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MINISTÉRIO DA DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES KATIA DE BARROS DE LACERDA PROPOSTA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES EM EMBARCAÇÕES DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS Rio de Janeiro 2015

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MINISTÉRIO DA DEFESA

EXÉRCITO BRASILEIRO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA DE TRANSPORTES

KATIA DE BARROS DE LACERDA

PROPOSTA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES EM EMBARCAÇÕES

DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Rio de Janeiro

2015

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

KATIA DE BARROS DE LACERDA

PROPOSTA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES EM EMBARCAÇÕES

DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de

Mestrado em Engenharia de Transportes do Instituto

Militar de Engenharia, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre em Ciências em

Engenharia de Transportes.

Orientadores:

Prof. José Carlos Cesar Amorim, D.Sc.

Prof. Marcelo de Miranda Reis, D.Sc.

Rio de Janeiro

2015

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c2015

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

Praça General Tibúrcio, 80 – Praia Vermelha

Rio de Janeiro – RJ CEP: 22290-270

Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá incluí-

lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar qualquer

forma de arquivamento.

É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre

bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que

esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações,

desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica

completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e

do(s) orientador(es).

629.048

Lacerda, Katia de Barros de

L131p Proposta de prevenção de acidentes em embarcações de transporte de passageiros / Katia de Barros de Lacerda; orientada por José Carlos Cesar Amorim e Marcelo de Miranda Reis – Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2015. 176p.: il. Dissertação (Mestrado) – Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, 2015. 1. Curso de Engenharia de Transportes – teses e dissertações. 2. Navegação fluvial. 3. Hidrovia. I. Amorim, José Carlos Cesar. II. Reis, Marcelo de Miranda. III. Título. IV. Instituto Militar de Engenharia.

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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA

KATIA DE BARROS DE LACERDA

PROPOSTA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES EM EMBARCAÇÕES

DE TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Engenharia de

Transportes do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a

obtenção do título de Mestre em Ciências em Engenharia de Transportes.

Orientadores: Prof. José Carlos Cesar Amorim, D.Sc.

Prof. Marcelo de Miranda Reis, D.Sc.

Aprovada em 10 de julho de 2015 pela seguinte Banca Examinadora:

Prof. José Carlos César Amorim - D.Sc. do IME – Presidente

Prof. Marcelo de Miranda Reis – D.Sc. do IME

Prof. Lenin Juan Carlos Valério Mena - D.Sc. da Alves Valério Engenharia

Prof. Alexandre de Carvalho Leal Neto – D.Sc. da CDRJ

Rio de Janeiro

2015

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Dedicado à memória do engenheiro naval

Marcius Affonso Aranha de Castro pela sua

notória luta e empenho na melhoria da

segurança da navegação no Brasil.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela vida, fé e esperança. Aos meus orientadores Prof. José

Carlos Cesar Amorim e ao Prof. TC Marcelo de Miranda Reis, por toda a dedicação

e ensinamentos.

Aos membros da banca Alexandre de Carvalho Leal Neto e Lenin Juan Carlos

Valério Mena pela gentileza em aceitar o convite para examinar este trabalho.

A minha família: Katia Faria, Clair Lacerda, José Dias, Eduarda, em especial a

minha mãe Selma, meu pai que me adotou Joaquim, meus afilhados Fernanda e

Erick e a meu pai Alair, que partiu cedo, mas deve estar orgulhoso no céu.

Ao CMG Gilberto de Carvalho Restum e a todo o Departamento de Inquéritos e

Investigações de Acidentes de Navegação da Diretoria de Portos e Costas, pela

inestimável contribuição e generosidade intelectual.

Aos excelentes e dedicados professores e profissionais do IME - Instituto Militar

de Engenharia, pelos quais tenho enorme respeito e carinho.

Agradeço ao Exército, a Marinha, a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a

Escola Técnica Electra, pela contribuição inestimável.

A todos meus amigos da Sociedade Classificadora de Navios Bureau Colombo

Brasil, com especial atenção a Ivan Borba Cherém, Mila Aranha, Renata Souza e

Ciro de Castro, por todo apoio e incentivo, sem o qual não seria possível realizar

este trabalho.

A todos meus amigos de turma, destacando a Denise, Ibraim, Roberta, Bianca,

Isabel, Therezinha, Fernando, Kattylinne e José Nelson, pelo companheirismo.

Aos amigos, Carlos Henrique, Rafael Rodrigues, Wagner Luiz, Altair dos Santos,

Severino Cavalcanti, Suzana Sattamini, Rosa Padroni, Magali Romão, Sérgio

Lukine, Ilza Kaiser, Sorani, Antônio Amorim, Marcos Shoiti, Rosinha, Vermelho,

Soninha, e tantos outros, por me inspirar e me encorajar a desenvolver esta

dissertação.

Por fim agradeço ao meu amigo Marcius Aranha por todos os ensinamentos, tais

como: prefira o simples, mas não tema o complexo; busque a justiça; tenha um

sonho; lute por ele; ame o conhecimento e obterá prazer no entendimento; tenha

senso de urgência; tenha fé; não perca a poesia; de o primeiro passo; e “vida que

segue”, mesmo quando termina.

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Só tem duas opções nesta vida: se resignar ou

se indignar, e eu não vou me resignar nunca.

Darcy Ribeiro

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ....................................................................................... 09

LISTA DE TABELAS ................................................................................................ 15

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 18

1.1 Potencial Marítimo e Fluvial ............................................................................ 19

1.2 Justificativa ..................................................................................................... 26

1.3 Objetivos ......................................................................................................... 28

1.4 Metodologia .................................................................................................... 28

1.5 Estrutura da Dissertação ................................................................................. 30

2 REGULAMENTAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL DE NAVIOS ........... 32

2.1 Fiscalização de Navios ................................................................................... 33

2.2 Direito de Utilização do Mar ............................................................................ 34

2.3 Procedimentos de Prevenção a Colisão de Embarcações ............................. 39

2.3.1 Aplicação do Ripeam 72 ........................................................................................... 45

2.4 Borda Livre – Limite de Carga ........................................................................ 46

2.4.1 Aplicação da Borda Livre .......................................................................................... 52

2.5 Arqueação Bruta ............................................................................................. 53

2.5.1 Aplicação do Cálculo de Arqueação ....................................................................... 55

2.6 Sistema de Prevenção e Combate a Incêndio ................................................ 55

2.6.1 Aplicação do Sistema de Combate a Incêndio ..................................................... 58

2.7 Sistema de Rádio e Comunicação .................................................................. 60

2.7.1 Rádio VHF, HF e MF ................................................................................................. 60

2.7.2 EPIRB .......................................................................................................................... 61

2.7.3 Cospas-Sarsat ............................................................................................................ 62

2.7.4 SART, NAVTEX e INMARSAT ................................................................................ 64

2.7.5 DSC e SafetyNet ........................................................................................................ 66

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2.7.6 Aplicação de Rádio Comunicação .......................................................................... 67

2.8 Segurança e Salvaguarda ............................................................................... 74

2.9 Habitabilidade ................................................................................................. 78

2.10 Requisitos de Acessibilidade .......................................................................... 79

2.10.1 Acessibilidade as Novas Embarcações ................................................................. 80

2.10.2 Acessibilidade as Embarcações Existentes .......................................................... 81

2.11 Estudo de Estabilidade ................................................................................... 83

2.11.1 Parâmetros de Estabilidade .................................................................................... 85

2.12 Normas Internacionais de Prevenção de Acidentes ....................................... 90

2.13 Normas Nacionais de Prevenção de Acidentes .............................................. 92

3 INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES ......................................................................... 94

3.1 Os Acidentes e a Origem das Convenções .................................................... 94

3.2 Enquadramento e Classificação às Normas ................................................. 103

3.3 Fluxo de Regularização de Embarcações ..................................................... 112

3.4 Normas de Investigação de Acidentes .......................................................... 113

3.5 Tripulação e os Fatores Humanos ................................................................ 118

3.6 Estatísticas de Acidentes com Embarcações no Brasil................................. 124

3.7 Estudo de Caso ............................................................................................ 137

3.7.1 Bateau Mouche ........................................................................................................ 138

3.7.2 Tona Galea ............................................................................................................... 144

3.7.3 Sewol ......................................................................................................................... 146

4 PROPOSTA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES .............................................. 154

4.1 Cultura de Segurança ................................................................................... 154

4.2 Proposta de Complemento de Requisitos de Segurança.............................. 157

5 CONCLUSÃO .......................................................................................................... 169

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:................................................................... 171

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIG. 1.1 Diversificação da matriz de transporte. ....................................................... 19

FIG. 1.2 Comparação mundial da matriz de transportes. ........................................ 20

FIG. 1.3 Comparação de tarifas do tipo de modal x distância. ............................... 20

FIG. 1.4 Matriz de transporte atual e a projeção para 2025.................................... 21

FIG. 1.5 Mapa de hidrovias e as administrações. ..................................................... 22

FIG. 1.6 Movimentação anual de passageiros no norte. ......................................... 22

FIG. 1.7 Materia do casco das embarcações da região norte. ............................... 23

FIG. 1.8 Resgate de vítima de acidente aquaviário.................................................. 24

FIG. 1.9 Avião do voo Air France - 228 mortes - 2009. ............................................ 24

FIG. 1.10 Morte em embarcações representa a queda de 2 aviões por ano. ...... 25

FIG. 1.11 Mortes no trânsito representa a queda de 250 aviões por ano. ........... 25

FIG. 1.12 Metodologia de trabalho .............................................................................. 30

FIG. 2.1 ZEE ampliada no Brasil. Fonte: (DHN, 2013) ............................................ 35

FIG. 2.2 Delimitação geográfica para busca e salvamento. .................................... 35

FIG. 2.3 Distribuição dos Distritos Navais responsáveis pelo SAR. ...................... 36

FIG. 2.4 Clandestinos no Mar Mediterrâneo .............................................................. 37

FIG. 2.5 Imigrantes pedindo socorro. .......................................................................... 38

FIG. 2.6 Acidente no Mar mediterrâneo ..................................................................... 38

FIG. 2.7 Novas solicitações de Refúgio por ano. Fonte: (ACNUR, 2015) ............ 39

FIG. 2.8 Apito de manobra. Fonte: (RIPEAM , 1972) ............................................... 40

FIG. 2.9 Conduta de manobra. Fonte: (RIPEAM , 1972) ......................................... 40

FIG. 2.10 Mastro de luzes de navegação. ................................................................. 41

FIG. 2.11 Correlação de sinais de navegação. Fonte: (RIPEAM , 1972) ............. 41

FIG. 2.12 Setores de visibilidade da luzes. Fonte: Ripeam 72 .............................. 42

FIG. 2.13 Luzes de embarcação encalhada. Fonte: Ripeam 72 ............................ 42

FIG. 2.14 Acidente com comboio. Fonte: Correio Amazonense de 30/09/05 ...... 44

FIG. 2.15 Alfabeto fonético internacional – Fonte: Ripeam 72. .............................. 45

FIG. 2.16 Representação da borda livre da embarcação. ....................................... 46

FIG. 2.17 Capa da LL 66 - Fonte: (SEC-IMO, 2012) .............................................. 46

FIG. 2.18 Modelos de marca de borda livre – Navegação Interior. ....................... 47

FIG. 2.19 Tipos de marcas do disco de plimsoll – Mar Aberto Nacional ............. 48

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FIG. 2.20 Tipo de marca do disco de plimsoll – Fonte: LL, 1996. .......................... 49

FIG. 1.35 Requisitos de Borda Livre para navegação interior área 1. .................. 51

FIG. 1.36 Requisitos de Borda Livre para navegação interior área 2. .................. 52

FIG. 2.23 Tonnage 69. Fonte: (SEC-IMO, 1966) ...................................................... 53

FIG. 2.24 Balsa de formato retangular ........................................................................ 54

FIG. 2.25 Triangulo do Fogo......................................................................................... 56

FIG. 2.26 Reação em Cadeia ....................................................................................... 56

FIG. 2.27 Estação de Incêndio ..................................................................................... 56

FIG. 2.28 Classe de Fogos. Fonte: Telecurso 2000 ................................................. 57

FIG. 2.29 Tabela de correlação de Extintores Fonte: item 419 da Normam 02 .. 57

FIG. 1.44 Dotação de Extintores de Incêndio Fonte: Anexo 4 D - Normam 02 ... 58

FIG. 1.45 Teste do Sistema de Incêndio com jato sólido e neblina ....................... 59

FIG. 1.46 Incêndio em Navio de Passageiros ........................................................... 59

FIG. 2.33 Rádio VHF ..................................................................................................... 61

FIG. 1.48 Pedido de socorro no naufrágio do Sewol ................................................ 61

FIG. 1.49 EPIRB ............................................................................................................. 62

FIG. 1.50 Sistema Cospas-Sarsat ............................................................................... 63

FIG. 1.51 Eventos SAR com Copas-Sarsart em 2013 ............................................. 63

FIG. 2.38 Eventos SAR e Salvamento de Pessoas de 1994 a 2013 ..................... 64

FIG. 2.39 SART (Search Rescue radar transponder) .............................................. 65

FIG. 2.40 SART indica a direção na tela do radar .................................................... 65

FIG. 2.41 NAVTEX – Aviso aos navegantes ............................................................. 65

FIG. 2.42 INMARSAT – Comunicação por satélite no mar ..................................... 65

FIG. 2.43 Satélites Inmarsat e Copas sarsat e estações de controle .................... 66

FIG. 2.44 DSC – Escuta contínua na frequência de socorro .................................. 66

FIG. 2.45 Safety Net ...................................................................................................... 67

FIG. 2.46 Modelo Licença da Anatel – Navegação Interior ..................................... 68

FIG. 2.47 Rádio Telefonia e Telegrafia - NBDP ........................................................ 72

FIG. 2.48 Certificado Internacional de Rádio ............................................................. 73

FIG. 2.49 Coletes Salva Vidas ..................................................................................... 74

FIG. 2.50 Bóias Salva Vidas ......................................................................................... 74

FIG. 2.51 Quantidade de Boias Salva Vidas Mar Aberto e Navegação Interior .. 75

FIG. 2.52 Dotação de Salvatagem para Navegação Interior – Normam 02 ......... 75

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FIG. 2.53 Aparelho Flutuante Rígido........................................................................... 76

FIG. 1.68 Dotação de Embarcações Salva Vidas para Mar Aberto ....................... 76

FIG. 1.69 Balsa Inflável ................................................................................................. 76

FIG. 2.56 Artefatos Pirotécnicos .................................................................................. 77

FIG. 2.57 Lança Retinidas ............................................................................................ 77

FIG. 2.58 Requisitos de Habitabilidade ...................................................................... 78

FIG. 2.59 Requisitos de acessibilidade para lavatório ............................................. 82

FIG. 2.60 Piso Tátil - Requisitos de acessibilidade................................................... 82

FIG. 2.61 Perda de Estabilidade .................................................................................. 83

FIG. 2.62 Parametros de Estabilidade Interior Área 1. Normam 02 ...................... 83

FIG. 2.63 Fluxograma de documentos para elaborar o estabilidade ..................... 84

FIG. 2.64 Plano de Linhas – formarto do casco ....................................................... 85

FIG. 2.65 Plano de Balizas, Plano de alto e linhas dágua ...................................... 86

FIG. 2.66 Tabelas do programa Arquinav .................................................................. 86

FIG. 2.67 Imagens de e de Curvas Hidrostáticas ..................................................... 87

FIG. 2.68 Carga sobre o convés .................................................................................. 87

FIG. 2.69 Carga não peiada adequadamente ........................................................... 88

FIG. 2.70 Modelo da representação do Plano de Capacidade ............................... 88

FIG. 2.71 Peso do navio medido através da lei de arquimedes ............................. 89

FIG. 2.72 Principais Normas Nacionais e Internacionais......................................... 93

FIG. 3.1 Titanic em Queentown, Irlanda Fonte: G1 .................................................. 94

FIG. 3.2 Torrey Canyon - desastre ambiental. Fonte: G1 ...................................... 95

FIG. 3.3 Praia contaminada do Amoco Cadiz............................................................ 95

FIG. 3.4 Mancha de óleo do Exxon Valdez ................................................................ 96

FIG. 3.5 Rio Solimões - 60 t de óleo derramado - 2013 .......................................... 96

FIG. 3.6 Plataforma Central de Enchova PCE -1, 1984........................................... 97

FIG. 3.7 Plataforma P 36 - Bacia de Campos ........................................................... 97

FIG. 3.8 Tragédia do World Trade Center e o ISPS code ...................................... 98

FIG. 3.9 Proa e Popa do Bateu Bouche IV após acidente. .................................... 99

FIG. 3.10 Navio Novo Amapá – Maior desastre aquaviário do Brasil, 1981 ...... 100

FIG. 3.11 Acidentes Fluviais ....................................................................................... 100

FIG. 3.12 Fotos das Manchetes dos jornais - Arquivo pessoal ........................... 101

FIG. 3.13 Acidente Tona Galea. Fonte: site G1 ...................................................... 101

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FIG. 3.14 Navio Sewol antes da tragédia ................................................................. 102

FIG. 3.15 Naufrágio Sewol .......................................................................................... 102

FIG. 3.16 Movimentos realizados por uma embarcação ....................................... 104

FIG. 3.17 Teste de Efeito da Densidade na Flutuabilidade ................................... 105

FIG. 3.18 Estimativa de Sobrevivência em água fria sem proteção corporal ..... 105

FIG. 3.19 Escala Beaufort ........................................................................................... 106

FIG. 3.20 Tipo de Embarcação Fonte: 205 da Norma 02. ................................... 107

FIG. 3.21 Características principais de uma embarcação ..................................... 108

FIG. 3.22 Planos exigidos para embarcação Classificada BC. ............................ 110

FIG. 2.23 Planos exigidos para embarcação EC1 .................................................. 111

FIG. 3.24 Planos exigidos para embarcação EC2 .................................................. 111

FIG. 3.25 Procedimento de embarcação certificada .............................................. 112

FIG. 3.26 Procedimentos adicionais realizado a embarcação classificada ........ 113

FIG. 3.27 Fluxograma de Investigação de Acidentes ............................................. 114

FIG. 3.28 Modelo de CTS - Cartão de Tripulação de Segurança ........................ 119

FIG. 3.29 Critérios para formação de tripulantes .................................................... 119

FIG. 3.30 Comando da embarcação ......................................................................... 120

FIG. 3.31 Índice de sobrepeso no Pais. ................................................................... 121

FIG. 3.32 Elementos Humanos e impactam em acidente . ................................... 121

FIG. 3.33 Indicadores de funcionamento das máquinas ....................................... 122

FIG. 3.34 Sistema de fundeio ..................................................................................... 122

FIG. 3.35 Passageiros orientados a usar coletes ................................................... 123

FIG. 3.36 Equipamentos de auxilio a navegação ................................................... 123

FIG. 3.37 Estatistica de acidentes e fatos de navegação - Fonte: MB................ 124

FIG. 3.38 Vitimas fatais por atividade de 2013 - Fonte: MB.................................. 124

FIG. 3.39 Acidentes por área de navegação – Marinha do Brasil – 2014. ......... 125

FIG. 3.40 Causas determinantes dos Acidentes e fatos, 2013 - Fonte: MB. ..... 125

FIG. 3.41 Causas determinantes acidentes e fatos, 2013 – Fonte: MB.............. 126

FIG. 3.42 Acidentes e fatos Arqueação Bruta -2013. Fonte: MB. ....................... 126

FIG. 3.43 Acidente e fatos por natureza - 2013 ...................................................... 127

FIG. 3.44 Acidentes por Área de navegação. Fonte: MB 2014. ........................... 128

FIG. 3.45 Acidentes por distrito naval. Fonte: MB – 2014. ................................... 128

FIG. 3.46 Por distrito naval em porcentagem Fonte: MB – 2014. ........................ 129

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FIG. 3.47 .Por distrito Naval de 2009 a 2013. Fonte: MB 2014 ............................ 129

FIG. 3.48 Acidentes e Fatos por tipo de embarcação. ........................................... 130

FIG. 3.49 Acidente e Fatos de Navegação por atividade de 2000 a 2013. ........ 131

FIG. 3.50 Acidente e Fatos de Navegação por atividade de 2013. ..................... 131

FIG. 3.51 Acidentes e Fatos da navegação passageiros de 2003 a 2013. ........ 132

FIG. 3.52 Acidente e Fatos de Navegação Passageiros por distrito naval. ...... 132

FIG. 3.53 Passageiros por distrito porcentagem. Fonte: MB. 2014. .................... 133

FIG. 3.54 Vitimas fatais, desaparecidos e feridos 2003 a 2013. Fonte: MB....... 133

FIG. 3.55 vitimas Fatais e feridas por natureza do acidente. Fonte: MB ............ 134

FIG. 3.56 Acidente e Fatos de Navegação por tipo de embarcações. ................ 135

FIG. 3.57 Vitimas Fatais de 1999 a 2013. Fonte: MB. 2014 ................................ 135

FIG. 3.58 Acidente e Fato da Navegação por Atividade. Fonte: MB. 2014 ........ 136

FIG. 3.59 Vitimas Fatais por tipo de acidente. Fonte: MB 2014. .......................... 136

FIG. 3.60 Bateau Mouche cinco anos antes da tragédia ....................................... 138

FIG. 3.61 Praia Vermelha – Ilha da Cotunduba e Copacabana ........................... 141

FIG. 3.62 Bateau Mouche no Estaleiro para perícia............................................... 141

FIG. 3.63 Bateau Mouche sendo Içado .................................................................... 142

FIG. 3.64 Ponta de Sta Cruz e Ponta de São João - NI. Fonte: NPCPRJ ........ 143

FIG. 3.65 Efeito dominó no acidente do Bateau Mouche IV ................................. 143

FIG. 3.66 Atos inseguro e o efeito dominó no acidente - Bateau Mouche IV .... 143

FIG. 3.67 Acidente com Tona Galea ......................................................................... 144

FIG. 3.68 Navio Sewol ................................................................................................. 146

FIG. 3.69 Alteração do navio e aumento da capacidade Fonte: October news 147

FIG. 3.70 Alterações quanto ao projeto original Sewol .......................................... 148

FIG. 3.71 Alteração para aumento da capacidade - navio sewol........................ 148

FIG. 3.72 Naufrágio navio Sewol – Ilha de Jeju Coreia do Sul ............................. 149

FIG. 2.73 Guinada brusca – Sewol. 2014. ............................................................... 149

FIG. 3.74 Sequencia do acidente com navio Sewol – 2014. ................................ 150

FIG. 3.75 Naufrágio navio Sewol – 2014. ................................................................. 150

FIG. 3.76 Aviso emitido pelo comandante aos passageiros ................................. 151

FIG. 3.77 Mensagem de um estudante a sua mãe ................................................ 151

FIG. 2.78 Desespero dos familiares da tragédia navio Sewol. ............................. 151

FIG. 3.79 Deslocamento de carga após desvio de rota – Sewol. ........................ 152

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FIG. 3.80 Emborcamento e naufrágio do Sewol ..................................................... 152

FIG. 3.81 Flores das mesas - Homenagem aos alunos ausentes ...................... 153

FIG. 3.82 Memorial em homenagem as vítimas do Sewol .................................... 153

FIG. 4.1 Interação recíproca de cultura de segurança. Fonte: Cooper, 2000. ... 154

FIG. 4.2 Vítimas de Escalpelamento em embarcações. Fonte CFAO 2015. ..... 156

FIG. 4.3 Proteção metálica, pvc ou madeira em eixo – CPAO – 2015. ............. 156

FIG. 4.4 Documentos Necessário para a Estabilidade .......................................... 162

FIG. 4.5 Ciclo de Reparos ........................................................................................... 163

FIG. 4.6 Caixa de mar no fundo do navio. .............................................................. 163

FIG. 3.7 Aumento da compartimentagem – Dotação de antepara....................... 164

FIG. 4.8 Placa - controle convencional de quantidade de Passageiros .............. 165

FIG. 4.9 Projeto do Limitador Eletrônico de Passageiros ...................................... 167

FIG. 4.10 Comboio de empurrador e balsa galpão................................................. 167

FIG. 4.11 Lona: área vélica e saídas de emergência ............................................. 168

FIG. 4.12 Emborcamento – Embarcação com a lona ............................................ 168

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LISTA DE TABELAS

TAB. 1.1 Extensão das hidrovias navegáveis do Brasil ........................................... 21

TAB. 1.2 Embarcações com linhas regulamentadas ................................................ 23

TAB. 1.3 Indicadores de hierarquização no desempenho da hidrovia .................. 27

TAB. 2.1 Correção de volume e Arqueação estimada ............................................. 55

TAB. 2.2 Condições de estabilidade ........................................................................... 84

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RESUMO

Atualmente o atendimento aos requisitos normativos é a principal forma de minimizar os riscos de acidentes no transporte aquaviário.

As normas internacionais e nacionais regulamentam procedimentos para a construção, navegação, manutenção e o tráfego de embarcações que operam no Brasil e na maior parte do mundo. Estas foram criadas ou modificadas a partir da análise detalhada das causas e consequências de graves acidentes.

Através da análise crítica das estatísticas de acidentes, busca-se identificar as falhas que levaram a morte de pessoas, prover um diagnóstico dos critérios atuais adotados para a segurança das embarcações, e analisar as lições aprendidas de tragédias como Bateau Mouche IV, Tona Galea e Sewol, com intuito de evitar novos acidentes, pelas mesmas razões.

Nota-se pelos dados estatísticos que a causa da maioria dos acidentes são consequências de atos de imprudência, negligência e imperícia da tripulação, projetistas e de manutenção das embarcações. O naufrágio e o emborcamento são os principais geradores de vitimas fatais, geralmente causados por alterações realizadas nas embarcações que podem modificar os parâmetros anteriormente estipulados, para nortear o estudo de estabilidade.

A quantidade de passageiros é definida a partir do estudo de habitabilidade e da estabilidade.

O estudo de habitabilidade é referente às dimensões dos espaços mínimos para o transporte de passageiros em pé, sentados, em redes ou em camarotes, conforme o tempo de viagem, e também estipula locais das saídas de emergência e requisitos de acessibilidade para pessoas com deficiência.

Já o estudo de estabilidade analisa o equilíbrio da embarcação, para evitar o emborcamento, sendo previstas diversas condições de carregamento de passageiros e carga, o volume dos tanques de diesel e água. Isto é realizado para várias condições de operação, considerando manobra de guinada, vento e acúmulo de passageiros em um bordo.

Os acidentes com embarcações de passageiros no Brasil demandam preocupação. A proposta de prevenção de acidentes contem vários requisitos adicionais, além de comentados os itens exigidos nas normas atuais, visando proporcionar a melhoria da segurança da navegação, sendo este trabalho de importante relevância social e científica, pela contribuição cumulativa.

Estes requisitos são referentes aos problemas causados por alterações nas embarcações, quanto à manutenção do equilíbrio, às consequências da não obrigatoriedade do projeto e da docagem em embarcações de pequeno porte, além de alertar para a necessidade do uso de equipamentos mecânicos ou eletrônicos para auxiliar a tripulação na tomada de decisão em caso de contingência.

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ABSTRACT

Currently the accomplishment of regulatory requirements is the main way to minimize the risk of accidents in waterway transportation.

International and national rules regulate procedures for the construction, navigation, maintenance and traffic of vessels operating in Brazil and worldwide. They were created or modified from the detailed analysis of the causes and consequences of major accidents.

Through critical analysis of accident statistics, it is possible to identify the failures that led to the death of people, as well as provide a diagnosis of the current criteria adopted for the safety of vessels, and analyze the lessons learned from tragedies like Bateau Mouche IV, Tona Galea and Sewol, aiming to prevent further accidents, due to the same reasons.

It is noted by the statistical data that the cause of most of the accidents are the consequences of recklessness acts, crew, designers and maintenance of vessels malpractice and negligence. The sinking and capsizing are the main generators of fatal victims, usually caused by changes made in vessels that can modify the previously stipulated parameters of the stability study.

The number of passengers is defined from the habitability and stability studies. The habitability study refers to the dimensions of the minimum space to carry

passengers in hammocks, cabins, or standing up as per the travel time. It also provides places of emergency exits and rules for disable people transportation.

The stability study analysis the balance of the ship, aiming to avoid capsizing for several passenger, cargo, fuel and water loading conditions. This is done for various operating conditions, considering yaw maneuver, wind and accumulation of passengers on a board.

Accidents involving passenger vessels in Brazil demand concern. The accident prevention proposal contains several additional requirements in addition to the items required under current regulations in order to improve navigation safety, which has important social relevance and scientific work, by the cumulative contribution.

These requirements are related to the problems caused by changes in vessels, related to the maintenance of the balance, the consequences of not being mandatory the design and docking of small vessels, as well as raising awareness of needing to use mechanical or electronic equipment to help crew in decision-making in case of contingency.

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1 INTRODUÇÃO

O Brasil tem no transporte aquaviário um grande potencial de desenvolvimento.

Possui a maior bacia hidrográfica do planeta - a Bacia Amazônica – conta ainda com

27.420 km de vias navegáveis, com potencial para 42.827,5 km (OLIVA, 2009), uma

costa de 8.500 km (MARINHA DO BRASIL, 2013) e metade de suas fronteiras são

voltadas para o mar, sendo sem dúvida um país de vocação marítima.

O projeto de uma embarcação de passageiros está relacionado a diversos

aspectos: a adequação às formas hidrodinâmica, à integridade estrutural, ao

desempenho de velocidade, aos espaços internos, à economia de materiais, ao

processo construtivo, ao atendimento aos requisitos normativos, à área de

navegação, aos meios de segurança, de salvatagem e à preservação do meio

ambiente.

É razoável esperar que embarcações de grande porte sejam tratadas com maior

rigor, pois, as possibilidades de colapso podem gerar consequências graves em

termos econômicos e ambientais. Porém, sob o aspecto singular do potencial de

perdas de vidas humanas, qualquer embarcação, mesmo as menores ou mais

simples, deve ser projetada e executada, observando-se os bons princípios da

engenharia ditados pelas normas técnicas.

Assim, é fundamental que os projetistas respeitem as abordagens técnicas que

garantem níveis adequados de segurança às soluções da engenharia, de maneira a

evitar o empirismo subjetivo, que, muitas vezes, apresenta soluções dúbias com

exposição exagerada ao risco.

A forma em que as embarcações são operadas e conduzidas, também carece

de atenção, pois, os erros humanos lideram as causas de acidentes nas estatísticas.

Desta maneira, é pertinente a realização de um diagnóstico e um prognóstico da

situação de segurança das embarcações, entender as falhas que levaram a perda

de carga, mortes de pessoas e a perda das embarcações, ou seja, pensar nas lições

aprendidas, como forma de evitar novos acidentes.

Nesta dissertação, são analisadas algumas situações que deixaram as

embarcações em condições de risco, que culminaram nos acidentes, encontrar as

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lacunas de procedimento e formular requisitos que possam ajudar a balizar a

condução dos problemas relacionados com as embarcações e na prevenção dos

acidentes, que infelizmente, além de perdas econômicas, geram vítimas em escala

crescente, principalmente na região norte, que tem no transporte fluvial o único meio

de transporte entre municípios e estados.

O propósito deste estudo não é de atribuir culpa ou responsabilidade, mas sim

informar e salientar a importância do atendimento aos requisitos normativos, através

da avaliação de registros de acidentes e fatos de navegação, para determinar as

circunstâncias e as causas, e dar origem a uma proposta de prevenção de

acidentes, o que pode melhorar a segurança da navegação, da vida humana no mar

e a prevenção de acidentes no futuro.

1.1 POTENCIAL MARÍTIMO E FLUVIAL

Conforme consta no Plano Nacional de Logística de Transportes

(MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2012), “uma distribuição modal equilibrada

para o Brasil em termos de custos logísticos e de emissões de gases de efeito

estufa, é uma matriz com participação maior dos modos não rodoviários”. Na figura

FIG 1.1 são ilustrados diversos modais.

FIG. 1.1 Diversificação da matriz de transporte.

Fonte: Adaptado (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2012)

Na comparação a matriz de transportes com países de também dimensões

continentais, realizada no gráfico comparativo ilustrado na FIG 1.2, é evidente o

desequilíbrio do modal rodoviário no Brasil (EPE - EMPRESA DE PESQUISA

ENERGÉTICA, 2014).

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A predominância do modal rodoviário, por sua vez, tem implicações em custos

superiores ao transporte hidroviário e ferroviário (MINISTÉRIO DOS

TRANSPORTES, 2012) e menor eficiência energética por tonelada transportada,

além de maior nível de emissões de poluentes atmosféricos como o CO2 e NOx

(EPE - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA, 2014), como demonstrado na

dados comparativos da FiG 1.3.

FIG. 1.3 Comparação de tarifas do tipo de modal x distância.

Fonte: EPE, 2014.

Buscando maior equilíbrio na matriz de transportes o governo indicava a

intenção de investimentos no modal aquaviário visando aumentar a participação de

13% para 29% até 2015 (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2012), como

demonstrado na Figura FIG 1.4, esperando assim um expressivo crescimento.

FIG. 1.2 Comparação mundial da matriz de transportes. Fonte: EPE, 2014.

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FIG. 1.4 Matriz de transporte atual e a projeção para 2025. Fonte: (MINISTÉRIO DOS TRANSPORTES, 2012)

O Brasil, banhado pelo oceano Atlântico, e que teve a sua história iniciada nas

grandes navegações, tem nele além de fonte de riquezas e de lazer, o meio de

transporte para cerca de 95% do seu comércio exterior.

O transporte fluvial também possui enorme potencial de crescimento. Tem

27.420 km de vias navegáveis, com possibilidade de chegar a 42.827,5 km de rede

hidroviária (OLIVA, 2009), como pode ser visto nos dados da tabela 1.1.

Fonte: Oliva, 2009.

TAB. 1.1 Extensão das hidrovias navegáveis do Brasil

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As hidrovias são administradas de forma regional, conforme mapa abaixo:

A navegação fluvial na região amazônica é o mais importante meio de transporte

de pessoas e mercadorias, conectando as diversas comunidades e polos de

produção, comercialização e consumo estabelecidos junto à sua vasta e notável

malha hidroviária. A movimentação anual de passageiro está na FIG 1.6.

FIG. 1.5 Mapa de hidrovias e as administrações.

Fonte: (DNIT, 2015)

FIG. 1.6 Movimentação anual de passageiros no norte.

Fonte: ANTAQ, 2013.

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Conforme entrevista em 02/05/09 (UOL NOTÍCIAS, 2009), o Capitão dos Portos

da Amazônia Ocidental na ocasião Dênis Teixeira, informava que:

“...aproximadamente 100 mil embarcações navegam na região da Amazônia Ocidental, mas somente 27.357 (quase um terço) estão cadastradas na Capitania dos Portos. "O resto é clandestino", explica Teixeira, destacando que esse é um fator que aumenta o risco de acidentes. Na Amazônia Oriental o número de embarcações registradas é ainda menor: 16.076.”

Isso significa que a regulamentação das linhas de transporte de passageiros da

Amazônia realizada pela (ANTAQ - AGENCIA NACIONAL DE TRANSPORTE

AQUAVIÁRIO, 2013) não abrange nem 1% da totalidade de embarcações

existentes.

Pois, são 602 embarcações utilizadas para transporte de passageiros da região

norte que possuem linhas regulamentadas conforme tabela 1.2. E destas 63,5%

embarcações possuem casco de madeira o que aumenta o risco de acidentes,

devido à dificuldade em manter a estanqueidade em caso de avaria, a quantidade

está indicada na figura 1.7, abaixo.

Fonte: ANTAQ, 2013.

FIG. 1.7 Materia do casco das embarcações da região norte.

Fonte: ANTAQ,2013.

TAB. 1.2 Embarcações com linhas regulamentadas

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A perda de vidas causada pelos meios de transportes é preocupante e carece de

profunda análise dos riscos que todos os modais proporcionam a vida humana.

As notícias na mídia de acidentes com os meios de transportes são constantes,

claro que em maior incidência no rodoviário, porém, vem ganhando também

destaque os acidentes com embarcações, como demonstra a figura 1.8. Com a

expectativa de maior crescimento da utilização do modal aquaviário no Brasil, é

importante incrementar a segurança.

O governo apresentou metas de planejamento no trânsito e transporte brasileiro,

uma delas é atingir a meta de redução de 50% de acidentes e mortes nas estradas

até 2020, e, de acordo com o Ministério dos Transportes (MINISTÉRIO DOS

TRANSPORTES, 2012), para tal deverá haver uma redistribuição da matriz de

transporte, para obter maior equilíbrio entre os principais modais.

Assim a preocupação com estudos e medidas preventivas de redução de vítimas

deve ser de todos os sistemas de transportes.

Visando uma melhor assimilação da gravidade da situação, apresenta-se uma

correlação com os modais, utilizando como parâmetro o avião da Air France, que

sofreu um acidente em 2009 e infelizmente vitimou 228 pessoas, com enorme

comoção popular, como ilustrado na figura 1.9.

FIG. 1.9 Avião do voo Air France - 228 mortes - 2009.

FIG. 1.8 Resgate de vítima de acidente aquaviário. Fonte: (TERRA, 21/02/2008)

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O número de perdas de vidas no transporte aquáviário é como se desde 2007

caíssem dois aviões por ano de características similares ao avião do vôo 447,

representados na fig. 1.10.

Conforme estatística ( (BOSELLI, 2009) somente em 2008, morreram 57.116

pessoas vítimas de acidente de trânsito no Brasil. Se representar isso em aviões, de

maneira análoga a representação com embarcações, é um resultado surpreendente

e assustador, como ilustrado em FIG.1.11. A quantidade de acidentes relacionados

ao transporte rodoviário, representa a queda de 250 aviões por ano no Brasil. É

como se a cada um dia e meio ocorresse a queda de um avião de características

similares ao acidente do voo 447 da Air France, a que sentencia a morte de 156

pessoas em média, diariamente no transito do Brasil.

FIG. 1.10 Morte em embarcações representa a queda de 2 aviões por ano.

FIG. 1.11 Mortes no trânsito representa a queda de 250 aviões por ano.

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Este número de acidentes no trânsito supera 2,5 vezes o número de acidentes

dos EUA e 3,7 vezes o da União Europeia.

1.2 JUSTIFICATIVA

A predominância de transporte de carga por rodovias, o alto custo do transporte

aéreo em contraponto a privilegiada disponibilidade de rios e uma costa marítima de

mais de 8 mil quilometros de extensão, é inevitável para desenvolvimento nacional

que ocorra uma maior utilização do transporte aquaviário no Brasil, tanto no

transporte de carga, como de passageiros.

Já se constata o elevado crescimento do modal aquaviário através a atual crise

da falta de mão de obra referente à tripulação de embarcações, conforme consta na

Nota de Esclarecimento N. 2 do site da Marinha, (DPC - DIRETORIA DE PORTOS E

COSTAS, 2015), sendo:

“Em virtude do notável crescimento da atividade marítima no Brasil e, é claro, da demanda por mão de obra específica, expressiva quantidade de Aquaviários estrangeiros, oriundos principalmente de países membros do MERCOSUL, tem buscado ingresso na Marinha Mercante Brasileira. Além disso, com a mesma finalidade, alguns brasileiros tem apresentado certificação emitida no exterior.”

Com a expectativa do aumento do tráfego de embarcações, é primordial uma

análise holística dos meios de segurança disponíveis que garantam a integridade da

carga transportada, da propriedade, do meio ambiente e principalmente dos

tripulantes e passageiros.

A análise técnica da aplicação dos requisitos normativos e a avaliação das

circunstâncias e causas de acidentes são formas de mensurar e mitigar riscos e

melhorar a segurança e a prevenção de acidentes no futuro.

Atualmente o atendimento aos requisitos normativos é a principal forma de

minimizar os riscos de acidentes no transporte aquaviário. Observa-se que as

normas quando criadas, foram a partir da análise detalhada das causas dos

acidentes e suas consequências, elas regulamentam procedimentos para a

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construção, navegação, manutenção e o trafego de embarcações no Brasil e no

mundo.

As normas são aplicadas de acordo com a classe de cada embarcação, ou seja,

conforme o tipo de serviço, a área de navegação, as dimensões, entre outros

fatores. Para embarcações de passageiro, a definição da quantidade de pessoas

autorizadas a embarcar depende do espaço habitável e do atendimento dos critérios

de estabilidade, sendo nesta dissertação avaliados os dispositivos disponíveis à

tripulação para controle do excesso de passageiros, do atendimento aos critérios de

estabilidade, de habitabilidade e a correlação destes requisitos com os acidentes

registrados pelo Tribunal Marítimo e a DPC – Diretoria de Portos e Costas.

De acordo com estatisticas da Marinha do Brasil (DPC - DIRETORIA DOS

PORTOS E COSTAS, 2014), a principal causa de acidentes fatais no espaço

aquaviário é o emborcamento e o naufrágio de embarcações, normalmente,

vinculado ao excesso de passageiros e/ou carga.

Conforme pesquisa realizada pela Katyline de Melo Barbosa na tese intitulada

Avaliação Hierárquica de Indicadores de Desempenho para Hidrovias (BARBOSA,

2014) a segunda maior fonte de preocupação dos Armadores na região norte é o

acidente, como demonstra a tab. 1.1 abaixo:

TAB. 1.3 Indicadores de hierarquização no desempenho da hidrovia

Fonte: Barbosa, 2014.

A justificativa deste trabalho é proporcionar uma reflexão sobre segurança da

navegação, o qual contempla proposta de prevenção de acidentes, sendo um

importante instrumento para complemento das normas em vigor, de importante

relevância social e científica.

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1.3 OBJETIVOS

A dissertação tem como objetivo geral a elaboração de proposta de prevenção

de acidentes em embarcações para o transporte de passageiros. E os seguintes

objetivos específicos:

a) Avaliação detalhada de normas e de procedimentos técnicos, principalmente:

habitabilidade e estabilidade, para avaliar técnicamente os parâmetros e

procedimentos adotados e o que poderia ser alterado para evitar tais

acidentes análogos aos pesquisados;

b) Avaliação de levantamento estatístico dos acidentes ocorridos em

embarcações de passageiros por tipo de acidentes, levantando as

circunstâncias, causas e consequências, inclusive com estudos de caso;

c) Correlacionar os acidentes aos procedimentos e prescrições das normas,

para criar uma proposta de requisitos de segurança adicionais aos já

prescritos nas normas vigentes visando à prevenção de acidentes em

embarcações de transporte de passageiros.

1.4 METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho fez-se necessária uma intensa revisão

bibliográfica, para conhecimento dos procedimentos internacionais (convenções e

códigos) e nacionais (Norma da Autoridade Marítima) de construção, regularização e

fiscalização de embarcações, e também nas normas de investigação de acidentes. A

pesquisa se estendeu na valiação das perspectivas de desenvolvimento do potencial

aquaviário, com avaliação de planos de governo e de mídias jornalisticas sobre

repercussão de acidentes aquaviário.

A leitura e a assimilação do material citado acima tornou possível a classificação

da embarcação e assim definir as normas de enquadramento, analisar os requisitos

normativos os quais são aplicados de acordo com a área de navegação, o tipo de

serviço e dimensões e o porte da embarcação.

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Então, estabelecidos os padrões técnicos de elaboração de projeto, definido o

sistema de luzes, a quantidade de tripulação, periodicidade de manutenção, reparos,

os tipos de certificados e vistorias pertinentes, as quais mantêm as condições de

estrutura, estanqueidade, segurança, habitabilidade e estabilidade satisfatórias para

a navegação.

Como não foram encontrados disponíveis nas literaturas pesquisadas dados

estatísticos sobre a quantidade e tipos de acidentes de navegação, e as informações

encontradas tratavam de dados da extinta CIPANAVE - Comissão de Investigação e

Prevenção de Acidentes da Navegação, foi realizada uma entrevista com o Capitão

de Mar e Guerra (Ref.) Gilberto de Carvalho Restum, chefe do Departamento de

Inquéritos e Investigações de Acidentes de Navegação - Diretoria de Portos e

Costas, da Marinha do Brasil, em 29/08/2014., o qual explicou sobre a existencia da

NORMAM 09, que é norma especifica para análise de inquéritos administrativos, e

orientou quanto ao procedimento para obtenção das estatisticas de acidentes.

Desta forma em 01/09/14 foi solicitado ao Departamento de comunicação da

Marinha do Brasil, através do e-mail [email protected], as estatísticas

sobre os acidentes de embarcações, as quais foram prontamente enviadas em

02/09/14, contendo os seguintes gráficos com os dados estatísticos solicitados:

Quantidade de acidentes e fatos de navegação dos últimos 10 anos;

Quantidade de acidentes e fatos de navegação por natureza (2013);

Quantidade de acidentes e fatos de navegação por distrito naval (2013);

Quantidade de acidentes e fatos de navegação por tipo de Embarcação (2013);

Quantidade de acidentes e fatos de navegação por atividade (2013);

Quantidade de acidentes e fatos de navegação por faixa de AB (2013);

Quantidade de acidentes e fatos de navegação por área de navegação (2013);

Acidentes e fatos de navegação em embarcações de Passageiros; e

Quantidade de vitimas fatais, desaparecidos e feridos dos últimos 10 anos.

Os gráficos contendo essas importantes estatísticas podem ser conferidos no

capitulo 3, item 3.6 deste trabalho (MARINHA DO BRASIL, 2014).

Ao se interpretar as estatísticas de acidentes e realizar a correlação com as

normas para identificação das circunstâncias das avarias, causas e consequencias,

identificam-se os motivos da ocorrência do acidente, e pode ser realizada a

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formulação de uma proposta de providências que podem ser tomadas para evitar a

situação em embarcações similares.

Neste trabalho estão resumidos os requisitos exigidos nas normas da autoridade

marítima, sendo dada ênfase à proposta dos novos requisitos.

O fluxograma da Figura 1.12, representa o método de refinamento sucessivo,

utilizado para o desenvolvimento desta dissertação.

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

A Dissertação está estruturada em cinco capítulos.

No primeiro capitulo é apresentada a importância do desenvolvimento do

transporte aquaviário para o progresso nacional, ressaltada a necessidade de

avaliação de risco para maior confiabilidade e utilização do modal, além de

destacada a avaliação dos acidentes de todos os modais de transporte, com enfase

na importância da avaliação dos meios de segurança disponíveis as pessoas e à

tripulação de embarcações de passageiros.

FIG. 1.12 Metodologia de trabalho

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No capitulo dois são apresentadas as principais leis, convenções, códigos e

normas, tais como: Normas da Autoridade Marítima Brasileira para Mar Aberto

NORMAM 01, Navegação Interior (NORMAM 02), Convenção Sobre o Regulamento

Internacional Para Evitar Abalroamento no Mar, 1972 (RIPEAM 72), Convenção

Internacional Sobre Linhas de Carga, 1996 (LL-66), Convenção Internacional Sobre

Arqueação Bruta de Navios, 1969 (Tonnage – 69), Convenção Internacional Para a

Salvaguarda da Vida Humana no Mar, 1974 (SOLAS 74), Convenção Internacional

Para Prevenir a Poluição por Navios, 1973, emendada pelo Protocolo de 1978

(MARPOL 73/78); Convenção Internacional Sobre Normas de Treinamentos de

Marítimos, expedição de Certificados e serviços de quarto, 1978 (STCW – 78) e

Código Internacional de Gerenciamento de Segurança (ISM Code).

O objetivo dessas convenções é manter a segurança das embarcações, das

pessoas e do meio ambiente. São relacionados os documentos que uma

embarcação deve possuir para ser regularizada e operar, como por exemplo:

projeto, vistorias e certificação, além de ser apresentadas as formas de classificação

das embarcações para aplicação dos requisitos normativos. São destacados os

requisitos de Habitabilidade e Estabilidade, critérios fundamentais na definição da

quantidade teórica de passageiros de uma embarcação.

No capítulo três são apresentadas as características do potencial aquaviário

brasileiro, ressaltando a importância para a integração e progresso nacional. São

apresentadas as características do mar e a influência do mau tempo nos acidentes.

São apresentados os dados estatísticos, e conceituados os acidentes e fatos de

navegação, com base nas normas nacionais e internacionais, sendo observado que

os acidentes como o naufrágio e emborcamento são os que geram maior numero de

vitimas fatais.

Ainda no capítulo três são realizados três estudos de casos a partir da análise

dos relatórios do Tribunal Maritimo e pesquisa de mídia, sendo levantados os

principais fatores dos acidentes do Bateau Mouche, Tona Galea e do navio Sewol.

No capítulo quatro é apresentada a proposta de prevenção acidente, elaborada

com base na análise dos estudos de caso, nas estatísticas da Diretoria de Portos de

Costas da Marinha do Brasil, com importantes requisitos técnicos e de conduta.

E finaliza no capitulo cinco, com a conclusão e recomendações de continuação

da pesquisa.

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2 REGULAMENTAÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL DE NAVIOS

A IMO - International Maritime Organization, que significa em portugues

Organização Marítima Internacional é uma agencia da ONU, criada em 1948 para

gerar instrumentos capazes de ordenar a utilização dos mares e oceanos, através

de convenções e códigos, principalmente para estimular a adoção de padrões

mínimos de segurança marítima, eficiência, prevenção e controle da poluição

marinha produzida por navios e remoção de obstáculos ao tráfego marítimo

internacional, para que flua sem burocracia desnecessária e discriminações,

conforme site da IMO (SEC-IMO, 2012).

A DPC - Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil possui em Londres

na Inglaterra uma representação permanente junto à IMO e promove a

implementação e a execução da RLESTA - Regulamento de Segurança do Tráfego

Aquaviário (BRASIL, LEI 2596, 18/05/1998).

O RLESTA tem o propósito de assegurar a salvaguarda da vida humana no mar,

segurança da navegação e a prevenção da poluição ambiental por parte de

embarcações, plataformas ou suas instalações de apoio no Brasil. Principais

exigências a bordo que resultam em multas, são:

a) Cartão de Tripulação de Segurança;

b) Rol de Equipagem ou Rol Portuário;

c) Dotação de itens e equipamentos de bordo;

d) Registro e inscrição das embarcações;

e) Identificação visual da embarcação e demais marcações no casco (marcas

de borda livre, no casco o nome da embarcação e o porto de inscrição);

f) Características das embarcações: efetuar alterações ou modificações nas

características da embarcação em desacordo com as normas;

g) Operar heliponto em desacordo com as normas;

h) Não possuir qualquer certificado ou documento equivalente exigido;

i) Equipamentos e luzes de navegação;

j) Apresentar-se com equipamento de navegação defeituoso ou inoperante;

k) Transportar excesso de carga ou apresentar-se com as linhas de carga ou

marcas de borda livre submersas;

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l) Transportar excesso de passageiros ou exceder a lotação autorizada;

m) Transportar carga perigosa em desacordo com as normas;

n) Transportar carga no convés em desacordo com as normas;

o) Sobre casco, instalações, equipamentos, pintura e conservação da

embarcação, inclusive sobre funcionamento e requisitos operacionais dos

dispositivos, equipamentos e máquinas de bordo.

O valor das multas variam de acordo com tipo de infração e o infrator (BRASIL,

LEI Nº 9.537, 11/12/1997).

2.1 FISCALIZAÇÃO DE NAVIOS

Em 1978 um grupo de países Europeus concordou em auditar se as condições

de trabalho a bordo dos navios estava de acordo com as regras da ILO -

Organização Internacional do Trabalho (OIT, 2015) e após o naufrágio do Amoco

Cadiz (vide capitulo 3 item 3.1) no mesmo ano, foi decidido também auditar a parte

de segurança e poluição.

Por conta disso, em 1982 foi estabelecido, através do Paris MoU -

Memoramdum of Understanding, o PSC - Port State Control que em português

significa “controle do estado do porto”, ou seja, controle do pais de bandeira que

econtra-se a embarcação. Atualmente o MoU Paris conta com 26 países europeus

e o Canadá (VIÑA DEL MAR, 1992).

A IMO encorajou o estabelecimento de organizações e acordos regionais de

controle do estado do porto, então esses acordos foram criados e assinados por

países cobrindo todos os oceanos do mundo.

Temos como exemplo alguns MoUs como: MoU Tóquio, MoU Paris, o Acordo

Viña Del Mar, MoU Caribe, Mediterrâneo e outros.

Na prática essa foi uma reação a falência das bandeiras de Estado,

principalmente as bandeiras de conveniência que delegaram essas tarefas às

Sociedades Classificadoras para cumprir com essas inspeções.

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O acordo latino americano – Viña del Mar é formado pelos países: Brasil,

Argentina, Colombia, Brasil, Chile, Equador, México, Panamá, Perú, Uruguai,

Venezuela, Cuba, Bolivia e Honduras (VIÑA DEL MAR, 1992).

No Brasil as inspeções são realizadas pela Capitania dos Portos da Marinha do

Brasil. E essas fiscalizações são intiluladas:

Inspeções PSC (port state control), para navios mercantes estrangeiros; e

Inspeções FSC (flag state control), para navios bandeira brasileira.

Se a embarcação for julgada insegura para prosseguir no mar ou rios, o inspetor

port state faz os procedimentos para prover detenção. As deficiências devem ser

retificadas antes do navio poder navegar novamente. As deficiências mais

frequentes constatadas nas inspeções são (DPC- DIRETORIA DE PORTOS E

COSTAS, 2013):

Certificação da Tripulação;

Itens de Segurança;

Poluição Marinha e do Meio-Ambiente; e

Condições de habitação e trabalho.

2.2 DIREITO DE UTILIZAÇÃO DO MAR

A CNUDM Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, que em inglês

significa UNCLOS (United Nation Convention on Law of the Seas), foi celebrada na

Jamaica, em Montego Bay, no ano 1982 e ratificada por 148 países (DHN, 2013).

Esta convenção estabelece que, no mar territorial, todos os bens econômicos

existentes na parte líquida, sobre o leito do mar e no subsolo marinho, constituem

propriedade exclusiva do país ribeirinho ao longo de uma faixa litorânea de 200

milhas náuticas de largura (BRASIL, LEI 8617, 04/01/1993), chamada de Zona

Econômica Exclusiva (ZEE).

Recentemente o espaço marítimo brasileiro passou de 3,6 milhões de km² para

4,5 milhões de km² de área ZEE, tal feito ocorreu a partir de estudos elaborados no

ano de 2004 pela Autoridade Marítima Brasileira, sendo solicitado a comissão de

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limites da plataforma continental da CNUDM a extensão da área, o projeto ficou

conhecido como Amazonia Azul representado na Figura 2.1 (DHN, 2013).

A Marinha do Brasil tem compromisso de realizar operações de busca e

salvamento nesta extensa área marítima que avança pelo oceano Atlântico,

ultrapassando os limites da Amazônia Azul, em atendimento a Convenção

Internacional de Busca e Salvamento Marítimo, assinada em Hamburgo em 1979.

A Convenção Internacional de Busca e Salvamento dividiu os oceanos em áreas

SAR (Search and Rescue), conforme mapa da FIG 2.2 abaixo.

FIG. 2.1 ZEE ampliada no Brasil. Fonte: (DHN, 2013)

FIG. 2.2 Delimitação geográfica para busca e salvamento.

Fonte: (DHN, 2013)

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A Marinha mantém 9 (nove) Distritos Navais (DN) responsáveis pelo auxílio ao

SAR, conforme estão distribuídos na ilustração da Fig. 2.3, nestas regiões estão

situadas as capitanias dos portos, delegacia e agencias, responsáveis pelas

fiscalizações quanto ao atendimento as normas. Maior detalhamento pode ser

conferido no item 2.7.3 desta dissertação.

A Convenção sobre a Facilitação do Tráfego Marítimo Internacional, de 1965,

conhecida como FAL Convention, tem medidas preventivas para o navio/porto,

quanto às práticas recomendadas para o tratamento de clandestinos a bordo e

assim como desembarque e retorno de clandestino. A FAL define o passageiro

clandestino, da seguinte forma (IMO - INTENATIONAL MARITIME ORGANIZATION,

2015):

"Uma pessoa que é segregada em um navio, ou na carga, que é posteriormente carregado/embarcado no navio, sem o consentimento do armador ou do comandante ou de qualquer outra pessoa responsável e que é detectada a bordo do navio depois que ele se afastou de um porto, ou na carga durante a descarga em porto de chegada, e é relatado como um clandestino pelo comandante para as autoridades competentes."

As noticias de naufrágios com embarcações abarrotadas de imigrantes e

refugiados se tornou comum no noticiario em 2014 e 2015.

FIG. 2.3 Distribuição dos Distritos Navais responsáveis pelo SAR.

Fonte: DPC, 2014.

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Conforme informações estatísticas da ACNUR - Alto Comissariado das Nações

Unidas para Refugiados, em 2015 a imigração via o mar mediterrâneo tem feito

muitas vitimas, onde 13.500 imigrantes foram resgatados entre janeiro e abril deste

ano de 2015, e 1.600 pessoas perderam suas vidas nas travessias ilegais, sendo

que em 2014 foram 3.500 mortes, números que preocupam, conforme citado abaixo

(SOARES, 2012):

“Há realmente vários motivos que tornaram o clandestino mais que um problema. O fator de condução preponderante é o econômico. Com toda a luta política e econômica no mundo de hoje, há uma enorme população de pessoas que estão apenas cansadas de estar no fundo do poço da escada econômica, e estão desesperadas por uma vida melhor em um lugar diferente. Esta é realmente a razão básica por que alguém gostaria de passar uma semana ou mais amontoado em um sufocante contêiner ou outras acomodações igualmente desconfortáveis, a fim de obter a partir desta aventura um destino melhor onde quer que esteja, em qualquer outro lugar. Não é porque eles simplesmente não têm o dinheiro para um bilhete de avião, mas é o fato de que eles estão sendo atraídos pela perspectiva de uma vida melhor. Eles estão dispostos a deixar suas terras e suportar condições incertas, a fim de chegar lá.”

Conforme notícias jornalisticas da Marinha Italiana (CNN, 2015), a maioria

dos acidentes é causada pela perda da estabilidade da embarcação seja pelo mau

tempo, seja devido o excesso de passageiro e a movimentação causada a bordo

FIG. 2.4 Clandestinos no Mar Mediterrâneo

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toda vez que é avistada embarcação de socorro e resgate, pois, visando serem

vistos, os refugiados se levantavam e acenavam e muitas vezes levantam as

crianças, e tal atitude desesperada, eleva o centro de gravidade da embarcação,

gerando um momento emborcador e levando a serios problemas de equilibrio, e

graves consequencias para os passageiros.

O artigo 99 na CNUDM descreve:

“Todo Estado deve tomar medidas eficazes para impedir e punir o transporte de escravos em navios autorizados a arvorar a sua bandeira e para impedir que, com esse fim, se use ilegalmente a sua bandeira. Todo escravo que se refugie num navio, qualquer que seja a sua bandeira, ficará, ipso facto, livre.”

FIG. 2.5 Imigrantes pedindo socorro.

FIG. 2.6 Acidente no Mar mediterrâneo

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Conforme dados constantes no site da acnur (ACNUR, 2015), a lei brasileira

de refúgio (BRASIL, LEI º 9.474, 22/07/1997) através do CONARE Comitê Nacional

para os Refugiados garante documento de identificação e de trabalho aos

refugiados, além da liberdade de movimento no território nacional e de outros

direitos civis. No entanto, o número total de pedidos de refúgio aumentou mais de

1467% entre 2010 e outubro de 2014 passou de 566 para 8.302 pedidos conforme

fig 2.7, a maioria dos pedidos é da Síria, Colombia, países da Africa e outros.

FIG. 2.7 Novas solicitações de Refúgio por ano. Fonte: (ACNUR, 2015)

2.3 PROCEDIMENTOS DE PREVENÇÃO A COLISÃO DE EMBARCAÇÕES

As Normas Internacionais foram criadas e várias vezes atualizadas com base na

investigação de acidentes com o propósito de prevenir novas tragédias ou incidentes

marítimos no futuro, uma das principais normas internacionais é o COLREGs

(Convention on the International Regulations for Preventing Collisions at Sea, 1972),

conhecido no Brasil como RIPEAM - Regulamento Internacional Para Evitar

Abalroamento no Mar, em vigor desde 1972, mas com diversas atualizações já

realizadas, após esta data.

Basicamente esta norma (RIPEAM , 1972) estabelece regras de governo, de

condução e procedimentos para evitar colisão, através do uso de luzes, marcas,

apitos, sinos, boias, visando ordenar a navegação com procedimentos para

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manobras, válidos em todo o mundo, como forma padronizar as reações desejadas

dos comandantes e assim evitar acidentes.

São estabelecidos procedimentos obrigatórios aos comandantes das

embarcações para a navegação em canais estreitos, ultrapassagem, movimentos de

guinada, rumos cruzados, prioridade de passagem, navegação em visibilidade

restrita, entre outras, orientações como demonstra nas figuras 2.8 e 2.9 abaixo.

FIG. 2.8 Apito de manobra. Fonte: (RIPEAM , 1972)

FIG. 2.9 Conduta de manobra. Fonte: (RIPEAM , 1972)

A luz de Navegação além de sinalizar a presença da embarcação também pode

dar noções do comprimento e da boca da embarcação iluminada, indicar se a

embarcação está fundeada, se possui manobra restrita, se está sem governo,

rebocando, entre outras situações.

Essa comunicação entre tripulação das embarcações é importante para evitar

acidentes, permitindo uma comunicação universal.

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Assim através da disposição conforme fig 2.10, das cores das luzes, da

intensidade de iluminação, do angulo de luminosidade, junto aos cones e esferas,

conforme fig.2.11 permite que a tripulação das mais variadas nacionalidades,

demonstre através de sinais a condição que se encontra a embarcação sobre seu

comando. Deve ser dada atenção na obstrução que o diamentro do mastro pode

interferir na luminosidade das luzes, sendo determinado o máximo de 6 graus.

FIG. 2.10 Mastro de luzes de navegação.

FIG. 2.11 Correlação de sinais de navegação. Fonte: (RIPEAM , 1972)

As luzes devem ser exibidas do por ao nascer do sol e em períodos de

visibilidade restrita. Durante estes períodos, não devem ser exibidas outras luzes

que possam perturbar a identificação, somente as especificadas no RIPEAM.

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As luzes de Bordo encarnada deve estar localizada a bombordo (esquerda) e a

verde a boreste (direita), tais luzes possuem visibilidade de 112,5 graus, e a

intensidade varia de acordo com o comprimento da embarcação, ilustrado na figura

2.12.

FIG. 2.12 Setores de visibilidade da luzes. Fonte: Ripeam 72

A Luz de alcançado é de 135 graus, localizada a ré, de cor branca, indica onde a

embarcação encerra seu comprimento.

A Luz de mastro também é branca, deve ter de 225 graus, e indica que a

embarcação está em curso, ou seja, está navegando.

Já se a embarcação estiver com duas luzes circulares de 360 graus, encarnadas

acesas, indica que está sem governo e se estiver com uma luz branca de 360 graus

entre as duas vermelhas, indica que está em manobra restrita e assim terá

preferência, indicando que as demais embarcações devem desviar dela, fig. 2.13.

FIG. 2.13 Luzes de embarcação encalhada. Fonte: Ripeam 72

As luzes circulares podem indicar também a condição de fundeio, de dragagem,

reboque, empurra a contra bordo, entre outras.

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Estas luzes possuem regras para separação horizontal e vertical, devem estar

sepadas verticalmente 1 metro para embarcações de navegação interior (DPC -

DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS, 2005) e 2 metros para embarcações de mar

aberto (RIPEAM , 1972).

A determinação da intensidade de visibilidade das luzes varia conforme o

comprimento da embarcação, devendo ser visíveis nas seguintes distâncias

mínimas:

Para comprimento menor que 12 metros: Luz de bordo de 1 milha e as

demais 2 milhas;

Para comprimento entre 12m e 20m – Luz de mastro de 3 milhas e

demais 2 milhas;

Para comprimento entre 20 e 50 m – Luz de mastro de 5 milhas e demais

2 milhas;

Para comprimento maiores de 50 metros: Luz de mastro de 6 milhas e

demais 3 milhas.

Sendo que quando uma embarcação empurradora e uma embarcação

empurrada estão rigidamente ligadas entre si, formando uma unidade integrada, elas

devem ser consideradas como uma só embarcação de propulsão mecânica e exibir

as luzes prescritas na Regra 23 e Regra 24 do RIPEAM.

Porém, conforme descreve o capítulo 11 de Normam 02, o termo “comboio”

caracteriza um grupo de embarcações que navegam de forma integrada, mas não

de forma rígida.

O comboio por não ser uma “unidade integrada” pela definição citada acima,

possibilita diversas interpretações sobre qual comprimento considerar na definição

da intensidade e altura das luzes das embarcações que integram um comboio.

Se as luzes não forem bem dimensionadas, muitos acidentes podem ocorrer

como o abalroamento com um comboio, principalmente no período noturno.

Todas as luzes de navegação utilizadas nas embarcações devem ser

homologadas (DPC - DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS, 2005).

Todas as embarcações devem possuir o RIPEAM a bordo, assim como os

quadros de sinalização fixados no passadiço, para ser prontamente utilizado pela

tripulação em caso de necessidade.

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FIG. 2.14 Acidente com comboio. Fonte: Correio Amazonense de 30/09/05

Os seguintes sinais indicam perigo e necessidade de auxílio (RIPEAM , 1972):

a) Um tiro de canhão ou outro sinal explosivo, soado em intervalos de cerca

de um minuto;

b) Um toque contínuo de qualquer aparelho de sinalização de cerração;

c) Foguetes ou granadas lançando estrelas encarnadas, disparados um de

cada vez, em intervalos curtos;

d) Um sinal emitido por radiotelegrafia ou por qualquer outro método de

sinalização constituído pelo grupo (SOS) do código morse;

e) Um sinal emitido por radiotelefonia, constituído pela palavra “Mayday”;

f) O sinal de perigo do Código Internacional indicado por N.C.;

g) Um sinal constituído por uma bandeira quadrada, tendo acima ou abaixo

uma esfera ou qualquer coisa semelhante a uma esfera;

h) Chamas a bordo da embarcação (proveniente da queima de um barril de

alcatrão, óleo, etc);

i) Um foguete luminoso com pára-quedas ou uma toccha manual, exibindo

luz encarnada;

j) Um sinal de fumaça desprendendo fumaça de cor alaranjada;

k) Movimentos lentos para cima e para baixo com os braços esticados para

os lados;

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l) O sinal de alarme radiotelegrafo;

m) O sinal de alarme radiotelefônico;

n) Sinais transmitidos por radiobalizas de emergência indicadores de

posição;

o) Sinais aprovados transmitidos por sistemas de radiocomunicação,

incluindo respondedores radar de embarcações de sobrevivência.

O pedido de ajuda pode ser realizado usando o alfabeto internacional, como por

exemplo, o código Sierra - Oscar - Sierra – SOS, é entendido em todo o mundo

como pedido de socorro.

FIG. 2.15 Alfabeto fonético internacional – Fonte: Ripeam 72.

2.3.1 APLICAÇÃO DO RIPEAM 72

Conforme consta na Regra 1 da Parte A do Ripeam 72 os requisitos citados “se

aplicam a todos os navios que navegam em mar aberto e em todas as aguas a este

ligadas, que são navegáveis por navios de alto mar”.

E no Brasil, é aplicável também nas embarcações de navegação interior,

conforme capitulo 11 da NORMAM 02 (NORMAM, 2005), que contempla as regras

especiais para evitar abalroamento na navegação interior, sendo exigido o

cumprimento dos requisitos constantes no Ripeam 72, como algumas isenções.

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2.4 BORDA LIVRE – LIMITE DE CARGA

A LL66 - International Convention on Load Lines (SEC-IMO, 1966), significa em

portugues Convenção Internacional sobre Linha de Carga, em vigor desde 1966, foi

idealizada desde 1776, quando os “Underwriters” pessoas que asseguram

pagamento das apólices dos navios, se encontravam com Armadores num café

localizado em Londres cujo proprietário chamava-se Edward Lloyd. Em 1834 surge a

primeira publicação da regra de classificação de risco da classificadora Loyds

Register. (BC, 2015).

Em 1894 um negociante de carvão chamado Samuel Plimsoll, adota em suas

embarcações um disco com um corte no centro indicando o limite de carregamento.

FIG. 2.16 Representação da borda livre da embarcação.

De acordo com formato (das linhas) do casco, das características hidrostáticas,

da localização do ponto de alagamento, da condição de estanqueidade, estudo de

estabilidade e do calculo estrutural, pode ser definido o calado máximo em que a

embarcação poderá navegar com segurança. O cálculo da diferença entre o calado

máximo e do pontal da embarcação, tem se a borda livre, conforme fig 2.16.

FIG. 2.17 Capa da LL 66 - Fonte: (SEC-IMO, 2012)

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No limite entre o calado máximo e a borda livre o “Disco de Plimsol” é soldado a

meia nau da embarcação.

Nas extremidades do disco de plimsoll ficam fixadas as iniciais da classificadora

responsável pela regularização da embarcação, como por exemplo as letras “BC”

símbolo da classificadora do Bureau Colombo, e pode além das demais

classificadoras, ter iniciais no disco de CP “Capitania dos Portos”.

FIG. 2.18 Modelos de marca de borda livre – Navegação Interior.

O disco de plimsol ou marca de borda livre, como também é conhecido, indica

em qual área a embarcação está enquadrado, ou habilitado há navegar, por

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exemplo o numero no centro do disco indica a area de navegação e a posição fixada

no costado determina o calado máximo permissível, os tópicos abaixo indica o

significado de cada marca demonstrada na figura 2.18, sendo :

a) Marcação n. 1 - Área 1 em água doce, exemplo no Rio negro em Manaus;

b) Marcação n. 2 - Área 2 em água doce, exemplo no Rio Paraná;

c) Marcação n. 3 - Área 1 em água salgada, exemplo no Baia de Guanabara;

d) Marcação n. 4 - Área 2 em água salgada, exemplo Rio Grande;

e) Marcação n. 5 - Dupla classificação em água doce, exemplo trajeto tiete –

Paraná;

f) Marcação n. 6 - Dupla classificação em água salgada, exemplo Lagoa dos patos

– Rio Grande;

g) Marcação n. 7 – Borda Livre de Dragagem – Exemplo desepejo de dragas em

Santos.

h) Marcação n. 8 – Borda Livre da Hidrovia Paraguai Paraná.

FIG. 2.19 Tipos de marcas do disco de plimsoll – Mar Aberto Nacional

i) Marcação n. 9 - Borda Livre de Mar aberto, com acrescimo de água doce, para

embarcações que não seja Solas, menor que 500 AB, que também navega em

aguas interiores;

j) Marcação n. 10 - Borda Livre de embarcações de Mar aberto, mas que não seja

Solas, menor que 500 AB, sem acrescimo de água doce.

O Mar aberto é dividido em áreas DVC (dentro da visibilidade da costa) , área

Marítima A1, A2, A3. A4 e ZEE, sendo o alcance de 20, 30, 100, 200 e mais de

200 milhas nauticas (uma milha corresponde a 1,6 km), no entanto, essa

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classificação é soemnte para fins de rádio. Note pelas desenhos 9, 10 ou até

mesmo o 11, não constam a área de navegação, como acontece em interior.

FIG. 2.20 Tipo de marca do disco de plimsoll – Fonte: LL, 1996.

k) Marcação n. 11 - Borda Livre de embarcações de Mar aberto SOLAS, maior que

500 AB e que realizem viagens internacionais, os significados das siglas laterais

ao disco de plimsoll, estão descritas abaixo, sendo:

“S” (Summer): Linha de Carga de Verão indicada pela face superior da linha

horizontal que cruza o centro do disco.

“W”(Winter): Linha de Carga de Inverno;

“WNA” (Winter North Atlantic): Linha de Carga de Inverno no Atlântico Norte;

“T” (Tropical): Linha de Carga Tropical;

“F”: Linha de Carga de Água Doce de Verão. A diferença entre essa linha de

carga e a Linha de Carga de Verão constitui a tolerância concedida para

carregamento em água doce para as outras linhas de carga.

“TF”: Linha de Carga Tropical de Água Doce;

Se as bordas livres referentes ao carregamento de madeira forem atribuídas,

as seguintes linhas de carga para madeira poderão atribuídas além das linhas

de carga normais:

“LS” (Timber Summer): Linha de Carga para Madeira de Verão;

“LW”(Timber Winter): Linha de Carga para Madeira de Inverno;

“LWNA”.(Timber Winter North Atlantic): Linha de Carga para Madeira de

Inverno no Atlântico Norte;

“LT”(Timber Tropical): Linha de Carga para Madeira Tropical

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“LF”: Linha de Carga de Madeira para Água Doce de Verão. A diferença entre

essa linha de carga e a Linha de Carga para Madeira de Verão constitui a

tolerância concedida para carregamento em água doce para as outras linhas

de carga de madeira.

“LTF”: Linha de Carga para Madeira Tropical de Água Doce;

Quando as características do navio, a natureza do serviço ou restrições

impostas à navegação tornem inaplicáveis quaisquer das linhas de carga sazonais,

tais linhas poderão ser omitidas.

Quando for atribuída uma borda-livre maior que a borda-livre mínima, de tal

modo que a linha de carga seja marcada em posição correspondente ou mais abaixo

que a linha de carga sazonal mais baixa, somente a linha de Água Doce deverá ser

marcada.

Conforme item 0604 da Normam 02 (DPC - DIRETORIA DE PORTOS E

COSTAS, 2005), as embarcações que operam em Navegação Interior devem ser

classificadas quanto ao tipo de estanqueidade, sendo:

“... a) Tipo A: São todas as embarcações de casco metálico que não apresentam aberturas de escotilha, sendo o acesso ao interior do casco (ou dos tanques) proporcionado apenas através de pequenas aberturas, tais como escotilhões, agulheiros, portas ou portas de visita, fechadas e tornadas estanques à água (“watertight”) por tampas de aço ou material equivalente, caracterizando, dessa forma, alta resistência ao alagamento. b) TIPO B: São todas as embarcações de casco metálico que possuem aberturas de escotilha, as quais podem ser fechadas e tornadas estanques ao tempo (“weathertight”), e cujas demais aberturas no costado (abaixo do convés de borda-livre), podem ser fechadas e tornadas estanques à água (“watertight”). c) TIPO C: São todas as embarcações de casco metálico que apresentam aberturas no convés principal (incluindo as aberturas de escotilha) ou nos costados que não podem ser fechadas e tornadas estanques ao tempo (“weathertight”). d) TIPO D: São as embarcações de casco não metálico cujas aberturas no convés de borda livre podem ser fechadas e tornadas estanques ao tempo (“weathertight”). e) TIPO E: São embarcações de casco não metálico cujas aberturas no convés principal ou costados não podem ser fechadas e tornadas estanques ao tempo (“weathertight”). ...”

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Para embarcações Solas que aplicam a LL66, só existem dois tipos o A e B. A

estanqueidade é aferia por testes, normalmente utilizando jatos sólidos ou de

neblina de água diretamente nas portas, elipses, escotilhões, sendo o procedimento

dos testes determinados nas normas.

Conforme item 603 da Normam 02 (DPC - DIRETORIA DE PORTOS E

COSTAS, 2005):

“O ângulo de alagamento é o ângulo de inclinação transversal no qual submergem as aberturas no casco e ou superestruturas que não podem ser fechadas e ou tornadas estanques ao tempo (“weathertight”). As pequenas aberturas através das quais não pode haver um alagamento progressivo, não precisam ser consideradas abertas na determinação desse parâmetro.”

Estas também determinam altura das soleiras das portas, os escotilhoes de

carga, dos suspiros, especifica o padrão de elipses, além da balastrada e da altura

da proa, entre outros, conforme resumido nas Fig 2.18 e 2.19.

FIG. 2.21 Requisitos de Borda Livre para navegação interior área 1. Fonte: (BUREAU COLOMBO BRASIL, 2008)

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A embarcação que cumprir com os requisitos do código LL66 deverá portar um

documento intitulado “Certificado Internacional de Borda Livre”, é obrigatório para

embarcações que operam em Mar aberto e para as embarcações de navegação

interior que cumprir a Normam 02, deverá portar um documento intitulado

“Certificado Nacional de Borda Livre”.

2.4.1 APLICAÇÃO DA BORDA LIVRE

Conforme a LL66 estão dispensadas de atribuição de borda livre (SEC-IMO,

1966):

a) navios de guerra;

b) navios novos com menos de 24m de comprimento;

c) navios existentes com AB inferior a 150;

FIG. 2.22 Requisitos de Borda Livre para navegação interior área 2. Fonte: (BUREAU COLOMBO BRASIL, 2008)

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d) iates de recreio, não empregados no comércio; e

e) navios de pesca.

Estão dispensadas de atribuição de borda livre, conforme item 601 da Normam

02 (DPC - DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS, 2005):

1. AB menor ou igual a 50;

2. Comprimento de regra (L) inferior a 20 m;

3. Embarcação de Esporte e/ou Recreio e comprimento menor que 24m; e

4. Navios de guerra.

2.5 ARQUEAÇÃO BRUTA

O International Convention on Tonnage Measurement of Ships, de 1969,

significa Convenção Internacional para Cálculo de Arqueação de Navios.

No século XV a capacidade dos navios começou a ser medido em tonel, porém

devido a diferentes recipientes para a carga dos navios mercantes, houve a

necessidade de mensurar a capacidade de forma genérica e assim criados os

procedimentos de cálculo do Tonnage (SEC-IMO, 1966).

A arqueação bruta é a medida mais importante da embarcação, pois, é

primordial para a aplicação da maioria dos requisitos normativos.

FIG. 2.23 Tonnage 69. Fonte: (SEC-IMO, 1966)

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Arqueação Bruta (AB) ou Gross Tonnage (GT) é “É a expressão do tamanho

total de uma embarcação, calculada em função do volume de todos os espaços

fechados. A arqueação bruta é um parâmetro adimensional”.

A embarcação que atender tal código deve portar um documento intitulado:

“Certificado Internacional de Arqueação”, se aplica aos navios empregados em

viagens internacionais, com exceções de navios de guerra e navios com menos de

24m de comprimento.

Para embarcações de mar aberto que possuem menos que 500 AB e que não

realizam viagens internacionais, é aplicável os requisitos da Normam 01 e as

embarcações que operam em navegação interior deve atender a Normam 02.

Pelos critérios nacionais a Arqueação é calculada por intermédio da seguinte

expressão:

AB = K1* V, onde:

K1 = 0,2 + 0,02 log10

V = volume total de todos os espaços fechados da embarcação, em m3.

Para assimilar a informação e ter uma ideia das dimensões principais

(comprimento, boca e pontal) com a arqueação, foi criada uma tabela, sendo tomado

como exemplo, balsas que possuem formatos retangulares, somente para facilitar no

cálculo, demonstrado na tabela 2.1.

FIG. 2.24 Balsa de formato retangular

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TAB. 2.1 Correção de volume e Arqueação estimada

Fonte: Estimativa Volume x Arqueação - Anexo 8 E da Normam 02.

Os dados acima são estimativos, elaboradas para essa dissertação para melhor

entendimento dos dados estatísticos de acidentes de embarcações por arqueação

bruta, demonstrado no Capitulo 3 desta dissertação.

2.5.1 APLICAÇÃO DO CÁLCULO DE ARQUEAÇÃO

O Cálculo de Arqueação Bruto é aplicável a todas as embarcações. As

embarcações miúdas estão dispensadas da atribuição de arqueações bruta e

líquida, conforme item 701 da Normam 02 e 801 da Normam 01.

2.6 SISTEMA DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO

Basta juntar o combustível, o comburente e uma fonte de calor, com a

intensidade ideal, que teremos o fogo.

Abaixo segue a ilustração com os componentes do triangulo do fogo, na figura

2.25.

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FIG. 2.25 Triangulo do Fogo

A falta de um desses elementos implicará o não surgimento do fogo.

FIG. 2.26 Reação em Cadeia

Em qualquer incêndio, os cinco primeiros minutos são decisivos. Se o fogo não

for dominado nesse prazo, a tendência é ele escapar ao controle. Por essa razão é

tão importante evitar que os incêndios comecem, ou pelo menos, se começarem,

devem ser extinguidos rapidamente.

Diferentes tipos de materiais provocam diferentes tipos de incêndios e requerem,

também, diferentes tipos de agentes extintores, conforme descrito no item 419 b) da

Normam 02.

FIG. 2.27 Estação de Incêndio

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Em função do tipo de material que se queima, existem quatro classes de

incêndios, descritas a seguir.

FIG. 2.28 Classe de Fogos. Fonte: Telecurso 2000

Para extinção do fogo podemos utilizar o sistema hidráulico ou os extintores de

incêndio.

Os extintores mais utilizados são: Extintor de Água Pressurizada, Extintor de

Gás Carbônico, Extintor de Espuma Mecânica e Extintor de Pó Químico Seco.

FIG. 2.29 Tabela de correlação de Extintores Fonte: item 419 da Normam 02

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2.6.1 APLICAÇÃO DO SISTEMA DE COMBATE A INCÊNDIO

As embarcações de passageiros na faixa de 20 e 300 AB deverão ser dotadas

de pelo menos uma bomba de incêndio não manual, com vazão maior ou igual a

15m3/h.

As embarcações com AB maior que 500 deverão ter, pelo menos, 02 (duas)

bombas de incêndio de 20m3/h, conforme item 0421 c) da NORMAM 02;

A embarcação deve ainda ser provida de dotação de 02 (duas) tomadas de

incêndio distintas com alcance de jato d’água, emanadas das mangueiras, não

inferior a 15m, e seus acessórios que deverão estar acondicionadas em estações de

incêndio, sendo que, para as redes e tomadas de incêndio não poderão ser

utilizados materiais tipo PVC, conforme item 0422 da NORMAM 02;

As redes, tomadas de incêndio, mangueiras e seus acessórios de embarcações

propulsadas com AB maior que 300 deverão ter dotação de 04 (quatro) estações de

FIG. 2.30 Dotação de Extintores de Incêndio Fonte: Anexo 4 D - Normam 02

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incêndio, que consiste em um armário pintado de vermelho, dotado de uma porta,

destinado exclusivamente para guarda da mangueira (30 m de comprimento e 38

mm de diâmetro), uniões e esguichos de borrifo e jato sólido (diâmetro superior a 12

mm), conforme item 422 da Normam 02.

Conforme Normam 01 e Regra II do Solas (SEC-IMO, 2012), todos os navios

que operam em Mar Aberto, além de atender os itens exigidos para Navegação

Interior, deverão ser dotados dos seguintes equipamentos:

Equipamentos de Proteção Individual - EPI

Aparelhos Extintores Portáteis

Redes de Incêndio

Sistema de Borrifo

Sistema Fixo de Dióxido de Carbono

Sistema Fixo de Pó Químico Seco

Sistema Fixo de Gás Inerte

Sistema Fixo de Espuma

Detetores de Fumaça

Detetores de Chama e de Temperatura

FIG. 2.31 Teste do Sistema de Incêndio com jato sólido e neblina

FIG. 2.32 Incêndio em Navio de Passageiros

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2.7 SISTEMA DE RÁDIO E COMUNICAÇÃO

Em funcionamento desde 1992 (SARDINHA, 2013) o Sistema Global de Socorro

e Segurança Marítima conhecido pela sigla GMDSS (Global Maritime Distress and

Safety System), baseia-se numa combinação de serviços de comunicações

proporcionados por satélites e por estações terrestres, fazendo utilização extensiva

de sistemas automáticos. Em situações de emergência os equipamentos GMDSS

têm capacidade para enviar automaticamente mensagens de socorro.

O conceito básico deste sistema consiste em garantir que as autoridades de

busca e salvamento em terra, bem como as demais embarcações nas imediações

do navio em perigo sejam mobilizadas rapidamente quando ocorre um incidente, de

modo a que possam auxiliar numa operação coordenada de busca e salvamento.

Os principais equipamentos que compõe o sistema são o EPIRB; COSPAS-

SARSAT; SART, NAVTEX, INMARSAT, DSC e Safytnet.

2.7.1 RÁDIO VHF, HF E MF

VHF é a sigla para o termo inglês Very High Frequency (Frequência Muito Alta)

que designa a faixa de radiofrequências de 30 a 300 MHz. O sistema VHF marítimo

é uma combinação de um transmissor e um receptor que apenas operam nas

frequências internacionais padrões conhecidas como canais. O Canal 16

(156.8 MHz) é o canal internacional para chamadas entre embarcações e de

emergência.

HF são as frequências abaixo das VHF, são conhecidas como Altas Frequências

(High Frequency) e também como rádio de ondas curtas, opera na frequência dos 3-

30 MHz.

MF é a sigla para o termo inglês Medium Frequency, que significa frequência

média. Opera na rádio frequência de 300KHz a 3000KHz.

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FIG. 2.33 Rádio VHF

2.7.2 EPIRB

As EPIRB (Emergency Positioning Indicator Radio Beacon) são rádio-balizas

montadas no exterior dos navios e que podem ser ativadas manual ou

automaticamente, transmitindo um sinal de socorro que é detectado pelos satélites

do sistema COSPAS-SARSAT e retransmitindo aos coordenadores de busca

marítima (MRCC - Maritime Rescue Coordination Centres) de todo o mundo, de

forma a desencadear uma ação SAR. Esse sinal de socorro é transmitido nas

frequências de 121,5 MHz (no caso de balizas mais antigas) ou de 406 MHz (nas

balizas mais modernas). As balizas de 121,5 MHz não foram desenhadas para

processamento por satélite, proporcionando exatidões de posicionamento muito

fracas (na ordem dos 20 km).

As EPIRB de 406 MHz empregam tecnologia mais recente, permitindo melhor

exatidão (cerca de 5 km, sem integração com um receptor GPS) e cobertura global

contínua (ao contrário das anteriores). Importante citar que desde 2009, os satélites

COSPAS-SARSAT deixaram de processar os sinais das EPIRB de 121,5 MHz,

assim essas balizas devem ser substituídas pelas de 406 MHz.

FIG. 2.34 Pedido de socorro no naufrágio do Sewol

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2.7.3 COSPAS-SARSAT

O Cospas-Sarsat é formado pela integração dos sistemas espaciais COSPAS

(Cosmicheskaya Systyema Poiska Aariynyich Sudov), que significa em português

sistema espacial para a busca de navios em perigo e o SARSAT (Search And

Rescue Satellite Aided Tracking) - rastreamento por satélite para busca e

salvamento.

O Cospas-sarsat está operacional desde 1985 e nasceu um acordo entre a

França, EUA, Rússia e Canadá, com o objetivo de detectar sinais de emergência

emitidos por Rádio-balizas existentes em navios e aeronaves, auxiliando assim na

busca e salvamento.

Quando uma Rádio-baliza é ativada, o sinal de emergência é detectado pelos

satélites do sistema Cospas-Sarsat que retransmitem o sinal para uma das estações

em terra conhecida como LUT (Local User Terminal), que processam o sinal e

calculam a posição do sinal de emergência. Esta posição é transmitida para um

MCC (Mission Control Center) que no Brasil é o BRMCC – Brazilian Mission Control

Center (Centro Brasileiro de Controle de Missão) e vai encaminhá-lo para o RCC

(Rescue Coordination Center) que no Brasil é conhecido por “Salvamar Brazil” ou

MRCC Brazil, é dividida em sete SAR, sendo (SALVAMAR BRASIL, 2015):

SALVAMAR SUESTE, na cidade do Rio de Janeiro;

SALVAMAR NORTE , situado na cidade de Belém;

SALVAMAR NORDESTE, na cidade de Natal;

FIG. 2.35 EPIRB

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SALVAMAR LESTE, na cidade de Salvador;

SALVAMAR SUL, na cidade de Rio Grande;

SALVAMAR NOROESTE, na cidade de Manaus, no rio Amazonas;

SALVAMAR OESTE, na cidade de Ladário, no rio Paraguai.

O objetivo do sistema Cospas-Sarsat é reduzir, tanto quanto possível, os atrasos

na prestação de alertas de socorro aos serviços SAR, e o tempo necessário para

localizar um pedido de socorro e assistência, que têm um impacto direto sobre a

probabilidade de sobrevivência da pessoa em perigo no mar ou em terra.

Em 2013 os serviços de busca de pessoas foi de 68% para o setor marítimo,

16% serviços em terra e 16% para a aviação, conforme distribuído geograficamente

abaixo, conforme consta no site de Controle do sistema internacional de

rastreamento por satélite de busca e salvamento (COSPAS-SARSAT.INT, 2014).

FIG. 2.37 Eventos SAR com Copas-Sarsart em 2013 Fonte: (COSPAS-SARSAT.INT, 2014)

FIG. 2.36 Sistema Cospas-Sarsat Fonte: (NOAA, 2015)

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FIG. 2.38 Eventos SAR e Salvamento de Pessoas de 1994 a 2013

Fonte: (COSPAS-SARSAT.INT, 2014)

O Sistema de Informações de Navios para a área SAR brasileira são executadas

pelo Comando do Controle Naval do Tráfego Marítimo (COMCONTRAM) através do

Sistema de Informações sobre o Tráfego Marítimo (SISTRAM). As informações a

respeito da adesão dos navios ao SISTRAM estão no site do Comando do Controle

do Trafego Marítimo (COMCONTRAM, 2013).

2.7.4 SART, NAVTEX E INMARSAT

As SART são balizas destinadas a ser transportadas nas embarcações salva-

vidas e a responder às emissões radar de outros navios, fazendo aparecer no

display dos navios a menos de 10 milhas, facilitando a sua localização, é um

transponder, o que significa que é um transmissor que funciona em resposta à

recepção de um pulso de radar, amplifica o retorno, indicando um ponto brilhante na

tela do radar.

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FIG. 2.39 SART (Search Rescue radar transponder)

FIG. 2.40 SART indica a direção na tela do radar

O NAVTEX é um sistema de radiodifusão automática da informação de

segurança marítima, que permite receber, a bordo, aviso aos navegantes, boletim

meteorológico e mensagem sobre segurança, numa rádio-teleimpressora ou em

sistemas digitais.

FIG. 2.41 NAVTEX – Aviso aos navegantes

O INMARSAT é um serviço comercial de comunicações por satélite que utiliza

satélites geoestacionários, que asseguram a cobertura de toda a faixa do globo

terrestre compreendida entre aproximadamente 75º N e 75º S.

FIG. 2.42 INMARSAT – Comunicação por satélite no mar

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FIG. 2.43 Satélites Inmarsat e Copas sarsat e estações de controle Fonte: (SALVAMAR BRASIL, 2015)

2.7.5 DSC E SAFETYNET

Os sistemas citados acima já existiam, mas foram integrados pelo GMDSS,

sendo introduzidas algumas novidades, como por exemplo:

O DSC (Digital Selective Calling ou Chamada Seletiva Digital) que é um

mecanismo de chamada automática, destinado a iniciar comunicações navio-navio,

terra-navio e navio-terra. O DSC pode ser usado em equipamentos das várias

gamas de frequências (nomeadamente VHF, MF e HF), dispensando os operadores

de rádio. A utilização do DSC permite chamadas seletivas dentro de uma rede,

acesso automático a todos os navios e estações costeiras e transmissão digital de

mensagens pré-formatadas (por exemplo: mensagens de socorro), entre outras

facilidades mais específicas e avançadas.

FIG. 2.44 DSC – Escuta contínua na frequência de socorro

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A SafetyNet é um serviço de transmissão de informação de segurança marítima

e meteorológica, a partir dos satélites INMARSAT. Os satélites transmitem

informação semelhante à do serviço NAVTEX, ou seja, avisos aos navegantes,

previsão de mau tempo, avisos sobre o funcionamento dos sistemas de rádio

navegação, etc).

FIG. 2.45 Safety Net

2.7.6 APLICAÇÃO DE RÁDIO COMUNICAÇÃO

Os critérios para dotação do sistema de radiocomunicação de bordo é realizado

de acordo com a distância da costa que a embarcação deseja navegar, sendo

Navegação Interior (rios, lagos, canais, lagoas, baías, angras, enseadas e áreas

marítimas consideradas abrigadas), e em Mar Aberto dividido por áreas marítimas

A1, A2, A3 e A4.

2.7.6.1 APLICAÇÃO EM NAVEGAÇÃO INTERIOR

Conforme item 406 da Normam 02, as embarcações que operam em Navegação

Interior deverão ser dotadas de Rádio VHF, fixo ou móvel, que disponha da

frequência de chamada de socorro 156,8MHz (canal 16) e recomendável que

possuam, pelo menos, mais um equipamento de VHF, fixo ou móvel, para ser

utilizado em situações de falha do equipamento.

Sendo a exigência citada acima aplicável as seguintes embarcações:

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a) Embarcações que transportem qualquer número de passageiros, exceto

as miúdas, sendo esta qualquer tipo de embarcação que tenha menos de

8 metros de comprimento, que não tenha cabine habitável e que a

propulsão mecânica seja limitada a um motor de popa de até 30 HP,

conforme item 205 d) Normam 02.

b) Todas as demais embarcações com propulsão e AB maior que 100;

c) Qualquer barco, de qualquer porte, que vá efetuar uma operação de

eclusagem; e

d) Rebocadores e empurradores com AB maior ou igual a 20.

Toda embarcação que seja dotada de um equipamento fixo de

radiocomunicação, deverá possuir a licença rádio, emitida pela Agência Nacional de

Telecomunicações (ANATEL), conforme item 407 da Normam 02.

FIG. 2.46 Modelo Licença da Anatel – Navegação Interior

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2.7.6.2 APLICAÇÃO EM ÁREA MARÍTIMA A1 - ATÉ 30 MILHAS

A Área Marítima A1 é uma área, dentro da cobertura radiotelefônica de, pelo

menos, uma estação costeira de VHF que disponha de um alerta contínuo DSC

situada a até 30 milhas náuticas de distância da costa.

As embarcações que navegam em Mar Aberto, exclusivamente até 30 milhas da

costa, e que possui menos que 300 AB, com base no item 430 da Normam 01,

deverão ser providas de uma estação radiotelefônica em VHF.

Já as embarcações que operam em Mar Aberto, exclusivamente até 30 milhas

da costa, e que possui mais que 300 AB, com base no item 430 a) da Normam 01 e

regras 7 e 8 do Cap. IV do Solas 74, deverão possuir os seguintes equipamentos:

1) VHF: Instalação rádio VHF com capacidade de transmitir e receber em:

a) 156.300 MHz - canal 6

b) 156.650 MHz - canal 13

c) 156.800 MHz - canal 16

d) 156.525 MHz - canal 70 DSC

2) DSC: instalação de escuta contínua DSC no canal 70 de VHF que pode ser

usado para esse fim o próprio equipamento VHF ou um equipamento em separado.

Os itens relacionadas ao VHF foram definidos com base nas interpretações dos

requisitos citados no item 435 a) da Normam 01 e item 1 e 2 da Regra 7.

2) Transponder: um transponder radar com capacidade de operação na faixa

de 9 GHz e de fácil manuseio.

Este item foi definido com base nas interpretações do item 435 b) NORMAM 01

e item 3 da Regra 7 do Solas.

3) EPIRB: com capacidade de transmitir um sinal de socorro seja pelo serviço de

satélite em órbita polar em 406 MHz, que pode ser por cobertura INMARSAT

operando na faixa de 1,6 GHz.

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Os navios empregados em viagens exclusivamente na área marítima A-1

poderão ser isentos de utilização de EPIRB, se tiverem outros meios capaz de

transmitir um sinal de socorro usando DSC pelo canal 70 de VHF e dando o

posicionamento por meio de um transponder radar operar na faixa de 9 GHz.

Registra-se que o requisito DSC pode ser atendido pelo EPIRB, desde que seja

instalado próximo ao local de onde o navio é normalmente manobrado, conforme

item 1 da Regra 8 do Solas.

Registra-se que os critérios de dotação do Epirb foram definidos com base nas

interpretações do itens 427, 435 e) e f) da NORMAM 01 e Regra 8 - item 1 e item 3

respectivamente do Solas.

2.7.6.3 APLICAÇÃO EM ÁREA MARÍTIMA A2 - ATÉ 100 MILHAS

A Área Marítima A2 é uma área, excluída a área marítima A1, dentro da

cobertura radiotelefônica de, pelo menos, uma estação costeira de MF que disponha

de um alerta contínuo DSC, situada entre 30 e 100 milhas náuticas de distância da

costa.

As embarcações que navegam em Mar Aberto de 30 a 100 milhas da costa, e

que possui menos que 300 AB, com base no item 431 da Normam 01, deverão ser

providas de uma estação radiotelefônica em VHF e uma estação radiotelefônica em

HF.

Já as embarcações que operam em Mar Aberto, entre 30 a 100 milhas da costa,

e que possui mais que 300 AB, com base no item 432 da Normam 01 e a Regra 9 do

Solas 74, deverão possuir os seguintes equipamentos, adicionalmente ao VHF,

Transponder e o EPIRB, itens já solicitados para área 1:

1) MF: instalação rádio MF com capacidade de transmitir e receber em:

e) 2187,5 KHz usando DSC;

f) 2182 KHz usando radiotelefonia;

g) Disponibilidade de frequência de 1605 KHz a 4000 KHz;

h) Disponibilidade de frequências de 4000 KHz a 27500 KHz.

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2) DSC: instalação de escuta contínua DSC na freqüência 2187,5 KHz que

pode ser em separado, ou em combinação com o MF.

6) MF: Rádio HF com DSC ou um EPIRB (usando Inmarsart), com meio para

iniciar a transmissão de sinais de socorro navio para terra.

2.7.6.4 ÁREA MARÍTIMA A3 - RADIOCOMUNICAÇÃO PARA MAIS DE 100

MILHAS:

Área Marítima A3 é uma área, excluídas as áreas A1 e A2, dentro da

cobertura de um satélite INMARSAT que disponha de um alerta contínuo DSC,

situada além das 100 milhas náuticas de distância da costa e entre os paralelos

70ºN e 70ºS.

As embarcações que navegam em Mar Aberto a mais de 100 milhas da costa

até a ZEE, e que possui menos que 300 AB, com base no item 432 da Normam 01,

deverão ser providas de uma estação radiotelefônica em VHF, uma estação

radiotelefônica em HF, um EPIRB - rádio baliza indicadora de posição em

emergência de 406 MHz e um SART - um receptor - transmissor radar (transponder)

operando na faixa de 9 GHz.

Já as embarcações que operam em Mar Aberto, com mais 100 milhas da costa,

e que possui mais que 300 AB, com base no item 432 da Normam 01 e a Regra 10

do Solas 74, deverão possuir os seguintes equipamentos, adicionalmente, além dos

itens já solicitados para área 2:

1) INMARSAT: Uma estação terrena INMARSAT capaz de transmitir e receber

comunicações:

a) De socorro e segurança usando telegrafia e impressão direta (NBDP);

b) Iniciar e receber chamadas prioritárias de socorro;

c) Manter escuta de mensagens de socorro, de terra para bordo, inclusive

daquelas dirigidas para área geográficas especificamente definidas; e

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d) Transmitir e receber radiocomunicações em geral, usando tanto radiotelefonia

como telegrafia com impressão direta (NBDP).

2) MF/HF: instalação rádio MF com capacidade de transmitir e receber, em:

a) 2187,5 KHz usando DSC;

b) 2182 KHz usando radiotelefonia;

c) 1605 KHz a 4000 KHz;

d) 4000 KHz a 27500 KHz;

e) 8414,5 KHz;

f) 4207,5 KHz ;

g) 6312 KHz;

h) 12577 KHz;

i) 16804,5 KHz.

Em qualquer momento, deverá ser possível sintonizar qualquer uma dessas

frequências de socorro e segurança do f) ao i) supracitados.

3) EPIRB: com meio para iniciar a transmissão de sinais de socorro navio para terra,

operando a 406 MHz ou por meio do serviço satélite geoestacionário INMARSAT.

FIG. 2.47 Rádio Telefonia e Telegrafia - NBDP

2.7.6.5 ÁREA MARÍTIMA A4 - FORA DA ÁREA DOS PARALELOS 70ºN E 70ºS.

A Área Marítima A4 é uma área fora das áreas A1, A2 e A3.

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As embarcações que navegam em Mar Aberto além da Área 3, e que possui

menos que 300 AB, com base no item 433 da Normam 01, deverão ser providas de

uma estação radiotelefônica em VHF, uma estação radiotelefônica em HF, um

EPIRB - rádio baliza indicadora de posição em emergência de 406 MHz e um SART,

um receptor - transmissor radar (transponder) operando na faixa de 9 GHz.

Já as embarcações que operam em Mar Aberto, com mais 100 milhas da costa,

e que possui mais que 300 AB, com base no item 433 da Normam 01 e a Regra 11

do Solas 74, deverão possuir os seguintes equipamentos, adicionalmente, aos itens

solicitados para área 3, incluindo todos os requisitos prescritos na Regra 10, porém,

para tal área não são aplicáveis os critérios alternativos, devendo ser utilizado o

Epirb do sistema Copas –SARSAT.

FIG. 2.48 Certificado Internacional de Rádio

Por determinação da Normam 01, as embarcações mesmo que não realizam

viagens internacionais, navegam em mar aberto, com AB maior ou igual a 300,

devem possuir o Certificado de Segurança Rádio para Navios de Carga, conforme

item 441 da Normam 01.

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2.8 SEGURANÇA E SALVAGUARDA

As normas determinam que as embarcações têm que possuir a bordo

equipamentos de segurança e salvatagem.

São esses equipamentos que vão garantir a sobrevivência das pessoas caso

ocorra um naufrágio.

Existem dois tipos de equipamentos de salvatagem: os equipamentos individuais

e os coletivos. São exemplos de equipamentos individuais de salvatagem o colete

salva-vidas e a bóia circular.

Os coletes salva-vidas deverão ser estivados de modo a serem prontamente

acessíveis e sua localização deverá ser bem indicada, deverá possuir quantidade

suficiente para 100% das pessoas a bordo e tripulantes, com 10% adicional para

crianças. Podem ser do tipo classe I (usado em embarcações Solas) e classe II (Mar

Aberto não Solas) e classe III (Navegação Interior).

FIG. 2.49 Coletes Salva Vidas

FIG. 2.50 Bóias Salva Vidas

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FIG. 2.51 Quantidade de Boias Salva Vidas Mar Aberto e Navegação Interior

Fonte: Anexo 4 C da Normam 01 e 02

Os equipamentos coletivos de salvatagem são as embarcações de

sobrevivência encontradas a bordo: as balsas salva-vidas infláveis normalmente

utilizadas em embarcações de mar aberto; as baleeiras, existentes nos navios de

maior porte; os aparelhos flutuantes, também conhecidos como balsas rígidas,

usadas apenas nas embarcações empregadas em águas interiores (a sua parte

central destina-se apenas a acomodar uma pessoa ferida ou inconsciente ou uma

criança); e em casos especiais, o bote orgânico (inflável ou rígido).

FIG. 2.52 Dotação de Salvatagem para Navegação Interior – Normam 02

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FIG. 2.53 Aparelho Flutuante Rígido

FIG. 2.54 Dotação de Embarcações Salva Vidas para Mar Aberto Fonte Normam 01

FIG. 2.55 Balsa Inflável

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FIG. 2.56 Artefatos Pirotécnicos

As embarcações SOLAS e de apoio marítimo devem dispor a bordo de um

aparelho lança retinido aprovado. O aparelho lança retinido deverá:

1) Poder lançar uma retinida a pelo menos 230 m, com precisão aceitável;

2) Incluir não menos que 04 projéteis para lançamento;

3) Incluir não menos que 04 retinidas cada;

4) Possuir instruções claras e sucintas que ilustrem o modo correto de

empregar o aparelho;

5) Estar contido em um invólucro resistente a umidade e a intempéries.

Também poderão ser aceitos outros tipos de aparelho lança-retinidos, desde que

sejam aprovados e possuam capacidade para efetuar no mínimo 04 lançamentos.

FIG. 2.57 Lança Retinidas

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2.9 HABITABILIDADE

Os requisitos mínimos referentes às dimensões das áreas habitáveis são

definidos pelos critérios de habitabilidade da Norma da Autoridade Marítima para

Navegação Interior e Mar aberto (DPC - DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS,

2005) devido a entrada em vigor das Normas de Acessibilidade elaboradas pela

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas e pelo Inmetro - Instituto Nacional

de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (ABNT 15450, INMETRO, 2008), muitos

destes parâmetros de habitabilidade necessitam ser alterados em embarcações de

passageiros.

Os principais critérios de habitabilidade referentes às embarcações de

passageiros são:

Quantidade e dimensões dos assentos (0,5 m de largura por passageiro);

Área para transporte de passageiros em pé (4 pessoas/m2) e em redes (1

pessoa/m2);

Área dos camarotes (1,5 m2/pessoa);

Largura de corredores (800mm);

Localização das portas (uma a cada 13m);

Altura do convés de passageiro (1,90m);

Isolamento da carga e passageiros quando transportados no mesmo convés;

Tempo de Viagem;

Unidades de banheiro.

A quantidade de unidades de banheiro (sanitário, lavatório e chuveiro) é definida

através do tempo de viagem, a qual é classificada em 4 tipos, em Navegação

Interior:

FIG. 2.58 Requisitos de Habitabilidade

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Viagem de travessia, com tempo de viagem de até 15 minutos, a embarcação

é dispensada de possuir banheiros;

Viagem de travessia de até 1 hora, a embarcação deve ter 1 banheiro para

cada 300 passageiros;

Viagem intermediária, que tenha pernoite ou refeição, a embarcação deve ter

1 banheiro para cada 60 passageiros;

Viagem longa, com pernoite e com refeição, a embarcação deve ter 1

banheiro para cada 25 passageiros.

O tempo de viagem é um parâmetro importante para definição da quantidade de

pessoas autorizadas a bordo de uma embarcação, pois, além de ser parâmetro para

definição da quantidade de banheiros, nota-se que é vedado o transporte de

passageiros em pé para viagem com tempo de duração superior à uma hora com

base na NORMAM 01 e 02 (DPC - DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS, 2005).

Esses critérios influenciam na definição da quantidade e distribuição de

passageiros, além de outros fatores como: a quantidade de coletes salva-vidas,

aparelhos flutuantes, balsas salva-vidas, requisitos de estabilidade e requisitos de

resistência estrutural das embarcações, itens que também são limitantes na

definição da capacidade de passageiros a bordo.

Note que a Arqueação Bruta não é um parâmetro na definição da quantidade de

passageiros autorizados a embarcar, porém, tal medida é o principal fator na

determinação nos parâmetros de adaptação dos requisitos de acessibilidade.

2.10 REQUISITOS DE ACESSIBILIDADE

Acessibilidade é prover nas embarcações meio de acesso com segurança, as

gestantes, idosos, obesos, pessoas com criança de colo, com dificuldade de

movimentação, cadeirantes, pessoas com deficiências auditiva, visual, mental ou

múltipla, que possam ter autonomia total ou assistida.

O atendimento dos requisitos de acessibilidade é obrigatório às embarcações

empregadas no transporte aquaviário coletivo de passageiros, conforme tenha sido

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autorizado, concedido ou permitido, por autoridade competente, para a prestação de

serviço de transporte de passageiros (DPC - DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS,

2005).

A autorização para transporte de passageiros e a quantidade máxima permitida

são registrados no “CSN - Certificado de Segurança da Navegação”, o qual possui

validade de 4 anos, devendo, ao final da validade, que a embarcação seja vistoriada

em seco em carreiras ou diques, esta vistoria é intitulada Renovação e visa a

constatação de reparos, tais como: substituir chapas, realizar tratamento e pintura

do casco, substituir anodos, limpar caixas de mar, substituir válvulas de fundo, entre

outros.

2.10.1 ACESSIBILIDADE AS NOVAS EMBARCAÇÕES

Todas as novas embarcações, com mais de 20 AB, deverão providenciar a

dotação dos requisitos de acessibilidade antes da Vistoria Inicial (ABNT 15450,

INMETRO, 2008).

Embarcação Nova é considerada qualquer embarcação que necessite de

Licença de Construção, Reclassificação ou Alteração (DPC - DIRETORIA DE

PORTOS E COSTAS, 2005).

Reclassificar uma embarcação significa modificar o tipo de embarcação, a

atividade, serviço ou área de Navegação.

E alterar uma embarcação significa realizar as modificações, sendo:

Nas características principais da embarcação (comprimento, boca e pontal);

Nos arranjos representados nos planos exigidos no processo de licença de

construção;

De localização, substituição, retirada ou instalação a bordo de itens ou

equipamentos que constem no Memorial Descritivo ou representados nos planos

de construção;

De localização, substituição, retirada ou instalação a bordo de quaisquer itens

ou equipamentos que impliquem diferenças superiores a 2% para o peso leve ou

0,5% do comprimento entre perpendiculares (Lpp) para a posição longitudinal do

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centro de gravidade da embarcação;

Na capacidade máxima de carga e ou na distribuição de carga autorizadas; e

Na quantidade máxima de passageiros e ou na distribuição de passageiros

autorizadas.

Os critérios para atendimento aos requisitos de acessibilidade de embarcações

Novas (em construção, em reclassificação e/ou em alteração) e de embarcações

existentes são diferentes, sendo importante observar o enquadramento do tipo de

embarcação para aplicação da Norma.

2.10.2 ACESSIBILIDADE AS EMBARCAÇÕES EXISTENTES

Todas as “embarcações existentes” com mais de 20 AB, deverão providenciar a

adaptação das embarcações até a data da Vistoria de Renovação, conforme RTQ -

Regulamento Técnico da Qualidade para Inspeção da Adaptação de Acessibilidade

em Embarcações Existentes Utilizadas no Transporte Coletivo de Passageiros,

elaborada pelo Inmetro (Portaria 139, INMETRO, 2012).

Todas as embarcações devem ser portadoras de um Certificado Nacional de

Arqueação, o qual registra o valor da Arqueação Bruta da embarcação.

O critério de aplicação é a Arqueação Bruta, sendo dividida em 3 tipos:

Adaptação de Acessibilidade Tipo 1 para embarcações com AB > 500;

Adaptação de Acessibilidade Tipo 2 para embarcações com 300 < AB ≤ 500;

Adaptação de Acessibilidade Tipo 3 para embarcações com 50 < AB ≤ 300.

Analisando a definição dos requisitos a aplicação em embarcações, do tipo 3

que varia de 50 a 300 AB (ABNT 15450, INMETRO, 2008), deixa sem parâmetro a

aplicação dos requisitos nas embarcações de 20 a 50 AB. Assim recomenda-se que

o Armador amplie a margem para embarcação tipo 3 para 20 a 300 AB.

Neste caso as novas embarcações construídas, alteradas, ou ainda que

modificarem a área de navegação ou o tipo de serviço que atuam, deverão

providenciar a adaptação conforme ABNT 15450 e ABNT 9050 (Normam, 2005).

Já as embarcações existentes, com mais de 20 AB, deverão providenciar a

adaptação conforme RTQ - Regulamento Técnico da Qualidade para Inspeção da

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Adaptação de Acessibilidade em Embarcações Existentes Utilizadas no Transporte

Coletivo de Passageiros, elaborada pelo Inmetro. Sendo que no caso de

embarcação existente os itens aplicáveis dependem da Arqueação Bruta, tal valor é

descrito no Certificado Nacional de Arqueação, obrigatória a portabilidade em todas

as embarcações (DPC - DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS, 2005).

As adaptações necessárias são: reserva de bancos, áreas específicas para

cadeirantes, aumento na largura dos corredores, banheiros adaptados, elevadores,

uso de guia no convés, disponibilidade de cadeiras de rodas a bordo, entre outros.

Após a adequação de todos os requisitos o Armador da embarcação deve

solicitar o registro da embarcação junto ao Inmetro, e obter a conformidade da

embarcação acessível.

A norma de acessibilidade é de indiscutível relevância social e todas as

embarcações de transporte de passageiros, obrigatoriamente, devem estar

acessíveis até 01/01/2017, com raras exceções, conforme Normam 02.

FIG. 2.59 Requisitos de acessibilidade para lavatório

FIG. 2.60 Piso Tátil - Requisitos de acessibilidade

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2.11 ESTUDO DE ESTABILIDADE

Conhecemos sensação física de flutuar na água, diferente de um avião, que não

se tem a sensação física de voar, o humano tem a experiência corporal de flutuar. A

madeira é natural flutuar, pois, a densidade é menor que a da água. Mas como

explicar um embarcação feita de aço que é 7 vezes mais densa que a água, e ainda

assim flutuar? Acontece que a flutuação de uma embarcação não é um estado

natural, deve ter condições garantidas pelo homem (PROMINP, 2014).

Medir o peso de uma embarcação é fácil, o problema é controlar a distribuição.

Pode-se comparar a estabilidade há uma cadeira de balanço, sai da condição de

equilíbrio e retorna. Porém existe um limite, e se ultrapassado, não retorna.

Os critérios são definidos por Normas, como o SOLAS, Normam 01, Normam 02,

e depende da área de Navegação, do tipo de serviços de cada navio e do seu porte

(Arqueação Bruta).

FIG. 2.61 Perda de Estabilidade

FIG. 2.62 Parametros de Estabilidade Interior Área 1. Normam 02

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Os critérios são avaliados prevendo diversas condições de operação da

embarcação, como por exemplo, a embarcação na condição de saída, totalmente

carregada com passageiros, tripulação, bagagem, óleo diesel/agua, alimentação; ou

com a embarcação na condição de chegada, com somente 10% de consumíveis.

Fonte: Elaborada com base no item 635 b) da Normam 02 (2005).

A tabela acima demonstra as condições exigidas no Estudo de Estabilidade,

porém é importante ressaltar que os Passageiros devem ser considerados

distribuídos de forma a produzir a mais desfavorável combinação que pode ser

verificada na prática para o momento emborcador devido ao agrupamento de

passageiros em um bordo e ou posição vertical do centro de gravidade na condição.

Se durante a análise for verificado que a embarcação não atende aos critérios

de estabilidade em uma determinada condição intermediária citada na norma, a

lotação máxima dos passageiros deverá ser reduzida pelo Engenheiro Naval

resposável pelo estudo, até que se alcance o seu integral atendimento em qualquer

condição.

O fluxograma abaixo foi elaborado com o resumo dos pre-requisitos de

documentos necessários para a elaboração de um Estudo de Estabilidade.

TAB. 2.2 Condições de estabilidade

FIG. 2.63 Fluxograma de documentos para elaborar o estabilidade

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Para a elaboração do Estudo de Estabilidade são utilizados dados de vários

documentos, e se estes forem alterados, modificam as caracteristicas de

estabilidade.

O plano de linhas são utilizados os dados dos coeficientes de forma; Arranjo

geral os dados das áreas de estanqueidade, área vélica lateral, velocidade de giro, e

o ponto de alagamento; da Prova de Porte Bruto e Prova de Inclinação, é definido o

peso e o centro de gravidade da embarcação leve; do plano de capacidades, são

definidos os tanques, posição, peso, e tipo de lquido, além das caracteristicas da

carga e dos passageiros transportados, com tais dados, são realizadas as

avaliações de estabilidade, definida a necessidade ou não de uso de lastro e

estabelecidos os critérios de estabilidade. Assim é definido o calado máximo da

embarcação, até onde o casco pode afundar, mantendo a segurança. A parte que

sobra do casco é chamada de borda livre.

2.11.1 PARÂMETROS DE ESTABILIDADE

a) Características Hidrostáticas:

Qualquer alteração realizada no comprimento, boca, pontal e no formato do

casco de uma embarcação, afeta a estabilidade, pois, tais modificações altera o

Plano de Linhas da embarcação, que é um dos documentos essenciais para a

elaboração do Estudo de Estabilidade. O plano de linhas é composto por 3 vistas da

embarcação, sendo as Linhas d’água, linhas do alto e o plano de baliza.

FIG. 2.64 Plano de Linhas – formarto do casco

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A partir do planos de linhas são geradas informações referentes a forma do

navio, normalmente são utilizados programas computacionais, como por exemplo:

Arquinav ou o Hecsalv, sendo geradas as tabelas conhecidas como curvas de

bonjean, curvas cruzadas e as curvas hidrostáticas, visando obter os coeficientes

de forma, tais como: coeficiente de bloco, coeficiente prismático, coeficiente de

seção mestra, entre outros.

Estes coeficiente resultam nas definições dos valores de volume (V),

deslocamento agua salgada (DS), posição vertical do centro de carena (KB),

posição longitudinal do centro de carena (LCB), Posição longitudinal do centro de

flutuação (LCF), Altura do metacentro transversal acima da quilha (KM), Momento

para variar o trim (MT), informações que são essenciais para a avaliação dos

critéiros de estabilidade.

FIG. 2.65 Plano de Balizas, Plano de alto e linhas dágua

FIG. 2.66 Tabelas do programa Arquinav

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b) Capacidades da embarcação

O peso, disposição, conteúdo, a densidade do material dos tanques e das redes

que são utilizadas para o consumo de diesel, óleo lubrificante, agua potável, agua

doce, lastro líquido ou sólido e da carga, são essenciais para definir o centro de

gravidade da embarcação nos diversos tipos de carregamento, conforme critérios

citados na figura 2.67 descrita acima.

No caso do carregamento da carga, os cuidados devem ser bastante rigorosos,

devem ser totalmente respeitados os parâmetros de altura, de área, densidade, o

peso e a devida fixação, devendo ter resistência para não permitir que a carga se

desloque sobre os passageiro. Note um exemplo de carga má peiada na figura 2.68

e 2.69.

FIG. 2.67 Imagens de e de Curvas Hidrostáticas

FIG. 2.68 Carga sobre o convés

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É importante que a embarcação tenha “Manual de Carregamento e Peiação

de Carga” para embarcações de carga sobre o convés e passageiros.

A distribuição de passageiros em cada convés, e a condição de transporte, como

em pé, sentados, em redes e em camarotes, carece de muita atenção e cuidado da

tripulação para manter cada convés com a quantidade de pessoas estipulada nas

condições de aprovação do estudo de estabilidade.

Qualquer alteração destes requisitos nos tanques (posição, conteúdo, peso),

conforme figura 2.7, de carga (altura, disposição e quantidade) ou de passageiros

(distribuição por convés e quantidade), podem alterar os paramentos utilizados no

Estudo de Estabilidade para definir o centro de gravidade da embarcação e causar o

emborcamento e naufrágio.

FIG. 2.69 Carga não peiada adequadamente

FIG. 2.70 Modelo da representação do Plano de Capacidade

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c) Peso da embarcação leve e o Centro de Gravidade

A definição do peso próprio, ou do peso leve da embarcação, sem nenhum

carregamento, é um dos tópicos mais importantes na definição das condições de

operação das embarcações.

O peso leve é definido através de uma prova chamada Porte Bruto, que consiste

na medição dos calados, sendo obtido o peso através da correlação do calado

medido e o deslocamento correspondente das curvas hidrostáticas. Já para definir o

Centro de gravidade da embarcação leve, deve ser realizado um teste chamado de

prova de inclinação, que através movimentação de pesos, em determinadas

distancias, são anotadas as inclinações e os momentos resultantes, são tratados, de

acordo com as normas e obtido o centro de gravidade da embarcação leve com

base na Normam 01 e 02 (DPC- DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS, 2005),

sendo este o primeiro parâmetro para a elaboração do Estudo de Estabilidade.

Qualquer alteração no peso leve da embarcação, como a substituição de chapas

por espessuras diferentes a originalmente aprovadas, troca de motores e

equipamentos, acessórios, entre outros, podem alterar os parâmetros de

estabilidade e colocar as embarcações em risco.

A quantidade de passageiros de uma embarcação é limitada conforme o

espaço, habitação, tempo de viagem, segurança, requisitos de Estabilidade e

Estrutura.

Os critérios de avaliação da estabilidade são definidos com base nas

características hidrostáticas, análise dos ângulos de inclinação, compartimentos

estanques, condições de vento, onda, velocidade de giro e acumulo de passageiros

em um bordo, sendo importante avaliar os paramentros utilizados, já que o

emborcamento é um dos principais geradores de vitimas fatais de acidentes

aquaviários no Brasil.

FIG. 2.71 Peso do navio medido através da lei de arquimedes

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2.12 NORMAS INTERNACIONAIS DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES

O International Convention for the Safety of Life at Sea, SOLAS, significa

Convenção Internacional Para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar, de 1974. A

embarcação que atende a tal código de possuir os seguintes documentos (SEC-

IMO, 2012), conforme for aplicável:

Certificado Internacional de Segurança de Construção;

Certificado Internacional de Segurança de Equipamento;

Certificado Internacional de Radio;

Certificado de Segurança para Navios de Passageiros;

Certificado de Segurança para Navios de Carga.

Conforme Regra 3 do Solas, os requisitos são aplicáveis a todas as

embarcações que realizam viagens internacionais, com as seguintes exceções:

Navios de guerra e de transporte de tropas;

Navios de carga de arqueação bruta menor que 500;

Navios sem meios de propulsão mecânica;

Navios de madeira, de construção primitiva;

Iates de recreio não empenhados em tráfego comercial.

Conforme item (e) i) e ii) da Regra 2 do Solas, 74 o passageiro é definido da

seguinte forma:

“Passageiro é toda pessoa que não seja...o Comandante e os membros da tripulação ou outras pessoas empregadas ou ocupadas, sob qualquer forma, a bordo do navio, em serviços que a este digam respeito, e criança de menos de um ano de idade...” “Navio de passageiro é um navio que transporta mais de doze passageiros”

O Solas 74 basicamente estabelece requisitos para normas de estrutura,

compartimentagem e estabilidade, máquinas e instalações Elétricas, proteção contra

incêndio, detecção de incêndio e extinção de incêndio, Equipamentos salva-vidas,

Radiocomunicações e Segurança da navegação.

As seguintes Normas Internacionais contemplam requisitos para a segurança e

prevenção de acidentes em embarcações:

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1. Convenção Internacional Para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar, de

1974 - (SOLAS - Safety of Life at Sea)

2. Regulamento Internacional Para Evitar Abalroamento no Mar, 1972 -

(COLREGs - Convention on the International Regulations for Preventing

Collisions at Sea)

3. Convenção Internacional Sobre Linhas de Carga, 1996 - (LL -

International Convention on Load Lines)

4. Convenção Internacional Sobre Arqueação Bruta de Navios, 1969 -

(Tonnage – 69 International Convention on Tonnage Measurement of

Ships)

Sendo que as os requisitos das Normas citadas acima foram comentados nesta

dissertação, os Armadores também devem atender, conforme for aplicável, as

demais normas internacionais:

5. Convenção Internacional Para Prevenir a Poluição por Navios, 1973/1978

(MARPOL - International Convention for the Prevention of Pollution from

Ship);

6. Código Internacional de Gerenciamento de Segurança (ISM CODE -

International Safety Management Code, 1997);

7. Código Marítimo Internacional de Produtos Perigosos, 2004 (IMDG - Code

International Maritime Dangerous Goods);

8. Código para Construção e Equipamento de Unidades Móveis de

Perfuração Marítima, 1979 - (MODU CODE Code for the Construction

and Equipment of Mobile Offshore Drilling Units);

9. Convenção Internacional Sobre Normas de Treinamentos de Marítimos,

expedição de Certificados e serviços de quarto, 1995 (STCW - Standards

of Training, Certification and Watchkeeping for Seafarers); e

10. Código Internacional para proteção de Navios e Instalações Portuárias,

2004 (ISPS Code - International Ship and Port Facílity Security Code).

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2.13 PRINCIPAIS NORMAS NACIONAIS DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES

Os requisitos de segurança para embarcações de mar aberto não Solas e de

navegação interior são regidos por normas Nacionais, conforme segue, as principais

normas da Marinha (DPC, 2015):

1. NORMAM 01 - Embarcações Empregadas na Navegação em Mar Aberto

2. NORMAM 02 - Embarcações Empregadas na Navegação Interior

3. NORMAM 03 - Amadores, Embarcações de Esporte e/ou Recreio e para

Cadastramento e Funcionamento das Marinas, Clubes e Entidades

Desportivas Náuticas

4. NORMAM 04 - Operação de Embarcações Estrangeiras em Águas

Jurisdicionais Brasileiras

5. NORMAM 05 - Homologação de Material e Autorização de Estações de

Manutenção

6. NORMAM 06 Reconhecimento de Sociedades Classificadoras para Atuarem

em Nome do Governo Brasileiro

7. NORMAM 07 - Atividades de Inspeção Naval

8. NORMAM 08 - Tráfego e Permanência de Embarcações em Águas

Jurisdicionais Brasileiras

9. NORMAM 09 - Inquéritos Administrativos

10. NORMAM 10 - Pesquisa, Exploração, Remoção e Demolição de Coisas e

Bens Afundados, Submersos, Encalhados e Perdidos

11. NORMAM 11 - Obras, Dragagem, Pesquisa e Lavra de Minerais Sob, Sobre

e às Margens das Águas sob Jurisdição Brasileira

12. NORMAM 12 - Serviço de Praticagem

13. NORMAM 13 –Aquaviários

14. NORMAM 14 - Cadastramento de Empresas de Navegação, Peritos e

Sociedades Classificadoras

15. NORMAM 15 - Atividades Subaquáticas

16. NORMAM 16 - Estabelecer Condições e Requisitos para Concessão e

Delegação das Atividades de Assistência e Salvamento de Embarcação,

Coisa ou Bem em Perigo no Mar, nos Portos e Vias Navegáveis Interiores

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17. NORMAM 17 - Sinalização Náutica (DHN)

18. NORMAM 19 -Atividades de Meteorologia Marítima (DHN)

19. NORMAM 20 - Gerenciamento da Água de Lastro de Navios

20. NORMAM 23 - Controle de Sistemas Anti-incrustantes Danosos em

Embarcações

21. NORMAM 24 - Credenciamento de Instituições para Ministrar Cursos para

Profissionais Não-Tripulantes e Tripulantes Não-Aquaviários

22. NORMAM 25 - Levantamentos Hidrográficos

23. NORMAM 26 - Serviço de Tráfego de Embarcações

24. NORMAM 27 - Homologação de Helipontos Instalados em Embarcações e

em Plataformas Marítimas

25. NORMAM 28 - Navegação e Cartas Náuticas

Além das Normas citadas acima a Capitania dos Portos de cada região possui

adicionalmente as normas especificas para cada região, com isenções ou exigências

que podem complementar os requisitos de segurança, estas são conhecidas como

NPCP – Normas e Procedimentos da Capitania dos Portos, assim como as NR,

Normas Regulamentadoras do Ministério do Trabalho.

Por exemplo, na NPCP do Rio de Janeiro são previstas as delimitações das

áreas de mar aberto, de navegação interior, área de fundeio, recomendações de uso

de luzes, entre outros.

Segunda dados da Autoridade Marítima Brasileira, as falhas humanas

predominam como as principais causas dos acidentes da navegação, chegando a

83% dos casos registrados entre 2001 e 2005, a maioria causada por violações às

diversas Normas e Códigos ilustrados na figura 2.72 (CIPANAVE, 2005).

FIG. 2.72 Principais Normas Nacionais e Internacionais

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3 INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES

A investigação de acidentes ou fatos de navegação é importante para determinar

as circunstâncias e as causas destes, com o propósito de prevenir novos acidentes

e incidentes marítimos no futuro.

A maioria das convenções e códigos Internacionais e nacionais foi criada e é até

hoje atualizada, devido ao desejo de não se cometer os mesmos erros, sendo

intensamente estudada formas de se repetir novas tragédias, criando novos

requisitos técnicos e desenvolvendo novas tecnologias.

3.1 OS ACIDENTES E A ORIGEM DAS CONVENÇÕES

Começando com o mais famoso o RMS TITANIC em 1912 partiu da Inglaterra,

passou pela França, Irlanda com destino a Nova York quando ao chocar-se com o

Iceberg, naufragou após graves problemas de estanqueidade, levando a morte de

1500 pessoas. Na época ainda não existiam leis específicas para a segurança e o

resgate de tripulação e passageiros em situações de emergência.

Após o acidente do Titanic as embarcações passaram a ser obrigadas a possuir

anteparas estanques, de maneira a garantir a estanqueidade dos compartimentos e

a manter a flutuabilidade, mesmo em condições de avaria, foram recomendados que

FIG. 3.1 Titanic em Queentown, Irlanda Fonte: G1

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os equipamentos de salvatagem fossem dotados para 100% das pessoas a bordo e

a dotação de rádio comunicação.

Todas essas recomendações foram compiladas na Convenção Internacional

Para a Salvaguarda da Vida Humana no Mar, o SOLAS 74.

Em 1967 o encalhe do Petroleiro Torrey Canyon fez com que a embarcação

partisse em duas, na costa da Inglaterra, o que culminou no vazamento de 120mil t

de óleo. Este desastre ambiental levou à criação da Convenção Internacional Para a

Prevenção a Poluição por Óleo, a MARPOL e do Código STCW, um conjunto de

normas de Formação, Certificação da tripulação.

Em 1978, naufragou o navio Amoco Cadiz vazando 200 mil t de óleo no canal da

Mancha, que culminou em nova revisão da MARPOL.

Em 1989 o Exxon Valdez encalhou no Alasca e levou o vazamento de 720 mil t

de óleo, um enorme desastre ambiental, o que levou a nova revisão e a criação da

lei do casco duplo para navios de derivado de petróleo.

FIG. 3.2 Torrey Canyon - desastre ambiental. Fonte: G1

FIG. 3.3 Praia contaminada do Amoco Cadiz

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Em 2005 foram alteradas as normas da Autoridade Marítima e criada a Seção III

do Cap.5 da Normam 01 e 02, que estipula diretrizes para o transporte de derivados

de petróleo, em navegação interior e Mar aberto (para embarcações que não são

aplicáveis MARPOL).

Foi implantada a Vistoria de Conformidade, realizada pela Capitania dos Portos,

para fiscalização do casco duplo, sistema de combate a derramamento de óleo,

sistema de combate a incêndio, alarme de nível alto, válvulas de pressão/vácuo,

além de procedimentos de manutenção, de emergência e de treinamento da

tripulação.

FIG. 3.4 Mancha de óleo do Exxon Valdez

FIG. 3.5 Rio Solimões - 60 t de óleo derramado - 2013

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Em 1988, na Escócia, um incêndio na Plataforma Piper Alpha Oil Rig, levou a

morte 167 pessoas.

O acidente que originou a catástrofe tornou-se um exemplo clássico de como

não se deve conduzir a gestão de operação e manutenção em uma plataforma, pois,

lamentavelmente as pessoas que seguiram as recomendações dos manuais e

evacuação morreram nos pontos de encontros estipulados para salvamento, devido

a impossibilidade de aproximação dos helicópteros de salvamento. As pessoas que

não seguiram as recomendações pulando no Mar, sobreviveram.

Após este acidente foram redefinidas as Normas de Regularização de

Plataformas e atualizado o MODU Code - Código para Construção e Equipamento

de Unidades Móveis de Perfuração Marítima.

.

No Brasil também aconteceram acidentes com plataformas, o acidente com A

Plataforma Central de Enchova PCE1 em 1984 levou a 42 mortos devido a problema

lançamento baleeira. A Plataforma P 36 afundou na Bacia de Campos em 2001,

devido a problema no fechamento de uma válvula, morreram 11 pessoas.

FIG. 3.7 Plataforma P 36 - Bacia de Campos

FIG. 3.6 Plataforma Central de Enchova PCE -1, 1984

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O atentado terrorista de 11/09/2001, como ilustra a figura 3.8, nos Estados

Unidos, deixou 2997 mortes, cidadãos de mais de 70 países, que apesar de não ser

no ambiente marinho, influenciou novas normas em busca de maior controle

portuário, com controle de entrada e saída de pessoas e materiais, nos portos,

visando inibir o terrorismo e adotar maior padronização, assim como ocorrem nos

aeroportos. Assim foi criado o ISPS Code - Código Internacional para proteção de

Navios e Instalações

FIG. 3.8 Tragédia do World Trade Center e o ISPS code

As normas determinam parâmetros de projeto e operação de embarcações,

visam garantir a segurança de tripulantes, passageiros, da carga e a proteção ao

meio ambiente, sendo necessário bastante estudo para poder realizar a

interpretação quanto a aplicabilidade dos requisitos.

Note que, pelo histórico apresentado, as avaliações das circunstâncias e causas

de acidentes se constituem como uma forma de mensurar e mitigar riscos, além de

melhorar a segurança e a prevenção de acidentes no futuro, sendo criados ou

modificados os requisitos normativos, convenções, regulamentos e regras.

O acidente de maior repercussão no Brasil foi em 1988 com o Bateau Mouche IV

que levou a morte de 55 mortes.

Existem indícios de que a causa mais provável da tragédia foi a ida de todos os

passageiros para o mesmo bordo para ver os fogos de Copacabana, ocorrendo na

perda da estabilidade.

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A falta de equilíbrio foi agravada pelo alagamento da praça de máquinas devido

a um vazamento na tubulação do banheiro, o alagamento fez com que o

Comandante e o chefe de máquinas perdessem suas vidas afogados, antes mesmo

da embarcação virar.

Com a praça de máquinas alagada, houve a paralisação das máquinas e

geradores, apagando as luzes da embarcação. Com perda da estabilidade devido ao

momento de superfície livre (formado pela agua na praça de máquinas) e as

pessoas num bordo só, no escuro, sem chefe de máquinas e comandante, a

embarcação e os passageiros teriam ficado a mercê da sorte.

No item 3.7.1 desta dissertação estão relacionados os principais fatos ocorridos

que colaboraram para o acontecimento do acidente do Bateau Mouche IV, com base

no Processo N. 13.628 de 28/08/1990 do Tribunal Marítimo. Registra-se que ainda

não há conclusão do processo judicial.

Após o acidente foram revisadas as normas Portmarinst pela Marinha do Brasil,

criado o RTM – Regulamento do Trafego Marítimo, a RLesta – Lei 2596 de 18/05/98,

e no ano 2000 entrou em vigor as NORMAM’s Normas da Autoridade Marítima.

FIG. 3.9 Proa e Popa do Bateu Bouche IV após acidente.

Apesar do acidente com o Bateau Mouche ser o mais famoso do Brasil, não

foi o mais grave, o maior desastre fluvial no país ocorreu em janeiro de 1981,

quando morreram 430 pessoas no naufrágio do navio Novo Amapá no rio Cajari, no

Amapá.

O navio que tinha capacidade para 150 passageiros transportava 696 quando

ocorreu o acidente (Inquérito Marítimo nº 22.031, 1981 - pág. 117).

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FIG. 3.10 Navio Novo Amapá – Maior desastre aquaviário do Brasil, 1981

Ainda em setembro 1981, um acidente com o barco Sobral Santos 2 deixou

49 mortos e três desaparecidos.

Em julho de 1988, seis meses antes do acidente com o Bateau Mouche, 56

pessoas morreram em resultado do choque do barco Correio do Arari com um navio

na ilha de Marajó, no Pará.

Em maio de 1995, o barco Comandante Albuquerque afundou no rio Madeira,

deixando 15 mortos e 15 desaparecidos. Na ocasião, a estatística de acidentes com

embarcações da região norte somava mais de mil pessoas mortas em 20 anos, de

75 a 95.

Na Amazônia as notícias de acidentes de embarcações não são incomuns,

sendo bastante divulgadas na mídia local e também pode ser constatadas nas

estatisticas. As notícias de jornais de um período de 4 meses do ano de 2008, da

FIG. 3.11 Acidentes Fluviais

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cidade de Manaus –AM, foram compiladas na FIG 3.12, sendo a motivação principal

da realização desta dissertação, de maneira a usar a engenharia para salvar vidas,

além de prover desenvolvimento.

Os acidentes não estão limitados a região norte, a embarcação Tona Galea

navegava com 64 pessoas sendo permitido somente 26, quando adernou em

19/04/2003 em Cabo Frio-RJ, matando 15 pessoas.

FIG. 3.13 Acidente Tona Galea. Fonte: site G1

FIG. 3.12 Fotos das Manchetes dos jornais - Arquivo pessoal

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A causa foi erro no projeto de engenharia, quanto as alterações realizadas que

modificaram as características de estabilidade. No item 3.7.2 desta dissertação

estão relacionados os principais fatos ocorridos que colaboraram para o

acontecimento do acidente do Tona Galea, com base no Processo N. 20.510/03 de

19/08/08 do Tribunal Marítimo.

Outro acidente, que apesar de não ser no Brasil, teve consequências

gravíssimas ocorreu em abril de 2014, na Coreia do Sul, quando o navio “Sewol”

perdeu a estabilidade, posteriormente a estanqueidade, levando ao naufrágio e a

morte mais de 300 jovens (ALERNAVIOS, 14/11/2014) os dados do navio e da

tragédia estão no item 3.6.3 desta dissertação.

As notícias de acidentes com embarcações com refugiados são

preocupantes, como consta no item 2.3 desta dissertação, com números de vitimas

alarmantes.

FIG. 3.14 Navio Sewol antes da tragédia

FIG. 3.15 Naufrágio Sewol

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3.2 ENQUADRAMENTO E CLASSIFICAÇÃO ÀS NORMAS

Basicamente, uma embarcação regularizada significa que possui o projeto

elaborado por um engenheiro naval e que este projeto foi aprovado direto ou

indiretamente pela Marinha do Brasil. Diretamente é quando a aprovação é feita

pela GEVI (Grupo Especial de Inspeção da Marinha), e indiretamente quando a

aprovação é realizado por empresas com delegação de autoridade da Marinha,

como classificadoras e certificadoras.

Conforme consta no item 327 da Normam 02, a responsabilidade da

conformidade técnica do projeto é do engenheiro naval responsável:

“As informações constantes dos planos, documentos, cálculos e estudos apresentados são de responsabilidade do engenheiro naval, que elaborou o projeto e/ou efetuou o levantamento de características, cabendo à GEVI, às Entidades Certificadoras e às Sociedades classificadoras a verificação quanto ao atendimento dos requisitos estabelecidos nestas Normas”

A aprovação consiste em avaliar se para a confecção das plantas foi seguido o

padrão estipulado nas normas e se os estudos estão dentro dos critérios (anexo 3 F

da Normam 01 e Normam 02, 2005).

A aprovação visa à emissão de uma Licença da Construção, Alteração ou

Reclassificação. As embarcações só poderão ser construídas, sofrer alterações ou

serem reclassificadas mediante a obtenção prévia das licenças citadas.

As embarcações devem ainda ser vistoriadas e manter a bordo os relatórios das

vistorias; o Certificado de Arqueação e os demais pertinente conforme aplicável a

cada tipo de embarcação; realizar as vistorias anuais e intermediária obrigatórias;

A fiscalização quanto a regularização citada acima é realizada com análise

documental antes do despacho das embarcações e a bordo pelos vistoriadores PSC

Port State Control ou FSC Flag State Control, conforme acordo de Viña del Mar.

Contudo, várias embarcações são isentas de aplicação destes requisitos

normativos, dependendo a análise da sua arqueação bruta; a área de navegação,

rota e tempo de viagem; o tipo de Serviço ou atividade da embarcação; as

características da embarcação como: comprimento, boca e pontal, estanqueidade,

tipo de propulsão; o ano de construção e outros aspectos.

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Sobre a arqueação bruta já foi definida no item 2.6 desta dissertação, conforme

item 703 da Normam 02:

“...Nenhuma embarcação poderá trafegar sem que tenha sido previamente arqueada...”

A definição da área de navegação é um dos principais itens para a classificação

das embarcações e enquadramento aos requisitos.

O mar cobre 2/3 da superfície da Terra e atua na embarcação através do meio

ambiente externo, como o próprio mar e as condições de tempo; e afeta os

tripulantes e pessageiros pelo meio ambiente interno, como: temperatura, umidade,

movimentos, vibrações e ruídos.

Na composição do mar o sal (cloreto de sódio) é o mais importante componente.

É comum pessoas ficarem mareadas, com cinetose, ou seja, sentirem enjoo no

mar, apresentando sintomas como: tontura, náuseas, vômito, sudorese, palidez,

desconforto físico, aumento da salivação, hipersensibilidade a odores, dor de

cabeça, perda da capacidade de concentração, inabilidade em realizar tarefas e

sensação de desmaio, entre outros sintomas.

Para minimizar os efeitos dos movimentos nas pessoas recomenda-se que

sejam consultados os limites admissíveis (FUNDACENTRO, 2012) em diferentes

situações de tempo de exposição das pessoas em função da frequência das

acelerações conhecida por “Incidência de Movimento de Enjoo” - Motion Incidence

Sickness, MSI, (ISO, 2005).

:

FIG. 3.16 Movimentos realizados por uma embarcação

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Na composição do mar o sal (cloreto de sódio) é o mais importante componente.

A salinidade está relacionada a densidade e temperatura e varia de 40 a 7 partes

por milhar.

Densidade varia conforme a salinidade e temperatura, no mar é normalmente

1,025 kg/m3. A densidade da água é 800 vezes maior que a do ar.

FIG. 3.17 Teste de Efeito da Densidade na Flutuabilidade

A mudança de temperatura em mar aberto é pequena quando comparada com

em terra, o aquecimento e o resfriamento não modifica a temperatura em mais de 10

graus. No entanto, o calor é absorvido 3.000 vezes mais rápido na água que no ar.

FIG. 3.18 Estimativa de Sobrevivência em água fria sem proteção corporal

A severidade da ondas depende da velocidade do vento, a duração e distância

sobre a qual ele atua.

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FIG. 3.19 Escala Beaufort

Conforme o item 216 da Normam 01 e da Normam 02, as embarcações serão

classificadas como abaixo descrito:

Navegação de mar aberto:

Longo Curso;

Cabotagem;

Apoio Marítimo; e

Navegação Costeira (DVC - dentro da visibilidade da costa)

Área echo (Região de Areia Branca – RN)

A Navegação de Mar Aberto é dividida em: Mar aberto área 1, área 2, área 3,

área 4 e ZEE (Zona Econômica Exclusiva);

Navegação interior:

Interior área 1;

Interior área 2; e

Apoio Portuário.

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A classificação do tipo de serviço ou atividade que a embarcação executa,

também é importante para o enquadramento as Normas, sendo dos seguintes tipos:

Atividades ou Serviços:

Passageiro;

Carga;

Rebocador e empurrador;

Pesca;

Esporte/Recreio; e

Outra atividade ou serviço.

No caso de classe de embarcações do tipo Solas (Ver item 2.12), são definidos

somente dois tipos de embarcações: “passageiros” e todas as demais são

consideradas tipo “carga”.

Para definição de alguns requisitos também é importante a definição do tipo de

embarcação que realiza aquele serviço ou atividade, conforme abaixo.

FIG. 3.20 Tipo de Embarcação Fonte: 205 da Norma 02.

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Alguns requisitos técnicos como dotação de boias salva vidas, dotação de marca

de disco de Plimsoll, critérios de estabilidade, por exemplo, depende das

características da embarcação, as informações quanto o comprimento, a boca e o

pontal, indicados na figura 3.21 é essencial no enquadramento das embarcações às

normas e consequentemente na análise de acidentes.

As normas e suas isenções são aplicáveis conforme a classe em que a

embarcação está enquadrada, sendo classificada, no Brasil, como:

1. Embarcação - EC1

2. Embarcação - EC2

3. Embarcação Classificada

4. Embarcação não-SOLAS

5. Embarcação Marpol

6. Embarcação Solas

A definição de cada uma dessas classe estão relacionadas abaixo, conforme

cap 3 da Normam 01 e 02, sendo:

FIG. 3.21 Características principais de uma embarcação

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A) Embarcação EC1 - são aquelas enquadradas conforme segue:

1. Embarcações destinadas ao transporte de passageiros, com ou sem

propulsão, com AB > 50;

2. Flutuantes que operem com mais de 12 pessoas a bordo, com AB > 50;

3. Embarcações não destinadas ao transporte de passageiros, com ou sem

propulsão, com AB > 50; ou

4. Flutuantes com AB > 100.

B) Embarcação EC2 - são as demais, ou seja, embarcações inferior a 50 AB.

C) Embarcações SOLAS - são todas as embarcações mercantes empregadas

em viagens marítimas internacionais ou empregadas no tráfego marítimo

mercantil entre portos brasileiros, ilhas oceânicas, terminais e plataformas

marítimas com exceção de:

1. Embarcações de carga com arqueação bruta inferior a 500;

2. Embarcações de passageiros com arqueação bruta inferior a 500 e que

não efetuam viagens internacionais;

3. Embarcações sem meios de propulsão mecânica;

4. Embarcações de madeira, de construção primitiva;

5. Embarcações de pesca; e

6. Embarcações com comprimento de regra menor que 24 metros.

D) Embarcação Marpol, é aquela que possui mais que 400 AB e petroleiro com

mais de 150 AB, conforme o item 334 da NORMAM 01 e MARPOL.

E) Embarcação Classificada, conforme item 303 da Normam 02, são:

1. Todas as embarcações nacionais que transportem cargas perigosas

conforme códigos IBC, BCH, IGC e GC;

2. Todas embarcações nacionais sem propulsão e com AB maior do que

2000;

3. Todas embarcações nacionais com propulsão e com AB maior ou igual a

500;

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4. Todas as plataformas móveis empregadas nas atividades relacionadas à

prospecção, extração ou produção de petróleo e gás.

A obrigatoriedade de classificação aplica-se às embarcações construídas,

alteradas ou reclassificadas após 09/06/1998.

A isenção citado no item 2 acima foi realiza em uma alteração na Normam 02

em meados de 2008, quando elevou de 500 para 2000 a obrigatoriedade de

Classificação de balsas e cais flutuantes. Esta alteração pode ter tornado menos

seguras tais embarcações, uma vez que o numero de planos e documentos técnicos

exigidos para embarcações somente certificadas são menores, em especial as

balsas de derivado de petróleo, cais flutuantes e balsas de travessia de transporte

de passageiros e veículos.

A seta da figura 3.22 indica a quantidade de planos e documentos necessários

para uma embarcação classificada.

FIG. 3.22 Planos exigidos para embarcação Classificada BC.

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111

As setas da figura 3.23 indicam os planos e documentos necessários para uma

embarcação tipo EC1, tendo como parâmetro a Normam 02.

A seta da figura 3.24 indica os planos e documentos necessários para uma

embarcação tipo EC2, tendo como parâmetro a Normam 02.

FIG. 3.24 Planos exigidos para embarcação EC2

FIG. 3.23 Planos exigidos para embarcação EC1

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112

3.3 FLUXO DE REGULARIZAÇÃO DE EMBARCAÇÕES

A navegação deve ser realizada com segurança, respeitando os procedimentos

para salvaguarda da vida humana e cumprindo os requisitos para se evitar a

poluição do meio hídrico e do meio ambiente.

A engenharia para concepção e projeto de embarcações conforme normas e

regras pertinentes devem ser atendidas para se buscar o propósito maior que é o

risco mínimo e acidentes zero.

Para aplicação dos requisitos normativos é preciso classificar as embarcações

quanto ao seu porte, a área de navegação, e outros, como visto no item 3.2.

Para tal é essencial a avaliação do projeto da embarcação, para através de

cálculos e verificações previstas nas Normas serem avaliados critérios de

Estabilidade, Estrutura, Velocidade, Capacidade de Carga, Habitabilidade para

tripulantes e passageiros, e atendimento aos critérios para a área de Navegação

Pretendida.

As embarcações certificadas atendem os requisitos das Normam’s 01 e 02, para

obterem os certificados de Arqueação, Borda Livre e Segurança da Navegação.

As embarcações Classificadas, além de cumprir os requisitos citados acima,

devem cumprir requisitos adicionais de segurança, que incluem requisitos de Casco

& Estrutura e também de Máquinas, Equipamentos e Eletricidade, fazendo com que

as embarcações tenha maior segurança em função de atenderem a maior número

de requisitos técnicos.

FIG. 3.25 Procedimento de embarcação certificada

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113

3.4 NORMAS DE INVESTIGAÇÃO DE ACIDENTES

Os acidentes são causados por razões variadas como embarcações

clandestinas, superlotação, erro de projeto, falta de cumprimento das normas, etc.

De acordo com estatísticas da Marinha, relacionadas no capítulo 3, a principal causa

de acidentes fatais no espaço aquaviário são o naufrágio e o emborcamento de

embarcações, normalmente, vinculados ao excesso de passageiros e/ou carga, que

pode ocasionar na perda da estanqueidade e da estabilidade.

Para entendimento dos Relatórios de Registros de Acidentes da Diretoria de

Portos e Costas e do Tribunal Marítimo, é preciso entender as definições dos termos

constantes na NORMAM 09 - Normas da Autoridade Marítima para Inquéritos

Administrativos sobre Acidentes e Fatos da Navegação (IAFN) e para a Investigação

de Segurança dos Acidentes e Incidentes Marítimos (ISAIM), que apresentam as

diretrizes de conduta em casos de eventos que podem causar perigo a navegação.

FIG. 3.26 Procedimentos adicionais em embarcações classificadas

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114

FIG. 3.27 Fluxograma de Investigação de Acidentes

Os eventos são classificados como Acidentes de Navegação ou Fatos de

Navegação.

Os Acidentes de Navegação são: naufrágio, encalhe, colisão, abalroação, água

aberta, explosão, incêndio, varação, arribada, alijamento e avarias que coloque em

risco a embarcação ou vidas a bordo; ou Fatos de Navegação, sendo: o

aparelhamento com deficiência da embarcação, a impropriedade para o serviço em

que é utilizada, alteração da rota, má estivação da carga, não prestar socorro e

contrabando, conforme é descrito abaixo detalhadamente.

Os tipos de acidentes de Navegação são (Normam 09, 2003):

Naufrágio – afundamento total ou parcial da embarcação por perda de

flutuabilidade, decorrente de embarque de água em seus espaços

internos devido a adernamento, emborcamento ou alagamento;

Encalhe – contato das chamadas obras vivas da embarcação com o

fundo, provocando resistências externas que dificultam ou impedem a

movimentação da embarcação;

Colisão – choque mecânico da embarcação e/ou seus apêndices e

acessórios, contra qualquer objeto que não seja outra embarcação ou,

ainda, contra pessoa (banhista, mergulhador etc). Assim, haverá colisão

se a embarcação se chocar com um corpo fixo ou flutuante insusceptível

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115

de navegar ou manobrar, tal como: recife, cais, casco soçobrado, bóia,

cabo submarino etc;

Abalroação ou abalroamento – choque mecânico entre embarcações ou

seus pertences e acessórios;

Água aberta – ocorrência de abertura nas obras vivas que permita o

ingresso descontrolado de água nos espaços internos, ou a descarga de

líquidos dos tanques, por rombo no chapeamento, falhas no calafeto, ou

nas costuras, por válvulas de fundo abertas ou mal vedadas, por defeitos

nos engaxetamentos dos eixos, ou qualquer falha ou avaria que

comprometa a estanqueidade da embarcação;

Explosão – combustão brusca provocando a deflagração de ondas de

pressão de grande intensidade;

Incêndio – destruição provocada pela ação do fogo por: combustão dos

materiais de bordo, ou sobre as águas, em decorrência de derramamento

de combustível ou inflamável, curto-circuito elétrico, guarda ou manuseio

incorretos de material inflamável ou explosivo;

Varação – ato deliberado de fazer encalhar ou por em seco a embarcação

para evitar que evento mais danoso sobrevenha;

Arribada – fazer entrar a embarcação num porto ou lugar não previsto

para a presente travessia, isto é, que não seja o porto ou local de escala

programada ou de destino; e

Alijamento – é o ato deliberado de lançar n’água, no todo ou em parte,

carga ou outros bens existentes a bordo, com a finalidade de salvar a

embarcação, parte da carga ou outros bens.

Avaria ou defeito no navio ou nas suas instalações (aparelhos,

equipamentos, peças, acessórios e materiais de bordo), que ponha em

risco a embarcação, as vidas e objetos de bordo.

Já os Fatos de Navegação são (Normam 09, 2003):

Mau aparelhamento da embarcação – a falta ou a impropriedade de

aparelhos, equipamentos, peças sobressalentes, acessórios e materiais,

quando em desacordo com o projeto aprovado, as exigências da boa

técnica marinheira e demais normas e padrões técnicos recomendados;

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116

Impropriedade da embarcação para o serviço ou local em que é utilizada

– utilização da embarcação em desacordo com sua destinação, área de

navegação ou atividade estabelecidas em seu Título de Inscrição; e

Deficiência de equipagem – falta ou deficiência quanto à quantidade e à

qualificação de tripulantes, em desacordo com as exigências

regulamentares, como a do cumprimento do cartão da tripulação de

segurança da embarcação;

Alteração da rota – desvio da derrota inicialmente programada e para a

qual o navio estava aprestado, pondo em risco a expedição ou gerando

prejuízos;

Má estivação da carga, que sujeite a risco a segurança da expedição –

má peação, colocação em local inadequado ou a má arrumação no porão,

no convés ou mesmo no interior do container, quer no granel, quer na

carga geral, sem observar, ainda, a adequabilidade da embalagem, pondo

em risco a estabilidade do navio, a integridade da própria carga e das

pessoas de bordo;

Recusa injustificada de socorro à embarcação ou a náufragos em perigo;

Todos os fatos que prejudiquem ou ponham em risco a incolumidade e

segurança da embarcação, as vidas e fazendas de bordo (como o caso

da presença de clandestino a bordo); e

Emprego da embarcação, no todo ou em parte, na prática de atos ilícitos,

previstos em lei como crime ou contravenção penal, ou lesivos à Fazenda

Nacional (como o caso de contrabando ou descaminho).

O Código de Investigação de Acidentes – CIA, da Organização Marítima

Internacional IMO, aprovado pelas resoluções MSC 255(84), de 16/05/2008,

A.849(20) e A.884(21) da IMO, orienta a condução de investigações de acidentes,

de maneira a padronizar internacionalmente os relatórios e a avaliação dos

resultados.

As definições acidente marítimo, acidente marítimo muito grave, incidente

marítimo, dano material em relação a um acidente marítimo, ferimento grave, dano

grave ao meio ambiente, investigação de segurança marítima, Estado de Bandeira,

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117

Estado(s) Investigador(es) da Segurança Marítima, são empregadas em tal código e

possuem o seguinte significado:

a) Acidente Marítimo - acontecimento, ou uma sequência de acontecimentos,

que tenha resultado em qualquer das ocorrências a seguir, diretamente relacionado

com as operações de um navio:

A morte de uma pessoa, ou ferimentos graves numa pessoa;

A perda de uma pessoa de um navio;

A perda, suposta perda ou abandono de um navio;

Um dano material a um navio;

O encalhe ou a incapacitação de um navio, ou o envolvimento de um navio

numa colisão;

Um dano material à infraestrutura marítima estranha a um navio, que possa

colocar seriamente em perigo a segurança do navio, de um outro navio ou de

uma pessoa;

Danos graves ao meio ambiente, ou a possibilidade de danos graves ao

meio ambiente, provocados pelos danos causados a um navio ou a navios.

b) Acidente marítimo muito grave - significa um acidente marítimo envolvendo a

perda total do navio ou uma morte, ou danos graves ao meio ambiente.

c) Incidente Marítimo - acontecimento, ou sequência de acontecimentos, que

não um acidente marítimo, que tenha ocorrido diretamente em relação à operação

de um navio e que tenha colocado em perigo ou, que se não for corrigido, pode

colocar em perigo a segurança do navio, dos seus ocupantes, de qualquer pessoa

ou o meio ambiente. Um incidente marítimo não inclui, entretanto, um ato ou uma

omissão deliberada com a intenção de causar danos à segurança de um navio, de

uma pessoa ou ao meio ambiente.

d) Dano material em relação a um acidente marítimo – significa um dano que:

Afete de maneira significativa a integridade estrutural, o desempenho ou as

características operacionais da infra-estrutura marítima ou de um navio; e

Exija reparos de vulto ou a substituição de um ou mais componentes

importantes;

A destruição da infraestrutura marítima ou do navio.

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118

e) Ferimento grave - um ferimento que seja sofrido por uma pessoa, resultando

numa incapacitação em que a pessoa fique incapaz de trabalhar normalmente por

mais de 72 horas, a partir de sete dias após a data em que foi sofrido o ferimento.

f) Dano grave ao meio ambiente - um dano ao meio ambiente que, como

avaliado pelo Estado, ou Estados afetados ou pelo Estado da Bandeira, como for

adequado, produza um grande efeito danoso ao meio ambiente.

A Investigação de Segurança Marítima é realizada com o propósito de impedir a

ocorrência de acidentes e de incidentes marítimos no futuro. A investigação abrange

a coleta e a análise de provas, a identificação dos fatores causais e a elaboração

das recomendações de segurança que forem necessárias.

3.5 TRIPULAÇÃO E OS FATORES HUMANOS

A Convenção Internacional sobre Normas de Treinamentos de Marítimos,

Expedição de Certificados e Serviços de Quarto de 1995, conhecida por STCW

(International Convention on Standards of Training, Certification and Watchkeeping

for Seafarers) estabelece padrões e critérios internacionais para formação e

treinamento de tripulantes.

As funções da tripulação no Brasil são definidas conforme cada categoria

(Normam 13, 2003). As principais funções existentes a bordo, de maneira bastante

resumida são: a do comandante que é responsável por tudo a bordo (poucas

profissões possuem tanto poder e tanta responsabilidade). O comandante deve ser

o último a abandonar o navio, conforme item 17 do cap. 4 da Normam 13; a do

Imediato, que faz o controle de carga; a do Oficial de Náutica, que cuida da

navegação; o Contramestre, responsável por reparos e pelo sistema de fundeio; e

ainda a dos profissionais de Radiotelecomunicações; de Máquinas; da Câmaras; e

da Saúde.

A quantidade de tripulantes e a qualificação da tripulação são descritas em um

documento chamado de CTS – Cartão de Tripulação de Segurança, e dependem da

área de navegação, da potência dos motores, do nível de automação da

embarcação e da Arqueação Bruta.

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119

No Brasil, o curso de formação de oficiais é de responsabilidade da Marinha do

Brasil, em centros como: o CIAGA (Centro de Instrução Almirante Graça Aranha),

CIABA (Centro de Instrução Almirante Braz Aguiar), a FATEC JAHU para formação

de tripulantes fluviais, além de outras instituições credenciadas.

FIG. 3.29 Cursos de formação de tripulantes

FIG. 3.28 Modelo de CTS - Cartão de Tripulação de Segurança

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120

FIG. 3.30 Comando da embarcação

É importante que a tripulação, além da destreza na condução e manutenção de

embarcações, tenha intenso treinamento em gerenciamento de risco, métodos de

evacuação, formação psicológica, senso de urgência; elevado grau de cultura de

segurança; e perícia na tomada de decisão.

Deve ter em mente que o passageiro é carga dinâmica, ou seja, pode passear

pela embarcação durante a viagem, muitas vezes alterando premissas pré-

determinadas no estudo de estabilidade, pois, existe um limite de passageiro por

convés. No caso de transporte de cargas vivas, como transporte de gado, o

deslocamento deve ser limitado colocando baias, de maneira a evitar o momento de

emborcador.

Outro aspecto importante a ser observado pelo tripulante é a questão do controle

do peso e posição de bagagens.

Assim como no avião em que as bagagens são pesadas, para evitar a

sobrecarga de peso, existe também nos navios um limite de peso por passageiro.

Por exemplo, as normas nacionais estipulam o peso de 25 kg por pessoa de

bagagem a ser considerado no estudo de Estabilidade (Normam’s 01 e 02).

O Comandante deve ficar atendo às premissas do Estudo de Estabilidade para

não permitir que seja ultrapassados os limites pré-estabelecidos, ou que estes sejam

atualizados conforme seja sentida a necessidade.

Outra premissa importante é que o peso considerado de cada passageiro é de

75kg para elaboração do Estudo de Estabilidade, sabendo que 50% dos brasileiros

estão acima do peso e 15% é obesa (G1, 2015).

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121

O diagrama a seguir apresenta uma série de fatores que podem impactar direta

ou indiretamente no comportamento humano e no desempenho em potencial para

realizar tarefas.

Para detectar a influência destes elementos humanos em acidentes são

observados os seguintes itens (IMO, 1999):

a) Fatores humanos: atitude, habilidade, perícia e conhecimento (resultado de

treinamento e experiência), personalidade e condição psicológica (mentais e

estado emocional), condição física (aptidão física, drogas, medicamentos,

álcool, fadiga, stress, alimentação), atividades exercidas anteriormente ao

FIG. 3.32 Elementos Humanos e impactam em acidente . Fonte: Resolução A.884(21) IMO

FIG. 3.31 Índice de sobrepeso no Pais. Fonte: Bem Estar – G1, 2015.

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122

acidente, tarefas atribuídas na hora do acidente e comportamento e atitude

na hora do acidente.

b) Organização a bordo: divisão de tarefas e responsabilidades, composição da

tripulação (nacionalidade/ competência), nível da lotação, carga de trabalho,

complexidade das tarefas, períodos de descanso, procedimentos e ordens

permanentes, comunicações (interna e externa), gerenciamento a bordo,

supervisão, organização de treinamentos e exercícios a bordo, trabalho em

equipe, incluindo gestão de recursos e planejamento.

c) Condições de trabalho e de vida a bordo: nível de automação, design

ergonômico de trabalho, ambiente de descanso, áreas e material de

recreação, adequabilidade das condições de vida, oportunidades para

recreação, adequabilidade da alimentação, níveis de vibração, calor e

barulhos a bordo.

FIG. 3.33 Indicadores de funcionamento das máquinas

FIG. 3.34 Sistema de fundeio

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123

d) E os fatores do navio, são muito importantes na cultura da segurança: projeto,

estado da manutenção, confiabilidade e disponibilidade de equipamentos,

características da carga, incluindo armazenagem e manuseio.

e) A administração de terra (gerenciamento) exerce grande influência na

motivação de bordo: política de recrutamento, política de segurança e filosofia

(cultura, atitude e confiança), compromisso da administração com a

segurança, programação dos períodos de licença, política geral de gestão,

programação dos portos, acordos e convênios contratuais e/ ou trabalhistas,

atribuição de direitos e comunicações navio-terra

FIG. 3.35 Passageiros orientados a usar coletes

f) Influências externas e ambientais, tais como: condições de tempo, de mar

e/ou da hidrovia, meteorologia, porto, condições de acesso e trânsito,

densidade de tráfego, organizações representando proprietários e tripulantes

e os regulamentos, vistorias e inspeções (internacionais, nacionais,

portuárias, sociedades classificadoras, vigilância sanitária).

FIG. 3.36 Equipamentos de auxilio a navegação

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124

3.6 ESTATÍSTICAS DE ACIDENTES COM EMBARCAÇÕES NO BRASIL

Conforme dados do Departamento de Investigação de Acidentes e Fatos da

Navegação da Marinha do Brasil (IAFN, 2014), entre os anos de 2003 e 2013 foram

contabilizados pelos Distritos Navais 8.511 acidentes e fatos da navegação em todo

território nacional, que resultaram na morte ou desaparecimento de 2.827 pessoas

(IAFN, 2014).

Só em 2013 foram computados 877 acidentes e fatos de navegação, que

resultarm em 265 vitimas fatais/desaparecidos e 237 feridos.

Dos 188 acidentes que vitimaram fatalmente as 265 pessoas citadas, 53%

são referente às embarcações que transportam passageiros e esporte/recreio.

FIG. 3.37 Estatistica de acidentes e fatos de navegação - Fonte: MB.

FIG. 3.38 Vitimas fatais por atividade de 2013 - Fonte: MB.

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125

Pela figura 3.39, observa-se também que a maior parte dos acidentes ocorrem

em navegação interior.

Das causas determinantes dos acidentes e fatos de navegação de 2013, pode

ser observado que 72% foram causados por culpa de ação imprópria, fracasso nas

ações ou decisão incorreta, provocado por incompetência, negligência, imperícia,

imprudência, desatenção, redução na habilidade mental, ansiedade, medo, ingestão

de bebidas alcoólicas, uso de drogas, problemas pessoais, desmotivação, e

comunicações deficientes.

Neste item se inclui ainda as falhas na segurança e vigilância, e manutenção

deficiente que causa avaria de máquinas.

FIG. 3.39 Acidentes por área de navegação – Marinha do Brasil – 2014.

FIG. 3.40 Causas determinantes dos acidentes e fatos, 2013 - Fonte: MB.

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126

Assim, as falhas humanas predominam como as principais causas dos

acidentes da navegação, sendo a negligencia a campeã na ocorrencia de acidentes.

Quanto à natureza desses acidentes fatais de 2013, destacam-se o

emborcamento e os naufrágios com 42% dos casos, a queda de pessoas na água

em 24%, os abalroamentos/colisão 12% e os outros 22%, tais como acidentes com

tripulantes, incendio, explosão, clandestinos, etc.

A propósito, as embarcações de pequeno porte (até 50 AB) são responsáveis

por cerca de 50% do total de acidentes.

FIG. 3.41 Causas determinantes acidentes e fatos, 2013 – Fonte: MB.

FIG. 3.42 Acidentes e fatos Arqueação Bruta -2013. Fonte: MB.

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127

FIG. 3.43 Acidente e fatos por natureza - 2013

169 133

2 9

63 2 5

9 8

30 2 2 2

84 6

0 4

49 13 13

78 2

18 9

48 21

1 6

22 4

1 15 15

11 0 2 2 5

0 4

1 1 2

0 3

1 0

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180

Naufrágio

Acid. Estivador

Acid. Pes.bordo

Adernamento

Alagamento

Av. Carga

Arribada

Deriva

Desaparecimento pessoa

Explosão

Queda Pess. água

Queda pessoa a bordo

Incêndio

Pirataria/ Furto/ Assalto

Morte de pessoa

Av. redes submarinas

Sem Código

Transporte tóxicos

Deficiência embarcação

Fundear local proibido

Excesso Passageiros

Acid com baleeira

Mau aparelhamento da emb.

Deficiência de equipagem

IAFN (Investigação de Acidentes e Fatos da Navegação) por natureza em 2013

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128

FIG. 3.44 Acidentes por Área de navegação. Fonte: MB 2014.

FIG. 3.45 Número de acidentes por distrito naval. Fonte: MB – 2014.

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

200

80 76 113

171

17 18

104 98

877

IAFN 2013 por DN

0

100

200

300

400

500

600

ano2007

ano2008

ano2009

ano2010

ano2011

ano2012

ano2013

336 336 364 374

303 340

370 395

420

548 586 565

513 504

16 11 6 3 2 1 3

IAFN por área de navegação

MAR ABERTO

INTERIOR

A SER APURADA

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129

FIG. 3.46 Distribuição de Acidentes por região (distrito naval). Fonte: MB – 2014.

FIG. 3.47 Acidentes de 2009 a 2013 por região (distrito naval). Fonte: MB 2014

Rio de Janeiro

1º DN; 200; 23%

Salvador 2º DN; 80;

9%

Natal - 3º DN; 76;

9%

Belém - 4º DN; 113;

13%

Rio Grande 5º DN; 171;

19%

Ladário 6º DN; 17;

2%

Brasília 7º DN; 18;

2%

São Paulo 8º DN; 104;

12%

Manaus 9º DN; 98;

11%

IAFN 2013 por DN

0

50

100

150

200

250

1º DN 2º DN 3º DN 4º DN 5º DN 6º DN 7º DN 8º DN 9º DN

199

69 60

217

118

14 18

115 108

220

78 82

181

130

15 19

110

128

180

73

51

189

159

17 23

68

110

187

64 72

126

164

13 19

99 110

200

80 76

113

171

17 18

104 98

IAFN por DN

ano 2009

ano 2010

ano 2011

ano 2012

ano 2013

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130

FIG. 3.48 Acidentes e Fatos por tipo de embarcação. Fonte: MB 2014.

3 21

153 5

87 0

24 3 5

0 0

11 3

42 14 13

9 0

6 150

2 0 0 2 4

36 41

6 47

13 15

3 2

14 2 0

25 19

12 10

21 40

14

0 50 100 150 200

a ser apurado/ não identificada

barco (a)

bote

canoa

chata

dique flutuante

empurrador

escuna

flutuante

jangada

lancha do prático

navio de pesquisa

navio sonda

navio de carga geral

navio graneleiro

navio porta-contentor

navio passageiro e carga geral

navio roll - on - roll-off

plataforma

saveiro

veleiro

outras embarcações

IAFN 2013 POR TIPO DE EMBARCAÇÂO

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131

FIG. 3.49 Acidente e Fatos de Navegação por atividade de 2000 a 2013. Fonte: MB 2014.

FIG. 3.50 Acidente e Fatos de Navegação por atividade de 2013. Fonte: MB 2014.

0

50

100

150

200

250

300

350

ano2000

ano2001

ano2002

ano2003

ano2004

ano2005

ano2006

ano2007

ano2008

ano2009

ano2010

ano2011

ano2012

ano2013

66

109

161

202

266 272

245

269

298

348

324

281

246

282

94

108 110 143

127 115 119 118 111

177

205 210 223

203

62 54

83

105 104

124 122 144 144 137 148

103

131

151

45

22 39 37 43 46

54

83 85 79

101 96 96

60

IAFN por atividade

carga/ passageiro ecarga

esporte e recreio

pesca

rebocador/empurrador

Outras/ sematividade

passageiro

a ser apurado/ nãoidentificada

0

50

100

150

200

250

300

ano 2013

282

203

151

60

88 90

3

IAFN 2013 por atividade

carga/ passageiroe carga

esporte e recreio

pesca

rebocador/empurrador

Outras/ sematividade

passageiro

a ser apurado/não identificada

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132

FIG. 3.51 Acidentes e Fatos da navegação passageiros de 2003 a 2013. Fonte: MB 2014

FIG. 3.52 Acidente e Fatos de Navegação Passageiros por distrito naval. Fonte: MB. 2014.

0

20

40

60

80

100

120

ano2003

ano2004

ano2005

ano2006

ano2007

ano2008

ano2009

ano2010

ano2011

ano2012

ano2013

38

59

47 46

61 58

98 106

88

74

90

IAFN EM TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

0

5

10

15

20

25

1DN 2DN 3DN 4DN 5DN 6DN 7DN 8DN 9DN

23

8

10 11

9

3

1

7

18

IAFN 2013 Transporte de Passageiros por DN

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133

FIG. 3.53 Passageiros por distrito porcentagem. Fonte: MB. 2014.

FIG. 3.54 Vitimas fatais, desaparecidos e feridos 2003 a 2013. Fonte: MB.

1DN; 23; 26%

2DN; 8; 9%

3DN; 10; 11%

4DN; 11; 12% 5DN; 9; 10%

6DN; 3; 3%

7DN; 1; 1%

8DN; 7; 8%

9DN; 18; 20%

IAFN 2013 Transporte de Passageiros por DN

0

10

20

30

40

50

60

70

21 13

5 11

19

62

23 27

33

23 17

1 6 3

7 1

4 7 3 6 5 4

48

14 17 14

27 20

37

52 59

11

31

Vítimas Fatais, Desaparecidos e Feridos no Transporte de Passageiros

VF

DES

FER

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134

FIG. 3.55 Vítimas fatais e feridas por natureza do acidente. Fonte: MB

Abalroamento; 19; 21%

Acidente com pessoa a bordo; 4;

4%

Agua aberta; 0; 0%

Explosão; 1; 1%

Alagamento; 3; 3%

Avaria de Governo; 1; 1%

Acidente de mergulho; 0; 0%

Avaria de Máquinas; 6; 7%

Colisão; 10; 11%

Ato de pirataria; 0; 0%

Deficiência na embarcação; 0; 0%

Deficiência na amarração; 1; 1%

Encalhe; 5; 6% Excesso Passageiros; 1; 1%

Expor a risco; 0; 0%

Incêndio; 4; 4%

Morte de pessoa; 2; 2%

Naufrágio ; 13; 14%

Rutura de cabos; 1; 1%

Transporte de Tóxicos; 0; 0%

Queda de pessoa a bordo; 6; 7%

Queda de veículo n`água; 1; 1%

Queda pessoa na água; 10; 11%

Adernamento; 0; 0%

Emborcamento; 0; 0%

Desaparecimento de pessoa; 1; 1%

Sem código de natureza; 1; 1%

Transporte de Passageiros por natureza em 2013

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135

FIG. 3.56 Acidente e Fatos de Navegação por tipo de embarcações. Fonte: MB. 2014.

FIG. 3.57 Vitimas Fatais de 1999 a 2013. Fonte: MB. 2014

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

BALSA

BARCAÇA

BARCO

BOTE

CANOA

CHATA

ESCUNA

FLUTUANTE

JANGADA

LANCHA

NM DE PASSAGEIROS

OUTRAS EMBARCAÇÕES

SAVEIRO

TRAINEIRA

TOTAL DE EMBACAÇÕES

3

3

15

8

1

1

8

3

2

25

10

7

3

1

90

IAFN por tipo de embarcação, no transporte de passageiros, em 2013

0

50

100

150

200

250

300

ano1999

ano2000

ano2001

ano2002

ano2003

ano2004

ano2005

ano2006

ano2007

ano2008

ano2009

ano2010

ano2011

ano2012

ano2013

238 218

187 207

180 165 166 171 202

271

221 257

238 218 226

Vítimas Fatais em IAFN

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136

FIG. 3.58 Acidente e Fato da Navegação por Atividade. Fonte: MB. 2014

FIG. 3.59 Vitimas Fatais por tipo de acidente. Fonte: MB 2014.

carga/ passageiro e carga; 282;

32%

esporte e recreio; 203;

23% pesca; 151;

17%

rebocador/ empurrador;

60; 7%

Outras/ sem atividade; 88;

10% passageiro; 90;

10%

a ser apurado/ não

identificada; 3; 1%

IAFN 2013 por atividade

30

3

22

3 4 1 1

22

112

63

3 4

0

20

40

60

80

100

120

Vitimas Fatais por tipo de Acidente - 2013

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137

3.7 ESTUDO DE CASO

Com base nas estatísticas que apontam como principais causas dos acidentes a

estabilidade, foram estudados três embarcações: Bateau Mouche IV, o Tona Galea

e o navio Sewol, afim de analisar as deficiências, as normas, enquadramentos,

visando a elaboração da proposta de prevenção de acidentes.

As embarcações Bateau Mouche e Tona Galea foram escolhidas por serem de

pequeno porte, pois, com base em toda a pesquisa bibliográfica e estatísticas, a

maior parte dos acidentes ocorrem em embarcações de pequeno porte e

classificadas para navegação interior. No caso do navio Sewol o estudo se deu

devido à curiosidade de, mesmo ele sendo um navio enquadrado como tipo Solas,

ainda assim com consequências tão terríveis.

No caso de embarcações de pequeno porque, conforme já verificado no item.

3.2, muitas vezes não se enquadram nas normas de segurança, mas o navio Sewol

se enquadra em todas, sendo bastante instigador avaliar com detalhes.

A definição de imperícia, imprudência e negligência estão descritas abaixo,

conforme site (WPREV, 2015):

“A imperícia consiste em agir com inaptidão, falta

qualificação técnica, teórica ou prática, ou ausência de

conhecimentos elementares e básicos da profissão, a

incapacidade, a falta de habilidade específica para a realização

de uma atividade técnica ou científica, não levando o agente em

consideração o que sabe ou deveria saber, falta de habilidade ou

conhecimento para realizar a contento determinado ato.

A negligência é o termo que designa falta de cuidado ou de

aplicação numa determinada situação, tarefa ou ocorrência, falta

de atenção, não tomando as devidas precauções, ausência de

reflexão necessária, inação, indolência, inércia e passividade,

outro exemplo é um pai de família que deixa uma arma carregada

em local inseguro ou de fácil acesso a crianças, pode causar a

morte de alguém, por sua atitude negligencia.

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138

A imprudência é o ato de agir perigosamente, com falta de

moderação ou precaução, consiste na violação das regras ou

leis, um comportamento de precipitação.”

Esses três termos podem ser classificados como modalidades de culpa, porém o

intuito desta dissertação é a análise dos requisitos para elaboração da proposta de

prevenção, não sendo a intenção achar culpados pelos acidentes, mas sim entender

o que poderia ter sido feito diferente, para que tal acidente não ocorresse.

3.7.1 BATEAU MOUCHE

Conforme anuário de jurisprudência páginas 285 a 307 do Processo N. 13.628

de 28/08/1990, do Tribunal Marítimo, podem ser verificadas as características da

embarcação:

A) Características principais da embarcação:

Nomes de Registro: Kamaloka, Prelúdio, e Bateau Mouche IV.

Comprimento: 23,00 m

Boca: 5,99 m

Pontal: 2,73 m

Calado: 2,20 m

Tpb: 75,35 t

Arqueação Bruta: 71,106

FIG. 3.60 Bateau Mouche cinco anos antes da tragédia

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139

Arqueação Líquida:51,24

Propulsão: 2 motores de 230 HP

Ano de Construção: 1972/1973

Cartão de Lotação: 153 pessoas emitido pela CPRJ em 31/07/87.

Limite de Passageiros em Contrato: 106 pessoas

Ultima docagem:07/11/86

Próxima docagem prevista: 07/11/88 (na época o ciclo era bienal, porém

em 28/12/88 foi autorizada a prorrogação pela CPRJ (três dias antes do

acidente).

B) Dados tripulação e armador:

Patente do Comando: Arrais (faleceu no acidente)

Armador: Bateau Mouche Rio Turismo – com CRA (Certificado de

Registro de Armador) emitido em 24/08/81, não sendo citada a validade.

Arrendado para Itatiaia Turismo Ltda.

C) Históricos de reclassificação de atividade ou serviço

1973 – Embarcação de transporte de carga e operação em mar aberto;

1976 – Alterada para do tipo esporte e recreio, com capacidade 15

pessoas, e mantém operação em mar aberto;

1976 – Altera para atividade de pesquisa científica em mar aberto;

1980 – Altera a capacidade para 153 passageiros, troca o Motor, são

retirados os camarotes e mobiliários do convés inferior e principal, a

embarcação é dotada de escada caracol a ré, duas caixas d’água nas

duas superestrutura, uma de 0,86 t e outra de 1 tonelada e reclassificada

para Navegação Interior;

10/12/1987 – Adicionado revestimento no convés superior com

argamassa de cimento de 4,00 t, para atender exigência do inspetor naval

responsável pela fiscalização, o qual solicitou reparo do estrado de

madeira apodrecido. Foi realizado o “conserto” de vazamentos, sendo

alterada a rede de descarga dos banheiros e retirada a válvula de

retenção.

10/07/1988 – Reclassificado turismo e diversões – Navegação Interior.

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140

31/12/1988 – Dia do acidente, foram colocadas 15 mesas no convés

superior com 5 lugares cada, todas na lateral da embarcação; haviam

mais 39 cadeiras ao longo da borda do convés superior e espaço para

seis músicos avante por boreste (BE); No convés principal instaladas

mesas para bufê e mais 6 mesas com 4 cadeiras. A ré mais 2 mesas com

capacidade para 8 pessoas cada. O Convés inferior não foi utilizado no

evento.

D) Dados do acidente do TM - Tribunal Maritimo:

Data do acidente: 31/12/1988 as 23:45h.

Total de pessoas a bordo: 145.

Número de vítimas: 55 pessoas morreram, incluindo a atriz Yara Amaral,

que ensejou na ocasião enorme comoção popular do Brasil, pois, foi

como se todos tivessem perdido um conhecido a bordo.

Local: entre a Praia Vermelha e a Ilha Cotunduba.

Segurança e salvatagem: existiam coletes a bordo, porém, estes estavam

localizados no convés principal, o que dificultou o acesso para quem

estava no convés superior, sendo que muitos coletes estavam vencidos.

Habitabilidade: a escada caracol era de difícil transição das pessoas entre

os conveses e o espaço para circulação bastante limitado; o layout

montado com apenas uma escada, favorecia a concentração de pessoas

em determinado pontos; e ainda foi relatada a falta de quaisquer

instruções sobre emergência e abandono.

Casco/Estanqueidade: o banheiro do convés inferior estava alagado, com

água saindo do vaso sanitário, sendo drenada para o porão da praça de

máquinas, que possuía uma bomba de esgoto acoplada ao motor de BE;

Vigias da Praça de máquinas abertas; na perícia constatados furos e

fendas no trincaniz; bomba de esgoto ineficiente, assim houve aumento

do peso e diminuição da borda livre;

Estabilidade: a embarcação já saiu do cais com banda permanente para

boreste. As duas caixas d’água, o piso com concreto no convés superior,

além das pessoas e mesas, elevaram o centro de gravidade. Fato

agravado com o momento de superfície livre resultante do alagamento do

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141

banheiro e da praça de máquinas e deslocamento de pessoas e mobílias

para BE.

Registrada para navegação interior, estava em área marítima, com ondas

que podem ter chegado de 1,3 a 2,0m. Ao refazer o Estudo de

Estabilidade o Tribunal Marítimo afirma que não atendia nenhum dos

critérios da IMO para transportar 150 pessoas.

Ao sair da Praia Vermelha, recebeu mar de proa e começou a caturrar

fortemente, mudou de rumo na ilha Cotunduba e passou a receber mar

pelo costado de bombordo, recebendo dois fortes balanços para boreste,

emborcando e naufragando devido a perda de estabilidade.

FIG. 3.62 Bateau Mouche no Estaleiro para perícia

FIG. 3.61 Praia Vermelha – Ilha da Cotunduba e Copacabana

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142

E) Avaliação de falhas

Foi possível avaliar inúmeros atos de imperícias, pois nitidamente houve falta de

qualificação técnica dos profissionais que planejaram as obras, dos que executaram

e dos que fiscalizaram, uma vez que a embarcação não possuía planos e estudos

técnicos elaborados por engenheiro naval, contendo as alterações e os documentos

pertinentes, mesmo com inúmeras alterações realizadas na embarcação (é citado no

processo que foi realizado novo planos de linhas, curvas hidrostáticas, cruzadas e

constatado que o Estudo de Estabilidade não atendia a nenhum critérios da IMO.

Além da dotação da camada de concreto no convés superior, não foi assimilado

como um problema pelos profissionais envolvidos, que tal providencia para sanar

uma exigência da própria fiscalização, poderia elevar o centro de gravidade;

Não foram encontrados furos no casco, quando realizado o pedido de

prorrogação de docagem de reparos, regulamentar;

Não constam nos autos os documentos técnicos utilizados para a emissão do

cartão de lotação.

O ato negligente foi operar com a embarcação mesmo sem os nítidos reparos

necessários nas redes do banheiro, no casco da embarcação e na bomba de

esgoto, sem distribuir adequadamente os coletes nos conveses e ao reduzir a um

único, acesso do convés superior para o principal, entre outros.

E também ato de imprudência, pois os profissionais da tripulação, sabendo que

a embarcação era apta a operar somente em navegação interior, mesmo assim,

entraram em área marítima, para qual a embarcação não possuía autorização de

FIG. 3.63 Bateau Mouche sendo içado

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143

navegação, colocando os passageiros em situação de extremo risco e culminando

na morte de tantas pessoas, inclusive do próprio comandante.

Usando como modelo a definição de efeito dominó usada por Herbert Heinrich

(Herbert et.al, 1980), considerei nas peças dos dominós as causas que levaram ao

acidente, que agindo em reação, resultaram na tragédia.

Assim, como as alterações físicas realizadas na embarcação, a alteração da

área de navegação, a ausência de projeto, embasando as mudanças citadas

anteriormente, a ausências dos reparos programados; a ineficiente fiscalização,

resultaram na trágica morte de 55 pessoas.

FIG. 3.65 Efeito dominó no acidente do Bateau Mouche IV

FIG. 3.64 Ponta de Sta Cruz e Ponta de São João - NI. Fonte: NPCPRJ

FIG. 3.66 Atos inseguro e o efeito dominó no acidente - Bateau Mouche IV

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144

3.7.2 TONA GALEA

Conforme Processo N. 20.510/03, de 19/08/08, do Tribunal Marítimo, pode ser

verificado as características da embarcação:

FIG. 3.67 Acidente com Tona Galea

A) Características principais da embarcação:

Nomes de Registro: SÃO JOÃO

Comprimento: 18,5 m

Boca: Não disponível

Pontal: Não disponível

Calado: Não disponível

Tpb: Não disponível

Arqueação Bruta: 16,7 AB

Arqueação Líquida: Não disponível

Propulsão: Não disponível

Ano de Construção: 1970

Cartão de Lotação: 78

Ultima docagem: Não disponível

Próxima docagem prevista: Não disponível

Área navegação: Interior

B) Dados tripulação e armador:

Empresa Conchas Turismo e Passageiros Ltda

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145

C) Históricos de reclassificação de atividade ou serviço

1970 - Originalmente o Tona Gálea tinha 10 metros de comprimento, 10,8

AB e capacidade para transportar 42 passageiros – Navegação Interior;

1989 - A embarcação foi aumentada para 15 metros de comprimento,

16,5 AB e lotação de 78 passageiros – Navegação Interior;

2001 - Modificado o fundo chato em “V, reposicionado o motor, tanque de

óleo e realizada uma reforma geral do convés até a proa e no deck a ré.

D) Dados do acidente do TM - Tribunal Marítimo:

Data do acidente: 19/04/2003 - cerca de 12h.

Número de vítimas: 15 mortes.

Local: proximidades da Ilha dos Papagaios, Cabo Frio, RJ,

Número de passageiros: 62

Estabilidade: lotação de passageiros e peso máximo de carga “realizado”

(ver item C) no dia 27/04/2002 na praia dos Anjos.

Ocorrido: após onda por bombordo, embarcação adernou violentamente.

E) Avaliação de falhas

O engenheiro naval, responsável pela embarcação, alegou que não foi o

responsável pela execução da obra e sim pela emissão da Anotação de

Responsabilidade Técnica (ART), cálculo de arqueação e pela verificação de

passageiros;

Ele alegou que não realizou o teste de verificação de lotação de passageiros e

de pesos máximos de carga para embarcação com menos de 20 AB, apenas o

assinou, porque não julgou necessário, uma vez que não fora alterado o número de

passageiros no Título de Inscrição da Embarcação (TIE), onde constavam 76

passageiros, a embarcação navegaria exclusivamente em águas abrigadas e não

conhecia as alterações no projeto. Ele disse que conhecia a NORMAM 02 e que tem

conhecimento da classificação das áreas de navegação e que soube das alterações

executadas na embarcação após o dia 19/04/03.

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146

3.7.3 SEWOL

É importante incluir o navio Sewol no estudo de caso, uma vez que, as

consequências da tragédia tiveram forte influência quanto às atitudes da tripulação,

ou seja, o fator humano foi preponderante.

Trata-se de um navio sul coreano, e seu naufrágio levou a morte de mais de 300

pessoas, a grande maioria jovens do ensino secundário da escola Danwon High

school, localizada em Ansan na Coreia do Sul (próximo a Seul), que comemoravam

a formatura.

Conforme informações disponíveis na mídia, sobre o acidente com a

embarcação Sewol (ALERNAVIOS, 14/11/2014), as características da embarcação

são:

A) Características principais da embarcação:

Nomes de Registro: SEWOL

Comprimento: 145,61 m

Boca: 22,00m

Capacidade de Passageiros: 921 passageiros, sendo:

Convés Principal - CP: 426 + Convés Superior- SP: 484 + convés

Passadiço - CP: 11 pessoas);

FIG. 3.68 Navio Sewol

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147

Veículos: 88 carros de turismo e 60 veículos comerciais de 8 toneladas.

Carga: 152 contêineres

Arqueação Bruta: 6.835 AB

Propulsão: 15.974 HP

Ano de Construção: 1994

Cartão de Lotação: 921, 88 carros 60 veículos

Área navegação: Mar Aberto

Velocidade: 21,5 nós

B) Dados tripulação e armador:

Companhia Chonghaejin Marine sedeada em Incheon

A) Históricos de Reclassificação de atividade ou serviço

Em 2012 o navio modificado, para permitir o embarque de um maior

número de passageiros, sendo: adicionados camarotes a ré do quarto

convés; incluído o deck no quinto convés; e aumentada a capacidade de

passageiros no terceiro convés.

Com isso houve aumento do peso do navio de peso de 5.997 t para

6825t; capacidade de passageiros de 804 para 921 pessoas; substituição

do lastro de 2437t para 987t; e centro de gravidade de 11,27m para

11,78m.

FIG. 3.69 Alteração do navio e aumento da capacidade Fonte: October news

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B) Dados do acidente obtido pela mídia (WN.COM, 02/05/2015):

Data do acidente: 16 de Abril de 2014;

Numero de vitimas: 304 mortes;

Local: entre o porto de Incheon e a ilha de Jeju;

N. de passageiros: 475 pessoas no momento do acidente (passageiros

distribuídos em CP: 87 - CS: 353 – CP: 7).

Convés Principal 426 + convés superior 484 + convés passadiço –

11pessoas);

Carga: 180 veículos e 1.157,00 t de carga.

FIG. 3.70 Alterações quanto ao projeto original Sewol

FIG. 3.71 Alteração para aumento da capacidade - navio sewol.

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Ocorrido: O navio quando afundou estava a 100 km do continente e a 20

km da ilha Byeongpyung. A embarcação com 475 pessoas a bordo, sendo

325 da mesma escola, após fazer uma manobra brusca de rumo,

começou emborcar, levando a embarcação ao naufrágio e a morte e

desaparecimento de mais de 300 pessoas.

FIG. 3.72 Naufrágio navio Sewol – Ilha de Jeju Coreia do Sul Fonte: BBC

FIG. 3.73 Guinada brusca – Sewol. 2014.

Fonte: BBC/ Nam Kyung - don

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FIG. 3.74 Sequência do acidente com navio Sewol – 2014.

C) Avaliação de falhas

A tripulação não soube lidar com a situação de emergência, não havendo plano

de ação, constatado pelo fato de o comandante do navio ter demorado 40 minutos

para dar ordem de evacuação. Tal ocasião à embarcação já possuía 45 graus de

FIG. 3.75 Naufrágio navio Sewol – 2014.

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inclinação, e as pessoas não alcançavam as saídas. Provavelmente este é o

principal motivo para a maioria das 476 pessoas a bordo terem ficado presas no

barco.

E também a tripulação que demorou a avisar a autoridade marítima da Coréia do

sul, sendo o primeiro aviso realizado por um passageiro. Somente as 8:55h foi

avisado a Autoridade Marítima, sendo realizado 11 contatos, até as 9:30h.

Houve deficiências na fixação da carga e no armazenamento de bagagem,

lembrando também que passageiro é carga dinâmica e se movimenta na viagem de

um convés para outro.

Provavelmente o valor do momento de guinada (giro) previsto no estudo de

estabilidade não foi compatível com a capacidade de manobras de giro e velocidade,

pois a mudança brusca de direção deslocou a carga e levou ao desequilíbrio;

FIG. 3.77 Mensagem de um estudante a sua mãe Fonte: BBC,2014

FIG. 3.78 Desespero dos familiares da tragédia navio Sewol. Fonte BBC,2014.

FIG. 3.76 Aviso emitido pelo comandante aos passageiros Fonte: BBC, 2014.

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FIG. 3.79 Deslocamento de carga após desvio de rota – Sewol. Fonte: BBC/ Nam Kyung – don

As autoridades também investigaram a teoria de colisão com uma rocha.

Existem ainda relatos que a embarcação não possui o lastro determinado pelos

inspetores das organizações.

Observa-se que os botes salva-vidas não foram acionados, pois o dispositivo

tem acionamento hidrostático e houve vazamento de óleo e poluição marinha.

Além das consequências diretas do acidente houveram outros desdobramentos

sociais e políticos, como o vice-diretor do colégio, onde estudava a maioria dos

alunos que morreram, Sr. Kang Min-Gyu, de 52 anos, o qual estava no navio, e foi

FIG. 3.80 Emborcamento e naufrágio do Sewol

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resgatado com vida, cometeu suicídio em um ginásio na cidade de Jindo, onde

parentes dos desaparecido, estavam se reunindo.

Por conta da tragédia, o primeiro ministro do país Sr. Chung Hong-won

renunciou ao cargo e o capitão da embarcação Lee Joon-seok, de 69 anos, foi

condenado a 36 anos de prisão, pelo fato de ter, entre os outros erros que cometeu,

abandonado o navio e os náufragos à sua sorte.

O comandante explicou em 19/04/15 (CBN, 2015) que demorou a iniciar a

evacuação para proteger os passageiros diante das condições adversas do mar e da

impossibilidade de utilizar as embarcações de resgate por não serem suficientes.

Disse ainda que as águas são frias e apresentam ondas e fortes correntes, por isso

que achou que os passageiros passariam "graves apuros" em caso de cair ao mar

"inclusive com os coletes salva-vidas".

FIG. 3.82 Memorial em homenagem as vítimas do Sewol

FIG. 3.81 Flores das mesas - Homenagem aos alunos ausentes

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4 PROPOSTA DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES

4.1 CULTURA DE SEGURANÇA

Se pensarmos em um país que possui cultura de segurança, muitos terão na

cabeça o Japão como exemplo, com seus vários exemplos de sistemas de

prevenção de acidentes e alarmes, que são notícias com frequência na mídia.

A cultura de segurança no Brasil ainda é tímida. Note que apesar de todos

conhecerem o que é um extintor, são poucas pessoas que já tiveram a curiosidade

de acioná-lo antes de mandar para uma recarga, para experimentar antes do perigo

real, e provavelmente ter maior segurança no uso.

A cultura de segurança no Brasil foi bastante pensada depois do acidente na

boate Kiss em Santa Maria - RS que matou 242 pessoas e feriu outras 680 em

27/01/13, depois de um incêndio causado por um sinalizador, que atingiu o isopor de

isolamento acústico. Os extintores não funcionaram, não havia sinalização no chão

para indicação da saída de emergência e nem plano de evacuação.

A definição de Cultura de Segurança é dada por Anastácio Filho (Filho e al. apud

Reason, 1997), sendo:

“A cultura de segurança de uma pessoa, de uma empresa ou de um país é o produto dos valores, atitudes, percepção, competências e padrão de comportamento individual ou em grupo que determina o comprometimento, o estilo e a proficiência do gerenciamento da segurança.”

FIG. 4.1 Interação recíproca de cultura de segurança. Fonte: Cooper, 2000.

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Prevenir é ver antecipadamente, agir antes do acidente, ou seja, tomar todas as

providências para que o acidente não tenha possibilidade de ocorrer, ou ainda, se

por um fator alheio ocorrer, não seja uma surpresa, algo desconhecido para as

pessoas presentes. Para atingir essa mentalidade prevencionista é necessário estar

ciente de que prevenir é mais econômico e sensato que corrigir.

A maioria das empresas (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, Portaria

25 de 29/12/1994) devem ter CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes,

conforme Norma Regulamentadora NR 5 e NR 9 (MINISTÉRIO DO TRABALHO E

EMPREGO, Portaria 33, de 27/10/1983).

A prevenção começa pela eliminação, neutralização e a sinalização dos riscos.

A eliminação do risco significa torná-lo inexistente, por exemplo, uma escada

com piso escorregadio pode ter o material substituído por um piso antiderrapante.

A neutralização ou Isolamento do risco significa que o risco existe, mas está

controlado. Pode se citar como exemplo, a dotação de uma capa de proteção em

eixos de embarcações de pequeno porte na Amazônia chamada de “voadoras”, que

causam acidentes de escalpelamento. O acidente ocorre quando as vítimas, ao se

aproximarem do motor, tem seus cabelos repentinamente puxados pelo eixo. A forte

rotação ininterrupta do motor ao enrolar os cabelos em torno do eixo, arranca o

escalpo da vítima (couro cabeludo), inclusive orelhas, sobrancelhas e por vezes uma

enorme parte da pele do rosto e pescoço, levando a deformações graves.

A neutralização é uma alternativa na impossibilidade temporária de eliminar a

causa raiz do risco, uma vez que o eixo do motor não pode ser eliminado.

Conforme dados da Marinha do Brasil 65% dos casos ocorrem com crianças e

80% são com mulheres (CPAO - CAPITANIA DOS PORTOS DA AMAZÔNIA

ORIENTAL, 2015), sendo que de 2009 a 2015, 4170 embarcações foram

fiscalizadas pela Marinha e obrigadas a dotar de proteção as partes móveis do

motor.

Sinalização do risco é à medida que deve ser tomada quando não for possível

eliminar ou isolar o risco. Por exemplo: placas de advertência em locais onde é

proibido fumar, ou placas de indicação de quantidade máxima de passageiros.

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FIG. 4.2 Vítimas de Escalpelamento em embarcações. Fonte CFAO 2015.

FIG. 4.3 Proteção metálica, pvc ou madeira em eixo – CPAO – 2015.

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4.2 PROPOSTA DE COMPLEMENTO DE REQUISITOS DE SEGURANÇA

Com base nas diretrizes determinadas pelos regulamentos nacionais e

internacionais, na análise das estatísticas de acidentes elaboradas pela Marinha,

nos estudos de caso dos acidentes citados no capítulo 3, nos procedimentos de

regularização de embarcações em especial os requisitos técnicos de projeto e nos

enquadramentos normativo (principalmente as embarcações de pequeno porte), foi

feito o refinamento sucessivo dos dados obtidos e desenvolvida a proposta com

vários itens complementares de segurança.

Esta proposta de requisitos complementares pode previnir acidentes, assim, é

importante que seja de conhecimento dos projetistas, armadores, tripulantes,

fiscalizadores, reguladores, analistas de projeto, seguradoras, usuários e outros, de

forma a aumentar a segurança e diminuir o risco, já que a liberdade é a consciência

do limite.

A proposta de prevenção de acidentes contempla os seguintes requisitos:

1) Recomenda-se que todas as embarcações que transportem passageiros

realizem Prova de Porte Bruto e Inclinação a cada 5 anos, além da realização

em caso de qualquer alteração ou reclassificação já prevista nas normas.

Tal proposta se torna necessária porque atualmente a Prova de Porte Bruto e

de Inclinação é realizada após a construção de um navio e visa definir o peso

leve, o centro de gravidade longitudinal (LCG) e o centro de gravidade

transversal (KG), sendo este um documento primordial na avaliação da

estabilidade.

No entanto, ocorre principalmente quando há mudança de proprietário do

navio, como pode ser percebido pelos estudos de caso, são realizadas

alterações na embarcação, muitas vezes essas alterações são subestimadas

pelos engenheiros e muitas outras vezes estes nem ficam sabendo destas

mudanças para atualizar o projeto. Assim uma vez implementada a proposta,

seria necessário confirmar as informações originais de construção a cada 5

(cinco) anos, sendo possível a detectar eventuais alterações de projeto.

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É relevante salientar que a vistoria que constata que a embarcação está

conforme o projeto é a vistoria de Arqueação (item 716 da Normam 02):

“... As embarcações deverão ser submetidas a uma vistoria antes

da expedição do Certificado Nacional de Arqueação...para

verificar se sua construção está efetivamente de acordo com os

planos e ou documentos considerados para o cálculo das

arqueações bruta e líquida...”

O Certificado Nacional de Arqueação não tem prazo de validade, e ao menos

que o Armador informe que realizou alguma alteração, ou que esta seja

constada em fiscalização, o certificado irá valer toda a vida útil da embarcação,

conforme item 715 c) da Normam 02.

Isto faz com que seja ainda mais relevante confirmar periodicamente o centro

de gravidade longitudinal e transversal e assim identificar eventuais alterações e

a necessidade de nova avaliação da estabilidade.

Como visto no estudo de caso das embarcações Bateau Mouche e Tona

Galea, é importante salientar que é muito difícil para os inspetores nas vistorias

de fiscalização detectar alterações de estabilidade, se limitando a avaliar o

estado de conservação da embarcação.

Assim é importante que o Armador informe ao engenheiro e a autoridade

responsável pela certificação o desejo de realizar quaisquer mudanças na

embarcação, no tipo de serviço ou da área de navegação.

Os tripulantes e os inspetores devem se atentar as modificações realizadas

nas embarcações, principalmente as que podem alterar os parâmetros

estabelecidos na definição da estabilidade, de maneira a evitar colocar

passageiros em risco, pois, todos os acidentes verificados nos estudos de caso

tinham como principal suspeita às alterações realizadas em relação ao projeto

original.

2) Recomenda-se que o termo “Características de Estabilidade” seja explicito seu

significado nas normas, sendo primordial sua compreensão pelo armador, a

tripulação e os inspetores, além do responsável técnico pela embarcação.

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Através das pesquisas realizadas nesta dissertação, conclui-se que o termo

“Características de Estabilidade” citado no anexo 6 G da Normam 02, se refere

aos parâmetros utilizados para elaboração do estudo de estabilidade. Assim as

alterações que modificam as características de estabilidade de uma

embarcação, são:

Mudança no formato do casco: no comprimento, boca, pontal, na

superestrutura, nas aberturas de casco, qualquer modificação que acarrete

em alteração no plano de linha, das curvas hidrostáticas, consequentemente

alteração no peso leve, do centro de gravidade, da área vélica e dos dados

utilizados para elaborar o Estudo de Estabilidade.

Utilização dos tanques de forma indevida, com líquidos ou materiais em

condições não previstas nas condições do Estudo de estabilidade. Por

exemplo: Um porão que está definido como espaço vazio no estudo de

estabilidade seja utilizado para transportar diesel, água doce, agua potável,

entre outros.

Carregamento de carga com altura, peso ou distribuição em quantidade e

área diferentes da determinada no plano de capacidade, e sem a fixação

adequada. Ex. Transporte de mudança como sofá, geladeira, fogão, carga

geral, em embarcações só classificadas para transporte de passageiros, não

previsto carga em seu estudo de estabilidade.

Transporte de Passageiros diferente da distribuição determinada no estudo

de estabilidade, como quantidade de passageiro por convés, a localização, a

condição de transporte (em pé, sentado, em rede, camarote) e a correlação

de peso.

Pois, conforme capítulo 6 da Normam 01 e Normam 02 (DPC-

DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS, 2005), o peso do passageiro dever ser

considerado sendo 75 kg cada e 25kg de bagagem. A posição do centro de

gravidade dos passageiros deve considerada no estudo de estabilidade de

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1,00 m para passageiros em pé e em rede, e de 0,30m acima do assento

para passageiros sentados.

Lembrando que passageiro é uma carga dinâmica, ou seja, pode se

movimentar pelos conveses e ultrapassar eventual limite imposto na

estabilidade. As bagagens devem ter meios de serem pesadas, como feito no

aeroporto, para não ultrapassar a quantidade estipulada.

Mudança de motores que altere o peso ou a velocidade da embarcação, pois,

pois, influencia no momento de guinada e podendo levar ao emborcamento,

se não estudado.

Mudança no lastro fixo em quantidade e posição que esteja determinado no

Estudo de Estabilidade.

O lastro fixo é utilizado para corrigir alguma condição de estabilidade e o

lastro operacional é utilizado para manter o hélice dentro da água quando o

navio está leve.

A quantidade de lastro fixo, quando necessário, está determinado no

Estudo de Estabilidade e não deve ser retirado da embarcação sob nenhuma

hipótese, assim como não deve ser realizado o deslocamento da posição, do

contrário pode ser extremamente danoso para a manutenção do equilíbrio.

Normalmente os Armadores utilizam como lastro fixo: ferro gusa; blocos

de paralelepípedo, blocos de concreto e água. O ideal é que o lastro fixo seja

sólido, de maneira a dificultar a sua retirada de bordo e para não haver

eventual momento de superfície livre.

Alteração da área de navegação, das condições de tempo de mar, densidade

da água e outras determinadas no Estudo de Estabilidade.

Os critérios para a aprovação da estabilidade variam de acordo com a

área de navegação. Por exemplo: uma embarcação que opera em navegação

interior área 1, o ângulo de alagamento deve ser maior que 15 graus; já uma

embarcação que navega em área 2 deve ser maior que 12 graus; isso

significa que deve carregar menos carga, ter maior borda livre.

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Registra-se que as características de estabilidade não se limitam aos itens

acima, devendo ser observados todos os coeficientes e parâmetros utilizados no

estudo.

3) Incluir na lista de documentos exigidos para atualização de TIE (Título de

Inscrição) ou PRPM (Provisão de Registro de Propriedade Marítima) a Licença

de Alteração ou Licença de Reclassificação.

A lista de documentos necessários para atualizar o TIE na Capitania dos Portos

para as embarcações com menos de 100 AB e a PRPM no Tribunal Marítimo

para embarcações com mais de 100AB, está contida no anexo 2-F da Normam

02, conforme orienta o item 212 da mesma norma.

Assim em caso de alteração da embarcação, mudança de nome, mudança de

proprietário e mudança de motor, o armador deverá apresentar tais documentos.

Acontece que esta lista descreve que em caso de alteração há a necessidade de

apresentar “...Cópia doc. que autorizou alteração de características, nome,

classificação, troca ou colocação de máquina/ motor...” Note que não é

específico sobre qual documento apresentar, o que pode dar margem a várias

interpretações.

Assim recomenda-se como proposta de prevenção que além de tal

documento, seja exigida a Licença de Alteração ou Licença de Reclassificação,

uma vez que tais licenças estão intrínsecas a aprovação do projeto atualizado.

Esta proposta foi elaborada porque na análise do acidente do Tona Galea e

do Bateau Mouche apesar das embarcações estarem com as alterações

irregulares, tecnicamente estas possuíam o Titulo de Inscrição regular, isto

porque o TIE é um documento burocrático de propriedade e não um documento

técnico.

Mesmo assim, muitos profissionais confundem, como o engenheiro

responsável pela embarcação Tona Galea que equivocadamente se baseou no

TIE para suas conclusões técnicas de não realizar novo teste de estabilidade,

conforme transcrito abaixo do processo nº 20.510/03 do TM:

“...que não realizou o teste de verificação de lotação de passageiros e de pesos máximos de carga para embarcação com menos de 20 AB, apenas o assinou porque não julgou necessário, uma vez que não fora alterado o número de passageiros no Título de Inscrição da Embarcação (TIE) que lhe foi mostrado à época, onde constavam 76 passageiros, a

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embarcação navegaria exclusivamente em águas abrigadas e não conhecia as alterações no projeto...”

4) Qualquer embarcação que transporte passageiros recomenda-se ter Prova de

Inclinação e o Estudo de Estabilidade Definitivo, sendo o ideal que sejam

apresentados os documentos que o geraram para não haver excesso de

empirismo, principalmente as embarcações de pequeno porte.

É importante que o projeto de engenharia de uma embarcação de

passageiros tenha interdependência para aprovação, sendo recomenda que seja

incorporado aos critérios de aprovação de planos da Normam 02.

Por exemplo, não é recomendado aprovar a marcação de borda livre sem que

seja apresentado o estudo de estabilidade e cálculo estrutural, uma vez que são

pré-requisitos para preenchimento dos dados para o cálculo.

Consta na Normam 02 (DPC- DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS, 2005)

que as embarcações entre 20 e 50 AB, passaram a serem obrigada a possuir

alguns planos e estudo técnicos, sendo a data limite para apresentação até

01/07/15, porém, na lista de planos obrigatórios, não consta a necessidade de

Perfil Estrutural, Seção Mestra e o cálculo estrutural, o que do contrário poderia

colaborar com a segurança. Estes documentos são importantes porque contém

informações sobre as espessuras e dimensões das chapas, sendo um

parâmetro para a avaliação da necessidade de substituição de chapas, por

exemplo.

5) O ciclo de manutenção de reparos e docagem seja extrapolado para todas as

embarcações de transporte de passageiros independente da AB, não se

limitando as com AB maior que 20.

FIG. 4.4 Documentos Necessário para a Estabilidade

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FIG. 4.5 Ciclo de Reparos

A docagem é necessária para monitoramento da espessura da chapa de

aço, e assim avaliar a necessidade de substituição, constatar furos, avaliar o

estado de conservação das redes com verificação da espessura e teste de

pressão, válvulas, a limpeza de caixa de mar, de filtros, do casco, substituição

de anodos, sistema de tratamento e pintura, a manutenção de geradores,

motores, bombas, medição de folga da madre do leme e do eixo, além de

testes de estanqueidade, e outros.

Esta proposta se baseia na avaliação no estudo de caso do Bateau

Mouche IV, é provável que se não existisse o vazamento na rede e se a

válvula de fechamento estivesse operacional, poderia evitar o alagamento do

banheiro, posteriormente a praça de máquinas.

6) Recomenda-se a realização da Prova de Mar, para confirmação da velocidade,

manobrabilidade e alarmes e indicadores das máquinas a cada 4 anos (após a

vistoria de Renovação) e/ou na troca de equipamentos.

FIG. 4.6 Caixa de mar no fundo do navio.

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Conforme verificado no estudo de caso do navio Sewol, a guinada brusca

realizada na embarcação a alta velocidade fez com que houvesse deslocamento

de carga, a perda da estabilidade, e consequentemente o naufrágio.

É importante que a tripulação conheça os parâmetros de parada brusca,

velocidade, giro, tempo de zig zag, itens definidos na Prova de Mar.

7) Analisando as Normas em vigor (Normam 01, 02 e 03, 2005), nota-se que o

Estudo de Estabilidade em Avaria é obrigatório somente para embarcações de

aço que naveguem em mar aberto. Assim, recomenda-se tal estudo também as

embarcações que operam em navegação interior, sendo uma importante

ferramenta de auxilio ao comandante para prever medidas quanto aos limites da

estabilidade.

Os engenheiros devem se atentar para que sejam acrescentadas nas

condições de estabilidade citadas no item 2.11, outras situações que podem se

configurar como mais críticas, como por exemplo uma condição com 50% de

passageiros em um bordo, visando assim aumentar do braço de emborcamento,

uma vez que com 100% em muitos casos resulta em condição menos crítica, por

concentrar os passageiros no centro da embarcação, por determinação de

requisitos da habitabilidade conforme Normam 01, 02 (DPC - DIRETORIA DE

PORTOS E COSTAS, 2005).

Recomenda-se também que as embarcações de pequeno porte, de até 50

AB, que atualmente são isentas dos requisitos de compartimentagem pela

Normam 02, recomenda-se possuir as anteparas de alagamento, de maneira

que sendo que o comprimento alagável passe de 40% para 25%.

FIG. 4.7 Aumento da compartimentagem – Dotação de antepara

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8) Os requisitos de Borda Livre e o disco de Plimsoll, que indica o calado máximo

da embarcação e o limite de carga e passageiros, recomenda-se que seja

estendido para todas as embarcações que transportem passageiros,

independente do comprimento ou Arqueação.

Sendo que as embarcações de madeira e com menos de 20 AB, além do disco

de Plimsoll, que seja dotada de uma faixa amarela de 15 cm, para maior

destaque do limite da borda livre determinada no Estudo de Estabilidade,

indicada na figura 4.13.

9) Todas as embarcações de passageiros devem ser dotadas de dispositivos que

permitam o controle de excesso de passageiros ou carga a bordo, além da placa

exigida no item 219) 3) na Normam 02.

“...As embarcações que transportem passageiros deverão ter

afixadas, em local visível aos passageiros, uma placa contendo o

número de inscrição da embarcação, peso máximo de carga,

número máximo de passageiros por convés que a embarcação

está autorizada a transportar e número do telefone da OM em

cuja jurisdição a embarcação estiver operando...”

Nota-se pela análise dos acidentes que a tripulação não consegue se

organizar no momento de pânico, de emergência para orientar os passageiros

FIG. 4.8 Placa - controle convencional de quantidade de Passageiros

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sobre as providências de evacuação, de salvatagem, segurança, meios de saída

do navio, etc.

O comandante normalmente é culpado nesses inquéritos, como no Sewol que

se especulou a aplicação das piores penas, como a pena de morte, a perpétua,

sendo condenado a 36 anos de prisão, conforme informações da mídia.

As condenações normalmente se baseiam no item 17 do cap. 4 da Normam

13 “...O comandante deve ser o último a abandonar o navio...”

Como a ideia desta dissertação não é de atribuir culpa ou responsabilidade,

se atendo aos aspectos técnicos, nota-se que existe uma sobrecarga nas

funções do comandante.

O item 414) 7) da Normam 13 (DPC - DIRETORIA DE PORTOS E COSTAS,

2003), define como uma das funções do comandante, o seguinte:

“...fiscalizar o carregamento da embarcação para evitar carga e

passageiros além da capacidade autorizada pela Capitania dos

Portos...”

O uso de catracas ou roletas poderia auxiliar no monitoramento do

comandante. No entanto, tal dispositivo não é recomendado pelas normas

nacionais e nem internacionais, talvez por aumentar a dificuldade de evasão em

caso de contingencia.

Como proposta para resolver o problema de monitoramento pelo comandante,

através do IME Instituto Militar de Engenharia e da Escola de Eletronica Electra

foi idealizado um protótipo de “Limitador Eletrônico de Passageiros Eletrônico”,

com sensores que podem alertar de maneira sonora e visual ao comandante

toda vez que o limite de passageiros por convés estipulado pelo Estudo de

Estabilidade for atingido.

Assim, o comandante poderia alertar os passageiros a retornarem ao convés

de origem, até pela comunicação interna do navio, sem precisar abandonar o

comando.

O circuito foi desenvolvido utilizando o programa Proteus, sendo obtidos

resultados preliminares satisfatórios do protótipo. Porém, a pesquisa deverá ser

continuada para abranger os outros parametros de estabilidade.

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10) Obrigatoriedade de luzes em comboio, considerando embarcação integrada.

Conforme visto no capítulo 2 e na figura 2.14, acidentes podem acontecer

devido o uso inadequado das luzes de navegação, assim a altura, intensidade, e

quantidade de luzes deve ser projetada com base no comprimento do comboio e

não somente empurrador.

O problema de visibilidade muitas vezes é suprido por câmeras e por cabines

autoelevatórias, no entanto, deve ser dar também especial atenção a dotação

das luzes de navegação, de forma que não venha a colidir com uma

embarcação de passageiro, se caracterizando em um importante risco e

segurança.

11) Seria importante que os armadores e a tripulação, fossem motivados a

desenvolver uma espécie do que foi intitulado aqui por “Manual de Prevenção

Contra Acidentes e Fatos de Navegação”. Tal procedimento visa determinar,

prevêr e ensaiar as providências a serem tomadas em caso de perigo eminente

de naufrágio, emborcamento, encalhe, colisão, abalroação, água aberta,

FIG. 4.10 Comboio de empurrador e balsa galpão

FIG. 4.9 Protótipo de um “Limitador Eletrônico de Passageiros”. Fonte: Arquivo próprio

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explosão, incêndio, varação, arribada, alijamento e avarias que coloque em risco

a embarcação ou vidas a bordo. Nomeando previamente as responsabilidades

de cada membro da tripulação e treinando as formas de condução e orientação

dos passageiros.

12) Na Amazônia são muito utilizadas as lonas de proteção contra chuva,

os engenheiros projetistas devem sempre considerar no estudo de estabilidade

agindo nesta área a força do vento e não como convés vazado. Além de

influenciar no Estudo de Estabilidade, devido ao aumento da área vélica, a lona

impede o acesso das pessoas as saídas de emergências das embarcações.

Assim as lonas devem ser evitadas, e quando necessária deve ser dividida em

várias, com sistema de fixação de fácil desarme e muito bem sinalizado, devendo

ser mantidas totalmente desobstruídas as saídas de emergências, com as devidas

indicações e avisos.

FIG. 4.11 Lona: área vélica e saídas de emergência

FIG. 4.12 Emborcamento – Embarcação com a lona

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5 CONCLUSÃO

O Brasil, que teve a sua colonização iniciada nas grandes navegações e que

possui um litoral de 8,5 mil quilômetros, banhado pelo oceano Atlântico, tem no mar,

além de fonte de riquezas e de lazer, meio de transporte para cerca de 95% do seu

comércio exterior. Todas as grandes potências têm no mar, além de suas estradas e

recursos, a garantia de sua sobrevivência e desenvolvimento.

A perda de vida causada pelos meios de transportes é preocupante e carece de

profunda análise quanto aos riscos que cada que modal proporciona.

Conforme dados estatísticos da Marinha, mais da metade dos acidentes

ocorridos entre 2001 e 2005 poderiam ter sido evitados por meio de conscientização

da importância do cumprimento do contido nas normas por parte de proprietários e

por parte dos condutores das embarcações seja por imprudências ou por despeito

das orientações nelas contidas.

A maioria dos acidentes com embarcações no Brasil ocorrem em Navegação

Interior e com embarcações de pequeno porte, mesmo sendo as condições de

navegação menos rigorosas que em mar aberto, e teoricamente de menor

complexidade de engenharia.

A quantidade teórica de passageiros e de carga autorizados a bordo de uma

embarcação é estipulada através da análise da capacidade estrutural,

habitabilidade, estabilidade e dos equipamentos de segurança.

O estudo de habitabilidade de embarcações prevê requisitos normativos quanto

às dimensões dos espaços necessários para os passageiros ser transportados em

pé, sentados, em redes ou em camarotes, estabelecidos de acordo com o tempo de

viagem e a área de navegação nas normas em vigor.

Os critérios de avaliação da estabilidade são definidos com base nas

características hidrostáticas, análise dos ângulos de inclinação, compartimentos

estanques, condições de vento, onda, velocidade de giro e acumulo de passageiros

em um bordo, sendo importante avaliar os paramentros utilizados, já que o

emborcamento é um dos principais geradores de vítimas fatais de acidentes

aquaviários no Brasil.

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Para uma embarcação poder navegar com segurança, o armador necessita

atender uma série de requisitos técnicos, sendo que o enquadramento da

embarcação as normas é realizado principalmente pelo valor da AB Arqueação

Bruta.

Para evitar emborcamento e naufrágios é necessário se atentar ao estudo de

estabilidade e não alterar os parâmetros, citados abaixo, sem total revisão do

projeto:

Mudança no formato do casco;

Utilização de tanques de consumo em locais inadequados, não previstos

no estudo;

Carregamento de carga com altura, peso ou distribuição diferentes da

determinada;

Carga em área ou poões não previstos nas condições do estudo;

Mudança na quantidade e distribuição de passageiros;

Mudança de motores (peso ou a velocidade); e

Lastro fixo em quantidade e posição que esteja determinado no Estudo de

Estabilidade.

Mudança de Área de Navegação e condições de tempo de mar.

Recomenda-se aos Armadores, além dos requisitos previstos nas Normas, que

sejam atendidos tais critérios adicionais previstos nesta dissertação, os quais

poderão aumentar a proteção dos passageiros e tripulantes, principalmente para as

embarcações de grande porte que operam em navegação interior e de pequeno

porte que navegam em Mar aberto.

A maioria das normas foram criadas e são atualizadas também com base na

análise detalhada das causas e consequências de graves acidentes, como o

naufrágio do Titanic, que culminou na criação do Solas (International Convention for

the Safety of Life at Sea), do petroleiro Torrey Canyon, no surgimento da Marpol

(International Convention for the Prevention of Pollution from Ship), entre outras.

A pesquisa deve ser continuada, para maior análise técnica detalhada dos

acidentes ocorridos no Brasil, além, da avaliação estatística de fatores humanos ou

operacionais, além de desenvolvimento de projetos com indicadores eletrônicos para

auxiliar o comandante da embarcação quanto aos critérios de estabilidade.

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