãos sócios-proprietários, sendo
dois fundadores, atuando predominantemente na área comercial, e uma irmã, que
ocupa a posição de diretora financeira. Apesar da predominância em determinada área
de atuação, e até clara nomenclatura em um dos casos, observa-se grande pulverização
das atuações nas mais diversas áreas da organização, na maioria dos casos por meio
da “micromanagement” (microgerência). Essa característica resulta em um processo
decisório pouco eficaz e confuso perante aos “stakeholders”, principalmente aos
colaboradores, fornecedores e clientes.
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Considerando uma correspondência entre as principais causas de mortalidade
das micro e pequenas empresas brasileiras citadas pelo IBPT (2013) e as evidências
adquiridas na pesquisa referente as instâncias de poder, conclui-se que a empresa
estudada se identifica com ao menos quatro dos oito itens de principais causas.
Enfatiza-se, ainda, que estes itens correspondem a 50% da lista de causas. Entretanto
ponderadamente com o percentual de empresas que deixaram de existir por cada
causa, apura-se significativos 76,56%, conforme os itens com correspondência positiva
na Tabela 1:
Tabela 1. Correspondência das principais causas de mortalidade das micro e pequenas
empresas brasileiras com a empresa estudada
Causa de Mortalidade Participação Correspondência
Falta de planejamento e informações do mercado
41,64% Sim
Complexidade tributária e burocracias 16,51% Sim
Dificuldade no acesso a crédito financeiro e a investimentos
14,43% Não
Tecnologias de gestão complexas e de alto custo
11,76% Sim
Brigas familiares ou de sócios 6,65% Sim
Falência 4,27% Não
Encerramento espontâneo de atividades (doença, morte, falta de estímulo à manutenção do negócio)
2,51% Não
Outras causas (desatualização tecnológica, política econômica, etc)
2,23% Não
Fonte: IBPT (2013); Resultados originais da pesquisa
Evidências correspondentes - detalhamento
A falta de planejamento e informações do mercado é a causa mais encontrada
nas micro e pequenas empresas que tiveram que encerrar suas atividades segundo o
IBPT (2003), liderando o ranking com 41,64%. Portanto, este é um dos principais focos
do diagnóstico. A organização estudada se mostrou propícia à esta causa, sobretudo
pela não separação clara das instâncias de poder (família, propriedade e empresa).
Fator gerador de conflitos, que resulta negativamente em entropia, conceito químico
que, emprestada ao mundo corporativo, representa em outras palavras, energia que ao
final do processo é perdida, consequentemente tendo escassez de energia para
canalizar ao planejamento estratégico do negócio, potencializada pela microgerência
citada dentre as evidências levantadas no grupamento 8. Estes fatores são
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representados pelos membros da família que controlam a empresa, comportamento que
faz com que a escassa energia restante para um planejamento macro, englobando
inclusive a análise das informações do mercado, seja utilizada na administração de
pormenores. Portanto, além de ser um trabalho duplo, pois os líderes operacionais já os
administram, geram outros conflitos por disputar a autoridade das equipes, bem como
os direcionamentos táticos com seus respectivos gestores diretos.
A falta de planejamento gerada pelas evidências citadas acima tende a gerar
grande prejuízo estratégico, podendo, inclusive, ser uma das causas da queda no
resultado comercial da organização, conforme demonstrado nas Figuras 7 e 8:
Figura 7. Comparativo do crescimento real anual, de 2007 a 2015
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em IBGE (pesquisa mensal do comércio 2000 a
2015)
O crescimento real anual (visto na Figura 7), corresponde ao faturamento bruto
anual comparado com o ano anterior, composto por valores deflacionados pelo IPCA
(índice nacional de preços ao consumidor amplo).
Ao comparar o desempenho da empresa estudada com o índice de crescimento
do varejo restrito apurado pelo IBGE no período de 2007 a 2015, percebe-se um
desempenho inferior da empresa estudada em todos os anos, exceto 2008, assim como
decrescimento por 6 anos. Este resultou em uma queda de 15% no volume de vendas
em reais (faturamento bruto) no período analisado (2007 a 2015), contrapondo o
acumulado do varejo restrito (IBGE) em 53%. O varejo restrito anualmente começou a
desacelerar em 2011, com leve retomada em 2012, seguida de forte desaceleração a
partir de 2013. Entretanto, este apenas obteve decrescimento anual em 2015, propondo
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Organização Estudada Varejo (IBGE)
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a perda de participação no mercado da empresa estudada, demonstrada de forma
acumulada na Figura 8:
Figura 8. Comparativo do crescimento real acumulado, de 2007 a 2015
Fonte: Elaborado pelo autor, com base em IBGE (pesquisa mensal do comércio 2000 a
2015)
A complexidade tributária e burocracias é a segunda maior causa de mortalidade
conforme o IBPT (2013). Neste item a empresa estudada demonstrou identificação, por
meio da quantidade de cadastros nacionais de pessoa jurídica envolvidos. Estes são
multifacetados pela dificuldade na definição de perspectiva futura da empresa, ou seja,
pela ausência de um planejamento estratégico bem definido. Secundariamente, a
complexidade tributária gera a burocracia generalizada, sobretudo na área contábil
gerencial. Esta é ainda potencializada por evidências levantadas a respeito do sistema
de informação atual, o ERP (Enterprise Resource Planning) adotado desde 2010 possui
falhas de implantação, tornando a operação administrativa altamente burocrática. É
também fator gerador da necessidade de recursos humanos adicionais para cumprir
tarefas do dia a dia, especialmente na geração de informação para tomada de decisão.
Levando a empresa ao longo do tempo, tentar remediar com integrações com outros
sistemas de informação, que evidentemente geraram um efeito colateral, aumentando
o custo com despesas relacionadas à tecnologia, bem como aumentando a
complexidade na gestão.
As soluções tomadas pela empresa em relação aos problemas da complexidade
tributária e burocracias potencializaram a correspondência com a quarta causa listada
-20,0%
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pelo IBPT (2013), tecnologias de gestão complexas e de alto custo, que representa
11,76% das mortalidades das organizações de micro e pequeno porte.
Finalizando os itens correspondentes com a empresa estudada, as brigas
familiares e de sócios, para o IBPT (2013), representam 6,65% das causas de
mortalidades das empresas de micro e pequeno porte brasileiras, item evidenciado na
organização. Esta, através de relatos dos colaboradores mais próximos da alta gestão,
bem como dos próprios familiares e sócios, acontece de maneira corriqueira. Percebe-
se que a não separação das instituições de poder (família, propriedade e empresa) é a
maior originária destas brigas, que geram diversos efeitos colaterais que remetem aos
itens citados anteriormente, principalmente o primeiro, Falta de planejamento e
informações do mercado.
Modelo elaborado pela pesquisa
Baseado no diagnóstico, esta pesquisa propôs implementações iniciais com
intuito de afastar a organização estudada das principais causas de mortalidade listada
pelo IBPT (2013).
Com base nas correspondências entre os itens de causas identificados na
organização, sugere-se o uso das boas práticas da governança corporativa para tratar
da clara separação das instâncias de poder (família, propriedade e empresa), partindo
da instância da família, origem cronológica dentre todas as instâncias.
Segundo Bernhoeft e Gallo (2003), é de suma importância diferenciar claramente
as três instâncias. Os autores ainda enfatizam a necessidade de estabelecer fóruns para
que possam se discutir as especificidades em busca de soluções.
É importante prezar pela separação de funções e definição clara de papéis e
responsabilidades associadas aos mandatos de todos os agentes de
governança, inclusive com a definição das alçadas de decisão de cada
instância, de forma a minimizar possíveis focos de conflitos de interesses
(IBGC, 2009, p.67).
Portanto, sugere-se, em primeiro lugar, a criação de um fórum para que possam
se discutir soluções na esfera familiar, tendo como premissa crucial para todas as
demais tratativas das demais instâncias. Este fórum seria denominado conselho de
família.
A missão do conselho de família, segundo Bernhoeft e Gallo (2003), é identificar
e administrar questões familiares que possam ter impacto nas demais instâncias de
poder (propriedade e empresa).
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A sugestão de criação do conselho de família vem acompanhada de algumas
informações importantes a considerar pela organização estudada, citadas por Bernhoeft
e Gallo (2003). A família empresária necessita criar um sistema de educação para os
membros nela incluídos, para que se possa ter um equilíbrio das necessidades
individuais de realização pessoal e profissional em relação ao contexto coletivo; as
questões relacionadas ao negócio devem ser discutidas nas reuniões do conselho de
família, e não mais em eventos familiares, como almoços, jantares, aniversários e etc.
Bernhoeft e Gallo (2003) enfatizam que, desta forma, a família poderá desfrutar os
momentos de família sem confundi-los com assuntos da empresa ou sociedade. Os
autores enfatizam ainda que é importante formular, manter e respeitar um código de
ética, acordo familiar ou denominado protocolo familiar.
Bernhoeft e Gallo (2003) recomendam ainda que seja eleita uma presidência, e
que se deve fixar um período para o mandato, assim como avaliá-lo com periodicidade,
além de conter uma secretaria para registro e manutenção das informações.
Uma das evidências levantadas no diagnóstico foi a realização dos serviços
particulares dos familiares pelos recursos operacionais da empresa. Neste sentido, a
presente pesquisa sugere como um dos itens prioritários do conselho de família a
solução desta questão através da criação do chamado “family office”. Este, conforme
Bernhoeft e Gallo (2003) é um local com recursos humanos que prestam serviços à
família, como contabilidade, veículos, investimentos, manutenção das casas, etc.
Em segundo lugar, esta pesquisa sugere a criação do fórum da instância de
poder propriedade, denominado por Bernhoeft e Gallo (2003) como conselho societário.
Tal sugestão baseia-se no fato de a sociedade conter dois membros que não são da
família fundadora, tornando-se assim uma empresa denominada multifamiliar.
Conforme citado por Bernhoeft e Gallo (2003, p. 390), “A necessidade de se criar
um Conselho da Sociedade surge em função do novo na relação familiar”. Os autores,
então, sugerem a criação de um fórum específico para desvincular as questões
societárias das questões familiares. Para esta pesquisa, cognomina-se o fato da
empresa unifamiliar se transformar em multifamiliar de o novo para a família fundadora
no estudo de caso, justificando a criação do conselho societário.
Bernhoeft e Gallo (2003) chamam a atenção para um dos objetivos do conselho
societário: evitar que o processo decisório seja dificultado pela pulverização da
propriedade e que seja formalizada a estrutura de poder e funcionamento deste fórum
com presidente e secretário, assim como reuniões periódicas.
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Com base no diagnóstico, esta pesquisa realça a importância deste fórum, para
que sejam discutidas e devidamente clareadas com a lisura necessária os processos
decisórios que envolvem diferentes relações de propriedade dos dois novos sócios entre
as unidades. Isso porque, apesar de facilmente conseguir separá-las, existe uma ligação
inseparável de “branding” (administração da marca), ou seja, pode-se até separar em
unidades para tomada de decisão, entretanto as consequências das decisões sempre
influenciarão, em maior ou menor grau, nas demais unidades, pois a marca é única e
inseparável.
A missão do conselho societário é descrita por Bernhoeft e Gallo (2003, p.400),
“Funcionar como fórum que representa e administra os interesses do grupo controlador
na gestão do capital, nas participações societárias, avaliação dos gestores e nas
estratégicas corporativas das empresas”.
Bernhoeft e Gallo (2003) ainda ressaltam que o acordo societário ou código de
ética societário deve ser formulado, atualizado e respeitado, bem como sugere fazer
parte das atribuições deste fórum: manter um sistema de informações para os
acionistas, aprovar o plano estratégico apresentado pelos dirigentes, avaliar o
desempenho econômico-financeiro das empresas, aprovar os demonstrativos
financeiros, aprovar limites de autonomia dos gestores, aprovar a política tributária e
aprovar contratação de empréstimos e/ou financiamentos acima de um limite estipulado.
Enfatiza-se também que, uma das prioridades do conselho societário na
organização estudada é aprovar critérios de distribuição de lucros e remuneração de
capital, item citado por Bernhoeft e Gallo (2003) como uma das atribuições deste fórum
em relação à sociedade. Completa-se ainda que a organização estudada demonstrou,
através dos relatórios gerenciais e relatos da alta gerência, uma ausência de critérios
na distribuição de lucros e remuneração de capital. Atualmente é feita a distribuição de
lucros por meio de um parâmetro fixado no passado, mensalmente, isto é: foi constatado
nos registros históricos que, mesmo que a empresa não tenha auferido lucro no período,
a distribuição é feita com base em valores fixos. Entretanto, com a queda dos resultados,
esta prática tem escoado rapidamente os recursos financeiros, afetando diretamente o
fluxo de caixa, obrigando a organização a tomar crédito para honrar os compromissos,
inclusive a distribuição para os acionistas. Portanto, é de extrema importância que seja
tratado este assunto, não somente no conselho societário, mas também no conselho
familiar, sobretudo pensando na perpetuidade da organização.
O presente estudo também destaca como crucial para a organização estudada,
com base na citação de Bernhoeft e Gallo (2003), que além de informar os acionistas,
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“torna-se indispensável educá-los para o entendimento de tudo aquilo que venham a
receber. Informar não está dissociado de compreender” (Bernhoeft e Gallo, 2003, p.
808).
Em terceiro lugar, com base nos resultados do estudo de caso sugere-se a
criação do conselho de administração, a fim de, segundo o IBGC (2009), ser
encarregado do processo de decisão em prol do direcionamento estratégico, bem como
fazer o elo entre as instâncias de poder da propriedade e da empresa.
De acordo com as evidências contraídas da empresa estudada, pôde-se verificar
uma grande necessidade de fazer com que os objetivos da propriedade sejam
traduzidos em ações direcionadas, assim como conduzidas adequadamente em prol da
perpetuidade, baseando-se na missão deste fórum, que é “proteger e valorizar a
organização, otimizar o retorno do investimento no longo prazo e buscar o equilíbrio
entre os anseios das partes interessadas” (IBGC, 2009, p. 29).
O IBGC (2009) alude também que o conselho de administração é o guardião do
sistema de governança, mas faz adendo sobre a importância de não interferir em
assuntos operacionais. Para esta pesquisa, acredita-se que este fórum não deve
exercer a microgerência, mas, ao contrário, ter visão macro da empresa, de forma
estratégica para ter melhores condições de ajustar o prumo da organização.
O IBGC (2009) cita que é de responsabilidade do conselho de administração
prestar contas aos sócios, bem como gerenciar riscos corporativos e opinar nas
demonstrações financeiras e outros relatórios que julgar estratégico para o
direcionamento estratégico da organização. Enfatizam ainda, que não é recomendado
acumular na mesma pessoa as funções de presidente do conselho de administração e
de diretor-presidente, para que as deliberações não sejam tendenciosas, assim
favorecendo o foco na ponderação de cada competência dos conselhos em prol da
longevidade da organização.
Ao estabelecer os três fóruns citados acima, conselho de família, conselho
societário e conselho de administração, acredita-se que a organização terá por
consequência um grupo executivo com objetivos mais claros e poderá elaborar e
conduzir o plano de ação com maior veemência e alinhado com anseios das três
instâncias de poder, especialmente da propriedade. Com isso, seria concluído o primeiro
ciclo de implantação da governança corporativa, ou seja, com as instâncias de poder
estruturadas conforme as boas práticas do IBGC (2009). Tal modelo é demonstrado na
Figura 9:
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Figura 9. Estrutura de governança na empresa familiar
Fonte: Bernhoeft e Gallo (2003)
Conclusão
Esta pesquisa teve como objetivo geral propor um modelo inicial de adequações
em empresas familiares de pequeno/médio porte, baseadas nas melhores práticas da
governança corporativa, visando a perpetuidade. Para alcançar o objetivo proposto, fez-
se se uso de um estudo de caso em uma empresa familiar de pequeno/médio porte
localizada cidade de Campinas-SP.
Através do diagnóstico da empresa estudada, foi possível perceber, com base
nas evidências levantadas e comparando-as com as maiores causas de mortalidade,
uma forte identificação com as empresas que compuseram o índice de mortalidade
mencionado.
Na análise aprofundada, foi identificado que não há clareza na separação das
três instâncias de poder (família, propriedade e empresa). Este resultado conduziu o
estudo ao modelo, que se baseou nas ferramentas de boas práticas de governança
corporativa, a fim de obter a separação das três instâncias de poder.
O modelo, então, sugere, que sejam implementados fóruns para que se
fomentem soluções de cada instância, tornando-as claramente separadas para os
envolvidos, assim como para que as relações entre as instâncias sejam adequadas com
a finalidade de reduzir os conflitos. Portanto sugere-se, como primeiro ciclo, a
implementação dos conselhos de família, sociedade e de administração.
Trabalho apresentado para obtenção do título de especialista em Gestão Estratégica de Negócios – 2016
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Ao completar o primeiro ciclo de implementação, as três instâncias de poder
(família, propriedade e empresa) estarão estruturadas para que, a partir desta etapa,
seja possível alinhar os interesses e anseios da família fundadora e das duas famílias
entrantes, formando a instância da propriedade, e, por fim, dar o devido direcionamento
a instância da empresa. Desta maneira a empresa terá condições de mitigar os
problemas que se correspondem com as causas de mortalidade das micro e pequenas
empresas brasileiras e, especialmente, potencializar seus resultados, fator de grande
peso no quesito perpetuidade, dado que resultados insatisfatórios corroem a
organização, afetando diretamente a sua longevidade.
Sugere-se, também, que o detalhamento e a continuação e aprofundamento da
implementação da governança corporativa em empresas familiares de até médio porte
são itens dignos de novos estudos acadêmicos, por se tratarem de assuntos cruciais
para a evolução econômica do Brasil.
Agradecimento
Gostaria de agradecer minha família, especialmente minha esposa pela
paciência durante a realização da pesquisa. À Prof. Dra. Nicole Rennó Castro, pela
excelente orientação e, por fim, dedico esta realização acadêmica ao meu pai.
Referências
Bernhoeft, R.; Gallo, M. 2003. Governança na empresa familiar. 7ed. Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa [IBGC]. 2009. Código das melhores práticas de governança corporativa. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/userfiles/2014/files/Codigo_Final_4a_Edicao.pdf>. Acesso em: 28 mai. 2016. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa [IBGC]. 2011. Casos de Empresas Familiares Não-Listadas. Experiências na aplicação de práticas de Governança. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/userfiles/files/Estudos_Casos_4.pdf>. Acesso em: 28 mai. 2016. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa [IBGC]. 2015. Código das melhores práticas de governança corporativa. Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/userfiles/2014/files/CMPGPT.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2016. Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário [IBPT]. 2013. Causas de desaparecimento das micros e pequenas empresas. Disponível em:
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<http://www.ibpt.com.br/img/uploads/novelty/estudo/701/CausasDeDesaparecimentoDasMicrosEPequenasEmpresas.pdf>. Acesso em: 28 mai. 2016. Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas [SEBRAE]. 2014. Pequenas empresas familiares e a governança corporativa. Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/ap/artigos/pequenas-empresas-familiares-e-a-governanca-corporativa,43561947e93c9410VgnVCM2000003c74010aRCRD>. Acesso em: 28 mai. 2016. Yin, Robert K. 2001. Estudo de caso: planejamento e métodos. Trad. Daniel Grassi - 2ed. Porto Alegre, RS, Brasil.