Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE ODONTOLOGIA
INFLUÊNCIA DO MÉTODO DE INSERÇÃO DO
CIMENTO RESINOSO AUTOADESIVO NA RESISTÊNCIA ADESIVA DE PINOS DE FIBRA DE
VIDRO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
João Stein Bassotto
Santa Maria, RS, Brasil 2015
2
INFLUÊNCIA DO MÉTODO DE INSERÇÃO DO CIMENTO
RESINOSO AUTOADESIVO NA RESISTÊNCIA ADESIVA DE
PINOS DE FIBRA DE VIDRO
João Stein Bassotto
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Odontologia da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau de Cirurgião-Dentista.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Alexandre Souza Bier
Santa Maria, RS, Brasil 2015
3
Universidade Federal De Santa Maria Centro De Ciências Da Saúde
Curso De Odontologia
A Comissão Examinadora, abaixo assinada, aprova o Trabalho de Conclusão de Curso
INFLUÊNCIA DO MÉTODO DE INSERÇÃO DO CIMENTO RESINOSO AUTOADESIVO NA RESISTÊNCIA ADESIVA DE PINOS DE FIBRA
DE VIDRO
elaborado por: João Stein Bassotto
como requisito parcial para obtenção do grau de Cirurgião-Dentista
Comissão Examinadora:
Carlos Alexandre Souza Bier Dr. (Presidente/Orientador)
Ricardo Abreu da Rosa
Jeferson da Costa Marchiori
Santa Maria, 10 de Julho de 2015
4
AGRADECIMENTOS
À todos que colaboraram com a elaboração do estudo, Mirela, Gabriel, Vivian, ao meu
orientador Prof. Bier, à Universidade Federal de Santa Maria, aos meus colegas, professores e
funcionários que contribuíram durante esses cinco anos de graduação, aos meus amigos, e à
minha família que fez tornar tudo isso realidade.
5
RESUMO
Trabalho de Conclusão de Curso Curso de Odontologia
Universidade Federal de Santa Maria
INFLUÊNCIA DO MÉTODO DE INSERÇÃO DO CIMENTO RESINOSO AUTOADESIVO NA RESISTÊNCIA ADESIVA DE
PINOS DE FIBRA DE VIDRO
AUTOR: JOÃO STEIN BASSOTTO ORIENTADOR: CARLOS ALEXANDRE SOUZA BIER
Data e Local da Defesa: 10 de Julho, Santa Maria, RS, 2015.
O objetivo deste estudo, in vitro, foi avaliar a influência do método utilizado para inserção do
cimento resinoso autoadesivo RelyX U200 na resistência adesiva de pinos de fibra de vidro.
Trinta pré-molares inferiores extraídos de humanos foram seccionados em 14 mm, preparados
com o sistema ProTaper Universal até o instrumento F3 e obturados com cimento AH Plus e
cones F3 pela técnica do cone único. Os espécimes foram desobturados parcialmente, restando
4 mm apicais de guta-percha e realocados em 3 grupos experimentais (n=10), de acordo com o
método utilizado para inserção do cimento RelyX U200: CENTRIX, PINO/CIMENTO,
LENTULO. Pinos de fibra de vidro do Sistema Exacto Translúcido N1, previamente
silanizados, foram cimentados e fotopolimerizados por 40 segundos. Os espécimes foram então
seccionados através de máquina de corte, obtendo 3 slices por espécime, submetidos ao teste
de push-out na máquina de ensaio universal. MEV foi utilizada para análise do padrão de falha
que foram classificadas como: adesiva cimento/dentina, adesiva cimento/pino, coesiva de
dentina, coesiva de pino, coesiva de cimento e mista. A média de resistência adesiva de cada
espécime foi calculada e análise estatística foi realizada através dos testes ANOVA e
Bonferroni. ANOVA revelou que o método de inserção do cimento influenciou
significativamente a resistência adesiva cimento-dentina (p=0,002). CENTRIX (10,05 ± 3,25
Mpa) e LENTULO (9,80 ± 3,21 Mpa) apresentaram valores superiores aos observados pela
estratégia CIMENTO/PINO (6.47 ± 3.85 Mpa). Considerando a região radicular do espécime,
ANOVA demonstrou que o terço cervical apresentou os maiores valores de resistência de união
(10,62 ± 3,66 Mpa) e o terço apical menores valores (6,58 ± 3,28 Mpa). Os valores de
resistência adesiva de pinos de fibra de vidro foram influenciados pelo método de inserção do
6
cimento resinoso RelyX U200. CENTRIX e LENTULO promoveram maior resistência adesiva
em comparação ao cimento aplicado diretamente sobre o pino.
Palavras-chave: Endodontia. Resistência adesiva. Cimento Autoadesivo. Pinos de Fibra de
Vidro.
7
ABSTRACT
CURSO DE ODONTOLOGIA TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
EFFECT OF DIFFERENT TECHNIQUES FOR SELF-ADHESIVE RESIN
CEMENTATION ON BOND STRENGH OF FIBER POSTS
AUTHOR: JOÃO STEIN BASSOTTO TUTOR: CARLOS ALEXANDRE SOUZA BIER
Defense Place and Date: Santa Maria, July 10th, 2015
The current study aimed to evaluate the effect of different techniques for resin cementation on
bond strength of fiber glass posts cemented with RelyX U200. Thirty single-rooted premolars
were sectioned at 14 mm from the apex, prepared with ProTaper Universal system until F3
instrument and filled with F3 master cone and AH Plus sealer. Root canal filling was partially
removed, remaining 4 mm of guta-percha at the apical third. Specimens were randomly divided
into 3 experimental groups (n=10), according to the strategy used to fiber post cementation, as
described: CENTRIX, POST/CEMENT, LENTULO. Exacto N1 glass fiber posts were placed
into root canal and cemented with RelyX U200. A cutting machine was used for root’s
sectioning providing 3 slices, one for each root third. Next, push-out test was performed using
a universal testing machine. Stereomicroscope was used to analyze the failure mode which were
classified in: cement/dentin adhesive, cement/post adhesive, cohesive dentin, cohesive post,
cohesive cement and mixed. Bond strength means were calculated and ANOVA and Bonferroni
tests were used for statistical analysis. CENTRIX (10,05 ± 3,25 Mpa) and LENTULO (9,80 ±
3,21 Mpa) showed the higher means of bond strength values, superior to POST/CEMENT (6,47
± 3,85 Mpa). Regarding to root third, ANOVA revealed that cervical third presented the higher
bond strength mean (10,62 ± 3,66 Mpa) and the apical root third presented the lowest bond
strength values (6,58 ± 3,28 Mpa). Bond strength values of glass fiber posts are influenced by
the method of insertion of the resin cement RelyX U200. Self-adhesive resin cementation using
CENTRIX and LENTULO promoted bond strength improvement compared to
POST/CEMENT strategy.
Key Words: Endodontics. Bond strength. Glass fiber posts. Self-adhesive resin-cement.
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Média e desvio padrão dos dados de resistência adesiva; Número e percentual
de falhas pré-teste e descrição dos padrões de falha apresentados, considerando o método de
inserção do cimento.
Tabela 2 – Média e desvio padrão dos dados de resistência adesiva; Número e
percentual de falhas pré-teste e descrição dos padrões de falha apresentados, considerando a
região radicular proveniente do espécime.
Tabela 3 – Número de espécimes submetidos à avaliação de padrão de falha e percentual conforme sua descrição.
9
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – imagens representativas dos padrões de falha obtidas em estereomicroscópio.
1a – adesiva cimento/dentina aumentado em 90X; 1b – coesiva de dentina aumentado em 40X;
1c – adesiva cimento/pino aumentado em 90X.
10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CRT – comprimento real de trabalho;
Fator-C – fator de configuração cavitária;
MEV – microscópio eletrônico de varredura.
11
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .....................................................................................................12 2. ARTIGO ...................................................................................................................14
Página de rosto ...........................................................................................................14 Summary e Keywords ................................................................................................15 Introdução ...................................................................................................................16 Materiais e Métodos ...................................................................................................17 Resultados ...................................................................................................................20 Discussão .....................................................................................................................21 Resumo ........................................................................................................................24 Referências ..................................................................................................................25 Tabelas ........................................................................................................................29 Figuras ........................................................................................................................31
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................32 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..........................................................33
12
1. INTRODUÇÃO
Dentes com ampla destruição coronária, seja causada por cárie ou traumatismo, tornam-
se um grande desafio para o sucesso do tratamento restaurador, principalmente quando tratados
endodonticamente (TORBJONER et. al., 1995). Como recurso para aumento retenção da
restauração e longevidade do tratamento, retentores intrarradiculares podem ser utilizados
(MORGANO; BRACKETT, 1999; BOONE et al., 2001).
Dentre os retentores atualmente mais utilizados, destacam-se os pinos de fibra de vidro,
que apresentam vantagens como: baixo custo, estética superior quando comparados aos pinos
metálicos, facilidade da técnica de inserção no conduto, permitindo preparo e cimentação em
sessão única (MALFERRARI et al., 2003). As características biomecânicas dos pinos de fibra
de vidro também são vantajosas, pois apresentam módulo de elasticidade e rigidez similares à
dentina (FERRARI et al., 2000; MALFERRARI et al., 2003), resultando em uma melhor
distribuição das forças mastigatórias, evitando sobrecarga em pontos que poderiam ocasionar
fraturas radiculares (SORRENTINO et al., 2007).
Para auxílio e simplificação da técnica de cimentação dos pinos de fibra de vidro, foram
desenvolvidos cimentos resinosos autoadesivos. Seu uso dispensa etapas prévias à cimentação
(condicionamento ácido, aplicação de primer e adesivo) e consequentemente, reduz a chance
de erros durante a etapa de cimentação adesiva (BEHR et al., 2004).
Estudos apontam para o fato de que pinos de fibra de vidro cimentados com cimento
resinoso autoadesivo vêm apresentando maior resistência adesiva quando comparados aos
cimentados com cimentos resinosos convencionais (de três passos) (DE MUNCK et al., 2004;
AMARAL et al., 2011).
O cimento RelyX U200 (3M ESPE; St. Paul, MN, USA) consiste em um cimento
resinoso autoadesivo, sendo composto por uma pasta base e uma pasta catalisadora (RelyxTM
U200 Self-Adhesive Resin Cement, Technical Data Sheet. 3M ESPE; St. Paul, MN, USA). É
considerado a nova geração do consagrado RelyX U100 (3M ESPE; St. Paul, MN, USA), mas
apresenta em sua composição, segundo o fabricante, um monômero adicional e uma reologia
modificada, que melhora suas propriedades mecânicas como o escoamento e a resistência
adesiva.
13
De forma a obter um melhor desempenho clínico é necessário que se adote um método
eficiente de inserção do cimento no canal radicular, evitando, por exemplo, a formação de
bolhas que poderiam influenciar na resistência adesiva e, consequentemente, aumentar as
chances de falha no processo restaurador.
As brocas Lentulo (Injecta Produtos Odontológicos, SP, Brasil) utilizadas para inserção
de medicação intracanal e cimento endodôntico, são alternativas para a inserção de cimento
resinoso autoadesivo no interior do canal. Pontas Centrix Accudose (Centrix Inc.,Shelton, CT,
USA), originalmente criadas para inserção de cimento de ionômero de vidro, também podem
ser utilizadas para a inserção do cimento no interior do canal radicular (ZICARI et al., 2011).
Outra alternativa comumente utilizada na prática odontológica é a inserção do cimento
diretamente sobre o pino, e este, levado ao interior do conduto radicular (FONSECA et al.,
2006).
As informações relacionadas à resistência adesiva de pinos de fibra cimentados com o
cimento RelyX U200 ainda são escassas, desta forma, para que seja definido um protocolo
adequado de inserção do cimento resinoso, estudos in vitro bem delineados que possam avaliar
a influência deste fator isoladamente se tornam necessários. O presente estudo tem por objetivo
avaliar a influência dos diferentes métodos de inserção do cimento resinoso autoadesivo RelyX
U200 sob a resistência adesiva de pinos de fibra de vidro à dentina radicular.
14
2. ARTIGO
INFLUÊNCIA DO MÉTODO DE INSERÇÃO DO CIMENTO RESINOSO
AUTOADESIVO RelyX U200 NA RESISTÊNCIA ADESIVA DE PINOS DE FIBRA DE
VIDRO
Resistência adesiva de pinos de fibra cimentados com RelyX U200
João Stein Bassotto
Carlos Alexandre Souza Bier
Gabriel Kalil Rocha Pereira
Mirela Sangoi Barreto
Vivian Gehm Seballos
Departamento de Estomatologia
Curso de Odontologia
Universidade Federal de Santa Maria
Carlos Alexandre Souza Bier, DDS, M.S., Ph.D., Professor Adjunto,
Universidade Federal de Santa Maria
Curso de Odontologia
Departamento de Estomatologia
Divisão de Endodontia
Rua Marechal Floriano Peixoto, 1184, 97015-372, Santa Maria, Brasil.
Telefone: +55-55-3220-9284
E-mail: [email protected]
15
SUMMARY AND KEYWORDS
The current study aimed to evaluate the effect of different techniques for resin cementation on
bond strength of fiber glass posts cemented with RelyX U200. Thirty single-rooted premolars
were sectioned at 14 mm from the apex, prepared with ProTaper Universal system until F3
instrument and filled with F3 master cone and AH Plus sealer. Root canal filling was partially
removed, remaining 4 mm of guta-percha at the apical third. Specimens were randomly divided
into 3 experimental groups (n=10), according to the strategy used to fiber post cementation, as
described: CENTRIX, POST/CEMENT, LENTULO. Exacto N1 glass fiber posts were placed
into root canal and cemented with RelyX U200. A cutting machine was used for root’s
sectioning providing 3 slices, one for each root third. Next, push-out test was performed using
a universal testing machine. Stereomicroscope was used to analyze the failure mode which were
classified in: cement/dentin adhesive, cement/post adhesive, cohesive dentin, cohesive post,
cohesive cement and mixed. Bond strength means were calculated and ANOVA and Bonferroni
tests were used for statistical analysis. CENTRIX (10,05 ± 3,25 Mpa) and LENTULO (9,80 ±
3,21 Mpa) showed the higher means of bond strength values, superior to POST/CEMENT (6,47
± 3,85 Mpa). Regarding to root third, ANOVA revealed that cervical third presented the higher
bond strength mean (10,62 ± 3,66 Mpa) and the apical root third presented the lowest bond
strength values (6,58 ± 3,28 Mpa). Bond strength values of glass fiber posts are influenced by
the method of insertion of the resin cement RelyX U200. Self-adhesive resin cementation using
CENTRIX and LENTULO promoted bond strength improvement compared to
POST/CEMENT strategy.
Key Words: Endodontics. Bond strength. Glass fiber posts. Self-adhesive resin-cement.
16
INTRODUÇÃO
Dentes com ampla destruição coronária, seja causada por cárie ou traumatismo, tornam-
se um grande desafio para o sucesso do tratamento restaurador, principalmente quando tratados
endodonticamente (1). Como recurso para aumentar a resistência da estrutura dentinária e a
longevidade do tratamento, retentores intrarradiculares podem ser utilizados (2,3).
Dentre os retentores intrarradiculares mais utilizados atualmente destacam-se os pinos
de fibra de vidro. Esses pinos apresentam vantagens como: baixo custo, estética superior
comparada aos pinos metálicos, facilidade de execução da técnica, possibilidade de preparo e
cimentação em sessão única e não sofrem corrosão (4). As características biomecânicas dos
pinos de fibra de vidro também são vantajosas, pois apresentam módulo de elasticidade e
rigidez similares à dentina (4,5), resultando em uma melhor distribuição das forças
mastigatórias, evitando sobrecarga em pontos que poderiam ocasionar fraturas radiculares (6).
Para auxílio na técnica de cimentação dos pinos de fibra de vidro foram desenvolvidos
cimentos resinosos autoadesivos, que dispensam etapas prévias à cimentação (condicionamento
ácido, aplicação de primer e adesivo). Com isso, há uma simplificação da técnica e,
consequentemente, redução da chance de erros durante o procedimento (7). Estudos apontam
para o fato de que pinos de fibra de vidro cimentados com cimento resinoso autoadesivo vêm
apresentando maior resistência adesiva, em relação aos cimentados com cimentos resinosos
convencionais de três passos (8,9).
O cimento Relyx U200 (3M ESPE; St. Paul, MN, USA) consiste em um cimento
resinoso autoadesivo, composto por uma pasta base e uma pasta catalisadora (RelyxTM U200
Self-Adhesive Resin Cement, Technical Data Sheet. 3M ESPE; St. Paul, MN, USA). É
considerado a nova geração do cimento RelyX U100 (3M ESPE; St. Paul, MN, USA), mas
apresenta em sua composição um monômero adicional e uma reologia modificada, que melhora
propriedades como o escoamento, fluidez e resistência adesiva.
De forma a se obter um melhor desempenho clínico, é necessário que seja adotado um
método eficiente de inserção do cimento no canal radicular, evitando, por exemplo, a formação
de bolhas que poderiam afetar a longevidade da restauração (10).
Diversas técnicas vêm sendo empregadas para inserir o cimento resinoso no interior dos
canais, sendo as mais utilizadas o uso de seringa Centrix e seus aplicadores (Centrix
17
Inc.,Shelton, CT, USA), broca Lentulo (Injecta Produtos Odontológicos, SP, Brasil) e a
inserção do cimento diretamente sobre o pino.
As brocas Lentulo (Injecta Produtos Odontológicos) são utilizadas para inserção de
medicação intracanal e cimento endodôntico, tornando-se uma alternativa para a inserção de
cimento resinoso autoadesivo. Já a seringa tipo Centrix (Centrix Inc.) e ponta aplicadora do tipo
Accudose (Centrix Inc.,Shelton, CT, USA) foram originalmente desenvolvidas para inserção
de cimento de ionômero de vidro, mas também podem ser utilizadas para a inserção do cimento
no interior do canal radicular (11). Outra alternativa comumente utilizada na prática
odontológica, pela facilidade e rapidez do método, é a inserção do cimento diretamente sobre o
pino, e este, levado ao interior do conduto radicular (12).
A necessidade do uso de retentores intrarradiculares na prática odontológica é clara,
mas apesar de se tratar de um assunto já discutido na literatura, as informações relacionadas à
resistência adesiva de pinos de fibra cimentados com o cimento RelyX U200 (3M ESPE) ainda
são escassas.
O presente estudo tem por objetivo avaliar a influência dos diferentes métodos de
inserção do cimento resinoso autoadesivo RelyX U200 (3M ESPE) na resistência adesiva de
pinos de fibra de vidro.
MATERIAIS E MÉTODOS:
Delineamento do estudo:
Trata-se de um estudo experimental, in vitro, com mascaramento para os avaliadores.
Obtenção e preparo da amostra:
O presente estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal de Santa Maria (parecer nº 855.457).
Para o cálculo amostral, foi utilizado o pacote estatístico BioEstat 5.0 (Fundação
Mamirauá, Belém, Pará, Brasil) considerando os parâmetros de acordo com o estudo de ROSA
et al.(13).
Foram selecionados trinta pré-molares inferiores monorradiculares extraídos de
humanos, doados pelo Banco de dentes humanos permanentes do curso de Odontologia da
Universidade Federal de Santa Maria. Os critérios de exclusão foram espécimes que
apresentaram: a) fraturas ou trincas radiculares; b) comprimento de raiz inferior a 14 mm; c)
tratamento endodôntico prévio; e d) reabsorções internas ou externas verificadas por radiografia
18
prévia; e) rizogênese incompleta. Os remanescentes de tecido ósseo, gengival e ligamento
periodontal foram removidos com curetas periodontais e a porção coronária dos espécimes
seccionada com disco diamantado dupla face, sob refrigeração, a fim de padronizar o
comprimento radicular em 14 mm.
Após o preparo dos canais, os espécimes foram aleatoriamente divididos em três grupos
experimentais (n=10) de acordo com o método utilizado para inserção do cimento resinoso
RelyX U200 (3M ESPE), através de um website específico (www.random.org).
A exploração dos canais foi realizada com lima #10 (DentsplyMaillefer, Ballaigues,
Suíça) até que esta fosse visualizada no forame apical. Um cursor foi então posicionado em
um ponto de referência e o comprimento de trabalho (CRT) estabelecido 1 mm aquém do
forame. Os canais foram preparados com instrumentos S1, S2, F1, F2 e F3 do Sistema ProTaper
(DentsplyMaillefer, Ballaigues, Suíça) em todo o CRT, sob irrigação de 2 ml de hipoclorito de
sódio 2,5%, a cada troca de instrumento. O toalete final foi realizado através da irrigação com
5 ml de EDTA 17%, durante 3 minutos e em seguida com 2 ml de hipoclorito de sódio 2,5%,
com seringas Ultradent (UltradentProducts Inc., EUA) e agulhas EndoEzeTip
(UltradentProducts, EUA).
Os espécimes foram obturados com cimento AH Plus (DenstsplyMaillefer, Ballaiguer,
Suíça) e cones de guta percha F3 do mesmo sistema, pela técnica do cone único e, após, foram
selados e armazenados em estufa a 37°C por uma semana, para completa presa do cimento.
Posteriormente, foi realizada a desobturação parcial do conduto radicular com pontas
Rhein aquecidas, seguidas por brocas de Largo número 1, 2, 3 em 10 mm, sob irrigação com
hipoclorito de sódio 2,5%. Logo após, a broca do sistema de pinos Exacto Translúcido Angelus
N1 (Angelus, Londrina, Brasil) foi utilizada nos mesmos 10 mm de profundidade, mantendo 4
mm de material obturador no terço apical, em todos os espécimes.
Os canais foram irrigados com 5 ml de soro fisiológico 0,9% para remoção dos detritos
gerados pelo preparo, através do uso de seringas Ultradent (Ultradent Products Inc., EUA) e
agulhas EndoEzeTip (Ultradent Products., EUA). Os canais foram secos com pontas de papel
absorvente #80 (Dentsply Maillefer, Ballaigues, Suíça).
Os pinos do sistema Exacto Translúcido N1 (Angelus, Londrina, Brasil) foram limpos
com álcool etílico 70% e aplicado Silano (Angelus, Londrina, Brasil). Após a evaporação do
solvente do silano (Angelus), a cimentação foi realizada com cimento resinoso autoadesivo
RelyX U200 (3M ESPE) devidamente manipulado conforme as instruções do fabricante, e
inserido no interior dos canais de acordo com as diferentes estratégias testadas:
19
Grupo CENTRIX: inserção do cimento RelyX U200 (3M ESPE) no canal radicular
através do uso de seringa Centrix e ponta tipo Accudose–agulha (Centrix Inc.), em 10 mm de
profundidade, até que fosse observado refluxo do cimento no terço coronário radicular;
Grupo CIMENTO/PINO: o cimento RelyX U200 (3M ESPE) foi aplicado diretamente
sobre os pinos de fibra de vidro com auxílio de sonda exploradora, de forma com que cobrisse
totalmente a superfície dos pinos;
Grupo LENTULO: inserção do cimento RelyX U200 (3M ESPE) através do uso de
broca Lentulo #40 (Injecta Produtos Odontológicos) em 10 mm de profundidade, até que fosse
observado refluxo do cimento no terço coronário radicular.
Após a estratégia de aplicação do cimento referente a cada grupo, os pinos de fibra foram
imediatamente posicionados e cimentados no interior dos canais radiculares.
O excesso de cimento foi removido com auxílio de microbrush (KG Sorensen, SP,
Brasil) e a fotopolimerização realizada durante 40 segundos, em cada face do espécime. A
porção coronária do núcleo de preenchimento foi construída com resina composta Filtek Z250
(3M-ESPE, EUA) e os espécimes armazenados em estufa a 37°C, por sete dias.
Teste de push-out:
Os espécimes foram fixados em uma base metálica da máquina de corte (LabCut 1010,
ExtecCorp, Enfield, CT, EUA), para confecção dos slices O primeiro slice de,
aproximadamente 1 mm, foi descartado em função do excesso de cimento nesta região, o que
poderia influenciar a resistência adesiva. Três outros slices (espessura: 1,5 mm ± 0,3 mm),
sendo 1 para cada região radicular (cervical, média e apical) foram produzidos por espécime.
Cada slice foi posicionado em um dispositivo metálico com uma abertura central
(diâmetro de 3 mm) maior que o diâmetro do canal. A porção coronária do slice foi posicionada
em contato com o dispositivo metálico. Dessa maneira, o cilindro metálico (diâmetro de 0,8
mm) induziu uma carga no sentido ápico-cervical sobre o pino de fibra, sem aplicar força na
camada de cimento ou na dentina.
O teste de push-out foi realizado na máquina de ensaios universal (EMIC, São José dos
Pinhais, Brasil), a uma velocidade de 0,5 mm/min. Para obtenção dos valores de resistência
adesiva, em MPa, foi utilizada a seguinte fórmula:
σ = F/A, (Eq.1.) onde F = carga necessária para ruptura do espécime (N) e A = área adesiva
(mm2).
Para determinar a área de interface adesiva, uma fórmula para calcular a área lateral de
um cone circular com bases paralelas foi utilizada. A fórmula é definida como:
20
A= 2πg(R1 + R2), (Eq.2.) onde π=3.14, g= geratriz, R1= menor raio da base, R2= maior raio
da base.
Para determinar a geratriz, o cálculo utilizado foi:
g2 = (h2 + [R2- R1]2), (Eq.3.) onde h = altura da área seccionada, R1 e R2 são obtidos através
da medição dos diâmetros menor e maior da base, respectivamente, que correspondem, por sua
vez, ao diâmetro interno entre as paredes radiculares do conduto (14,15). Estes valores foram
obtidos utilizando paquímetro digital.
Análise do padrão de falha:
Os espécimes foram visualizados primeiramente em estereomicroscópio para análise do
padrão de falha. Após, foram selecionados alguns espécimes para obtenção de imagens
representativas do padrão de falha apresentados pelos diferentes grupos experimentais, em
Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV). O padrão de falha foi classificado como: adesivo
cimento/dentina; adesivo cimento/pino; coesivo de cimento; coesivo de pino; coesivo de
dentina; misto. Espécimes que apresentaram falhas coesivas do pino de fibra ou da dentina
foram excluídos do cálculo de resistência adesiva, uma vez que não representam realmente os
valores de resistência adesiva entre o pino de fibra e o cimento ou entre o cimento e a dentina.
Análise estatística:
Foi realizada análise descritiva para obtenção da média e desvio padrão. A distribuição
dos dados foi avaliada através doteste de normalidade (Shapiro-Wilk) e homogeneidade da
Variância (Levene). O teste paramétrico one-way ANOVA (α = 0.05) e post-hoc Bonferroni
foram utilizados para avaliar as diferenças observadas entre as técnicas de inserção utilizadas
(CENTRIX, CIMENTO-PINO E LENTULO) e a diferença entre as regiões avaliadas (terço
cervical, médio e apical).
RESULTADOS
O teste ANOVA revelou que o método de inserção do cimento influenciou
significativamente a resistência adesiva cimento-dentina observada (p=0,002), sendo que as
estratégias de introdução com a CENTRIX (Centrix Inc.) (10,05 ± 3,25 Mpa) e LENTULO
(Injecta Produtos Odontológicos) (9,80 ± 3,21 Mpa) apresentaram similaridade estatística
(p>0,05), com valores superiores (p<0,05) aos observados pela estratégia CIMENTO/PINO
(6,47 ± 3,85 Mpa). (Tabela 1)
21
A respeito da análise que leva em consideração a região radicular proveniente do slice
(cervical, médio e apical), ANOVA demonstrou que a região influencia estatisticamente os
valores de resistência de união observados (p=0,002). Os slices provenientes do terço cervical
(10,62 ± 3,66 Mpa) e médio (8,20 ± 3,9 Mpa) apresentaram valores de resitência adesiva
estatisticamente semelhantes entre si (p>0,05), sendo que o terço cervical apresentou valores
estatisticamente superiores (p<0,05) aos observados pelo terço apical (6,58 ± 3,28 Mpa). Já o
terço médio apresentou valores de resistência adesiva similares ao terço apical (p>0,05) (Tabela
2).
Em relação à análise de padrão de falha, falhas do tipo adesiva cimento/dentina
representaram o maior percentual encontrado no estudo (59,52%)(figura 1a), seguida de coesiva
de dentina (26,19%)(figura 1b), adesiva cimento/pino (10,71%)(figura 1c), falha pré-teste
(2,29%) e mista (1,19%). Não ocorreram falhas coesivas de cimento e coesivas de pino (Tabela
3).
DISCUSSÃO
Através dos resultados obtidos no presente estudo, pode ser verificado que o método
utilizado para a inserção do cimento resinoso autoadesivo RelyX U200 (3M ESPE) influenciou
a resistência adesiva dos pinos de fibra de vidro, sendo que, a região cervical obteve melhores
resultados quando comparada à região apical.
Muitas questões permeiam e dificultam a obtenção de uma camada homogênea de
cimento resinoso na estratégia de cimentação. Essa camada homogênea reduz a possibilidade
de formação de bolhas, contribuindo para o aumento da longevidade do procedimento
restaurador (10). O uso de instrumentos para inserção do cimento resinoso autoadesivo no canal
se mostrou determinante na redução da formação de bolhas que poderiam contribuir para o
fracasso da restauração, que, de acordo com a teoria proposta por Grifith (16), quanto maior a
presença de defeitos internos em um material, maior a chance de um desses defeitos atuar como
um defeito crítico, em torno do qual haverá uma concentração das tensões podendo levar à
fratura catastrófica precoce do material.
O uso da ponta Accudose da seringa Centrix (Centrix Inc.) permitiu que o cimento fosse
deposto em sentido ápico-cervical, o que parece ter reduzido o acúmulo de ar dentro do espaço
do preparo, assim como a espiral Lentulo (Injecta Produtos Odontológicos), que direciona o
cimento contra as paredes do canal, resultando nos maiores valores de resistência adesiva
encontrados no estudo.
22
Em relação ao grupo onde o cimento foi aplicado diretamente sobre o pino, o fato de
não ter sido utilizado um instrumento para dispensar o cimento parece ter afetado
negativamente a resistência de união, uma vez que bolhas de ar podem ter sido incorporadas
durante a técnica de cimentação, resultando em espaços vazios, diminuindo a resistência
adesiva.
O terço apical, por ser uma área que apresenta alto fator de configuração cavitária
(Fator-C) e anatomia desfavorável, parece explicar os valores de resistência adesiva inferiores
obtidos quando comparados ao terço cervical, que apresenta uma anatomia mais compatível ao
formato do pino e permite um acesso facilitado ao cimento.
A adesão à dentina radicular constitui-se como um desafio clínico, em função da
anatomia do canal, características e propriedades dos sistemas adesivos e, principalmente,
passos inerentes à técnica de cimentação adesiva (5). O Fator-C no interior do canal radicular
torna-se ainda mais crítico, aumentando o stress de polimerização dos cimentos resinosos (17).
A contração de polimerização do cimento, muitas vezes, parece ser maior do que a própria
adesão do cimento à dentina, resultando em falhas que afetam a interface adesiva, podendo
comprometer a longevidade da restauração (18).
Alguns estudos relatam perda de retenção quando utilizados cimentos endodônticos à
base de óxido de zinco e eugenol, previamente a cimentação adesiva de pinos de fibra de vidro
(19). Por essa razão, o cimento utilizado no presente estudo foi o cimento resinoso AH Plus
(DentsplyMaillefer), que apresenta excelente adesão à dentina, baixa citotoxicidade e baixa
solubilidade (20). De acordo com Paschal et al. (21), a retenção dos pinos é menor em canais
obturados quando em comparação a não obturados, independentemente do tipo de cimento
endodôntico utilizado. Este fato aponta para a importância de realizar a obturação prévia à
cimentação dos pinos quando se quer avaliar a resistência adesiva à dentina, pois se trata de
uma etapa clínica indispensável.
Apesar de não ter sido realizada obturação dos canais radiculares no estudo de Souza
et al. (22), seus achados corroboram com o presente estudo. Souza et al.(22) avaliaram a
influência de quatro estratégias de inserção do cimento resinoso Allcem (FGM, Joinville, SC,
Brasil): pino aplicado diretamente sobre o cimento, inserção com broca Lentulo (Injecta
Produtos Odontológicos), inserção com seringa Centrix (Centrix Inc.) e através da ponta ativa
da sonda exploradora nº 5. Como resultado, os maiores valores de resistência adesiva
encontrados foram do grupo que utilizou a inserção através de seringa e pontas Centrix (Centrix
Inc.), enquanto que os menores valores estavam relacionados ao cimento aplicado diretamente
sobre o pino. Maior quantidade de bolhas foi visualizada neste último grupo, através de
23
estereomicroscópio, o que parece estabelecer uma relação entre a homogeneidade do cimento
e a resistência adesiva.
Estudos sobre resistência adesiva são conduzidos a fim de testar novos produtos e
investigar as variáveis experimentais (23). O teste de push-out é capaz de distribuir o stress de
forma mais homogênea, produzindo menor variabilidade nos resultados dos ensaios mecânicos
(18). Dessa maneira, o teste de push-out mostra-se o mais adequado para avaliar a resistência
adesiva dos pinos de fibra de vidro à dentina radicular (24).
Muitos estudos in vitro vêm demonstrando que as falhas ocorrem predominantemente
na interface cimento-dentina (25), assim como os resultados obtidos no presente estudo. Falhas
do tipo adesiva cimento/dentina representaram 59,52% do total, seguidas por falhas coesivas
de dentina (26,19%), falhas de adesão cimento-pino (10,71%), falhas pré-teste (2,29%) e mista
(1,19%). Falhas coesivas de pino e coesivas de cimento não foram observadas neste estudo.
O presente estudo apresenta algumas limitações, por se tratar de um estudo in vitro e
pelos espécimes não terem sido submetidos à ciclagem mecânica e térmica, o que simularia
condições intra-orais mais precisas. Apesar disso, essas condições influenciariam todos os
grupos, nesse sentido é de se especular que o método de inserção do cimento resinoso pode
influenciar na resistência adesiva sendo que os métodos de inserção com Centrix (Centrix Inc.)
e Lentulo (Injecta Produtos Odontológicos) devem ser considerados como a primeira opção, e,
o cimento inserido juntamente ao pino e contra-indicado.
24
RESUMO O objetivo deste estudo, in vitro, foi avaliar a influência do método utilizado para inserção do
cimento resinoso autoadesivo RelyX U200 (3M ESPE) na resistência adesiva de pinos de fibra
de vidro. Foram selecionados 30 pré-molares inferiores extraídos de humanos, seccionados em
14 mm. O preparo dos canais radiculares foi realizado com o sistema ProTaper Universal
(DentsplyMaillefer)até o instrumento F3, obturados com cimento AH Plus (DentsplyMaillefer)
e cones F3 pela técnica de cone único. Os espécimes foram desobturados parcialmente, restando
4 mm apicais de material obturador e realocados em três grupos experimentais de acordo com
o método utilizado para inserção do cimento RelyX U200 (3M ESPE): CENTRIX,
PINO/CIMENTO, LENTULO. Os pinos de fibra de vidro do Sistema Exacto Translúcido N1
(Angelus), previamente silanizados (Angelus), foram cimentados no interior dos canais
radiculares, fotopolimerizados por 40 segundos em cada face. Os espécimes foram então
seccionados através de máquina de corte, obtendo 3 slices por espécime, 1 slice por terço
radicular. Os slices foram submetidos ao teste de push-out na máquina de ensaio universal e
visualizados em microscopia eletrônica de varredura (MEV) para análise do padrão de falha A
média de resistência adesiva de cada espécime foi calculada. O teste estatístico ANOVA
revelou que o método de inserção do cimento influenciou significativamente a resistência de
união cimento-dentina (p=0,002). CENTRIX (10,05 ± 3,25 Mpa) e LENTULO (9,80 ± 3,21
Mpa) apresentaram similaridade estatística (p>0,05) com valores superiores (p<0,05) aos
observados pela estratégia CIMENTO-PINO (6,47 ± 3,85 Mpa). Em consideração a região
radicular proveniente do espécime, ANOVA demonstrou que o terço cervical apresentou os
maiores valores de resistência de união (10,62 ± 3,66 Mpa) e que o terço apical apresentou os
menores valores (6,58 ± 3,28 Mpa). O uso de Centrix (Centrix Inc.) e Lentulo (Injecta Produtos
Odontológicos) promovem um melhor resultado de resistência adesiva, em comparação ao
cimento aplicado diretamente sobre o pino. O terço apical revelou os menores valores de
resistência adesiva.
Palavras-chave: Endodontia, Cimento Autoadesivo, Resistência Adesiva, Pinos de Fibra de
Vidro.
25
REFERÊNCIAS
1. Torbjoner A, Karlsson S, Odman PA. Survival rate and failure characteristics for two
post designs. J Prosthet Dent. 1995; 73: 439-444.
2. Morgano SM, Brackett SE. Foundation restorations in fixed prosthodontics: current
knowledge and future needs. J Prosthet Dent. 1999; 82: 643-657.
3. Boone KJ, Murchison DF, Schindler WG, Walker WA. Post retention: the effect of
sequence of post-space preparation, cementation time, and different sealers. J Endod.
2001; 27: 768-771.
4. Malferrari S, Monaco C, Scotti R. Clinical evaluation of teeth restored with quartz fiber-
reinforced epoxy resin posts. Int J Prostodont. 2003; 16:39-44.
5. Ferrari M, Mannocci F, Vichi A, Cagidiaco MC, Mjor IA. Bonding to root canal:
structural characteristics of the substrate. Am J Dent. 2000; 13: 255-260.
6. Sorrentino R, Aversa R, Ferro V, Auriemma T, Zarone F, Ferrari M, et al. Three-
dimensional finite element analysis of strain and stress distributions in endodontically-
treated maxillary central incisors restored with different post core and crown materials.
Dent Mat. 2007; 23:983-993.
7. Behr M, Rosentritt M, Regnet T, Lang R, Handel G. Marginal adaptation in dentin of a
self-adhesive universal resin cement compared with well-tried systems. Dent Mater.
2004; 20: 191-197
26
8. De Munck J, Vargas M, Van Landuyt K, Hikita K, Lambrechts P, Van Meerbeek B.
Bonding of an auto-adhesive luting material to enamel and dentin. Dent Mater. 2004;
20:963-971
9. Amaral M, Rippe MP, Bergoli CD, Monaco C, Valandro LF. Multi-step adhesive
cementation versus one-step adhesive cementation: push-out bond strength between
fiber post and root dentin before and after mechanical cycling. Gen Dent. 2011; 59:185-
191
10. Watzke R, Blunck U, Frankenberger R, Naumann M. Interface homogeneity of
adhesively luted glass fiber posts. Dent Mat. 2008; 24:1512-1517
11. Zicari F, De Munck J, Scotti R, Naert I, Van Meerbeck B. Factors affecting the cement-
post interface. Dent Mater. 2012; 28:287-297
12. Fonseca TS, Alfredo E, Vansan LP, Silva RG, Sousa YTCS, Saqui PC, et al. Retention
of radicular posts varying the application technique of the adhesive system and luting
agent. Braz Oral Res. 2006; 20(4): 347-352
13. Rosa RA, Barreto MS, Moraes RA, Broch J, Bier CA, Só MV, et al. Influence of
endodontic sealer composition and time of fiber post cementation on sealer
adhesiveness to bovine root dentin. Braz Dent J. 2013; 24:241-246
14. Galhano GA, Mello RM, Pavanelli CA, Baldissara P, Scotti R, Valandro LF, et al.
Adhesive cementation of zirconia posts to root dentin: evaluation of mechanical cycling
effect. Braz Oral Res. 2008; 22:264-269.
27
15. Valandro LF, Galhano GA, Mello RM, Mallmann A, Scotti R, Bottino MA. Effect of
mechanical cycling on the push-out Bond strength of fiber posts adhesively bonded to
human root dentin. Oper Dent 2007; 32:579-588
16. Griffith AA. The phenomena of rupture and flow in solids. Phil Trans R Soc Lond Ser
A. 1921;221:168-198
17. Gorracci C, Grandini S, Bossù M, Bertelli E, Ferrari M. Laboratory assessment of the
retentive potential of adhesive posts: a review. J Dent. 2007; 35(11):827-835
18. Goracci C, Tavares AU, Fabianelli A, Monticelli F, Rafaelli O, Cardoso PC et al.. The
adhesion between fiber posts and root canal walls: comparsion between microtensile
and push-out bond strength measurements. Eur J Oral Sci. 2004;112(4):353-361
19. Menezes MS, Queiroz EC, Campos RE, Martins LM, Soares CJ. Influence of
endodontic sealer cement on fiberglass post bond strength to root dentine. Int Endod J.
2008; 41:476-484
20. Sagsen B, Ustun Y, Demirbuga S, Pala K. Push-out bond strength of two new calcium silicate-based endodontic sealers to root canal dentine. Int Endod J. 2011; 44:1088-1091
21. Paschal JE Jr, Burgess JO, Robbins JW. Post retention with and without root canal
fillers. J Dent Res 1997;(Spec Issue):76-412
22. Souza AC, Gonçalves FdeC, Anami LC, Melo RM, Bottino MA, Valandro LF.
Influence of insertion techniques for resin cement and mechanical cycling on the bond
strength between fiber posts and root dentin. J Adhes Dent. 2015; 17(2):175-180
28
23. Armstrong S, Geraldeli S, Maia R, Raposo LHA, Soares CJ, Yamagawa J. Adhesion to
tooth structure: a critical review of “micro” bond strength test methods. Dent Mat. 2010;
26(2):50-62
24. Soares CJ, Santana FR, Castro CG, Santos-Filho PC, Soares PV, Qian F et al.. Finite
element analysis and bond strength of a glass post to intraradicular dentin: comparsion
between microtensile and push-out test. Dent Mat. 2008;24(10):1405-1411
25. Zicari F, Couthino E, De Munck J, Poitevin A, Scotti R, Naert I et al. Bonding
effectiveness and sealing ability of fiber-post bonding. Dent Mat. 2008;24(7):967-977
29
TABELAS
Tabela 1: Média e desvio padrão dos dados de resistência adesiva; Número e percentual de falhas pré-teste e descrição dos padrões de falha apresentados, considerando o método de inserção do cimento.
* Comparação entre as diferentes técnicas de inserção do cimento realizada pelo teste One-way ANOVA e post hoc Bonferroni, onde letras diferentes representam diferença significativa. ** Falha adesiva: falha na interface entre cimento resinoso e dentina; Coesiva Dentina: falha coesiva da dentina; Coesiva Cimento: falha coesiva do cimento; Mista: falha adesiva combinada com falha coesiva.
Tabela 2: Média e desvio padrão dos dados de resistência adesiva; Número e percentual de falhas pré-teste e descrição dos padrões de falha apresentados, considerando a região radicular proveniente do espécime.
* Comparação entre as diferentes regiões provenientes dos espécimes, realizada pelo teste One-way ANOVA e post hoc Bonferroni, onde letras diferentes representam diferença significativa. ** Falha adesiva: falha na interface entre cimento resinoso e dentina; Coesiva Dentina: falha coesiva da dentina; Coesiva Cimento: falha coesiva do cimento; Mista: falha adesiva combinada com falha coesiva.
Grupos Média ± SD (MPa)
Número de falha pré-
teste
Tipo de falha (%)
Adesiva Cimento-Pino
Adesiva Cimento-Dentina
Coesiva Dentina
Coesiva Pino
Mista
CENTRIX 10.05 ± 3.25 A 0 6 (20%) 13 (43,33%) 11 (36,67%)
0 (0%) 0 (0%)
CIMENTO-PINO 6.47 ± 3.85 B 2 2 (6,67%) 21 (70%) 5 (16,67%) 0 (0%) 0 (0%)
LENTULO 9.80 ± 3.21 A 0 1 (4,17%) 16 (66,67%) 6 (25%) 0 (0%) 1 (4,17%)
Grupos Média ± SD
(MPa)
Número de falha pré-teste
Tipo de falha (%)
Adesiva cimento-pino
Adesiva cimento-dentina
Coesiva Dentina
Coesiva Pino
Mista
CERVICAL 10.62 ± 3.66 A 0 6 (21,42%) 16 (57,14%)
6 (21,42%)
0 (0%) 0 (0%)
MÉDIO 8.20 ± 3.90 AB 0 1 (3,57%) 16 (57,14%)
11 (39,29%)
0 (0%) 0 (0%)
APICAL 6.58 ± 3.28 B 2 2 (7,14%) 18 (64,29%)
5 (17,24%)
0 (0%) 1 (3,45%)
30
Tabela 3: Número de espécimes submetidos à avaliação de padrão de falha e percentual conforme sua descrição.
Falha pré-teste
Tipo de falha
Total Adesiva
cimento-dentina Adesiva
cimento-pino Coesiva dentina
Coesiva cimento
Coesiva pino
Mista
2 50 9 22 0 0 1 84
2,29% 59,52% 10,71% 26,19% 0% 0% 1,19% 100%
31
FIGURAS
Figura 1 – imagens representativas dos padrões de falha obtidas em estereomicroscópio. 1a – adesiva cimento/dentina aumentado em 90X; 1b – coesiva de dentina aumentado em 40X; 1c – adesiva cimento/pino aumentado em 90X.
32
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sob as condições apresentadas no estudo, pode-se inferir que a técnica de inserção do
cimento resinoso RelyX U200 exerce influência sobre a resistência adesiva de pinos de fibra
de vidro. Os maiores valores de resistência adesiva foram encontrados quando o cimento foi
inserido no canal com o auxílio de um instrumento: ponta Accudose da seringa Centrix e espiral
de Lentulo.
O terço apical, por apresentar maiores complicações anatômicas (canal mais achatado) e
alto fator de configuração cavitária, obteve resultados inferiores de resistência adesiva quando
comparado ao terço cervical, que apresenta formato mais compatível com o pino de fibra
utilizado.
Os resultados obtidos através da análise do padrão de falha mostraram-se de acordo com
estudos já realizados e, em sua maioria, apresentaram falhas adesivas do tipo cimento/dentina.
33
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, M. et al. Multi-step adhesive cementation versus one-step adhesive cementation: push-out bond strength between fiber post and root dentin before and after mechanical cycling. Gen Dent. v. 59, n.5, p.185-191, Sep-Oct. 2011. ARMSTRONG, S. et al. Adhesion to tooth structure: a critical review of “micro” bond strength test methods. Dent Mat. v. 26, n. 2, p. 50-62, Feb. 2010. BEHR, M. et al. Marginal adaptation in dentin of a self-adhesive universal resin cement compared with well-tried systems. Dent Mater. v. 20, n. 2, p 191-197, Feb. 2004. BOONE, K.J. et al. Post retention: the effect of sequence of post-space preparation, cementation time, and different sealers. J Endod. v. 27, n. 12, p. 768-771, Dec. 2001. DE MUNCK, J. et al. Bonding of an auto-adhesive luting material to enamel and dentin. Dent Mater. v. 20, n. 10, p. 963-971, Dec. 2004. FERRARI, M. et al. Bonding to root canal: structural characteristics of the substrate. Am J Dent. v. 13, n. 5, p 255-260, Oct. 2000. FONSECA, T.S. et al. Retention of radicular posts varying the application technique of the adhesive system and luting agent. Braz Oral Res. v. 20, n.4, p. 347-352, Oct-Dec. 2006. GALHANO, G.A. et al. Adhesive cementation of zirconia posts to root dentin: evaluation of mechanical cycling effect. Braz Oral Res. v. 22, n. 3, p. 264-269, Jul-Sep. 2008. GORACCI, C. et al. Laboratory assessment of the retentive potential of adhesive posts: a review. J Dent. v. 35, n. 11, p. 827-835, Sep. 2007. GORACCI, C. et al. The adhesion between fiber posts and root canal walls: comparison between microtensile and push-out bond strength measurements. Eur J Oral Sci. v. 112, n. 4, p. 353-361, Aug. 2004. GRIFFITH, A.A. The phenomena of rupture and flow in solids. Phil Trans R Soc Lond Ser A. v. 221, p. 168-198, Jan. 1921.
34
MALFERRARI, S.; MONACO, C.; SCOTTI, R. Clinical evaluation of teeth restored with quartz fiber-reinforced epoxy resin posts. Int J Prostodont. v. 16, n. 1, p 39-44, Jan-Feb. 2003. MENEZES, M.S. et al. Influence of endodontic sealer cement on fiberglass post bond strength to root dentine. Int Endod J. v. 41, n. 6, p. 476-484, Jun. 2008. MORGANO, S.M.; BRACKETT, S.E. Foundation restorations in fixed prosthodontics: current knowledge and future needs. J Prosthet Dent. v. 82, n. 6, p. 643-657, Dec. 1999. PASCHAL, J.E. Jr.; BURGESS, J.O.; ROBBINS, J.W. Post retention with and without root canal fillers. J Dent Res. (Spec Issue):76-412, 1997.
ROSA, R.A. et al. Influence of endodontic sealer composition and time of fiber post cementation on sealer adhesiveness to bovine root dentin. Braz Dent J. v. 24, n. 3, p. 241-246, 2013. SAGSEN, B. et al. Push-out bond strength of two new calcium silicate-based endodontic sealers to root canal dentine. Int Endod J. v. 44, n. 12, p. 1088-1091, Dec. 2011. SOARES, C.J. et al. Finite element analysis and bond strength of a glass post to intraradicular dentin: comparison between microtensile and push-out test. Dent Mat. v. 24, n. 10, p. 1405-1411, Oct. 2008. SORRENTINO, R. et al. Three-dimensional finite element analysis of strain and stress distributions in endodontically-treated maxillary central incisors restored with different post core and crown materials. Dent Mat. v. 23, n. 9, p. 983-993, Aug. 2007. SOUZA, A.C. et al. Influence of insertion techniques for resin cement and mechanical cycling on the bond strength between fiber posts and root dentin. J Adhes Dent. v. 17, n. 2, p. 175-180, Apr. 2015. TORBJONER, A; KARLSSON, S; ODMAN, P.A. Survival rate and failure characteristics for two post designs. J Prosthet Dent. v. 73, n. 5, p. 439-444, May. 1995. VALANDRO, L.F. et al. Effect of mechanical cycling on the push-out Bond strength of fiber posts adhesively bonded to human root dentin. Oper Dent. v. 32, n. 6, p. 579-588, Nov-Dec. 2007.
35
WATZKE, R. et al. Interface homogeneity of adhesively luted glass fiber posts. Dent Mat. v. 24, n. 11, p. 1512-1517, Nov. 2008. ZICARI, F. et al. Bonding effectiveness and sealing ability of fiber-post bonding. Dent Mat. v. 24, n. 7, p. 967-977, Jul. 2008. ZICARI, F. et al. Factors affecting the cement-post interface. Dent Mater. v. 28, n. 3, p. 287-297, Mar. 2012.