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IMP Revista PME Lider2010

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Uma iniciativa de:

PMELDER 2010Esta revista faz parte integrante do Dirio Econmico n. 4827 de 25 de Fevereiro de 2010 e no pode ser vendida separadamente.

LIDERAMEM PORTUGALPME que lideram ANLISE As lderes, sector a sector RETRATO As PME em Portugal ENTREVISTAS Fernando Medina, Baslio Horta, Lus Filipe Costa, Antnio Souto, Carlos Moreira da Silva e Lus Patro OPINIO Jos Antnio Barros e Rocha de Matos INTERNACIONALIZAO Conhea os 10 pases onde vale a pena investir INOVAO As entidades que se destacam TURISMO As

AS 5000 PME QUE

SUM RIO04 05 06 08 12 16 20 21 24 30 32 35 36 40Editorial Francisco Ferreira da Silva Nmeros O valor das PME Lder Retrato As PME em Portugal Entrevista Fernando Medina Entrevista Luis Filipe Costa Entrevista Baslio Horta Actual As novas caras da Economia Entrevista Antnio Souto Internacionalizao Os 10 pases onde vale a pena investir Case-study Eurotrials Anlise Os 13 destinos de 2009 lupa Unidade Internacional Premium BES Prioridade so as empresas ibricas Inovao Carlos Moreira da Silva, Cotec, em entrevista Inovao As entidades que importam

46 48 49 52 54 57 60 64 66 68 71 72 170

Case-study Gentica do Porto ES Ventures Projectos inovadores so razo de ser PME Lder Como ser uma PME Lder Turismo Quem lidera no turismo em Portugal Entrevista Luis Patro Ranking As PME que lideram no turismo Prazos de pagamento Empresas demoram a pagar Prazos de pagamento O que e para que serve o express bill Opinio Rocha de Matos, AIP Opinio Jos Antnio Barros, AEP Metodologia Como a Coface chega s empresas Listagem Incio do ranking das 5218 PME LderSUMRIO PME Lder 3

Anlise Sector a sector analisado, at pgina 201

EDITO RIALA nossa espinha dorsalAS PEQUENAS E MDIAS EMPRESAS constituem a espinha dorsal de qualquer pas. Portugal tem cerca de 300 mil PME que representam mais de 99% do nmero total de empresas em Portugal e, de acordo como os ltimos dados conhecidos, so responsveis por mais de dois milhes de empregos e 170 mil milhes de euros de facturao. O ltimo ano foi particularmente duro em todo o mundo e s as melhores empresas conseguiram sobreviver. Ainda assim, o nmero de PME Lder classificao atribuda pelo IAPMEI e pelo Turismo de Portugal em parceria com os cinco principais bancos nacionais aumentou substancialmente. A maior parte das mais de 5.000 empresas consideradas so exportadoras, 80 das quais com exportaes anuais superiores a 10 milhes de euros. Em termos sectoriais o domnio vai para as empresas de comrcio por grosso, construo, indstria alimentar e indstria txtil. J por distribuio geogrfica a regio Norte domina largamente e o Porto mesmo a zona com maior nmero de PME Lder, seguida por Lisboa, Aveiro e Braga. No domnio do emprego, as PME lder do trabalho a mais de 200 mil pessoas. A crise, como todos sabem, gera oportunidades e os momentos de recuperao como aquele que vivemos devem ser aproveitados para crescer. A necessidade de conhecer melhor a realidade das melhores PME nacionais conduziu realizao deste trabalho exaustivo que pretende abarcar os apoios estatais disponveis para ajudar estas empresas a desenvolver-se, internacionalizar-se e aumentar as exportaes, mas tambm os mercados mais apetecveis e onde vale a pena investir. So igualmente importantes as opinies de especialistas, gestores e governantes envolvidos na misso de tornar as empresas portuguesas mais fortes e mais competitivas no mercado global. A investigao e desenvolvimento (I&D) um dos factores-chave para estas empresas e, por isso, merece particular ateno. Portugal tem tido, alis, uma das melhores performances ao nvel do progresso relativo global em termos de I&D, uma realidade a que no alheio o Plano Tecnolgico, a Fundao para a Cincia e Tecnologia e a Cotec, a par da Agncia de Inovao, do IAPMEI e da AICEP, que tudo tm feito para dinamizar a inovao empresarial no nosso pas e abrir portas alm-fronteiras. Aos empresrios e gestores, que tantos e to bons exemplos tm dado, cabe a tarefa de empreender e arriscar para levar mais longe a criatividade e os produtos portugueses, contribuindo assim para aumentar a riqueza nacional. O

Francisco Ferreira da Silva Subdirector

O ltimo ano foi particularmente duro em todo o mundo e s as melhores empresas conseguiram sobreviver. Ainda assim, o nmero de PME Lder em Portugal aumentou substancialmente.

4 PME Lder EDITORIAL

Presidente Nuno Vasconcellos Vice-presidente Rafael Mora Administradores Paulo Gomes, Antnio Costa Directora Administrativa e Financeira Elisabete Seixo Director Geral Comercial Bruno Vasconcelos Director de Operaes e Controlo Pedro Ivo de Carvalho

Director Antnio Costa Director Executivo Bruno Proena Subdirectores Francisco Ferreira da Silva e Pedro Sousa Carvalho Editora Irina Marcelino Redaco Ana C. Almeida, Carlos Caldeira, Drcia Lopes, Ins Queiroz e Raquel Carvalho Produo Joel Goes (Director), Ana Marques (chefia), Artur Camaro, Carlos Martins, Joo Santos e Rui Rato Departamento Grfico Drio Rodrigues (Editor), Ana Maria Almeida e Ins Rodrigues Fotografia Paulo Figueiredo (Editor), Joo Paulo Dias, Paula Nunes, Paulo Alexandre Coelho e agncias Tratamento de Imagem Samuel Rainho (coordenao), Paulo Garcia e Tiago Maia Impresso e Acabamento Sogapal

PME Lder valem mais de 25 mil milhes de euros

As lderes

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SANER

semelhana do ano passado, a Coface Servios Portugal forneceu a informao complementar sobre as entidades que constam na lista das PME Lder 2010, publicada pelo Dirio Econmico. O conceito do Programa PME Lder claro: procura empresas ambiciosas, propulsoras da economia nacional em diferentes sectores e localizaes geogrficas e que assumam um papel fundamental como criadoras de postos de trabalho e de desenvolvimento social na sua regio. Ou seja, empresas e empresrios que ambicionam ser e fazer melhor, que procuram a distino pblica pela qualidade do seu desempenho, ganhando assim notoriedade e reconhecimento no mercado. Concretamente em relao s empresas que constam na listagem das PME Lder e analisando os dados publicados, em termos gerais verificamos que no ano 2008 o conjunto das empresas (cerca de 5.218) atingiu um volume de negcios superior a 25 mil milhes de euros (dos quais mais de quatro mil milhes so relativos a exportaes), o que representa um crescimento de cerca de 8% face ao ano anterior. O total do activo que estas empresas apresentam soma mais de 19 mil milhes de euros. No conjunto, estas empresas e empresrios empregam 200.786 funcionrios, um nmero bastante positivo e que denota a importncia fulcral que estas empresas tm para o equilbrio socioeconmico da sua regio. Em relao aos Distritos com maior nmero de presenas, destacamos o Porto (18%), Lisboa (17%), Aveiro (13%), Braga (12%) e Leiria (9%), salientando a clara predominncia para o Norte de Pas, cujas empresas e empresrios aderiram em massa a esta iniciativa. Os seus sectores de actividade so transversais, sendo que maioritariamente se destacam o comrcio por grosso, a construo, a indstria alimentar e a indstria txtil. Estas pequenas e mdias empresas portuguesas, bem como empresrios em nome individual, desempenham um papel fundamental como investidores, uma vez que cerca de 55% das empresas desta listagem so exportadoras. A sua candidatura ao estatuto de PME Lder demonstra a ambio de promover a criao de standards de qualidade e, a utilizao de todos os recursos disponveis para garantir a expanso dos negcios. importante sublinharmos a grande adeso ao Programa PME Lder por parte das empresas e empresrios, o que demonstra uma vontade clara em investir no progresso contnuo do universo empresarial nacional em todas as suas dimenses e actividades. O Direco de Marketing e Qualidade Coface Servios Portugal

Com uma facturao de 120 milhes de euros, a Saner Sociedade Alimentar do Norte est no mercado h mais de 20 anos. A empresa, sedeada na Trofa, tem trs filiais posicionadas na zona Norte do Pas. A aposta no mercado internacional fez com que a taxa de exportao atingisse os 10,7%, ou seja, 13 milhes de euros.

2

AVILUDO

A Aviludo, empresa de Quarteira que comemora 25 anos de actividade, dedica-se ao comrcio por grosso no especializado de produtos alimentares, bebidas e tabaco, e conta com cerca de 384 colaboradores. Os recursos humanos so factor diferenciador, no s pela formao contnua que recebem, como pela dedicao. Esta empresa certificada registou um volume de negcios de 73 milhes de euros em 2008, mais 8,3% que em 2007.

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CENTRO DE RECICLAGEM DE PALMELA

A preocupao ambiental de criar reas para o tratamento de guas, resduos e deteco de radioactividade, motivou a criao, em 1998, do Centro de Reciclagem de Palmela. A empresa fornece servios e solues de reciclagem de resduos, desde pneus, metais ferrosos e no ferrosos, cabos elctricos. A empresa tem 32 trabalhadores, tendo facturado 67 milhes de euros em 2008, mais 19% que em 2007. O

????? PME Lder 5

>

MOTOR DA ECONOMIASegundo dados do INE e IAPMEI, em Portugal as Pequenas e Mdias Empresas so organizaes que empregam menos de 500 trabalhadores, que apresentam um volume de vendas anual no superior a cerca de 12 milhes de euros e que no tm nem sejam detidas em mais de 50% por uma empresa no considerada PME. No total 99,9% do tecido empresarial portugus inserem-se nesta definio, sendo que as PME continuam a assumir um papel fundamental na economia. Estas empresas so responsveis, em 2007, por mais de 1,6 milhes de empregos e geram um volume de negcios que ascende a 89 mil milhes de euros. A regio de Lisboa continua a concentrar o maior nmero de PME, com mais de 1,3 milhes entidades. O D.L.

ENQUADRAMENTO PME Lder 7 Infografia: Susana Lopes | [email protected]

DR

8 PME Lder ENTREVISTA

ENTRE VISTAFERNANDO MEDINA, secretrio de Estado Adjunto, da Indstria e do Desenvolvimento

"49 mil empresas j beneficiaram de apoio"At Novembro as linhas PME Investe criadas pelo Governo j concederam um total de 4.816 milhes de euros. Fernando Medina garante que os apoios so para continuar em 2010. Por Drcia LopesOs apoios s empresas atravs das linhas de crdito PME Investe vo continuar? Porqu?

Sim, vo continuar, ajustadas nova conjuntura. A situao actual da economia recomenda que se mantenham, pelo menos em 2010, as linhas de crdito PME Investe. Felizmente, dada a evoluo positiva da actividade econmica e de normalizao do sistema financeiro, ser possvel ir gradualmente substituindo, ao longo dos prximos anos, os instrumentos de apoio liquidez por instrumentos de apoio capitalizao das empresas.Quais os sectores considerados estratgicos e que iro beneficiar de mais apoio do Governo?

Os sectores chave onde se deve basear a recuperao da economia portuguesa so os sectores ligados produo de bens e servios transaccionveis. S com o desenvolvimento destes sectores poderemos ter um ciclo de crescimento econmico sustentado e reduzir o dfice externo. Para este desenvolvimento, essencial pois cuidar das actividades directamente ligadas produo destes bens e servios, bem como de todas as que de forma directa e indirecta lhe do suporte. Mais especificamente,

devemos apostar nos sectores onde j ocupamos posies de destaque a nvel internacional Turismo, Floresta ou Energia , em sectores/actividades capazes de produo de elevado valor acrescentado, e em mercados que estejam em grande crescimento. A ttulo de exemplo, uma das nossas apostas estratgicas no sector da Energia. Ao longo dos ltimos anos, Portugal liderou na revoluo energtica. Actualmente, mais de 40% da energia elctrica produzida em Portugal obtida a partir de fontes renovveis, o que nos coloca no topo dos pases europeus em produo de energia a partir de fontes renovveis. O Governo pretende prosseguir agora para uma estratgia centrada na afirmao do Pas na fronteira tecnolgica; na expanso da fileira industrial associada energia e na liderana global quanto introduo da nova mobilidade elctrica.ENTREVISTA PME Lder 9

Que balano faz das linhas j lanadas? Quantas PME se candidataram e quantas tiveram realmente acesso?

As linhas PME Investe tiveram uma grande adeso e foram muito importantes para assegurar liquidez e estimular o investimento das empresas. Este instrumento foi fundamental para fazer frente a uma conjuntura econmica fortementeooo

DR

ooo

condicionada pela crise internacional que dificultou o acesso das empresas ao crdito. Desde que foram criadas, e at 31 de Janeiro deste ano, as linhas PME Investe apoiaram mais de 51 mil empresas com um investimento total de 4.816 milhes de euros. Este facto ainda mais relevante se tivermos em conta que, em 2004, os apoios s PME chegaram a apenas 1.500 empresas. Refira-se, tambm, que sendo as linhas de crdito instrumentos importantes, nomeadamente no que toca s reservas de liquidez das empresas, preciso no esquecer todo o esforo ao nvel dos sistemas de incentivos a PME desenvolvidos nos ltimos anos e focalizados em domnios prioritrios: I&DT, Inovao Produtiva e Qualificao e Internacionalizao de PME.H linhas ainda no totalmente esgotadas? Quais?

As quatro linhas PME Investe esto praticamente esgotadas, pelo que o Governo ir lanar, em 2010, uma quinta linha de crdito PME Investe.Estes apoios no podero servir para aumentar a dependncia das empresas banca?

No. As linhas de crdito no aumentam, no reduzem e no substituem a relao das empresas com o sistema financeiro. Simplesmente asseguraram que as fortes restries dos mercados de crdito sentidas pelo sistema financeiro (muito em particular depois de Setembro de 2008), no se traduzissem por inteiro em cortes no acesso ao financiamento por parte das empresas. As linhas de crdito limitaram assim, de forma significativa, danos mais severos sobre o nosso sistema produtivo.Nesta fase de crise econmica, considera que h oportunidades de internacionalizao para as PME portuguesas? Em que pases e sectores?

As crises econmicas so um momento de grande dificuldade para muitas empresas. No entanto, todos os perodos de grande mudana criam oportunidades. O momento actual, de incio da recuperao, tambm uma oportunidade para Portugal melhorar de forma significativa a sua posio na nova diviso internacional da produo que est a emergir. Uma nova diviso internacional da produo onde as hierarquias e possibilidades de pases, regies, ou empresas vai ser significativamente diferente da existente no pr-crise.Recentemente foram anunciados novos incentivos internacionalizao

O Governo anunciou recentemente um conjunto de medidas para promover a internacionalizao da economia nacional. Esta aposta implica um forte compromisso das empresas e das polticas pblicas ao nvel do investimento permanente, nomeadamente na inovao de produtos e processos, na investigao & desenvolvimento; na qualificao de recursos humanos, e na modernizao da organizao e gesto de empresas. Ao longo do sculo XX, o comrcio internacional portugus foi fortemente condicionado pela

10 PME Lder ENTREVISTA

proximidade poltica e pela proximidade geogrfica, de que so exemplo, respectivamente, as trocas comerciais com os pases de expresso portuguesa e com os pases do espao europeu. Hoje, a ambio da internacionalizao deve ir mais longe e estender-se a novos mercados de menor proximidade geogrfica que esto em grande crescimento, como os mercados Asiticos, da Amrica do Sul, Africanos ou do Golfo. Em sntese, estender-se a todos os mercados em que possamos obter melhores resultados mais rapidamente.Quais as medidas previstas para as PME caso o Governo seja obrigado a aumentar a carga fiscal? Estar em causa a sobrevivncia dessas empresas?

O Governo no prev aumentar a carga fiscal.

e processos, a Investigao & Desenvolvimento, a qualificao de recursos humanos e a modernizao da organizao e gesto de empresas, para alm de potenciar o ganho de escala e do trabalho em parceria. Cabe ao Estado mobilizar todos os agentes e recursos adequados para promover essa dinmica, nomeadamente atravs de polticas de apoios como os Plos de Competitividade e 'Clusters' em sectores com forte capacidade exportadora. Os programas do QREN so igualmente instrumentais para a promoo dessa nova dinmica competitiva.De que forma a secretria de Estado da Energia e Inovao se distingue das restantes entidades pblicas que tm a misso de promover a inovao nas empresas, neste caso, nas PME?

A SEEI tem como misso contribuir para que haja condies favorveis para estimular o processo de inovao junto das empresas. necessrio continuar a apoiar as PME no seu processo de modernizao, principalmente num contexto como o actual, sendo portanto essencial que os instrumentos pblicos de estmulo inovao sejam utilizados com eficcia. A experincia e o sucesso adquiridos com o Plano Tecnolgico, que elevaram Portugal nos principais rankings de Inovao, so uma mais-valia para o trabalho a realizar pela SEEI junto do tecido empresarial. A SEEI tem tambm um papel importante na dinamizao duma rea estratgica para o futuro das empresas, que a Energia, que tal como a Inovao uma rea transversal e fundamental para elevar os nveis de competitividade do nosso pas.O Governo tem realado as Novas Oportunidades como um factor decisivo para aumentar a qualificao dos trabalhadores. Sabendo que muitos destes cursos permitem que em apenas algumas semanas um adulto complete o 9 ano ou o 12 ano de escolaridade, as Novas Oportunidades qualificam mesmo ou apenas certificam?

possvel quantificar o nmero de falncias de PME neste ltimo ano?

Em 2008 cerca de 4.700 empresas (no especificamente PME) encerraram em Portugal. Mas tambm sabemos que a dinmica de criao e destruio de empresas muito activa. De facto, segundo dados do INE sobre empreendedorismo, em 2007 criaram-se mais de 160 mil empresas, sendo que 70% dessas se mantiveram activas ao fim de um ano.O que falta s PME para serem competitivas? Qual deve ser o papel do Estado?

Para que as PME se tornem mais competitivas deve promover-se o desenvolvimento dos factores crticos de competitividade como so a inovao de produtos

As Novas Oportunidades abrangeram, ao longo dos ltimos quatro anos, mais de um milho de adultos. Muitos destes adultos tinham abandonado, em algum ponto das suas vidas, o processo educativo e ficado aqum de concretizarem patamares de qualificaes equivalentes ao 9 ou 12 anos de escolaridade. Para alguns, as necessidades de qualificao so significativas, da os cursos de educao formao de adultos (at trs anos de durao). Para outros, para quem as necessidades so menores, teria bastado fazer um nico exame de matemtica para completar o 12 ano. Um nico exame de matemtica que evitou que aquele adulto completasse um grau de qualificao mais elevado. As Novas Oportunidades vieram permitir que esses adultos pudessem retomar aquilo que tinham deixado para trs, promovendo a formao especfica em reas de competncias chave (em particular portugus, matemtica ou TICs), ou reconhecendo competncias adquiridas pelo adulto ao longo da vida profissional. O

ENTREVISTA PME Lder 11

LUS FILIPE COSTA, Presidente do IAPMEI

Novo Estatuto PME Excelncia ser atribudo em 2010O IAPMEI, em colaborao com a banca, j distinguiu cerca de 4.500 empresas com o Estatuto PME Lder e 376 como PME Excelncia. Por Carlos CaldeiraO presidente do Instituto de Apoio s Pequenas e Mdias Empresas e Inovao (IAPMEI), Lus Filipe Costa, garante que Portugal tem mais negcios inovadores e um crescimento da quota dos sectores mais inovadores na estrutura de produo. Por outro, tem mais empresas em negcios tradicionais a inovarem. O investimento em Inovao tem tambm vindo a subir ao longo dos anos, e o Investimento em I&D, que era o nosso calcanhar de Aquiles, tambm melhorou substancialmente, diz aquele responsvel.Como tem o IAPMEI apoiado as empresas neste perodo de crise econmica?

ado, em reforo ao PME Consolida, o programa FINTRANS, que visa justamente a facilitao da transio das empresas por via das aquisies. E foram criadas linhas de seguro de crdito, no PME Segura, para pases dentro e fora da OCDE.Que tipo de interveno tem o IAPMEI no apoio s empresas que querem obter apoios comunitrios?

Desde o incio da crise, a nossa preocupao tem sido garantir o acesso ao financiamento por parte das Pequenas e Mdias Empresas (PME), porque a retraco verificada sobretudo na banca poderia ter consequncias nefastas, no imediato, para as empresas. As Linhas de Crdito PME Invest beneficiaram at data cerca de 50 mil empresas, em tempo recorde. Lanou-se tambm o PME Consolida, que integra solues como o Fundo Imobilirio Especial, no valor de 100 milhes de euros, visando a compra de bens das empresas para a sua capitalizao imediata ou o Fundo de Concentrao e Consolidao de Empresas, com 175 milhes, que permite s boas empresas crescerem por via da aquisio. Foi ainda lan-

12 PME Lder ENTREVISTA

Temos duas situaes: nos apoios comunitrios geridos nacionalmente, o IAPMEI entidade gestora da generalidade dos programas dirigidos s PME dos As Linhas sectores secundrio e tercirio, com excepo de Crdito do Turismo. Nos apoios comunitrios geridos fora do Pas, o IAPMEI prestador de informaPME Invest o s PME, atravs da European Entreprise Nebeneficiaram twork. Muitas empresas e entidades so j hoje at data utilizadoras regulares deste tipo de informao, cerca de 50 mil aproveitando os recursos disponveis fora do Pas. Com o phasing out dos sistemas de incenempresas em tivos nacionais, relevante que o mximo de tempo recorde. empresas se habitue a trabalhar no contexto da procura internacional de recursos.Quantas PME so hoje consideradas Lder?

Cerca de 4.500 empresas. Na realidade, o sucesso desta iniciativa dita at que estejamos a pensar no seu alargamento a sectores fora da esfera do Ministrio da Economia, pela sua ooo

Fotos: Paula Nunes

ENTREVISTA PME Lder 13

"O sucesso desta iniciativa dita at que estejamos a pensar no seu alargamento a sectores fora da esfera do Ministrio da Economia", afirma Luis Filipe Costa.

ooo

importncia para as empresas e para as suas ligaes com os operadores financeiros.E Excelncia?

Temos 376 PME Excelncia.Quais as principais diferenas entre as duas distines?

Como se percebe pelos nmeros, o grau de exigncia entre os dois estatutos, e o facto de um ser contnuo e outro ser de atribuio anual. Isto est ligado a uma outra diferena, muito relevante, na relao das empresas com o IAPMEI que as PME Lder tm benefcios associados nossa oferta de servios, enquanto que s PME Excelncia oferecemos apenas benefcios associados notoriedade intrnseca do Estatuto.O nmero de PME distinguidas com este estatuto tem evoludo?

Sim, arrancmos com a PME Lder com um pouco mais de mil empresas, e o nmero quase triplicou at data. Isto no significa que mais empresas passaram a merecer o Estatuto, ou que altermos as suas condies de atribuio. Significa que o processo de seleco das empresas moroso e exigente, e o processo que arrancou em parceria com a banca ainda no est estabilizado.Havendo cada vez mais PME distinguidas, isso quer dizer que se trata de empresas que conseguiram ultrapassar a crise?

um grupo alargado de empresas e as situaes no so todas idnticas. Algumas nem sentiram a crise, mantendo nveis de crescimento elevados e constantes. Outras ressentiram-se, crescendo a um ritmo inferior ao que teriam noutra conjuntura, mas mantendo solidez e bom desempenho.O que tm essas empresas para conseguirem ultrapassar a crise?

Em comum tm solidez econmico-financeira e rumo estratgico, ambio e dimenso competitiva.Quando sero seleccionadas as PME Excelncia?

Durante a segunda metade do prximo ano.A empresas portuguesas esto a mais inovadoras?

Penso que visvel para a sociedade que assim. Temos mais negcios inovadores e um crescimento da quota dos sectores mais inovadores na nossa estrutura de produo. Temos mais empresas em negcios tradicionais a inovarem. O investimento em Inovao tem tambm vindo a subir ao longo dos anos, e o Investimento em I&D, que era o nosso calcanhar de Aquiles, tambm melhorou substancialmente. H imensos exemplos que nos chegam de todos os sectores.14 PME Lder ENTREVISTA

o nosso tecido industrial ainda se encontra muito concentrado no Norte e esse o grande desafio, porque a indstria tem um papel chave na competitividade.A interaco entre universidades e empresas suficiente para o desenvolvimento do tecido industrial portugus?

H regies do Pas mais inovadoras e competitivas que outras?

Temos actualmente um pas rachado ao meio: Norte, Centro e Alentejo so consideradas, no mbito comunitrio, Regies de Convergncia, enquanto Lisboa e Algarve se encontram fora destas regies por j terem atingido patamares de desenvolvimento prximos das mdias comunitrias. Agora,

O Pas tem muitas velocidades e o gap entre as empresas mais e as menos inovadoras substancial. Diria que estamos muito bem posicionados ao nvel das melhores indstrias. Mas o que precisamos tambm de trabalhar a mdia e, no que respeita ligao universidades/empresas, h ainda um longo caminho a percorrer. Recentemente, foi dado mais um passo importante: a criao de fundos pr-seed para resultados de investigao com potencial comercial, que acabaro no mercado por via da criao de empresas ou do licenciamento industrial. Mas temos todos que trabalhar em conjun-

"Procuraremos estimular as empresas a executarem os seus projectos na rea dos sistemas de incentivos. H que aproveitar bem as ltimas oportunidades do QREN."

to, e as empresas precisam de no se fechar no seu mundo. Esperamos que a constituio dos 'clusters' e plos de competitividade permita a visibilidade sectorial do estado da arte em cada sector, permitindo que cada vez mais empresas vo sendo absorvidas nesta lgica de inovao colaborativa.Que pensa dos business angels no apoio ao empreendedorismo?

A actividade ainda incipiente em Portugal. Foi recentemente lanado um fundo de co-investimento do Estado com os business angels, visando muscular a sua interveno em pequenos negcios. Acreditamos que se trata de mais uma pea importante com repercusses no empreendedorismo.Quais os objectivos do IAPMEI para os prximos meses?

Assegurar que alm das iniciativas de resposta imediata conjuntura, se mantm os projectos com impacto no mdio e lon-

go prazos. Trabalharemos a rea da segmentao das empresas, que j inicimos com a PME Lder e a PME Excelncia, procurando novos grupos de interesse e com necessidades especficas. Incluo aqui, por exemplo, as empresas ligadas ao Estado IAPMEI Inovao. Continuaremos a trabalhar, no domnio do intangvel, os Diagnsticos de Competitividade e os Encontros para a Competitividade, bem como a oferta de formao para o empresrio. A outra rea de forte aposta a do empreendedorismo, onde esperamos ampliar resultados e reforar sinergias dos parceiros na envolvente, para um melhor apoio criao de empresas. H boas oportunidades no FINTRANS, resultantes do cenrio de crise, e procuraremos investir nesta rea, numa lgica de reforo da dimenso das empresas mais competitivas. E procuraremos estimular as empresas a executarem os seus projectos na rea dos sistemas de incentivos. H que aproveitar bem as ltimas oportunidades do QREN. O

ENTREVISTA PME Lder 15

Fotos: Ana Brgida

BASLIO HORTA, presidente da AICEP Portugal

As empresas dispem de apoio no mbito da Diplomacia EconmicaForam aprovados 35 novos Projectos Conjuntos de Internacionalizao para execuo em 2010, em que se prev o envolvimento de 1.370 empresas. Por Carlos Caldeira

Baslio Horta diz que a AICEP realiza, sistematicamente, aces de imagem e de reposicionamento do Pas, organizando mostras de prestgio, convidando jornalistas e promovendo a oferta portuguesa nos mercados atravs da organizao de misses empresariais, de feiras e de outros eventos internacionalmente relevantes, sobretudo em mercados emergentes. At finais de Outubro, a Agncia realizou 46 aces de sensibilizao empresarial, envolvendo mais de 3.000 participantes, o que em termos numricos significa cerca do triplo, face aos valores de 2008, versando cerca de 30 mercados.

Qual o papel da AICEP para com os empresrios portugueses?

Especialmente vocacionada para o negcio internacional, a AICEP Portugal Global acompanha as empresas portuguesas, em particular as Pequenas e Mdias Empresas (PME), na dupla vertente de exportao e do investimento no estrangeiro, alm de fazer prospeco e apoiar o arranque da actividade exportadora de outras com produto ou servio prprios em que seja identificado potencial de internacionalizao. Assim, a Agncia disponibiliza um amplo leque de apoios genricos e padronizados, bem como assistncia tcnica personalizada e

16 PME Lder ENTREVISTA

mente, todo o processo de internacionalizao da actividade empresarial, em particular das PME. Entre os mais procurados, saliento os instrumentos e incentivos financeiros geridos ou divulgados pela AICEP; a informao econmica e regulamentar sobre os mercados de natureza genrica e especfica, sectorial, estatstica, incluindo consultoria regulamentar sobre condies legais de acesso aos mercados e de investimento nos mesmos, listas de importadores, entre outras; informao sobre feiras internacionais; e a newsletter digital. Relevo tambm as aces de capacitao e sensibilizao sobre os mercados de natureza genrica - o ABC Mercados e o Como Vender em.... Disponibilizamos ainda um vasto leque de servios At Outubro, personalizados, em particular os fornecidos pela nossa Rede Exterforam feitas na. Entre estes, as empresas dismais do triplo pem de apoio informativo e lodas aces de gstico no mbito da Diplomacia sensibilizao Econmica, apoio ao investidor portugus no estrangeiro, inforempresarial mao sobre potenciais clientes de 2008. estrangeiros, oportunidades de negcio, consultoria e assessoria tcnica directa s empresas na abordagem aos mercados, aspectos regulamentares, prospeco e estudos de mercado, anlise da concorrncia e dos clientes, canais de distribuio, procura de agentes, identificao de segmentos de mercado com potencial para os produtos e servios portugueses, quadros de referncia comportamental e tendncias dos consumidores, agendamento de reunies e preparao de contactos, disponibilizao de reas de escritrio, ou aquisio de cadernos de encargos. Sistematicamente realizamos aces de imagem e de reposicionamento do Pas, organizando mostras de prestgio, convidando jornalistas e promovendo a oferta portuguesa nos mercados atravs da organizao de misses empresariais, de feiras plataforma e de outros eventos internacionalmente relevantes, sobretudo em mercados emergentes.Em quantos pases a Agncia tem escritrios?

aconselhamento estratgico especializado em todas as fases do processo de internacionalizao, procurando encontrar as melhores solues para cada caso em particular e responder s necessidades individuais e especficas das empresas, na expanso dos seus negcios fora da sua base geogrfica nacional.Que instrumentos e servios tem ao seu dispor para os apoiar?

Neste momento, estamos presentes em todos os continentes com 50 pontos de rede, entre Centros de Negcios, Escritrios e Representaes.ENTREVISTA PME Lder 17

Que balano faz das aces a AICEP nos ltimos anos?

Atravs do Gestor de Cliente, a empresa pode aceder a informao, produtos e servios variados que cobrem, potencial-

A avaliao que feita pelos parceiros para quem e com quem trabalhamos empresas, associaes empresariais e outros agentes econmicos permite concluir que a aco da Agncia francamente positiva. claro que a nossa ambio fazer cada vez mais e melhor e penso que o temos consegui-ooo

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do, aplicando a experincia e o saber que temos acumulado e associando-nos a parceiros fundamentais, como as Universidades, com quem temos vindo a estabelecer protocolos de colaborao para apoiar as empresas no seu esforo de internacionalizao.Quantas empresas apoiaram este ano?

Genericamente, a esmagadora maioria das nossas empresas com actividade exportadora procuram o apoio da Agncia, quer recorrendo directamente aos nossos servios em Portugal ou nossa rede externa, quer atravs das respectivas associaes empresariais com quem mantemos importantes parcerias. Alm do contacto directo das empresas com a Agncia para obter informao ou respostas mais especficas relacionadas com a actividade das empresas nos diversos mercados, temos realizado um conjunto de aces formativas e informativas da maior importncia para as empresas. Na rea da capacitao, uma destas vertentes, foram concretizadas durante este ano e at finais de Outubro, 46 aces de sensibilizao empresarial, envolvendo mais de trs mil participantes, o que em termos numricos significa cerca do triplo, face aos valores de 2008, versando cerca de 30 mercados com uma elevada percentagem de novas entidades participantes. Ao abrigo dos Quadros Comunitrios de Apoio, a Agncia tem apoiado um nmero significativo de projectos de prospeco e marketing internacional, quer de natureza individual, quer colectiva. No trinio 2005/2007 o montante de investimento aprovado aproximou-se dos 170 milhes de euros, em cerca de dois anos de aprovaes ao abrigo do novo QREN (2008/2009) o montante de investimento aprovado ultrapassa j os 345 milhes de euros. O montante de incentivo pblico alocado a estes projectos entre 2008 e incio de 2009 supera j os 123 milhes de euros, sendo que neste caso haver que salientar que as intensidades dos incentivos baixaram significativamente entre os dois quadros de apoio, o que significa tambm um maior nvel de compromisso prprio das empresas no financiamento e na execuo dos projectos.Quantas misses empresariais organizou este ano?

Para este ano foram aprovados 26 Projectos Conjuntos de Internacionalizao, de ndole sectorial ou transversal, dinamizados por associaes empresariais e em que estiveram envolvidas cerca de 1.200 empresas em aces de promoo de natureza colectiva nos mercados externos. Em termos globais, foram realizadas cerca de 300 aces de promoo em mais de 40 mercados externos. Foram tambm j aprovados 35 novos Projectos Conjuntos de Internacionalizao para execuo em 2010, em que se prev o envolvimento de 1.370 empresas em mais de 460 aces de promoo em 58 mercados externos.

18 PME Lder ENTREVISTA

6,5% ou 8,7% de verbas do QREN aplicadas? Baslio Horta defendeu, em Janeiro, o primeiro nmero e deixou a crtica: o QREN demasiado burocrtico, o que explicaria a fraca aplicao das verbas: 6,5%. O Ministrio da Economia, por seu turno, veio defender que foram utilizadas 8,7% das verbas.

uma boa altura para investir?

A crise tambm cria vrias oportunidades. Vrias empresas portuguesas esto a aproveitar as oportunidades que se abrem em outros mercados. Os investimentos da EDP, da Emparque, da Sovena, da Hovione e da Ongoing, para alm de tantas outras, c esto para o demonstrar.Acha que as linhas de crdito PME Investe devem continuar? Para que sectores?

Sou manifestamente favorvel continuao e mesmo ao reforo das Linhas de Crdito PME Investe, considerando os resultados obtidos at ao momento com as quatro Linhas criadas neste contexto. O IAPMEI tem-me facultado com regularidade pontos de situao sobre a utilizao destas Linhas e mediante a anlise destes dados s pode concluir-se que foram um sucesso, com um As Linhas excelente grau de utilizao pePME Investe las empresas, designadamente podem PME. Globalmente consideradas, as Linhas PME Investe poconsiderardem considerar-se uma aposta -se uma bem sucedida at ao momenaposta bem to, foram aprovadas 48.967 candidaturas. Atendendo situao sucedida. actual, sou de parecer que estas E devem Linhas devem continuar sobrecontinuar. tudo em relao aos sectores estratgicos ou considerados prioritrios para a sada da "crise", ou seja, todos os sectores exportadores, atravs do reforo das Linhas Exportadores, bem como das Linhas PME em particular as Micro e Pequenas Empresas, que so as que mais dificuldades atravessam face ao seu peso no tecido empresarial portugus.Os impostos deviam descer como forma de aliviar as empresas?

Idealmente creio que no haver ningum que no deseje uma descida de impostos e, se possvel, passe o lugar comum a manuteno ou at um alargamento e melhoria dos servios do Estado. A fiscalidade, reconhecidamente, faz parte de uma constelao de factores que interferem na competitividade e no desenvolvimento econmico. A poltica financeira e as exigncias oramentais no podem desligar-se das realidades conjunturais e das obrigaes a que estamos sujeitos, no plano nacional e europeu. Tratase, pois, de decises complexas, em que intervm factores de ponderao muito diversos e em que se exige uma viso global da situao do Pas. O

ENTREVISTA PME Lder 19

Paula Nunes

As novas caras da EconomiaSo as novas caras que vo mexer na Economia portuguesa. As novas tecnologias so o alvo.

Vieira da Silva, o novo ministro da Economia.

ieira da Silva, Fernando Medina e Carlos Zorrinho so as novas caras da Economia portuguesa. So eles que vo fazer a diferena numa Economia marcada pela dificuldade em encontrar o seu lugar no mundo. Jos Antnio Fonseca Vieira da Silva, o novo ministro da Economia, da Inovao e do Desenvolvimento, licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gesto, responsvel pela reforma da Segurana Social no governo anterior, foi tambm o homem-forte por trs da campanha do PS nas ltimas legislativas. Ex-militante do PCP, Vieira da Silva, 53 anos, foi ainda responsvel pela reviso da Lei de Bases da Segurana Social, do Cdigo do Trabalho e o lanamento do Cdigo Contributivo. Como ministro da Economia, ter, entre outras responsabilidades, a gesto dos fundos comunitrios sob a sua tutela. Em entrevista ao Dirio Econmico em Dezembro, Vieira da Silva deixou algumas das suas ideias para a pasta que comanda em cima da mesa: afirmou fazer sentido diversifiPaulo Alexandre Coelho

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car o sector exportador, o que passar por alargar a base das empresas exportadoras, os produtos e servios exportados e os mercados externos. E disse tambm ser atravs da inovao e da modernizao da base produtiva que o pas pode escapar ao crescimento baixo. Talvez por essa razo tenha escolhido Carlos Zorrinho, o homem Plano Tecnolgico, para a nova secretaria de Estado da Energia e da Inovao, dando assim mais destaque das reas consideradas fulcrais para a economia nacional e substituindo Antnio Castro Guerra, que detinha, no anterior governo, a pasta da inovao e da indstria. Como secretrio de Estado Adjunto, da Indstria e do Desenvolvimento fica Fernando Medina, homem de confiana de Vieira da Silva e que o acompanha do ministtrio da Segurana Social, onde ocupava o cargo de secretrio de Estado do Emprego e da Formao Profissional. Fernando Medina fica, entre outras, com a responsabilidade das linhas de crdito a empresas lanadas e a lanar pelo Governo (ver entrevista na pgina 8). OPaula Nunes

Carlos Zorrinho, secretrio de Estado da Energia e Inovao.

Fernando Medina, ocupa a pasta da indstria e do desenvolvimento.

20 PME Lder ACTUAL

Fotos: Paula Nunes

ANTNIO SOUTO, administrador do Banco Esprito Santo

"PME Lder so motor que acelerar recuperao econmica"A capacidade de reaco dos empresrios portugueses face crise permitiu que, em 2009, o crdito concedido s empresas pelo BES crescesse 5,8%, mais dois mil milhes de euros face ao ano anterior, diz o administrador.

ENTREVISTA PME Lder 21

As Linhas PME Investe so um exemplo de como colocar parcerias pblico-privadas ao servio do tecido empresarial.

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Estamos a passar por uma das maiores crises econmicas mundiais das ltimas dcadas. Como tem agido o BES junto das empresas portuguesas?

a apoiar as empresas que podem liderar no desenvolvimento da economia portuguesa.Refere-se s PME Lder?

A maior ajuda que se pode dar s PME continuar sempre a apoiar os seus projectos acreditando na capacidade de inovao e resilincia dos empresrios portugueses. E devo dizer que no nos tm desiludido, que nos tm provado que possvel superar a crise e continuar a criar riqueza para o Pas. esta capacidade dos empresrios que nos permitiu em 2009 crescer 5,8% no crdito concedido s empresas, mais dois mil milhes de euros face ao ano anterior. Um facto muito positivo a destacar que grande parte deste crdito tem sido para apoiar as empresas na abordagem a mercados externos, quer seja por via de exportaes quer mesmo nos seus processos de implementao alm fronteiras. Este o caminho certo que os empresrios j assumiram e que comprova a capacidade de regenerao do tecido empresarial portugus. A ns cumpre-nos criar condies para os apoiar incondicionalmente neste desgnio nacional, e o que estamos a fazer,

22 PME Lder ENTREVISTA

Sem dvida. As PME Lder so o verdadeiro motor que permitir acelerar a recuperao da economia portuguesa. So empresas que primam pela excelncia na qualidade e na inovao, caractersticas que fazem a diferena quando se compete nos mercados internacionais, que tm sido uma grande aposta destas PME. A viso estratgica que demonstram os empresrios lderes das PME Lder na diversificao dos seus mercados permite-lhes ambicionar taxas crescimento superiores economia domstica e ficar menos dependentes. Quanto a ns, no Banco Esprito Santo, sabemos que so empresas vencedoras e os parceiros certos para o futuro.E as Linhas PME Investe que tm sido disponibilizadas pelo Governo? Como tem sido a sua execuo e qual o montante de crdito concedido pelo BES ao abrigo destas linhas?

raria, transversais a todos os sectores e tambm porque a criao de linhas especficas como por exemplo as do turismo, sector automvel e s empresas Eeportadoras em geral, tem permitido abarcar um leque alargado de sectores e empresas.As linhas de crdito devem continuar? Porqu?

Sem dvida que sim, nomeadamente as viradas para o apoio ao investimento e internacionalizao, dois vectores que sero fundamentais para a economia portuguesa em 2010 e nos prximos anos. Os sinais positivos da economia so ainda tnues e a recuperao vai ser mais lenta do que se esperava, pelo que as empresas vo continuar a necessitar de apoio no acesso ao crdito e em condies financeiras favorveis.Tem referido por diversas vezes o tema da internacionalizao e publico que o banco tem promovido misses empresariais ao estrangeiro. Que pases tm privilegiado?

As misses empresariais so uma realidade no banco j desde 2006 e privilegiamos os mercados que conciliam duas caractersticas: tm que ser estratgicos para as empresas portuguesas, ou seja, tm que existir oportunidades de negcio concretas, e tm que ser geografias onde o BES tenha condies, pela sua presena directa ou atravs de parcerias com bancos locais, de apoiar no terreno com todos os instrumentos financeiros que as empresas necessitam. No total j realizmos 12 misses, envolvendo cerca de 350 empresrios, em pases to distintos como Angola, Brasil, Marrocos ou a Arglia, Lbia e Dubai. A ltima que organizmos foi em Setembro, ao Brasil, e estamos neste momento a organizar uma nova misso que no incio de Maro vai levar a Angola cerca de 22 empresrios de trs sectores estratgicos para a economia angolana: sade, educao e agricultura.Quais so os mercados que o BES considera como alvo para as exportaes e para a Internacionalizao no futuro prximo?

As Linhas PME Investe so um bom exemplo de como colocar parcerias pblico-privadas ao servio do tecido empresarial. Foi de facto uma iniciativa criada na altura certa pelo Governo que, em parceria com a banca e com as Sociedades de Garantia Mtua, tem permitido s empresas aceder a crdito em condies financeiras extremamente competitivas. Estas linhas tm sido um xito comprovado pela enorme procura que tm tido e pelos diversos reforos das dotaes oramentais a que assistimos. O PME Investe tem sido um dos importantes instrumentos que utilizamos para apoiar as empresas. Desde o incio do Programa PME Investe j aprovamos operaes a mais de 6.500 empresas no valor de cerca de 1.417 milhes de euros. S no ano de 2009 aprovmos cerca de 800 milhes de Euros, com destaque para a linha das exportadoras que lideramos com uma quota de mercado de 25%.Ques sectores tm recorrido mais s Linhas PME Investe?

Felizmente podemos dizer que a sua utilizao tem sido generalizada. Isto porque, foram criadas linhas de apoio tesou-

Os pases onde temos realizado as misses vo continuar a ser estratgicos. Angola e Brasil pelas afinidades que todos conhecemos e Marrocos, Arglia e Lbia pelo facto de serem economias que vo crescer mais que a economia mundial e em que Portugal considerado um excelente parceiro pelos principais 'players' dessa regio. O prprio BES j tem em Marrocos uma parceria estratgica de longa data com o Banque Marocaine du Commerce Extrieur Banque e ter, a muito curto prazo, participaes em sociedades financeiras na Arglia e na Lbia, o que nos permitir conhecer melhor o tecido empresarial local, apoiar melhor as PME portuguesas e concretizar negcios. Um outro bloco que tambm acreditamos vir a ter grande interesse e potencial para as empresas portuguesas a frica do Sul e Moambique, mercados com boas perspectivas de desenvolvimento e onde a j actual presena de importantes comunidades portuguesas facilitar a entrada de novas empresas. Tambm aqui o Banco est a desenvolver estruturas que, a exemplo das anteriores geografias que referi, iro oferecer, localmente, solues para apoiar as empresas que abordarem estes mercados. O

ENTREVISTA PME Lder 23

Jim R. Bounds/Bloomberg

Os 10 pases onde vale a pena investir

24 PME Lder INTERNACIONALIZAO

INTERNA CIONALI ZAOO estudo do ES Research Sectorial seleccionou os dez mercados alvo onde as empresas portuguesas devem dar preferncia nas suas estratgias de internacionalizao e de exportao.Por Drcia Lopes

os ltimos anos internacionalizar tem sido palavra de ordem para as empresas portuguesas como uma frmula para escapar crise. Fernando Serrasqueiro, secretrio de Estado do Comrcio, lembra que aprofundar a internacionalizao da nossa economia, constitui um vector estratgico central da poltica econmica deste Governo. Em sintonia com esta premissa surge o estudo elaborado pelo ES Research Sectorial que seleccionou os dez destinos fundamentais para as empresas, sendo que no devem ser negligenciados numa estratgia de internacionalizao. Angola, Brasil, Marrocos, Lbia, frica do Sul, China, EUA, Emirados rabes Unidos (EAU), Venezuela e Rssia so considerados pela equipa do ES Research Sectorial os mercados alvo e destinos atractivos para as exportaes portuguesas. O conjunto destes pases representou, em 2008, 13% das exportaes portuguesas com um total de 7,3 mil milhes de euros. Estes destinos foram apresentados e debatidos na terceira edio do Portugal Exportador 2009, uma iniciativa promovida para AICEP, AIP e BES. As razes para esta escolha so simples. Numa altura em que a Europa ainda est a recuperar de um ciclo de contraco econmica, pases como Marrocos, China e Angola j apresentam nveis de crescimento econmico atractivos, enquanto que outros tm o potencial, j em 2010, de voltar aos patamares de crescimento econmico que

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INTERNACIONALIZAO PME Lder 25

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Reuters

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o abrandamento trazido pela crise veio interromper. Nesta categoria esto o Brasil, Lbia e EAU. A diversificao de mercados de exportao outra razo para apostar nestes pases como forma de romper com a excessiva concentrao nos parceiros europeus, onde Espanha, Alemanha e Frana foram responsveis por mais de metade das exportaes nacionais em 2008. A afinidade cultural tambm no deve ser esquecida, o que pode trazer oportunidades de negcio em Angola, Brasil, Venezuela, frica do Sul e China graas s comunidades de emigrantes portugueses ou aos laos histricos significativos. O Magrebe surge igualmente como uma opo natural com destaque para Marrocos e Lbia para a promoo do negcio entre o sul da Europa e o norte de frica, potenciando a proximidade geogrfica e tirando partido dos elevados nveis de investimento que estes pases se encontram a fazer em infraestruturas.

A dimenso destes mercados tambm joga a favor face pequena dimenso da economia portuguesa. De acordo com a mesma equipa, a China com os cerca de 1,3 mil milhes de habitantes, Rssia, Brasil e Emirados rabes esto nesta categoria. De acordo com o ES Research Sectorial a oferta portuguesa deve incidir em sectores cujos produtos sejam dificilmente replicveis por outras economias com menor custo de mode-obra. A equipa do ES Research destaca as reas com maior incorporao de inovao como as energias renovveis e o ambiente, a biotecnologia e indstria farmacutica. Alm dos sectores da pasta e papel, cortia e turismo. H oportunidades de negcio no conjunto dos dez pases para as empresas especializadas no fabrico de mquinas e aparelhos elctricos, mecnicos, obras de ferro fundido, plstico e as suas obras, produtos farmacuticos, vinho, cortia e as suas obras. O

26 PME Lder INTERNACIONALIZAO

Os destinos mais apetecveis1ANGOLARepresenta o quinto maior cliente das exportaes portuguesas e o primeiro fora da Europa. A forte afinidade cultural e lingustica constitui uma mais-valia de Portugal face a outros pases. O mercado angolano apresenta das maiores taxas de crescimento econmico, sendo que a previso para 2010 uma subida de 10%. O pas possui uma elevada riqueza em recursos naturais, a par de vastos planos de reconstruo de infra-estruturas ao nvel de redes de energia, abastecimento de gua e comunicaes. Em 2008 ocupou o quinto lugar no ranking das exportaes portuguesas, representando cerca de 5,3% das mesmas. Aqui h oportunidade no s para se consolidar as relaes comerciais j existentes, como de increment-las.

2Previses de crescimento real do PIB nos 10 mercados-alvo em 2009 e 2010 (1) 2009 frica do Sul Angola Brasil China Emirados rabes Unidos EUA Lbia Marrocos Rssia Venezuela(1) Previses Esprito Santo Research

FRICA DO SUL

2010 1,7% 10.0% 4.5% 9.0% 2.4% 2.2% 5.2% 3.2% 1.5% -0,4%

Ocupa a 34 posio no ranking das exportaes portuguesas com um volume de 140 milhes de euros em 2008. Este mercado, com uma populao de cerca de 50 milhes de pessoas, que ganha relevncia pela importante comunidade de emigrantes portugueses que reside no pas. De acordo com a equipa do ES Research Sectorial, existe oportunidades de exportao para transformadores elctricos, fios e cabos, e outros condutores, partes e acessrios para tractores, autocarros, automveis de passageiros, entre outros equipamentos.

-2,2% 5.0% 0.5% 8.5% -0,2% -2,5% 1.8% 5.0% -7,5% -2,0%

3

BRASILINTERNACIONALIZAO PME Lder 27

Alm da afinidade cultural, este pas ganha importncia tambm pela dimenso do mercado e pela populao que ir atingir os 193 milhes em 2010. Em 2008 o volume de exportaes para o Brasil chegou aos 924 milhes de euros, com este pas a ocupar a 11 posio no ranking das exportaes de bens e servios portuguesas. Este um dos pases onde se considera que poder regressar aos patamares de crescimento que o abrandamento provocado pela crise econmica global interrompeu. Os produtos com potencial para serem exportados para o mercado brasileiro so variam desde os minrios ooo

Eve Coulon/Bloomberg News

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de cobre, passando pelos adubos minerais ou qumicos at aos aparelhos emissores para radiotelefonia, entre outros.

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CHINA

As importaes ainda superam as exportaes para a China, mas este um mercado em forte crescimento e cuja dimenso no deve ser negligenciado pelos investidores. Recorde-se que so mais de 1,3 mil milhes de potenciais compradores. Para a ES Research a China destaca-se pelo crescente poder de compra, com uma classe mdia tambm em crescimento, estima-se que este pas venha a ter a maior classe mdia do mundo (600 milhes de consumidores habitantes em 2015).

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EMIRADOS RABES UNIDOS

Ocupou a 45 posio no ranking das exportaes portuguesas em 2008 com um volume de 71 milhes de euros, mas est entre os pases que podero retomar o crescimento econmico j em 2010 e onde se espera que atinja uma subida no PIB de 2,4% no prximo ano. Em Junho deste ano as exportaes de mercadorias para os Emirados rabes Unidos totalizaram 27,4 milhes de euros, enquanto as importaes ficaram-se pelos 5,7 milhes de euros. Foram identificadas oportunidades na exportao de medicamentos em dose ou acondicionados para venda a retalho, transformadores elctricos, cmaras de televiso, aparelhos emissores de radiotelefonia, entre outros.

628 PME Lder INTERNACIONALIZAO

EUA

Este pas liderou o ranking dos maiores importadores mundiais em 2008 e ocupa a sexta posio nas exportaes portuguesas de bens e servios tambm no ano passado. Aqui h que ter em conta dimenso deste mercado como factor atractivo para uma economia pequena e aberta como a portuguesa. At Junho deste ano o volume de exportadores de mercadorias atingiu 460,3 milhes de euros, sendo que no total de 2008 situou-se em mais de 2,2 mil milhes de euros. Neste mercado as oportunidades surgem ao nvel por exemplo da maquinaria, alumnio, medicamentos.

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LBIA

Este um dos destinos considerados naturais para se promover o negcio entre o sul da Europa e o norte de frica,

potenciando a proximidade geogrfica e tirando partido dos elevados nveis de investimento que o pas est a fazer em infra-estruturas. Nesta fase a Lbia ocupa o 90 lugar no ranking das exportaes com 0,03% do total e um volume de 17 milhes de euros em 2008. At Junho desde ano o volume de exportaes atingiu os 21.8 milhes de euros. Segundo a equipa do ES Research Sectorial, apesar de os fluxos comerciais serem reduzidos, o forte dinamismo da relao existente reflecte grandes oportunidades que se abrem ao nvel das infra-estruturas e na sequncia da progressiva abertura da economia ao sector privado.

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MARROCOS

O Magrebe surge como um destino natural para investir, com destaque para o mercado marroquino que apresenta nveis de crescimento econmico atractivos. Marrocos ocupou, em 2008, a 20 posio no ranking das exportaes portuguesas com um volume de 307 milhes de euros. Neste mercado, alm da proximidade geogrfica h que contar com o forte investimento em infra-estruturas que est em curso. As oportunidades de exportao surgem em reas to distintas como polmeros de etileno, pneumticos ou mesmo bulldozers.

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RSSIA

A dimenso deste mercado no deve ser negligenciada na altura de delinear uma estratgia de internacionalizao. Vinhos, torneiras, pneumticos, partes e acessrios automveis esto na lista de produtos portugueses que tm aceitao e constituem uma oportunidade de exportao na Rssia. Em 2008 o volume de exportao situou-se em 262 milhes de euros, o que faz com que o pas ocupe a 22 posio no ranking do comrcio externo portugus.

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VENEZUELA

INTERNACIONALIZAO PME Lder 29

Este mercado ganha relevncia pela importante comunidade portuguesa residente na Venezuela, o que trs alguma afinidade cultural. Em 2008 o volume de exportao de bens e servios ascendeu a 184 milhes de euros contra os pouco mais de 32 milhes de euros realizados em 2003. Em 2010 expectvel que a populao atinja os 29,2 milhes de habitantes. As oportunidades de exportao encontram-se na rea de instrumentos e aparelhos para medicina, cirurgia, odontologia e veterinria, entre outros equipamentos. O

Paula Nunes

CASE STUDYMdicas e empresrias

do mundoComeou por ser uma pequena empresa projectada por duas amigas. Passados 14 anos, a Eurotrials tem sede em Lisboa e em So Paulo, de onde desenvolve projectos por todo o mundo. Por Ins Queirozom um vasto currculo na rea de investigao clnica e consultoria cientfica, a Eurotrials, Consultores Cientficos arrancou j l vo 14 anos, fruto do empenho de Maria Joo Queiroz e Ins Costa Garcia, duas mdicas apaixonadas pela rea da investigao. Uma paixo nascida ainda durante os tempos de actividade hospitalar que, como contou ao Econmico Ins Costa Garcia, foi fortemente incrementada por uma ps-graduo em Medicina Farmacutica que ambas realizaram nas Universidades Eucor, na Sua. Em 1995 a investigao fazia-se a nvel acadmico/hospitalar ou nos departamentos mdicos da Indstria Farmacutica e Portugal no era diferente dos outros pases. Depressa perceberam que havia espao para criar um grupo que fosse capaz de exercer esta actividade, com sucesso. O processo de internacionalizao estava destinado partida, j que a empresa iniciou a actividade com projectos de consultoria na rea de farmacologia e ensaios clnicos. Aos poucos, a empresa foi formando uma equipa capaz de

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dar resposta s necessidades crescentes e diversificadas do mercado nacional e internacional, conta Ins Costa Garcia, acrescentando que em qualquer projecto de investigao clnica, translacional ou epidemiolgica, a Eurotrials est apta a intervir em todos os passos do processo, desde a ideia de investigao at entrada do produto no mercado. Quase 15 anos volvidos sobre o nascimento da empresa, a actividade da Eurotrials abrange todo o espectro de servios relacionados com o desenvolvimento de novos frmacos, novas solues teraputicas ou mtodos de diagnstico que vo desde a concepo e implementao de projectos de I&D, a estudos epidemiolgicos e de farmacoeconomia, refere a mesma responsvel, salientando que, globalmente, nos mais de 150 ensaios clnicos de diferentes fases que conduziu, a Eurotrials envolveu cerca de 600 Centros de Investigao e 5000 doentes. a partir de Portugal que a Eurotrials desenvolve as suas actividades na Europa, nomeadamente atravs de parcerias com outras empresas. Actualmente, a empresa conta com cerca de 100 colaboradores, 40 dos quais na sua filial de So Paulo, em reas diversas

30 PME Lder CASE-STUDY

de expresso portuguesa mas, neste caso, num mbito de colaborao com fundaes e instituies na rea da malria, tuberculose e do HIV/SIDA. 2007 foi o ano de expanso das actividades da Eurotrials, EUROPA, FRICA E AMRICA LATINA tanto na Europa como na Amrica Latina. O processo de internacionalizao da Eurotrials Actualmente, apesar de s ter sede fsica em comeou em 1998 com o estabelecimento de Portugal e no Brasil, a Eurotrials tem projectos algumas parcerias estratgicas no mercado A Eurotrials de investigao desenvolvidos, atravs brasileiro. A abertura da filial em So Paulo est hoje apta de parcerias estratgicas, em pases como foi feita em 2001, e foi a partir dela que se Espanha, Frana, Alemanha, Reino Unido, desenvolveram as actividades no Brasil e noutros a intervir em pases sul-americanos. todos os passos Itlia, Argentina, Chile e Mxico. A ideia de investir neste mercado foi ditada de um projecto J este ano foi criada uma representao pelas prprias condies que este oferecia: nos Estados Unidos da Amrica, de forma a grandes populaes, altamente concentradas, de investigao incrementar o desenvolvimento do negcio a alta prevalncia de doenas dos chamados clnica. partir do mercado norte-americano, refere. primeiro e terceiro mundo e servios de sade A aposta na internacionalizao continuar a de alta qualidade, so motivos que combinados ser a estratgia da Eurotrials para os prximos contribuem para tornar o pas no local ideal para estudos de tempos. Os objectivos passam pelo reforo e a expanso da vrias reas teraputicas, explica Ins Costa Garcia. actividade no Brasil, uma vez que o mercado de investigao Trs anos mais tarde, surge a aposta nos pases africanos clnica est em fase de grande desenvolvimento. O como a medicina, biologia, sociologiam,biologia, farmcia, nutrio, engenharia, psicologia ou matemtica.

CASE-STUDY PME Lder 31

Jason Lee/Reuters

Clima negocial favorvelOs mercados identificados no Frum Exportar 2008 apresentam um clima favorvel ao reforo das relaes comerciais. O facto de dez das treze propostas de pases terem transitado para 2009 revela as oportunidades de negcio nesses mercados. Por Drcia Lopess treze mercados identificados pela equipa da Esprito Santo Research Sectorial no Frum Exportar 2008 tm em comum o facto de propiciarem um clima negocial favorvel intensificao das relaes comerciais com esses pases. Este clima favorvel para as relaes comerciais provado pelo facto de dez das propostas de mercados apresentadas no Frum Exportar 2009 j transitaram da edio de 2008. Segundo a equipa do ES Research seis dessas alternativas Angola, Brasil, China, Marrocos, EUA e Rssia j tinham mesmo sido identificadas em 2007 como destinos alvo para as exportaes portuguesas. Angola, Arglia, Brasil, Marrocos, Lbia, frica do Sul, China, EUA, Emirados rabes Unidos, Venezuela, Rssia, ndia e Moambique foram os mercados estudados em 2008. So destinos onde pelo dinamismo das importaes oriundas desses mercados, pela dimenso das oportunidades que os mesmos oferecem ou ainda pelas particularidades dos relacionamentos poltico-econmicos alcanados devem ser apostas das empresas portuguesas. A mesma equipa justifica que o comportamento positivo constatado ao nvel da evoluo do relacionamento comercial com este conjunto dos pases aliado ao facto de que hoje possvel s empresas exportadoras descobrir bolsas de oportunidades at nos mercados/sectores aparentemente mais saturados. Uma anlise feita variao das exportaes portuguesas de mercadorias entre 2008 (de Janeiro a Setembro) e 2009 (de Janeiro a Setembro), verifica-se que a maior parte dos mercados do Frum Exportar 2008 apresentaram variaes melhores que o comportamento do total das nossas exportaes para o mundo, no mesmo perodo (-23%), como: Angola, Arglia, Brasil, China, Emirados rabes Unidos, ndia, Lbia, Moambique e Venezuela. Segundo a mesma equipa, de destacar o comportamento das exportaes portuguesas para alguns destes mercados como Angola, Arglia, Moambique, Lbia, Brasil, China e Venezuela, onde as exportaes apresentam um melhor comportamento, de 2008 (de Janeiro a Setembro) para 2009 (de Janeiro a Setembro), comparativamente s exportaes portuguesas para o mundo, e ganham mes-

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32 PME Lder EXPORTAO

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As exportaes portuguesas para Angola, Arglia, Moambique, Lbia, Brasil, China e Venezuela melhoraram de 2008 para 2009.

EXPORTAO PME Lder 33

Expanso

Exportaes portuguesas de mercadorias para os 13 mercados do Frum Exportar 2008 Pases Form Exportar 2008 frica Sul Angola Arglia Brasil China EAU EUA ndia Lbia Marrocos Moambique Rssia Venezuela Extra UE Unio Europeia Mundo 2008*(Milhares EUR)

A aposta em pases como Angola tem sido positiva para as exportaes portuguesas.2009 (%)

2009** Var. Jan-Set(Milhares EUR)

57 507.7 1 560 170.8 137 950.4 225 504.8 142 233.8 54 294.5 1 074 383.4 38 002.0 12 327.7 210 610.8 64 640.6 154 777.2 29 073.1 7 498 881.6 22 005 613.5 29 504 495.1

37 101.3 1 673 904.0 165 998.7 184 952.2 152 712.7 45 157.6 720 189.3 33 137.5 24 941.8 155 325.3 91 639.4 72 907.1 94 292.4 5 748 461.7 17 036 350.3 22 784 812.0

-35% 7% 20% -18% 7% -17% -33% -13% 102% -26% 42% -53% 224% -23% -23% -23%

urgente diversificar mercados e dirigir os produtos portuguesas para mercados onde exista procura.ESTRATGIA PASSA PELA DIVERSIFICAO

*2008 (Janeiro-Setembro); **2009 (Janeiro-Setembro) Fonte: INE

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mo peso no total das exportaes portuguesas. Os dados recolhidos pela ES Research referem que entre 2003 e 2008 verificou-se uma Taxa de Crescimento Mdio Anual (TCMA) das exportaes portuguesas para os mercados do Frum Exportar 2008, sempre positivas (excepto EUA) e acima do comportamento deste indicador, para o Mundo 6.2% (excepto EUA e China). Por isso, a mesma equipa conclui que

Apesar de o comrcio internacional de mercadorias estar muito concentrado nos mercados europeus, Francisco Mendes Palma, director da Esprito Santo Research Sectorial, explica que o volume de exportaes de Portugal tem vindo a crescer devido aposta em algumas geografias como Angola, Brasil, Marrocos, Arglia, Venezuela e Lbia. O volume de exportaes passou dos 2.7% em 2000 para 8% em 2008. Esta aposta continua a dar frutos, sendo que at Junho de 2009 o conjunto destes pases representou 10% das exportaes portuguesas de mercadorias, explica este responsvel. Francisco Mendes Palma salienta que o comportamento positivo das exportaes portuguesas em 2008 justificado pelo dinamismo das trocas para fora da Unio Europeia, sobretudo para frica, PALOP e OPEP. Nas importaes portuguesas de mercadorias a diversificao tambm visvel, j que o envolvimento de Portugal com os pases extra Unio Europeia (UE) cresceu de 24,6% em 2007 para 26,5% em 2008, mais uma vez com destaque para o continente africano. No entanto, preciso ter em conta que as importaes de mercadorias extra-UE diminuram entre Junho de 2008 e Junho de 2009, comportamento justificado pela diminuio das quantidades importadas devido ao arrefecimento da actividade econmica, diminuio do preo das matrias-primas, como o petrleo, um dos principais produtos adquiridos fora da Unio Europeia. O

34 PME Lder EXPORTAO

Bernardo S. Lobo

RICARDO BASTOS SALGADO, Unidade Internacional Premium BES

"A nossa prioridade so as empresas ibricas"Ricardo Bastos Salgado explica como podem os gestores da Unidade Internacional Premium apoiar as PME nas suas incurses pelo mundo.No processo de internacionalizao das empresas portuguesas com que dificuldades as empresas se deparam?

As dificuldades so da mais diversa natureza. Os pases com que Portugal se relaciona tm enquadramentos legais e fiscais muito distintos do nosso. A necessidade de ter um relacionamento bancrio na nova geografia, que se empenhe na relao com o cliente e que resolva os problemas da empresa no de todo evidente quando esta oriunda de outro pas. Um dos temas recorrentes a dificuldade em identificar quadros locais em mercados onde existe forte concorrncia laboral . Em termos de obstculos, importante destacar a seleco dos parceiros de negcio e clientes certos para o investimento e a exportao. Por todas estas razes entendemos que era necessrio criar uma estrutura especializada para acompanhar os clientes nos seus processos de internacionalizao.De que forma o BES apoia as empresas no processo de internacionalizao e onde diferenciador na sua oferta?

Departamento Internacional do BES, assim como com as diferentes unidades do grupo BES no exterior - sendo que importante esclarecer que no estamos limitados aos pases onde o banco tenha presena directa uma vez que temos uma vasta rede de bancos correspondentes. Atravs de uma equipa de gestores de negcio internacional especializados por reas geogrficas acompanhamos diariamente as operaes dos nossos clientes nas diferentes geografias. O nosso objectivo estar com os nossos clientes na sua internacionalizao desde a fase inicial dos projectos at a fase de velocidade cruzeiro. Alm da oferta de banca comercial tradicional: abertura de conta, financiamentos, e o 'trade finance', fazemos a articulao com as reas de especialidade desde o 'research', com os estudos de mercado na fase inicial, passando pelo 'procurement' de quadros com a Multipessoal e o banco de investimento.Para onde vo as empresas vossas clientes quando se internacionalizam?

Para melhor apoiarmos as empresas e sobretudo as PME ibricas que so o nosso alvo principal, criamos a Unidade Internacional Premium (UIP). Trata-se de uma plataforma junto rea de 'corporate banking' e portanto totalmente virada para as empresas em forte articulao com o

De todos os pedidos de apoio que nos tm chegado neste primeiro ano de actividade, cerca de 70% concentram-se em operaes de investimento e exportao com forte enfoque em Angola, no Brasil e na regio do Magreb (Marrocos, Arglia e Lbia, sobretudo). Mas temos outros pases de grande interesse como sendo a Venezuela e a frica do Sul, onde, como sabido, existem importantes comunidades lusas. A nossa estratgia de internacionalizao assenta em trs vectores que so os pases de lngua portuguesa, os pases de proximidade geogrfica como a regio do Magreb e finalmente os pases com afinidades com Portugal, confirmando-se diariamente ser tambm esta a escolha dos nossos clientes. O

ENTREVISTA PME Lder 35

CARLOS MOREIRA DA SILVA, Presidente da Direco da COTEC

"Temos de inovar mais e comunicar melhor"Tecnologias da informao e da comunicao e biotecnologia so os dois sectores mais activos no campo da inovao e tecnologia. Por Ana Cunha AlmeidaAo longo dos anos verificou-se um aumento de candidaturas ao nvel de projectos I&D? De que ordem percentual? Qual o oramento anual da COTEC para I&D? J est definido o montante para 2010?

Receio que no seja possvel responder a esta questo O oramento da COTEC contempla actividades diversas eu, pelo menos, no sou capaz. H vrias linhas de apoio de fomento da inovao - valorizao do conhecimento financeiro a projectos de Investigao & Desenvolvimento gerado nas universidades; intensificao do crescimento de (I&D): na Comisso Europeia (a comear pelo PME inovadoras, nomeadamente pela via da financiamento disponibilizado pelo Programa internacionalizao; adopo de instrumentos Quadro), no Estado Portugus, tanto a nvel central "Est-nos e de processos que dem sustentabilidade como a nvel regional (no mbito do QREN, mas colada uma inovao na generalidade das empresas no s), e outras. No havendo uma nomenclatura portuguesas, para referir apenas as trs mais comum, nem um tratamento centralizado desta imagem de Pas importantes -, mas nenhuma destas reas de informao, receio, como afirmei, que no seja menos inovador interveno pode ser caracterizada como de possvel responder questo. Numa perspectiva do que o que financiamento directo de actividades de I&D. mais ampla, posso referir que, em Portugal, o peso das despesas de Investigao e Desenvolvimento somos, Qual a expectativa que tem face adeso aos novos programas COHiTEC, Act e Caixa no PIB subiu de 0,82%, em 2003, para 1,18% de facto". Empreender +? em 2007, ano em que, pela primeira vez na nossa histria, a despesa de I&D efectuada pelo O COHiTEC um programa de fomento do sector privado excedeu a efectuada pelo sector pblico, nos empreendedorismo de base tecnolgica, promovendo apenas Laboratrios do Estado e nas instituies de ensino superior, projectos 'high-tech' e 'high-growth'. O Caixa Empreender universidades e institutos politcnicos. + um programa de fomento do empreendedorismo da Caixa Geral de Depsitos, de objectivos mais amplos, que se cruza com o COHiTEC na criao de um Fundo de Capital Quais os sectores que manifestaram mais projectos de I&D? de Risco especializado, o ACTec, em que tambm participam Em Portugal, tal como na generalidade dos pases europeus, outras instituies financeiras. Uma das linhas de trabalho h dois sectores particularmente activos no desenvolvimento que prosseguimos, e em que estamos neste momento mais de projectos de I&D: as tecnologias da informao e da empenhados, a de tentar atrair para o COHiTEC um maior ooo comunicao e a biotecnologia.

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Fotos: Bruno Barbosa

Em 2007, "pela primeira vez na nossa histria", a despesa de I&D efectuada pelo sector privado excedeu a efectuada pelo sector pblico.

ENTREVISTA PME Lder 37

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nmero de projectos de base tecnolgica junto de todas as Universidades do Pas procurando potenciar a aplicao de um instrumento to inovador como o ACTec, vocacionado para o financiamento de projectos empresariais ainda em fase de pr-'seed' e de valorizao comercial das tecnologias. Com este alargamento de mbito, a actividade da COTEC na rea da valorizao do conhecimento, inicialmente apenas centrada no COHiTEC, evoluiu para a criao de um ACT - Acelerador de Comercializao de Tecnologias, em que se inclui um outro Fundo de Capital de Risco, o F-HITEC, destinado a apoiar os projectos numa fase posterior, j conduzidos pelos investidores que devero levar o produto ao mercado.A imagem de Portugal l fora ainda continua a ser de um Pas pouco inovador?

Sendo verdade que Portugal no um pas particularmente inovador - por comparao, por exemplo, com os pases nrdicos -, tambm verdade que se nos encontra colada uma imagem de Pas menos inovador do que o que somos, de facto. E no to rara como isso a situao de estrangeiros que, ao tomarem conhecimento de algumas das coisas em que inovamos de forma mais evidente, como a via verde, sistema multibanco, energias renovveis, para falarmos apenas de trs das mais conhecidas, se mostram surpreendidos, dizendo que no era essa a imagem que tinham do nosso Pas. Em suma: temos de inovar mais, e temos de comunicar melhor a inovao que fazemos.Se dependesse da COTEC, o que que mudaria nas empresas para as tornar mais inovadoras? Qual seria o primeiro passo?

A inovao no nasce de gerao espontnea; tambm no o resultado de iniciativas casusticas nem de momentos felizes. Faz-se com trabalho orientado para esse objectivo, com organizao, processos e instrumentos adequados. A iniciativa da COTEC que, de modo mais persistente, procura mudar para melhor este estado de coisas junto das nossas empresas a DSIE - Desenvolvimento Sustentado da Inovao Empresarial.Quantos anos teremos ainda de esperar para que as PME adoptem a inovao como estratgia prpria do negcio e no como projectos financiados?38 PME Lder ENTREVISTA

em si mesma no tem nada de mal (as oportunidades e os financiamentos a fundo perdido existem para isso mesmo, para serem aproveitados), mas que no , de facto, suficiente. No plo oposto, temos hoje uma rede de PME inovadoras, aprovadas nessa qualidade depois de se submeterem a um Innovation Scoring, e 21 empresas com processos de inovao certificados de acordo com a norma portuguesa criada para o efeito.J possvel medir o contributo da inovao no processo de internacionalizao de uma empresa?

Nada deste trabalho pode ser figurado como algo que, um dia, se v concludo. Trata-se de um processo em que, cada vez que realizamos um objectivo, vemos surgir novos objectivos mais exigentes. verdade que muitas PME e muitas grandes empresas ainda se empenham na inovao na medida do financiamento que lhes seja oferecido com esse objectivo numa lgica de aproveitamento de oportunidades, que

Aos poucos, vo sendo criadas mtricas: por exemplo, o peso dos produtos lanados este ano. que no faziam parte do nosso portfolio de vendas no ano anterior, nas vendas deste ano. Ainda numa perspectiva microeconmica, agora na rea da internacionalizao, o mesmo peso dos produtos novos lanados nos mercados internacionais, o peso dos novos mercados, o peso dos produtos novos em novos mercados, etc. Numa perspectiva mais macro, permitirme-ia chamar a ateno para a balana tecnolgica uma balana de importaes e de exportaes de servios em que se incluem direitos de aquisio e utilizao de patentes e marcas, servios de investigao e desenvolvimento, servios de assistncia tcnica e outros de natureza

me permitir referir tambm o trabalho da COTEC, uma associao inteiramente privada, criada em 2003 por 100 das maiores empresas do Pas (hoje 117), que se mobilizaram em torno da inovao (tanto da sua adopo como da sua promoo) como uma das formas de contribuir para a criao de novas vantagens competitivas no nosso Pas; e que, entre outros resultados, conseguiu trazer at hoje cerca de 125 empresas adopo de um Innovation Scoring, em que conseguiram resultados que as acreditam como empresas inovadoras. No que se refere inovao em sentido estrito mais prxima das empresas - julgo serem estas as entidades que, nos ltimos anos, merecem maior reconhecimento; coisa diferente, aqui fora de valorao comparativa, A COTEC o trabalho de fomento da conseguiu trazer investigao fundamental, pelo Ministrio da at hoje cerca de realizadoda Tecnologia e do Cincia, 125 empresas Ensino Superior.

adopo de um Innovation Scoring.tcnica , que, como sabido, se tornou positiva em Portugal, nos ltimos anos.O que pensa da criao da Secretaria de Estado da Energia e Inovao?

Portugal precisa de uma campanha institucional para mostrar que j h boa inovao, imagem do que se faz na rea do turismo?

A COTEC nunca escondeu a admirao que sente pelo trabalho realizado pelo Professor Carlos Zorrinho enquanto Coordenador da Estratgia de Lisboa e do Plano Tecnolgico tendo-se proposto, mesmo, desenvolver algumas actividades em regime de parceria. Vemos a passagem do professor Carlos Zorrinho a Secretrio de Estado da Energia e da Inovao como um reconhecimento da actividade que desenvolveu nestes ltimos anos, colocando a inovao no topo da agenda dos decisores polticos e dos agentes empresariais, com um contributo inegvel para o desenvolvimento econmico do nosso Pas; e como uma oportunidade para que esta actividade continue a ser desenvolvida, a nvel ainda mais elevado.Qual considera ser a entidade que tem conseguido melhores resultados em termos de apoio inovao?

Mais do que em campanhas institucionais, acredito na fora da divulgao de bons exemplos e de casos de sucesso, que tambm os temos, em Portugal, na rea da inovao. E, para que no fique a pensar-se que desvalorizo a dimenso institucional, acredito na importncia da diplomacia econmica para levar mais longe o conhecimento e o reconhecimento destes bons exemplos e destes casos de sucesso algo que fazemos, em Portugal, ainda de forma muito incipiente, e em que se torna necessrio melhorar.Como tm evoludo as parcerias entre universidades e empresas?

Em Portugal, como referi, vemos o Plano Tecnolgico, sobretudo como uma plataforma organizativa e integradora, fazendo convergir esforos anteriormente dispersos e estimulando esses esforos. No me levaro a mal, se

evidente que h um nmero cada vez maior de empresas que se socorrem do conhecimento gerado nas universidades para o desenvolvimento das suas actividades como se prova, tambm, pela crescente importncia das receitas geradas por estas actividades no financiamento da investigao realizada pelas universidades portuguesas. Como tambm evidente, sempre possvel fazer mais e melhor empenhandose a COTEC, por exemplo, na adopo de um estatuto da carreira docente universitria que incentive de modo mais aberto a circulao de professores e de investigadores, e dos conhecimentos de que so portadores, entre as Universidades e as empresas. O

ENTREVISTA PME Lder 39

INOVA OReuters

Portugal foi o Pas que mais cresceu em inovao40 PME Lder INOVAO

Agncia de Inovao, IAPMEI, AICEP, MIT Portugal e Secretaria de Estado da Energia e Inovao. Estas entidades no se cansam de promover e apoiar a inovao em Portugal. Por Ana Cunha Almeida

obilizar e dinamizar agentes pblicos e privados a bem da agenda de crescimento e competitividade do Pas. assim que Carlos Zorrinho sintetiza a misso da recm-criada Secretaria de Estado da Energia e Inovao. O agora secretrio de Estado continua empenhado na promoo da inovao. O Plano Tecnolgico onde era presidente continuar a fazer parte crucial da agenda nacional, admite, para a competitividade e crescimento. A criao desta secretaria de Estado vem juntar-se a outras entidades que todos os dias tm a inovao na agenda.

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Agncia de Inovao, IAPMEI, AICEP, Fundao para a Cincia e Tecnologia (MIT-Portugal) COTEC (ver entrevista pgina 34) so as mais mediticas. Em comum todas trabalham numa relao prxima com universidades e empresas e articulam-se entre si, j que a funo de cada uma se complementa. , por isso, um grande trabalho comum. Numa economia marcada por uma grande percentagem de PME, a realidade empresarial combina os sectores mais tradicionais com os sectores mais arrojados e avanados. a economia dual como lhe chamou, no passado, Lino Fernandes, presidente da Agncia de Inovao. Hoje parece que j ningum tem dvidas de que inovar a nica forma

de ser diferente. E que no possvel concorrer no mercado global com base no custo mais baixo. A inovao anda sempre de mos dadas com a internacionalizao. Os programas de apoio e financiamento so inmeros. Mas at quando precisar a inovao de financiamento para continuar a existir? Lino Fernandes defendeu, numa entrevista ao Dirio Notcias, que em todo o lado, a inovao tecnolgica tem incentivos. Mesmo nos pases mais desenvolvidos, porque h risco e quando se investe em inovao h resultados que so externos a empresas e se h externalidades natural que a sociedade possa pagar ooo alguns destes resultados.

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Reuters

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Portugal melhorou bastante nos ltimos anos em vrios indicadores no sector da Inovao. A taxa de crescimento ao nvel dos recursos humanos, nos ltimos cinco anos, passou para 7,7%, tendo sido a maior da Europa, segundo um estudo da ES Research Sectorial. Em 2007, Portugal posicionou-se em 15 lugar no ranking da EU-27, em investimento em I&D em percentagem do PIB, ascendendo j, em 2008, a 1.51%, diz a mesma entidade. Tambm Carlos Zorrinho sublinhou, ao Dirio Econmico, a recuperao generalizada de Portugal em praticamente todos os indicadores, com base no European Innovation Scoreboard (EIS 2008). Portugal no apenas obteve o quinto melhor progresso relativo global, Portugal como conseguiu ser, nas qualificaes dos recursos conseguiu humanos e nos recursos ser, nas afectos investigao e ao qualificaes desenvolvimento, o Pas que mais progrediu. dos recursos Quanto ao Plano Tecnolgico, humanos e Carlos Zorrinho confirmou nos recursos que vai continuar. Tudo o que est no terreno e tem obtido afectos I&D, o Pas que mais bons resultados prosseguir. Haver total abertura a progrediu novas ideias e projectos como houve ao longo dos em Inovao. ltimos quatro anos, fazendo do Plano Tecnolgico uma agenda flexvel e focada nas solues e nas respostas s necessidades da sociedade portuguesa em geral e da sua economia particular. Daqui para a frente, a sua ambio ser acrescida. Ter de passar pela criao de emprego e pela internacionalizao da nossa economia. Para aumentar as exportaes e estimular o crescimento da economia, Vieira da Silva, ministro da Economia, da Inovao e do Desenvolvimento, na conferncia Os Caminhos da Internacionalizao que decorreu no final do ano passado em Lisboa, apresentou algunas medidas. Foi criado o Programa Inov-Export, destinado a apoiar a insero, numa primeira fase, de 500 jovens especialistas em comrcio

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internacional em PME exportadoras ou potencialmente exportadoras. So tambm criadas 14 Lojas da Exportao dedicadas a fornecer apoio tcnico s empresas exportadoras ou potencialmente exportadoras, bem como o Conselho Coordenador para a Internacionalizao, que ser liderado por Francisco Van Zeller. As 14 Lojas da Exportao em Portugal sero enquadradas na rede de agncias do Instituto de Apoio s Pequenas e Mdias Empresas e Inovao (IAPMEI) em articulao com a Agncia para o Investimento e Comrcio Externo de Portugal (AICEP).AORES: A INOVAO ATRAVS DAS RENOVVEIS

A Fundao para a Cincia e a Tecnologia outra das entidades que contribui para a promoo, financiamento e acompanhamento das instituies de cincia e tecnologia, formao e qualificao dos recursos humanos. Em representao do MIT-Portugal, esta fundao firmou uma parceria com o Governo Regional dos Aores e a Universidade dos Aores no mbito do desenvolvimento do O projecto projecto Green Islands. Assim, Green Islands, 18 equipas desta instituio nos Aores, de ensino superior vo fazer investigao em reas como est a ser a caracterizao dos padres desenvolvido de consumo de energia, a com o apoio eficincia energtica dos do MIT-Portugal. edifcios, a caracterizao dos recursos renovveis para a produo de energia elctrica e o desenho dos projectos-piloto. A energia um dos sectores estratgicos no s para a competitividade das empresas como para uma melhor qualidade de vida dos cidados. Os Aores querem assumirse como uma das referncias no domnio da eficincia enrgetica e de utilizao de energias renovveis. Em Outubro, a ilha das Flores sustentou-se durante 12 dias apenas a energias limpas (142 quilmetros quadrados e quatro mil habitantes). Esta foi a primeira experincia do gnero em Portugal e demonstra a possibilidade de uma autonomia energtica. O

INOVAO PME Lder 43

Bruno Barbosa

Grupunave

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UM SUCESSO CHAMADO INCUBA-TEA to falada crise que anda por a um estmulo para Incubadora de Empresas da Universidade de Aveiro continuar a crescer. No Campus Universitrio de Santiago, Pavilho 1 daquela universidade onde est a incubadora as salas no chegam para receber todos os que querem participar em tudo o que organizado, em prol da inovao. Continuamos a ter casa cheia nos eventos e workshops que organizamos, diz Fernando Santos, presidente da Grupunave. O Concurso de Ideias INCUBA-TE 3.0, lanado em Julho de 2009 tem sido um sucesso semelhana das edies anteriores. A ideia fomentar iniciativas ligadas ao empreendedorismo e inovao e apoiar empresas nascentes na rea tecnolgica. O Grupunave o interface da Universidade de Aveiro com o tecido empresarial. Um dos mais conhecidos projectos empresariais emergentes da Incabudora est na origem do SAPO atravs da empresa Navegante, isto na dcada de 90, explica o mesmo responsvel. A incubadora continua a receber projectos extremamente inovadores de forma continuada, desde a qumica como a Foodmetric, at biologia como a Peak Plants, passando pela Bio Devices cuja actividade se tornou extremamente meditica devido sua camisola que mede os ritmos cardacos, exemplifica o responsvel. O A.C.A.

BICS

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OS BICS COMO GERADORES DE RIQUEZA PARA AS REGIESA aco da BICS Associao dos Centros de Empresa e Inovao Portugueses de estreita ligao com as empresas suas associadas, com quem trabalha diariamente na dinamizao da inovao e do empreendedorismo. Mas tambm com universidades e entidades do sistema pblico, j que todos trabalham para o mesmo fim comum: melhorar as condies para garantir o sucesso das iniciativas. A Educao para o Empreendedorismo, que contou com o apoio, do Ministrio da Educao, tem sido um dos projectos de maior visibilidade para a BICS e para os seus associados, como explicou Victor Cardial, presidente da direco da BICS. Estiveram envolvidos todos os Business Innovation Centres (BICs) de Portugal, com a interveno em cerca de 200 escolas de todo ao pas, diz. Muitas empresas apoiadas pelos BICs tiveram um ano difcil pelo que tambm sofremos perdas, visto ser essencial manter o nvel de suporte aos projectos, mesmo que estes no possam assumir os compromissos, avana Victor Cardial. O responsvel lana ainda uma crtica s autoridades nacionais, regionais e locais que no reconhecem a mais valia dos BICs portugueses como verdadeiros instrumentos de poltica regional nem os descrimina positivamente no apoio implementao das polticas pblicas relacionadas com Empreendedorismo e da Inovao. Tal situao cria constrangimentos no que toca ao finaciamento, j que o objectivo destes BICs passa pela criao de riqueza na sua regio. O A.C.A.

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CITEVE

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AS VRIAS FACES DOS TXTEISTxteis para aplicao na sade, txteis de reforo para compsitos com aplicao no sector automvel, vesturio multifuncional para proteco individual ou tecnologias avanadas de tratamento efluentes. Ao longo de 20 anos, o Centro Tecnolgico das Indstrias Txtil e do Vesturio de Portugal (CITEV) no tem parado, assegurando ensaios laboratoriais de produtos, I&D, at servios e actividades orientadas para este sector, desde engenharia, desigm, consultoria. Neste momento, o CITEVE est a dinamizar a montagem de um projecto mobilizador no domnio dos materiais, tecnologias e processos inovadores, no mbito do plano de aco do Plo de Competitividade das Indstrias da Moda. Este ir captar recursos significativos para o desenvolvimento de mltiplos subprojectos de I&D naqueles domnios, com um elevado efeito demostrador e indutor de inovao, explicou Braz Costa, director-geral do CITEVE. Os tempos recentes tm contribudo para que o CITEVE tenha vindo a alargar o target do Centro Tecnolgico. Por um lado, a presso competitiva sobre as emptresas portuguesas leva-as a procurarem conhecimento adicional para a mudana de perfil dos seus produtos, por outro as tecnologias txteis aumentaram a sua expresso em fileiras terceiras ao vesturio e txteis lar, como a mobilidadem a sade, etc., avanou o mesmo responsvel. Alm disso, o CITEVE alargou horizontes geogrficos, chegando Europa, frica e Amrica. O A.C.A.

Instituto Pedro Nunes

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GERIR ENTRE O MUNDO CIENTFICO E O EMPRESARIALCriado em 1991, o Instituto Pedro Nunes Associao para a Inovao e Desenvolvimento em Cincia e Tecnologia (IPN) serve de interface entre o meio cientfico e o tecido econmico e empresarial. Faz a ligao entre esses dois mundos, promovendo o conhecimento mtuo, desenvolvendo redes de parcerias baseadas em projectos concretos e, sobretudo, tranferindo conhecimento e tecnologias, afirma Maria Teresa Mendes, presidente da Direco do Instituto Pedro Nunes, da IPN-Incubadora e da Associao Tecnoplo de Coimbra. Atravs da IPN-Incubadora, o IPN estimula o empreendedorismo e promove sobretudo a criao de empresas 'spin-off', atravs do apoio a ideias inovadoras e de base tecnolgica, vindas no s dos seus prprios laboratrios, como de instituies do ensino superior, predominantemente da Universidade de Coimbra, do sector privado e de projectos de I&DT em consrcio com a indstria. Da sua carteira de projectos, o IPN salienta o Smart Catch, um projecto europeu inovador que quer revoluvionar o sector das Pescas. Utiliza uma tecnologia que permite aumentar a segurana e eficincia na actividade piscatria, ao mesmo tempo que reduz os feitos ambientais da mesma. Questionada quanto ao impacto da crise, Maria Teresa Mendes lembra que h cada vez mais a conscincia de que a inovao sempre necesssria e mais necessria ainda em tempo de crise ajudando