16
21:00h — Grande Auditório 26 OUTUBRO 2016 QUARTA Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau edgar moreau © julien mignot

Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

  • Upload
    builiem

  • View
    213

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

21:00h — Grande Auditório

26 OUTUBRO 2016QUARTA

Il Pomo d'OroMaxim EmelyanychevEdgar Moreau

edga

r m

orea

u ©

juli

en m

igno

t

Page 2: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

mecenas principalgulbenkian música

mecenascoro gulbenkian

mecenasciclo piano

mecenasconcertos de domingo

mecenasestágios gulbenkian para orquestra

Sociedade de Advogados, SP RL

mecenasmúsica de câmara

GULBENKIAN.PT/MUSICA

Page 3: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

26 DE OUTUBROQUARTA21.00h — Grande Auditório

Giovincello

Il Pomo d'OroZefira Valova ViolinoAlfia Bakieva ViolinoGiulio d'Alessio ViolaLudovico Minasi ViolonceloGiancarlo de Frenza Contrabaixo

Maxim Emelyanychev Cravo e Direção

Edgar Moreau Violoncelo

03

Johann Adolf HasseFuga e Grave, em Sol menor

Giovanni Benedetto PlattiConcerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650

AllegroAdagioAllegro

Francesco DuranteConcerto n.º 2 em Sol menor

Affettuoso – PrestoLargo affettuosoAllegro

Antonio VivaldiConcerto para Violoncelo em Lá menor, RV 419

AllegroAndanteAllegro

intervalo

Johann Adolf HasseSinfonia em Sol menor, op. 5 n.º 6

AllegroAndanteAllegro

Georg Philipp TelemannDivertimento em Si bemol maior, TWV 50:23

Allegro assaiScherzo 1. Vivace (Tempo di minuetto tedesco)Scherzo 2. Moderato (Tempo di minuetto francese)Scherzo 3. VeloceScherzo 4Scherzo 5. Con giubiloScherzo 6. Arlechinoso

Luigi BoccheriniConcerto para Violoncelo em Ré maior, G 479

AllegroAdagioAllegro

Duração total prevista: c. 1h 45 min.Intervalo de 20 min. Este concerto é gravado pela RTP – Antena 2

Page 4: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

04

joha

nn a

dolf

has

se, c

. 174

0, p

or b

alth

asar

den

ner

© d

r

Johann Adolf Hasse foi nomeado compositor da corte de Brunsvique aos vinte anos de idade. Em 1721 abandonou a sua terra natal para se estabelecer em Nápoles, depois de um périplo por várias cidades italianas. Em Nápoles recebeu lições de Alessandro Scarlatti (1660-1725) e esteve ao serviço da Cappella Reale, compondo várias óperas e serenatas. O interesse na obra de Pietro Metastasio (1698-1782) levou-o a estrear, em Veneza, a sua primeira ópera baseada num texto deste libretista, Artaserse (1730). Com o desenrolar próspero da carreira, regressou pouco tempo depois ao território germânico, onde veio a ocupar o prestigiado posto de mestre de capela da corte de Dresden, na qual foi reconhecido e admirado, inclusive pelo rei da Prússia, Frederico, o Grande. Devido às vicissitudes da Guerra dos Sete Anos, Hasse fixou-se em Viena, reforçando aí a colaboração com Metastasio. Desejoso de recato e tranquilidade, e contando com uma reputação internacional considerável, Hasse concretizou uma última mudança de residência, acompanhado pela família, tendo morrido em Veneza em 1783.

Com uma dimensão reduzida face à sua produção vocal, a música instrumental de Hasse engloba quartetos, sonatas e sinfonias, estas últimas na aceção tipicamente barroca.A Sinfonia em Sol menor, op. 5 n.º 6, foi publicada em Paris em 1740, no âmbito de uma coletânea que reuniu seis “Sinfonias a quatro partes”, destinadas à formação de dois violinos, viola e baixo-contínuo. São obras de natureza funcional, que preenchiam os interlúdios das óperas ou serviam de prelúdio a peças vocais de maior escala. Esta obra cativa sobretudo pela energia motívica imparável dos andamentos extremos, Allegro, sendo sem dúvida tributária dos modelos vivaldianos. Já o andamento central, Andante, caminha rumo aos sentimentos interiores, anunciando os ventos da era clássica.Por sua vez, Fuga e Grave, em Sol menor, detém caráter majestoso, em linha com o estilo francês, sem deixar de mostrar, na secção fugada, o lado palpável da tradição contrapontística a que Hasse pertencia, a par com os seus compatriotas Johann Sebastian Bach, Georg Philipp Telemann e Christoph Graupner.

Fuga e Grave, em Sol menor

Sinfonia em Sol menor, op. 5 n.º 6

duração: c. 8’

duração: c. 10’

Johann Adolf HasseBergedorf, 25 de março de 1699Veneza, 16 de dezembro de 1783

Page 5: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

05

joha

nn a

dolf

has

se, c

. 174

0, p

or b

alth

asar

den

ner

© d

r

cris

tofo

ro m

unar

i (16

67-1

720)

- na

ture

za m

orta

com

inst

rum

ento

s mus

icai

s © d

r

Vulto menos conhecido do Alto Barroco italiano, Giovanni Benedetto Platti esteve ativo em Veneza até 1722, a par com Francesco Gasparini (1661-1727), Tomaso Albinoni (1671-1751) e Antonio Vivaldi. O seu pai, Carlo Platti (c. 1661-c. 1727) fazia parte da capela de músicos da Basílica de São Marcos, na qual tocava viola de arco. Os múltiplos dotes musicais de Platti, que passavam não apenas pela composição, maspela execução do cravo, do violino, do violoncelo, do oboé e da flauta, despertaram a atenção do mestre de capela Fortunato Chelleri (1690-1757), o qual, tendo aceitado uma atrativa proposta para integrar a capela do Príncipe-Arcebispo de Bamberga, na corte de Wurtzburgo, o convidoua acompanhá-lo, juntamente com outros músicos italianos. Embora subsistam algumas fontes musicais e epistolares, muito pouco se sabedas atividades de Platti nesta cidade germânica,onde permaneceu até à sua morte.A produção musical subsistente de Platti é bastante mais reduzida do que a dos compatriotas mencionados, repartindo-sepela música vocal sacra e pelos géneros instrumentais da sonata e do concerto.Neste último domínio, Platti deixou 22

concertos para violoncelo concertado, cordas e baixo-contínuo. O músico tocava com destreza o instrumento, procurando, ao mesmo tempo, corresponder às solicitações do irmão do Príncipe-Arcebispo, o qual era também violoncelista. A expansão das possibilidades técnicas e idiomáticas do instrumento, aliada à fusão entre as texturas barrocas e as influências do pré-classicismo, constituem vetores de fundo para os desenvolvimentos ulteriores trazidos ao género por Luigi Boccherini. Bom exemplo desta osmose estilística é o Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650, cujo Allegro inicial mostra, sem hesitações, a verve enérgica da herança barroca, em particular de Antonio Vivaldi. A alternância entre o ritornello orquestral e os episódios solistas de grande desenvoltura é outro elo de ligação com o universo de Vivaldi. Já o Adagio central inflete numa dimensão expressiva de transição estilística, trazendo à tona uma melodia de contornos galantes. A encerrar a estrutura tripartida, também ela de cunho vivaldiano, o Allegro final traz, de novo, a alegria e a vivacidade, numa teia harmónica sobre a qual pesa o selo da tradição concertante italiana.

Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650

duração: c. 11’

Giovanni Benedetto PlattiPádua, 9 de julho de 1697Wurtzburgo, 11 de janeiro de 1763

Page 6: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

06

fran

cesc

o du

rant

e ©

dr

Até à data da morte do seu pai, em 1699, poucos são os dados conhecidos sobre a infância e juventude de Francesco Durante. A partir desse ano, foi Don Angelo Durante (c.1650-c.1704) quem se encarregou da edução do jovem Francesco, nomeadamente no domínio musical. Don Angelo era tio de Francesco e, além de clérigo, era primo maestro do Conservatório Sant'Onofrio a Porta Capuana, em Nápoles, instituição onde Francesco estudou com o violinista G. Francone. Alguns relatos dão conta de que terá também sido aluno de B. Pasquini e de G. Pitoni em Roma, mas pouco mais é conhecido do período que decorre até 1728, ano em que Francesco Durante assumiu as funções de primo maestro do Conservatório dei Poveri di Gesù Cristo. A partir de 1742, viria a desempenhar as mesmas funções no Conservatório di Santa Maria di Loreto, também em Nápoles.Na primeira metade do séc. XVIII, F. Durante foi professor de compositores como A. Sacchini, N. Piccini ou G. Paisiello e, ao contrário de contemporâneos napolitanos como N. Porpora, F. Feo, L. Leo ou L. Vinci, que se afirmaram sobretudo através da composição de óperas, Durante atingiu algum reconhecimento como

compositor através da sua produção de música sacra, para além de algumas obras vocais e instrumentais de câmara. Não tendo sido um compositor particularmente prolífico, a sua música era no entanto muito considerada do ponto de vista pedagógico. Os oito Concerti per quartetto de Durante foram compostos provavelmente nas décadas de 30 ou 40 do séc. XVIII. De uma forma geral, os seus planos formais incluem originais sucessões de contrastes de tempo e um fluente diálogo entre solo e tutti. Em quatro dos Concerti, o compositor segue o padrão da sonata da chiesa em quatro andamentos como esquema funcional para expor a suas ideias musicais, as quais, muitas vezes, se estendem para além das limitações de estilo convencionais. É este o caso do Concerto n.º 2 em Sol menor, cujo gracioso andamento de abertura, Affettuoso, evolui para um fugado Presto através de mudanças harmónicas inesperadas. Este está tematicamente ligadoà introdução e contém passagens virtuosísticas para violino. Depois de um apaziguador e expressivo Largo, o dinâmico andamento finalé expressivamente mais solto, embora pontuado por alguma melancolia.

Concerto n.º 2 em Sol menor

duração: c. 12’

Francesco DuranteFrattamaggiore, 31 de março de 1684Nápoles, 30 setembro de 1755

Page 7: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

07

fran

cesc

o du

rant

e ©

dr

anto

nio

viva

ldi.

grav

ura

de f

ranç

ois m

orel

lon

de l

a ca

ve, 1

725

© d

r

Datam do início do século XX as primeiras iniciativas conducentes à redescoberta e divulgação da vasta obra musical de Antonio Vivaldi, a qual, pela sua diversidade, permanece, hoje em dia, como um dos monumentos mais representativos da cultura musical italiana da era barroca. Entre os mais de 460 concertos que compôs, 28 foram destinados ao violoncelo (contando com os concertos incompletos e excetuando o espúrio Concerto RV 415), o que faz deste corpus o terceiro mais significativo, logo a seguir aos concertos solistas destinados ao violino e ao fagote, respetivamente. A maior parte destas obras teve origem na década de 1720, marcada pela atividade intensiva do compositor ao serviço do Ospedale della Pietà de Veneza, um dos quatro orfanatos femininos venezianos que se dedicavam a amparar, proteger e educar jovens órfãs, abandonadas ou indigentes. Para alargar o repertório da classe de violoncelo, sob a orientação do bolonhês Antonio Vandini (c. 1690-1778), Vivaldi terá composto a maior parte destes concertos, os quais entravam, com toda a certeza, na lista das preferências das alunas mais talentosas.

Na sua estrutura de três andamentos contrastantes, o Concerto em Lá menor, RV 419, reflete a típica forma do concerto vivaldiano, comum aos géneros do concerto para instrumento solista e do concerto grosso, este último representado pelas paradigmáticas Quatro Estações (1725). Com este último género, o Concerto RV 419 partilha ritornelli claramente individualizados pelo seu material temático, distinto do dos episódios solistas. No Allegro inicial, a escrita solista mostra propensão para o desenvolvimento motívico, adaptando ao violoncelo certas passagens de cunho violinístico. O andamento central, Andante, presta-se a entoação mais reflexiva, deixando entrever o mesmo pendor galante já escutado no andamento homónimo do Concerto de Giovanni Platti. As qualidades reconhecidamente vocaisdo violoncelo sobressaem aqui em primeiro plano, sobre o acompanhamento exclusivo do baixo-contínuo. No Allegro final, Vivaldi expande a conceção virtuosística do primeiro andamento, cultivando um modelo de variações sobre um baixo ostinato, partilhadas, à vez,pelo agrupamento de cordas e pelo solista.

Concerto para Violonceloem Lá menor, RV 419

composição: c. 1720/4duração: c. 10’

Antonio VivaldiVeneza, 4 de março de 1678Viena, 28 de julho de 1741

Page 8: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

˚

geor

g ph

ilip

p tel

eman

n ©

dr

Ao longo da vida, Telemann adquiriu uma projeção internacional considerável, devida,em grande medida, às numerosas edições doseu prodigioso catálogo vocal e instrumental.Este abrange a ópera, a música sacra e cerimonial, a música para orquestra, a canção para voz e baixo-contínuo, a música instrumental de câmara e as peças para tecla. Neste aspeto, ultrapassou largamente o seu contemporâneo J. S. Bach, cuja esfera de ação foi bastante mais circunscrita. Em 1701 viajou para Leipzig, para frequentar a universidade. Depois de alguns anos de estudo, durante os quais desenvolveu uma atividade musical multifacetada e no âmbito da qual se assistiu à refundação do Collegium Musicum, Telemann aceitou o seu primeiro cargo profissional, o de Hofkapellmeister, ao serviço do conde Erdmann von Promnitz. Na Morávia, local da residência do conde, Telemann contactou com a música tradicional da região “na sua verdadeira beleza bárbara”. A fusão de elementos rítmicos de raiz popular com uma linguagem inovadora que preconizou em muitos aspetos o estilo galante,

marcada pela estruturação periódica dos temas e pela transparência das texturas, veio conferir à música instrumental de Telemann uma valia estética e estilística inconfundível.Inserido num volume manuscrito dedicado ao landgrave de Hesse-Darmstadt, o Divertimento em Si bemol maior, TWV 50:23 corresponde ao desenho da sinfonia coeva, em várias secções com andamentos declarados ou títulos sugestivos. Neste caso, Telemann recusa o estereótipo da abertura francesa, o que é muito singular e revela, provavelmente, a influência do gosto musical da corte de Darmstadt, na qual a sua música foi muito aplaudida, sob a direção do mestre de capela Christoph Graupner. As secções que sucedem o Allegro assai introdutório, designadas indistintamente “Scherzo” são, na verdade, danças estilizadas, como o minueto e o saltarello, as quais continuavam a auferir de grande popularidade entre os ouvintes da época. Do alto dos seus oitenta e seis anos de idade, Telemann mostrou, desta forma, reunir a tradição e a inovação numa composição contagiante, súmula de inúmeras influências estilísticas nacionais.

Divertimento em Si bemol maior,TWV 50:23

composição: c. 1767duração: c. 10’

Georg Philipp TelemannMagdeburgo, 14 de março de 1681Hamburgo, 25 de junho de 1767

08

Page 9: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

geor

g ph

ilip

p tel

eman

n ©

dr

luig

i boc

cher

ini,

c. 1

767

© d

r

Um dos mais destacados representantes da música italiana na segunda metade do século XVIII, Luigi Boccherini impôs-se como o mais relevante continuador de Joseph Haydn (1732-1809) e Wolfgang A. Mozart (1756-1791) no desenvolvimento dos géneros de câmara e do concerto instrumental, sobretudo para o violoncelo solista. Tendo iniciado os seus estudos musicais com o seu pai na cidade italiana de Lucca, Boccherini viria a estudar posteriormente em Roma com um discípulo de Giuseppe Tartini (1692-1770), Giovanni Battista Costanzi (1704-1778). O contacto com a tradição austro-germânica sobreveio no curso de estadias em Viena, entre 1753 e 1764, quando o músico se encontrava ao serviço do Teatro Imperial da capital austríaca. Como virtuoso do violoncelo, Boccherini encetou, a partir de 1766, uma estreita colaboração com o violinista Filippo Manfredi (1731-1777), no âmbito da qual se viria a apresentar no Concert Spirituel de Paris, em 1767. Nesta cidade foi ouvido com assombro pelo embaixador de Espanha, que o convidou a estabelecer-se em Madrid. Até à sua

morte, Boccherini terá permanecido na capital espanhola, apesar de lhe terem sido dirigidas propostas para trabalhar em França e na Prússia.O Concerto para Violoncelo em Ré maior,G. 479, foi publicado em Paris em 1770, altura em que os idiomas clássicos conheciam já ampla projeção nos principais centros europeus. Não é pois de estranhar a presença de sonoridades reminiscentes das obras de J. Haydn e W. A. Mozart. Note-se, por exemplo, a introdução orquestral do Allegro de abertura, sugerindoo ímpeto de algumas sinfonias vienensesda fase do Sturm und Drang (comoção e ímpeto).É, porém, ao nível da escrita solista que Boccherini mais inova, cultivando um idioma melódico de perfil suave e elegante, muito dependente do registo agudo do instrumento, em diálogo com o violino. No Adagio sobressai a expressão mais intimista de sentimentos, enquanto que no Allegro conclusivo, moldado na forma de rondó-sonata, é a verve orquestral enérgica que se impõe de novo, para servir de suporte às digressões destemidas do solista,com alguns ecos de dança popular.

notas de rui cabral lopes e miguel ribeiro (f. durante)

Concerto para Violonceloem Ré maior, G 479

composição: c. 1770duração: c. 16’

Luigi BoccheriniLucca, 19 de fevereiro de 1743Madrid, 28 de maio de 1805

09

Page 10: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

Edgar Moreau nasceu em Paris em 1994. Começou a tocar violoncelo aos quatro anos de idade e piano aos seis. Estudou com Philippe Muller no Conservatório Nacional Superior de Paris (2008-2013). Atualmente é aluno de Frans Helmerson na Kronberg Academy. Em 2014 venceu as Young Concert Artists International Auditions. Em 2011 recebeu o 2.º Prémio no Concurso Internacional Tchaikovsky de Moscovo. Em 2009, no Concurso de Violoncelo Rostropovich, em Paris, foi distinguido como um dos mais promissores violoncelistas a concurso. Recebeu também o Prémio da Academia Maurice Ravel (2011) e foi distinguido como “Novo Talento do Ano 2013” e “Solista Instrumentaldo Ano 2015” nos Victoires de la Musique.Edgar Moreau estreou-se com orquestra, aos onze anos, no Teatro Regio de Turim. Em seguida, tocou na Rússia, na Polónia (sob a direção de Krzysztof Penderecki) e no Japão. Apresentou-se com a Filarmónica de Moscovo, a Orquestra Simón Bolívar (Caracas), a Orquestra do Teatro Mariinsky (com Valery Gergiev), a Orquestra Nacional de França (Théâtre des Champs-Élysées), a Orquestra do Capitólio de Toulouse,

a Filarmónica de São Petersburgo (com Jean-Claude Casadesus) e a Orquestra de Câmara Franz Liszt. Mais recentemente, colaborou com a Sinfónica de Barcelona (Triplo Concerto de Beethoven, com Renaud Capuçon e Khatia Buniatishvili), a Filarmónica de Bruxelas e a Filarmónica da Radio-France.No domínio da música de câmara, partilhou o palco com Renaud Capuçon, Nicholas Angelich, Jean-Frederic Neuburger e Khatia Buniatishvili, entre outros artistas, e também com os quartetos Talich, Prazak, Modigliani e Ebene. Participa com regularidade em prestigiados festivais como os de Varsóvia, Montpellier (Radio France), Nantes (La Folle Journée), Verbier, Lugano (Progetto Martha Argerich), Edimburgo, Gstaad, Würzburg (Mozartfest), Lucerna e Viena (Musikverein). Apresenta-se também em recital com o pianista Pierre-Yves Hodique. O CD Giovincello (prémio ECHO Classik 2016), gravado em colaboração com o agrupamento Il Pomo d’Oro, é preenchido com uma seleção de concertos para violoncelo de compositores do século XVIII. Edgar Moreau toca num violoncelo David Tecchler de 1711.

Edgar Moreau

edga

r m

orea

u ©

juli

en m

igno

t

Violoncelo

10

Page 11: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

Maxim Emelyanychev nasceu em 1988 em Dzerjinsk, na Rússia, no seio de uma família de músicos profissionais. Estudou piano e direção no Conservatório de Nijny Novgorod e na Escola de Música Balakirev, também em Nijny Novgorod. Desde 2006, tem vindo a aperfeiçoar os seus conhecimentos de direção de orquestra com o maestro e professor Gennadi Rozhdestvensky no Conservatório de Moscovo. Estudou também instrumentos de tecla (cravo e pianoforte) com Maria Uspenskaya e corneto renascentista e barroco, instrumento que toca com o agrupamento russo de instrumentos de sopro Alta Capella. Maxim Emelyanychev foi premiado em vários concursos e festivais, incluindo o concurso de composição “Diapasão de Cristal” (Moscovo, 2001), o Primeiro Concurso Internacional de Cravo Volkonsky (Moscovo, 2010), e o Concurso de Cravo “Musica Antiqua” (Bruges, 2010). Foram-lhe também atribuídas as bolsas de estudo New Names Charity Fund, Rostropovich Fund e Spivakov Fund. Participou

também nos cursos de aperfeiçoamento de cravo e pianoforte de Johann Sonnleitner, Zvi Meniker e Bart van Oort. Ao longo do seu percurso profissional, Maxim Emelyanychev dirigiu várias orquestras na Federação Russa, incluindo os Solistas de Nijny Novgorod, a Arpeggione Orchestra, a Sinfonietta Sophia, a Sinfónica Académica de Nijny Novgorod, a Orquestra da Ópera Helikon de Moscovo, a Orquestra de Câmara da Rússia, a Orquestra de Câmara “Musica Viva”, ou a Orquestra Sinfónica da Nova Rússia. Desenvolve uma relação de maior proximidade com a Orquestra Filarmónica Juvenil Povoljye e com a Orquestra Filarmónica Nacional Russa. É também o fundador e diretor da Orquestra de Câmara Juvenil “Veritas”. Ainda no domínio da música de câmara, tem colaborado com artistas como Riccardo Minasi, Dmitry Sinkovsky ou Martha Argerich. Colabora com a orquestra barroca italiana Il Pomo d'Oro desde 2011, tendo assumido as funções de maestro principal em janeiro de 2016.

Maxim Emelyanychev

edga

r m

orea

u ©

juli

en m

igno

t

max

im e

mel

yany

chev

© e

mil

mat

veev

Cravo e Direção

11

Page 12: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

A orquestra Il Pomo d'Oro foi fundada em 2012. Inicialmente focada no repertório da ópera barroca, tem vindo a dedicar-se também, de forma significativa, à música instrumental.Os seus músicos são especialistas no domínioda interpretação autêntica em instrumentosde época. Em conjunto com o jovem maestroMaxim Emelyanychev, formam um agrupamentode grande qualidade que combina o conhecimento estilístico com a desenvoltura técnica e o entusiasmo artístico. O nome da orquestra refere-se ao título de uma ópera de Antonio Cesti, composta para o casamento do Imperador Leopold I da Áustria com Margarita Teresa de Espanha, em Viena, em 1666. A ópera constituiu a parte final de uma celebração imperial de grande esplendor que incluiu impressionantes efeitos especiais. Il Pomo d’Oro foi provavelmente a mais excessiva produção operática na então curta história da ópera.A orquestra Il Pomo d'Oro gravou quatro óperas: Tamerlano e Partenope de Händel, Catone in Utica de Leonardo Vinci, todas dirigidas por Riccardo Minasi, e ainda Ottone de Händel, dirigida por George Petrou. A colaboração com o violinista e maestro R. Minasi esteve também na base da

primeira gravação premiada, Vivaldi: Concertiper Violino IV "L'Imperatore".A segunda gravação, Concertos para Violino“Per Pisendel”, de Vivaldi, com o solista e maestro Dmitry Sinkovsky, recebeu o Diapason d'Or. O álbum Arias for Caffarelli recebeu o Choc de l'année 2013 da revista francesa Classica. Outras gravações incluem: Concerti per due violini e archi (Vivaldi), com R. Minasi e D. Sinkovsky; concertos para cravo e violino de J. Haydn, com M. Emelyanychev e R. Minasi; o CD Giovincello (concertos para violoncelo de J. Haydn, Boccherini, Platti, Graziani e Vivaldi) com o jovem violoncelista Edgar Moreau, merecedor do prémio ECHO Klassik 2016. No corrente ano, gravaram com a meio-soprano Joyce DiDonato o recital In War and Peace, seguindo-se uma digressão de concertos na Europa e nos Estados Unidos da América. A orquestra Il Pomo d'Oro tem-se apresentado nos principais palcos da Europa e na América do Norte, incluindo Théâtre des Champs-Élysées (Paris), Theater an der Wien, Herkulessaal de Munique, Barbican Centree Wigmore Hall (Londres) e Carnegie Hallde Nova Ioque. Em abril de 2015, atuaram comD. Sinkovsky no Grande Auditório Gulbenkian.

Il Pomo d'Oro

il p

omo

d'or

o ©

dr

12

Page 13: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

il p

omo

d'or

o ©

dr

gulbenkian.pt/musica mecenas principalgulbenkian música

mecenascoro gulbenkian

mecenasciclo piano

mecenasconcertos de domingo

mecenasestágios gulbenkian para orquestra

mecenasmúsica de câmara

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN

27 + 28 OUTUBROquinta, 21.00h / sexta, 19.00h

anto

nio

men

eses

© c

live

bar

da

AntonioMenesesOrquestraGulbenkianamaral · chostakovitch · mendelssohn

Page 14: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

BANCODE CONFIANÇA.

O BPI foi reconhecido como a marca bancáriade maior confiança em Portugal, de acordocom o estudo Marcas de Confiança que as Selecções do Reader’s Digest organizam há 16 anos em 10 países. O nível de confiançado BPI subiu de 39% para 46%, registandoo melhor resultado alguma vez alcançado em todo o sistema financeiro português desdeo lançamento do estudo em 2001. O BPI agradece este voto de confiança e tudo fará para continuar a merecê-lo.

25%2º Banco

10%3º Banco

46%

BPI é Marca de Confiança na Banca pelo 3º ano consecutivo.

Este prémio é da exclusiva responsabilidade da entidadeque o atribuiu.

Page 15: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

direção criativaIan Anderson

design e direção de arteThe Designers Republic

design gráficoAH–HA

Pedimos que desliguem os telemóveis durante o espetáculo. A iluminação dos ecrãs pode igualmente perturbar a concentraçãodos artistas e do público. Não é permitido tirar fotografias nem fazer gravações sonoras ou filmagens duranteos espetáculos. Programas e elencos sujeitos a alteraçãosem aviso prévio.

tiragem300 exemplares

preço2€

Lisboa, Outubro 2016

BANCODE CONFIANÇA.

O BPI foi reconhecido como a marca bancáriade maior confiança em Portugal, de acordocom o estudo Marcas de Confiança que as Selecções do Reader’s Digest organizam há 16 anos em 10 países. O nível de confiançado BPI subiu de 39% para 46%, registandoo melhor resultado alguma vez alcançado em todo o sistema financeiro português desdeo lançamento do estudo em 2001. O BPI agradece este voto de confiança e tudo fará para continuar a merecê-lo.

25%2º Banco

10%3º Banco

46%

BPI é Marca de Confiança na Banca pelo 3º ano consecutivo.

Este prémio é da exclusiva responsabilidade da entidadeque o atribuiu.

Page 16: Il Pomo d'Oro Maxim Emelyanychev Edgar Moreau · Concerto para Violoncelo em Ré maior, D-WD 650 Allegro Adagio Allegro Francesco Durante ... vivacidade, numa teia harmónica sobre

GULBENKIAN.PT/MUSICA

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN