111
Josiane Godoy Ferreira Cândido Corrêa INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DESCOMPLICAR Belo Horizonte 2015

INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

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Page 1: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

Josiane Godoy Ferreira Cândido Corrêa

INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DESCOMPLICAR

Belo Horizonte

2015

Page 2: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

Josiane Godoy Ferreira Cândido Corrêa

INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBSTÁCULOS DE

IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DESCOMPLICAR

Monografia apresentada a Escola de Governo

Professor Paulo Neves de Carvalho da

Fundação João Pinheiro, como requisito

parcial para conclusão da graduação no Curso

Superior de Administração Pública.

Orientadora: Ester Carneiro do Couto Santos

Belo Horizonte

2015

Page 3: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

Josiane Godoy Ferreira Cândido Corrêa

Inovação na gestão pública: avanços e obstáculos de implementação do Programa

Descomplicar.

Monografia apresentada ao Curso Superior de Administração Pública da Escola de Governo

Professor Paulo Neves de Carvalho da Fundação João Pinheiro, como requisito parcial para

obtenção do título de Bacharel em Administração Pública.

Banca Examinadora

__________________________________________________________

Professora Mestre Nícia Raies Moreira de Souza,coorientadora, Fundação João Pinheiro

__________________________________________________________

Professora Doutora Simone Cristina Dufloth, avaliadora, Fundação João Pinheiro

__________________________________________________________

Professor Mestre Ágnez Lélis Saraiva, avaliador, Fundação João Pinheiro

Belo Horizonte, 15 de junho de 2015.

Page 4: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todas as pessoas que de maneira direta ou indireta contribuíram

para a elaboração deste trabalho.

Aos meus pais, Ricardo e Ângela, por todo amor, incentivo e apoio. À minha

orientadora Ester pela atenção e por me acompanhar durante a execução do trabalho. À Nícia

Raies pela paciência e por contribuir para a construção do meu estudo. Ao Higor pela

motivação e companheirismo.

Aos meus colegas de trabalho do Núcleo Central de Inovação e Modernização

Institucional, pela contribuição e pela disponibilização de informações imprescindíveis.

Aos meus familiares e amigos pela paciência, apoio e pensamentos positivos.

Page 5: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi analisar a importância e a evolução das políticas de inovação

institucional na gestão pública do Estado de Minas Gerais. Para isso, o estudo baseou-se nos

relatórios anuais dos projetos de inovação, desenvolvidos no âmbito do Programa

Descomplicar e nas entrevistas realizados com os gerentes destes projetos. Tratou-se de uma

pesquisa bibliográfica e documental a respeito dos principais projetos de inovação na gestão

pública que compõem o Programa Descomplicar. Esta pesquisa visou identificar os principais

avanços alcançados e obstáculos enfrentados para implementação deste tipo de inovação no

Estado. Ainda com esse propósito, realizaram-se entrevistas semi-estruturadas com os

gerentes de projetos do Núcleo Central de Inovação e Modernização (NCIM). Os principais

benefícios percebidos pela pesquisa dizem respeito às entregas dos projetos Minas Fácil e

UAI. Enquanto, o principal obstáculo identificado para a execução deste Programa foi a

cultura organizacional. Concluiu-se que os projetos trouxeram alguns avanços para o Estado e

para a sociedade. Entretanto a continuidade do Programa mostrou-se dependente de vontade

política, bem como do fortalecimento das políticas de recursos humanos, visando a redução da

resistência às políticas propostas pelo referido Programa.

Palavras-chave: Inovação, Política de Inovação na Gestão Pública, Projeto Estratégico de

Inovação na Gestão Pública, Programa Descomplicar.

Page 6: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

ABSTRACT

The objective of this research was to analyze the importance and the development of

innovation in the public administration of the State of Minas Gerais. In order to do so, the

study was based on the annual reports of innovation projects, developed under the

Descomplicar Program and on the project´s managers that were interviewed. This was a

bibliographic and documentary research concerning the main innovation projects part of the

Descomplicar Program. This research aimed to identify the main achievements and obstacles

faced for the implementation of innovation in the state. To aim the same purpose, semi-

structured interviews were carried out with the project managers of the Núcleo de Inovação e

Modernização do Estado. It should be noted in the survey that the main perceived benefits

related to the results of projects Minas Fácil and UAI. The main obstacle identified for the

implementation of innovation in government administration was the organizational culture. In

conclusion, the projects brought major advances to the state and society. However the

continuation of the program proved to be dependent on political will as well as the

strengthening of human resources policies, in order to reduce the resistance to innovation.

Keywords: Innovation, Innovation policy in public management, Strategic innovation project

in public management, Descomplicar program.

Page 7: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Agei – Assessoria de Gestão Estratégica e Inovação

AGI – Assessoria de Gestão da Informação

ANO – Acordo de Nível Operacional

ANS – Acordo de Nível de Serviços

AVCB – Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros

BDMG – Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais

BI – Business Intelligence

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

CA – Cidade Administrativa

Cagec – Cadastro Geral de Convenentes

Cagef – Cadastro Geral de Fornecedores

CIGP – Ciclo de Inovação na Gestão Pública

Consad – Congresso do Conselho Nacional de Secretários de Estado de Administração

CPF – Cadastro de Pessoa Física

CRM – Customer Relationship Management

CSC – Centro de Serviços Compartilhado

CRLV – Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos

CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social

Detran – Departamento Estadual de Trânsito

EPE – Escritório de Prioridades Estratégicas

Hiscre – Histórico de Crédito

Infoscip – Sistema de Informação do Serviço de Segurança contra Incêndio e Pânico

INSS – Instituto Nacional do Seguro Social

Jucemg – Junta Comercial do Estado de Minas Gerais

LOA – Lei de Diretrizes Orçamentárias

MPEs – Micro e pequena empresas

NCIM – Núcleo Central de Inovação e Modernização

PEIGP – Projeto Estratégico de Inovação na Gestão Pública

Pemc – Projeto Empresa Mineira Competitiva

PIGP – Política de Inovação na Gestão Pública

PMDI – Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado

PPAG – Plano Plurianual de Ação Governamental

Page 8: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

PPP – Parceria Público Privada

PSIU – Posto de Serviço Integrado Urbano

Sectes – Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Sede – Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico

Sedru – Secretaria de Desenvolvimento Regional, Política Urbana e Gestão Metropolitana

Seds – Secretaria de Estado de Defesa Social

SEF – Secretaria de Estado de Fazenda

Semad – Secretaria de Estado de Meio Ambiente

SES – Secretaria de Estado de Saúde

Setop – Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas

Siafi – Sistema Integrado de Administração Financeira

Sigvisa – Sistema Integrado de Gestão da vigilância Sanitária

Suges – Subsecretaria de Gestão da Estratégia Governamental

Seplag – Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão

UAI – Unidade de Atendimento Integrado

Page 9: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURAS

Figura 1 – Barreiras à inovação governamental.....................................................................26

Figura 2 – Focos da aprendizagem organizacional ..............................................................37

Figura 3 – Evolução da Gestão no governo de Minas Gerais ...............................................46

Figura 4 – Organograma do Programa Descomplicar a partir da instituição da Política de

Inovação na Gestão Pública......................................................................................................57

Figura 5 – Eixos de Inovação.................................................................................................59

Figura 6 – Fases do Ciclo de Inovação ..................................................................................62

Figura 7 – Roteador de Inovação............................................................................................64

Figura 8 – Fases da Incubação................................................................................................65

Figura 9 – Atendimentos realizado pelo Centro de Serviços Compartilhados (CSC) em

2014...........................................................................................................................................84

QUADROS

Quadro 1 – Tipos de relações externas do governo ................................................................34

Quadro 2 – Comparativo Modelos PSIU e UAI (1996-2013)..................................................51

Quadro 3 – Objetivos da Política de Inovação na Gestão Pública...........................................55

Quadro 4 – Áreas foco da Inovação no Governo de Minas Gerais..........................................60

Quadro 5 – Relação entre as diretrizes da Política de Inovação e os projetos de inovação.....86

Page 10: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

9

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11

2 O PAPEL DA INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES ................................................... 15

2.1 Inovação nos sistemas produtivos ......................................................................... 16

2.2 Barreiras e oportunidades à inovação organizacional ......................................... 20

2.3 Inovação na gestão pública ................................................................................... 22

3 DIRETRIZES PARA POLÍTICAS DE INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA.......... 29

3.1 Valor Público ......................................................................................................... 29

3.2 Inovação Aberta .................................................................................................... 32

3.3 Aprendizagem Organizacional ............................................................................. 35

3.3.1 Aprendizagem individual e coletiva ............................................................... 38

3.3.2 Sistemas/Processos ........................................................................................ 39

3.3.3 Cultura........................................................................................................... 40

3.3.4 Gestão do conhecimento ................................................................................ 41

3.3.5 Melhoria contínua .......................................................................................... 42

3.3.6 Inovação ........................................................................................................ 42

4 A POLÍTICA DE INOVAÇÃO EM MINAS GERAIS ................................................. 44

4.1 O caso de Minas Gerais ......................................................................................... 44

4.2 O Programa Descomplicar .................................................................................... 48

4.2.1 A Política de Inovação na Gestão Pública e o Projeto Estratégico de Inovação

na Gestão Pública ................................................................................................... 52

4.3 Metodologia da Política de Inovação .................................................................... 57

4.3.1 Ciclo de Inovação .......................................................................................... 60

4.3.2 Incubadora de Projetos de Inovação ............................................................... 63

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO PROGRAMA DESCOMPLICAR ..................... 67

5.1 Balanço Anual 2011 ............................................................................................... 68

5.1.2 Execução Orçamentária ................................................................................. 68

5.1.3 Comunicação e Publicidade ........................................................................... 68

Page 11: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

10

5.1.4 Resultados vertente Estado/cidadão ............................................................... 69

5.1.5 Resultados vertente Estado/empresa............................................................... 70

5.1.6 Resultados vertente Estado/estado................................................................. 71

5.2 Balanço Descomplicar 2012 .................................................................................. 72

5.2.1 Execução Orçamentária ................................................................................. 72

5.2.2 Ciclo da Inovação ......................................................................................... 72

5.2.3 Incubadora de Projetos ................................................................................... 72

5.2.4 Resultados Vertente Estado/cidadão............................................................... 73

5.2.5 Resultados Vertente Estado/empresa .............................................................. 74

5.2.6 Resultados da vertente Estado/estado ............................................................. 75

5.3 Balanço Anual 2013 ............................................................................................... 76

5.3.1 Execução Orçamentária ................................................................................. 76

5.3.2 Ciclo de Inovação na Gestão Pública ............................................................. 76

5.3.3 Incubadora de Projetos Inovadores................................................................. 77

5.3.4 Resultados da vertente Estado/cidadão ........................................................... 77

5.3.5 Resultados da vertente Estado/empresa .......................................................... 77

5.3.6 Resultados da vertente Estado/estado ............................................................. 79

5.4 Balanço anual 2014 ................................................................................................ 79

5.4.1 Execução Orçamentária ................................................................................. 79

5.4.2 Ciclo de Inovação na Gestão Pública ............................................................. 79

5.4.3 Incubadora de Projetos Inovadores................................................................. 80

5.4.4 Resultados da vertente Estado/cidadão ........................................................... 80

5.4.5 Resultados da vertente Estado/empresa .......................................................... 82

5.4.6 Resultados da vertente Estado/estado ............................................................. 82

5.5 Análise dos resultados e entrevistas ...................................................................... 86

5.5.1 Principais Avanços ........................................................................................ 87

5.5.2 Barreiras à implementação de práticas inovadoras de gestão .......................... 89

5.5.3 Análise do alcance das diretrizes da Política de Inovação na Gestão Pública .. 93

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 98

REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 103

ANEXO I ........................................................................................................................... 110

Page 12: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

11

1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objetivo tratar sobre o tema da inovação nas

organizações, sobretudo, com foco na análise do contexto organizacional no setor público.

Essa última será privilegiada no estudo, pois a maior parte dos documentos encontrados tem

direcionado sua análise de maneira especial para o universo das organizações privadas. Desse

modo, o trabalho se propõe a contribuir para a ampliação do campo de estudo sobre o tema de

inovação na gestão pública e para a elaboração de uma análise acerca dos projetos de

inovação na gestão desenvolvidos no estado de Minas Gerais, no âmbito do Programa

Descomplicar1. A partir da análise dos dados coletados pretende-se evidenciar os principais

avanços alcançados pelo referido Programa, bem como os principais obstáculos identificados

para implementação de seus projetos de inovação. Além disso, pretende-se em um segundo

momento analisar em que medida as diretrizes2 propostas pela Política de Inovação na Gestão

Pública (PIGP)3 foram contempladas pelos projetos estudados.

A administração pública, assim como o setor privado, precisa constantemente realizar

mudanças que aprimorem a execução de suas funções, sobretudo no que diz respeito ao

alcance de maior efetividade, qualidade, redução de custos, desburocratização na implantação

de novas estratégias governamentais e melhora no atendimento ao cidadão. Por essa razão, é

de extrema relevância o estudo sobre os avanços nessas áreas, a fim de reafirmar a

importância do desenvolvimento e incentivo de práticas inovadoras no Estado. O Estado de

Minas Gerais vem buscando desenvolver e incentivar práticas inovadoras na gestão pública,

na tentativa de melhorar a prestação dos serviços públicos. Nesse sentido, pode-se citar o

Programa Estruturador Descomplicar.

Em 2003, o Governo de Minas investiu em ações que buscassem simplificar e

desburocratizar algumas atividades do Estado, por meio da elaboração do Projeto Empresa

1 Conforme discutiremos no capítulo 4, o “Descomplicar” é um programa do governo, criado pela Secretaria de

Estado de Planejamento e Gestão, que consiste em um conjunto de projetos de inovação organizacional

desenvolvidos com o objetivo de simplificar, desburocratizar e modernizar as atividades governamentais no

Estado de Minas Gerais. 2 As diretrizes propostas pela Política de Inovação na Gestão Pública são: valor público, aprendizagem

organizacional e inovação aberta e serão apresentadas no capítulo 3. 3 A Política de Inovação na Gestão Pública do Estado de Minas Gerais foi instituída pela Resolução nº 53 de

julho de 2012, com o objetivo de definir as diretrizes e princípios que deveriam balizar a elaboração dos projetos

de inovação na gestão desenvolvidos pelo Programa Descomplicar. Essa relação será detalhada no capítulo 4.

Page 13: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

12

Mineira Competitiva. Este projeto desenvolveu um modelo simplificado de abertura de

empresas, que virou referência hoje para os outros Estados. Posteriormente, no ano de 2007

esse projeto teve seu escopo ampliado e passou a se chamar Programa Descomplicar. Este

programa incorporou além do Projeto Empresa Mineira Competitiva, outros projetos que

foram distribuídos em três vertentes de atuação: Estado/empresa, Estado/estado e

Estado/cidadão. Os projetos da primeira vertente buscam fortalecer o ambiente de negócios no

estado; a segunda vertente tem como objetivo desenvolver ações de desburocratização dos

processos internos realizados pelos órgãos estatais. Já a vertente estado/cidadão, investe em

ações de melhoria da prestação e da qualidade dos serviços públicos.

No ano de 2011, o Descomplicar ganhou um novo viés, voltado para o

desenvolvimento e incentivo da inovação em seus projetos. Para isso, instituiu-se por meio da

Lei Delegada n.º 180, de 20 de janeiro de 2011 (MINAS GERAIS, 2011f), duas unidades

administrativas com papel de destaque na promoção e coordenação das políticas de inovação

organizacional no Estado de Minas Gerais: as Assessorias de Gestão Estratégica e Inovação

(Ageis) e o Núcleo de Inovação e Modernização do Estado (NCIM4). As Ageis atuam como

colaboradoras no processo de elaboração dos projetos de inovação. O NCIM é o responsável

por desenvolver os projetos de inovação na gestão, que pertencem ao Programa

Descomplicar, e está sob a responsabilidade da Subsecretaria de Gestão da Estratégia

Governamental (Suges) e da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag).

Além disso, o fortalecimento das políticas de inovação na gestão contou com

instituição de uma Política específica voltada a esse tema. Em julho de 2012 a Seplag

publicou a Resolução n.º 53 (MINAS GERAIS, 2012a), a qual dispõe sobre a Política de

Inovação na Gestão Pública do Estado. Essa Política teve como base a normatização das

diretrizes e princípios para a execução das ações de inovação governamental no Poder

Executivo. A condução desta é de responsabilidade do Núcleo Central de Inovação e

Modernização, por meio dos projetos de inovação contidos no Programa Descomplicar. As

diretrizes norteadoras da PIGP que serão estudadas neste trabalho são: valor público,

aprendizagem organizacional e inovação aberta.

Este trabalho se justifica pela necessidade de identificar a importância do incentivo às

práticas inovadoras no governo de Minas Gerais, bem como apresentar a partir dos dados

4 No ano de 2014, o Núcleo Central de inovação e Modernização era composto por 14 gerentes de projetos

responsáveis pela coordenação do Programa Descomplicar. Destes, 11 eram servidores não concursados e por

isso saíram do Estado no final deste ano.

Page 14: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

13

coletados os principais benefícios alcançados desde a implantação dos projetos de inovação

na gestão local. Além disso, pretende-se contribuir para a identificação dos entraves ao

alcance dos objetivos dos projetos inovadores e, a partir disso, sugerir possíveis alternativas

que contribuam para o êxito na implementação de projetos futuros.

Para isso, adotou-se a estratégia qualitativa, tendo em vista que a natureza do objeto de

pesquisa demanda uma análise de caráter interpretativo dos dados coletados. Nessa

perspectiva, foram realizadas pesquisa bibliográfica sobre inovação, pesquisa documental

sobre os projetos e entrevistas semiestruturadas com 11 gerentes dos projetos de inovação do

Programa. A partir da pesquisa bibliográfica buscou-se embasamento para a elaboração do

referencial teórico. No que diz respeito ao estudo sobre a realidade do Estado realizou-se

pesquisa documental sobre os principais projetos do Programa Descomplicar, o que

compreendeu a análise de documentos, estudos e relatórios gerenciais disponíveis na rede do

Núcleo Central de Inovação e Modernização.

O Descomplicar contém um universo muito grande de projetos, cerca de 300, desde

sua criação. Todavia, essa pesquisa realizou levantamento de dados sobre os principais

projetos de cada uma das vertentes. Foram considerados principais, os projetos que tiveram

maior reconhecimento e quantidade de informações disponíveis, assim como maior parcela do

orçamento destinada às suas ações. O período selecionado para a coleta dos resultados

concentra-se prioritariamente entre os anos de 2011 e 2014, período que compreende a

criação da Política de Inovação.

As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com os gerentes dos projetos do

NCIM, no ano de 2014, pois a maior parte da equipe de projetos tinha contrato de

recrutamento amplo e não permaneceriam no estado após a mudança de governo. O objetivo

das entrevistas foi identificar junto a estes atores, as dificuldades que eles enfrentam para

implementar e executar os projetos de inovação e quais os principais benefícios identificados

com a execução do Descomplicar. A opinião dos entrevistados permitiu o recolhimento de

dados qualitativos e comparáveis, bem como possibilitou uma maior compreensão dos

problemas levantados para a elaboração de sugestões. A equipe do NCIM foi escolhida por

ser a responsável formal pelo desenvolvimento das políticas de inovação na gestão pública

local, conforme estabelecido pelo Decreto n.º 45.794, de 2 de dezembro de 2011 (MINAS

GERAIS, 2011d).

Page 15: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

14

Para a compreensão deste tema, este trabalho foi dividido em quatro capítulos e

conclusão: o primeiro capítulo exibe a visão teórica da pesquisa em relação à inovação e seu

papel no contexto das organizações; o segundo capítulo discute teoricamente as diretrizes

definidas pela Política de Inovação na Gestão Pública, que norteiam a implementação dos

projetos de inovação organizacional no Estado; o terceiro capítulo trata do o contexto

histórico de desenvolvimento do Programa Descomplicar, e suas implicações, assim como

apresenta a Política de Inovação na Gestão Pública e sua metodologia de funcionamento; o

quarto capítulo contém os principais resultados dos projetos de inovação na gestão pública

desenvolvidos pelo referido programa, bem como a análise das entrevistas e dos resultados;

por último faz-se a conclusão e as sugestões e críticas frente aos dados analisados.

Page 16: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

15

2 O PAPEL DA INOVAÇÃO NAS ORGANIZAÇÕES

A inovação tem sido frequentemente utilizada como um dos meios para garantir o

desenvolvimento econômico e social. Nas últimas décadas, as organizações privadas têm

investido em inovação, como forma de ampliar seu horizonte de atuação e manter-se

competitiva em mercados de concorrência (FARIA, 2009).

Também nas organizações públicas tem-se intensificado o estudo e a prática da

inovação como alternativa para melhorar a prestação de serviços e reduzir o excesso de

burocracia. De um modo mais contundente nos anos 1970/80, em função de um período de

crises que abalou os paradigmas de sustentação do Estado de Bem-Estar Social, a atuação do

setor público passou a ser constantemente questionada. As reformas administrativas têm papel

de destaque nesse contexto, na medida em que promoveram um debate a respeito da

governabilidade e da credibilidade do Estado na promoção de políticas públicas de qualidade.

Nessa perspectiva, surgem os ideais da Nova Administração Pública5, que questionam o papel

do Estado como garantidor de prosperidade econômica e de bem estar social, bem como sua

capacidade administrativa (BRESSER-PEREIRA; SPINK, 1998). Neste contexto, ganham

destaque projetos que busquem agregar valor ao serviço público, através da inovação nos

processos de gestão.

Este capítulo tem como objetivo principal evidenciar a importância do

desenvolvimento de políticas de inovação na gestão pública. Para isso, o item 2.1 faz a

construção de um referencial teórico sobre o tema inovação nos sistemas econômicos, com

foco na teoria de Schumpeter, mostrando sua importância para a manutenção das

organizações no mercado. Posteriormente, o item 2.2 trata das principais barreiras enfrentadas

durante o processo de implementação da inovação organizacional. O item 2.3 aborda o

desenvolvimento das políticas de inovação no setor público, nesse sentido, apresenta suas

características, seus avanços e alguns obstáculos enfrentados para sua implementação. A

partir disso, pretende-se estabelecer uma relação entre as políticas de inovação da

administração pública e do setor privado, levando em consideração as especificidades de cada

um.

5 Os ideais da Nova Administração Pública surgiram aproximadamente na década de 1980, especialmente após a

crise do petróleo de 1979, tendo destaque a partir do governo de Thatcher, na Inglaterra, e Reagan, nos EUA. A

administração pública gerencial ou nova gestão pública é um modelo pós-burocrático criado para promover a

reestruturação e a gestão da administração pública com base em valores de eficiência, eficácia e competitividade

(FARIA, 2009).

Page 17: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

16

2.1 Inovação nos sistemas produtivos

Na prática o processo de inovação está diretamente associado à mudança,

transformação, introdução de algo “novo”, original e inusitado ou simplesmente à reciclagem

do “velho”. Nessa perspectiva, as práticas de inovação envolvem criação, reformulação,

aceitação e implementação de ideias, processos, produtos ou serviços no meio organizacional.

O processo de inovação nas organizações é uma mudança intencional que visa gerar

benefícios para o indivíduo, o grupo, a organização ou a sociedade (ALENCAR, 1995 apud

SOARES, 2009).

De acordo com o Manual de Oslo6 (OCDE, 2005, p.43) o processo de

inovação nas empresas consiste na introdução de alguma mudança, previamente planejada,

nas suas atividades com o intuito de melhorar seu desempenho. Estas mudanças podem

objetivar o desenvolvimento e a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou

melhorado; de um processo; de um novo método de marketing, ou ainda um novo método

organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações

externas.

A inovação de produto consiste na introdução de um novo bem ou serviço

ou significativamente melhorado em relação às suas características ou usos previstos. Nessa

perspectiva, podem incluir o melhoramento de questões técnicas, componentes e materiais,

softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais. Ainda de

acordo com o Manual de Oslo a inovação de processo trata da implementação de um método

de produção ou distribuição novo ou aprimorado. Incluem-se transformações significativas

em técnicas, equipamentos e/ou softwares. Esses dois tipos de inovação são definidas de

acordo com o Manual como inovações tecnológicas uma vez que seus métodos e recursos são

baseados na utilização da tecnologia (OCDE, 2005).

O terceiro tipo de inovação conceituado pelo Manual diz respeito às

inovações de marketing, as quais buscam a implementação de um novo método de marketing

que promova alterações na concepção do produto, no posicionamento do produto, em sua

promoção ou na fixação de preços. Por último, as inovações do tipo organizacional

pressupõem a implementação de um novo método organizacional nas práticas de negócios da

6 Documento editado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE),

responsável pelas definições mundialmente adotadas sobre inovação.

Page 18: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

17

empresa, na organização do seu local de trabalho ou em suas relações externas, por exemplo,

através do estabelecimento de parcerias com outras entidades, fornecedores, clientes,

universidades e institutos de pesquisas. Essas mudanças visam reduzir custos administrativos

e de suprimentos. Além disso, possuem um caráter administrativo, de gestão de pessoas e de

gestão da organização. Na prática, a inovação organizacional implica na instituição de: novas

rotinas e procedimentos; sistemas de produção enxutos; gestão da qualidade;

centralização/descentralização de atividades; integração de diferentes negócios etc. (OCDE,

2005).

O conceito de inovação apresenta inúmeros significados, uma vez que faz

parte do campo de pesquisa de diversas disciplinas. Entretanto, foi a economia, a disciplina

que deu o maior destaque à construção do debate sobre a inovação. Nesse sentido, é

importante ressaltar a teoria da inovação formulada por Joseph Schumpeter, ao observar que

as ondas de desenvolvimento do capitalismo estavam diretamente ligadas aos processos

inovadores. Schumpeter defendia a introdução e a ampliação de inovações tecnológicas e

organizacionais como mecanismos essenciais para as transformações na esfera econômica,

bem como para o desenvolvimento e sobrevivência das instituições no longo prazo. Assim,

em um sentido amplo, a inovação pode ser entendida como o resultado da incessante busca

pelo lucro mediante a obtenção de vantagens competitivas por parte das organizações, que

procuram diferenciar-se das demais tanto nas dimensões tecnológicas quanto nas de mercado

(ZANI, SPINELLI, 2010). Para Schumpeter a inovação é :

o impulso fundamental que põe e mantém em funcionamento a máquina capitalista procede dos novos bens de consumo, dos novos métodos de produção ou transporte,

dos novos mercados e das novas formas de organização industrial criadas pela

empresa capitalista (SCHUMPETER,1961,p.110).

O referencial teórico básico utilizado para conceituar o tema inovação deve

ser analisado com algumas ressalvas, já que o foco do presente trabalho é o setor público. Isso

porque a teoria de Schumpeter foi baseada no processo de inovação vivenciado nos sistemas

produtivos. Nesses termos, utilizaremos suas ideias como um referencial de um estudioso que

propôs inicialmente a inovação, como alternativa às organizações. Entretanto, tomando o

devido cuidado ao considerar as diferenças existentes entre os sistemas econômicos e os

sistemas públicos, ainda que possuam alguma semelhança. Logo procuraremos em

Schumpeter ideias mais genéricas que possibilitem associações entre a inovação e a gestão

pública.

Page 19: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

18

Segundo a teoria schumpteriana o sistema capitalista tem sua manutenção

centrada em um processo evolutivo, que se inicia a partir de um período de depressão

econômica. Isso acontece logo após um período de boom tecnológico no qual as antigas

formas de produção, que se tornam obsoletas, são substituídas pelas firmas inovadoras e pelas

novas firmas, capazes de começar suas atividades em um patamar tecnológico mais elevado.

Esse ciclo econômico é marcado pela ascensão das empresas que foram capazes de inovar e

pela falência das que continuaram ultrapassadas. Assim sendo, para Schumpeter o processo de

inovação tecnológica é o responsável por modificar a estrutura econômica, criando novos

elementos que substituem outros antigos, aproximando a economia de melhores níveis de

renda e bem-estar social. Esse processo é por ele denominado como “destruição criadora”.

(PINHO; SANTANA, 1998)

Possas (2002) entende a percepção de Schumpeter como uma abordagem

evolucionista do capitalismo. Nesse sentido, este seria uma estrutura dinâmica que, para se

manter, precisa continuamente introduzir e difundir a inovação. Logo, considerando o seu

caráter evolutivo, a concorrência, própria do sistema capitalista, caracteriza-se pela busca

incessante de diferenciação por parte dos agentes, em razão de vantagens competitivas.

Entretanto, para que esse processo aconteça são necessários três elementos

fundamentais que para Schumpeter são: a “inovação”, o “empresário” e o “capital”. O

empresário deve ser um homem talentoso, motivado, capaz de detectar as melhores

oportunidades rentáveis a um bom negócio e, por isso, é o responsável por promover a

inovação no setor produtivo. A inovação é considerada o elemento motriz do processo de

evolução do capitalismo e pode-se dar de cinco maneiras diferentes ao longo do processo

produtivo: I) por meio da introdução de um novo bem/serviço, ou melhora na qualidade de

um produto existente; II) introdução de um novo método de produção, que ainda não foi

utilizado naquele ramo produtivo; III) abertura de um novo mercado; IV) descoberta de uma

nova fonte de matéria prima ou de produtos semiacabados; e V) reorganização de uma

indústria qualquer, através da criação ou da ruptura de uma posição de um monopólio. O

último elemento, o capital, torna-se fundamental para viabilizar o uso da inovação no sistema

produtivo, pois a reserva monetária permite ao empresário ter o controle dos fatores de

produção, reorganizando os componentes da estrutura econômica para a introdução da

inovação no mercado (MORICOCHI; GONÇALVES, 1994).

Page 20: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

19

As pesquisas relacionadas ao processo de inovação desenvolvida por

Schumpeter, acabaram por inspirar outros autores, os quais buscaram novas explicações para

o processo de inovação e destacaram seu papel ao alcance da competitividade organizacional

(TOLDO; GOLÇALVES; RODRIGUES 2007, apud HADDAD, 2010). Nesse momento,

surgem autores com ideias similares sobre a importância da inovação para as organizações e

sobre o abandono do referencial de equilíbrio do modelo neoclássico. Esses autores são

conhecidos como neo-Schumperianos ou evolucionistas.

As análises elaboradas por Shumpeter tem foco no esclarecimento da

importância do desenvolvimento das inovações tecnológicas no processo produtivo.

Entretanto, com o aprofundamento das discussões sobre o tema destacou-se a importância

atribuída às inovações organizacionais, que se mostraram tão importantes quanto às

tecnológicas (de produto ou processo) e são foco da análise do presente trabalho.

Para reconhecer as várias possibilidades de mudanças que as firmas utilizam

em busca de melhor desempenho, faz-se necessária uma estrutura mais abrangente do que a

de inovações tecnológicas de produto e processo. Nessa perspectiva, as inovações

organizacionais são um importante componente desta estrutura, uma vez que são capazes de

apreender as mudanças que afetam o desempenho das instituições, bem como contribuem para

o acúmulo de conhecimento (OCDE, 2005).

Da mesma maneira, para Chandler (1999 apud BELLINGIERI, 2012)

estudar os processos internos de mudanças organizacional e o efeito destas no desempenho do

mercado é essencial para compreender mudanças estruturais no sistema capitalista. De acordo

com o autor o crescimento da organização desvinculado da adequação estrutural tende a gerar

ineficiência econômica e, por isso, novas estruturas devem ser pensadas e definidas para

atender as necessidades administrativas. Esse processo acontece prioritariamente por meio da

inovação organizacional.

A inovação organizacional pode tornar-se uma condição necessária para as

inovações técnicas. Nesse sentido, a importância da inovação organizacional extrapola seu

caráter de apoio para as inovações de produto e processo, uma vez que elas mesmas são

capazes de impactar no desempenho da firma. Além disso, as inovações organizacionais

podem melhorar a qualidade e a eficiência do trabalho, acentuar a troca de informações e

refinar a capacidade empresarial de aprender e utilizar conhecimentos e tecnologias (OCDE,

2005).

Page 21: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

20

2.2 Barreiras e oportunidades à inovação organizacional

O desenvolvimento de práticas inovadoras em uma organização apesar de sua

reconhecida importância, como mencionado no item anterior, implica em alguns esforços por

parte de todos os atores envolvidos nesse processo, a fim de criarem um ambiente favorável à

inovação. Não obstante o tipo de inovação que se pretenda desenvolver, para ter sucesso em

um planejamento de modernização da estrutura organizacional, é fundamental o

estabelecimento de uma cultura de inovação. Esta deve buscar mecanismos para motivar as

pessoas a se envolver no processo e principalmente alinhar suas expectativas e métodos de

trabalho às novas diretrizes adquiridas com a introdução de um novo modelo. Dado que o

funcionamento de uma organização é constituído por pessoas que possuem diferentes

maneiras de pensar e agir, a cultura organizacional torna-se um importante instrumento para

nortear os colaboradores (MACHADO, 2004).

A cultura organizacional está para além dos valores, crenças ou regras dos atores

envolvidos, diz respeito também à maneira como a organização orienta e controla as

atividades rotineiras e a tomada de decisões. Diante disto, Machado (2004) afirma que ainda

que existam oportunidades e barreiras à inovação, o ambiente “pró- inovação” deve ser um

dos principais objetivos pretendidos ao se estimular ações inovadoras em conformidade com a

cultura organizacional.

Logo, a cultura organizacional pode se apresentar tanto como um incentivo quanto

como um obstáculo à inovação. Nessa perspectiva, cabe ao setor gerencial instituir um

ambiente propício à criação de novas ideias, o que inclui a eliminação de restrições que

impeçam a criatividade dos indivíduos. Além de promover o trabalho interdepartamental e

cooperativo (ARRUDA; BARCELLOS, 2009).

Drucker (2002), apud Arruda, Rossi e Savaget (2010), sugere que as empresas devem

se preocupar igualmente com duas questões. Por um lado devem ser capazes de proporcionar

um ambiente favorável à inovação assumindo riscos e identificando novas oportunidades de

inovar. Por outro lado, devem também se preocupar com a gestão dos recursos internos a fim

de garantir a consolidação das iniciativas de inovação. Com isso, os entraves a esse processo

poderão ser minimizados, a partir do momento em que os colaboradores se conscientizarem

da importância da estratégia de inovação.

Page 22: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

21

O comprometimento de toda a equipe de trabalho, bem como o reconhecimento de que

a inovação é parte fundamental da estratégia organizacional podem trazer alguns benefícios

como: a possibilidade de que as pessoas percebam isso a partir dos resultados e aprendam

com eles; a escolha de gerentes para se tornarem líderes de inovação o que ajuda na

disseminação do conhecimento e no desenvolvimento da competência inovadora e o estímulo

às iniciativas empreendedoras dentro da organização, o que pode contribuir para progresso da

organização e de seus membros. Diante disso, Barsh, Capozzi e Davidson (2008, apud

SILVA, 2013, p. 47) sugerem três possíveis maneiras de viabilizar a cultura de inovação nas

empresas: “envolvimento de toda a equipe não só do sênior na inovação; criação de

oportunidades aos colaboradores de destaque e seleção de gerentes para conduzirem a

experiência e conseguirem resultados rápidos.”

De acordo com o Núcleo de Competitividade da Fundação Dom Cabral a única

variável competitiva que justifica, de maneira coerente, o crescimento econômico diz respeito

à sua capacidade de promover a inovação, não apenas tecnológica, mas também de produtos,

processos, modelos de gestão e negócios. Ainda nesse estudo foram elencados quatro fatores

principais que têm impacto direto sobre o sucesso das iniciativas de inovação nas

organizações. São eles: a cultura organizacional, os processos, a gestão e os recursos

humanos. Com relação à cultura organizacional foram apontados opostos às iniciativas de

inovação: o conservadorismo, o excesso de burocracia e a aversão ao risco. No que diz

respeito aos processos foram identificados como fatores prejudiciais à inovação a falta de

clareza, de organização e de comunicação entre os atores envolvidos. O elemento gestão

apresentou um número maior de determinantes negativos, sendo eles: a ausência de líderes, a

falta de patrocinador, a falta de agilidade e de feedback das ações, bem como o foco no curto

prazo e as dificuldades em ouvir críticas e identificar erros. Por último, em relação à gestão de

recursos humanos foram identificados como negativos, a ausência de políticas de incentivo à

geração de inovação, o ambiente não inspirador e pouco propício à inovação, a falta de

sinergia entre as áreas e equipes e as barreiras individuais, como medo de críticas e exposição

(ARRUDA; BARCELOS, 2009).

Além dos elementos já mencionados, o estabelecimento de um processo sistemático e

progressivo de recebimento de informações sobre as demandas e expectativas dos

consumidores, bem como a comunicação interna para transmissão dessas informações

também são fatores fundamentais para o sucesso das iniciativas de inovação. Esta

comunicação interna permite o alinhamento das informações entre os atores envolvidos e

Page 23: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

22

reduz a assimetria de informação. Muitas empresas são estruturadas em diferentes equipes de

trabalho, com suas respectivas funções. Isso, muitas vezes, dificulta o processo de integração

e cooperação (ARRUDA, ROSSI; SAVAGET 2010).

Para que membros da organização sintam-se motivados a adotar posturas inovadoras, a

alta gestão deve possibilitar um espaço para exposição de ideias de maneira confortável. Os

gerentes devem permitir que as equipes de trabalho colaborem nos processos de tomada de

decisão em assuntos relacionados à inovação, transmitindo sensação de confiança e

valorização das ideias propostas. Arruda e Barcellos (2009) defendem que essas

características motivam mais do que recompensas monetárias Nesses termos, torna-se

imprescindível o fortalecimento de mecanismos de gestão da inovação com o propósito de

garantir a padronização de informações e conhecimentos em todas as etapas do processo de

criação e concepção dos produtos e serviços. Além disso, a gestão da inovação também deve

se preocupar em monitorar tanto as melhorias, quanto as perdas oriundas dos processos

inovadores. Nesse sentido, a gestão deve apontar as falhas do processo, buscando inclusive

mecanismo de correção. Os resultados podem ser medidos, segundo Gomes e Kruglianska,

(2009 apud SILVA, 2013), por meio de indicadores de inovação, já que esses dados podem

ser fonte primordial de informações para as organizações na busca de maior competitividade

no mercado.

2.3 Inovação na gestão pública

Segundo Tângari e Gonçalves (2012), o modelo burocrático esteve presente na

administração pública brasileira desde 1936 e, de acordo com seus princípios norteadores, a

impessoalidade, a racionalidade e a neutralidade eram as diretrizes que orientavam o

funcionamento da máquina pública. No entanto, o argumento de melhora da eficiência na qual

estava baseada não se mostrou verdadeiro. Na realidade, a administração pública teria se

apresentado lenta, cara e pouco orientada ao atendimento das demandas sociais. O Estado

aumentou e por isso precisou assumir um número crescente de atribuições, de serviços sociais

e de responsabilidades econômicas. Com isso, as barreiras causadas pela ineficiência teriam

vindo à tona exigindo do Estado a busca por novas formas de gestão.

A década de 1980 trouxe uma onda de movimentos de reforma do Estado ao longo do

mundo, que foram impulsionadas pela crise do capitalismo nos países centrais e pela ascensão

do modelo neoliberal. Emerge nesse momento, segundo Bresser Pereira e Spink (1988), um

Page 24: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

23

novo modelo de ação governamental que trouxe novos atributos à administração pública,

sendo os principais: a descentralização política por meio da transferência de recursos e

atribuições para esferas locais; a descentralização administrativa, através da delegação de

autoridade buscando reduzir a assimetria de informação; organizações com poucos níveis

hierárquicos; o pressuposto da confiança limitada e não da desconfiança total; o controle

contratual pautado em resultados, ao invés do controle rígido e a administração voltada para o

atendimento do cidadão ao invés de autorreferida.

O desenvolvimento dessas ações foi pautado no fortalecimento do paradigma

neoliberal e na instituição do gerencialismo que buscavam introduzir no modelo público

burocrático experiências do setor privado. Esse paradigma propunha substituir a ênfase em

procedimentos pela orientação para resultados que refletissem as demandas de serviços

públicos por parte da população. Além de viabilizar práticas de gestão capazes de flexibilizar

o Estado, trazendo inovação e agilidade às suas ações e propósitos. Nesse contexto, destacam-

se, como relevantes, questões como a qualidade dos serviços prestados, a eficiência, a

satisfação do cidadão usuário, a accountability, a democratização do acesso e da participação

do cidadão na elaboração das políticas públicas e a transparência (VILHENA, 2012). A ideia

subjacente centrar-se-ia na reestruturação da administração pública, com o objetivo de

adequar suas características aos desafios postos pela crise e pela sociedade. Foi nesse

ambiente de mudanças que as políticas de inovação foram tomando forma no Estado.

Embora o conceito de inovação na gestão pública seja bastante genérico, existem

diversas formas de entender e lidar com essa questão. Inovar não é simplesmente ter novas

ideias, mas principalmente ser capaz de adequá-las aos processos organizacionais

promovendo consequências desejáveis para o Estado e para a sociedade. Desse modo, inovar

na administração pública significa buscar novos caminhos para melhorar a produtividade e a

utilização dos recursos públicos, por meio da reformulação ou alteração de práticas

tradicionais, que não estejam aptas a produzir bons resultados nas áreas econômicas, sociais e

ambientais, entre outras, que são alvos das políticas públicas (MINAS GERAIS, 2013b).

A inovação no setor público pode-se dar tanto pela ruptura com a forma de

desenvolver política pública, melhorando a qualidade da gestão e ampliando o acesso aos

bens e direitos quanto pela ruptura com as práticas políticas existentes, como o

assistencialismo e o clientelismo ou ainda pela ampliação e aperfeiçoamento da relação com o

cidadão (JACOBI; PINHO, 2006).

Page 25: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

24

Nesse sentido, as políticas de inovação do Estado podem estar associadas à introdução

de mecanismos democratizantes e com a extensão dos espaços de participação social.

Segundo Farah (2005), inovar na gestão pública implica na descentralização e incentivo à

participação como forma de democratizar as decisões e o acesso a serviços públicos. Para ela,

a inovação na área pública engloba produtos e processos com um sentido diferente do usado

na iniciativa privada. Nessa perspectiva, os produtos da ação governamental são as políticas

públicas e os programas com foco nas demandas do cidadão enquanto os processos dizem

respeito ao modo como essas ações serão formuladas e implementadas pela administração

pública.

O cidadão demanda serviços públicos de boa qualidade, portanto os problemas sociais

devem ser tomados como fonte para os gestores públicos encontrarem ideias inovadoras que

causem impacto na qualidade de vida e no bem estar social.

Nos últimos anos, vários estados brasileiros tais como Minas Gerais, São Paulo, Ceará,

Bahia e até mesmo o Governo Federal, têm buscado modernizar a sua gestão a fim de torná-la

mais dinâmica e inovadora. A lógica que orienta a reformulação da máquina pública baseia-se

no fato que, no atual contexto, o cidadão tem maior acesso às informações e com isso passa

ter maior consciência de seus direitos. Logo, o governo e as demais instituições públicas são

pressionados a oferecer bens e serviços que atendam às expectativas e anseios sociais e que

efetivamente melhorem a qualidade de vida da população. Assim, visto que a sociedade passa

a reivindicar por efetividade na execução das políticas públicas bem como fiscalizar com

maior intensidade, não há outra saída para o estado senão adotar medidas mais claras para a

utilização dos recursos públicos. Além disso, deve se preocupar em desenvolver mecanismos

que possibilitem maior participação social na elaboração das políticas públicas (MEDEIROS;

ROSA; NOGUEIRA 2008 apud NOGUEIRA; NOGUEIRA 2013).

Segundo Soares (2009), o modelo gerencial adotado no setor público brasileiro

permitiu o desenvolvimento de um ambiente propício à inovação. Entretanto, a realidade da

administração pública ainda apresenta diversos obstáculos para a concepção e implantação de

práticas inovadoras. Para Valério (2011), o principal obstáculo encontrado pela administração

pública para o desenvolvimento de políticas de inovação são os aspectos culturais e a herança

de experiências patrimonialistas e burocráticas. Segundo a autora, essas características

dificultam a estruturação de políticas institucionais voltadas ao estabelecimento de ambientes

propícios às ideias criativas.

Page 26: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

25

Para que as políticas de inovação sejam bem sucedidas precisam, inicialmente, ser

bem compreendidas, pelos atores envolvidos, e aceitas como elemento fundamental na

execução da estratégia governamental. Nesses termos, a criação de informação, sua

transmissão e recepção são fundamentais para difundir e gerar os resultados esperados pela

inovação.

Segundo Alberti e Bertucci (2006 apud FERRAREZI, AMORIM e TOMACHESKI,

2010) a sustentabilidade das ações de inovação no Estado somente gera os efeitos esperados

quando é institucionalizada. O processo de institucionalização pressupõe inicialmente a

identificação de um problema que dificulte ou impossibilite a execução das atividades

organizacionais. Posteriormente os membros da organização devem se concentrar na

elaboração de um planejamento estratégico que vise solucioná-lo. Este planejamento consiste

em ações que promovam alguma mudança na estrutura vigente por meio de um plano de ação

definido e implementado pela equipe. Este último deve ser controlado e monitorado a fim de

garantir melhores resultados.

Além disso, este processo pressupõe a documentação de todos os passos para a

instituição da inovação, bem como dos resultados alcançados por meio desta, com a finalidade

de garantir que outros indivíduos tenham conhecimento e possam disseminar essas práticas. A

partir disso, possibilita-se uma maior coordenação e integração entre a prática vivenciada pela

organização e a cultura organizacional, o que facilita a instucionalização das políticas de

inovação organizacional.

Ainda nessa análise, Osborne e Brown (2005 apud FERRAREZI, AMORIM e

TOMACHESKI, 2010) acreditam que promover um ambiente receptivo à inovação, bem

como dar continuidade aos processos iniciados são fatores críticos e que dificultam a

continuidade das iniciativas de inovação.

Diante disso, vale destacar alguns dos principais obstáculos identificados para a

implementação das políticas de inovação na administração pública. Estes também se

relacionam com os elementos mencionados anteriormente pelo Estudo da Fundação Dom

Cabral, ambos evidenciam a importância do fortalecimento da estrutura interna das

organizações como suporte às políticas de inovação. De acordo com Mulgan e Albury (2003)

apud Silva (2013) deve-se destacar alguns dos principais obstáculos às políticas de inovação

no Estado. A figura 1 evidência as principais barreiras apontadas pelos autores.

Page 27: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

26

Figura 1 – Barreiras à inovação governamental

Fonte: (SILVA, 2013, p. 53).

As barreiras apresentadas comprovam que as dificuldades relativas ao

desenvolvimento da inovação no setor público estão diretamente relacionadas ao seu

funcionamento interno das organizações. Com isso, percebe-se que, na administração pública,

a cultura organizacional, também é um ponto de extrema importância a ser trabalhado pela

gestão de inovação, na medida em que existe uma grande dificuldade em abandonar velhas

rotinas e pensar diferente.

Por último, vale ressaltar que segundo Valério (2011), existem ainda alguns

elementos que seriam favoráveis ao desenvolvimento de políticas de inovação no setor

público, que podem ser subdivididos em cinco dimensões diferentes: (I) estratégia, (II)

cultura, (III) estrutura, (IV) processos e (V) indicadores. Em relação à dimensão estratégica

pode-se destacar a utilização de uma abordagem sistêmica na organização, por meio de

integração entre os indivíduos, as atividades e os problemas. Nesse sentido, cabe o

desenvolvimento de uma análise sistêmica acerca de como os problemas encontrados durante

o processo de concepção e implementação das políticas são capazes de interagir e influenciar

em outros aspectos do funcionamento organizacional. Além disso, deve haver uma interação e

coordenação interorganizacional, a fim de efetivar o planejamento e implantação da inovação.

A adoção de mecanismos de fomento à captura e disponibilização de recursos para projetos de

inovação governamental também é importante nesse processo.

Page 28: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

27

No que diz respeito à dimensão cultural, pode-se adotar o incentivo por

meio de ampliação de recompensas financeiras ou de reconhecimento para equipes e

indivíduos que tenham alguma iniciativa inovadora. Nessa perspectiva, faz-se importante a

criação de um ambiente exclusivo para recebimento e teste de ideias inovadoras advindas do

ambiente interno e externo. Todavia, essas ações têm maior êxito quando ocorre o

envolvimento da alta gestão e o seu comprometimento com a forma de manutenção da

inovação e criação de uma cultura pró-inovação.

A dimensão estrutural tem sua importância, na medida em que garante a

disponibilidade de todas as habilidades necessárias ao efetivo desenvolvimento da inovação

(competências organizacionais e individuais), além de realizar o exercício da inteligência

competitiva e garantir recursos para o desenvolvimento da inovação. Também é papel dessa

dimensão, promover o envolvimento dos setores privados/ voluntários, bem como o

comprometimento dos cidadãos e a administração das expectativas de todas as partes afetadas

pela inovação.

Os processos devem ser capazes de promover o fortalecimento da

capacidade de gestão através da utilização de novas tecnologias, do aprimoramento das

ferramentas disponíveis e da criação de instrumentos específicos para a condução da

estratégia de inovação. Já os indicadores são de extrema importância para a avaliação dos

resultados, para a promoção da aprendizagem organizacional e para a correção dos erros

detectados. A utilização de indicadores possibilita o aprimoramento da estratégia de inovação,

bem como o alcance de melhores resultados para a sociedade.

O estudo realizado neste primeiro capítulo teve como objetivo principal

evidenciar a importância das práticas inovadoras para o ambiente organizacional. O primeiro

passo nesse sentido foi o esclarecimento acerca do papel das inovações nos processos

produtivos, como impulsionadora do desenvolvimento econômico e do aumento de

competitividade. Posteriormente, esta análise foi ampliada a fim de compreender a relação

existente entre as inovações organizacionais e a melhora da eficiência na gestão pública,

principalmente no que tange os processos de democratização do acesso e da participação

social na elaboração das políticas públicas, melhora na efetividade das ações governamentais

e maior qualidade na prestação dos serviços à população. O foco do presente capítulo é

possibilitar um maior esclarecimento sobre a importância do desenvolvimento e incentivo de

políticas de inovação no setor público. Nesse sentido, o primeiro capítulo ainda evidenciou

Page 29: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

28

algumas práticas e posturas que podem ser adotadas pelas organizações para a implementação

da inovação, bem como apresentou as principais barreiras enfrentadas durante esse processo.

Um dos elementos fundamentais para o sucesso de uma política de inovação

organizacional consiste no estabelecimento de diretrizes a serem seguidas e, que devem

nortear os projetos e ações inovadores desenvolvidos pela organização. Nessa perspectiva o

Estado de Minas Gerais definiu três diretrizes principais para orientar a elaboração e

implementação de seus projetos de inovação organizacional, que serão discutidas no próximo

capítulo.

Page 30: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

29

3 DIRETRIZES PARA POLÍTICAS DE INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA

O Estado de Minas Gerais a fim de alcançar os benefícios proporcionados pela

introdução de práticas inovadoras na gestão definiu como parte de seu planejamento

estratégico o desenvolvimento de projetos de inovação organizacional através da instituição

da Política de Inovação na Gestão Pública7 (PIGP). Não obstante, para a concretização dos

objetivos pretendidos pelas políticas de inovação organizacionais, sobretudo no setor público

faz-se necessária a definição de algumas diretrizes a serem seguidas. Estas devem nortear as

ações dos gestores para o alcance da estratégia de inovação definida pela organização.

O presente capítulo pretende evidenciar a importância do estabelecimento de

diretrizes para a implementação de políticas de inovação organizacional no Estado. De acordo

com a Política de Inovação na Gestão Pública definida pelo Estado de Minas Gerais

(Resolução nº53 de julho de 2012) as diretrizes responsáveis por nortear os projetos de

inovação na gestão pública local, que serão estudados neste capítulo, são: valor público,

inovação aberta e aprendizagem organizacional.

A discussão realizada neste capítulo será fundamental para a compreensão da análise

de resultados do capítulo 5, que busca identificar em que medida estas diretrizes foram

contempladas pelos projetos estudados.

O capítulo encontra-se dividido em três seções, a primeira trata sobre o conceito de

valor público e seu papel na construção das políticas de inovação, destacando sua importância

para o cidadão. A segunda parte explica o desenvolvimento da inovação aberta, bem como

evidencia sua relevância no que diz respeito à garantia da participação social na formulação

das políticas de inovação. Por último, a terceira sessão aborda o conceito de aprendizagem

organizacional, com enfoque no papel da cultura organizacional enquanto incentivo ou

desestímulo à inovação.

3.1 Valor Público

De acordo com a Política de Inovação do Estado de Minas Gerais, os projetos de

inovação do Estado devem priorizar as iniciativas que gerem impacto positivo na redução dos

custos, sendo capazes de gerar receita para o Estado, além de fomentar, promover e coordenar

ações de simplificação e desburocratização de processos intergovernamentais, entre o Estado

7 Conforme explicação nota de rodapé p.1, esta política será discutida com maiores detalhes no próximo capítulo.

Page 31: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

30

e a sociedade. Por último deve (...) “alcançar resultados que efetivamente atendam às

demandas sociais, dotados de legitimidade, eficiência e que, dessa forma, proporcionem a

alteração em aspectos sociais por meio do valor público percebido pelo cidadão” (MINAS

GERAIS, 2013b, p. 270).

Segundo Moore (2007), um número significativo de cidadãos têm perdido a fé em seus

governantes. Muitos deles não conseguem mais acreditar que o governo seja capaz de

defendê-los de ataques como as guerras, o terrorismo, a violência étnica ou os crimes que

surgem em cada país. Além disso, se apavoram com a crescente corrupção que acaba

prejudicando a capacidade do Estado de assegurar direitos constitucionais básicos, tais como

o direito à propriedade, à governança democrática e os direitos humanos. Duvidam da

competência do setor público em garantir emprego, aumentar o bem-estar social e prover,

níveis mínimos de saúde e educação. Diante disso, os indivíduos têm questionado até mesmo

a competência da administração pública em fornecer bens e serviços de qualidade. Em

contrapartida, a população parece aumentar seu nível de confiança no setor privado, já que

não pode contar com os serviços públicos de qualidade e que atendam às suas demandas.

Buscam por meio das organizações privadas satisfazer suas necessidades.

Analisando alguns dos desdobramentos provocados pela onda de reformas

administrativas desencadeadas na década de 80, cabe destacar o surgimento do conceito de

valor público. Dentro dessa análise é importante estabelecer uma relação entre a criação de

valor público no setor privado e sua utilização no setor público. À medida que os métodos

gerenciais ganharam destaque criou-se o conceito de valor para empresas privadas, que foi

aos poucos sendo apropriado pela gestão pública.

No entanto, nem sempre transferir as experiências vivenciadas da esfera privada para a

pública é a melhor opção. Isso se deve ao fato de que o Estado tem suas especificidades, além

do que visam alcançar objetivos distintos e atender públicos alvos com expectativas

diferentes.

No que diz respeito à gestão de empresas, os gerentes de negócio buscam criar valor

para o cliente, para isso desenvolvem produtos/serviços que possam ser vendidos aos clientes

por preços que sejam capazes de gerar lucros para as empresas. Em contrapartida, nas

organizações públicas, a criação de valor público, é desempenhado pelos gestores públicos

através das políticas públicas.

Page 32: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

31

Moore (2002) cita como exemplo a criação de valor público pelos gestores por meio

de decisões que beneficiem os cidadãos e aumentem seu nível de bem-estar, tais como:

defender o país de inimigos estrangeiros, manter as ruas limpas e seguras, educar as crianças,

proteger os cidadãos contra desastres naturais ou humanos. É a partir de decisões como essas

que a administração pública cria valor para a sociedade.

Segundo Martins e Marini (2008), existem algumas especificidades das organizações

públicas que as distanciam da iniciativa privada e que devem ser levadas em consideração no

processo de formulação das políticas públicas. Enquanto as organizações de mercado são

comandadas pela liberdade advinda da vontade privada, as instituições públicas devem se

submeter ao cumprimento de alguns princípios norteadores (supremacia do interesse público,

continuidade da prestação do serviço público e legalidade). Isso porque o funcionamento do

Estado depende dos recursos públicos, adquiridos a partir das contribuições compulsórias dos

cidadãos e devem ser empregados a fim de garantir a prestação de um serviço público

eficiente e da promoção do bem estar comum. Sendo assim, não cabe à administração pública

fazer distinção entre as pessoa. Tratamentos diferenciados devem estar restritos aos casos

previstos em lei. Para garantir o cumprimento dessas questões faz-se fundamental o controle

social, essencial na gestão pública democrática, o que inclui garantia de transparência das

ações públicas e a institucionalização de canais de participação social.

Por isso, o conceito de valor público admite mais de uma definição. De acordo com

Barry Bozeman (2007):

(...)os valores públicos de uma sociedade são consensos normativos sobre: (a)

direitos, benefícios e prerrogativas às quais os cidadãos fazem ou não jus; (b) as

obrigações dos cidadãos para com a sociedade, para com o Estado e entre Estado e

sociedade e (c) os princípios sob os quais devem ser baseadas a administração e as

políticas públicas(...) (BOZEMAN apud RIBEIRO et al. 2013, p. 9)

Ainda nesse sentido, o autor afirma que o valor público é o elemento mais importante

a ser tratado nas políticas públicas, e que apesar de sua relevância é extremamente difícil de

ser gerenciado (RIBEIRO et al. 2013).

De maneira semelhante Moore (2007), afirma que a avaliação e a identificação dos

valores públicos é uma tarefa bastante difícil. Com o fim de facilitar essa análise o autor lista

alguns valores que são importantes como: transparência, accountability, produtividade,

efetividade, bem comum e interesse público.

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32

Diante disso, Moore (2002) destaca que além de gerar, a partir das políticas públicas,

resultados que criem valores, os gestores públicos também devem ser capazes de mostrar que

os efeitos gerados por estes resultados, valem o “preço” que a sociedade paga por eles. Este

preço também pode ser calculado através do consumo privado, na medida em que esse deixa

de ser realizado em razão dos recursos gastos pelo cidadão no pagamento de impostos. O

valor proporcionado pelos resultados das ações governamentais ainda devem ser superiores à

restrição de liberdade individual definida pelo governo. Nesse sentido, percebe-se que, muitas

vezes, as instituições públicas que desempenham papel regulador de definir os deveres e

delimitar os direitos, não são bem vistas pela sociedade. Logo, somente quando os benefícios

gerados pelas ações públicas são maiores que os prejuízos advindos da diminuição do

consumo privado e da restrição da liberdade individual é que os gestores podem afirmar que o

valor público foi criado, certificando, assim, benefícios aos cidadãos na prestação de serviços.

Nesses termos, a criação de valor público diz respeito à capacidade da administração

pública em oferecer respostas efetivas às necessidades ou demandas da sociedade a partir da

percepção de legitimidade das ações, além disso deve ter um caráter de coletividade e gerar

resultados que promovam mudanças sob aspectos sociais desejáveis.

3.2 Inovação Aberta

Conforme definição da Política de Inovação do Estado o processo de

inovação aberta se dá, na medida em que a administração pública procura incentivar o

trabalho colaborativo na organização, com o objetivo de integrar os atores internos e externos,

por meio da criatividade, proatividade e sustentabilidade. Além disso, deve estimular a

participação da sociedade, tanto na utilização de suas ideias como objeto de projetos

inovadores, quanto na avaliação dos resultados (TÂNGARI e GOLÇALVES,2012).

Na administração pública atual, o envolvimento dos cidadãos no processo

de desenvolvimento das políticas públicas é limitado; praticamente é exercida apenas nas

fases de avaliação final de algum serviço específico. Não é comum que o governo se

preocupe, ou tome providências a fim de proporcionar ao cidadão uma experiência de diálogo

bilateral com as administrações públicas. “Na maioria dos casos, há uma total ausência de

métodos organizados e legalmente suportados para a participação direta dos cidadãos no

processo de inovação e tomada de decisão” (ASKOUNIS, et al. 2012 apud FREITAS E

DACORSO 2014, p. 6).

Page 34: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

33

Chesbrough (2003 apud SILVA 2013, p. 17) foi o responsável por

desenvolver o conceito de Inovação Aberta com o propósito de evidenciar uma nova forma de

relacionamento entre as organizações e o mundo externo. Nesse caso, as organizações podem

captar ideias externas para melhorar seu desempenho e com isso alavancar seu

desenvolvimento, além de fazer o compartilhamento das próprias inovações. Para ele o

conhecimento essencial ao processo de inovação não se encontra em um único lugar, ele está

disseminado dentro e fora das organizações e para que a ação governamental tenha o máximo

de efetividades ambas devem se somar. “(...) Inovar é mais do que apenas investir em

pesquisa científica. Também é pensar em novos modelos de negócio, manter cooperação com

os clientes e consumidores e atrair a participação de fontes externas de conhecimento”.

O sucesso da inovação aberta no setor privado acabou despertando

curiosidade sobre a aplicabilidade desta nas organizações públicas. Foi nesse contexto que

surgiu a Open Government Partnership (OGP), uma iniciativa internacional, que surgiu com o

propósito de estabelecer compromissos com os governos de diversos países para promover

valores como transparência, aumento da participação cívica, combate à corrupção e

aproveitamento de novas tecnologias para tornar a gestão pública mais aberta, eficaz e

responsável (FREITAS; DACORSO, 2014).

A concretização das iniciativas de inovação aberta na área pública

evidenciou-se a partir de 2009 quando Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Nova Zelândia

passaram a tornar públicas as informações do Estado. No Brasil, foi realizada uma parceria

entre a Open Government Partnership (OGP) e o governo federal com o intuito de publicizar

as ações públicas. Segundo Torres (2007 apud FREITAS; DACORSO, 2014, p. 7), a

bibliografia especializada define três tipos de relações que podem existir entre o governo e

terceiros: “G2G (relações intragovernos e intergovernos), G2B (relações estabelecidas entre a

administração pública e seus fornecedores) e G2C (relações entre o governo e os cidadãos)”.

Os tipos de relação entre o estado e outros atores, bem como as possibilidades de ação

realizadas em cada um dos casos estão evidenciados no quadro 1 abaixo:

Page 35: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

34

Quadro 1 – Tipos de relações externas do Governo

Fonte: Adaptado de Torres (2007, apud FREITAS; DACORSO, 2014, p. 7).

As organizações que desenvolvem mecanismo de aproximação dos agentes externos

ao seu modelo de negócio mostram-se mais efetivas na geração de valor e receita do que as

organizações que inovam apenas em produtos/serviços, sem promover a participação externa.

(ARRUDA; BARCELLOS, 2009)

Segundo Hilgers e Piller, (2011, apud FREITAS; DARCOSO, 2014) a abertura do

processo de inovação aberta no setor público desenvolve-se em três fases. Na etapa inicial, a

inovação aberta implica transparência. Nesse momento, o setor público deve-se atentar para a

publicação de todos os seus atos de políticas e práticas administrativas, que sejam de

conhecimento relevante para a sociedade. Além disso, tem-se a exigência constante da

eficiência e eficácia dos processos, transparência e rastreabilidade. Nessa fase começa-se a

introduzir a ideia de participação dos clientes/cidadãos na administração pública.

Durante a segunda etapa, a transparência transforma-se em participação. Neste

momento, o envolvimento dos cidadãos passa a ser imprescindível para institucionalizar

relações diretas, flexíveis e transparentes entre Estado e sociedade, através da garantia dos

direitos (JACOBI; PINHO, 2006). Diante disso, esta fase estabelece um novo conceito de

democracia, que parte da aproximação entre cidadãos e Estado e que aumenta a aceitação das

Page 36: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

35

ações governamentais. Assim sendo, o governo pode buscar apoio de ações nas habilidades e

conhecimentos dos cidadãos.

Por último, na terceira etapa, a participação promove criação de valor de forma

colaborativa e interativa com o ambiente externo. Os autores ainda pontuam que a base desse

mecanismo é o argumento de que a inovação aberta é capaz de tornar mais eficaz os processos

da administração pública. Os autores ainda propõem que, para além das reformas

administrativas tecnocráticas, é importante reforçar os instrumentos de cooperação intra-

administrativa. Isso acontece, por meio da adoção de um sistema no qual as organizações

estabeleçam comunicação direta com outros órgãos públicos, empresas, redes e cidadãos.

Nessa perspectiva, para garantir que suas ações gerem valor público, o Estado deve

atuar em parceria com o maior número de atores possível. Diante disso, o papel da

administração pública se estende para a construção da inteligência com os cidadãos, as

empresas, outros órgãos e até mesmo outros países, por meio de compartilhamento de

experiências e novas ideias, fundamentais no processo de adaptação às mudanças do ambiente

(ANGELIS, 2013).

3.3 Aprendizagem Organizacional

Em relação ao mecanismo de inovação implementados a partir da Política de Inovação

na Gestão Pública do Estado, a aprendizagem organizacional deve possibilitar o

desenvolvimento e a mudança dos sistemas de valores e de conhecimentos de inovação.

Também é papel desta, promover a melhoria das capacidades de ação e de resolução de

problemas dos servidores públicos. Além disso, estabelece mecanismos de articulação entre as

organizações públicas e privadas, nacionais e estrangeiras, para promover o intercâmbio de

informações sobre inovação na gestão pública. Por último, incentiva a disseminação de

experiências entre os entes federados (TÂNGARI; GOLÇALVES,2012).

Nas últimas duas décadas tem aumentado o número de estudos sobre o tema de

aprendizagem no contexto das organizações, baseado na percepção de que a aprendizagem e

inovação juntas têm muito a contribuir para a sobrevivência em contextos competitivos e

dinâmicos.

Diante disso, faz-se necessário que as organizações, tanto públicas quanto privadas,

ampliem sua habilidade de adaptação às mudanças. Nessa perspectiva, transformar-se em uma

Page 37: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

36

organização de aprendizagem, com foco em inovação, apresenta-se como uma alternativa para

os obstáculos impostos pelo ambiente e para o ganho de produtividade. Entretanto, esse

processo somente é possível com o envolvimento e comprometimento das pessoas que

compõem o ambiente organizacional (FISCHER, 2002).

A partir do fortalecimento dos mecanismos de aprendizagem é que as organizações

tornam-se aptas a desenvolver as competências necessárias para a realização de suas

estratégias. No setor público, mudanças econômicas e financeiras, nas relações com a

sociedade e as empresas, no meio-ambiente e nas políticas públicas promovem uma nova

configuração nos cenários políticos, econômico e ambiental. Com isso, surgem novas

demandas e os governos precisam redefinir seu posicionamento. Essas mudanças exigem do

poder público, um novo comportamento em relação aos serviços prestados à população. Esse

processo pode acontecer através dos gestores, responsáveis por conduzir os processos; ou por

meio das atividades desempenhadas pelos servidores públicos, os quais devem buscar adquirir

novos conhecimentos e habilidades para concretizar os processos de mudança necessários

(AQUINO; LEITE, 2010).

O conceito de aprendizagem organizacional (AO) ganhou maior destaque a partir dos

anos de 1980, e foi aos poucos sendo incorporada aos princípios e práticas administrativas

(GARRATT, 1999 apud RUAS; ANTONELLO; BOFF, 2005). Por essa razão, leva em

consideração o estudo de diversos fatores como estratégia da organização, cultura, estrutura,

capacidade de absorção, resolução de problemas, competências, participação dos

funcionários, etc.

As teorias de aprendizagem organizacional encontram-se hoje atreladas à

administração, principalmente no que tange a compreensão do que pode facilitar ou dificultar

os processos de mudança (do tipo novas estratégias, novos métodos e práticas de trabalho,

etc). Sob a perspectiva da teoria sobre mudança organizacional, o conceito de aprendizagem

ganha destaque por seu caráter dinâmico e integrador. Logo, os processos de aprendizagem

não só valorizam a tendência à mudança contínua nas organizações, por meio da inovação,

como também realizam análises sob diferentes dimensões: individual, coletiva e

organizacional.

A aprendizagem organizacional é entendida como a busca pela manutenção da

competitividade, da produtividade e da inovação em condições tecnológicas e de mercado

incertas. Na literatura, normalmente é definida como os mecanismos pelos quais as

Page 38: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

37

organizações criam e organizam conhecimentos e rotinas em sua cultura, bem como adaptam

e desenvolvem eficácia em suas ações por meio do desenvolvimento e aproveitamento das

inúmeras competências de seus recursos humanos (SOUZA, 2004).

A aprendizagem organizacional pode ser definida como:

[...]um processo de identificação e correção de erros e apresenta-se nas formas de

laços ou circuitos simples ou duplos. Na aprendizagem de circuito simples, o

indivíduo busca o aprimoramento e a melhoria contínua de suas tarefas por meio da prática e repetição rotineira, preservando seus pressupostos e valores de base. Na

aprendizagem de circuito duplo, há questionamentos e alteração dos valores

fundamentais da organização, pois há exploração e acesso a novas informações. A

ação corretiva dá-se por intermédio de mudança e inovação nas práticas, valores e

pressupostos do sistema, considerando interações com o ambiente. Seu impacto é

muito maior e pode ocasionar mudanças profundas na cultura da organização

(AQUINO, LEITE, 2010, p. 3).

De acordo com a análise de Ruas, Antonello e Boff (2005) foram definidos seis focos

ou ênfases para abordar a aprendizagem organizacional: aprendizagem individual,

aprendizagem coletiva, cultura, gestão do conhecimento, melhoria contínua e inovação, os

quais se encontram envolvidos por uma noção mais ampla na noção de mudança. A figura 2

demonstra os seis focos da aprendizagem organizacional, que serão explicadas a seguir.

Figura 2: Focos da aprendizagem organizacional

Fonte: (RUAS; ANTONELLO; BOFF, 2005, p.17).

A investigação da aprendizagem organizacional tem ganhado destaque no

entendimento dos processos de mudanças e de como atuar de maneira eficiente diante desse

Page 39: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

38

contexto. Logo, tendo como foco de discussão a introdução de mudanças, cabe aqui

apresentar os seis focos de análise mencionados acima.

3.3.1 Aprendizagem individual e coletiva

A dimensão individual é foco de estudo de vários modelos, que foram desenvolvidos

ao longo do tempo com o propósito de buscar uma melhor explicação para o processo de

aprendizagem. Dentre esses, pode-se citar o de aprendizado experiencial, o qual foi

fundamentado em trabalhos como o de Dewey, Lewin e Piaget. De acordo com esses autores,

o processo de aprendizado envolve inúmeros comportamentos e sentimentos como tensão e

conflito, observação e reflexão, bem como faz parte desse processo uma permanente revisão

dos conceitos vigentes. Ainda nesse sentido sugere-se a existência de um ciclo de

aprendizagem vivencial, no qual ele compreende a aprendizagem como um ciclo quadrifásico

composto por experiência, reflexão, pensamento e ação (RUAS; ANTONELLO; BOFF,

2005).

Nessa perspectiva, o sistema de AO torna-se completamente dependente da

aprendizagem individual a qual está diretamente atrelada ao conhecimento compartilhado por

todos os membros da organização (SHRIVASTAVA, 1983 apud RUAS; ANTONELLO;

BOFF, 2005). Logo, a aprendizagem organizacional acontece sempre que os indivíduos

vivenciam uma situação problemática e a investigam com o propósito de identificar as lacunas

entre o esperado e o que efetivamente foi realizado. A partir disso, buscam soluções para os

problemas por meio de um processo de pensamento e ações que os fazem alterar seu

comportamento inicial e redefinir a estrutura de suas atividades de forma a alcançar os

resultados previamente esperados. “Sob essa análise a aprendizagem organizacional é, de

certo modo, a socialização da aprendizagem individual dentro da organização” (RUAS;

ANTONELLO; BOFF, 2005, p. 20).

Já a dimensão coletiva da aprendizagem é tratada como um mecanismo pelo qual as

organizações compreendem e coordenam suas experiências (GLYNN et al. 1992 apud RUAS;

ANTONELLO; BOFF, 2005). Como afirmou Argyris, (1977 apud RUAS; ANTONELLO;

BOFF, 2005, p.19), “os indivíduos aprendem como parte de suas atividades diárias,

especialmente quando entram em interação com os outros e com o meio exterior”. Nesse

sentido, a aprendizagem acontece quando os indivíduos da organização cooperam para atingir

Page 40: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

39

objetivos comuns. O sistema, em sua globalidade, aprende ao obter feedback do ambiente e

antecipa mudanças posteriores.

De acordo com Walsh e Ungson (1991) citados por Ruas, Antonello e Boff (2005)

enxergar a instituição através do olhar da AO diz respeito à construção de conhecimento sob a

perspectiva de duas análises principais: a primeira envolve o aprendizado adquirido por meio

de experiências acumuladas, através de um processo de adaptação contínuo de novas ideias ou

propostas – “memória coletiva organizacional”, ou ainda por meio do aprendizado com os

projetos postos em prática na rotina da organização.

Por último, esses autores partem do pressuposto da existência de dois conjuntos de

processos de aprendizagem, os realizados em grupos e os individuais. Entre os processos

coletivos, vale destacar o mecanismo de troca de informações e de ideias por meio do diálogo

entre os colaboradores de um mesmo setor, o que estimula a experiência de novas práticas. No

que diz respeito aos processos individuais que contribuem para o ganho coletivo, é importante

considerar um período de reflexão para que os indivíduos possam lidar com suas experiências

e conflitos internos (RUAS; ANTONELLO; BOFF, 2005).

3.3.2 Sistemas/Processos

Outro ponto analisado sobre o processo de aprendizagem nas organizações diz respeito

aos sistemas de aprendizagem por elas desenvolvidos. Diante disso, torna-se importante o

entendimento sobre o processamento de informação realizado pelos membros da organização,

o qual define a forma como estes adquirirem, interpretam e distribuem conhecimentos e

informações dentro da instituição.

Leithwood (1995) afirmam que, na aprendizagem organizacional, tal como ocorre

com o desenvolvimento organizacional, é aplicado um conjunto de processos que

facilitam a resolução sistemática de problemas que uma organização vai

encontrando, ao mesmo tempo em que se vai aprendendo a antecipar futuras ações

que incrementam o desenvolvimento da organização ( RUAS,ANTONELLO e

BOFF 2005, p. 20).

Para Ruas, Antonello e Boff (2005), existem dois elementos importantes dentro da

perspectiva dos sistemas/processos: a primeira que enxerga as organizações como sistemas

fechados e a segunda como sistemas abertos. No primeiro caso o processo de aprendizagem

organizacional fica restrito ao ambiente interno das organizações, enquanto no segundo, são

levados em consideração fatores interorganizacionais, externos à organizacional, como sendo

Page 41: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

40

importantes no processo de aprendizagem. Logo, o conhecimento organizacional é construído

a partir da soma de experiências internas e externas à organização.

Numa organização de aprendizagem, a fase complexa incorpora três aspectos de

aprendizagem: adaptação a seu ambiente, aprendizagem oriunda de seus funcionários e

contribuições à aprendizagem da comunidade ou contexto mais amplo dos quais fazem parte.

Porém, há falta de ênfase em flexibilidade, inovação e criatividade dentro da visão de

sistemas,e tais fatores, segundo alguns autores, vêm ficando cada vez mais importantes para

uma organização obter sucesso (RUAS, ANTONELLO e BOFF, 2005).

3.3.3 Cultura

A cultura pode ser percebida como um instrumento de construção de significados e

valores fundamentais para o ambiente organizacional. Nesse ponto, tem a capacidade de guiar

e definir valores, comportamentos e atitudes dos funcionários, os quais guiam seu

posicionamento diante das ações desenvolvidas pela instituição. A cultura organizacional

pressupõe a construção de coerência, ordem e significado nas atividades desempenhadas, diz

respeito ao estabelecimento de uma estrutura que facilite a compreensão do que ainda é

desconhecido (WEICK, 1985; CHATMAN 1996 apud RUAS; ANTONELLO; BOFF, 2005).

O processo de AO é socialmente construído na medida em que um indivíduo interage com o ambiente do qual participa na criação da realidade, sendo

compreendido como agente ativo e construtor da realidade na qual está inserido, da

mesma forma que a realidade organizacional também é socialmente construída. O

papel dos indivíduos como aprendizes é a construção de significado, adquirindo e

influenciando os processos de aprendizagem e o desenvolvimento do conhecimento

em sua trajetória de participação (WEICK, 1985 apud RUAS; ANTONELLO;

BOFF, 2005, p. 21).

Nesse sentido, é extremamente importante destacar que o conhecimento não está e não

pode ser restrito à alta gerência. É fundamental que todos os funcionários detenham o

conhecimento necessário para atuar de maneira eficiente no contexto organizacional. Todavia,

ainda que todos os membros da empresa detenham conhecimento, é preciso mais do que isso

para garantir sucesso e competitividade. Para isso, as organizações precisam estimular o

trabalho em equipe, a cooperação, bem como deve incentivar a aquisição de novas

competências e conhecimentos que contribuam para o ganho de resultados e o fortalecimento

das ações institucionais. “Uma abordagem de equipe habilita a aprendizagem e a motivação, e

isso gera a principal fonte de qualidade, inovação, serviço, etc” (RUAS; ANTONELLO;

BOFF, 2005, p. 30).

Page 42: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

41

3.3.4 Gestão do conhecimento

A aprendizagem organizacional deve andar junto com a gestão do conhecimento pois

ambos se complementam, entretanto, a compreensão da ligação existente entre ambos ainda é

pouco clara. Esse problema foi identificado principalmente por Nonaka e Takeuchi (1997

apud RUAS; ANTONELLO; BOFF, 2005) que entendem que as teorias que tratam sobre a

aprendizagem organizacional ainda não compreenderam que o desenvolvimento do

conhecimento constitui aprendizagem. Além disso, estas proposições têm como foco a

aprendizagem individual, deixando de desenvolver um estudo da aprendizagem em nível

organizacional.

Uma organização que aprende é uma organização habilidosa em criar, adquirir e

transferir conhecimento, e em modificar seu comportamento de maneira a refletir o

novo conhecimento e os novos insights (...). Se não acompanhada em mudanças no modo como o trabalho é feito, existe apenas o potencial para a melhoria. Essas

empresas administram o processo de aprendizagem ativamente para assegurar que

ocorra através de planejamento em vez de casualidade (GARVIN, 1993 apud

RUAS; ANTONELLO; BOFF, 2005, p. 25).

A aprendizagem organizacional também pode ser percebida como a evolução no

estado do conhecimento, desde sua criação ou aquisição, disseminação, refinamento até sua

implementação. “Aprendizagem é o processo de unir, expandir e desenvolver dados,

informações, conhecimentos e saberes” (BIERLY, 2000 apud RUAS; ANTONELLO; BOFF,

2005).

O conhecimento organizacional se encontra nos indivíduos a partir de suas

experiências, habilidades e competências, e também na organização, na forma de documentos,

registros, regras, regulamentos e padrões, etc (RUAS; ANTONELLO; BOFF 2005). Com

isso, parte do conhecimento que constitui a organização e os indivíduos é complementar e

parte incompatível, pois se define a partir das crenças e valores de cada um.

Desse modo, para se efetivar a AO é necessário um nível mínimo de compreensão das

novas práticas implementada. Nesse sentido, depende da capacidade dos indivíduos em

adaptar-se a cenários diferentes e adotar novos padrões de comportamento. “A aprendizagem

surge, a partir da tensão existente entre o novo e o velho conhecimento, e também da

transformação do conhecimento presente na memória de um indivíduo” (RUAS;

ANTONELLO; BOFF, 2005).

Page 43: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

42

3.3.5 Melhoria contínua

Uma organização que desenvolve ações com foco na aprendizagem deve buscar

mecanismos que facilitem a aprendizagem individual a fim de promover uma reforma no

contexto vigente. Nesses termos, a adoção de métodos como o gerenciamento da qualidade

total (GQT) ganha destaque nas organizações voltadas à aprendizagem (WANG; AHMED,

2002 apud RUAS; ANTONELLO; BOFF, 2005).

O gerenciamento da qualidade busca a melhoria constante dos processos

desempenhados pela organização. Trata-se de uma filosofia e um conjunto de técnicas que

visam aprimorar a capacidade de autoconhecimento e satisfação do cliente. Esse processo

deve contar com o envolvimento de todos os funcionários, bem como deve concentrar-se em

melhorias de custos, qualidade e atendimento às demandas do mercado (EVANS; LIDSAY,

1999 apud RUAS; ANTONELLO; BOFF, 2005).

De acordo com Agnew, Ford e Hayes (1994) citado por Ruas, Antonello e Boff

(2005), o GQT e a aprendizagem organizacional são mutuamente dependentes. Diante disso,

afirma que a AO é um resultado conquistado a partir da GQT, existindo, assim, relação direta

entre a melhoria do processo e a AO. “A melhoria contínua é apontada para obter inovação

incremental8, e, assim uma organização voltada para a aprendizagem deveria dedicar-se à

inovação incremental por mecanismos de aprendizagem efetivos”. O sucesso desse processo

está atrelado às habilidades dos indivíduos que compõem a instituição de aprender, absorver e

aplicar mudanças conceituais e integrá-las à organização.

3.3.6 Inovação

Diante de todos os aspectos aqui trabalhados, fica evidente que somente o

estabelecimento de uma estratégia de melhoria contínua não é suficiente para garantir o

alcance dos resultados organizacionais (LORENTE et al. 1999 apud RUAS; ANTONELLO;

BOFF, 2005). Na verdade, o foco em melhoria contínua deve vir acompanhado do incentivo e

investimento em práticas de inovação. A melhoria contínua garante um processo de evolução

gradual.

8 De acordo com a análise incremental, a mudança organizacional acontece quando são introduzidas pequenas

alterações, ou melhoras, que visam transformar a realidade de maneira moderada e contínua (QUEIROZ;

CKAGNAZAROFF, 2010)

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43

(...) um porto seguro para a otimização de risco, mas apresenta formas muito

limitadas de insights criativos. Em ambientes organizacionais turbulentos, a

vantagem competitiva está ancorada à competência da empresa para inovar por

causa das pressões inexoráveis de mercado (GHOSAL et al, 1999 apud RUAS,2010,

p. 25).

De maneira geral, o desenvolvimento de políticas de inovação

organizacional no Estado encontram algumas restrições, devido a questões políticas,

orçamentárias e de gestão. Nesse sentido, é fundamental a conciliação entre os interesses dos

agentes políticos, e da sociedade.

De acordo com Finger e Brand (2001 apud AQUINO; LEITE, 2010) os

esforços para aprimorar a qualidade e o desempenho do serviço público passam pela

necessidade de transformação, que acontece somente a partir da aprendizagem coletiva. Com

isso, é de extrema importância à formação de equipes de trabalho comprometidas com as

diretrizes e políticas da organização, bem como as missões primordiais do Estado,

especialmente com a prestação de serviços de qualidade ao cidadão e com a geração de

estímulos ao desenvolvimento econômico do país. Mais importante ainda, é lembrar a

importância do envolvimento das pessoas nesse processo, pois isso é crucial para que os

objetivos estratégicos definidos seja.

A discussão das diretrizes norteadoras da inovação organizacional do estado

é necessário mediante sua importância para o alcance dos objetivos pretendidos pela Política

de Inovação na Gestão Pública local. Essas diretrizes são responsáveis por apontar o caminho

em que os projetos de inovação do estado devem seguir e seu cumprimento contribui para o

alcance de melhores resultados. As três diretrizes estudadas neste capítulo apresentam

elementos importantes que visam fortalecer as políticas de inovação organizacional

desenvolvidas no setor público.

A fim de entender melhor o processo de evolução da inovação

organizacional no Estado de Minas Gerais e suas implicações, o próximo capítulo apresenta o

contexto histórico em que antecede a elaboração da Política de Inovação na Gestão Pública,

assim como sua metodologia de atuação. Além disso, o capítulo 3 também irá tratar do o

principal programa de inovação institucional do estado, o qual tem seus projetos de inovação

norteados pela Política mencionada.

Page 45: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

44

4 A POLÍTICA DE INOVAÇÃO EM MINAS GERAIS

São crescentes as demandas da sociedade no que diz respeito à melhoria na prestação

de serviços na área de saúde, educação, meio ambiente, segurança, entre outras. Esse contexto

promove um ambiente favorável à construção de novas formas de gestão que estejam

alinhadas à realidade organizacional e voltadas ao atendimento das demandas sociais. Nesse

sentido, o Governo de Minas desenvolveu a Política de Inovação na Gestão Pública a fim de

fomentar novas práticas de gestão.

Esse capítulo pretende analisar a evolução das políticas de inovação no Estado de

Minas Gerais, no âmbito do Programa Descomplicar, bem como apresentar as diretrizes

propostas pela política local exploradas no capítulo anterior (valor público, inovação aberta e

aprendizagem organizacional). Como discutiremos, a execução de tais políticas se dão num

ambiente organizacional complexo de mudanças constantes. Para compreendê-las melhor o

capítulo será subdividido em três partes. O item 4.1 do capítulo trata sobre o contexto político

e econômico, no qual se desenvolveu o Programa Descomplicar. Posteriormente, o item 4.2

apresenta o Programa Descomplicar, assim como evidencia e importância da instituição da

Política de Inovação e do Projeto Estratégico de Inovação na Gestão Pública. Por último, o

item 4.3 explica a metodologia utilizada por esta política e a forma como ela se relaciona com

a implementação dos projetos de inovação do Descomplicar.

4.1 O caso de Minas Gerais

A partir da década de 1980 o país sofreu uma onda de reformas administrativas, que

tinham como propósito principal promover a modernização da máquina pública. Em Minas

Gerais esse cenário não foi diferente. Há alguns anos o Estado tem procurado definir novos

caminhos em busca de maior eficiência na prestação do serviço público, bem como melhorar

os canais de comunicação com a sociedade por meio das práticas inovadoras de gestão.

Segundo Vilhena e Athayde (2005) o Estado de Minas Gerais se encontrava, em 2002,

em difícil situação fiscal, caracterizada por elevados déficit, existentes desde 1996. Esse fato

provocou o atraso no pagamento da remuneração dos servidores públicos, além do baixo nível

de confiabilidade da população em relação ao estado. Na tentativa de melhorar esse problema

foi implementado, em 2003, o Choque de Gestão.

Page 46: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

45

O Choque de Gestão pode ser definido como um conjunto de propostas e

planejamentos objetivos que buscavam reformular a gestão estadual, em particular o

funcionamento da máquina administrativa. Esse processo se deu mediante instituição de

novos valores e princípios, com o propósito de desenvolver uma cultura comportamental no

setor público mineiro voltada para o desenvolvimento da sociedade (VILHENA; MARTINS;

MARINI, 2006). O novo modelo de gestão teve sua execução dividida em três etapas. A

figura 3 ilustra seu processo de evolução de 2003 a 2014. Posteriormente essas etapas serão

explicadas.

Figura 3 – Evolução da Gestão no governo de Minas Gerais.

Fonte: (MINAS GERAIS, 2013b, p.55).

Na primeira fase, pode-se destacar dentre as várias decisões tomadas pelo governo, a

criação de duas secretarias: a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), e

a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag). Ainda nessa perspectiva foi

definido, a partir de 2003, um conjunto de 31 “Programas Estruturadores”9 nos quais o

governo atuaria de forma direta. Esses projetos dizem respeito às ações que são focos de

atuação do governo, uma vez que suas entregas estão ligadas a execução do planejamento

9 Conforme definição encontrada no site da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão os Programas

Estruturadores do Estado e Minas Gerais são um conjunto de projetos responsáveis por gerar resultados que

possibilitem o alcance do planejamento governamental. O modelo de Gestão adotado pelo Estado tinha como

objetivo a tradução da estratégia governamental por meio da execução destes programas.

(http://www.planejamento.mg.gov.br/estrategia-de-governo/portfolio-estrategico).

.

Page 47: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

46

estratégico governamental e foram concebidos para serem executados no período de 2004 a

2007.

Durante a segunda fase, do novo modelo de gestão (2007 a 2010) seriam executados

57 Projetos Estruturadores. Esse período ficou conhecido como “Estado para Resultados”. Os

objetivos pretendidos nesse segundo momento eram a combinação entre equilíbrio fiscal e

gestão eficiente, bem como a melhoria na qualidade das políticas públicas desenvolvidas pelo

Estado.

Em sequência o plano de governo passa para a sua terceira geração ou fase, intitulada

“Gestão para a Cidadania” (2011 a 2014), a qual pretendia se apoiar, prioritariamente, na

gestão participativa. Nessa perspectiva visava dar destaque às demandas da população, bem

como aprimorar o planejamento e execução das políticas regionalizadas.

Do enfoque em equilíbrio fiscal e melhoria da qualidade dos gastos públicos e do foco

em resultados, objetivos que vinham sendo perseguidos desde 2003, tornou-se evidente uma

nova prioridade o protagonismo do cidadão. Havia como objetivo que o cidadão deixasse de

ser somente destinatário das políticas públicas. Para isso, o governo desenvolveu mecanismos

de estímulo à inovação em gestão pública, bem como buscou ampliar a participação da

sociedade civil através da formulação e aplicação dessas políticas (VALLE, 2012).

Com base nesse contexto foi elaborada a versão do Plano Mineiro de

Desenvolvimento Integrado (PMDI)10

2011-2030 (MINAS GERAIS, 2011g), que aderia ao

conceito de inovação na gestão pública. Este plano teve como foco promover a integração

entre os órgãos e entidades da Administração Pública por meio de sistemas setoriais reunidos

nas seguintes áreas de atuação: Governança Institucional, Planejamento, Gestão e Finanças,

Direitos Sociais e Cidadania e Desenvolvimento Sustentável. Essa estrutura foi denominada

“Estado aberto e em Rede”. 11

10 “A estratégia governamental encontra-se ancorada no Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado – PMDI,

o qual define as grandes diretrizes para a atuação do setor público no Estado no período de 2011-2030. Este

plano contém os princípios da atuação conjunta do Governo de Minas com outras esferas da sociedade, em

conformidade com o conceito de estado aberto e em rede” (http://www.planejamento.mg.gov.br/estrategia-de-

governo/portfolio-estrategico). 11

“O conceito de estado aberto e em rede tem como foco a Gestão para Cidadania, a qual valoriza a participação

da sociedade na priorização e acompanhamento da implementação da estratégia de governo”

(http://www.planejamento.mg.gov.br).

Page 48: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

47

Para alcançar os objetivos definidos pelo PMDI, foram definidas onze Redes de

Desenvolvimento Integrado12

, com foco no fortalecimento da cooperação entre os agentes e

organizações públicas e privadas. Os Programas Estruturadores do Estado foram distribuídos

entre as onze Redes, que se desdobravam em Projetos e Processos Estratégicos13

. Dentre

essas, vale destacar a Rede de Governo Integrado, Eficiente e Eficaz, composta por quatro

Programas Estruturadores: Mobilização para o Desenvolvimento Mineiro, Programa

Estruturador Descomplicar, Governo Eficiente, e Cidade Administrativa. O foco de análise do

presente trabalho consiste no estudo do Programa Descomplicar.

Desde o início de sua criação, em 2007, o “Descomplicar” se preocupava

prioritariamente com ações de simplificação e desburocratização das atividades estatais.

Ainda que acabasse promovendo alguma inovação, o foco do programa não era esse, com isso

as inovações organizacionais não eram realizadas de maneira planejada e em alinhamento

com as estratégias governamentais. Entretanto, nos anos de 2011 e 2012 esse cenário foi

alterado pela criação do Núcleo Central de Inovação e Modernização do Estado (NCIM) e

pela regulamentação da Política de Inovação na Gestão Pública.

No ano de 2011, a inovação na gestão ganhou um novo viés na administração pública

mineira, não que antes ela não fosse utilizada pelos gestores locais, porém foi a partir desse

momento que ela ganhou maior destaque. Com isso, estabeleceu-se por meio da Lei Delegada

180 de 20 de janeiro de 2011 (MINAS GERAIS, 2011f), duas unidades administrativas com

papel de destaque na promoção e coordenação das políticas de inovação organizacional no

Estado de Minas Gerais: as Assessorias de Gestão Estratégica e Inovação (Agei) e o Núcleo

de Inovação e Modernização do Estado (NCIM). As Ageis se encontram vinculadas à

12

“Para a execução da estratégia, encontram-se estabelecidas 11 Redes de Desenvolvimento Integrado, criadas

com o objetivo de proporcionar um comportamento cooperativo e integrado entre agentes e instituições em torno

de grandes escolhas para o futuro de Minas Gerais. Tais Redes focalizam metas síntese e as desdobram em

objetivos, estratégias e Indicadores com metas de desempenho para produzir e medir as transformações

desejadas em cada uma delas” (http://www.planejamento.mg.gov.br/planejamento-e-orcamento/plano-mineiro-

de-desenvolvimento-integrado). 13

De acordo com a Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão os Programas Estruturadores são um

conjunto de Projetos e Processos Estratégicos relacionados e complementares, gerenciados de modo coordenado

a fim de gerar resultados transformadores e obter benefícios que não seriam alcançados se os mesmos fossem

gerenciados individualmente. O Projeto Estratégico é um empreendimento único, singular, com início e fim

determinados, que mobiliza recursos e competências para realizar entregas específicas (bem ou serviço, que são

o escopo necessário para atender aos objetivos do Projeto). O foco do Projeto é a entrega do bem ou serviço que

ele se propõe a realizar dentro dos parâmetros de prazo, qualidade, custo e escopo. Já os Processo Estratégico

representam um conjunto de atividades recorrentes, estruturadas e desenhadas para produzir um bem ou serviço

específico para um determinado cliente/usuário. Ou seja, é um fluxo que se repete em ciclos ao longo do tempo

para produção de um determinado bem ou serviço.

(http://www.planejamento.mg.gov.br/estrategia-de-governo/portfolio-estrategico).

Page 49: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

48

estrutura de 22 órgãos e são fundamentais para o fomento da inovação no estado, uma vez que

realizam o acompanhamento dos programas estruturadores, bem como fornece apoio e

incentivo as iniciativas de inovação institucional. O NCIM é uma equipe de trabalho,

composta por gerentes de projetos, que coordena o “Descomplicar” por meio da elaboração e

acompanhamento de projetos de inovação institucional. Essa equipe trabalha sob a

responsabilidade da Subsecretaria de Gestão da Estratégia Governamental (Suges) e da

Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag). Além disso, também cabe aqui

destacar a importância da criação do Escritório de Prioridades Estratégicas (EPE), órgão

autônomo, instituído pela Lei Delegada 179 de 1º de janeiro de 2011 (MINAS GERAIS,

2011e) que desempenhava (dentre outras atribuições) competências relativas ao

desenvolvimento da inovação no governo de Minas.

Em julho de 2012 a Seplag publicou a Resolução nº 53 (MINAS GERAIS, 2012a), a

qual dispõe sobre a Política de Inovação na Gestão Pública do Estado. Esta política teve como

base a normatização das diretrizes e princípios para a execução dos projetos de inovação

governamental no Poder Executivo. A condução dessa política, por meio da elaboração de

projetos de inovação, está sob a responsabilidade do NCIM.

4.2 O Programa Descomplicar

Conforme explicado anteriormente, desde 2003 o Governo de Minas investiu em ações

que buscassem simplificar e desburocratizar algumas atividades do Estado. Nesse sentido, o

governo instituiu o Projeto Empresa Mineira Competitiva, o qual desenvolveu um modelo

simplificado de abertura de empresas.

Esse projeto tinha como objetivo inicial desenvolver ações para melhorar a

competitividade das pequenas e médias empresas mineiras. Inicialmente, o Projeto buscou

identificar quais seriam as demandas prioritárias dos empreendedores no que diz respeito à

melhoria do ambiente de negócios no estado. Posteriormente esse projeto ficou conhecido

como Minas Fácil e ganhou reconhecimento por introduzir um novo modelo de abertura de

empresas no estado (MINAS GERAIS, 2013b).

Em virtude dos bons resultados apresentados pelo projeto Minas Fácil, no que tange à

redução do número de dias necessários para se abrir uma empresa no estado, o escopo do

projeto foi ampliado. O objetivo era aumentar o espaço de atuação do estado e melhorar seu

relacionamento com o maior número de atores possível. Nesse sentido, o projeto passou

Page 50: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

49

também a englobar ações destinadas aos cidadãos e ao próprio estado, dando origem ao

Programa Descomplicar. Com isso, a partir de 2007, o Projeto Empresa Mineira Competitiva

(Minas Fácil), passou a ser parte do Descomplicar. O Descomplicar incorporou além do

Projeto Empresa Mineira Competitiva, outros diversos projetos que foram distribuídos entre

três vertentes de atuação: Estado/empresa, Estado/estado e Estado/cidadão (MINAS GERAIS,

2013b).

A vertente Estado/Empresa busca melhorar constantemente o ambiente de negócios no

estado. Além disso, pretende por meio de seus projetos fortalecer as micro e pequenas

empresas estatais. Em relação a esta vertente, o projeto de maior destaque é o Minas Fácil,

desenvolvido pelo Programa Descomplicar em parceria com a Junta Comercial do Estado de

Minas Gerais (Jucemg). Este projeto consiste no estabelecimento de unidades de atendimento

aos empreendedores mineiros que buscam abrir sua empresa de maneira simplificada, em um

prazo médio de seis dias corridos, sendo que o prazo anterior era de aproximadamente 50

dias. Desde o ano de 2005 mais de 150 mil empresas já foram abertas no Estado por meio das

122 unidades do Minas Fácil. Além de abertura, o empreendedor encontra outros serviços

disponíveis para sua empresa como emissão de Certidões diversas, alterações de dados,

registro de livros contábeis, inscrição no Cadastro de Fornecedores do Estado, encerramento

de atividade, dentre outros (SOARES, 2013).

Além da equipe do Núcleo Central de Inovação e Modernização (NCIM), o projeto

conta com outras parcerias como: Secretaria de Estado da Fazenda (SEF), Receita Federal do

Brasil (RFB), Prefeituras e órgãos de licenciamento Estaduais, como Corpo de Bombeiros,

Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Semad) e a Vigilância Sanitária, da Secretaria de

Estado de Saúde (SES). O projeto Minas Fácil possibilitou a integração de todos os órgãos

responsáveis pelo registro e licenciamento das empresas em um único espaço físico. Antes da

integração, cada órgão era responsável por regulamentar o processo de uma maneira e exigia

uma série de documentos diferentes, o que tornava o processo lento. Esse novo sistema

unificou os procedimentos e as exigências, por meio da elaboração de um único documento

contendo informações a respeito de todas as etapas de abertura dos empreendimentos, que são

repassadas para o Governo estadual (MINAS GERAIS, 2014a).

Outra iniciativa importante do Projeto consiste na criação das unidades Minas Fácil

Expresso, o qual consiste na construção de unidades simplificadas nos municípios menores, o

que reduz os gastos do Estado. Nesse caso não é viável para a Jucemg construir uma unidade

Page 51: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

50

convencional, pois os custos são elevados. As unidades Expresso têm sua infraestrutura

disponibilizada pela Prefeitura. Já o pessoal e o custeio das unidades, ficam sob

responsabilidade da Junta Comercial, bem como os gastos relativos a equipamentos de

informática, a disponibilização do Sistema do Minas Fácil e o treinamento dos funcionários

(SOARES, 2013).

A vertente Estado/Cidadão desenvolve projetos de inovação que visem melhorar a

qualidade de vida e o bem-estar do cidadão mineiro. Essas ações buscam facilitar o acesso aos

serviços públicos, bem como melhorar sua qualidade.

O projeto de destaque desta vertente é a Unidades de Atendimento Integrado (UAI).

Estas foram criadas em 2007, com o objetivo de aperfeiçoar a prestação de serviços públicos

aos cidadãos. O foco de atuação foi pautado na reformulação e melhoria dos serviços

prestados pelos antigos Postos de Serviço Integrado Urbano (PSIU), a fim de permitir que a

população tivesse suas demandas atendidas com maior agilidade e segurança. A estrutura das

Unidades foi desenvolvida com a intenção de reunir em um mesmo espaço físico, vários

órgãos e entidades das esferas federal, estadual e municipal, para o atendimento ao cidadão de

forma integrada (MINAS GERAIS, 2013b). O quadro 2 compara o modelo do PSIU e da

UAI.

Quadro 2: Comparativo Modelos PSIU e UAI (1996-2013)

Modelo PSIU Modelo UAI

Desvinculado ao planejamento estratégico

do governo

Prioridade do Governo

Baixo investimento em capacitação dos

recursos humanos;ausência de gestão e

inexistência de processos

Profissionais multitarefas, programa de capacitação

contínua e política de RH. Gestão por processo

(Coordenadoria específica para gestão das UAI).

Definição das políticas de atendimento

Infraestrutura obsoleta Compra de novos equipamentos

Falta de comunicação com o cidadão Pesquisa de satisfação

Ausência de serviços de apoio ao cidadão Implantação de serviços de apoio (banco,xerox e

foto)

Inexeistência de indicadores para medição

da eficiência e qualidade do atendimento

dos postos

Pesquisa de satisfação, sistema de gerenciamento de

filas, indicadores (TMA, TME, COEF e IS)*

Fonte: MINAS GERAIS, 2013b, p.24.

Nota: * Tempo Médio de Atendimento, Tempo Médio de Espera, Coeficiente PPP, Índice de Satisfação.

Page 52: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

51

As UAIs são responsáveis por disponibilizar o acesso a diversos serviços públicos

como: emissão de documentos de identidade, carteira de trabalho, passaporte, atestado de

antecedentes criminais, seguro desemprego, multas de trânsito para pagamento, vagas de

emprego, entre outros. O foco das ações é promover uma maior organização desses serviços,

bem como concentrar o atendimento em um único local por meio de capacitação de servidores

e da otimização do espaço físico. Além disso, o Estado investiu na aquisição de novas

tecnologias, de equipamentos de informática, na instalação de câmeras de segurança e de

terminais de autoatendimento. Esses instrumentos foram fundamentais para redução do tempo

de espera, das filas, bem como para melhorar a segurança local e a qualidade do serviço

prestado ao cidadão (MINAS GERAIS, 2013b).

Desde 2010, algumas unidades passaram a atuar de acordo com os critérios previstos

para as Parcerias Público-Privadas (PPP). O modelo de gestão PPP permitiu ao Estado

ampliar sua eficiência administrativa e reduzir seus gastos, já que não precisa arcar com os

custos de implantação dessas unidades. Além disso, também são reduzidos os custos

operacionais por meio de um sistema de contraprestação, o qual se baseia em um valor fixo

por atendimento, ponderado por indicadores de desempenho operacional, conforme critérios

para a PPP. A título de exemplo, pode-se tomar como base o ano de 2010, no modelo PSIU, o

gasto médio do governo por atendimento era de R$16,80. Posteriormente, com as UAIs,

modelo PPP, o atendimento passou a custar R$11,60 para os cofres públicos (MINAS

GERAIS, 2013b).

Por último, as ações desenvolvidas pela vertente Estado/Estado estão relacionadas às

ações de desburocratização e aumento da eficiência dos processos internos da administração

pública estadual. Nesse sentido, os projetos visam à construção de processos de

operacionalização de atividades internas, revisão e simplificação de modelos já existentes.

Nesta vertente pode-se destacar os projetos “Governo Sem Papel” e o Centro de

Serviços Compartilhado (CSC). O projeto “Governo sem Papel”, promove ações que visam a

redução do volume de documentos impressos diariamente no estado, o que contribui para a

utilização racional e sustentável dos recursos públicos. Como exemplo de suas ações, pode-se

citar a parceria estabelecida entre a Seplag e o Tribunal de Contas do estado, que juntos

implementaram, em 2013, o projeto “Controle sem Papel” no processo de execução

orçamentária e financeira do Estado. A partir disso, os documentos referentes a estas

atividades (empenho, liquidação e ordem bancária), que estiverem em formato digital,

Page 53: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

52

passaram a ser acessados eletronicamente para fins de consulta do Tribunal. Esse processo

eliminou a necessidade de impressão desses documentos, bem como aumentou a segurança

das informações, uma vez que utiliza a certificação digital. A previsão estabelecida supõe que,

depois de sua implementação, o número de impressões anuais que deixam de ser realizadas

são em torno de quatro milhões de folhas de papel, o que impacta diretamente nos gastos

públicos, gerando uma economia de mais de R$ 200 mil reais anuais (MINAS GERAIS,

2014a).

O Centro de Serviços Compartilhados (CSC) é um projeto pioneiro no setor público

brasileiro, apesar de ser bastante comum no setor privado e consiste na elaboração de um

sistema capaz de integrar e facilitar a execução de algumas atividades rotineiras realizadas na

cidade administrativa, principalmente às relacionadas às compras do estado. Minas Gerais foi

o primeiro estado a implementar um centro de serviços compartilhado. O projeto foi

elaborado a partir de benchmarking internacional e seu funcionamento baseia-se na

centralização das atividades operacionais das áreas meio dos órgãos instalados na Cidade

Administrativa Tancredo Neves (CA). Como exemplo de sua atuação tem-se a centralização

de todos os processos de compra realizados na CA. Supondo que cinco órgãos da CA queiram

comprar computadores, ao invés de cada um fazer a sua licitação, o CSC será responsável por

realizar um procedimento licitatório único de compra dos computadores. Com isso, a estrutura

organizacional foi simplificada e as atividades estratégicas de cada órgão foram fortalecidas

(MINAS GERAIS, 2014a).

Em síntese, os três pilares do Programa Descomplicar por meio dessas e de outras

iniciativas se propuseram a desenvolver e incentivar ideias que fossem capazes de estabelecer

novos caminhos para a relação entre o Estado, as empresas e os cidadãos. A aproximação

desses atores promoveria a redução da burocracia nos canais de informação bem como

melhora o diálogo e as trocas em geral entre o Governo e a sociedade.

A partir do ano de 2011 o Programa Descomplicar, que desde 2007 já vinha

promovendo o incentivo à desburocratização e modernização da estrutura e da gestão do

Estado, passou a ter como prioridade o fomento à inovação organizacional em seus projetos.

4.2.1 A Política de Inovação na Gestão Pública e o Projeto Estratégico de Inovação na

Gestão Pública

Page 54: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

53

Desde a criação do Núcleo Central de Inovação e Modernização (NCIM) e da

regulamentação da Política de Inovação na Gestão Pública (PIGP), em 2011, o

“Descomplicar” ganhou um novo viés: a partir de então seus projetos seriam planejados e

executados com foco na inovação. Dentro deste programa, foco do presente trabalho,

encontra-se o Projeto Estratégico Inovação na Gestão Pública (PEIGP). O PEIGP foi criado

após a regulamentação da PIGP e tem a finalidade de estabelecer um elo entre os projetos

desenvolvidos pelo “Descomplicar” e a “Política de Inovação” mencionada. Ele é o

responsável por efetivamente fazer esta política acontecer, pois foi a partir de sua criação que

as ações de inovação organizacional passaram a ser sistematizadas, planejadas, executadas e

coordenadas pela equipe do NCIM.

Nessa perspectiva, o Projeto Estratégico de Inovação consiste em um conjunto de

ações, projetos e subprojetos de inovação institucional desenvolvidos no âmbito do Programa

Descomplicar. Como exemplo, de projetos desenvolvidos pelo PEIGP têm-se o “CSC” e o

“Governo sem Papel”, citados no item anterior. Nesse sentido, este projeto representa um dos

principais pilares do “Descomplicar”, pois é o principal responsável por desenvolver de

maneira transversal a inovação em todas as ações deste programa.

Conforme definição elaborada pelo “Book de Metas”14

(MINAS GERAIS,2013b, p.

50), “O Projeto Estratégico Inovação na Gestão Pública tem como objetivo desenvolver

soluções inovadoras na gestão pública e na prestação de serviço público, através da

participação dos destinatários das políticas e do próprio servidor”.

O Projeto Estratégico de Inovação na Gestão Pública foi definido com base para o

alcance das diretrizes da Política de Inovação na Gestão Pública do Estado. Esta Política

estabelece ações que visem melhorar a relação entre o estado e os cidadãos em meio a um

ambiente de qualidade fiscal, agregando valor aos serviços públicos (MINAS GERAIS,

2012b).

Os principais objetivos definidos pela Política de Inovação na Gestão Pública do

Estado de Minas Gerais estão no quadro 3:

14

Documento elaborado pela equipe do Núcleo Central de Inovação e Modernização do Estado que apresenta, o

escopo das ações, a matriz de responsabilidade, os riscos, o cronograma, a baseline, o orçamento os atores

envolvidos em cada projeto de inovação do Programa Descomplicar.

Page 55: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

54

Quadro 3: Objetivos da Política de Inovação na Gestão Pública

Fonte: Elaboração Própria (MINAS GERAIS, 2012a , p.33)

A fim de alcançar os objetivos pretendidos a política definiu três principais eixos a

saber: a introdução de uma cultura por resultado, reformas conduzidas pela teoria gerencial e

a valorização da gestão participativa através do processo de democratização das políticas de

inovação.

A condução da política de inovação organizacional se deu nos órgãos que

integram a administração direta, autárquica e fundacional do Poder Executivo do Estado de

Minas Gerais. Sendo assim, não tem foco no ambiente privado empresarial e na inovação

tecnológica, pois estes já são realizados e conduzidos pelo Governo de Minas, através da

Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Sectes). O tipo de inovação

objetivado por meio dessa política diz respeito à gestão (TÂNGARI e GOLÇALVES, 2012).

No que diz respeito à elaboração da PIGP, foram definidas três diretrizes principais

para nortear o desenvolvimento e a execução dos programas, projetos e ideias de inovação

que venham a ser desenvolvidos pelo Estado através do Programa Descomplicar. Essas

diretrizes foram divididas em três eixos: Inovação Aberta, Valor Público e Aprendizagem

Page 56: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

55

Organizacional. O conceito e a importância destas diretrizes foram estudadas no capítulo 2 e

servirão de embasamento para a análise dos resultados finais deste trabalho.

Os Programas Estruturadores, assim como o Descomplicar, são subdivididos em

Projetos e Processos estratégicos. A partir da regulamentação da PIGP, o “Descomplicar” teve

sua estrutura organizada em três elementos principais, sendo eles: Projeto Estratégico de

Inovação na Gestão Pública (PEIGP), Projeto Estratégico Minas Fácil e Processo Estratégico

UAI. Os projetos de inovação que fossem desenvolvidos no âmbito do Programa estariam

dentro das ações do PEIGP.

O PEIGP encontra-se dividido em vários subprojetos que contemplam as três vertentes

de atuação do “Descomplicar”, Estado/Estado, Estado/Cidadão e Estado/Empresa. O Projeto

Estratégico Minas Fácil aborda somente a vertente Estado/empresa, enquanto a Processo

Estratégico UAI desenvolve ações voltadas para a vertente Estado/cidadão. Estes últimos não

se encontram dentro do Projeto Estratégico de Inovação, pois já existiam antes da

implementação da Política de Inovação na Gestão Pùblica. Apesar disso, projetos de inovação

que visem promover melhorias no Minas Fácil e na UAI se encontram dentro das ações do

Projeto Estratégico de Inovação. A figura 4 apresenta a estrutura do Programa após a

implementação da Política de Inovação estudada.

Page 57: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

56

Figura 4: Diagrama do Programa Descomplicar a partir da instituição da Política de

Inovação na Gestão Pública.

Fonte: Elaboração própria a partir de Minas Gerais, 2014a.

O planejamento do Descomplicar é elaborado no mês de junho, a partir do

levantamento das demandas a serem trabalhadas no ano seguinte. Para isso são realizadas

reuniões com os representantes dos órgãos que atuam nas três vertentes do Programa.

As demandas por projetos são transformadas em propostas (síntese de seu escopo,

resultados almejados, cronograma e orçamento para sua execução), as quais são avaliadas e

utilizadas para formar o pleito orçamentário do Descomplicar para o ano seguinte. Esse pleito

é analisado pelo Geraes15

e pela Subsecretaria de Planejamento e Orçamento, os quais

15

O escritório central de projetos do Governo de Minas Gerais (denominado Geraes) foi criado com o propósito

acompanhar a execução da carteira de projetos estruturadores do Estado. Logo, “o escritório central de projetos

tinha como funções padronizar os procedimentos de gerenciamento dos projetos no Estado; assessorar os

gerentes de projetos no planejamento, execução e controle do projeto; acompanhar o desempenho dos projetos,

reportando a sua situação, os riscos e as restrições para subsidiar a tomada de decisões; realizar a gestão

estratégica orçamentária e financeira dos projetos estruturadores; e apoiar o Gerente do Projeto em relação a

demandas específicas, além da assunção das funções ligadas à produção e disseminação de informações

Programa Estruturador Descomplicar

Projeto Estratégico Inovação na Gestão

Pública

Estado-empresa

Estado-estado

Estado-cidadão

Política de Inovação na Gestão Pública

Projeto Estratégico Minas Fácil

Estado-empresa

Processo Estratégico UAI

Estado-cidadão

Page 58: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

57

definem o orçamento disponível para os projetos. O orçamento relativo a essas ações é então

incluído na Lei Orçamentária Anual, que é submetida à aprovação da Assembleia Legislativa

de Minas Gerais e, posteriormente, sancionada pelo Governador (MINAS GERAIS, 2013b).

No decorrer dos meses, as propostas de projeto aprovadas passam para a etapa de

planejamento. Nessa etapa, as propostas são detalhadas e registradas em um documento

denominado "Book de Metas Anuais". Esse documento apresenta, o escopo das ações, a

matriz de responsabilidades, os riscos, o cronograma, a baseline,16

o orçamento, os atores

envolvidos em cada projeto entre outros tópicos.

Depois da elaboração do Book, as ações propostas são pactuadas pelos representantes

dos órgãos, em parceria com o Geraes. Com isso, o Book passa a ser o documento oficial de

pactuação das atividades que devem ser desenvolvidas ao longo do ano.

O Balanço Anual, do Descomplicar, é outro documento importante publicado, pela

equipe do NCIM, desde 2007, quando o Programa foi criado. Construído com base nas

diretrizes da governança pública do Estado de Minas Gerais, esse documento contém

informações sobre os principais resultados alcançados pelo Programa ao longo de cada ano.

As reuniões de Status Report17

, até o ano de 2014, eram conduzidas, mensalmente pela

equipe do Geraes, a fim de realizar o acompanhamento financeiro e de atividades do

Programa Descomplicar. Participavam dessas reuniões os gerentes dos projetos do

Descomplicar, além da equipe do Geraes, o Gerente Executivo do Projeto e seu Adjunto.

4.3 Metodologia da Política de Inovação

A equipe de gerentes de projeto do Núcleo Central de Inovação e Modernização

Institucional (NCIM) definiu uma metodologia para a execução da Política de Inovação, a

qual descreve os passos a serem seguidos para a elaboração dos projetos de inovação do

“Descomplicar”. Por meio desse processo, O NCIM busca promover a institucionalização da

estratégicas entre os stakeholders envolvidos com os Projetos Estruturadores”

(http://www.planejamento.mg.gov.br/). 16 A Linha de base ou baseline é um ‘’modelo, um guia do que foi planejado já com todas ou a maioria dos

atributos estabelecidos e aprovados, a partir de sua elaboração o projeto está pronto para ser iniciado Esta linha

de base serve para acompanhamento de projetos, ou seja, um caminho pelo qual o projeto deverá seguir’’.

( http://www.tecnodic.com/b/baseline-linha-de-base/) 17 Reunião de acompanhamento e controle dos projetos de inovação.

Page 59: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

58

inovação no setor público de Minas Gerais. A figura 6 apresenta de maneira sucinta o

funcionamento desta Política, que será explicado a seguir:

Figura 5 – Eixos de Inovação

Fonte: Polignano (2011 apud TÂNGARI E GONÇALVES,2102, p 16).

De acordo com a figura 5, o funcionamento da Política de Inovação acontece

basicamente mediante a combinação de três elementos principais, sendo eles: áreas foco ou

eixo de atuação da política; grau de intensidade da novidade promovidos com a

implementação da inovação e o tipo de mudança promovido por essa atuação.

Desse modo, os projetos que são realizados com base nesta Política de Inovação

estudada devem inicialmente identificar em qual área foco irão atuar. De acordo com a figura

5, os eixos de atuação podem ser de seis tipos diferentes: modelo de negócios; segmento

social e de mercado; serviço e produto; processo fim; processo de apoio e gestão e estrutura.

Nesse sentido, ao escolher seu eixo de atuação, o projeto define que caminho irá seguir ao

longo de sua execução, com vistas a seu objetivo final que varia conforme a área foco. Por

exemplo, definir como área foco um “processo fim”, implica em perseguir resultados que

impactem diretamente na vida do cidadão. Essas variáveis podem ainda ser alteradas e

combinadas para gerar inovação. O quadro 4 apresenta o foco de atuação de cada uma das

áreas foco das políticas de inovação.

Page 60: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

59

Quadro 4: Áreas Foco da Inovação no Governo de Minas Gerais

Fonte: adaptado de Polignano (2011, apud TÂNGARI E GONÇALVES,2102, p. 23).

Posteriormente, o segundo elemento analisado consiste na identificação do grau de

novidade proporcionado pela implantação de determinado projeto. De acordo com a figura 6 a

Política de Inovação, adotou três níveis de a intensidade da novidade (eixo horizontal). O

menor nível consiste na introdução de ações que são de conhecimento da organização; em

nível mediano estão as ideias que são novidade para a organização; e por último a maior

intensidade de inovação consiste em utilizar algo completamente novo para a sociedade. Além

disso, o grau de inovação também irá definir o tipo de mudança alcançado por meio dos

projetos inovadores. Caso o projeto apresente algo que já seja de conhecimento da

organização, sua implementação irá trazer melhorias aos processos institucionais. Por outro

lado, a introdução algo novo para a organização promove maior impactos, sendo assim,

podem gerar mudanças de demanda, tecnológicas e organizacionais. O nível de intensidade da

novidade mais elevado é aquele que introduz na organização uma ideia totalmente nova para a

sociedade.

Page 61: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

60

4.3.1 Ciclo de Inovação

O processo de funcionamento da Política de Inovação na Gestão Pública descrito no

item acima é operacionalizado por intermédio de um mecanismo denominado Ciclo de

Inovação na Gestão Pública (CIGP), também desenvolvido pelo NCIM. O CIGP consiste

basicamente no estabelecimento de um espaço de comunicação entre o Estado e uma parcela

da sociedade, no qual são realizadas rodadas anuais de coleta de ideias inovadoras com

potencial para se tornarem projetos de governo. O objetivo do ciclo é garantir a interação

entre a inovação e a Gestão para a Cidadania18

, pensando-a a partir das demandas da

sociedade. Esse processo é constituído pela captação de ideias inovadoras por meio da

inovação aberta, que acontece através da colaboração de atores internos e externos. Durante o

período de abertura para envio de ideias, os servidores que trabalham no Estado e, de maneira

limitada, a população enviam suas ideias para as Assessorias de Gestão Estratégica e

Inovação (Ageis) dos órgãos para que suas propostas sejam avaliadas. As Ageis são as

responsáveis por colaborar na execução da metodologia da Política, uma vez que realizam o

acompanhamento do Programa Descomplicar, e fornecem apoio e incentivo às iniciativas de

inovação institucional desenvolvidas por ele.

O processo de captação de ideias pelo Ciclo de Inovação é organizado em quatro

etapas, sendo elas: (1ª) captação de ideias, (2ª) avaliação e seleção, (3ª) proposição

orçamentária e (4ª) pactuação, conforme a figura 6:

18 Gestão para a Cidadania consiste na terceira fase do choque de gestão, conforme explicação da página 43.

Page 62: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

61

Figura 6: Fases do Ciclo de Inovação

Fonte: (MINAS GERAIS, 2013ª, p. 27).

A primeira etapa, de captação de ideias, é realizada pelas Ageis e tem como objetivo

selecionar as melhores ideias inovadoras enviadas pelos servidores por meio do site19

do

Descomplicar, ou coletadas através de serviços de atendimento ao cidadão como o

LIGMINAS20

. Posteriormente as propostas selecionadas são enviadas ao Núcleo Central de

Inovação e Modernização (NCIM) para estudo de viabilidade.

Após o recebimento das propostas o NCIM realiza uma nova seleção para escolher as

ideias que apresentam um caráter mais inovador e que possam efetivamente colaborar para o

19 http://www.planejamento.mg.gov.br/ciclo-de-inovacao 20 De acordo com a SEPLAG ‘’a Linha de Informações do Governo – LigMinas, concentra o atendimento dos

órgãos da administração direta, fundações e autarquias estaduais. Por meio dessa Central de Atendimento

Telefônico, o cidadão obtém informações sobre os serviços prestados pelas instituições estaduais como o valor a

ser pago, documentos necessários e os endereços das unidades de atendimento estaduais. Além de fornecer

informações sobre os serviços prestados pelas Instituições Públicas do Poder Executivo, os atendentes registram

solicitações feitas pelos cidadãos’’. (http://www.planejamento.mg.gov.br/canais-de-atendimento-ao-cidadao/lig-

minas)

Page 63: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

62

Estado. As ideias selecionadas passam para a próxima fase como pré-projetos, os quais serão

submetidos a estudos, a fim de identificar se a sua implementação é ou não viável.

Durante o processo de avaliação os pré-projetos enviados pelas Ageis são submetidos

à estudos de viabilidade técnica e orçamentária, caso sejam aprovados passam para a fase da

elaboração e validação da proposta orçamentária.

Em sequencia, os projetos que foram definidos como viáveis passam a compor o

orçamento e o planejamento do próximo ano e recebem uma destinação específica, a qual se

define como habitat de inovação. Este habitat representa o destino de implementação do

projeto aprovado. Os projeto que passam pelo Ciclo de Inovação podem ser alocado em três

habitats de inovação distintos, sendo eles: projeto ou processos estratégicos21

, programa

associado 22

ou incubadora de projetos23

.

O destino desses projetos é definido por meio da utilização de um instrumento

denominado roteador da inovação (somente os projetos que forem classificados com uma nota

positiva24

superior a 20 pontos são direcionados ao roteador da inovação). O principal

objetivo do roteador é definir a rota mais apropriada para encaminhar os projetos recebidos,

ou seja, definir seu habitat de inovação. Para que esses habitats desenvolvam os projetos são

necessários recursos que podem ser conseguidos por meio do Plano Plurianual de Ação

governamental25

(PPAG) ou através de fonte de financiamento externas, como Banco

21 Conforme nota de rodapé p.43 22 “Representam os programas dotados de colaboração sinérgica com os programas estruturadores, tendo em vista o alcance dos objetivos estratégicos do PMDI, e, consequentemente, da visão de futuro que o informa.

Desse modo, esses programas, embora não constituam o fulcro das maiores apostas do governo, devem

perseguir, tanto quanto os primeiros, os resultados finalísticos estabelecidos no âmbito de cada Rede de

Desenvolvimento’’ (MINAS GERAIS, 2011f, p.32). 23 Instrumento desenvolvido pelo Núcleo central de Inovação e Modernização para realizar o estudo intensivo da

viabilidade de implementação dos projetos de inovação que passam pelo Ciclo de Inovação. Corresponde a um

dos habitats de inovação. 24 Para realizar a classificação e priorização das propostas, é aplicada a fórmula da inovação com os seguintes

critérios: Redução de custos(C) (alta=50; média=30; baixa=10/Peso 25%); Grau de abertura social(GA) (voz do

cidadão=50; idealizado por servidores=30; pessoal=10/Peso 25%); Tempo de implantação(T) (curto(até6m)=50;

médio(6 a 12m)= 30;longo (>12m)= 10/Peso20%); Recuros(R) (alta=50; média=30; baixa=10/Peso

15%);Governabilidade(GV) (alta=50; média=30; baixa=10/Peso 15%). A pontuação final varia de 10 a 50

pontos, sendo que aquelas que obtiverem nota final acima de 20 pontos prosseguirão no fluxo. A nota é

calculada a partir da seguinte fórmula: 0,25C + 0,25GA + 0,20T + 0,15R + 0,15GV (SEPLAG apud SILVA,

2013).

25 “O Plano Plurianual de Ação Governamental é o instrumento normatizador do planejamento da administração

pública de médio prazo. É a referência para a formulação dos programas governamentais do quadriênio,

orientando acima de tudo as proposições de diretrizes orçamentárias e as leis orçamentárias anuais. O PPAG

define qual será o escopo de atuação do Estado para um período de quatro anos, ou seja, define os programas e

ações de governo, com suas respectivas metas físicas e orçamentárias, que serão executados durante esse

Page 64: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

63

Mundial e BNDES, viabilizadas pela Coordenação Geral – Secretaria de Estado de

Planejamento e Gestão (Seplag) (MINAS GERAIS, 2013b).

Caso a proposta não se enquadre em nenhuma das áreas-foco definidas pela PIGP,

estudado anteriormente, não são direcionados aos habitats de inovação, nesse caso são

devolvidas para as respectivas AGEIs com justificativa de devolução. Caso a Agei queira

aprimorar a proposta para que ela seja submetida novamente ao processo no próximo ano, os

projetos ficam na carteira de projetos26

da Agei.

A figura 7 ilustra de maneira simplificada os processos descritos. As ideias são

coletadas e analisadas pelo Ciclo de Inovação, posteriormente as selecionadas são encaminhas

ao roteador de inovação que define o melhor habitat para o desenvolvimento ou estudo do

projeto de inovação.

Figura 7 – Roteador da Inovação

Fonte: (MINAS GERAIS, 2013b, p.12).

4.3.2 Incubadora de Projetos de Inovação

Cabe aqui destacar a importância do habitat de inovação denominado Incubadora de

Projetos Inovadores. A alocação de projetos na Incubadora permite o estabelecimento de um

ambiente mais controlado que possibilite a maturação de propostas mais complexas de

período’’. (http://www.planejamento.mg.gov.br/planejamento-e-orcamento/plano-plurianual-de-acao-

governamental)

26 Conjunto de projetos planejados, desenvolvidos ou sob responsabilidade de determinado órgão.

Ciclo de

Inovação

Page 65: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

64

inovação advindas do ciclo de inovação, que de alguma maneira exijam maior esforço por

parte do estado, tanto financeiro quanto de gestão. A Incubadora de projetos visa aprimorar a

implantação de inovações de escopo muito amplo. Nesse processo, o NCIM tem um papel de

destaque na medida em que dá suporte aos órgãos proponentes das ideias inovadoras para o

desenvolvimento de pilotos. Além disso, dá suporte metodológico e é parceiro na busca de

financiamento para os projetos.

Antes do processo de incubação os projetos passam por diversas etapas. Inicialmente,

acontece a fase de pré-incubação onde os projetos passam por estudos e tem seu escopo

delineado. Esse processo consiste na definição dos objetivos a serem alcançados, da equipe

responsável, das necessidades do cliente, dos custos e do cronograma. Na segunda fase, a

proposta de inovação tem sua viabilidade avaliada com base na disponibilidade de recursos do

Tesouro Estadual. Caso o Estado não consiga financiar, busca-se o financiamento externo.

Além disso, nessa fase calcula-se o tempo necessário para o amadurecimento da proposta, que

não deve exceder um ano. Os projetos aprovados passam a etapa seguinte: a incubação em si

(MINAS GERAIS, 2013b). A figura 8 aponta as fases do processo de incubação, que serão

explicados a seguir:

Figura 8 – Fases da Incubação

Fonte: (MINAS GERAIS, 2013b, p. 18).

Durante a primeira etapa as necessidades dos clientes são identificadas através de

pesquisas ou por meio de canais de comunicação 27

entre o Estado e a sociedade.

Posteriormente, na fase de análise é feita a escolha da melhor proposta, entre as apresentadas,

a partir de critérios relacionados à adequação às necessidades e efetividade técnica e

27

Os canais de comunicação são: “LIGMINAS”, “Pesquisa de Satisfação”, “Banco de Ideias”, “Ciclo de

Inovação” ou qualquer outro mecanismo de reclamação ou sugestão de ideias utilizado pelo cidadão para

comunicar-se com o governo.

Page 66: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

65

econômica. A etapa “Desenvolver”, visa conduzir a implantação do projeto piloto buscando

fazer possíveis ajustes e melhorias. Em sequência a etapa “Verificar” busca a partir da análise

de viabilidade desenvolver algumas estratégias de implantação. Nesse momento, o projeto

passa por nova análise de viabilidade técnica e financeira, bem como é submetido à reação

dos clientes ao produto/serviço. Nesta perspectiva, deve estar em conformidade com as leis,

com as questões ambientais e tecnológicas, bem como estar alinhado à estratégia

governamental.

Por último, na etapa de “Aprovação”, o projeto é documentado e apresentado aos

patrocinadores: Gerente do Portfólio, Gerente Executivo, Gerente do Programa, do

Projeto/Processo Estratégico (quando pertinente) e ao Líder do Projeto Incubado. Caso seja

aprovado, passa à fase de Pós-Incubação. Nesse momento, o projeto é pactuado no Acordo de

Resultados 28

dos órgãos envolvidos e será desenvolvido no ano seguinte. Se isso não

acontecer o projeto é devolvido para a Agei do órgão proponente.

Depois que se encerra o período de incubação dos projetos, eles são registrados e

podem ser acessados por todas as entidades governamentais, por meio do Banco de

Aprendizagem. Diante disso, pode-se afirmar que a Incubadora de Projetos é um ambiente de

experimentação de ideias complexas, que tem como objetivo contribuir para o aprendizado

institucional no Estado. Isso acontece na medida em que esses registros podem ser

consultados pelos agentes públicos que atuam no Estado e utilizados em outras ideias

posteriormente.

A Incubadora de Projetos Inovadores é o ambiente onde as propostas de inovação são

estudadas e detalhadas. O intuito do estudo é avaliar a viabilidade técnica e orçamentária do

projeto, assim como minimizar os riscos de implantação e maximizar os resultados. Os

projetos que vão para a incubadora são identificados e devem possuir pelo menos um desses

elementos: alta transversalidade29

, custo elevado de implantação 30

e definição de novas

competências31

.

28 Conforme definição do site da Secretaria de estado de Planejamento e Gestão o Acordo de Resultados é um

instrumento de pactuação de resultados que estabelece, por meio de indicadores e metas, quais os compromissos

devem ser entregues pelos órgãos e entidades do Poder Executivo Estadual. 29 Quando o projeto envolve mais de 2 órgãos no seu desenvolvimento (MINAS GERAIS, 2013b). 30 O custo considerado elevado é o acima de R$ 1.000.000,00 (MINAS GERAIS, 2013b). 31 Apresenta o desenvolvimento de novas tecnologias ou novos conhecimentos (MINAS GERAIS, 2013b).

Page 67: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

66

Após a definição dos ambientes de desenvolvimento dos projetos são elaboradas as

Propostas Orçamentárias descrevendo de forma detalhada os custos relativos à execução dos

projetos. Posteriormente, essa proposta é avaliada pela alta administração e caso seja

aprovada, faz-se a elaboração do cronograma de execução e pactuação dos projetos para

ocorrerem no ano subsequente (MINAS GERAIS, 2013b).

O presente capítulo apresentou os elementos principais das políticas de inovação

organizacionais desenvolvidas pelo estado de Minas Gerais. O Estado até o ano de 2003

passou por um período delicado de descontrole fiscal e grande insatisfação social com a

atuação governamental. Estes elementos acabaram por impulsionar a busca pela inovação

como alternativa para solucionar alguns dos problemas vivenciados pela administração

pública naquele momento.

Dentre as várias iniciativas adotadas pelo governo, o presente trabalho destacou uma

em especial, a implementação da Política de Inovação na Gestão Pública. Diante disso,

estudou os principais elementos que se relacionam com sua execução, sendo eles: o Programa

Descomplicar e o Projeto Estratégico de Inovação na Gestão Pública. A Atuação conjunta

destes três elementos mostrou-se essencial para a institucionalização da inovação

organizacional no Estado.

A fim de evidenciar a importância deste Programa serão apresentados no próximo

capítulo alguns dos avanços alcançados por intermédio da inovação organizacional instituída

por meio dele. Além disso, serão apresentadas algumas análises feitas a partir destes

resultados e das entrevistas realizadas com os gerentes de projetos do Núcleo de Inovação e

Modernização do Estado. Neste sentido, serão identificadas três questões principais: os

avanços trazidos pelos projetos de inovação, os obstáculos enfrentados por estes durante sua

implementação e por último analisar em que medida as diretrizes propostas pela Política de

Inovação estudada foram identificadas nos projetos estudados.

Page 68: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

67

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO PROGRAMA DESCOMPLICAR

O capítulo 5 irá apresentar os principais resultados alcançados pelo

Programa Descomplicar, no período de 2011 a 2014. Este período foi selecionado por

compreender a criação da Política de Inovação na Gestão Pública.

Embora o modelo desenvolvido pelo Estado crie expectativas, somente o

alcance de resultados é capaz de dizer que caminho a “política de inovação” está de fato

seguindo. Neste sentido, o levantamento de dados que apresentem os resultados de alguns

projetos desenvolvidos pelo programa é de extrema importância.

As informações apresentadas foram coletadas no Balanço Anual. Esse

documento é elaborado anualmente pela equipe do Núcleo Central de Inovação e

Modernização e tem como objetivo divulgar para a sociedade o trabalho desenvolvido ao

longo do ano pelos órgãos que integram as iniciativas do “Descomplicar”. Este programa já

realizou mais de 300 projetos/ações desde sua implementação. Todavia, como o escopo do

Programa é muito grande serão apresentados apenas os resultados mais significativos, em

relação ao orçamento e ao reconhecimento que obtiveram por suas ações.

Deste modo, o capítulo encontra-se dividido em duas partes principais, em

um primeiro momento serão apresentados os dados referentes aos Balanços Anuais e

posteriormente será apresentada a análise. A análise das entrevistas e dos dados coletados

identificou três questões principais: os avanços trazidos pelos projetos de inovação, os

obstáculos enfrentados por estes durante sua implementação e por último uma análise sobre o

alcance das diretrizes propostas pela “Política de Inovação” nos projetos estudados.

As entrevistas foram realizadas com 11 gerentes dos projetos de inovação

do ‘’Descomplicar’’. Essa equipe de gerentes foi escolhida para a realização das entrevistas

por ser a equipe formal da unidade administrativa central com competências relativas à

inovação. Além disso, é responsável pela coordenação e acompanhamento dos projetos de

inovação do programa estudado. Ao final da apresentação dos resultados foi elaborado um

quadro contendo os principais ganhos trazidos por alguns projetos em relação às diretrizes

estudadas no capítulo 3.

Page 69: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

68

5.1 Balanço Anual 2011

Para realizar os projetos do “Descomplicar” previstos para o ano de 2011, a equipe do

NCIM contou com o apoio de alguns parceiros. Dentre os estaduais destacam-se: as

Secretarias de Estado de Planejamento e Gestão, Fazenda, Meio Ambiente, Saúde, Trabalho e

Emprego, Corpo de Bombeiros, Junta Comercial, dentre outros. Dos órgãos federais e

municipais, destacam-se a Receita Federal do Brasil, o Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e

Pequena Empresa (Sebrae), Prefeituras, dentre outros.

5.1.2 Execução Orçamentária

De acordo com a Lei Orçamentária Anual (LOA) N° 19.418 de 3 de janeiro de 2011,

foram previstos R$ 83.613.319,00 para o Programa Descomplicar. Desse valor, R$

79.666.614,35 foram aprovados e R$ 73.750.116,40 executados. Esse resultado significou

execução orçamentária de 88% em relação ao orçado originalmente e de 92% em relação ao

valor aprovado (MINAS GERAIS, 2011h).

5.1.3 Comunicação e Publicidade

Em relação à publicidade dos dados do programa a equipe do NCIM promoveu ao

longo do ano de 2011, ações de divulgação dos projetos. Essa iniciativa procurou levar até o

cidadão informações relevantes sobre os serviços prestados. Nesse sentido, inúmeras ações

foram realizadas, desde publicação de matérias e artigos na imprensa e no site do

Descomplicar até a organização de seminários e a participação em congressos como o

Consad, com a disponibilização de materiais explicativos para os participantes.

No mês de novembro de 2011 foi realizado o 4º Seminário Descomplica, no auditório

do Sebrae-MG. O evento contou com a participação de aproximadamente 200 pessoas, para a

apresentação dos resultados alcançados em 2011, bem como dos principais desafios que

seriam assumidos em 2012. Ainda em relação à divulgação dos projetos, o site do

Descomplicar recebeu em 2011 cerca de 90 mil visitas e publicou 78 matérias sobre ações

relacionadas aos Projetos, além de disponibilizar para consulta cartilhas, legislações,

apresentações, estatísticas, dentre outras. Outra importante iniciativa foi a integração do

Programa às redes sociais (Facebook, Twitter, Orkut, Google +, Blogger e In Share), o que

Page 70: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

69

possibilitou aos usuários o compartilhamento de notícias, bem como incentivou a participação

social, por meio de depoimentos, sugestões e críticas (MINAS GERAIS, 2011h).

5.1.4 Resultados vertente Estado/cidadão

- Existiam 22 unidades das UAIs. Neste ano foram instaladas mais seis Unidades de

Atendimento Integrado por meio do modelo de Parceria Público Privada – PPP. Essas

Unidades foram instaladas nos municípios de Betim, Governador Valadares, Juiz de Fora,

Uberlândia, Varginha e Montes Claros.

- Foram realizados em 2011 cerca de cinco milhões de atendimentos nas 28 UAIs,

sendo cerca de 20% relacionados à emissão de Carteira de Identidade e Atestado de

Antecedentes Criminais.

- Implantação do sistema Balcão Único nas UAIs. Esse processo permite a capacitação

dos atendentes para que estejam aptos a solucionar qualquer demanda. O Balcão Único entrou

em funcionamento em 2011 na Unidade do Barreiro, em Belo Horizonte, e foi estendido ao

interior do estado em 2012.

- O gerenciamento das UAIs passou a ser realizado através de um software que

permite a visualização em tempo real do funcionamento das unidades, com o

acompanhamento da solicitação por senhas, tempo de espera, quantidade de pessoas na fila

por serviço e índice de satisfação dos usuários. Esse sistema permite a emissão de relatório de

acompanhamento por unidade, serviço, órgão, atendente, possibilitando ações de gestão

focadas, com base em informações reais. As unidades também foram equipadas com circuito

fechado de TV, o que amplia o nível de segurança aos funcionários e cidadãos.

- Em 2011, foi realizado, com cerca de oito mil cidadãos, pesquisa de satisfação em

relação aos serviços prestados nas UAIs. A pesquisa foi realizada entre os dias 9 e 31 de

agosto, e mostrou que em uma escala definida de 1 a 5, os usuários avaliaram o serviço como

muito satisfatório, já que a média alcançada foi 4,2. Outro dado positivo é que 81% dos

usuários responderam que resolveram sua demanda na primeira vez em que procuraram a

unidade e 47% dos usuários registraram que o último atendimento realizado foi mais

satisfatório que os anteriores (MINAS GERAIS, 2011h).

Page 71: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

70

5.1.5 Resultados vertente Estado/empresa

- Abertura de aproximadamente 30 mil empresas no Estado através do Projeto Minas

Fácil, contra um total de 27 mil em 2010. Somente em Belo Horizonte foram abertas 12.480.

- Elaboração de um modelo simplificado e integrado de encerramento de empresas no

estado. Com isso, o prazo para encerramento de empresas passou a ser de no máximo 30 dias

corridos, contra os anteriores 50 dias. O procedimento contém duas etapas, sendo uma

eletrônica e outra presencial.

- Para avaliar o nível de satisfação dos usuários com o Projeto Minas Fácil foi

realizada uma pesquisa de opinião em 31 (das 111) unidades do Minas Fácil, entre os dias 9 e

29 de agosto onde 1.573 empreendedores foram entrevistados. No que diz respeito à

satisfação em relação ao atendimento, em uma escala de 1 a 100, a média foi de 87,7. Outro

ponto positivo foi a avaliação em relação ao tempo para execução dos serviços. Para 82% dos

entrevistados, os serviços são: muito rápido, rápido ou adequado. Além disso, 87,2% dos

usuários responderam que tiveram sua demanda atendida quando procuraram uma unidade

Minas Fácil e 89,6% disseram seguros quando da prestação do serviço (MINAS GERAIS,

2011h).

- Disponibilização de consulta no Sistema Integrado de Gestão da Vigilância Sanitária

(SIGVISA)32

de regularidade de empreendimento quanto à existência de Alvará Sanitário. O

desenvolvimento dessa funcionalidade possibilita que qualquer cidadão interessado possa

consultar, via internet, a situação de um empreendimento quanto à regularidade em relação ao

Alvará Sanitário. Anteriormente, essas informações somente eram disponibilizadas na

Vigilância Sanitária.

- Desenvolvimento do Sistema de Informações do Serviço de Segurança Contra

Incêndio e Pânico (INFOSCIP)33

para controle da regularidade de empreendimento/edificação

32 O SIGVISA é um ferramenta de apoio aos servidores da Vigilância Sanitária na realização e agilização de

atividades de monitoramento, de fiscalização e de vistoria. O sistema permite a solicitação de Alvará Sanitário e

aprovação de Projeto Arquitetônico de forma eletrônica e onde será disponibilizado para consultado andamento

do processo (SEPLAG,2014). 33

É o Sistema de Informações do Serviço de Segurança Contra Incêndio e Pânico (Infoscip). Esse sistema

permite ao público consulta via WEB, solicitações e outros serviços facilitadores da área de prevenção contra

incêndio e pânico no Estado de Minas Gerais (Corpo de Bombeiros, 2013).

Page 72: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

71

quanto à existência do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB)34

. Em parceria com

o Bombeiro Militar foi desenvolvida nova funcionalidade, no site do Corpo de Bombeiros

Militar do Estado de Minas Gerais. Essa permite ao cidadão identificar por meio de consulta

se um determinado empreendimento ou edificação possui o AVCB válido, o que garante o

cumprimento das normas de segurança contra incêndio e pânico (MINAS GERAIS, 2011h).

- Exclusividade de compras de até R$80mil. Por meio dessa iniciativa35

, os órgãos da

administração direta e indireta do Estado, a partir de dezembro de 2011, passaram a dar

exclusividade às Micro e pequenas empresas nas aquisições de bens e serviços até o valor de

R$80 mil. O volume de recursos repassados às MPEs aumentou 90%, de R$50 milhões para

R$ 90 milhões. A título de comparação, em 2008, as MPEs eram 26% do total de

fornecedores cadastrados e em 2011, o percentual saltou para 37% (MINAS GERAIS,

2011h).

- Implementação do Projeto Integrar em parceria entre o Sebrae, Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) e a Junta Comercial de Minas

Gerais (Jucemg). O Projeto levou a experiência mineira para outros estados que não possuíam

sistemas integradores, abrindo caminho para a implantação da Rede Nacional para a

Simplificação do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios em todo o país. A partir

do projeto, toda a tecnologia e know how adquiridos pela Jucemg para abertura de empresas

em Minas foram transferido para o Distrito Federal e outros oito estados: Sergipe, Paraná,

Rondônia, Roraima, Tocantins, Ceará, Pará e Paraíba, o quais passaram a contar com o

processo do Minas Fácil.

5.1.6 Resultados vertente Estado/estado

- Inclusão da assinatura digital no Portal de Compras36

. Esse projeto consiste na

utilização da assinatura digital no Portal de Compras para as aprovações, homologações e

demais decisões tomadas pelas autoridades competentes e pelos ordenadores de despesas.

Esse procedimento elimina a necessidade de impressão dos documentos aprovados para

34 Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros é o documento emitido pelo Corpo de Bombeiros da Policia Militar

do Estado que certifica que um estabelecimento ou edificação possui condições de segurança contra incêndio

(Corpo de Bombeiros, 2013). 35 Alteração do Decreto 44.630/07, que garante tratamento diferenciado e simplificado às micro e pequenas

empresas (MPEs) nas compras do Governo de Minas (SEPLAG, 2011). 36Ferramenta desenvolvida pela SEPLAG que permite o acesso público às contratações de suprimentos do

Estado em um único local, a fim de aumentar a transparência dos processos licitatórios estaduais.

Page 73: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

72

posterior assinatura. Anteriormente a tramitação desses documentos gerava um consumo

excessivo de papel. Além de trazer maior agilidade ao processo, a assinatura digital garante

maior segurança no fluxo de compras e fortalece ações de sustentabilidade.

5.2 Balanço Descomplicar 2012

5.2.1 Execução Orçamentária

Em 2012, foram previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) R$81.650.763,00 para o

Programa. Desses, R$80.381.251,47 foram autorizados e R$76.704.315,40 executados

financeiramente. Ou seja, 95,42% do valor autorizado (MINAS GERAIS, 2012d).

5.2.2 Ciclo da Inovação

Em 2012, as Assessorias de Gestão Estratégica e Inovação (Agei), colaboradoras desse

processo, tiveram suas equipes capacitadas na metodologia do Ciclo de Inovação para

identificação de ideias inovadoras e elaboração de propostas de projetos. Para isso, foi

realizado em 16 de abril treinamento sobre o Ciclo de Inovação com os representantes das

AGEIs.

Em Junho, foram enviadas para análise do NCIM 85 propostas de projetos inovadores

coletadas no Ciclo de Inovação. Dessas, 32 foram aprovadas, sendo duas pactuadas no Projeto

Estratégico de Inovação na Gestão Pública e cinco incluídas na Incubadora de Projetos

Inovadores para serem desenvolvidas em 2013. As demais foram direcionadas para Projetos

Estruturadores ligados aos órgãos proponentes para que sejam implantadas com recursos

próprios (MINAS GERAIS, 2012d).

5.2.3 Incubadora de Projetos

Em 2012, cinco projetos do Ciclo de Inovação foram submetidos aos estudos de

viabilidade técnicas e financeiras, além do desenvolvimento de protótipos e pilotos para as

soluções geradas. Foram eles: Delegacia Virtual, Desenvolvimento do Agronegócio de Minas,

Minas Criativa, Minas Patrimônio Vivo e Saneamento de Minas. Ao final do ano, os

resultados dos estudos foram entregues aos responsáveis dos respectivos órgãos para

Page 74: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

73

execução em 2013 e pactuação nos respectivos Acordos de Resultados das equipes envolvidas

(MINAS GERAIS, 2012d).

5.2.4 Resultados Vertente Estado/cidadão

- As 28 Unidades de Atendimento Integrado (UAI) em funcionamento no estado

realizaram em 2012 cerca de 6,5 milhões de atendimentos à população. Este resultado foi

34,6% maior que o registrado no ano anterior.

- A emissão de carteiras de identidade, um dos serviços mais procurados pela

população nas UAIs, somou 820.750 documentos expedidos. Também foram emitidos

aproximadamente 54 mil registros de Cadastro de Pessoas Físicas (CPF), além de 29 mil

Carteiras de Trabalho.

- Expedição da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) e do Cadastro de

Pessoas Físicas (CPF) em todas as UAIs. A partir de 2012, os serviços para obtenção dos

documentos que compõem o Kit de Cidadania - Carteira de Identidade, CPF e Carteira de

Trabalho – foram disponibilizados em todas as unidades.

- Implantação do sistema Business Intelligence e sala de situação da UAI. Foi

instalado na Coordenadoria Especial de Gestão das Unidades de Atendimento Integrado, na

Cidade Administrativa, a Sala de Situação 37

e o Sistema de Business Intelligence 38

(BI) das

UAIs. Esses sistemas possibilitam a transformação de dados brutos em informações úteis, que

auxiliam na tomada de decisão, por meio da utilização de uma estrutura física que possibilita

o monitoramento em tempo real do nível de serviço de cada unidade. A Sala é composta por

um painel com seis telas que monitoram toda atividade nas unidades, incluindo filas, câmeras

de segurança, satisfação no atendimento, dentre outras informações.

- Ferramenta de Avaliação de Desempenho das UAIs. Essa ferramenta auxilia a gestão

da Coordenadoria das UAIs instaladas na Cidade Administrativa. Essa ferramenta permite o

acesso ao desempenho de cada Coordenador, por meio de feedback e apontando os aspectos

37 Sala instalada na Cidade Administrativa por onde é realizado o acompanhamento em tempo real, por meio de

indicadores, o funcionamento das UAIs a fim de facilitar a tomada de decisão por parte dos gestores. 38 “O sistema de Business Intelligence (BI), refere-se à sistematização do processo de coleta, organização,

análise, compartilhamento e monitoramento de informações que oferecem suporte a gestão de negócios. É o

conjunto de teorias, metodologias, processos, estruturas e tecnologias que transformam uma grande quantidade

de dados brutos em informação útil para tomadas de decisões estratégicas’.

(http://www.oficinadanet.com.br/post/13153-o-que-e-business-intelligence)

Page 75: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

74

que necessitem de intervenção e possíveis melhorias. Além disso, estabelece uma avaliação

de desempenho padronizada para todas as unidades, onde serão avaliados: habilidade técnica,

comportamental e humana.

- Realização de Workshop para os Coordenadores das UAI. Esse evento foi realizado

entre os dias 27 e 29 de novembro e visando incentivar o compartilhamento e a troca de

experiências e boas práticas entre a Coordenadoria de Gestão e os coordenadores das

unidades. Além disso foi criado um Banco de Conhecimento e internalização dos princípios e

valores estabelecidos pela UAI (MINAS GERAIS, 2012d).

- Implementação do Projeto Minas Legal – Cidadania Fiscal. O projeto consiste em

duas iniciativas. A primeira foi realizada por meio de quatro Seminários de Capacitação em

Educação Fiscal para os Educadores das redes estadual, municipal e particular das cidades

que compõem as Superintendências Regionais de Educação dos municípios de Divinópolis,

Conselheiro Lafaiete, Pará de Minas e Ponte Nova. O curso tinha como objetivo inserir o

tema Educação Fiscal nas disciplinas tradicionais. Além disso, foram realizadas capacitações

em Educação Fiscal para Educadores por meio de educação à distância, utilizando a

plataforma da Escola Superior de Administração Fazendária – Esaf, da Receita Federal do

Brasil (RFB).

-A segunda iniciativa do projeto consistiu no incentivo à exigência do documento

fiscal pela população por meio de premiação. O Torpedo Minas Legal integrava o projeto

Minas Legal e distribuiu em 2012 mais de R$ 6 milhões em prêmios, sendo 1.772 de R$

500,00; 56 de R$ 30 mil; 13 de R$ 100 mil e quatro de R$ 500 mil. Para participar do

Torpedo Minas Legal, o consumidor precisava exigir o cupom fiscal ao efetuar o pagamento

de suas compras. Posteriormente, bastava enviar uma mensagem via celular para o número

97531, informando o CNPJ constante no cupom, data e valor da compra. Os sorteados

ganhavam os prêmios (MINAS GERAIS, 2012d).

5.2.5 Resultados Vertente Estado/empresa

Simplificação do processo de extinção de empresas na Jucemg. No ano de 2012, o

prazo para a Jucemg registrar o ato de extinção, uma das etapas do processo, passou de oito

dias para três dias, contribuindo para que em Belo Horizonte, cidade piloto para aplicação do

projeto, o prazo total para se encerrar uma empresa fosse de 30 dias (média 2011) para 15 dias

em média.

Page 76: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

75

- Integração do Cadastro Geral de Fornecedores (Cagef) ao Minas Fácil para cadastro

de fornecedores. Os cadastros da Junta Comercial de Minas Gerais (Jucemg) e o de

Fornecedores (Cagef) do Portal de Compras MG passaram a ser integrados com o propósito

de facilitar o acesso de novos empresários mineiros às compras governamentais. Com a

integração, ao abrir sua empresa, automaticamente o empreendedor pode optar por ser

incluído na base de dados de fornecedores do Governo de Minas. Com isso, os fornecedores

passaram a receber avisos para participar de procedimentos de licitação realizados pelos

órgãos e entidades estaduais (MINAS GERAIS, 2012d).

5.2.6 Resultados da vertente Estado/estado

- Projeto Governo sem Papel: Implementação do Controle Digital. O projeto tinha

como objetivo promover a redução do volume de documentos impressos. A Secretaria de

Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) e o Tribunal de Contas de Minas Gerais

implementaram o projeto Controle Digital para o processo execução orçamentária e financeira

do Estado. Com isso, os documentos de execução orçamentária e financeira (empenho,

liquidação e ordem bancária) produzidos no formato digital, passaram a ser acessados

eletronicamente para consulta do Tribunal, eliminando a necessidade de sua impressão e

manutenção em meio físico. O novo procedimento, além de reduzir o número de impressões,

aumentou a segurança das informações uma vez que utiliza a certificação digital.

- Substituição da assinatura manual dos atos de aposentadoria na Secretaria de Estado

de Planejamento e Gestão (Seplag) pela assinatura eletrônica. A mudança eliminou a

necessidade de imprimir os documentos e otimizou o tempo gasto no processo. Como

comparação, apenas em 2011, cerca de seis mil e seiscentos atos de aposentadoria foram

gerados fisicamente e assinados na Seplag.

- Contratação do projeto do Centro de Serviços Compartilhados (CSC) para a Cidade

Administrativa. O projeto foi elaborado a partir de benchmarking internacional e seu

funcionamento baseia-se na otimização da execução de serviços transacionais dos 42 órgãos e

entidades instalados na Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves. Em 2012, foi

contratado um serviço de consultoria técnica e especializada para realizar diagnóstico

detalhado a respeito da possibilidade de implantação e estabilização de um Centro de Serviços

Compartilhados (CSC) no Governo do Estado de Minas Gerais.

Page 77: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

76

- Lançamento do Programa Mineiro de Empreendedorismo e Gestão para Resultados

Municipais39

. Este programa teve como objetivo promover o compartilhamento de boas

práticas de gestão entre o Estado e as prefeituras. Com a adesão ao programa, os municípios

passavam a receber apoio no aprimoramento das práticas de gestão, bem como tinham acesso

facilitado à linha de crédito do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) e na

identificação de novas formas de obtenção de recursos. O programa foi organizado em cinco

fases: capacitação, diagnóstico, implantação, avaliação e monitoramento. Os municípios que

aderiram ao programa puderam se candidatar ao Prêmio Mineiro de Excelência na Gestão

Pública Municipal40

e ganharam reconhecimento pela conclusão do processo de capacitação e

implantação de novas práticas de gestão (MINAS GERAIS, 2012d).

5.3 Balanço Anual 2013

5.3.1 Execução Orçamentária

Em 2013, foram previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) R$88.904.505,00 para

serem gastos no Programa. Desses, R$78.382.359,23 foram autorizados e R$74.543.508,76

executados financeiramente. O que representa 95% do valor autorizado (MINAS GERAIS,

2013c).

5.3.2 Ciclo de Inovação na Gestão Pública

A partir de 2013 o Ciclo passou a integrar ao Prêmio de Excelência em Gestão

Pública, realizado pela Seplag desde 2005. Com isso, os projetos que se candidatavam ao

Prêmio de Excelência passaram a ser avaliados previamente pelos critérios do Ciclo de

Inovação (MINAS GERAIS, 2013c).

39 Conforme definição da SEPLAG o Programa Mineiro de Empreendedorismo e Gestão para Resultados

Municipais tem como objetivo compartilhar boas práticas de gestão com os Municípios mineiros, visando

fortalecer a gestão pública e agregar valor às ações Municipais no atendimento às demandas da sociedade

(http://conversandosobregestao.mg.gov.br/projetos-e-programas/programa-mineiro-de-empreendedorismo-e-

gestao-para-resultados-municipais/o-programa). 40 “O Prêmio Excelência em Gestão Pública do Estado de Minas Gerais tem como objetivo estimular os

servidores e empregados públicos na implementação de iniciativas de sucesso e na disseminação de novos

conhecimentos em gestão pública, reconhecendo, valorizando e premiando ideias e projetos que contribuam

efetivamente para a melhoria na prestação dos serviços públicos do poder executivo do Estado de Minas Gerais”

(http://www.planejamento.mg.gov.br/premio-excelencia-em-gestao-publica).

Page 78: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

77

5.3.3 Incubadora de Projetos Inovadores

Em 2013, quatro projetos passaram por estudos de viabilidade técnicas e financeiras,

além do desenvolvimento de protótipos e pilotos para as soluções geradas, sendo eles: Central

de vagas, Serviço Jogo Educativo de Ofertas e Preços de Produtos Agropecuários ‘’SMS para

o produtor’’ , Sofware jogo educativo Lei Maria da Penha e educação não sexista, Cartão chip

Leite pela Vida (MINAS GERAIS, 2013c).

5.3.4 Resultados da vertente Estado/cidadão

- O número de atendimentos realizados em 2013 nas 28 UAIs foi de 7,3 milhões de

atendimentos ao público, enquanto em 2012 esse valor foi de 6,4 milhões.

- Em 2013 as unidades emitiram 813 mil carteiras de identidade, 210 mil carteiras de

trabalho, 64 mil CPFs e 284 mil Atestados de Antecedentes Criminais. E ainda, realizaram

373 mil postagens do seguro-desemprego e intermediaram a oferta de 400 mil vagas de

emprego.

- Ao longo de 2013, as UAIs passaram a oferecer novos serviços do Departamento

Estadual de Trânsito (Detran-MG) como entrega da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e

do Certificado de Registro e Licenciamento de Veículos (CRLV), quando ambos forem

devolvidos pelo correio. Além disso, serviços como emissão de passaporte passou a ser

oferecido nas unidades de Juiz de Fora, Governador Valadares, Montes Claros, Uberlândia e

Varginha (MINAS GERAIS, 2013c).

- Criação do Banco de Ideias iniciativa da Assessoria de Gestão da Informação (AGI),

da Seplag que juntamente com NCIM desenvolveram um repositório digital com o propósito

de coletar ideias e sugestões dos servidores e da população, que possam contribuir a

elaboração de projetos de inovação.

5.3.5 Resultados da vertente Estado/empresa

- As 111 unidades do Minas Fácil em funcionamento, sendo uma na capital (sede) e

110 no interior registraram em 2013 a criação de 50.712 novas empresas em todo o Estado.

Deste total, 34.557 - o equivalente acerca de 70% das novas empresas - foram abertas por

meio do Minas Fácil.

Page 79: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

78

- Redução do prazo de abertura de empresa de 45 para 6 dias desde 2005, quando

Projeto Minas Fácil teve início.

- Implantação de 20 unidades “Minas Fácil Expresso”. Dando continuidade ao

processo de universalização do Minas Fácil, em 2013 foram implantadas 20 novas unidades

nos municípios de Vespasiano, Igarapé, São Gonçalo do Rio Abaixo, Matozinhos, Mariana,

Pedro Leopoldo, Esmeraldas, Visconde do Rio Branco, Além Paraíba, Santos Dumont,

Campo Belo, Santo Antônio do Monte, Oliveira, São Gonçalo do Sapucaí, Extrema, Carmo

do Paranaíba, Sacramento, Coronel Fabriciano, Guanhães e Taiobeiras (MINAS GERAIS,

2013c).

- Implantação do sistema de “Business Intelligence” no Minas Fácil. Esse sistema

consistiu em um conjunto de metodologias, processos, arquiteturas e tecnologias que

transformam dados brutos em informações significativas e úteis para auxiliar as tomadas de

decisão. O sistema permitiu também o gerenciamento em tempo real das informações sobre as

empresas abertas no estado, possibilitando ações corretivas e de melhoria nos prazos.

- Consulta situação de veículo por meio de smartphones. Foi disponibilizada pela SEF

a consulta de débitos tributários de veículos registrados em Minas Gerais por meio de

aplicativos para a plataforma móvel (smartphones, tablets, etc.). O aplicativo permitiu o

acesso à informação da situação tributária de veículos, além de disponibilizar o calendário de

pagamento dos tributos e a possibilidade de receber alertas evitando o pagamento de impostos

com atraso. Além das informações sobre o IPVA e a taxa de licenciamento o aplicativo

também foi integrado à base do Detran o que possibilitou a visualização da existência de

multas e impedimentos do veículo.

- Desenvolvimento da “Base Integrada do Cidadão”. O projeto desenvolveu uma base

de dados que identifica o cidadão que busque atendimento numa UAI e armazena o histórico

de seus dados na forma de um cadastro completo. Esses dados foram disponibilizados aos

entes governamentais que necessitam dessa informação para prestar outros serviços ao

cidadão. Em 2013, o processo foi desenhado e o modelo da Base definido. Além disso, a

contratação da empresa responsável pelo desenvolvimento da solução tecnológica foi

concluída, com a solução prevista para entrega ao final de 2014 (MINAS GERAIS, 2013c).

Page 80: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

79

5.3.6 Resultados da vertente Estado/estado

- Implantação e estabilização do Centro de Serviços Compartilhados (CSC) para a

Cidade Administrativa. O CSC foi desenvolvido para executar atividades como: execução de

despesas, gestão de compras, patrimônio, repasse de recursos de saída e gestão de viagens a

serviço. A expectativa é de que o CSC proporcione uma economia de, aproximadamente,

R$16 milhões por ano. A implantação do CSC foi dividida em três fases, sendo a primeira

prevista para o final de junho, a segunda para setembro e a terceira para novembro de 2014.

- Primeira edição do “Programa Mineiro de Empreendedorismo e Gestão para

Resultados Municipais”. Foram visitados pelos gerentes de projetos do NCIM, 59 municípios

para execução de planos de ações de reformulação da gestão pública em sete áreas do

programa: Gestão para Resultados, Plano Plurianual Municipal, Gestão de Projetos, Captação

de Recursos Nacionais e Internacionais, Compras Governamentais e Plano de Carreiras. Além

disso, foram realizados diagnósticos sobre o desempenho dos municípios e posteriormente

foram elaborados planos de ações a serem realizadas na gestão local. Os municípios

selecionados receberam três visitas, com cinco dias de duração cada. Foram mais de mil

reuniões realizadas e uma média de 120 horas de consultoria destinadas a cada município. O

resultado do suporte presencial foi o desenvolvimento de 177 planos de ação e 1.289

servidores municipais envolvidos (MINAS GERAIS, 2013c).

5.4 Balanço anual 2014

5.4.1 Execução Orçamentária

Em 2014, foram previstos na Lei Orçamentária Anual (LOA) R$74.420.990 para o

Programa. A estes foram acrescidos R$ 8.859.606,35, totalizando R$83.360.596,35 de crédito

autorizado. Até a primeira quinzena de novembro, R$53.899.532,32 foram liquidados. O que

representa 64% do valor autorizado (MINAS GERAIS, 2014b).

5.4.2 Ciclo de Inovação na Gestão Pública

Em 2014 o Ciclo de Inovação, reforçou sua importância estratégica para o Governo de

Minas. Os projetos enviados ao Ciclo de Inovação foram escolhidos como finalistas na

Page 81: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

80

modalidade ‘Ideias Inovadoras Implementáveis' 41

da 9º Edição do Prêmio Excelência em

Gestão Pública, da qual participaram servidores e estagiários do Governo de Minas.

Em 2014, foi registrado o maior número de ideias recebidas desde a implantação do

Ciclo de Inovação, em 2012. A Secretaria de Estado de Transporte e Obras Públicas (Setop)

recebeu nove ideias, a Secretaria de Saúde (SES) dezesseis, a de Defesa Social (Seds) trinta e

três e a Seplag, sessenta e seis. Ao todo, cento e vinte quatro ideias enviadas pelos servidores

e pelos cidadãos foram apresentadas no CIGP (MINAS GERAIS, 2014b).

5.4.3 Incubadora de Projetos Inovadores

Em 2014, dois novos projetos passaram por estudos para avaliação de suas

viabilidades técnicas e financeiras, além do desenvolvimento de protótipos e pilotos. Foram

eles: Assistência técnica habitacional e Remodelagem das unidades básicas de Saúde -UBS.

Desses, apenas o Projeto da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional Política

Urbana e Gestão Metropolitana foi considerado apto para implementação em 2015.

5.4.4 Resultados da vertente Estado/cidadão

- O número de atendimentos realizados até setembro de 2014 pelas UAIs foi de 5,77

milhões. A média de atendimentos no período chegou cerca de 640 mil/mês. Na comparação

com o mesmo período de 2013, houve aumento de 1,55% no número de atendimentos,

passando de 5,68 milhões para 5,77 milhões.

- Nos primeiros nove meses de 2014, os serviços mais solicitados foram a emissão de

Carteiras de Identidade, com 634 mil documentos expedidos, Carteiras de Trabalho, com 201

mil, Atestados de Antecedentes Criminais com 176 mil, além de 63 mil CPFs. Também foram

realizadas 320 mil intermediações de ofertas de trabalho e 305 mil postagens de seguro-

desemprego nas UAIs.

- Em 2014, a UAI da Praça Sete, por meio de um convênio de cooperação com a

Superintendência Regional do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), passou a oferecer

41 ‘’A característica principal dessa modalidade é a apresentação de ideias de servidores ou grupo de servidores,

provenientes de conhecimento próprio e/ou experiências adquiridas no exercício de sua função. As ideias desta

categoria são aquelas AINDA NÃO IMPLEMENTADAS, com ou sem auxílio técnico/financeiro EXTERNO ao

órgão/à entidade (consultoria externa, convênios, parcerias com entidades não governamentais, etc.). Serão

avaliadas apenas aquelas ideias com temáticas indicadas no edital, que contribuam para ganhos de eficiência nos

Processos Estratégicos do Governo de Minas Gerais’’ (http://www.planejamento.mg.gov.br/premio-excelencia-

em-gestao-publica/9-premio-excelencia-em-gestao-publica-do-estado-de-minas-gerais-2014).

Page 82: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

81

serviços denominados como: inscrição de pessoa física junto à Previdência Social, simulação

de contagem de tempo de contribuição, consultas sobre o andamento de requerimentos de

benefício, revisão e recurso; extratos de pagamento (Hiscre) e de Imposto de Renda;

requerimento de auxílio-doença; marcação de pedido de prorrogação (PP) e reconsideração

(PR); consultas de perícias médicas agendadas; solicitação de segunda via de certidão para

saque de PIS/Pasep/FGTS e de carta de concessão e memória de cálculo do benefício, dentre

outros. Todos esses serviços são ofertados gratuitamente e, para utilizá-los, o cidadão

precisava apresentar carteira de identidade, CPF, número de identificação do trabalhador

(NIT) e número do benefício, no caso dos beneficiários (MINAS GERAIS, 2014b).

- Aprovado no Ciclo da Inovação 2013, o projeto “Assistência Técnica Habitacional”

teve como objetivo principal encontrar soluções para que Estados e Municípios cumpram a

Lei Federal nº 11.888/08. Essa lei assegura às famílias de baixa renda assistência técnica

pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social. A proposta de

projeto visava, por meio de estudos realizados por técnicos da Sedru, NCIM e Universidade

Fumec, desenhar um modelo capaz de prestar serviços de assistência técnica habitacional

gratuita ao cidadão. O projeto piloto consistiu em parceria com um Escritório Modelo,

coordenado por alunos dos Cursos de Engenharia e Arquitetura (MINAS GERAIS, 2014b).

- Criação do aplicativo para o turismo mineiro – “Minas Tour 360”. Os turistas que

visitaram o Estado podiam baixar o aplicativo Minas Tour 360, disponível para smartphones e

tablets, o qual apresentava os principais pontos turísticos do Estado. As informações eram

disponibilizadas em forma de texto, áudio, imagens em duas ou três dimensões ou indicações

geográficas. Essa ideia foi uma sugestão enviada pelos servidores da Secretaria de Turismo e

Esportes no Ciclo da Inovação na Gestão Pública de 2013 e trabalhado pelos projetos de

inovação do Projeto Estratégico de Inovação na Gestão Pública.

- Início do Funcionamento da Delegacia Virtual42

. Fruto de estudos de viabilidade

realizados pela Incubadora de Projetos Inovadores do NCIM, em 2012, a Delegacia Virtual

iniciou sua operação no início de maio de 2014. Ao final do ano de 2014 a Delegacia virtual

já havia realizado mais de 4 mil ocorrências de trânsito. Por meio da delegacia virtual podem

ser realizados registros de acidentes de trânsito sem vítimas, além de registros de perda de

documentos e objetos pessoais, registros de pessoa desaparecida e de pessoa localizada e

registro de danos simples (MINAS GERAIS, 2014b).

42 https://delegaciavirtual.sids.mg.gov.br/

Page 83: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

82

5.4.5 Resultados da vertente Estado/empresa

- Em 2014, o Minas Fácil contava com 122 unidades, sendo 121 no interior, além da

Sede, em Belo Horizonte. Nesse ano foram criadas 28 mil novas empresas em todo o Estado

até outubro de 2014, de um total de 37 mil empresas abertas. Com isso, a abertura de

empresas pelo projeto correspondeu a 74% das empresas abertas no Estado.

- O prazo médio para abertura de empresas permaneceu em 6 (seis) dias corridos, em

média, sendo 5 (cinco) dias na capital. A abertura de empresa acontece em quatro etapas,

sendo três pela internet e uma presencial. Para os empresários que possuem Certificado

Digital (tipo e-CPF) é possível realizar todo processo via web, sem a impressão de qualquer

documento.

- O encerramento de empresas passou de um prazo de 39 dias em média para 13 dias,

em Belo Horizonte desde o início do programa (MINAS GERAIS, 2014b).

5.4.6 Resultados da vertente Estado/estado

- Finalização da implantação do Centro de Serviços Compartilhados (CSC) da Cidade

Administrativa. O projeto visa promover melhorias nos sistemas corporativos do Estado,

como Portal de Compras, Cadastro Geral de Convenentes (Cagec), Sistema Integrado de

Administração Financeira (Siafi), contribuindo para o aumento da qualidade e agilidade na

prestação de serviços e segurança das informações dos processos.

Para facilitar a interface entre os demandantes e a operação do CSC, foram adquiridos

uma URA (Unidade de Resposta Audível) 43

e um software de Call Center (CTI44

), além do

desenvolvimento de um Portal web45

(Portal CSC), no qual os usuários podem realizar e

acompanhar suas solicitações. Além disso, para a operação do Centro foi adquirida uma

43 Unidade de Resposta Audível (URA) também conhecido como atendente eletrônica é um equipamento para

um call center que provê serviços automáticos para os clientes que ligam como responder a dúvidas e fornecer

informações sem a intervenção de um atendente. 44 O Call Center, ou Central de Atendimento, consiste em uma estrutura física centraliza o recebimento de

ligações telefônicas, distribuindo-as automaticamente aos atendentes e possibilitando o atendimento aos usuários

finais.Os softwares de Call Center monitoram e/ou gravam as ligações telefônicas e controlam o fluxo das

chamadas, fornecendo dados para o melhor gerenciamento dos recursos humanos e tecnológicos. 45

O Portal Web é um site na internet que funciona como centro aglomerador e distribuidor de conteúdo para

uma série de outros sites ou subsites dentro, e também fora, do domínio ou subdomínio da empresa gestora do

portal .

Page 84: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

83

solução CRM46

(Customer Relationship Management) e desenvolvido sistema de Business

Intelligence que possibilitará o acompanhamento dos indicadores dos Acordos de Nível de

Serviços47

(ANS) e Acordos de Nível Operacional 48

(ANO). Desde o início da operação, até o

final da primeira quinzena de novembro, o CSCs recebeu mais de 37 mil solicitações de

serviços conforme figura a seguir (MINAS GERAIS, 2014b):

Figura 9: Atendimentos realizados pelo CSC no ano de 2014

Fonte: (MINAS GERAIS, 2014b).

- Realização da segunda edição do “Programa Mineiro de Empreendedorismo e

Gestão para Resultados Municipais”. Em junho de 2014 foi finalizada a segunda Edição do

curso de capacitação de servidores municipais promovido pelo “Programa Mineiro de

Empreendedorismo e Gestão para Resultados Municipais”. Participaram desta edição 242

municípios, totalizando 3.051 servidores inscritos. No total das duas edições o curso

capacitou servidores de 54% dos municípios mineiros.

46 Customer Relationship Management (CRM) é o mesmo que Gestão de Relacionamento com o Cliente.

Consiste em um conjunto de ferramentas que automatizam as funções de contato com o cliente. É uma estratégia de gestão de relacionamento com o cliente voltada ao entendimento e antecipação das suas necessidades. Essas

ferramentas compreendem sistemas informatizados e fundamentalmente uma mudança de atitude corporativa,

que objetiva melhorar o relacionamento com o público alvo. 47 Um Acordo de Nível de Serviço é um acordo firmado geralmente, entre a área de TI e seu cliente interno, que descreve o serviço de Tecnologia da Informação TI, suas metas de nível de serviço, além dos papéis e

responsabilidades das partes envolvidas no acordo. 48

Consiste em um acordo estabelecido entre o provedor de serviços de TI e um cliente. Esse acordo descreve o

serviço de TI, documentada metas de nível de serviço e especifica as responsabilidades do provedor de serviços

de TI e do cliente.

Page 85: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

84

- Realização do projeto “Sustentabilidade Jurídica: Tecnologia a serviço do Estado em

Rede’’. Em parceria com as Assessorias Jurídicas do Estado e a Advocacia Geral do Estado, o

curso pretendia promover o aperfeiçoamento técnico dos servidores públicos. O objetivo do

projeto foi a capacitação de pessoal, o restabelecimento do Centro de Estudos Celso Barbi

Filho e a estruturação da Escola da Advocacia Pública. A capacitação foi realizada através

plataforma de educação à distância (EaD) que utiliza a tecnologia de ambiente virtual do

Canal Minas Saúde, vinculado à Escola de Saúde Pública, que integra o Sistema Operacional

da Secretaria de Estado de Saúde. Para isso, foram disponibilizados 16 vídeos-aulas, 16

apostilas e materiais complementares sobre os temas: Direitos Humanos, Direito Ambiental,

Direito Sanitário e Direito Processual Disciplinar.

Ao final do Curso, 325 servidores haviam sido capacitados, 15 artigos científicos

foram produzidos para publicação na Revista Jurídica da Advocacia-Geral do Estado e houve

a realização de um Seminário de Aula Magna para fechamento do curso.

- Apresentação do Descomplicar no VII Congresso do Conselho Nacional de

Secretários de Estado da Administração (Consad). Foi apresentado, em Brasília, em março de

2014, durante o VII Congresso do Conselho Nacional de Secretários de Estado da

Administração (Consad) os principais resultados alcançados pelo Programa Descomplicar no

Estado de Minas. O tema abordado era gestão sustentável. O evento reuniu pesquisadores,

secretários de Estado, dirigentes, servidores públicos e estudantes de todo o país que

participaram de palestras, painéis e mesas redondas. As iniciativas inovadoras do

Descomplicar apresentadas foram o Projeto “Governo Sem Papel”, o “Centro de Serviços

Compartilhados” (CSC) e o “Programa Mineiro de Empreendedorismo e Gestão” para

Resultados Municipais (MINAS GERAIS, 2014b).

O quadro 5 foi elaborado com o objetivo de facilitar o entendimento sobre a relação

dos resultados apresentados com as diretrizes propostas pela Política de Inovação estudada.

Para isso foram escolhidos alguns dos projetos e ações apresentados, como exemplo, de

iniciativas que trouxeram ganhos em relação às diretrizes estudadas no trabalho.

Quadro 5 – Relação entre as diretrizes da Política de Inovação e os projetos de inovação

Page 86: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

85

Balanços Anuais - 2011/2014 (continua)

FValor Público

Ações Resultados

Pesquisa de satisfação e opinião Democratização dos

mecanismos de controle social

Software jogo educativo Lei Maria da

Penha

Contribui para

conscientização dos jovens em

relação à violência contra a mulher

Publicação de Resultados

Aumento da accountability,

transparência das ações

públicas

Utilização de Redes sociais Participação social

Estabelecimento de PPP Redução de gastos

Transição PSIU para UAI

Melhora na prestação do

serviço público, maior

agilidade e eficiência.

Instalação de softwares para

acompanhamento de serviços em

tempo real

Gestores tomam decisões

mais assertivas e em menos

tempo

Implementação do Governo sem Papel

e CSC

Redução dos gastos com as

áreas meio

Aumento do número de unidades do

Minas Fácil e UAI

Maior número de cidadãos

atendidos. Melhora no

relacionamento entre o Estado, as empresas e os

cidadãos

Utilização da Assinatura Digital

Redução de gastos

desnecessários com papel e aumento do tempo disponível

para os gestores responsáveis

pelas assinaturas. Dessa forma podem gastar mais tempo

tomando decisões importantes

para o cidadão

Consulta SIGVISA e INFOSCIP Maior controle e fiscalização

das ações públicas

Incubadora de Projetos

Realização de estudos evita o

desperdício de dinheiro

público

Projeto Minas Legal

Aumento dos mecanismos de

controle social

Page 87: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

86

Balanços Anuais - 2011/2014 (conclusão)

Ações Resultados

Aprendizagem

Organizacional

Estabelecimento de parcerias Compartilhamento de

experiências

Implementação do Balcão Único nas UAIs

Capacitação dos funcionários

Instalação do BI e da sala de situação

Promoção da melhoria

contínua dos processos;

descentralização das decisões

e da execução das políticas

Projeto Integrar

Valorização da cooperação e

compartilhamento de boas experiências entre os

municípios

Programa Mineiro de

Empreendedorismo e Gestão para Resultados Municipais

Compartilhamento de boas

práticas de gestão entre o Estado e as prefeituras

Realização de workshops

Disseminação de informações

e conhecimento sobre os

projetos de inovação

Ferramenta de avaliação do

Desempenho

Melhora nos mecanismos de

aprendizagem por meio de

feedback e apontando os

aspectos que necessitem de intervenção e possíveis

melhorias

Instituição da Política de Inovação

Definição de uma estratégia

de institucionalização da inovação organizacional no

Estado

Incubadora de Projetos

Aumento do nível de aprendizagem organizacional

por meio dos estudos

realizados com os projetos

(equipe ganha maior expertise no assunto)

Inovação Aberta

Realização de benchmarking

Troca de experiências e

compartilhamento de

informações com atores externos

Ciclo de Inovação

Valorização e incentivo de

novas ideias, o que contribui

para a instituição de uma cultura pró-inovação

Banco de Ideias Participação social no

processo de elaboração das

políticas públicas de inovação

Fonte: elaboração própria

Page 88: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

87

5.5 Análise dos resultados e das entrevistas

Nesta seção serão abordadas três questões principais a partir dos dados coletados e das

entrevistas realizadas, são eles: os principais avanços alcançados pelo Programa

Descomplicar; as principais barreiras que dificultam a execução dos projetos de inovação

organizacional no Estado e por último identificar em que medida as diretrizes propostas pela

Política de Inovação na Gestão Pública foram contempladas no processo de implementação

das políticas de inovação na gestão pública local.

As entrevistas semi-estruturadas foram realizadas com os gerentes de projetos da

equipe do Núcleo Central de Inovação e Modernização (NCIM). Os gerentes entrevistados

desenvolviam projetos nas três vertentes (Estado/estado, Estado/empresa e Estado/cidadão) do

Programa Descomplicar. Foram entrevistados ao todo 11 gerentes, de um total de 14, que

participavam do processo de planejamento, de execução e de monitoramento dos projetos de

inovação desenvolvidos pelo programa.

Os itens 5.5.1 e 5.5.2 contém a percepção dos gerentes entrevistados, os demais itens

foram realizados por meio de uma análise interpretativa sobre os dados estudados e sobre as

entrevistas.

5.5.1 Principais Avanços

Conforme as entrevistas realizadas, os gerentes consideraram como principais avanços

trazidos pelo “Descomplicar” as entregas realizadas pelos seguintes projetos: “Minas Fácil”,

“UAI”, “Ciclo de Inovação” e “Governo sem Papel”. Dos onze gerentes entrevistados, todos

responderam que os principais avanços alcançados pelo “Programa Descomplicar” dizem

respeito aos resultados alcançados pelos projetos “Minas Fácil” e a “UAI”. Além disso, três

entrevistados citaram também o Ciclo de Inovação, um citou o projeto do Governo sem Papel.

Ainda segundo os gestores, os benefícios gerados pelo programa são maiores, em razão de sua

estrutura fragmentada em vertentes. Isso potencializaria o alcance de resultados, bem como

agregaria maior valor ao produto final. Essa divisão permitiria um melhor entendimento das

necessidades de cada grupo (estado, empresa e cidadãos), assim como a definição de uma

melhor estratégia de atuação.

O Projeto Minas Fácil foi considerado um projeto de destaque, por sua capacidade de

fortalecimento do ambiente de negócios em Minas. Esse fato foi considerado um grande feito,

Page 89: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

88

pois reduziu em até 40 dias o processo de abertura de empresas, além disso o procedimento

pode ser realizado via internet. Para eles, o fortalecimento das empresas é fundamental para

garantir o crescimento e desenvolvimento do Estado.

De acordo com os entrevistados, a UAI também foi considerada um grande avanço, na

medida em que proporcionou maior facilidade de acesso a diversos serviços públicos (tirar

carteira de trabalho, realizar prova de legislação, pegar carteira de motorista, tirar passaporte,

conseguir emprego) pelo cidadão. As UAIs conseguiram otimizar grande parte dos serviços

prestados pelo antigo PSIU, atuando de maneira mais ágil e eficiente. Além disso, utiliza

instrumentos importantes de interlocução com a sociedade, como pesquisas de satisfação e

outros relacionados ao controle de qualidade dos serviços e capacitação dos funcionários.

Segundo os entrevistados, esses instrumentos se mostraram fundamentais para garantir a

participação e controle social na elaboração e execução das políticas públicas e a melhoria

contínua dos processos.

De acordo com os gerentes o “Ciclo de Inovação” foi um dos mecanismos mais

inovadores da “Política de Inovação na Gestão Pública do Estado”. Isto porque esse foi o

principal dispositivo utilizado pelo Estado para viabilizar a inovação aberta, uma das

diretrizes da referida Política de Inovação. Esse processo permitiria uma maior aproximação

entre o Estado e o cidadão, na medida em que as ideias dos servidores e da sociedade são

coletadas e podem se transformar em projetos de inovação do Estado. O “Ciclo da Inovação”

ainda conta com a colaboração das Ageis, responsáveis por incentivar e formalizar as ideias

propostas pelos servidores de todos os órgãos estatais. Esse processo pode colaborar para a

promoção da cultura de inovação no estado, na medida em que a colaboração deixa de fazer

parte apenas do cumprimento de metas, e passa a ser visto como uma oportunidade direta de

fortalecimento da gestão pública.

O ciclo de inovação é um instrumento de destaque no processo de inovação no

estado, é o responsável por viabilizar a inovação aberta. A inovação não sai mais do

Descomplicar para os órgãos, mas os órgãos começaram a pensar na inovação e

começaram a demandar a equipe do descomplicar.

O projeto “Governo sem Papel”, foi considerado importante por implementar ações de

melhoria nos sistemas governamentais, no sentido de evitar o uso desnecessário de papel e

proporcionar maior produtividade. Essas ações levaram à redução dos custos estatais, e com

isso, mais recursos foram disponibilizados para as áreas fim. “O custo com a máquina deve

ser sempre o menor possível, o foco deve estar no cidadão (entrevistado 7)”.

Page 90: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

89

Nesse contexto, de acordo com os gerentes o “Descomplicar” mostrou-se importante

para o fortalecimento das políticas de inovação organizacional no estado, pois desenvolve

ações nos mais diversos ambientes, dimensões e em diversas intensidades (melhoria, mudança

e transformação). A atuação do programa também mostrou-se importante, ao longo dos

últimos anos, no fortalecimento do estado e de suas parcerias. Para eles, o foco de atuação do

Descomplicar consiste no desenvolvimento de projetos e ações que promovam a melhoria

continua dos processos de gestão. Nessa perspectiva, não existem modelos ideais, tudo pode

ser melhorado ou construído por meio da colaboração e envolvimento das pessoas. “O

Descomplicar é fundamental para o estado, ele é uma peça essencial para não pararmos no

tempo” (entrevistado 8).

Ter o processo de em mente e incentivar a instituição de uma cultura de inovação,

por si só já é um ganho enorme para o Estado, porque você não fica simplesmente

atendendo a rotina, inovando a partir do surgimento de problemas. A inovação deve

buscar o aprimoramento dos procedimentos antes que aquilo vire um gargalo. Por

isso é fundamental difundir isso em todos os órgãos, mesmo que o processo esteja

indo bem, pode buscar um benchmarking e encontrar uma maneira melhor ainda de

alcançar resultados ainda maiores (entrevistado 10).

5.5.2 Barreiras à implementação de práticas inovadoras de gestão

Em relação às barreiras observadas durante o processo de implementação aos projetos

de inovação do estado, todos os gerentes entrevistados citaram a cultura organizacional como

sendo a principal barreira enfrentada durante o processo de execução dos projetos de inovação

na gestão do estado. Nesse sentido, todos os entrevistados citaram a resistência dos

servidores e a aversão ao “novo” como sendo as principais consequências da cultura do

“funcionalismo público”. Além disso, citaram como causas dessa cultura, o excesso de

burocracia e o desalinhamento de informações entre os órgãos de governo.

O principal problema com certeza é a resistência por parte dos servidores, eles não querem sair de sua zona de conforto. Os atores precisam ser convencidos e

dificilmente conseguem visualizar a proposta antes de enxergar os benefícios que

pode ganhar com aquilo. Os procedimentos mais rejeitados são os redesenho de

processos e a implementação de uma inovação radical’’ (entrevistado 1).

Apenas 4 dos entrevistados citaram questões orçamentárias como sendo o segundo

fator impeditivo à execução das políticas de inovação. Conforme a opinião dos gerentes, os

projetos de inovação nem sempre são prioridade durante o planejamento orçamentário por

apresentarem riscos elevados. Com isso, a equipe dos projetos deve ser bastante capacitada e

Page 91: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

90

apresentar uma boa proposta, a fim de convencer os colaboradores a investir na nova ideia.

No contexto de restrição orçamentária do Estado, os projetos de inovação são os primeiros a

serem cortados do orçamento. Percebe-se que mesmo ganhando destaque nos últimos anos,

assumindo um caráter estratégico desde 2011, a inovação ainda fica em segundo plano

quando “disputa” orçamento com outras demandas prioritárias do governo, como saúde,

educação e segurança. Diante isso, a melhor estratégia seria o estabelecimento de parcerias

com outras secretarias (Secretaria de Saúde, Educação), que dispõem de uma maior

quantidade de recursos e precisem de novas ideias para melhorar suas atividades.

A burocracia também foi mencionada por dois entrevistados como um obstáculo para

a implementação das políticas de inovação. O excesso de formalismo tornaria os

procedimentos lentos e dificultaria a introdução das mudanças. Consequentemente, esse

problema impacta no comportamento das pessoas que se sentiriam desmotivadas. Em

contrapartida, um dos entrevistados enxerga nesse problema a possibilidade de encontrar as

melhores soluções. “As novas ideias surgem da necessidade de evoluir e de inovar”

(entrevistado 5).

Outro problema citado por 2 dos investigados foi a questão legal, que envolve a

necessidade de alteração ou criação de nova lei que viabilize os projetos de inovação. A

legislação é considerada uma barreira visto que o gestor público deve seguir o princípio da

legalidade podendo fazer somente o que está previsto na lei. Para estes gerentes, muitas

vezes, as pessoas utilizam esse argumento como justificativa para resistência à inovação. No

entanto, os gestores públicos têm a possibilidade de alterar ou adicionar regulamentos legais,

sendo assim, decretos podem ser propostos e leis podem ser alteradas. Posto isto, esse

problema torna-se superável no âmbito estadual.

Por último, apenas um entrevistado citou como obstáculo à inovação, a falta de

trabalho em equipe e a cooperação entre os diversos órgãos envolvidos na execução dos

projetos. Isso acontece, segundo ele, porque os órgãos são autointeressados e se preocupam

apensas com suas atividades específicas. “Eles mal conseguem resolver as suas demandas e

acabam não querendo arcar com outras responsabilidades. Com isso os projetos de inovação

ficam de lado” (entrevistado 4).

Para ele, esse fato se torna ainda pior quando os projetos dependem de parceria com

outros entes federados, sob os quais não se tem nenhuma ingerência. Uma possível solução

seria o estabelecimento de convênios, consórcios e pactos de cooperação entre os entes,

Page 92: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

91

visando o desenvolvimento de projetos em parceria e o fortalecimento das políticas de

inovação.

Em relação à busca de soluções quanto aos problemas apresentados, todos os

entrevistados relataram que diante do principal problema enfrentado por eles, a resistência dos

servidores, a principal ferramenta utilizada é a apresentação dos resultados já alçados pelo

programa. Além disso, 2 dos entrevistados afirmaram realizar Workshops sobre o

Descomplicar, com os órgãos que pretendem estabelecer parcerias para execução de algum

projeto. O restante dos entrevistados relatou que frequentemente apresentam dados de

estudos, pesquisas e realizam reuniões de equipe para convencer o maior número de atores

sobre a relevância de sua participação e sobre os benefícios alcançados caso o projeto seja

implementado. “É extremamente importante desenvolver estudos, trabalhos e diagnósticos

que respaldem nosso trabalho e reafirmem sua importância. As demonstrações devem ser

concretas para gerar convencimento” (entrevistado 7).

Em último caso, se as pessoas não se convencerem entram em contato com a alta gestão para

que interfiram e ajudem a solucionar o problema. “Quando estamos com dificuldade de

implementar uma nova política estabelecemos marcos legais49

para o funcionamento de uma

política, que “obriga” as pessoas a adotarem aquele comportamento depois de certo tempo de

adaptação” (entrevistado 11).

Segundo os gerentes, o estabelecimento de uma cultura de inovação no Estado torna-

se cada vez mais importante para o fortalecimento das políticas públicas. A inovação não

deveria surgir somente em um momento de crise ou para solucionar um problema, ao

contrário, deveria fazer parte do planejamento estratégico do Estado e ser realizada por todos

os órgãos e entidades. Diante disso, seria necessário o desenvolvimento de uma equipe

capacitada e experiente capaz de fomentar e disseminar por todo o estado a cultura inovadora.

O Estado não poderia se acomodar nem satisfazer-se com os resultados alcançados, a

inovação deve ser constante, pois as demandas nunca cessam. Além disso, como seria

crescente a competitividade entre a iniciativa privada e o setor público no que tange ao

fornecimento de diversos serviços. Assim sendo, seria fundamental que o estado continuasse

evoluindo constantemente, para não ficar para trás, já que o setor produtivo investe em

inovação há muito tempo.

49 Estabelecer algum Decreto ou Lei que regulamente uma ação ou projeto de inovação.

Page 93: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

92

Todos os entrevistados afirmaram ainda nunca terem ouvido falar ou tido acesso a

documentos que relatem alguma iniciativa relevante de inovação na gestão, antes da criação

do Núcleo Central de Inovação e Modernização e da Política de Inovação. Contudo, apesar de

não terem sido encontrados registros ou informações que relatassem algum evento importante

relacionado à inovação organizacional no período anterior à publicação da Política de

Inovação, não se pode afirmar a inexistência desses eventos antes de 2003.

Acredito que certamente existiu algo importante relacionado à inovação, antes do

Descomplicar. O único problema é que as informações no serviço público nem

sempre são públicas. As pessoas vão embora e levam com elas o legado, às vezes até a história de um setor ou de alguma ação importante. Infelizmente sobre isso não

temos controle (Entrevistado 8).

A inovação não é característica do choque de gestão, ela sempre foi feita, às vezes

não com esse nome e essas características. O diferencial alcançado com a Política de

inovação foi a criação de uma equipe de governo que trabalhasse exclusivamente

com o desenvolvimento e incentivo à inovação. Mas, acredito que toda equipe

precisa inovar pra solucionar algum problema, a inovação não é uma descoberta

incrível, que surge do nada. Acho que isso sempre aconteceu, porém de maneira fragmentada (Entrevistado 4).

Outro ponto a ser mencionado é que apenas 4 dos investigados acreditam na

continuidade do programa após a transição de governo. Os outros 7 supõem que os

investimentos em inovação devem diminuir significativamente, por não estarem atrelados

diretamente à estratégia do novo governo. Segundo eles, a atitude mais sensata a ser tomada

pelo próximo governo é o conhecimento do programa e o convencimento de sua importância

por meio da análise de resultados.

Entretanto, acreditam que ainda que o novo governo tenha acesso aos resultados do

Programa por meio do relatório de transição50

, seu posicionamento em relação a isso depende

de fatores como interpretação e interesses partidários. O entrevistado 1 acredita que “a

prioridade do novo governo vai ser “arrumar a casa”. É difícil pensar em inovação quando

existem problemas maiores batendo à porta. Novamente o ajuste das contas públicas deve ser

prioridade por um bom tempo”.

Atualmente o novo governo ainda não se posicionou a respeito da continuidade do

Programa, e apenas duas das ações que constavam no planejamento de 2015 estão aos poucos

sendo desenvolvidas. Entretanto, projetos que já foram consolidados, como o Minas Fácil e a

50 Documento elaborado pela equipe do NCIM, contendo toda a história do Programa Descomplicar, bem como

seus resultados, relatórios e documentos em geral.

Page 94: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

93

UAI acabaram tornando-se processos do Estado e não podem deixar de serem contemplados,

entretanto, ações futuras não foram previstas.

Nesse sentido, os entrevistados acreditam que o “Descomplicar” teve um papel

fundamental para o fortalecimento da inovação no estado, mas é preciso que essa iniciativa se

intensifique por todos os órgãos estatais, por meio de um maior compartilhamento de

responsabilidades. É preciso que outras equipes colham os frutos desses projetos e possam

colaborar ainda mais para o fortalecimento da inovação na gestão pública.

5.5.3 Análise do alcance das diretrizes da Política de Inovação na Gestão Pública

Conforme discutido no capítulo 3 e 4, foram definidas três diretrizes. para a condução

da Política de Inovação na Gestão Pública do Estado, são elas: inovação aberta, valor público

e aprendizagem organizacional. Neste item procura-se analisar em que medida foi possível

perceber estas três diretrizes ao longo do processo de implementação dos projetos de inovação

estudados.Essa percepção foi extraída através da análise dos documentos do programa e das

entrevistas com os gerentes.

Em relação à diretriz “valor público”, o primeiro ponto a ser evidenciado é que

durante o estudo dos documentos e também através das entrevistas foi fácil perceber que os

idealizadores dos projetos acreditam estar agregando valor aos serviços prestados ao cidadão.

Entretanto, foi identificado apenas um instrumento de mensuração desta diretriz proposto pelo

programa, a pesquisa de satisfação. Nos Balanços Anuais foram apresentados dados sobre

pesquisas de satisfação e opinião realizadas com os usuários do “Minas Fácil” e das “UAIs”

que apresentaram resultados satisfatórios.

De maneira geral, os resultados analisados em relação à diretriz valor público,

proposta pela Política de Inovação foram positivos. Como principais avanços pode-se citar o

aumento da democratização dos mecanismos de participação social; aumento da transparência

por meio da publicação das informações; aumento dos instrumentos de controle social;

redução de gasto público, entre outros. Isto evidencia que muitas das ações desenvolvidas

pelos projetos de inovação apresentados conseguem agregar valor às suas entregas. Conforme

tratado no capítulo 3, a percepção por parte da população do valor público implica em

melhoria na relação de confiança entre o Estado e a sociedade e com base na pesquisa de

satisfação/opinião e nos resultados analisados isso parece acontecer.

Page 95: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

94

Apesar destas pesquisas contribuírem para a percepção sob o ganho de valor público

nos serviços prestados ao cidadão, somente elas não são suficientes, uma vez que o programa

apresenta um universo de projetos muito maior que não foram contemplados por estas

pesquisas. Além disso, como essa diretriz foi considerada como norteadora dos projetos de

inovação organizacional, o desenvolvimento de outros mecanismos capazes de mensurar

efetivamente o seu alcance por meio dos projetos de inovação seria extremamente importante.

Ainda que algumas questões precisem ser revistas, acredito que o “Descomplicar”

através de suas ações consegue criar valor público, uma vez que os gestores buscam tomar

decisões que beneficiem os cidadãos e aumentem seu nível de bem-estar social. Isto pode ser

percebido com maior destaque nos projetos da vertente Estado-cidadão, pois estes se

preocupam em impactar na qualidade de vida dos cidadãos de maneira direta. Por outro lado,

nos projeto das outras vertentes esse ganho é percebido de maneira indireta, como no caso dos

projetos desenvolvidos pela vertente estado/estado. Estes projetos estão ligados diretamente à

otimização dos serviços realizados dentro dos órgãos, entretanto os impactos gerados pelas

ações visam à redução dos desperdícios e um melhor aproveitamento dos recursos públicos o

que acaba afetando também a prestação de serviço ao cidadão. Os projetos da vertente estado-

empresa também geram impactos indiretos no cidadão, uma vez que a melhora do ambiente

de negócios contribui para o melhor funcionamento da máquina pública.

No que diz respeito à diretriz “inovação aberta”, o programa parece ter avançado mais,

por meio do desenvolvimento do “Ciclo de Inovação”. A “gestão participativa”, desenvolvida

a partir da terceira geração do Choque de Gestão, propõe maior envolvimento e participação

social, através do compartilhamento de experiências entre cidadãos e Estado para que juntos

pudessem desenvolver soluções inovadoras para os problemas tanto da sociedade quanto do

governo. Esse mecanismo contribui para a instituição da inovação aberta, uma vez que

possibilita ao Estado desenvolver seus projetos de inovação organizacional com o apoio dos

servidores públicos e da população.

Cabe aqui destacar, que a maior parte dos projetos realizados por meio do Ciclo de

Inovação foram ideias propostas pelos servidores da Cidade Administrativa. Com isso, para

que a gestão participativa seja efetivamente alcançada faz-se necessário a ampliação dos

mecanismos de consulta à população, visto que o LIG-MINAS foi o único instrumento em

funcionamento identificado para realizar a coleta de ideias diretamente da população. Apesar

da criação do Banco de Ideias, o qual permitiria que qualquer pessoa com acesso a internet

Page 96: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

95

entre no site e proponha inovações que possam ser utilizadas para elaboração de projetos

inovadores. Foram encontrados dados sobre a sua criação, entretanto, seus resultados em

relação a este mecanismo nos documentos analisados nem nas entrevistas.

Além da população, existem outros atores externos que podem ser consultados nesse

processo e que não foram identificados no material analisado, como indústria, empresas,

pequenos empreendedores, consultores, entre outros. Esse pode ser o próximo passo em

relação aos avanços dos mecanismos de inovação aberta, pois quanto maior o número de

parcerias estabelecidas entre o estado e outros atores maiores podem ser os benefícios gerados

ao cidadão.

Outro desafio enfrentado para a instituição da inovação aberta por meio do Ciclo de

Inovação refere-se ao processo de divulgação internamente no Estado realizado pelas Ageis e

principalmente externamente ao informar a população sobre a possibilidade de contribuir para

elaboração de projetos de inovação. Ainda que exista o esforço em realizar a divulgação o

alcance desta parece ainda ser bastante limitado, em relação à dimensão de atores com

potencial para se envolver.

Apesar disso, o desenvolvimento do mecanismo de inovação aberta é um avanço

muito importante, na medida em que permite ao cidadão participar do processo de elaboração

das políticas públicas para além dos processos de avaliação, como frequentemente ocorre. Por

meio do Ciclo de Inovação, o cidadão é “convidado” a dar sua contribuição, enquanto no

processo de avaliação de políticas públicas, no qual frequentemente são consultados, eles

somente podem opinar sobre uma política que já foi implementada. A inovação aberta amplia

os mecanismo de participação social, na medida em que aproxima o cidadão da elaboração

das políticas de inovação.

A última diretriz estudada “aprendizagem organizacional” mostrou-se extremamente

importante para o alcance dos objetivos da Política de inovação, uma vez que os principais

obstáculos identificados para a implementação dos projetos de inovação organizacional estão

diretamente ligados a ela. A partir do fortalecimento dos mecanismos de aprendizagem é que

as organizações tornam-se aptas a desenvolver as competências necessárias para a realização

da inovação. Todavia, esse processo somente é possível com o envolvimento e

comprometimento das pessoas que compõem o ambiente organizacional.

Page 97: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

96

Neste caso, a diretriz de aprendizagem organizacional encontra-se fragilizada. Neste

sentido,foi observado que essa diretriz precisa ser melhor trabalhada pela equipe, na medida

em que foi considerada o principal gargalo para o alcance dos objetivos dos projetos. De

acordo com Giovanella et al. (2013, p. 209) “A aprendizagem organizacional é percebida

como uma fonte de vantagem competitiva para as organizações que influenciam no método de

inovação [...]”. Logo, para que o governo continue investindo em inovação, deve intensificar

o fortalecimento desta diretriz. De acordo com as entrevistas realizadas, muitos projetos já

deixaram de ser executados ou tiveram suas ações prejudicadas por uma deficiência no

fortalecimento dos elementos fundamentais à aprendizagem organizacional, tais como: a

cultura organizacional e as políticas de recursos humanos. Com isso, fica a cargo da equipe de

projetos de inovação desenvolver mecanismos para motivar as pessoas a se envolver no

processo de inovação e principalmente alinhar as expectativas e métodos de trabalho às

diretrizes propostas.

Ainda que essa diretriz tenha apresentado alguns problemas, deve-se destacar que o

alguns mecanismos de aprendizagem organizacional utilizados pelo programa. Isto foi

percebido, por exemplo, por meio do compartilhamento de experiências, conhecimentos e

informações; descentralização dos processos de tomada de decisão; capacitação dos

funcionários (das UAIs); promoção da melhoria contínua, entre outros. Todavia essas ações

não contemplam todos os projetos realizados pelo “Descomplicar”, tendo foco em projetos

como a UAI e o Minas Fácil. Diante disso, o alcance dessa diretriz precisa ser ampliado, pois

os avanços percebidos em relação à aprendizagem organizacional são pontuais e tem

impactado pouco na mudança da cultura organizacional. Promover o ambiente pró-inovação

implica no desenvolvimento desta diretriz em todas as ações do programa, ou na maior parte

delas.

Diante disso, faz-se necessária uma melhor organização dos conhecimentos e rotinas,

a introdução de mecanismos facilitadores da comunicação entre os atores envolvidos,

instrumentos para a disseminação e registro de informações importantes, cursos de

capacitação para os servidores envolvidos direta e indiretamente com projetos de inovação

entre outros. Nessa perspectiva, o fortalecimento da aprendizagem organizacional pode

possibilitar a alteração do comportamento das pessoas em prol dos objetivos organizacionais.

A análise apresentada neste capítulo busca contribuir para o entendimento da

importância do Programa Descomplicar, no que tange a institucionalização da inovação

Page 98: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

97

organizacional na gestão pública do Estado. Nesse sentido, buscou através da apresentação

dos resultados evidenciar que apesar dos obstáculos enfrentados durante a implementação dos

projetos, os ganhos proporcionados pela inovação podem trazer benefícios ao Estado e

principalmente ao cidadão.

O acompanhamento dos resultados das políticas públicas de inovação é essencial para

apontar se os esforços estão sendo feitos de modo certeiro ou se são necessários reajustes para

alcançar os objetivos definidos previamente. Além disso, possibilita que a administração

pública enxergue se está gastando recurso público com programas que não trazem resultados

satisfatórios, ou que pelo menos direcione melhor os recursos garantindo maior

aproveitamento.

Todavia, esta monografia não se propõe a realizar uma avaliação das Políticas de

Inovação do Estado, posto que o universo é muito amplo necessitando um estudo que

demanda tempo, recursos e técnicas que extrapolam as possibilidades de uma monografia de

final de curso. Acredito ser extremamente importante esse tipo de avaliação e deixo como

sugestão para futuros estudos sobre inovação no Estado de Minas Gerais. Outra limitação

deste trabalho é que não foram realizadas entrevistas com os gestores de outros setores, que

participam do processo de execução das políticas de inovação. Além disso, não houve

nenhuma consulta à população a fim de verificar seu grau de satisfação e conhecimento em

relação aos projetos do Descomplicar.

Page 99: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

98

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os principais objetivos deste trabalho consistiram na identificação dos avanços

alcançados e obstáculos enfrentados pelos projetos de inovação do Programa Descomplicar e

na identificação das diretrizes propostas pela Política de Inovação na Gestão Pública do

Estado nos projetos estudados. Esse estudo foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica,

documental e entrevistas com os gerentes dos projetos de inovação.

Para a compreensão deste trabalho destacou-se inicialmente o conceito de inovação

definido por Schumpeter e sua importância para a manutenção da competitividade das

empresas no mercado. Posteriormente outros autores como Farah (2005), Jacobi e Pinho

(2006), Arruda e Barcelos (2009), dentre outros, foram utilizados para o compreensão da

importância do desenvolvimento de políticas de inovação na gestão pública.

Posteriormente, foram apresentados os elementos principais para a construção do

trabalho, sendo eles: o Programa Descomplicar e a Política de Inovação na Gestão Pública.

O “Descomplicar” é atualmente o Programa Estruturador desenvolvido no Estado de Minas

Gerais com vistas a promover o desenvolvimento dos projetos de inovação organizacional na

gestão pública local. Esses projetos são conduzidos por meio das diretrizes e metodologia

definidas pela Política de Inovação mencionada.

De acordo com a análise realizada a inovação não é um termo novo, pelo contrário, a

inovação acompanhou o surgimento da humanidade e contribuiu sistematicamente para a sua

evolução. No entanto, nos últimos anos tornou-se uma questão estratégica, fundamental para

as organizações que querem tornar-se mais competitivas. Nesse sentido, inovar não é

simplesmente ter novas ideias, mas principalmente ser capaz de adequá-las aos processos

organizacionais promovendo consequências desejáveis para o estado e para a sociedade.

No Estado a inovação também tem o papel relevante de contribuir para a execução de

políticas públicas mais eficientes e voltadas às demandas sociais. Os resultados apresentados

pelo Programa evidenciaram uma preocupação, por parte dos gestores dos projetos, em

desenvolver ações que melhorassem as relações entre o Estado e sociedade, entre o Estado e

sociedade, o Estado e as empresas, bem como dentro de sua própria estrutura interna.

De maneira geral, pode-se apontar que os projetos desenvolvidos pelo “Descomplicar”

contribuíram em grande medida para o fortalecimento da inovação e para a melhora na

Page 100: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

99

qualidade do serviço prestado, bem como para a otimização dos gastos públicos. Em relação

aos avanços percebidos tem-se como principais projetos de destaque o “Minas Fácil” e as

“UAIs”. O primeiro foi considerado um avanço, na medida em possibilitou o fortalecimento

do ambiente de negócios no Estado, enquanto o segundo possibilitou a melhora na prestação

de vários serviços ao cidadão.

Por meio das entrevistas identificou-se a cultura organizacional, como sendo o

principal obstáculo encontrado para a execução dos projetos inovadores. Isto porque, o

desenvolvimento da inovação no setor público mostrou-se altamente depende do

estabelecimento de um ambiente favorável, por meio do incentivo à cultura organizacional

pró-inovação. Para os gerentes entrevistados, esse fator foi prioritariamente dificultado pela

resistência dos funcionários, que preferem não se arriscar em novas experiências. A cultura

organizacional foi considerada entrave ao desenvolvimento dos projetos, principalmente por

guiar e definir valores e comportamentos contrárias à institucionalização dos processos de

mudança.

Os alcances dos objetivos pretendidos pelos projetos de inovação do estado

mostraram-se muito mais atrelados à transmissão do conhecimento entre os funcionários e à

resistência do que a qualquer outro elemento. Diante disso, o trabalho propõe algumas

iniciativas que visem minimizar os problemas relacionados ao envolvimento dos indivíduos

na elaboração das políticas de inovação, tais como: o desenvolvimento de políticas de

incentivo à participação nos projetos de inovação; de mecanismos de interação entre as

equipes de trabalho, na medida em que as atividades de inovação mostraram-se dependentes

de cooperação e integração de múltiplos atores; a definição de um planejamento estratégico

com projetos em parceria; a descentralização das atividades, a fim de estimular o

desenvolvimento de iniciativas de inovação em todos os órgãos estatais; apresentação de

resultados por meio do reconhecimento, para que os envolvidos se sintam responsáveis pelas

ações; atrelar a participação aos projetos de inovação à algum mecanismo de incentivo

financeiro. Além disso, todos os trabalhos realizados deveriam ser documentados e enviados a

uma central de informações do Estado, que funcionaria como um acervo central. As equipes

de trabalho podem ainda, potencializar sua atuação por meio do compartilhamento entre todos

os membros da equipe, das experiências adquiridas em cursos ou treinamentos, para que essa

informação não venha a ser perdidas ou esquecidas.

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100

Estas equipes devem constantemente investir na capacitação dos funcionários, a fim de

desenvolver novos conhecimentos e habilidades que contribuam para concretização do

processo de mudança.

O que acontece quando um governo permanece por treze anos no poder é que as

políticas anteriormente realizadas ganham outro nome, outra forma e cria-se a ideia de que

tudo começou a partir daquele momento. Não se pode negar que o governo anterior (2003-

2014) e o “Choque de Gestão” trouxeram bons frutos ao estado, mas dizer que antes deles

nada existia seria ingenuidade. Com base no estudo realizado até agora foi possível perceber

que a inovação é algo inerente ao ser humano, ela surge sempre que existe a necessidade de

superar algum obstáculo e evoluir. Nessa perspectiva, o “Choque de Gestão” contribuiu para à

instituição de uma política de inovação na gestão pública e a definição de diretrizes a seguir

para tornar a inovação uma estratégia de governo. E, claro, isso tem o seu valor, uma vez que

essa atitude impacta na prestação do serviço público e no relacionamento do Estado com o

cidadão.

Todavia, entende-se que é de extrema importância o trabalho desenvolvido até aqui

pelo governo. Novos horizontes foram traçados e a inovação que antes era uma ação

descentralizada e sem uma diretriz específica, agora passou a ser coordenada, ganha

investimentos diretos e começa a ser instrumento de trabalho das equipes. A partir daí, o

Estado passou a inovar não só nos momentos de crise, mas criou um mecanismo de ação

preventiva, que pudesse antecipar a elaboração de uma solução para o surgimento de

problema futuro.

Cabe aqui destacar alguns problemas identificados ao longo do trabalho. Os projetos

de inovação estudados não continham em sua descrição indicadores que medissem seu

desempenho. Sendo assim, o desempenho é medido por meio de marcos e entrega de

produtos. Esse fator foi identificado como dificultador do acompanhamento e da entrega de

resultados, em alguns casos, o próprio gerente não consegue avaliar se os resultados

alcançados foram ou não satisfatórios.

Outro problema detectado ao longo da análise consiste na composição da equipe de

gerentes do NCIM. Até o ano de 2014, dos 13 membros da equipe, 11 eram contratados de

recrutamento amplo, o que implicou na quase extinção da equipe com a transição de governo.

Esse fato mostrou-se extremamente prejudicial à continuidade do Programa no ano de 2015,

uma vez que esses gestores detinham grande parte do conhecimento relativo à inovação na

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101

gestão desenvolvida pelo estado. Além disso, a maioria dos documentos utilizados para a

análise são confusos e não apresentam a descrição detalhada dos processos, muitas

informações foram perdidas ou estão incompletas. O volume de documentos é muito grande e

dificulta o entendimento sequencial das ações que são realizadas pelo Programa.

Além disso, a maior parte dos documentos encontrados contém muita propaganda do

Programa e apresentação de resultados. O registro dos processos, o principal legado que o

“Descomplicar” poderia deixar para as próximas gestões, não é apresentado de maneira clara

e acessível. Isto dificulta a institucionalização da estratégia de inovação, uma vez que

sucessores terão dificuldade de dar continuidade ao trabalho. Nessa perspectiva, Ruas,

Antonello e Boff (2005) afirmam que o conhecimento organizacional se encontra nos

indivíduos a partir de suas experiências, regras e regulamentos e também na organização, na

forma de documentos, registros e ambos se complementam.

Outro ponto negativo identificado foi a fragmentação da equipe de trabalho, que

realizava as atividades em duplas. A equipe era composta por aproximadamente 14 pessoas,

que atuavam em uma vertente, projeto ou etapa do processo de inovação separadamente. Com

isso, cada dupla se concentra somente no seu trabalho e tem um entendimento superficial do

restante do Programa. Sendo assim, as tarefas ficam centralizadas e os gestores conhecem

muito do seu trabalho e pouco sobre o funcionamento geral do Programa. Isto dificulta a

disseminação de informações sobre o programa, a resolução de dúvidas que venham a surgir

de outros servidores e principalmente compromete o desenvolvimento dos projetos quando

essas pessoas deixam de fazer parte do Programa, como foi no caso da transição de governo

que aconteceu no início de 2015.

Em relação à identificação das diretrizes da Política de Inovação nos projetos

estudados, foram identificados pontos positivos e negativos. A diretriz de inovação aberta

mostrou-se atrelada a um dos princípios fundamentais da terceira fase do “Choque de

Gestão”, a gestão para a cidadania, que visa ampliar os mecanismos de participação social na

elaboração das políticas públicas do estado. Nesse sentido, essa diretriz tem sido

potencializada por meio do mecanismo do “Ciclo de Inovação”, o qual capta ideias dos

servidores e da população para a elaboração de projetos de inovação. Entretanto esse

mecanismo precisa ser aperfeiçoado, uma vez que a maioria das ideias inovadoras coletadas

por meio do referido Ciclo não partem da população e, sim dos servidores da Cidade

Administrativa.

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102

O “valor público”, percebido por meio da prestação de serviços à população trouxe

alguns ganhos como aumento da participação e controle social, maior transparência e redução

dos gastos públicos. Entretanto, o Programa não desenvolveu instrumentos efetivos de

mensuração da percepção de valor público por parte da população. O conceito de inovação

elaborado pela Política de Inovação na gestão Pública define como termo relevante a ser

abordado por uma política de inovação, que busca promover melhoria na qualidade de vida do

cidadão, o valor público. Tendo em vista, esta definição e a relevância dada à essa diretriz na

elaboração da política, na prática esse conceito precisa ser reformulado por meio da

introdução de novos instrumentos de mensuração, além da pesquisa de satisfação e opinião.

Por último, a diretriz de “aprendizagem organizacional” foi identificada como a que

precisa de maior reformulação por parte do Estado. Isto porque, o principal problema

identificado para a implementação dos projetos de inovação, a cultura organizacional, está

diretamente ligada à execução desta diretriz. Nesse sentido, duas questões principais precisam

ser trabalhadas, as políticas de recursos humanos e o incentivo e desenvolvimento de um

ambiente pró-inovação. Os avanços identificados em relação à esta diretriz se limitam a

algumas ações do programa.

Nesse sentido sugere-se uma reestruturação da equipe de trabalho do Núcleo Central

de Inovação e Modernização. Para isso, o número de servidores concursados deveria ser

maior do que os de recrutamento amplo, a fim de facilitar a continuidade das atividades. Além

disso, outro ponto importante que deveria ser repensado pelos gestores diz respeito à

organização da equipe de trabalho, pois caso não fossem divididos em dupla todos os

membros da equipe teriam uma visão sistêmica das atividades e, provavelmente os problemas

relacionados à aprendizagem poderiam ser minimizados.

Page 104: INOVAÇÃO NA GESTÃO PÚBLICA: AVANÇOS E OBTÁSCULOS DE

103

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ANEXO I

Roteiro das Entrevistas Semiestruturadas Programa Descomplicar

1 – Há quanto tempo você trabalha no Núcleo Central de Inovação?

2 – Qual a sua trajetória no projeto? Que tarefas você desempenha? Em qual vertente atua?

3 – Em sua opinião, quais os principais avanços alcançados desde a implementação do

Descomplicar no Estado? Quais projetos consideram mais importantes e por quê?

4 – Em sua opinião, qual a importância da inovação para o Estado?

5 – Em sua opinião, qual a importância do Descomplicar para o Estado?

6 – Você acredita que existia inovação organizacional no Estado antes do ‘’Choque de

Gestão’’ e do ‘’Descomplicar’’?

7 – Em sua opinião, quais as principais dificuldades encontradas para implementação dos

projetos de inovação no Estado?

8 – Quais mecanismos utilizam para minimizar os obstáculos encontrados?

9 – Em sua opinião, quais impactos a transição de governo pode gerar ao Programa

Descomplicar?